6504-Texto Do Artigo-24136-1-10-20230730
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DOI: https://doi.org/10.29327/269504.5.1-16
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade de mudas de espinafre da Amazônia propagadas por
estacas. O experimento foi realizado na horta da Universidade Federal do Acre, no período de abril a maio
de 2022. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com três tratamentos e sete blocos. Os
tratamentos foram o número de nós por estaca, onde: T1 = estaca com 1 nó, T2 = estaca com 2 nós e T3 =
estaca com 3 nós. Para as avaliações utilizou-se 10 plantas úteis na parcela do bloco, que aos 21 dias de
cultivo foram avaliados: altura, diâmetro do caule, comprimento e largura foliar, número de brotações,
número e comprimento de raízes, massa fresca da parte aérea e de raízes, massa seca da parte aérea e de
raízes, massa fresca e seca total, e calculado o índice de qualidade de Dickson. Houve efeito significativo
do número de nós na estaca para produção de mudas. Estacas com 3 nós proporcionaram qualidade de muda
superior. Os tratamentos (1 e 2 nós) embora apresente qualidade de muda inferior ao com 3 nós, ocorreu
formação completa da muda. Estacas com 3 nós proporcionaram formação de mudas de qualidade para o
espinafre da Amazônia.
Palavras-chave: Estaquia. Hortaliça não convencional. Produção de mudas.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação, situada na horta da
Universidade Federal do Acre - UFAC, localizada no município de Rio Branco, Acre, nas
coordenadas (9º57’34” S, 67º52’13’’ W, 143 m de altitude), durante os meses de abril a
maio de 2022. O clima da região é quente e úmido, do tipo Am, segundo a classificação
de Köppen, com médias de temperatura de 25,4 °C e umidade relativa de 88,4% e
precipitação de 752 mm durante a realização do experimento (INMET, 2022).
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados (DBC), com
sete blocos e três tamanhos de estacas: T1 - Estaca herbácea com um nó (2 gemas) ± 4
cm; T2 - estaca herbácea com 2 nós (4 gemas) ± 6 cm e T3 - estaca herbácea com 3 nós
(6 gemas) ± 10 cm de comprimento, com dezesseis plantas por parcela. As estacas para
propagação foram obtidas com material oriundo de matrizes cultivadas em condição de
estufa. O material selecionado (estacas) foi acondicionado em bandejas de isopor com
128 células, utilizando substrato comercial mecplant® e irrigadas conforme a necessidade
diária com auxílio de um regador manual.
Em que: IQD - Índice de qualidade de Dickson; MST - Massa seca total (g); ALT
- Altura total (cm); DC - Diâmetro do coleto (mm); MSPA - Massa seca da parte aérea
(g) e MSR - Massa seca da raiz (g).
Os dados coletados foram submetidos a verificação de dados discrepantes
(outliers) pelo teste de Grubbs (1969), de normalidade dos erros pelo teste de Shapiro-
Wilk (1965) e de homogeneidade das variâncias pelo teste de Cochran (1941).
Posteriormente efetuou-se análise de variância pelo teste F, constatando-se significância
estatística, foram realizadas comparações de médias pelo teste de Tukey (1949) a 5% de
probabilidade. Para determinar a influência do número de nós nas miniestacas também
foi realizada a análise multivariada utilizando os componentes principais e correlação
múltipla das variáveis. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa
de código aberto R.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Efeito da estaca na formação das mudas
Houve efeito significativo (p<0,05) para os tamanhos das estacas nas variáveis
morfológicas avaliadas, com exceção para o comprimento foliar, largura foliar e diâmetro
do caule. De modo geral, observou-se que as estacas com 3 nós (6 gemas) e ± 10 cm de
comprimento, apresentaram maior desenvolvimento da muda, com maior altura,
comprimento de raízes e números totais de folhas, brotação, raízes e massas totais (Tabela 1).
Tabela 1 - Comprimento foliar (CF), largura foliar (LF), diâmetro do coleto (DC), altura da planta (ALT),
número total de brotações (NTB), número total de folhas (NTF), número total de raízes (NTR) e
comprimento de raízes (CR) de mudas de espinafre da Amazônia produzidas a partir de estacas.
Rio Branco, AC, 2022.
CF LF DC ALT NTB NTF NTR CR
Estaca
------------------ mm ------------------ ---------- unidade ---------- -- cm--
Tabela 2 - Massa fresca da parte aérea (MFPA), Massa fresca da raiz (MFR), massa seca da parte aérea
(MSPA), Massa seca da raiz (MSR), Massa fresca total (MFT), massa seca total (MST) e índice
de qualidade de Dickson (IQD) de mudas de espinafre da Amazônia produzidas a partir de
estacas. Rio Branco, AC, 2022.
MFPA MFR MSPA MSR MFT MST IQD
Estaca
------------------------------- g planta-1 ------------------------------- - índice -
1 nó 0,77 b 0,31 c 0,10 b 0,04 b 1,08 b 0,14 b 0,04 b
2 nós 0,96 b 0,45 b 0,12 b 0,06 b 1,41 b 0,18 b 0,05 b
3 nós 1,34 a 0,56 a 0,21 a 0,11 a 1,90 a 0,32 a 0,08 a
CV (%) 15,16 8,83 16,07 13,04 12,19 13,45 10,35
*Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna, não diferem (p>0,05) entre si pelo teste de Tukey.
De acordo com Thiessen et al. (2022), a massa seca é um parâmetro essencial para
avaliar a viabilidade técnica de tipo de estaquia a ser utilizado. Dessa forma, fica
evidenciado quanto maior a quantidade da parte aérea e sistema radicular, melhores são
as condições para o desenvolvimento da muda. Pois, as raízes são órgãos responsáveis
pela absorção de água e nutrientes vitais para o crescimento das plantas. Verificou-se no
presente estudo que o enraizamento das estacas obtidas proporcionou maiores
comprimentos de raízes, e consequentemente, acúmulo de biomassas secas tantas das
raízes quanto a parte área, conforme a matriz de correlação e análise de componentes
principais (Figuras 1 e 2).
Houve efeito (p<0,05) dos tratamentos para os valores de variável indicativa de
qualidade das mudas, o Índice de Qualidade de Dickson (IQD) variou de 0,04 a 0,08,
evidenciando que as estacas de 3 nós com ± 10 cm proporcionaram melhor qualidade das
mudas (Tabela 2). O índice de qualidade de Dickson - IQD é um indicativo para a
qualidade das mudas formadas, pois avalia o equilíbrio da biomassa das plantas dentro
dos parâmetros avaliados, dentre os parâmetros mais importantes para desenvolvimento
das mudas em condições de campo. Logo, quanto maior o valor IQD, melhor será a
qualidade de mudas. O IQD, mesmo que desenvolvido para avaliar a qualidade de mudas
Figura 2 - Análise de componentes principais das variáveis associadas a formação das mudas de espinafre
da Amazônia produzidas a partir de estacas. ALT - altura total, DC - diâmetro do caule, CF -
comprimento foliar, LF - largura foliar, NTF - número total de folhas, NTB - número total de
brotações, NFB - número de folhas por brotação, NTR - número total de raiz, CR – comprimento
de raiz, MFPA - massa fresca da parte aérea, MFR - massa fresca de raiz, MSPA - massa seca
da parte aérea, MSR - massa seca de raiz, MFT - massa fresca total, MST - massa seca total e
IQD - Índice de qualidade de Dickson.
As variáveis CR, CF, LF, NTB, NTF, ALT, MSR, IQM, MFR, NTF, MST, MSPA
e MFPA apresentaram contribuições semelhantes ao PCA1. Essas variáveis estiveram
fortemente associadas as estacas com 3 nós na formação das mudas, contribuindo para
valores mais elevados nessas variáveis. Observou-se também altas correlações positivas
entre essas variáveis de crescimento, pois formaram ângulos agudos entre as variáveis.
Analisando PCA2, apresentou pouca contribuição na análise. O diâmetro do caule
(DC) apresentou a maior contribuição à estaca com dois nós, embora sem associação
específica. Observado que para diâmetro do caule, na metodologia de instalação do
experimento as estacas tinham aproximadamente o mesmo diâmetro, pois foram retiradas
da mesma porção da planta matriz, indicando assim dissimilaridade com as demais
variáveis avaliadas, que tiveram maior associação com o maior tamanho de estaca,
aqueles com presença de três nós. Isso provavelmente está ligado ao tamanho da estaca e
maior disponibilidade de nutrientes para formação inicial da muda.
CONCLUSÃO
A propagação por estaquia do espinafre da Amazônia mediante o tamanho de
estaca com 3 nós, proporciona formação de mudas de maior qualidade.
AGRADECIMENTOS
A Universidade Federal do Acre e ao laboratório de olericultura por conceder o
espaço para realização das atividades de pesquisa.
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