Estudo de Diferentes Metodologias para Dimensionamento de Vigas Celulares Mistas de Aço e Concreto
Estudo de Diferentes Metodologias para Dimensionamento de Vigas Celulares Mistas de Aço e Concreto
Estudo de Diferentes Metodologias para Dimensionamento de Vigas Celulares Mistas de Aço e Concreto
Escola de Engenharia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
Porto Alegre
2022
LUIZA GIRELLI CHITOLINA
Porto Alegre
2022
LUIZA GIRELLI CHITOLINA
Esta dissertação de mestrado foi julgada adequada para a obtenção do título de MESTRE EM
ENGENHARIA, Área de Concentração Estruturas, e aprovada em sua forma final pelo
professor orientador e pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul.
BANCA EXAMINADORA
Agradeço primeiramente ao Prof. Inácio Benvegnú Morsch, não apenas pela orientação deste
trabalho, mas também pelos conselhos e incentivos ao longo desta trajetória. Faço um
agradecimento também ao colega Matheus Benincá, cuja dissertação baseou este estudo, pelo
fornecimento dos scripts, e, principalmente, pela disponibilidade para responder minhas
dúvidas. Ao colega Guilherme pela parceria no compartilhamento das angústias e
contentamentos durante o curso. À equipe do PPGEC, pela oportunidade de participar de um
curso de pós-graduação com grande reconhecimento e também por todos os aprendizados deste
período.
Agradeço à minha família, por todo carinho, apoio e compreensão nesses anos. Gratidão
especial aos meus pais, Airton e Márcia, e tios, Luciana e Odilon, pelo incentivo e suporte em
todas as minhas realizações. Aos meus avós, pela energia positiva enviada, mesmo que à
distância. À minha irmã, Letícia, pelos momentos de descontração.
Sou grata a todos amigos que torceram por mim nessa trajetória. Destaque para Henrique, Júlia
e Paola, os maiores ouvintes das minhas histórias tristes com finais felizes. Agradeço ao André
pela paciência e suporte emocional, além das inúmeras leituras deste texto. Um agradecimento
especial às colegas e amigas Caroline e Rafaella, com quem divido alegrias e tristezas desde a
graduação. Obrigada gurias, sem vocês esse mestrado não teria acontecido.
Agradeço também aos chefes e mestres, Eduardo e Felipe, pela compreensão e apoio na
dedicação partilhada entre trabalho e estudos, que possibilitou a realização deste mestrado. Sou
grata também por todos incentivos e ensinamentos compartilhados ao longo do meu período na
Vanguarda Engenharia.
O sucesso é a soma de pequenos esforços repetidos dia
após dia.
Robert Collier
RESUMO
Vigas mistas de aço e concreto consistem na associação de um perfil metálico com uma laje de
concreto, unidos por conectores de cisalhamento. Seu uso é vantajoso pois combina as
propriedades mecânicas dos dois materiais, tornando a estrutura mais rígida e capaz de vencer
maiores vãos. Outra forma de melhorar o desempenho vigas de aço em situações com grandes
vãos é através de vigas alveolares. Nelas, os perfis são cortados em padrões específicos,
deslocados e reunidos, resultando numa seção mais alta com a mesma quantidade de material.
A união dessas duas soluções através de vigas mistas alveolares pode ser vantajosa, porém tem
seu uso limitado pela escassez de considerações específicas nas normas brasileiras e
internacionais. Isso ocorre pois vigas mistas alveolares apresentam modos de falha diferentes
das vigas mistas de alma cheia e também dos perfis alveolares isolados. Este trabalho objetivou
investigar o comportamento de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas mistas
com aberturas circulares na alma através das abordagens simplificadas e de um modelo em
elementos finitos. Também se avaliou a influência do vão, razão de expansão, distribuição das
aberturas, grau de conexão, resistência do aço e do concreto no modo de colapso principal de
cada seção e seu carregamento associado. Para o dimensionamento simplificado foram
elaboradas planilhas de cálculo em Excel com as metodologias de Ward (1990), Lawson e
Hicks (2011) e AISC (2016b). Já para a simulação numérica, foi utilizado o software ANSYS.
No total 216 vigas foram simuladas numericamente e 459 foram verificadas pelas planilhas.
Concluiu-se que a expansão das seções foi vantajosa para casos com relação entre vão e altura
próxima a 20. De modo geral, os modelos simplificados tiveram resultados mais conservativos
que o numérico para o ELU e mais arrojados para o ELS. Dentre eles, recomenda-se o uso das
formulações de Lawson e Hicks (2011) combinadas com Panedpojaman et al. (2014). A largura
efetiva da laje de concreto também foi observada, constatando-se que a presença das aberturas
não alterou significativamente a forma com que as tensões se distribuem na largura da laje. Já
a mudança no grau de conexão de total para parcial teve mais impacto nos vãos curtos.
Palavras-chave: vigas mistas de aço e concreto; vigas celulares mistas; largura efetiva da
laje; método dos elementos finitos.
ABSTRACT
Steel-concrete composite beams consist on the association of a steel profile with a concrete
slab, united by shear connectors. Its use is advantageous as it combines the mechanical
properties of both materials, making the structure stiffer and able to overcome larger spans.
Another way to improve the performance of steel beams in situations with large spans is through
alveolar beams. In them, the profiles are cut in specific patterns, shifted and reunited, resulting
in a taller section with the same amount of material. The union of these solutions through
composite alveolar beams can be useful, but its use is limited by the shortage of specific
considerations on Brazilian and international standards. This happens because composite
alveolar beams present different failure modes than composite beams with full web and isolated
alveolar profiles. This work aimed to investigate the behavior of different methodologies for
design of composite beams with circular openings on the web through simplified approaches
and a finite element model. It also evaluated the influence of the span, rate of expansion,
distribution of the openings, degree of connection, steel and concrete resistance on the main
mode of failure of each section and its associated loading. For the simplified design, Excel
spreadsheets were elaborated with the methodologies of Ward (1990), Lawson and Hicks
(2011) and AISC (2016b). For the numerical simulation, the software ANSYS was used.
Overall, 216 beams were simulated numerically and 459 were verified by the sheets. It was
concluded that the expansion of the sections was advantageous for the cases with rate between
span and height close to 20. Generally, the simplified models had more conservative results for
the ULS and bolder for SLS. Among them, it is recommended the use of Lawson and Hicks
(2011)’s formulations combined with Panedpojaman et al. (2014). The effective length of the
slab was also observed, verifying that the presence of opening didn’t affect the way the tensions
distributed over the width of the slab significantly. The changes on the degree of connection
from full to partial had more impact on short spans.
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15
1 INTRODUÇÃO
O uso de estruturas mistas de aço e concreto vem sendo cada vez mais difundido e se mostra
vantajoso pelo fato de explorar as melhores propriedades mecânicas de cada material envolvido,
tornando as estruturas mais eficientes. Um modelo muito utilizado desse tipo de estrutura é a
chamada viga mista de aço-concreto. De acordo com Pfeil e Pfeil (2013), esta é formada pela
associação de um perfil metálico com uma laje de concreto, sendo esses elementos unidos por
meio de conectores mecânicos, conforme ilustrado na Figura 1.1. Assim, a estrutura mista se
torna mais rígida e apresenta deformações menores quando comparada com estruturas não
compostas.
McCormac e Csernak (2011) explicam que uma vantagem específica do uso de vigas mistas de
aço e concreto é o aproveitamento da resistência do concreto à compressão, enquanto o perfil
de aço fica submetido principalmente à tração. Esse comportamento é particularmente benéfico
no caso de vigas biapoiadas, visto que nesses casos o diagrama de momentos fletores é somente
positivo, ou seja, o elemento sofre tração na região inferior (perfil metálico) e compressão na
superior (laje de concreto).
Para garantir o comportamento conjunto dos diferentes componentes, são utilizados elementos
mecânicos denominados conectores de cisalhamento. Segundo Pfeil e Pfeil (2013), esses
elementos têm como função absorver os esforços cisalhantes horizontais que se desenvolvem
longitudinalmente na interface da laje com a mesa do perfil de aço, além de impedir a separação
física destes. Existem diversos tipos de conectores que podem ser empregados, sendo os mais
comuns e previstos na NBR 8800 (ABNT, 2008) os do tipo stud-bolt (pinos com cabeça) e os
perfis U laminados formados a frio.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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Figura 1.3 - Sistema misto com steel deck (adaptado de MPIL STEEL STRUCTURES, 2021).
Outra maneira interessante de obter estruturas mais leves em situações com grandes vãos e
cargas distribuídas é o uso de vigas com aberturas sequenciais na alma. Tais aberturas podem
ser chamadas de alvéolos, levando esse tipo de viga a ser conhecido como viga alveolar. Ela
consiste em um perfil I laminado cortado longitudinalmente seguindo um padrão específico, de
modo que suas metades possam ser deslocadas e reunidas por soldagem, formando um perfil
com uma altura superior ao original, conforme Figura 1.4. Seu processo de fabricação
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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possibilita diversas geometrias para os alvéolos e as vigas são classificadas segundo sua
tipologia. De acordo com Veríssimo et al. (2012), as mais usuais são as vigas celulares, em que
o alvéolo tem formato circular, e as vigas casteladas, com formato hexagonal.
Essa variabilidade geométrica é uma das principais vantagens desse tipo de viga, pois a torna
arquitetonicamente atrativa, além de permitir a passagem de tubos e dutos por suas aberturas,
facilitando os projetos complementares da edificação. Estruturalmente, o aumento da altura da
seção leva ao aumento de sua inércia e rigidez à flexão, melhorando o desempenho da viga
quanto às deformações longitudinais, permitindo que ela vença vãos maiores com a mesma
quantidade de aço em comparação com uma viga de alma cheia.
Entretanto, de acordo com Brinkhus (2015), a redução da seção na região dos alvéolos tem
como consequência uma redução na resistência ao cisalhamento, fazendo com que vigas
alveolares não sejam indicadas para situações com cargas concentradas significativas. Desse
modo, seu uso é mais adequado para estruturas com cargas distribuídas e com grandes vãos,
onde o critério predominante para o dimensionamento é o de flecha máxima. Alguns exemplos
de estruturas onde a aplicação de vigas alveolares é vantajosa são edifícios garagem e galpões
industriais, além de estruturas de coberturas de shoppings, supermercados e ginásios, entre
outros.
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a) b)
Figura 1.5 - (a) Uso de viga castelada em edifício garagem; (b) Passagem de tubulação por
viga celular (VERÍSSIMO et al., 2012)
Segundo Benincá (2019), uma forma de otimizar as estruturas e racionalizar o uso dos materiais
envolvidos é realizar a união dos sistemas já citados através do uso de vigas mistas cujos perfis
metálicos são alveolares, formando as chamadas vigas alveolares mistas. Badke-Neto,
Calenzani e Ferreira (2015) destacam que devido ao aumento de rigidez à flexão das vigas
alveolares em relação às de alma cheia, vigas alveolares mistas são capazes de superar vãos
maiores que as vigas mistas convencionais. De maneira análoga, a contribuição da laje de
concreto permite que as vigas mistas alveolares apresentem maior resistência que vigas
alveolares isoladas sob mesmas condições de carregamento.
Assim, o uso dessa combinação estrutural vem sendo cada mais difundido ao redor do mundo.
Entretanto, Ferreira, Martins e De Nardin (2020) destacam que seu emprego é limitado no
Brasil, devido principalmente a falta de conhecimento dos engenheiros e arquitetos sobre o
assunto e a dificuldade de incluir perfis alveolares nas normas técnicas nacionais e
internacionais. Nas figuras 1.6 e 1.7, é possível observar algumas aplicações de vigas alveolares
mistas.
Figura 1.6 - Viga alveolar com conectores de cisalhamento à espera da concretagem da laje
(CONSTRUCTALIA, 2008)
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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Figura 1.7 - Viga alveolar mista em edifício garagem (MCLAUGHLIN; HARVEY, 2017)
Apesar das diversas vantagens obtidas pela união da laje de concreto com a viga alveolar de
aço, Gonçalves (2015) salienta que a combinação altera os modos de falha da viga, além de
possibilitar novos modos de colapso. Em seu estudo, Redwood (2000) abordou os efeitos da
ação composta do concreto na viga alveolar, concluindo que em algumas situações, pode haver
aumento tanto na resistência à flexão quanto ao cisalhamento da viga alveolar mista em relação
à isolada, porém, esse aumento é limitado por determinados modos de falha que surgem com a
combinação dos elementos.
Assim, para que se possa tirar proveito de seus benefícios de maneira segura, os modos de falha
das vigas alveolares mistas devem ser estudados e normatizados. Destaca-se que as principais
normas brasileiras e internacionais abordam o uso de estruturas mistas de aço e concreto, porém
não tratam do caso específico das vigas alveolares nessa situação. Dessa forma, diversos
estudos, tanto numéricos quanto experimentais, vêm sendo realizados com o objetivo de
aprimorar a compreensão do comportamento desses elementos. Nesse contexto, o presente
trabalho avalia a aplicação dos procedimentos simplificados existentes em comparação com
resultados obtidos pelo método dos elementos finitos.
1.1 JUSTIFICATIVA
O uso de vigas mistas alveolares mostra-se vantajoso em diversas situações de projeto, pois
essa combinação permite que a estrutura vença maiores vãos com um menor consumo de
materiais, além de possibilitar uma execução mais rápida e racional.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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1.2 OBJETIVOS
Esse trabalho tem como principal objetivo a avaliação de formulações simplificadas presentes
na literatura para dimensionamento de vigas celulares mistas, comparando com resultados
obtidos numericamente, visto que o tema não é abordado diretamente pelos principais códigos
normativos vigentes.
Ademais, o trabalho busca realizar um estudo paramétrico, com variações na geometria da viga
de modo a analisar a influência dos alvéolos no comportamento da viga e na determinação da
largura efetiva da laje de concreto. Também deve-se estudar a influência da resistência do aço
e concreto empregados nos modos de falha da seção. Por fim, deseja-se realizar uma
comparação as vantagens e desvantagens do uso de vigas alveolares e vigas de alma cheia,
observando quando é interessante realizar a expansão do perfil.
1.3 METODOLOGIA
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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O tema vigas mistas de aço e concreto vem sendo abordado por diversos trabalhos do
laboratório CEMACOM/PPGEC da UFRGS, sendo o principal foco a modelagem numérica
desse tipo de estrutura. Essa linha de pesquisa teve início com Tamayo (2011), que desenvolveu
e implementou um código computacional capaz de realizar a análise de vigas mistas de aço e
concreto para cargas de curta duração no regime elástico, considerando o comportamento não
linear dos materiais envolvidos. Para isso, foi empregada a linguagem Fortran90 e a estrutura
foi modelada através de elementos finitos de casca (laje e viga) e de barra (conectores). O
código resultante serviu de base para o programa VIMIS, sendo validado através de
comparações com dados experimentais de outras pesquisas.
Moreno (2016) contribuiu com a análise dos efeitos de longa duração implementando novos
modelos de fluência e retração. Além disso, estudou a protensão interna do tipo aderente
aplicada sob a laje de concreto. Já Wayar (2016) avaliou e implementou a protensão externa na
estrutura.
Reginato (2017) utilizou o código VIMIS para estudar a largura efetiva da laje que deve ser
considerada em estruturas mistas, comprovando a capacidade do modelo numérico de simular
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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o efeito shear lag. Assim, os principais procedimentos numéricos encontrados na literatura para
a avaliação da largura efetiva foram implementados no código já mencionado.
Franco (2018) implementou sub-rotinas no código para considerar a protensão interna aderente
ou não aderente na laje de concreto. Além disso, buscando minimizar o tempo de
processamento, incluiu o solver PARDISO, que reduz o uso de memória computacional para o
armazenamento da matriz de rigidez e resolve sistemas lineares através de memória distribuída
entre multiprocessadores.
Mais recentemente, Miranda (2022) modificou o programa com o objetivo de realizar a análise
de pontes em estruturas mistas ao longo de seu faseamento construtivo. Tal estudo levou em
consideração efeitos diferidos decorrentes da fluência e retração do concreto e também da
relaxação do aço da protensão.
Paralelamente aos estudos associados com o código VIMIS, foi desenvolvida outra linha de
pesquisa sobre vigas mistas no CEMACOM. Brinkhus (2015) desenvolveu um estudo analítico-
numérico do comportamento de vigas casteladas isoladas e mistas. Foi proposta uma
formulação simplificada para o dimensionamento desse tipo de elemento estrutural, com
validação por meio da modelagem no software ANSYS. Já Linhares (2015) estudou o processo
de análise e dimensionamento de uma viga mista aplicada a um tabuleiro de ponte.
Schmitz (2017) desenvolveu um modelo numérico para análise de vigas mistas no ANSYS,
customizando o software por meio da rotina usermat, baseada nos trabalhos de Lazzari (2015)
e Lazzari et al. (2016) para o modelo de concreto implementado. O código customizado foi
validado e aplicado na modelagem de uma estrutura de ponte.
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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Por fim, Benincá (2019) desenvolveu um modelo parametrizado de elementos finitos para a
modelagem de vigas mistas no ANSYS, com ênfase no estudo de vigas alveolares isoladas e
mistas. Para isso, utilizou elementos de casca para o perfil de aço da viga e para a chapa steel
deck, enquanto para a laje foram utilizados sólidos hexaédricos para o concreto e armadura do
tipo incorporada, já os conectores foram modelados em elementos de mola não linear. Para
captar os efeitos da instabilidade local, foram adicionadas imperfeições geométricas iniciais ao
perfil por meio da combinação de modos de instabilidade. Apesar de terem sido realizados
testes com o usermat, o modelo constitutivo adotado para o concreto foi o DP-Concrete, nativo
do ANSYS.
Na Figura 1.8 é possível visualizar a linha do tempo das pesquisas citadas, separando em duas
linhas de pesquisa diferentes. O presente trabalho busca dar continuidade e contribuir para o
aprimoramento das pesquisas já realizadas no CEMACOM.
De acordo com Oliveira (2012), o uso de vigas alveolares teve início na Europa por volta de
1930, devido à necessidade de se obter perfis com alturas de alma superiores às dos perfis
produzidos na época. Desse modo, trabalhos científicos sobre vigas alveolares de aço vêm
sendo desenvolvidos desde meados do século XX. Um dos primeiros estudos na área foi o
realizado por Gibson e Jenkins (1957), que apresentaram uma abordagem analítica sobre vigas
casteladas, e propuseram uma formulação simplificada para o carregamento último na formação
do mecanismo Vierendeel nessas vigas. Já considerando abordagens experimentais, destaca-se
o trabalho de Toprac e Cooke (1959), no qual foram ensaiadas vigas casteladas com o objetivo
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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Dando continuidade a esses trabalhos, Delesques (1968) realizou um estudo analítico com o
objetivo de avaliar a capacidade resistente de vigas casteladas. Já Hosain e Speirs (1973)
fizeram ensaios experimentais para avaliar o efeito da geometria das vigas casteladas em seus
modos de falha. Kerdal e Nethercot (1984) também estudaram a relação entre a geometria e os
modos de falha de vigas casteladas a partir da análise de dados experimentais. Nos anos 2000,
destaca-se o trabalho de Cimadevilla, Gutiérrez e Rodriguez (2000), no qual foram propostas
formulações para o dimensionamento de vigas alveolares. Posteriormente, Silveira (2011)
apresentou uma generalização para esses cálculos. Enquanto no estudo de Veríssimo et al.
(2012) foi proposto um método de dimensionamento de vigas alveolares com base na NBR
8800 (ABNT, 2008).
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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mistas, destaca-se inicialmente o trabalho de Ward (1990), que propôs uma formulação para o
dimensionamento de vigas celulares isoladas e mistas. Posteriormente, pode ser citado o
trabalho de Redwood (2000), que estudou os modos de falha de vigas alveolares mistas.
Veríssimo, Fakury e Ribeiro (2006) usaram o trabalho de Darwin como base para desenvolver
equações e ábacos visando determinar em quais regiões é possível executar aberturas em vigas
mistas sem exigências de verificações adicionais.
Outro trabalho relevante sobre o tema, no campo analítico, é o de Lawson e Hicks (2011), no
qual foi proposta uma formulação para o dimensionamento de vigas mistas com grandes
aberturas na alma do perfil de acordo com os critérios de projeto do Eurocode 3 e 4. Destaca-
se também o estudo de Lawson e Saverirajan (2011), no qual foi desenvolvido um método
simplificado para análise elastoplástica de vigas celulares mistas. Outras formulações para
determinar a resistência de vigas mistas alveolares foram avaliadas por Badke-Neto, Calenzani
e Ferreira (2015) e Gonçalves (2015).
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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em elementos finitos para vigas alveolares mistas com resultados experimentais da literatura,
sendo que Gonçalves (2015) deu continuidade a esse estudo.
1.4.3 Normatizações
No trabalho de Darwin (1990) são apresentados procedimentos de cálculo para vigas com uma
ou poucas aberturas, destacando-se que os mesmos não são válidos para o caso de vigas
alveolares. Já o texto de Lawson (1987) indicado está desatualizado, tendo sido substituído por
Lawson e Hicks (2011), que utiliza como base as normas europeias para abordar tanto aberturas
simples como múltiplas, além de apresentar procedimentos de cálculo para vigas mistas com
aberturas retangulares e adaptações para outras geometrias. O texto não possui uma
metodologia específica para análise dos modos de falha de vigas alveolares mistas, mas
apresenta critérios para cálculo do deslocamento máximo em vigas mistas com um número n
de aberturas. Por fim, o trabalho desenvolvido por Veríssimo, Fakury e Ribeiro (2006) se baseia
no trabalho de Darwin (1990) e apresenta formulações e ábacos com a finalidade de determinar
as chamadas zonas neutras da alma de vigas de aço e de vigas mistas de aço e concreto. A partir
destes, são definidas regiões da alma onde é possível realizar abertura sem que haja necessidade
de verificações adicionais, visto que não gera perda significativa na resistência da viga.
Já em relação a vigas mistas de aço e concreto, a NBR 8800 (ABNT, 2008) apresenta sua
abordagem no Anexo O. Neste são apresentados comentários e procedimentos para o
dimensionamento para vigas que consistem em um elemento metálico com uma laje de concreto
acima de sua face superior. As indicações são feitas considerando uma treliça metálica ou viga
de aço com perfil I simétricos em relação ao plano de flexão, havendo possibilidade de utilizar
outros perfis desde que sejam realizadas as adaptações necessárias. A laje utilizada pode ser de
concreto maciça moldada in loco, pré-moldada ou mista. É salientado que deve haver ligação
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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mecânica entre o componente metálico e a laje por meio de conectores de cisalhamento, para
que resistam em conjunto à flexão.
Logo, nota-se que as bibliografias indicadas na norma brasileira não apresentam considerações
específicas para o dimensionamento de vigas alveolares comuns ou mistas, sendo aplicáveis
apenas para vigas com aberturas eventuais em suas almas.
Num contexto mundial, as normas europeias para projeto de vigas de aço e de vigas mistas de
aço e concreto, respectivamente EN 1993 – Eurocode 3: Design of Steel Structures (CEN, 2005)
e EN 1994 – Eurocode 4: Design of Composite Steel and Concrete Structures (CEN, 2004),
também não abordam diretamente as vigas alveolares e alveolares mistas. Em seu trabalho,
Lawson e Hicks (2011) mencionam que um esboço de emenda para o anexo N da norma anterior
(ENV 1993-1-1:1992) abordando o projeto de vigas com grandes aberturas na alma foi iniciado
em 1998, porém o mesmo nunca foi publicado nem incorporado ao Eurocode vigente.
A norma britânica para o uso estrutural de elementos de aço nas construções, BS 5950-1 (BSI,
2001), apresenta especificações para vigas casteladas que seguem o padrão anglo-saxão. Porém,
essa norma encontra-se em desuso pois foi substituída pelo Eurocode 3 (CEN, 2005). Ademais,
a norma BS 5950-3 (BSI, 1990), que aborda vigas mistas de aço e concreto, não discute
aberturas na alma do perfil metálico, além de também não estar mais em vigor, tendo sido
substituída pelo Eurocode 4 (CEN, 2004).
A norma americana ANSI/AISC 360-16 - Specification for Structural Steel Buildings (AISC,
2016a) trata de estruturas de aço e apresenta considerações para o dimensionamento de vigas
metálicas com aberturas na alma, tanto para vigas isoladas quanto para vigas mistas de aço e
concreto. A mesma indica que no dimensionamento deste tipo de viga, devem ser considerados
tanto estados limites últimos quanto estados limites de serviço, além de destacar a importância
da posição, tamanho e quantidade de aberturas para o projeto da estrutura, mas sem apresentar
especificações concretas para essas vigas. É indicado consultar o Specification for Structural
Steel Beams with Web Openings (ASCE, 1999), que é baseado no trabalho de Darwin (1990)
e apresenta um procedimento geral para avaliar os efeitos das aberturas na alma e projetar os
possíveis reforços necessários tanto para vigas isoladas quanto mistas. Entretanto, essas
especificações não podem ser aplicadas diretamente a vigas alveolares, visto que são limitadas
a vigas com distância mínima entre aberturas igual à sua altura.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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Além disso, a AISC também possui o Steel Design Guide 31 – Castellated and Cellular Beam
Design (AISC, 2016b), no qual são feitas considerações específicas para vigas alveolares do
tipo celular e casteladas, tanto isoladas quanto mistas. No mesmo são apresentadas informações
sobre aplicações e limitações desse tipo de vigas, além das diferenças em relação ao projeto de
vigas tradicionais e procedimentos para seu dimensionamento de acordo com a ANSI/AISC
360-16 (AISC, 2016a).
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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Em seu trabalho, Oliveira (2012) destaca que a escolha das características do alvéolo depende
do desempenho estrutural desejado. Por exemplo, por geralmente possuírem maiores
carregamentos, em sistemas de piso as vigas possuem alvéolos mais espaçados e razão de
expansão (relação entre altura da seção alveolar e do perfil original) menor quando comparados
aos sistemas de cobertura.
De acordo com Brinkhus (2015), as vigas casteladas foram patenteadas por Geoffrey Murray
Boyd em 1939, entretanto essa patente está há muito expirada, possibilitando que qualquer
fabricante produza esse padrão. Apesar de atualmente o formato dos alvéolos poder ser
customizado, as vigas casteladas tradicionalmente seguem traçados já estabelecidos em função
das limitações no processo de fabricação do século passado. Segundo Silveira (2011), os
padrões mais comuns para vigas com aberturas hexagonais são o Litzka, Peiner e Anglo Saxão,
cujas dimensões estão representadas na Figura 2.2.
O primeiro padrão foi desenvolvido por Hubert Litzka e é caracterizado pelas aberturas
hexagonais regulares, com ângulo interno de 60º e pelas proporções medidas em relação à
distância entre o centro de dois alvéolos consecutivos (passo), que é dividido em seis partes
iguais. Sua razão de expansão usual é 1,5 e a relação entre altura (ao) e largura dos alvéolos é
ao = 1,1547 ho.
Já o padrão Peiner é similar ao Litzka, porém possui largura do alvéolo igual a sua altura (ao =
ho), gerando um ângulo interno de 63,4º. Silveira (2011) destaca que como os dois possuem
relações geométricas entre montante e alvéolos tais que o passo pode ser dividido em seis partes
iguais, os padrões Litzka e Peiner apresentam os mesmos braços de alavanca considerados nos
equilíbrios dos momentos, de modo que as equações de resistência são as mesmas para ambos.
As chamadas vigas celulares são vigas cujos alvéolos possuem formato circular. Seu uso é mais
recente que o das vigas casteladas e se deve aos avanços tecnológicos que permitiram o uso de
comandos computadorizados para realizar cortes de formas complexas. De acordo com Silveira
(2011), esse tipo de viga foi patenteado por Peter A. Walker, em 1990, considerando as
seguintes proporções: razão entre o diâmetro da abertura e altura da viga expandida de 0,67;
razão entre o passo e o diâmetro igual a 1,25. Entretanto, a patente encontra-se expirada desde
2009, possibilitando o uso de diferentes configurações.
Como seu corte não é estritamente simétrico, vigas com esse tipo de geometria podem
apresentar diversas combinações entre altura da seção transversal, diâmetro da abertura e
distância entre elas. Segundo Oliveira (2012), são considerados dois principais critérios na
definição da combinação geométrica mais adequada: a relação entre a altura final e o peso da
viga alveolar e a relação entre o carregamento e o peso da viga alveolar. Na Figura 2.3 é possível
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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visualizar a faixa de variação de diâmetro e distância entre alvéolos que são mais comumente
adotadas. Destaca-se que a razão de expansão para vigas celulares não é fixa e geralmente varia
entre 1,3 e 1,6, dependendo do uso do elemento.
Desse modo, as vigas celulares possuem maior liberdade de projeto e flexibilidade de aplicação
em relação às vigas casteladas, que possuem relações geométricas estritas. De acordo com
Oliveira (2012), considerando a mesma altura total e altura dos tês, uma viga celular apresenta
menos aberturas que uma castelada no padrão anglo-saxão, além de uma maior largura do
montante de alma, fato que pode ser proveitoso dependendo do tipo de carregamento a que a
viga está submetida. Além disso, por não possuírem vértices, apresentam menos regiões de
concentração de tensões na alma. Entretanto, esse tipo de viga tem como desvantagens a perda
de material e o maior tempo gasto na fabricação devido ao tipo de corte necessário para formar
alvéolos circulares.
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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Também podem ser empregados alvéolos com forma senoidal, que apresentam a vantagem de
não gerar perdas no corte como acontece com os furos circulares. Na Figura 2.5 é possível
visualizar a chamada viga Angelina, desenvolvida e registrada pela fabricante ArcelorMittal e
que apresenta recortes senoidais somados a trechos retos. Além disso, casos especiais como
vigas casteladas com inércia variável ou vigas curvas podem ser obtidas por meio de pequenas
alterações no processo de fabricação padrão.
Em determinadas situações, podem ser necessárias soluções específicas para que a viga alveolar
se adapte às necessidades do projeto. Por exemplo, pode-se aumentar o tamanho de um alvéolo
para passagem de tubulação. Outra situação bastante comum é o fechamento parcial ou total de
alvéolos por meio de chapas nas regiões próximas aos apoios ou em caso de cargas concentradas
devido à magnitude do esforço cortante na região. O fechamento dos alvéolos também é
utilizado para possibilitar a ligação entre vigas principais e secundárias da estrutura. Também
é possível fabricar vigas com anéis de reforço na região das aberturas. Entretanto, essa solução
é pouco utilizada por diminuir a produtividade do processo de fabricação. Os exemplos citados
podem ser vistos na Figura 2.6.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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De acordo com Kerdal e Nethercot (1984), apesar da expansão da seção aumentar a rigidez da
viga à flexão, a presença de aberturas na alma potencializa alguns modos de colapso das vigas
de alma cheia. Além disso, possibilita o surgimento de novos modos de falha característicos
das vigas alveolares, conforme indicado nos itens a seguir.
O modo de colapso relacionado à formação de rótula plástica foi apresentado por Toprac e
Cooke (1959) e Halleux (1967) e ocorre devido ao binário de forças longitudinais causado pelo
momento fletor atuante nos tês superior e inferior da viga, fazendo com que esta falhe por tração
e compressão. Demirdjian (1999) destaca que, teoricamente, esse modo de falha ocorrerá
sempre em perfis compactos submetidos puramente ao momento fletor, de forma que os tês da
viga irão escoar completamente antes da ocorrência de outros modos. Nesse caso, o momento
resistente é igual ao momento de plastificação no centro da abertura.
O mecanismo Vierendeel está associado a uma única abertura na alma e consiste na formação
de rótulas plásticas nos cantos dessa abertura, levando a uma deformação característica em
forma de paralelogramo, conforme Figura 2.7. Demirdjian (1999) explica que quando um
esforço cortante está atuando sobre uma viga alveolar, as seções tê acima e abaixo do alvéolo
devem resistir aos esforços tangenciais causados pelo cortante, além das tensões normais
causadas pelo momento fletor atuante na viga (momento primário). Também devem resistir a
um momento secundário resultante da ação da força cisalhante das seções tê ao longo do
comprimento horizontal da abertura. Essa combinação de tensões pode levar a formação das
rótulas plásticas e do mecanismo Vierendeel.
(a) (b)
Figura 2.7 – Formação do Mecanismo Vierendeel em (a) viga castelada (DEMIRDJIAN,
1999); (b) viga com furo alongado (TSAVDARIDIS; D'MELLO, 2011)
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Assim, de acordo com Demirdjian (1999), esse mecanismo tende a ocorrer em vigas com vãos
relativamente pequenos, com tês superior e inferior pequenos e que apresentam grande
comprimento de solda entre as aberturas. Isso ocorre uma vez que vigas com vãos menores são
capazes de suportar cargas maiores, fazendo com que o cisalhamento se torne a principal
solicitação atuante. Desse modo, a falha ocorre na abertura onde estiver atuando o maior esforço
cortante ou, no caso de mesmo esforço, na abertura em que atuar o maior momento fletor.
Segundo Chung et al. (2003), o efeito da flexão do mecanismo Vierendeel atuante nos tês da
viga pode ser considerado por meio de uma redução na capacidade de resistência ao
cisalhamento global nas seções com aberturas.
A ruptura na região de união entre a metade superior e inferior do perfil (Figura 2.8) ocorre
sempre que a força cisalhante horizontal atuante for superior a resistência da solda para esse
esforço. Conforme Brinkhus (2015), esse modo de falha depende da distância entre aberturas,
sendo predominante nos casos em que o comprimento entre aberturas é reduzido com a
finalidade de evitar o colapso por mecanismo de Vierendeel. Destaca-se que, em seus ensaios,
Hosain e Speirs (1970) concluíram que vigas com razão entre altura do montante e passo
relativamente alta, como é o caso dos padrões Anglo-Saxão e Peiner, geralmente apresentam
falha por outros modos que não a ruptura da solda.
Figura 2.8 – Ruptura na região da solda em viga celular (TSAVDARIDIS; D'MELLO, 2011)
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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• Por cisalhamento
Essa combinação de esforços pode levar à instabilidade do montante da alma caso seja atingida
a tensão de compressão crítica, visto que a região comprimida tende a se deslocar para fora do
plano enquanto a região tracionada tende a permanecer em sua posição inicial. Kerdal e
Nethercot (1984) observam que esse modo de falha geralmente acontece em regime inelástico,
ocorrendo uma plastificação significativa das seções. Na Figura 2.10 é possível visualizar a
ocorrência da instabilidade no montante da alma por cisalhamento.
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De acordo com Zaarour e Redwood (1996), os principais fatores que influenciam esse modo de
falha são as relações entre altura da abertura e largura mínima do montante de alma, altura da
abertura e espessura da chapa, e entre a largura mínima do montante da alma e espessura da
chapa. Além disso, quando são utilizadas chapas expansoras, sua influência é considerada pelas
razões entre altura da chapa intermediária e a altura da abertura e entre a altura da chapa
intermediária e a espessura da mesma.
• Por compressão
Figura 2.11 - Flambagem do montante da alma por compressão (HOFFMAN et al, 2006)
A ocorrência da flambagem lateral com torção é típica de perfis de aço e se deve a combinação
do deslocamento lateral da viga com a rotação de sua seção transversal, conforme Figura 2.12.
Dessa forma, a mesa superior sofre compressão devido ao momento fletor atuante, enquanto a
mesa inferior é tracionada, apresentando um efeito estabilizador que leva ao giro da seção
transversal.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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Figura 2.12 - Flambagem lateral com torção (adaptado de PFEIL, PFEIL, 2013)
Kerdal e Nethercot (1984) observam que as vigas alveolares apresentam comportamento similar
às de alma cheia nesse modo de colapso, entretanto as propriedades geométricas utilizadas para
determinar seu momento resistente devem ser medidas no centro das aberturas. Geralmente esse
tipo de falha acontece em vigas com grandes vãos e restrições laterais inadequadas. Ainda,
segundo Silveira (2011), existem situações em que a flambagem lateral com torção ocorre
simultaneamente com a flambagem local da alma, gerando distorção na alma.
Ao unir um perfil alveolar com a laje de concreto para obter uma estrutura mista, o
comportamento da estrutura apresenta algumas diferenças em relação ao perfil alveolar isolado
e a uma viga mista com perfil de alma cheia. Dessa forma, os itens a seguir abordam alguns
conceitos referentes a vigas mistas e as alterações em seu comportamento geradas pelas
aberturas na alma do perfil.
De maneira similar ao que acontece nas vigas mistas de alma cheia, o comportamento das vigas
mistas alveolares é influenciado pelo tipo de ligação existente entre o perfil metálico e a laje de
concreto. Segundo Queiroz, Pimenta e Martins (2012), o comportamento misto ocorre quando
dois elementos estão conectados de forma a deformarem como um único elemento. Essa ação
conjunta é garantida pelo uso de conectores de cisalhamento que, conforme Veríssimo (2007),
permitem a transferência de esforços longitudinais entre os materiais e resistem parcial ou
totalmente às forças transversais ao eixo do elemento.
Nas seções mistas com ligação total ao cisalhamento, os conectores são considerados com
rigidez infinita e, portanto, teoricamente a viga não apresenta deslizamento na interface entre o
aço e o concreto, conforme ilustrado na Figura 2.13. Nesse caso, Pfeil e Pfeil (2013) definem
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que os conectores tem capacidade de resistir totalmente às tensões tangenciais a que estão
submetidos, de forma que o aumento no número de conectores não gera aumento na resistência
da viga. Já no caso das vigas mistas com ligação parcial, os autores afirmam que os conectores
apresentam deformação plástica, gerando deslizamento na interface entre materiais e, como
consequência, reduzindo a eficiência da seção à flexão. Benincá (2019) destaca que na realidade
todas as vigas mistas apresentam comportamento de interação parcial em diferentes graus,
porém em alguns casos assume-se a hipótese de interação total.
Figura 2.13 - Comportamento de seção mista (a) sem ligação por conectores, (b) com
interação completa e (c) interação parcial (PFEIL; PFEIL, 2013)
Em relação a sua ductilidade, os conectores podem ser classificados como rígidos ou flexíveis.
De acordo com Veríssimo (2007), o primeiro tipo se caracteriza pela alta rigidez inicial e baixa
ductilidade, não deformam sob carga e praticamente não permitem deslizamento relativo entre
aço e concreto. Entretanto, a ruptura de estruturas com conectores rígidos se dá de forma frágil,
tornando-o indesejável por motivos de segurança. Já conectores flexíveis apresentam alta
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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ductilidade e baixa rigidez inicial, deformando sob carga e permitindo o deslizamento entre os
materiais. Nesse caso, a estrutura apresenta ruptura dúctil, porém tem baixo desempenho à
fadiga. Assim, o autor destaca que o comportamento ideal para um conector se caracteriza por
proporcionar um deslizamento entre aço e concreto nulo ou quase nulo para o estado de serviço
e pela ductilidade para o estado limite último. Cabe destacar que a NBR 8800 (ABNT, 2008)
prevê somente o uso de conectores dúcteis, sendo que a mesma exige valores mínimos do grau
de interação para o caso de interação parcial.
Observa-se ainda que os conectores de cisalhamento estão sujeitos ao chamado efeito uplift,
onde a ação de forças verticais tende a separar os elementos da estrutura mista. Entretanto,
como essas forças são de magnitude pouco significativa em relação aos esforços de
cisalhamento longitudinais, as mesmas não são calculadas na prática. Ferrari (2013) destaca
que os conectores usuais possuem dispositivos que garantem sua resistência a esse efeito.
Outros efeitos não considerados no cálculo da ligação entre aço e concreto são a aderência e o
atrito, visto que seu comportamento é difícil de prever.
De acordo com Castro, Elghazouli e Izzuddin (2007), quando uma viga mista se deforma, são
desenvolvidas deformações devido ao esforço cortante na laje, causando o chamado efeito
shear lag. Esse efeito compreende uma distribuição não uniforme das tensões normais atuantes
ao longo da seção transversal, de forma que a seção deformada deixa de ser plana. Para
simplificar os cálculos desse tipo de viga, é aplicado o conceito de largura efetiva, que consiste
em uma largura fictícia onde as tensões da laje podem ser consideradas constantes e, portanto,
permite admitir que as seções transversais permanecem planas após deformar. Esse conceito
está representado na Figura 2.14.
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Para a realização de cálculos simplificados, Pfeil e Pfeil (2013), constatam que geralmente o
valor da largura efetiva depende da geometria do sistema e de seu carregamento. Entretanto, as
normatizações costumam adotar valores que dependem apenas das características geométricas
da estrutura, sendo válidos para qualquer tipo de carga.
Ainda, segundo Castro, Elghazouli e Izzuddin (2007), não há uma definição padrão para a
determinação dessa largura, e os principais métodos utilizados para esse fim são os baseados
na distribuição de tensões e os baseados na rigidez da estrutura mista. Os autores destacam
ainda que diversos estudos demonstram que a largura efetiva não é um parâmetro constante e
que ela varia quando a estrutura apresenta comportamento inelástico.
Nesse contexto, Reginato (2017) estudou a largura efetiva de vigas mistas em carregamento de
serviço, realizando uma comparação entre resultados obtidos pelo método dos elementos finitos
e formulações apresentadas nas principais normas de projeto e pesquisas relevantes sobre o
assunto. Foi analisada uma viga mista biengastada representando o vão intermediário de uma
ponte e, através de uma análise viscoelástica linear, foi possível observar que a largura efetiva
varia consideravelmente com o tempo. Além disso, os resultados obtidos demonstram que as
formulações simplificadas utilizadas oscilam entre resultados satisfatórios, conservadores ou
inseguros, sendo necessário realizar mais estudos paramétricos sobre o assunto.
Segundo Lawson e Hicks (2011), alguns modos de colapso de vigas com grandes aberturas na
alma ocorrem devido aos efeitos locais em torno de um única abertura, enquanto outros estão
relacionados a falha do montante entre duas aberturas próximas. Os principais modos de falha
estão ilustrados na Figura 2.15.
Figura 2.15 - Modos de falha em viga mista com aberturas na alma (BRINKHUS, 2015)
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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Observa-se que as vigas alveolares mistas apresentam os mesmos modos de falha citados
anteriormente para vigas isoladas, além dos modos de falha relacionados a ação do concreto,
como fissuração excessiva ou esmagamento.
Em seu estudo, Clawson e Darwin (1982) concluíram que de forma geral a presença das
aberturas reduz significativamente a capacidade resistente das vigas mistas e que seu modo de
falha se dá de forma dúctil. Gonçalves (2015) ainda destaca que a ação mista entre aço e
concreto pode gerar alterações nos modos de colapso da viga alveolar isolada, sendo necessário
estudar seu comportamento.
Segundo Lawson e Hicks (2011), a ação local da laje de concreto junto ao tê superior do perfil
alveolar aumenta significativamente a resistência da viga ao mecanismo Vierendeel. Assim, é
possível projetar aberturas maiores em vigas alveolares mistas em relação às isoladas. Benincá
(2019) destaca que, devido a esse aumento da resistência, a razão ótima entre passo e altura do
alvéolo em vigas mistas deve ser estudada, uma vez que a mesma considera o equilíbrio entre
a probabilidade de ocorrência de formação de mecanismo Vierendeel e de ruptura na região da
solda.
Em relação à flambagem lateral com torção, Redwood (2000) afirma que esse não é um modo
de colapso relevante para vigas mistas biapoiadas, exceto durante a fase de construção, visto
que a laje funciona como travamento lateral para a região superior da viga. Entretanto, de acordo
com Gizejowski e Khalil (2010), quando sujeitas a momentos negativos, as vigas mistas
alveolares podem apresentar flambagem lateral com torção acompanhada pela distorção da
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alma, uma vez que nesse caso a compressão atua no “tê” inferior da viga, que está livre para
sair do plano, conforme Figura 2.16.
Conforme citado anteriormente, não existe uma norma brasileira que contemple
especificamente o dimensionamento de vigas alveolares mistas. Assim, torna-se necessário
buscar instruções em normas internacionais ou estudos consagrados sobre o assunto, como o de
Ward (1990), cujos procedimentos servem como base para o Steel Design Guide 31 (AISC,
2016b) e o de Lawson e Hicks (2011), que segue as determinações do Eurocode 3 (CEN, 2005).
De modo geral, os métodos de dimensionamento utilizados seguem o roteiro das verificações
indicadas nos itens a seguir.
Alguns procedimentos para dimensionamento de vigas mistas com aberturas na alma foram
concebidos considerando o uso de aberturas retangulares, tornando necessário realizar
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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Uma vez que o principal mecanismo que permite a ação mista entre o perfil de aço e a laje de
concreto se dá por meio dos conectores de cisalhamento, é importante que os mesmos sejam
considerados no dimensionamento da viga mista. Além disso, o comportamento da estrutura é
altamente influenciado pelo tipo de conexão (parcial ou total). Destaca-se que no Brasil o tipo
de conector mais utilizado é o stud bolt, que nesse caso deve respeitar os parâmetros
geométricos e de espaçamento indicados na NBR 8800 (ABNT, 2008).
Badke-Neto (2015) ressalta que o comportamento dos conectores quando utilizados em lajes
steel-deck é mais complexo que no caso de laje maciça. Por isso, pode haver redução na
capacidade resistente desses elementos, devendo então ser utilizados coeficientes de redução
da resistência em seu cálculo.
Para que a viga esteja em segurança, seu momento fletor resistente deve ser superior ao atuante.
No caso de vigas alveolares mistas, o momento fletor positivo gera esforços de tração que são
resistidos pelo tê inferior do perfil metálico e esforços de compressão resistidos pelo tê superior
em conjunto com a laje de concreto. Observa-se que para vigas com aberturas na alma, o
momento fletor resistente deve ser calculado considerando a seção no centro de cada abertura.
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De acordo com Badke-Neto (2015), a linha neutra plástica está na laje de concreto quando sua
resistência à compressão é superior ao esforço de tração resistente no tê inferior do perfil
metálico. Nesse caso, é admitido que não há esforço de tração solicitante no tê superior. Já
quando a situação é inversa e os esforços resistentes de tração do tê inferior são superiores,
considera-se que a linha neutra plástica está no tê superior. Nessa situação, o equilíbrio dos
esforços axiais no entorno da abertura deve ser mantido através de esforços de compressão no
tê superior. As situações citadas podem ser vistas na Figura 2.18, onde LNP representa a linha
neutra plástica da seção, Nc é o esforço resistente de compressão no concreto e Nb é o esforço
resistente de tração no aço.
Para que a viga esteja segura em relação aos esforços de cisalhamento, sua resistência a eles
deve ser superior às forças cisalhantes solicitantes. De acordo com Lawson e Hicks (2011), a
resistência ao cisalhamento vertical em uma seção mista com abertura na alma pode ser dada
pela soma da resistência ao cisalhamento da seção na abertura com a de uma largura da laje de
concreto. Os autores destacam ainda que a resistência da seção de aço ao cisalhamento é
bastante reduzida na presença de aberturas. No caso de vigas mistas, a maior parte do
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cisalhamento é resistida pelo tê superior, em razão da sua ação composta com a laje e por ser
menos tensionado em relação à flexão global que o tê inferior.
A resistência ao esforço cortante plástico para o perfil de aço deve ser estabelecida a partir da
área resistente ao cisalhamento da seção perfurada, ou seja, a área das seções tê. Entretanto, de
acordo com Badke-Neto (2015), a resistência dessas seções é limitada pelo mecanismo
Vierendeel.
Lawson e Hicks (2011) destacam que a interação do tê superior do perfil com a laje por meio
de conectores de cisalhamento é um fator que contribui para o momento fletor resistente de
Vierendeel. A magnitude desse componente depende do número de conectores que estão
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diretamente sobre a abertura, além de ser influenciada pela flexibilidade da viga na abertura.
Entretanto, Badke-Neto (2015) ressalta que a verificação do efeito Vierendeel em vigas
alveolares mistas também pode ser feita de forma conservadora e sem levar em consideração
essa contribuição.
O cisalhamento longitudinal é um dos esforços que devem ser resistidos pelo montante da alma.
De acordo com Badke-Neto (2015), o esforço cortante solicitante no montante da alma pode
ser determinado considerando duas situações: interação total entre perfil e laje ou interação
parcial entre eles. Já o esforço cortante longitudinal resistente, apesar da complexidade do
estado de tensões atuantes na alma do perfil, pode ser estabelecido de maneira simplificada
como função largura do montante e da espessura da alma
Segundo Lawson e Hicks (2011), o montante da alma está sujeito a flexão em razão da ação do
mecanismo Vierendeel. No caso de vigas simétricas com aberturas centrais e forças de
cisalhamento iguais nos tês superior e inferior, o momento na meia altura do montante da alma
é nulo, enquanto momentos iguais e opostos atuam nas regiões superior e inferior do montante.
De acordo com Badke-Neto (2015), caso os esforços cortantes não sejam iguais, há um
momento adicional atuante na meia altura do montante, sendo permitido o uso de uma
distribuição de esforços cortantes qualquer de forma a minimizar esse momento.
Além disso, destaca-se que o momento atuante no montante aumenta com a assimetria da seção
transversal da viga. Ademais, o momento atuante no montante da alma pode ser desprezado em
casos em que os esforços cortantes solicitantes são baixos. Caso seja calculado, o momento
fletor resistente do montante da alma deve ser considerado com base no seu valor elástico.
De acordo com Ward (1990), a instabilidade do montante da alma é causada pelas forças de
cisalhamento horizontais que passam por ele. Nesse caso, a resistência depende da geometria
dos alvéolos e da esbeltez da alma. Lawson e Hicks (2011) observam que os esforços podem
ser verificados com base num modelo de escoras onde é admitido que as tensões de compressão
atuantes no montante têm a mesma magnitude dos esforços de cisalhamento longitudinais, que
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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a instabilidade ocorre num comprimento efetivo da alma que depende do espaçamento entre
aberturas e que podem ocorrer tensões adicionais no plano. São consideradas então três
possíveis situações: aberturas espaçadas, pouco espaçadas e assimétricas em relação à
profundidade da viga.
Além das verificações relativas aos modos de colapso, as vigas devem ser avaliadas em situação
de serviço. Nesse caso, são analisadas situações relacionadas ao conforto do usuário, como
deslocamento e vibração excessivas.
Já a análise dos elementos quanto ao estado limite de serviço de vibrações excessivas é relevante
para estruturas com cargas que apresentam variação no tempo. A NBR 8800 (ABNT, 2008)
apresenta suas considerações relativas a vibrações em vigas de alma cheia no Anexo L,
aplicando limites para o deslocamento máximo das vigas de acordo com a sua utilização.
Observa-se que a vibração em uma viga está ligada às suas propriedades de rigidez e massa,
sendo proporcional à primeira e inversamente proporcional a segunda. Dessa forma, de acordo
com Brinkhus (2015), como vigas alveolares apresentam maior rigidez, elas são mais resistentes
aos efeitos de vibração do que os perfis originais. Além disso, no caso de vigas mistas, a
presença da laje de concreto também torna a estrutura mais rígida, melhorando seu desempenho
quanto a esse estado limite.
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Os modelos de cálculo indicados no Steel Design Guide 31 (AISC, 2016b) abordam vigas
casteladas e celulares, isoladas ou mistas. São analisadas aberturas centralizadas em relação à
altura do perfil e possibilidade de utilizar perfis diferentes para o tê inferior e superior. Além
disso, são consideradas as abordagens LFRD (Load and Resistance Factor Design) e ASD
(Allowable Stress Design), sendo que neste trabalho é utilizado o LFRD por se aproximar mais
da abordagem das normas brasileiras. As orientações do guia estão de acordo com o
ANSI/AISC 360-16 - Specification for Structural Steel Buildings (AISC, 2016a) e com o AISC
Steel Construction Manual (AISC, 2011).
3.1.1 Geometria
Os dados de entrada relativos à geometria básica da seção podem ser vistos na Figura 3.1.
Destaca-se que como a metodologia aborda a utilização de perfis diferentes nos tês da viga, os
itens com final -top se referem ao tê superior e os com final -bot estão relacionados aos dados
do tê inferior.
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Figura 3.1 -Parâmetros geométricos em vigas celulares mistas (adaptado de AISC, 2016)
Sendo bef a largura efetiva da laje, bf a largura da mesa do perfil, d a altura total do perfil
original, D0 o diâmetro da abertura, dg a altura do perfil expandido, dt a altura do tê, bw a largura
do montante, hr a altura da nervura da laje, R o raio da abertura, S a distância entre aberturas ou
passo, tc, tf e tw a espessura da capa da laje, da mesa e da alma do perfil, respectivamente.
A partir desses parâmetros, são calculadas as propriedades geométricas do perfil e de cada tê.
Observa-se que as formulações propostas nos itens a seguir são válidas para vigas que respeitem
as seguintes relações geométricas:
1.08 < S/Do < 1.5 (3.1)
1.25 < dg/Do < 1.75 (3.2)
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Para considerar a ação mista da viga, deve-se calcular a resistência dos conectores de
cisalhamento e determinar se a interação entre os elementos é total ou parcial. Essa verificação
deve ser feita em todas as aberturas da viga. Para isso, é calculada a densidade de conectores
presentes na viga (q):
𝑁𝑠 𝑄𝑛
𝑞= (3.3)
𝐿
Figura 3.2 - Terminologia usada para cálculo das forças axiais atuantes em vigas totalmente e
parcialmente compostas (adaptado de AISC, 2016)
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Levando em consideração as forças indicadas na Figura 3.2, observa-se que se a força axial de
tração (𝑇1 ) atuante na abertura for inferior à resistência fornecida pelos conectores até o ponto
considerado, a seção é classificada como totalmente composta. Nesse caso, admite-se que o
concreto pode resistir a todas forças compressivas e que 𝑇0 é igual a zero, de modo que as forças
de compressão e de tração são iguais e podem ser calculadas como:
𝑀𝑟
𝑇1 = 𝐶1 = (3.4)
𝑑𝑒𝑓𝑓𝑒𝑐 𝑐𝑜𝑚𝑝
sendo 𝐶1 a força axial atuante no concreto, 𝑀𝑟 o momento fletor atuante no ponto e 𝑑𝑒𝑓𝑓𝑒𝑐 𝑐𝑜𝑚𝑝
𝑇1
𝑌𝑐 = (3.6)
0,85𝑓′𝑐 𝑏𝑒𝑓
Caso a força 𝑇1 seja superior à resistência fornecida pelos conectores, a seção é classificada
como parcialmente composta. Nesse caso, calcula-se uma força 𝑇0 , que representa a força axial
adicional que deve ser resistida pelos tês do perfil de aço e é dada por:
𝑞.𝑋𝑖
1− 𝑇1
𝑇0 = 𝑀𝑟 [ ] (3.7)
𝑑𝑒𝑓𝑓𝑒𝑐 𝑛𝑜𝑛𝑐𝑜𝑚𝑝
profundidade efetiva da seção não composta. O valor calculado deve então ser somado a força
atuante T1, obtendo-se a 𝑇1 𝑛𝑒𝑤 .
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vez que o esforço vertical deve ser resistido pela seção líquida do perfil. Além disso, no caso
do cisalhamento horizontal atuante na região central, o esforço é aumentado a cada montante
em razão da presença de aberturas adjacentes. Observa-se que no caso das vigas alveolares
mistas, não é considerada a colaboração da laje de concreto na absorção do esforço cortante,
levando a resultados mais conservativos.
Assim, o cisalhamento vertical deve ser analisado avaliando o esforço global atuante na viga e
a resistência tanto na região de abertura quanto nos montantes. Nas aberturas, utiliza-se a seção
líquida da região e o esforço atuante é dividido proporcionalmente entre os tês superior e
inferior baseado na relação entre as áreas destes. Na região dos montantes, emprega-se a seção
bruta, considerando a altura entre as mesas descontando a região de filetamento.
Para verificar a resistência da seção bruta, é necessário determinar o coeficiente 𝐶𝑣1 indicado
na Tabela 3.2. Nesse caso, o coeficiente de flambagem 𝑘𝑣 vale 5,34, h é a altura da alma do
perfil menos o raio de filetagem ℎ = 𝑑𝑔 − 𝑘𝑡𝑜𝑝 − 𝑘𝑏𝑜𝑡 , 𝑉𝑛 é a resistência nominal da seção ao
cisalhamento, E é o módulo de elasticidade longitudinal do aço e 𝑓𝑦 é sua tensão de escoamento.
h 𝑘𝑣 𝐸
≤ 1,10√ 𝐶𝑣1 = 1,0
tw 𝑓𝑦
𝑘𝑣 𝐸
h 𝑘𝑣 𝐸 1,10√
> 1,10√ 𝑓𝑦
tw 𝑓𝑦 𝐶𝑣1 =
ℎ/𝑡𝑤
Já para a seção líquida, o coeficiente 𝐶𝑣2 é calculado de acordo com a Tabela 3.3. Nesse caso,
o coeficiente de flambagem 𝑘𝑣 é igual a 1,2 e h é a altura do tê. A resistência nominal da seção
líquida ao cisalhamento é dada pela equação (3.9).
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54
h 𝑘𝑣 𝐸
≤ 1,10√ 𝐶𝑣2 = 1,0
tw 𝑓𝑦
𝑘𝑣 𝐸
𝑘𝑣 𝐸 h 𝑘𝑣 𝐸 1,10√
1,10√ < ≤ 1,37√ 𝑓𝑦
𝑓𝑦 tw 𝑓𝑦 𝐶𝑣2 =
ℎ/𝑡𝑤
1,51 𝑘𝑣 𝐸
h 𝑘𝑣 𝐸 𝐶𝑣2 =
> 1,37√ ℎ 2
tw 𝑓𝑦 ( ) 𝑓𝑦
𝑡𝑤
Após a determinação das resistências nominais tanto para seção bruta quanto para líquida, é
possível calcular a força resistente da seção e observar se a mesma está adequada em relação
aos esforços atuantes. Para isso, é preciso determinar o fator de resistência ao cisalhamento 𝜙𝑣 ,
para então calcular o valor da resistência útil da seção ao cisalhamento 𝑉𝑟𝑑 por meio da equação
(3.10).
Tabela 3.4 - Fator de resistência ao cisalhamento
h 𝐸
≤ 2,24√ 𝜙𝑣 = 1,0
tw 𝑓𝑦
h 𝐸
> 2,24√ 𝜙𝑣 = 0,90
tw 𝑓𝑦
𝑉𝑟𝑑 = 𝜙𝑣 Vn (3.10)
A resistência nominal dos tês em seções mistas é calculada de maneira equivalente às vigas
isoladas, considerando-se que o tê inferior está submetido à tração. Além disso, se a seção for
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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parcialmente composta e a força 𝑇0 existir, o tê superior deve ser analisado como um membro
em compressão.
Para verificar os tês quanto à presença de forças axiais, é necessário calcular a resistência
nominal à compressão 𝑃𝑛 . Esta pode ser definida como o menor valor obtido com base nos
limites aplicáveis para flambagem por flexão e flexo-torção. Para flambagem por flexão em
uma seção sem elementos esbeltos, 𝑃𝑛 pode ser calculado de acordo com o indicado nas
equações a seguir. Caso os tês apresentem elementos de compressão esbeltos, deve-se seguir a
seção E7 do ANSI/AISC 360-16 (AISC, 2016a). Enquanto para flambagem por flexo-torção,
devem ser seguidas as instruções da seção E4 do mesmo manual.
Destaca-se que para tês com mesas compactas, não é necessário verificar a flambagem local
para o cálculo da resistência a flexão da seção. Além disso, para seções totalmente compostas,
não é preciso verificar as forças de compressão, pois nesse caso considera-se que elas são
absorvidas pelo concreto.
Caso a seção seja parcialmente composta, as forças axiais compressivas atuantes nos tês devem
ser avaliadas conforme o indicado a seguir. Para a verificação da flambagem tanto por flexão
quanto por flexo-torção, deve-se primeiramente determinar a tensão crítica de flambagem Fcr
de acordo com a Tabela 3.5.
𝐿𝑐 𝐸 𝑓𝑦
> 4,71√ (𝑜𝑢 > 2,25) Fcr = 0,877𝐹𝑒
𝑟 𝑓𝑦 𝐹𝑒
𝜋2𝐸
𝐹𝑒 = 2 (3.13)
𝐿
( 𝑟𝑐)
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𝑥02 +𝑦02
Sendo que 𝐻 = 1 − ̅̅̅²
, em que 𝑥0 𝑒 𝑦0 são as coordenadas do centro de cisalhamento em
𝑟0
𝜋2𝐸
𝐹𝑒𝑦 = 2
𝐿𝑐𝑦 (3.15)
( )
𝑟𝑦
𝜋 2 𝐸𝐶𝑤 1
𝐹𝑒𝑧 = [ + 𝐺𝐽] ( ) (3.16)
(𝐿𝑐𝑧 )2 𝐴𝑡ê 𝑟̅0 ²
Então, é possível calcular a força de compressão nominal (𝑃𝑛 ) para os esforços considerados e
a força resistente da seção (𝑃𝑐 ), considerando que 𝜙𝑐 é igual a 0,90.
Já para avaliar a tração atuante nos tês, deve-se utilizar a seção D2 do ANSI/AISC 360-16
(AISC, 2016a). Dessa forma, a força resistente nominal da seção é dada por:
𝑃𝑛 = 𝑓𝑦 𝐴𝑡ê (3.19)
Para verificar a resistência a flexão dos tês, ela deve ser calculada e comparada com a resistência
necessária para suportar o momento de Vierendeel. O valor da resistência à flexão nominal 𝑀𝑛
pode ser considerado como o menor valor dentre os obtidos para o estado limite de escoamento
(momento plástico), flambagem lateral com torção e flambagem local das mesas e hastes dos
tês. O momento plástico 𝑀𝑝𝑙 é determinado de acordo com as equações (3.20) e (3.21). Já os
estados limites de flambagem são abordados nos itens 3.1.8 e 3.1.9 deste trabalho.
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Destaca-se que para vigas biapoiadas sujeitas a cargas distribuídas, como as abordadas no guia,
não é possível presumir que os maiores esforços internos ocorrerão na região central de seu
vão. Os esforços de cisalhamento e a interação com o momento devem ser avaliados em cada
abertura. Isso ocorre visto que embora a ação mista contribua com a resistência da seção, esse
auxílio só é garantido pela presença e ação dos conectores de cisalhamento. Dessa forma, nas
aberturas próximas às extremidades da viga, há menos conectores disponíveis entre a
extremidade e o ponto estudado, fazendo com que uma parcela menor do cisalhamento seja
absorvida pelo concreto e uma força maior atue nos tês da seção de aço.
Figura 3.3 - Terminologia para o cálculo dos esforços de Vierendeel em vigas celulares mistas
(Adaptado de AISC, 2016)
Assim, a verificação da viga alveolar mista para a formação do mecanismo Vierendeel tem
início com o cálculo da parcela do esforço cortante absorvida pela laje. Para isso, deve-se
determinar a resistência à punção do concreto (𝑉𝑛𝑐 ) e a resistência ao cisalhamento disponível
no concreto (𝑉𝑐 ), conforme equações (3.22) e (3.23).
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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Sendo que 𝜙𝑐𝑣 vale 0,75. Dessa forma, a força de cisalhamento líquida usada para calcular os
esforços de Vierendeel (𝑉𝑠−𝑛𝑒𝑡 ) é dada por:
Sendo que 𝐴𝑡ê−𝑐𝑟𝑖𝑡 é a área do tê na seção crítica localizada a 0,225𝐷0 do centro da abertura e
𝐴𝑐𝑟𝑖𝑡 é a soma da área dos tês superior e inferior na seção crítica.
Após, são utilizadas a resistência à flexão e à compressão axial dos tês superior e inferior,
conforme indicado no item 3.1.5 deste texto. Assim, é possível verificar a interação entre os
esforços axiais e de flexão de acordo com as equações apresentadas na Tabela 3.6. Em que 𝑃𝑟
é o esforço axial solicitante, 𝑃𝑐 é o esforço axial resistente, 𝑀𝑠 é o momento fletor solicitante e
𝑀𝑐 é o momento fletor resistente, x é relativo ao maior eixo de curvatura e y ao menor.
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A formulação adotada pelo guia foi desenvolvida por Ward (1990) e utiliza três parâmetros C1,
C2 e C3. Esses coeficientes dependem das propriedades do montante e são utilizados para
calcular sua resistência a flambagem como uma função da sua resistência elástica em uma seção
crítica afastada 0,9R do centro do furo, conforme indicado na Figura 3.4. Destaca-se que as
equações só são válidas para vigas que atenderem as limitações geométricas indicadas no item
3.1.1.
Figura 3.4 - Terminologia para cálculo da flambagem local da alma (adaptado de AISC, 2016)
Dessa forma, primeiramente são calculados o cisalhamento horizontal atuante 𝑉𝑠ℎ e o momento
𝑀𝑠ℎ , que deve ser resistido pelo montante.
𝐷0
𝑀𝑠ℎ = 0,90 𝑉 (3.26)
2 𝑠ℎ
𝐷0 𝐷0 2
𝐶1 = 5,097 + 0,1464 ( ) − 0,00174 ( ) (3.27)
𝑡𝑤 𝑡𝑤
𝐷0 𝐷0 2
𝐶2 = 1,441 + 0,0625 ( ) − 0,000683 ( ) (3.28)
𝑡𝑤 𝑡𝑤
𝐷0 𝐷0 2
𝐶3 = 3,645 + 0,0853 ( ) − 0,00108 ( ) (3.29)
𝑡𝑤 𝑡𝑤
𝑡𝑤 (𝑆 − 𝐷0 + 0,564𝐷0 )2
𝑀𝑒 = 𝑓𝑦 (3.30)
6
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𝑀𝑚á𝑥 𝑠 𝑠 2
= [𝐶1 ( ) − 𝐶2 ( ) − 𝐶3 ] (3.31)
𝑀𝑒 𝑑0 𝐷0
𝑀𝑚á𝑥
𝑀𝑛 = 0,90. ( ) 𝑀𝑒 ≥ 𝑀𝑠ℎ (3.32)
𝑀𝑒
A verificação da viga alveolar quanto à flambagem lateral com torção é feita de modo similar
ao adotado para perfis I de alma cheia. Dessa forma, as propriedades da seção bruta podem ser
adotadas para a análise. Além disso, no caso de vigas mistas, é possível considerar que a laje
estabiliza a mesa superior do perfil.
𝐸
𝐿𝑝 = 1,76 𝑟𝑦 √ (3.33)
𝑓𝑦
𝐸 √𝐼𝑦 𝐽 𝑓𝑦 𝑑𝑊
𝐿𝑟 = 1,95 ( ) √2,36 ( ) +1 (3.34)
𝑓𝑦 𝑆𝑥 𝐸 𝐽
em que 𝐼𝑦 é o momento de inércia em torno do eixo y. Esses limites devem ser comparados
𝐷0⁄
com o comprimento 𝐿𝑏 , admitido como 2 para vigas celulares. Assim, é possível determinar
qual formulação deve ser utilizada para o cálculo do momento nominal resistente 𝑀𝑛 do caso
em questão. Estas estão apresentadas na Tabela 3.7.
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1,95𝐸
𝑀𝑐𝑟 = √𝐼𝑦 𝐽 (𝐵 + √1 + 𝐵 2 ) (3.35)
𝐿𝑏
sendo que:
𝑑𝑝 √𝐼𝑦
𝐵 = 2,3 ( ) (3.36)
𝐿𝑏 𝐽
𝑑𝑝 √𝐼𝑦
𝐵 = −2,3 ( ) (3.37)
𝐿𝑏 𝐽
Assim como a flambagem lateral com torção, a verificação da flambagem local das mesas e
hastes dos tês devem ser feitas de acordo com os procedimentos indicados para vigas de alma
cheia. Estes encontram-se na seção F9 do ANSI/AISC 360-16 (AISC, 2016a).
Tabela 3.8 - Momento nominal para flambagem local da mesa dos tês
Seção compacta O estado limite não se aplica
λ − 𝜆 𝑝𝑓
Seção não − compacta 𝑀𝑛 = [𝑀𝑝𝑙 − (𝑀𝑝𝑙 − 0,7𝑓y 𝑊𝑥𝑐 ) ( )] ≤ 1,6𝑀𝑦
𝜆𝑟𝑓 − 𝜆𝑝𝑓
0,7 𝐸 𝑊𝑥𝑐
𝑀𝑛 = 2
Seção esbelta 𝑏𝑓
( )
2𝑡𝑓
Em que 𝑊𝑥𝑐 é o módulo resistente elástico relativo à mesa comprimida, λ é a esbeltez da mesa
b
dada por λ = 2𝑡f . Já 𝜆 𝑝𝑓 é o limite de esbeltez para mesa compacta e 𝜆 𝑟𝑓 é o limite para mesa
𝑓
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
62
Para a verificação da flambagem local das hastes dos tês, deve-se calcular a tensão crítica 𝐹𝑐𝑟 .
Seu valor depende da relação entre a altura do tê e a espessura da alma, conforme indicado na
Tabela 3.9.
𝐸 𝑑 𝐸 𝑑 𝑓𝑦
0,84 √ < ≤ 1,52 √ 𝐹𝑐𝑟 = (1,43 − 0,515 √ )𝑓
𝑓𝑦 𝑡𝑤 𝑓𝑦 𝑡𝑤 𝐸 𝑦
𝑑 𝐸 1,52𝐸
> 1,52 √ 𝐹𝑐𝑟 = 2
𝑑
𝑡𝑤 𝑓𝑦 ( )
𝑡𝑤
𝑀𝑛 = 𝐹𝑐𝑟 𝑊 (3.38)
3.1.10 Flecha
Vigas alveolares geralmente apresentam uma relação entre vão e altura maiores que vigas com
perfis de alma cheia, de forma que a deformação não governa seu dimensionamento. Na maioria
dos casos, a deformação corre de forma semelhante à das seções prismáticas. Entretanto, é
necessário considerar a deformação por corte em torno das aberturas, porém esta é mais
significativa em vigas com vão muito pequenos ou na presença de grandes cargas concentradas.
Assim, de modo geral não é necessário realizar verificações mais refinadas que as utilizadas
para seções prismáticas. O guia indica que tanto vigas alveolares mistas quanto isoladas podem
ter sua deformação aproximada utilizando 90% do momento de inércia da seção líquida para os
cálculos.
3.2 WARD
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abordadas vigas celulares biapoiadas isoladas e mistas, com perfis fabricados em aço grau 50.
Também é considerada a possibilidade de utilização de enrijecedores na região das aberturas.
Para verificações do estado limite último (ELU), os modelos de cálculo são baseados na análise
plástica da seção da viga, enquanto para o estado limite de serviço (ELS) é adotado um
comportamento elástico.
O texto está de acordo com as indicações da norma BS 5950: partes 1 e 3.1 (BSI, 1990), vigentes
na época em que foi escrito. Neste trabalho, são empregadas as adaptações feitas por Badke-
Neto (2015), tornando o método mais adequado para utilização de acordo com as normas
brasileiras.
3.2.1 Geometria
Para determinação da largura efetiva da laje de concreto, foram aplicadas as indicações da NBR
8800 (ABNT, 2008). Esta é definida de maneira simplificada, conforme indicado na Figura 3.5,
e depende apenas do vão da viga e da distância entre vigas adjacentes. Para uma viga mista
biapoiada, a largura efetiva da laje de concreto, medida de cada lado da linha central da viga,
não deve exceder o menor dentre os valores a seguir:
1. 1/8 do vão da viga mista, considerado entre linhas de centro dos apoios;
2. Metade da distância entre a linha de centro da viga analisada e a linha de centro da viga
adjacente;
3. Distância da linha de centro da viga à borda de uma laje em balanço.
Figura 3.5 - Largura efetiva de acordo com a NBR 8800/2008 (REGINATO, 2017)
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64
1 𝐴𝑐𝑠 √𝑓𝑐𝑘 𝐸𝑐
𝑄𝑟𝑑 = (3.39)
2 𝛾𝑐𝑠
𝑅𝑔 𝑅𝑝 𝐴𝑐𝑠 𝑓𝑢𝑐𝑠
𝑄𝑟𝑑 = (3.40)
𝛾𝑐𝑠
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Sendo que emh é a distância da face do fuste do conector à borda da alma da nervura, medida à
meia altura da nervura e no sentido da força cortante que atua no conector, conforme indicado
na Figura 3.6.
Figura 3.6 - Valor a ser tomado para emh para lajes com steel deck (ABNT, 2008)
Dependendo da força resistida pelos conectores, a interação entre os elementos pode ser
classificada como parcial ou total. Para avaliar em qual caso a viga se encaixa, é necessário
conhecer a força de cisalhamento de cálculo do sistema (𝐹ℎ𝑑 ), dada pelo menor valor entre a
resistência do concreto à compressão e resistência do perfil ao esforço axial, respectivamente
calculados pelas equações (3.41) e (3.42):
Se o valor da interação for maior ou igual a 1, isso significa que a força resistida pelos
conectores é superior a atuante, ou seja, a seção apresenta interação total. Caso contrário, os
conectores não são capazes de resistir à totalidade do esforço de cisalhamento, então a interação
é considerada parcial.
Salienta-se que para o caso da interação parcial, deve ser respeitado um grau mínimo de
interação para garantir que a seção mista apresente um comportamento dúctil. Para um perfil
de aço simétrico, esse valor pode ser determinado de acordo com a equação (3.44).para vigas
com trecho de momento positivo (𝐿𝑒 ) menores ou iguais a 25m de comprimento. Para um 𝐿𝑒
superior, o grau de interação mínimo é igual a 1.
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66
𝐸
𝜂𝑖 = 1 − (0,75 − 0,03𝐿𝑒 ) ≥ 0,4 (3.44)
578𝑓𝑦
Considerando as forças atuantes na seção mista indicadas na Figura 3.7, observa-se que se a
resistência da conexão entre o apoio e o ponto considerado for suficiente para desenvolver uma
força 𝑇1 atuante no tê inferior da viga, a conexão é considerada adequada. Nesse caso, para uma
interação total, admite-se que o concreto absorve todo esforço de compressão. Dessa forma, o
esforço atuante no tê superior é nulo, enquanto o esforço de tração no tê inferior pode ser
calculado pela equação (3.45).
Figura 3.7 - Forças atuantes na seção mista (adaptado de BADKE NETO, 2015)
𝑀𝑠𝑑
𝑇1 = (3.45)
(𝑑𝑔 − 𝑧𝑡 + ℎ𝑡 − 0,5𝑌𝑐 )
Em que 𝑀𝑠𝑑 é o momento fletor solicitante de cálculo na seção e 𝑧𝑡 é a distância entre a fibra
da extremidade e o centroide do tê considerado, equivalente ao 𝑦̅𝑡𝑒𝑒 utilizado no item 3.1 deste
texto. Já 𝑌𝑐 é a altura da laje solicitada pelo esforço 𝑇1 e é dada por:
𝑇1 𝑡𝑐
𝑌𝑐 = (3.46)
𝑅𝑐𝑑
Entretanto, se a resistência da conexão não for o suficiente para resistir totalmente aos esforços,
a diferença entre o momento atuante e a capacidade resistente da seção mista deve ser absorvida
pelo perfil de aço. Essa diferença é determinada em forma de uma força adicional 𝑇0 , aplicada
nos tês e calculada como:
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𝑁𝑠𝑐 𝑄𝑟𝑑
1− 𝑇1
𝑇0 = 𝑀𝑠𝑑 [ ] (3.47)
ℎ𝑒𝑓
É recomendado que o valor de 𝑇0 seja menor que 0,5𝑁𝑠𝑐 𝑄𝑟𝑑 e destaca-se que o valor dos
esforços axiais atuantes não deve exceder a resistência última dos tês.
A fim de verificar a capacidade da viga quanto aos esforços cortantes, é adotada uma abordagem
conservativa, na qual todo esforço cortante é resistido apenas pela viga de aço. Entretanto, caso
seja necessário, é possível reduzir o esforço atuante na seção de aço subtraindo a força de
cisalhamento resistente da laje.
O esforço cortante vertical deve ser avaliado nos tês no centro das aberturas e também nos
montantes da alma. Na região da abertura, considera-se a soma da resistência ao escoamento
dos tês superior e inferior. Para uma viga simétrica, a resistência na abertura é dada pela equação
(3.49). Já para a verificação do montante, utiliza-se a equação (3.50).
Em que 𝐴𝑤𝑡 é a área da alma do tê e 𝛾𝑎1 é o coeficiente de ponderação da resistência, com valor
igual a 1,10 e 𝐴𝑤𝑝 é a área da alma do perfil. Já o esforço cortante longitudinal é verificado na
região com menor largura do montante, ou seja, na altura central do perfil. Nesse caso, a
resistência é calculada por:
𝑉𝑤𝑝,𝑟𝑑 = 0,6(𝑏𝑤 𝑡𝑤 )𝑓𝑦𝑑 (3.51)
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De acordo com Ward (1990), a resistência à flexão em uma viga celular mista depende
principalmente do tê inferior, que resiste ao esforço de tração gerado pelo momento, e da laje
de concreto, que resiste à componente de compressão. Entretanto, o tê superior não deve ser
ignorado, visto que ele influencia na altura efetiva da seção e consequentemente no seu
momento resistente.
A avaliação do momento fletor da viga, deve ter início pela determinação da posição da linha
neutra plástica da seção, obtida de forma semelhante à indicada na NBR 8800 (ABNT, 2008) e
na Figura 3.8. Esta pode ser classificada de acordo com o indicado na Tabela 3.11.
Figura 3.8 - Distribuição de tensões em vigas mistas celulares sob momento positivo e
interação completa (NBR 8800:2008)
Sendo 𝐴𝑓 a área da mesa superior do perfil e 𝐶𝑎𝑑 a força de compressão no perfil de aço, dada
por:
1
𝐶𝑎𝑑 = (𝐴 𝑓 − 𝑅𝑐𝑑 ) (3.52)
2 𝑎 𝑦𝑑
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𝐴𝑎 𝑓𝑦𝑑
𝑌𝑐 = ≤ 𝑡𝑐 (3.53)
0,85𝑓𝑐𝑑 𝑏𝑒𝑓
O momento de plastificação da seção mista é dado pela equação (3.54), enquanto o momento
elástico do perfil é calculado pela equação (3.55). Dessa forma, o momento fletor resistente da
seção mista pode ser obtido pela equação (3.56).
Se a linha neutra se encontrar no perfil de aço, ela pode estar na mesa superior ou na alma do
tê. Para o primeiro caso, a posição da linha neutra plástica, medida em relação a fibra superior
da mesa é dada por:
𝐶𝑎𝑑
𝑦𝑝 = 𝑡 (3.57)
𝐴𝑓 𝑓𝑦𝑑 𝑓
Nesse caso, é necessário também determinar os centros de gravidade das seções tracionada e
comprimida do perfil. Para a primeira, o valor considerado em relação a extremidade da mesa
inferior é calculado pela equação (3.53). Já para a região comprimida do tê superior, o centro
de gravidade, medido em relação a extremidade da mesa superior, é dado pela equação (3.59).
𝐴𝑡 𝑧𝑡 + (𝑑𝑔 − 𝑧𝑇𝑡 − 𝑦𝑝 )
𝑦𝑡 = (3.58)
𝐴𝑡 + 𝐴𝑡−𝑡
𝑦𝑝
𝑦𝑐 = (3.59)
2
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70
Em que 𝐴𝑡−𝑡 é a área da região tracionada do tê superior e 𝑧𝑇𝑡 é a posição do centro de gravidade
dessa região em relação à linha neutra plástica. Esses valores são obtidos respectivamente pelas
equações (3.60) e (3.61).
𝐴𝑡−𝑡 = ℎ𝑤𝑡 𝑡𝑤 + 𝑏𝑓 (𝑡𝑓 − 𝑦𝑝 ) (3.60)
2
𝑏𝑓(𝑡𝑓 −𝑦𝑝 )
+ ℎ𝑤𝑡 𝑡𝑤 (0,5ℎ𝑤𝑡 + 𝑡𝑓 − 𝑦𝑝 ) (3.61)
2
𝑧𝑇𝑡 =
𝐴𝑡ê−𝑡
Em que ℎ𝑤𝑡 é a altura da alma do tê. Então, é possível calcular o momento fletor resistente da
seção:
𝑀𝑟𝑑 = 𝐶𝑎𝑑 (𝑑𝑔 − 𝑦𝑡 − 𝑦𝑐 ) + 𝑅𝑐𝑑 (0,5𝑡𝑐 + ℎ𝑟 + 𝑑𝑔 − 𝑦𝑡 ) (3.62)
Por fim, a linha neutra plástica pode se encontrar na alma do perfil. Nesse caso, sua posição é
calculada por:
𝐶𝑎𝑑 − 𝐴𝑎𝑓 𝑓𝑦𝑑
𝑦𝑝 = 𝑡𝑓 + ℎ𝑤𝑡 ( ) (3.63)
2𝐴𝑤𝑡 𝑓𝑦𝑑
Já a posição centro de gravidade da seção tracionada do perfil pode ser determinada pela
equação (3.64), enquanto para a seção comprimida ela é dada pela equação (3.65).
Nesse caso, a área das seções tracionada e comprimida do tê superior são calculadas,
respectivamente, pelas equações (3.66) e (3.67):
Caso a viga apresente interação total, o momento fletor resistente é obtido pela equação (3.62).
Já para interação parcial, este é dado por:
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71
em que 𝑀𝑒𝑙 é o momento resistente elástico do perfil de aço e 𝑀𝑝𝑙 é o momento de plastificação
da viga mista com interação total.
A formação do mecanismo Vierendeel ocorre pela presença de rótulas plásticas nos cantos de
uma abertura, que por sua vez dependem da interação entre os momentos secundários e os
esforços axiais locais solicitantes na região. Ainda, observa-se que a formação da rótula plástica
se dá em um determinado ângulo da abertura, que está associado a uma seção crítica que varia
com a relação entre esforço cortante e momento fletor atuantes na viga.
Para determinar a posição dessa seção crítica, Ward (1990) indica o uso dos métodos de Sahmel
(1969) ou de Olander (1953). O primeiro adota uma seção linear através do tê, enquanto o
segundo utiliza uma seção circular, conforme indicado na Figura 3.9. Os dois métodos
apresentam resultados similares tanto para a posição da seção crítica quanto para a resistência
dos tês.
Figura 3.9 - Determinação da seção crítica da viga celular (BADKE NETO, 2015)
É necessário garantir que a interação entre momento de Vierendeel e esforço axial atuantes seja
considerada adequada. Para isso, ela deve atender ao indicado na equação (3.69).
𝑁′ 𝑀′
′ + ≤ 1,0 (3.69)
𝑁𝑟𝑑 𝑀′𝑝𝑙
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72
é o momento de plastificação na seção crítica para seções compactas, que é igual ao momento
de início de escoamento nas demais seções.
Destaca-se que para vigas celulares mistas, é possível assumir que o esforço cortante é
totalmente resistido pela seção de aço, obtendo resultados mais conservativos, ou considerar
que parte do esforço é absorvida pela laje. Em ambos os casos, deve ser considerada uma
redução da espessura da alma devido à presença de esforço cortante. Essa redução é necessária
′ ′
se o esforço cortante solicitante na seção crítica (𝑉𝑡,𝑠𝑑 ) for superior a 50% do resistente (𝑉𝑡,𝑟𝑑 )
e pode ser calculada de acordo com a equação (3.70).
′ 2
𝑉𝑡,𝑠𝑑
𝑡𝑒𝑓 = 𝑡𝑤 √1 − ( ′ ) (3.70)
𝑉𝑡,𝑟𝑑
Ainda, caso a contribuição da laje seja considerada, seu esforço cortante vertical resistente por
metro de comprimento (𝑉𝑐,𝑟𝑑 ) pode ser determinado de acordo com o indicado na NBR 8800
(ABNT, 2008). Para isso, é utilizada a equação (3.71). Ressalta-se que para obter o esforço
cortante resistente total, o 𝑉𝑐,𝑟𝑑 deve ser multiplicado pela largura efetiva da laje.
Badke Neto (2015) salienta que dependendo da conexão, a laje resiste a maior parte ou a
totalidade dos esforços axiais de compressão, de forma que o esforço axial no tê pode ser nulo,
o que leva a diferentes solicitações nos tês. Ainda, visto que o mecanismo Vierendeel se forma
por uma interação de esforços, a parcela de esforço cortante transferida para o tê inferior
depende da magnitude do esforço axial que atua nele. Dessa forma, é necessário determinar a
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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distribuição do esforço cortante entre os tês por meio de um processo iterativo. Admite-se que
todo esforço cortante solicitante é resistido pelo tê superior. Caso a seção não atenda a
verificação do mecanismo Vierendeel, parte do esforço cortante pode ser transferida para o tê
inferior e a análise deve ser refeita.
Visto que a formulação proposta por Ward (1990) foi adotada no Steel Design Guide 31 (AISC,
2016b), as recomendações são as mesmas apresentadas no item 3.1.7 deste texto. Quanto à
formulação, permanecem as indicadas nas equações (3.27) a (3.31). Entretanto, há uma
diferença na aplicação do coeficiente de ponderação para determinar o momento máximo
resistente do montante, que nesse caso é dado por:
𝑀𝑚á𝑥
( ) 𝑀𝑒
𝑀𝑒 (3.72)
𝑀𝑚á𝑥 = ≥ 𝑀𝑟ℎ
𝛾𝑎1
3.2.8 Flecha
A deflexão nas vigas mistas deve ser avaliada em duas situações: durante a construção (antes
da cura do concreto da laje) e quando estiver em serviço. Para vigas celulares, em ambos os
casos são calculadas flechas secundárias em função da presença de aberturas, que devem ser
somadas às flechas primárias causadas pela flexão da viga.
Para verificar a viga durante sua construção, utiliza-se a mesma formulação aplicada para o
cálculo da flecha em vigas celulares isoladas. Para isso, Ward (1990) aplica o princípio dos
trabalhos virtuais (PTV) para estimar a deflexão causada pelos esforços atuantes nas aberturas
de vigas simétricas, obtendo flechas parciais calculadas para cada esforço, conforme indicado
na Tabela 3.13, em que 𝐼𝑥𝑡ê é o momento de inércia do tê em relação ao eixo x e 𝜒 é o fator de
forma do montante da alma. Destaca-se que para esses cálculos são utilizados os esforços
atuantes na abertura gerados pela carga global aplicada na viga e também os esforços devido a
̅𝑖 , 𝑉
aplicação de uma carga unitária (𝑉 ̅𝑖 ). A flecha total de cada abertura é dada então pela
̅𝑤𝑝 𝑒 𝑁
soma de 𝑦1 a 𝑦5 .
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
74
Já a flecha total da viga é obtida pela soma da flecha de cada abertura mais duas vezes a flecha
da seção final e da metade da primeira abertura. As duas últimas são calculadas,
respectivamente, pelas equações (3.73) e (3.74).
𝑀𝑖 ̅̅̅
𝑀𝑖
𝛿𝑠𝑓 = ∫ (3.73)
𝐸𝐼𝑥
𝑦1 + 𝑦3 + 𝑦4
𝛿𝑝𝑎 = (3.74)
2
Já para verificar a flecha da viga em seu estado de serviço, após a cura do concreto, é adotada
a aproximação de Chien e Ritchie (1984). Para isso, devem ser seguidos os seguintes passos:
• Calcular a área efetiva da laje de concreto e convertê-la em uma área equivalente de
aço;
• Calcular o momento de inércia da seção mista (𝐼𝑡𝑟 ), usando apenas o tê inferior de aço
e a laje de concreto transformada;
• Calcular o momento de inércia reduzido da seção de aço (𝐼𝑟𝑒𝑑 ), utilizando a inércia da
seção na abertura (dois tês) e multiplicando-a por 0,15;
• Calcular a diferença entre 𝐼𝑡𝑟 e 𝐼𝑟𝑒𝑑 e dividir o resultado por 1,3 para permitir o aumento
da flexibilidade devido ao deslizamento entre materiais e deformação por fluência;
• Calcular a flecha utilizando a inércia obtida no item anterior.
A metodologia de dimensionamento proposta por Lawson e Hicks (2011) pode ser encontrada
na publicação SCI P355, intitulada Design of Composite Beams with Large Web Openings. No
texto são abordadas vigas mistas biapoiadas com aberturas retangulares ou circulares, isoladas
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ou pouco espaçadas. São apresentadas equações para determinação da resistência dos tês
inferior e superior, montante da alma e verificação da conexão entre aço e concreto por meio
dos conectores de cisalhamento. Os autores ressaltam que as formulações podem ser aplicadas
também para vigas isoladas, desde que sejam ignorados os termos relativos à contribuição da
laje de concreto na resistência da viga.
De forma geral, o guia segue os princípios dos Eurocodes 3 e 4. Para tornar o método mais
coerente com as normas brasileiras, foram adotadas as adaptações realizadas por Badke-Neto
(2015).
3.3.1 Geometria
Tendo em vista uma maior praticidade na entrada de dados dos problemas analisados
posteriormente, são utilizadas as mesmas notações indicadas no item 3.1.1 deste trabalho. Para
que os modelos de cálculo possam ser aplicados, a viga deve respeitar algumas indicações
relativas à sua geometria, conforme indicado na Tabela 3.14. Sendo que as regiões consideradas
com alto valor do esforço cortante são as que este é maior que metade do valor máximo do
esforço cortante solicitante na viga.
A determinação da largura efetiva da laje de concreto pode ser realizada de acordo com as
indicações da NBR 8800 (ABNT, 2008). As prescrições estão presentes no item 3.2.2 deste
trabalho.
Com a finalidade de avaliar a conexão entre a viga de aço e a laje de concreto, estabelecida por
meio dos conectores de cisalhamento, foram empregadas as especificações da NBR 8800
(ABNT, 2008). Estas estão expostas no item 3.2.3 deste trabalho.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
76
Lawson e Hicks (2011) destacam que para as regiões próximas ao apoio, é provável que a
resistência da conexão necessária seja 40% do esforço axial de tração desenvolvido no tê
inferior. Dessa forma, é indicado que para garantir uma ação mista adequada, seja utilizado um
grau de conexão maior ou igual a 0,4 nessas regiões. Caso esse valor não seja atingido pelo
grau mínimo de conexão apresentado pelas normas, devem ser empregados conectores
adicionais nas faixas críticas ou a ação mista nessas partes da viga deve ser desconsiderada.
Ainda, para situações em que não se conhece a posição exata dos conectores, é recomendado
assumir que eles não estão presentes nos últimos 300mm de cada extremidade do vão.
A resistência do perfil de aço ao esforço de cisalhamento vertical pode ser calculada pela
equação (3.49) para a seção da abertura e (3.50) para o montante da alma. Entretanto, ressalta-
se que a resistência dos tês é limitada pelo mecanismo Vierendeel, sendo necessário então
adotar uma distribuição do esforço cortante entre os tês que seja compatível com esse modo de
falha. Lawson et al. (2006) observam que para o caso de vigas celulares com aberturas
centradas, é possível considerar que o esforço cortante é distribuído igualmente entre os tês,
com 50% em cada, desde que a força no tê inferior seja limitada pela equação (3.75).
2𝑀𝑡−𝑏𝑜𝑡,𝑛𝑣,𝑟𝑑
𝑉𝑟𝑑 ≤ (3.75)
𝑙𝑒
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Salienta-se que o valor obtido deve ser multiplicado por uma largura efetiva para obter o esforço
resistente total. Nesse caso, é adotada a largura efetiva para efeitos de cortante indicada por
Lawson e Hicks (2011), conforme equação (3.76).
Em que ℎ𝑡𝑒𝑓 é a altura efetiva da laje, definida como 75% da sua altura total.
Em que 𝑉𝑠𝑑 é o esforço cortante solicitante no centro do montante. Entretanto, caso a conexão
seja parcial, o esforço cortante longitudinal atuante no montante é dado por:
sendo Δ𝑁𝑐𝑠 a força resistente fornecida pelos conectores entre duas aberturas consecutivas. O
esforço resistente do montante da alma ao cisalhamento longitudinal pode ser obtido pela
equação (3.51).
De acordo com Lawson e Hicks (2011), a resistência a flexão da seção de uma viga mista com
aberturas deve ser verificada no centro desta. Dependendo da classificação do tê superior e do
tipo de conexão de cisalhamento, é possível considerar a resistência plástica à flexão da seção.
Para classificar a seção transversal, são adotados os parâmetros indicados no Eurocode 3 (CEN,
2005), sendo que nas classes 1 e 2 é permitido o uso da resistência ao momento plástico,
enquanto as classes 3 e 4 são restritas ao uso do momento elástico.
Os autores observam que vigas mistas de alma cheia em geral apresentam a linha neutra plástica
na mesa superior do perfil ou na laje de concreto, exceto em casos de seção assimétrica com
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
78
mesa inferior muito maior que superior, em que a linha estará na alma da seção. O mesmo é
válido para vigas mistas com abertura na alma, uma vez que nesse tipo de viga a linha neutra
plástica costuma estar acima que a de uma seção cheia. Dessa forma, a seção geralmente será
classe 2 ou melhor.
Para verificar a resistência à flexão plástica dos tês, é necessário que haja um equilíbrio nas
forças atuantes em torno da abertura. Esse equilíbrio é dado pela presença de uma força de
compressão no tê superior e uma força de tração no tê inferior. A determinação dos esforços
atuantes na seção depende da posição da linha neutra plástica.
Por sua vez, a posição da linha neutra depende da resistência à tração do tê inferior e da
resistência à compressão da seção mista. Estas são obtidas, respectivamente, pelas equações
(3.79) e (3.80).
𝑁𝑡−𝑏𝑜𝑡,𝑟𝑑 = 𝐴𝑡−𝑏𝑜𝑡 𝑓𝑦𝑑 (3.79)
𝑁𝑐,𝑟𝑑 = 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 {𝑅𝑐𝑑 ; 𝑁𝑠𝑐 𝑄𝑟𝑑 } (3.80)
𝑁𝑐,𝑟𝑑
𝑌𝑐 = ≤ 𝑡𝑐 (3.81)
0,85𝑓𝑐𝑑 𝑏𝑒𝑓
𝑀𝑟𝑑 = 𝑁𝑡−𝑏𝑜𝑡,𝑟𝑑 (ℎ𝑒𝑓 + 𝑧𝑡 + ℎ𝑡 − 0,5𝑌𝑐 ) (3.82)
Ainda, considerando um momento solicitante 𝑀𝑠𝑑 , é possível obter a força axial atuante no tê
inferior como:
𝑀𝑠𝑑
𝑇1 = (3.83)
(𝑑𝑔 + 𝑧𝑡 + ℎ𝑡 − 0,5𝑌𝑐 )
Caso o esforço de compressão provido pela laje for inferior ao esforço de tração desenvolvido
no tê inferior do perfil de aço, o equilíbrio dos esforços é atingido por meio de um esforço de
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Para o esforço axial, é possível aplicar a equação (3.83), substituindo 𝑌𝑐 por 𝑡𝑐 . Entretanto, caso
o esforço calculado seja maior que 𝑁𝑐,𝑟𝑑 , a força deve ser obtida por:
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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Os valores limites para classificação dos tês são apresentados na Tabela 3.15. Caso a alma seja
categorizada como classe 4, deve-se aplicar o limite da classe 3 na determinação das
propriedades elásticas efetivas da seção. O valor de 𝜀 é dado por:
235
𝜀=√ (3.88)
𝑓𝑦
14𝜀𝑡𝑤
ℎ𝑤𝑡 ≤
3 Sem limite 2
36𝜀𝑡𝑤
√1 − ( )
𝑙0,𝑒𝑓
4 Sem limite
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Já almas de classe 4 podem ser estudadas como classe 3 quando submetidas a esforços axiais
de tração. Nesse caso, deve ser atendida a equação (3.90), válida se
𝑙0,𝑒𝑓 > 36𝑡𝑤 𝜀′:
14𝑡𝑤 𝜀′
ℎ𝑤𝑡 ≤
2 (3.90)
√1 − (36𝑡𝑤 𝜀′)
𝑙0,𝑒𝑓
Além disso, para calcular o momento resistente de Vierendeel, é possível reduzir a altura de
uma alma classe 3 para um limite apropriado para a classe 2. Assim, o cálculo da resistência
pode ser baseado na resistência plástica da seção reduzida.
Quando a seção transversal do tê considerado satisfaz os limites para classe 2, sua resistência
pode ser analisada por meio da teoria dos blocos retangulares de tensão plástica. As tensões
atuantes em torno de uma abertura retangular devido ao momento fletor de Vierendeel podem
ser vistas na Figura 3.10.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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2
𝑧𝑝𝑙
𝑀𝑝𝑙,𝑟𝑑 = 𝐴𝑤𝑡 𝑓𝑦𝑑 (0,5ℎ𝑤𝑡 + 𝑡𝑓 − 𝑧𝑝𝑙 ) + 𝐴𝑓 𝑓𝑦𝑑 (0,5𝑡𝑓 − 𝑧𝑝𝑙 + ) (3.92)
𝑡𝑓
𝐴𝑓 + 𝐴𝑤𝑡
𝑧𝑝𝑙 = (3.93)
2𝑏𝑓
Já para casos em que a flexão e esforços axiais ocorram simultaneamente, deve ser aplicada
uma redução no momento plástico resistente do tê. Esse valor reduzido é determinado pela
equação (3.94), válida para seções de classes 1 e 2.
2
𝑁𝑠𝑑
𝑀𝑝𝑙,𝑁,𝑟𝑑 = 𝑀𝑝𝑙,𝑟𝑑 (1 − ( ) ) (3.94)
𝑁𝑝𝑙,𝑟𝑑
Em que 𝑁𝑠𝑑 é o esforço axial solicitante no tê e 𝑁𝑝𝑙,𝑟𝑑 é o esforço axial resistente plástico da
seção.
Ainda, o momento resistente da seção é alterado na presença de esforços cortantes altos, que
reduzem a eficiência da alma. Nesse caso, a redução da espessura da alma influencia na
resistência dos tês ao momento de Vierendeel e, consequentemente, na distribuição dos esforços
de cisalhamento. Para verificar a necessidade de redução da espessura, deve-se calcular a taxa
de utilização da seção para o cortante (𝜇), obtida pela relação entre o esforço cortante solicitante
e o resistente da seção. Caso esse valor seja menor ou igual a 0,5, não é necessário aplicar a
redução na alma. Caso contrário, a espessura efetiva da alma do tê pode ser aproximada
inicialmente pela equação (3.95).
O momento fletor resistente elástico deve ser utilizado quando pelo menos um dos tês se
enquadra na classe 3. Os esforços atuantes em torno de uma abertura retangular podem ser
vistos na Figura 3.11. Lawson e Hicks (2011) ressaltam que como a ação mista local do tê
superior com a laje ocorre pela presença dos conectores de cisalhamento posicionados sobre a
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abertura e pelo fato desta ser adicionada à resistência a flexão elástica dos tês, o ponto com
momento fletor nulo não ocorre na linha central da abertura.
Caso não houver esforço axial atuando juntamente com a flexão, o momento fletor resistente
elástico do tê pode ser calculado pela equação (3.96). Nesse caso, a posição da linha neutra
elástica (𝑧𝑒𝑙 ) corresponde à distância do centroide do tê até a extremidade da mesa
correspondente e é determinada pela equação (3.97).
2 2
𝐴𝑤𝑡 𝑓𝑦𝑑 (0,5ℎ𝑤𝑡 + 𝑡𝑓 − 𝑧𝑒𝑙 ) + 𝐴𝑓 𝑓𝑦𝑑 (𝑧𝑒𝑙 − 0,5𝑡𝑓 )
𝑀𝑒𝑙,𝑟𝑑 = (3.96)
ℎ𝑤𝑡 + 𝑡𝑓 − 𝑧𝑒𝑙
𝐴𝑤𝑡 (0,5ℎ𝑤𝑡 + 𝑡𝑓 ) + 0,5𝑡𝑓 𝐴𝑓
𝑧𝑒𝑙 = (3.97)
𝐴𝑓 + 𝐴𝑤𝑡
Caso existam esforços axiais atuantes nos tês, o momento fletor resistente elástico deve ser
reduzido de acordo com o indicado na equação (3.98), válida para seções classes 3 e 4.
𝑁𝑠𝑑 2
𝑀𝑒𝑙,𝑁,𝑟𝑑 = 𝑀𝑒𝑙,𝑟𝑑 (1 − ( ) ) (3.98)
𝑁𝑟𝑑
Por fim, observa-se que para o caso do momento fletor elástico, é possível ignorar o efeito da
presença de esforço cortante nos tês. Entretanto, para que isso seja válido é necessário que a
viga seja verificada para o esforço cortante na abertura.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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Lawson e Hicks (2011) explicam que a ação mista local atuante entre o tê superior e a laje de
concreto gera uma contribuição para a resistência ao momento de Vierendeel da viga. A
magnitude dessa parcela depende da quantidade de conectores de cisalhamento posicionados
diretamente sobre a abertura. Ela também é influenciada pela flexibilidade da viga nessa região,
tornando necessária a aplicação de um fator de modificação para aberturas longas, de forma a
evitar a dependência excessiva da ação mista na abertura. Esse fator é dado por:
𝑙𝑒
𝑘0 = (1 − ) (3.99)
25𝑑𝑡−𝑡𝑜𝑝
Sendo que o valor de 𝑘0 pode ser adotado como 1,0 quando 𝑙𝑒 for menor ou igual a cinco vezes
a altura do tê superior. Dessa forma, o momento fletor resistente devido à ação mista pode ser
determinado de forma conservadora pela equação (3.100):
Em que Δ𝑁𝑐,𝑟𝑑 é a força resistente fornecida pelos conectores posicionados sobre a abertura,
sendo que para aberturas circulares o número de conectores é calculado sobre a largura efetiva
da abertura. Uma vez que a posição exata dos conectores não pode ser garantida e que a zona
de influência da abertura se estende além dela, os autores recomendam o uso do valor exato da
largura efetiva dividida pelo espaçamento dos conectores no lugar do valor inteiro aproximado.
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Figura 3.12 - Esforços no montante da alma entre aberturas circulares (BADKE-NETO, 2015)
Em situações em que as forças de cisalhamento no tê superior e inferior não são iguais, deve
ser calculado um momento solicitante 𝑀𝑤𝑝,𝑠𝑑 adicional. Destaca-se que o momento atuante no
montante aumenta com a assimetria da seção transversal da viga. Nesse caso, qualquer
distribuição de esforços cortantes que satisfaça o equilíbrio pode ser adotada de forma a
minimizar o valor de 𝑀𝑤𝑝,𝑠𝑑 .
O momento fletor resistente do montante da alma deve ser tomado como seu valor elástico. Na
meia altura de vigas com aberturas circulares, ele pode ser calculado pela equação (3.101):
e2 𝑡𝑤
𝑀𝑤𝑝,𝑟𝑑 = 𝑓 (3.101)
6 𝑦𝑑
Em regiões com baixo esforço cortante, o momento fletor no montante da alma pode ser
ignorado. Além disso, os autores observam que de modo geral a flexão do montante não é o
principal mecanismo de falha para aberturas circulares, uma vez que sua largura aumenta a
partir da altura média, aumentando também sua resistência à flexão.
Entretanto, para vigas com aberturas sequenciais cujo dimensionamento é governado pela
flexão do montante, devem-se aplicar restrições ao esforço cortante. Para interação parcial, o
esforço cortante resistente limitado pode ser determinado pela equação (3.102). Para isso,
considera-se o esforço cortante do tê inferior como seu valor máximo devido ao mecanismo
Vierendeel e o momento fletor do montante como igual a sua resistência elástica.
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Já para interação total, adota-se o esforço cortante longitudinal 𝑉𝑤𝑝,𝑠𝑑 como esforço de
compressão. Dessa forma, o esforço cortante resistente limitado é dado por:
Caso o esforço cortante calculado considerando 𝑀𝑤𝑝,𝑟𝑑 = 0 for igual ou superior ao esforço
cortante atuante, é admitido que não há necessidade de levar em consideração o momento fletor
na meia altura do montante para manter sua estabilidade.
A falha da viga por instabilidade do montante da alma ocorre devido aos esforços de
compressão que atuam no montante. Esse é um fenômeno de grande complexidade e depende
do formato da abertura, da esbeltez da alma e do posicionamento da abertura em relação à altura
da viga. Para avaliar o comportamento do montante para flambagem, Lawson e Hicks (2011)
se basearam no método proposto por Ward (1990), no qual é empregado um modelo de bielas
e tirantes.
Figura 3.13 - Esforços no montante para aberturas adjacentes (LAWSON E HICKS, 2011)
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Para avaliar a resistência do montante da alma, deve-se calcular seu comprimento de flambagem
e índice de esbeltez reduzido. Para aberturas circulares, esses valores são dados respectivamente
pelas equações (3.105) e (3.106).
2 + 𝐷2
𝑙𝑤 = 0,5√𝑏𝑤 (3.105)
0
2 + 𝐷2 1
1,75√𝑏𝑤 0 (3.106)
𝜆0 =
𝑡𝑤 𝜆1
Em que 𝜆1 pode ser obtido pela equação (3.107). Também é necessário calcular o fator de
redução associado à resistência a compressão, que pode ser determinado, conforme indicado na
NBR 8800 (ABNT, 2008), pela equação (3.108).
𝐸
𝜆1 = 𝜋√ (3.107)
𝑓𝑦
2
0,658𝜆0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝜆0 ≤ 1,5
𝜒 = { 0,877 (3.108)
𝑝𝑎𝑟𝑎 𝜆0 > 1,5
𝜆20
O esforço resistente é então obtido por meio da equação (3.109). Para que a viga esteja segura,
o valor de 𝑁𝑤𝑝,𝑟𝑑 deve ser maior ou igual a 𝑁𝑤𝑝,𝑠𝑑 .
Assim como o indicado no item 3.3.7 para flexão do montante da alma, a força cortante
resistente deve ser limitada pela flambagem. No caso de interação total, utiliza-se a equação
(3.110), enquanto para interação parcial deve ser aplicada a equação (3.111).
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
88
𝐷 4𝑀𝑏𝑜𝑡,𝑛𝑣,𝑟𝑑
𝑁𝑤𝑝,𝑟𝑑 ( 𝑆0) + Δ𝑁𝑐,𝑟𝑑
𝑙0
𝑉𝑟𝑑 = 𝐷0 + (𝑧𝑡 + ℎ𝑡 − 0,5𝑡𝑐 ) (3.111)
1+ℎ 𝑠
𝑒𝑓
3.3.9 Flecha
Nesse tipo de verificação são utilizadas as propriedades elásticas da seção. Para obter o valor
da flecha total da viga, primeiramente são calculadas as deformações para a viga de alma cheia
e então é somada a flecha causada pela presença de aberturas. Ressalta-se que a viga deve ser
verificada em seu estado final e também durante a construção, antes da cura do concreto.
5𝑞𝑠𝑒𝑟 𝐿4
𝛿= (3.112)
384𝐸𝐼
Em que 𝑞𝑠𝑒𝑟 é a carga total da viga no estado limite de serviço.
Para determinar a deflexão adicional gerada pela presença de múltiplas aberturas circulares na
alma da viga, pode-se aplicar uma formulação empírica baseada na análise de flexão pura
devido à perda de rigidez na região da abertura. A aproximação também apresenta um fator que
representa o efeito combinado da distribuição de momento e esforço cortante ao longo da viga.
Assim, a flecha adicional causada por múltiplas aberturas circulares pode ser determinada de
forma simplificada pela equação (3.113).
2
𝛿𝑎𝑑 𝐷0 𝑑𝑔
= 0,47𝑛0 ( ) ( ) (3.113)
𝛿 𝑑𝑔 𝐿
Em que 𝑛0 é o número de aberturas ao longo da viga.
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A instabilidade do montante da alma é uma das principais causas de falha em vigas celulares
mistas. Por se tratar de um problema complexo, diversos estudos vêm sendo conduzidos com o
objetivo de desenvolver formulações que representem adequadamente esse modo de falha.
Dentre os métodos propostos, destacam-se os de Panedpojaman et al. (2014) e de Grilo (2018),
apresentados nos itens a seguir.
3.4.1 Panedpojaman
𝑠 𝐷0 2 1,15𝐷0
𝑘 = 0,9 ( ) ( ) ≤ min ( ) ; 1,15 (3.114)
𝐷0 𝑑 𝑑
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
90
O esforço resistente do montante pode ser calculado pela equação (3.109). Os autores destacam
que as equações utilizadas para determinação do fator de redução χ podem ser as apresentadas
no Eurocode 3 (CEN, 2005) ou no ANSI/AISC 360 (AISC, 2016a). Neste trabalho optou-se
pela utilização da norma europeia.
3.4.2 Grilo
Já o modelo proposto por Grilo (2018) admite uma distribuição de tensões constante ao longo
da largura do montante, conforme pode ser visto na Figura 3.15, e considera o efeito
estabilizante das tensões de tração atuantes na região. As formulações desenvolvidas buscam
determinar a resistência da seção ao esforço cisalhamento que leva à instabilidade do montante
da alma e foram baseadas em curvas de resistência obtidas por ensaios numéricos e
experimentais.
Ressalta-se que as equações são válidas para vigas celulares que atendam às relações
geométricas: 1,1 ≤ S/D0 ≤ 1,5 e 0,5 ≤ D0/dg ≤ 0,8. Sendo esses parâmetros os mesmos definidos
na Figura 3.1 Para determinar a resistência do montante, primeiramente é necessário obter seu
coeficiente de esbeltez através da equação (3.116).
(𝑆 2 − 𝐷02 )𝑓𝑦
𝜆𝑚𝑎,0 = √3 − (3.116)
𝜋 2 𝑡𝑤
2𝐸
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91
Então, é possível calcular fator de redução χ, dado pela equação (3.117). Sendo que m, n, o, p
e q são coeficientes dependentes das relações geométricas entre diâmetro da abertura, passo e
altura total da viga. Estes estão apresentados na Figura 3.16.
m
Para λma,0 ≥ 1 → χ = ≤ 1,0
{ 𝜆𝑛𝑚𝑎,0 (3.117)
𝑞
𝜆0
Para λma,0 < 1 → χ = 𝑜. 𝑝 ≤ 1,0
Determina-se então a posição da linha onde haverá formação de rótulas plásticas medida em
relação ao centro do montante (𝑦𝑠 ) através da equação (3.118). Após, é possível obter a largura
do montante nessa posição.
𝐷0 𝑆 3 𝑆 2 𝑆
𝑦𝑠 = [0,445 ( ) − 2,578 ( ) + 4,770 ( ) − 2,475] (3.118)
2 𝐷0 𝐷0 𝐷0
4𝑦𝑠2
𝑏𝑠 = 𝑆 − 𝐷0 √1 − (3.119)
𝐷02
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
92
𝑆 𝐷0 𝑆
𝑃𝑎𝑟𝑎 < 1,2 → 𝛽 = 1,198 − 0,42 + (3.120)
𝐷0 𝑑𝑔 5𝐷0
𝑆 𝐷0 𝑆
𝑃𝑎𝑟𝑎 ≥ 1,2 → 𝛽 = 1,838 − 0,42 + (3.121)
𝐷0 𝑑𝑔 3𝐷0
Após, é calculado o esforço cortante horizontal que leva a seção à plastificação (Vh,p) por meio
da equação (3.122). Por fim, o esforço cortante horizontal resistente do montante é determinado
pela equação (3.123).
𝑡𝑤 𝑏𝑠2
𝑉ℎ,𝑝 = 𝛽𝑓𝑦 (3.122)
√3𝑏𝑠2 + 16𝑦𝑠2
𝑉𝑔ℎ = 𝑉ℎ𝑝 𝜒 (3.123)
O dimensionamento da seção mista é influenciado pelo valor adotado para a largura efetiva da
laje de concreto. Desse modo, nos itens a seguir são apresentadas as definições adotadas pelos
códigos de projeto: Eurocode 4 (CEN, 2004), LRFD Bridge Design Specifications (AASHTO,
2017) e GBT50017 (2017). Também é abordada a formulação proposta por Yuan et al. (2016).
3.5.1 EUROCODE 4
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
93
0,025𝐿𝑒
𝛽𝑖 = (0,55 + ) ≤ 1,0 (3.126)
𝑏𝑒𝑖
3.5.2 AASHTO
Em suas especificações para pontes e viadutos mistos de aço e concreto, a AASHTO (2017)
define que a largura efetiva da laje em seções com viga “I” deve o menor valor entre:
1. 1/4 do vão da viga
2. A distância entre centros de vigas adjacentes
3. 12 vezes a espessura da laje.
3.5.3 GB50017
A norma chinesa para dimensionamento de estruturas de aço, GB50017 (2017), estabelece que
a largura efetiva da viga no centro do vão pode ser calculada como:
𝑏𝑒𝑓 = 𝑏0 + 𝑏1 + 𝑏2 (3.127)
o uso de chapas steel deck), considera-se a distância lateral entre dois conectores se houver mais
de uma fileira ou 0mm caso haja apenas uma fileira de conectores. Já 𝑏1 e 𝑏2 são as larguras do
concreto dos lados externo e interno da viga. Caso a linha neutra estiver localizada no concreto,
esse valor é igual a 1/6 do comprimento equivalente 𝐿𝑒 , definido como o vão da viga para o
caso de vigas biapoiadas. Além disso, tais valores não devem exceder o comprimento da laje
em balanço ou metade da distância entre duas vigas adjacentes.
3.5.4 Yuan
Em seu estudo, Yuan et al. (2016) avaliaram a largura efetiva de vigas mistas de aço e concreto
para o estado limite de serviço de deflexão da viga. Os parâmetros de entrada utilizados podem
ser vistos na Figura 3.18.
Figura 3.18 - Seção base para definição da largura efetiva (REGINATO, 2017)
𝐿
𝑥1 = (3.128)
𝑏
ℎ𝑐
𝑥2 = (3.129)
𝑏
1 − 𝑒 −0,65𝑥1
−4 2
𝜂𝑖 = menor {2,83.10 + 𝑥2 (3.130)
0,001 + 𝑥22
𝑏𝑒𝑓 = 𝜂𝑖 𝑏 (3.131)
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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4. PLANILHA DE CÁLCULO
Para a aplicação dos métodos simplificados escolhidos, foi desenvolvida uma planilha de
cálculo no software Excel. Esta realiza a verificação dos estados limites último e de serviço
para flecha em vigas celulares mistas biapoiadas por meio das metodologias propostas por
Lawson e Hicks (2011), Ward (1990) e pelo Steel Design Guide 31 (AISC, 2016b). Ademais,
a instabilidade do montante da alma também é verificada pelos métodos de Panedpojaman et
al. (2014) e Grilo (2018).
A análise de todos os métodos é válida para perfis simétricos, entretanto no caso da AISC
(2016b) há também a possibilidade de verificação de vigas formadas por dois perfis diferentes.
Foi considerada a utilização de lajes steel deck e conectores do tipo stud bolt distribuídos
uniformemente. Não é levada em conta a presença de enrijecedores ou fechamento de aberturas
na alma. Ressalta-se que a planilha foi desenvolvida considerando uma carga uniformemente
distribuída ao longo de todo o vão, podendo ser adaptada para a aplicação de cargas
concentradas. Para validação dos resultados, foram utilizados exemplos presentes na literatura
técnica, apresentados no Apêndice A deste trabalho.
Os dados de entrada são inseridos na aba inicial da planilha, na qual as células coloridas em
cinza claro devem ser preenchidas de acordo com o solicitado. Já os valores das células em
amarelo são calculados automaticamente. Primeiro, são inseridos os dados iniciais da viga,
como vão e tamanho das aberturas, conforme pode ser visto na Figura 4.1.
Em seguida, são adicionados os dados da seção de aço e da laje de concreto, de acordo com o
apresentado nas figuras 4.2 e 4.3. Para o perfil de aço, destaca-se que nos métodos de Lawson
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
96
e Hicks (2011) e Ward (1990), são utilizadas apenas seções simétricas e a altura expandida deve
ser informada pelo usuário. Já no método da AISC, é possível adotar perfis diferentes em cada
tê e escolher entre a inserção da altura expandida ou o cálculo automático desta.
A partir dos dados gerais da viga e do perfil metálico, são apresentadas relações geométricas
importantes na concepção de vigas alveolares, como razão de expansão e relação entre diâmetro
da abertura e passo ou altura da viga expandida. Desse modo, o usuário pode avaliar a influência
desses parâmetros na resistência da viga.
Também devem ser adicionadas informações relacionadas à resistência dos materiais, conforme
indicado na Figura 4.4. Para o aço, são utilizados os módulos de elasticidade longitudinal e
transversal, além de sua tensão de escoamento e de ruptura. Para o concreto, é indicada uma
resistência caraterística à compressão e sua massa específica. Caso a laje seja armada, a taxa de
armadura deve ser informada. Demais parâmetros necessários para esses materiais são
calculados automaticamente com base nos dados fornecidos e nas normas utilizadas.
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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Por fim, é necessário determinar a carga de cálculo para qual a viga será verificada, admitindo
um carregamento uniformemente distribuído ao longo de todo o vão. Para determinação da
flecha, devem ser inseridas as cargas antes da cura do concreto, além da carga de serviço de
curta e de longa duração, conforme mostrado na Figura 4.6.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
98
4.2 VERIFICAÇÕES
Para maiores informações, cada método de cálculo utilizado possui uma aba específica na
planilha. Nessas, é possível observar detalhadamente as propriedades geométricas calculadas
para a seção e avaliar os esforços atuantes e resistentes para cada item verificado, além de
comparar os valores obtidos pelas diferentes considerações.
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5 MODELO NUMÉRICO
Para realizar a simulação das vigas através do método dos elementos finitos, foi empregado o
software ANSYS, disponível no CEMACOM. Nele, aplicou-se o modelo desenvolvido por
Benincá (2019), que consiste em um script capaz de realizar a modelagem e análise numérica
de vigas alveolares isoladas e mistas, utilizando a linguagem ANSYS/APDL. O script em
questão se trata de um arquivo de texto com dados de entrada definidos pelo usuário, seguidos
de comandos automatizados que empregam esses parâmetros. Os itens a seguir apresentam de
forma resumida o funcionamento do script, seus principais parâmetros e os valores adotados
neste trabalho. Para ilustrar alguns critérios, são citadas vigas geradas para a análise geral do
trabalho, cuja lista completa está apresentada no item 7 deste texto. Para maiores informações
sobre o modelo, é recomendada a leitura do trabalho de Benincá (2019).
Para o modelo constitutivo desse material, o script apresenta as cinco possibilidades, mostradas
na Tabela 5.1. Dessa forma, o usuário pode definir qual o comportamento desejado através do
valor atribuído ao parâmetro conc_opt.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
100
concreto quando este se encontra sob tração ou compressão, além de simularem efeitos como
plastificação, fissuração e esmagamento do concreto. Ressalta-se ainda que diversas
propriedades são pré-definidas a partir de dados usuais do concreto, podendo, entretanto, ser
alteradas caso desejado. Caso opte-se pelo modelo 4 ou 5, é necessário definir também qual lei
de endurecimento será aplicada através dos modelos HSD (hardening, softening, dilatation).
Os modelos disponibilizados pelo ANSYS são: linear, exponential, steel-reinforcement e
fracture energy. No presente trabalho, aplicou-se o modelo 5 (DP-Rankine) com HSD linear,
conforme exemplos de Benincá (2019).
Nesse caso, a opção 0 admite que o aço permanece no regime elástico, ou seja, não apresenta
plastificação independente do incremento de tensão. Nas demais opções a plastificação é
representada, diferindo apenas em relação à complexidade das formulações utilizadas. Destaca-
se ainda que podem ser adotados valores diferentes para os aços de cada uma das mesas e da
alma do perfil, sendo necessário preencher os parâmetros solicitados para cada um deles.
Para obter uma melhor comparação com os resultados simplificados, optou-se pelo uso de um
modelo constitutivo bilinear para o aço do perfil. Nesse caso, a deformação última do material
foi determinada conforme indicado no Eurocode 3 (CEN, 2006), que admite uma reta com
inclinação igual a E/100 para o trecho de endurecimento, conforme Figura 5.1.
Figura 5.1 - Modelo constitutivo adotado para o aço do perfil (EUROCODE 3, 2006)
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101
A simulação dos efeitos da interação entre laje e perfil por meio de conectores é realizada
através dos elementos de mola não lineares COMBIN39. Estes atuam na direção longitudinal
da viga e são capazes de representar o deslocamento relativo entre o aço do perfil e o concreto
da laje por meio da curva força x deslizamento (obtida por meio de ensaio push-out). Para esses
elementos, os parâmetros do material são inseridos diretamente por meio de constantes reais.
No script, é adotada uma curva teórica de força x deslizamento relativo, entretanto, os dados
também podem ser inseridos ponto a ponto. Ainda, os deslocamentos nodais nas direções
transversal e vertical de cada nó são perfeitamente compatibilizados. Caso se deseje simular
uma interação completa entre os elementos, há a opção de não empregar os elementos de mola.
Nessa situação, é realizada a compatibilização perfeita de deslocamentos nas direções x, y e z
diretamente nos pares de nós onde estão posicionados os conectores. Neste trabalho, optou-se
pela utilização dos elementos de mola para todas as vigas.
A chapa steel-deck é modelada com o uso do elemento de casca SHELL281, que possui 8 nós,
com 6 graus de liberdade por nó. Para a compatibilização, admite-se interação perfeita entre a
chapa e a laje. Para simular o comportamento do material, considerou-se um aço elastoplástico
perfeito, para o qual foi adotado o critério de plastificação de von Mises.
Por fim, a armadura da laje foi modelada de forma incorporada, utilizando os mesmos nós do
elemento de concreto, mesmo que sua posição geométrica não coincida com eles. Nesse caso,
foi empregado o elemento REINF264 em conjunto com o MESH200, que atua como guia para
determinar as posições onde os reforços serão inseridos. O aço adotado para as armaduras
apresenta comportamento elastoplástico perfeito e admite-se que todas as barras possuem o
mesmo material.
A geometria e malha da viga são geradas de forma automatizada a partir dos dados de entrada
fornecidos pelo usuário no script. Além das dimensões da estrutura, é possível determinar
características como a presença de nervuras na laje e na chapa steel-deck do modelo.
Para garantir a compatibilidade dos nós nas posições dos conectores, são apresentadas três
alternativas de geração de malha: malha livre na alma do perfil, malha mapeada do perfil com
nós em posições aproximadas dos conectores e malha mapeada forçando a existência de nós
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
102
nas posições reais dos conectores. Na malha livre, a compatibilização é feita automaticamente
pelo ANSYS, porém torna necessário aplicar um refinamento excessivo para não prejudicar a
qualidade da malha. Na 1ª opção de malha mapeada, o perfil é totalmente regular e a malha da
laje se adapta às posições dos nós com conectores. Já na 2ª opção, a malha do perfil apresenta
leve irregularidade em sua região superior, se adaptando à malha da laje. É recomendada a
utilização das opções de malha mapeada. Ressalta-se ainda que apesar de ser preferível utilizar
as posições reais dos conectores, em alguns casos essa opção pode gerar distorção excessiva
em alguns elementos. Neste trabalho optou-se pela utilização de malha mapeada com
conectores em suas posições aproximadas.
Além da escolha do tipo de malha empregada, também é necessário estabelecer seu grau de
refinamento. Essa escolha é feita através da definição do tamanho máximo dos elementos ou
do número de subdivisões das linhas da estrutura. Destaca-se ainda que em casos em que houver
simetria, é interessante modelar apenas metade da viga, diminuindo assim o esforço
computacional necessário para realizar a análise. Na Figura 5.2, é possível observar um
exemplo de viga mista celular após a geração da malha.
Figura 5.2 – Modelo de elementos finitos após gerações das malhas (BENINCÁ, 2019)
Visando definir o tamanho máximo dos elementos finitos empregados para modelar o perfil de
aço, considerando o uso de malha mapeada, foram realizados alguns testes. Para fins de
ilustração de resultados, tomou-se como exemplo uma das vigas modeladas posteriormente
neste trabalho. Na Figura 5.3 são exibidas as curvas carga x deslocamento para as diferentes
dimensões de elementos avaliadas.
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
103
80
70
Carga aplicada [kN/m]
60
Malha 1,0
50
Malha 2,0
40
Malha 2,5
30 Malha 2,5 (exata)
20 Malha 3,0
malha 4,0
10
malha 5,0
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento em y no centro do vão [mm]
Contata-se que a malha com 5cm, menos refinada, apresenta problemas de convergência,
enquanto as demais exibem curvas similares. Além dos deslocamentos, foram avaliadas as
tensões atuantes na viga para cada malha. Para todos os casos, a viga apresentou falha por
instabilidade do montante da alma, seguida pela formação de mecanismo Vierendeel. Na Tabela
5.3 são apresentadas as cargas associadas a esses modos de falha para cada dimensão de
elemento avaliada. Destaca-se que estas cargas limites foram definidas conforme indicado no
item 5.5 deste texto.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
104
Início da formação de
rótulas plásticas (VRD)
Flambagem do montante
Figura 5.4 – Deformação plástica equivalente para viga D1 com malha 2.5 e carga 51,0kN/m
Analisando a relação entre carga e deslocamento, é possível concluir que entre as malhas 2 e 5
há um aumento da rigidez da estrutura em regime elástico à medida que o tamanho dos
elementos da alma cresce. Já a malha 1 possui rigidez levemente superior à malha 2, porém
apresenta elementos com distorção excessiva. Observa-se também que todas as malhas
representaram os mesmos modos de falha para a viga, com carregamentos diferentes. De forma
geral, a carga que levou o perfil à instabilidade do montante da alma foi similar à carga no início
da formação do mecanismo Vierendeel, exceto para a malha de 4cm, onde esta foi maior.
A geração de malha da laje é feita em função das divisões aplicadas no volume de concreto.
Primeiro, define-se a quantidade de elementos na direção perpendicular ao perfil de aço, para a
qual adotou-se 12 linhas de elementos para cada lado. Na direção longitudinal, são
determinadas divisões na base das nervuras, que deve obrigatoriamente ser um número par,
para o qual adotou-se duas divisões. Nas regiões entre nervuras não foram aplicadas divisões
nesse sentido. Por fim, são feitas as divisões transversais nas nervuras, para as quais considerou-
se apenas um elemento e na capa da laje, onde foram aplicadas duas camadas. A Figura 5.5.
ilustra um exemplo da malha resultante.
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Para garantir que nenhum elemento apresente geometria com distorção excessiva, foi aplicada
a função “shape testing” do ANSYS. Esta contabiliza os elementos de cada tipo e avalia
parâmetros relacionados às suas formas. Os resultados são apresentados na Figura 5.6, na qual
é possível constatar que os elementos adotados estão adequados nesse quesito.
No que diz respeito à estratégia de geração da malha, optou-se por utilizar conectores em suas
posições aproximadas. Ressalta-se que embora a representação de conectores em suas posições
exatas seja o ideal, em algumas das geometrias estudadas a malha necessária para viabilizar
essa opção torna-se demasiado refinada. Na Figura 5.7, é possível constatar que, para uma
malha com elementos de 2,5cm, a diferença geométrica entre os conectores em suas posições
exatas (a) e aproximada (b) é relativamente pequena.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
106
a)
b)
Figura 5.7 – Malha da viga D1 na região dos conectores para posições (a) exatas e (b)
aproximadas
a)
Conectores
nas posições
exatas
b)
Conectores
nas posições
aproximadas
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a)
Conectores
nas posições
exatas
b)
Conectores
nas posições
aproximadas
a) Conectores
nas posições
exatas
b)
Conectores
nas posições
aproximadas
kN/cm²
Figura 5.10 – Tensões de von Mises da região próxima aos conectores na chapa steel deck da
viga D1
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
108
Também foi avaliada a relação entre a força cortante aplicada e o deslizamento relativo entre
laje e perfil para um dos conectores. Optou-se por observar um conector da 3ª nervura da laje,
visto que ele está numa região com esforço cortante alto e também possui uma divergência
significativa em sua posição geométrica nas duas malhas. Na Figura 5.11 pode ser vista a
relação entre esforço cortante e deslizamento relativo no conector.
25
20
15
10
5
0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16
Deslizamento relativo [mm]
Malha posição exata Malha posição aproximada
Dessa forma, concluiu-se que para uma malha com elementos de 2,5cm, a estratégia de geração
com conectores em suas posições aproximadas não altera significativamente os resultados e
pode ser adotada para este trabalho.
Após a escolha da malha, devem ser definidas as condições de contorno do problema. O script
utilizado admite as vigas como bi-apoiadas, considerando um apoio duplo e um simples. Nessa
etapa, são determinadas as posições de enrijecedores no perfil, sendo recomendada sua
utilização nas regiões de apoio e em pontos onde houver aplicação de cargas concentradas.
Além das restrições nos apoios, é possível criar uma condição de contorno extra relacionada ao
travamento lateral da laje. A Figura 5.12 mostra as condições de contorno padrão para uma viga
celular mista com e sem simetria.
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Figura 5.12 - Condições de contorno (a) sem e (b) com simetria (BENINCÁ, 2019)
Nas vigas estudadas no presente trabalho, não foram empregadas restrições laterais nos apoios
nem restrições para evitar instabilidade lateral com torção, uma vez que estas são isostáticas e
a laje de concreto atua como travamento. Entretanto, em alguns casos a laje apresentou giro
excessivo na análise dos modos de instabilidade, como pode ser visto abaixo.
Assim, optou-se por aplicar a alternativa de restrição lateral da laje demonstrada na Figura 5.14.
Dessa forma, evita-se um giro que na realidade não existe, uma vez que a laje possui
continuidade.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
110
Além das restrições aos deslocamentos, nessa etapa são definidas as cargas do problema. No
caso de vigas mistas, as cargas são aplicadas na face superior da laje, enquanto para vigas
isoladas o mesmo é feito na face da mesa superior do perfil. Os carregamentos podem apresentar
distribuição uniforme ao longo do vão ou ser concentrados em locais específicos. No caso de
cargas concentradas, pode-se facilitar o processo de convergência da solução por meio da
aplicação de deslocamentos impostos nos pontos de aplicação das cargas, no lugar das forças
em si.
Neste trabalho, a carga aplicada sobre as vigas mistas possui distribuição uniforme. Uma vez
que a solução para de convergir quando o equilíbrio entre forças internas e externas não é
alcançado após atingir o número máximo de iterações do subpasso e o programa é capaz de
salvar os resultados de todos subpassos até esse momento, é recomendado que o valor do
carregamento aplicado seja superior ao da carga estimada de ruptura da viga. Então, optou-se
por aplicar um carregamento usual de 2kN/cm nas vigas simuladas.
5.4 SOLUÇÃO
Por fim, são estabelecidas as opções de solução que devem ser utilizadas no processamento.
Para garantir que o modelo seja capaz de simular os efeitos de instabilidade locais na análise
não linear, o processo de solução do problema ocorre em quatro etapas. Primeiramente, é
aplicada uma carga unitária na viga com a finalidade de obter uma solução estática base, que é
empregada para montar a matriz de rigidez geométrica. Então é realizada uma análise de
estabilidade linear, que consiste na solução de um problema de autovalores e autovetores (no
ANSYS esta análise é denominada como Eigen-Buckling) a fim de determinar os modos de
instabilidade que serão adotados na adição das imperfeições geométricas ao problema.
Após, são adicionadas as irregularidades no perfil, fator que possibilita a captação dos efeitos
de instabilidade locais pelo modelo, permitindo a simulação do comportamento de flambagem
das vigas. Então, prossegue-se para a análise não linear do problema, onde são aplicadas as
cargas definidas pelo usuário. Essa análise é realizada por meio de subpassos, que dependem
dos valores escolhidos para o número de subpassos possíveis, de iterações em cada subpasso e
tolerâncias para convergência da solução. Destaca-se ainda que caso o usuário opte por não
incluir imperfeições iniciais, a solução tem início diretamente na etapa de análise não linear.
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Quanto ao método de solução da análise não linear, o padrão definido no script é o de Newton-
Raphson completo, com solver Direct Sparse. Nos casos em que deseja-se analisar o
comportamento das vigas pós-flambagem, o método de solução pode ser modificado por meio
da técnica Arc-Lengh. Segundo o manual do ANSYS (2020), essa técnica pode ser aplicada a
soluções estáticas não lineares de problemas envolvendo instabilidades, possibilitando o
traçado de curvas complexas de carga x deslocamento em regimes de flambagem e pós
flambagem. Nesse caso, são determinados os valores limites para redução e aumento dos raios
dos subpassos em relação ao raio inicial, sendo que neste trabalho foram adotados 1/1000 e 10,
respectivamente. O número de subpassos usado pelo ANSYS para calcular o raio inicial foi
definido como igual a 200. Já o número máximo de subpassos adotado foi 150000, permitindo
que o programa diminua significativamente os incrementos de força caso necessário.
Considerando a grande tendência de falha por flambagem nas vigas alveolares, optou-se pela
aplicação de imperfeições geométricas iniciais. Os primeiros modos obtidos na análise de
estabilidade são os que apresentam menor carga crítica e, portanto, tem maior probabilidade de
ocorrer. Para avaliar a influência dos modos adotados no comportamento geral das vigas, foi
realizada a análise de um modelo com geometria suscetível à flambagem, considerando a
aplicação dos 3 primeiros modos de flambagem isoladamente e de combinações entre eles. As
curvas carga versus deslocamento para essas situações estão ilustradas na Figura 5.15. Já os
deslocamentos na direção z de cada caso, considerando um carregamento próximo de
30,5kN/m, podem ser vistos na Figura 5.16.
Carga x deslocamento
50
45
40
35
Carga [kN/m]
Sem imperfeições
30
Modo 1
25 Modo 2
20 Modo 3
15 Modo 1-2
10 Modo 2-3
Modo 2-3
5
0
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00
Deslocamento em Y no centro do vão [mm]
Figura 5.15 - Carga x deslocamento para viga A16 com diferentes modos de instabilidade
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
112
Sem
Imp.
cm
Modo
1
cm
Modo
2
cm
Modo
3
cm
Modos
1-2
cm
Modos
1-3
cm
Modos
2-3
cm
Figura 5.16 - Deslocamentos em Z para viga A16 com diferentes modos de instabilidade
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113
se também que os 2 primeiros modos estão associados à instabilidade dos primeiros montantes,
com carga críticas de 35 e 45kN/m, respectivamente. Logo, ambas situações apresentam falha
ou estão na iminência desta para o carregamento avaliado. Naturalmente, por ter carga crítica
menor, os deslocamentos para o 1º modo são superiores aos do 2º para a mesma carga. Já o
modo 3 está associado principalmente à instabilidade do terceiro montante e possui carga crítica
bastante superior às dos outros dois modos, tendo menos probabilidade de ocorrer. Assim, neste
trabalho optou-se pelo emprego de uma combinação entre os dois primeiros modos
apresentados.
Quanto à amplitude das imperfeições geométricas, destaca-se que não há definição padrão para
os valores adotados. Para vigas com perfis cheios, o Eurocode 3 (CEN, 2006) recomenda a
aplicação de imperfeições geométricas com amplitude igual ao menor valor entre A/200 e
B/200, em que A e B são a largura e altura do painel, respectivamente. Além disso, para casos
em que houver combinação de imperfeições, o código sugere a redução da amplitude para 70%
nos modos secundários. Uma vez que a amplitude indicada não é específica para vigas
alveolares, nesse trabalho optou-se por adotar o valor dg/600 sugerido por Bake (2010).
Entretanto, a indicação de redução para modos secundários foi aderida.
A fim de determinar qual modo de falha é o primeiro a ocorrer e o carregamento capaz de gerar
esse efeito, foram analisadas as tensões e deformações em cada material para cada passo de
carga aplicado. Nos itens a seguir, são apresentados exemplos de comportamento das vigas para
as falhas mais comuns. Ressalta-se que para isso foram empregadas vigas geradas para as
análises deste trabalho, conforme apresentado no item 7.
Para considerar que o colapso da viga está relacionado à plastificação do tê inferior devido ao
momento fletor atuante, foram observadas a deformação plástica equivalente e as tensões de
von Mises na alma do perfil e na sua mesa inferior. Admitiu-se esse modo de falha quando
houve escoamento do aço da fibra mais afastada da linha neutra, ou seja, quando a plastificação
do tê inferior chega até a mesa. Nas figuras 5.17 e 5.18, podem ser visualizados os esforços
_________________________________________________________________________________________________________________
Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
114
Verificou-se que o limite para flecha no centro do vão é ultrapassado antes da ocorrência do
colapso por plastificação do tê inferior, situação comum nas vigas com vãos intermediários ou
longos, como é o caso. Ademais, é possível observar que a convergência da solução não para
de ocorrer imediatamente após a falha, com o modelo sendo capaz de representar o
comportamento da viga para mais alguns incrementos de carga. Além disso, o primeiro ponto
de esmagamento do concreto e o início da fissuração na face superior da laje ocorrem com
carregamentos próximos ao limite de falha. Tal comportamento foi observado na maior parte
das vigas com colapso por escoamento do tê inferior.
A falha por mecanismo Vierendeel foi admitida quando as rótulas plásticas formadas se
espalharam para além dos pontos críticos da abertura. Na Figura 5.20 podem ser vistas a
deformação plástica equivalente e as tensões de von Mises em torno das duas primeiras
aberturas de uma viga com esse modo de falha, para a carga de falha (94,4kN/m) e para os
passos antes e depois desta. Já na Figura 5.21 é exibida a curva carga versus deslocamento da
viga.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
116
Nota-se que, de modo geral, a convergência da solução para de ocorrer logo após a formação
do mecanismo Vierendeel. Além disso, como o exemplo contempla uma viga com vão
relativamente curto, o colapso ocorre antes que seja atingida a flecha máxima. Ademais,
constatou-se que comportamento do concreto nas seções com esse tipo de falha é variado,
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Para avaliar o colapso do montante da alma, foram observadas as tensões principais de tração e
compressão atuantes em torno das aberturas da alma. Admitiu-se que a flambagem ocorre
quando essas tensões deixam de atuar em formato de diagonais regulares. Além disso, foram
analisados os deslocamentos em z (perpendiculares à alma) na região, uma vez que com a
ocorrência da instabilidade há um grande aumento relativo em seus valores mínimo e máximo
com um pequeno incremento de carga. As tensões principais atuantes em uma viga com esta
falha no carregamento de falha (67,2kN/m) e nos passos anterior e posterior a este podem ser
vistas na Figura 5.22. Enquanto os deslocamentos em z para as mesmas cargas estão ilustrados
na Figura 5.23. Por fim, na Figura 5.24 é apresentada a curva carga versus deslocamento da
viga.
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Constatou-se que o comportamento geral da curva para vigas com falha relacionada à
instabilidade do montante da alma é similar ao descrito para seções com falha devido à
formação do mecanismo Vierendeel.
Para estruturas nas quais foi constatada a falha da mesa superior, considerou-se que esta ocorre
no carregamento que leva ao escoamento do aço em toda largura da seção. Na Figura 5.25
podem ser vistas a deformação plástica equivalente e as tensões de von Mises atuantes na mesa
de uma viga com esta falha para o carregamento de falha (51kN/m) e no passo anterior (carga
41kN/m). Já na Figura 5.26 está apresentada a curva carga versus deslocamento da viga.
Verifica-se que a convergência do modelo não é afetada pela ocorrência da falha local da mesa,
prosseguindo até o colapso por outro critério (neste caso, formação do mecanismo Vierendeel).
Além disso, contatou-se que geralmente o início da fissuração da face superior do concreto ou
o primeiro ponto de esmagamento ocorrem em conjunto com esse tipo de falha.
Além disso, como os modelos de cálculo não levam em consideração o carregamento da viga,
para fins de comparação todas as seções foram observadas em regime elástico. Um exemplo de
distribuição das tensões longitudinais na seção média da capa da laje no centro do vão pode ser
visto na Figura 5.28. Ademais, foram inseridas linhas representando as larguras efetivas
calculadas por cada método adotado.
-0,015
-0,02
-0,025
AASHTO
-0,03 Yuan
GB50017 NBR
EUROCODE
-0,035
Coordenada z [cm]
Figura 5.28 - Distribuição de tensões longitudinais na laje D10
Observou-se que a laje está submetida a esforços de compressão que se distribuem de maneira
quase simétrica ao longo de seu vão. As tensões atingiram seu valor máximo na região central,
com picos onde ocorre a conexão com o perfil de aço, e decrescem conforme se afastam dela.
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Na Figura 5.29, pode ser visualizada a distribuição das tensões longitudinais da camada da laje
vista em planta.
Nesse caso, é possível constatar que as tensões de compressão são maiores no centro do vão e
tendem a zero quando se aproximam do apoio, comportamento esperado para uma viga
biapoiada isostática.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
122
Visando a averiguação dos resultados obtidos pela planilha de cálculo em relação a dados
experimentais e/ou numéricos, foram estudados os três exemplos de viga apresentados a seguir.
Destaca-se que para realizar a comparação de modo mais fiel aos ensaios, os fatores de
ponderação dos modelos simplificados foram igualados a 1. Ainda, considerando que a planilha
de cálculo verifica cada condição separadamente, definiu-se como carga de falha da viga a
menor carga aplicada capaz de gerar uma verificação “não ok”.
6.1 EXEMPLO 1
O primeiro exemplo analisado é o da viga A1, ensaiada experimentalmente por Nadjai et al.
(2007). Trata-se de uma viga celular mista, biapoiada e submetida a duas cargas concentradas
aplicadas simetricamente, conforme indicado na Figura 6.1.
A seção alveolar foi obtida de um perfil UB 406×140×39, aplicando uma razão de expansão de
1,5. A laje de concreto é do tipo steel deck e armada com malha de aço A142, que consiste em
barras de 6mm de diâmetro espaçadas a cada 20cm. Em cada nervura da laje, foi posicionado
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um conector do tipo stud bolt, com 19mm de diâmetro e 120mm de altura. Os dados empregados
para os parâmetros de resistência do concreto e do aço são exibidos na Tabela 6.1.
Em razão da presença de cargas concentradas, foi realizada uma adaptação nos dados de entrada
da planilha de cálculo, conforme ilustrado na Figura 6.2. Logo, foram aplicadas de forma
simultânea duas cargas concentradas iguais nos pontos especificados e uma carga
uniformemente distribuída representando o peso próprio da estrutura. Além disso, foi alterado
o formato dos diagramas de esforço cortante e momento fletor da viga, alterando os esforços
atuantes nas aberturas.
As vigas ensaiadas por Nadjai et al. (2007) vem sendo utilizadas por diversos estudos
numéricos como forma de validação dos modelos propostos. Assim, os resultados obtidos pela
planilha de cálculo também foram comparados com os obtidos por Benincá (2019) através de
um modelo de elementos finitos. Tanto o ensaio experimental quanto o modelo numérico
considerado apresentaram falha por instabilidade do montante da alma. Nos modelos
simplificados, esse modo também foi o primeiro a ocorrer, seguido pela formação do
mecanismo Vierendeel na medida em que houve aumento da carga aplicada, conforme
apresentado na Figura 6.3.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
124
As cargas de ruptura obtidas e sua diferença em relação aos dados experimentais podem ser
visualizadas na
Tabela 6.2. Já na Figura 6.4, estão representadas as curvas do diagrama carga versus
deslocamento obtidos pelo ensaio de Nadjai et al. (2007) e pelo modelo numérico de Benincá
(2019). Também foram inseridas linhas marcando as cargas de falha de cada método
simplificado empregado. Observa-se que os resultados numéricos apresentam boa correlação
com os experimentais, sendo capaz de simular adequadamente o comportamento da viga.
Carga x Deslocamento
450
400 Instabilidade do montante da alma
350
300
Carga [kN]
250
200
150
100
50
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2
Deslocamento em y no centro do vão [cm]
Experimental Numérico Lawson (Flambagem)
Ward (Flambagem) AISC (Flambagem) Panedpojaman
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Por possuir uma relação entre vão e altura menor (7,83), a viga apresenta maior propensão à
falha relacionadas ao esforço cortante. Além disso, a combinação entre razão de expansão
aplicada (1,5) e a relação entre passo e diâmetro de abertura (1,33) torna os montantes mais
esbeltos, e, portanto, mais suscetíveis à instabilidade. Desse modo, é coerente que a viga
apresente falha devido à instabilidade do montante da alma por cisalhamento.
6.2 EXEMPLO 2
O segundo exemplo analisado é a viga 1A, ensaiada experimentalmente por Müller et al.
(2006). Trata-se de uma viga mista celular, biapoiada, submetida a quatro cargas concentradas.
Os parâmetros geométricos da viga e a posição dos carregamentos estão indicados na Figura
6.5.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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A seção alveolar foi obtida com base num perfil IPE 400, utilizando uma razão de expansão de
1,39. A laje possui largura de 1,8m, seção nervurada com perfil steel deck igual ao indicado no
item 6.1 e taxa de armadura igual a 4% da área da seção. Um conector stud bolt com diâmetro
de 19mm e altura de 100mm foi posicionado em cada nervura da laje. Os parâmetros de
resistência do concreto e do perfil de aço utilizados podem ser vistos na Tabela 6.3.
Devido à presença de cargas concentradas, foi necessário adaptar os dados de entrada dos
esforços solicitantes, conforme Figura 6.6 . Além disso, com a mudança nos diagramas de
esforço cortante e momento fletor, também foi necessário modificar o cálculo dos esforços em
cada abertura da viga.
Assim como no exemplo anterior, as vigas ensaiadas por Müller et al. (2006) costumam ser
empregadas como exemplos para a validação de modelos numéricos. Dessa forma, os resultados
obtidos pelos métodos simplificados escolhidos também foram comparados com os obtidos
numericamente por Benincá (2019).
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montante da alma à medida em que houve aumento da carga aplicada, conforme exposto na
Figura 6.7.
Na Figura 6.8 estão ilustradas as curvas de força versus deslocamento do ensaio de Müller et
al. (2006) e do modelo numérico de Benincá (2019). Também foram inseridas linhas marcando
as cargas de falha obtidas por cada método simplificado utilizado. Observa-se que o modelo
numérico empregado apresenta boa correlação com os dados experimentais e é capaz de
representar a instabilidade do montante da alma.
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Ward (Vierendeel)
500
Ward (Flambagem)
400
300 AISC Vierendeel
100 Panedpojaman
0 Grilo
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Deslocamento em y no centro do vão [mm]
Figura 6.8 - Força x Deslocamento no centro do vão para viga 1A
Ademais, é possível constatar que os métodos de Ward (1990) e da AISC (2016b) apresentaram
falha por formação do mecanismo Vierendeel. Isso ocorre porque a viga apresenta uma razão
entre passo e diâmetro de abertura igual a 1,5, que pode ser considerado um valor elevado, além
de possuir uma razão de expansão menor (1,39). Assim, por possuir um montante menos
esbelto, a viga se torna propensa a esse modo de falha. Além disso, por empregarem
formulações mais conservativas para esse critério, tais métodos apresentaram colapso com uma
carga significativamente inferior à carga de ruptura experimental.
Entretanto, observa-se que os dois métodos mostraram valores adequados para a instabilidade
do montante da alma. Já a formulação de Lawson e Hicks (2011) apresentou falha por
instabilidade do montante da alma e obteve a carga de ruptura mais próxima à do ensaio, embora
nesse caso ela seja superior à experimental. Enquanto os modelos específicos para avaliação da
instabilidade do montante da alma propostos por Panedpojan et al. (2014) e Grilo (2018)
apresentaram os valores mais conservativos dentre os estudados.
6.3 EXEMPLO 3
Para o 3º exemplo analisado, foi adotada a viga CE2, apresentada por Benincá e Morsch (2020).
Trata-se de uma viga mista biapoiada, com vão de 11m, simulada numericamente. A estrutura
está submetida a um carregamento uniformemente distribuído ao longo de todo seu vão. Os
dados do perfil de aço, da laje e dos materiais utilizados são os mesmos empregados na viga
1A ensaiada por Müller et al. (2006), apresentada no item 6.2. A geometria da seção transversal
e tamanho das aberturas podem ser vistos na Figura 6.9
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Verifica-se que para esse caso os métodos simplificados foram capazes de representar
adequadamente qual modo é o principal responsável pela falha da viga. Embora esta apresente
uma relação entre vão e altura elevada, fator que poderia tornar a viga mais sensível ao momento
fletor, a viga apresenta relação entre passo e diâmetro de abertura mais baixo (1,2) e uma razão
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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de expansão relativamente alta (1,5). Logo, seu montante é mais esbelto e, portanto, mais
suscetível à instabilidade.
Os métodos de Ward (1990), AISC (2016b), Lawson e Hicks (2011) e Grilo (2018)
apresentaram valores com pouca diferença entre si, sendo que os dois últimos apresentaram a
mesma carga de falha. Já a formulação de Panedpojaman et al. (2014) obteve uma carga de
ruptura muito próxima à numérica, sendo o modelo mais adequado para representar a falha por
instabilidade do montante da alma para a viga em questão.
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131
7 VIGAS ESTUDADAS
Tendo por finalidade a análise de diferentes parâmetros geométricos das vigas celulares mistas,
foram definidas primeiramente seções com perfil cheio, a partir das quais são efetuadas as
expansões. Destaca-se que todas as vigas estudadas são biapoiadas e estão submetidas a cargas
distribuídas uniformemente ao longo de seus vãos. Salienta-se que foi considerado que todo
carregamento aplicado atuou como carga de serviço.
A mesma configuração de laje foi adotada em todas as vigas mistas, tratando-se de uma seção
do tipo steel deck, escolhida de acordo com o catálogo da fabricante ArcelorMittal Perfilor
apresentado no anexo A. Foi adotada uma chapa com espessura de 1,25mm constituída por aço
galvanizado ZAR 280, com fy 280MPa. A seção de concreto tem altura total de 130mm, com
largura de 2,60m, executada sem escoramento. O concreto empregado possui fck 30MPa. Para
efetuar o controle de fissuração na capa da laje, a fabricante indica a utilização de armaduras
transversais e longitudinais com seção maior ou igual a 1% da área do capeamento. Para isso,
é sugerido o uso de armadura em tela soldada Q75, com barras de aço de 3,8mm de diâmetro
posicionadas a cada 15cm nas duas direções. As características geométricas das nervuras podem
ser vistas na Figura 7.1.
Figura 7.1 - Seções transversais chapa steel deck, laje e seção típica perfil
Para as vigas, foram adotados perfis comerciais das famílias W310 e W360, constituídos de aço
ASTM A572 – gr 50, com fy = 345 MPa e fu = 450MPa. Foram estudadas as 3 primeiras almas
de cada família, com seções cujas dimensões podem ser vistas na Figura 7.2. Dessa forma, as
análises foram divididas em 6 grupos: A - W310x21; B - W310x23,8; C - W310x28,3; D -
W360x32,9; E - W360x39 e F - W360x44,6.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
132
[mm]
Figura 7.2 - Seções transversais perfis utilizados
Observa-se que, de acordo com a classificação apresentada pela NBR 8800 (ABNT, 2008) para
seções submetidas à flexão, todos os perfis apresentam seções compactas tanto para
instabilidade local da mesa quanto da alma. Considera-se então que estas são capazes de
desenvolver uma distribuição de tensões totalmente plástica antes do início da flambagem local.
O comportamento misto da seção é assegurado pela colocação de dois conectores do tipo stud
bolt em cada nervura da laje. Para respeitar a indicação da NBR 8800 (ABNT, 2008) de que os
conectores não devem possuir diâmetro superior à 2,5 vezes a espessura da mesa à qual serão
soldados, foram empregados conectores com diâmetro 12,7mm para os grupos A e B, enquanto
para os demais adotou-se 19mm. Além disso, considerou-se que todos os conectores tem
100mm de altura e são fabricados em aço com resistência à ruptura de 450MPa.
Para obter seções alveolares, cada um dos perfis citados foi submetido a três razões de
expansão: 1,3; 1,4 e 1,5. Uma vez que normalmente são almejadas seções com as maiores
aberturas possíveis e buscando viabilizar razões de expansão maiores, a altura dos tês foi
limitada ao valor mínimo considerado pelos métodos adotados, com uma relação entre altura
expandida e diâmetro de abertura (D0/dg) igual a 1,25.
Já para avaliar a distribuição dos alvéolos ao longo do vão, foram adotados os limites máximo
e mínimo apresentados pelos métodos simplificados para a relação entre passo e diâmetro de
abertura (S/D0), além de um valor intermediário. Essa consideração resultou nas relações 1,2;
1,35 e 1,5. Além disso, fixou-se a largura da extremidade apoiada em 190mm para os Grupos
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Os vãos adotados dependem da altura total do perfil expandido, do passo utilizado e da largura
da extremidade apoiada. Buscou-se então empregar comprimentos que gerassem relações entre
vão e altura (L/dg) próximas às desejadas, sendo elas: 10, 15 e 20. Os valores das principais
relações geométricas adotadas para cada grupo de vigas estão reunidos na Tabela 7.1.
As variações descritas nesse item resultam em 27 vigas para cada grupo indicado. Além disso,
cada perfil de aço utilizado como base para as seções alveolares foi dimensionado considerando
alma cheia e seção mista após a cura do concreto. Para essa avaliação, foram adotados vãos
iguais aos calculados para as vigas 1, 10 e 19 de cada grupo.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
134
• Estudos adicionais
Além disso, visando avaliar a influência do tipo de aço empregado nos modos de falha
dominantes de cada seção, as vigas da família W310 com conexão total também foram
verificadas pelos métodos simplificados considerando o uso de diferentes aços no perfil. Para
isso, foram empregados os aços ASTM A36, com fy = 250 MPa e fu = 400MPa e ASTM A572-
gr42, que apresenta fy = 290MPa e fu = 415MPa.
Ademais, as vigas da família W310 com aço ASTM A572-gr50 e conexão total também foram
estudadas simplificadamente considerando o uso de um concreto com resistência característica
à compressão de 40MPa na laje. Dessa forma, um total de 216 vigas foram simuladas
numericamente e 459 foram verificadas pelas formulações simplificadas.
Na Tabela 7.2, podem ser vistos como exemplo os resultados da Viga A14, em que CV
representa a falha por esforço cortante vertical, MF por plastificação do tê inferior devido ao
momento fletor, VRD por formação do mecanismo Vierendeel, IMA por instabilidade do
montante da alma e FCH está ligado ao critério de dimensionamento do ELS para a flecha no
centro do vão.
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Na análise das vigas pelo modelo de elementos finitos, extraiu-se o gráfico da relação entre a
carga aplicada e deslocamento do perfil no centro do vão. Nesse gráfico, foram inseridas linhas
representando o carregamento associado ao critério de dimensionamento preponderante para
cada método simplificado considerado. Ademais, foram sinalizados pontos significativos, como
primeiro escoamento do aço ou esmagamento do concreto, além dos modos de falha observados
no modelo em questão. Como exemplo, pode-se visualizar a Figura 7.3, que representa o
comportamento da viga F20.
É possível verificar que a fissuração da face inferior do concreto tem início com um
carregamento de baixa magnitude, com 7kN/m . Observou-se que as tensões de tração nesse
ponto se concentram em torno dos conectores de cisalhamento, conforme Figura 7.4, enquanto
o restante da seção foi comprimido.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
136
[kN/cm²]
Assim, constatou-se que o início da fissuração da face inferior do concreto ocorreu em função
da movimentação dos conectores com a aplicação do carregamento. Uma situação similar
aconteceu com a chapa steel deck, que teve suas tensões máximas concentradas na região da
conexão. Ressalta-se que tal comportamento foi observado em diferentes graus para todas as
vigas avaliadas.
Para verificar quando a realização da expansão das seções mistas é vantajosa, estas foram
dimensionadas considerando a seção base de alma cheia. Todos os perfis empregados possuem
esbeltez inferior ao limite da NBR 8800 (ABNT, 2008), sendo classificados como compactos
e, portanto, podem ser verificados considerando plastificação da seção. Os critérios de
dimensionamento dominantes obtidos para estas seções de acordo com a norma brasileira e seus
carregamentos associados estão apresentados na Tabela 7.3.
Nota-se que todos os casos tiveram seus carregamentos limitados pelo ELS relacionado ao
deslocamento no centro do vão. Tal comportamento está de acordo com o esperado para esse
tipo de perfil, considerando os vãos e modelo de carregamento empregados.
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Ao comparar os carregamentos limites calculados para cada vão com os obtidos para as seções
alveolares, constatou-se que a expansão se mostrou bastante desfavorável para vãos menores,
uma vez que as seções com furos passaram a apresentar outros modos de colapso
predominantes, com carregamentos limites próximos a 40% dos determinados para almas
cheias. Já para os vãos intermediários, com relação L/dg próximas a 15, a expansão da seção foi
menos onerosa, com redução média de cerca de 20% na resistência da seção. Para vãos longos,
a utilização de seções alveolares se mostrou vantajosa em alguns casos e em outros não,
havendo uma variação nos carregamentos limites de -30% (instabilidade do montante) a +40%
(flecha). Dessa forma concluiu-se que o emprego das seções expandidas é proveitoso para vigas
com relação entre vão e altura da seção iguais ou superiores a 20, nas situações em que o ELS
para flecha atua a principal limitação da seção alveolares.
Um dos parâmetros avaliados nas seções alveolares foi o efeito da mudança da família de perfis
W310 (grupos A, B e C) para W360 (D, E, F) nos critérios de dimensionamento predominantes
das vigas e em seus carregamentos associados. Ressalta-se que foram mantidas as mesmas
relações entre vão e altura do perfil para os dois casos. Nos itens a seguir, são apresentadas as
principais constatações realizadas para cada método de dimensionamento aplicado.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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• ANSYS
Do ponto de vista numérico, a maior diferença de resultados na comparação entre W310 e W360
se deu entre as vigas com vãos curtos dos dois primeiros grupos de cada família (A, B, D e E).
Nos perfis W310, a limitação de carregamento esteve ligada à falha da mesa. Enquanto nas
seções W360, estes elementos são menos esbeltos, de forma que a falha passou a ser relacionada
à alma, com predomínio de instabilidade do montante ou a formação do mecanismo Vierendeel.
Nos Grupos C e F predominaram os mesmos critérios de dimensionamento principais, similares
aos dos grupos D e E. Na comparação entre as famílias W310 e W360, houve um aumento
relativo próximo de 25% na resistência das vigas com vãos curtos, conforme exemplificado na
Figura 7.5 para os grupos A e D.
400 D (W360x32,9)
300
200
A (W310x21)
100
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Número da viga
Nos demais vãos, o dimensionamento se deu preponderantemente pelo ELS para deslocamentos
em todos os grupos estudados, tanto para a família W310 quanto para W360. Nesses casos,
observou-se um aumento de resistência variando entre 40 e 50% na comparação entre famílias,
mesmo com as seções maiores possuindo vãos mais longos em função da relação com a altura
do perfil.
• Formulação da AISC
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Tabela 7.4 - Cargas e critérios de falha para vigas 1 a 9 dos grupos B e E para AISC
Viga Critério 1 [kN] Critério 2 [kN] Viga Critério [kN] Critério 2 [kN]
B1 170,2 IMA 226,7 CV E1 221,2 IMA 269,6 VRD
B2 227,5 CV 232,3 VRD E2 270,4 VRD 304,5 CV
B3 229,7 CV 234,7 VRD E3 273,1 VRD 307,1 CV
B4 173,0 IMA 238,1 VRD E4 225,3 IMA 278,4 VRD
B5 239,0 VRD 244,1 CV E5 279,4 VRD 326,3 CV
B6 241,0 VRD 246,4 CV E6 281,6 VRD 328,9 CV
B7 174,6 IMA 243,2 VRD E7 228,0 IMA 287,5 VRD
B8 243,9 VRD 258,2 CV E8 288,1 VRD 347,8 CV
B9 246,0 VRD 260,2 CV E9 283,3 VRD 342,0 CV
Para vãos maiores, o ELS para flecha foi preponderante no dimensionamento da família W310,
com instabilidade do montante da alma atuando secundariamente em alguns casos. Em
comparação, a mudança pelos perfis W360 não alterou a importância do critério de
instabilidade, porém houve ganhos de até 67% na resistência total das vigas nessa situação.
Além destes, a família W360 também apresentou predominância de falha por mecanismo
Vierendeel.
• Formulação de Ward
A formulação proposta por Ward (1990) resultou em valores conservativos para a formação do
mecanismo Vierendeel. Assim, esse critério de dimensionamento predominou nas 18 primeiras
vigas (vãos curtos e intermediários) de todos os grupos analisados. Na comparação entre as
famílias W310 e W360, observou-se um aumento de cerca de 30% na resistência das seções.
Para vãos longos, prevaleceu o ELS para flecha em todos os casos dos grupos A e B, enquanto
nos demais grupos esse modo se alternou com a formação do mecanismo Vierendeel, que teve
maior incidência nos perfis W360. Independente do critério principal observado, a variação
média da resistência das seções chegou até 50%.
Nas seções dimensionadas conforme metodologia de Lawson e Hicks (2011), as duas famílias
estudadas apresentaram os mesmos critérios de dimensionamento dominantes para vigas com
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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vãos curtos (1 a 9), havendo um aumento médio de 16% nos carregamentos limites na
comparação entre seções. Ademais, em todos os vãos, a ocorrência da instabilidade do montante
da alma não foi afetada pela mudança na família dos perfis, apresentando apenas uma variação
de resistência de cerca de 25%.
De modo geral, nos vãos intermediários e longos o colapso devido ao momento fletor atuante
nos perfis W310 foi substituído pela formação do mecanismo Vierendeel na família W360, com
ganho médio de 28% na resistência das seções. Além disso, constatou-se que nos perfis W310
o ELS para flecha teve maior relevância em comparação com a família W360, conforme
exemplificado na Tabela 7.5 para as vigas com vãos longos dos grupos A e D.
Tabela 7.5 -Cargas e critérios de falha para vigas 19 a 27 dos grupos A e D para Lawson e Hicks
Viga Critério 1 [kN] Critério 2 [kN] Viga Critério 1 [kN] Critério 2 [kN]
A19 133,9 IMA 138,6 FCH D19 167,3 IMA 189,9 FCH
A20 151,5 MF 155,2 FCH D20 200,6 VRD 212,7 FCH
A21 146,3 MF 147,9 FCH D21 200,2 VRD 202,9 FCH
A22 122,5 IMA 141,9 FCH D22 153,4 IMA 194,2 FCH
A23 153,6 MF 158,4 FCH D23 196,4 FCH 212,0 VRD
A24 147,7 MF 151,1 FCH D24 207,2 FCH 212,0 VRD
A25 112,7 IMA 144,3 FCH D25 141,1 IMA 198,2 FCH
A26 147,0 FCH 147,9 MF D26 200,5 FCH 204,6 IMA
A27 150,6 MF 155,0 FCH D27 211,2 FCH 223,5 VRD
• Outras formulações
Nos resultados obtidos pela metodologia de Panedpojaman et al. (2014) para verificação da
instabilidade do montante da alma, observou-se a família W360 apresentou carregamentos
limites em média 27% superiores à W310. A metodologia de Grilo (2018) para o mesmo critério
de falha obteve resultados similares, com aumento médio na resistência de 32%.
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
141
Além das diferenças entre as famílias de perfis, também foram observadas as variações das
falhas e carregamentos na comparação entre as três primeiras seções de cada conjunto. Para
isso, foram verificados os perfis W310x21 (A), W310x23,8 (B), W310x28,3 (C), W360x32,9
(D), W360x39 (E) e W360x44,6 (F). Nos itens a seguir são apresentadas as observações
realizadas para cada método de dimensionamento utilizado.
• ANSYS
Com base nos resultados obtidos no modelo de elementos finitos, constatou-se que as duas
primeiras almas da família W310 apresentaram comportamentos similares, com mesmos
critérios de falha predominantes e pouca variação na resistência total das vigas. Nas vigas com
vãos curtos desses grupos, predominou a falha da mesa. Já a terceira seção (grupo C) possui
mesa com espessura mais elevada, com menor probabilidade de falha local nessa região, de
modo que o critério principal deixou de ser ligado à mesa e passou a se localizar na alma da
seção, com instabilidade do montante e formação do mecanismo Vierendeel. Nesse caso houve
um aumento médio de 35% no carregamento limite das vigas em comparação com o grupo
anterior. Para os vãos intermediários e longos, todos os grupos tiveram flecha atuando como
principal critério de dimensionamento, com menor variação de resistência na comparação entre
perfis. Na Figura 7.6 estão ilustradas as cargas limites para as vigas dos grupos A, B e C.
A (W310x21)
350
B (W310x23,8)
300
C (W310x28,3)
250
200
150
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
Número da viga
Observou-se também que enquanto no perfil W310x21 os critérios secundários foram pouco
relevantes, o W310x23,8 exibiu casos de formação do mecanismo Vierendeel (vãos curtos),
escoamento do tê inferior (intermediários e longos) e instabilidade do montante da alma (seções
com montantes estreitos em todos os vãos).
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
142
• Formulação da AISC
Já na família W360 todos os grupos exibiram os mesmos critérios predominantes para as vigas
com vãos curtos e intermediários (1 a 19). Na comparação entre perfis consecutivos, observou-
se que nas situações com predomínio da falha por instabilidade do montante da alma houve um
ganho maior de resistência entre o W360x32,9 e W360x39, com valores próximos a 19%. Já
para formação do mecanismo Vierendeel e esforço cortante vertical, o incremento médio de
carga foi 5% nas duas comparações. Para vãos longos, algumas seções do grupo F exibiram
formação do mecanismo Vierendeel como principal critério de falha, enquanto os demais perfis
tiveram seus carregamentos limitados pela flecha, com maior variação entre os perfis. Na Figura
7.7 é possível observar a carga limite das vigas de cada grupo da família W360.
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
143
260
230
200
170
140
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
Número da viga
• Formulação de Ward
Tabela 7.6 – Cargas e critérios de falha das vigas E10 a E18 para Ward
Viga Critério 1 [kN] Critério 2 [kN]
E10 154,6 VRD 196,3 IMA
E11 153,7 VRD 280,5 CV
E12 153,5 VRD 280,3 CV
E13 163,5 VRD 200,5 IMA
E14 162,5 VRD 302,0 CV
E15 162,3 VRD 301,0 CV
E16 172,1 VRD 203,4 IMA
E17 171,1 VRD 314,4 FCH
E18 170,7 VRD 305,5 FCH
Já nos vãos longos, o principal critério de dimensionamento para a família W310 foi o ELS
para deslocamento no centro do vão, enquanto na W360 o mecanismo Vierendeel permaneceu
tendo maior importância, com flecha predominando apenas no grupo D. A maior diferença
relativa entre carregamentos limites se deu entre os grupos B e C.
família. Para vãos curtos e intermediários, constatou-se que o uso de perfis mais robustos
aumentou a tendência à formação do mecanismo Vierendeel, com este substituindo a
instabilidade do montante da alma e o momento fletor como principal critério de
dimensionamento em alguns casos. Além disso, em algumas seções o esforço cortante vertical
exibiu carregamentos limites próximos aos dos critérios predominantes, tornando-se relevante
na verificação da seção. Já para vãos longos, o perfil W310x23,8 exibiu como critério
predominante o deslocamento limite no centro do vão, enquanto nos demais ele atuou de forma
secundária, com carregamentos limites próximos aos da formação do mecanismo Vierendeel.
Os carregamentos obtidos para cada perfil podem ser vistos na Figura 7.8.
250
B (W310x23,8)
225 C (W310x28,3)
200
175
150
125
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
Número da viga
Na avaliação dos perfis da família W360, constatou-se que a variação nos critérios dominantes
foi menos significativa que no W310, porém o aumento da seção também ocasionou maior
incidência de falha por formação do mecanismo Vierendeel. A maior diferença relativa entre
carregamentos limites se deu nas entre os grupos D e E, principalmente nos casos em que houve
predomínio da instabilidade do montante da alma no primeiro grupo. Para o segundo perfil, os
carregamentos limites para cortante vertical foram próximos aos dos critérios principais,
tornando-o relevante no dimensionamento das seções. Ademais, nos vãos mais longos a flecha
passou a ter importância em todas as vigas, seja de forma primária ou secundária, enquanto no
primeiro perfil isso não ocorreu.
• Outras formulações
D e E). O método de Grilo (2018) para verificação do mesmo modo de falha obteve resultados
similares, com maior variação de resistência ocorrendo entre as duas primeiras almas de família
W360 e a menor entre os perfis W360x39 e W360x44,6.
De modo geral, verificou-se que os maiores ganhos relativos na resistência das seções se deram
na comparação entre a 1ª e 2ª almas de cada família. Entretanto, as relações entre resistência da
viga e peso de material utilizado foram bastante próximas para os dois casos. Assim,
dependendo da magnitude dos carregamentos aplicados, pode ser mais vantajoso empregar a
primeira alma por ser mais leve. Além disso, nos segundos perfis (grupos B e E), os critérios
de dimensionamento predominantes foram menos claros, com grande parte das seções
apresentando critérios secundários com carregamentos similares aos principais. Já na
comparação com os perfis mais robustos (grupos C e F), os ganhos de resistência foram menos
significativos. Deste modo, estas seções exibiram valores menores para a razão entre resistência
total da seção e peso de material, tornando seu uso menos proveitoso.
Outro ponto avaliado foi a influência do comprimento dos vãos nos critérios de
dimensionamento predominantes de cada viga e nos carregamentos a eles associados. Todas as
seções foram dimensionadas com relações entre vão e altura (L/dg) próximas de 10, 15 e 20.
Nos itens a seguir estão descritas as principais constatações realizadas para cada método
aplicado.
• ANSYS
Nos resultados obtidos pelo modelo de elementos finitos, observou-se que a alteração na relação
entre vão e altura da viga (L/dg) de 10 para 15 afetou os critérios de dimensionamento
dominantes em todos os grupos estudados, com falha local da mesa, instabilidade do montante
da alma e formação do mecanismo Vierendeel sendo substituídos pelo critério limite de flecha
na maioria das vigas. Em todos os casos, houve redução na resistência média das seções, porém
a variação para os grupos A e B foi menor que a dos demais, uma vez que eles já apresentavam
carregamentos relativamente baixos. Enquanto as maiores alterações nos carregamentos limites
ocorreram no grupo C, cujos valores para cada vão podem ser vistos na Figura 7.9.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
146
Figura 7.9 - Carga total das vigas do grupo C com variação do vão no ANSYS
• Formulação da AISC
Nas seções dimensionadas de acordo com as formulações da AISC (2016b), foram observadas
poucas alterações nos critérios de dimensionamento dominantes com a mudança de vãos curtos
para intermediários. A principal diferença se deu para o grupo A, em que a formação do
mecanismo Vierendeel se tornou secundária em relação ao ELS para deslocamentos. Em todos
os grupos houve redução média de aproximadamente 10% nos carregamentos limites para todos
os critérios dominantes.
Já na comparação entre vigas com L/dg = 15 e L/dg = 20, verificou-se que o aumento do vão
gerou maior incidência do critério limite da flecha em todos os grupos. A instabilidade do
montante da alma permaneceu relevante para vigas com aberturas próximas, havendo uma
redução até 16% em seus carregamentos limites. Ao passo que nas situações em que o esforço
cortante vertical e a formação do mecanismo Vierendeel eram preponderantes ou onde a flecha
já prevalecia, essa redução variou de 4 a 44%.
• Formulação de Ward
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
147
Tabela 7.7 - Cargas e modos de falha para as vigas 19 a 27 dos grupos C e D para Ward
Viga Critério 1 [kN] Critério 2 [kN] Viga Critério 1 [kN] Critério 2 [kN]
C19 124,3 VRD 129,1 FCH D19 136,6 VRD 145,6 FCH
C20 125,2 VRD 142,0 FCH D20 136,9 VRD 159,3 FCH
C21 124,4 VRD 132,3 FCH D21 136,7 VRD 148,4 FCH
C22 128,4 FCH 130,9 VRD D22 143,7 VRD 144,7 FCH
C23 131,2 VRD 141,0 FCH D23 142,6 FCH 143,6 VRD
C24 131,1 VRD 131,9 FCH D24 143,9 VRD 147,8 FCH
C25 128,6 FCH 136,9 VRD D25 144,3 FCH 149,4 VRD
C26 127,5 FCH 136,8 VRD D26 143,0 FCH 150,4 VRD
C27 131,6 FCH 137,0 VRD D27 147,6 FCH 149,7 VRD
Com a mudança de vãos curtos para médios, as vigas verificadas pelo método de cálculo
proposto por Lawson e Hicks (2011) exibiram alterações nos critérios de dimensionamento dos
grupos A e B, em que a formação do mecanismo Vierendeel e plastificação por momento fletor
se alternaram como critério principal e secundário na verificação das seções. Os demais grupos
mantiveram seus critérios dominantes originais, com redução média de 6,5% na resistência à
formação do mecanismo Vierendeel. Em todos os grupos, a instabilidade do montante da alma
permaneceu ocorrendo nas seções em que já predominava, com uma redução de cerca de 12%
na carga total resistente.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
148
Tabela 7.8 - Falhas e carregamentos para as vigas A10 a A27 para Lawson e Hicks
Viga Critério 1 [kN] Critério 2 [kN] Viga Critério 1 [kN] Critério 2 [kN]
A10 142,5 IMA 166,6 VRD A19 133,9 IMA 138,6 FCH
A11 182,6 VRD 195,4 MF A20 151,5 MF 155,2 FCH
A12 192,7 MF 195,0 VRD A21 146,3 MF 147,9 FCH
A13 130,4 IMA 183,8 CV A22 122,5 IMA 141,9 FCH
A14 188,8 IMA 198,7 MF A23 153,6 MF 158,4 FCH
A15 195,7 MF 214,6 VRD A24 147,7 MF 151,1 FCH
A16 119,8 IMA 186,4 CV A25 112,7 IMA 144,3 FCH
A17 173,5 IMA 201,4 MF A26 147,0 FCH 147,9 MF
A18 191,9 VRD 198,6 MF A27 150,6 MF 155,0 FCH
• Outras Formulações
Outro ponto avaliado foi a influência da variação na razão de expansão das seções alveolares,
para a qual foram utilizados os valores 1,3, 1,4 e 1,5. Nos itens a seguir são apresentadas as
observações realizadas para cada método de dimensionamento adotado.
• ANSYS
Do ponto de vista numérico, o aumento na razão de expansão não acarretou em mudanças nos
critérios de dimensionamento predominantes das vigas. Ademais, as alterações nos
carregamentos limites de cada seção foram pouco relevantes. Entretanto, observou-se que vigas
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
149
com razão 1,5 exibiram maior tendência à instabilidade do montante da alma, que atuou de
forma secundária em um número maior de casos, porém ainda assim pouco significativos.
• Formulação da AISC
Para seções verificadas conforme a metodologia de cálculo apresentada pela AISC (2016b), a
alteração da razão de expansão teve como principal efeito a alternância entre esforço cortante
vertical e formação do mecanismo Vierendeel como critério principal de dimensionamento. Na
comparação entre as razões de expansão 1,3 e 1,4 e entre 1,4 e 1,5, observou-se um pequeno
aumento no carregamento limite das vigas, com valores geralmente próximos à 5%.
• Formulação de Ward
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
150
Figura 7.10 -Carga total das vigas do grupo D para cada razão de expansão para Lawson e Hicks
• Outras formulações
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
151
• ANSYS
Analisando os resultados numéricos, notou-se que a variação na distância entre as aberturas não
afetou os critérios de dimensionamento principais nos grupos A e B, já que houve
predominância de falha ligada à mesa ou ao limite para flecha, critérios que sofrem pouca
influência da largura do montante. Entretanto, nas seções com vãos curtos e aberturas mais
próximas, a instabilidade do montante da alma atuou como critério secundário, enquanto nas
vigas com montantes mais largos isso não ocorreu.
Nas vigas com vãos curtos dos demais grupos, o aumento na relação entre passo e diâmetro da
abertura (S/Do) de 1,2 para 1,35 fez com que a instabilidade do montante da alma deixasse de
atuar como principal critério de falha, sendo substituída pela formação do mecanismo
Vierendeel. Nesses casos, as seções exibiram ganhos na resistência com valores variando de 3
a 20%. Nos vãos intermediários e longos o critério de dimensionamento predominante foi a
flecha, independentemente da largura adotada para o montante. Entretanto, para seções com
relação S/Do igual a 1,2, a falha por instabilidade atuou como critério secundário, enquanto isso
não ocorreu nos casos com aberturas mais espaçadas.
Observou-se ainda que a alteração de S/Do = 1,35 para 1,5 não afetou os critérios de
dimensionamento predominantes das seções, causando apenas uma variação de -6% a +13%
em sua resistência. Na Figura 7.11 estão ilustrados os carregamentos limites para as vigas do
grupo C, considerando as diferentes relações S/Do.
350 2
5 8
300 1 1,2
4 15
12 14 18
250 7 17 1,35
11
1,5
200 24
10 13 16 21
23 27
20
150 26
19 25
22
100 Número da viga
Figura 7.11 - Carga total das vigas do grupo C para cada relação S/Do
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
152
• Formulação da AISC
Nas seções dimensionadas segundo as indicações da AISC (2016b), contatou-se que a alteração
da largura do montante da alma de uma relação S/Do de 1,2 para 1,35 teve grande impacto nos
principais critérios de dimensionamento das vigas. As vigas com razão 1,2 apresentaram falha
predominante relacionada à instabilidade do montante da alma para todos os vãos considerados.
Enquanto para 1,35 a instabilidade do montante da alma foi substituída por falha devido ao
esforço cortante vertical ou formação do mecanismo Vierendeel para vãos curtos e
intermediários, com ganho médio de 41% na resistência das seções. Nos vãos longos a
instabilidade também foi substituída pela flecha, com variação de carregamento menos
significativa.
• Formulação de Ward
Nas vigas verificadas pela metodologia de Ward (1990), observou-se que a variação na largura
do montante das seções não alterou seus critérios de dimensionamento principais. Para
situações com predominância da formação do mecanismo Vierendeel, o aumento da relação
S/Do gerou ganhos de até 3% na resistência das seções. Já nos casos em que o ELS para flecha
foi mais relevante, a variação na resistência da seção foi de -7 a +10%.
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
153
120
Número da viga
Figura 7.12 - Carga total das vigas do grupo D para cada relação S/Do
Ademais, na comparação entre S/Do = 1,35 e 1,5, observou-se que as alterações nos critérios de
falha principais e seus carregamentos associados foram menos significativas, apresentando
variação de -13 a +11% na resistência total das vigas.
• Outras formulações
Para as seções nas quais foi aplicado o método proposto por Panedpojaman et al. (2014) para
verificação da instabilidade do montante da alma, geralmente o aumento da largura do montante
do valor mínimo para o intermediário acarretou pequenos ganhos na resistência das seções, com
média de 4%. Já na comparação entre S/Do = 1,35 e 1,5, os carregamentos limites das vigas
sofreram redução média de 7%.
A metodologia proposta por Grilo (2018) para avaliar esse modo de colapso considerando a
relação D0/dg adotada é válida apenas para S/Do = 1,2, de modo que não puderam ser feitas
comparações nesse caso.
De modo geral, concluiu-se que embora haja um maior consumo de material, o emprego de
uma distância intermediária entre as aberturas é mais vantajoso que mantê-las próximas, já que
o colapso por instabilidade do montante da alma ocorre com carregamentos relativamente
baixos. Entretanto, uma vez evitada essa falha do montante, o aumento do passo entre aberturas
é menos favorável, pois o acréscimo na quantidade de material utilizado não é compensado pelo
ganho de resistência obtido.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
154
Além da variação na geometria das seções, também foi avaliado o grau de conexão entre viga
e laje. Nesse caso, dois grupos de vigas (B e E) foram analisados considerando o uso de
conectores de cisalhamento menos resistentes e com maior espaçamento entre si, com a
finalidade de simular situações com conexão parcial. Na Figura 7.13 está representada a relação
entre força cortante atuante e o deslizamento relativo entre viga e laje para o conector mais
próximo ao apoio das vigas B10 e E10, com conexão total e parcial. Já nos itens seguintes são
apresentadas as observações realizadas para cada método de dimensionamento adotado.
30 B10 - original
B10 - parcial
20
E10 - original
10
E10 - parcial
0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25
Deslizamento relativo [cm]
• ANSYS
Para os resultados obtidos pelo modelo em elementos finitos, constatou-se que a maior alteração
nos critérios de dimensionamento ocorreu nas vigas com vãos curtos, onde seções com conexão
parcial passaram a exibir o limite de flecha como critério principal, fato que não ocorreu na
conexão total. Independente dos critérios dominantes, foram observadas reduções de até 18%
nos carregamentos limite das vigas com conexão parcial.
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
155
Carga [kN/m]
40 Vierendeel
30
20 Conexão parcial
10 Conexão total
0
0 10 20 30 40
Deslocamento em y no centro do vão [mm]
Figura 7.14 - Carga x deslocamento na viga E14 com conexão total e parcial
• Formulação da AISC
• Formulação de Ward
Nos resultados obtidos pela metodologia de Ward (1990), o grau de interação entre laje e perfil
metálico não alterou o critério de dimensionamento predominante em nenhuma seção. Além
disso, os carregamentos associados à cada falha também não foram afetados.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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• Outras formulações
As formulações propostas tanto por Panedpojaman et al. (2014) quanto por Grilo (2018) para
verificação da instabilidade do montante da alma não consideram o grau de conexão entre viga
e laje. Assim, foram obtidos os mesmos carregamentos para conexão total e parcial em todas
as seções avaliadas.
De modo geral, observou-se que o perfil W310 foi mais impactado pela variação na interação
entre aço e concreto. Além disso, vãos menores se mostraram mais suscetíveis a mudanças de
comportamento, uma vez que há domínio dos esforços cortantes e o grau de conexão costuma
ser menor que nas vigas mais longas. Destaca-se que as verificações para alguns modos de falha
não consideram a contribuição da laje e, portanto, não foram afetadas pela mudança na ligação.
Além das variações na geometria e na conexão das seções, foi estudada a influência do tipo de
aço empregado no comportamento das vigas da família W310 com conexão total. Para isso,
foram considerados os aços ASTM A572-gr 50, A572-gr42 e A36. As constatações realizadas
para cada método estão apresentadas nos itens a seguir.
• Formulação da AISC
Para vigas verificadas segundo o método de cálculo apresentado no guia da AISC (2016b), a
alteração no tipo de aço dos perfis teve mais impacto nos casos com vãos longos. Nessas
situações, o ELS para flecha atuou como critério dominante para o aço ASTM A572-gr 50,
porém com a redução da resistência do material, com os aços A572-gr42 e A36, as vigas se
tornaram mais suscetíveis aos critérios do ELU. Destaca-se que nas situações em que o ELS se
manteve predominante, os carregamentos não sofreram alterações, uma vez que esse critério de
falha não é afetado pela resistência do aço, e sim pela sua rigidez.
Para vãos curtos e intermediários, a mudança do aço A572 gr 50 para A572-gr 42 e A36 gerou
uma alternância no domínio do esforço cortante vertical e da formação do mecanismo
Vierendeel. A redução de resistência na comparação entre seções similares com diferentes tipos
de aço foi variável, com valores próximos a 15% para instabilidade do montante da alma e 7%
para os demais critérios do ELU.
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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• Formulação de Ward
Para seções verificadas seguindo a metodologia de Ward (1990), a alteração no tipo de aço
empregado não gerou mudança nos critérios de dimensionamento principais nos vãos curtos e
intermediários, em que houve predomínio da formação do mecanismo Vierendeel. Para esse
modo, redução média nos carregamentos limites na comparação entre A572-gr50 e gr42, e entre
gr42 e A36 foi próxima a 10%. Observou-se que nos vãos médios o limite de flecha teve menos
relevância como critério secundário, sendo substituído pelo esforço cortante vertical. Para vãos
longos a redução na resistência do aço diminuiu a incidência do ELS para flecha, que em alguns
casos se tornou secundário em relação ao mecanismo Vierendeel.
Nas vigas dimensionadas de acordo com a metodologia de Lawson e Hicks (2011), observou-
se que o uso de aços com menor resistência aumentou a tendência à formação do mecanismo
Vierendeel nos vãos curtos e médios. A alteração nos carregamentos limites das das seções
enquanto foi variável. Na Figura 7.15 podem ser vistas as cargas limites para as vigas do grupo
A com os diferentes aços empregados.
230
A572 gr 42
210
A36
190
170
150
130
110
90
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
Número da viga
Figura 7.15 - Carga total das vigas do grupo A para diferentes aços
Nos vãos mais longos, o momento fletor se tornou o principal critério de dimensionamento,
substituindo alguns casos de instabilidade do montante da alma e o limite de flecha nos grupos
A e B. No grupo C, também houve atuação do mecanismo Vierendeel como modo de falha
predominante. Salienta-se que a limitação de carregamento devido à flecha ocorreu apenas nas
seções com o aço A572 gr50, enquanto nos demais predominou o ELU.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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• Outras formulações
De modo geral, concluiu-se que seções com os aços A572-gr42 e A36 exibiram critérios de
dimensionamento dominantes similares entre si, com variação próxima a 10% nos
carregamentos limites. Uma vez que eles possuem menor resistência ao escoamento, o emprego
destes materiais fez com que as seções passassem a apresentar predominância dos critérios de
dimensionamento para o ELU, enquanto para o aço ASTM A572-gr50 (o mais resistente dentre
os empregados) foi limitado pelo ELS nos vãos longos. A viabilidade de uso de aços mais ou
menos resistentes está ligada à disponibilidade e preço dos materiais em cada região.
Além da alteração do tipo de aço empregado, foi avaliada a influência da resistência do concreto
da laje no comportamento das seções. Para isso, as seções da família W310 com aço ASTM
A572-gr50 foram verificadas considerando o uso de concreto com fck = 30MPa e 40 MPa. As
averiguações realizadas para cada método de dimensionamento simplificado adotado estão
apresentadas nos itens a seguir. Ressalta-se que para essa situação as metodologias de
Panedpojaman et al. (2014) e de Grilo (2018) para verificação da instabilidade do montante da
alma não foram consideradas, uma vez que não levam em consideração a contribuição da laje
na resistência global.
• Formulação da AISC
Nas seções dimensionadas de acordo com o guia da AISC (2016b), a principal alteração
observada nos critérios de dimensionamento preponderantes com uma mudança da classe de
resistência do concreto se deu nas vigas com vãos curtos e intermediários. As seções tiveram
suas resistências ao mecanismo Vierendeel aumentadas em cerca de 7%, de forma que esse
modo passou a atuar secundariamente em relação ao esforço cortante vertical, que não leva em
consideração a presença da laje e, portanto, não teve suas cargas limites alteradas. Além disso,
seções com predomínio da instabilidade do montante da alma mantiveram este comportamento,
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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uma vez que os carregamentos limites não sofreram alterações e essa falha se deu com
carregamentos significativamente menores que os dos demais critérios.
Além disso, com a alteração do fck do concreto de 30 para 40MPa, houve um aumento no
módulo de elasticidade do material, o que gerou acréscimo na rigidez da seção e melhorou
ligeiramente seu desempenho em relação ao ELS para flecha. Esse critério de dimensionamento
permaneceu predominante nas vigas com vãos longos, apresentando aumento de 1 a 2% nas
cargas limites.
• Formulação de Ward
As seções dimensionadas pelo método de Ward (1990) não apresentaram alterações em seus
critérios de dimensionamento predominantes com o aumento da resistência do concreto.
Embora tenha ocorrido um ganho de cerca de 6% na resistência à formação do mecanismo
Vierendeel, a formulação obteve resultados conservativos para essa falha, que permaneceu
atuando como principal nas vigas curtas e médias. Já nos vãos longos, o principal critério foi o
ELS para flecha, havendo apenas um aumento de resistência próximo de 1% para o concreto de
40MPa. Destaca-se que as verificações do colapso devido ao esforço cortante vertical e
instabilidade do montante da alma (modos secundários em questão) não consideram a presença
da laje e por isso não tiveram seus carregamentos afetados.
Constatou-se então que o uso de concreto com fck mais altos gera pequenos ganhos (de 1 a 5%)
na resistência das seções tanto ao ELU quanto ao ELS, porém esses valores não compensam o
aumento no custo do material.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
160
Por fim, foi avaliado o comportamento resultante de cada método de dimensionamento adotado
para as vigas estudadas. Ressalta-se que todas as metodologias foram avaliadas com fatores de
ponderação unitários. Na Figura 7.16 está ilustrado o número de vigas com conexão total, aço
ASTM A572-gr50 e concreto fck = 30MPa que apresentaram cada critério dimensionamento
dominante para cada metodologia empregada.
350
Número de vigas
300 263
FMA
250 VRD
200 FCH
150 138
150 116104 FLM
101 90
100 71 75 MF
30 34 CV
50 16 26 23
0 0 0 1 0 0 0 0 0
0
ANSYS AISC WARD LAWSON
Método
Observou-se que o modelo numérico apresentou carregamentos limites inferiores aos obtidos
pelas formulações sugeridas pela AISC (2016b) e por Lawson e Hicks (2011) para o limite de
flecha. Logo, esse critério de dimensionamento predominou em situações nas quais os métodos
simplificados apresentaram falha pelo ELU, como no caso das vigas com comprimentos
intermediários. Ainda, com exceção dos casos com vãos curtos, a diferença entre o
carregamento limite para ELS obtida e o fim da estabilidade numérica variou de 10 a 47%.
Salienta-se que todos os modelos simplificados adotados utilizam formulações simplificadas
para determinar a flecha das seções, sendo que a AISC (2016b) aplica apenas uma redução de
10% na inércia da seção de alma cheia, Ward (1990) calcula uma inércia reduzida e Lawson e
Hicks (2011) utilizam uma deflexão adicional pela presença de aberturas na alma. O segundo
método apresentou os resultados mais conservativos, enquanto o último obteve carregamentos
limites mais elevados.
classificado como compacto para todos os perfis utilizados. Além disso, considera-se que a
conexão com a laje reduz a probabilidade da ocorrência dessa condição, pois parte dos esforços
de compressão atuantes na região são absorvidos pelo concreto. Em testes realizados no
ANSYS empregando laje lisa no lugar de nervurada, verificou-se que a mesa apresentou o
mesmo comportamento. Em todo o caso, sugere-se a realização de um estudo mais aprofundado
sobre a distribuição dos conectores de cisalhamento com o objetivo de avaliar sua influência
sobre as tensões atuantes na mesa do perfil. Para este critério, a diferença entre o carregamento
limite obtido pelo método dos elementos finitos e o fim da estabilidade numérica variou de 0 a
30%.
Nos demais grupos, as cargas consideradas como limites para o modelo em elementos finitos
foram superiores às obtidas para os métodos simplificados em todos os critérios observados.
Na verificação numérica da instabilidade do montante da alma, observou-se que as cargas de
falha adotadas foram próximas às do fim da estabilidade, com valores até 8% inferiores a elas.
Já nos cálculos simplificados, AISC (2016b) e Ward (1990) apresentaram carregamentos
próximos, uma vez que aplicam a mesma formulação para este critério. De modo geral, a
metodologia de Lawson e Hicks (2011) obteve uma resistência superior para esse caso,
restringindo a ocorrência deste como modo de falha principal. O dimensionamento proposto
por Panedpojaman et al. (2014) consiste numa evolução do modelo de Lawson e Hicks (2011)
e exibiu os resultados mais arrojados para seções com montantes mais estreitos. Ao passo que
a formulação proposta por Grilo (2018) gerou carregamentos limites bastante inferiores aos
demais. Tal efeito pode ter ocorrido pois embora as relações geométricas das vigas consideradas
estejam dentro da validade do método, a relação entre diâmetro da abertura e altura total da
seção está no limite desses valores, tornando seus resultados menos adequados.
Enquanto a instabilidade do montante da alma predominou nas seções com aberturas mais
próximas, nas demais vigas a falha com maior incidência foi a formação do mecanismo
Vierendeel. Para o método dos elementos finitos, a diferença entre o carregamento limite
adotado e o do fim da estabilidade numérica foi de até 25%. Para esse critério, a formulação de
Ward (1990) apresentou resultados conservativos, tornando esse o principal modo em todas as
seções dimensionadas pelo ELU. Tanto a formulação da AISC (2016b) quanto a de Lawson e
Hicks (2011) obtiveram cargas de ruptura significativamente superiores às de Ward, com a
primeira geralmente exibindo resultados menos conservativos.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
162
Outro critério de dimensionamento que se mostrou relevante nos métodos simplificados foi o
esforço cortante vertical. De modo geral, as seções apresentaram carregamentos limites
próximos aos de formação do mecanismo Vierendeel, fazendo com que estes se alternassem
como modo de falha principal e secundário. Tanto Ward (1990) quanto a AISC (2016b)
desconsideram a contribuição da laje na resistência ao cisalhamento, obtendo resultados iguais
e mais conservativos que os de Lawson e Hicks (2011), que leva em conta a parcela resistente
do concreto. A falha por esforço cortante não foi observada isoladamente no modelo de
elementos finitos, estando ligada apenas à instabilidade do montante da alma por cisalhamento
ou à formação do mecanismo Vierendeel.
Nas vigas com vãos intermediários e longos, além do ELS para flecha, foi observada a falha
devido ao momento fletor. No método dos elementos finitos, o carregamento limite adotado
para esse critério foi até 14% inferior ao associado ao fim da estabilidade numérica. Já para os
modelos simplificados, observou-se que esse modo não foi relevante para as vigas
dimensionadas pelo método de Ward (1990). Já na metodologia da AISC (2016b), esse tipo de
falha ocorreu apenas secundariamente, com carregamentos limites similares aos calculados para
formação do mecanismo Vierendeel. Ao passo que pela formulação de Lawson e Hicks (2011),
o momento fletor atuou como principal critério de dimensionamento em algumas situações. Os
valores obtidos para os dois últimos métodos citados foram similares, com o segundo
usualmente apresentando valores um pouco mais conservativos. Destaca-se que para este
critério de falha, os modelos simplificados apresentaram os resultados mais próximos aos
determinados pelo método dos elementos finitos.
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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Os resultados obtidos pelos métodos simplificados para a largura efetiva de cada laje podem
ser vistos no Apêndice C. De acordo com as indicações da NBR 8800 (ABNT, 2008), todas
lajes apresentaram valor da largura efetiva igual a ¼ do vão da viga.
Pelas indicações do Eurocode 4 (CEN, 2004), o resultado foi próximo a ¼ do vão da viga para
todas as larguras calculadas. Contatou-se que com exceção dos casos em que se atinge o limite
máximo, os valores obtidos foram levemente superiores aos determinados pela NBR 8800
(ABNT, 2008), uma vez que a norma europeia leva em consideração a distância entre as duas
fileiras de conectores de cisalhamento.
Já a norma chinesa GB50017 (2017) apresentou os resultados mais arrojados, com valores de
largura efetiva próximos a 1/3 do vão da viga para os casos de 1 a 18. Enquanto nas vigas com
vãos maiores, o limite máximo foi atingido, diminuindo a relação Bef/L para valores entre ¼ e
1/3.
Ao passo que os resultados da formulação proposta por Yuan et al. (2016) foram os mais
conservativos dentre os examinados, com razão Bef/L variando entre 0,13 (nos vãos menores)
e 0,07 (nos maiores). Essa diferença pode ser explicada pelo fato de que são considerações
específicas para avaliação da viga no estado limite de serviço, enquanto as normas consideram
o estado limite último.
Ressalta-se que a NBR 8800 (ABNT, 2008), o Eurocode 4 (CEN, 1994) e a AASHTO (2017)
apresentaram resultados muito similares entre si. Não obstante, a última destoou das demais na
determinação do valor máximo para a largura efetiva, obtendo uma largura de 1560mm,
enquanto no restante das normas o limite calculado foi 2600mm.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
164
média da capa da laje de concreto ao longo de sua seção transversal para as subdivisões do
grupo A podem ser vistos nas figuras 7.17 a 7.19. Para fins de comparação com os valores
simplificados calculados, todos os valores foram coletados em pontos onde a viga apresentava
comportamento elástico, antes do início da fissuração ou esmagamento do concreto e do
escoamento do aço.
Notou-se que embora haja diferença na magnitude das tensões, ela se deve principalmente a
variação de carga aplicada no ponto considerado para cada seção. Foi possível constatar
também que a forma com que os esforços se distribuem não foi significativamente afetada pelo
aumento da razão de expansão do perfil nem pela distribuição longitudinal dos alvéolos.
-0,013 A2
-0,018 A3
-0,023 A4
-0,028 A5
-0,033 A6
-0,038 A7
Coordenada Z [cm]
Figura 7.17 - Distribuição de tensões na camada média da capa da laje das vigas A1 a A9
-0,02 A11
A12
-0,04 A13
-0,06 A14
A15
-0,08 A16
-0,1 A17
Coordenada Z [cm] A18
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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Observou-se que nas vigas com relação L/dg próximas a 10 (A1 a A9), a variação de esforços
entre a região de pico e as extremidades foi mais expressiva. Já nas situações com vãos maiores
(L/dg = 15 e 20), o formato dos gráficos foi similar entre si, com esforços distribuídos de
maneira mais uniforme. Tal comportamento está em conformidade com o considerado pelos
métodos simplificados, uma vez que o principal parâmetro empregado para determinação da
largura efetiva da laje é o vão da viga.
-0,01 A5
Tensão em x [kN/cm²]
-0,02 A14
A23
-0,03
A5 cheia
-0,04
A14 cheia
-0,05
A23 cheia
-0,06
Coordenada Z [cm]
Figura 7.20 - Distribuição de tensões na laje para vigas com e sem aberturas na alma
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
166
A principal diferença observada na comparação entre as vigas alveolares e de alma cheia está
na magnitude das tensões atuantes. É possível averiguar que para as vigas estudadas a forma
com que as tensões se distribuem não foi consideravelmente afetada pela presença de aberturas.
Por fim, também foi estudada a influência do grau de conexão entre a laje e o perfil de aço na
distribuição dos esforços na laje. A comparação entre as tensões longitudinais atuantes na laje
ao longo de sua largura para conexão total e parcial são apresentadas nas figuras 7.21 para o
Grupo B e 7.22 para o Grupo E. Destaca-se que os dados empregados para comparação de cada
viga (conexão total x parcial) foram obtidos considerando carregamentos similares entre si.
-0,03 B5
Tensão em x [kN/cm²]
-0,04 B14
-0,05 B23
-0,06 B5 parcial
-0,07
B14 parcial
-0,08
B23 parcial
-0,09
Coordenada Z [cm]
Figura 7.21 - Distribuição de tensões na laje com conexão total e parcial para Grupo B
-0,04
E14
-0,05
E23
-0,06
E5 parcial
-0,07
E14 parcial
-0,08
E23 parcial
-0,09
Coordenada Z [cm]
Figura 7.22 - Distribuição de tensões na laje com conexão total e parcial para Grupo E
Constatou-se então que nas vigas com maior vão (B23 e E23), as tensões se distribuíram
similarmente para os dois tipos de conexão. Houve uma pequena diferença na magnitude dos
esforços, entretanto isso pode ter sua causa ligada às diferenças na convergência da solução
numérica, gerando cargas distintas para os subpassos. Nas vigas com vãos intermediários (B14
e E14) o comportamento da laje foi o mesmo para conexão total e parcial, tanto para o grupo B
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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quanto para o E. Já nas situações com menor vão (B5 e E5), observou-se que o formato da
curva foi levemente alterado, com a seção de conexão parcial apresentando um pico de tensões
mais concentrado que a situação com conexão total, uma vez que os esforços cortantes
predominam em vigas com vãos mais curtos, é coerente que haja uma alteração na largura
efetiva da laje com a variação da interação com o aço.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O emprego de vigas alveolares é interessante por elas apresentarem seções mais altas com a
mesma quantidade de material que o perfil original, além de possuírem apelo estético e
possibilitarem ganhos de pé direito com a passagem de tubulações pelas aberturas na alma. Sua
combinação com uma laje de concreto, formando uma viga mista, melhora o desempenho da
estrutura, tornando-a mais vantajosa. Entretanto, seu uso é limitado pela ausência de indicações
específicas sobre esse tipo de seção na norma brasileira para projeto de estruturas de aço, NBR
8800 (ABNT, 2008).
Assim, este trabalho teve como objetivo a avaliação de diferentes metodologias para
dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto, apresentando formulações
simplificadas presentes na literatura e comparando os resultados com os obtidos através de um
modelo em elementos finitos. Observou-se a influência de diversos parâmetros relativos à
geometria e materiais das seções nos critérios de dimensionamento dominantes de cada viga.
Para isso, foram empregadas as metodologias apresentadas pela AISC (2016b), Ward (1990) e
Lawson e Hicks (2011), sendo que nos dois últimos foram aplicadas as adaptações de Badke-
Neto (2015). Ressalta-se que os valores adotados para largura efetiva da laje e resistência dos
conectores de cisalhamento foram os mesmos para os três métodos citados. Além disso, foram
consideradas as formulações específicas para verificação da instabilidade do montante da alma
propostas por Panedpojaman et al. (2014) e Grilo (2018). Também foi determinada a largura
efetiva da laje para cada seção, aplicando as indicações da NBR 8800 (ABNT, 2008), AASHTO
(2017), EUROCODE 4 (CEN, 1994), GB50017 (2017) e Yuan et al. (2016). Para o modelo
numérico, foi utilizado o script desenvolvido por Benincá (2019) para o software ANSYS.
Na comparação entre seções mistas de alma cheia e alveolares, concluiu-se que o uso da seção
com aberturas foi vantajoso nas vigas com relação entre vão e altura igual ou superior a 20, nas
quais o estado limite para flecha atuou como critério de dimensionamento dominante. Nos vãos
curtos e intermediários, a presença de novos modos de colapso relacionados à presença de
aberturas diminuiu a resistência das vigas.
No estudo paramétrico, constatou-se que o uso dos perfis W360 se mostrou vantajoso para vãos
mais longos, enquanto nos vãos menores o ganho na resistência não compensou o aumento na
quantidade de material empregada. Além disso, observou-se que o emprego da terceira alma de
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cada família (W310x28,3 e W360x44,6) não foi vantajoso, uma vez que houve um grande
aumento no peso de aço da viga com ganho de resistência menos significativo.
Em relação à variação dos comprimentos das vigas, constatou-se que nos métodos simplificados
a principal modificação se deu na comparação entre vãos intermediários e longos, nos quais o
critério de dimensionamento dominante passou a ser o estado limite para flecha. Já nos modelos
numéricos, as vigas apresentaram maior suscetibilidade ao ELS nas seções com vãos
intermediários, fato que não ocorreu pelos métodos simplificados. Verificou-se ainda que a
preponderância da instabilidade do montante da alma não foi afetada pela variação dos vãos.
Quanto à geometria da seção alveolar, concluiu-se que o uso de razões mais altas foi vantajoso
em grande parte das seções, pois houve pequenos ganhos de resistência com uma quantidade
similar de material. Entretanto, nas situações em que o principal critério de dimensionamento
foi a instabilidade do montante da alma, esse aumento na altura não foi benéfico, pois tornou
esse elemento mais esbelto e suscetível à instabilidade. Já para a distribuição horizontal das
aberturas, o uso de uma distância intermediária entre elas se mostrou vantajoso, pois nesses
casos a instabilidade do montante deixou de atuar como critério dominante e houve um ganho
significativo na resistência das vigas. Porém, uma vez evitada a instabilidade, o aumento do
passo não foi proveitoso, pois gerou um aumento no uso de material que não foi compensado
pelos ganhos na resistência.
Outro item estudado foi o grau de conexão entre perfil de aço e laje de concreto. Percebeu-se
que essa alteração teve maior impacto nas seções com vãos menores, em que houve predomínio
do esforço cortante. No modelo de elementos finitos foi possível observar que as seções com
conexão parcial apresentaram menor rigidez que as demais. De modo geral, ocorreu uma
diminuição na resistência das seções com conexão parcial.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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Além da resistência das seções, também foi estudada a largura efetiva da laje para cada viga.
Dentre os métodos simplificados considerados, observou-se que as indicações da NBR 8800
(ABNT, 2008), AASHTO (2017) e EUROCODE 4 (CEN, 1994) apresentaram resultados iguais
ou muito próximos, destoando apenas nos vãos mais longos em função do limite máximo
adotado por cada um. A formulação de Yuan et al. (2016) gerou os valores mais conservativos,
porém tem como foco o estado limite de serviço, ao passo que os demais modelos abordam o
estado limite último. Já a GB50017 (2017) apresentou os resultados mais arrojados dentre os
analisados. Na análise numérica da influência das aberturas da alma na determinação dessa
largura, verificou-se que a distribuição das tensões longitudinais ao longo da laje não foi
significantemente afetada por sua presença. Enquanto na comparação entre seções com conexão
total e parcial, foram observadas alterações nas seções com vãos mais curtos.
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Uma vez que parte das seções simuladas numericamente apresentaram falha da mesa mesmo
possuindo perfis classificados como compactos, recomenda-se a realização de uma análise mais
aprofundada das tensões atuantes nessa região, considerando o emprego tanto de seções
compactas como esbeltas.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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A planilha de cálculo desenvolvida para este trabalho baseou-se nas formulações abordadas no
capítulo 3. Os resultados obtidos por meio dela foram aferidos através dos exemplos indicados
a seguir. Para os métodos de Lawson e Hicks (2011) e Ward (1990), foram empregadas as vigas
apresentadas por Badke Neto (2015), uma vez que a planilha adotou as adaptações do autor
para essas formulações. Já em relação às metodologias da AISC (2016b), Grilo (2018) e
Panedpojaman et al (2014), foram escolhidos exemplos presentes nos próprios textos.
A.1 AISC
Para aplicar a metodologia presente no Steel Design Guide 31 (AISC, 2016b), foi escolhido o
exemplo número 4 do próprio guia. Este consiste numa viga celular mista, biapoiada e
submetida a uma carga uniformemente distribuída. A seção é assimétrica e a laje empregada é
do tipo steel deck. Os parâmetros dos materiais, conectores e cargas encontram-se na Figura A.
1, enquanto informações relativas à geometria estão na Figura A. 2,. Por seguir o padrão
americano, os valores do guia estão no sistema de unidades imperial. Assim, os dados do
exemplo foram convertidos para as unidades empregadas na planilha.
Dados de entrada
Materiais
fck do concreto 20,6827 MPa
Calcular Módulo de elasticidade Ec? (sim ou não) sim
γc 1,4
Tensão de escoamento do aço (fy) 344,738 MPa
Tensão última do aço (fu) 448,1594 MPa
γa1 1,1
Módulo de elasticidade longitudinal do aço (E) 199947,9615 MPa
Conectores tipo stud bolt
Diâmetro do conector (dcs) 19,05 mm
Altura do conector (hcs) 101,6 mm
Espaçamento entre conectores 264,16 mm
Número de conectores por nervura 1
Resistência à ruptura do aço do conector (fucs) 448,1594 Mpa
Coeficiente Rg 1 1
Coeficiente Rp 0,75 2
coeficiente ponderação γcs 1,25 1
Esforços solicitantes
Carga de cálculo 30,0554 kN/m
Carga para flecha (antes da cura do concreto) 6,42092 kN/m
Carga para flecha (curta duração) 11,6744 kN/m
Carga para flecha (longa duração) 2,3348 kN/m
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Dados de entrada
Parâmetros da viga
Vão 15240 mm
Distância entre vigas 2438,4 mm
Distância entre aberturas (S) 731,52 mm
Diâmetro da abertura (D0) 528,32 mm
Largura do montante (bw) 203,2 mm
Largura da extremidade apoiada (a) 406,4 mm
Simétrico (sim ou não) não
Perfil do tê superior (para AISC)
Perfil já expandido (sim ou não) não
Altura do perfil 525,78 mm
Espessura da alma (tw) 8,89 mm
Espessura da mesa (tf) 11,43 mm
Largura da mesa (bf) 165,1 mm
Perfil do tê inferior (para AISC)
Altura do perfil original (d) 535,94 mm
Espessura da alma (tw) 10,287 mm
Espessura da mesa (tf) 16,51 mm
Largura da mesa (bf) 166,624 mm
Laje
Altura da capa da laje de concreto(tc) 76,2 mm
Altura total da laje (ht) 127 mm
Largura entre duas nervuras consecutivas (bn) 264,16 mm
Largura base nervura 150 mm
Larugra superior nervura (Lsup) 200 mm
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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20,8𝑖𝑛 20,8𝑖𝑛 2
𝐶1 = 5,097 + 0,1464 ( ) − 0,00174 ( ) = 7,65
0,350𝑖𝑛 0,350𝑖𝑛
20,8𝑖𝑛 20,8𝑖𝑛 2
𝐶2 = 1,441 + 0,0625 ( ) − 0,000683 ( ) = 2,74
0,350𝑖𝑛 0,350𝑖𝑛
20,8𝑖𝑛 20,8𝑖𝑛 2
𝐶3 = 3,645 + 0,0853 ( ) − 0,00108 ( ) = 4,90
0,350𝑖𝑛 0,350𝑖𝑛
𝑀𝑎𝑙𝑙𝑜𝑤 28,8𝑖𝑛 28,8𝑖𝑛 2
= 7,65 ( ) − 2,74 ( ) − 4,90 = 0,439
𝑀𝑒 20,8𝑖𝑛 20,8𝑖𝑛
sendo que os valores apresentados pelos autores para os mesmos coeficientes foram,
respectivamente, 7,68; 2,75; 4,91 e 0,466. Aplicando os coeficientes revisados, o momento
resistente será igual a 446,46 kip-in, ou seja, aproximadamente 50,44 kNm. Desse modo, a
diferença entre o resultado do exemplo e da planilha será 0,1%, valor condizente com os demais.
A.2 WARD
Para verificar a implementação do método de Ward (1990), empregou-se como base o exemplo
apresentado pelo autor no SCI P100. Entretanto, foram aplicadas as adaptações de cálculo
apresentadas por Badke Neto (2015), uma vez que as mesmas foram adotadas na elaboração da
planilha.
A viga estudada é do tipo celular mista, biapoiada, com laje steel deck e está submetida a um
carregamento uniformemente distribuído. A seção alveolar é simétrica, com tê superior e
inferior obtidos a partir de um perfil UB 457x191x67. Valores relacionados a geometria do
perfil e da laje estão apresentados na Figura A. 3, enquanto os parâmetros dos materiais,
conectores e carregamentos se encontram na Figura A. 4.
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Dados de entrada
Parâmetros da viga
Vão 10000 mm
Distância entre vigas 3000 mm
Distância entre aberturas (S) 600 mm
Diâmetro da abertura (D0) 400 mm
Largura do montante (bw) 200 mm
Largura da extremidade apoiada (a) 300 mm
Simétrico (sim ou não) sim
Perfil expandido (para LH e Ward)
Altura do perfil expandido (dg) 626,8 mm
Espessura da alma (tw) 8,5 mm
Espessura da mesa (tf) 12,7 mm
Largura da mesa (bf) 189,9 mm
Área do perfil expandido 9935,36 mm2
Inércia do perfil expandido 608892706,1 mm4
Laje
Altura da capa da laje de concreto(tc) 80 mm
Altura total da laje (ht) 130 mm
Largura entre duas nervuras consecutivas (bn) 300 mm
Largura base nervura 120 mm
Largura superior nervura (Lsup) 276 mm
Dados de entrada
Materiais
fck do concreto 30 MPa
Calcular Módulo de elasticidade Ec? (sim ou não) sim
Se não, preencher valor de Ec MPa
Massa específica concreto (ρc) 2400 kg/m³
Área armadura tração (as) 0 mm²/m
γc 1,4
Tensão de escoamento do aço (fy) 355 MPa
Tensão última do aço (fu) 490 MPa
γa1 1,1
Módulo de elasticidade longitudinal do aço (E) 200000 MPa
Módulo de elasticidade transversal do aço (G) 77000 MPa
Conectores tipo stud bolt
Diâmetro do conector (dcs) 19 mm
Altura do conector (hcs) 95 mm
Espaçamento entre conectores 300 mm
Número de conectores por nervura 1
Resistência à ruptura do aço do conector (fucs) 450 Mpa
Coeficiente Rg 1 1
Coeficiente Rp 0,75 2
coeficiente ponderação γcs 1,25 1
Esforços solicitantes
Carga de cálculo 38,1 kN/m
Carga para flecha (antes da cura do concreto) 7,14 kN/m
Carga para flecha (curta duração) 19,5 kN/m
Carga para flecha (longa duração) 0 kN/m
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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está relacionada principalmente ao número de casas decimais utilizados em cada caso. Esse
ponto pode ser visto principalmente no caso da verificação do mecanismo Vierendeel, onde
houve o acúmulo de uma série de arredondamentos feitos pelo autor do exemplo, culminando
numa diferença de 2,2% entre os resultados.
Observa-se ainda que a maior diferença entre a planilha e o exemplo ocorre na determinação
da resistência à instabilidade do montante da alma, com 4%. Nesse caso, constatou-se que o
autor cometeu um equívoco na determinação do coeficiente C1:
400𝑚𝑚 400𝑚𝑚 2
𝐶1 = 5,097 + 0,1464 ( ) − 0,00174 ( ) = 8,1331
8,5𝑚𝑚 8,5𝑚𝑚
O valor apresentado pelo autor para C1 é 8,1464. Aplicando-se essa correção, o momento
máximo admissível calculado é de 39,36kNm, apresentando uma diferença praticamente nula
em relação ao valor da planilha.
Para verificar o método de Lawson e Hicks (2011), foi empregado o exemplo numérico de
Oliveira (2012), com as adaptações implementadas por Badke Neto (2015). Trata-se de uma
viga celular mista, biapoiada e submetida a uma carga uniformemente distribuída. A seção
expandida é simétrica. Os parâmetros geométricos do perfil e laje podem ser vistos na Figura
A. 5. Enquanto os dados relacionados aos materiais, conectores e cargas solicitantes estão
indicados na Figura A. 6.
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Dados de entrada
Parâmetros da viga
Vão 10000 mm
Distância entre vigas 2000 mm
Distância entre aberturas (S) 550 mm
Diâmetro da abertura (D0) 400 mm
Largura do montante (bw) 150 mm
Largura da extremidade apoiada (a) 400 mm
Simétrico (sim ou não) sim
Perfil expandido (para LH e Ward)
Altura do perfil original (d) 550 mm
Altura do perfil expandido (dg) 550 mm
Espessura da alma (tw) 11,1 mm
Espessura da mesa (tf) 17,2 mm
Largura da mesa (bf) 210 mm
Área do perfil expandido 13400 mm2
Inércia do perfil expandido 671200000 mm4
Laje
Altura da capa da laje de concreto(tc) 60 mm
Altura total da laje (ht) 120 mm
Largura entre duas nervuras consecutivas (bn) 200 mm
Largura base nervura 100 mm
Larugra superior nervura (Lsup) 140 mm
Dados de entrada
Materiais
fck do concreto 30 MPa
Calcular Módulo de elasticidade Ec? (sim ou não) sim
Massa específica concreto (ρc) 2400 kg/m³
Área armadura tração (as) 0 mm²/m
γc 1,4
Tensão de escoamento do aço (fy) 235 MPa
Tensão última do aço (fu) 360 MPa
γa1 1,1
Módulo de elasticidade longitudinal do aço (E) 200000 MPa
Módulo de elasticidade transversal do aço (G) 77000 MPa
Conectores tipo stud bolt
Diâmetro do conector (dcs) 19 mm
Altura do conector (hcs) 100 mm
Espaçamento entre conectores 200 mm
Número de conectores por nervura 2
Resistência à ruptura do aço do conector (fucs) 450 Mpa
Coeficiente Rg 0,85 2
Coeficiente Rp 0,6 3
coeficiente ponderação γcs 1,25 1
Esforços solicitantes
Carga de cálculo 36,15 kN/m
Carga para flecha (antes da cura do concreto) 7,35 kN/m
Carga para flecha (curta duração) 15 kN/m
Carga para flecha (longa duração) 3 kN/m
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
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A.4 PANEDPOJAMAN
Nesse caso, determinou-se apenas o esforço vertical resistente da seção de cada viga. A
comparação entre os resultados obtidos está exibida na Tabela A. 4. Nela, é possível observar
que os valores são muito próximos, com uma diferença relacionada ao número de casas
decimais adotado em cada caso.
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Dados de entrada
CB1 CB3
Parâmetros da viga
Vão 6840 4500 mm
Distância entre aberturas (S) 570 500 mm
Diâmetro da abertura (D0) 380 375 mm
Largura do montante (bw) 190 125 mm
Largura da extremidade apoiada (a) 380 312,5 mm
Simétrico (sim ou não) sim sim
Perfil expandido (para LH e Ward)
Altura do perfil original (d) 400 398 mm
Altura do perfil expandido (dg) 555 574,8 mm
Espessura da alma (tw) 8,6 6,4 mm
Espessura da mesa (tf) 13,5 8,6 mm
Largura da mesa (bf) 180 141,8 mm
Laje
Altura total da laje (ht) 130 150 mm
Materiais
fck do concreto 42 35 MPa
Calcular Módulo de elasticidade Ec? (sim ou não) sim sim
γc 1 1
Tensão de escoamento do aço (fy) 489 303 MPa
γa1 1 1
Módulo de elasticidade longitudinal do aço (E) 200000 200000 MPa
A.5 GRILO
A formulação de Grilo (2018) foi aferida utilizando um exemplo apresentado pelo próprio autor.
Trata-se de uma viga celular com perfil simétrico obtido a partir de um W410x38,8. Os dados
de entrada do problema estão ilustrados na Figura A. 8.
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Dados de entrada
Parâmetros da viga
Distância entre aberturas (S) 500 mm
Diâmetro da abertura (D0) 375 mm
Largura do montante (bw) 125 mm
Largura da extremidade apoiada (a) 312,5 mm
Simétrico (sim ou não) sim
Perfil expandido (para LH e Ward)
Altura do perfil original (d) 349 mm
Altura do perfil expandido (dg) 453,7 mm
Espessura da alma (tw) 5,8 mm
Espessura da mesa (tf) 8,5 mm
Largura da mesa (bf) 127 mm
Tensão de escoamento do aço (fy) 345 MPa
γa1 1
Módulo de elasticidade longitudinal do aço (E) 200000 MPa
Para esse caso, foi avaliado o esforço cortante horizontal resistente da viga. Os valores obtidos
no exemplo e pela planilha podem ser vistos na Tabela A. 5. É possível observar que a diferença
entre eles é muito baixa, estando relacionada aos arredondamentos adotados pelo autor nas
etapas do cálculo.
Tabela A. 5 - Comparação de resultados
Esforço Exemplo Planilha Diferença
Cortante
horizontal 84,36 84,44 0,1%
resistente [kN]
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Neste item são apresentadas as cargas últimas e os modos de falha associados a elas para cada uma das vigas estudadas.
B.1 Grupo A
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A21 15,6 FCH 15,2 FCH 12 FCH 18,8 MF 19,6 21 MF 19,4 MF/VRD 13,6 VRD 19 FCH
A22 12,9 FCH 13,6 FCH 10,8 FCH 14,5 IMA 18,4 11,5 19,4 MF 14,7 IMA 13,1 VRD 16,8 FCH
A23 15,8 FCH 15,7 FCH 12,5 FCH 19,1 MF 19,4 20,4 MF 19,8 MF/VRD 13,8 VRD 19,7 FCH
A24 14,2 FCH 14,1 FCH 11,2 FCH 17,7 MF 17 19,4 MF 18,3 MF/VRD 13,3 VRD 18,1 FCH
A25 12 FCH 12,7 FCH 10,1 FCH 12,5 IMA 16,6 10,4 18,4 MF 13,8 IMA 12,8 VRD 16 FCH
A26 12,5 FCH 12,5 FCH 9,9 FCH 16,2 FCH 16,1 16,9 MF 16,8 MF/VRD 12,7 VRD 16,3 MF
A27 13,5 FCH 13,2 FCH 10,5 FCH 16,9 MF 15 18,1 MF 17,4 MF/VRD 13 VRD 17,4 FCH
70
60
50
Carga [kN/m]
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Deslocamento em y no centro do vão [mm]
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191
B.2 Grupo B
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192
100
90
80
70
60
Carga [kN/m]
50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Deslocamento em y no centro do vão [mm]
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193
B.3 Grupo C
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194
120
100
80
Carga [kN/m]
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Deslocamento em y no centro do vão [mm]
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195
B.4 Grupo D
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196
120
100
80
Carga [kN/m]
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Deslocamento em y no centro do vão [mm]
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197
B.5 Grupo E
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198
120
100
80
Carga [kN/m]
60
40
20
0
0 50 100 150 200 250 300
Deslocamento em y no centro do vão [mm]
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199
B.6 Grupo F
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200
140
120
100
Carga [kN/m]
80
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Deslocamento em y no centro do vão [mm]
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201
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202
90
80
70
60
Carga [kN/m]
50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Deslocamento em y no centro do vão [mm]
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203
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120
100
80
Carga [kN/m]
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Deslocamento em y no centro do vão [mm]
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
214
Neste item são apresentados os valores obtidos para a largura efetiva da laje de acordo
com cada metodologia de cálculo considerada.
C.1 Grupo A
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
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C2. Grupo B
C.3 Grupo C
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
216
C.4 Grupo D
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.
217
C.5 Grupo E
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Estudo de diferentes metodologias para dimensionamento de vigas celulares mistas de aço e concreto.
218
C.6 Grupo F
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Luiza Girelli Chitolina ([email protected]). Dissertação de Mestrado. PPGEC/UFRGS. 2022.