Apontamentos Antropologia

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O QUE É A ANTROPOLOGIA?

A origem etimológica
A palavra “antropologia” deriva das palavras gregas “logos” (estudo) e “anthropos” (humanidade) e
significa, literalmente, “estudo da humanidade”. Porém, a antropologia, na época antiga, não era
exatamente o que é atualmente. Para os gregos e romanos, a “antropologia” era uma “ciência dedutiva”,
isto é, uma discussão baseada em deduções abstratas sobre a natureza dos seres humanos e o significado
da existência humana. O seu método de verificação do conhecimento era o método dedutivo, que
consistia em chegar a uma conclusão particular, partindo de premissas universais. Tratava-se, portanto,
de um caminho que vai do geral ao particular. A verdade radicava no facto do particular ser uma parte
mais do geral. Partia-se de uma teoria geral para testar hipóteses (propostas de relações entre variáveis –
dados que variam caso a caso) derivadas dessa teoria.

PRÉ-HISTÓRIA

 O desejo de conhecer trouxe ideias de perigo e preconceitos e incompreensão, suscitando dúvida


de outros habitantes dos novos continentes fossem verdadeiramente homens e pela suspeita de
que na sua alma prevalecesse apenas a barbárie e a crueldade, tornaram sempre difíceis as
relações.
 Grécia - a imagem do estrangeiro como “bárbaro”
 Heródoto (séc. V a.C.) – “Histórias”: descrição das guerras com os Persas
 Estrabão (64 a.C. – 24 d.C.) – “Geografia”: Produto de viagens a todo o mundo conhecido à
época. História, religião, costumes locais e as instituições dos diferentes povos estão misturados
às descrições geográficas.
 Pausanias (séc. II d.C.) – “A Descrição da Grécia”. Método: observação directa e citação de
autores.
 Entre as causas que alimentam, os preconceitos étnicos encontra-se a prespetiva etnocêntrica que
os europeus descrevem como a história dos conhecimentos etnológicos e geográficos.
 A conquista europeia teve um impulso na exploração e domínio de outros povos. O primeiro
desenvolvimento do pensamento antropológico pode dividir-se em três períodos:
1. A fase da curiosidade e do exotismo; os escritores descrevem os outros povos como objeto de
admiração e de espanto
2. A fase da comparação iluminística; os costumes dos povos “novos# foram comparados aos
costumes dos povos bíblicos e clássicos para se extraírem deduções sobre a natureza do homem e
sobre o significado das leis sociais
3. A fase da análise evolucionista. A comparação torna-se no método próprio da pesquisa
antropológica virada para a pesquisa das origens e da evolução da cultura.

1. FASE DA CURIOSIDADE (relatos de femnomenos huamnos


 Na antiguidade clássica, os escritores gregos demonstraram interesses antropológicos. Para
estes escritores era necessário a viagem “ver com os próprios olhos” quase como uma atitude
de pesquisa de campo, contudo a descrição destes escritores afasta-se da observação pessoal,
cai na mesma visão fantástica dos poetas.
 Em geral, os nomes étnicos provem de uma peculiaridade por exemplo, da maneira de se
alimentar (ictiófagos – comedores de peixes …)
 As mesmas qualidades e as mesmas insuficiências se notam nos escritores romanos. Quando
houve o contacto pessoal e a observação direta as descrições são circunstanciadas, objetivas e
exatas.
 Tácito acerca dos germanos, César acerca dos gauleses e também Tito e Lívio. No geral
registam-se informações fabulosas e estranhas.
 A idade Média é o período dos grandes itinerários e das longuíssimas viagens em direção ao
oriente. As suas narrações, ainda que relatem impressões vivas, entrelaçam-se com
interpretações imagininosas e miraculosas para satisfazer a credulidade popular da época - Os
Bestiários fantásticos
 A ideologia da Igreja Cristã (o mito do Génesis) – Humanidade dividida entre cristãos e
gentios. Os povos do livro. A queda do Homem e a dispersão das Tribos de Israel.
 Entre os viajantes, alem dos missionários Rubruquis e Pian dei Carpini, recorda-se em
particular, Marco Polo. O autor de O Milhão descreve populações da Asia e da Africa. O seu
tem é de assombro para causar estupefaciente espanto face às coisas que se lhe deparavam,
mas muito mais diversas e estranhas para a mentalidade e os costumes europeus.
 O período das grandes descobertas da América fez cair uma serie de preconceitos sobre as
características do globo, sobretudo quanto à difusão e natureza do homem.
 Mas para além do espanto e dos ideais religiosos prevaleceu a cupidez do outro e do poder.
 A crueldade e a violência mancharam a ação política dos conquistadores em relação Às
populações autóctones.
 O abuso do poder imposto com as armas caracteriza toda a política que se seguiu. O domínio
sobre as populações locais é brutal, destacando-se alguns problemas tais como tráfico de
escravos. Discussões teológicas em Valadolid: a existência (ou não) da alma dos índios e a
existência de alguns escritores como Frei de Barnardino de Sahagun em defesa dos povos
locais e acusação aos conquistadores.

2. IDADE DAS LUZES


 É preciso chegar ao primeiro período do seculo XVIII (17) para passar à fase comparativa. Em
1724 a obra do missionário jesuíta Lafitau que viveu muito tempo entre os Iroqueses da América
Setentrional. Na comparação da cultura iroquesa e dos costumes dos povos da Bíblia e dos
escritores clássicos surge interesse em encontrar uma explicação destas semelhanças no género
humano.
 Pouco depois surge o livro de Brosse, procura o paralelismo entre a Antiguidade Clássica
(Egipto) e a cultura atual dos negros.
 Criação do termo feitiço usado pela primeira vez pelos viajantes portugueses para descrever
estatuetas e os objetos de culto feito à mão nas regiões da Africa ocidental.
 O feiticismo foi considerado como uma fase típica do desenvolvimento religioso, os
evolucionistas incluíram este conceito.
 Uma busca para explicação da cultura europeia em confronto com a cultura dos povos selvagens
torna-se o tema dominante no período iluminista.
 As viagens de Cook forneceram notícias do povos míticos ou de guerreiros organizados em
fortes
 D discussão sobre sociedade como forma natural de viver, chama-se estas populações de
“homem natural” “selvagem bom” livre das superstruturas da civilização
 Nas cartas de Persas, Montesquieu difunde a imagem de uma civilização “selvagem” regulada so
por leis da natureza, dela faz um mito.
 Introduz a divisão trina “povos selvagens, bárbaros e civilizados” que se tornará a base das
sequencias da evolução do seculos seguinte.
 O modelo do homem natural serve de forma análoga a Rousseau para delinear o ideal de
educação espontânea e livre.
 O significado metodológico do período iluminista não vai além da superação do limite da
curiosidade e do exótico; a perspectiva permanece aproximativa e apriorística com deduções
ideológicas completamente subjetivas. Todavia o caminho ficou aberto para a valorização
sistemática dos conhecimentos etnográficos.

3. SISTEMATIZAÇÃO CIENTIFICA

 Depois do período iluminista a cultura europeia estende-se Às populações de todos os


continentes.
 As sociedades de antropologia e de etnologia nas principais nações europeias nascem então
como a expressão mais significativa dos novos designos científicos e sistemáticos.
 A primeira sociedade surge em França, fundada por Edward.
 André-Marie insere as “ciências noológicas” como disciplina autónoma de estudo num
quadro sistemático do saber. Broca fundou a sociedade de Antropologia de Paris.
 O conceito de progresso foi formulado por Spencer (1820-1903) aparecido na revista Leader.
Spencer observava que o mais simples e o mais pobre é sempre mais antigo do que o mais
complexo e o mais rico. É um princípio basilar e constitui-o a lei fundamental do
desenvolvimento, o qual por isso, se dá de maneira uniforme e o logica do mais simples para
o mais complexo, do mais baixo para o mais alto, do homogéneo para o heterogéneo.
 Spencer considerava a sociedade com um superorganismo. Todos os seres vivos da natureza
surgem como organismos naturais. Os homens desenvolvem uma capacidade intelectual,
cultural e social acima dos organismos naturais. É necessário por isso analisar a evolução das
sociedades humanas no seu desenvolvimento, nas suas estruturas, funções e nos seus
produtos. Os povos primitivos eram representantes dos primeiros graus evolutivos,
demonstração mais clara da evolução.
 O título do livro de Darwin “Origem das espécies sobre a seleção natural” teve mesmo ponto
de vista. O assunto principal da pesquisa de Darwin era o problema de grande variedade de
seres.
 O princípio da evolução e do progresso encontrava no mundo biológico da natureza uma
demonstração esmagadora e apresentava-se como um modelo para a pesquisa das origens de
todas as manifestações de vida, incluindo a do pensamento e da cultura humana.
 Antropologia estudando múltiplas variantes da cultura encontrou sentido e orientação no
modelo darwiniano, precisamente no momento em que se insere como disciplina específica
no quadro das ciências do homem.
4. ESCOLA EVOLUCIONISTA (obras) (??)

 O evolucionismo esta dividido entre uma filosofia teológica da historia marcada pela crença no
destino ascendente da civilização e por outro lado pela determinação da historia graças algum
fator predominante (biológico: Darwin; Técnico: Morgan; económico: Marx; espiritual: Frazer.
 Na base do parentesco haveria uma fase de promiscuidade sexual primitiva não regulamentada
(Lubbock), depois do matriarcado (Bachofen) e, por fim a família patriarcal (Morgan). A
primitividade absoluta comportaria promiscuidade sexual comunismo primitivo, infanticídio
feminino, ginecocracia, rapto da noite, poliandria arcaica.
 Lubbock ordena os factos culturais e concentra a sua atenção sobre a origem e o
desenvolvimento da religião. Na origem da cultura humana deve-se pressupor um estádio zero e,
no que respeita à religião, de uma forma de ateísmo não a negação mas a ausência da ideia de
Deus. Deste pressuposto, encontrou a confirmação na existência de povos primitivos sem
religião.
 Taylor, propõem outra sequência para o desenvolvimento religioso. Procura uma definição de
religião, isto é, uma crença em seres espirituais. A partir dos fenómenos do sonho, da alucinação,
das visões o homem teria criado à ideia da existência de um outro si mesmo, de uma alma, e dai
seres espirituais. Ser espiritual é assim sinonimo de alma, o sistema religioso analisado por Tylor
é chamado de animismo.
 A partir do animismo a religião teria evoluído para o feiticismo, a idolatria, politeísmo e
finalmente para o monoteísmo. A ideia de um Deus único seria o cimo da escala evolutiva
religiosa.
 Taylor é conhecido pelo conceito de cultura e pelo método positivista de estudo.
 O conceito de cultura, integração étnica, a estrutura e a função, o relativismo das variantes
culturais, o individuo e a comunidade.
 Taylor foi também um dos primeiros antropólogos a servir-se da estatística como método de
estudo.
 Introduz por outro lado, define o conceito de sobrevivência para explicar certos aspetos
primitivos como por exemplos as formar de superstição e de feiticismo das religiões monoteístas.

5. DIFUSIONISMO

 A corrente difusionista visa estudar a distribuição geografia dos traços culturais, explicando uma
presença por uma sucessão de empréstimos de um grupo para o outro.
 É representada por 3 escolas: Britanica (heliolitica: Smith e Perry) que provariam a origem
egípcia da civilização; Germano-austríaca, implica solidas pesquisa de traços difusos e de vias de
situação que apelam a linguística, arqueologia e a historia; norte-americana pesquisas de terreno
e de reconstrução históricas de caracter limitado, dados exatos e quantitativos sobre a circulação
social e geografia.
Fran Boas (1858-1942). – estudar de forma profunda sem teoria (nem evolucionismo nem
difusionismo) – mas no fundo era difucionalista
 A observação das condições do empréstimo e do desenvolvimento interno das sociedades levou
Boas a considerar o estudo descritivos dos fenómenos de difusão apenas como um estado inicial
ao estudo de aculturação e das mudanças culturais
 Propõem uma reflexão sobre o motivo dos empréstimos, a forma de incorporação na cultura
recetora, o papel dos pioneiros, a parte das rejeições, assimilações, reinterpretações e inovações
provocadas por estes empréstimos.
 Admite que elementos semelhantes podiam ser inventados varias vezes em culturas diferentes e
limita a análise comparativa a setores geográficos restritos
 Fundador da antropologia cultural norte-americana, Boas descreve factos humanos concretos,
línguas e os mitos visando a exaustividade, mas sem literatura.
 Ficamos a dever-lhe o estabelecimento do limitado método comparativo, pouco fiável sem o
cálculo estatístico das probabilidades.
 Estudo grande parte os Índios da América do Norte
 Rejeita as distinções evolucionistas entre a raça inferior e raça superior, cultura rudimentar ou
evoluída e demonstra que os elementos culturais viajam sozinhos, isolados e não em bloco ou
por pacotes, o que levou a teorizar sobre a relação entre variabilidade história e invariantes
culturais e demonstrar que uma cultura relativamente integrada não consegue absorver seja o que
for.

6. CULTURALISMO

 O culturalismo (anos 30 nos Estados Unidos) define a cultura como sistema de comportamentos
aprendidos e transmitidos pela educação, a imitação e o condicionamento, num dado meio social
 Diferente dos difusionistas, os culturalistas deram aos seus trabalhos uma orientação psicológica
e tentaram saber como é que a cultura esta presente nos indivíduos e como é que orienta os seus
comportamentos.

Linton (1893-1953)
 Linton procurou elaborar uma teórica das relações entre cultura e personalidade.
 A sua originalidade reside:
a) No conteúdo psicológico que atribui à cultura pela insistência na transmissão e na estruturação
dos comportamentos graças à educação
b) Na importância que concede aos modelos culturais, formas típicas de pensar e de agir própria de
uma cultura
c) Na distinção que estabelece entre cultura real, com os modelos interiorizados pelos indivíduos e
cultura construída a partir de frequências máximas de aparecimentos de determinados
comportamentos
d) No exame de variantes individuais em relação as normas das variantes em função do sexo, idade,
profissão, instrução e fortuna. As variantes toleradas agem sobre a dinâmica da cultura.
e) Na sua teoria de aculturação, especto de modificação cultural por contactos e influências.
 Apresenta a aculturação como um conjunto de fenómenos que resultam do contacto contínuo e
direto entre grupos de cultura diferentes, com as modificações subsequentes nos modelos
culturais originais de um ou dois grupos.
Abraham Kardiner (1891-1981)
 Os costumes e formar de disciplina, variáveis segundo as sociedades, adquiridos na infância e na
adolescência são considerados como decisivos na constituição do equipamentos mental dos
indivíduos.
 Kardiner reconhece que a hereditariedade, as disposições inatas, a historia individual levam ao
aparecimentos de uma determinada gama de personalidades, mas não deixa de sublinhar a
importância primordial da personalidade base.
 Personalidade base é a “configuração psicológica particular, própria dos membros de uma
determinada sociedade e que se manifesta por um certo estilo de vida, sobre o qual os indivíduos
tecem as suas variantes singulares.
 Esta, é transmitida pelas instituições a quem chama de primarias (família, educação, técnicas…)
porque ligadas as primeiras experiencias de elaboração da personalidade, aparece idealizada num
sistema de projeções a que chama instituições secundarias (religião, folclore…), consequências
das precedentes.
Ruth Bendict (1887-1948)
 As diferenças e especificidades culturais podem ser tipolizadas, não a partir da presença ou da
ausência deste ou daquele traço, desta ou daquela instituição, pois a cultura não consiste numa
serie de elementos, mas a partir de orientações convergentes, sendo a unidade significativa a
configuração geral que permeia as instituições, a vida social e os comportamentos individuais.
 Uma cultura define-se pelas grandes correntes ideológicas e afetivas que impregnam na sua
globalidade.
Margaret Mead (1901-1978)
 Estudo grupos oceânicos, a relação de ocorrência entre os modelos cultuais e a forma como a
educação culmina na estruturação da personalidade adulta reconhecida como normal numa
sociedade
 Ao contrário do que acontece na sociedade norte-americana a crise da adolescência não existe
nas ilhas Samoa, graças a métodos de educação progressivos e maleáveis, a uma atitude liberal
em relação à sexualidade e a uma ausência de responsabilidades económicas e sociais.
Criticas:
a) Simplificaram o problema da personalidade
b) Terem definido mal os padrões formas de comportamentos observáveis ou referencias implícitas
e inconscientes do pensamento e da ação
c) Terem negligenciado o não-codificável
d) Terem pressuposto a anteriodade logica da cultura

7. FUNCIONALISMO
 O termo funcionalismo impôs-se na Grã-Bretanha nos anos 1930-1950 graças a Malinowski e a
Radcliffe-Brown (1881-1955).
 Esta corrente privilegia o estudo empírico dos factos sociais no terreno e apreende-os como uma
totalidade ordenada, passível de um tratamento cientifico.
 A atitude consistem em recolocar os factos descritos no seu contexto social a fim de os
interpretar e, em seguida, explicar um fenómeno social pela totalidade na qual ele se inscreve e
na qual se postula ter uma ou várias funções, assim como um relacionamento com cada um dos
elementos do conjunto, eles mesmo interdependentes e disposto em configurações.
 Foram 3 as noções: utilidade, causalidade e de sistema.
Malinowski (funcionalismo absoluto)
 Revoluciona a investigação concedendo o primeiro lugar ao inquérito de campo e elaborando o
método de observação-participação.
 Define cultura como “aparelho instrumental que permite ao homem resolver da melhor maneira
os problemas concretos e específicos que deve enfrentar no seu meio, quando tem de satisfazer
às suas necessidades”
 As instituições criadas pelo homem com elementos integrados são respostas adaptáveis as
necessidades elementares e as necessidades derivadas de caracter cultural
 3 Sobrepostos:
a) O da unidade funcional da sociedade: cada elemento de uma sociedade serie funcional para todo
o sistema
b) O funcionalismo universal: todo o elemento cultural ou social excuta uma função
c) O da necessidade: cala elemento é uma parte essencial do conjunto social
Merton
Para corrigir os sobrepostos:
a) Conceito de equivalente ou de substituto funcional: um só elemento pode ter arias funções e uma
única função pode ser realizada por elementos intercambiáveis Cada necessidade apela para
varias respostas e cada resposta corresponde a várias necessidade
b) Conceito de dis-função que incomoda a adaptação ou ajustamento ao sistema
c) Conceito de função latente não desejada pelos participantes, a distinguir da função manifesta ou
intencional
Radcliffe-Brown (funcionalismo estrutural)
 Visto como precursor do estruturalismo de Strauss
 A função contribui para a organização ação de um conjunto mas não predetermina a instituição
que a realiza. Reconhece mutações e equivalentes funcionais, interessa-se pelos sistemas de
relação entre homens e grupos, distingue os arranjos sociais observados e os princípios não
diretamente observareis que os regem.
Criticas:
O funcionalismo não explica nem a génese nem as transformações de uma cultura ou de uma
organização. A crítica é valida também para o estruturalismo.

8. TENDÊNCIA DA ETNOLOGIA FRANCESA


 O estudo primordial das representações coletivas manter-se-á por muito tempo contrato nos
fenómenos religioso.
Durkheim
 Pretende explicar o social pelo social tratar os factos sociais como coisas e deduzir comparações
entre meios homogéneos. Por exemplo a dos Aborígenes da Austrália.
 “Formas elementares da vida religiosa” – as ideias chave são: mana (força) e de tabu (interdito)
 Crença e ritos garantem a coesão e a continuidade da sociedade e a relegião portanto, o sagrado,
seria apenas a epresentaçao hipervalorizada da sociedade por si própria.
 As tribos primitivas como “micro-sociedades”.
 Dois tipos de solidariedade social: mecânica (por semelhanças) e orgânica (por cooperação,
graças à divisão do trabalho). Correspondem ao direito repressivo (face ao crime) e ao direito
cooperativo (defesa do indivíduo). A personalidade individual liberta-se da personalidade
colectiva.
 Três tipos – Egoísta, Altruísta e Anómico.
Mauss
 “Pai da etnologia francesa”
 Deu importância da troca e da dávida nas sociedades arcaicas, as técnicas do corpo e a magia
apesar de ter acentuado bastante a oposição magia-religião e de não ter separado a magia da
feitiçaria.

9. ESTRUTURALISMO
Levi-Strauss
 Posiciona-se do outro lado do empirismo cultural anglo-saxonico.
 A semelhança da linguística procura descobrir as regras de organização independentemente da
consciência dos sujeitos falantes.
 Analisa o parentesco como sistema de comunicação e de troca entre estatutos e papeis socias, de
acordo com o princípio de reciprocidade, que consiste em interditar o parente próxima para
trocar por um cônjuge proveniente de outro grupo.
 Procura as leis universais que regem as atividades inconscientes do espirito, rejeita a questão da
origem dos fenómenos em proveito de um estudo das suar formas
 A atividade inconsciente do espirito consiste em impor idênticas formas a conteúdos diversos
 A estrutura é um tipo de formalização que se adapta a um conteúdo variado. Serve para
distinguir relações sociais, matéria primeira utilizada na construção de modelos que tornam
manifesta a estrutura social.
 Quanto às estruturas Strauss desvenda-as tanto no parentesco como na aliança como no mito de
Epipo e na cura xamânica. As aldeias índias podem estar estruturadas espacialmente de forma
diametral ou concêntrica.

Pós-colonialismo
 O pós-colonialismo analisa os efeitos deixados pelos colonialismos nas culturas das etnias
colonizadas. Os fenómenos da aculturação, etnocídio e creolização.
 O antropólogo vira-se para as sociedades de pescadores, pastores e camponeses, situadas dentro
da sua própria civilização.

Pós-modernidade
 A pós-modernidade é um conceito ligado à crise de representação do Homem como agente do
conhecimento. O axioma “moderno” que se pode conhecer o Homem através do pensamento
racional é posto em causa. A multiplicidade, a fragmentação e a entropia do conhecimento são
valorizados.
 O antropólogo estuda nichos de culturas urbanas e os seus múltiplos objectos e temas. Assuntos
como a globalização e a multiculturalidade misturam o que antes estava separado. A cultura de
massas (imprensa, rádio, televisão, multimédia, internet).
PARENTESCO
INTRODUÇÃO
a) Historia
Os estudos do parentesco constituem a verdadeira base das pesquisas antropológicas. Desenvolvem-se
em 3 etapas:
1.
 Em 1861, Maine que abre caminho às reflexões dos evolucionistas.
 Uma liga política das famílias soberanas teria invocado uma genealogia comum, para elaborar os
primeiros grupos de descendência, pelas gentes romanas.
 Para Morgan a família com função domestica distingue-se da gens com função politica.
 A autoridade das instituições matrilineares em relação as patrilineares, as quais mostram
sobrevivências do matriarcado;
2. Os estudos do parentesco desenvolvem-se em três direções: a) a teoria dos grupos e resdes de
filiação unilinear; b) as teóricas da aliança do casamento (Lévi-Strauss) e do folclore familiar; c)
o estudo das terminologias
3. Em 1949 renova o conjunto de prespetivas sobre estruturas de parentesco. Historiadores como
Duby e Legendre demonstram o peso da Igreja no consentimento mutuo, na liberdade de fazer
testamento, na proibição de divórcio, de conbinato e de casamento entre parentes. Insistem no
parentesco espiritual como contrapartida aos parentes carnal, quanto a critica feminista e as
técnicas de procriação medicamente assistidas conduzem agora a um reexame da filiação

b) O parentesco como laço


 O parentesco define-se como um conjunto de laços que unem geneticamente (filiação,
descendência) ou voluntariamente (aliança, pacto sangue) um determinado numero de
indivíduos.
 Tem um caracter mais sociocultural do que biológico tanto mais que o laços de consanguinidade
podem não ser reconhecidos socialmente em casos de paternidade podem não ser reconhecidos
socialmente em casos de paternidade ilegítima.
 O parentesco do ponto de vista biológico releva da natureza, mas é sobretudo um laço jurídico e
um código moral, pois a sociedade atribui as representações mentais relativas ao sistema e aos
laços de parentesco um poder de coação e de normatividade.
 Um sistema de parentesco é uma rede complexa delações com numerosas ramificações.
 Estes laços resumem-se a 3 relações primárias: a filiação (pais e filhos), a germanidade (irmão-
irmã), aliança (marido-mulher)
 Levi-Strauss acrescenta que para construir o que ele chama de célula nuclear de parentesco a
relação avuncular (tio-sobrinho)
 Quando a relação de filiação é familiar, a relação avuncular é rigorosa, mas quando o pai é
autoritário familiar o tio é tratado com liberdade. Da mesma forma, se o laço entre irmão e irmã
é apertado entre cônjuges é mais largo ou inversamente.

FILIAÇÃO
a) Sistemas de filiação
 Definida por Rivers como a transmissão da qualidade de membro de uma família, a filiação
entende-se como o conjunto das regras que definem a identidade social da criança em relação aos
seus ascendentes, e que determinam a hierarquia dos membros da família
 A filiação chama-se indiferenciada, quando o parentesco é reconhecido dos dois lado e quando
hà identidade de direitos e de deveres com respeito aos parentes paternos e maternos
 Em muitas sociedades do Terceiro Mundo domina o tipo de descendência unilateral
 A regra de filiação unilinear determinar o grupo dos parentes de que o individuo se tornara
mesmo entre os descendentes biológicos de um mesmo antepassado.
 Se os direitos sociais, a categoria, o apelido a religião os antepassados os bens são transmitidos
pelos parentes paternos, em linha agnática a sociedade é patrilinear.
 Os filhos fazem parte da linhagem do pai e não da mãe. Só os filhos machos transmitem a
pertença à linhagem.
 Quando Ego se liga socialmente aos seus ascendentes através da mãe quer dizer em linhagem
uterina, a sociedade é matrilinear. O poder e o controlo social pertencem a maior parte das vezes
aos homens e é o tio materno quem exerce a autoridade sobre os filhos da irmã
 O sistema dito de dupla filiação ou filiação bilinear (Aborígenes da Austrália) combina os
sistemas patrilinear e matrilinear, ligando o individuo pela transmissão de determinados direitos
ao seu grupo paterno e por outros ao grupo materno
 Com isto, desmentiu as ideias evolucionistas.

b) Grupos de parentesco
 O clã é um grupo de filiação unilinear abarcando um determinado número de casas que
pretendem descender de um mesmo antepassado lendário ou mítico
 Invocam um totem comum
 A pertença a um clã determina a transmissão da herança e funções diversas – rituais,
económicas, politicas, guerreiras etc…
 O clã compreende um certo número de linhagens exógamas ou subgrupos de descendência
organizados unilinearmente, tendo atividades comuns, contando geralmente duas a seis gerações
ligando-se a um antepassado histórico
 Distingue-se por vezes: etnia, tribo, clã, subclã, linhagem, família, casal, individuo
 No caso da filiação unilinear que obedece a dois princípios:
1. Um único sexo, o homem ou a mulher transmite a pertença ao clã
2. 2. Os germanos pertencem ao clã progenitor transmissor da pertença
 A regra tem como consequência atribuir a grupos de filiação distintos os primos cruzados,
originados de germanos de sexo oposto e os primos paralelos saídos de germanos do mesmo
sexo.
 Pois, segundo a regra da exogamia os primos paralelos estão a maior parte das vezes proibidos
como parceiros, quanto os primos cruzados são cônjuges possíveis

c) Filiação e afiliação
 O grupo de parentesco supõe um ou dois critérios de pertença, assim como normas comuns, e
ligações sociais ativas. Importância varia conforme os sítios.
 Assim, tem-se oposto a afiliação circunscrita e fechada das sociedades africanas à afiliação
aberta, de redes e de escolhas de pertença das sociedades melanésias.
 A verdade é que a filiação se adapta às circunstâncias demográficas e ecológicas, às ameaças
militares, às deslocações da população, o que arrasta consigo uma instabilidade dos grupos locais
de parentesco.

ALIANÇA MATRIMONIAL
a) Definição
União contraída entre dois grupos exógamos pelo casamento de um dos seus membros, a aliança liga
dois indivíduos de sexo diferente através de um conjuntos de direitos e deveres mútuos, variáveis de
cultura para cultura
Lévi-Strauss considera o fenómenos capital na constituição das estruturas de parentesco.
A aliança condiciona os processos de filiação, residência, apelido, herança e atitudes
Geralmente o casamento é mudança de estatuto dos novos esposos e a criação de laços jurídicos,
sociais, económicos entre o grupo de filiação do marido e da mulher
Predomina o casamento motivação de ordem económica.

b) Escolha de um cônjuge
 Tem lugar uma seleção do parceiro segundo a sua origem, as suas qualidades as sua identidade
social, visando aumentar o capital material ou simbólico.
 Nas sociedades arcaicas, a escolha do cônjuge pertence geralmente aos membros mais influentes
dos grupos de parentesco respetivos, e a forma como se efetua essa escolha varia considerando
as sociedades
 Mas geralmente, segundo Murdock, a escolha operaça-se por ordem decrescente, segundos os
seguintes critérios:
1) O etnocentrismo: no interior da etnia
2) A exogamia: fora do grupo de parentesco
3) A afinidade
4) A harmonia de idades
 Quanto mais pequeno é o grupo de parentesco, maior é a tendência para práticas a exogamia.
 Deve distinguir-se este termo dos seguintes: a hipergamia é a preferência matrimonial concedida
por uma mulher a um cônjuge de estatuto e de condições económicas superiores, ex, India. A
homogamia ou isogamia é a escolha do cônjuge em meio social, geográfico cultural idêntico ao
seu próprio meio.

c) Formas de troca
 Entre os Karieras da Austrália, Ego casa geralmente com a filha do irmão de sua mae, que é
também filha da irmã de seu pai. Uma mulher é dada a um grupo, que por sua vez, dará ele
próprio outra mulher. É a troca restrita.
 Na troca generalizada sob a sua forma fundamental, Ego casa-se somente com a filha do irmão
de sua mae (tribo da Melanésia) mas a reciprocidade pura das linhagens é quebrada na medida
em que o grupo B, dado de mulheres do grupo C, só é recebedor em relação ao grupo A.
 Quando, de grupo para grupo, uma mulher é dada por troca com outra mulher, seja
imediatamente seja com prazo de uma ou mais gerações, fala-se troca direta.
 Quando uma mulher é compensada por um dote fala-se troca indireta
 O dote simboliza a aliança dos clãs, a troca de valores

d) Casos particulares de casamento


O levirato – disposição segundo o qual a viúva ou as viúvas casam com um irmão do falecido marido
O sororato – regra que obrigada o viúvo a casar com uma irmã solteira da esposa falecida.

e) A família
 A família apresenta-se sob formas diversas.
 Nuclear, restrita ou conjugal, quando compreende um casal e os filhos de menoridade
 Alargada quando é composta por varias famílias nucleares. Habitualmente numa familia
patrilocal encontra-se um homem idoso, sua mulher ou as suas mulheres, os filhos solteiros, os
filhos casados e as suas mulheres e os filhos destes.
 Qualquer família com origem no casamento tem função de reprodução na medida em que
assegura a perpetuação biológica da linhagem;
 Função de educação e de socialização dos filhos para a perpetuação da vida e satisfação das
necessidades vitais, mas com uma divisão de tarefas variáveis conforme as sociedades
 Função jurídica na medida em que é uma pessoa civil ou moral, proprietário de objetos, dotada
de direitos e deveres e portanto responsável
 Função religiosa, em numerosas sociedades do terceiro mundo. Une os seus membros através de
uma rede direitos e proibições sexuais, assim como pelos sentimentos de amor, respeito e temor.

f) A poligamia
 A poligamia designa a aliança matrimonial de um homem com varias mulheres, que tem
simultaneamente o estatuto de esposas vivas e legítimas.
 Distingue-se a pequena poligamia (1 a 3 esposas) e a grande poligamia.
 As finalidades das estratégias matrimoniais polig são de ordem:
1. Demográfica: perpetuar o clã, fornecendo-lhe uma numerosa progenitura
2. Económica: aumentar a força de trabalho do grupo, acumular o patrimónios e os dotes e garantir
a segurança dos pais na sua velhice.
3. Politica: construir uma área de paz, alargando a rede de famílias aliadas
4. Religiosa: trazer para o lar os deuses protetores dos clãs a que as esposas pertencem
5. Psicossocial: conferir ao polígamo um estatuto de prestigio que se reflete em cada uma das suas
esposas
6. Psicossociológica: ter possibilidade de satisfazer as suas necessidades sexuais com uma das
mulheres, quando outra estiver proibida de relações sexuais desde o inicio de uma gravidez ate
ao fim da amamentação, como é frequente na África.
 A poligamia sororal é o casamento de um homem com varias irmãs
 Chama-se poliandria à união matrimonial de uma mulher com vários homens
simultaneamente.
 A poliandria fraterna (vários irmãos tem mesma esposa)

TERMINOLOGIA DO PARENTESCO
a) Distinções essenciais
As nomenclaturas de parentesco, simples categorias, constroem-se a partir de dois pares de distinção:
termo de referência ou termo de endereço, sistema descritivo, ou sistema classificatório.
1. Particularmente importantes para os antropólogos os termos de referência ou de denotação de
uma laço de parentesco com o Ego.
2. Os termos de parentesco tanto podem ser descritivos – remetendo para única categoria de
parentes definidos pela geração, o sexo, o laço genealógico – como classificatórios quando
pessoas que não ocupam mesma posição em relação ao Ego são classificadas pelo mesmo nome
“irmãos”

b) Critérios das nomenclaturas


Aos seis primeiros critérios reconhecidos por Kroeber, Lowie, Murdock acrescentam-se outros três:
1. Geração: distingue-se pai e avô (…)
2. Sexo: tio-tia (…)
3. Aliança
4. Colateralidade: termo utilizado com junção de um adjetivo (tio ou tia materna)
5. Bifurcação: distingue-se parentes masculinos do lado do esposo e do lado da esposa
6. Polaridade: em toda a relação social existem duas pessoas, e dai dois termos destintos do ponto
de vista do Ego (meu sobrinho/meu tio)
7. Idade relativa
8. Sexo da pessoa que fala
9. Morte: sogro/sogra modificava-se apos a morte

Secretismo – junção de duas religiões – criação de uma independente


Ver esquemas do parentesco

A RESIDENCIA
 A mulher instala-se na casa dos pais de seu marido (patrilocal) ou em casa do seu marido, numa
casa vizinha dos pais deste (virilocal);
 O marido vai viver com a sua mulher na casa dos pais desta (matrilocal), ou na aproximidades
numa habitat destinto (uxorilocal)
 O casal tem a liberdade de viver em casa dos pais de um ou outro dos cônjuges podendo a
escolha ser ditada pela riqueza, pelo estatuto ou pelas preferências pessoais (bilocal)
 O casal reside alternadamente no grupo do marido e no grupo da mulher (ambilocal)
 O casal escolhe domicilio onde bem entende num lugar diferente onde cada um viva antes do
casamentos (neolocal)
 O casal vai viver com o tio materno do marido ou nas aproximidades (avunculocal)

ATITUDES ENTRE PARENTES E ALIADOS


Graus de parentesco:
1. De primeira ordem: cônjuges, germanos, pais/filhos
2. De segunda ordem: pai do pai do Ego, irmã da mãe, mãe da esposa, filho do irmão, marido da
filha
3. De terceira ordem: primos germanos, marido da irmã do pai de Ego, filha da irmã da esposa (…)

HERENÇA E O PODER
No regime matrilinear os direitos de propriedade são raramente entregue às mulheres, embora os bens se
transmite de homem para homem através delas. Estes bens passam habitualmente de irmão para irmão.
O sobrinho herda do tio materno. Muito raramente o filho herda do pai
RELIGIÃO
CAMPO DA ANTROPOLOGIA RELEGIOSA
O seu campo estende-se ao domínio tão variados como a dista menstalidade primitiva, a magia e o
feiticismo, as formas de organização religiosa.
1. A religião tem como objeto as potencias: Deus, génios, mana, antepassados, demónios…;
ambientes sagrados
2. O sujeito da religião é o homem consagrados (rei, sacerdote, magico…) mas também a
comunidade cultural (clã, igreja, seita, sociedade secreta…), bem como os elementos ditos
espirituais (alma espíritos…),
3. ideias (crenças, mitos…) e praticas (cultos, ritos, atos mágicos…)

MAGIA, XANAMISMO E FEITIÇARIA (sociedades primitivas)


a) Magia
 A magia define-se como operação visando agir sobre a Natureza por meios ocultos, que
pressupõem a existência de espíritos quer de forças imanentes e extraordinárias
 Toda a magia poem em prática poderes externos, manipulados através de símbolos visando
modificar o curso dos acontecimentos, com uma finalidade aproveitável ao agente, mas
eventualmente prejudicial a outros
 Religião tende para a metafisica, enquanto a magia é essencialmente prática
 Para Lévi-Strauss a magia estrutura-se em volta de uma tripla crença: um suporte ideológico
comunitário, a fé do paciente na eficácia do rito e a do mágico nas suas técnicas.

b) Xamanismo
 Entre diversas formas de magia, encontra-se o xamanismo que designa um conjunto de crenças
mágicas e de fenómenos extáticos, observados entre os povos da Sibéria e da Asia central, mas
também no Tibete, entre os Esquimós, entre os Índios da América do Norte, na Indonésia e na
Oceânia.
 O xamã é um individuo inspirado e sujeito ao transe, cujo a alma efetua a viagem ascensional ao
universo extra-humano.

c) Feitiçaria
 Na medida em que consiste no poder de prejudicar os outros através de uma ação espiritual, a
feitiçaria distingue-se do bruxedo produzido pelo lançador de sorte que utiliza os elementos
materiais.
 Condenada como ato ofensivo, maléfico para o grupo social porque responsabilizada pelas
doenças, mortes, más colheitas…
 A agressão feiticeira é empreendida por um individuo ou grupo de indivíduos suspeitos de
devorar as almas (vampirismo) de possuir o dom da dupla visão, de circular à noite, poder de
desaparecer e de se metamorfosear.
 O oraculo, meio de detetar os feiticeiros, indica também os meios rituais de se proteger deles
 A feitiçaria alimenta o receio dos desvios e tendências novas à sociedade, e joga assim a favor da
manutenção da ordem social
 Psicologicamente, joga como reagente, identificando os motivos de ansiedade e fazendo derivar
hostilidade para um fator exato de prejuízo.

ACREDITAR EM MITOS
 É na religião que melhor se explicitamas crenças em mitos mais ou menos desenvolvidos. Como
narrativa fundadora, o mito enuncia numa linguagem metafórica as bases do credo de um povo,
quanto aos seus deuses, quanto à origem de certos factos perturbadores no mundo.
 Reveste-se de um caracter sério e sagrado, na medida em que remete para algo que nos
ultrapassa
 Mito é uma palavra carregada de poder que explica a ordem exixtente fornecendo as bases dos
comportamentos morais e rituais.
 É aprendido quando as iniciações
 Circula geração em geração, modificando-se nos pormenores, degerando por vezes em fabulas
ou lenda
 Dado que o pensamento mítico se empenha em encontrar soluções imaginarias para contradições
reais e insolúveis, mitos transmitem a mesma mensagem com auxílio de vários códigos
 Os mitos revelam-se uma força criadora, mais ou menos impessoal
 O mito transmitido por fenómenos como trovão, nas origens é frequente encontrar um
antepassado fundador, um herói civilizador
 A vaca desempenha um papel importante no mito

1. Mana – designa em melanésio, poder impessoal e sobrenatural. Sinal de sorte, autoridade, poder.
Magia surpreendente porque domina forças extraordinária
2. O totem que designa as categorias de espécies vegetais e animais utilizados para dar nome a um
clã, seria para Durkeim um princípio de pertença. Objeto do clã teria alguma relação com o
antepassado mítico do grupo e estaria na origem de proibições alimentares e sexuais. Levi-
Strauss para demonstrar que o totemismo não é a base de todas as religiões primitivas e que se
reduz a um sistema de classificação e de correspondências metafóricas entre natureza e cultura.
3. O tabu é um interdito sacralizado ao mesmo tempo que a qualidade daquilo que é atingido pela
proibição, por consagrado ou porque impuro. É estabelecido por pessoas de autoridade apos
interpretação de experiencias desagradáveis. Tem por função proteger o valor de certos bens e de
seres frágeis ao mesmo tempo que submete o individuo ao grupo. Freud considera o tabu como
uma coação limitadora do desejo, regulamentado pela lei do pai. Para Lévi-Strauss, o tabu entra
nos jogos de oposição logica que marcam a diferença e a ordem dos valores.
 Em toda a religião existe a crença em forças superiores ao homem, princípios de integração
social e de distinção de grupos e dos papeis assim como das proibições morais.

PRATICAS RITOS
 Mauss distingue os ritos positivos, como oração, a oferenda, e os sacrifícios negativos como os
tabus
 Durkheim acrescenta os ritos expiatórios e de purificação que visam libertar de uma impureza
contagiosa, por altura de um luto por exemplo
 Ritos de formas parecidas podem apresentar diferentes finalidades: pedido de chuva,
fecundidade… etc…
 Os ritos de iniciação e de sacríficos merecem alguma explicação. A iniciação apresenta-se como
um rito de passagem acompanhado de provas destinado a introduzir os candidatos num novo
estatuto.
 Segundo Van Gennep. Estes ritos comportam 3 etapa:
1. Separação e rotura com o mundo profano
2. Marginalização num local sagrado e formação para uma nova maneira de ser
3. Ressureição simbólica e agregação na sociedade como estatuto superior
 A iniciação marca uma transformação memorial na vida do individuo e requer fidelidade às
normas da comunidade onde os postulantes são introduzidos
 Quando ao sacríficos, quer seja uma oferta aos espíritos, quer seja sobrevivência do assassínio
dos homens-deuses, quer comunhão totémica tenha sido anterior à oblação sacrificial trata-se de
outras tantas especulação inverificáveis sobre a origem do sacrifício.
 M. Griaule insiste na redistribuição de energia: a imolação liberta a força vital continha no
sangue da vítima, alimentada por este sangue a divindade em troca faz beneficiar o homem de
uma parte da sua força.
 Quando diversos ritos se articulam entre si e com as crenças fala-se então de culto.
 Um culto é consistido pelo conjunto de marcas de submissão e de deferência para com um poder
sacralizado que se venera. São destinados a prestar homenagem a seres sagrados cujo poder se
supõem emanar da sua relação com uma entidade sobrenatural ou com a pessoa à qual se
referem.
 Sob o termo de culto popular classificam-se praticas ditas por vezes supersticiosas à margem das
religiões instituídas e muitas vezes por elas toleradas como a veneração das imagens piedosas,
dos animais amigos dos santos, dos testemunhos simbólicos (fogo, fonte, rochedo, sol…)
 Na antiguidade romana o culto imperial era em direção ao “génio” sobrano
 Na Oceânia, no extremo oriente, Africa os antepassados são objeto de culto na medida em que
numa perspetiva de ligação entre as gerações assegurada pela renovação cíclica da vida.
 Nas china recebem sacrifícios as pessoas prostram-se diante dos altares que se supões conter a
sua alma, diz-se orações fazem-se-lhes libações e queima-se-lhes incenso
 Em africa eles são invocados em todas as circunstancias importantes da vida, recebem oferendas
para os incitarem a agir ou para os apaziguar quando sobrevem em desgraça
 O culto dos antepassados deve diferenciar do culto dos mortos, alguns mortos não tem acesso à
ancestralidade e atormentam os vivos, que se protegem através de ritos
 O sincretismo é um processo contraculturativo que implica a assimilação de mitos, empréstimo
de ritos, associação de símbolos, por vezes inversão semântica e reinterpretação de mensagens
supostamente divinas
 Muitos desde cultos sincréticos conservam os ritos tradicionais, em Africa por exemplo da
posseçao e da adivinhação que exigem algum desenvolvimento.
 A possessão é o estado de um indivíduo que se considera sob o domínio de uma força
sobrenatural que o transforma num instrumento da sua vontade, quer com uma finalidade
terapêutica pessoa, quer como mediação pelo possuído de uma mensagem divinatória para a
sociedade
 Distingue-se dois estados:
1. O adorcismo: regresso de nova alma benéfica ou eleição do corpo de uma pessoa como
recetáculo de um espirito benevolente.
2. O exorcismo: extração de um poder ou de uma alma estranha perigosa ou maléfica
 A possessão pode funcionar como meio terapêutico individual ou como sistema, codificado pela
iniciação e institucionalizado de comunicação com espíritos.
 Quando à adivinhação, ela supõe um cosmo codificado carregado de significantes para decrepitar
quer em leitura direta nos sonhos, nos presságios na pelagem dos bovídeos.
 Processos diversos desigualmente complexos coexistem geralmente num mesmo grupo social,
processo que fazem apelo a adivinhos diferentes e que se ligam estreitamente às condições de
existência coletiva
 A adivinhação serve para reduzir as zonas de incerteza referentes ao futuro individual ou ca um
projeto coletivo, assim como para aprender a possibilidade de operar uma escolha judiciosa nos
momentos difíceis, mas pode também revelar o que se produziu ou que esta a acontecer, de
forma ajustar o comportamento em função de contextos favoráveis ou desfavoráveis ao
consulente.

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