Sistemas de Armazenamento de Energia Universidade Do Porto
Sistemas de Armazenamento de Energia Universidade Do Porto
Sistemas de Armazenamento de Energia Universidade Do Porto
VERSÃO DE TRABALHO
Janeiro 2016
© Tiago Augusto Lima Torres Correia, 2016
Resumo
iii
Abstract
This document focuses on the study of the economic and technic viability of the
implementation of an energy storage system, Li-ion battery, in a photovoltaic plant,
Grodjibodu, located in Romania.
In order to achieve this, it was presented a review of the state of the art, which
contributed to a better knowledge of the constitution and efficiency of the Li-ion battery as
an energy storage system. The various applications of this battery, operation strategy and
sizing were also aspects that were presented and studied.
The Grodjibodu photovoltaic plant was characterized through an explanation of the
Romanian energy market and further on, through a deep analysis of the data made available
by EDPR, for a year of the plants functioning. This analysis allowed the determination of the
most efficient operation strategy of the battery and explained the reason behind the use of a
specific bidding strategy. This contributes allowed the elaboration of an algorithm and the
development of a simulation tool to find the optimum sizing of the battery. The obtained
results allowed the study of the technic and economic viability of the implementation of a Li-
ion battery in a photovoltaic plant.
Also, were established multiples confrontations between the obtained results referents to
the photovoltaic production and the results obtained to wind production, and by doing this,
ascertain in which production would be the most beneficial to implement a Li-ion battery.
v
Agradecimentos
vii
Índice
Abstract .............................................................................................. v
Agradecimentos ...................................................................................vii
Índice ................................................................................................ ix
Capítulo 1 ......................................................................................... 13
Introdução .................................................................................................... 13
1.1 - Enquadramento e motivação ..................................................................... 13
1.2 - Objetivos ............................................................................................ 14
1.3 - Estrutura da dissertação .......................................................................... 14
1.4 - Ferramentas informáticas e de informação ................................................... 15
Capítulo 2 ......................................................................................... 16
Estado da Arte ............................................................................................... 16
2.1 - Introdução .............................................................................................. 16
2.2 - Bateria de Lítio ........................................................................................ 18
2.2.1. Breve histórico .................................................................................. 18
2.2.2. Bateria de Li-íon ................................................................................ 19
2.2.3. Progresso da bateria de Li-ion a curto prazo ............................................. 24
2.2.4. Segurança da bateria li-íon ................................................................... 26
2.3. Aplicação dos ESS para integração de fontes fotovoltaicas ..................................... 27
2.3.1. Aplicação dos ESS relativa à integração fotovoltaica para o proprietário da
central e respetivo impacto económico ...................................................... 29
2.4. Dimensionamento dos sistemas ESS ................................................................. 35
2.5. Estratégias de controlo de uma Central Fotovoltaica com ESS ................................. 38
2.5.1. Controlo de potência de saída constante .................................................. 38
2.5.2. Controlo de Redução de Flutuações ........................................................ 39
2.5.3. Controlo de ESS sempre descarregado ..................................................... 40
ix
2.5.4. Price Following ................................................................................... 40
2.5.5. Programação fixa de carga e descarga ...................................................... 40
2.6. Conclusão ................................................................................................ 41
Capítulo 3 ......................................................................................... 43
Caracterização do caso de estudo ......................................................................... 43
3.1. Introdução ............................................................................................... 43
3.2.1 Day Ahead Market ................................................................................ 44
3.2.2 Certificados Verdes .............................................................................. 45
3.3. Parque solar Grojdibodu ............................................................................... 45
3.3. Custos, Remunerações e Penalizações .............................................................. 46
3.4. Análise dos desvios ..................................................................................... 49
3.5. Revenues ................................................................................................. 50
3.6. Bateria de Lítio.......................................................................................... 52
3.6.1 Desvios .............................................................................................. 52
3.6.2 Desvios Eólica (Cobadin) ........................................................................ 56
3.6.3. Estratégia de operação da Bateria de Li-ion ............................................... 59
3.8. Conclusão ................................................................................................ 62
Capítulo 4 ......................................................................................... 63
Algoritmo e Ferramenta de Simulação .................................................................... 63
4.1. Introdução ............................................................................................... 63
4.2. Algoritmo Utilizado ..................................................................................... 64
4.3. Ferramenta de Simulação ............................................................................. 67
4.4. Inputs ..................................................................................................... 68
4.5. Outputs ................................................................................................... 70
4.6. Conclusão ................................................................................................ 75
Capítulo 5 ......................................................................................... 76
Demonstração de Resultados ............................................................................... 76
5.1. Introdução ............................................................................................... 76
5.2. Simulações ............................................................................................... 76
5.3. Viabilidade Económica ................................................................................. 87
5.4. Comparação solar vs eólica ........................................................................... 88
5.5. Conclusão ................................................................................................ 90
Capítulo 6 ......................................................................................... 91
Conclusão ...................................................................................................... 91
Referências ....................................................................................... 97
Lista de figuras
Figura 2.2 – Configuração convencional de uma bateria Li-íon cilíndrica (3). .................. 19
Figura 2.4 – Estimativa da evolução do consumo energético no Estados Unidos até 2035
(13). ................................................................................................... 27
Figura 2.5 – Exemplo de controlo de potência de saída constante com duas referências de
produção ao longo do dia. ......................................................................... 39
Figura 3.1 – Comportamento do Preço DAM e das penalizações por excesso e défice. ........ 49
Figura 3.3 – Figura representativa da distribuição da energia nos ciclos de excesso. ......... 53
Figura 3.4 – Figura representativa da distribuição da energia nos ciclos de défice. ........... 53
Figura 3.9 – Figura representativa da distribuição da energia nos ciclos de excesso. ......... 57
xi
Figura 4.2 – Figura representativa do comportamento do SOC e Charge/Discharge da
bateria ao longo do dia 1 de Setembro. .......................................................... 66
Figura 5.1 – Variação do número de ciclos por ano da bateria com a energia e potencia
nominal. ............................................................................................... 81
Figura 5.3 – Variação do aumento dos lucros totais com a energia e potência nominal. ....... 82
Tabela 2.1– Comparação entre os tipos mais comuns de baterias existentes no mercado. ... 17
Tabela 2.3 – Materiais dos cátodos em cada nível de tensão (10). ................................ 22
Tabela 2.5 – Características elétricas das diferentes tecnologias das baterias Li-ion (10). ... 24
Tabela 2.6 – Exemplos de aplicação dos ESS relativas à integração de fontes fotovoltaicas
(13). ................................................................................................... 28
Tabela 2.9 – Metas de desempenho dos ESS quando aplicados ao Output Smoothing (13). ... 33
Tabela 2.13 – Estratégias de controlo de uma Central Fotovoltaica com ESS. .................. 41
Tabela 3.3 – Comparação das Penalizações por excesso e défice para fotovoltaico e
eólica. ................................................................................................. 48
xiii
Tabela 3.7 – Resultados referentes ao número total de ciclos de excesso e défice e
respetiva energia média. ........................................................................... 54
Lista de símbolos
xv
H Hora (tempo)
2
m Metro quadrado (área)
Min Minuto (tempo)
S Segundo (tempo)
V Volt (tensão)
Q Quantil
G Grama (massa)
€ Euro (moeda)
ºC Grau Célsius (temperatura)
Capítulo 1
Introdução
desde aplicações médicas aos telemóveis. A implementação de um ESS numa fonte renovável,
permite, portanto, aumentar a previsibilidade da produção, pois, armazena o excedente de
energia num determinado período e descarrega-o num momento posterior, em que haja
escassez de energia.
Esta dissertação é direcionada para centrais fotovoltaicas, no entanto, e sempre que
oportuno, estabelece comparações entre os resultados obtidos para a produção fotovoltaica e
os resultados obtidos noutro estudo para a produção eólica, com o intuito de encontrar as
principais diferenças e ou semelhanças entre as duas produções, e averiguar em qual será
mais rentável a implementação de um ESS.
1.2 - Objetivos
O principal objetivo desta dissertação é estudar a viabilidade técnico-económica da
implementação de uma bateria Li-íon numa central fotovoltaica. Para isso, são analisadas
todas as características do caso de estudo selecionado, que é uma central fotovoltaica de
9,47 MW de potência, instalada na Roménia. Num momento posterior, determina-se a
estratégia de funcionamento ótimo da bateria de Li-íon para a central em causa, e, também,
se determina o seu dimensionamento ótimo.
Outras preocupações estiveram, ainda, presentes neste estudo:
• Elaboração de um algoritmo de funcionamento da bateria Li-íon, numa base
horária que fosse de encontro às necessidades da central em causa, gerando,
então, sinais de controlo e planeamento de carga e descarga.
• Desenvolvimento de uma ferramenta que permitisse fazer várias simulações
podendo-se alterar diversos parâmetros relacionados com a bateria e também
com a central, de forma a compreender qual o dimensionamento da bateria que
iria permitir obter melhores resultados a um nível técnico-económico.
• Averiguação do melhor proveito na implementação de uma bateria de Li-íon
tendo em conta o tipo de produção de energia, fotovoltaica ou eólica, bem como,
as características do mercado onde estão inseridas as Centrais.
comparação com os resultados obtidos para a produção eólica num outro estudo. Face aos
resultados obtidos, define-se uma estratégia de operação da bateria Li-íon para colmatar as
limitações encontradas anteriormente.
No quarto capítulo, é definido e explicado o algoritmo implementado com recurso a um
fluxograma. Explica-se, ainda, o funcionamento da ferramenta de simulação desenvolvida,
descrevendo-se todas as entradas e saídas que integram esta ferramenta.
No quinto capítulo, são demonstrados os diversos resultados obtidos ao longo das várias
simulações, justificando-se esses mesmos resultados. Determina-se, então, o
dimensionamento ótimo e averigua-se o impacto da estratégia de bidding utilizada nos
resultados obtidos. Por fim, estabelece-se, novamente, uma comparação com os resultados
obtidos para a produção eólica de forma a determinar o tipo de produção em que é mais
rentável a implementação de um ESS.
No sexto e último capitulo, são retiradas conclusões sobre o trabalho efetuado, avaliando-
se os objetivos alcançados, as limitações do trabalho e apresentam-se eventuais sugestões
para trabalhos futuros.
Estado da Arte
2.1 - Introdução
Tabela 2.1– Comparação entre os tipos mais comuns de baterias existentes no mercado.
Densidade de 35 41 80 120
energia (Wh/Kg)
As baterias Li-íon são baterias leves, compactas e funcionam com uma voltagem na ordem
dos 4 V.
A estrutura mais convencional da bateria Li-íon é constituída por um ânodo de grafite
(microbeads, mesocarbon), um cátodo formado por um óxido de lítio metal (LiMO2, LiCoO2) e
um eletrólito formado a partir de sal de lítio, misturado num solvente orgânico embebido
num separador [3], [7]. Na figura 2.2 está representada uma configuração convencional de
uma bateria Li-íon cilíndrica.
2.2.2.1. O ânodo
2.2.2.2. O Cátodo
No que diz respeito ao cátodo, o mais frequentemente encontrado nas baterias de Li-íon é
o LiCoO2 [7]. Embora este seja um cátodo bem-sucedido, há alternativas que têm vindo a ser
desenvolvidas com um custo menor e maior estabilidade. Alguns exemplos são o LiMn2O4 que
é mais seguro e apresenta um custo menor e o LiNiO2 [7].
De uma forma geral, os critérios para a seleção de um cátodo eficiente baseiam-se em
características cinéticas e termodinâmicas: o material deve possuir características de
intercalação ou inserção dos iões de Li+ e deve apresentar uma tensão elevada em circuito
aberto, o potencial do elétrodo deve apresentar variações limitadas em função da quantidade
do Li+, o número de espaços para os iões Li deve ser grande, deve garantir uma boa taxa de
capacidade e a intercalação/inserção dos iões de Li tem que ser reversível. Associado a estes
aspetos, o cátodo deve ter um baixo custo, ser pouco tóxico e de síntese fácil. No entanto, o
cátodo deve ser selecionado consoante a sua aplicação, por exemplo, para aplicações
portáteis pode ser tolerado um material com um custo relativamente alto e com um
desempenho moderado nas aplicações com correntes elevadas [7], [8], [9], [10]. Já nas
aplicações que exigem potências elevadas, o custo baixo e a maior capacidade são opções
prioritárias.
As tabelas seguintes permitem obter uma imagem globalizada dos típicos materiais dos
cátodos para cada nível de tensão, bem como, das características de diversos materiais de
cátodos.
5,0 LiMn2
3,5 LiFePO4
2,0 S e Polissulflidos
1,5 FeS2
23
Descarregado
2.2.2.3. O Eletrólito
Nos últimos anos, e no que diz respeito ao eletrólito, uma grande quantidade de solvente,
sais e aditivos foram testados para este componente da bateria Li-ion. Os estudos intensivos
fundamentaram o desenvolvimento de soluções-padrão de eletrólitos que são utilizadas para a
produção comercial de baterias Li-ion [10]. Essas soluções incluem LiPF6 como um eletrólito e
solventes de alquil-carbonatos. Os alquil-carbonatos são mais aplicáveis devido à maior
estabilidade que dão ao ânodo em relação a outras famílias de solventes. O eletrólito LiPF6 é,
portanto, o sal-padrão mais utilizado atualmente nas baterias de Li-ion uma vez que [10]:
• É menos tóxico que o LiAsF6
• A condutividade dos alquil-carbonatos/LiPF6 é relativamente elevada
• A estabilidade térmica da bateria baseada nas soluções de LiPF6 é aceitável
comparada com outras que são mais explosivas
• A produção em massa de LiPF6 é relativamente simples e o seu preço é aceitável.
No entanto, o LiPF6 apresenta uma desvantagem que é a sua contaminação com ácido
fluorídrico. Isto provoca um aumento da impedância dos elétrodos.
24
Assim, as soluções-padrão do eletrólito para as baterias de Li-ion são LiPF6 com misturas
de alquil-carbonatos contendo carbonato de etileno, como um componente altamente polar e
precursor para a formação de uma camada protetora.
Tabela 2.5 – Características elétricas das diferentes tecnologias das baterias Li-ion (10).
Energia específica
teórica (Wh/kg) 600 425 385
Energia específica
obtida (Wh/kg) 130 - 140 85 - 100 80 - 115
Densidade de energia
(Wh/l) 300 - 375 125 - 432 110 - 170
Potência mássica
(W/kg) 1800 1700 - 2400 600 - 3000
Potência volumétrica
(W/l) 4.700 -- 1200 - 5800
Número de ciclos
(até atingir os 80%) 400 > 1000 1000 - 3000
Temperatura de
operação (ºC) -30 / +60 -25 / +75 -10 / +75
Não houve uma evolução verdadeiramente significativa nas baterias Li-ion, desde a sua
introdução no mercado. Como referido, a maior parte da produção destas baterias ainda usa
um ânodo de grafite, um cátodo de LiCOo2, separados por uma solução líquida de sal de lítio.
Geralmente, o desempenho de qualquer dispositivo depende diretamente das
propriedades dos materiais que o constituem e conclui-se, portanto, que um avanço nas
baterias Li-ion só será alcançado através de um avanço nos materiais que constituem os
elétrodos e o eletrólito. Assim, atualmente, a investigação nas baterias de Li-ion tem como
25
objetivo a substituição da grafite e do LiCOo2 por alternativas com maior capacidade e menor
custo, e a substituição do eletrólito de líquido de carbonato orgânico por soluções mais
seguras e mais confiáveis [3].
As pesquisas e investigações apontam a bateria Li-Air, baseada numa nova configuração a
nível do cátodo em que o material ativo é o oxigénio, como uma nova aposta das baterias de
lítio, num futuro próximo.
A bateria Li-Air será possivelmente o novo tipo de baterias de Li-ion visto que fontes
eletroquímicas de energia baseados na configuração ânodo, eletrólito, cátodo de oxigénio,
têm maior densidade energética pois, o material ativo do cátodo, o oxigénio, não é
armazenado na bateria, sendo fornecido pelo ambiente [11].
Existem boas razões para dar atenção ao lítio como material para o cátodo neste tipo de
configurações, uma vez que a capacidade deste metal é substancialmente superior a outros
metais. Aliás, os valores teóricos da combinação Li-O2 são realmente elevados. Atualmente,
as baterias Li-Air estão ainda na fase inicial do seu desenvolvimento e os seus atuais
parâmetros, obtidos em experiências práticas, não chegam aos valores teóricos, quer em
termos de capacidade, quer em termos de ciclo de vida. Existem, sobretudo, dois fatores
responsáveis por este facto: o primeiro diz respeito ao consumo do eletrólito (aquoso),
durante a reação no cátodo; e o segundo fator está relacionado com a precipitação do óxido
de lítio dentro do cátodo, no caso de o eletrólito não ser aquoso.
As perspetivas são promissoras mas, muitos desafios estão ainda por ultrapassar, quer ao
nível do cátodo de ar, não só porque a sua reação é responsável pela maior parte da energia
da célula, mas também porque aí ocorre grande parte das perdas de voltagem da célula, quer
ao nível do eletrólito e do ânodo em que é necessário prevenir que a água e o oxigénio
tenham acesso ao ânodo de lítio, pois isto resulta na sua degradação e traz complicações ao
nível da segurança [11].
Dito isto, as baterias Li-air são fontes de energia com elevadíssima densidade de energia e
são potencialmente viáveis para variadíssimas aplicações entre os quais centrais
fotovoltaicas. No entanto, estão ainda na fase inicial do seu desenvolvimento, precisando
ainda de uma maior investigação nos processos eletroquímicos nas interfaces de duas fases,
investigação e desenvolvimento de cátodos catalisadores, desenvolvimento de cátodos de ar
hierárquicos e também um desenvolvimento de sistema de eletrólito viável.
Um conjunto de baterias Li-ion contendo várias células não pode ser operado como uma
única e singular fonte de energia. As células de Li-ion são muito suscetíveis a danos fora do
seu intervalo de voltagem permitido, normalmente, entre os 2,5 V e o 3,65 V. Exceder este
intervalo de voltagem provoca o envelhecimento das células e, consequentemente, constitui
um risco de segurança devido aos componentes reativos existentes nas células.
A variação das características elétricas das células Li-íon devido a envelhecimento, mas
também a diferenças na produção e na distribuição de temperatura, pode resultar em desvios
no estado de carga (SOC) dentro de um conjunto de baterias. Se o SOC não for
periodicamente equilibrado, algumas células podem ser sobrecarregadas o que pode levar a
danos irreversíveis.
Assim, as principais funções de um sistema BMS são [8]:
• Prevenir que a voltagem de cada célula desça abaixo de um determinado limite,
através da redução da corrente de descarga;
• Prevenir que a voltagem de uma célula exceda um determinado limite, através
da redução da corrente de carga da bateria ou mesmo, torná-la nula;
• Prevenir que a temperatura do sistema de baterias exceda um limite, reduzindo a
corrente da bateria ou pedindo um arrefecimento;
• Prevenir que a corrente de carga/descarga exceda um limite que depende da
temperatura da bateria, SOC e outros parâmetros;
• Fornecer informações de estado relevantes acerca do conjunto de baterias.
Após esta breve incursão pela bateria de lítio, em particular pela bateria de Li-ion, que
potencia um melhor conhecimento deste tipo de bateria, bem como, das suas potencialidades
e das suas fragilidades, importa prosseguir com as seguintes interrogações que conduzem esta
27
Figura 2.4 – Estimativa da evolução do consumo energético no Estados Unidos até 2035 (13).
elétrica e para a resolução dos seus problemas, melhorando a sua estabilidade e a sua
resiliência. Investir em sistemas de armazenamento de energia é, portanto, essencial para
acompanhar as crescentes necessidades dos consumidores. E o desenvolvimento de
tecnologias de armazenamento com um custo atrativo tornará, certamente, a rede elétrica
mais flexível e apta a responder às flutuações da procura de energia, assegurando que exista
sempre eletricidade quando e onde for necessário [13].
As aplicações dos ESS relativas à integração de fontes fotovoltaicas são diversas; a
seguinte tabela apresenta alguns exemplos [13]:
Tabela 2.6 – Exemplos de aplicação dos ESS relativas à integração de fontes fotovoltaicas (13).
ELECTRIC (GRID-SUPPLIED) Charges the storage plan with inexpensive electric energy
ENERGY TIME SHIFT purchased during low price periods and discharges the electricity
back to the grid during periods of high price
ELECTRIC SUPPLY CAPACITY Reduces or diminishes the need to install new generation
capacity
ELECTRIC SUPPLY RESERVE CAPACITY Maintains operation when a portion of normal supply becomes
unavailable
TRANSMISSION AND DISTRIBUTION UPGRADE Postpones or avoids the need to upgrade transmission and/or
DEFERRAL AND SUBSTITUTION distribution infrastructure
SUBSTATION ON-SITE POWER Provides power to switching components and communication and
control equipment
O custo da eletricidade varia de acordo com a procura. É maior quando existe uma grande
procura ou quando a oferta é pequena face à procura. Os ESS integrados nas fontes
fotovoltaicas permitem armazenar o excesso de produção durante as horas de vazio ou
comprar energia durante estas horas de forma a aproveitar os preços mais baixos da
eletricidade, e depois, descarregá-la quando os preços são altos em horas de pontas (time
shifting). Muitas vezes, os preços extremos, quer baixos, quer altos, não ocorrem em alturas
de pico ou à noite, mas sim, quando existem súbitas mudanças de carga [13].
Sendo a produção fotovoltaica intermitente, facilmente concluímos que esta produção é
independente do padrão de consumo da mesma. Assim, a instalação de sistemas ESS, ao nível
da central fotovoltaica, permite que a produção se torne previsível e que acompanhe o
comportamento da procura de energia elétrica. Visto que o time shifting envolve, então, a
compra e a venda de eletricidade em alturas diferentes, de forma a beneficiar da
discrepância dos preços, isto faz com que, por exemplo, a eletricidade gerada através do
vento à noite, ou através do sol de manhã, possa ser aproveitada e armazenada pelos
sistemas ESS durante estas alturas, em que se está numa hora de vazio, e vendida depois, em
horas de ponta [13], [14].
As metas de desempenho para o time shitfting são: o custo capital, o custo de
manutenção e operação, tempo de descarga, eficiência e tempo de resposta. O impacto
ambiental é também um fator importante a considerar. Assim, é necessário um sistema ESS
com elevada capacidade de armazenamento e que seja capaz de armazenar energia durante
longos períodos de tempo [13]. A tabela 2.7 fornece informação mais detalhada sobre o time
shifting.
30
Stores inexpensive energy during low periods and discharges the energy during times of high demand
(often referred to as arbitrage)
Accommodates renewables generation at times of high grid congestion by storing energy and
transmitting it when there is no congestion
CAPITAL COST $1,500 per kW or $500 per $250 per kWh is a utility-set metric that may not
kWh reflect the full value of storage technologies.
OPERATIONS AND $250 - $500 per Mwh Lowe operations and maintenance costs will
MAINTENANCE COST allow storage technologies to offer the greatest
economic advantages for electric energy time
shift, creating greater market pull of these
technologies.
DISCHARGE DURATION 2 – 6 hours The price and demand for electricity may
fluctuate over several hours.
RESPONSE TIME 5 – 30 minutes The price of electricity will remain low or high
for several hours, which decreases the need for
an instantaneous response from a storage
device. However, technologies with fast
response can provide some frequency response
and load following simultaneously time shifting.
31
Tabela 2.8 - Benefícios do time shifting tendo em conta os preços do mercado em momentos distintos
(13).
Month =>
Hour 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
12:00 P.M. – 85.1 74.5 77.6 94.6 100.3 118.0 148.2 163.1 142.5 99.1 104.5 105.9
5:00 P.M.
1:00 A.M. – -51.8 -44.4 -46.2 -61.2 -42.7 -35.2 -55.1 -69.7 -77.0 -61.3 -61.5 -72.9
6:00 A.M.
Storage -10.4 -8.9 -9.2 -12.2 -8.5 -7.0 -11.0 -13.9 -15.4 -12.3 -12.3 -14.6
Losses*
Net Time- 23.0 21.1 22.1 21.1 49.1 75.7 82.1 79.4 50.1 25.2 30.7 18.4
shift Benefit
12:00 P.M. – 5:00 P.M. 128.5 90.4 May – October 651.8 39,323
1:00 A.M. – 6:00 A.M. -56.8 -56.4 November - April 651.8 14,830
Por vezes, as centrais fotovoltaicas estão longe das linhas de transmissão com
capacidades elevadas, o que leva a restrições de transmissão e consequente
congestionamento, ou seja, a energia produzida pode não ser transferida para os centros de
consumo [17]. A gestão de congestionamentos nas redes de transmissão pode ser feita a partir
de soluções sistémicas ou locais [14] sendo que a primeira consiste na compensação da
potência em falta, através de um despacho de outras centrais do SEE, e a segunda
corresponde ao curtailment que consiste no impedimento, total ou parcial, da transferência
da potência de uma central fotovoltaica para as cargas. Obviamente, soluções que a nível
económico não são ótimas [14], [18].
Assim, a instalação de sistemas ESS surge como uma solução para armazenar a produção
fotovoltaica que, devido a restrições de transmissão, seria inutilizada, parcialmente ou
totalmente, para depois ser injetada na rede, mal sejam resolvidos os problemas de
congestionamento. Os objetivos de desempenho para as tecnologias de armazenamento de
energia aplicadas à melhoria da eficiência do uso das redes de transmissão são enfatizados
pelo custo do sistema, tempo de descarga, capacidade, tempo de vida do sistema e
segurança. Estes objetivos devem ser cumpridos de forma a justificar o investimento em ESS.
Tabela 2.9 – Metas de desempenho dos ESS quando aplicados ao Output Smoothing (13).
ROUNDTRIP EFFICIENCY 75% - 90% Roundtrip efficiency is the efficiency of the energy input
measured at the transformer divided by the energy output.
SYSTEM LIFETIME 10 years System lifetime will vary by technology and the number of cycles
per year, but 10 years with high cycling would be a sufficient
technologies lifetime. Low-cost, short-lived storage technologies
that can be recycled cost-effectively may offer another pathway
to achieving system cost-effectiveness.
RESPONSE TIME 1 – 2 seconds Fast system response times will allow storage to respond to
changes in renewable operation to minimize generation
fluctuations.
As seguintes tabelas permitem, por um lado, obter uma imagem globalizada das várias
aplicações dos sistemas ESS descritas anteriormente e, por outro, constatar que a bateria de
Li-ion satisfaz, de modo geral, os objetivos pretendidos para as diferentes aplicações dos ESS
integrados em fontes fotovoltaicas:
Tabela 2.10 e 2.11 – Confronto entre as características da bateria Li-íon e Aplicações dos ESS.
melhoria dos perfis de tensão da rede e a minimização do custo total de produção da mesma.
Contrariamente a outras metodologias, neste estudo [31], o perfil desejado de produção de
uma central é obtido a partir de um estudo de Optimal Power Flow (OPF). O caso estudado
incidiu num parque eólico mas, esta metodologia pode ser, também, aplicada a uma central
fotovoltaica. Para isso, basta modelizar a central fotovoltaica como uma convencional central
térmica (mesmo processo usado no caso do parque eólico para o estudo do OPF).
A seguinte tabela permite uma melhor visualização das metodologias referenciadas para
os diferentes dimensionamentos:
Tabela 2.12 – Exemplos de metodologias no dimensionamento dos sistemas ESS aplicados a centrais
fotovoltaicas.
METODOLOGIA DIMENSIONAMENTO
Definição pelo integral da função dos Compensação dos erros de previsão até
erros de previsão não compensados. determinado ponto.
Através de dados históricos são geradas
funções densidade probabilidade
empíricas do erro de produção,
posteriormente usadas para obter o
dimensionamento do sistema ESS em
função da energia não fornecida
Criação de cenários através de previsão Minimização dos desvios entre a produção real e
probabilística e do uso de distribuições o despacho desejado, considerando não apenas,
cumulativas de probabilidade para os a magnitude das diferenças dos desvios mas
desvios máximo e mínimo do valor médio também a sequência temporal dos mesmos.
de produção, em cada hora.
Figura 2.5 – Exemplo de controlo de potência de saída constante com duas referências de produção ao
longo do dia.
O objetivo desta estratégia é então carregar a bateria quando o preço da energia é baixo
e em situações em que a penalização por excesso na produção é alto, e apenas descarregar a
bateria em situações de emergência ou muito lucrativas.
Contudo é uma estratégia que depende de previsões de mercado e portanto apresenta um
elevado grau de incerteza.
2.6. Conclusão
Capítulo 3
3.1. Introdução
• O Day Ahead Market (PZU), que irá ser analisado em detalhe, mais à frente.
• O balancing market operado pelo TSO.
• O mercado para os serviços auxiliares.
• O mercado para interconexões.
• O mercado dos certificados verdes operados pela OPCOM
• O mercado centralizado de contratos futuros.
O caso de estudo alvo desta dissertação fornecido pela EDPR é, como já referido, o
parque fotovoltaico Grojdibodu, localizado na Roménia. É um parque com 9,936 MW de
potência instalada que foi conectado à rede, em março de 2013. Localiza-se a cerca de 1,25
km a nordeste da vila de Grojdibodu. Tem uma área de 31,7 hectares (3178000 metros
quadrados) onde previamente estavam campos de agricultura inutilizados há alguns anos. O
parque contém cerca de 40 000 módulos fotovoltaicos e 20 inversores [36].
46
Os dados fornecidos pela EDPR contêm várias informações sobre o parque durante o
período de 1 ano: desde 1 de setembro de 2014 até 1 de setembro de 2015. Estes dados
compreendem, então:
sendo que a previsão de produção para as 8 horas da manhã do dia D-1 é afetada por um
quantil 75.
47
183,75 5,60
Tabela 3.3 – Comparação das Penalizações por excesso e défice para fotovoltaico e eólica.
150
100
50
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
-‐50
Hours
(h)
DAM
Price
(€/MWh)
Excess
penalty
(€/MWh)
Deficit
penalty
(€/MWh)
Figura 3.1 – Comportamento do Preço DAM e das penalizações por excesso e défice.
Como se pode observar na tabela anterior, o défice é bastante superior ao excesso (cerca
de 12 vezes superior). Esta diferença deve-se à estratégia de bidding referida anteriormente,
em que, como já referenciado, se procura minimizar o excesso existente, devido a este ser
mais penalizante.
No que diz respeito aos respetivos custos, repare-se que o excesso existente durante um
ano nesta central resulta numa remuneração para o produtor de 52006,56 €. Relativamente ao
défice, e visto que existe uma quantidade avultada de desvios por défice e que o preço deste é
superior ao do DAM, como já foi explicado acima, este provoca ao produtor um prejuízo de
1188 243,7 €.
Analisando os custos em termos de penalizações destes imbalances para o produtor,
facilmente se constata que a penalização por excesso para o produtor de uma central
fotovoltaica, nos termos de funcionamento do mercado energético romeno, é bastante mais
prejudicial do que a penalização por défice pois, repare-se que embora o défice seja 12 vezes
superior ao excesso, a sua penalização ao longo do ano é cerca de 5 vezes inferior à
penalização por excesso. Isto deve-se maioritariamente à perda dos certificados verdes.
3.5. Revenues
Na tabela seguinte, estão apresentadas, com mais detalhe, as formulas utilizadas neste
cálculo:
GC Revenues GC 2015*GC_Price+GC_Postponed*GC_Price_Postponed
* discount
Total Revenues GC Revenues + Eletricity Revenues
De notar que todas as fórmulas apresentadas foram fornecidas e confirmadas com a EDPR.
Os resultados obtidos estão compilados na tabela seguinte:
3.6.1 Desvios
Como tem vindo a ser referido ao longo deste capítulo, constatou-se que os desvios na
produção são a principal razão das perdas de revenues da central. Por esse facto, torna-se
pertinente estudar com maior detalhe o comportamento dos desvios ao longo do ano,
começando por investigar a distribuição da energia nos ciclos de excesso e de défice. Importa,
no entanto, e antes de mais, clarificar o conceito de ciclo de excesso e défice. Assim, está-se
perante um ciclo de excesso, quando durante um determinado tempo, a produção real da
central é superior à produção programada, e está-se perante um ciclo de défice quando a
produção real da central é inferior à produção programada.
A seguinte figura, representa o comportamento do excesso e do défice ao longo do dia 1 de
Setembro de 2014.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
-‐1
Excesso
-‐2
Defice
-‐3
-‐4
-‐5
Como se consegue facilmente perceber na figura anterior, tem-se um ciclo de excesso das 7
às 10 horas, seguidamente de um ciclo de défice até às 13 horas, e logo de seguida, outro ciclo
de excesso que vai das 13 às 15 horas. Das 15 às 21 horas, tem-se um ciclo de défice, bem
visível.
Constatado o comportamento dos ciclos de excesso e de défice avançou-se para a análise
da distribuição da energia ao longo destes ciclos, visível nas seguintes figuras.
200
150
100
50
28
10
4
3
4
3
7
5
1
0
1
2
0
3
0
6
0
1
2
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18+
accumulated
excess
energy
(MWh)
120
100
80
60
41
40
24
23
22
13
15
15
15
15
11
20
6
11
8
8
5
3
9
0
-‐0,1
-‐1
-‐2
-‐3
-‐4
-‐5
-‐6
-‐7
-‐8
-‐9
-‐10
-‐11
-‐12
-‐13
-‐14
-‐15
-‐16
-‐17
-‐18
accumulated
excess
energy
(MWh)
Como se pode constatar na figura 3.3, a maior parte dos ciclos de excesso possui uma
energia igual ou menor que dois MWh. Existem também alguns casos de ciclos com valores
extremamente altos, embora sejam situações pouco frequentes.
No que diz respeito aos ciclos de défice, a maior parte destes tem uma energia igual ou
inferior a 10 MWh. Contudo, existem bastantes ciclos de défice com uma energia igual ou
superior a 18 MWh, que refletem ciclos de duração elevada acumulando, portanto, bastante
energia.
Na tabela seguinte está apresentado o número total de ciclos de excesso e de défice e
respetiva energia média.
Tabela 3.7 – Resultados referentes ao número total de ciclos de excesso e défice e respetiva energia
média.
Como se pode constatar a energia média dos ciclos de défice é bastante superior aos de
ciclo de excesso, o que está relacionado, novamente, com a estratégia de bidding, que provoca
bastantes horas seguidas de défice, fazendo com que a sua energia média suba. Esta
constatação conduz ao próximo fator a analisar: a duração dos ciclos de défice e excesso.
Os histogramas, representados nas figuras seguintes, permitem uma imagem clara da
distribuição da duração dos ciclos de excesso e de défice.
200
150
100
35
50
19
22
12
14
7
7
6
4
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
200
frequency
(cycles)
150
100
40
50
19
11
16
8
6
3
1
1
0
0,25
0,5
0,75
1
1,25
1,5
1,75
2
2,25
2,5
Como se pode observar na figura, a maior parte dos excessos existentes na central de
Grodjibodu, durante 1 ano, pode ser absorvida por um sistema de armazenamento de energia
com potência igual a 1 MW. Os dados permitem afirmar, ainda, que o valor médio de potência
dos ciclos de excesso é 0,46 MW.
Para concluir esta análise, comparou-se a distribuição do excesso e do défice para melhor
obter uma imagem detalhada sobre o comportamento de ambos. Assim, a figura seguinte
representa esse estudo, ou seja, a distribuição do défice e do excesso, pela sua respetiva
quantidade, em MWh.
Imbalance
(ProducQon-‐Programm)
5000
4072
4000
frequency
(h)
3000
2068
2000
717
1000
256
352
465
0
33
41
94
144
188
153
92
48
20
7
5
4
1
0
inbalance (MW)
Uma análise à figura 3.8 permite constatar que existem, expressivamente, mais horas de
défice do que de excesso, ou seja, 3905 horas em que há défice em oposição a apenas 795
horas em que há excesso. Resumindo: durante o ano analisado, existe 44 % de défice e 9% de
excesso. Além disto, pode-se também constatar que os desvios, quer por excesso, quer por
défice, concentram-se, maioritariamente, em valores que vão até aos 1 MWh. Importante,
também, notar que o excesso máximo registado é de 7,062 MWh, enquanto o défice máximo
registado é de 8,782 MWh. Como seria de esperar, na produção fotovoltaica existem bastantes
horas sem desvios na produção, uma vez que não existe produção fotovoltaica durante as horas
noturnas.
De seguida, procedeu-se a uma comparação deste estudo com os desvios registados no
parque eólico de Cobadin, também este situado na Roménia, para perceber o comportamento
dos desvios de produção entre as duas fontes, eólica e fotovoltaico, e percecionar possíveis
diferenças e ou semelhanças.
Para esta análise recorreu-se aos dados presentes em [14]. É importante, antes de mais,
notar que a potência instalada nas duas centrais é diferente: Cobadin tem uma potência
instalada de cerca de 30 MW e Grodjibodu tem uma potência instalada de cerca de 10 MW.
57
25
20
17
14
13
15
10
7
5
4
3
2
3
5
0
1
1
2
0
0
0
1
0
1
0
0,25
0,5
0,75
1
1,25
1,5
1,75
2,25
2,5
2,75
3
3,25
3,5
3,75
4,25
4,5
4,75
5
5,25
2
4
accumulated
excess
energy
(MWh)
250
frequency
(cycles)
200
150
100
50
50
25
22
11
18
13
12
8
11
7
4
9
6
5
11
3
4
5
3
3
0
-‐1
-‐2
-‐3
-‐4
-‐5
-‐6
-‐7
-‐8
-‐9
-‐10
-‐11
-‐12
-‐13
-‐14
-‐15
-‐16
-‐17
-‐18
-‐19
-‐20
-‐21
accumulated
excess
energy
(MWh)
200
frequency
(cycles)
150
95
100
67
50
34
29
15
10
7
6
7
2
3
3
4
3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15+
duraQon
of
charging
(h)
120
100
80
66
60
51
46
29
40
19
20
25
20
18
14
12
9
8
8
20
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15+
duraQon
of
charging
(h)
2000
1838
frequency
(h)
1500
1261
938
1000
721
522
500
310
154
246
128
140
76
8
31
66
18
25
13
4
0
5
0
imbalance (MWh)
Concluída esta análise, foi necessário selecionar uma estratégia de operação da bateria que
maximizasse os proveitos, tendo em conta as análises efetuadas até ao momento.
presente esta informação, o gráfico seguinte foi, então, construído a partir dos desvios de
produção por défice e excesso, para o período de um ano, na central de Grodjibodu, e
apresenta os valores médios do excesso e do défice, ao longo de um dia.
2,5
2,5
Deficit
QuanQty
(MWh)
Como se pode ver na figura 3.14, o comportamento do défice e do excesso ao longo do dia
é idêntico, pelo que a altura em que acontece o máximo de excesso e o máximo de défice
coincide, pelo que não é possivel aplicar esta estratégia a este estudo de caso.
Sistematizando…
• A maior parte das revenues da central provêm dos certificados verdes (81%).
• No espaço temporal de um ano, verifcaram-se desvios de 4700 horas, cerca de 53 %
das horas totais.
• A maior parte destes desvios são desvios por défice, devido à forma como são feitas
as ofertas.
• As penalizações por excesso são altamente mais penalizantes que as penalizações por
défice, devido à perda das revenues dos certificados verdes.
• O valor médio da energia e da potência por ciclo de excesso é de 1,59 MWh e 0,46
MW.
Tendo em consideração estas conclusões, relativamente à central de Grodjibodu, e as
estratégias de operação da bateria anteriormente anunciadas e analisadas, a opção para o
nosso estudo de caso recaiu na estratégia de manter a bateria sempre descarregada.
O funcionamento do mercado energético da Roménia e a análise aos dados da central
tornaram claro que, de forma a maximizar os proveitos é necessário reduzir o excesso existente
o máximo possível, e a estratégia selecionada permite a maior absorção do excesso
relativamente às outras apresentadas. Além disso, não depende de previsões o que faz com que
seja também a estratégia com menor grau de incerteza.
62
3.8. Conclusão
Capítulo 4
4.1. Introdução
Défice Excesso
Sim Sim
Em que:
No final de correr o algoritmo para as 8760 horas existentes no ano, procede-se ao cálculo
de todas as variáveis financeiras de forma a avaliar a viabilidade do projeto.
No gráfico seguinte, está representado um exemplo do funcionamento da bateria usando
este algoritmo, para o dia 1 de Setembro de 2014.
1,2
1
0,8
0,6
0,4
Charge/Discharge
(MWh)
0,2
SOC
(MWh)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
-‐0,2
-‐0,4
-‐0,6
-‐0,8
Neste exemplo foi utilizado uma bateria com energia e potências nominais de 1 MWh e 1
MW, respetivamente. No gráfico anterior consegue-se facilmente observar o funcionamento da
bateria em situações de excesso e défice. Repare-se que a bateria começa por carregar até ao
seu máximo valor de armazenamento (1 MW), o que significa que estamos perante um ciclo de
excesso, e, seguidamente, descarrega até ao seu state of charge mínimo (0,1 MWh), voltando
novamente a carregar e, consequentemente, a descarregar até atingir as horas noturnas, em
que não há produção solar e mantém-se no seu state of charge mínimo. É, portanto,
exatamente, o comportamento que se pretendia tendo em conta os dados analisados sobre a
central de Grodjibodu e as características do mercado energético da Roménia.
Importante também notar que, no que diz respeito aos inputs, existe, ainda, a opção de
escolher o número de certificados verdes, para desta forma a ferramenta conseguir simular
tanto para centrais fotovoltaicas, como para parques eólicos, funcionalidade esta requisitada
pela EDPR, conforme referido (e ainda que esta dissertação seja direcionada a centrais
fotovoltaicas).
Na figura seguinte, encontra-se uma breve esquematização do funcionamento da
ferramenta desenvolvida, explicado anteriormente.
FERRAMENTA
INPUTS
DE
OUTPUTS
SIMULAÇÃO
4.4. Inputs
10 40 000
20 25 000
30 20 000
40 14 000
50 10 000
60 9 000
70 8 000
80 6 000
90 5 000
100 4 000
Como se pode ver na tabela anterior, o DOD e o número de ciclos de uma bateria Li-ion têm
uma proporcionalidade inversa, isto é, quanto maior for o DOD, menor será o numero de ciclos
totais que a bateria conseguirá produzir, e quanto menor for o DOD, maior será o numero de
ciclos totais que a bateria conseguirá fazer. De notar, contudo, que quanto menor for o DOD,
70
menos energia poderá ser armazenada pela bateria, uma vez que, consequentemente, terá
menos capacidade de armazenamento disponível.
No que diz respeito aos restantes inputs, como o preço DAM, produção real e programada,
etc, estes já foram explicados e caraterizados ao longo desta dissertação, nomeadamente no
capítulo 3 pelo que não serão abordados novamente.
Caraterizados os inputs, passou-se a uma análise dos outputs produzidos pela ferramenta
de simulação.
4.5. Outputs
• Aumento dos Lucros Totais (€) : Corresponde ao aumento dos lucros da central de
Grodjibodu com a introdução da bateria de Li-ion, no período de 1 ano.
com :
a) Ciclos totais durante o tempo vida: corresponde ao número máximo de ciclos que
a bateria pode efetuar, em ciclos.
b) DOD ou profundidade de descarga, em pontos percentuais.
c) Energia nominal, em MWh.
d) Eficiência, em pontos percentuais.
e) Energia Anual Armazenada, em MWh.
f) Tempo de vida, em anos.
com:
a) Número de ciclos completos, o equivalente aos ciclos de descarga total.
b) Ciclos totais durante o tempo de vida: corresponde ao número máximo de ciclos
que a bateria pode efetuar, em ciclos.
c) Tempo de vida, em anos.
72
Dos preços referidos anteriormente, o preço 3 e o preço 4 são fixos, pelo que se modelizou
a função investimento através do preço 1 e do preço 2. Para isso, relacionou-se a energia
nominal do aparelho com o preço 1, e a potência nominal do aparelho com o preço 2, obtendo
as seguintes curvas.
2500
2000
1500
1000
500
0
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
Energia
Nominal(MWh)
1400
y
=
187,69x
+
241,2
1200
1000
Preço
2
(M€)
800
600
400
200
0
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
Potêncial
Nominal
(MW)
em que :
a. Investimento, em M€, representa todas as parcelas do investimento exceto os custos
relacionados com a manutenção e operação.
b. E. nominal, corresponde ao valor da energia nominal da bateria em MWh.
c. P. Nominal, corresponde ao valor da potência nominal da bateria em MW.
formas de calcular o LCOES como pode ser consultado em [14], [37], [38], sendo
que a forma escolhida é a seguinte:
𝑖 ∗ (1 + 𝑖)!
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ∗ + CustoO&M
(1 + 𝑖)! − 1
𝐿𝐶𝑂𝐸𝑆 = , (4.4)
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 𝐴𝑟𝑚𝑎𝑧𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎 ∗ 𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎
com:
Uma análise à fórmula anterior, facilmente, permite constatar que o LCOES é tanto menor
quanto maior for a energia armazenada pela bateria, e tanto maior, quanto maior for o
investimento e o custo de operação e manutenção. O mesmo é dizer que o LCOES reflete
quanto custa armazenar 1 MWh de energia ao produtor, ou ainda, quanto menor for o LCOES
mais viável economicamente será o projeto.
com:
Para um projeto ser viável economicamente o ROES deve ser superior ao LCOES. Caso esta
condição não se verifique, o projeto não é viável. Por outras palavras, se os proveitos forem
maiores que os custos, o projeto é economicamente viável.
4.6. Conclusão
Capítulo 5
Demonstração de Resultados
5.1. Introdução
5.2. Simulações
Nas simulações a seguir apresentadas, foi testada a influência de todos os inputs nos
outputs produzidos, à exceção da eficiência, uma vez que esta corresponde a um parâmetro
intrínseco da bateria Li-íon. Tendo em conta que a eficiência da bateria Li-íon varia entre os
80% e os 95 % [14], decidiu-se fixar a eficiência no seu valor ótimo, ou seja, os 95 %.
77
O primeiro parâmetro a ser avaliado foi, então, o DOD. Analisou-se o impacto desta variável
nos diferentes outputs produzidos pois, como já foi previamente explicado, este parâmetro tem
uma relação direta com o número de ciclos que uma bateria pode fazer no seu tempo de vida.
Nestas simulações, fixou-se a energia nominal e potência nominal da bateria em 1 MWh e 1
MW, respetivamente, variando-se apenas o DOD. Foram realizadas quatro simulações, fixando o
DOD em 30%, 70%, 90 % e 100%. Na tabela seguinte estão apresentados os resultados obtidos:
Decréscimo
dos desvios por 44 80 93 99
défice (MWh)
Decréscimo
dos desvios por 47 84 98 104
excesso (MWh)
Fator de
utilização 49 37 34 32
média (%)
dNúmero de
ciclos totais 163,47 126,34 114,91 109,86
(por ano)
Tempo de vida
(anos) 122,35 63,32 43,51 36,41
Energia
armazenada 44 80 93 99
anualmente
(MWh)
Investimento
(M€) 1,7 1,7 1,7 1,7
Aumento dos
lucros totais 8143 14 830 17 374 18 465
(€)
78
LCOES
(€/MWh) 4130,25 2275,51 1982,62 1902,89
ROES (€/MWh)
1,97 6,52 8,76 9,70
Conclui-se, portanto, que quanto maior for o DOD, maior será a viabilidade económica do
projeto, pelo que, as restantes simulações terão o DOD fixado nos 100%.
Decréscimo dos
desvios por 32 55 72 87 99
défice (MWh)
Decréscimo dos
desvios por 34 58 76 91 104
excesso (MWh)
Fator de
utilização média 52 44 39 35 32
(%)
Número de ciclos
totais (por ano) 179,23 152 133,84 120,34 109,86
Tempo de vida
(anos) 22,32 26,32 29,89 33,24 36,41
Energia
armazenada 32 55 72 87 99
anualmente
(MWh)
Investimento
(M€) 1,19 1,29 1,41 1,55 1,7
Aumento dos
lucros totais (€) 6057 10264 13 531 16 206 18 465
LCOES (€/MWh)
4958,65 2973,26 2336,80 2048,56 1902,89
ROES (€/MWh)
1,22 3,45 5,79 7,91 9,70
80
Decréscimo dos
desvios por 109 118 126 133 139
défice (MWh)
Decréscimo dos
desvios por 115 124 133 140 147
excesso (MWh)
Fator de
utilização média 29 27 26 24 23
(%)
Número de ciclos
totais (por ano) 100,89 93,47 87,28 81,92 77,13
Tempo de vida
(anos) 39,65 42,80 45,83 48,83 51,86
Energia
armazenada 109 118 126 133 139
anualmente
(MWh)
Investimento
(M€) 1,87 2,06 2,27 2,5 2,74
Aumento dos
lucros totais (€) 20 331 21 972 23 441 24 727 25 851
LCOES (€/MWh)
1840,14 1822,18 1832,77 1866,55 1920,09
ROES (€/MWh)
11,05 12,06 12,79 13,25 13,46
De forma a vincar esta análise, de seguida, são apresentados e analisados gráficos que
descrevem o comportamento de alguns destes outputs ao longo das várias simulações.
Começando pelo número de ciclos efetuados por ano pela bateria li-íon, o seu comportamento,
como se pode verificar no gráfico abaixo, é, então, o seguinte: à medida que a energia e
potência nominal da bateria aumentam, o número de ciclos por ano diminui, sendo que para
valores mais pequenos da bateria, esta diminuição é mais abrupta.
150
100
50
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
Energia/Potência
nominal
(MWh/MW)
Figura 5.1 – Variação do número de ciclos por ano da bateria com a energia e potencia nominal.
82
140
120
100
80
60
40
20
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
Energia/Potência
nominal
(MWh/MW)
Figura 5.2 – Variação da Energia Armazenada Anualmente com a energia e potencia nominal.
O próximo output a ser analisado foi o aumento dos lucros totais, através do seguinte
gráfico. Constata-se que o aumento dos lucros totais tem um comportamento igual ao da
energia armazenada anualmente, uma vez que estes estão diretamente relacionados. O
aumento dos lucros totais apenas varia com a energia armazenada pela bateria, razão pela qual
ambos os gráficos têm um comportamento idêntico.
25000
20000
15000
10000
5000
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
Figura 5.3 – Variação do aumento dos lucros totais com a energia e potência nominal.
83
LCOES
6000
5000
4000
LCOES
3000
2000
1000
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
Energia/Potência
nominal
(MWh/MW)
ROES
16
14
12
10
ROES
8
6
4
2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
Energia/Potência
nominal
(MWh/MW)
Obtido o melhor caso, decidiu-se realizar duas simulações para este dimensionamento,
variando a produção programada, de forma a perceber o impacto da estratégia de oferta
utilizada nos resultados obtidos. Para isso, inicialmente utilizou-se como produção programada
a previsão em D-1, e seguidamente, na segunda simulação usou-se como produção programada
a média entre a previsão em D-1 e a produção programada inicial.
Os resultados obtidos apresentam-se na tabela seguinte:
85
Decréscimo
dos desvios por 124 348 276
excesso (MWh)
Fator de
utilização 27 46 45
média (%)
Número de
ciclos totais 93,47 261,66 207,53
(por ano)
Tempo de vida
(anos) 42,80 15,29 19,27
Energia
armazenada 118 330 262
anualmente
(MWh)
Investimento
(M€) 2,06 2,06 2,06
Aumento dos
lucros totais 21 972 61 653 48 497
(€)
LCOES
(€/MWh) 1822,18 855,16 980,91
ROES (€/MWh)
12,06 72,09 49,94
Como é notório na tabela anterior, a bateria de Li-íon é bastante mais utilizada, alterando
a estratégia de bidding. Contudo, os lucros da central diminuem utilizando a previsão D-1 como
programada, devido à elevada penalização proveniente dos desvios por excesso e, embora, a
bateria seja bastante mais utilizada utilizando a previsão D-1 como produção programada, o
produtor teria menos lucros em relação à utilização da bidding strategy atual, repare-se:
87
Analisando a tabela anterior, percebe-se que a bidding strategy utilizada embora não seja
eficiente para a implementação de um ESS, maximiza os lucros da central tendo em conta as
características do mercado da Roménia.
Como já foi referido na secção 4.5, um projeto para ser economicamente viável tem que
verificar a seguinte condição:
Por último, fez-se uma comparação entre o melhor caso obtido para a central fotovoltaica
de Grodjibodu e o melhor caso para o parque eólico de Cobadin, ambos situados na Roménia,
conforme já referido, para desta forma se perceber quais as diferenças entre a implementação
de um dispositivo ESS num parque eólico e numa central fotovoltaica. De referir ainda, que o
parque de Cobadin é um parque com 30 MW de potência instalada. Os dados referentes a este
parque estão presentes em [14].
Decréscimo
dos desvios por 118 637
défice (MWh)
Decréscimo
dos desvios por 124 671
excesso (MWh)
Fator de
utilização 27 59
média (%)
Número de
ciclos totais 93,47 279
(por ano)
Tempo de vida
(anos) 42,80 18
Energia
armazenada 118 671
anualmente
(MWh)
Investimento
(M€) 2,06 2,87
89
Aumento dos
lucros totais 21 972 48 920
(€)
LCOES
(€/MWh) 1822,18 550,88
ROES (€/MWh)
12,06 76,78
Penalização
por excesso. 183,75 71,93
(€/MWh)
Média da
duração dos 2,33 3
ciclos de
excesso.(h)
Energia média
por ciclo de 1,51 8,2
excesso (MWh)
Número de
ciclos de 349 494
excesso.
Como se consegue constatar da análise da tabela anterior, os resultados no que diz respeito
ao eólico são bastante melhores em relação ao fotovoltaico. Repare-se que o fator de
utilização da bateria é muito maior, assim como, o número de ciclos totais efetuadas pela
bateria. Obviamente, a maior utilização da bateria resulta num LCOES bastante inferior e num
ROES bastante superior.
Esta superior utilização deve-se ao facto de o número de horas de desvio na produção
eólica ser muito maior ao número de horas de desvio na produção fotovoltaica. Repara-se que
no parque em causa, durante um ano, houve 98 % de horas em desvio [14], enquanto na central
de Grodjibodu, durante um ano existiram apenas 53 % de horas em desvio. Isto deve-se ao facto
de não haver produção fotovoltaica durante a noite, pelo que nessas horas a produção real e a
programada são iguais. Havendo praticamente o dobro das horas de desvio, uma bateria em
eólico consegue ser bastante mais utilizada do que em fotovoltaico e, portanto, produzir
melhores resultados. Consequentemente, o número de ciclos de excesso é superior na produção
eólica do que na produção fotovoltaica, assim como, a duração de cada um destes ciclos e
como, consequência, também a energia média destes ciclos. Tudo isto, e embora a penalização
por excesso na produção fotovoltaica seja maior, leva a que a produção eólica apresente
melhores resultados económicos.
Contudo, e embora o parque de Cobadin apresente indicadores técnico-económicos
bastante melhores que a central de Grodjibodu, o projeto também não é economicamente
90
viável, uma vez que não se verifica a condição de o ROES ser superior ao LCOES, e de facto,
para ser viável, o custo da bateria Li-íon teria de ser reduzido em cerca de 90 % [14].
5.5. Conclusão
No decorrer deste capítulo foram feitas diversas simulações o que torna possível agora tirar
algumas conclusões acerca da influência dos diversos inputs nos resultados finais.
No que diz respeito ao DOD, percebe-se que o seu aumento, embora diminua o tempo de
vida da bateria, aumenta a energia armazenada anualmente, pois, existe uma maior
capacidade útil e, consequentemente, provoca uma maior redução dos desvios de produção.
Com o aumento do DOD, ambos os indicadores técnico-económicos melhoram
significativamente.
No que diz respeito à energia e potência nominal, com o aumento destes verificou-se um
aumento da energia armazenada, consequente do aumento da capacidade da bateria,
provocando uma diminuição dos desvios.
Relativamente aos indicadores técnico-económicos, o LCOES diminui até aos valores
nominais de 1,4 MW e 1,4 MWh de potência e energia nominal respetivamente, e passando
esses valores, cresce, fruto do aumento significativo do custo do investimento. O ROES cresce
com o aumento dos valores nominais de potência e energia.
Obtido o dimensionamento ótimo da bateria, analisou-se a sua viabilidade económica e
conclui-se que o projeto não seria viável uma vez que o LCOES é cerca de 150 vezes superior ao
ROES.
De seguida, alterou-se a estratégia de bidding, de forma a perceber o impacto que esta
teria no funcionamento da bateria. Constatou-se que outra forma de bidding seria mais
benéfico para o funcionamento da bateria mas, a central teria menos lucros devido às
características do mercado da Roménia.
Finalmente, compararam-se os valores obtidos para a central de Grodjibodu com os obtidos
para o parque eólico de Cobadin, e ficou-se a saber que os resultados em Cobadin eram
bastante melhores, uma vez que a bateria seria mais utilizada, tendo em conta que os desvios
em Cobadin estão presentes em 98% das horas, enquanto em Grodjibodu em 53% das horas.
Concluiu-se, contudo, que em nenhum dos casos a implementação da bateria seria
economicamente viável, e que, para o ser, o custo do investimento teria de ser reduzido
significativamente e para, o caso da central fotovoltaica, teria de se ter em conta outra
estratégia de bidding.
91
Capítulo 6
Conclusão
Esta dissertação foi conduzida pelo objetivo fundamental de estudar a viabilidade técnico-
económica de uma bateria de Li-íon na central fotovoltaica de Grodjibodu, na Roménia. Outras
preocupações estiveram presentes, designadamente, a construção de um algoritmo para o
funcionamento da bateria tendo em conta as necessidades da central em causa; o
desenvolvimento de uma ferramenta que permitisse realizar várias simulações com alteração
de diversos parâmetros e que conduzisse ao dimensionamento da bateria para obtenção de
melhores resultados quer técnicos, quer económicos; saber em que produção, fotovoltaica ou
eólica, é que a bateria de Li-íon seria mais vantajosa.
Para dar resposta a todas estas questões, iniciou-se o estudo revisitando a literatura no que
respeita à bateria de lithium, mais propriamente, a bateria de Li-íon. Importava conhecer
melhor esta bateria, as suas características e especificidades, o seu funcionamento, as
vantagens relativamente às demais baterias, a segurança que apresenta na sua implementação
e utilização. Estes aspetos foram amplamente descritos; em jeito de síntese, pode-se afirmar
que a bateria de lítio, como sistema de armazenamento de energia, tem vindo a popularizar-se
por se revelar altamente eficiente, por apresentar maior longevidade e por possuir uma alta
energia específica, por ocupar menos espaço, por não necessitar de ventilação e por ser amiga
do ambiente.
Prosseguindo com outros contributos teóricos investigou-se o benefício da aplicação de
sistemas de armazenamento de energia para integração de fontes fotovoltaicas. Ficou claro
que tratando-se de fontes com uma produção intermitente e pouco controlável, caso da
produção fotovoltaica, justificava-se a utilização de ESS, uma vez que esses dispositivos ao
armazenarem energia durante determinados períodos, nomeadamente quando a oferta era
maior que a procura (usando-se essa mesma energia quando a procura era maior que a oferta),
minimizavam esses fatores de imprevisibilidade, intermitência e pouco controlo na potência de
saída das centrais de produção de energia renovável, potenciando que estas ficassem a par das
centrais de produção tradicional.
Numa perspetiva de proprietário da central, os estudos revisitados, quanto à aplicação dos
ESS relativa à integração fotovoltaica, permitiram constatar que há necessidade de ter
92
presente a variação do preço da eletricidade em alturas diferentes e o benefício que daí possa
advir em processos de compra e venda (time shifting), uma melhor eficiência das redes de
transmissão, a supressão de flutuações que possam provocar a instabilidade do sistema e a
minimização das incertezas das previsões de produção fotovoltaica associada às condições
meteorológicas, de forma a evitar uma produção inesperadamente irregular. Todos estes
aspetos mereceram uma descrição detalhada, identificando-se as vantagens da aplicação dos
sistemas de armazenamento de energia, bem como, as justificações do investimento nestes
dispositivos.
Para que as centrais fotovoltaicas e respetivo proprietário pudessem beneficiar com a
aplicação dos sistemas ESS, havia necessidade de proceder ao dimensionamento destes
dispositivos, ou seja, determinar as características (Power e Energy rating) ótimas do sistema a
utilizar. Neste âmbito, foram apresentadas algumas metodologias de dimensionamento dos ESS
aplicados a centrais fotovoltaicas, desde a análise espectral do comportamento da radiação
solar, passando por problemas de otimização, até à definição dos erros de previsão não
compensados ou, ainda, à formulação do despacho através da previsão do valor médio da
produção fotovoltaica. Como se pôde observar, estas metodologias conduziam a
dimensionamentos que tinham como objetivo minimizar custos, penalizações ou compensar
erros de previsão.
Constatou-se, ainda, a necessidade de se proceder a um controlo do sistema de
armazenamento de energia integrado numa central fotovoltaica. Das variadas estratégias
apresentadas na literatura, este estudo deteve-se com detalhe em cinco estratégias, que de
modo resumido, consistem no seguinte: 1. Controlo de potência de saída constante, com o
objetivo de tornar a produção fotovoltaica constante e previsível; 2. Controlo de redução de
flutuações, com o objetivo de nivelar a produção fotovoltaica de forma a reduzir a
intermitência da produção solar que pode provocar distúrbios no SEE e reduzir a qualidade de
serviço; 3. Controlo de ESS sempre descarregado, com objetivo de injetar na rede, o mais
rápido possível, a energia armazenada; 4. Controlo de Price Following, com objetivo de
descarrega/carregar a bateria de acordo com a variação do preço DAM; 5. A programação fixa
de carga/descarga em que as ordens de carregar/descarregar a bateria são feitas tendo em
conta os níveis históricos de défice e excesso.
Com este enquadramento e significação, o estudo debruçou-se sobre o mercado energético
da Roménia, local onde se situa a central fotovoltaica de Grodjibodu, objeto do estudo de caso
desta dissertação, e explicou o funcionamento deste mercado que se baseia no wholesale
market – constituído por variados mercados, onde se inclui o Day Ahead Market e o mercado
dos certificados verdes - e no retail market composto por um mercado regulado por preços
determinados pela ANRE e por um mercado competitivo em que os contratos são negociados
entre os fornecedores autorizados e os consumidores elegíveis.
O funcionamento do Day Ahead Market - desde os horários de abertura e fecho, passando
pelas remunerações que variam com os imbalances até às penalizações relativas ao excesso e
ou défice de produção de energia - foi objeto de atenção particular pela importância que
detém, como componente do mercado grossista, nos negócios de energia para o dia seguinte, e
enquanto ferramenta funcional que permite alcançar um equilíbrio entre os contratos
bilaterais, previsões de consumo e disponibilidade de geração de energia. Também os
certificados verdes, documentos que comprovam a produção de uma determinada quantidade
de energia elétrica através de fontes renováveis, mereceram destaque pela pertinência que
revelam na estratégia utilizada nas ofertas de venda, por parte dos produtores de energia,
93
duração média de um ciclo de défice era de 7,45 horas. Analisou-se, então, a relação entre a
energia e a duração de cada ciclo de excesso para saber que capacidade deveria a bateria de
Lítio apresentar, para dar uma resposta eficaz. Conclui-se que a maior parte dos excessos
existentes na central de Grodjibodu, durante um 1 ano, podia ser absorvida por um sistema de
armazenamento de energia com potência igual a 1 MW.
Neste momento, e tendo em conta as preocupações iniciais desta dissertação, tornou-se
importante o confronto deste estudo com os dados encontrados relativamente aos desvios
registados no parque eólico de Cobadin, também este situado na Roménia, e percecionar
diferenças entre as duas fontes de produção, fotovoltaica e eólica. O confronto permitiu
concluir que a distribuição da energia pelos ciclos de excesso e défice, a duração dos mesmos e
a existência de desvios têm um comportamento bastante similar nas duas fontes de produção
(ainda que os ciclos de défice sejam mais extensos na eólica); constatou-se que a principal
diferença reside no número de horas em que se verifica que a produção é igual à programada,
sendo esse facto visível em 47% das horas na produção fotovoltaica (devido às noturnas em que
não há produção), em oposição a 2% na produção eólica.
Tendo em conta o funcionamento do mercado energético da Roménia e a análise aos dados
da central, ficou claro neste estudo que, de forma a maximizar os proveitos era necessário
reduzir o excesso existente o máximo possível, e portanto, a estratégia de operação da bateria
- foram analisadas quatro: 1. Bateria sempre descarregada; 2. Controlo de potência de saída
constante; 3. Price following; 4. Programação fixa de carga e descarga – que melhor servia este
propósito era a estratégia de manter a bateria sempre descarregada, uma vez que permitia a
maior absorção do excesso de entre todas as referidas. Além disso, não dependia de previsões e
apresentava, portanto, menor grau de incerteza.
Com base nesta estratégia, e de forma a conseguir-se um funcionamento eficaz da bateria
de Li-íon, na central fotovoltaica de Grodjibodu, construiu-se um algoritmo de operação cujo
funcionamento, foi descrito, de forma clara, num fluxograma no capítulo 4. Através de um
gráfico elucidativo apresentou-se um exemplo do funcionamento da bateria, em situações de
excesso e défice, usando este algoritmo, o que permitiu concluir que era exatamente aquele
tipo de comportamento pretendido, tendo em conta os dados analisados relativos à central e
Grodjibodu e as características do mercado energético da Roménia.
Assim, importava agora desenvolver uma ferramenta que permitisse simular o
comportamento da central com a bateria de Lítio e analisar os impactos dessa ação conjunta.
Com o auxílio do VBA do excel, foi desenvolvida essa ferramenta cujo funcionamento muito
simples passa pela introdução de dados (os inputs), pela análise desses dados e pela produção
de uma série de outputs. Fez-se uma descrição detalhada dos inputs (eficiência, energia
nominal, potência nominal, DOD, produção do parque, produção programada, preço DAM, os
preços do excesso e défice do BRP e toda a informação referente aos certificados verdes), uma
caracterização dos outputs (Charge power (MW), Charge/Discharge da bateria (MW), State of
charge (MWh), fator de utilização média, Energia anual armazenada (MWh), aumento dos lucros
totais (€)) e, ainda, uma caraterização dos indicadores técnico-económicos, ROES e LCOES, e
cálculos intermédios que permitiriam obtê-los (tempo de vida da bateria, número de ciclos
completos pela bateria Li-ion durante o período analisado, investimento relacionado com a
introdução da bateria Li-íon na central de Grodjibodu).
Na posse da ferramenta de simulação, e na busca do dimensionamento ótimo da bateria Li-
ion, para a central de Gordjibodu, fizeram-se várias simulações, testando a influência de todos
95
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