(GOIS 2002) Influência Da Adubação Fosfatada Sobre o Desenvolvimento Inicial de Mudas de

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INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO FOSFATADA SOBRE O DESENVOLVIMENT...

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Influência da Adubação Fosfatada sobre o Desenvolvimento Inicial de Mudas de


Umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Câm.)
[1] [2] [3]
Marcos Paulo Pacheco Gois , Alberto Soares de Melo , Francisco Pinheiro de Araújo , Marcos Eric
[4] [5]
Barbosa Brito e Pedro Roberto Almeida Viégas

Introdução
O umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Câm.) é uma importante espécie frutífera da Região
Semi-Árida do Nordeste brasileiro. Segundo Araújo (1999), esta fruteira desempenha um papel
importante para as populações rurais, por fornecer frutos agridoces ricos em vitaminas, bem como
túberas radiculares como fonte de água e sais minerais para o sertanejo.
A propagação do umbuzeiro por sementes é o método mais utilizado na multiplicação de
porta-enxerto para várias espécies do gênero das Spondias, devido à formação de xilopódio,
estrutura de reserva da planta. No entanto, um dos maiores problemas na sua utilização, a curto
prazo, desta espécie está no crescimento lento e muito desuniforme das mudas. O crescimento
lento, notadamente em espessura do caule, torna a obtenção de hipobioto um processo oneroso na
fase de produção de mudas de umbuzeiro. Neste caso, o fornecimento de elementos minerais que
proporcionem um melhor desenvolvimento inicial às plântulas torna-se necessário.
Este trabalho teve como objetivo analisar doses crescentes de superfosfato simples sobre o
desenvolvimento inicial de umbuzeiro visando obtenção de porta-enxertos precoces como
subsídios para a fruticultura do semi-árido sergipano.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido em um viveiro telado, no Campus Rural do Departamento de


Engenharia Agronômica da Universidade Federal de Sergipe, localizado no município de São
Cristóvão - SE. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com cinco tratamentos
e cinco repetições. Os tratamentos foram constituídos de cinco níveis de fósforo (0, 60, 120, 180 e
240 kg/ha de P2O5), na forma de superfosfato simples.
O solo utilizado como substrato foi proveniente do município de Feira Nova, situado na
região Semi-Árida do Estado de Sergipe, apresentando as seguintes características: pH em
água=6,00; P mg/dm3=4,30; K cmolc.dm-3=7,51; Ca + Mg cmolc.dm-3=6,42; H + Al3+ cmolc.dm-
3=2,97; matéria orgânica mg/dm3=3,50; CTC cmol .dm-3=10,30; Capacidade de Campo (%) a 0,33
c
atm=27,46; Ponto de Murcha (%) a 15 atm=7,04.
As mudas foram formadas por meio de sementes de umbuzeiro provenientes de uma única
planta matriz situada no Campo Experimental da Caatinga da Embrapa Semi-Árido, município de
Petrolina-PE.
Antes da semeadura, realizou-se a quebra da dormência das sementes (Campos, 1986) e
imediatamente foram semeadas na posição deitada (16/01/2002), com profundidade média de 2,5
cm, diretamente em sacos de polietileno de cor preta com capacidade média de 2 litros. O
substrato foi previamente homogeneizado com cada nível de fósforo. Colocou-se duas sementes
por saco. Após germinadas, até 35 dias depois do semeio, efetuou-se o desbaste deixando por
saco apenas uma plântula.
As irrigações foram efetuadas de acordo com a capacidade de campo do substrato e
necessidades hídricas das plântulas.

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Durante a condução do experimento, realizou-se uma pulverização foliar com


micronutrientes (0,3% de FoliSuper) e Benomyl (100mg/L).
As variáveis estudadas (25/07/2002) foram: diâmetro (mm) do caule na altura do ponto de
enxertia; diâmetro (mm) e comprimento do xilopódio (mm), ambos por meio de um paquímetro;
altura da planta (cm) por meio de régua centimetrada, massa seca da parte aérea total (g) e
número de folhas.
Os dados observados para todos os caracteres estudados foram submetidos às análises
estatísticas, utilizando-se o programa SAEG 8.0 (Sistema de Análise Estatística e Genética – UFV /
MG) e os modelos de regressão foram ajustados pelo programa Table Curve 2D, conforme o
coeficiente de regressão até 10% de probabilidade pelo teste t.

Resultados e Discussão

As equações de regressão, com seus respectivos coeficientes de determinação, encontram-


se na Tabela 01.
Verifica-se na Tabela 01, que as variáveis estudas apresentaram um comportamento
quadrático em função das doses crescentes de superfosfato simples, com alta capacidade
preditiva.
Analisando-se a altura das mudas, observa-se que as plantas mais altas (24,19cm) foram
obtidas com a dose de 108,23 kg.ha-1 de P2O5. A determinação do tamanho do porta-enxerto é
importante, porque esta variável influenciará na altura do ponto de enxertia.
Quanto ao número de folhas, estima-se que a dose de 74,83 kg.ha-1 de P2O5 promoveu,
em média, o máximo NF na ordem de 12,45 folhas por muda. Este estudo é fundamental, pois as
folhas são os principais responsáveis pela produção de massa vegetal através da fotossíntese.
Segundo Marschner (1995), o P tem papel fundamental no desenvolvimento das plantas, por
participar de processos vitais como na produção de ATP, bem como na síntese de proteínas
essenciais.
Ainda na Tabela 01, constata-se que o DC(mm) máximo estimado foi de 5,21mm na
presença de 99,20 kg.ha-1 de P2O5. O diâmetro encontrado pode ser considerado adequado para
a realização da enxertia através da garfagem lateral; isto pode antecipar o processo na produção
de mudas, em até 6 meses. Melo (1999), estudando níveis de N e P em mudas de aceroleira,
também encontrou respostas significativas da adubação fosfatada sobre o DC.
Tabela 01. Equações de regressão relativas a altura média da muda, diâmetro do caule, massa
seca da parte aérea total, número médio de folhas, comprimento e diâmetro médio do xilopódio.
Equação de regressão referente à altura média da muda (cm) (ALTM)
•=19,14028-0,093342**P+0,0004312**P2 R2 =0,9115
Equação de regressão referente ao número médio de folhas (NF)
•=12,04514+0,03037**P-0,0002029*P2 R2 =0,9212
Equação de regressão referente ao diâmetro médio das mudas (mm) (DC)
•=3,9264+0,02585**P-0,00013029**P2 R2 =0,9256
Equação de regressão referente à massa seca da parte aérea total (g) (MSPAT)
•=0,87754+0,020896**P-0,000089171*P2 R2 =0,8532

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Equação de regressão referente ao comprimento do xilopódio (mm) (COMPX)


•=49,1914+0,41874*P-0,0018057*P2 R2 =0,8022
Equação de regressão referente ao diâmetro do xilopódio (mm) (DX)
•=27,6785+0,12265**P-0,00059429**P2 R2 =0,9172
**, * significativo a 5 e 10% de probabilidade, pelo teste t de Student.

Vê-se, também, na Tabela 01, que os maiores valores da MSPAT (2,10g) foram estimados
na dose de 117,16 kg.ha-1 de P2O5. Este valor representa um ganho médio na MSPAT de 240%,
quando comparado ao tratamento sem adição de fósforo. Salvador et al. (1998) constatou-se
ainda, que uma redução na ordem de 54% em mudas de goiabeira não fertilizada com fósforo.
Ainda Ele, a carência deste elemento causa uma redução no crescimento dos ramos e folhas,
implicando em uma menor massa vegetal.
O desenvolvimento do xilopódio do umbuzeiro apresentou um comportamento quadrático,
tanto em diâmetro como em comprimento (Tabela 01), evidenciando o papel do P no
desenvolvimento do sistema radicular. No presente experimento, observou-se nas uma ramificação
excessiva das túberas do umbuzeiro, maiores doses de P estudadas. Segundo Gondin et al.
(1991), o maior crescimento das raízes de espécies do semi-árido brasileiro é uma estratégia de
sobrevivência destas plantas para o período de seca. Para tanto, Witt (1997) relata que quando há
baixa disponibilidade de nutrientes no solo, ocorre um menor crescimento da parte aérea,
possivelmente devido ao baixo desenvolvimento do sistema radicular. Já em excesso, nota-se
uma maior divisão celular podendo causar alterações na morfologia das raízes.

Conclusões

1. A adubação fosfata contribui de forma significativa no desenvolvimento inicial de mudas de


umbuzeiro;
2. A altura máxima estimada de mudas de umbuzeiro (24,19 cm) é obtida na dose de 108,23
kg.ha-1 de P2O5;
3. O número de folhas máxima estimada de mudas de umbuzeiro (12,45) é obtida na dose de
74,53 kg.ha-1 de P2O5;
4. O diâmetro médio do caule máximo estimado de 5,21 mm, obtido na dose de 99,20 kg.ha-1 de
P2O5, é considerado adequado para efetuar a enxertia por garfagem lateral;
5. O xilopódio do umbuzeiro apresentou várias ramificação na maior dose de fósforo estudada,
característica considerada benéfica na fase de produção de mudas e maléfica quando se
deseja produzir túberas para confecção de picles.

Referências Bibliográficas

ARAÚJO, F. P. de. Métodos de enxertia na propagação do umbuzeiro (Spondias tuberosa Arr.


Câm.) em diferentes épocas do ano. 1999. 71 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia/Fruticultura
Tropical) - Escola de Agronomia, Universidade Federal da Bahia, Cruz das Almas.

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CAMPOS, C. de O. Estudo da quebra de dormência da semente do umbuzeiro (Spondias


tuberosa, Arr. Cam.). 1986. 71 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal do
Ceará, Fortaleza.

GONDIN, T. M. S.; SILVA, H.; SILVA, A. Q. da; CARDOSO, E. A. Período de ocorrência de


xilopódios em plantas de umbu Spondias tuberosa, Arr. Cam.) propagadas sexuada e
assexuadamente. Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas, v. 13, n. 2, p. 33-38, 1991.

MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. London: Academic Press, 1995. 889p.

MELO, A. S. de. Efeito de N, P e K sobre o desenvolvimento inicial e a nutrição foliar da


aceroleira (Malpighia punicifolia L.), 1999. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia/Fruticultura
Tropical) - Escola de Agronomia, Universidade Federal da Bahia, Cruz das Almas, 1999.

SALVADOR, J. O.; MOREIRA, A.; MURAOKA, T. Deficiência nutricional em mudas de goiabeira


decorrente da omissão simultânea de dois macronutrientes. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v. 33, n. 10, p. 1623-1631, 1998.

WITT, H.H. Root growth of trees as influenced by physical and chemical soilfactors. Acta
Horticulturae, Wageningen, n. 450, p. 205-214, 1997.

[1]
Estudante/ Departamento de Eng. Agronômica/UFS/Bosista PIBIC/CNPq. Campus Universitário José Aloísio de
Campos, Av. Marechal Deodoro, s/n, Jardim Rosa Elze, CEP 49100-000, São Cristóvão-SE.
[2]
Eng. Agro.M.Sc. Prof. do Departamento de Engenharia Agronômica/UFS/ Bolsista CNPq. [email protected].
[3]
Eng. Agro. M.Sc. Pesquisador da Embrapa Semi-Árido, Petrolina-PE. [email protected].
[4]
Estudante/ Departamento de Eng. Agronômica/UFS/Bolsista Voluntário PIBIC/CNPq.
[5]
Eng. Agro. DSc. Prof. do Departamento de Engenharia Agronômica/UFS. [email protected]

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