Logica e Falacias
Logica e Falacias
Logica e Falacias
Construindo um Argumento
Lógico
Matthew
Introdução
Há muito debate na Internet; infelizmente, grande parte dele possui
péssima qualidade. O objetivo deste documento é explicar os
fundamentos da argumentação lógica e possivelmente melhorar o nível
dos debates em geral.
Infelizmente, pode ser que John também deseje, por outros motivos,
evitar contato com Steve, tornando seu objetivo conflitante. Isso
significa que a resposta lógica nem sempre é viável.
Argumentos
Um argumento é, segundo Monthy Phyton Sketch, “uma série
concatenada de afirmações com o fim de estabelecer uma proposição
definida”.
Por exemplo, “Existe um número primo par maior que dois” é uma
proposição (no caso, uma falsa). “Um número primo par maior que dois
existe” é a mesma proposição expressa de modo diferente.
Premissas
Argumentos dedutivos sempre requerem um certo número de
“assunções-base”. São as chamadas premissas; é a partir delas que os
argumentos são construídos; ou, dizendo de outro modo, são as razões
para se aceitar o argumento. Entretanto, algo que é uma premissa no
contexto de um argumento em particular, pode ser a conclusão de
outro, por exemplo.
Inferência
Umas vez que haja concordância sobre as premissas, o argumento
procede passo a passo através do processo chamado inferência.
Conclusão
Finalmente se chegará a uma proposição que consiste na conclusão, ou
seja, no que se está tentando provar. Ela é o resultado final do processo
de inferência, e só pode ser classificada como conclusão no contexto de
um argumento em particular.
Há, no entanto, uma coisa que não pode ser feita: partir de premissas
verdadeiras, inferir de modo correto, e chegar a uma conclusão falsa.
Regras de implicação
Premissa Conclusão Inferência
A B A B
Falsa Falsa Válida
Falsa Verdadeira Válida
Verdadeira Falsa Inválida
Verdadeira Verdadeira Válida
Exemplo de argumento
A seguir está exemplificado um argumento válido, mas que pode ou
não ser “consistente”.
Reconhecendo argumentos
O reconhecimento de argumentos é mais difícil que das premissas ou
conclusão. Muitas pessoas abarrotam textos de asserções sem sequer
produzir algo que possa ser chamado argumento.
Ademais, Einstein não cria num Deus pessoal preocupado com assuntos
humanos *(Nota 2).
Leitura complementar
Esboçamos a estrutura de um argumento “consistente” dedutivo desde
premissas até a conclusão; contudo, em última análise, a conclusão só
pode ser tão persuasiva quanto as premissas utilizadas. A lógica em si
não resolve o problema da verificação das premissas; para isso outra
ferramenta é necessária.
Falácias
Há um certo número de “armadilhas” a serem evitadas quando se está
construindo um argumento dedutivo; elas são conhecidas como
falácias. Na linguagem do dia-a-dia, nós denominamos muitas crenças
equivocadas como falácias, mas, na lógica, o termo possui significado
mais específico: falácia é uma falha técnica que torna o argumento
inconsistente ou inválido.
Acentuação / Ênfase
A falácia a Acentuação funciona através de uma mudança no
significado. Neste caso, o significado é alterado enfatizando diferentes
partes da afirmação. Por exemplo:
Ad Hoc
Como mencionado acima, argumentar e explicar são coisas diferentes.
Se estivermos interessados em demonstrar A, e B é oferecido como
evidência, a afirmação “A porque B” é um argumento. Se estivermos
tentando demonstrar a veracidade de B, então “A porque B” não é um
argumento, mas uma explicação.
A falácia Ad Hoc é explicar um fato após ter ocorrido, mas sem que essa
explicação seja aplicável a outras situações. Frequentemente a falácia
Ad Hoc vem mascarada de argumento. Por exemplo, se admitirmos que
Deus trata as pessoas igualmente, então esta seria uma explicação Ad
Hoc:
Afirmação do Consequente
Essa falácia é um argumento na forma “A implica B, B é verdade, logo A
é verdade”. Para entender por que isso é uma falácia, examine a tabela
(acima) com as Regras de Implicação. Aqui está um exemplo:
Anfibolia
A Anfibolia ocorre quando as premissas usadas num argumento são
ambíguas devido a negligência ou imprecisão gramatical. Por exemplo:
“Premissa: A crença em Deus preenche um vazio muito necessário.”
Evidência Anedótica
Uma das falácias mais simples é dar crédito a uma Evidência Anedótica.
Por exemplo:
Argumentum ad Antiquitatem
Essa é a falácia de afirmar que algo é verdadeiro ou bom só porque é
antigo ou “sempre foi assim”. A falácia oposta é a Argumentum ad
Novitatem.
“…em todo caso, sei seu telefone e endereço; já mencionei que possuo
licença para portar armas?”
Argumentum ad Crumenam
É a falácia de acreditar que dinheiro é o critério da verdade; que
indivíduos ricos têm mais chances de estarem certos. Trata-se do
oposto ao Argumentum ad Lazarum. Exemplo:
“A Microsoft é indubitavelmente superior; por que outro motivo Bill
Gates seria tão rico?”
Argumentum ad Hominen
Argumentum ad Hominem literalmente significa “argumento
direcionado ao homem”; há duas variedades.
“Você diz que os ateus podem ser morais, mas descobri que você
abandonou sua mulher e filhos.”
Argumentum ad Ignorantiam
Argumentum ad Ignorantiam significa “argumento da ignorância”. A
falácia consiste em afirmar que algo é verdade simplesmente porque
não provaram o contrário; ou, de modo equivalente, quando for dito
que algo é falso porque não provaram sua veracidade.
(Nota: admitir que algo é falso até provarem o contrário não é a mesma
coisa que afirmar. Nas leis, por exemplo, os indivíduos são considerados
inocentes até que se prove o contrário.)
Por exemplo:
Argumentum ad Lazarum
É a falácia de assumir que alguém pobre é mais íntegro ou virtuoso que
alguém rico. Essa falácia é apõe-se à Argumentum ad Crumenam. Por
exemplo:
Argumentum ad Logicam
Essa é uma “falácia da falácia”. Consiste em argumentar que uma
proposição é falsa porque foi apresentada como a conclusão de um
argumento falacioso. Lembre-se que um argumento falacioso pode
chegar a conclusões verdadeiras.
Argumentum ad Misericordiam
É o apelo à piedade, também conhecida como Súplica Especial. A
falácia é cometida quando alguém apela à compaixão a fim de que
aceitem sua conclusão. Por exemplo:
“Eu não assassinei meus pais com um machado! Por favor, não me
acuse; você não vê que já estou sofrendo o bastante por ter me tornado
um órfão?”
Argumentum ad Nauseam
Consistem em crer, equivocadamente, que algo é tanto mais verdade,
ou tem mais chances de ser, quanto mais for repetido. Um Argumentum
ad Nauseamé aquele que afirma algo repetitivamente até a exaustão.
Argumentum ad Novitatem
Esse é o oposto do Argumentum ad Antiquitatem; é a falácia de afirmar
que algo é melhor ou mais verdadeiro simplesmente porque é novo ou
mais recente que alguma outra coisa.
“BeOS é, de longe, um sistema operacional superior ao OpenStep, pois
possui um design muito mais atual.”
Argumentum ad Numerum
Falácia relacionada ao Argumentum ad Populum. Consiste em afirmar
que quanto mais pessoas concordam ou acreditam numa certa
proposição, mais provavelmente ela estará correta. Por exemplo:
Argumentum ad Populum
Também conhecida como apelo ao povo. Comete-se essa falácia ao
tentar conquistar a aceitação de uma proposição apelando a um grande
número de pessoas. Esse tipo de falácia é comumente caracterizado
por uma linguagem emotiva. Por exemplo:
Argumentum ad Verecundiam
O Apelo à Autoridade usa a admiração a uma pessoa famosa para
tentar sustentar uma afirmação. Por exemplo:
Esse tipo de argumento não é sempre inválido; por exemplo, pode ser
relevante fazer referência a um indivíduo famoso de um campo
específico. Por exemplo, podemos distinguir facilmente entre:
Bifurcação
“Preto e Branco” é outro nome dado a essa falácia. A Bifurcação ocorre
se alguém apresenta uma situação com apenas duas alternativas,
quando na verdade existem ou podem existir outras. Por exemplo:
Circulus in Demonstrando
Consiste em adotar como premissa uma conclusão à qual você está
tentando chegar. Não raro, a proposição é reescrita para fazer com que
tenha a aparência de um argumento válido. Por exemplo:
Falácias de Composição
A Falácia de Composição é concluir que uma propriedade compartilhada
por um número de elementos em particular, também é compartilhada
por um conjunto desses elementos; ou que as propriedades de uma
parte do objeto devem ser as mesmas nele inteiro. Exemplos:
“Jim Bakker foi um Cristão pérfido; logo, todos os cristãos também são.”
Negação do Antecedente
Trata-se de um argumento na forma “A implica B, A é falso, logo B é
falso”. A tabela com as Regras de Implicação explica por que isso é uma
falácia.
Essa falácia é muito comum entre pessoas que tentam decidir questões
legais e morais aplicando regras gerais mecanicamente.
Falácia da Divisão
Oposta à Falácia de Composição, consiste em assumir que a
propriedade de um elemento deve aplicar-se às suas partes; ou que
uma propriedade de um conjunto de elementos é compartilhada por
todos.
Analogia Estendida
A falácia da Analogia Estendida ocorre, geralmente, quando alguma
regra geral está sendo discutida. Um caso típico é assumir que a
menção de duas situações diferentes, num argumento sobre uma regra
geral, significa que tais afirmações são análogas.
“Essa posição é execrável: implica que você não apoiaria Martin Luther
King.”
“Você está dizendo que a legislação sobre criptografia é tão importante
quando a luta pela igualdade dos homens? Como ousa!”
“Eu tomei uma aspirina e rezei para que Deus a fizesse funcionar; então
minha dor de cabeça desapareceu. Certamente Deus foi quem a
curou.”
Non Sequitur
Non Sequitur é um argumento onde a conclusão deriva das premissas
sem qualquer conexão lógica. Por exemplo:
Reificação
A Reificação ocorre quando um conceito abstrato é tratado como algo
concreto.
“Você descreveu aquela pessoa como ‘maldosa’. Mas onde fica essa
‘maldade’? Dentro do cérebro? Cadê? Você não pode nem demonstrar o
que diz, suas afirmações são infundadas.”
Mudando o Ônus da Prova
O ônus da prova sempre cabe à pessoa que afirma. Análoga ao
Argumentum ad Ignorantiam, é a falácia de colocar o ônus da prova no
indivíduo que nega ou questiona uma afirmação. O erro, obviamente,
consiste em admitir que algo é verdade até que provem o contrário.
Declive Escorregadio
Consiste em dizer que a ocorrência de um evento acarretará
consequências daninhas, mas sem apresentar provas para sustentar tal
afirmação. Por exemplo:
Espantalho
A falácia do Espantalho consiste em distorcer a posição de alguém para
que possa ser atacada mais facilmente. O erro está no fato dela não
lidar com os verdadeiros argumentos.
“Para ser ateu você precisa crer piamente na inexistência de Deus. Para
convencer-se disso, é preciso vasculhar todo o Universo e todos os
lugares onde Deus poderia estar. Já que obviamente você não fez isso,
sua posição é indefensável.”
Uma vez por semana aparece alguém com esse argumento na Internet.
Quem não consegue entender qual é a falha lógica deve ler a
Introdução ao Ateísmo.
Tu Quoque
Essa é a famosa falácia “você também”. Ocorre quando se argumenta
que uma ação é aceitável apenas porque seu oponente a fez. Por
exemplo:
É uma falha lógica que ocorre quando se tenta argumentar que certas
coisas são, em algum aspecto, similares, mas não se consegue
especificar qual. Exemplos:
“A história não se baseia na fé? Então a Bíblia também não poderia ser
vista como história?”
Nota 1
Note que no Novo Testamento Jesus não diz ser Deus, apesar de
em João 10:30 ele ter dito “Eu e meu pai somos um”. A alegação
de que Jesus era Deus foi feita após sua morte pelos seus doze
apóstolos.
Nota 2
Einstein uma vez disse que “Deus não joga dados (com o
Universo)”. Essa citação é comumente mencionada para mostrar
que Einstein acreditava no Deus cristão. Mas nesse caso ela está
fora de contexto, pois dizendo isso ele pretendia apenas recusar
alguns aspectos mais populares da teoria quântica. Ademais, a
religião de Einstein era o judaísmo, não o cristianismo.
autor: Matthew