O Quarterback Que Eu Odeio (Estrelas Do Al - Lana Silva

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LANA SILVA

Copyright 2023©

1° edição – janeiro 2023

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A LANA SILVA


Edição: AAA Design

Ilustração: Snake Designer

Revisão: Sônia Carvalho

Sumário

Sinopse

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15
Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20

Capítulo 21

Capítulo 22

Capítulo 23

Capítulo 24

Capítulo 25

Capítulo 26

Capítulo 27

Capítulo 28

Epílogo

Epílogo bônus

Agradecimentos

Redes Sociais
Ethan Lewis é a maior estrela do futebol americano
universitário, então quando ele desloca o ombro correndo
atrás do seu amigo bêbado, e só de cueca ele sabe que está
ferrado.

Agora o Quarterback do Crimson Tide precisa de alguém


para auxiliar na sua recuperação e o manter longe de
problemas.

Abigail Jones ama esportes com uma única exceção: futebol


americano, além disso, é claro, tem uma total aversão aos
jogadores, principalmente os quarterbacks agenciados pelo
idiota do seu pai. Tudo que ela queria era um estágio na
equipe de treinamento atlético do time de Basquete
feminino, mas o que ela recebe é a oferta de ser a babá de
um jogador idiota, sem emprego e com uma dívida, ela não
tem outra alternativa a não ser aceitar a oferta.

Abigail está prestes a passar parte do seu dia sendo babá


de um cara que odeia. Ethan está prestes a descobrir que
ele não é amado por todas as garotas da Universidade do
Alabama como acreditava ser.
Poderá Ethan descobrir o porquê Abigail o odeia tanto? E

convencê-la que ele não é nada do que ela espera dele?

Abby

Existe algo pior que acordar de ressaca e isso é acordar de


ressaca com o som do seu despertador. O som parece
entrar em minha cabeça e esmagar cada parte dela, é como
se meu cérebro estivesse sendo esmagado.

Eu tento fechar meus olhos e continuar dormindo, mas é


impossível, o meu celular volta a tocar depois de cinco
minutos, maldita soneca. Sem alternativa, coloco minha
mão embaixo do travesseiro e pego o aparelho, desligo o
despertador, com cuidado abro meus olhos e confiro o
horário. Não tenho tempo

para continuar dormindo, se ficar mais um minuto na cama


irei me atrasar para a primeira aula.

Ainda zonza por todo álcool que ingeri na noite passada,


levanto-me da cama, deixo meu quarto e vou para o
banheiro, para minha sorte nenhuma das meninas o está
ocupando.

Estou com a garganta seca, os olhos pesados e a cabeça


doendo. Como em dois anos ainda não aprendi que festas
nas quintas-feiras são péssimas ideias?

Tiro o pijama que estou usando e vou direto para o box.

Estou pegajosa, suada e fedendo a cerveja barata e de


péssima qualidade. Deus, como consegui dormir assim?
Claro, eu estava tão bêbada que a única coisa que consegui
fazer foi entrar em meu quarto, vestir um pijama e me jogar
na cama.

Ligo o chuveiro na água gelada e mesmo que não tenha


tempo para secar meu cabelo opto por lavá-lo, porque até
mesmo ele está fedendo. Caralho, talvez eu deva parar de
beber e frequentar essas malditas festas.

Gasto o máximo de tempo possível embaixo do chuveiro,


mas não o tanto quanto gostaria, porque estou atrasada.

Saio do banheiro enrolada em uma toalha e ainda com dor


de cabeça, porém não estou mais tonta. Eu volto para meu
quarto, vou até minha cômoda e pego qualquer roupa, ou
seja, regatinha básica e uma calça jeans, calço meu tênis,
penteio meu cabelo, deixo-o molhado mesmo e apenas
retiro o excesso de água com a toalha. Estou desprezível e
qualquer um que olhar para mim saberá disso.

Para não parecer tão derrotada, pego um óculos escuro, e


por fim a minha bolsa que contém meu iPad e cadernos,
jogo meu celular dentro dela e deixo meu quarto.

A porta do quarto de Brooke está fechada, porque a vaca


sortuda não tem aula hoje pela manhã, mas a de Dakota
está aberta, porque assim como eu ela terá que ir para a
universidade.

Sigo para nossa cozinha/sala. Dakota está de costas para


mim e de frente para o fogão. Ela está cozinhando enquanto
uma música da Meghan Trainor[1] está ecoando em um
volume não muito alto pelo pequeno lugar que dividimos.

— Por que, eu não sou como você?

Resmungo enquanto me jogo no sofá que fica na nossa sala,


que é no mesmo ambiente que nossa pequena cozinha e

jogo minha mochila no meu lado.

— Bom dia, flor do dia.

Ela se vira para mim com um sorriso no rosto e reviro meus


olhos.

— Péssimo dia.

Faço um biquinho e minha amiga apenas ri.

— Eu avisei você para não beber tanto.

Aponta a colher que tem em mãos na minha direção e eu


suspiro. Sim, Dakota que optou por não beber ontem, me
avisou para não exagerar e eu como sou uma idiota não dei
ouvidos para ela.

— Eu sei.

Sorri vitoriosa e volta a ficar de costas para mim.

— Qual os planos para o dia?

Suspiro mais uma vez.


— Você quer dizer a tortura do dia, não é?

Sei que estou parecendo um bebê chorão, mas às vezes só


acordamos e temos certeza de que o dia será uma merda. E

hoje eu posso garantir será um dia de merda.

— Não seja tão chata, Abby.

Dakota se vira e dessa vez está segurando a frigideira.

— Por que, eu não poderia ter pais ricos e legais?

Dakota faz uma careta.

— Reclame menos, Abby.

— Eu estou de ressaca, tenho a pior aula da semana, além


disso tenho que continuar procurando um emprego. — É a
minha vez de fazer uma careta. — E adivinha, se meus pais
não fossem tão um idiota, eu não precisaria arranjar um
trabalho.

Minha amiga morde seu lábio inferior.

— Você ainda está com raiva deles?

Apenas de pensar em meus pais minha cabeça dói ainda


mais, por isso fico em pé e vou até o nosso armário, onde
ficam os remédios.

— Meu pai está me cobrando a fatura do cartão e minha


mãe se recusa a me ajudar a pagá-la. — Pego um remédio
para dor de cabeça. — O idiota não sabe nem o que fazer
com tanto dinheiro e está me cobrando.

— Talvez, ele apenas esteja querendo que você aprenda a


ser independente.
Sorrio ironicamente enquanto vou até a geladeira e pego
uma garrafinha de água.

— Acredite, ele somente está sendo um idiota.

Liam Cooper não está preocupado comigo, nem com o tipo


de ser humano em que irei me tornar. Eu tomo meu remédio
e a água logo em seguida, e volto a olhar para Dakota. Ela
está me encarando com pena e odeio isso.

— Sinto muito.

Dou de ombros.

— Eu vou ficar bem.

Ela parece prestes a dizer algo, então balanço a cabeça.

Não quero palavras de conforto e nem de autoajuda.


Algumas coisas simplesmente não têm como ser melhores e
uma dessas é a situação a qual me encontro no momento.
Dakota se aproxima deixa os ovos sobro o balcão que está
logo ao meu lado.

— Bacon?

Sorri gentilmente e balanço a cabeça negando.

— Não, aliás não irei comer nada, meu estômago está um


caos — Ela apenas assente. — Você quer uma Carona?

— Você tem aula à tarde, não é?

É a minha vez de assentir.

— Sim, e depois da aula irei procurar um emprego.


— Então, eu vou com meu carro. — Abro a boca para dizer
que irei esperá-la, porém ela é mais rápida. — Você não
precisa me esperar, minha aula é um pouco mais tarde que
a sua e irá se atrasar ainda mais.

Ela está certa.

— Ok. — Sorrio, o primeiro sorriso do dia e talvez o último.

— Tchau, baby.

Aceno para ela e me viro de costas.

— Tchau, querida.

Escuto sua resposta enquanto pego minha mochila e deixo o


apartamento que divido com Brooke e Dakota e que fica nas
instalações para alunos da parte oeste do campus, o prédio
com os apartamentos de três quartos se chama Bryce Lawn.

Enquanto sigo para o estacionamento que fica em frente, eu


me lembro de que tenho que seguir para aula de Cálculo e
faço uma careta. Quem poderia imaginar que me depararia
com esse tipo de matéria em Saúde Pública?

Coloco meus óculos escuros e trago a mochila para perto a


fim de poder pegar a chave do meu carro, aproveito que
estou com a cara praticamente enterrada na mochila para
fingir que não estou vendo pessoas ao meu redor,
provavelmente outros estudantes que estão indo para a
aula. Nada contra ser educada, eu só não quero ser
educada hoje.

Ao chegar em frente ao meu carro, afasto a mochila e


encaro o Jeep Grand Cherokee[2] branco e me pergunto o
que aconteceria se o vendesse, talvez meu pai me
deserdasse, porém, e se ele não soubesse?
Desligo o alarme, entro no carro, jogo minha mochila no
banco ao lado. A verdade é que se vendesse o carro que
Liam me deu há dois anos quando iniciei a faculdade ele iria
surtar e não estou a fim de lidar com Liam surtando, além
disso ele incomodaria minha mãe que me incomodaria.

E em algum momento ele descobriria, principalmente


porque o seguro do carro está em seu nome.

Ou seja, melhor continuar com o carro e além de tudo, eu


gosto dele. Seria péssimo me livrar dele.

— É uma droga ter alma de rica. — Passo a mão pela


direção. — E nem é a minha culpa, vamos culpar o DNA que
recebi daqueles dois.

Respiro fundo, ligo o carro e não demoro cinco minutos para


chegar ao prédio onde acontecem aulas de matemática, o
MTLC, Mathematics Technology Learning Center, um prédio
com colunas quadradas logo na entrada, tijolos à vista e
com um formato de um polígono.

Paro no estacionamento, pego minha mochila e sigo para a


sala de aula. Estou alguns minutos atrasada e recebo um
olhar estranho do professor, porém ele não fala nada, então
sigo para o fundo e me sento em uma das classes
disponíveis.

Eu pego meu iPad e tento me concentrar na aula, o que é


uma tarefa extremamente difícil, porque a aula de cálculo é
um saco como sempre e tenho que me esforçar para não
dormir durante todo tempo. Apesar do meu esforço algumas
vezes eu acabo piscando.

Estou ainda pior do que antes ao fim da aula e quando pego


meu celular, assim que deixo a sala de aula, faço uma
careta ao me deparar com uma chamada de Bridget, o que
minha

mãe pode querer comigo? Ela não me liga sem nenhuma


intenção.

Ainda estou encarando o aparelho quando o seu nome


brilha na tela outra vez. Franzo minha testa e enquanto saio
caminho para fora do prédio, aceito a chamada e trago o
celular até a minha orelha.

— Mãe.

— Hey, Abigail. — Como nunca conversamos amenidades a


espero dizer o motivo pelo qual está ligando. — Eu recebi
um e-mail do Liam.

Sorrio ironicamente.

— É claro que você recebeu.

— Ele mandou que eu pedisse a você para que lhe enviasse


o valor que você gastou no cartão de crédito que ele te deu
para gastar com coisas exclusivamente da faculdade.

— Comer e gastos de casas deveriam ser incluídos nisso.

Soo debochada e a escuto suspirar.

— Você sabe o que ele pensa disso.

— O que vocês pensam disso, não é!?

Desligo o alarme do carro, abro a porta e me sento atrás da


direção.

— Você sabe que eu ajudaria se pudesse.


Usa um tom de voz mais baixo para soar como se realmente
se preocupasse comigo.

— Não se preocupe, eu irei dar um jeito.

— Ok, algo mais, querida?

Ela fala como se eu tivesse procurado por ela. Suspiro e


encaro o vidro à minha frente.

— Não.

— Tchau, querida e cuide-se.

— Cuide-se, mãe.

Afasto o celular da minha orelha e a ligação já foi encerrada.


Respiro fundo, jogo minha cabeça para trás e encaro o teto
do carro. Eu pareço uma adolescente inconformada por não
ganhar o que pediu aos pais, porém Liam acabou de
comprar um Iate, Bridget ganha uma pensão extremante
gorda do meu pai e eu preciso trabalhar para pagar os meus
boletos.

Maldita hora em que perdi meu emprego no semestre


passado e precisei usar o cartão de crédito de Liam.

Mentalizo que tudo ficará bem.

Tudo bem que fui demitida do bar em que trabalhava no


semestre passado, porque um idiota me assediou.

Tudo bem que ontem a professora chefe do departamento


me ligou e me disse que não fui selecionada para o
programa de estágio desse semestre no qual tinha me
inscrito antes das férias.

Tudo bem que meus pais são dois idiotas.


Respiro fundo mais uma vez, então ligo o carro e dirijo para
o próximo prédio, a faculdade de ciências ambientais
humana, onde terei a minha próxima aula, segurança e
prevenção de lesões, uma matéria que realmente tenho
interesse e me fascina.

Meu sono até diminui enquanto assisto a aula e ao fim dela


já não me sinto tão miserável.

Eu saio da aula e vou até o restaurante mais próximo, como


voltarei para o prédio de ciências humanas mais tarde vou a
pé e aproveito para observar o verde presente no campus.

A Universidade do Alabama tem um campus enorme com


muito verde e prédios de tijolo à vista em um estilo que
mistura o clássico com o Neoclássico, com alguns pilares
que remetem à Grécia e fachadas em que os telhados
lembram Vês invertidos.

Após almoçar estou voltando para o prédio de ciências


humanas quando o meu celular vibra em meu bolso, eu
pego o aparelho e me deparo com o nome da professora
Monroe brilhando na tela, ela está me ligando. Será que é
uma boa notícia? Rezo para que sim.

Não hesito em aceitar a chamada e trazer o celular até


minha orelha.

— Olá, professora Monroe.

— Hey, Abigail, tudo bem?

— Tudo sim, e com a senhora?

Caminho com o celular colado à minha orelha e com meu


coração acelerado. Por favor, uma boa notícia.
— Tudo ótimo, eu liguei para você, porque eu tenho uma
boa notícia.

Suspiro aliviada. Talvez, o dia não esteja tão ruim quanto


imaginei.

— Qual notícia?

É nítido em minha voz que estou animada.

— Surgiu uma nova vaga para o programa de estágio para


acompanhar o treinador atlético do nosso time e ela pode
ser sua,

se você aceitar.

— É claro que se está disponível, eu aceito, eu já até posso


me visualizar trabalhando com o time de Basquete feminino
Na minha cabeça consigo até mesmo me imaginar no
uniforme utilizado pela equipe responsável pelo treinamento
atlético dos atletas.

— Você não irá trabalhar com o time de Basquete, Abigail.

Franzo minha testa sem entender.

— Mas eu me escrevi para acompanhar o time de Basquete.

— A vaga que surgiu foi no time de Futebol Americano,


Abigail.

É claro que tudo sempre pode piorar.


Ethan

Só existe algo pior do que deslocar seu ombro enquanto


você está correndo só de cueca atrás do seu melhor amigo
e é enfrentar o seu treinador. Noah Davis caminha de um
lado para o outro na sua sala enquanto eu sigo sentado na
cadeira de frente para sua mesa.

— Você sabe o problema em que se meteu, Lewis?

Não ouso respondê-lo, porque é uma pergunta retórica.

Porém, eu sei o que significa. Significa que eu estou


totalmente ferrado.

— Você é o Quarterback. — Ele se vira na minha direção e


posso ver a raiva neles. — Você é o meu capitão, minha
estrela e um dos melhores jogadores da liga universitária.

Eu suspiro, porque essa situação não é só incômoda para


ele. O semestre recém começou, a temporada irá iniciar e
eu estou com meu ombro imobilizado, ou seja, proibido de
treinar.
— Treinador, eu prometo me empenhar Sorri irônico.

— É claro que você vai. — Aponta seu dedo em minha


direção. — Nem que você tenha que ter um treinador
atlético ao seu lado vinte e quatro horas por dia.

Faço uma careta.

— Não é preciso ser tão radical.

Mais uma vez, Davis ri e balança a cabeça.

— Você conseguiu se lesionar em casa no meio de uma


brincadeira. — Volta a desviar o olhar de mim e passa as
mãos pelos fios do seu cabelo. — Meu capitão lesionado por
causa de uma brincadeira idiota.

Bufa irritado.

— Inacreditável.

Eu sequer posso me sentir ofendido, ou tentar me justificar,


porque foi uma lesão idiota. Eu jogo futebol americano
desde que me conheço por gente e nunca me machuquei,
então, de repente saio da piscina vestindo só uma cueca
para correr atrás do meu melhor amigo na tentativa de
junto com nosso outro amigo jogá-lo na piscina, escorrego
no chão e desloco meu ombro.

Não há justificativas.

Davis para de caminhar de um lado para o outro, apoia as


mãos em sua cintura e olha para cima.

— Como vocês conseguem ser os melhores atletas dessa


faculdade morando juntos? Aliás como sobrevivem?
Mais uma vez, não o respondo. E parece ser o certo, porque
ele não se vira na minha direção e nem me encara com
raiva. Ele olha pela janela que fica logo atrás da sua mesa e
depois de alguns minutos que ficamos em silêncio, ele me
encara e suspira.

— Você tem noção que pode ficar de fora do primeiro jogo


da temporada?

Ou seja, talvez perca o primeiro jogo da divisão Oeste, e o


mais importante da temporada, contra o Auburn Tigers,
nosso

maior rival. Caralho!

— Quanto tempo Miller acredita que ficarei fora?

Ele se aproxima e se senta de frente para mim.

— Ele ainda não sabe, mas fará o possível e o impossível


para você ficar bom logo.

Sei que o nosso treinador atlético James Miller fará o melhor


dele, isso significa, um tempo com ombro imobilizado, e
depois horas de fisioterapia e de treinamento para não
perder peso e nem condicionamento físico.

— E eu farei o máximo para me recuperar — Ele apenas


assente. — Jogar futebol é a minha paixão, treinador.

— Eu sei, Lewis, eu sei.

Engulo em seco.

— Estou liberado?

— Está.
Eu fico em pé e estendo minha mão em sua direção.

— Até mais, treinador.

Ele aperta meus dedos com os seus e balança nossas mãos


unidas.

— Até mais QB.

Ele utiliza a abreviação de Quarterback e a forma como


todos do time me chamam, o que significa que estou
perdoado, ou quase perdoado.

— Eu sinto muito, treinador.

Assente e larga minha mão, então eu me viro e caminho até


a porta. Estou com a mão na maceta quando escuto a sua
voz.

— Eu sei que você sente muito, Ethan.

Permaneço alguns segundos segurando a maçaneta e de


costas para meu treinador, porém não encontro mais nada
para ser falado e abro a porta. Deixo sua sala que fica no
nosso estádio, aqui também fica o centro de treinamento e
sala de recuperação, locais onde passarei muitas horas no
próximo mês.

Como eu pude acreditar que sair correndo da piscina para ir


atrás de Josh seria uma boa ideia? Além de tudo, eu estava
bêbado. Estou desapontado, com um sentimento de culpa
em meu peito e me sentindo extremamente mal por ter
decepcionado pessoas que sempre acreditaram em mim.
Treinador Davis, minha mãe e meu time. E ainda há Cooper.

Saio do prédio extremamente atordoado e é assim que


entro no carro de Aiden que ficou todo esse tempo me
esperando.

Meu amigo olha para mim com a testa franzida.

— Você está com uma cara de derrotado, conversa difícil?

Suspiro e apoio minha cabeça contra o banco.

— Um pouco.

Aiden fica em silêncio e liga o carro, caralho nem dirigir por


um tempo poderei. Merda!

— Eu sinto muito pela ideia idiota.

— Não foi sua culpa.

Não é a primeira vez que Aiden se desculpa por ter sido ele
a sugerir que deixássemos a piscina e corrêssemos atrás de
Josh.

— Mas a ideia foi minha.

Olho para ele e balanço a cabeça.

— E eu deveria ter sido responsável o suficiente para saber


que era uma péssima ideia.

Ele faz uma careta.

— Deveríamos fazer uma pausa de bebidas.

É claro que ele não está falando sério. Nem quando


precisamos não beber por causa das temporadas de jogos
nós conseguimos.

— Eu concordo.
Sorrio debochado e ele faz uma careta.

— Eu estava brincando.

Tento dar de ombros, mas não consigo, porque um deles


está imobilizado com uma tipoia preta. E o gesto faz com
que até mesmo sinta dor. Caralho, nem dar de ombros
conseguirei.

— Eu não. — Resmungo. — Estou proibido de ingerir bebida


alcoólica enquanto estou tomando os medicamentos para
dor e inflamação.

— Sem jogos, sem bebidas, irá ficar sem garotas também?

Reviro meus olhos e ergo o dedo do meio da minha mão


livre na sua direção.

— Idiota.

Ele ri e fica rindo alguns segundos, apenas olho em frente e


me recuso a rir com o idiota. Aiden volta a ficar sério
quando entra no bairro em que fica a casa que dividimos.

— Quanto tempo longe?

Balanço a cabeça negando.

— Davis ainda não sabe, eu preciso conversar com o Miller.

— E quando será isso?

— Hoje à tarde.

Se com Davis já foi terrível, com Miller será ainda pior. O

treinador atlético do Crimson irá querer me matar.


— Boa sorte.

Fala ao mesmo tempo que em estaciona em frente à casa


de dois andares em que moramos, é um lugar perto do
campus, mas que não pertence à faculdade.

— Obrigada.

Desliga o carro e olha em minha direção com deboche.

— Precisa de ajuda para descer?

Mais uma vez, aponto meu dedo do meio na sua direção e


em seguida abro a porta do carro.

— Vai se foder, Aiden.

Saio do carro e ele também.

— Bem que eu gostaria.

Reviro meus olhos enquanto caminha na direção da varanda


e escuto o som da gargalhada de Aiden. Idiota!

Eu abro a porta, entro e propositalmente, para que Aiden


tenha que abri-la, eu a fecho.

— Você é uma criança, Ethan.

Ele grita e eu sorrio. E ainda estou sorrindo quando entro na


sala e me deparo com Dylan e Josh sentados no sofá e
jogando algum jogo de tiro no videogame.

— Como foi?

Meu sorriso se desfaz ao ouvir a pergunta de Dylan.

— Como achamos que seria.


Sento-me na poltrona que fica na lateral do sofá. Josh pausa
o jogo e olha em minha direção.

— Que merda, cara.

Assinto concordando com Josh.

— E quanto tempo ficará fora?

Suspiro antes de responder Dylan.

— Ainda não está determinado, Miller só tem os exames que


enviei para ele assim que saí do hospital hoje de manhã, ele
não me viu pessoalmente.

Assente.

— E você já contou para sua mãe e Liam?

Aiden pergunta enquanto entra na sala e se senta ao meu


lado. Eu balanço a cabeça, apoio meu cotovelo na minha
perna e encaro o chão.

— Minha mãe já, porque ela recebeu uma mensagem que


utilizei o plano de saúde, porém ainda não conversei com
Liam.

Faço uma careta. Contar a Liam será o mais difícil, ele foi
meu treinador durante a escola e hoje é o meu agente.

— Tenho certeza de que ele irá entender.

Dylan tenta me confortar e Josh ri.

— Você não conhece o Liam.

— Ele não é tão ruim.


Tento defendê-lo, o que é um pouco difícil, porque Liam não
tem os melhores dos humores.

— Ele é um tirano, o futebol e o dinheiro são suas obsessões


de vida.

Josh revira seus olhos e eu apenas sorrio e balanço a cabeça


de um lado para o outro. Ele está certo, porém Liam ainda
foi quem me ajudou a conseguir a vaga no Crimson, quem
enviou

a minha carta de referência e é ele que está cuidado da


minha carreira, é com ele que os olheiros conversam sobre
mim e sobre minha transferência para um dos times da NFL
assim que terminar a faculdade.

— Dylan, você sabia que foi Liam que fez Josh desistir do
futebol americano?

Dylan ri e se vira para Josh.

— Achei que você tivesse partido para o beisebol, porque


era melhor, não por medo de um treinador.

Debocha e Josh pega uma das almofadas e joga na direção


do nosso amigo.

— Idiota.

Nós quatro rimos e por fim fico em pé.

— Estou cansado e vou subir para o quarto.

— Precisa de ajuda para dormir?

É claro que Dylan está debochando.

— Um cafuné talvez.
Josh segue debochando de mim.

— Uma sopinha?

Dylan complementa.

— Vocês são uns idiotas.

Enquanto eles riem, eu fico de costas, caminho na direção


da escada, e ainda os estou ouvindo rir quando subo os
degraus.

Eu vou para o meu quarto, arrumo alguns travesseiros para


apoiar minhas costas e cotovelo, pego meu celular e me
deito, ou melhor me sento na cama.

Durante os primeiros dias precisarei dormir quase sentado,


o que é uma grande merda. É uma merda ter que segurar o
celular e digitar com uma única mão e ainda a esquerda.
Dobro minhas pernas, apoio o aparelho em meus joelhos e
sou obrigado a fazer uso da digitação por voz, e apesar da
dificuldade, consigo enviar um e-mail para Liam e minutos
depois ele me liga.

— Hey, treinador.

Ativo o viva voz.

— Hey, Ethan, algo está acontecendo?

Direto como sempre.

— Sim. — Respiro fundo. — Um acidente.

— Que tipo de acidente?

Encaro o teto.
— Ontem Dylan, um dos caras que mora comigo, soube que
irá ser o novo capitão do time de basquete.

— Vá direto ao ponto, porque eu não tenho todo tempo do


mundo, Ethan.

Interrompe-me e reviro meus olhos.

— Nós bebemos para comemorar e quando já estávamos


bêbados decidimos pular na piscina, porém Josh não foi e
Aiden e eu tivemos a brilhante ideia de sair da piscina e o
obrigar a entrar, mas quando estava correndo atrás dele
escorreguei e desloquei meu ombro.

Não preciso explicar o que um ombro deslocado significa,


ele é um ex-atleta e atual treinador da melhor escola de
Brimingham. Ele fica em silêncio por alguns segundos, mas
posso ouvir o som dos seus passos. Ele está andando de um
lado para o outro.

— Você não pode estar falando sério.

— Sim, eu estou.

— Porra, Ethan, você é a minha principal aposta, você não


pode ser um idiota irresponsável — Grita e fecho meus
olhos. —

Você não pode ter atitudes idiotas como essa se quer se


tornar um jogador profissional.

O pior de tudo é que ele está certo.

— Quantos dias ficará de fora?

Abro meus olhos e encaro o celular que segue apoiado em


minhas pernas.
— Ainda não sei.

Ele fica em silêncio outra vez.

— Estou ligando para seu treinador atlético.

Ele encerra a chamada e suspiro. A ligação foi exatamente o


que eu esperava. Volto a encarar o teto e me pergunto
quanto tempo ficarei fora. Sei que não foi uma lesão tão
grave e que voltarei antes do final do semestre e da
temporada, porém e se algo der errado? E se diminuir meu
desempenho de alguma forma? Caralho!

Estou a alguns minutos encarando o teto e perdido em


péssimos pensamentos quando meu celular volta a tocar.
Olho para baixo e me deparo com o nome de Miller no
celular. Aceito a ligação e ativo o viva voz.

— Hey, Miller.

— Hey, Ethan, como você está?

Alguém se lembrou de perguntar como estou.

— Bem.

— Ótimo, eu conversei com seu agente e nós chegamos à


conclusão de que irá precisar de alguém para acompanhá-
lo.

Franzo a minha testa.

— Me acompanhar? Não é você que irá me acompanhar?

— Sim, eu estarei com você quando estiver aqui no centro


de treinamento, porém precisamos de alguém com você
quando estiver em casa e em aula, você sequer conseguirá
fazer anotações.
— Eu não preciso de uma babá, Miller.

Suspiro. Droga, eles querem colocar alguém vinte e quatro


horas no meu pé.

— Isso não está em discussão, Ethan, encontro você daqui


há duas horas. Até mais.

Ele desliga a ligação. Eu suspiro mais uma vez, apoio minha


cabeça contra a cabeceira da cama e fito o teto. Primeiro
desloco meu braço de uma maneira humilhante, agora isso,
terei que ter uma babá. Tem como minha situação ficar
pior?

Abby

Estar na equipe de treinamento atlético de futebol


americano é a última coisa que eu quero na vida, porém eu
preciso de dinheiro e é por isso que aceito a proposta de
Monroe.

Ela me dá as instruções do que deve fazer e assim que


encerro a chamada com a professora Monroe eu vou para o
estacionamento e ocupo o lugar atrás da direção no meu
carro.

Desisto de assistir a aula que tenho agora a tarde e dirijo


para o estádio Brynt Demy onde fica a sala de treinamento
atlético. Eu odeio futebol, porque é o que Liam ama, é o que
ele

fazia e a maioria dos atletas do esporte são iguais ao meu


pai.

Eles juram que são próprios deuses, dignos da adoração de


todos. Idiotas e soberbos.

Só de imaginar ter que conviver com eles faz com que


queira parar o carro, curvar minha cabeça sobre o volante e
chorar.

Será que o mercúrio está retrógrado e é por isso que tudo


parece estar desmoronando?

Eu respiro fundo assim que estaciono e mentalizo que talvez


não seja tão ruim, talvez sejam só algumas horas, quem
sabe fique apenas nos bastidores e não socialize com os
atletas.

Deixo meu carro e entro na parte interior do estádio. Eu já


estive aqui antes, em um tour pelo campus e sei onde fica a
sala do treinador atlético do time de futebol. Caminho pelos
corredores e paro em frente à porta, então bato na madeira.

— Entre.

Levo minha mão até a maçaneta e abro a porta.

— Licença.
Deparo-me com um homem negro, aparentemente forte,
com os cabelos praticamente raspados e com um olhar
gentil. Ele

está sentado atrás de uma mesa e não consigo ver o


restante do seu corpo.

— Você deve ser Abigail Jones?

A placa com seu nome sobre a mesa confirma que ele é


quem eu estou procurando.

— Eu mesma e você, James Miller, o treinador atlético.

Ele assente, então sorrio educadamente e me aproximo


ficando de frente para ele.

— Sente-se.

Aponta para a cadeira à sua frente, vou até ela e me sento.

— A professora Monroe disse que eu deveria vir conversar


com o senhor sobre a vaga de estágio na equipe de
treinamento atlético.

Sou direta e ele assente.

— Aconteceu um imprevisto e precisamos urgentemente de


alguém que esteja disposta a trabalhar com a gente.

Ele não precisa saber que tenho mais necessidade do que


disposição.

— Estou à disposição.

Sorrio e ele faz uma careta. Droga, algo está errado, será
que é comigo?
— Precisamos de muita disposição.

Franzo minha testa.

— Estamos falando de quantas horas?

Ele tem uma caneta em mãos e bate com ela na sua mesa
de madeira.

— Integralmente.

— Isso é impossível, eu sou uma estudante.

Estágios não são feitos para serem integrais, ele está


maluco?

— Um dos nossos principais jogadores se machucou. —

Suspira. — E precisamos que ele se recupere logo e pra isso


precisamos que alguém esteja com ele durante o máximo
de horas possíveis.

Apoio meus braços sobre a mesa.

— Como assim durante o máximo de horas possíveis?

Pela expressão em seu rosto sei que ele não está me


oferecendo uma oferta razoável.

— Preciso que caso você aceite fique praticamente vinte e


quatro horas com o meu atleta, ele precisa de ajuda em
casa e além disso, preciso que garanta que ele não irá se
meter em encrencas.

— Alguém está precisando de uma babá.

As palavras deixam minha boca antes que possa evitar e


Miller faz uma careta.
— É apenas cuidado e será uma ótima forma de você aplicar
na prática o que tem visto nas aulas, além de conseguir as
horas necessárias para conseguir o Dual degree[3], sei que
está tentando terminar o mestrado em Treinamento Atlético
junto com a graduação em Saúde Pública.

Aplicar o que tenho aprendido sendo babá de um atleta!?

Porém as horas serão mesmo necessárias, além disso é um


estágio remunerado segundo Monroe.

— E a remuneração?

— Dez mil dólares em um mês e meio.

Abro a boca chocada.

— É possível uma bolsa ser assim tão alta?

Eu faço as contas rapidamente em minha cabeça e esse


dinheiro pagaria a minha dívida com Liam, minhas contas
dos próximos meses e ainda sobraria. Seria incrível.

— O agente do atleta irá arcar com os custos.

Está explicado.

— E as minhas aulas?

Apesar do valor alto, não posso abandoná-las para virar


uma babá integralmente de um atleta irresponsável.

— Eu já conferi os horários de vocês dois e vocês não tem


aula no mesmo horário. — Dá de ombros. — Enquanto
estiver em aula, ele fica sozinho.

Assinto.
— Abigail, ele lesionou o ombro direito, então será
necessário que você copie e escreva por ele.

Ótimo, superdivertido.

— Ok. — Fico completamente ereta e olho em seus olhos.

— E quem é o atleta?

Assim como Harry Potter que ficou repetindo Sonserina[4]

não, eu respeito em minha mente Ethan Lewis, não. Ethan


Lewis, não.

— Ethan Lewis.

Parece que eu não tenho a mesma sorte que o Harry.

— E o agente dele é Liam Cooper?

Assente e franze sua testa.

— Você o conhece?

Pela forma como me encara ele não sabe que eu sou sua
filha. É claro que ele não sabe, ninguém sabe.

— Não.

Meu pai não pode pagar a minha fatura de cartão de


crédito, mas pode pagar para que Ethan Lewis, seu
queridinho, tenha uma babá. Se não estivesse em frente a
Miller, eu iria rir da porra da ironia.

— Você irá aceitar o trabalho?

O mais divertido será pagar a fatura de cartão de crédito


que ele está me cobrando com o seu próprio dinheiro, e sem
ele saber. A vida realmente é uma caixinha de surpresas.

— Irei.

Ele sorri animado.

— Ótimo, você começará amanhã.

Pelos próximos minutos, ele me explica como tudo irá


funcionar. Eu deverei ficar o dia todo atrás de Ethan,
garantindo que ele não faça nada que comprometa sua
recuperação, além disso devo praticar com ele alguns
exercícios de recuperação, ajudar com massagens e
métodos que ajudem a amenizar a sua dor e acompanhá-lo
em seus treinamentos assim que estiver livre da tipoia. Não
precisarei dormir na sua casa, somente se ele estiver com
dor.

Por fim, ele me entrega um contrato, assinamos e para


minha sorte deixa claro que Liam apenas enviará o dinheiro
e eles irão me repassar, ele não quer ter contato e muito
menos se envolver com o estagiário. Ótimo, ele não ficará
sabendo que eu sou quem está cuidando do seu queridinho.

Assim que combinamos como tudo irá funcionar e


marcamos de começarmos amanhã pela manhã despeço-
me de Miller e deixo sua sala.

Ótimo, eu tenho um emprego. Não é bem o que eu


desejava, mas pelo menos terei dinheiro. Minha consciência
se pergunta se o dinheiro será o suficiente para aguentar
Ethan Lewis.

— Terá que ser. — Resmungo e um cara que está passando


por mim olha em minha direção, sorrio e balanço a cabeça.
— Falando sozinha.
Olha-me como se fosse louca e assente. Eu dou de ombros
e sigo para o estacionamento. Ao entrar no carro, pego meu
celular que está em meu bolso e confiro as horas. Não há
mais tempo para ir para a aula, por isso ligo o carro e dirijo
para casa.

Morar dentro do campus tem sua vantagem, em dois


minutos estou em casa, além disso, o caminho é repleto de
árvores e as ruas apesar de estreitas são boas de dirigir.

Chego em frente ao pequeno prédio de dois andares de


tijolos à vista, com as varandas localizadas na fachada e
guarda-corpo de metal, o telhado forma um V invertido e a
entrada divide o prédio em dois lados simétricos.

Ao entrar no meu apartamento encontro Brooke e Dakota


sentadas no sofá. Elas estão pintando as suas unhas. As
duas olham em minha direção e sorrio debochada.

— Abrimos um salão e eu não sabia?

Brooke revira seus olhos e Dakota apenas ri.

Eu largo minha mochila no chão ao lado da porta e me jogo


no puff rosa que há em frente ao sofá.

— Por que chegou tão cedo? Ficou milionária e decidiu parar


de estudar?

É claro que a engraçadinha é Brooke.

— Não, pelo contrário, sou uma pobre desempregada que


faltou aula para ir em uma entrevista de emprego.

— Conseguiu a vaga? Fará o quê?

Dakota pergunta curiosa.


— Serei babá de um idiota.

Dakota ergue suas sobrancelhas. Brooke larga o esmalte e


balança as mãos para que as unhas sequem mais rápido.

— Babá? Que idiota? Explique-se, garota.

Antes de responder Brooke curvo meu corpo para a frente e


apoio meus cotovelos em minhas pernas.

— Lembram que no semestre passado me inscrevi para um


programa de estágio para treinamento atlético? — As duas
assentem. — Surgiu uma vaga.

— Então, você irá trabalhar com o time de basquete


feminino?

Dakota pergunta animada, bufo e balanço minha cabeça


negando.

— Um dos jogadores do time de futebol americano deslocou


o ombro e está precisando de alguém para supervisioná-lo,
porque o idiota é um irresponsável.

Volto a apoiar minhas costas contra o puff e cruzo meus


braços logo abaixo dos meus seios.

— O que você quer dizer por supervisioná-lo?

Viro-me para Dakota.

— Estar com ele todo tempo possível, em suas aulas, em


casa, no treinamento... se precisar até mesmo dormir na
sua casa.

Dakota faz uma careta.

— Por que ele precisa de uma babá?


Brooke me pergunta, então olho na sua direção.

— Ele deslocou o ombro bêbado, não sei exatamente como,


mas foi bêbado. — Friso a última palavra e suspiro
dramaticamente. — Esse é o tipo de cara que ele é.

Minha amiga faz uma careta.

— Sinto muito, ele deve ser um idiota. — Faço um coração


com as minhas mãos como agradecimento e ela sorri. —
Quem é ele? Ele é pelo menos bonito?

Olho para ela e para Dakota.

— Vocês não irão acreditar quem é.

Brooke estreita seus olhos e Dakota me encara curiosa.

Não falo quem é imediatamente, e faço um suspense até


que Brooke perde a paciência.

— Fale logo, caralho.

— Ethan Lewis.

Falo de uma vez e Dakota arregala seus olhos.

— O seu Ethan Lewis?

Faço uma careta diante da pergunta de Dakota.

— Hey, ele não é meu.

Dá de ombros.

— O seu Ethan Lewis. — Brooke aponta na minha direção.

— Aquele que você odeia.


Suspiro.

— Eu tenho certeza de que são os astros, algo na astrologia


está mexendo com a minha vida e a estragando.

Faço um beicinho infantil e Brooke apenas ri e balança a


cabeça de um lado para outro.

— Ele é agenciado pelo seu pai, não é?

Dakota faz uma careta enquanto a pergunta deixa sua boca.

— Ele é. — Aponto em sua direção. — E um dos motivos por


odiar Ethan Lewis é exatamente esse, ele e meu pai
parecem ser muito amigos, inclusive meu pai vive
colocando foto dos dois juntos nas redes sociais.

Faço uma cara de nojo.

— E ele irá deixar você trabalhar com alguém que trabalha


com ele?

Olho para Brooke e sorrio.

— Liam não sabe que sou eu, segundo Miller, o agente do


quarterback não quer ter que lidar com isso.

Brooke estreita seus olhos.

— Você está se divertindo com isso.

Dou de ombros.

— Claro que eu estou, principalmente porque é ele que irá


pagar a minha bolsa e não a universidade, logo o cartão que
ele está me obrigando a pagar será com o próprio dinheiro
dele.
Brooke apenas ri, e Dakota tem a testa franzida.

— Espero que isso não acabe mal.

— O que poderia acontecer?

Dakota dá de ombros.

— Nunca se sabe.

Antes que sequer possa pensar sobre o assunto, Brooke dá


um pulo e fica em pé.

— Como a partir de amanhã você será todinha do QB

idiota, hoje você é nossa.

Brooke me encara animada e tenho até medo do que ela


está aprontando.

— O que você está querendo dizer?

Ergo minhas sobrancelhas e ela sorri.

— Vamos para o Crimson Giants.

Ir para o bar mais frequentado pelos universitários, aliás


que tem o nome em homenagem aos times de esportes

praticados pelos atletas da UA[5], não é uma péssima ideia.


Eu mereço aproveitar minha última noite de folga, e meus
próximos dias ao lado de Ethan serão horríveis.

— Ok, mas mais tarde. — Fico em pé. — Eu preciso


descansar por alguns minutos.

Brooke assente enquanto Dakota faz uma careta.


— Nós já saímos ontem à noite e definitivamente não
deveríamos fazer o mesmo hoje.

Dakota resmunga.

— Deixa de ser chata, Dakota.

Eu pego a minha mochila, deixo as duas discutindo e vou


para o meu quarto. Largo-a sobre a cadeira que fica na
escrivaninha e me deito na cama de solteiro.

Apesar de não ser o meu emprego dos sonhos e saber que


será terrível ter que conviver com Ethan estou aliviada por
ter um emprego. Minhas economias estão chegando ao fim
e preciso pagar Liam.

O que leva as pessoas a serem pais tão horríveis? É uma


pergunta que sempre me faço e nunca obtive resposta.

Viro-me para o lado e como realmente estou cansada, não


demoro a dormir. Acordo uma hora e meia depois e bem
mais disposta, tão disposta que me levanto e corro direto
para o banheiro.

Eu tomo um banho demorado e assim que acabo, enrolo


uma toalha ao redor do meu corpo e quando estou saindo
do banheiro grito para que as meninas me escutem.

— Estou indo me arrumar.

Paro no corredor por alguns segundos e assim que escuto


um Ok de Brooke sigo para o meu quarto. Eu coloco minha
playlist para tocar enquanto escolho uma roupa para vestir
e me arrumo.

Opto por um vestido preto que tem detalhes em renda, de


alcinha e curto, coloco uma rasteirinha com alguns brilhos e
escovo meus cabelos de modo que eles ficam lisos e soltos
em minhas costas, por fim coloco um colar prata, um brinco
pequeno, pego uma bolsa preta, deixo-a pendurada em meu
ombro e amarro uma camisa jeans em minha cintura, caso
fique frio à noite estarei preparada.

Assim que estou pronta tiro uma foto em frente ao espelho,


posto na minha rede social preferida, e em seguida saio do
quarto.

Encontro Dakota na sala, ela está usando um vestido florido


e tem os fios do seu cabelo loiro presos em um rabo de
cavalo. Ela não parece muito animada.

— Eu serei a motorista da rodada.

Fala antes que eu possa falar qualquer coisa e eu estreito


meus olhos na sua direção.

— Ontem você não bebeu, é injusto que não beba hoje


também.

Dá de ombros.

— Não posso beber, porque preciso estudar para uma prova


na segunda.

Estalo minha língua levando-a até o céu da boca.

— Amanhã, eu começo a trabalhar e nem por isso não irei


beber hoje.

Dakota apenas ri e balança a cabeça.

— Brooke e você são um caso à parte, eu não consigo beber


e estar normal no dia seguinte.

Abro a boca, mas Brooke é mais rápida.


— A gente não consegue, mas se acaba na noite anterior
mesmo assim, porque a vida é uma só para desperdiçarmos
sendo responsáveis.

Brooke responde enquanto deixa seu quarto e se junta a


nós duas. Dakota fica em pé e apenas ri da nossa resposta.

— Vocês duas são malucas.

Eu olho para minha amiga que está vestindo uma saia de


couro, um boné, coturnos e uma camiseta de uma banda
que eu não faço a mínima ideia qual seja. Nós sorrimos e
damos de ombros. Talvez, Dakota esteja certa e sejamos
duas malucas.

Ou Dakota ainda esteja tentando evitar que o que


aconteceu em nosso primeiro semestre se repita. Ela bebeu,
dormiu com um cara e ele a rejeitou no dia seguinte. Eu não
sei quem foi, ela nunca contou, mas é um idiota.

Nós três deixamos nosso apartamento e seguimos até o


Honda Civic de Dakota. Ela dirigi, eu vou ao seu lado e
Brooke ocupa o banco entre nós. Nós vamos ouvindo música
e cantando.

O bar não está cheio quando chegamos, porém, começa a


encher conforme as horas passam. Nós ocupamos uma
mesa e

Brooke e eu bebemos cerveja.

Há música ecoando pelo local, uma televisão transmite um


jogo de Beisebol, há muitas vozes e risadas. É caótico, mas
divertido e tudo se torna ainda mais legal quando o álcool
começa a fazer efeito.
Brooke e eu avaliamos os caras que estão no local enquanto
Dakota apenas fica rindo de nós duas. Os caras são bonitos
e alguns até são conhecidos.

Em certo momento, preciso ir até o banheiro e é quando


estou voltando para nossa mesa que o vejo. Ethan Lewis
está com um dos braços imobilizados e com a mão livre
segura um copo de cerveja. E claro há uma multidão ao seu
redor, e uma garota ao seu lado, eu também a reconheço,
Kimberly Quinn, a líder das cheerleaders.

Eu paro ao lado da nossa mesa, mas não me sento. O

álcool está me deixando um pouco tonta e também um


pouco perversa, por isso dou um passo em frente.

— Onde você está indo?

Olho para Dakota que está sentada à minha frente, sorrio e


aponto para Ethan.

— Indo cuidar do bebê rebelde.

Ethan
Permaneço um tempo encarando o teto, porém desvio os
meus olhos quando minha barriga ronca. Eu preciso comer,
porque desde ontem à noite que não como nada.

Então, deixo a cama, meu quarto e desço as escadas. Os


caras seguem na sala e sem falar com nenhum deles sigo
para a cozinha. Não quero conversar com ninguém, porque
no momento meu humor não é dos melhores.

Assim que entro na cozinha, eu vou até a geladeira, abro-a


com dificuldade, porque não sou a melhor pessoa do mundo
me

virando com a mão esquerda. Minha consciência zomba que


talvez ter uma babá acabe servindo para algo.

Eu pego as coisas necessárias para fazer um sanduíche na


geladeira, da melhor forma possível, o que é devagar.
Enquanto seguro a porta aberta com o meu pé, coloco as
coisas sobre o balcão com a minha mão livre.

Estar me mexendo como estou me mexendo faz com que


sinta algumas pontadas de dor em meu ombro e faço uma
careta.

Caralho!

Fecho a geladeira, pego uma faca e paro de frente para o


balcão. Tentar cortar o pão com uma das mãos é uma tarefa
horrível e estou quase desistindo quando escuto a voz de
Aiden.

— Você quer ajuda?

Olho para o lado e me deparo com meu primo entrando na


cozinha.
— Não consigo cortar um maldito pão. — Aiden tenta não
rir, mas não consegue. — Você é um idiota rindo da minha
desgraça.

— É mais forte do que eu.

Ele se aproxima e eu me afasto para que ele possa fazer o


meu sanduíche.

— Odeio ter que precisar dos outros para fazer tarefas


simples.

Resmungo enquanto me sento no banco à sua frente.

— Não seja um bebê chorão.

— Queria ver se fosse com você.

Ele para de cortar o pão e olha em minha direção com um


sorrisinho idiota. Conheço o Aiden desde sempre e sei que
está prestes a dizer alguma merda.

— Jamais seria eu, porque tenho um ótimo equilíbrio e não


escorregaria como aconteceu com você, aliás eu não
escorreguei.

Ele ri e reviro meus olhos.

— Idiota. — Sou obrigado a ficar o encarando enquanto ele


ri de mim. — Juro que um dia irei me vingar de vocês.

Existem coisas piores do que machucar o ombro de forma


humilhante e uma dessas coisas é machucar seu ombro de
forma humilhante na frente dos seus amigos. Eles jamais
esquecerão isso.

— Sinto muito pelo seu ombro, mas a cena é muito boa.


Reviro meus olhos.

— Foque em fazer meu sanduiche, seu babaca.

Ele faz um para mim e um para ele e então pega um dos


bancos e se senta à minha frente. Comemos um de frente
para o outro com um balcão entre nós.

— Eu liguei para Liam.

Ergue suas sobrancelhas.

— E aí? Ele ameaçou não ser mais seu agente? Ou melhor,


disse o quanto você é um irresponsável e que não pode
continuar assim se realmente quer ser um jogador
profissional.

Assim como Josh Aiden conhece Liam, ele só nunca teve o


azar de ser treinado por ele. Ele só o conhece, porque é
meu primo.

— Última opção.

Ri e balança a cabeça.

— Esse cara é tão previsível.

Suspiro.

— Ele não é tão ruim assim.

Faz uma careta.

— Ele é um merda.

Foda-se, ele está certo.


— Ele é um merda que entende de futebol americano e tem
contatos.

Liam foi um treinador cruel, ele não tem dó de ninguém e é


impiedoso e carrasco. Porém, ele sabe o que faz, além de
ter ótimos contatos, afinal ele já foi o melhor jogador da
NFL.[6]

— Você ganhou destaque nos últimos dois anos, todos


sabem quem você é e já apareceu em várias revistas de
esportes como uma promessa.

— Isso não me garante nada, ainda tenho longo dois anos


pelo Crimson Tide. — Faço um gesto na direção do meu
ombro.

— E agora tenho a porra de um ombro deslocado.

Ele assente.

— Ficará tudo bem. — É a minha vez de assentir. — E o que


mais o babaca falou?

Termino meu sanduíche e faço uma careta.

— Ele ligou para Miller e exigiu que tenha alguém para


tomar conta de mim.

— Como assim?

Suspiro e faço uma pausa, porque sei que assim que Aiden
souber o que isso quer dizer exatamente ele irá rir.

— Miller irá designar alguém para ficar comigo enquanto


estou em casa e em aula.

Assim como imaginei, Aiden começa a rir. Mais uma vez,


sou obrigado a vê-lo rir da minha cara. O dia, só melhora.
— Você terá uma babá?

Ele não está mais gargalhando, porém ainda há um vestígio


de sorriso em seu rosto.

— Aparentemente sim.

Resmungo.

— Definitivamente o QB do Crimson Tide está em uma maré


de azar. [7]

— Idiota.

Deixo meu banco no mesmo instante que Dylan entra na


cozinha.

— Por que os dois estão rindo?

Josh está logo atrás e faz praticamente a mesma pergunta


que Dylan.

— Qual motivo da piada?

Aiden olha para mim rindo.

— Nosso querido Quarterback terá um babá.

Josh se aproxima e se senta ao lado de Aiden.

— Como assim uma babá?

Meu melhor amigo desde a quarta série me encara curioso


e faço uma careta.

— Liam ligou para Miller e exigiu que tenha alguém ao meu


lado para me auxiliar na recuperação e evitar que eu seja
irresponsável.
— Ou seja, uma babá.

Aiden completa e Josh e Dylan começam a rir também.

— Eu deveria odiar ou amar esse tal de Liam?

Dylan me provoca enquanto se senta no banco que estava


ocupado por mim e como retaliação bato na sua cabeça
com a minha mão livre.

— Ótimo, eu me tornei uma piada.

Josh olha em minha direção e sorri.

— Sua babá irá limpar sua bunda também?

A pergunta de Josh faz com que os três riam ainda mais e


como não há o que ser feito eu termino rindo com eles.
Aiden é o primeiro a ficar sério e me encara como se nunca
tivesse zombado de mim.

— Você irá encontrar com Miller? — Assinto. — Precisa de


carona?

— Adoraria dizer que não, porém não posso dirigir.

— Eu levo você.

Aiden se oferece e como não posso recusar só me resta


agradecer.

— Obrigado.

Eu vejo Josh olhar na minha direção com uma expressão


risonha e sei que está prestes a falar mais uma gracinha.

— Não se preocupe, Aiden, não precisará ser o motorista de


Ethan para sempre, talvez a babá dele tenha carteira de
motorista.

Ergo meu dedo do meio na sua direção e ficamos na cozinha


nos provocando até o horário que eu tenho que ir encontrar
com Miller.

O treinador atlético do time não está feliz comigo. Ele foi o


primeiro a saber do meu acidente e é quem elaborará meu
plano de recuperação. Eu o encontro na sua sala e de lá
vamos para a sala de fisioterapia, ele faz com que eu me
sente na maca, tiro minha camisa e ele me examina ao
mesmo tempo que confere meus exames, junto com ele
está o fisioterapeuta e médico da equipe Ele diz que tive
sorte, porque não foi um ferimento grave, se fosse poderia
ficar até mesmo seis meses sem jogar. Miller garante que
em quarenta e cinco dias conseguirei voltar, talvez antes se
seguir todas as suas recomendações.

— Eu seguirei cada uma delas, treinador.

Ele assente.

— A mais importante delas é: não seja irresponsável.

Faço uma careta.

— Eu não sou irresponsável, essa é a primeira vez que algo


idiota acontece comigo.

É uma merda estar sendo julgado por única ação. Não é


como se eu tivesse feito algo de propósito, eu sequer
imaginei que pudesse me machucar.

— Você estava bêbado em um dia da semana e a regra é


sem bebidas durante a semana.
— O semestre está no início, nossa temporada ainda não
iniciou e estamos apenas treinando, nosso primeiro jogo é
em um mês.

Miller imobiliza meu ombro e me ajuda a colocar a minha


camiseta.

— Não importa, Lewis, regras são regras e existem


exatamente para evitar acidentes como esse.

Faz um gesto na direção do meu ombro. Sem justificativa,


suspiro.

— Sou mesmo obrigado a ter uma babá?

— Ela não será sua babá.

Sorrio sem humor.

— Não!?

Miller para à minha frente com os braços cruzados em


frente ao corpo.

— Seu agente não me deu nenhuma opção.

Assinto e pulo da maca.

— Ok, quando vou conhecê-lo?

— Amanhã.

— Amanhã? — Caminho de um lado para o outro. — Isso


significa que até mesmo no final de semana terei alguém no
meu pé.

— Esteja aqui às nove horas, Lewis.


Encaro-o na tentativa de fazê-lo ser mais flexível, porém
pela sua expressão ele não fará nenhum acordo, ou
concessão.

Tudo está resolvido.

— Ok, eu estarei aqui.

Assente.

— Eu preciso ir. — É a minha vez de assentir. — Até mais,


Lewis.

Vira-se ficando de costas.

— Até mais, Miller.

Ele sai da sala, o médico e fisioterapeuta também, eu fico


sozinho e encaro o teto. A partir de amanhã, haverá alguém
me supervisionando. Droga!

Retiro-me da sala e sigo para o estacionamento. Minha


cabeça está doendo e não consigo parar de pensar que hoje
é minha última noite de folga.

Miller e Liam devem ter chamado um dos alunos de


treinamento atlético para me acompanhar, espero que ele
não seja muito careta. Não que pretenda fazer algo
irresponsável, mas porra, não pretendo me tornar nenhum
santo.

Será que ele aceitaria suborno? Eu pago, ele mente que


estamos fazendo exatamente o exigido por Miller e todos
somos felizes no final.

Aiden continua me esperando e assim que entro em seu


carro, olha na minha direção com as sobrancelhas erguidas.
— E aí?

— No máximo quarenta e cinco dias longe e terei uma babá


a partir de amanhã.

Faz uma careta.

— Até menos no fim de semana? — Assinto. — E você sabe


quem será?

Balanço minha cabeça negando.

— Miller não me deu nomes.

— Pense pelo lado positivo a partir de amanhã terá alguém


para limpar a sua bunda.

Suspiro irritado.

— Idiota. — Ele ri e liga o carro. — Vocês não deveriam estar


zombando de mim, porque quando estiver em casa é lá que
o cara ficará.

Faz uma careta.

— Nessa parte, eu não tinha pensado.

— Espero que ele seja um cuzão e que odeie vocês.

— Lembre-se de que ele será a sua babá.

Sorrio.

— Será mais divertido se vocês sofrerem junto comigo.

— Quem está sendo o idiota agora?


Balanço a cabeça e ficamos em silêncio por alguns
segundos, o máximo de tempo que consigo ficar sem falar.
Não consigo ficar de boca fechada por muito tempo.

— Vocês estarão em casa hoje à tarde?

Não sei se eles têm treino e preciso saber se estarei


sozinho, ou não.

— Irei treinar agora à tarde, mas Josh estará em casa,


qualquer coisa chame por ele.

— Ok, e como está o time?

Aiden suspira.

— Estamos tentando, mas você sabe a Universidade do


Alabama não é conhecida por causa do hockey, não somos
os melhores e às vezes nem nós mesmos acreditamos em
nós.

— Vocês irão conseguir.

Apoio-o mesmo sabendo que o time de hockey da faculdade


não recebe tanto apoio quanto outros esportes.

— Eu espero.

Vamos conversando sobre o time de hockey até chegar em


casa, então quando chegamos, Aiden me deixa na calçada e
segue para o seu treino. Ao entrar eu não encontro nem
Josh e nem Dylan e subo direto para meu quarto, como
meus travesseiros seguem bem posicionados, tiro meus
tênis e deito-me na cama.

Eu tive que ir para o hospital de madrugada, às três horas


para ser exato, só voltei para casa para trocar de roupa,
deixar os remédios e receitas e em seguida fui conversar
com o treinador.

Não dormi e estou cansado, por isso fecho meus olhos e me


permito dormir.

É desconfortável dormir praticamente sentado e não


consigo me desligar completamente, porque tenho a
preocupação com meu ombro em mente.

Acordo três horas depois com meu celular tocando. Pego o


aparelho em meu bolso e encerro o alarme, um alarme que
indica que está na hora de tomar meu remédio para dor.

Não estou com meu melhor humor, não foi o meu melhor
sono, minhas costas estão doendo e meu ombro continua
imobilizado. Eu esperava o quê? Que acontecesse um
milagre enquanto estava dormindo? Suspiro, não faz nem
vinte e quatro horas que estou com a tipoia e já estou
morrendo de vontade de tirá-la.

Eu deixo minha cama e vou até a cômoda onde está meu


remédio, pego a cartela de comprimidos, porém antes de
tomá-lo penso que essa é talvez a minha última chance de
fazer algo irresponsável. Tudo depende de como será a
minha babá.

Desisto de tomar o remédio e sigo para o banheiro. Como é


mais prático opto por um banho de banheira, apesar da
praticidade, é difícil, assim como é difícil me secar e me
vestir com uma das mãos só.

Demoro bem mais que o normal para estar vestido e ganho


alguns roxos no processo, talvez ter alguém para me ajudar
não seja assim tão ruim. E quando estou devidamente
arrumado, saio do quarto, desço as escadas e sigo para a
sala.
Josh que está deitado no sofá com o celular em mãos olha
em minha direção assim que entro no cômodo.

— Você irá sair?

— Nós vamos.

Aproximo-me, dou um tapa em suas pernas, então ele as


tira do sofá e eu me sento.

— E vamos para onde?

Senta-se e me encara com a testa franzida.

— Crimson Giants.

Sorri e balança a cabeça.

— Você não deveria estar sendo responsável?

Sorrio, um sorriso em que faço questão de mostrar todos


meus dentes.

— Essa pode ser a minha última noite de paz, então vou


aproveitá-la como se fosse a última da minha vida.
Ethan

Não preciso de muitos argumentos para convencer Josh a


me acompanhar, ele também envia uma mensagem para
Aiden e Dylan que estão treinando, Dylan responde que está
chegando em casa e Aiden diz que está deixando a pista de
gelo.

Josh sobe para se arrumar, então eu pego uma latinha de


cerveja na cozinha, conecto a televisão em um aplicativo de
música e peço comida por aplicativo.

Não costumo ser irresponsável, mas às vezes a


responsabilidade é exaustiva. Não que vá fazer algo
totalmente

errado, ou que me prejudique, porém, pelo menos por hoje,


serei apenas um universitário normal. Sem cobranças e sem
pensar nas consequências do amanhã.

A comida chega no mesmo instante que Dylan, nós dois


ficamos na sala bebendo e comendo, em seguida Josh se
junta a nós já pronto e Dylan está subindo para o quarto
quando Aiden finalmente chega. Ele come e logo em
seguida também sobe para se arrumar.

Josh e eu ficamos esperando pelos dois bebendo, nossa


sorte é que eles não demoram a estarem prontos, então
saímos de casa e vamos para o carro de Aiden.

Chegamos no bar que já está movimentado, há pessoas do


lado de fora com copos de plásticos nas mãos e a música é
ouvida mesmo na parte exterior do estabelecimento.

— Eu amo quando isso está cheio.

Nenhum de nós discorda de Dylan e assim que ele


estaciona deixamos o carro e seguimos para a entrada do
bar.

Como há muitas pessoas, algumas nos param, afinal nós


somos as estrelas da UA, alguns são conhecidos, outros
apenas querem nos conhecer.

Demoramos uns minutos até enfim conseguirmos entrar e


como não há mais nenhuma mesa disponível ficamos em pé
perto do balcão de pedidos e ao lado da mesa de sinuca.

Pedimos cerveja e somos servidos no mesmo instante, ser o


quarterback do time tem suas vantagens.

Somos como um imã e as pessoas se aproximam de nós,


alguns caras tentando entrar nos times, outros curiosos e
muitas garotas. O que é ótimo.

Enquanto conversamos sobre o jogo de Beisebol, que está


sendo transmitido nas televisões do bar, eu olho ao redor à
procura de alguma garota que me atraia. Uma ruiva me
chama atenção e quando percebe que estou olhando para
ela sorri e caminha em minha direção.
Perfeito!

— Hey, QB, o que aconteceu com seu ombro?

Sorrio e pisco em sua direção.

— Um pequeno acidente.

Faz um biquinho sexy e espalma sua mão em meu peito,


bem em cima da tipoia preta que está imobilizando meu
ombro.

— Você está precisando de alguma coisa?

Pisca sem parar e acho que essa é a sua forma de dizer que
está afim. Não é tão sexy quanto talvez ela pense que é,
porém não é desagradável. Ela é bonita e não me
importaria de ter um momento com ela.

— Talvez.

— Eu posso ajudar. — Sorri, um sorriso sexy. — Estou


estudando para ser enfermeira, quem sabe você possa ser
meu primeiro paciente?

Mais uma vez, faz um biquinho sexy, então abaixo minha


cabeça aproximando meu rosto do seu.

— Eu adoraria.

Ela abre a boca, mas antes que consiga dizer algo, alguém
para ao nosso lado e a interrompe.

— Hey, Lisa, estão chamando por você.

Olho para o lado e me deparo com Kimberly Quinn, a líder


das cheerleaders. Ela está sorrindo para a garota que está à
minha frente com a mão em meu corpo, mas não é um
sorriso sincero.

Viro-me para a garota e ela está fuzilando Kim com seu


olhar, apesar disso abaixa sua mão, dá um passo para trás
e se

afasta de mim.

— Até mais, jogador.

Ela sorri e eu pisco na sua direção.

— Até mais, querida.

Olho para Kim e ela está sorrindo, então sorrio de volta. Ela
apenas quer ser vista comigo por tudo que represento, ela
ama um atleta principalmente se ele tem certa fama.

— Hey, Kim.

Seus olhos brilham. Ela é uma loira bonita com corpo


curvilíneo e lábios tentadores. Nós já nos divertimos juntos
e não me importaria de repetir o que já fizemos outras
vezes.

— Hey, QB.

— Sozinha?

Faz um biquinho sexy e vira-se ficando de frente para o


balcão, apoia seus braços sobre a madeira e faz com que
sua bunda fique em evidência.

— Estava esperando por você.

Olha-me com malícia e sorrio.


— Bom, eu estou aqui, à sua disposição.

Eu sei que ela está mentindo e ela sabe que eu sei, mas
nenhum de nós se importa. Esse é o nosso joguinho. Eu
ainda a estou encarando quando algo chama minha
atenção, olho em frente e me deparo com uma garota
caminhando na minha direção.

Ela é baixinha, tem os cabelos pretos e uma franja sobre


sua testa, seu rosto é delicado, mas a sua expressão não é
nada delicada, sua testa está franzida e seu olhar indica que
ela está chateada. Ela é magra e não é muito curvilínea. Ela
não faz o meu tipo, mas há algo na sua expressão zangada
que a deixa adorável e conforme ela se aproxima me dou
conta de quanto ela é linda. Nada convencional e perfeita.
Fascinante.

— Você a conhece?

Volto a encarar Kim que se vira ficando com as costas


apoiadas no balcão e olha na direção em que eu estava
olhando.

— Não. — Faz uma careta. — E se eu não conheço deve ser


alguém insignificante.

Dá de ombros e sorri.

— Eu conheço todos que são importantes.

Não deixa a arrogância longe da sua voz e eu só assinto. A


garota segue caminhando na minha direção e ela está com
o olhar fixo em mim. Será que eu fiz algo para ela? Já
ficamos? Eu quebrei seu coração? Eu teria que estar muito
bêbado, porque não lembro e porque ela não é alguém que
normalmente chamaria minha atenção.
Não desvio os olhos dos seus e a encaro curioso. Ela se
aproxima até estar à minha frente, então revira seus olhos e
suspira.

— Sabe, eu nunca duvidei que você fosse irresponsável,


mas olha só, você conseguiu me surpreender.

Sorrio.

— Acho que você está me confundindo com outra pessoa.

Sorri debochada e desce e sobe seu olhar pelo meu corpo.

— Ethan Lewis, não é?

É claro que ela sabe quem eu sou, mas por que está agindo
como se já nos conhecêssemos?

— Quem é você? — Percorro seu corpo com meu olhar


tentando lembrar-me dela e não consigo. — Nós já nos
conhecemos?

Segue com o sorriso debochado em seus lábios, que são


delicados, bem-desenhados e cheios, o que a torna
atraente.

— É óbvio que você não sabe quem eu sou.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Eu deveria saber quem é você?

Dá de ombros.

— Talvez.

Ela soa misteriosa.


— Ele está acompanhando.

Kim se aproxima e toca meu braço com sua mão.

— Ele está? — Ela inclina a cabeça e olha com desdém para


Kim. — Achei que você fosse só o enfeite da noite do
jogador.

A forma como ela fala, como é a sua postura, como parece


estar brincando com as palavras a tornam ainda mais
intrigante.

— Quem você pensa que é?

Kim a desafia e ela segue sorrindo.

— Alguém que não precisa ficar correndo atrás de atletas


com certeza. — Faz uma expressão falsa de gentileza. —
Não

que esteja criticando você, apenas não faz o meu tipo.

Sussurra, então antes que Kim possa fazer uma cena, bebo
o resto da cerveja que há em meu copo e o deixo sobre o
balcão.

— O que você quer?

Dou um passo à frente e me aproximo dela. Eu preciso


abaixar meu rosto para poder encará-la. Apesar da minha
altura ela não parece intimidada.

— Cuidado para a reação de remédio com bebida não


acabar sendo demais. — Morde seu lábio inferior e olha para
meu ombro machucado. — Aliás, isso seria bem
irresponsável, não é?

Estreito meus olhos.


— O que você está querendo dizer?

Ela dá um passo para trás e sorri.

— Tenho certeza de que Miller irá adorar saber que você


está aqui bebendo e sendo irresponsável.

Caralho!

— O que você está querendo dizer? — Repito a pergunta e


ela dá mais um passo para trás e eu dou um passo adiante.
—O

que você quer comigo?

Como ela sabe de Miller? Ela está apenas blefando, ou sabe


de algo? Mas como ela sabe? Droga, quem é essa garota?

— Eu se fosse você iria embora, quarterback.

Ergue seu celular e tenho que fechar meus olhos quando o


flash da câmera atinge meus olhos. Quando volto a abri-los
ela está de costas e caminhando para longe. Dou um passo
e a alcanço.

— O que você irá fazer com essa foto?

Não me responde, então seguro seu pulso, ela se vira e bate


seu corpo contra o meu. Ficamos perto um do outro o
suficiente para sentir sua respiração e mantenho meu olhar
no seu.

— Quem é você?

Desvencilha seu braço do meu — Seu pesadelo,


quarterback.
Porra, ela está me ameaçando? Ela volta a ficar de costas e
antes que possa ir atrás dela Kim surge e para à minha
frente.

— Quem é essa garota?

Balanço minha cabeça enquanto continuo fitando os cabelos


pretos da garota misteriosa.

— Eu não sei.

— Deve ser uma otária insignificante.

Kim segue falando e espalma suas mãos em meu peito, mas


tudo que consigo pensar é na sua última frase. “Seu
pesadelo, quarterback.”. Que porra acabou de acontecer? E
do que diabos ela estava falando?

E se ela enviar a foto para Miller? Eu se fosse você iria


embora, quarterback. Será que Miller seria capaz de vir
atrás de mim? Melhor não pagar para ver.

— Eu preciso ir embora.

— A noite mal começou.

Kim faz um beicinho e eu dou um passo para trás.

— Infelizmente, preciso resolver algo.

— Eu vou com você.

A ideia de terminar a noite com ela não parece mais tão


animadora.

— Hoje não, querida.

Kim revira seus olhos.


— Ok, ok.

Ela se aproxima e deixa um selinho em meus lábios.

— Se mudar de ideia, procure por mim.

Sussurra em meu ouvido e dá um passo para trás. Eu


assinto e como ela percebe que não irei mudar de ideia,
vira-se e se afasta.

Eu procuro pela garota e não a encontro. Há muitas pessoas


e o bar virou praticamente um formigueiro. Não encontro
nem meus amigos, então envio uma mensagem avisando
que estou indo para casa enquanto saio do bar.

Assim que estou na parte de fora ignoro todos que tentam


falar comigo e chamo um táxi. Eu vou para casa, mas não
paro de pensar na garota. Quem era ela? O que ela queria
comigo? Qual a relação dela com Miller?

Como ela sabia como poderia me ameaçar? Por que estava


me ameaçando? Nada nessa história faz sentindo.

Ao chegar em casa eu vou direto para o meu quarto e como


não é uma tarefa fácil não troco de roupa, deito-me sobre a
cama com a roupa que estou usando. Foda-se.

Encaro o teto e volto a pensar na garota. E é o que eu faço


até dormir.

...

Eu não estou feliz quando preciso acordar cedo, tomar um


banho e chamar um táxi para ir até o centro de
treinamento. E
meu humor continua péssimo quando chego na sala de
Miller, bato na porta e ele grita para que entre.

Abro a porta e a primeira coisa que percebo é uma garota


sentada à frente de James. Só consigo ver seu rabo de
cavalo e seu pescoço, porém é o suficiente para ter certeza
que é uma garota.

Olho para Miller e ergo minhas sobrancelhas.

— Eu achei que você fosse designar um cara para me


acompanhar.

Encaro Miller que apenas dá de ombros.

— Algum problema em ser eu?

Sua voz não parece desconhecida, então ela se vira e a


reconheço imediatamente. É a garota da noite passada. Ela
sorri e não é um sorriso amigável. Eu achei que não tinha
como minha situação ficar pior, mas estava enganado.

Abby
Ethan me encara surpreso e apreensivo. Ele tem medo que
eu conte para Miller onde ele estava na noite passada. E eu
poderia ter contado, mas não contei.

— Essa é Abigail Jones, Lewis.

Miller me apresenta, porém Ethan segue olhando para mim.


Eu sigo o encarando.

Ethan é alto, aparentemente um pouco musculoso, nem


muito e nem pouco, branco do tipo que se pegar muito sol
fica

vermelho, seus olhos são castanhos assim como seu cabelo.


Um cabelo que está bagunçado e cai em frente ao seu
rosto.

Infelizmente, não posso chamá-lo de feio. Ele tem seu


charme, o que deve contribuir para a maioria das garotas se
jogarem aos seus pés.

— Então esse é o seu nome?

Não o respondo.

— Vocês se conhecem?

Ele não responde o treinador e me encara apreensivo.

Confesso que o ver assim, em minhas mãos, faz com que


uma satisfação vibre em meu peito.

— Nós não nos conhecemos.

Responde por fim, então eu sorrio e me viro de volta para


Miller.
— Quer dizer, eu conheço o famoso Ethan Lewis um dos
jogadores de futebol americano mais promissores da NCAA.
[8] —

Deixo o desdém longe da minha voz. — Quem não o


conhece, não é!?

Miller assente.

— Você tem razão, Abigail, é por isso que precisamos ter


cuidado com nosso atleta. — Cuidado e nosso atleta na
mesma frase é algo cômico e preciso morder minha
bochecha para não rir. — Você está entendendo o que estou
querendo dizer, Abigail?

Assinto.

— Claro.

Espero que ele não consiga ver a ironia em meus olhos.

— E você se sente, Ethan, porque precisamos conversar.

Eu não olho para trás, mas sinto-o se aproximando.

Resisto à vontade de me virar e sigo olhando em frente.


Ethan se senta na cadeira ao meu lado e seu perfume me
atinge. É forte, meio amadeirado e tem cheiro de perfume
caro e de homem.

É um bom cheiro.

É estranho como sua presença parece transformar o


ambiente, diminui-o e faz com que ele pareça bem mais
perto de mim do que realmente está. Os pelos dos meus
braços estão arrepiados como se ele estivesse me tocando
é há centímetros entre nós, pelo menos uns vinte.
— Como expliquei para os dois, você, Abigail — Aponta em
minha direção e me forço a ignorar o cara ao meu lado e
manter a

minha concentração em Miller. — Irá ajudar Ethan nas aulas,


quem irá dirigir, além disso, irá o auxiliar em alguns
exercícios, acompanhá-lo em seu treino e o manter longe de
problemas e de atos irresponsáveis.

— Ok.

Nada de novo, tudo isso Miller já me passou anteriormente.

— E você, Ethan, não dê trabalho para Abigail.

— Serei ótimo com a senhorita Abigail.

Ele não deixa o deboche de lado e me contenho para não


revirar os olhos.

— Você, Abigail, deve me passar todo os dias à meia-noite


um relatório sobre o dia de Ethan.

— Sobre como está seu ombro?

Pergunto mesmo sabendo que não é apenas isso, é a minha


vingança pelo senhorita.

— Sobre tudo, inclusive sobre o comportamento de Ethan


durante o dia.

— Claro, manter o quarterback longe de problemas.

Tenho certeza de que a expressão em meu rosto é de


compreensão, diferente do meu sentimento que é repleto
de

ironia.
— E você, Ethan, não tente trapacear.

Ethan bufa e não esconde seu descontentamento. Mais uma


vez me seguro para não rir.

— Você, Abigail, deve encontrar Ethan às oito e ficar no


mínimo até às onze horas da noite, lembre-se de ficar caso
ele sinta dor. — Assinto. — Tenho certeza de que há um
quarto extra na casa de Ethan.

— E se eu falar que não há?

Miller ergue suas sobrancelhas.

— Coloque um de seus amigos para dormir no sofá. —

Miller fica em pé. — Bem, eu tenho um planejamento.

Pega uma folha em sua mesa e me estende. É um


planejamento de recuperação com os dias em que Ethan
deve ficar com ombro imobilizado e os exercícios que
devem ser executados posteriormente, além de estar
indicado os horários em que deve ser feito compressas
sobre o local machucado.

— Os dias sinalizados com verde são os que devem vir até


aqui para que eu possa fazer o acompanhamento e analisar
a evolução da luxação, o restante é tudo com você, Abigail,
e os

exercícios sinalizados com amarelo são os que podem ser


feitos em casa.

Assinto enquanto meu olhar percorre a folha. É uma grande


responsabilidade e oportunidade acompanhar de perto a
reabilitação de um atleta.
— Para manter seu condicionamento físico, Lewis, esteira e
conforme avançamos incluímos mais exercícios.

— Ok, treinador Miller.

Miller assente e dá a volta em sua mesa.

— Vamos para a sala de fisioterapia e recuperação.

Eu fico em pé assim como Ethan. Miller vai até a porta e a


mantém aberta para que nós dois possamos passar. Sou a
primeira a deixar a sala e Ethan sai logo em seguida. Nós
dois estamos um ao lado do outro, mas não nos olhamos.

Miller fecha a porta e caminha à nossa frente, nós apenas o


seguimos. Vamos até a sala de recuperação que fica ao lado
da academia e sala de treinamento. Ethan se senta na maca
e Miller e eu ficamos de frente para ele, encaro-o e ele me
encara de volta.

— Vamos tirar essa camisa.

Miller se aproxima de Ethan e o ajuda a tirar sua camisa.

— Tente não ficar impressionada com meu corpo, senhorita


Jones Ergo minhas sobrancelhas e sorrio debochada.

— Tenho certeza de que já vi abdomens melhores.

— Foco vocês dois, por favor.

Miller chama nossa atenção e ficamos em silêncio. Miller


examina o ombro de Ethan e faz alguns comentários, eu o
observo atentamente. Assim que finaliza, ajuda Ethan a
colocar sua camisa e se vira para mim.

— Ajude-o com compressas duas vezes ao dia, no início e no


fim do dia, além disso faça avaliações nesse mesmo horário,
assim como eu fiz agora — Assinto. — Estão liberados.

Ethan pula da maca.

— Ok, treinador.

Aproxima-se e para ao meu lado. Miller olha para nós dois


como se fôssemos duas crianças.

— Não tentem trapacear, porque estarei de olho. — Aponta


para nós dois. — E sempre acabo sabendo e descobrindo as
coisas, inclusive sei que você estava no Crimson Giants.

Por essa nem eu esperava, olho para o lado e Ethan está


vermelho.

— Tenham um bom dia.

Miller acena e se afasta, ele sai da sala e ficamos apenas


nós dois.

— Você me denunciou.

Ele me acusa e reviro meus olhos.

— Não fui eu.

Viro-me e caminho para saída.

— Só pode ter sido você. — Ele está me seguindo. — Você


claramente me odeia e eu sequer sei o porquê.

— Não fui eu, confesso que poderia ter sido, mas não fui,
afinal se algo tivesse acontecido a você ontem não seria
problema meu.

— E por que tirou aquela foto?


Dou de ombros.

— Por diversão.

— Não acredito em você.

Olho para o lado e o encaro com desdém.

— Eu não ligo se você acredita ou não em mim. — Aponto


em sua direção. — E nem sei o porquê está tão chateado, o
treinador nem falou nada demais.

— Mas ele deve estar achando que eu sou irresponsável.

Volto a olhar em frente.

— Mas você é um irresponsável.

Suspira.

— Você não me conhece.

Saímos do prédio e caminho na direção do estacionamento


onde deixei o meu carro.

— Conheço o seu tipo.

— Qual seu problema com atletas?

Paro em frente ao meu carro, então me viro para ele e o


olho de cima a baixo.

— Não tenho problemas com atletas. — Olho em seus olhos


e sorrio. — Apenas com a sua classe.

— A minha classe?

Assinto e dou um passo em sua direção.


— Idiotas que se acham os maiores, os detentores da pica
das galáxias, os senhores do universo.

Sussurro como se fosse um segredo e assim que digo a


última palavra, dou um passo para trás e sorrio. Ele está me
encarando com uma expressão estranha.

— Tipo o Senhor das Estrelas. — Ergo minhas sobrancelhas.


— Personagem da Marvel.

— Aquele dos Guardiões da Galáxia?

Assente e ele parece surpreso por eu saber quem é.

— Você gosta de super-heróis?

Não o respondo, então se aproxima e toca meu cabelo com


a sua mão livre, eu me afasto e me viro de costas para ele.

— Vamos. — Aponto para o meu carro. — Esse é o meu


carro.

Eu entro e logo em seguida ele ocupa o lugar ao meu lado.

— Qual seu endereço?

Ele aponta para o GPS.

— Posso?

Assinto e ele digita seu endereço no aplicativo. Assim que


ligo o carro uma voz feminina me indica o caminho que
devo

seguir.

— Você prefere que te chame de senhorita Abigail ou


senhorita Jones?
— Eu preferiria que você nem pronunciasse meu nome.

Ele ri e reviro meus olhos.

— Infelizmente, não temos essa opção, a não ser que você


esteja a fim de me deixar na minha casa, voltar para a sua e
mentir para Miller, afinal tenho certeza de que consegue
escrever um relatório falso.

Sorrio e balanço minha cabeça.

— Sem chance.

— Eu poderia pagar para você mentir...

Interrompo antes que continue.

— Não aceitarei suborno.

— Ok...ok, então o que prefere senhorita Abigail ou


senhorita Jones?

— Por que você está me chamando de senhorita?

Pelo som da sua risada, eu acabei de fazer a pergunta que


ele queria que eu fizesse. Droga!

— Eu tinha uma babá quando criança e chamava de


senhorita.

— Alguém já disse que você é um idiota?

— Talvez uma, ou duas vezes, senhorita...

Nem espero que ele termine a frase.

— Se você me chamar de senhorita mais uma vez eu irei


deslocar seu outro ombro.
— Você está me ameaçando?

Ele faz uma falsa voz de indignação.

— Estou.

— Ok, prefere que eu te chame como?

— Me chame pelo meu nome.

— Abigail é muito sem graça.

Sinto seu olhar sobre mim e sei que ele está me analisando,
não é algo desconfortável, mas faz com que me sinta
estranha, diferente, uma mistura de vergonha com
ansiedade.

— Vou te chamar de bonitinha.

Por sorte o GPS indica que chegamos ao nosso destino, uma


casa de dois andares, branca com um jardim na frente, é

algo luxuoso e claramente caro. Só reforça que ele é um


playboy.

— Você não pode estar falando sério.

Estaciono e olho para ele que sorri.

— Eu estou, bonitinha.

— Você é um cuzão, Ethan Lewis.

Continua apenas me encarando com deboche.

— Você é bonita, mas é tão pequena que é bonitinha.

— Idiota.
Eu saio do carro e bato a porta com força. Não espero por
Ethan e caminho até a calçada. Analiso a casa mais uma
vez e realmente é algo mais do que se espera de um
universitário.

— Vamos.

Ethan passa por mim, caminha à minha frente e eu o sigo.

Ele abra a porta, mas antes de entrar se vira para mim.

— Eu já falei que moro com mais três caras? — Balanço a


cabeça negando. — Pois então, eu moro.

— Espero que eles sejam mais legais do que você.

Ethan entra e eu sigo atrás dele, nós entramos em uma sala


e há dois caras sentados no sofá.

— Esses são Josh e Aiden.

Eu paro na entrada do cômodo e encaro os dois.

— O capitão do time de beisebol e o capitão do time de


hockey.

Josh, o loiro, sorri.

— Ela nos conhece.

Pisco na direção dele.

—Todos conhecem vocês.

— Hey, por que você não os odeia? Você não odeia os


atletas?
Olho para Ethan e cruzo meus braços abaixo dos meus
seios.

— Eu nunca disse que odeio atletas, aliás, eu estudo para


ser treinadora atlética.

— Então, o problema é comigo? — Assinto. — Mas você nem


me conhece.

Dou de ombros.

— Conheço o suficiente.

— DR... DR.

Um dos meninos nos provoca e quando olho para eles


percebo que é Aiden. Ao observá-lo me dou conta de que
ele é parecido com Ethan.

— Vocês são parecidos.

Olho de volta para Ethan.

— Nós somos primos. — Aponto para uma porta ao lado.

— Já que você vai passar algum tempo aqui, melhor eu te


apresentar à casa.

Assinto e ele me guia para a cozinha. Não trocamos quase


nenhuma palavra e ele me mostra os pontos importantes da
casa cozinha, lavanderia e o jardim. Por fim, voltamos para
a sala e Josh olha para mim com uma expressão de
deboche.

— Você sabe como ele deslocou o ombro?

Balanço minha cabeça negando. Essa é uma informação


que Miller não me passou..
— Não ouse.

Ethan o repreende, o que indica que não é uma história


qualquer. Então, eu vou até o sofá e me sento entre Josh e
Aiden.

— Eu preciso saber dessa história.

Ethan

Eu olho para meus dois amigos e balanço a cabeça de um


lado para o outro. Eles não podem contar o que aconteceu
para Abigail, ela me odeia e irá usar isso contra mim.

— Então, Dylan, o quarto integrante dessa casa se tornou


capitão do time de basquete na quinta e decidimos
comemorar bebendo.

Josh começa.

— Caralho, vocês irão realmente contar.

Aiden apenas ri e assente, enquanto Josh continua.


— Bebemos tanto que Dylan, Aiden e nosso querido Ethan
decidiram pular na piscina só de cueca.

— De cueca?

Abigail pergunta rindo e Josh assente.

— Sim, e eu, claro, como o mais sensato não fui.

Eu continuo em pé e apenas observando meus amigos


contando a forma humilhante com que eu me machuquei —

Então, Ethan e eu tivemos a brilhante ideia de sairmos da


piscina e corrermos atrás de Josh, e Ethan foi o primeiro e
como ele estava molhado ele acabou escorregando no chão
e foi assim que nosso querido quarterback deslocou o
ombro. Bêbado, só de cueca e correndo atrás do seu melhor
amigo.

Aiden conclui e faz com que Abigail gargalhe. Os três riem e


eu continuo parado e sem reação. Sigo sendo a piada,
quando alguém fará algo mais humilhante para eu ser
esquecido?

Eles demoram segundos para pararem de rir e estou quase


saindo da sala quando Abigail para e olha na minha direção.

— Agora estou entendo o porquê você precisa de babá.

Reviro meus olhos.

— Eu não preciso de uma babá.

Ela volta a rir e olha para nós três.

— Acho que todos vocês precisam de uma babá, porque são


um perigo juntos.
Ela debocha e Aiden faz uma careta.

— Não somos um perigo juntos, somos as estrelas do


Alabama.

Aiden usa o argumento como se por causa disso


pudéssemos fazer o que bem entendemos. Eu olho para
Abigail e aponto para Aiden.

— Ele se acha o pica das galáxias.

Ela apenas dá de ombros e continuo a encarando tentando


descobrir o porquê ela não gosta de mim. Eu achei que ela
não curtisse atletas, mas ela não apresentou nenhuma
resistência a Josh e Aiden.

Qual problema dela comigo? Eu nunca a tinha visto, como


ela pode me odiar sem me conhecer?

Abigail é uma incógnita. O ódio dela não me incomoda, mas


de certa forma me fascina e me leva a querer descobrir o
porquê, e a querer provar que não sou tão ruim quanto ela
pensa que eu sou.

— O que iremos comer?

A voz de Aiden interrompe minha linha de raciocino. E

quem o responde é Josh.

— É a vez de Ethan cozinhar.

Eu sorrio e olho na direção de Abigail.

— Acho bom que minha babá saiba cozinhar, porque como


todos nós sabemos eu não conseguirei preparar nada com a
mão esquerda.
Ela faz uma careta.

— Seus amigos podem cozinhar por você.

— Se ele tem uma babá, você cozinha por ele.

Josh fala e aponta para ela, eu ergo minhas sobrancelhas e


a desafio a negar, então ela sorri debochada e fica em pé.

— Você vem comigo, porque meu dever é ajudá-lo, não ser


sua empregada.

— Eu não posso cozinhar.

Dá de ombros.

— Você irá me ajudar mesmo assim.

Ela fica me esperando com as mãos em sua cintura e posso


ouvir meus amigos zoando e me provocando. Como não há
como fugir deixo a poltrona e fico em pé.

— Vamos lá, então.

Sigo na frente e posso ouvir Abigail me seguindo.

— O que iremos cozinhar?

Ela me pergunta assim que entramos na cozinha. Então me


viro em sua direção e aponto para geladeira.

— Nós temos uma dieta a seguir.

Ergue suas sobrancelhas.

— Nunca imaginei que vocês seriam tão organizados e


tivessem uma dieta.
Ela realmente parece surpresa.

— Somos atletas e temos regras a seguir uma delas é a


dieta.

Ela assente e vai até a geladeira, pega o papel e faz uma


careta.

— Frango, batata, arroz e salada.

Lê em voz alto e pelo som da sua voz ela não parece muito
feliz com o cardápio.

— Não gosta?

— Eu prefiro coisas mais gostosas... gordurosas, saborosas e


doces.

— Nada saudável.

Dá de ombros.

— Não sou atleta. — Olha ao redor da cozinha. — Onde


estão as coisas?

Eu mostro e a ajudo Abigail a pegar o que será necessário


para fazer o nosso almoço. Não sou de grande ajuda, mas
pelo menos segurar uma, ou duas coisas eu consigo.

Deixamos as coisas sobre a ilha que há no meio da cozinha


e assim que pegamos tudo que será necessário, inclusive
panelas e vasilhas, Abigail para à minha frente e me encara
curiosa.

— Como vocês preferem o frango?

— Pode ser grelhado.


Ela assente e começa a cozinhar. Eu fico todo tempo ao seu
lado. É estranho estar ao lado de alguém sem poder ajudar
e em silêncio e é por isso que decido puxar assunto com
ela.

— Então, você não pratica nenhum exercício?

— Subir e descer escadas pode ser considerado exercício?

— Olha para mim, eu sorrio e balanço minha cabeça. —


Então não.

Volta a olhar para a panela que está à sua frente.

— Nem academia?

— Só às vezes, mas não sou assídua.

Pela primeira vez, ela não me respondeu de forma brusca,


porém não é uma trégua, ou sinal de paz, porque voltamos
a ficar em silêncio e é assim que ficamos até o almoço estar
pronto.

— Eu vou chamar os caras.

Ela assente, então vou até a porta e grito.

— O almoço está pronto.

— Se fosse para gritar, eu teria gritado.

Viro-me e pisco em sua direção.

— Pode deixar que dá próxima vez, você pode chamá-los.

Revira seus olhos enquanto serve dois pratos com comida,


um para ele e outro para mim. Eu me sento em um dos
bancos de frente para a ilha, ela coloca um dos pratos à
minha frente e se senta ao meu lado.

— Você não irá assoprar a comida para mim?

Abigail pega dois garfos e me entrega um deles.

— Por mim, você pode queimar a sua língua.

— Nem a conheço, mas já gostei dela.

Dylan entra na cozinha e faço uma careta.

— Não sabia que tinha chegado.

Ele sorri e se aproxima, logo atrás dele estão Josh e Aiden.

— Eu cheguei. — Para de frente para nós dois, apoia suas


mãos no balcão e curva seu corpo para a frente. — Prazer,
Dylan, e você quem é?

Fita Abigail que sorri simpática. Por que, eu não recebo um


desses sorriso?

— Abigail, mas pode me chamar de Abby.

Ela disse que ele pode a chamar de Abby, encaro-a de boca


aberta.

— Eu também quero poder te chamar de Abby.

Josh para ao lado de Dylan e protesta.

— Se eles te chamarem assim eu irei também.

Aiden se pronuncia enquanto pega um prato no armário e


Abigail apenas segue sorrindo.
— Os três podem me chamar de Abby.

Faço uma careta.

— Eu também tenho esse direito?

Franze sua testa.

— Você não.

Sorrio debochado.

— Tudo bem continuarei chamando você de bonitinha.

— Bonitinha é péssimo.

Dylan expressa a sua opinião enquanto serve seu prato com


a comida que Abigail preparou.

— É, cara, não se chama uma garota de bonitinha.

Josh concorda enquanto pega um prato para ele e Dylan.

— Ele trata todas as garotas assim no diminutivo? —

Abigail aponta o garfo em minha direção e pergunta com


desdém.

Meus amigos terminam de se servirem e sentam-se à nossa


frente. — Se for assim que ele trata as mulheres é um
milagre ele ainda estar vivo.

Os idiotas apenas riem e me viro para ela.

— Bonitinha é um apelido carinhoso, você é bonita e


pequena, logo bonitinha.

Revira seus olhos e volta a comer.


— Se você continuar revirando os olhos toda vez que eu
falar algo seus olhos irão cair.

Posso ouvir Josh e Aiden rindo, mas não me viro para eles,
sigo encarando Abigail que termina de mastigar e sorri, um
sorriso totalmente falso.

— Obrigada pela preocupação.

— De nada, bonitinha. — Vejo que ela vai revirar seus olhos


e sou mais rápido. — Lembre-se dos seus olhos caindo.

Ela bufa e volta a comer. Eu sorrio, abaixo meus olhos e


encaro a comida em meu prato. Ela parece boa, mas como
conseguirei cortar o frango? E comer com a mão esquerda
não parece uma boa ideia.

Pego o garfo e tento pegar um pouco de arroz, é um


desastre, então me contenho em espetar um garfo na
alface. Não é a coisa mais incrível que eu já comi, mas é o
que eu consigo comer no momento.

— Eu ajudo você.

— Não precisa.

Respondo Abigail e como mais um pedaço de alface.

— É para isso que estou aqui, não será nenhum favor.

Ela segura meu pulso e quando me viro em sua direção faz


um biquinho fofo.

— Não seja um mau menino.

— Espera aí, ela é a sua babá?


Dylan pergunta surpreso e quando olho para ele deparo
com seus olhos arregalados, ele realmente parece incrédulo.

— Sim, ela é a babá de Ethan.

Josh debocha.

— Não é um cara.

Franzo minha testa.

— Quem você achava que ela era?

Ele olha para Abigail e em seguida para mim.

— Não sei, juro que não imaginei que ela fosse a sua babá,
talvez alguém que você estivesse tentando se livrar, ou
alguma pobre coitada que estivesse sendo obrigada a fazer
algum trabalho com você.

Sorrio e balanço a cabeça de um lado para outro.

— A sua lerdeza às vezes consegue me surpreender, Dylan.

Ele ergue o dedo do meio em minha direção.

— Não fui lerdo, vocês que não me explicaram a situação.

— Você foi lerdo.

Aiden concorda comigo e Dylan faz uma careta. Enquanto


estamos discutindo e nos provocando, Abigail fica em pé,
corta o meu frango e em seguida busca uma colher e me
entrega.

— Você irá comer melhor com ela.

Eu ignoro meus amigos e olho para ela.


— Obrigado.

Ela apenas assente e volta a se sentar. Nós continuamos


nos provocando e quando paramos ficamos em silêncio,
nenhum de nós nunca namorou e não sabemos como agir
com uma garota ao nosso redor. As garotas que trouxemos
para casa nunca ficaram mais de uma noite.

Dylan é o primeiro a terminar e nos encara com deboche,


ergo minhas sobrancelhas e ele apenas balança a cabeça.
Aiden

pergunta o que está acontecendo e ele o ignora, então


quando todos terminamos Dylan fica em pé e deixa seu
prato sujo na pia.

— Hoje à louça não é minha.

— De quem é? Por que se eu deveria cozinhar, eu não


deveria limpar.

Pergunto e em seguida olho para o nosso mini-quadro


branco que fica pendurado na parede ao lado da geladeira
com as tarefas que temos que fazer e o nome de quem será
o responsável por executá-las na semana. Porém não são as
tarefas e nossos nomes que encontro escrito em vermelho,
e sim, uma frase.

“Covardes morrem lavando a louça”

É isso que fazemos quando não queremos cumprir com


nossas tarefas e atormentar um ao outro. É divertido, desde
que seja você a ter apagado o que estava escrito e tenha
escrito algo novo e totalmente aleatório.

Dessa vez, não fui eu e não é engraçado.


— Quem dos três engraçadinhos fez isso?

Olho para Josh, Aiden e Dylan, óbvio que os três negam e


entramos na discussão que sempre entramos quando isso

acontece e discutimos até que alguém canse e vá fazer a


tarefa, ou que o culpado confesse. Hoje o culpado confessa.

Josh confessa que foi ele e vai colocar a louça na lava-


louças e limpar o resto da cozinha. Nós quatro continuamos
sentados e observando Josh trabalhar.

— Vocês sempre são assim?

— Quase sempre, bonitinha, mas não se preocupe nunca


brigamos de fato, pelo menos nunca terminamos no
hospital.

Sei que disse a coisa errada quando seus olhos brilham.

— Só você, né!? — Ela ri e olha para meus amigos. — E

ele foi de cueca para o hospital?

Eles olham para mim, balanço a cabeça, mas é claro que


eles me ignoram.

— Sim, ele foi.

Aiden revela. Para que inimigos quando se tem um


amigo/primo assim!?

— Eu estava preocupado com meu ombro, todos estavam.

— Aponto para os três. — Porque sabemos o que poderia


significar se fosse algo grave.
Justifico-me e ela nem tenta não rir. Bufo irritado e passo a
mão pelos fios do meu cabelo.

— Vocês não têm um vídeo?

— Graças à Deus não.

Resmungo.

— Não seja um bebê chorão, Ethan.

Olho para Josh e ergo minhas sobrancelhas.

— Talvez devêssemos mostrar para Abigail o dia que em


que você chorou bêbado, porque não conseguia sentir o seu
dedão do pé.

Sua expressão muda no mesmo instante que as palavras


deixam a minha boca.

— Você não seria capaz.

Eu pego meu celular em meu bolso e apesar da negação de


Josh mostro o vídeo para Abigail. Aiden gargalha e como
vingança Josh mostra um vídeo do nosso amigo. Ficamos a
próxima hora mostrando os vídeos comprometedores que
temos um do outro.

— Vocês são uns idiotas.

Dylan reclama quando mostramos seu vídeo dançando em


uma festa, bêbado e descontrolado.

— Você é um ótimo dançarino.

Abigail diz entre os risos.

— Vocês são péssimos.


Revira seus olhos e sai da cozinha.

— Volte aqui, Dylan, nós nunca abandonamos a zoeira.

Relembro-o do nosso combinado, ele para na porta e olha


na nossa direção.

— Não estou abandonando, mas se continuarmos aqui


iremos perder o jogo.

— Puta que pariu hoje inicia a NFL.

No mesmo instante que as palavras deixam minha boca, eu


pulo do banco que estou. Josh e Aiden também se dão conta
de que Los Angeles Rams versus Buffalo Bills deve estar
prestes a iniciar e seguem Dylan. Ficamos apenas Abigail e
eu e olho para ela que segue sentada.

— Você não vem?

Balança a cabeça negando.

— Não assisto jogos de futebol americano.

— Ok, e você irá fazer o quê?

Pensa um pouco e depois de alguns segundos deixa o


banco.

— Irei pegar o meu ipad e ficar estudando aqui na cozinha.

Ela não espera eu dizer nada e caminha para longe.

Simplesmente a sigo e enquanto ela caminha para a porta


de entrada, eu vou para a sala. Meus amigos já estão
espalhados pelo sofá e o que me sobra é a poltrona.

— E Abby?
— Não irá assistir ao jogo e foi buscar seu Ipad.

Respondo Josh que assente.

— Ela parece ser alguém legal.

Josh e Aiden concordam com Dylan e eu faço uma careta.

— Pena que ela me odeia.

Josh curva seu corpo para a frente, apoia seus cotovelos em


sua perna e me encara com a testa franzida.

— Você deveria descobrir o porquê ela te odeia.

Aiden e Dylan assentem.

— Como vou fazer isso se ela nem se permite me conhecer


de verdade?

Suspiro.

— Então, você tem duas tarefas. — Dylan faz o gesto de


dois com os dedos enquanto fala. — Descobrir o porquê ela
te odeia e provar que é um cara totalmente diferente do
que ela imagina.

Jogo minha cabeça para trás, apoio-me na poltrona e encaro


o teto. Talvez eles estejam certos e deva descobrir o porquê
Abigail me odeia, além de mostrar para ela quem eu
realmente sou.
Abby

Eu pego o Ipad no carro e volto para dentro, os meninos


estão na sala e então vou para a cozinha. Enquanto eles
assistem o jogo, eu me sento de frente para a bancada e
abro o aplicativo de caderno de estudos.

Eles estão assistindo um jogo de futebol americano.

Toco a borda do Ipad com a caneta e respiro fundo. Eu


aprendi a gostar de esporte na adolescência quando achei
que se gostasse do assunto meu pai prestaria atenção em
mim, acreditei que ele lembraria que tinha uma filha.

Porém não aconteceu.

Ele não me notou e eu simplesmente me apaixonei por


esportes, foi a coisa mais incrível que meu pai me deu,
talvez a única, e ele nem sabe disso. Não jogo e nem pratico
nada, entretanto sei muita coisa sobre vários esportes e
assisto sempre que posso.

Por um tempo, dos quinze aos dezessete, eu tentei me


afastar dos esportes, mas não consegui, porque é algo que
eu amo e percebi que só estava evitando por causa de
Liam, ele estava influenciando na minha vida e ele não
merecia esse lugar.

Apesar de amar esportes variados, futebol americano


sempre foi um bloqueio, porque meu pai, o idiota, foi um
dos maiores quarterbacks de todos os tempos.

Como pensar sobre o passado não irá me trazer nada além


de desgosto, empurro todos pensamentos e sentimentos
para longe e me concentro em estudar.

Não sei quantas horas passam só sei que sou interrompida


pela voz de Aiden.

— Hey, Abby, nós vamos pedir pizza, você quer?

Sorrio e olho na sua direção.

— Minha preferida é a de quatro queijos.

Um sorriso debochado surge em seu rosto e ergo minhas


sobrancelhas.

— É a pizza preferida de Ethan também.

Reviro meus olhos.

— O idiota tem bom gosto.

Ele segue rindo e se aproxima até estar à minha frente e


com os braços apoiados no balcão.

— Ethan é uma ótima pessoa, você deveria dar uma chance


para ele.

— Não, obrigada.
Desligo meu Ipad e fico em pé.

— Qual seu problema com ele?

Apoio minhas mãos sobre o balcão e encaro Dylan.

— Nenhum, apenas conheço o tipo dele.

Ele é bem mais alto que eu, mas não me intimida. Homens
grandes não me intimidam, aliás nada na vida me intimida.

— Espero que ele consiga te convencer do contrário.

Sorrio.

— É mais fácil um burro falar e uma princesa se transformar


em uma ogra.

Ele faz uma careta, porque é claro que não entende a


referência.

— Isso é algo estranho de ser dito.

Pego meu Ipad e dou um passo para trás.

— Eu sou estranha.

Pisco em sua direção, viro-me ficando de costas para ele e


caminho na direção da sala. Josh e Dylan estão no sofá e
Ethan na poltrona. Eu me aproximo para me sentar no
tapete, porém paro quando me deparo com algumas
latinhas de cerveja sobre a mesinha que há entre o sofá e a
televisão.

— Você bebeu?

Encaro Ethan indignada e ele balança a cabeça negando.


— Não bebi. — Eu não acredito nem um pouco nele. —

Não bebi, juro.

Repete e sigo sem acreditar nele.

— Ele realmente não bebeu.

Viro-me para Aiden e ele parece estar falando a verdade,


olho para Josh e Dylan e eles assentem. Talvez, eles estejam

falando a verdade.

— Se descobrir que vocês estão mentindo eu acabo com


vocês.

Aponto para cada um deles e eles apenas riem.

— Com esse seu tamanho você não arrancaria nem um fio


do meu cabelo, Abby.

Olho para Dylan e sorrio.

— Continue nessa sua confiança e talvez um dia seu carro


simples apareça todo arranhado.

Ele arregala seus olhos e depois de alguns segundos suspira


aliviado.

— Você não sabe qual é o meu carro.

Desvio os meus olhos dele e me sento no tapete.

— Mas é só ir até a garagem que descubro qual é o carro de


todos. — Dou de ombros. — Não me importo de estragar os
quatro de uma única vez.

— Você trouxe uma terrorista para nossa casa.


Josh acusa Ethan.

— Eu fui obrigado, lembra?

Ignoro o protesto dos quatro e olho para a televisão que no


momento está na tela inicial de um streaming.

— O que vocês irão assistir?

— Estávamos pensando em algum filme.

Josh me responde e logo em seguida escuto a voz de Dylan.

— Você pode escolher o filme.

Viro-me para trás e sorrio para Dylan.

— Sabia que você seria meu preferido.

Ele me entrega o controle e sorri satisfeito com a minha


frase.

— Não sabia que estávamos em uma competição.

Josh, reclama.

— Hey, eu estou pedindo a sua pizza preferida.

Aiden, que agora está na poltrona que fica no lado contrário


a ocupada por Ethan, mostra-me seu celular aberto no
aplicativo de delivery de comida.

— Ok...ok...você está empatado com Dylan.

— Vocês são uns puxa-sacos.

É óbvio que Ethan protesta e apenas o ignoramos.


Enquanto Dylan pede a pizza, eu escolho o filme e opto por
um filme de terror. Quero ver o quanto eles são corajosos e
machões como aparentam e dizem ser.

— Um filme de terror?

Aiden é o primeiro a fazer uma observação, então olho para


ele com um sorriso debochado.

— Algum problema? — Faço questão de olhar para os


quatro, um de cada vez. — Aliás algum de vocês tem algum
problema com filme de terror?

É claro que os quatro negam.

— Melhor desligar a luz.

Josh atende o meu pedido e se levanta para apagá-la, assim


que ele volta para o sofá aperto o botão do controle e o
filme inicia. Ficamos em silêncio e conforme os minutos
passam a história se desenrola e cenas não tão agradáveis
acontecem.

Espíritos e vultos surgem na tela em momentos variados e


inesperados, eu como já assisti ao filme não me assusto e
ainda sei o instante certo para olhar para os caras. É ótimo
vê-los tentando não parecer assustados e não demostrar
que estão com

medo. Eu vejo nos olhos deles alívio quando o entregador


chega e o som da campainha ecoa pela sala.

— Eu busco.

Dylan se apressa a sair do seu lugar e a ligar a luz. Ele vai


buscar as pizzas e encaro os meninos.
— Com medo?

Aiden, Josh e Ethan balançam a cabeça.

— Óbvio que não.

Aiden e Josh concordam com Ethan e me seguro para não


rir. Claro que eles não estão com medo.

E mesmo depois que terminamos com as três pizzas e


voltamos a assistir ao filme a luz segue acesa.

...

O filme acaba e está quase na hora de eu ir embora, então


me viro na direção de Ethan enquanto os créditos finais
passam na tela da televisão.

— Nós precisamos fazer a compressa antes de eu ir embora.

Ele assente e deixa a poltrona.

— É melhor subirmos para o meu quarto.

— Ok.

Eu fico em pé, vou até a cozinha e pego o necessário para a


compressa de água fria. Ao voltar para sala, Ethan está me
esperando no início da escada e o sigo para seu quarto.

É no segundo andar e a primeira porta à esquerda. Ao


entrar, percorro meu olhar por cada canto do cômodo e fico
surpreendida. Há muitos livros, alguns HQ’s, fotos e
pôsteres, pôster de Star Wars e senhor dos anéis, além de
um computador, um videogame portátil e outro conectado à
televisão.
Não esperava que o quarto de um quarterback fosse assim
tão parecido com de um nerd.

— Surpresa com meu quarto?

Não esconde o deboche da sua voz, olho em sua direção e


ele está sentado em sua cama e me encarando com uma
expressão de satisfação em seu rosto.

— Aqui é mesmo o seu quarto? Há um quinto integrante


dessa casa? Um Nerd?

— Não seja preconceituosa, bonitinha.

Reviro meus olhos por causa do apelido e me aproximo


dele.

— Não estou sendo preconceituosa.

— Está dizendo que os nerds têm um estereótipo e que não


posso ser um.

Dou de ombros e paro de frente para ele com alguns


centímetros entre nós.

— Precisamos tirar sua camisa.

— É assim sem preliminares?

— Vamos logo, Ethan que não tenho todo tempo do mundo.

Ele ri e tira a tipoia do seu braço, em seguida, ajudo-o a


tirar a camisa já que ele não pode fazer muito movimentos
com o braço. Não há como evitar e meus dedos esbarram
em sua pele.

Ele tem músculos e não posso negar que tem um abdômen


bom de se olhar. Sinto sua respiração me atingindo e tento
a ignorar. Assim que sua camisa está longe do seu corpo
iniciamos a compressa, eu observo seu rosto para obter as
suas reações.

— Está doendo?

— Mais ou menos.

— Ok.

Sigo pressionando o gelo que está enrolado em um pano em


seu ombro.

— Então, você quer ser uma treinadora atlética? —

Assinto. — Legal.

Para outra pessoa responderia que amo esportes e como


não sou boa em nenhum é a minha maneira de estar perto
de algo que amo tanto, mas para Ethan não estendo o
assunto.

— Eu faço Engenharia da Computação.

Alguém que tem o quarto como o dele realmente combina


com o curso.

— Você pretende atuar?

Deixo que a pergunte saia da minha boca antes que tenha


chance de pensar se é ou não uma boa ideia continuar
conversando com Ethan.

— Não, é apenas a minha segunda opção, o futebol é o que


desejo.

Fico em silêncio, porque não acho que ele queira saber que
acho o futebol uma péssima escolha. Sinto seu olhar sobre
mim e minha respiração se altera. Ethan é bonito, alguém
que não posso me permitir ser amiga e ele está tão perto.

Por algum motivo ele causa uma confusão em meus


sentimentos.

É um alívio quando finalizamos a compressa, então pego


meu celular e faço uma anotação de como está o seu
ombro.

— Pronto.

Pego sua camisa e o ajudo a vesti-la.

— Obrigado.

Assinto enquanto ele coloca a tipoia e por fim apenas


confiro se seu ombro está imobilizado corretamente, como
tudo está ok, dou um passo para trás e me afasto.

— Está na hora de ir embora.

Ele fica em pé e por alguns segundos seu olhar encontra o


meu. É estranho e não sei decifrar o que ele está pensando
e nem o porquê está me olhando.

— Eu levo você até a porta.

Desvio os meus olhos dos seus e me viro de costas. Dessa


vez, sou eu a guiá-lo. Pego minha mochila e Ipad na cozinha
e vou até a sala, aceno para os meninos que seguem
sentados no sofá e assistindo televisão.

— Tchau, meninos e até amanhã.

— Até amanhã.
Eles acenam na minha direção, então sorrio e sigo para a
porta, uma porta que já está aberta por Ethan. Eu vou até
ele e paro à sua frente.

— Juízo, porque realmente não quero receber uma ligação


de Miller no meio da noite para ter que ir buscar o garoto
rebelde em alguma festa.

Ainda é cedo e se ele quiser com certeza pode encontrar


alguma festa para ir.

— Eu ficarei em casa.

Sorrio, um sorriso forçado.

— Ótimo.

Viro-me ficando de lado para Ethan.

— Até amanhã, Abigail.

— Até amanhã, Ethan.

Dou um passo em frente, mas ele me chama e volto a olhar


para ele. Estamos há alguns centímetros um do outro e
posso ver as írises dos seus olhos, elas são castanhas, mas
conforme são iluminadas é possível ver alguns pontinhos
verdes.

— Meus amigos gostaram de você.

Aonde ele quer chegar com essa afirmação?

— E eu gostei deles.

Ele sorri, um sorriso tenso e franzo minha testa.


— O que eu tenho que fazer para você sorrir pra mim como
sorri para eles?

Não estava esperando por essa sua pergunta e abro e fecho


minha boca. Não sei o que falar, nem como agir. Ele parece
verdadeiro e por um momento meu coração bate acelerado
em meu peito.

Sem saber como o responder, me viro ficando de costas


para ele e caminho na direção do meu carro.

Uma parte minha diz que estou sendo grossa demais com
Ethan ao ouvir sua pergunta, mas aí eu lembro do meu pai.
Raiva volta a borbulhar em meu peito e olho para trás.

— Não ser um QB na próxima vida.

Abby

Dirijo para casa com uma confusão em minha mente, é


como se houvesse duas pessoas ao meu redor, uma em
cada lado da minha cabeça e estivessem sussurrando em
meu ouvido palavras contrárias.
Uma diz que estou sendo uma cadela com Ethan sem
motivo, a outra diz que estou fazendo o certo, porque eu sei
em que caras como ele se tornam, iguais ao meu pai, além
de tudo ele se acha o maior de todos.

Não quero ser amiga de um cara como ele e ele nem


merece a minha cordialidade. É isso, não há nada de errado
na forma como o estou tratando.

A lua e as estrelas brilham no céu, entretanto apesar da


noite iluminada não há muitas pessoas na rua. O campus
está praticamente vazio e não há nenhum movimento.

Não demoro a chegar, então paro no estacionamento em


frente ao nosso prédio, pego minha mochila, meu Ipad e
celular e deixo o carro. Ligo o alarme e sem pressa caminho
para casa. O

vento está gostoso e agradável de estar ao ar livre.

Aproveito para respirar fundo e tentar digerir o dia de hoje.

Deus, eu realmente não imaginava que minha semana


terminaria assim. Apesar de tudo e de Ethan, foi um saldo
positivo conhecer seus amigos. Dylan, Josh e Aiden são
divertidos, mesmo às vezes agindo como três adolescentes
idiotas.

Eu entro em casa e me deparo com Dakota no sofá


assistindo televisão. Ela está com um balde de pipoca em
mãos e olha em minha direção.

— Eu achei que você dormiria no seu novo emprego.

Balanço minha cabeça e vou até ela.


— Não será preciso. — Jogo-me ao seu lado e pego um
pouco de pipoca. — Só se ele sentir dor.

Ela aperta o botão de pausa no controle e se vira


completamente para mim.

— Como foi?

— Melhor do que achei que seria, mas ainda assim não é


algo que amei. — Dou de ombros. — Foi tolerável.

Sorri e apoia sua cabeça no sofá.

— Achei que veria você entrando chorando pela porta.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Eu não choro.

— Exato e isso comprovaria o quanto foi horrível.

Sorrio com sua observação e assim como ela me sento de


lado com as pernas sobre o sofá e cabeça apoiada no
estofado.

— Como você sabe, porque todos sabemos, Ethan mora


com os capitães do time de Beisebol, de basquete e hockey.

— As estrelas do Alabama como são chamados.

Dakota sussurra e assinto.

— Os caras são legais.

— Até mesmo Ethan?

Faço uma careta.


— Ele não.

Ela ri e balança a cabeça de um lado para outro.

— Você pelo menos deu uma chance para o cara?

— Ele não precisa de uma chance minha.

Dakota me analisa e suspira. Ela me conhece desde sempre,


somos colegas desde o jardim de infância e ela sabe de
tudo sobre mim, inclusive sobre meus medos. Foi com ela e
com a família dela que passei boa parte da minha vida.

— Você não deveria acreditar que todo jogador de futebol


americano é igual ao seu pai.

A parte racional existente em mim sabe que ela está certa,


porém não há espaço para ser racional quando você sabe o
quanto sem caráter um jogador pode ser. Porque eles não
se limitam a jogar apenas no campo.

— Meu pai é agente dele e isso diz muito sobre ele. —

Dakota apenas faz uma careta diante da minha justificativa


e eu olho na direção do pequeno corredor. — E Brooke?

Pergunto por nossa companheira de quarto. Brooke foi


selecionada por um formulário ano passado para ser nossa
companheira de apartamento. Um formulário realizado pela
própria faculdade para unir pessoas propícias a se darem
bem e com a gente deu certo, com a chegada de Brooke
deixamos de ser uma dupla e nos tornamos um trio.

— Adivinha?

— Em uma festa?

Assente e nós duas sorrimos. Brooke ama uma festa.


Ainda estou rindo quando olho para televisão e percebo que

Dakota está assistindo Casamento às cegas.[9]

É um reality que Dakota ama por unir pessoas, minha amiga


é uma das pessoas mais românticas que eu conheço.

— Você continua não acreditando no amor?

Volto a olhar para Dakota e franzo minha testa.

— Por que a pergunta?

— Você estava encarando a televisão com uma expressão


de julgamento.

— Eu não estava julgando. — Ergue suas sobrancelhas. —

Ok, não exatamente.

— Espero que um dia você encontre alguém legal que prove


para você que o amor realmente existe.

Faço uma careta.

— Você é muito nova para pensar no amor, Dakota.

Fico em pé antes que ela continue falando sobre o amor e


suas baboseiras.

— E você é muito nova para se dizer desacreditada nele.

Dou de ombros, pego minha mochila e aponto na direção da


porta do banheiro.

— Eu vou tomar um banho e dormir, porque amanhã


infelizmente preciso acordar cedo.
Ela assente.

— Boa noite, Abby.

— Boa noite, Dakota.

Eu vou primeiro para o meu quarto, deixo a minha mochila


sobre a escrivaninha, pego uma toalha e sigo para o
banheiro.

Não demoro no banho e volto para o quarto enrolada na


toalha.

Estou cansada e a cada dois minutos abro a boca e bocejo.


Escolho uma camisola da Minie ligo o despertador e me
deito. Eu tento ficar alguns minutos olhando as minhas
redes

sociais, mas meus olhos começam a pesar, então desisto


desligo o celular, coloco-o embaixo do travesseiro e fecho
meus olhos.

...

O despertador interrompe meu sono, é trágico ter que


acordar essa hora em pleno domingo, mas não há uma
alternativa, por isso abro meus olhos, pego o celular, desligo
o despertador e me sento na cama.

Respiro fundo e me alongo para que o sono e a vontade de


voltar a dormir passem. Como esqueci de fazer o relatório
sobre o dia de Ethan ontem à noite pego meu Ipad e me
sento com as costas apoiadas na cabeceira e pernas
dobradas com os pés sobre o colchão.

Eu faço um breve relatório e o envio para Miller. E estou


com o Ipad ainda em minhas mãos quando chega uma
notificação. Recebi um novo e-mail, um e-mail de Liam.

Eu o abro e uma mistura de raiva e indignação ecoam em


meu peito ao ler o que ele me enviou.

“Quando você irá pagar o que me deve?

Movida pela raiva pego meu celular abro o aplicativo do


banco e faço a transferência, ou melhor agendo para
amanhã, e

envio o comprovante para seu e-mail. Uso o fim das minhas


economias para pagá-lo, porque claramente ele está super
necessitado, talvez até mesmo esteja passando fome.

Largo o celular e o Ipad na cama ao meu lado e fico em pé.

Ainda com raiva pego minha toalha e me dirijo para o


banheiro.

C omo sempre ele não perguntou se estou bem, mas por


que ele perguntaria se não se importa comigo?

Eu tento me acalmar e não deixar meu ódio estragar meu


dia, porém depois de minutos no banho me dou conta de
que Liam já conseguiu estragar o meu dia. Estou de mau
humor e irritada.

Gostaria de me vingar, entretanto não me adiantaria de


nada, a não ser me tornar igual a ele e não quero ser igual a
Liam. Meu maior medo é me tornar parecida com ele.

Saio do banheiro com uma toalha ao redor do meu corpo e


meu cabelo molhado. Mentalizo que o que aconteceu agora
pela manhã não precisa definir meu dia, é difícil porque
estou chateada, mas sigo dizendo a mim mesma que tudo
ficará bem.
Visto um short, uma blusa larga amarela e sem estampa,
seco um pouco meu cabelo, coloco meu Ipad e celular
dentro da

mochila e antes de deixar meu quarto calço meu chinelo e


pego a minha mochila.

É óbvio que as meninas estão dormindo por isso tomo café


sozinha e depois de ir ao banheiro para escovar meus
dentes e passar protetor solar em meu rosto sigo para meu
carro.

Enquanto dirijo, o som está ligado e ecoando pelo carro.

Eu respiro fundo e tento me tranquilizar. Lembro de tudo


que aprendi na terapia. Não posso deixar meu
relacionamento com meus pais governar minha vida e meus
sentimentos.

Faço terapia desde que comecei a trabalhar, porque sei que


a minha relação familiar me feriu demais e algumas delas já
consegui curá-las, outras estão cicatrizando e ainda há que
estão abertas. E são pelas abertas em cicatrização que
continuo fazendo terapia uma vez por semana.

Estou melhor quando chego. Eu deixo meu carro em frente


a casa e vou até a entrada, bato na porta e ninguém vem
abri-la.

Aperto a campainha umas três vezes e depois de alguns


minutos percebo que eles devem ter desativado o
dispositivo.

Idiotas.

O que eu posso fazer? Sentar e esperar? Arrombar a porta?


Eu levo minha mão até a maçaneta e ao girá-la a porta
abre. Espero que algum alarme soe, mas nada. Entro e eles
realmente só deixaram a porta aberta.

Dou uma olhada na sala, cozinha e jardim e não encontro


ninguém, então subo as escadas, vou até o quarto de Ethan
e bato na porta.

— Ethan, eu cheguei.

Preciso continuar batendo na porta e o chamar mais duas


vezes até que enfim abre a porta.

— É muito cedo, bonitinha. — Ergo meu dedo do meio ao


ouvir o apelido. — Bom dia para você também.

Resmunga e reviro meus olhos.

— Você sabia que eu viria às oito da manhã.

Passa as mãos pelo seu cabelo bagunçado e ao fazer isso


me dou conta de que ele acabou de levantar.

— Eu sabia.

A expressão em seu rosto indica que recém acordou, assim


como seu cabelo bagunçado, desço meu olhar pelo seu
corpo e ele está sem camisa usando apenas uma bermuda.
Até

mesmo suas pernas são musculosas, o que é óbvio desde


que ele é um jogador.

— Me analisando, bonitinha?

Volto a olhar para seu rosto e há um sorriso debochado em


seus lábios.

— Você consegue ficar ainda mais feio ao acordar.


Ergue suas sobrancelhas — Já te falaram que você é uma
péssima mentirosa?

Engulo em seco, porque realmente sou uma péssima


mentirosa e todos falam isso, mas ele não precisa saber
desse detalhe.

— Não estou mentindo.

— Você está.

— Não estou.

Ele apoia seu ombro bom no batente da porta e sorri.

— Eu sei que você está, mas não importa. — Pisca na minha


direção e eu tenho vontade de esganá-lo. — Sabe, o que
você acha de me deixar dormir mais um pouco?

Sorrio sem humor e cruzo meus braços abaixo dos meus


seios.

— E eu ficarei fazendo o quê?

— Qualquer coisa e se quiser pode entrar e dormir comigo.

Afasta-se do batente da porta para apontar para sua cama e


faço uma cara de nojo.

— Ela deve estar cheia de bactérias.

Nós dois sabemos que estamos falando dele usar a cama


para sexo.

— Sempre lavo meus lençóis.

Sorri debochado e eu me viro ficando de costas para ele.


— Estarei na sala.

— Abigail. — Olho para trás. — Sinta-se em casa.

Assinto, olho em frente e desço para a sala, porém não fico


no cômodo, porque vou para o jardim, então me deito em
uma espreguiçadeira e pego o livro que sempre carrego na
mochila para ler.

Estou na página cem de O homem de Giz quando noto que


alguém está caminhando na minha direção, coloco o livro ao
meu lado e me deparo com Ethan vindo até mim.

Sento-me e assim que ele está perto o suficiente senta-se


na espreguiçadeira à minha frente.

— Odeio interromper seu momento, porém preciso fazer a


compressa.

Ele me mostra o gelo e uma tolha, então assinto e fico em


pé.

— Como você dormiu?

— Não é muito legal dormir quase sentado.

Assinto e me aproximo dele, Ethan segue sem camisa,


então enrolo o gelo ao redor da toalha e aplico sobre seu
ombro.

Faço uma careta quando uma expressão de dor surge em


seu rosto. Ele está sentindo dor, mas por quê? Não demoro
a entender o que pode ter acontecido.

— Quem o ajudou a tirar sua camiseta?

— Ninguém.
Mordo meu lábio inferior por alguns segundos.

— Acho melhor nas próximas vezes alguém o ajudar a fazer


isso, pelo menos pelos próximos dias, seu ombro ainda está
sensível.

Suspira.

— Isso é tão humilhante.

Não digo mais nada e nem Ethan. Nós continuamos em


silêncio e quando finalizamos vamos para dentro de casa.
Os caras estão acordados na sala e começa uma
provocação, porque Josh dormiu de luz acesa por causa do
filme de ontem.

Ficamos praticamente o dia todo na sala, conversando,


assistindo televisão e até mesmo trocamos alguns
conhecimentos aleatórios. Dylan é quem cozinha e para
minha surpresa ele é ótimo na cozinha.

Perto do horário de ir embora subo com Ethan para seu


quarto, ajudo-o com a compressa, dessa vez de água
quente, e por fim, mais uma vez, ele vai comigo até a porta,
então combinamos que como tenho aula amanhã no
primeiro horário e ele apenas no segundo, ele vai com
Dylan para o campus e o encontro no local da sua aula.

Despeço-me dele com um boa noite e um aceno com a


mão.

E enquanto caminho na direção do meu carro, percebo que


assim como no dia anterior não foi tão ruim quanto pensei
que seria.
Ethan

Dylan e eu temos a primeira aula em comum, então é com


ele que vou para a faculdade e é ele que me ajuda a vestir a
minha camiseta. Essa situação é realmente humilhante.

— Abby irá encontrar você no local da nossa aula? —

Dylan pergunta assim que entramos em seu carro e assinto.


Você conseguiu descobrir o porquê ela te odeia?

Apoio minha cabeça contra o banco e balanço a cabeça


negando.

— Continuo sem fazer a mínima ideia.

— Talvez você já tenha quebrado o coração dela?

Mais uma vez balanço minha cabeça negando.

— Não, eu não me lembro e nunca tive um apagão por


causa de bebida, ou seja, sem chance. — Faço uma pausa.

Além disso, ela não faz o meu tipo e não acho que eu seja o
seu tipo.

— Você definitivamente não faz o tipo dela.

Sua declaração fere o meu ego.

— E ela não faz o meu.

Defendo-me e Dylan ri.

— Ela é diferente.

Assinto.

— E bonita.

Complemento a fala de Dylan sem pensar, as palavras


apenas deixam a minha boca.

— Você está interessado nela, porque ela não te trata como


um Deus?

Continua rindo e sorrio também.

— Não estou interessado, é somente a verdade. — Olho


para o lado. — Eu não minto.

— Não sei se acredito em você.

— Problema é seu.

Olho em frente.

— Você continuará tentando descobrir o porquê ela não


gosta de você?
— Sim, meu ego está ferido e preciso o restaurar, ninguém
odeia Ethan Lewis.

Zombo e nós dois rimos. O restante do caminho ficamos em


silêncio e assim que Dylan estaciona saímos do carro e
caminhamos na direção da entrada do prédio. Nossa sala
fica no primeiro andar, então só dobramos o corredor que
fica à direita do hall e conseguimos ter uma visão dela.

E Abigail está com o corpo apoiado ao lado da porta, ela


está mexendo no celular e sua testa está franzida. Como a
maioria das vezes, ela parece estar chateada com algo.
Dylan e eu nos aproximamos e assim que estamos perto o
suficiente eu chamo por ela.

— Bom dia, docinho.

Ela franze a testa ao ouvir a minha voz, então ergue sua


cabeça e olha ao redor, como se estivesse procurando
alguém.

— Você está falando comigo? — Assinto. — Não me chame


de docinho.

Ela parece estar prestes a me matar.

— Ok, bonitinha, mas que fique claro que docinho combina


perfeitamente com você, porque você é um doce de pessoa.

Seus olhos se estreitam ainda mais e juro que posso ver


uma veia pulsando em seu pescoço. Antes que ela possa
me atacar Dylan passa por mim e para à sua frente.

— Não ligue para ele, Abby. — Ele faz questão de frisar que
pode usar o seu real apelido. — Ele é um bebezão
implicante.
Ela encara meu amigo e a raiva some de seus olhos.

Inacreditável, como apenas eu sou digno do seu desprezo.

— A forma como você me trata é injusta.

Reclamo, então ela olha para mim.

— A vida é injusta, Lewis.

Sorri debochada.

— Ela está certa.

Dylan concorda com ela e faço uma careta.

— Dois contra um é covardia.

Eu caminho na direção da porta da sala e sou seguida pelos


dois.

— Lembra que a vida é injusta?

Ela reforça o que acabou de dizer, então olho para trás


enquanto entramos na sala e sorrio.

— Essa é a frase da sua vida?

Ela dá de ombros.

— Talvez.

Ela sorri, porém noto uma sombra em seus olhos. Ela não
está brincando cem porcento, ou seja, ela realmente leva a
sério isso da vida ser injusta. Guardo essa informação em
minha mente e olho em frente.
Sentamos os três na mesma fileira, comigo entre Dylan e
Abigail. Ela suspira ao ler o nome da matéria no quadro.

— Qual a chance dessa ser uma matéria sem números,


matemática e física?

Eu olho para ela com uma expressão de pena e


solidariedade.

— Nenhuma chance.

Ela suspira e sorrio, um sorriso gentil.

— Pense pelo lado positivo, não precisa aprender apenas


anotar algumas coisinhas.

Ela faz uma careta e assente. O professor que já está na


sala inicia a aula, eu pego meu caderno na mochila e o
entrego para Abigail.

— Você não usa um Ipad?

Balanço minha cabeça negando.

— Prefiro escrever.

Também entrego minhas canetas para ela e ela começa a


escrever o que está no quadro, além disso peço para que
ela anote algumas coisas que o professor fala. Ao fim da
aula ela me encara curiosa.

— Você sempre anota tanto assim?

Franzo minha testa.

— Sempre, você não?


— Não. — Toca seu pulso com sua outra mão e faz uns
gestos como se o estivesse girando. — Minha mão chega a
estar doendo.

Ergo minha mão e toco seu pulso.

— Desculpe por fazer você escrever tanto.

Seus olhos encontram os meus e há uma sensação diferente


em tocá-la, como se fosse um formigamento. Acaricio sua
pele e nos encaramos por alguns segundos.

— Vamos?

Dylan faz com que percebamos que algo não está certo,
então ela desvia seus olhos dos meus e puxa seu braço para
longe de mim.

— Desculpe, eu fiz isso sem pensar.

Sussurro e ela apenas assente enquanto fica em pé.

— Vamos.

Ela e Dylan me ajudam a guardar os meus materiais e


deixamos a sala. Assim que estamos no corredor Dylan olha
para nós dois.

— Eu tenho que ir encontrar o time de basquete.

Assinto.

— Até mais.

— Vejo vocês mais tarde.

Acena e se afasta. Ficamos Abigail e eu, olho para ela que


está observando Dylan caminhar para longe.
— Vamos almoçar?

Ela olha em minha direção e nega.

— Eu preciso ver como está seu ombro e fazer algumas


anotações.

Faço uma careta.

— Onde? Aqui? Vamos até a sala de treinamento no


estádio?

— O estádio é muito longe e sua próxima aula é aqui, não


é?

Assinto e é a sua vez de fazer uma careta.

— Então, fica inviável irmos até lá para voltarmos depois.

— Ela parece estar pensando em algo e depois de alguns


segundos surge com a solução. — Vamos até o meu carro.

— Não parece uma boa ideia.

Ergue suas sobrancelhas.

— Tem uma ideia melhor? — Nego. — Então, vamos até o


meu carro.

Ela se vira ficando de costas e caminha em frente, sou


obrigado a segui-la. Vamos até seu carro, ela abre a porta
do lado do carona e me aponta o banco.

— Sente-se com os pés para fora.

— Sim, senhorita.
Volto a provocá-la com o apelido que usei, o que faz com
que ela revire os olhos.

— Você não sente muitas dores de cabeça? — Encara-me


sem entender. — De tanto revirar os olhos.

— Sabe, estou começando a achar que eu mereço um


aumento.

Sorrio enquanto faço o que ela pediu e me sento no banco.

— Terceiro dia e já quer um aumento?

Ela não me responde e traz a mão até a barra da minha


camisa.

— Mais uma vez, sem preliminares.

Suspiro e ela bufa.

— Você calado é um filósofo, Ethan.

— Vou considerar isso um elogio.

— Não é.

Ajudo-a a tirar minha camisa e ela começa a sua inspeção.

— Alguém o está ajudando a colocar a roupa?

Ela para com a sua pequena mão em meu ombro e tento


não pensar sobre o seu toque.

— Apenas a camisa, o restante eu consigo.

Ela assente e não diz mais nada. Assim que terminamos


coloco minha camisa e pulo do banco.
— Agora vamos almoçar? — Ela assente. — Conheço um
restaurante ótimo aqui perto e podemos ir andando.

Fecho a porta e paro ao seu lado.

— Ok.

Ela ativa o alarme e faço sinal para que seguimos em frente.


Ela e eu seguimos um ao lado do outro. Estamos em
silêncio, porém não gosto de ficar quieto.

— Seu carro não combina muito com você.

Eu a sinto virar o rosto e me encarar.

— O que você está querendo dizer?

Olho para ela e sorrio.

— É um carro de patricinha. — Meu olhar desce pelo seu


corpo, ela está vestindo calça jeans, uma camisa preta
amarrada na cintura e um all star preto. — Você é uma
patricinha dark.

Ela morde seus lábios para não rir e sorrio satisfeito. Ela
quase sorriu.

Voltamos a ficar em silêncio, então olho para o céu e puxo o


assunto mais utilizado para quebrar o gelo entre duas
pessoas.

— O céu está bonito, não é?

Ela apenas resmunga um sim, suspiro e desisto de tentá-la


fazer conversar comigo. Abigail só volta a falar algo quando
estamos em frente ao meu restaurante favorito do campus,
se que é podemos chamar o estabelecimento de
restaurante.
— Frango frito? — Pergunta incrédula. — E a dieta do atleta?

— Às vezes, nós merecemos sair da dieta.

Ela apenas balança a cabeça, mas mais uma vez posso ver
o inicio de um sorriso em seus lábios.

Nós vamos para o pequeno trailer, fazemos nosso pedido e


nos sentamos um de frente para o outro em uma das mesas
que

há na parte de fora do estabelecimento, apesar do assento


serem bancos, não é tão desconfortável.

Abigail olha ao redor e o Sol ilumina seu cabelo, ele é


escuro, mas não tão escuro. Um castanho talvez que brilha
conforme os raios de Sol o atingem.

— A cor do seu cabelo é bonita.

Ela olha para mim e ergue as suas sobrancelhas.

— Você não tem nenhum filtro?

— Disse algo errado?

Ela está certa, normalmente, não tenho filtro, mas nesse


caso não disse nada de mais, apenas a verdade.

— Achei que preferia as loiras como a Kimberly.

Sorri debochada. Eu apoio meu braço na mesa e curvo meu


corpo para a frente.

— Kimberly e eu não somos namorados.

Ela apoia seu corpo totalmente na cadeira e me encara com


desdém.
— Não disse que são e se fossem não me surpreenderia e
nem me importaria. — Faz uma careta. — Vocês combinam.

— Nós temos mais uma relação de interesse baseado em


popularidade e sexo.

A expressão em seu rosto muda e vejo aquela sombra em


seus olhos novamente.

— Popularidade é tudo que importa, não é?

— Você não gosta de mim por que sou popular? — Antes


que ela possa me responder me dou conta de algo. — Mas
Josh, Dylan e Aiden são populares e você não nutre o
mesmo ódio que sente por mim por eles.

— Eles não são tão populares quanto você.

Porém não é só isso, eu vejo em seus olhos que tem algo


mais.

— Um dia você irá me falar por que me detesta?

Ela me encara como se estivesse analisando que resposta


eu mereço.

— Acho que não. — Ela volta a olhar ao redor e esse é o


sinal para entender que ela não irá continuar no assunto. —
Aqui é legal.

— É sim, é o meu lugar favorito para comer no campus.

Olha para mim e me encara surpresa.

— Nunca diria que um cara popular como você gostaria de


um lugar como esse, um trailer, com mesas e banquinhos e
natureza ao redor, e claro, vazio. — Curva seu corpo para a
frente e sussurra. — Um lugar que não está lotado de fãs e
garotas se jogando em seus braços.

Aproximo meu rosto do seu e paro a centímetros dela.

— Eu poderia surpreender você se me deixasse.

— Não conseguiria, não por muito tempo.

Afasta-se de mim.

— Deixe-me tentar.

Ela me ignora e ficamos em silêncio. Quando nosso pedido


chega conversamos sobre a comida enquanto comemos,
pelo menos ela é cordial comigo. Logo que terminamos de
almoçar, deixamos a mesa e vamos até o trailer para que
eu possa pagar.

— Quanto deu?

Balanço a cabeça negando e pego a minha carteira.

— Eu sou um cavalheiro.

Entrego meu cartão para o atendente.

— Não quero que você pague para mim.

— Você não tem uma opção.

Pisco em sua direção.

— Passe apenas a metade Eu conheço o atendente e por


isso quando ele me olha pedindo permissão para fazer o
que Abigail pediu eu balanço a cabeça negando
discretamente. Ele faz o que eu peço e passa o valor
integral quando Abigail entrega seu cartão para ele faz um
gesto que não com a mão.

— Eu não cobrei a metade.

Ela o fuzila com o olhar.

— Pois nunca mais voltarei aqui.

Vira-se e caminha para longe.

— Ela estava brincando.

Aceno para o garoto e saio atrás da Abigail.

— Pobre do garoto.

Ela segue olhando em frente e me ignorando, o que faz com


que eu morda o lábio para não rir. Abigail fica uma graça
irritada, porém tenho impressão de que ela não irá gostar
de saber disso.

Ethan
Vamos para a segunda e última aula do dia em silêncio, o
que é extremamente difícil para mim, porque sou
barulhento e gosto de conversar. Ficar quieto me deixa
inquieto.

Eu fico aliviado quando voltamos para o prédio e seguimos


para a sala de aula. O professor já chegou, então pego meu
caderno e canetas e entrego-os para Abigail, assim como na
aula anterior ela anota o que ele escreve e o que peço para
anotar, dessa vez, eu sou mais contido e ao fim da aula ela
suspira e me encara com a testa franzida.

— Você não precisava me ter feito escrever menos.

— Eu não fiz isso.

Minto, ela não parece acreditar em mim, mas não diz mais
nada, apenas me entrega o caderno e as canetas, eu
guardo e em seguida ficamos em pé e deixamos a sala.

— O que você precisa fazer agora?

Pergunta assim que estamos no corredor.

— Não tenho que ir ver Miller?

— Não, apenas amanhã.

Sua voz soa mais arrastada que o normal, então olho para o
lado e me deparo com seu semblante um pouco abatido.

— Você está bem?

Ela leva seus dedos até os olhos e os pressiona.

— Com dor de cabeça.

— Você pode ir para sua casa, Abigail.


Balança a cabeça negando.

— Não irei deixar você sozinho.

— Vamos para minha casa, então.

Ela faz uma careta.

— Não precisa deixar de fazer o que pretendia fazer por


minha causa.

Apesar de não termos decidido para onde iremos estamos


caminhando na direção da saída do prédio.

— Eu iria estudar na biblioteca, mas posso fazer isso em


casa. — Ela está prestes a negar, então seguro seu braço.
Abigail para de andar, eu paro e olho para ela. — É sério.

Ela parece em dúvida, mas por fim assente.

— Ok, vamos para a sua casa.

Nós seguimos para o seu carro, ela entra no lado do


motorista e eu me sento ao seu lado. Nenhum de nós diz
nada e ficamos quietos. Eu a observo e ela tem uma
expressão estranha em seu rosto.

— Você tem remédio?

Assente.

— Você quer ir ao médico? Eu posso te acompanhar.

Sorri, um sorriso debochado e desanimado ao mesmo


tempo. Ela realmente não está bem.

— Se eu fosse no médico toda vez que estivesse com dor de


cabeça eu viveria mais em hospitais que em casa.
Franzo minha testa.

— Isso é normal?

— Enxaqueca.

Explica e faço uma careta.

— Sinto muito, não parece algo fácil de lidar.

— Não é.

Como ela não está legal, eu fico em silêncio e não trocamos


nenhuma palavra até minha casa. Assim que ela estaciona,
nós descemos do carro e sou eu a caminhar à sua frente,
então abro a porta e espero ela passar.

Abigail passa por mim e segue para a sala, então fecho a


porta e a sigo. Ela deixa sua mochila sobre o sofá e me
encara.

— Estamos sozinhos?

— Sim, Dylan e Aiden tem treino e Josh aula.

Assente e se curva para pegar o remédio em sua mochila.

— Eu vou até a cozinha pegar água para você.

Antes que ela possa recusar, viro-me e vou até a cozinha.

Eu pego a jarra de água, um copo e volto para a sala, então


encho o copo com água e entrego para ela.

— Obrigada.

— Não foi nada.


Observo-a colocar o remédio na boca e em seguida tomar
água. Assim que o copo fica vazio ela faz uma careta de dor.

— Abigail, não vou sair, juro. — Estendo minha mão para


que ela me devolva o copo. — Você pode ir para casa e
retornar quando estiver melhor.

Balança a cabeça negando.

— Não posso, Ethan, mesmo se confiasse em você, Miller


me demitiria se soubesse que não estou aqui. — Dá de
ombros.

— A única cláusula do contrato que permite demissão sem


multa é se eu não cumprir com o combinado.

Assinto ao mesmo tempo que procuro por algo que possa


fazê-la se sentir melhor.

— Lugares silenciosos e escuros ajudam, não é?

Franze sua testa, porque não entende a minha pergunta.

— Às vezes sim.

— Você pode deitar na minha cama e apagar a luz,


enquanto isso eu fico na sacada, assim você tem certeza de
que não irei fugir e nem irei me meter em problemas. — Ela
parece

duvidar. — Pelo amor de Deus, bonitinha, eu estou com


ombro deslocado, não vou tentar pular a sacada, pode não
parecer, mas eu tenho um cérebro.

Ela pondera por alguns segundos, por fim suspira e assente.

— Eu só vou aceitar essa sua proposta ridícula, porque sei


que se não deitar minha dor irá piorar.
— Ok, vamos.

Sigo na frente e vamos para o meu quarto. Nenhum de nós


dois está totalmente confortável com a situação, é meio
embaraçoso. Não somos amigos e ela está aqui indo ocupar
a minha cama.

— Fique à vontade.

Ela assente, então para lhe dar espaço e a deixar mais à


vontade, coloco minha mochila sobre a minha cadeira, abro
a porta que leva para a sacada e olho em sua direção uma
última vez.

— Feche as cortinas e o quarto ficará totalmente escuro.

Assente mais uma vez e eu saio para a sacada. Sento-me


na cadeira e respiro fundo. Pela primeira vez em meus vinte
anos

há uma garota em minha cama e não aconteceu nada entre


nós, pelo contrário ela me odeia.

A sacada tem a vista para um dos parques de


Tuscaloosa[10], nossa casa fica logo atrás, é uma mistura
de verde

e até mesmo é possível ver um pouco do lago que há no


parque.

Admiro e me perco em pensamentos. Tudo está um pouco


bagunçado, deveria estar treinando com o time que sou
capitão desde o semestre passado e não me recuperando
de uma lesão, e ainda há uma garota ao meu redor,
controlando meus passos.

Uma garota que me odeia.


Sou interrompido pelo meu celular vibrando em meu bolso.

Eu pego o aparelho e o nome da minha mãe está brilhando


na tela. Aceito a ligação e trago o aparelho até a minha
orelha.

— Hey, mãe.

— Hey, querido, como você está?

Apoio minha cabeça completamente contra a cadeira que


mais parece um sofá e me ajeito contra as almofadas.

— Bem, e a senhora?

— Ótima, eu acabei de chegar da empresa e estou correndo


na esteira. — Posso escutar seus passos e

imediatamente uma imagem da minha mãe na academia da


nossa casa ecoa em minha mente. — E o seu ombro?

Suspiro e encaro o teto.

— Ainda um pouco dolorido.

— Você falou com Liam?

Sorrio, um sorriso sem humor.

— Sim, e ele fez Miller me encontrar uma babá. — Ela ri.

— Mãe, é sério.

Para de rir e como o barulho de seus passos cessa, ela até


mesmo de correr na esteira parou.

— Verdade?
Sua voz soa tão incrédula que acabo rindo.

— Sim, há uma garota quase vinte e quatro horas por dia


comigo, controlando meus passos e me dedurando para
Miller.

— Sinto muito, querido, você quer que eu converse com


Liam? Você sabe que ainda não tem vinte e um e por isso
sou sua representante legal.

Mesmo que ela não esteja vendo balanço a cabeça


negando.

— Não, está tudo bem, ela não é tão ruim e além disso me
ajuda com as coisas que não estou conseguindo fazer por
estar com braço imobilizado.

— Defina não é tão ruim.

Claro que essa seria a única parte do que eu falei que se


interessaria e ainda entendeu errado.

— Sabe, mãe para quem nunca se casou e recorreu a uma


fertilização in vitro, a senhora é muito romântica.

Escuto-a rir.

— Eu nunca quis casar.

— Eu posso estar no seu mesmo caminho.

Provoco-a.

— Está?

— Por enquanto sim, nada de relacionamentos. — Sorrio


debochado. — Até mesmo porque seria muito egoísmo da
minha parte fazer apenas uma garota feliz quando posso
fazer várias.

Escuto sua gargalhada e de repente sinto saudade da minha


mãe e de casa. Apesar de ter assumido a presidência da
empresa da família muito cedo e quando eu nasci ela já era
muito ocupada, minha mãe nunca deixou de ser presente.

Ela é a pessoa que mais amo na vida.

Converso com ela mais alguns minutos e assim que nos


despedimos e encerro a chamada eu fico em pé e entro no
quarto para ver como Abigail está e se ela precisa de algo.
Encontro-a dormindo. Observo-a por alguns segundos e
sorrio, ela parece tão tranquila.

Ainda estou sorrindo quando pego minha mochila, alguns


livros e volto para a varanda. Já que não tenho nada para
fazer, melhor estudar. Quando o Sol começa a se pôr, paro e
observo o dia ceder lugar à noite.

Como a luz do dia se esvai, fico no escuro e não volto a


resolver meus exercícios. Eu escuto meus amigos
chegarem, mas não os vejo, porque a sacada fica na lateral
da casa. Continuo onde estou e não demoro a sentir meu
celular vibrar, olho para o telefone e são mensagens dos
caras. Pego o aparelho e abro o aplicativo de mensagens.

Idiota 1: Onde você está, Ethan?

Aiden pergunta.

Idiota 2: Será que Abby o matou?

Josh sugere e reviro meus olhos.


“Estou aqui em cima, no meu quarto, Abigail e eu. E ela não
me matou.”

Idiota 3: Você seduziu a garota? Óbvio que não, né, ela


jamais seria seduzida por você.

Dylan pergunta e responde sua pergunta ao mesmo tempo.

“Ela estava com dor de cabeça e me disse que tem


enxaqueca, então a trouxe para o meu quarto e fiquei na
sacada para ela ter certeza de que não fugiria enquanto
estivesse aqui.”

Idiota 1: Meu Deus, você foi domado.

Idiota 3: Quem diria, hein!?

“Vocês são uns idiotas.”

Idiota 2: Ela está bem?

“Não sei, ela está dormindo.”

Aiden está escrevendo uma mensagem, mas uma batida na


porta de vidro que liga meu quarto à sacada chama minha
atenção.

— Hey, Ethan, você ainda está aí?

Desligo o celular e o coloco dentro do meu bolso.

— Eu estou. — Sorrio. — Eu disse que ficaria aqui e não


descumpro promessas.

— Você está liberado.

Aproximo-me e espalmo minha mão no vidro, porém não


puxo a porta para o lado.
— Posso entrar?

— O quarto é seu.

Ela parece estar próxima à porta.

— Mas posso entrar? Se quiser posso te dar mais


privacidade.

— Você pode voltar para o seu quarto, Ethan.

Soa irritada. Aliás, acho que esse é o estado de espírito


costumeiro de Abigail, talvez deva chamá-la de irritadinha.
Enfim, empurro a porta para o lado e a encontro a alguns
centímetros de distância, ela realmente estava perto e de
frente para a porta.

Seus cabelos estão bagunçados, seu rosto está inchado e há


marcas do travesseiro. Adorável. Ao pensar na sua reação
caso eu a chamasse assim preciso me controlar para não rir,
ela me mataria.

— Eu acabei dormindo.

Assinto e como não tenho o que falar mudo de assunto.

— Você melhorou?

— Sim.

Assinto mais uma vez.

— Está com fome? — Não espero por sua resposta e


caminho na direção da porta. — Porque eu estou, então
vamos descer e encontrar algo para comer.

Escuto seus passos, então abro a porta e a mantenho


aberta. Ela passa por mim e descemos as escadas. Nós
vamos direto para a cozinha e para nosso azar encontramos
os caras.

— Olha só, quem é vivo sempre aparece.

Aiden zomba e todos olham em nossa direção.

— O que será que eles estavam fazendo?

Josh continua a provocação.

— Impróprio perguntar.

Dylan debocha, eu reviro meus olhos coloco a mão nas


costas de Abigail e aproximo minha boca da sua orelha.

— Ignore e eles irão parar em algum momento.

Ela assente e percebo seu corpo se arrepiar. Eu sorrio


satisfeito e me afasto. Nós dois pegamos as coisas para
fazer um sanduíche e nos sentamos no banco de frente para
a ilha enquanto os caras continuam rindo e nos provocando.
É Aiden

que interrompe as zoações quando pergunta como Abigail


está, ela responde que está melhor.

Continuamos os cinco na cozinha, os caras e eu


conversamos como sempre, sobre os jogos, treinos, as aulas
e até mesmo mulheres, Abigail participa de nossos assuntos
como se sempre tivesse sido uma de nós, o único que ela
evita sou eu.

Josh prepara a janta e ficamos o observando e quando a


comida está pronta jantamos por aqui mesmo. Aiden é o
responsável por limpar e então nos sentamos os quatro
enquanto ele coloca as louças na lavadora e limpa o que
sujamos.

Perto do horário de Abigail ir embora ela e eu subimos para


o meu quarto. Eu me sento na minha cama e ela para à
minha frente, curva-se e toca a barra da minha camisa.

— Será que um dia teremos preliminares antes de você me


atacar e querer tirar a minha roupa?

Sorrio, mas ela não. Abigail odeia as minhas piadas.

— Mais fácil o mundo acabar do que você e eu termos uma


preliminar.

— Você acaba com meu ego, sabia?

Ela puxa com cuidado minha camisa para longe do meu


corpo.

— Alguém precisa colocar você em seu lugar.

Ela aplica a compressa contra meu ombro e ficamos em


silêncio. Suas mãos me tocam e elas ficam tão pequenas
em comparação ao meu corpo. Eu olho em seu rosto e
observo a sua concentração. Há algo em Abigail que chama
minha atenção e faz com que queira descobrir mais dela,
descobrir tudo que ela esconde.

Assim que terminamos, ela pega minha camisa, mas seguro


seu pulso e a detenho.

— Ficarei sem para facilitar.

Ela assente, então se afasta.

— Está na hora de eu ir.


Assinto e fico em pé.

— Eu vou com você até a porta.

Nós descemos, ela acena para os três idiotas que estão na


sala jogando vídeo e seguimos até a porta, eu a abro, ela
passa por mim e nos despedimos com um boa noite.

Observo-a entrar no seu carro e dirigir para longe, só volto


para dentro de casa quando ela dobra a rua, então volto
para meu quarto, tomo um banho e quando eu me deito na
minha cama eu sinto o seu cheiro em meus lençóis.

Abby

Minha cabeça não está mais doendo tanto, porém lá no


fundo ainda há uma dorzinha me atormentando. Antes de
ligar o carro, eu olho no espelho, percebo que estou com
olheiras e meus olhos estão um pouco inchados. Deus,
estou deplorável.

Dirijo para casa evitando pensar no quanto Ethan foi legal


comigo hoje à tarde, possivelmente se não tivesse deitado e
dormido estaria mil vezes pior.
Eu conecto meu celular no carro pelo bluetooth, abro meu
aplicativo de música escolho uma e me concentro no seu
ritmo e

na sua letra. É romântica e sobre término.

“Sinto muito, parece que terminamos Olhe nos meus olhos


e veja também O amor era bom, mas agora ele se foi” [11]

Nunca namorei com ninguém, nunca terminei e não tenho


intenção de me relacionar com alguém. Algumas dores são
melhores de evitar. Se nunca amar, nunca sentirei sua falta
e nem sua ausência.

Ao chegar, eu estaciono, pego minha mochila, deixo o carro


e sigo para o meu apartamento. Ao entrar encontro Brooke
e Dakota em nossa mesa uma de frente para outra e
concentradas jogando dama. Eu paro ainda com a porta
aberta e as encaro tentando entender o que está
acontecendo.

— O que está acontecendo? Estão participando de um


experimento e tiveram as almas de vocês trocadas com
pessoas de setenta anos?

Brooke olha em minha direção com um sorriso debochado.

— Eu entrei para a equipe de damas da faculdade.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Há uma equipe de dama?

É a vez de Dakota olhar para mim.

— Eu fiz essa mesma pergunta.

Finalmente fecho a porta e entro em nosso apartamento.


Eu vou até o sofá, deixo a mochila ao meu lado e me jogo
no estofado.

— Há, e como estou precisando de horas achei que seria


legal participar.

Brooke dá de ombros e Dakota faz uma careta.

— E somos nós que temos que treinar com ela, porque ela
disse que sabia jogar.

— Eu sei jogar.

Brooke se justifica.

— Não muito bem.

Dakota aponta para Brooke que dá de ombros.

— Questão de prática. — Nós três rimos até que Brooke


deixa a mesa e se aproxima de mim. — Mas mudando de
assunto Dakota me contou que você está passando seus
dias com o quarteto fantástico da UA.

Senta-se ao meu lado e me encara com os olhos brilhando.

— Você poderia me apresentar a eles.

Eu mordo meu lábio inferior e olho para minha amiga como


se a estivesse analisando.

— Não sei, será que você merece?

Empurra meu ombro com o seu.

— Não seja má, eu sou uma ótima amiga.

Sorrio e a empurro de volta.


— Se surgir oportunidade apresento vocês duas para os
caras.

Brooke comemora e me abraça, eu apenas continuo


sorrindo.

— E com foi hoje?

Dakota se levanta, coloca minha mochila no chão e ocupa o


meu outro lado, então Brooke se desvencilha de mim e faço
um resumo de como foi meu dia.

— Ele é fofo e acho que talvez ele não seja como você
pensa que ele é.

Brooke defende Ethan depois de ouvir como ele me tratou


quando tive a crise de enxaqueca.

— Brooke está certa, você não pode continuar o julgando


com base em seu pai.

Antes que elas continuem falando o quanto Ethan parece


ser o cara perfeito, eu fico em pé e me viro para as duas.

— Bom, eu vou dormir, porque amanhã eu tenho que


encontrar o fofo na sua primeira aula.

— Ela está fugindo.

Dakota concorda com Brooke, então eu faço uma careta,


aceno para as duas, corro para o quarto e escuto a
gargalhada das minhas amigas.

...

Enfrentar aula com cálculo e física logo cedo foi tudo que
tentei evitar na vida e agora estou aqui, copiando vários
números e anotando tudo que a professora está falando.
Deus, por que Ethan gosta tanto de anotar?

O quarterback está ao meu lado e curva-se na minha


direção toda vez que quer que eu anote algo, ele sussurra
em meu ouvido e meu corpo se arrepia, além disso seu
perfume invade meu espaço.

O que eu fiz para merecer isso?

Eu olho para o relógio e os minutos se arrastam. Eu tenho


vontade de bater minha cabeça no apoio que está preso à
cadeira

e imita uma mesa.

Juro que ao fim da aula envelheci uns quarenta anos, talvez


até esteja pronta para jogar dama com Brooke.

— Você parece que foi torturada.

Olho para o lado e encaro Ethan.

— Eu fui.

— Não foi tão ruim.

Ergo minhas sobrancelhas enquanto deixamos a sala.

— Sério que você gostou dessa aula horrorosa logo de


manhã? — Ele faz uma careta, arregala os olhos, faz um
gesto para trás com o queixo e balança a cabeça. Não o
entendo e continuo falando. — Eu preferia estar sendo
mordida por formigas.

— É sempre bom saber o que alunos pensam da nossa aula.


A voz da professora. Viro-me para trás e abro e fecho a boca
sem saber como me justificar, ela me encara como se
tivesse cometido um crime por alguns segundos e segue em
frente.

— Eu apenas estou auxiliando seu aluno.

Ela não olha para trás. Suspiro e sinto meu rosto queimando
. É lógico que estou vermelha. Olho para o lado e Ethan está
com os lábios comprimidos um no outro para não rir.

— Não diga nada sobre isso.

Assente, mas é óbvio que está morrendo de vontade de rir.

Eu suspiro e seguimos para o estacionamento.

— Vamos para a sala de treinamento no estádio?

Pergunto assim que chegamos no meu carro e Ethan


assente. Eu libero o alarme e entramos. Hoje nenhum de
nós tem aula nesse horário e vamos nos encontrar com o
Miller, ele irá examinar Ethan junto com um médico e
fisioterapeuta e irão juntos elaborar os próximos passos
para a recuperação do seu ombro.

Dirijo para o Brynt Demy[12] e a minha intenção é seguir


em silêncio, porém Ethan não tem a mesma intenção que
eu.

— Você acha que tive alguma melhora?

Pergunto e é possível perceber que está um pouco ansioso.

— Não sei, ainda é muito cedo e no caso a sua melhora é


não ter piorado.

— Eu não tenho mais tanta dor.


Assinto.

— Isso é bom.

Voltamos a ficar em silêncio, mas não por muito tempo.

— Sua sorte é não ser aluna da professora, porque se fosse


tenho certeza de que sua vida seria um pouco difícil.

— Um pouco? — Sorrio debochada. — Talvez, nunca mais


conseguisse me formar.

Escuto o som da sua risada.

— Talvez, precisasse trocar de curso.

Eu assinto e volto a ficar quieta. O restante no caminho


Ethan vai puxando assunto e não me deixa ficar em silêncio.
Eu o respondo, mas não aprofundo os assuntos. Quanto
menos eu o conhecer melhor, não quero nutrir nem um
pouco de simpatia por ele.

Deixo o carro no estacionamento do estádio assim que


chegamos e vamos para a sala de treinamento, Miller está
esperando por nós e assim que chegamos se aproxima.

— Hey, Abigail. Hey, Ethan.

— Hey, Miller.

Respondemos ao mesmo tempo e ele nos cumprimenta com


um aperto de mão.

— Vamos ver como você está, Ethan?

Aponta para a maca, então Ethan vai até lá e se senta.


Miller faz um gesto para que eu o acompanhe e assim faço.
Ele para de frente para Ethan e eu ao seu lado.

Ele faz pergunta, ajuda Ethan a retirar sua camisa e em


seguida chama o fisioterapeuta e o médico. Juntos
examinam Ethan e chegam à conclusão de que tudo está
conforme o esperado.

Por fim, Ethan veste sua camisa e estamos liberados, porém


ele ainda está sentado sobre a maca quando a sala é
invadida por alguns caras. Não demoro a perceber que são
jogadores de futebol americano e amigos de Ethan.

Eles entram e se aproximam de Ethan, eles se abraçam,


sorriem e batem nas costas um do outro. Afasto-me e
apenas escuto o que eles estão dizendo.

— Hey, cara.

— Nós sentimos sua falta, capitão.

— Como conseguiremos jogar sem nosso quarterback?

Como já fui torturada o suficiente por um dia, saio da sala e


espero por Ethan em meu carro. Eu apoio minha cabeça
contra o banco e fecho meus olhos, mentalizo que não
preciso ficar pensando o quanto detesto jogadores de
futebol, vamos lá, eu tenho que superar. É só eles ficarem lá
no canto deles e eu no meu.

Suspiro, abro meus olhos e pego meu livro na mochila. Eu


fico lendo até que a porta do carro é aberta. Olho para o
lado e me deparo com Ethan. Ele está me encarando com a
testa franzida.

— Estava procurando por você.


— Eu estava esperando por você. — Dou de ombros, guardo
meu livro na mochila e a jogo no banco de trás. — Para
onde vamos?

— Almoçar? — Assinto. — Podemos ir para minha casa,


afinal não estamos tão longe.

Assinto mais uma vez e ligo o carro. Dirijo por alguns


minutos sem trocarmos nenhuma palavra, embora sinta o
olhar de Ethan sobre mim.

— Seu problema é com qualquer jogador de futebol


americano? — Não o respondo. — Por isso você fugiu?

Ele insiste, porém para minha sorte seu celular toca. Sigo
olhando em frente, mas pelo canto do olho o vejo pegando
o aparelho em seu bolso, aceitando a ligação e levando o
celular até sua orelha.

— Hey, Liam?

Um arrepio sobe pelo meu corpo ao ouvir o nome do meu


pai e tenho que me controlar para não fazer uma careta.
Ethan é digno de receber sua ligação, eu não.

— Sim, é uma garota, e não se preocupe, nós não iremos


nos envolver. — Não consigo ouvir o que Liam está falando,
mas é algo que faz Ethan rir. — Ela me odeia e eu sei
manter o meu amigo dentro das calças, não se preocupe.

Ele está falando de mim, será que ele sabe que sou? Não,
se ele soubesse já teria me enviado algum e-mail.

— Eu estou fazendo tudo que está ao meu alcance para


voltar a jogar o mais rápido possível. — É nítido que Ethan
tem um respeito por Liam. — Não irei decepcioná-lo,
treinador.
Não consigo me segurar e meus lábios se curvam em um
sorriso debochado. Treinador. Decepção. Respeito. São
palavras que não combinam com Liam Cooper.

— Tchau, treinador e pode deixar, estou cumprindo com as


suas regras.

Ele desliga a chamada e sinto-o olhar em minha direção,


então paro de rir.

— Meu agente descobriu que é uma garota que está me


acompanhando e está preocupado que possamos nos
envolver e estou proibido de me ter um relacionamento com
você.

Eu chego na sua rua, estaciono em frente à sua casa e me


viro para Ethan com um sorriso debochado em meu rosto.

— Tenho certeza de que essa será a regra mais fácil de você


cumprir.

Ele pisca em minha direção.

— Com certeza, bonitinha.


Abby

Apesar de ser sábado acordo com meu despertador


tocando, abro meus olhos irritada, porque realmente estava
tendo uma ótima noite de sono. Eu não tenho alternativa e
sou obrigada a deixar minha cama confortável e levantar.

Tudo culpa de Ethan Lewis.

Minha consciência acusa que não estou sendo obrigada a ir


até a sua casa, eu aceitei esse trabalho e estou recebendo
por isso, além de estar aprendendo algumas coisas
importantes para a profissão que pretendo seguir. Não
posso ser mal-agradecida.

Suspiro, pego minha toalha e vou para o banheiro.

E até deveria ser grata a Ethan, porque se ele não tivesse


deslocado o ombro eu não teria um emprego e Liam ainda
estaria me cobrando, talvez até tivesse que ter voltado para
o emprego naquele bar, servir homens bêbados e ser
assediada... apenas de me lembrar faz com que queira fugir
para um lugar bem longe.

Entro no banheiro, tiro minha roupa, entro no box e ligo o


chuveiro.

E apesar de ter que estar praticamente todos os dias ao


lado de Ethan não é algo tão ruim quanto imaginei que
seria, seus amigos são legais e ele não é sempre um
babaca, é um idiota e sei que deve ser bem pior do que
aparenta, mas por algum motivo ele tenta ser legal comigo.

A água recaí sobre mim e penso sobre a última semana.

Uma semana trabalhando com Ethan, minha rotina se


transformou totalmente, passo mais tempo com quatro
caras com quem nunca tinha trocado nenhuma palavra que
com as minhas amigas. Só venho para casa dormir e além
desse tempo, meus únicos momentos longe de Ethan, o
quarterback que eu desprezo são quando estou em aula ou
na terapia.

Passou apenas uma semana, mas é louco como parece bem


mais tempo, uma eternidade.

Liam ainda não sabe que sou eu a babá do seu jogador,


porque não recebi nenhum e-mail seu e sei que se ele
soubesse já teria recebido algum. E conheço aquele homem
o suficiente para imaginar que ele odiaria que Ethan e eu
nos conhecêssemos. Ele se sentiria ameaçado, afinal
alguém descobriria seu segredinho sujo, a filha que ele
esconde.

Sorrio enquanto passo xampu nos fios do meu cabelo.

Uma parte em mim gostaria que ele descobrisse e obrigasse


Miller a me demitir, porque isso faria com que ele tivesse
que me pagar uma multa. Liam me pagaria uma multa, ele
teria que de certa forma dividir seu amado dinheiro comigo.

Não sinto prazer em receber seu dinheiro, mas sim, em vê-


lo perdendo, porque para ele a maior derrota é perder
dinheiro, popularidade e em campo.

Ensaboo meu corpo com sabonete e afasto meu pai dos


meus pensamentos, ele não merece que perca meu tempo
pensando nele. Volto a pensar sobre minha semana e até foi
difícil me manter distante de Ethan, ele insiste em
conversar

comigo, está a todo momento puxando assunto e tentando


obter de mim mais que respostas curtas e confesso que às
vezes é difícil. Com qualquer outra pessoa teria cedido, mas
ele não é qualquer outra pessoa.

Termino meu banho e para manter minha mente longe de


qualquer assunto relacionado a Liam e Ethan me concentro
em relembrar o que irá cair nas provas que terei na próxima
semana.

É uma ótima tática, porque enquanto me seco, visto minha


roupa, tomo meu café e dirijo para a casa dos meninos não
volto a pensar em Liam e Ethan e nem no quanto os
desprezo, ou deveria desprezá-los.

Eu bato na porta e ninguém me atende, então como


domingo tento abrir a porta e novamente ela está aberta.
Dessa vez, eu vou até o quarto de Ethan abro um pouco da
porta, apenas o suficiente para ter certeza de que ele está
em casa e volto para a sala, então me deito no sofá, cubro
meu rosto com meu braço e fecho meus olhos.

Estou cansada demais e não demoro para dormir, não sei


quanto tempo eu durmo, só sei que acordo desorientada
escutando algumas vozes.

Abro os olhos aos poucos e demoro alguns segundos para


me recordar onde estou. Estou na sala de Ethan. Volto a
ouvir vozes, são os meninos. Sento-me no sofá e me alongo
enquanto olho ao redor, não encontro nenhum deles.

Eu me levanto e vou na direção de onde vêm as vozes. A


cozinha. Encontro os quatro, Aiden, Ethan e Josh estão
sentados enquanto Dylan está cozinhando. Todos olham
para mim ao notarem a minha presença.

— A bela adormecida despertou.

Aiden é o primeiro a zombar.


— E nem precisou de um beijo.

Josh continua e como não há nada que diga que os faça


parar, eu me junto a eles e me sento ao lado de Ethan,
porque ele ainda precisa de ajuda para comer. Ele me
encara e sorri, como se estivesse feliz em me ver, o que faz
com que me sinta estranha.

— Bom dia, Abigail.

Assinto e engulo em seco.

— Bom dia, Ethan.

— Você quer omelete, Abby?

Aproveito a pergunta de Dylan para desviar o olhar de


Ethan e balanço minha cabeça negando.

— Dessa vez, você não bateu em minha porta.

Respiro fundo e volto a olhar para Ethan.

— Eu fui até seu quarto e vi que você estava em casa.

Dou de ombros e ele me encara com uma falsa indignação.

— Eu poderia estar com alguém.

Sorrio debochada.

— Não seria o primeiro homem que veria nu. — Inclino a


cabeça para o lado e o encaro inocentemente. — Nem a
primeira mulher.

Ele abre e fecha a boca tentando encontrar um argumento,


ou algo que o faça ganhar no pequeno embate.
— Você perdeu, Ethan.

Josh

provoca

amigo,

então

Ethan

suspira

dramaticamente e me encara com os olhos estreitos.

— Eu perdi a batalha, mas não a guerra.

— Boa sorte na próxima, baby.

Pisco para ele e olho em frente. Os meninos começam a rir


e a zoar Ethan. Uma das coisas que eu percebi em uma
semana convivendo com eles é que sempre estão se
provocando.

— Como vocês se conheceram?

Pergunto para Dylan assim que eles fazem uma pausa.

— Eu conheci Ethan na aula, porque fizemos algumas


matérias juntos.

Explica e aponta para os três que estão à sua frente.

— Eles já se conheciam.
Olho para Josh e espero que ele explique.

— Aiden é primo de Ethan e Ethan e eu somos melhores


amigos desde o quarto ano.

— Vocês se aguentam há muito tempo mesmo.

Aiden assente.

— Eu deveria receber um prêmio por suportá-los há tanto


tempo.

Josh dá um tapa em sua nuca.

— Sou eu que tenho que suportá-los.

Ethan balança a cabeça e ri.

— Eu tenho certeza de que serei considerado santo por


aguentar vocês.

Eles voltam a se provocar e eu fico apenas rindo. E como


eles têm a capacidade de mudar de assunto de repente, do
nada Aiden fica em pé e bate no balcão fazendo com que
um barulho ecoe pela cozinha.

— Nós deveríamos fazer uma festa hoje.

Apoio minhas costas completamente na cadeira e observo a


reação dos outros e por incrível que pareça nenhum deles
está olhando para Aiden como se ele fosse um maluco.

— É uma ótima ideia.

Josh concorda.

— Nós não fizemos uma festa esse semestre ainda.


Dylan complementa e todos olham para Ethan, inclusive eu.
Ele faz uma expressão de cão sem dono.

— Eu não sei. — Suspira. — Tudo depende da minha babá.

E os quatro olham em minha direção.

— Vocês sabem, Miller irá ficar sabendo. — Dou de ombros.


— A culpa não é minha.

Olho para eles gentilmente e por fim mantenho meu olhar


em Ethan.

— Você pode ficar em outro lugar e assim seus amigos


estarão livres para fazer uma festa.

Ajo como se fosse uma sugestão inocente, mas sabemos


que não é.

— Abby, por favor, seja razoável.

Josh implora.

— Por favor.

Aiden e Dylan se juntam ao clamor. Então, volto a olhar para


eles.

— Como farão para que Miller não saiba?

— Convidaremos poucas pessoas, apenas as confiáveis.

— É Ethan quem responde e ergo minhas sobrancelhas. — É

sério.

Dylan espalma suas mãos sobre o balcão e curva seu corpo


na minha direção.
— Você é claro ficará para a festa e ajudará na organização.

— Eu vou?

Aiden que ainda está em pé dá a volta e para ao lado de


Dylan.

— Claro, será sua primeira festa com a gente.

Aiden me responde. Josh fica totalmente de lado e faz sinal


para que eu olhe para ele. Uma parte minha quer se divertir
um pouco e ceder, mas tenho uma responsabilidade.

— Será legal, Abby. — Josh continua. — Poderá convidar


suas amigas e seremos uma grande família.

Abre seus braços e sorri, um sorriso grande e forçado. Eu


sorrio e balanço minha cabeça.

— Você está forçando um pouco.

— Vamos lá, Abigail, você me odeia, mas gosta dos meus


amigos. — Faz um gesto para seus amigos. — Além disso,
você está presa a mim há dias e não se diverte e prometo
me comportar.

Sinto todos os olhares sobre mim — Será divertido, Abby.

Aiden insiste, então suspiro e assinto.

— Ok, mas se Miller souber disso você assume as


responsabilidades, Ethan.

Ele sorri e assente. Eu espero não me arrepender.

...
Eu nunca pensei que organizar uma festa fosse tão
trabalhoso, mas é. Estou exausta quando acabamos e juro
que enquanto dirijo para casa para trocar de roupa pondero
não voltar e ficar dormindo em minha cama.

Claro que não é o que acontece, porque as meninas estão


prontas e sentadas no sofá me esperando. Brooke está
eufórica e Dakota um tanto estranha. Sem escapatória tomo
um banho e visto uma roupa adequada, saia de couro, top
branco, tênis e prendo meu cabelo Vamos no carro de
Dakota e ela é quem dirige, eu vou no banco ao seu lado e
Brooke entre nós no banco de trás. E quando chegamos
Dakota encara a casa surpresa.

— Uau.

— Já tinha ouvido falar que eles moram em um lugar


luxuoso, mas não esperava algo assim.

Brooke complementa, eu sorrio e abro a porta.

— Vamos lá.

Saio do carro e minhas amigas fazem o mesmo. Nós


seguimos em direção a porta que está aberta. A noite está
estrelada e iluminada o que faz uma noite perfeita para
uma festa.

Entramos e não há ninguém, eu guio as meninas para a sala


que agora está com os móveis afastados, há um globo de
luz fixo no teto e música ecoa pelo cômodo.

— Hey, eu cheguei.

Grito enquanto Brooke e Dakota olham ao redor.

— Estamos na cozinha.
É Aiden quem responde, então dou a volta e sigo para a
cozinha, escuto os passos das meninas e sei que elas estão
me seguindo. Encontro Aiden e Josh abastecendo o freezer
com mais cerveja.

— Ela chegou. — Aiden se vira em nossa direção e sorri.

— E as suas amigas.

Olha para trás e fita as meninas.

— Essas são Brooke e Dakota.

Aponto para minhas amigas e nesse momento Josh olha em


nossa direção, mas detém seu olhar em Dakota. Ela segue
sorrindo, mas ele tem a expressão fechada. O que está
acontecendo?

— Vocês se conhecem?

Olho para os dois e é Dakota que me responde.

— Nós estamos fazendo teatro juntos.

— Desde quando vocês fazem teatro?

Pergunto para os dois, porque nenhum deles comentou que


estava no teatro.

— Segundo a minha professora de artes precisava


desenvolver minha relação com as pessoas.

Dakota responde.

— E eu preciso de horas.

Josh dá de ombros. Nós quatro ficamos em silêncio até que


Aiden percebe o clima estranho e olha para as meninas.
— Se são amigas da Abby são minhas amigas. — Sorri e
pisca para elas. — Sintam-se em casa.

Brooke se aproxima e Dakota a segue, as duas se sentam


uma ao lado da outra nos bancos e de frente para Aiden.

— Pode deixar, bonitão.

Aiden sorri, espalma suas mãos na ilha e curva seu corpo


para a frente até ter o rosto a centímetros de Brooke.

— Gostei disso, gata.

É claro que os dois iriam flertar. Eu reviro meus olhos e me


viro para Josh.

— E Ethan e Dylan?

Josh abre a boca para responder, porém a voz de Ethan nos


interrompe.

— Sentindo minha falta, bonitinha?

Ele caminha em minha direção com um sorrisinho no rosto,


eu encaro o copo que tem em mãos.

— Você está bebendo.

Para ao lado, curva-se e aproxima a boca da minha orelha.

— Só um pouquinho. — Meu corpo se arrepia e respiro


fundo. — Você deveria fazer o mesmo.

Encaro o copo. Eu quero beber, mas não deveria.

— Só hoje, Abigail.
Ergo minha cabeça e encontro seu olhar me desafiando,
então, eu tenho a péssima ideia de pegar o copo e trazê-lo
até a minha boca.

Abby

Duas horas depois eu aprendo que não deveria ter confiado


neles quando disseram vamos chamar poucas e apenas
pessoas confiáveis, porque duvido que somente pessoas
confiáveis seriam capazes de lotar uma casa.

Há pessoas pela sala, pela cozinha, pelo jardim e aposto


que em breve haverá pessoas pelos quartos.

Cerca de meia-hora depois que eu cheguei com as meninas


as pessoas começaram a chegar. Tudo parecia estar sobre
controle até que o caos se instalou.

Alguns dançam, outro bebem e há até mesmo pessoas na


piscina. E pela minha experiência em festas sei que tudo irá
piorar quando todos começarem a realmente a ficarem
bêbados.
Brooke e Dakota estão se divertindo, bebendo, conversando
e dançando. E eu também estava até me dar conta de que
possivelmente Miller ficará sabendo que ocorreu uma festa
na casa de Ethan e nós dois estávamos presentes.

— Curta a festa, Abby.

Brooke sussurra em meu ouvido, em seguida se afasta,


ergue as mãos para cima e dança. Ela faz uma careta
engraçada então balanço minha cabeça e sorrio.

— Vou pegar mais bebida que meu copo está vazio.

Ela assente e Dakota faz menção de me acompanhar, mas


ergo minha mão e a paro.

— Pode ficar aqui.

Antes que ela proteste abro espaço entre as pessoas e deixo


a sala. Enquanto caminho, olho ao redor e as luzes estão
mais brilhantes, não estou tonta e nem vendo tudo
embaçado. As coisas estão diferentes e sei que isso é culpa
da cerveja. O

quanto eu bebi? Talvez, seis copos, ou mais. Não é muito,


mas não é pouco.

Estou começando a ficar bêbada e se não parar daqui a


alguns minutos estarei pior.

Sigo para a cozinha, abro a geladeira, pego uma das


garrafas de cerveja e a despejo em meu copo.

Como não há como Miller não ficar sabendo dessa festa


melhor aproveitar, não é? Divertindo-me ou não posso ser
demitida, então melhor que seja me divertindo.
— Você tem uma ruga em sua testa e não parece estar se
divertindo.

Fecho a geladeira e me deparo com Ethan ao meu lado, ele


está com o copo apoiado na parede.

— Você sabe que Miller ficará sabendo disso, não é?

Aproximo-me até a estar à sua frente e cruzo meus braços


sob meus seios.

— Não ficará sabendo.

Sorrio sem humor e ergo minhas sobrancelhas.

— É claro que ficará sabendo, não tem como todas essas


pessoas serem confiáveis.

Ele faz uma careta.

— Não convidamos todas as pessoas, porém souberam da


festa e estão aqui.

Típico dos estudantes.

— Bom. — Dou de ombros e trago o copo até a minha boca.


— Como serei demitida de qualquer maneira vou me afogar
no álcool.

Bebo um gole de cerveja e a bebida está extremamente


gelada o que é agradável.

— Você não será demitida.

Sorrio com o copo ainda perto da minha boca.

— Você não tem como me garantir isso.


Bebo mais um gole de cerveja.

— Verdade, mas se ele te demitir eu pago o que você


receberia.

Não acredito muito no que ele está falando, apesar de saber


que ele tem dinheiro, entretanto não irei discutir sobre.

Algumas batalhas não valem a pena ser disputadas e por


isso afasto o copo da minha boca e aponto meu dedo na sua
direção.

— Isso é justo.

Muito justo. Ele assente, dá um passo em frente e para a


alguns centímetros de mim. Como sou muito mais baixa que
ele encaro seu peito. A camisa preta está colada ao seu
corpo e deixa alguns dos seus músculos evidentes.

Posso não gostar de Ethan, mas tenho que admitir que ele é
bonito e gostoso.

Ergo minha cabeça e meus olhos encontram os seus. Ele


está me encarando de forma intensa, ele não está sóbrio.
Os segundos passam e continuamos nos encarando, seu
perfume forte e amadeirado me atinge e minha respiração
se altera. Meu peito sobe e desce rapidamente e meu
coração acelera.

Ele estreita seus olhos e sorrio, ele acha que irei me


afastar? Porque, eu não vou. Por fim, ele sorri e pisca para
mim.

— Vamos nos divertir, bonitinha.

Passa seu braço bom pelos meus ombros e dá um passo em


frente.
— Você não deveria me tocar.

Protesto, mas não me afasto, pelo contrário faço o mesmo


que ele e caminho em frente. Ele nos guia para o jardim. O
ar

noturno e o vento nos atingem assim que deixamos a porta


de vidro que interliga jardim e cozinha.

O barulho é menos caótico que lá de dentro e está mais


iluminado, mesmo assim é possível ouvir risadas e
conversas, além de claro a luz parecer um pouco distorcida.

Damos alguns passos até que Ethan ergue seu dedo e


aponte na direção do fundo do jardim onde há uma roda de
pessoas.

— Eu sou o rei de Beer Pong.

Olho mais atentamente e percebo que há uma mesa


cumprida com copos em suas pontas e dois jogadores, um
em cada lado. Eles têm um bolinha de Ping Pong e tentam
acertar os copos que estão à frente do adversário, se
acertar o oponente deve beber e tirar o copo da mesa,
quem acabar primeiro com os copos do adversário ganha.

— Uma pena que o rei está fora do jogo.

— Quem disse?

Desvencilho-me dele.

— Seu ombro está dizendo.

Encaro o seu ombro e sorrio. Estou sorrindo sem motivos


específicos, porque tudo parece mais divertido.

— Eu poderia vencê-la apenas usando um braço.


— Você não poderia.

— Eu poderia, quer apostar?

Seus olhos estão brilhando e ele está me desafiando.

Mesmo sabendo que irei ganhar ele quer me desafiar,


realmente está muito bêbado e talvez devesse me
aproveitar da ocasião.

— Será a aposta mais fácil de ganhar.

Viro-me, fico de costas para Ethan e caminho na direção da


mesa e do grupo de pessoas.

— Se eu vencer, o que irei ganhar?

Sussurra logo atrás de mim, então sorrio e olho para ele.

— O que você quiser. — Dou de ombros. — Mas eu irei


ganhar e irei pedir o que quiser.

Sorrio como se estivéssemos dividindo um segredo.

— Fechado.

Estende-me a sua mão, então me viro ficando de frente


para ele e a aperto.

— Fechado, Ethan Lewis.

Deixo que seu nome saia de forma arrastada da minha


boca. Assim como eu ele está sorrindo. Eu volto a olhar em
frente e com Ethan logo atrás de mim me aproximo da
mesa.

— Nós somos os próximos.


Ethan grita e ninguém se opõe, aliás pela forma como todos
o encaram ele realmente deve ser bom. O que não me
intimida, pelo amor de Deus ele está com o ombro
deslocado.

Nós ficamos um ao lado do outro assistindo a atual dupla,


são dois caras e um deles está bem mais na frente. Falta
acertar apenas três copos e ele não demora a fazer isso,
então enquanto ele zoa o seu adversário, eu olho para
Ethan e ele faz um gesto com a cabeça na direção da mesa.

— Vamos lá, bonitinha.

— Vamos lá, quarterback.

Ele e eu nos aproximamos, arrumamos os copos, alguém


que eu não conheço os enche com bebida, pegamos as
bolinhas e ficamos um de frente para o outro.

— Pode começar, Abigail.

Assinto, encaro os copos à minha frente e jogo a bolinha,


ela quica uma vez na mesa e cai no chão. Não passou nem
perto, eu faço uma careta e Ethan sorri.

— Pronta para perder?

— Não irei perder.

Ele ergue seu braço esquerdo, estreita seus olhos, encara os


meus copos e faz seu lançamento. Ele quase acertou.

— Ops, você errou.

Comemoro e ele segue sorrindo vitorioso.

— Foi só a primeira, Abigail.


Preparo-me para a minha próxima jogada e assim como a
primeira eu erro. Faço um beicinho, eu achei que dessa vez
iria acertar.

— Eu já escolhi qual será meu prêmio.

Ethan se vangloria e eu cruzo meu braço sob meus seios.

Ele se prepara e parece confiante. Eu fico um pouco ansiosa


enquanto aguardo sua segunda tentativa e quando ele
acerta meu copo meu coração acelera. Droga!

— Beba, Abigail.

Sem alternativa descruzo meus braços, pego o copo, tiro a


bolinha que está flutuando na bebida e tomo a cerveja de
uma única vez, o que faz o pessoal ao nosso redor gritar.

— Cuidado, se estiver bêbada ficará mais fácil para eu


ganhar.

Deixo o copo no chão e o encaro com um sorriso.

— Não se preocupe, irei acertar a próxima, Ethan.

E eu acerto. Ele erra a terceira, empatamos e comemoro,


porém, minha felicidade dura pouco porque erro a quarta e
ele acerta. Ele acerta três seguidas e eu apenas uma. Nosso
placar está 4 x 2 e o álcool começa a fazer efeito.

Eu perco as contas conforme jogamos e tudo que sei é que


em certo momento estamos em 9 x 7, uma e ele ganha.

— Um rei é um rei, Abigail.

Seus olhos estão brilhando assim como os meus, nós dois


estamos bêbados. Foi uma péssima ideia termos vindo jogar
esse jogo.
— Não se vanglorie antes do tempo.

Ele sorri, ergue seu braço, lança a bolinha que quica na


mesa e acerta o último copo. O pessoal que está nos
assistindo

comemora. Ethan me encara com um sorriso no rosto.

Faço uma careta enquanto pego o último copo, Ethan


caminha na minha direção. Eu tiro a bolinha e viro de uma
vez a bebida em minha boca. Assim que descarto meu copo
me aproximo de Ethan que está me esperando com um
sorrisinho de lado há quatro passos de mim.

Eu paro a centímetros dele, porém ele diminui ainda mais a


distância entre nós. Eu preciso erguer meu rosto para o
encarar e meus olhos encontram os seus.

— Você sabe qual será o meu prémio, Abigail?

Balanço minha cabeça incapaz de falar algo, porque ele


está muito perto.

— Você irá me dar uma chance de ser seu amigo.

Sorrio.

— Você não pode estar falando sério.

Ele enlouqueceu?

— Eu posso pedir o que quiser, lembra?

Cruzo meus braços e balanço minha cabeça.

— Nem pensar.

Por que ele quer ser meu amigo?


— Vamos lá, por que será tão difícil?

— Porque eu não gosto de você.

E não quero gostar, mas deixo essa parte de fora.

— Tudo que eu quero é uma chance de provar que não sou


tão ruim quanto acredita que eu sou.

Ele está me encarando de uma forma tão gentil, como se


tudo que quisesse na vida fosse ser meu amigo. Eu estou
bêbada e confusa. Eu não deveria concordar com essa
loucura, porém eu fiz uma aposta e aposta é aposta.

— Tudo bem, Ethan.


Seus olhos brilham e ele sorri animado.

— Você não irá se arrepender.

Passa seu braço pelo meu ombro e eu suspiro.

— Eu espero que não.

— E como amigos iremos beber.

Ele nos guia de volta para cozinha. Eu não me oponho,


porque beber mais parece uma ótima ideia mesmo que já
esteja um pouco tonta, minha boca um pouco dormente e
que tudo ao meu redor pareça mais colorido.

Vamos para a cozinha, Ethan pega dois copos e os deixa


sobre o balcão, eu pego a cerveja na geladeira e as despejo
sobre eles. Descarto a garrafa em algum lugar e então
pegamos nossos copos e Ethan o ergue na minha direção.

— À nossa amizade.

Bato meu copo no seu.

— À nossa amizade.

Nós ficamos um ao lado do outro, apoiados no balcão e


bebendo.

— Qual a sua cor favorita?

Olho para ele sem entender.

— Por quê?

— Porque amigos sabem a cor favorita um do outro.


Reviro meus olhos, mas o respondo.

— Preto.

Ele sorri.

— Isso não me surpreende e a minha é vermelho.

— Por causa do time.

Ele assente.

— Prefere gato ou cachorro, Abigail?

— Gato, e você?

Ethan responde cachorro e continuamos conversando sobre


as coisas favoritas um do outro até que Dylan, Aiden, Josh,
Brook e Dakota se juntam a nós. Todos estão bêbados, acho
que não há ninguém sóbrio nessa casa.

Eles nos encaram com uma expressão de choque ao


perceberem que estamos rindo e próximos um do outro.

— Vocês não parecem estar brigando.

Josh transforma o que todos estão pensando em palavras.

— Nós somos amigos.

Ethan explica e todos me encaram surpresos, então dou de


ombros.

— Eu perdi uma aposta e agora Ethan está tentando me


convencer de que não é tão ruim quanto eu acho que ele é.

Todos eles riem e somos alvo das provocações dos cinco.


Nós ficamos na cozinha por um tempo até que estejamos
bêbados demais para ficarmos em pé. Tudo está uma
confusão e não consigo saber exatamente o que estamos
fazendo.

Vamos para a sala. Brooke e Aiden somem, Dakota e Josh


estão brigando e não entendemos o porquê, Ethan e eu os
deixamos em pé perto da escada e nos sentamos no sofá
que estava ocupado por pessoas, mas os mandamos sair,
afinal o dono da casa tem prioridade.

Nós estamos um ao lado do outro em silêncio e eu nem


consigo pensar em nada, porque estou realmente em outro
mundo por causa da bebida. E do nada olho ao redor e
percebo Kimberly nos encarando. Eu nem sabia que ela
estava aqui.

Eu me aproximo de Ethan e sussurro para que apenas ele


escute.

— Acho que ela está esperando que você vá até ela e a


chame para o seu quarto. — Encara-me confuso. —
Kimberly.

Ele não olha para ela e sorri.

— Hoje, eu estou com a minha amiga e vou ficar bem aqui.

Eu assinto e não sei em que momento inclino minha cabeça


e a deixo apoiada sobre seu ombro esquerdo, mas eu faço.
O mundo está girando e meus olhos estão pesados. Ethan
passa seu braço pelos meus ombros, respiro fundo e me
ajeito ficando praticamente deitada contra seu peito.

Eu fecho meus olhos e me permito dormir.


Ethan

Uma claridade me incomoda e conforme vou despertando


me dou conta de que várias coisas me incomodam. Uma
dorzinha em meu ombro, minha garanta seca, minha
cabeça doendo e a sensação de que um caminhão passou
por cima de mim.

Eu abro meus olhos, mas a luz é demais e volto a fechá-los.


Respiro fundo e me certifico de que há alguém sobre meu
peito. Pelo perfume é Abigail. O que ela está fazendo aqui?

Droga, onde estamos?

Pela forma deplorável como estou me sentindo sei que


estou de ressaca e assim que forço minha mente recordo
tudo que aconteceu ontem à noite. Algumas cenas são mais
embaçadas e rápidas o que só demostra que realmente
metemos o pé na jaca, porém me lembro de tudo, inclusive
que agora Abigail e eu somos amigos. Ou pelo menos ela irá
me deixar tentar ser seu amigo.
Com cuidado volto a abrir meus olhos e encontro a sala da
minha casa à minha frente, ou o que deveria ser a sala. Há
copos e garrafas de cerveja por toda parte. Caralho, esse é
somente um pouco do estrago.

Abigail continua deitada em meu peito de modo que não


consigo levantar e como a outra parte do meu corpo está
imobilizada não a consigo afastar. Eu olho para baixo e meu
olhar percorre pelo rosto de Abigail, ela está com os lábios
meio entreabertos e suas sobrancelhas não estão franzidas
como normalmente estão. Ela parece tão calma, muito
diferente do que realmente é quando está acordada, essa
observação faz com que um sorriso surja em meus lábios.

Ela tem a mão espalmada em meu peito, sobre meu


coração. Ontem ela apoiou a cabeça em meu ombro e foi no

automático que a abracei e a puxei contra meu corpo,


porém quando fechei meus olhos nada pareceu mais certo.
Apesar de me lembrar de tudo, ou quase tudo, não me
lembro de ter adormecido.

Minha cabeça e ombro estão doendo, minha garganta está


seca e continuo aqui, sem me movimentar, porque ela está
dormindo em meus braços.

Eu continuo a encarando e me pergunto como posso provar


para ela que não sou como ela pensa. Sequer sei o porquê
ela realmente me odeia. Sei que ela não gosta de mim e de
nenhum jogador de futebol americano, entretanto não tem
nada contra outros atletas. Será que algum outro jogador a
magoou?

Um relacionamento fracassado explicaria muitas das suas


atitudes.

E o que ela acha de mim? Que sou um completo imbecil.


Conquistar Abigail não parece uma tarefa difícil, mas é, e eu
irei conseguir. Eu provarei que sou alguém que deve ser
chamado de seu amigo.

Os minutos passam e meu ombro lateja de dor. Droga, deve


ser a posição que estou. Eu faço pequenos movimentos na

tentativa de diminuir a dor e sem querer acabo acordando


Abigail.

Primeiro ela suspira, em seguida resmunga e só depois abre


seus olhos, porém segundos depois volta a fechá-los.

— Bom dia, bela adormecida.

Sorrio e o gesto faz com que minha cabeça doa. Porra!

Abigail volta a abrir seus olhos agora mais lentamente e


assim que seu olhar encontra o meu franze sua testa e se
desvencilha de mim.

— O que diabos estou fazendo aqui?

Faço um beicinho dramático com meus lábios.

— Você não se lembra da noite que dividimos?

Ela leva sua mão até sua testa e a pressiona com seus
dedos.

— Eu lembro. — Resmunga. — Não deveríamos ter dormido


aqui.

Eu faço uma careta.

— Não mesmo.

Ela suspira.
— Seu ombro está doendo? — Assinto e é a sua vez de fazer
uma careta. — Nós fomos muito irresponsáveis.

Realmente fomos, não há como dizer que não.

— Somos jovens e faz parte.

Ela morde seu lábio inferior por alguns segundos.

— Espero que você esteja assim tão otimista quando Miller


acabar com nós dois.

Ela fica em pé.

— Aonde você vai?

Ela olha para mim e faz um gesto com a mão para que eu
levante.

— Aonde nós vamos. — Repete o gesto. — Precisamos


aplicar uma compressa de água fria em seu ombro.

Faço o que ela está pedindo e deixo o sofá, eu fico em pé e


de frente para Abigail.

— Antes posso tomar um banho? — Faço uma expressão de


nojo. — Eu estou fedendo e acho que alguém derrubou
cerveja em mim.

— Ok. — Também faz uma cara de nojo. — Aparentemente


alguém também derrubou cerveja em mim, aliás o ar está
poluído

com cerveja.

Enrugo meu nariz, porque o cheiro de bebida realmente


está impregnado no ar.
— Será tão trabalhoso limpar tudo.

Olho ao redor e tudo está uma bagunça. Copos, bebidas e


até mesmo resto de cigarros estão pelo chão e pelos
móveis.

— Eu não quero nem pensar nisso que minha cabeça dói


ainda mais.

Abigail resmunga e enruga a testa.

— Vamos, eu tenho remédio para dor em meu quarto.

— Vai subindo que eu irei buscar uma garrafinha de água na


cozinha.

Assinto e sigo para as escadas enquanto Abigail vai até a


cozinha. Conforme subo os degraus encontro mais garrafas,
caralho, por que as pessoas não podem ser bêbadas
conscientes que jogam os lixos no lixo?

Pelo menos não encontro ninguém dormindo nos


corredores.

Meu quarto está trancado e por isso pego a chave em meu


bolso, em seguida abro a porta e entro no cômodo. Um
lugar

limpo.

— Talvez fique o dia todo trancado aqui.

Enquanto espero por Abigail, tiro meu relógio e esvazio os


bolsos da minha calça, deixo celular e carteira sobre a
cômoda.

Como está um pouco quente e ainda me sinto abafado pelo


caos que está lá embaixo eu vou até a porta que leva até a
sacada e a abro. Há um vento e respiro fundo. Ar limpo.

— Você nem imagina o horror que está a cozinha.

Viro-me e Abigail realmente parece estar assustada


enquanto entra no quarto.

— Sua sorte é que não precisará limpar nada disso. —

Suspira e faz uma careta. — Você não pode, logo, eu terei


que fazer o seu trabalho.

— Adoraria dizer que os meninos irão ser bonzinhos e


dispensar sua ajuda, mas isso não irá acontecer.

— Cavalheirismo realmente morreu.

Resmunga e eu me controlo para não rir.

— Bom, eu vou para o banho.

Ela assente, larga uma garrafinha de água sobre a cômoda


e se aproxima.

— Eu ajudo você a tirar a camisa.

Leva suas mãos até a barra da minha camisa e eu sorrio.

— Adoro como você sempre está pronta para me deixar nu.


— Revira seus olhos. — Hey, você não pode revirar mais os
seus olhos, nós somos amigos agora.

Ela me ajuda a tirar a camisa, joga-a sobre a cama e dá um


passo para trás.

— Sempre irei revirar meus olhos quando fizer essas


piadinhas ruins independente se somos amigos, ou não. —
Apoia suas mãos em sua cintura. — E ainda não somos
amigos, você está tentando me provar que pode ser meu
amigo.

Abigail tem os cabelos uma bagunça, sua maquiagem


também não está das melhores, sua roupa está fora do
lugar e sua bolsa está transpassada pelo seu corpo e torta.
E a sua posição contribui para ela parecer adorável.

— Ok, ok, Abigail, você é difícil, entendi. — Antes que ela


faça o que eu acho que irá fazer aponto meu dedo em sua
direção. — Não revire seus olhos.

Ela morde seu lábio para não rir e uma satisfação vibra em
meu peito. Talvez, meu primeiro objetivo como alguém que
quer

ser seu amigo seja a fazer rir.

Eu me afasto de Abigail e vou até o móvel que fica ao lado


da minha cama, na segunda gaveta estão os meus
remédios e pego alguns para resseca, então jogo-os sobre o
colchão.

— Esses são os remédios para ressaca que eu tenho.

Volto a olhar para Abigail e ela ergue suas sobrancelhas.

— Você tem muitos remédios para ressaca.

— O seguro morreu de velho.

Ela balança a cabeça de um lado para o outro e tem os


lábios curvados em um quase sorrio.

— Alguém deveria proibir você de fazer essas piadas


horríveis.
Curva seu corpo e pega duas cartelas de comprimidos, um
para dor de cabeça e outro para o estômago. Ela vai até a
cômoda, pega a água, engole os comprimidos e a bebe logo
em seguida.

— Como não estou mais tomando remédio para dor posso


tomá-los, não é?

Ela assente e me entrega dois comprimidos, trago-os até


minha boca, engulo-os e ela me alcança a garrafinha de
água.

Enquanto, tenho a garrafa em meus lábios, a mesma que


ela tinha há poucos minutos, encaro-a e ela não desvia o
olhar do meu.

Existe algo em Abigail que me intriga, chama minha


atenção e me puxa na sua direção.

Deixo a garrafinha sobre a cômoda e olho na direção do


banheiro.

— Eu vou tomar banho.

Ela assente, então olho para ela uma última vez e vou para
o banheiro.

Enquanto a água cai sobre meu corpo, recordo de como


acordei, da sensação de ter Abigail em meus braços. É
diferente.

Nunca tive uma garota tão perto, não sem intenção sexual.

Apesar de diferente e novo, não é ruim. Pelo contrário está


longe de ser desagradável.
Após o banho escovo meus dentes e deixo uma escova nova
sobre a pia, caso a Abigail queira usá-la.

Esqueci de trazer minha cueca e minha bermuda e sou


obrigado a voltar para o quarto apenas com uma toalha ao
redor

da minha cintura. Abigail está sentada em minha cama e


mexendo em seu celular.

Ela ergue seu olhar ao perceber que retornei e por alguns


segundos encara meu abdômen, eu sorrio e passo a mão
pelo meu cabelo molhado o afastando do meu rosto.

— Gostando do que vê?

Provoco-a e ela faz uma careta.

— Você não tem nada de especial.

Eu não acredito nela e continuo sorrindo.

— Eu sei que sou bonito e gostoso, Abigail.

Bufa.

— Você se acha muito, Ethan e preciso revelar para você


que não é isso tudo.

— Vire-se para que eu possa colocar uma bermuda.

Ela não faz o que pede, mas se joga para trás e se deita na
minha cama com os olhos fechados.

— E só para constar nunca ninguém reclamou da minha


aparência, inclusive há uma fila de garotas querendo um
pedacinho do quarterback aqui.
Eu falo enquanto vou até o guarda-roupa e pego uma cueca
e uma bermuda.

— Ethan?

— Sim.

— Não me faça me arrepender de ter dado essa chance


para você.

Minha gargalhada ecoa pelo quarto e ainda estou rindo


enquanto me visto. Eu preciso respirar fundo para parar de
rir.

— Prontinho.

Abigail volta a se sentar e faz uma careta.

— Estou fedendo e grudenta.

— Você pode tomar um banho e vestir uma das minhas


camisetas. — Ela parece pensar sobre minha proposta. — E
há uma escova de dente em uma embalagem lacrada sobre
a pia do banheiro.

Suspira e fica em pé.

— Ok, mas só porque estou muito fedida e devo demorar a


ir para casa, visto que Dakota e Brooke já foram embora e
estou sem carona.

Dá de ombros e eu apenas assinto. Abigail caminha para o


banheiro e eu fico olhando para ela, principalmente para
suas pernas e bunda. Ela é bonita e por um momento uma
imagem dela com as pernas ao redor da minha cintura e
minhas mãos em sua bunda ecoam em minha mente.

Caralho, pensamento proibidos.


Rapidamente desvio os olhos dela e me concentro em
qualquer outra coisa. Encaro minha toalha que ainda está
na cama e isso me faz lembrar de algo, volto a olhar para
Abigail e dessa vez me detenho em seu rosto.

— Há toalhas limpas embaixo da pia.

— Ok, obrigada.

Ela entra no banheiro e por alguns segundos fico encarando


a porta que acabou de fechar, então pisco algumas vezes e
vou até a cômoda, pego meu celular e me sento na cama
com as costas apoiadas na cabeceira e meu cotovelo
apoiado em um travesseiro.

Ainda estou com um pouco de dor, mas diminuiu. Eu fico


conferindo as fotos e vídeos em que fui marcado na noite
passada, há inclusive Abigail e eu no Beer Pong, é divertido
de

assistir, porém com certeza, Miller deve estar sabendo e


não deve estar nada feliz.

Espero conseguir proteger Abigail e é com esse intuito que


envio um e-mail para Miller dizendo que fui eu que convenci
Abigail a participar da festa, ela não teve culpa e não deve
ser punida. Eu sou o irresponsável.

Envio o e-mail e no mesmo instante escuto a porta do


banheiro ser aberta, eu olho para cima e encontro apenas a
cabeça de Abigail em uma fresta.

— Eu preciso da camisa.

No mesmo instante deixo meu celular de lado e fico em pé.


Eu vou até meu armário e pego uma das minhas camisas do
Crimson Tide com meu número atrás, porque é uma das
maiores.

Levo-a para Abigail e a entrego, ela pega e só então se dá


conta que é uma camisa de time.

— Você não vai me fazer usar isso.

Ela me encara furiosa.

— É a maior.

— Ethan você está fazendo de propósito.

Dou um passo para trás.

— Ou você veste isso, ou não veste nada.

Se um olhar fosse capaz de matar, eu estaria morto nesse


momento. Ela fecha a porta com força e sorrio. Eu fico em
pé a esperando e depois de alguns minutos ela deixa o
banheiro.

A camisa está enorme nela, um vestido, e ela está com a


testa franzida, segue me encarando como se quisesse me
matar.

Ela está além de adorável e preciso me controlar para não


deixar meus pensamentos irem para um lugar que não
devem.

— Vamos logo fazer compressa.

Ela desce até a cozinha e a espero sentado na cama. Ela


não demora a voltar e se posiciona a minha frente. Abigail
tira minha tipoia e pressiona a compressa em meu ombro.
Droga, eu estou com dor. Meu humor se torna péssimo,
resmungo e reclamo a todo instante. Por fim quando acaba
suspiro aliviado.

— Você está parecendo um bebê chorão. — Não respondo a


sua provocação e ela estreita seus olhos. — Você está bem?

Assinto e ela morde sua bochecha. Ela não acredita em


mim.

— Hey, vai ficar tudo bem.

Continuo a encarando enquanto ela mantém a mão contra


meu ombro. E mesmo com dor, mesmo sabendo que não é
um bom indício, respiro aliviado e acredito que tudo ficará
bem.

Abby

Estou atrasada para a primeira aula de Ethan, porque meu


professor ficou além do tempo explicando como ele quer o
resumo que devemos entregar para ele.

Droga!
Eu tento avisá-lo e me dou conta de que não tenho seu
número. Espero que ele e Dylan tenham guardado um lugar
para mim.

Entro no prédio e estou praticamente correndo. O corredor


está vazio, o que significa que a aula já começou, todos irão

perceber que cheguei atrasada.

E como imaginei ao entrar na sala sou alvo de todos os


olhares inclusive do professor, será que irei conseguir ser
odiada por todos os professores de engenharia? Sorte que
não tenho nenhum interesse na área.

Procuro por Ethan e Dylan eles estão na quarta fileira e há


um lugar ao lado de Ethan, respiro aliviada e vou até eles.

— Hey, Dylan, Hey, Ethan.

Sussurro.

— Hey, Abby.

— Hey, Abigail.

Respondem ao mesmo tempo e me sento ao lado de Ethan,


ele está com seu corpo curvado na minha direção.

— Você está atrasada.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Não me diga, gênio.

Ele sorri e me entrega caderno e suas canetas.

— Como sempre bem-humorada.


Suspiro.

— Eu iria te avisar, mas não tenho seu número.

Ele franze a sua testa.

— Verdade e precisamos mudar isso.

O professor para de falar e sinto todos os olhares sobre nós


dois. Eu olho para Ethan, ele olha para mim e juntos nos
viramos e encaramos o professor que está nos fitando com
uma expressão fechada.

— Estou interrompendo algo?

Sinto meu rosto ficando vermelho.

— Desculpe, professor.

Ethan consegue falar, mas eu não, apenas sigo olhando


para o professor que assente e volta a dar sua aula. É, todos
os professores de engenharia acabarão me odiando em
algum momento.

Dylan ri e eu continuo olhando em frente. Eu presto tanta


atenção na aula que ao fim dela juro que conseguiria
resolver alguns problemas de estatística.

Ethan, Dylan e eu deixamos a sala em silêncio e só me viro


para os dois quando estamos no corredor.

— Eu vou terminar esse período que estou com o Ethan


sendo odiada por todos os professores Caminhamos rumo à
saída do prédio.

— É impossível odiar você, Abby.


Dylan passa seu braço pelos meus ombros e beija a lateral
da minha cabeça.

— Não duvide da capacidade dela de irritar os professores.

Ethan debocha.

— O que você fez, Abby?

Mordo meu lábio inferior. Eu não vou contar que a


professora de terça ouviu eu reclamando da sua aula, mas é
claro que Ethan conta e Dylan gargalha.

— Vocês dois juntos são uma comédia, eu até tenho medo


do que vocês podem aprontar.

Nenhum de nós diz nada diante das palavras de Dylan e ele


continua rindo. Nós nos despedimos em frente ao seu carro
e Ethan e eu seguimos para o meu.

— Como você sentiu dor ontem acho melhor irmos para sua
casa e fazermos uma compressa de água fria.

Viro-me para o lado e ele assente.

— Ok, e podemos pedir algo para o almoço, ou prepararmos


algo.

Chegamos em meu carro, desativo o alarme e entramos.

Enquanto dirijo, vejo pela minha visão lateral Ethan pegar


seu celular.

— Qual seu número?

Dito meu número e em seguida sinto meu celular vibrar em


meu bolso.
— Você está me ligando.

— Sim, e agora você tem o meu número salvo.

— Obrigada.

— Sabe como salvei seu nome?

Mesmo sem estar vendo seu rosto sei que ele está sorrindo,
o sorriso lateral que ele usa quando está fazendo uma das
suas piadinhas.

— Eu acho que não quero saber.

Provoco-o.

— A minha bonitinha.

— Sua?

Minha gargalhada ecoa pelo carro. Minha bonitinha? Ele só


pode estar maluco. Não é algo superengraçado, mas me faz
rir, não é irônico, nem debochado, é só um sorriso.

— É a primeira vez que faço você sorrir de verdade.

Minha gargalhada cessa, mas meus lábios seguem curvados


em um sorriso.

— Não é verdade.

— É sim.

Eu tento me lembrar de alguma vez que eu ri com ele, mas


não consigo. Ele realmente está certo.

— Você tem razão.


— Sempre tenho.

Reviro meus olhos.

— Você deveria encapsular seu ego e vendê-lo.

— Você compraria? — Eu não estava esperando por essa


resposta. Abro e fecho minha boca sem saber o que falar. —

Desconcertei você, não é?

Agora ele está sendo debochado e presunçoso.

— Você não me desconcertou, você só tem a mania irritante


de sempre falar algo que não estava esperando.

— Não é irritante, é um dom.

Sorrio irônica.

— Claro, inclusive é mais uma coisa para você encapsular e


vender.

— E você deveria fazer o mesmo com suas respostas


espertinhas e azedinhas.

— Azedinhas?

Continuamos nos provocando enquanto eu dirijo. Estamos


zombando um do outro e rindo, como dois amigos. Fere meu
ego e minhas crenças admitir, mas me permitir conhecer
melhor Ethan, sem estar me lembrando de que deveria o
odiar, é fácil e agradável.

Assim que estaciono deixamos e carro e caminhamos um ao


lado do outro.
— Você fica falando de mim, mas seu ego é enorme, não sei
nem como cabe nesse seu corpo.

Olho para ele.

— Qual problema com meu corpo?

Paramos em frente à porta e ele percorre meu corpo com


seu olhar. Seu gesto faz com aprume minha postura e certo

formigamento passe pelo meu sangue, fazendo com que


sinta mais calor do que realmente estou sentindo e com que
me arrepie. Eu respiro fundo para manter o meu controle.

— Nenhum. — Olha em meus olhos. — Você é apenas


pequena.

— Nem todo mundo precisa ser um gigante igual a você.

Viro-me e abro a porta. Eu entro e ele segue logo atrás de


mim.

— Só para constar, não acho que você ser pequena seja um


defeito, aliás se for sincero é sexy.

Ele me acha sexy. Empurro a sua afirmação para o fundo da


minha mente, não quero pensar sobre isso.

— É tão bom ver essa casa limpa.

Mudo de assunto assim que entramos na sala, uma sala


limpa e diferente de como estava ontem.

— Ela estar limpa é ótimo, é incrível, o que não foi incrível


foi ter que limpá-la.

Assinto, porque ele está certo. Limpar a bagunça da festa


foi horrível e foi o que fizemos ontem o dia todo. Mesmo
Ethan com o braço imobilizado ajudou recolhendo o lixo
enquanto o

resto de nós, Aiden, Josh, Dylan e eu, limpávamos.


Demoramos praticamente o dia todo e quando finalizamos
nos sentamos na sala e pedimos uma pizza.

Meu fim de domingo foi jantando pizza com quatro


jogadores e assistindo um jogo de basquete, por fim, ajudei
Ethan com a compressa e Brooke me buscou já que estava
sem carro.

— Sente-se no sofá.

Deixo meus pensamentos de lado e aponto para o sofá.

Ethan me obedece e se senta, então vou até a cozinha


preparo o necessário para a compressa e assim que volto
para a sala fico a frente de Ethan e evo minhas mãos até a
barra da sua camisa, ele abre a boca e me encara com o
olhar travesso, porém sou mais rápida e falo antes dele.

— Não aguento mais ouvir essa piadinha.

— Como você sabe o que eu iria dizer?

Eu sorrio.

— Você é previsível, Ethan.

Faz uma careta dramática e exagerada, porém seus olhos


seguem travessos.

— Você é uma sem graça, Abigail.

Tiro sua camisa e a jogo ao lado no sofá.

— Você que tenta ser engraçado e não consegue.


Suspira.

— Entendi qual é o seu plano. — Ergo minhas sobrancelhas


enquanto pressiono a compressa em seu ombro. —

Ferir o meu ego.

Eu me viro para ele e ele está me encarando. Meu olhar


encontra o seu e por alguns segundos nenhum de nós fala
nada.

Minha respiração se altera e posso ver seu pomo-de-adão


subindo e descendo em seu pescoço.

— Seria um prazer ferir seu ego, Ethan.

Meus lábios de repente estão ressecados e passo a língua


por eles o que faz com que Ethan acompanhe o movimento.

Minha respiração falha e volto a olhar para seu ombro antes


que pense besteiras.

Tento me concentrar, o que hoje está mais difícil que os


outros dias, porque de repente estar com as mãos em sua
pele é tão real, como se seus músculos estivessem mais
evidentes.

— Você teve alguma notícia de Miller?

Puxo assunto na tentativa de me livrar do incômodo.

— Ainda não.

Mordo meu lábio por alguns segundos.

— Também não. — Suspiro. — Talvez, ele deixe para me


despedir amanhã quando formos o encontrar no centro de
treinamento.
Segura meu pulso, então volto a encará-lo e mais uma vez
meu olhar encontra o seu.

— Ele não irá demitir você.

Engulo em seco.

— Você não tem como me garantir isso.

Ele ergue seu braço e afasta alguns fios do meu cabelo que
insistem em cair em meu rosto, ele os coloca atrás da
minha orelha.

— Eu tenho.

Respiro fundo e tento manter as batidas do meu coração


normais. Droga, nós estamos perto demais um do outro.
Afasto minhas mãos do seu corpo, olho para qualquer lugar
que não seja ele e dou um passo para trás.

— Acabamos. — Forço um sorriso. — Você está sentindo


menos dores, não é?

Crio coragem e volto a olhar para ele. Ethan está sério,


como se estivesse com os pensamentos longe e assente.

— Ótimo, eu percebi, porque fez menos caretas.

Ele concorda e fica em pé.

— Vamos preparar algo para comer?

— Vamos.

Nós dois seguimos para a cozinha como se existisse um


elefante entre nós, e a sensação dura por alguns minutos.
Cozinhamos em silêncio, algumas vezes nos olhamos e
abrimos a boca como se fôssemos falar algo, mas logo em
seguida desistimos.

O que caralho está acontecendo?

Estou fazendo arroz quando Ethan pega o celular e se apoia


contra o armário que fica logo ao lado.

— Olha só, eu trabalho enquanto ele mexe no celular.

Provoco-o e nós dois suspiramos aliviamos por eu ter


quebrado o clima estranho.

— Na verdade, estava aqui conferindo uma ótima notícia


para nós dois. — Olho para o lado curiosa e ele sorri. —
Minha aula foi cancelada.

— Não sei se isso é realmente uma boa notícia. — Franzo


minha testa como se realmente estivesse com dúvida. —
Porque posso não ter que anotar nada e nem enfrentar uma
aula repleta de cálculo, porém terei que o suportar sozinha.

Ele sorri e voltamos ao nosso normal. Provocar um ao outro.


E é um alívio, porque é péssimo estar ao seu redor sem
saber como reagir.

Nós almoçamos e limpamos o que sujamos e subimos para


o seu quarto para que possamos estudar. Assim como eu
ele tem algumas provas e trabalho para entregar essa
semana.

Ele se senta na sua cama e eu ocupo a sua escrivaninha.

Coloco meu fone de ouvido e foco em estudar. Eu gosto de


Biomecânica clínica, mas tem seu grau de complexidade em
alguns minutos preciso fazer uma pausa e é em uma dessas
pausas que olho para o lado e me deparo com Ethan, ele
está me encarando e me analisando.

Eu giro a cadeira e fico de frente para ele.

— Sou mais interessante do que o que está estudando?

Ele sorri de lado e assente.

— Muito mais interessante que Lógica e matemática


computacional.

Inclino minha cabeça para o lado.

— Quem diria que o quarterback mais famoso do ano seria


um estudante de Engenharia de computação?

Endireito minha cabeça e olho ao redor do quarto, os


posters e os livros, como ele pode ser tão nerd e ao mesmo
tempo um jogador!?

— Eu sou surpreendente.

Eu deixo a cadeira e caminho pelo seu quarto. Analisando


de perto seus livros, mangás, funko e ele tem uma coleção
de cubo mágicos.

— Por que Engenharia de computação?

— Minha mãe é CEO de uma empresa de gamer.

Abro e fecho minha boca surpresa.

— Você está falando sério?

Pego um porta-retratos que há na estante, é Ethan e uma


mulher loira muito bonita na foto.
— Estou. — Viro-me para perguntar se essa é sua mãe. —

Essa é a minha mãe.

Ele me responde antes que pergunte.

— Ela é muito bonita e jamais diria que ela é CEO de uma


empresa de gamer.

Eles são parecidos e têm o mesmo sorriso. Gostaria de


perguntar sobre o seu pai, mas isso abriria margem para
que ele perguntasse dos meus pais e não quero falar deles.

— Então, engenharia da computação é o seu plano B?

Ele sorri e balança a cabeça.

— Meu plano B é um time de futebol americano em busca


do seu primeiro Super Bowl como o Bufallo Bills, a
engenharia é meu plano z.

Sorrio e continuo o encarando curiosa.

— Qual é seu plano A?

— New England Patriots.

Pelo menos não é a mesma equipe que Liam fez parte. Eu


me viro para colocar o porta-retratos no lugar e apenas
escuto Ethan deixar a sua cama, ele se aproxima e para
logo atrás de mim, sinto sua respiração em minha nuca e
um arrepio percorre o meu corpo.

— E você por que escolheu Saúde Pública e um mestrado


em Treinamento atlético?

Ele está tão perto e respiro fundo. É a segunda vez que ele
me faz essa pergunta.
— Porque eu adoro esportes, embora seja péssima os
praticando.

Viro-me ficando de frente para ele e me dou conta de que


estamos mais perto do que pensava. Meu nariz
praticamente está tocando seu peito e quando ergo minha
cabeça meu olhar encontra o seu. Ele abaixa seu rosto e
diminui ainda mais a distância entre nós.

É como se ele estivesse me consumindo com um simples


olhar, como se ele estivesse procurando a minha alma e o
mais assustador é que eu desejo entregá-la a ele.

Um barulho no andar de baixo e vozes fazem com que


Ethan de um passo para trás. O que eu agradeço, porque
consigo voltar a respirar.

— Os caras chegaram.

— Acho melhor nós nos juntarmos a eles.

Ele assente, então nos olhamos uma última vez e deixamos


seu quarto, mantendo o máximo de distância um do outro
que conseguimos.
Ethan

Assim que deixamos minha primeira e única aula de terça,


entramos no carro de Abigail e ela dirige para o centro de
treinamento. Hoje ela está mais quieta que ontem e sei que
não foi por causa daquele nosso momento no meu quarto,
porque depois que descemos e encontramos Josh, Aiden e
Dylan tudo parecia normal. Antes de ir embora ela inclusive
me ajudou com a compressa e trocamos algumas
provocações.

O problema é hoje.

Desde que apareceu lá em casa hoje pela manhã ela está


mais inquieta e nervosa. Ela não respondeu minhas
provocações como sempre e parecia longe, aliás ela ainda
parece.

Não fez nenhuma piadinha por ser a aula da professora que


ouviu que preferia estar sendo mordida por formigas. Olho
para o lado e a encaro enquanto dirige. Suas costas estão
em uma postura incrível e aparentemente está segurando a
direção com força. Ela está tensa.

Ela está assim porque iremos encontrar Miller.

— Vai ficar tudo bem.

Ela ri, uma risada sem humor.

— Não irá ficar tudo bem se eu tiver o contrato


interrompido.

Sabia que algo está acontecendo. Não queria que ela


soubesse que conversei com Miller por e-mail, mas ela está
nervosa.
— Eu falei com Miller.

— Você falou?

Soa surpresa.

— Sim, eu enviei uma mensagem no domingo falando que a


culpa era toda minha que eu que tinha te coagido a
participar da festa.

Ela estreita seus olhos e morde seu lábio inferior.

— E o que ele respondeu?

Pergunta por fim.

— Ele disse para não tocar no assunto que somos jovens e


que desde que não tenhamos feito nada de grave está tudo
bem e claro falou para não comentar com Liam sobre a
festa.

Vejo sua postura mudar, ficar mais leve.

— Droga, Ethan, você me deixou sofrendo esse tempo todo.

— Foram dois dias.

Ela para no estacionamento e se vira na minha direção com


uma careta em seu rosto.

— Pareceu uma eternidade. — Aponta seu dedo na minha


direção. — Isso não foi atitude de um amigo, muito menos
de alguém que está tentando me convencer a ser sua
amiga.

Aí está a minha bonitinha de volta.

— Estava tentando te proteger.


Justifico-me enquanto deixamos o carro.

— Não me senti protegida. — Resmunga e eu sorrio. Ela me


encara com as sobrancelhas erguidas assim que estamos
caminhando um ao lado do outro. — O quê?

— Minha bonitinha voltou. — Toco levemente seu braço com


meu cotovelo. — Estressadinha e mal-humorada.

Ela revira seus olhos.

— Você é um idiota, Ethan.

Eu sorrio e seguimos para a sala de recuperação onde Miller


está nos esperando. Chegando lá, encontramos o treinador
atlético, o fisioterapeuta e médico dos Crimson. Abigail e eu
cumprimentamos todos e eu me sento na maca enquanto
ela fica ao meu lado respondendo as perguntas que Miller
faz a ela.

Assim como na terceira passada eles me examinam e


constam que tudo está evoluindo conforme o esperado, até
melhor do que eles estavam esperando. Talvez, volte aos
campos antes dos quarenta e cinco dias.

Abigail fica vermelha quando digo que parte da minha


recuperação é culpa dela.

Eu apenas digo a verdade.

Sou liberado para fazer exercícios leves na academia e devo


correr na esteira todos os dias. A partir de agora os
exercícios de recuperação do meu ombro ficam mais
intensos.

Depois de ouvir todas as recomendações, visto minha


camisa com ajuda de Abigail, então nos despedimos e
deixamos a sala.

Ela está seguindo na direção da saída e eu paro, logo em


seguida ela para e me encara curiosa.

— O time está treinando e quero ir vê-los.

Ela assente

— Espero você no carro.

Dá um passo em frente, mas seguro seu pulso e a detenho.

— Eles serão legais, eu prometo.

Quero que ela saiba que não somos tão ruins quanto ela
pensa, quero ajudá-la a superar o que a incomoda mesmo
que não saiba o que é. Ela hesita, mas por fim assente e eu
sorrio.

— Ok. — Ela dá a volta e eu nos guio na direção do campo.


— Espero que eles não sejam legais igual a você.

Provoca-me e passo meu braço pelos seus ombros.

— Confessa que você me acha legal, aliás que sempre me


achou legal, mesmo enquanto continuava tentando me
odiar.

— Nem morta.

Abigail pode não admitir nem para si mesma, mas ela nunca
me odiou, não realmente.

Nós vamos até o campo e assim que os caras, meus colegas


de time e meus amigos, percebem que sou eu, abandonam
o treino e se aproximam de nós dois. Inclusive o treinador
Davis.
Afasto-me de Abigail para que possa abraçar meus amigos,
eles batem em minhas costas, nós rimos e nos provocamos,
eles dizem que estou tirando umas férias, otários.

Eu estou com saudade, saudade do time que é como parte


da minha família e saudade de jogar. Meu corpo implora
para que volte a jogar.

— Você está fazendo falta, Ethan.

Suspiro ao ouvir Oliver, o Running Back [13]do time.

— Eu estou fazendo o possível para voltar o mais rápido.

— Nós fomos à sua festa, mas você estava bêbado demais.

Elijah, Receiver [14] me provoca sussurrando em meu


ouvido para que o treinador que está por perto não o
escute.

— Foi uma festa animada.

Sussurro de volta e nós dois rimos.

— E quem é a sua amiga, capitão?

Nathan, o Tight End [15]enorme que deve parecer um


gigante perto de Abigail, pergunta enquanto a encara. Eu
olho para ela, que está sorrindo, porém tem os braços atrás
do corpo, ela está na defensiva.

— Essa é a Abigail.

Eu vou até ela e seguro sua mão com a minha. Ela hesita e
balança a cabeça, então aproximo minha boca da sua
orelha.
— Vamos lá, eles não irão te morder. — Fuzila-me com os
olhos e eu sorrio. — Não seja uma medrosa, Abigail Ela
suspira, mas seus braços voltam à posição normal.

— Um dia eu ainda irei te matar, Ethan.

Sussurra enquanto caminhamos na direção do time que


está um pouco mais à frente. Eu apenas sorrio.

Como eu esperava que acontecesse, todos são legais com


Abigail e não demora para que ela esteja respondendo às

provocações e conversando como se fizesse parte do time.


Ela inclusive sorri. Eu precisei de mais de uma semana para
receber um sorriso, eles precisaram de um minuto.

O treinador nos interrompe e avisa que eles precisam voltar


ao treino, então nos despedimos dos rapazes. O último a se
afastar é Davis que bate em meu ombro e suspira.

— Você está fazendo falta.

Eu assinto e ele segue para o campo. Viro-me para Abigail e


faço um gesto na direção da arquibancada.

— Você se importa se assistirmos um pouco do treino?

Ela balança a cabeça negando, então volto a segurar sua


mão e subimos para as arquibancadas, sentamo-nos um ao
lado do outro e encaramos o campo abaixo de nós.

— Preciso explicar o que está acontecendo? Ou você sabe?

— Eu sei.

Ela está encarando o campo e não parece alguém avessa ao


futebol americano.
— Você gosta do jogo.

Vira-se para mim e sorri debochada.

— Nunca disse que não gosto do jogo.

Ela somente não gosta dos jogadores.

— Como minha amiga, quando eu voltar a jogar, você pode


vir assistir aos treinos e aos jogos.

— Achei que nossa amizade teria um prazo de validade. —

Ergo minhas sobrancelhas. — Quando seu ombro estivesse


bom voltaríamos a ser dois estranhos.

— E você conseguiria me esquecer?

Ela sorri e volta a olhar para o campo.

— Esse seu ego ainda irá te colocar em problemas, Ethan


Lewis.

— Não é ego, é a verdade, sou inesquecível, bonitinha.

Volto a olhar para o treino e daqui de cima algumas falhas


ficam mais visíveis, eu estou prestes a ficar em pé e a gritar
quando escuto a voz de Abigail.

— Dependendo, eu até posso assistir alguns treinos.

Ela não esconde a malícia da sua voz e a encaro com


curiosidade.

— Dependendo do quê?

Não sei o porquê, mas gosto de imaginar Abigail nessa


arquibancada me assistindo e torcendo por mim. Talvez,
possa usar aquela camisa que lhe emprestei domingo e não
me devolveu.

— Vocês costumam tirar a camisa no campo, ou no vestiário


ao fim do treino?

Entendo sua malícia e sorrio.

— Você me vê todos os dias sem camisa, isso não é o


suficiente?

É claro que não está apenas falando de mim, mas quero


provocá-la.

— Isso não é sobre você, Ethan, é sobre os outros.

— Eu sou o mais bonito, então se você tem o melhor, não


irá se contentar com menos.

Abigail gargalha e a assisto rir. Ela para aos poucos e me


encara como se estivesse maluco.

— Por que está me olhando assim?

— Você é adorável.

Sussurro como se fosse um segredo e ela revira seus olhos.

— Eu sou tudo menos adorável, Ethan.

— Você é e apenas finge que não.

Ela balança a cabeça e volta a assistir ao treino.

— Você é maluco, Ethan.

— Não sou.
Assim como ela volto a prestar a atenção no treino e dessa
vez, sou obrigado a ficar em pé e gritar com meu time.
Como eles podem estar errando tantas besteiras?

Ao final eu estou rouco e Abigail está rindo de mim


enquanto deixamos o estádio e vamos na direção do
estacionamento.

— Se você desistir de ser jogador poderá ser treinador.

Debocha e eu apenas faço uma careta. Assim que entramos


no carro e Abigail o coloca em movimento viro-me para ela.

— Consegui provar para você que nós jogadores não somos


tão ruins?

Ela para de rir e uma expressão séria toma conta do seu


rosto.

— Algumas coisas não são tão simples assim.

Mais uma vez, pergunto-me o que pode ter acontecido para


que ela tenha todo esse receio por jogadores de futebol
americano.

— Relacionamento ruim?

Sua resposta é negar com um gesto com a cabeça. O que


faz com que fique ainda mais curioso. Droga!

— Almoço na sua casa?

Muda de assunto.

— Sim, e depois pretendo correr na esteira.

Assente.
— Em qual a academia?

— Na da minha casa.

Ela ri debochada.

— Às vezes, eu esqueço o quão rico vocês são.

— Você deveria malhar comigo.

— Não tenho roupa.

Uma ideia surge em minha mente.

— Podemos passar na sua casa e buscar o que você precisa.

— Isso é um pretexto para você conhecer a minha casa?

— Mordo meu lábio inferior e não a respondo. — Ok, Ethan,


tudo porque prometi que daria chance de você se tornar
meu amigo.

Sorrio satisfeito e os lábios de Abigail se curvam em um


sorriso discreto. Nós ficamos em silêncio e ela dirige ainda
pelo campus.

— Você mora no campus?

— Você não sabia?

— Não, acho que você nunca me falou e nunca pensei


sobre.

— Moro no Bryce Lawn.

Forço minha mente para lembrar qual tipo de residência é


essa.
— Nos apartamentos?

— Isso, nos pequenos apartamentos que devem ser do


tamanho da sua cozinha.

— Não seja exagerada.

Apoio minha cabeça no banco e fico a encarando.

— Estou falando sério.

— Eu duvido.

É óbvio que ela está sendo exagerada, mesmo que a nossa


cozinha seja grande. E assim que estaciona em frente aos
prédios fica evidente o quanto estava sendo exagerada.

— Você é muito exagerada.

Digo enquanto caminhamos na direção dos prédios e ela dá


de ombros. Seguimos para a primeira edificação de dois
andares de tijolos à vista e estilo clássico. Abigail me guia
até a porta e a abre, então para de lado e me encara.

— Bem-vinda à minha residência.

Sorrio e entro no apartamento. O primeiro cômodo é uma


sala, há um sofá, televisão e uma cozinha com o básico,
armário, fogão e uma geladeira.

— Eu falei que era pequeno.

Ela passa por mim e caminha na direção de um pequeno


corredor e eu sigo logo atrás dela.

— Eu não disse que você podia me seguir.

— Se você conhece meu quarto é justo que conheça o seu.


O corredor tem quatro portas e Abigail abre a segunda à
esquerda. Ela entra no cômodo e eu entro logo atrás. É um
lugar

pequeno com uma cama de solteiro, uma mesa de estudos,


uma cômoda, um pequeno móvel ao lado da cama e um
armário.

Sei que esse tipo de residência não é barato, mas para


alguém que dirige um carro como o dela é. Algo não faz
sentindo.

— Esse é o meu humilde quarto, quarterback.

Eu sorrio e olho ao redor. Há alguns livros, muitos livros de


suspense e terror, espalhados por cima dos móveis e há um
mural com fotos pendurado na parede e me aproximo dele.
Observo-o e me dou conta que a maioria das suas fotos são
com Dakota e Brooke.

— Você mora com Dakota e Brooke?

— Sim.

Existem outras garotas nas fotos, porém não há fotos com


seus pais.

— Não há fotos com seus pais.

Olho para Abigail e ela está pegando algumas peças de


roupa e colocando em sua mochila.

— Eles não merecem que eu tenha foto com eles.

Pela sua voz dá para perceber que não têm uma boa
convivência.
— Problema com jogadores, com pais... — Faço uma
associação em minha cabeça. — Seu pai era jogador?

Ela para, continua sem olhar na minha direção e respira


fundo.

— Você está perto de descobrir meu segredo, quarterback.

— Sua voz soa debochada, mas existe algo além disso. —

Vamos?

— Vamos.

Ela fecha a mochila, coloca sobre seu ombro, sai do quarto e


estou a seguindo quando me deparo com uma bonequinha
da Fiona sobre sua cômoda.

— Isso é seu?

Ela olha para trás e aponto para a bonequinha, Abigail


assente e dá de ombros.

— Ela é a minha princesa preferida.

Eu vou até ela e passo meu braço pelos seus ombros.

— Ela não é uma princesa.

— Ela é sim.

Vamos discutindo se a Fiona do Shrek é ou não uma


princesa e quando entramos no carro deixo que ela vença e
a

encaro com um sorriso.

— Você é uma pessoa engraçada, bonitinha.


Ela dirige para minha casa e quando chegamos trocamos de
roupa e vamos para a academia que fica do lado da área de
lazer. Abigail veste uma calça de malhar e um top, que
marca todo seu corpo. É impossível não ficar olhando a todo
instante na sua direção e enquanto a encaro, mesmo
quando estou fazendo os meus exercícios, eu desejo que
pudéssemos ser mais que amigos.

Abby

— Você deveria fazer uma pausa.

Olho para o lado e Ethan coloca o livro que estava lendo ao


seu lado e me encara. Eu balanço minha cabeça negando e
suspiro.

— Preciso continuar estudando.

— Você fez isso a tarde toda.

Volto a olhar para meu Ipad, há muitas anotações e


marcações. Realmente estudei bastante.

— Eu não sei se estudei tudo.


Mordo meu lábio inferior.

— Eu acho que você estudou o suficiente.

Talvez ele esteja certo, porque meu pescoço está doendo e


não consigo mais me concentrar, preciso ler e reler várias
vezes o mesmo parágrafo.

— Você se cobra demais, bonitinha.

— Eu preciso, porque estou tentando obter um dual degree,


ou seja, quero o título de graduação em saúde pública e de
mestre em treinamento atlético.

Ele fica em pé e sinto-o se aproximando, ele para logo atrás


da cadeira que estou ocupando e coloca sua mão em meu
ombro.

— Você vai. — Aperta-o como se estivesse fazendo uma


massagem. — Mas precisa relaxar também.

Encolho-me e faço com que ele o solte.

— Você tem a mão pesada.

Sorrio e deixo a cadeira, então apoio minha bunda na sua


mesa de estudo, Ethan está à minha frente e faz uma
careta.

— Eu não tenho a mão pesada.

— Acredite, você tem.

— Isso não importa, o que importa é que como seu amigo


estou dizendo que deve parar de estudar.

Olho para meu Ipad. Será que realmente já estudei o


suficiente?
— A prova é amanhã.

Sussurro.

— E você estudou muito.

Ele estende seu braço e entrelaça minha mão na sua, então


a aperta.

— Hoje é quinta, Abigail e você está estudando desde


segunda para essa prova. — Ele está certo. — São seis
horas da tarde e não será nada saudável ficar estudando à
noite, o melhor é você relaxar.

Respiro fundo e fecho meus olhos, ele volta a apertar meus


dedos nos seus e por um momento esqueço-me de tudo e
apenas me concentro na sensação de tranquilidade que ele
me passa.

— Ok, não irei estudar mais.

Abro meus olhos e ele está sorrindo.

— Ótimo.

Ele está prestes a continuar falando quando o som do


celular tocando ecoa pelo quarto. Ethan faz uma careta,
solta minha mão e pega o aparelho em seu bolso.

— É a minha mãe.

Seu dedo desliza pela tela, mas não leva o celular até sua
orelha e sim posiciona-o em frente ao seu rosto.

— Hey, mãe.

É uma chamada de vídeo.


— Hey, querido, tudo bem?

Eu faço um sinal para que ele olhe para mim.

— Tudo bem, e com a senhora?

Ele olha na minha direção enquanto sua mãe responde que


está ótima.

— Eu vou sair.

Falo sem emitir som algum e aponto para a porta. Ele


balança a cabeça negando e eu estou prestes a ignorá-lo.
Dou um passo para o lado e é quando escuto a voz da sua
mãe.

— Você está com alguém, querido?

Faço uma careta e balanço a cabeça de um lado para o


outro. Sua mãe não precisa saber que estou aqui.

— Eu estou. — Para meu desespero vira o celular e me


deixa visível para sua mãe. — Essa é a Abigail, a babá que
Liam contratou e atualmente minha amiga.

Sem ter o que fazer, ergo minha mão e aceno para a loira
bonita da tela, ela acena de volta e sinto meu rosto
vermelho. Eu vou matar o Ethan.

— Prazer, querida.

Sorrio, um sorriso que espero ser gentil.

— O prazer é meu.

— Espero que meu filho não esteja dando muito trabalho.

— Não ouse responder que estou dando trabalho.


Ele me corta e se aproxima de mim, para ao meu lado e
passa seu braço pelos meus ombros.

— Por essa intromissão dele a senhora pode tirar suas


conclusões.

Ela ri.

— Não me chame de senhora, me chame apenas de Karen.

— Ok, Karen.

— E você está certa apenas pela intromissão de Ethan, eu


sei que ele está te dando trabalho.

Ethan nega e nós duas rimos. O momento inicial e


constrangedor passa e nós três conversamos
animadamente.

Karen faz pergunta sobre a recuperação do filho e demostra


preocupação, ela também pergunta das aulas e provas.

Ela é simpática e aparenta ser como uma mãe deve


parentar, não de aparência física, mas de sentimento ,
essência.

Assim que Ethan encerra a ligação, depois de nos


despedirmos da sua mãe, ele me encara com uma
expressão estranha em seu rosto.

— O quê?

Sua mão não está mais em meu ombro e ele está com o
corpo apoiado na mesa.

— Você gostou da minha mãe?

Franzo minha testa.


— Por que você está me perguntando isso?

Inclina a cabeça para o lado e me encara de forma inocente.

— Porque você é a minha amiga.

Volta a endireitar a sua cabeça e sorri, um sorriso brilhante


de orelha a orelha. Como não o responder?

— Gostei, ela é muito legal. — Encaro-o debochada. —

Totalmente diferente do filho.

Ele estreita seus olhos, afasta-se da mesa e se aproxima de


mim. Eu ergo minhas sobrancelhas e ele sorri.

— Eu posso estar com um braço imobilizado, porém consigo


fazer cócegas.

Dou um passo para trás.

— Você não ousaria, lembre-se de que poderia ser perigoso


para seu ombro.

Ele continua se aproximando.

— Eu vou correr, Ethan.

Ela dá mais um passo em frente e eu corro, é claro que ele


corre atrás de mim e como suas pernas são bem maiores
que as minhas não demora a me alcançar. Sua mão
encontra minha cintura e me puxa contra seu corpo.

— Lembre-se do meu ombro, bonitinha.

Claro que ele jogaria sujo. Sinto sua respiração em meu


pescoço e sua mão sobe até minha barriga. Antes que eu
possa
estar preparada ele começa a fazer cócegas e
instantaneamente começo a rir e por mais que tente não
consigo não tentar me desvencilhar.

— Pare.

Grito entre os meus ataques de risos. E o idiota não para,


apenas continua me fazendo cócegas. Estou quase fazendo
xixi quando ele finalmente para, estou ofegante e dolorida.
Viro-me e ele está sorrindo.

— Lembre-se disso da próxima vez que me sugerir que eu


não sou uma pessoa legal.

Eu bato em seu peito.

— Isso é jogo sujo.

Estou tentando não sorrir e pela expressão de Ethan ele


sabe que não estou assim tão chateada com ele.

— A gente joga com o que tem, bonitinha.

Pisca em minha direção e para que ele não veja que estou
sorrindo viro-me ficando de costas. Eu vou até a mesa de
estudos para pegar meu celular e sinto seu olhar sobre
mim. Meu corpo se aquece, sinto um calor diferente e
minha respiração se altera.

É como se o ar mudasse de repente, como se tudo que eu


mais quisesse é que ele se aproximasse de mim.

— Deveríamos irmos ao cinema. — Sua voz parece


diferente, talvez ele também sinta o que eu estou sentindo.
—O

que você acha?


Pisco algumas vezes, respiro fundo, pego meu celular e
volto a olhar para ele.

— Eu não gosto de cinemas.

Ethan arregala seus olhos.

— Você não pode estar falando sério.

Assinto e dou de ombros.

— Só assisto filmes em casa e meus preferidos são


animação.

— Inacreditável, a minha patricinha emo, gótica, trevosa,


gosta de filmes de animação.

Balanço minha cabeça sorrindo.

— Primeiro, não sou sua, segundo, emo, gótica, trevosa?

Sorri, aquele sorrisinho de lado que faz borboletas surgirem


em meu estômago e me faz sentir totalmente estranha.

— Primeiro, você é minha, só não assumiu ainda. — Suas


palavras causam um alvoroço em meu peito. — Segundo, eu
gosto desse seu jeito emo, gótico, trevoso.

Pisca em minha direção e se joga na sua cama.

— Então, qual é a sua animação preferida?

Assim que eu digo Shrek, ele liga a televisão e procura pelo


meu filme.

Jamais imaginaria que eu me deitaria ao lado de Ethan na


sua cama e assistiria Shrek com ele, mas é exatamente o
que acontece.
Eu me junto a ele na cama e fico ao seu lado. Há um espaço
entre nós, mesmo assim eu me sinto como se seu corpo
estivesse tocando o meu. Fico em alerta o tempo todo e
ainda pior quando olho para o lado e o encontro me
encarando. Não é constrangedor, pelo contrário faz com que
uma faísca de satisfação vibre em meu peito.

É na metade do filme quando Ethan deixa o quarto para


fazer pipoca, ofereço-me para ir junto, porém ele recusa,
segundo ele, eu preciso apenas relaxar e descansar. Aperto
o botão de pausa no controle e encaro o teto do seu quarto.

Eu prometi que daria a chance de Ethan se tornar meu


amigo, eu só não achei que ele conseguiria me convencer
tão rápido a ser sua amiga. Talvez, ele esteja certo. Talvez,
nunca realmente o tenha odiado.

Tudo que eu fiz talvez tenha sido tentar odiá-lo. Espero


apenas não estar fazendo a escolha errada ao baixar a
guarda, espero que ele realmente seja diferente de Liam.

Ele não demora a voltar e com um balde de pipoca e duas


latas de refrigerante em uma sacola já que só tem uma das
mãos disponível.

— Espero que isso seja o suficiente.

Eu me sento com as costas apoiadas na cabeceira e o


encaro debochada.

— Isso é mais que o suficiente.

Ele volta a se sentar ao meu lado e deixa as coisas entre


nós, eu pego os refrigerante da sacola e os abro já que
Ethan não conseguiria. Ele assim como eu apoia suas costas
contra a cabeceira da cama.
— Sabe, eu tento não ser uma pessoa que fica reclamando
e nem focando nos acontecimentos negativos, porém
detesto

estar com meu braço direito imobilizado.

Joga sua cabeça para trás e não olha em minha direção.

— Hey, em breve poderá ficar sem a tipoia, apenas mais


alguns dias.

Suspira.

— Eu espero que você esteja certa. — Ele volta a endireitar


sua cabeça, olha em minha direção e sorri. — Gostou da
pipoca?

Levo minha mão até o balde e a encho com pipocas, então


as levo até minha boca e ele me encara com expectativas.

Término de mastigar e faço um suspense. Ethan faz uma


careta.

— Meu Deus, Abigail, fale logo.

Eu sorrio, mordo meu lábio inferior e por fim acabo com a


angústia de Ethan.

— Está ótima.

Ele parece aliviado.

— Você é má.

Balanço minha cabeça enquanto aperto o botão do play no


controle, então nós trocamos um último sorriso e voltamos a
assistir ao filme e quando os créditos sobem pela tela olho
para o lado e Ethan está me encarando.

— Por que você gosta tanto desse filme?

Apoio minha cabeça contra a cabeceira e continuo o


olhando.

— Porque ele não é convencional, não é o que esperamos e


mesmo assim tem um final feliz.

Assim como eu apoia sua cabeça na cabeceira e mantém


seu olhar em mim.

— Porque você não é convencional.

Sorrio.

— Talvez seja por isso mesmo.

Seus olhos brilham enquanto ele continua me encarando e


gosto da forma como ele está me olhando, faz meu coração
bater de uma maneira diferente e um sentimento tranquilo
ecoar em meu peito.

— Eu gosto mais do segundo filme quando ele vira um


príncipe, acho que combina mais comigo.

Reviro meus olhos.

— Eu acho que um ogro combina totalmente com você.

Ele ri e em seguida ficamos em silêncio. Não é esquisito e


nem desagradável. Depois de alguns minutos, Ethan fica em
pé e me estende a sua mão.

— Boatos que Dylan está fazendo comida mexicana para o


jantar, na verdade, acho que ele já deve ter feito.
Coloco meus dedos sobre os seus.

— Comida mexicana parece uma ótima ideia.

Ele me ajuda a ficar em pé, então desvencilho minha mão


da sua e seguimos para a cozinha.

— Sabe, eu sinto falta de quando Abigail odiava Ethan.

Aiden debocha assim que entramos na cozinha, ele está


sentado de frente para o balcão, eu vou até ele e me sento
ao seu lado.

— Eu acho que Aiden está com ciúmes de Ethan.

Dylan o provoca enquanto cozinha.

— Não precisa ter ciúmes, ele sempre será seu.

Complemento a fala de Dylan e todos rimos. Nós ficamos na


cozinha e jantamos enquanto provocamos uns aos outros.
Ao fim da noite auxílio Ethan no que ele precisa e em
seguida vou embora.

Eu chego em casa, as meninas estão dormindo, e vou direto


para o banheiro, porque preciso urgentemente de um
banho. A água caí sobre meu corpo e me dou conta de que
consegui relaxar, eu me esqueci do dia de amanhã e da
prova que terei.

Ethan conseguiu.

Saio enrolada em uma toalha e vou para o meu quarto, eu


abro meu guarda-roupa para escolher um pijama, porém me
deparo com a blusa de Ethan, aquela que ele me emprestou
no domingo, mudo de ideia e a visto para dormir.
Ethan

Eu entro na cozinha, Abigail e os caras estão preparando o


nosso jantar. Apoio meu ombro não imobilizado contra o
batente da porta e a observo. Ela joga a cabeça para trás e
ri de algo que Dylan falou que eu não sei o que é, porque
estava apenas prestando atenção nela.

— Hey, você está bem?

Josh pergunta ao notar minha presença e Dylan, Aiden e


Abigail se viram em minha direção.

— Um pouco melhor.

Resmungo, porque meu ombro continua doendo.

— Seu ombro ainda está doendo?

Abigail me pergunta e assinto, porque não posso mentir, ela


tem que saber exatamente o que estou sentindo.

— Ainda.
— É normal, hoje é o primeiro dia em 20 dias que está com
ele livre.

Escuto as palavras de Abigail e encaro meu ombro que


agora está livre da tipoia.

— E se continuar doendo?

— Você parece um bebê chorão.

Josh que está cozinhando para e me acusa, inclusive me


aponta seu dedo feio.

— Não sou um bebê chorão, apenas estou preocupado. —

Reviro meus olhos e me aproximo de Abby que está sentada


de frente para os caras. — O que eles estão fazendo?

Ela sorri animada.

— Costela de porco e molho barbecue.

Como sei que esse é um dos pratos preferidos de Abigail,


sei que é por ela que eles estão todos juntos cozinhando.

— Eles continuam tentando fazer você escolher um


preferido?

Recentemente Aiden, Josh e Dylan estão em uma


competição para serem o preferido de Abigail.

— Eu ainda não consegui me decidir.

Faz um biquinho e eu ergo minhas sobrancelhas.

— Você ainda não lhes disse que há apenas um preferido?

E nesse caso sou eu.


Ela sorri enquanto Josh protesta.

— Você é o último da lista.

Continuo olhando para Abigail e ela não desvia os olhos de


meu rosto.

— Foi isso que você disse para eles, bonitinha? — Viro-me e


encaro meus amigos. — Não é isso que ela tem me dito em
segredo.

Ela bate em meu braço.

— Não minta, Ethan.

Dylan olha para Abigail e pisca na sua direção.

— Não se preocupe, Abby, nós sabemos que jamais diria


algo assim. — Ele se vira para mim e sorri debochado. —
Nós

sabemos que você está sendo obrigada a ser amiga de


Ethan.

Balanço a cabeça, mas não tenho chance de me defender,


porque o som da campainha ecoa pela cozinha.

— As meninas chegaram.

Abigail pula da cadeira.

— Que meninas?

Olho para o lado e encaro Abigail.

— Brooke e Dakota. — Dá de ombros. — Faz semanas que


não posso jantar com as minhas amigas, então hoje elas
irão jantar com a gente.
Vira-se e caminha na direção da porta, porém antes de sair
olha para trás e aponta seu dedo na direção de Josh.

— E você se comporte Josh.

Josh levanta as mãos para cima e abre a boca para se


defender, porém ela olha em frente e o ignora. Eu fico
observando-a sair da cozinha com um sorriso no rosto e
mesmo depois de perdê-la de vista sigo encarando o lugar
pelo qual ela acabou de passar.

— Você sabe que gosta dela, não é?

Desvio meus olhos e olho para Josh sem entender.

— É claro que eu gosto dela.

Josh e Aiden trocam um olhar.

— Não desse jeito.

Dylan me diz sorrindo e franzo minha testa.

— Não sei do que vocês estão falando.

É óbvio que gosto de Abigail, nós temos passado os últimos


vinte dias juntos e nas últimas duas semanas, ela tem me
deixado me aproximar dela, ou seja, temos nos tornado
amigos. E

em pouco tempo sei que ela é a melhor amiga mulher que


eu já tive, talvez por estarmos juntos praticamente todos os
dias a conexão que estabelecemos seja mais forte.

Josh se curva no balcão e me encara debochado, porém não


fala nada, porque nesse momento as meninas entram na
cozinha. Olho para o lado e Brooke e Dakota estão seguindo
Abigail.
— Hey, jogadores.

Brooke acena na nossa direção. E nós fazemos o mesmo.

Dakota apenas sorri e mantém seu olhar longe de Josh. Eu


perguntei o que houve entre os dois para meu melhor
amigo, porém ele desconversou e não me explicou porra
nenhuma.

Abigail volta a se sentar ao meu lado, Dakota se senta do


seu outro lado e Brooke se aproxima dos meninos, ela para
entre Aiden e Josh e apoia sua mão nas costas deles.

— Eu acho um máximo vocês cozinharem, ricos, famosos,


jogadores e bons na cozinha, qual é o defeito deles?

Pergunta para Abigail que olha para a amiga com uma


expressão debochada em seu rosto.

— Eles não prestam.

As três riem enquanto Josh, Aiden e Dylan tentam se


defender, eu nem tento.

— Bom, se minha amiga está dizendo eu acredito nela. —

Brooke se afasta dos meninos e caminha na direção da


geladeira.

— Vocês têm cerveja?

— É claro, gatinha.

Aiden é quem a responde e ela sorri.

— Você nunca me decepciona, bonitão.


Brooke pega algumas cervejas na geladeira e se senta de
frente para nós. Eu sou o único a não beber, porque estou
medicado, o restante bebe enquanto os meninos cozinham.

Os nossos assuntos são os mais variados possíveis e


acontece mais de um ao mesmo tempo. Somos uma
bagunça.

— Nós deveríamos fazer uma festa de Halloween.

É claro que a ideia é de Aiden que grita de repente e


interrompe todos os assuntos.

— Ainda faltam semanas para o Halloween.

Dakota e Josh falam ao mesmo tempo o que leva os dois a


fazerem uma careta.

— O que é perfeito, porque nos dá a chance de organizar


algo grande.

Brooke faz um sinal de aprovação na direção de Aiden com


a cerveja que tem em mãos.

— Eu gosto da sua ideia e posso ficar responsável pelos


convites.

Dylan se voluntaria.

— Eu quero ficar com as bebidas.

Josh também se manifesta e então um por um decidimos o


que cada um fará.

Jantamos enquanto planejamos uma festa, dividimos as


tarefas e depois vamos para o jardim, ocupamos as
espreguiçadeiras e aproveitamos o fim da noite. Brooke,
Aiden, Josh e Dylan pulam bêbados e vestidos na piscina.
Dakota, Abigail e eu ficamos rindo dos quatro.

Apesar de estar rindo e aproveitando a noite com meus


amigos meu ombro está doendo. É uma droga não estar
cem por cento.

— Você está com dor?

Abigail deixa a espreguiçadeira que estava dividindo com a


amiga e se senta ao meu lado.

— Não.

Minto e ela estreita seus olhos.

— Você está mentindo. — Ela está bem perto, perto o


suficiente para ver a cor exata dos seus olhos que parecem
estar brilhando por causa da iluminação. Ela é tão bonita. —
Você está fazendo umas caretas de dor.

Paro de olhar para ela e encaro o chão.

— Só um pouco.

Coloca sua mão sobre a minha e por alguns segundos,


observo seus dedos sobre os meus. Há algo diferente
quando ela me toca, ou meus dedos encostam em sua pele.

Suspiro e desvio os meus olhos para longe.

— Acho que vou subir para o meu quarto.

Talvez, tudo que precise seja de um remédio e de cama.

Quem sabe amanhã, não amanheça melhor?


— Eu vou com você e podemos fazer uma compressa de
água gelada.

Balanço a cabeça negando.

— Você não precisa subir comigo. — Faço um gesto com


meu queixo na direção dos nossos amigos. — Fique se
divertindo.

Ela ri.

— Se divertindo? — Faz uma careta. — Eles estão bêbados e


Dakota está dormindo.

Olho para Dakota e ela realmente está dormindo.

— Acho que ela está babando.

— Ela com certeza está.

Abigail concorda e nós dois rimos. Por fim, nós dois ficamos
em pé e seguimos para a cozinha, pegamos o gelo para a
compressa e vamos para o meu quarto.

Ao chegar Abigail pega uma toalha no banheiro enquanto eu


tiro minha camisa. E quando retorna eu estou sentado na

cama, ela se aproxima com o gelo já enrolado na toalha e o


deixa sobre meu ombro.

— Isso pode ser algo ruim?

Ela morde seu lábio inferior e demora alguns segundos para


me responder.

— É normal você sentir um certo desconforto, porém não


pode continuar com dor, se persistir precisamos ir falar com
o Miller antes de terça.
Suspiro e assinto.

— Irá ficar tudo bem.

Abigail está sorrindo para me tranquilizar e sou eu que


estou de cara fechada.

— Isso é uma grande ironia.

Sorrio e ela ergue suas sobrancelhas.

— O que é uma grande ironia?

— Você sorrindo e eu emburrado, você é a grumpy[16] da


nossa relação.

Ela ri e balança a cabeça de um lado para outro.

— Não sou assim tão rabugenta, você é que o mister


Sunshine.

Mantenho meus olhos presos ao seus e o sorriso some dos


meus lábios.

— Obrigado por estar aqui, por tornar o processo mais leve.

Ela pisca sem saber como reagir e há uma vibração em meu


peito feliz por conseguir desconcertá-la. Sou eu que faço
isso com ela.

— É o meu trabalho.

Sussurra.

— Não importa, o fato é que você está aqui e eu gosto que


seja você. — Minha respiração se altera e tudo ao nosso
redor perde a importância, é como se fôssemos apenas nós
dois. — E
eu não queria que fosse mais ninguém.

Encaro-a como se ela possuísse o meu coração.

— Eu estou feliz que seja eu também.

Sussurra. Há uma tensão entre nós. Algo que nos puxa um


para o outro. Algo que faz com que eu queira
desesperadamente ficar em pé e a beijar.

É como se ela fosse tudo que eu preciso. Como se de


repente ela fosse o meu ar.

Não suporto continuar olhando para ela, é demais, então


apoio minha testa na sua barriga e encaro o chão. Traz sua
mão até minha cabeça e seus dedos brincam com os fios do
meu cabelo.

É o contato mais íntimo que temos desde que nos


conhecemos com exceção do dia que dormiu em meu
ombro, porém ambos estávamos bêbados e agora é
diferente.

Trago minha mão até sua cintura e a aperto como se fosse


minha tábua de salvação. Escuto sua respiração se alterar.
Fecho meus olhos e respiro fundo.

Ela está sentindo tanto quanto eu.

Ainda estou com os olhos fechados quando Abigail afasta a


toalha do meu ombro e toca meu ombro com seus dedos. É

ainda pior sentir seu toque e mais uma vez preciso respirar
fundo.

— Você é o único dos meninos que não tem nenhuma


tatuagem.
Abro meus olhos, afasto minha cabeça da sua barriga, ergo
meu rosto e a encaro. Ela está me olhando como se
estivesse

memorizando cada parte do meu rosto.

— Tenho medo de agulha.

Ela sorri e continua traçando círculos invisíveis com as


pontas dos seus dedos em meu ombro.

— Um homem desse tamanho com medo de uma agulha.

Faço uma careta.

— É sério, só de ouvir falar em agulha sinto uma pressão em


meu peito.

Ela dá um passo para trás e se afasta de mim, no mesmo


instante é como se levasse uma parte de mim com ela.

— O perfeitinho, não é tão perfeitinho assim.

Zomba enquanto fica de costas e caminha pelo meu quarto.

— Esse perfeitinho acabou com meu ego.

Ela ri e apenas de ouvir sua risada meu coração bate


diferente.

— Essa é a intenção, perfeitinho.

Eu deveria ficar ofendido? Porque não fico, pelo contrário,


eu apenas sorrio como um idiota. Abigail se aproxima da
minha

estante e mais uma vez pega o porta-retratos que tem uma


foto em que eu estou com a minha mãe.
— E seu pai?

Ela se vira em minha direção segurando-o.

— Não tenho.

Não explico e espero por sua reação. Ela abre e fecha sua
boca sem saber o que dizer.

— Assunto complicado?

Balanço minha cabeça negando.

— Não, minha mãe escolheu fazer uma inseminação


artificial, então não sei quem é meu pai e é isso. — Ela
morde seu lábio inferior e me encara curiosa. — Pode me
fazer perguntas, porque é óbvio que tem algumas.

Ela ri, porém uma sombra surge em seus olhos.

— Você não sente falta de um pai? Curiosidade? Nunca ficou


revoltada com sua mãe pela escolha dela?

É nítido que as suas perguntas são um reflexo do que ela


mesma sente.

— Senti em algum momento da minha vida, mas passou.

Assente.

— Como foi ter apenas sua mãe por perto?

— Minha mãe é ótima, além disso, meu avô e o meu tio, pai
de Aiden são presentes em minha vida.

Ela assente mais uma vez e fica de costas.

— Deve ser ótimo ter uma família.


Resmunga, mas alto o suficiente para que eu escute.

— E a sua família, botinha?

— Minha família? Não sei se realmente tenho uma. —

Suspira e volta a ficar de frente para mim. — Precisamos


enfaixar seu ombro.

Ela vai até a cômoda, pega a faixa e se aproxima de mim.

— Um dia você irá me falar sobre sua família?

— Talvez.

Ficamos em silêncio enquanto ela enfaixa meu ombro,


apesar disso continuamos trocando olhares repletos de
intensidade. Quando me senti assim? Uma vozinha em
minha mente acusa que nunca.

— Prontinho, quarterback.

Ela dá um passo para trás, porém antes que se afaste


seguro seu pulso.

— Dorme comigo?

— Aqui?

Assinto e sorrio.

— Você tem obrigação de dormir comigo se estiver com dor,


lembra? Está no contrato.

Não é por isso que a quero aqui, nós dois sabemos disso.

Seus olhos brilham e Abigail suspira como se realmente


ficar fosse algo pesaroso.
— Eu vou ficar, mas preciso de outra camisa sua
emprestada.

Abby

Ele sorri, o sorriso que me desarma por completo, como


pode ser tão bonito?

— Mais uma para você roubar?

Balanço minha cabeça negando e sorrio.

— Eu não roubei sua camisa.

Ele ergue suas sobrancelhas.

— Eu não a vejo em lugar nenhum no meu quarto.

Sorri debochado.

— Peguei emprestado. — Dou de ombros. — Um dia a


devolvo.

Ele assente e continua rindo.


— Tudo bem, tudo bem, pode pegar outra. — Encara-me
com um brilho em seus olhos. — Você pode pegar quantas
camisas quiser, eu posso te dar todas as minhas camisas,
não ligo de ficar andando nu por aí.

Ele solta meu pulso e dou um passo para trás.

— Tenho certeza de que as garotas iriam amar.

Provoco-o, porém ao imaginar várias garotas ao seu redor


sinto uma pontada estranha em meu peito.

— Elas iriam amar com certeza.

Pisca em minha direção e eu reviro meus olhos.

— E você também, não é?

Minha voz soa mais amarga do que gostaria que soasse.

— Ciúmes? Querendo esse corpinho só para você?

Viro-me de costas para que ele não possa ver meu rosto e
vou até seu armário.

— Perfeitinho, menos, bem menos. — Abro seu guarda-


roupa e encaro a parte em que estão as suas camisas. —
Qual

posso pegar?

— Qualquer uma. — Eu pego uma de time, a clássica e


tradicional camisa carmesim com o número em branco, no
caso do Ethan o 18 e o seu nome. — Para quem não gosta
de futebol americano...

Ele está debochando de mim.


— Ela é a maior. — Justifico-me e ele apenas ri. — Estou
indo tomar banho.

— Fique à vontade.

Eu vou para o banheiro, pego uma toalha limpa embaixo da


pia, prendo meu cabelo em um coque e tiro minha roupa.
Entro no chuveiro e enquanto a água corre sobre o meu
corpo me pergunto o que estou fazendo? Por que estou
ficando aqui?

Droga, eu aceitei dormir com Ethan e sei que não é porque


ele está com dor, deveria ser por isso, mas não é.

É porque ele faz com que eu seja alguém diferente, com


que eu me sinta especial, como poucas vezes me senti na
vida.

Ele tem a capacidade de tirar o melhor de mim, de me fazer


rir das suas piadas idiotas e de tornar tudo mais leve.

Suspiro e sorrio ao mesmo tempo. Como uma idiota, uma


adolescente boba, coisa que nunca fui.

Ao terminar o banho desligo o chuveiro, seco meu corpo e


visto sua camiseta e a minha calcinha, por sorte sempre
tenho uma calcinha extra na mochila. Sua camiseta fica
grande em mim, cobre mais da metade da minha coxa,
super comportada.

Eu saio do banheiro e Ethan está deitado na cama mexendo


no celular, então ele coloca o aparelho de lado e me encara.
A forma como percorre meu corpo com seu olhar faz com
que um arrepio suba pelo meu corpo e desperte partes que
não deveriam ser despertadas.

— Você fica linda na minha camisa.


Ele está sorrindo, sua voz diz que está me provocando, mas
seu olhos dizem que é sério, não são simples palavras.

Engulo em seco, respiro fundo e dou um passo em frente.

— Eu fico bem de vermelho.

Ele ri e balança a cabeça.

— Você fica linda com a minha camisa.

Frisa a palavra minha e meu coração dá um salto em meu


peito. Droga, o que diabos estamos fazendo?

— Vá tomar banho, Ethan, que eu não irei dormir com gente


fedendo.

— Hey, eu não estou fedendo.

Ele se ajeita e se senta na cama com os pés no chão. Eu


dou de ombros e sorrio. Pelo menos o sorriso disfarça o meu
nervosismo.

— Você está.

Ele fica em pé e estreita seus olhos em minha direção.

— Não estou e vou provar. — Dou um passo para trás e ele


avança. —— Você sabe que irei te alcançar.

Sorri debochado e balanço minha cabeça.

— Correr atrás das pessoas não é uma boa ideia, lembra?

Faço um gesto com meu queixo na direção do seu ombro,


ele segue rindo, ignora-me e corre na minha direção. Eu
tento correr, mas sequer dou uma volta ao redor do quarto
quando sua mão encontra a minha cintura e ele me puxa na
sua direção.

— Quando você irá aprender a não fugir de mim, Abigail?

Meu olhar encontra o seu e meu coração acelera. Estamos


tão perto um do outro, minha pele queima onde ele está
com a sua mão, apesar da sua camisa entre nós.

— Não estou fugindo.

Seu pomo de adão sobe e desce em sua garganta e ele


aperta com mais força a minha cintura. Nossas respirações
estão ofegantes e não é por causa da nossa breve corrida.

Ele apoia sua testa na minha e fecho meus olhos. É assim


que ficamos, meu peito sobe e desce rapidamente, meu
coração está prestes a deixar meu peito.

O que estamos fazendo?

— Eu vou tomar banho — Assinto. — Mas é porque preciso


de um banho gelado.

Ele dá um passo para trás e abro meus olhos. Ele ainda está
me encarando como se quisesse mais, como se precisasse
de mais. Sua mão deixa minha cintura e sinto falta do seu
toque.

Ethan me olha uma última vez e fica de costas, ele segue


para o banheiro e eu fico parada em pé o observando entrar
no cômodo. É assim que fico por alguns segundos, em
busca de encontrar o controle do meu corpo e da minha
mente.

Sou uma bagunça e uma bagunça ofegante.


Preciso respirar fundo várias vezes, passar as mãos pelo
meu rosto até enfim conseguir voltar a si. Eu pego meu
celular em

minha bolsa e subo na sua cama. Abro o aplicativo de


mensagens e envio uma para as meninas avisando que irei
ficar e dormir aqui.

Elas não me respondem e pelos risos que escuto ainda


estão lá embaixo.

Estava tão imersa no que estava acontecendo aqui que


esqueci das minhas amigas e não ouvi barulho mais
nenhum.

Quem eu quero enganar? Eu me esqueci de tudo.

Sento-me com as costas apoiadas na cabeceira, com os pés


na cama e os joelhos dobrados e fico mexendo nas minhas
redes sociais enquanto espero por Ethan. Eu tento me
concentrar, porém as fotos e postagens são um borrão, não
consigo parar de pensar.

O que irá acontecer? O que eu quero que aconteça? Eu


quero que ele me beije? Eu quero as suas mãos em meu
corpo?

Somente de imaginar certas cenas em minha mente meu


corpo entra em alerta. De repente, é como se estivesse
mais viva, como se tudo em mim ansiasse por ele, por um
simples toque.

Estou perdida em pensamentos quando escuto a porta do


banheiro abrir, instantaneamente minha respiração se
altera e meu coração quase para. Quando foi a última vez
que isso
aconteceu? Quando perdi a virgindade aos dezesseis?

Provavelmente.

Crio coragem e olho para o lado, Ethan está vestindo uma


bermuda e sem blusa nenhuma.

— Foi uma péssima ideia termos enfaixado meu ombro


antes do banho.

Ele ri e eu faço o mesmo. Onde estávamos com a cabeça?

Claramente nenhum de nós estava pensando.

— Vamos refazer isso.

Ele se aproxima e eu deixo a cama. Ele se senta sobre o


colchão e eu paro à sua frente. Há algo entre nós, algo que
nos puxa na direção um do outro que faz com que meu
olhar continue preso ao seu e que torna o ar mais denso.

Toco seu ombro e me concentro em trocar a faixa. Eu


preciso me afastar para pegar uma faixa seca e aproveito
para respirar. Ao voltar Ethan deixa sua mão sobre minha
coxa. O que faz com a minha temperatura corporal
aumente, droga há um tecido entre nós e eu estou assim.

Foco em seu ombro e respiro fundo algumas vezes. Ele puxa


o tecido da blusa para cima e a enrola em seus dedos, mas

não toca minha pele. Caralho!

Quando finalizo dou um passo para trás e olho para seu


rosto, ele tem um sorrisinho que entrega que ele estava me
provocando, aliás ele está.

Estreito meus olhos, ele segue sorrindo, então sorrio e me


desvencilho dele.
— Não esqueça que dois podem jogar esse joguinho de
provocação. — Pisco na sua direção e me viro ficando de
costas para ele. — Eu vou desligar a luz.

Sigo até o interruptor rebolando e caminhando lentamente,


não tenho pressa nenhuma e sinto seu olhar sobre mim. E

quando me viro ele está com olhar fixo, ou melhor, estava


com o olhar fixo na minha bunda.

— Meus olhos são aqui em cima, perfeitinho.

Caminho de volta para a cama com seu olhar sobre mim.

— Você é uma provocadora, má.

Eu levanto o edredom e me deito na parte direita da cama,


cubro-me e perco a conexão com Ethan.

— Você que começou.

Eu não o estou vendo, mas sinto seus movimentos. Ele se


aproxima, ergue o edredom e se deita ao meu lado, por
causa do ombro ele se deita de barriga para cima.

Nós ficamos em silêncio e apenas ouvimos os sons das


nossas respirações. Como é possível parecer existir uma
eletricidade entre nós? É como se nós estivéssemos
produzindo um campo magnético.

— Boa noite, Abigail.

— Boa noite, Ethan.

Eu continuo de lado encarando seu perfil, ele fecha os olhos


e continuo de olhos abertos.

— Eu sinto que você está me encarando, Abigail.


Procura pela minha mão, então a encontra e por alguns,
segundos seus dedos brincam com os meus. Sou eu a me
desvencilhar, porque me aproximo dele, até estar com
minha cabeça sobre seu braço e minha mão espalmada em
seu peito.

— Assim é melhor.

— Assim é bem melhor. — Ele concorda comigo. — Eu não


ter uma tatuagem é um problema?

Sorrio e fecho meus olhos.

— Não, não é.

Não demoro a dormir e tenho uma ótima noite de sono nos


braços de Ethan.

...

Acordo de repente pela manhã, minha cabeça apoiada no


peito de Ethan e minha perna entre as suas. Eu olho para
cima e o observo dormir, ele parece sereno e tranquilo e
mesmo dormindo seus lábios parecem curvados em um
sorriso.

Mister Sunshine. O meu mister Sunshine.

Eu continuo deitada o observando. Desde quando observar


uma pessoa dormir é algo interessante? Eu estou doida e
ficando maluca, é isso.

Antes que eu fique pior e mais doida, eu fico me


desvencilho de Ethan e deixo a cama. Eu pego a mochila e
vou para o banheiro. Pego a minha escova de dentes que
sempre carrego comigo e os escovo.
Em todo momento, eu penso sobre o que está acontecendo.
Eu nunca namorei e perdi a virgindade com um garoto aos
dezesseis anos, nós erámos colegas na escola e o achava
bonito. Depois na faculdade transei com outras pessoas,

mas sempre foi somente isso, sexo. Nunca senti a metade


do que Ethan me faz sentir.

É tudo tão novo e simplesmente não sei o que fazer.

Eu saio do banheiro e Ethan segue dormindo, então deixo


seu quarto e no mesmo instante Dakota está deixando o
quarto de Josh.

— O que você estava fazendo no quarto de Josh?

Ela arregala os seus olhos e balança a cabeça negando.

— Não aconteceu nada entre nós, eu dormi na


espreguiçadeira e ele me trouxe para o seu quarto, foi isso,
apenas isso.

Assinto, porque não sei o que pensar sobre o assunto.

— Café?

Ela morde seu lábio.

— Estava pensando em ir embora.

— E Brooke?

Eu vou até ela e uma ao lado da outra descemos as


escadas.

— Com Aiden.

Faço uma careta.


— Espero que esses dois não acabem se machucando.

Dakota assente e concorda comigo. Assim que descemos o


último degrau minha amiga faz menção de caminhar na
direção da porta, mas engancho meu braço no seu e a faço
parar.

— Fique mais um pouco e vamos preparar algo para


comermos.

Faço um beicinho e ela revira seus olhos.

— Ok, ok.

Comemoro sorrindo e vamos para a cozinha. Nós


preparamos um café e ovos e nos sentamos uma de frente
para a outra com o balcão entre nós.

— E você e Ethan? — Olho para os ovos mexidos que tenho


no prato para não olhar para Dakota. — O que vocês têm?

— Nada.

Respondo rapidamente e ela ri.

— Vocês não parecem não ter nada.

Dou de ombros e volto a olhar para minha amiga.

— Nós somos amigos.

— E tudo está sobre controle?

Ela ergue suas sobrancelhas, então faço uma careta.

— Não, nada está sobre controle.


Ethan

Como uma semana pode ser tão incrível e ao mesmo tempo


tão terrível? E não, não foi porque meu ombro doeu, ou algo
do tipo, foi porque Abigail Jones é meu inferno pessoal.

Desde sexta-feira as coisas entre nós claramente mudaram,


ainda somos amigos, ainda rimos juntos, ainda nos
provocamos, porém há uma intensidade, uma força que nos
conecta e nos atraí na direção um do outro.

E agora no meu primeiro treino de volta ao meu time, não o


treino de fato, mas, o aquecimento, não consigo me
concentrar,

porque ela está aqui, na arquibancada. Ela está aqui por


mim.

Abigail que nem gosta de jogadores de futebol americano


está aqui por mim. O meu tormento pessoal, aquela que
tem tirado minha paz e meu sono está aqui e seus olhos
estão em mim.
Enquanto corro em volta do campo, olho em sua direção
mais vezes do que consigo contar e mesmo que ela não
possa ver eu sorrio.

Porra, eu estou maluco.

— Cara, onde está sua mente?

Oliver se aproxima e corre ao meu lado, eu olho para ele e


franzo minha testa.

— Do que você está falando?

Finjo que não o entendo.

— Você está distraído e nem tente negar, além de ficar


olhando para os lados como se estivesse perdido algo,
chamamos por você e fomos ignorados.

Volto a olhar em frente e corro mais rápido para dar mais


veracidade ao que estou prestes a falar.

— Estou concentrado no aquecimento.

O idiota ri e deixa claro que não — No aquecimento ou na


sua amiga na arquibancada?

— Vá se foder, Oliver.

Ele não precisa saber que está certo e nem o quão


miserável estou. Aliás ninguém precisa saber que estou
perdendo a cabeça por uma garota.

— Só se for com a sua amiga.

Eu juro que assim que escuto as palavras que deixam sua


boca enxergo vermelho. Viro-me e dou um passo em sua
direção.
— Você fique longe dela, seu idiota. — Não penso,
simplesmente ergo minha mão e o empurro. — Você
entendeu?

Elijah surge e me puxa para trás.

— Hey, cara, se acalme.

Oliver está rindo como um idiota.

— Eu só está te provocando, seu idiota. — Oliver continua


rindo. — Você está apaixonado. Nosso quarterback está
apaixonado.

Ele praticamente grita, o que faz com que todos escutem e


sou motivo de risos. Ótimo.

O restante do aquecimento, eu estou de cara fechada e


sendo zoado por todos. Realmente, tudo pode piorar. Após o
treino eu me sento no banco e vejo os meus colegas
treinarem com a bola. O treinador conversa comigo e
trocamos algumas ideias, tanto sobre a minha volta quanto
sobre táticas de jogo.

Mesmo sem humor e ocupado com treinador, sigo


procurando por Abigail. E ela segue na arquibancada, ora
mexendo em seu celular, ora olhando para o campo.

— Achei que Liam tinha proibido vocês de se envolverem.

Olho para o treinador e balanço minha cabeça.

— Liam, não sabe de nada.

Não nego que não temos nada e nem eu mesmo sei explicar
o porquê.
Assim que o treino acaba não vou com os caras para o
vestiário, e sim, tiro minha camisa suada, pego minha
mochila e sigo para a arquibancada. Abigail olha na minha
direção e ela sorri, seu sorriso debochado e faz com que
parte da minha chateação desapareça.

— Qual o motivo do quarterback ter perdido a sua


tranquilidade?

Bufo e me sento ao seu lado.

— Oliver sendo idiota.

Resmungo e ela segue rindo, então empurra meu ombro


com o seu.

— Não é bom você se meter em brigas com esse seu ombro,


não queremos complicação. — Sorrio, mas é um sorriso
discreto e novamente Abigail empurra seu ombro com o
meu. —

Vamos lá, não esqueça você é o Sunshine[17] de nós dois.

Finalmente, consigo rir de verdade.

— Nesse momento, você precisa ser o Sunshine de nós dois.

Ela faz uma careta.

— Foi tão ruim assim?

Suspiro e desvio os olhos dos seus, encarando o chão à


minha frente.

— Não, apenas provocações.

— Não parece que foi apenas provocação.


E não foi, porque o que Oliver me disse não para de ecoar
em minha mente. Nosso quarterback está apaixonado.

— Deixa pra lá. — Eu olho para o lado. — Vamos?

Ela faz uma cara de nojinho.

— Você vai assim? Suado e sujo?

Sorrio e fico em pé.

— Eu vou.

Apesar da sua expressão de nojinho, ela fica de pé.

— Você é nojento.

Empurro de leve seu ombro com o meu.

— Você que fica a cara da nojinho de divertidamente


quando faz essas caretas.

Ela ri enquanto deixamos a arquibancada e vamos para o


estacionamento.

— Achei que fosse eu de nós dois que curtisse animações


infantis.

— Eu gosto, só não tanto quanto você.

Provoco-o e ela revira seus olhos.

— Agora falando sério, como está o seu ombro?

Muda de assunto e eu relato como estou me sentindo. Não


tenho dor e não senti em nenhum momento. Ela assente.
— Talvez, daqui há uma semana Miller libere você para
treino com a bola.

— Estou ansioso por isso.

Chegamos no estacionamento, Abigail aperta o botão do


alarme e entramos em seu carro. Nós ficamos em silêncio
por alguns segundos, não por muito tempo porque não
consigo ficar quieto, e eu a observo dirigir, algo que eu
também sinto falta.

— E quando eu poderei dirigir?

Ela dá de ombros.

— Você já está liberado para dirigir.

Sorrio animado.

— Ótimo, da próxima vez, serei eu a dirigir.

Abigail sorri.

— Ótimo, porque não suporto mais ser a sua motorista.

— Confessa que está adorando?

— Eu não estou adorando.

Não continuo a provocando, porque sinto meu celular


vibrando em minha mochila, então pego o aparelho. São
mensagens dos caras.

Idiota 3: Festa na casa da Kim?

Dylan pergunta, franzo minha testa, por que logo Dylan está
sabendo dessa festa? Ele e Kim nunca tiveram contato, não
que eu saiba pelo menos.
Idiota 2: Eu topo, é sexta-feira, dia de festas, último fim de
semana antes dos jogos começarem (e eu ser obrigado a
ser responsável).

Idiota 1: Festa para mim não é um convite, é uma


convocação.

É claro que Josh e Aiden não iriam recusar um convite para


festa.

Idiota 3: Às 8 na casa dela.

São seis horas, se quiséssemos poderíamos ir. Eu desligo o


celular e me viro para Abigail.

— Devemos comemorar minha volta aos treinos.

Ergue suas sobrancelhas.

— Devemos?

Sorrio e assinto.
— Sim, haverá uma festa e os rapazes marcaram presença.

Ela parece pensar sobre o assunto e aguardo sua resposta


ansioso.

— Ok, mas preciso passar em casa e me arrumar.

— Vamos até a sua casa.

Abigail faz uma volta com o carro e muda de pista.

— Você poderia ter me avisado antes, o estádio é mais


perto da minha casa do que a sua. — Resmunga, porque ela
é assim, resmungona. E eu gosto desse seu jeito. — Só
gastei minha gasolina.

Mordo meu lábio e me seguro para não rir. Enquanto, ela


dirige na direção da sua casa, ligo meu celular de volta e
respondo meus amigos.

Eu: Abigail e eu estamos indo também.

Idiota 2: Esperamos por vocês?

Eu: Não, encontraremos vocês lá.

Abigail para no estacionamento e deixamos seu carro. Nós


vamos para o seu apartamento e assim que ela abre a porta
encontramos Brooke e Dakota sentados no sofá e assistindo
algo na televisão.

— Olha se não é meu não casal preferido.

Brooke zomba, tanto Abigail quanto eu apenas rimos.

— Oi, meninas.
Aceno para elas, que acenam de volta. Abigail e eu
entramos e enquanto ela segue para o banheiro, eu me
sento no chão já que ainda estou sujo do treino, logo ao
lado da porta e de frente para o sofá que Dakota e Brooke
estão ocupando.

— Banho é algo bom, sabia, Ethan?

Brooke aponta seu dedo em minha direção.

— Não estou muito convencido ainda. — Nós três rimos. —

Festa?

Dakota balança a cabeça negando e Brooke suspira.

— Infelizmente, eu terei uma aula amanhã.

Pela expressão em seu rosto qualquer pessoa juraria que


realmente está sendo torturada. Troco algumas palavras
com as meninas e quando ficamos em silêncio pego meu
celular, eu estou o encarando e conferindo minhas redes
sociais quando Brooke me chama.

— Ethan? — Olho para cima e Brooke está com os olhos


estreitos em minha direção. — Se você machucar minha
amiga, eu te mato.

Sorrio, um sorriso sem humor. Não gosto da possibilidade de


machucar Abigail.

— Se eu machucar Abigail, eu mesmo me mato.

— Ótimo, porque não estava fazendo questão de ser presa


por sua causa.

Brooke e Dakota parecem satisfeitas com a minha resposta


e eu aproveito esse momento para perguntar algo que tem
me incomodado.

— Dakota, qual é o problema entre você e Josh?

A loira dá de ombros e sorri, apesar de tentar parecer


indiferente é nítido em seus olhos que algo a incomoda.

— Nós só não suportamos um ao outro. — Vira-se para


Brooke. — Brooke e Aiden que são dão bem.

Ela provoca a amiga ao mesmo tempo que tira a minha


atenção dela.

— Aiden é legal e eu sou legal, logo match perfeito.

Pisca em minha direção e apenas balanço minha cabeça


enquanto sorrio. Eu continuo conversando com as meninas
até que Abigail deixa seu quarto. Assim que escuto a porta
do seu quarto sendo aberta meus olhos procuram por ela.

Ela caminha pelo corredor e me atento a cada detalhe. Ela


está usando uma saia que não chega à metade das suas
coxas, o tecido é brilhante, uma blusa curta que mostra
parte da sua barriga, usa um coturno em seus pés, seus
cabelos estão soltos e sua maquiagem é apenas um
delineado em seus olhos.

Ela está linda. Completamente encantadora e poderia


continuar olhando para ela por horas.

— Acho melhor a gente achar um babador para Ethan.

Escuto a voz de Brooke, mas ela soa distante. Tudo aparenta


estar meio longe, porque tudo que importa é Abigail. Ela se
aproxima e eu fico em pé. Estou desconcertado, sem chão e
completamente desnorteado.
Quero puxá-la contra meu corpo e tê-la para mim, só para
mim.

Ela fala com as meninas e continuo a observando. Aos


poucos volto a mim e me dou conta do quão patético estou
sendo, o pior é que não me importo.

Abigail me olha e me encara debochada.

— Vamos, ou você irá continuar me encarando como se eu


fosse a pessoa mais bonita do universo?

Sorrio, meu habitual sorriso de lado.

— Vamos, bonitinha.

Pisco em sua direção, então nós dois nos despedimos das


meninas e deixamos seu apartamento, seguimos um ao
lado do outro para o estacionamento e quando estamos em
frente ao seu carro me curvo na sua direção e aproximo
minha boca da sua orelha.

— Só para constar, você é a mulher mais bonita do


universo.

Ela se arrepia e sorrio vitorioso. Nós entramos no carro e


Abigail dirige para a minha casa. Nós vamos conversando
sobre o que está acontecendo com Josh e Dakota e Aiden e
Brooke, uma fofoquinha saudável sobre nossos amigos.

Durante todo caminho meus olhos estão sobre ela.

Assim que chegamos, eu corro para o meu quarto enquanto


Abigail fica me esperando na sala. Eu tomo meu banho,
visto uma calça jeans e uma camisa preta, então pego meu
celular e a chave do meu carro e desço para o primeiro
andar.
Abigail que está sentada no sofá fica em pé assim que eu
entro na sala. Ela sorri e seu olhar percorre meu corpo, por
fim ela

morde seu lábio inferior e pisca em minha direção.

— Você também está o cara mais gato do universo.

Caralho! Fecho meus olhos por breves segundos. Quando


vamos parar de flertar um com o outro e tornar isso real?
Porque claramente estamos flertando e isso já está demais.
Não suporto mais sonhar com ela, não suporto mais ter
ereções como um adolescente por apenas pensar nela,
porra, até mesmo me masturbar como um garoto embaixo
do chuveiro essa semana eu fiz.

Respiro fundo e me aproximo de Abigail com passos lentos.

— Vamos, bonitinha, antes que perca o controle.

Olho em seus olhos e nos mantemos assim por alguns


segundos, longos segundos que tenho que ser forte. Ela
sorri e algo me diz que ela está ansiosa para que eu perca o
controle.

— Vamos, perfeitinho.

Eu passo minha mão pelo seu ombro e a guio na direção da


porta que leva até a garagem.

— Hoje, eu irei dirigir.

Levo-a até meu carro e ela sorri assim que se depara com
ele.

— Claro que o quarterback, playboy e um dos caras mais


famosinhos da universidade dirigiria uma picape.
Desligo o alarme e abro a porta para que ela entre.

— Está me jugando, patricinha dark?

Ela entra e se senta no banco com as pernas para fora, ou


seja, ainda está de frente para mim.

— Estou.

Aproximo meu rosto do seu e pairo com meus lábios a


centímetros dos seus.

— Você não deveria.

Nossas respirações estão alteradas e preciso de coragem


para me afastar dela. Dou um passo para trás e Abigail
respira fundo, então se vira colocando as pernas dentro do
carro e eu fecho a porta.

Respiro fundo e sigo para meu lugar atrás do volante.

É uma ótima sensação dirigir depois de tanto tempo.

Abigail brinca com o som durante o caminho e vamos em


silêncio.

Apesar do silêncio é como se existisse uma força nos


empurrando

na direção um do outro, é como se mesmo longe


pudéssemos sentir um ao outro.

Ao chegar, estaciono a alguns metros, porque não há mais


lugar em frente à casa de Kim e deixamos o carro. Eu vou
até Abigail e passo meu braço pelo seu ombro, sinto o
cheiro do cabelo e beijo a lateral da sua cabeça.
Nós seguimos assim até a casa e há muitas pessoas pelo
jardim. Como a porta está aberta vamos para a sala e é
onde a festa realmente está acontecendo. Música ecoa alto,
as pessoas dançam e bebem e a única iluminação é um
globo de luz colorido.

Eu olho ao redor e depois de descobrir que a bebida está na


cozinha caminho com Abigail ainda ao meu lado para lá.

E é na cozinha que encontramos Aiden, Josh e Dylan, eles


nos entregam bebidas ficamos rindo com eles por um
tempo, em seguida vamos todos para a sala.

Abigail me puxa para a pista de dança e dançamos um de


frente para o outro. Acompanho cada movimento seu e a
forma como seu corpo segue o ritmo da música é sexy,
envolvente e mais uma vez preciso me controlar para não
perder o controle e simplesmente me esquecer de tudo, que
somos amigos, que ela me odiava e que não quero perder a
sua confiança.

Continuamos dançando e só paramos quando vamos buscar


mais bebida na cozinha, perdemos Aiden, Josh e Dylan de
vista e ficamos apenas nós dois. Estamos no terceiro copo
de cerveja quando Abigail se aproxima e sussurra em minha
orelha.

— Eu vou ao banheiro.

Assinto e então, enquanto a espero, apoio minhas costas


contra a parede e termino de beber a cerveja que ainda há
no meu copo. Só vejo Kim quando ela para de frente para
mim.

— Você sabia que estão falando que você e a esquisitinha


estão namorando?
Eu dou de ombros.

— Não me importo com boatos e chame Abigail pelo nome


dela.

Sorri maldosa.

— Eu a chamo do que eu quiser, afinal ela roubou minha


diversão.

Espalma suas mãos em meu peito.

— Nunca fui seu.

Sorrio e ergo minha mão para afastar seu braço, porém


antes que a toque Abigail surge e estreita seus olhos. É
nítido que

ela está pensando besteira. Desvencilho-me de Kim ao


mesmo tempo que Abigail se vira de costas e caminha para
longe.

Kim fala algo, mas não escuto, porque saio atrás de Abigail.
Há muitas pessoas e não posso correr. Ela deixa a casa,
caminha na direção da calçada e é quando consigo alcançá-
la.

— Abigail.

— Estou indo embora.

Continua caminhando em frente, então seguro seu pulso.

— Você não pode ir embora a pé.

A casa de Kim fica um pouco afastada, em um bairro novo e


sem muitas casas. Nem táxis, ou uber deve ter por perto.
— Acredite, eu posso. — Puxa seu braço. — Volte para sua
amiguinha.

Ela está com ciúmes. A constatação faz meu coração vibrar


e se encher de esperança. Eu paro e a deixo se afastar,
quando ela está em uma distância considerável, sigo para a
picape e dirijo na sua direção, então paro ao seu lado e abro
a janela.

— Entre no carro. — Ela segue caminhando e eu ao seu


lado. — Estamos protagonizando uma cena, bonitinha e eu
não

desistirei até que entre.

Ela dá mais uns passos e eu a sigo. Então, ela suspira, para


de caminhar em frente e dá a volta no carro.

— Você é um idiota.

Abre a porta e se senta ao meu lado.

— E por que sou um idiota? — Dirijo e ela olha pela janela.

— Nada estava acontecendo entre Kim e eu.

Ela liga o som e aumenta o volume a ponto dos meus


ouvidos doerem.

— Porra, Abigail.

Abaixo o som e ela aumenta. Abaixo novamente e ela volta


a aumentar. Então, eu entro em uma ruazinha em que não
há casas, um lugar deserto e paro o carro.

— O que porra você está fazendo, Ethan?


Abby

O idiota sai do carro e fecha a porta com força. Ele está


doido? Ethan caminha de um lado para outro na frente do
carro e eu olho para o volante. Impossível conseguir ligar o
carro e sair sem o atropelar.

E apesar de estar morrendo de raiva não o quero matar.

Suspiro, abro a porta e também saio do carro.

— Você está maluco?

Ele balança a cabeça e passa a mão pelos fios do seu


cabelo.

— Você aumentou o som a um nível insuportável.

Fecho a porta e me apoio contra o carro.

— Não queria conversar com você.

Soo totalmente infantil, mas caralho ele estava rindo com a


Kim e eu fiquei com raiva. Não sei se estou com mais raiva
de Ethan, ou de mim, por sentir o que eu senti.

— Você está me deixando maluco.

Encaro-o indignada.

— Eu estou te deixando maluco?

Ele pensa que estou imune a tudo? É ele que hora flerta
comigo, hora me trata como apenas uma amiga.

— Sim, por que você veio embora?

Ele para de andar e me encara. Minha respiração falha e


abro e fecho a boca. O que eu digo? Digo que estou com
raiva por que Kim o estava tocando? Por que ele estava
sorrindo e não era para mim?

— Para deixar você sozinho com a sua amiguinha.

O desdém está presente em minha voz.

— E por que não queria conversar comigo? Por que saiu


caminhando que nem uma maluca pela calçada? — Dá um
passo

em minha direção. — Por que você fugiu?

Meu coração segue acelerando, uma pressão se instala em


meu peito e respirar é algo difícil.

— Eu não fugi.

Minha voz é um sussurro. Ethan sorri e não é um sorriso


engraçado. Ele se aproxima ainda mais de mim.

— Você está mentindo.


Balanço minha cabeça negando e ele dá mais um passo à
frente.

— Kim estava dizendo que estão falando por aí que nós dois
estamos juntos.

Ele para à minha frente e poucos centímetros separam nós


dois. Ele olha em meus olhos e me encara de uma forma tão
intensa.

— Eu disse que não me importava. — Sua mão se aproxima


de mim, então seus dedos tocam minha nuca e mais uma
vez, minha respiração falha. Meu corpo todo desperta e
sinto como se cada célula do meu corpo estivesse
acelerada. — Não me importo se todos acreditam que
estamos juntos.

Sua mão sobe até que esteja entre meus cabelos e


segurando minha cabeça, obrigando-me a continuar o
encarando.

— Ela disse que se importava, porque eu era sua diversão e


eu respondi que nunca fui dela e estava prestes a afastar a
sua mão de mim quando você apareceu.

Continuo com os olhos presos aos seus, mesmo quando ele


aproxima seu rosto ainda mais do meu.

— Por que você está me dizendo isso?

Sussurro.

— Porque não suporto mais, Abigail. — Ele abaixa seu rosto


e sinto sua respiração em meu pescoço. — Não suporto
mais fingir que não penso em você, em fingir que sou seu
amigo e apenas isso que eu queira ser.
Seus lábios tocam a minha pele.

— Não suporto mais me controlar, não suporto mais fingir


que não sonhei com você, que não desejo seu corpo. —
Beija meu pescoço. — Não suporto mais agir como se não
quisesse você.

Fecho meus olhos, subo minhas mãos pelas suas costas até
estar com uma delas em sua nuca.

— Por que você fugiu, Abigail? — Sua mão esquerda segue


entre os fios do meu cabelo enquanto a outra se aproxima
da minha coxa e todo meu corpo se arrepia. Porra, eu quero
tanto ser tocada por ele. — Por que você fugiu, Abigail?

Repete a pergunta outra vez, então viro meu rosto e abro


meus olhos. Meu olhar encontra o seu e nada mais importa
no momento, a não ser nós dois.

— Porque eu fiquei com ciúmes, porque eu não queria que


ela estivesse te tocando, porque só eu quero fazer isso,
porque você estava sorrindo e eu quero ser a única a
receber seus sorrisos.

Seus dedos apertam minha coxa e suspiro.

— Você não precisa ter ciúmes, Abigail, sabe o porquê? —

Balanço a minha cabeça negando. — Porque é por você que


estou apaixonado, porque é você que está em minha mente
vinte e quatro horas por dia, é você que eu desejo, é o seu
corpo que me deixa maluco, é você que eu quero, Abigail.

Fecha seus olhos como se estivesse sentindo dor e eu


espalmo minhas mãos em seu peito.

— Você pode me chamar de Abby.


— Abby. — Seus lábios encostam brevemente nos meus, eu
suspiro e fecho meus olhos. — Abby.

— Me beije, Ethan, acabe com essa tortura.

Assim que a última palavra deixa minha boca seus lábios


cobrem os meus. Não é um contato delicado, nenhum de
nós quer calmaria, nenhum de nós precisa de calmaria.

É desesperador. Sua língua duela com a minha, seus dentes


mordem meus lábios e sua mão sobe pela minha perna.

Minhas costas estão prensadas contra o carro e meu corpo


procura pelo seu.

Tiramos tudo um do outro no beijo e quando nos separamos


é por apenas alguns minutos, olho em seus olhos,
suspiramos e voltamos a nos beijar. É como se sempre
estivesse esperando por esse beijo.

Subo minhas mãos pelo seu peito e me seguro em seu


ombro, enquanto ele aproxima seus dedos da minha bunda
e a aperta fazendo com que uma dor e uma necessidade se
instalem em mim. Fazendo com que minha calcinha
umedeça e minha boceta vibre.

Sua boca continua duelando com a minha, exigindo tudo de


mim, assim como eu exijo tudo dele. Minha língua explora a
sua boca assim como a sua faz comigo. E quando
precisamos respirar mordo seu lábio inferior, puxo-o e em
seguida o chupo-o.

Minha saia é um amontoado de tecido em minha cintura e


seus dedos puxam minha calcinha para o lado. Não o
detenho, pelo contrário abro minhas pernas e o incentivo a
continuar.
Ao mesmo tempo que seus dedos tocam minha boceta,
afasta sua boca da minha e seus lábios encontram meu
pescoço.

Ele chupa e morde minha pele, não me importo se ficarei


marcada. Rebolo contra sua mão e o incentivo a continuar
metendo seus dedos em mim. Nenhum de nós pronúncia
algo e o único som que podemos ouvir são nossos gemidos.

Continuo de olhos fechados e me permito sentir cada


sensação que percorre meu corpo até que tudo se torna
insuportável e gozo em seus dedos. Enquanto minha
respiração se normaliza, Ethan tira seus dedos de dentro de
mim e beija meu pescoço, então dá um passo para trás e eu
abro meus olhos.

Ele tem seus olhos brilhando e leva seus dedos até sua boca
e os chupa. O simples gesto faz com que um arrepio
percorra meu corpo e eu acabei de gozar.

— Não vejo a hora de fazer você gozar na minha boca.

Jogo a cabeça para trás até ela estar apoiada contra a


picape e suspiro.

— Não me provoque.

Ethan dá um passo em frente e aproxima sua boca da


minha orelha.

— Entre na picape, Abby, porque quero você nua na minha


cama.

Os meus seios já pesados, pesam ainda mais e mais um


suspiro deixa minha boca. Ethan abaixa minha saia e abre a
porta ao meu lado. Eu olho para ele e encaro seus olhos que
estão brilhando. Ele me quer tanto quanto eu o quero e
quando desço meus olhos pelo seu corpo me deparo com
sua ereção. Mordo meu lábio inferior e mais uma vez, sinto
uma pressão se formando embaixo do meu ventre.

— Não me olhe assim, Abby, que estou tentando ser um


cavalheiro.

Sorrio e me viro para subir na picape.

— Que fique claro que eu não iria me importar.

Sento-me no banco e escuto Ethan suspirar.

— Estamos no meio da rua.

Resmunga e fecha a porta. Ao me sentar faz com que minha


calcinha molhada e minha boceta melada se friccionem e
fecho minhas pernas, aumentando o contato. Droga, eu
preciso gozar outra vez, eu preciso demais.

Ethan, entra e se senta ao meu lado. Eu olho para ele e


antes que ele ligue o carro me sento em seu colo. Ele me
olha sem entender.

— Eu não quero esperar até em casa para ter você dentro


de mim. — Aproximo minha boca da sua orelha. — Eu quero
gozar mais uma vez e com você dentro de mim.

Coloco minha mão sobre seu pau e ele no mesmo instante


deixa que um gemido escape entre seus lábios.

— Você irá me dar o que eu preciso?

Faço um beicinho e sua resposta é colocar o banco para trás


e me segurar pela cintura. Seus olhos pairam sobre o meu e
ele me encara repleto de luxúria.

— Você não falou que está apaixonada por mim.


Suas mãos sobem pela minha barriga arrastando minha
blusa junto e todo meu corpo se encontra arrepiado e
ansioso.

— Eu deveria dizer isso?

Continuo olhando em seus olhos.

— Você com certeza deveria dizer. — Não desvia os olhos do


meu rosto, nem quando tira a blusa do meu corpo e a joga
no banco ao lado. — Diga, Abigail.

Como estou sem sutiã suas mãos se aproximam dos meus


seios e ele belisca meus mamilos me fazendo ofegar.

— Diga, Abigail.

Ele faz de novo e contraio minha boceta. Preciso respirar


fundo para me manter de olhos abertos. Ethan, diminui a
distância entre nossos corpos e aproxima seus lábios dos
meus.

— Diga, Abigail.

Aperta mais forte meus seios e novamente ofego. O calor é


demais, tudo é demais.

— Eu estou apaixonada por você.

Digo porque é verdade, porque ele tem razão. Eu estou


apaixonada por Ethan Lewis. Sua boca cobre a minha e nos
entregamos por completo um ao outro.

Suas mãos continuam em meus seios e só nos afastamos


quando puxo sua camisa para cima, jogo-a ao lado junto
com a
minha blusa e então minhas mãos passeiam pelo seu
abdômen, sua pele está quente como a minha e ambos
estamos suando.

A intensidade que nos rodeia faz com que a nossa excitação


aumente. Eu abro o zíper da sua calça e fico de joelhos para
que possa puxar sua calça e cueca para baixo e assim ele
faz. Seu pau fica visível e duro em minha direção, sorrio,
mordo meu lábio inferior e encaro Ethan enquanto levo
minha mão até o seu pau e a enrolo ao seu redor.

Joga sua cabeça para trás e a apoia no banco enquanto o


masturbo, ainda com os joelhos ao redor do banco trago
minha saia até a cintura, aproximo a cabeça do seu pau no
meu clitóris e o uso para o estimular. Um gemido escapa
dos meus lábios mesmo que haja tecido entre nós e quando
Ethan traz sua mão até a borda da minha calcinha e a força,
não o paro, eu deixo que ele rasgue o pedaço de pano.

Vê-lo rasgando minha calcinha faz com que minha boceta


contraia ainda mais.

— Camisinha?

— No porta-luvas.

Eu me curvo e pego uma embalagem, então com cuidado


abro-a e a enrolo ao redor do seu pau. Ele mantém suas
mãos em minha cintura, olho em seus olhos e aproximo
novamente a cabeça do seu pau do meu clitóris, faço com
que ele me toque e que deixa meu corpo em chamas.

Estou ofegante e Ethan tem as veias do pescoço aparentes


quando o guio para dentro de mim. Eu me sento sobre ele e
nós dois gememos. Apoio minha mão em seu peito e rebolo
contra ele fazendo com que nossa separação seja mínima.
Sigo com meus olhos nos seus e assim como eu, seus olhos
estão nublados pelo desejo, apesar disso ainda há uma
conexão entre nós. É mais que sexo e talvez, por isso seja
uma explosão de prazer e sensações quando ergo meu
quadril e faço com que ele se movimente dentro de mim.

A cada metida as sensações se intensificam. Os nossos


gemidos se misturam ao som dos nossos corpos se
encontrando.

Os fios do meu cabelo grudam em meu pescoço e em minha


testa, a pressão se constrói tornando-se cada vez mais
insuportável e me sinto cada vez mais perto do meu
orgasmo.

Não suporto mais e fecho meus olhos. Concentro-me em


seu pau dentro de mim, entrando e saindo e quando seu
dedo

toca meu clitóris não consigo mais me segurar e deixo que o


prazer vença.

Ele segura meu quadril enquanto mantenho meus olhos


fechados, seu pau encontra minha boceta e pulsa dentro de
mim cada vez mais, então o aperto e o sinto gozando.

Sua mão diminui o aperto em minha cintura e me sento


sobre Ethan com ele ainda dentro de mim. Apoio minha
testa em seu ombro e respiro fundo. As batidas do meu
coração estão aos poucos voltando ao normal, mina
respiração ainda está ofegante e meu corpo está exausto,
mesmo assim é a melhor sensação que já senti pós-sexo.

— Eu estou apaixonada por você, Ethan.

Beijo seu ombro ainda de olhos fechados e ele beija a lateral


da minha cabeça.
— E estou apaixonado por você, Abby.

Abby

Nós ficamos assim por um tempo e sou eu a me afastar.

Volto para o banco ao lado e visto a camisa de Ethan.

— Vou vestir sua camisa que fica mais fácil.

Eu tiro minha saia e fico apenas com a sua camisa.

— É uma obsessão sua ficar com as minhas camisas, não


é!?

Pergunta debochado enquanto retira a camisinha e a enrola


em um papel que tinha pelo carro.

— Não seja convencido.

Ethan puxa sua cueca e calça para cima.

— Uma pergunta importante. — Olha em minha direção e eu


ergo minhas sobrancelhas. — O que você fez com aquela
primeira camisa?

— Não sei se você merece saber.

Ele sorri, o sorriso de lado que faz meu coração disparar em


meu peito e volta a olhar em frente.

— Aposto que você dorme com ela em busca de sentir meu


cheiro.

Ele liga o carro e eu coloco o cinto.

— Nunca irá saber a verdade.

Segue sorrindo e eu também.

— Não precisa confirmar, sei que é isso que está fazendo.

— Agora, você é vidente?

Ethan coloca o carro novamente na estrada e dessa vez, eu


não ligo o som.

— Sim, e consigo visualizar você deitada na sua cama


vestindo a minha camisa, sentindo o meu cheiro e
suspirando de saudade.

É impossível não rir, por mais que eu tente.

— Você é péssimo, Ethan.

— Não é verdade, então?

— Não é.

Sorrio e minto, porque ele está certo eu tenho dormido com


sua camisa e posso ter cheirado o tecido uma ou duas vezes
na tentativa de encontrar algo que me lembrasse a ele.
Essa última semana não foi uma semana fácil.

— Você está mentindo.

Balanço a cabeça e me viro para o lado.

— E você está sendo convencido.

Ele sorri, e Ethan dirigindo sem camisa e sorrindo é um


acontecimento. Deveria tirar uma foto e vendê-la.

— Você sempre me achou bonito mesmo quando


teoricamente me odiava?

— Quem disse que acho você bonito?

Provoco-o, porém, segue inabalável.

— Você me acha bonito, é óbvio, principalmente pela forma


como está me encarando.

— Você nem sabe como estou te olhando.

Assente.

— Eu consigo ver você pela minha visão periférica,


bonitinha e para constar sempre achei você linda,
fascinante por ser totalmente diferente de todas as garotas
com quem já me envolvi. — Suspira. — Desde o primeiro
momento, eu gostei de você, Abby.

Olho em frente, apoio minha cabeça no banco e sorrio como


uma adolescente, aliás nem quando era uma adolescente
eu sorria assim, acho que devem ser as consequências de
estar apaixonada. Meu Deus, eu estou apaixonada. Caralho,
nunca imaginei que isso iria acontecer.
— Só para você saber, eu sempre achei você bonitinho,
mesmo quando te odiava.

Respondo-o por fim.

— Bonitinho? Você está sendo modesta nesta escolha de


palavras.

Vamos nos provocando e fazendo perguntas bestas um para


o outro até a sua casa. Assim que ele estaciona na garagem
dou um pulo da picape e espero por ele na porta que liga a
garagem à cozinha. Ele não demora a me alcançar e traz
suas

mãos até a minha cintura, ele as deixa ali e me encara com


carinho.

— Banho?

Suspiro e espalmo minhas mãos em seu peito.

— Com certeza.

Ele sorri, beija minha testa e me gira até que eu tenha


minhas costas contra seu peito.

— Quem diria que depois de cinco semanas estaríamos


assim, hein?

Afasta meu cabelo para o lado e beija meu pescoço


enquanto adentramos a casa.

— O mundo realmente é uma caixinha de surpresas.

Ele ri contra minha pele ao ouvir a minha frase e com meu


corpo contra o seu seguimos para o seu quarto. Ethan me
provoca subindo suas mãos pela minha barriga e
distribuindo beijos pelo meu pescoço.
— Você tem disposição para mais?

Pergunto assim que entramos em seu quarto e inverto


nossas posições. Ethan dá um chute na porta para fechá-la
e continua com as mãos em meu corpo.

— Óbvio, sou atleta, jovem... — Pisca para mim. —

Disposição é meu nome e meu sobrenome é pronto.

Reviro meus olhos, espalmo minhas mãos e o empurro.

— Quem sabe mais tarde, porque estou um pouco dolorida.

Ele franze a sua testa.

— Você está bem?

Sorrio e assinto.

— Sim, é normal. — Faço um gesto com as mãos indicando


seu tamanho e em seguida aponto para a frente das suas
calças. — Você não é um cara humilde, Ethan.

Ele sorri satisfeito.

— Finalmente, um dia em que você não acaba com o meu


ego.

Eu me viro e vou até o seu armário sorrindo.

— Estou pegando uma das suas camisas.

— A sequestradora de camisas ataca novamente. —

Ignoro-o e pego mais uma das suas camisas do time. —


Qualquer dia serei expulso do time, porque alguém me
deixou sem camisas.
— Você tem uma coleção de camisas, Ethan. — Olho para
ele que tem um sorriso bobo em seus lábios. — Eu vou
tomar banho primeiro.

— Não podemos tomar banhos junto?

Faz menção de se aproximar de mim, mas balanço minha


cabeça.

— Não dessa vez.

Antes que ele invente alguma gracinha corro para o


banheiro. Eu estou rindo e o sorriso segue em meu rosto
enquanto tiro minha roupa e entro no box. Estou leve como
há muito não me sentia.

Empurrei todos meus medos e todas as questões que


podem vir me atormentar para longe. Hoje não quero
pensar, só quero viver. Só quero ser feliz e deixar todas as
preocupações para depois.

Ligo o chuveiro e deixo que a água caia sobre meu corpo e


meus cabelos. Eu fecho meus olhos e tudo que aconteceu
entre Ethan e eu ecoa em minha mente.

A última semana indicava que estávamos em um caminho


perigoso, flertando demais e despertando um no outro

sentimentos que amigos não sentem. Eu poderia ter parado,


mas não fiz. Deixei acontecer e nem sei o porquê
demoramos tanto para enfim cedermos ao que estávamos
sentindo.

Abro meus olhos e lavo meu corpo com seu sabonete.

Mais uma vez, sorrio e eu mesmo estou me julgando. Pareço


uma garotinha apaixonada, algo totalmente contrário à
minha personalidade.

Não me arrependo, não sei qual será o nosso futuro e muito


menos posso ter certeza de que não me machucarei, mas
faria tudo de novo. Meu corpo se arrepia ao se lembrar dos
nossos momentos no carro. Com certeza foi o melhor sexo
da minha vida e foi em um carro. Mal posso esperar para
usarmos uma cama.

Lavo meu cabelo e desligo o chuveiro. Seco meu corpo e


visto sua camisa, sem nada por baixo, porque ele rasgou
minha calcinha e porque não estou com a minha mochila.
Eu paro em frente à pia enquanto penteio meu cabelo e me
dou conta de que meu pescoço irá ficar marcado. O pior que
nem constrangida, nem brava e muito menos arrependida
estou.

Termino de pentear meu cabelo, seco-o mais um pouco com


a toalha e só então deixo o banheiro. Ethan está em pé

apoiado na sua mesa de estudo e mexendo no celular,


ergue a cabeça ao perceber que estou no quarto e dá um
passo em frente. Seu olhar percorre meu corpo enquanto
caminha na minha direção.

— Finalmente, não preciso fingir que não te acho a maior


gostosa usando a minha camisa.

Balanço minha cabeça e sorrio.

— Você fingia muito bem.

Debocho dele que para à minha frente e faz uma careta.

— Não conseguia fingir?


Balanço minha cabeça negando, ele sorri, um sorriso um
pouco envergonhado e coça a sua nuca.

— Desculpe, eu juro que tentava, mas você é irresistível.

Nós dois sorrimos, então ele deixa um beijo em meu


pescoço e em seguida vai para o banheiro. Assim que ele
fecha a porta eu me jogo em sua cama e encaro o teto do
seu quarto.

Como posso estar me sentindo assim? Caralho, estou me


sentindo como se fosse uma das princesas bobonas dos
contos de fadas. Deus, eu nunca curti contos de fadas, nem
romance e

muito menos achei que estar apaixonada te deixasse


realmente tão bobona.

Suspiro, porque é óbvio que estou ferrada.

Eu me sento na cama com as costas apoiadas na cabeceira


e pego o controle que está no cômodo ao lado, abro um dos
aplicativos de filmes e séries de Ethan e escolho Shrek 2,
mas espero Ethan voltar para iniciar.

Como deixei meu celular no carro, corro até o primeiro


andar e o pego, junto com a minha saia, blusa e o que
restou da minha calcinha. Ao voltar para o quarto Ethan
segue no banheiro, então eu me sento na cama e fico
mexendo nas minhas redes sociais.

E assim que escuto a porta sendo aberta me viro na sua


direção e Ethan está sem camisa.

— Finalmente, não preciso fingir que não te acho o maior


gostoso sem camisa.
Ele ri e balança a cabeça.

— Que original usando as mesmas palavras que eu disse.

— Não é patenteado, é livre para uso.

Ethan se aproxima, joga-se ao meu lado e faz uma careta ao


perceber que filme está na televisão.

— Shrek 2?

— Lógico, porque assistimos o 1 agora precisamos terminar


a maratona.

Ele suspira, mas se ajeita e me puxa para seus braços. Eu


aperto o play e com os braços de Ethan ao meu redor
assisto um dos meus filmes preferidos, só perde para o
primeiro. Shrek é meu conto de fadas favorito, além de ser o
filme que eu sempre assistia na minha infância.

É o meu filme de conforto, aquele que sempre aquece meu


coração e me relembra de que não importam as
circunstâncias, você pode ser feliz. E agora assistindo com
Ethan é especial.

Na metade da animação Ethan pede pizza, vinte minutos


depois ele desce para buscar nosso pedido e então
comemos em seu quarto, sobre sua cama e ainda estamos
comendo quando o filme chega ao fim.

— Gostei da parte do biscoitão.

Ethan imita a voz do personagem e sorrio.

— Ele é ótimo, pena que o final dele não seja tão legal
assim.
Nós terminamos de comer, colocamos os guardanapos e
restos na caixa e a deixamos no chão. Eu estou sentada no
meio da cama com minhas pernas dobradas enquanto
Ethan tem as costas apoiadas na cabeceira.

— Acho que está na hora de ir embora.

Suspiro dramaticamente.

— Fique e durma comigo.

Faço um beicinho como se estivesse com dúvidas.

— E por que eu faria isso?

— Minha cama é maior que a sua.

Sorrio.

— Ótima justificativa, mas não estou convencida.

Ele segura minha mão com a sua e me puxa na sua direção.


Eu vou e pairo com parte do meu corpo sobre o seu.

— Podemos terminar nossa maratona e assistir Shrek 3.

Sorrio animada.

— Agora, você me convenceu. — Deito-me em seu peito e


ele coloca o filme para rodar. — Você sabe que tem o
quarto, não é!?

— Meu Deus, quantos filmes essa animação tem?

— Para sua sorte termina no 4.

Como o terceiro não é meu filme preferido, na metade eu


desvio meus olhos da televisão e encaro Ethan.
— Quando você se apaixonou por mim?

Ele olha em meus olhos e sorri.

— Acho que foi quando você me chamou de idiota.

Reviro meus olhos.

— Estou falando sério.

Ethan ergue sua mão e afasta alguns fios de cabelo do meu


rosto com carinho, deixa-os atrás da minha orelha e acaricia
minha bochecha.

— Não sei, talvez tenha sido semana passada, talvez tenha


sido quando escolhi como prêmio a chance de ser amigo,
talvez tenha sido naquela festa quando você ameaçou
contar para Miller onde eu estava. — Toca meus lábios com
seus dedos.

— Não sei, mas em algum momento você passou a ocupar


minha mente e meu coração.

Eu me arrumo até estar com o rosto a centímetros do seu e


o beijo. É um beijo calmo, apenas com nossos lábios, sem
língua e sem desespero. Ele deixa que eu dite o ritmo.
Afasto-me chupo seu lábio inferior e olho em seus olhos.

Seus olhos castanhos refletem o mesmo que os meus.

Carinho, tesão, desejo, luxúria e uma intensidade


arrebatadora.

Sua mão paira sobre minhas costas e ele continua sem ação
esperando por mim, então olho em seus olhos uma última
vez e minha boca encontra a sua outra novamente.
Aos poucos o beijo ganha intensidade e quando minha
língua pede passagem ele simplesmente permite que
explore sua boca. A cada segundo é como se uma chama se
acendesse e percorresse meu corpo.

Ethan desliga a televisão e inverte nossas posições, ele está


por cima e afasta sua boca da minha, encara-me e pelo seu
olhar pergunta se é isso que eu quero, então assinto e
abaixa seu rosto até ter sua boca em meu pescoço
enquanto suas mãos sobem pelo meu corpo e trazem a
camiseta junto.

Não demoro a tê-la longe do meu corpo e seus lábios


percorrendo minha pele. Suas mãos percorrem minha
barriga e quando chegam aos meus seios, jogo a cabeça
para trás e apoio meus pés no colchão, meus dedinhos se
encolhem e aperto o lençol com meus dedos.

Seus lábios descem pelo meu pescoço, ombro e finalmente


tenho sua boca em meus mamilos. Eles estão pesados e
doloridos e a cada toque seu minha boceta pulsa. Gemidos
escapam de mim e levo minha mão até sua cabeça
incentivando-o a continuar.

Protesto quando afasta sua boca, mas sorrio quando me dou


conta do que ele irá fazer. Distribui beijos pela minha
barriga e continua descendo até ter sua respiração
atingindo minha boceta, todo meu corpo está tenso e
ansioso. Primeiro ele me toca com a sua língua lentamente,
o que faz com que fique ainda mais em alerta e chega a me
causar dor.

— Por favor, Ethan.

Imploro e então ele me chupa. Enquanto Ethan me fode


com a sua boca, aperto o lençol com força e meus gemidos
ecoam pelo quarto. A cada segundo a pressão aumenta até
que

se torna insuportável e é como se todo meu corpo


explodisse em uma sensação libertadora.

Finalmente, posso respirar e relaxar. Eu fico alguns


segundos de olhos fechadas e perdida em minha mente e
quando abro meus olhos Ethan está em pé, nu e com suas
mãos em seu pau.

— Camisinha na primeira gaveta.

Curvo-me para o lado e pego a embalagem, rasgo-a com


cuidado e ele se ajoelha na cama. Ele está olhando em
meus olhos quando se aproxima e continuamos nos
encarando quando ele para sobre mim e entre minhas
pernas, eu coloco a camisinha e percorro minha mão por
todo seu cumprimento o que faz suas veias ficarem mais
evidentes e seu corpo mais tenso. Como não quero que ele
goze nas minhas mãos paro, então Ethan me beija e o guio
para dentro de mim.

Dessa vez, não temos pressa e nem a euforia da primeira


vez. É ele quem dita o ritmo, é ele quem afasta e aproxima
seu quadril de mim, é ele que me preenche cada vez mais.

Eu arranho suas costas e quando quero mais enrolo minhas


pernas ao redor da sua cintura, o que faz com que ele

aumente o ritmo das suas estocadas e me foda mais duro.

E quando está prestes a gozar Ethan leva seu dedo ao meu


clitóris e faz com que eu goze primeiro que ele, e quando
contraio minha boceta o apertando ainda mais dentro de
mim ele não consegue se controlar e o seu orgasmo toma
conta do seu corpo.
A sensação de prazer e tranquilidade toma conta de mim e
quando Ethan se joga ao meu lado , despois de descartar a
camisinha, simplesmente me aproximo dele ainda de olhos
fechados e deito minha cabeça em seu ombro.

Ele beija minha testa e sua mão sobe e desce pelas minhas
costas.

Ethan

Nunca pensei que o pós-sexo pudesse ser tão incrível, mas


é. O sexo para mim terminava quando gozávamos, então a
garota e eu nos despedíamos com um sorriso e cada um
seguia seu caminho. Desde que perdi a virgindade aos
quinze com uma vizinha três anos mais velha foi assim.

Não imaginava estar segurando uma garota depois de


gozar, nunca sequer passou pela minha cabeça e sei que é
especial, porque estou apaixonado, porque essa não é
qualquer

garota, foi a que invadiu minha mente, se instalou em meu


coração e conquistou a minha alma.
— Em que você está pensando?

Abby traça círculos invisíveis em meu peito.

— Em como essa é a minha primeira vez.

Ela ri e ergue sua cabeça até estar encarando o meu rosto.

— Você não parecia um virgem.

Debocha, porque sabe que não estou falando disso.

— Essa é a primeira vez que fico assim com alguém depois


do sexo.

Ela para de rir e me encara surpresa.

— Sério?

— Sério.

Respondo enquanto a pego em meus braços e fico em pé.

Ela solta um gritinho ao mesmo tempo que passa seus


braços ao redor do meu pescoço para se segurar.

— Seríssimo e agora será a primeira vez que irei tomar


banho com uma garota.

Ela ri e como seu sorriso me faz feliz, também curvo meus


lábios em um. Levo-a para o banheiro e juntos tomamos um
banho rápido. Ao voltamos para o quarto vestimos as
roupas que estávamos vestindo e nos deitamos na cama.
Abby volta a encostar sua cabeça em meu peito e é nessa
posição que adormecemos.

...
Assim que eu acordo e percebo que não há nenhum peso
sobre mim abro meus olhos e procuro por Abigail. Ela não
está ao meu lado. Será que foi embora? Onde ela está? Não
gosto da sensação de perda que ecoa em meu peito e nem
do medo de que ela tenha se arrependido.

Suspiro e encaro o teto branco do meu quarto. Ela não


parecia arrependida, mas e se algo aconteceu. O que
poderia ter acontecido?

Como ficar aqui criando teorias e me fazendo perguntas


sem respostas não irá me ajudar em nada, eu me levanto.
De pressa, eu vou para o banheiro, faço o que tenho que
fazer,

escovo meus dentes e deixo o quarto. Desço as escadas


correndo. E ainda estou correndo quando entro na cozinha.

— O que está acontecendo? Está morrendo? Alguém está


morrendo?

O primeiro idiota do dia a se manifestar é Josh, mas o


ignoro. Eu olho ao redor e suspiro aliviado quando encontro
Abigail sentada de frente para Josh, Aiden e Dylan.

Ela me encara com as sobrancelhas erguidas, eu dou de


ombros e me aproximo dela.

— Eu achei que você tivesse ido embora.

Beijo o topo da sua cabeça e me sento ao seu lado.

— Por que eu teria ido embora?

Olha para mim confusa e suspiro.

— Achei que tivesse se arrependido.


Ela faz uma careta e nossa conversa é interrompida por um
grito de Dylan.

— Vocês transaram.

Olho para o lado e ele está com o dedo apontando na nossa


direção, sorrindo e seus olhos entregam que está se
divertindo com a acusação.

— Vocês transaram?

Aiden pergunta e Josh apenas olha para nós dois curioso e


tentando descobrir algo.

— Vocês deveriam cuidar da própria vida de vocês.

Abigail resmunga.

— Eu ganhei, chupa otários e prova disso são as marcas no


pescoço de Abigail.

Dylan comemora e zomba dos nossos amigos. Eu não


entendo o que ele está querendo dizer e me viro para
Abigail que está com os olhos estreitos e fuzilando os três
idiotas à sua frente.

— Vocês apostaram sobre nós dois?

Isso faz sentindo. Volto a encará-los e Aiden dá de ombros,


Dylan sorri e é Josh a responder Abigail.

— Óbvio, porque era nítido que um dia vocês iriam se pegar.

Dá de ombros.

— E em quanto tempo vocês apostaram?


Dylan que aparentemente é o vencedor abre a boca para
me responder.

— Eu apostei em quatro semanas, sendo que nossa aposta


aconteceu no domingo após aquela festa aqui em casa
quando Abby cedeu às investidas de Ethan.

— Hey, eu não cedi às investidas de Ethan nesse dia,


apenas dei uma chance para ele provar que não era tão
ruim.

— E ele com certeza cumpriu o objetivo de provar que não


era tão ruim, hein!?

Josh zomba e Abigail fica vermelha. Eu olho para ele e ergo


meu dedo do meio na sua direção.

— Otário.

— Então, foi por isso que vocês sumiram ontem?

Aiden é quem pergunta.

— Vocês não contaminaram nenhuma parte da casa, não é?

Josh continua e eu reviro meus olhos.

— Como eu acreditei que eles eram pessoas legais?

Abigail resmunga, eu desvio os olhos dos meus amigos e


me viro para a garota ao meu lado.

— Eu avisei que eles eram insuportáveis.

Sorrio e beijo seu ombro.

— E agora teremos que suportar esse tipo de ceninha à


nossa frente.
Dylan reclama, porém, sua voz soa divertida.

— Se eu matar um deles posso alegar legitima defesa?

— Com certeza.

Eles continuam nos provocando e nós continuamos


reclamando, é esse o clima do nosso café da manhã. Como
foram eles que cozinharam, eles nos deixam sozinhos assim
que terminam de comer e com a sujeira que fizemos para
limpar.

— Você não está mais com braço imobilizado e a casa é sua.


— Comemora. — Logo a limpeza quem deve fazer é você.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Nem uma ajudinha?

Ela balança a cabeça negando.

— Nem uma ajudinha.

Suspiro e fico em pé.

— Você é má.

Dá de ombros.

— Eu sou justa, aliás fui eu que fiz tudo que você deveria


fazer nas últimas semanas, ou seja, devo ser tratada como
uma rainha pelos próximos dias.

Eu curvo meu corpo para a frente e faço uma reverência na


sua direção.

— Prometo ser um súdito fiel e obediente.


Faço até um gesto com as mãos e volto a ficar totalmente
em pé. Abby está mordendo seu lábio inferior e tentando
não rir.

— Espero mesmo que seja.

Pisca em minha direção.

— Exigente.

Resmungo enquanto pego as louças que sujamos e as


coloco na lavadora de louças. Abigail realmente fica sentada
rindo e dando ordens enquanto eu limpo.

— Você é muito mandona, sabia?

Apoio meus braços sobre o balcão e me aproximo dela


assim que termino de limpar.

— Nem só de qualidades é feita uma pessoa.

Sorrio e balanço minha cabeça de um lado para outro.

— Isso é uma frase que eu diria.

Dá de ombros.

— É a convivência. — Abby está sorrindo e sorrindo comigo,


algo que sempre quis desde o primeiro momento que ela
me tratou com frieza. — O que foi? Por que está me olhando
assim?

— Nada. — Nego e dou um passo para trás me afastando


dela. — O que você pretende fazer o resto do dia?

— Não pretendo fazer nada, não tenho nada marcado pelo


menos.
Assinto ao mesmo tempo que me recordo o que tinha
programado para hoje.

— Hoje há um amistoso do time de beisebol e Josh nos


chamou para assistir, e ele adoraria que você fosse.

Ela morde seu lábio inferior e tenta não rir.

— Ele adoraria, é?

Faço uma expressão de inocente e um gesto afirmativo com


a minha cabeça.

— Iria ficar muito feliz. — Eu dou a volta e me aproximo de


Abby. — Radiante.

Ela gira o banco até estar de frente para mim e me ajeito


até estar entre suas pernas.

— Ok, posso fazer esse sacrifício de ir ver Josh jogar, mas


preciso passar em casa e trocar de roupa, porque estou sem
nada aqui.

Ela sussurra as últimas palavras e assim que entendo o que


está querendo dizer arregalo meus olhos.

— Você está sem calcinha?

Assente e aproxima seus braços até estarem em volta do


meu pescoço.

— Você rasgou a minha, lembra?

Faz um beicinho. Eu diminuo a distância entre nós e minha


boca fica a centímetros da sua.

— Você está proibida de estar sem calcinha perto dos meus


amigos.
Mordo seu lábio inferior, seus olhos brilham e quando o
solto ela me encara com malícia.

— Ciúmes, quarterback?

Levo minhas mãos até a sua bunda e a impulsiono para


cima até que ela esteja com as pernas ao redor do meu
quadril,

então a levanto e a tiro do banco.

— Sim. — Caminho com ela em meus braços na direção da


porta que leva até a garagem. — Não divido o que é meu,
bonitinha.

Ela ri e apoia a testa em meu ombro.

— Para onde está me levando?

— Vamos até sua casa trocar de roupa.

Ela não discorda, então a levo até meu carro e dirijo para a
sua casa. Assim que entramos em seu apartamento nos
deparamos com Brooke preparando algo para comer, ela
nos encara e um sorrisinho surge em seu rosto.

— Vocês finalmente transaram?

Abigail para no meio da sala e eu paro logo atrás dela.

— Todos vocês achavam que isso iria acontecer?

Pergunto e não é Brooke a me responder.

— Sim.

É Dakota, que está saindo de seu quarto, que me responde.


Abby entrelaça minha mão na sua e me puxa na direção do
seu quarto.

— Ótimo, quarterback, nós fomos as piadas dos nossos


amigos.

Abigail me deixa no seu quarto e segue para o banheiro


enquanto toma seu banho, eu fico vasculhando pelo seu
quarto.

Não encontro nenhum diário com meu nome repleto de


coraçãozinho, mas encontro a minha camisa, aquela que ela
nunca mais me devolveu. É óbvio que ela usou mais de uma
vez.

Sorrindo pego-a e me deito na sua cama. E enquanto a


espero, leio um dos seus livros de suspense. Abby volta
para o quarto apenas enrolada em uma toalha. Não detenho
meus olhos e encaro seu corpo de cima a baixo.

— Sempre que estiver com a autoestima baixa me


lembrarei da forma como você está me olhando.

— Você é linda.

Ela ri da minha resposta e vai até seu armário. Abby se


veste na minha frente sem vergonha nenhuma e aproveito
seu showzinho. Eu largo o livro ao lado e me concentro
totalmente nela.

— Minha cama é realmente melhor que a sua.

Ela me encara sorrindo enquanto penteia seus cabelos


molhados.

— É?

Assinto e pego a minha camisa sequestrada por ela.


— E encontrei a prova de que você estava dormindo com a
minha camiseta.

Ela revira seus olhos.

— Isso não prova nada.

Assim que ela termina de pentear seus cabelos estendo


minha mão, toco sua cintura e a puxo na minha direção.

— Isso prova muita coisa. — Puxo-a mais uma vez e ela se


senta em meu colo com as pernas apoiadas na cama e ao
lado do meu quadril. — Isso prova o quanto você está
apaixonada por mim.

Ela apenas balança a cabeça e ergue suas mãos até tê-las


entre os fios do meu cabelo.

— Não seja um convencido, Ethan.

Aproximo minha boca da sua.

— Confessa que você adora esse meu lado convencido.

Ela balança a cabeça negando e eu aproximo ainda mais


minha boca até ter seus lábios entre meus dentes. Mordo-o
levemente e em seguida passo minha língua para aliviar a
dor.

— Eu acho que você está mentindo.

Olho em seus olhos por alguns segundos e nos beijamos.

Minha língua explora a sua, suas mãos seguram minha


cabeça e as minhas passeiam pelas suas costas.

Ficamos em seu quarto nos beijando e não passamos disso.


Mais uma das coisas que nunca tinha feito com outra
pessoa, ficar assim, sem evoluir o beijo para algo mais. E
são coisas e momentos que achava irrelevantes,
insignificantes e sem graça, mas agora é diferente. Tudo
mudou.

Nós almoçamos com suas amigas, então as convidamos


para o jogo de Josh, Dakota recusa, mas insistimos e ela
acaba concordando em nos acompanhar. Vamos os quatro
para o jogo e encontramos Aiden e Dylan, apesar de ser
apenas um amistoso há muitas pessoas, principalmente
alunos.

Abigail fica ao meu lado e não evitamos estar perto um do


outro, inclusive trocamos alguns abraços e beijos. Nós
bebemos e gritamos durante todo o jogo, ao fim Crimson
Tide vence e vamos

comemorar no Crimson Giants, o mesmo bar em que


encontrei Abigail pela primeira vez.

O lugar está lotado, repleto de universitários enlouquecidos


e nós não somos uma exceção. O time de Beisebol está
enlouquecido e puxam um coro com o hino e outros gritos
de guerra.

Ao fim da noite tanto Abigail quanto eu estamos bêbados,


assim como a maioria das pessoas ao nosso redor, então
quando o bar fecha Josh e Dylan decidem atravessar a rua e
ir até um estúdio de tatuagem vinte e quatro horas.

Aiden, Brooke, Dakota, Abigail e eu acompanhamos os dois


idiotas. Na recepção, eu me sento em uma poltrona e
Abigail se senta em meu colo. Beijo seu pescoço e aproximo
minha boca da sua orelha.

— E se eu quiser fazer tatuagem?


Estou apenas zoando e Abby se vira até seu nariz se
encostar no meu.

— Se você fizer uma tatuagem, eu deixo você escolher uma


tatuagem para eu tatuar, além de segurar sua mão é claro.

Seus olhos estão brilhando, aliás tudo ao nosso redor está.

— O que eu quiser?

— O que você quiser.

E é assim que termino a noite com bonitinha escrito em


uma letra cursiva e fina em meu peito e Abigail com a
palavra quarterback seguida de um coração em seu pulso.

Abby

Estaciono o carro no estacionamento do prédio em que será


a minha próxima aula e antes de descer pego meu celular e
confiro se há alguma mensagem e há uma de Ethan.

“Já chegou?”
Ele sabe que estou indo para a aula, porque conversamos
antes de eu sair de casa, aliás, sempre estamos
conversando por mensagens se não estamos juntos e já que
ele não está mais

com o braço imobilizado o tempo que estamos separados


aumentou consideravelmente, por isso trocamos muitas
mensagens.

Apesar da pergunta estranha digito uma resposta.

“Estou chegando... saindo do carro nesse momento.”

Espero alguns segundos e ele não me responde, então pego


minha mochila, enfio o celular no bolso traseiro da minha
calça e deixo o carro. Caminho para a minha primeira aula
de quinta-feira atenta ao aparelho em meu bolso, porém ele
não vibra, o que significa que o quarterback não me enviou
mais mensagens.

Quarterback.

Pensar na palavra faz com que encare minha mão e a


palavra tatuada em meu pulso. Uma parte minha queria me
jogar da janela do quarto do Ethan quando acordei em seus
braços e vi a minha pele marcada, uma outra parte queria
rir.

O que diabos nós dois estávamos pensando? Claro, não


estávamos pensando, estávamos bêbados.

O fato é que sempre terei a palavra tatuada em meu braço,


ou precisarei pagar uma fortuna e retirar a maldita da
minha pele, além de ser caro e dolorido. Ethan e eu estamos
ficando há seis dias e já temos uma tatuagem, nós nem
rotulamos o que temos.
É completa loucura.

Continuo tentando não me desesperar e nem ficar


pensando no futuro, mas às vezes é inevitável e bate um
medo horroroso. E se eu gostar dele mais do que ele gosta
de mim? E

se ele enjoar de mim? Ou se descobrir que nunca esteve


apaixonado por mim.

É terrível, apenas pensar.

— Hey, Abby.

Alguém me chama quando estou quase entrando na sala de


aula, então deixo meus pensamentos de lado e me viro já
que a pessoa que está me chamando está atrás de mim.

Deparo-me com Benjamin, um cara que faz essa matéria


comigo e com quem fiquei no início do semestre.

— Hey, Benjamin.

— Como você está?

Ele se aproxima e ficamos um de frente para o outro ao lado


da porta da sala de aula.

— Bem, e você?

Apesar de retribuir a pergunta não sorrio. Nós ficamos uma


única vez e nunca mais conversamos. O que ele quer
agora?

Detesto ser simpática apenas por ser.

— Bem, nós nunca mais conversamos — Assinto e cruzo


meus braços sobre meus seios. — Soube que você está
saindo com o quarterback.

Ergo minhas sobrancelhas, aonde ele quer chegar com isso?

— Se for mentira, nós poderíamos sair qualquer dia desses.

De repente, ele voltou a ter interesse em mim? Tudo isso


por que acha que Ethan está interessado em mim? Eu abro
a boca para respondê-lo que não tenho interesse, porém
alguém é mais rápido e responde por mim.

— Ela não pode sair com você. — Olho para o lado e


encontro Ethan ao nosso lado e fuzilando Benjamim. — Essa
garota não está mais disponível.

Pisca na direção de Benjamin e passa seu braço pelo meu


ombro. Eu olho para ele e ergo minhas sobrancelhas, ele
apenas continua encarando o cara à nossa frente.

— Ela inclusive tem uma tatuagem em minha homenagem


em seu pulso.

Benjamim abaixa sua cabeça e encara meu pulso.

— Foi mal, cara.

Ele se afasta e entra na sala de aula. Foi mal, cara? Ele


deveria é ter pedido desculpas para mim. Irritada me
desvencilho de Ethan e fico de frente para ele.

— Ele estava dando em cima de você e eu avisei que você


era minha.

Explica antes mesmo que eu faça qualquer pergunta.

— Não sou um objeto e o que você está fazendo aqui?


Ele sorri, é como é o seu sorriso de lado ele consegue me
desarmar e minha irritação me abandona. Realmente, Ethan
me transforma em uma garotinha apaixonada e boba.

— Vou me sentir ofendido e acreditar que não me queria


aqui.

Mordo meu lábio inferior e suspiro.

— Estou feliz que esteja aqui, mas não o esperava.

Ele sorri, diminui ainda mais a distância entre nós e coloca


suas mãos em minha cintura o que faz com que um arrepio
suba pelo meu corpo.

— Não tinha aula e decidi que queria te ver, desde terça à


noite que não te vejo.

Faz um dia e eu também senti a sua falta.

— Também senti sua falta.

Confesso e seus olhos brilham, então abaixa sua cabeça e


seus lábios cobrem os meus. É um beijo rápido que faz meu
coração acelerar e minha mente entrar em alerta. Eu estou
muito ferrada.

— Você irá me esperar?

Balança cabeça negando e fico um pouco decepcionada.

— Vou entrar e assistir a sua aula com você.

Um sentimento estranho ocupa meu peito ao ouvir o gesto


que ele está a fim de fazer por mim, mas sou racional e
balanço minha cabeça.
— Você não precisa. — Faço um gesto com a cabeça na
direção do banco que há logo em frente à minha sala. —
Pode

ficar aqui se quiser me esperar.

Ele pega minha mão e a leva até seus lábios, então beija
meus dedos.

— Você assistiu várias aulas minhas é justo que assista uma


aula sua. — Abro a boca, porém ele balança a cabeça. —

Não há nada que diga que me convença a não assistir sua


aula.

Como ele parece determinado, dou de ombros.

— Ok, ok, mas já aviso que é uma aula chata.

Ele não parece se importar, então entrelaço meus dedos nos


seus e de mãos dadas seguimos para a sala. Assistimos à
minha aula, a qual Ethan abre a boca a cada segundo e em
seguida vamos para a sua aula. Como o prédio é perto
vamos andando e mais uma vez sou torturada por uma aula
de cálculo.

Nós almoçamos em um restaurante no campus, em seguida


vamos para o treino de Ethan. Eu fico na arquibancada
enquanto ele treina, ele faz o aquecimento e alguns passes
com a bola. Nunca achei que seria tão divertido assistir um
treino, mas é, principalmente quando ele faz a simulação de
um Touchdown[18] e faz o gesto de um coração com as
mãos na minha direção.

O treino chega ao fim e como da outra vez Ethan não segue


para o vestiário com seus colegas, e sim, caminha na minha
direção. Eu sorrio e fico em pé o esperando.
— Dessa vez, não parece uma criança emburrada.

Provoco-o assim que ele está perto o suficiente para me


ouvir. Ethan faz uma careta, ele se aproxima e ficamos um
de frente para o outro, então ele deixa suas mãos em minha
cintura e eu espalmo as minhas em seu peito.

— Você sabe o porquê tinha brigado com Oliver? E por que


estava tão contrariado aquele dia? — Balanço a cabeça
negando.

— Porque ele tinha me dito que estava apaixonado.

— Por mim?

Assente.

— Aparentemente estava na cara que está apaixonado por


você.

Eu sorrio e apoio minha cabeça em seu ombro. Ele beija a


lateral do meu rosto e sua mão sobe e desce pela minha
barriga.

— Sabe, o verão está terminando e daqui a uns dias não


poderei mais usar a piscina lá de casa.

Afasto-me e o encaro com as sobrancelhas erguidas.

— O que você está querendo dizer?

— Que nós deveríamos ir para minha casa e aproveitar


aquela piscina enorme, e é bom salientar que nenhum dos
caras está por lá, ou seja, seremos só você e eu.

Dou um passo para trás e sorrio animada, embora já não


esteja tão quente, mas ainda está o suficiente para passar
um dia na piscina.
— Eu gosto dessa sua sugestão, eu só preciso ir em casa e
colocar um biquíni.

Ele assente.

— Espero você na minha casa.

Entrelaça nossos dedos e de mãos dadas deixamos as


arquibancadas e caminhamos para o estacionamento do
Brynt

Demy[19].

— Traga uma roupa para dormir e para vir amanhã para


universidade.

Sorrio e olho para ele com malícia.

— Me chamando para dormir com você?

— Não é um convite, é uma convocação.

Pisca na minha direção. Nós dois sorrimos e seguimos em


frente. Como estamos em carro separamos, Ethan me leva
até o meu e nos despedimos com um selinho.

Enquanto dirijo, encaro a tatuagem em meu pulso. Talvez


esteja no momento de contar para Ethan sobre Liam antes
que ele descubra de outra forma.

As meninas não estão em casa, então corro, troco a roupa


que estou por um biquíni e um vestido. Coloco algumas
peças de roupa em uma mochila e saio mais uma vez do
meu apartamento.

Ao chegar deixo meu carro atrás do de Ethan que está


estacionado em frente à sua casa e caminho até a entrada.
Abro a porta e não há ninguém na sala.
— Ethan.

Grito.

— No jardim.

Deixo minha mochila sobre o sofá e vou para o jardim.

Ethan está sentado em uma espreguiçadeira, ele olha em


minha direção e a forma como seus olhos percorrem meu
corpo fazem com que me sinta a garota mais bonita do
universo.

Gosto de como um simples olhar seu é capaz de fazer com


que me sinta quente. Ainda com seu olhar sobre mim, eu
tiro o vestido e fico só de biquíni, em seguida eu vou até ele
e me sento no seu colo de frente para ele e com as pernas
ao redor da sua cintura.

— Gostei dessa cor em você.

Suas mãos sobem pelas minhas costas enquanto eu toco


seu pescoço.

— Tenho certeza de que foi da cor vermelha do biquíni que


gostou.

Ele cobre minha boca com a sua e por alguns segundos, nos
perdemos um no outro. É Ethan a se afastar e me encarar
com malícia. Ele não fala nada, mas entendo o que ele irá
fazer assim que fica em pé comigo em seu colo.

— Droga, Ethan.

Ele ignora minha reclamação e pula na piscina. Eu fecho


meus olhos e somos engolidos pela água. Assim que
emergimos e abro meus olhos encontro Ethan rindo.
— Maluco.

Ele só da de ombros e sua boca procura pela minha. Eu não


me afasto pelo contrário aprofundo ainda mais o beijo.
Ethan me carrega até a borda da piscina até eu ter as
costas apoiadas contra ela.

Nós nos beijamos até estarmos sem fôlego e com os lábios


inchados, então Ethan apoia sua testa na minha e ficamos
um tempo apenas nos encarando. Quando ele me deixa
para se apoiar na piscina ao meu lado minha respiração
ainda está acelerada.

— Você acredita que meu ombro irá voltar a deslocar outra


vez em breve?

Viro-me para o lado e franzo minha testa.

— Por que a pergunta? Você está com dor?

Ele balança a cabeça negando.

— Só estou preocupado dele deslocar com o impacto dos


jogos e isso não será algo que irá me ajudar a causar uma
boa impressão. — Faz uma careta. — Ano que vem faz três
anos que eu terminei o ensino médio, posso me inscrever
no Draft e eu era um jogador visado, mas se começar a ter
problemas seguidos em meu ombro isso não vai acontecer.

Ethan parece preocupado como nunca esteve.

— Você é dado como uma estrela, Ethan, todos querem ver


você jogar e é a principal aposta, todos sabem que haverá
briga por você.

Apoia sua cabeça na borda da piscina e encaro o céu.


— Eu sei, só que às vezes tenho medo de não conseguir o
que eu quero.

— Você irá se inscrever no Draft ano que vem?

— Não, eu quero meu diploma e vou deixar para quando


estiver no quarto e último ano.

Assinto e mordo meu lábio inferior, porque preciso


perguntar algo.

— Seu agente é alguém essencial para você no Draft, não


é?

Ele assente.

— Liam tem contatos e ele sabe qual time eu quero, ele


sabe com quem conversar para que os times acertem a
minha escolha, porque por mais que os Patriots não vençam
o Super Bowl dificilmente serão os últimos colocados na liga
e os primeiros a fazerem a escolha no Draft.

Um aperto surge em meu peito.

— Liam é quem tornará a escolha um pouco sua também.

— Sim. — Ethan suspira e volta a me falar sobre seus


medos. — Embora, não vá para o Draft ano que vem, minha
avaliação irá ocorrer, os times irão me entrevistar, pedir
meus exames médicos e me avaliarem e se eles acharem
que estou comprometido?

Apesar da agonia em meu peito ao pensar na reação de


Liam quando descobrir que estamos juntos, eu entrelaço
minha mão na de Ethan e a aperto.
— Ficará tudo bem, Ethan, tenho certeza de que isso não irá
te atrapalhar. — Sorrio. — E você será disputado por todos,
como você ama.

Ele leva nossas mãos até seus lábios e beija o nódulo dos
meus dedos. Meu coração bate acelerado e mais uma vez,
meu peito aperta. Qual a chance de Liam não ficar irado por
eu estar com seu principal jogador? Porque, eu
definitivamente não quero perder Ethan.

Abby

Saio do quarto de Ethan e a casa está um caos. Josh, Aiden,


Dylan, Brooke e Dakota caminham de um lado para outro e
finalizam o que falta para a festa de halloween de hoje à
noite.

Uma festa que faz uma semana que estamos organizando e


mesmo assim ainda falta coisas.

— E Ethan?

Josh pergunta assim que me vê.


— Dormindo.

— Aposto que ele usou a desculpa do tenho que descansar


para o jogo amanhã apenas para escapar da organização do
restante das coisas.

Dylan zomba e provavelmente ele não está errado. Todos


tivemos aula hoje pela manhã e viemos para cá, almoçamos
e o plano éramos juntos arrumar o que faltava, porém Ethan
escapou, porque falou que não poderia se cansar antes do
jogo de amanhã, o jogo que inicia a temporada e um dos
mais importantes, contra os Auburn Tigers, o maior rival dos
Crimson.

— E Abby fugiu também.

Brooke me acusa e simplesmente dou de ombros, ela está


certa, eu fugi. Disse que precisava subir com Ethan para seu
quarto para ajudá-lo nos alongamentos quando na verdade,
não existia alongamento nenhum. Tudo que fizemos foi nos
deitarmos em sua cama e ficarmos abraçados assistindo um
documentário sobre como surgiu o halloween. Ethan dormiu
na metade do documentário, eu como amo documentários
assisti até o fim.

Como Ethan dormiu e estava entediada com o programa


que começou passar na televisão após o documentário
decidi parar de fazer corpo mole e vir ajudar meus amigos.

— Sua folga acabou. — Dakota coloca em minhas mãos uma


abóbora de plástico repleta de teias de aranhas. — Coloque
isso em algum lugar da sala.

— Sim, senhora.

Eu vou até a sala e deixo a abóbora sobre a lareira. Assim


que termino Aiden surge com um monte de aranhas falsas e
o ajudo a decorar o restante da sala, ou o que era a sala já
que o sofá foi realocado na academia para termos mais
espaço aqui.

É início da noite quando finalmente temos tudo pronto,


então minhas amigas seguem para o nosso apartamento a
fim de se arrumarem, os meninos para os seus quartos e eu
volto para o quarto de Ethan, afinal trouxe minha fantasia e
maquiagens para cá ontem à noite.

Assim que abro a porta me deparo com Ethan sentado em


sua cama com as costas apoiadas na cabeceira e jogando
videogame.

— Você realmente fugiu.

Ele dá de ombros.

— Eu já ajudei a organizar muita coisa dessa festa.

Ele continua encarando a televisão, realmente parece muito


concentrado em seu jogo e tenho uma ideia. Eu caminho
até a cama e subo de joelhos no colchão. Posso ver que ele
me encara pelo canto do olho, mas não se vira em minha
direção.

Sorrio e tiro minha blusa ficando apenas de sutiã.

— O que você está fazendo?

— Tirando minha roupa, não posso?

Faço um beicinho e me aproximo ainda mais dele. Ethan


engole em seco e vejo que segura com mais força o
controle.
Afasto uma das suas mãos do objeto e me sento em seu
colo de frente para ele.

— Continue jogando.

Abaixo minha cabeça e beijo seu pescoço. Assim que meus


lábios encostam em sua pele ele larga o controle e segura
meus cabelos com força.

— Que porra de jogo.

Puxa meus cabelos até que ergue minha cabeça e então


cobre minha boca com a sua. Só nos afastamos quando
puxo sua camisa para cima, jogo-a no chão e ele baixa seus
olhos até meus seios. Ele os encara e leva suas mãos até
eles, aperta-os

mesmo por cima do sutiã e uma sensação de dor e prazer


percorre meu corpo e acaba em minha boceta.

Seus olhos brilham, passa a língua em seus lábios e


continua me encarando enquanto tira meu sutiã e só
quando a peça está longe do meu corpo que desvia seu
olhar, abaixa sua cabeça e toca meu mamilo com a sua
boca.

Eu fecho meus olhos e deixo que as chupadas em meu peito


vibrem diretamente em minha boceta. Arfa, levo minhas
mãos até sua cabeça e imploro por mais. Seus dedos
brincam com meu bico intumescido enquanto arranha meu
outro seio com seus dentes.

Rebolo contra seu corpo fazendo com que minha boceta


friccione com sua ereção que começa a crescer em suas
calças.
Mesmo com nossas calças entre nós sinto-o duro, o que faz
com que fique ainda mais molhada.

Ele continua dando atenção aos meus seios e sei que se ele
continuar irá me fazer gozar. Respiro fundo e o empurro,
Ethan me encara sem entender e com os olhos repletos de
luxúria.

— Quero fazer você gozar em minha boca.

Justifico-me e seus olhos brilham ainda mais.

— Então, traga sua bocetinha até minha boca enquanto me


chupa.

Suas palavras fazem com que sinta uma fisgada embaixo do


meu ventre e minha boceta vibre. Caralho, eu quero gozar.

Rapidamente fico em pé e tiro minha calça e calcinha, e


ainda deitado Ethan tira sua calça de moletom e sua cueca.
Ele toca seu pau duro e me encara excitado.

— Abigail, traga sua boceta até minha boca.

Com meus seios pesados e minha boceta vibrando sento-


me em seu rosto e curvo meu corpo para a frente até ter
seu pau em minha boca e minhas mãos apoiadas no
colchão ao lado de Ethan.

Sua língua toca meu clitóris e respiro fundo. Preciso de toda


minha concentração para o tomar em minha boca enquanto
ele me explora com sua língua. Levo-o até o fundo da minha
garganta e ele morde minha coxa. Um gemido deixa meus
lábios e seus dedos juntam-se à sua boca.

Nossas respirações alteradas ecoam pelo quarto e a cada


segundo meu corpo fica mais em alerta, minha boceta vibra
e

preciso de mais. Busco o que preciso rebolando contra o


rosto de Ethan enquanto minha boca sobe e desce por toda
sua extensão.

Não consigo mais o manter em minha boca, eu preciso


parar e deixar que ele me chupe até que consiga o que
tanto preciso. Ethan não me decepciona e mantém seus
dedos e sua língua até que goze, até que tudo se torne
demais.

Ele continua com sua boca em mim até que minha


respiração comece a normalizar. Estou prestes a voltar a tê-
lo em minha boca quando ele dá um tapa na lateral da
minha bunda.

— Não, quero gozar na sua boceta.

Eu me viro no mesmo instante ficando com ela a


centímetros do seu pau e me curvo até a gaveta ao lado da
cama, depressa pego uma camisinha, entrego-a para Ethan
e ele o mais rápido possível a coloca, então apoio minhas
mãos em seu peito e ele guia seu pau para dentro de mim.
Sento-me devagar e aos poucos ele me preenche e quando
estou totalmente sentada sobre ele nós dois gememos.

Monto-o e a cada investida minha boceta o aperta mais.

Suas mãos ficaram marcadas em minha cintura e não nos


importamos se estamos fazendo barulho demais.

Nós gozamos juntos e deito-me em seu peito exausta. Nós


ficamos em silêncio e o som das nossas respirações são o
único barulho ouvido no quarto.
Ethan tem suas mãos em minhas costas e eu traço círculos
invisíveis em seu peito com as pontas dos meus dedos.

— Podemos esquecer da festa?

Sorrio e me aconchego ainda mais contra ele.

— Não.

Apesar de negar não me levanto. E nós só deixamos a cama


quando estamos muito atrasados, nós tomamos um banho
rápido e juntos para economizar tempo. Nossas fantasias
não são muito elaboradas e se tivesse um concurso
ganharíamos como o casal com a pior fantasia de todas.

Somos o Shrek e a Fiona, porém um casal de ogros após


muita dieta e academia, além do mais que a única coisa que
indica nossa fantasia é a tiara com as orelhas de ogros. Até
o meu vestido é curto e a única semelhança com o da Fiona
é a cor verde. Deveríamos pintar nossos rostos de verde,
porém estamos atrasados e há música e risadas ecoando
pela casa, ou seja, muito atrasados.

Deixamos o quarto de mãos dadas e descemos as escadas.


Tudo está escuro, músicas de terror ecoam pela casa e as
pessoas estão bebendo e tentando dar sustos uma nas
outras.

— Do que diabos vocês estão fantasiados?

Josh que está fantasiado de Mario pergunta assim que nos


encontra.

— Fiona e Shrek.

Aiden que está de Luigi se aproxima e faz uma careta.


— Meu Deus, vocês são o pior casal de todos.

— Cadê a fantasia de vocês?

É a vez de Dylan se juntar aos meninos.

— Estamos fantasiados.

Reviro meus olhos e eles continuam nos provocando e tudo


piora quando Dakota e Brooke se juntam ao grupo.

Realmente, somos uma piada para nossos amigos.

Ethan e eu não estamos bebendo. Ethan, porque joga


amanhã e eu porque o estou apoiando. No início é legal,
conversamos com todos e nos divertimos, mas conforme o
tempo passa e o povo começa a ficar bêbado é horrível.

Pessoas bêbadas são terríveis e chatas.

Depois do quinto banho de cerveja que levamos, Ethan e eu


subimos para seu quarto, eu visto uma das suas camisas e
ele apenas uma calça de moletom. Por sorte tinha comida e
não estamos com fome, então escovamos nossos dentes e
nos deitamos. Eu me deito sobre seu peito e seus dedos
brincam os fios do meu cabelo. O barulho da festa é alto e
ecoa pelo quarto.

— Foi uma péssima ideia termos feito essa festa hoje. —

Suspiro. — Devíamos ter deixado para amanhã.

— Foi bom. — Apoio meu corpo em meu cotovelo e o encaro


com as sobrancelhas erguidas. — Me ajudou a não pensar
no jogo amanhã.

— Você está preocupado?


Assente.

— Sei que tenho treinado e Miller me garantiu que estou


bem, porém tenho receio de me machucar, ou de algo dar
errado.

Beijo seu peito.

— Dará tudo certo.

— Eu espero que sim, Abby.

Eu volto a encará-lo e sorrio maliciosa.

— E se caso algo acontecer, não se preocupe posso cuidar


de você.

Sorri diante da minha provocação.

— Mesmo que seu contrato tenha acabado há uma semana?

— Mesmo que tenha acabado.

Aproxima seu rosto do meu e deixa um selinho em meus


lábios.

— Assim, eu fico mais aliviado.

Nós dois sorrimos e volto a apoiar minha cabeça em seu


peito. Meu contrato de estágio acabou, mas não
aconteceram muitas mudanças. Continuamos passando a
maior parte dos dias juntos e a cada dia me apaixono mais
por Ethan. Aquela palavra com A está morrendo para deixar
minha boca, porém sei que antes disso preciso conversar
com Ethan sobre minha família.

Duas semanas depois do dia da piscina e eu ainda não falei


para Ethan sobre Liam e muito menos sobre minha mãe.
Tenho receio de que ele não entenda e medo da escolha que
ele terá que fazer caso Liam decida infernizar nossas vidas.

Durmo pensando que depois do jogo irei contar sobre Liam.

Eu acordo primeiro que Ethan e como hoje é um dia


importante para ele decido preparar um café da manhã
especial, desvencilho-me do seu corpo e deixo a cama. Eu
vou ao banheiro, tomo um banho rápido e visto a roupa que
irei usar mais tarde no jogo, inclusive uma das suas camisas
com seu número e seu nome.

Estou saindo do quarto quando olho de relance para o meu


Ipad que está em cima da mesa de estudo e percebo que
ele está ligado. Eu vou até ele e é uma notificação de e-
mail, um e-mail de Liam.

Meu coração acelera e pego o Ipad, clico na notificação e


sinto meu mundo ruir ao ler o que está escrito.

“Como assim, você está namorando Ethan Lewis? Você está


maluca? Qual seu plano, o mesmo que o da vadia da sua
mãe? Engravidar e garantir uma pensão? Isso não vai
acontecer, Abigail. Eu não vou deixar acontecer. Saiba que
já estou entrando em contato com Ethan e vou contar
exatamente quem você é e o que você pretende. E se caso
ele não me escutar, caso se recuse a se afastar de você, eu
acabo com a carreira dele antes mesmo

de começar. Nenhum jogador meu cai em golpes planejados


por putas como vocês.”

Lágrimas se acumulam me meus olhos. Sinto uma falta de


ar e uma pressão em meu peito. Eu largo o Ipad sobre a
mesa, pego a chave do meu carro e deixo o quarto de Ethan
correndo.
Corro para o meu carro e dirijo para casa enquanto lágrimas
escorrem pelo meu rosto.

Ethan

Ao acordar sinto falta de Abby, meus braços não estão em


volta dela e parte do seu corpo não está sobre o meu, como
normalmente acontece quando dormimos juntos. Abro meus
olhos e ela não está ao meu lado.

Eu gosto de acordar e tê-la por perto. Aliás eu gosto de tê-la


ao meu lado em qualquer momento do dia. E hoje
realmente a queria aqui, porque. é Abigail que tem me
mantido sem surtar, eu tenho receio do jogo e é ela a me
tranquilizar, seja com as suas palavras, ou com o simples
fato de estar ao meu lado.

Não é uma dependência, é uma conexão, é um sentimento


e uma parceria diferente. E não tenho vergonha de admitir
que isso esteja acontecendo, até mesmo porque é algo
incrível, como sentiria vergonha de algo que me faz tão
bem?
Sento-me na cama e olho ao redor do quarto, ela não está
em lugar nenhum.

— Abby?

Nenhuma resposta, ou seja, ela não está no banheiro.

Sinto uma sensação estranha em meu peito, quase uma


pressão, como se fosse um pressentimento. Minha
consciência acusa que estou sendo paranoico e que isso é
por causa do jogo de hoje, estou colocando pressão demais
sobre mim.

Suspiro e me levanto. Eu vou até o banheiro e encontro a


minha camiseta que Abby usou para dormir, o que significa
que provavelmente ela tomou banho, ou seja, ela deve
estar na cozinha.

Seguindo o exemplo da minha garota, eu tomo banho e é


vestindo apenas uma calça de moletom e cueca que saio do
quarto. Eu desço para a cozinha e não encontro ninguém.
Droga, Abby não está aqui, onde ela está?

Antes de voltar para o meu quarto, eu vou até a garagem


verificar se seu carro está onde estava ontem à noite, e não
está mais ao lado do meu. Será que ela foi buscar algo?
Meu coração segue me alertando que alguma coisa está
errada e minha mente dizendo que estou sendo maluco.

Verifico se seu carro não está estacionado em frente à casa,


porém o único carro é o da Dakota, o que significa que as
meninas dormiram aqui e ainda não foram embora.

Subo as escadas correndo e estou abrindo a porta do meu


quarto quando a porta do quarto de Josh é aberta. Eu olho
para o lado e Dakota está deixando o cômodo e não parece
muito contente.
— Está tudo bem?

Ela assente.

— Sim, eu apenas sou uma idiota.

Ela segue na direção das escadas e eu entro em meu


quarto. Eu vou direto até o meu celular que está embaixo do
meu travesseiro e não há nenhuma mensagem de Abby,
apenas três ligações perdidas de Liam, o que ele quer?
Conversar sobre o jogo? Faz algumas semanas que não
conversamos, o que é

normal, Liam só conversa quando é extremamente


necessário e por ligação é mais raro ainda. Algo deve estar
acontecendo, porém no momento minha prioridade é a
minha garota.

Será que Abby deixou algum bilhete? Caminho pelo quarto à


procura. Não há nada sobre o móvel ao lado da cama e nem
sobre a cômoda, porém quando me aproximo da minha
mesa de estudo encontro a tela do seu Ipad ligada, será que
ela deixou algo ali?

Aproximo-me e pego o aparelho em mãos. Não é para mim,


é um e-mail. Um e-mail de Liam, leio o endereço de e-mail
várias vezes para ter certeza de que é o mesmo Liam que é
meu agente. O que diabos ele quer com Abby?

Corro meus olhos pelas palavras do corpo do e-mail e raiva


ecoa em meu peito a cada palavra que eu leio. Não entendo
do que exatamente ele está falando, porém ele chamou
Abby de interesseira, de puta. Ele está xingando a minha
garota e ele não tem direito de fazer isso. Minha vontade é
de socá-lo, quebrar a sua cara, nunca senti tanta raiva de
alguém.
— Filho da puta.

Abby leu esse e-mail? Foi por isso que ela foi embora?

Droga! Caralho! Deixo o Ipad sobre a mesa e caminho pelo


quarto enquanto passo a mão pelos fios do meu cabelo. O
que eu faço?

Será que ela foi para seu apartamento? Por que Liam enviou
essa mensagem para Abigail? Ele conhece a mãe dela?

Merda!

Ainda estou andando de um lado para o outro e


transtornado quando o som do meu celular ecoa pelo meu
quarto.

Respiro fundo e vou até a mesa onde o deixei ao lado do


Ipad. É

o idiota do Liam, pego o aparelho, aceito a chamada e o


trago até a minha orelha.

— Você é um idiota.

Minha voz soa repleta de ódio.

— Olha o jeito como você fala comigo, Ethan, não sou seus
amigos.

— Você é a porra de um bastardo, quem você pensa que é?

As palavras ditas no e-mail ecoam em minha mente e tenho


vontade de estar à sua frente apenas para quebrar seu
maldito nariz.

— Ela te mostrou o e-mail?


— Eu sempre relevei o quão escroto você é, mas dessa vez,
você passou de todos os limites, Liam.

Ele ri, uma risada fria e irônica.

— Ela é apenas uma interesseira, Ethan, acredite eu a


conheço bem e sei do que estou falando.

— Você a conhece? — Sorrio sem humor. — Você com


certeza não a conhece.

Eu conheço Abigail, eu sei quem ela é. Não esse maldito.

— Ela é minha filha, Ethan. — Não acho que ele esteja


mentindo, o que faz com que meu ódio por ele aumente
ainda mais. — Assim como a mãe, ela é uma prostituta.

Soco a mesa à minha frente.

— Você pode rescindir o nosso contrato.

Grito as últimas palavras.

— Você não pode fazer isso por uma puta.

Ele finalmente perde a sua falsa tranquilidade e grita.

— Eu posso e estou fazendo.

Não importa a história que une Liam e Abigail, eu a conheço


e sei quem ela realmente é.

— Ethan, eu vou acabar com a sua carreira.

— Não, você não vai, não sou um idiota que você pode
manipular, Liam.
Encerro a chamada, encaro o teto por alguns segundos e eu
sei exatamente o que devo fazer. Então, respiro fundo,
coloco uma camiseta, pego a chave do meu carro e de
chinelo e com o celular em mãos deixo meu quarto e corro
para a garagem.

Enquanto dirijo tento ligar para Abigail, mas ela não me


atende. Apenas chama e nada. Droga! O que será que ela
está pensando? Caralho, Liam é o seu pai.

E agora tudo faz sentindo, seu ódio por quarterbacks e por


jogadores de futebol americano. Liam foi o maior
quarterback da década passada. Ele deve ter magoado
muito a minha garota.

Ao chegar no estacionamento em frente ao conjunto de


apartamentos, deixo meu carro, procuro pelo seu e não
demoro a encontrá-lo. Ela realmente está aqui.

Eu vou até seu apartamento e toco a campainha. Ela não


me atende. Então aperto o botão de novo e nada. Bato na
porta e

continuo sendo ignorado .

— Abby, eu sei que você está aqui. — Bato na porta mais


uma vez e grito. — Eu li o e-mail de Liam e eu não acredito
nele, você não é nada do que ele disse, aliás ele é um
idiota, nojento e se eu pudesse o matava.

Espero e a porta não é aberta.

— Eu não vou sair daqui até que você abra essa maldita
porta. — Suspiro. — Seus vizinhos irão chamar a polícia,
bonitinha e eu não posso ser preso, eu tenho um jogo para
vencer.
Finalmente, escuto passos e prendo minha respiração.

Abigail abre a porta e me deparo com lágrimas escorrendo


pelo seu rosto. No mesmo instante trago-a para meus
braços e a abraço.

É assim que entramos em seu apartamento e nos guio para


o sofá, sento-me com ela em meu colo e beijo a lateral da
sua cabeça. Não falo nada e apenas espero pelo seu
momento.

Embalo-a como um bebê e a aperto em meus braços. Ela


chora e suas lágrimas molham a minha camiseta.

O tempo parece se arrastar e a cada segundo sofro mais por


ela estar sofrendo e meu ódio por Liam aumenta. Sei que
preciso me livrar dele, é a única certeza do momento. Aos
poucos seu choro diminui e ela continua com a cabeça em
meu peito.

— Liam é meu pai. — Ela comprova o que Liam já tinha


falado. — E ele me odeia.

Sua voz treme e a aperto ainda mais em meus braços.

— Minha mãe era uma acompanhante de luxo e Liam a


contratou algumas vezes, então ela engravidou de
propósito. —

Escuto-a atentamente. — E quando nasci ela me usou para


chantagear meu pai, porque ele sempre foi esse cara de
aparências, seria um enorme escândalo se ela fosse na
mídia e dissesse que ele teve uma filha com uma
acompanhante de luxo, então eles fizeram um acordo, ele a
paga uma pensão para que ela nunca conte a ninguém
sobre mim, sequer tenho o nome dele na minha certidão.
Sua voz falha e é nítido o quanto o assunto a machuca.

— Minha mãe não liga para mim e meu pai me despreza, ele
apenas paga minha faculdade e me deu um carro com
medo de que um dia contasse a alguém que sou sua filha.

Não há palavras para descrever o quanto detesto esse


homem nesse momento.

— Sempre soube que Liam não era alguém decente, mas


não pensei que fosse nesse nível, eu não consigo sequer
descrever o quanto o odeio no momento.

— Tudo que importa para Liam é o futebol, por isso odiava o


esporte e qualquer jogador, principalmente os quarterbacks
agenciados por ele, eu os colocava todos na mesma posição
que Liam. — Ela afasta o rosto do meu peito e me encara. —
Eu achava que todos iriam me machucar como ele fez
comigo.

Assinto.

— Eu entendo, agora, eu entendo.

Apoio minha testa na sua e ela suspira.

— Aceitei o estágio com você, porque ele estava me


cobrando o que tinha gastado em um cartão de crédito que
ele me deu para comprar livros e colocar gasolina no carro,
eu usei esse cartão, porque tinha sido demitida e minha
mãe se recusa a enviar dinheiro para mim, ela gasta tudo
com ela e com a vida luxuosa que insiste em levar.

Afasto as lágrimas que escorrem pelo seu rosto com as


pontas dos meus dedos.

— Odeio seus pais.


Ela sorri, um sorriso fraco e sem graça.

— Eu também os odeio. — Fecha seus olhos e mais uma


vez, respira fundo. — Como você leu o e-mail?

— Seu Ipad estava ligado sobre a mesa.

Abre os olhos e a fragilidade com que me encara me quebra


e faz com queira retirar toda a sua dor.

— Você acredita nele?

Balanço minha cabeça negando e acaricio a lateral do seu


rosto.

— É lógico que não, eu conheço você e o odiei como nunca


odiei outra pessoa assim que li aquele e-mail.

— Apesar de doer ler aquelas palavras vindas de alguém


que deveria me amar, não foi o pior, o pior foi o medo de te
perder.

Confessa e meu coração acelera.

— Você não irá me perder, bonitinha, não até que você


queira que isso aconteça.

— Não posso deixá-lo acabar com a sua carreira.

Afasto minha testa da sua, mas continuo com meus dedos


em seu rosto.

— Ele não pode fazer isso, Abigail, quer dizer ele pode
tentar, mas não vai conseguir. — Seguro seu rosto. — Ele
acreditava que eu era um garoto manipulável, mas não sou.
Eu sei quem eu sou e sei que por mais famoso que Liam
seja, ele não tem o poder de acabar com as minhas chances
de ser um jogador profissional.
Seus lábios tremem.

— Não será bom para você aparecer em escândalos, se ele


decidir te expor... isso pode pegar mal.

Dou de ombros.

— Não ligo, talvez, ele conseguisse dar uma estragada na


minha imagem e talvez, não fosse escolhido na primeira
rodada do Draft, mas acabar com minhas chances? —
Balanço minha cabeça negando. — Impossível.

Liam sempre me viu como um garoto imaturo e filhinho da


mamãe, ele achou que poderia me vencer, o que ele nunca

percebeu que sempre o deixei vencer. Nunca foi ele, sempre


fui eu.

— Ele me ligou e eu disse que nosso contrato será


rescindido. — Ela balança a cabeça negando, então coloco
meus dedos sobre os seus lábios. — Não me importo com as
consequências, e nem se tiver que brigar com Liam, tudo
que importa é você.

— Mas o seu sonho, o futebol, não pode arriscar tudo por


mim.

Sorrio e mais uma vez apoio minha testa na sua.

— Você confia em mim? — Ela assente. — Então, levanta-se,


limpe seu rosto e venha comigo, porque tenho um jogo para
vencer.
Abby

Por mais que seja um pouco doloroso ler o que Liam falou
de mim, eu já esperava. Em vinte anos, eu aprendi a lidar
com o fato de ter pais que não se importam comigo. Minha
mãe pagou babá e seu contato comigo era mínimo, ela
nunca foi amorosa e sempre passou a maior do tempo
viajando. Liam eu conheci só depois dos dez anos e de
implorar para minha mãe, então ela me levou até ele e ele
me desprezou.

O dever de Liam comigo era pagar minha escola e


faculdade, além da carteira de motorista e me dar um carro,
o

resto minha mãe deveria tirar da pensão que ela recebe


dele para me sustentar. E Bridget me sustentou até os
dezesseis anos, depois disso precisei trabalhar e pagar os
meus gastos.

Há muito tempo eu não me pergunto se eles me amam. A


terapia me ajudou e me ajuda, porém, algumas marcas
sempre carregarei comigo.
Hoje ao ler aquele e-mail não chorei pelas palavras de Liam,
nem pela garota que um dia queria ser amada pelos pais.

Eu chorei por quem eu sou, pela ideia de perder o que eu


tenho com Ethan, de perder quem estou me tornando.

Eu faço o que Ethan pede, levanto-me e vou para o


banheiro. Eu lavo meu rosto e faço uma maquiagem rápida
para esconder que estava chorando. E quando volto para a
sala, ele está mexendo em seu celular e parece
concentrado.

— Hey, estou pronta.

Ele olha na minha direção e sorri.

— Vai dar tudo certo.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Devo perguntar o que você está aprontando?

Eu apoio meu ombro no batente da porta e ele continua me


encarando.

— Minha mãe disse que irá conversar com nossos


advogados e rescindir meu contrato com Liam, porém como
se não tiver um agente não jogo, ela só irá fazer isso após a
nossa vitória.

Ele parece confiante da vitória o que me faz sorrir.

— Você está confiante, hein?

— Essa vitória tem que ser nossa. — Franzo minha testa e


ele balança a cabeça negando. — Não me pergunte o
porquê.
Assinto ainda sorrindo e ficamos em silêncio por alguns
segundos apenas encarando um ao outro. Então, meu
sorriso se desfaz quando volto a pensar nas consequências
da ameaça de Liam.

— Você não irá pagar uma multa se rescindir com Liam?

Afasta-me da porta e vou até Ethan que apoia suas costas


completamente no sofá e me puxa para seu colo, eu me
sento de frente para ele com as pernas ao redor da sua
cintura.

— Irei, mas sou rico, lembra?

Espalmo minhas mãos em seu peito e suspiro.

— Você não precisa fazer isso por mim, talvez exista outro
jeito e você possa continuar sendo agenciado por ele.

Nega.

— Não vale tudo pelo futebol, não vale tudo pela fama e
pela glória. — Ergue sua mão e coloca alguns fios do meu
cabelo para trás da minha orelha. — Não quero ser nem um
pouco igual ao Liam, você me ensinou que quero mais do
que ser o melhor e invencível jogador de futebol americano.

Suas palavras me emocionam e preciso respirar fundo para


não chorar. É um alívio escutar suas palavras, são os meus
medos e inseguranças me deixando.

— E o que faremos para que ele não cumpra com sua


ameaça?

Ethan sorri, um sorriso irônico.

— Vamos ameaçá-lo.
O que ele está querendo dizer?

— Vamos?

Assente.

— Se você estiver disposta, é claro.

Se ele quer enfrentar Liam por mim, é óbvio que estou


disposta. Não quero renunciar.

— E o que faremos?

— Iremos ameaçar ele com o que mais tem medo. — Ergo


minhas sobrancelhas. — A exposição, se ele fizer qualquer
coisa para me prejudicar nós vamos tornar público tudo que
ele fez para você, inclusive o e-mail horroroso de hoje mais
cedo.

Mordo meu lábio inferior.

— Você acha que irá funcionar?

Ele assente.

— Liam paga à sua mãe para ela ficar quieta e pelo que
você falou não é pouca coisa, ou seja, é realmente algo que
ele tem medo, não acho que ele queira que todos saibam
que ele chama a própria filha de puta. — Faz uma careta. —
Odeio pronunciar essa palavra e juro que se ele estivesse
em minha frente quebraria seu nariz, e provavelmente
outras partes do seu corpo.

— Liam não é pequeno, talvez você tivesse trabalho. —

Nós dois rimos e assim que não há mais graça, olho em


seus
olhos e o encaro preocupada. — E se ele mesmo assim
continuar te ameaçando?

— Então, nós vamos enfrentá-lo. Ele vai tentar acabar com


as minhas chances de ser um jogador profissional e nós dois
vamos expô-lo, vamos tornar nossa briga nacional e sendo
sincero acho que temos mais chance de conquistar o
carisma das pessoas que Liam, posso até imaginar as
hashtags do Twitter a nosso favor.

Apesar de um sorriso surgir em meu rosto continuo


preocupada.

— E se tudo der errado? E se Liam conseguir atrapalhar sua


vida?

— Eu vou me tornar um engenheiro de computação e


assumir o lugar da minha mãe na empresa, e ser um CEO
da tecnologia. — Sorri. — E ele nem pode te ameaçar com
dinheiro, porque é obrigação dele a pensão.

Assinto e suspiro.

— Só tenho medo de que um dia você se arrependa de estar


me escolhendo.

Ele aproxima a boca da minha.

— Não vou me arrepender, jamais vou me arrepender de


escolher a minha garota.

Ele me beija e quando nos afastamos apoia sua testa na


minha.

— Não tenho medo do futuro, Abby, não tenho medo de


arriscar tudo por nós dois e preciso que você não tenha
medo também.
Coloco minha mão sobre seu coração e sorrio.

— Eu não tenho.

— Então, temos que enviar um e-mail.

Ele pega seu celular e me mostra. Eu sorrio, ele afasta sua


testa da minha e juntos formulamos um texto para Liam.
Minutos depois, Ethan o envia para Liam e junto anexa uma
foto nossa para ele ter certeza de que estamos juntos
aconteça o que acontecer.

“Estarei rescindindo o contrato com você logo após o jogo e


meu advogado irá o procurar. Sobre suas ameaças, torne
alguma delas real e o mundo todo ficará sabendo o grande
babaca e idiota que você é. Inclusive, um print do seu
último e-mail enviado para a sua filha será exposto, a filha
que você

sempre escondeu. Não estou blefando, Liam. Se decidir


acabar comigo, eu acabo com você. Não tenho medo. Além
do mais sabemos que essas suas ameaças são assédio
moral...”

— E se ele não te responder, irá ligar?

Ethan vai até o contato de Liam e o bloqueia.

— Sua resposta será como ele irá reagir ao fim do contrato.

— Dá de ombros. — Se ele decidir agir, eu irei agir. Se ele


ficar em silêncio, eu ficarei.

Larga o celular ao seu lado, segura meu pulso e toca a


tatuagem em minha pele.

— O fato é que a resposta de Liam não importa, bonitinha.


— Volta a aproximar sua boca da minha. — Porque tudo que
importa somos nós dois.

Ele está certo e por isso o beijo.

...

Nós dois voltamos para casa e nossos amigos já estão em


pé, nós sete ignoramos a bagunça que a casa está por
causa da noite passada e nos sentamos ao redor da
cozinha. Eles nos perguntam se algo aconteceu e então
contamos para eles sobre Liam, sobre o e-mail, os meninos
fazem algumas perguntas e

ficam chocados ao saber que eu sou filha do idiota. Minhas


amigas o xingam, elas xingam tanto que começo a rir.

Por fim, todos rimos, não porque é uma situação engraçada,


mas porque realmente não tem o que ser feito. E por
incrível que pareça estou tranquila e em paz. Ethan sabe da
verdade e mesmo assim me escolheu, pela primeira vez na
vida alguém me escolheu e não importa o que aconteça
sempre estaremos um ao lado do outro.

Nós almoçamos e logo em seguida Ethan se despede de


nós, porque precisa estar mais cedo no estádio para a
preparação. Ele para em frente ao banco que estou sentada
e eu giro até estar com ele entre as minhas pernas.

— Você estará lá, não é?

Enrolo minhas mãos ao redor do seu pescoço.

— É claro que estarei.

Ele aproxima seu rosto do meu e sua boca cobre a minha.


É como se todos ao nosso redor sumissem e fôssemos
apenas nós dois. Ele só se afasta quando nos falta ar, então
nos encaramos por alguns segundos, sorrimos e Ethan se
vira de

costas e deixa a cozinha. Sigo o acompanhando e continuo


encarando a porta mesmo quando ele passa por ela.

Como é possível Ethan fazer o que ele faz com meu


coração? É como se ele possuísse uma parte dele. Talvez,
ele possua.

— Vocês são fofos juntos.

Dakota que está à minha frente se expressa e Brooke


concorda com ela.

— Fofos até demais.

Josh faz uma careta e Aiden e Dylan assentem, então os três


riem. Eu apenas reviro meus olhos e os chamo de idiotas.

Continuamos nos provocando e enquanto rimos e nos


provocamos, eu me dou conta de que finalmente me sinto
parte de uma família.

É um pouco antes do fim da tarde quando deixamos a casa


dos meninos e vamos para o nosso apartamento, já que as
meninas precisam trocar de roupa. Dakota dirige e eu me
sento no banco ao seu lado e Brooke se senta atrás.

— Você parece nervosa.

Olho para trás ao ouvir a voz de Brooke.

— Esse jogo é importante para Ethan ainda mais depois do


que aconteceu hoje.
Ela assente.

— Dará tudo certo.

É a minha vez de assentir, então volto a olhar em frente e


rezo para que Brooke esteja certa.

Enquanto Brooke e Dakota vão para o quarto, eu fico


sentada no sofá e é quando pego meu Ipad que encontro
uma notificação informando um novo e-mail de Liam.

“Eu espero que Ethan esteja fazendo a escolha certa.”

Suspiro aliviada e sorrio. Isso é tudo que preciso para saber


que ele não fará nada contra Ethan. Eu encosto minha
cabeça no sofá e encaro o teto, as últimas horas foram as
mais intensas da minha vida. Como tudo isso aconteceu em
menos de dez horas? Eu vivi um turbilhão de sentimentos
em horas.

Inacreditável.

Assim que as meninas estão prontas saímos de casa e é


Brooke quem dirige para o estádio. Ao chegarmos nos
encontramos com os meninos e nos sentamos na
arquibancada à espera do início do jogo.

É um dos jogos mais esperados da temporada, a maior


rivalidade da conferência e o estádio está lotado. As cores
vermelha e branca, assim como a letra A da universidade e
o elefante mascote do Tide são sua maioria, porém há
muitas pessoas de azul, laranja e branco. O lugar está um
caos, pessoas gritam gritos de guerra, cantam e provocam
pessoas dos times adversários. Eu recebo alguns olhares
quando percebem que estou usando a camisa do
quarterback, porém os ignoro.
A tarde dá lugar à noite e as luzes do estádio são ligadas.

Estou sentada e mal converso com meus amigos e quando o


time entra em campo, eu fico em pé. Ao encontrar Ethan,
meu coração dispara e mesmo que talvez ele não possa me
ouvir grito seu nome.

Eu fico os primeiro quinze minutos de jogo em pé gritando e


xingando. O jogo está acirrado e a cada ataque e defesa do
Crimson grito como se eles pudessem me ouvir, e a cada
ponto dos Tigers xingo e comento com meus amigos o que
está errado.

Claramente, nós seriamos ótimos treinadores.

Quando Crimson marca o time comemora entre si e Ethan


olha na minha direção, eu sorrio e grito seu nome mesmo
que ele esteja longe demais.

É no último instante que Ethan realiza um passe e o


Crimson marca um Touchdown, eles viram o placar e o jogo
encerra em 23 X 21. Eu abraço meus amigos e nós
comemoramos. O time comemora e a impressa invade o
campo.

E ainda estou gritando e comemorando quando Brooke me


entrega seu celular e fones de ouvido. Olho para ela sem
entender.

— Escute.

Pego o celular, coloco os fones de ouvidos e ao olhar para o


aparelho me deparo com Ethan dando uma entrevista.

— Foi um ótimo jogo, mas tenho um recado. — A repórter


assente e ele dá um passo para trás. — Eu conheci uma
garota e ela é a minha garota.
Meu coração está prestes a saltar do peito. Ethan que já
está sem capacete, tira os protetores que estão espalhados
pelo seu corpo, camisa, chuteira e até mesmo meias. O que
ele está fazendo?

Ele fica apenas de calça e com a faixa que está ao redor do


seu ombro.

— Se eu precisar abrir mão do futebol por você, Abby, eu


abro. — Suspira, um suspiro apaixonado. — Se precisar
embarcar em um plano Z por você, eu embarco, porque eu
te amo.

Não escuto o que ele continua falando, porque tiro os fones,


entrego o celular para Brooke e desço a arquibancada.

Peço licença, empurro e o mais depressa que eu consigo


alcanço o campo, o segurança permite a minha entrada e
assim que Ethan me vê, ele acena para o repórter e
caminha em minha direção.

Nós nos encontramos no meio do campo, então ficamos um


de frente para o outro. Ele coloca suas mãos em minha
cintura, apoia sua testa na minha e eu espalmo minhas
mãos em seu peito.

— Você é louco.

Ele olha em meus olhos e todo barulho ao nosso redor


some. Somos só eu e ele.

— Talvez, mas você e todos precisavam saber que eu te


amo. — Ergue sua mão e acaricia a lateral do meu rosto. —

Apesar de você ser mal-humorada é o brilho dos meus dias,


o meu raio de sol.
Sorrio como uma adolescente apaixonada.

— Eu também te amo.

Seus olhos brilham e aproxima sua boca da minha.

— Então, você irá namorar comigo?

— É claro que vou namorar com você. — Subo minhas mãos


e as deixo ao redor do seu pescoço enquanto continuo
olhando em seus olhos. — Tudo que tentei foi te odiar,
Ethan, e tudo que consegui foi te amar.

4 anos depois

Ethan

Dizem que um filme passa em sua cabeça, nos minutos da


sua morte, e posso afirmar que nos momentos de fazer uma
jogada definitiva também. Falta um minuto para o fim de
jogo e estamos perdendo de 24 a 20, precisamos de 6
pontos para vencer o Super Bowl e eu estou com a bola.
Preciso pensar em uma jogada, então vejo Brayden
correndo na direção da End zone [20] e enquanto jogo a
bola para o Wide Receiver do Patriots um resumo dos
últimos anos ecoa em minha mente.

Esse foi o mesmo que aconteceu há quatro anos no jogo


contra os Tigers, o lance final decidiu o jogo. Naquela noite,
eu passei a bola para Elijah e ele marcou o Touchdown e
ganhamos.

Naquela mesma noite Abigail e eu começamos a namorar


oficialmente, oficialmente porque já agíamos como
namorados há muito tempo até mesmo antes do nosso
primeiro beijo.

Faz quatro anos daquele jogo e quatro anos que estamos


juntos. Dois que estamos formados e dois que sou jogador
profissional de futebol americano. Liam não cumpriu suas
ameaças e continuou pagando a faculdade de Abigail,
nunca mais recebi suas mensagens e ele não procura a
filha, mas a verdade é que vivemos melhor sem ele. Não faz
falta nenhuma. Nós não falamos sobre ele para ninguém e
apenas nossa família sabe do parentesco dele e de Abigail.

Eu rescindi o contrato com Liam depois da vitória contra os


Tigers e dois dias depois eu estava com outro agente, um
não tão influente como Liam, mas com um caráter muito
melhor.

Nós também ficamos conhecidos nacionalmente depois


daquela noite, porque o meu gesto e pedido de namoro
foram gravados. Temos um shippe e um fã clube na
internet, inclusive o povo vive fazendo fanfic sobre nós dois
e montagens de fotos e

vídeos. Somos seguidos nas redes sociais e os paparazzis


adoram nos fotografar juntos. Sempre soube que seríamos
ótimas celebridades.

Não fui escolhido na primeira rodada e nem no primeiro dia


do Draft, mas no segundo fui a primeira escolha do New
England Patriots, eu fui escolhido pelo time que queria e
foda-se que não foi no primeiro dia. Naquela noite, Abby e
eu comemoramos em um hotel apenas nós dois e a convidei
para vir comigo, é claro que ela aceitou.

Abigail conseguiu concluir seu dual degree, minha garota se


formou em saúde pública e obteve seu mestrado em
treinamento atlético, então nos mudamos para Boston e
dividimos um apartamento, na primeira temporada ela
trabalhou em uma clínica de reabilitação de atletas
lesionados e esse ano ela entrou para a equipe de
treinamento atlético dos Patriots. Porra, a minha garota
trabalha ao meu lado e isso é incrível, porque nos jogos fora
ela sempre está comigo.

E agora, ela está no banco sentada com o restante da


equipe. Ela está me vendo jogar e provavelmente assistindo
essa última jogada. A jogada do jogo.

Observo Brayden correr com meu coração acelerado.

Então com a bola em mãos ele entra na endzone marcando


o touchdown. Eu olho para o árbitro e assim que ele ergue
as mãos para cima confirmando a pontuação um grito deixa
meus lábios e meus colegas correm em minha direção. Nós
conseguimos. Nós viramos. Ao final olhamos para o placar e
lá está 24x26. Nós ganhamos. Nós somos os vencedoras da
NFL, nós iremos levantar a taça do Super Bowl.

O estádio entra em festa, os gritos são ouvidos por nós. Eu


estou em êxtase. É o que sempre desejei, um dos meus
sonhos se tornando real. Minha família está em um dos
camarotes e presenciou a minha vitória, meu primeiro Super
Bowl. Meus amigos, suas namoradas, minha mãe e meus
tios, todos estão aqui.

O árbitro anuncia fim de partida, então tiro meu capacete


assim como meus companheiros e voltamos a nos
abraçarmos. A emoção é tanta que lágrimas deixam meus
olhos e escorrem pelo meu rosto.

Gritamos, olhamos para a torcida e fizemos gestos para que


eles gritem e assim eles fazem. É muito melhor que em
meus sonhos.

As câmeras dos canais de televisão invadem o gramado e


antes de falar com qualquer um deles eu procuro por ela. A
mulher que tem meu coração. Ela está abraçada ao meu
treinador, mas está me encarando, então meus olhos
encontram os seus e me afasto de todos.

Eu tiro meus equipamentos de proteção, ela sorri e corre em


minha direção. Espero por ela e quando pula em meus
braços eu a seguro como se estivesse segurando meu
mundo. E eu estou. Ela deixa seus braços ao redor do meu
pescoço e minhas pernas da minha cintura e esconde seu
rosto em meu pescoço.

— Você conseguiu, quarterback.

Sussurra em meu ouvido e eu apenas me pergunto como é


possível sentir o coração bater tão rápido como o meu está
batendo. Abigail afasta seu rosto do meu pescoço e apoia
sua testa na minha.

— Eu consegui.

Meus lábios encontram os seus e nos beijamos.

— Eu preciso fazer algo.


Afasto-me e ela me encara curiosa, porém não hesita em
me acompanhar. Meu coração que já está querendo sair
pela

minha boca acelera ainda mais conforme nos aproximamos


de um homem que controla a câmera do canal de televisão
responsável pela transmissão nacional do jogo e ele se vira
na nossa direção quando percebe que estamos nos
aproximando. Então, eu paro, fico de frente para Abigail, de
joelhos.

Abby me encara surpresa e eu juro que o barulho ao nosso


redor cessou.

— Assim, como o pedido de namoro, o que estou prestes a


pedir é importante e precisa ser gravado, afinal quero ter
registrado para mostrar para nossos futuros filhos e netos.

Ela ri e quando estendo minha mão na sua direção ela


coloca seus dedos sobre os meus.

— Abigail Jones, você continua sendo aquela garota que


conheci há quatros anos, rabugenta, que adora ser uma
patricinha dark, irônica e respondona, só que agora você
vive reclamando das roupas que deixo pelo apartamento, e
das toalhas molhadas, além de me obrigar a seguir a dieta à
risca. —

Ela prossegue rindo e revira seus olhos. — Mas você é


também quem me faz rir, você é quem eu amo provocar,
amo acordar ao seu lado, amo tudo sobre você e é por isso
que quero tornar o nosso agora em nosso para sempre, é
por isso que há meses há

um anel escondido em nosso apartamento, não trouxe ele


hoje, mas está lá esperando por você.
Olho em seus olhos e respiro fundo.

— Então, casa comigo, bonitinha?

Ela sorri e assente.

— É claro que eu aceito, quarterback.

Ela une seus dedos nos meus e me puxa para cima. Eu fico
em pé e paro com meu rosto a centímetros do seu.

— Hoje a minha maior vitória não foi o Super Bowl. —

Mordo seu lábio inferior. — Você, Abigail, sempre será a


minha maior vitória, o meu melhor prêmio.

Quinze anos depois

Abby — É, garotinha, seu pai me pediu em casamento no


dia que venceu o seu primeiro Super Bowl e um ano depois
nos casamos no Hawaii e estavam presentes sua avó Karen,
seus tios e tias, aqueles doidos, e por incrível que pareça a
sua avó Bridget.
Suspiro dramaticamente enquanto passo a mão pela barriga
da garotinha que está deitada sobre o sofá enquanto eu
estou sentada no chão. Ela deveria estar dormindo, mas não
está e é porque está esperando pelo pai.

Faço uma pausa dramática, porque ela gosta dessa pausa e


porque realmente minha mãe ir ao meu casamento foi uma

surpresa. Eu a convidei, porque apesar dos pesares ela é


minha mãe, o que não aconteceu com Liam, porque nunca
foi meu pai e desde que parou de pagar minha faculdade
nunca mais tivemos contato algum, até chegamos a nos
encontrar em eventos da NFL, porém agimos como
estranhos. E foi uma surpresa ela ter voado até o Hawaii,
assim como é uma surpresa ela enviar presentes para nossa
garotinha. Não que ela seja uma avó afetuosa, mas é uma
muito melhor do que foi como mãe.

— Evelyn, sua priminha, foi a daminha e ela tinha seis anos,


impressionante como ela cresceu, né? Em breve terá quinze
anos. — Toco sua mão com carinho. — E você, Emma, trate
de não crescer tão depressa.

Meu bebê de seis meses resmunga como se estivesse


dizendo foco mãe, foco.

— Ok, ok, irei continuar. — Ela para de resmungar e eu


continuo. — Seu pai e eu compramos uma casa depois de
quatro anos casados para quando tivéssemos filhos, ele e
eu continuamos trabalhando juntos, até que há dois anos
decidimos que estava na hora de termos nossos filhos,
porque né, sua mãe aqui não está mais tão nova assim,
então eu larguei o time, porque não poderia mais fazer as
viagens com um bebê, e

comecei a trabalhar na clínica e alguns meses depois


descobrimos que você estava a caminho.
Toco seu nariz com a ponta dos meus dedos.

— Você foi muito esperada e é muito amada, Emma.

Sorrio para a pequena garotinha que me encara


atentamente. Ethan começou a contar nossa história para
nossa filha quando ela ainda estava em minha barriga e ele
sempre jurou que ela amava a história. Eu duvidava até que
semana passada quando Ethan precisou viajar por causa de
um jogo fora e ela não parava de chorar eu fiz o que ele faz,
um resumo dos acontecimentos das nossas vidas e no
mesmo instante ela parou de chorar.

Há minutos ela estava chorando, porque novamente Ethan


precisou viajar e mais uma vez, foi só começar a narrar a
nossa história para seu choro cessar.

Escuto o barulho de um carro e ele para em frente à nossa


casa, então fico em pé e pego Emma em meus braços. Ela
sorri e grita animada. Ela sabe que é o pai.

— O seu tão esperado pai chegou.

Eu vou com ela até a porta e espero por Ethan no hall de


entrada da nossa casa. Espero ansiosamente por ele,
porque eu sinto falta do meu quarterback como louca.

Abre a porta e ali está ele segurando um buquê de rosas.

Ele sempre volta trazendo algo para casa, mas flores é algo
inédito, porque ele sabe que não sou muito fã de plantas, já
tentei e matei as coitadas afogadas.

— Não tinha nada aberto, além de uma floricultura.

Eu sorrio, ele se aproxima e me beija. É um rápido beijo,


porque a garotinha em meus braços se balança na direção
do pai.

Ethan se afasta alguns centímetros e fazemos uma troca,


ele pega a garotinha e eu o buquê.

— Obrigada, eu amei.

Cheiro as flores e ele sorri satisfeito.

— Trouxe para você também, garotinha.

Mostra um minibuquê que está na mão que não está


segurando Emma, ela sorri como se realmente estivesse
entendendo.

— Você não deveria estar dormindo?

Beija o rostinho gordinho da nossa filha e eu reviro os olhos


enquanto pego o minibuquê das suas mãos.

— Você acha que ela conseguiria dormir sem ver você? —

Resmungo. — Você é o preferido.

Ele desvia o olhar da nossa filha e me encara com malícia.

— Confessa?

Ergo minhas sobrancelhas.

— O que exatamente preciso confessar?

— Que também sou seu preferido.

Esse é o momento perfeito.

— Não mais. — Seu sorriso some e eu sorrio. Deixo as flores


sobre o aparador e me aproximo dele. — Não mais,
quarterback, porque estou grávida e dessa vez, é um
garoto.

Hey, galera, tudo bom?

Eu espero que sim, por aqui tudo o caos como todo fim de


lançamento. Dessa vez me desafiei escrevendo um new
adult na gringa, então galera teve muita pesquisa e surto.

Bom, Ethan e Abby foram um casal leve, porque pediram


para ser. Sem muitos detalhes e descrição, porque tinha que
ser.

O livro não está pequeno e se você sentiu ser pequeno


provavelmente foi mais pela minha escrita que pelos
números de páginas.

Bom, espero que tenha gostado de Abby e Ethan e deseje


ler as histórias dos outros casais. (Estou morrendo de
vontade de

continuar escrevendo a série Estrelas do Alabama).


Deixe sua avaliação ou seu feedback no meu insta
(lanasilva.sm).

Beijos e até a próxima.

P.S obrigada as minhas betas Silvia, Kamila, Livia, Larissa e


Priscila, vocês são ótimas.

Instagram: lanasilva.sm

Facebook: Lana Silva

TikTok: lannaa_silva

[1] Meghan Elizabeth Trainor é uma cantora, compositora e


produtora estadunidense.

[2] O Grand Cherokee é um SUV médio-grande produzido


pela Jeep

(Modelo de carro).

[3]O dual degree permite que estudantes recebam dois


títulos simultaneamente (nesse caso graduação e mestrado)
[4] A Sonserina, fundada por Salazar Slytherin, é uma das
quatro casas da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts
(Série de livros Harry Potter).

[5] Abreviação de University of Alabama.

[6] Sigla para National Football League, a liga esportiva


profissional de futebol americano dos Estados Unidos.

[7] Brincadeira com o nome do time de futebol americano


Crimson Tide (Tide significa maré em Português)

[8] A National Collegiate Athletic Association ( NCAA ) é


uma organização sem fins lucrativos que regula o atletismo
estudantil e organiza os programas atléticos de faculdades
nos Estados Unidos.

[9] Em busca do amor verdadeiro e com a intenção de subir


ao altar, os participantes desse reality devem escolher seus
parceiros às cegas.

[10]Tuscaloosa é uma cidade localizada no estado


americano do Alabama, no condado de Tuscaloosa.

[11] Trecho da música If Love Is You do cantor Greg Hatwell


com feat com Adele Roberts.

[12] O Bryant–Denny Stadium é um estádio localizado em


Tuscaloosa, Alabama, Estados Unidos, é a casa do time de
futebol americano universitário Alabama Crimson Tide da
Universidade do Alabama.

[13] Posição do Futebol Americano (jogador atua como


corredor).

[14] Posição do Futebol Americano (jogador atua como


recebedor).
[15] Posição do Futebol Americano (jogador atua no meio do
campo).

[16] Mal-humorada, rabugenta.

[17] Traduzido para o português como brilho do sol e


utilizado aqui para se referir a alguém feliz, alegre, divertido
e que sempre está de bem com a vida.

[18] Touchdown é uma pontuação do futebol americano e


do futebol canadense.

[19] Nome do estádio.

[20] A end zone é um termo usado no futebol americano


(NFL) e no futebol canadense (CFL). A end zone é a área
entre a end line e a goal line delimitada pela linha lateral. É
na endzone que se marca o touchdown, e outras formas de
pontuação.
Document Outline
Sinopse
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Epílogo
Epílogo bônus
Agradecimentos
Redes Sociais

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