Revoltas Escravas No Brasil
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Revoltas Escravas No Brasil
Vários autores
isbn 978-65-5921-336-8
21-61681 cdd-981
[2021]
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2. Luiz Felipe de Alencastro, O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul (São
Paulo: Companhia das Letras, 2000); idem, “Brazil in the South Atlantic”, Mediations, n. 23
(2007), pp. 125-174.
3. Ver, por exemplo, Stuart B. Schwartz, Sugar Plantations in the Formation of Brazilian So-
ciety: Bahia, 1550-1835 (Cambridge: Cambridge University Press, 1985); John Monteiro, Negros
da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo (São Paulo: Companhia das Letras, 1994);
Manuela Carneiro da Cunha (org.), História dos índios no Brasil (São Paulo: Companhia das
Letras, 1992); Yuko Miki, Frontiers of Citizenship: A Black and Indigenous History of Postcolonial
Brazil (Cambridge: Cambridge University Press, 2018).
4. David Eltis e David Richardson, “A New Assessment of the Transatlantic Slave Trade”, in
Eltis e Davidson (orgs.), Extending the Frontiers: Essays on the New Transatlantic Slave Trade
Database (New Haven: Yale University Press, 2008), pp. 49-51, em combinação com o banco de
dados tstd. Para o paulatino declínio da população escravizada na segunda metade do século
xix, ver Robert Conrad, The Destruction of Brazilian Slavery, 1850-1888 (Berkeley, University of
California Press, 1972), pp. 283-285. Sobre o fim do tráfico transatlântico para o Brasil, ver o
trabalho enciclopédico de Beatriz Mamigonian, Africanos livres: a abolição do tráfico de escravos
no Brasil (São Paulo: Companhia das Letras, 2017), e o clássico sobre sua diplomacia, de Leslie
Bethell, The Abolition of the Brazilian Slave Trade: Britain and the Slave Trade Question, 1807-
-1869 (Cambridge: Cambridge University Press, 1970). A respeito do tráfico interno, apenas a
título de exemplo, Richard Graham, “Nos tumbeiros mais uma vez: O comércio interprovincial
de escravos no Brasil”, Afro-Ásia, n. 27 (2002), pp. 121-160; Robert Slenes, “The Brazilian Inter-
nal Slave Trade, 1850-1888: Regional Economies, Slave Experience, and the Politics of a Peculiar
Market”, in Walter Johnson (org.), The Chattel Principle: Internal Slave Trades in the Americas
(New Haven: Yale University Press, 2005), pp. 325-370 (p. 331 para a cifra mencionada); e José
Flávio Mota, Escravos daqui, dali e de mais além: o tráfico interno de cativos na expansão cafeeira
paulista (São Paulo: Alameda, 2012), que no cap. 2 faz um balanço da historiografia do tráfico
interno e ao longo do livro discute o intermunicipal em São Paulo.
5. Ver por exemplo, Zephyr Frank, Dutra’s World: Wealth and Family in Nineteenth-Century
Rio de Janeiro (Albuquerque: University of New Mexico Press, 2004); e Ricardo Salles, E o vale
era escravo: Vassouras, século XIX (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira 2008).
6. Alguns trabalhos de síntese: Herbert Klein e Francisco Vidal Luna, Slavery in Brazil (Cam-
bridge: Cambridge University Press, 2010); Luiz Aranha C. do Lago, Da escravidão ao trabalho
livre: Brasil 1550-1900 (São Paulo: Companhia das Letras, 2014); e Katia M. de Queirós Mattoso,
Ser escravo no Brasil, séculos XVI-XIX (São Paulo: Brasiliense, 2007).
7. Sobre a “segunda escravidão”, o texto pioneiro é de Dale W. Tomich, Through the Prism of
Slavery: Labor, Capital, and World Economy (Lanham: Rowman & Littlefield, 2004). Ver tam-
bém, a título de exemplo, Rafael de Bivar Marquese e Ricardo Salles (orgs.), Escravidão e capita-
lismo histórico no século XIX: Cuba, Brasil, Estados Unidos (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2016); e Javier Laviña e Michael Zeuske (orgs.), The Second Slavery: Mass Slaveries and Moder-
nity in the Americas and in the Atlantic Basin (Zurique: Lit, 2014).
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8. Ilmar Rohloff de Mattos, O tempo saquarema: a formação do Estado imperial (São Paulo:
Hucitec; Brasília: inl, 1987); e Tâmis Parron, A política da escravidão no Império do Brasil, 1826-
-1865 (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011).
9. Para um debate sobre a dimensão política do protesto escravo, ver: Rafael de Bivar Marque-
se, “A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos xvii a xix”,
Novos Estudos CEBRAP, n. 74 (2006), pp. 107-123; Flávio dos Santos Gomes e Roquinaldo Ferrei-
ra, “A miragem da miscigenação”, Novos Estudos CEBRAP n. 80 (2008), pp. 141-162; e Rafael de
Bivar Marquese e Tâmis Parron, “Revolta escrava e política da escravidão: Brasil e Cuba, 1791-
-1825”, Revista de Indias, v. 71, n. 251 (2011), pp. 19-52.
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10. Os variados estilos, dimensões, sentidos e objetivos da rebeldia escrava — e não apenas
um unívoco impulso abolicionista — foram estabelecidos há muito tempo pela historiografia da
escravidão nas Américas, o que parece ter mal entendido João Pedro Marques, Revoltas escravas:
mistificações e mal-entendidos (Lisboa: Guerra & Paz, 2006), que ademais faz grande esforço para
diminuir o protagonismo escravo e incrementar o de abolicionistas e filantropos europeus e
nativos nos diversos processos de emancipação no continente americano. Para uma interessante
discussão das ideias desse autor por especialistas do ramo, ver Seymour Drescher e Pieter C.
Emmer (orgs.), Who Abolished Slavery?: Slave Revolts and Abolitionism: A Debate with João Pedro
Marques (Nova York: Bergham, 2010).
11. Para Minas Gerais colonial, há uma série de rumores e consumação de revoltas escravas
na primeira metade do século xviii; ver Gefferson Ramos Rodrigues, “Escravos, índios e solda-
dos: povo, política e revolta na América portuguesa do século xviii (Pernambuco, Minas Gerais
e Bahia)”, Tese de Doutorado em História, Universidade Federal Fluminense, 2015.
12. O tema específico dos quilombos foi contemplado num volume também organizado por
João José Reis e Flávio dos Santos Gomes (orgs.), Liberdade por um fio: história dos quilombos no
Brasil (São Paulo: Companhia das Letras, 1996).
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13. Sobre o Caribe, ver Orlando Patterson, “Slavery and Slave Revolts: A Socio-Historical
Analysis of the First Maroon War: Jamaica, 1655-1740”, Social and Economic Studies, n. 19
(1970), pp. 289-325; Monica Schuler, “Ethnic Slave Rebellions in the Caribbean and the Guya-
nas”, Journal of Social History, v. 3., n. 4 (1970), pp. 374-385; e Michael Craton, Testing the Chains:
Resistance to Slavery in the British West Indies (Ithaca: Cornell University Press, 1982). O acento
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pective (Boston: Beacon Press, 1992 [orig. 1974]). Há tradução no Brasil pela Pallas/ Universida-
de Candido Mendes (2003).
16. Sobre a Guerra Batista na Jamaica (1831-1832), ver Mary Turner, Slaves and Missionaries:
The Disintegration of Jamaican Slave Society, 1787-1834 (Urbana: University of Illinois Press,
1982); sobre outra revolta inspirada na Bíblia, Emilia Viotti da Costa, Coroas de glória, lágrimas
de sangue: a rebelião dos escravos de Demerara em 1823 (São Paulo: Companhia das Letras,
1994). Na mesma linha de cristianismo rebelde está a revolta messiânica de Nat Turner, em
Southampton, no estado de Virgínia, Estados Unidos, em 1831. Ver Herbert Aptheker, Nat Tur-
ner’s Slave Rebellion (Nova York: Humanities Press, 1966), que reproduz as “confissões” de Nat
Turner; Kenneth S. Greenberg (org.), Nat Turner: A Slave Rebellion in History and Memory
(Oxford: Oxford University Press, 2003); e Joseph Lexler-Dreis, “Nat Turner’s Rebellion as a
Process of Conversion”, Black Theology, v. 12, n. 3 (2014), pp. 230-250, entre outros títulos a
respeito dessa célebre revolta.
17. Douglas R. Egerton, Gabriel’s Rebellion: The Virginia Slave Conspiracies of 1800 and 1802
(Chapel Hill: The University of North Carolina University Press, 1993); James Sidbury, Ploughsha-
res into Swords: Race, Rebellion, and Identity in Gabriel’s Virginia (Cambridge: Cambridge Univer-
sity Press, 1997); Daniel Rasmussen, American Uprising: The Untold Story of America’s Largest
Slave Revolt (Nova York: HarperCollins, 2011); Matt D. Childs, The 1812 Aponte Rebellion in Cuba
and the Struggle against Atlantic Slavery (Chapel Hill: The University of North Carolina Press,
2006); Manuel Barcia, The Great Slave Revolt of 1825: Cuba and the Fight for Freedom in Matanzas
(Baton Rouge: Louisiana State University Press, 2012); Lepore, New York Burning.
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18. O estudo clássico sobre essa poderosa revolta é C. L. R. James, The Black Jacobins: Tous-
saint L’Ouverture and the San Domingo Revolution, 2a ed. (Nova York: Vintage, 1963) (há tradu-
ção para o português publicada pela Boitempo). Um ótimo panorama mais recente foi feito por
Laurent Dubois, Avengers of the New World: The Story of the Haitian Revolution (Cambridge:
Belknap, 2004). Uma interpretação que enfatiza a tradição quilombista dos cativos haitianos
para o desenlace do movimento, em detrimento dos “ideais democrático-burgueses”, é Carolyn
Fick, The Making of Haiti (Knoxville: The University of Tennessee Press, 1990). A articulação
entre as duas revoluções, a francesa e a haitiana, é bem apresentada por Robin Blackburn, A
queda do escravismo colonial, 1776-1848 (Rio de Janeiro: Record, 2002).
19. Sobre a revolta maranhense, ver também Mundinha Araújo, Insurreição de escravos em
Viana, 1867 (São Luís: Sioge, 1994). Sobre a repercussão do Haiti no Brasil, confira Marco Morel,
A Revolução do Haiti e o Brasil escravista: o que não deve ser dito (Jundiaí: Paco, 2017). A reper-
cussão atlântica do movimento haitiano é o tema, entre outros trabalhos, do estudo pioneiro
— mas só recentemente publicado — de Julius Scott, The Common Winds: Afro-American Cur-
rents in the Age of the Haitian Revolution (Londres e Nova York: Verso, 2018); e David Geggus e
Norman Fiering (orgs.), The World of the Haitian Revolution (Bloomington: Indiana University
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Press, 2009). Um estudo de caso exemplar é o de Ada Ferrer, Freedom’s Mirror: Cuba and Haiti
in the Age of Revolution (Cambridge: Cambridge University Press, 2014).
20. Brown, Tacky’s Revolt, explora esse tema, engenhosamente, conectando a Guerra dos Sete
Anos na Europa à Revolta de Tacky na Jamaica, além de outras implicações atlânticas.
21. A revolta de Demerara, em 1823, decorreu em parte de uma interpretação dos rebeldes
de que uma lei que atenuava o tratamento dispensado aos escravos seria de fato emancipacionis-
ta. Ver Costa, Coroas de glória. Discussões sobre abolição no parlamento de Cádiz, Espanha,
também repercutiram entre os envolvidos na revolta de Aponte, em Cuba, 1812. Ver Child, The
Aponte Rebellion, pp. 158-161; e Ferrer, Freedom’s Mirror, cap. 7.
22. Luiz Geraldo Silva, “‘Esperança de liberdade’: interpretações populares da abolição ilus-
trada (1773-1774)”, Revista de História, n. 144 (2001), pp. 107-149.
18
23. Sobre a pacificação da população escrava em decorrência de uma maior incidência das
redes familiares, ver Manolo Florentino e José Roberto Góes, A paz das senzalas: famílias escra-
vas e tráfico atlântico (Rio de Janeiro, c. 1790-c. 1850) (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1997). No mesmo sentido argumentam, para contextos diferentes, Herbert G. Gutman, The
Black Family in Slavery and Freedom, 1750-1925 (Nova York: Pantheon Books, 1976); e João José
Reis, Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835, 3a ed. (São Paulo: Com-
panhia das Letras, 2012), pp. 416-417. No sentido contrário, ver Robert Slenes, Na senzala, uma
flor: esperanças e recordações na formação da família escrava: Brasil, Sudeste, século XIX (Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1999).
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26. Ricardo Pirola, “A lei de Lynch no ocaso da escravidão: linchamentos, justiça e polícia
(1878-1888)”, in Regina Celia Lima Xavier e Helen Osório (orgs.), Do tráfico à pós-abolição:
trabalho compulsório e livre e a luta por direitos sociais no Brasil (São Leopoldo: Oikos, 2018),
pp. 454-480.
27. Ver também sobre este episódio: Robson Luis Machado Martins, “Em Louvor a Sant’An-
na: notas sobre um plano de revolta escrava, em São Matheus, norte do Espírito Santo, em 1884”,
Estudos Afro-Asiáticos, n. 38 (2000), pp. 67-83.
28. Em quase todas as revoltas não tratadas neste livro, mas antes mencionadas — Revolução
do Haiti, Gabriel Prosser, Aponte, Demerara, Jamaica (1831), a dos malês etc. —, observa-se a
participação de indivíduos não escravizados, inclusive entre seus líderes.
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29. Os capítulos escritos por esses dois historiadores com frequência se complementam na
narrativa — nem sempre na interpretação — dos mesmos episódios, em especial aqueles que
tiveram lugar na segunda metade do século xix.
30. Uma nova interpretação da Questão Christie coloca em seu âmago a pressão inglesa para
que o Brasil libertasse em definitivo os africanos confiscados do tráfico ilegal, uma controvérsia
que se arrastava havia décadas. Ver Mamigonian, Africanos livres, cap. 9.
31. A respeito desta revolta, ver Afonso Cláudio, Insurreição do Queimado: episódio da
história do Espírito Santo, apresentação e notas de Luiz Guilherme Santos Neves e “Repertório
de documentos” de Fernando Achiamé (Vitória: Editora da Fundação Ceciliano Abel de Al-
meida, 1979 [orig. 1884]); Vilma Paraíso Ferreira de Almada, Escravismo e transição: o Espíri-
to Santo (1850-1888) (Rio de Janeiro: Graal, 1984), pp. 169-172; José Roberto Pinto de Góes,
“Queimado: uma rebelião escrava na província do Espírito Santo”, Cadernos do Laboratório
Interdisciplinar de Pesquisa em História Social, n. 4 (1997), pp. 5-15; Lavínia Coutinho Cardo-
so, “Revolta negra na Freguesia de São José do Queimado: escravidão, resistência e liberdade
no século xix na província do Espírito Santo (1845 -1850)”, Mestrado em História Social das
Relações Políticas, Universidade Federal do Espírito Santo, 2008; e idem, Revolta do Queima-
do: negritude, política e liberdade no Espírito Santo (Curitiba: Editora Apris, 2020).
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32. Arquivo Histórico do Itamaraty (ahi), cód. 216-1-14, Ofício de 5 jun. 1833.
33. ahi, cód. 217-3-3, Ofício do Agente Consular do Brasil em Londres ao Ministério dos
Estrangeiros, 2 set. 1835. ahi, cód. 216-1-14, ofício de 5 jun. 1833.
34. Eugene Genovese, From Rebellion to Revolution: Afro-American Slave Revolts in the Making
of the Modern World (Nova York: Vintage, 1979). Entre seus críticos, Craton, Testing the Chains;
e Fick, The Making of Haiti.
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35. Sobre os últimos anos da escravidão, ver Machado, O plano e o pânico, especialmente
o cap. 3.
36. Em João José Reis, “Quilombos e revoltas escravas no Brasil”, Revista USP, n. 28 (1995-
1996), pp. 31-32, são listadas revoltas escravas fora do Brasil acontecidas ou planejadas para dias
festivos.
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37. Maria Januária Vilela Santos, A Balaiada e a insurreição de escravos no Maranhão (São
Paulo: Ática, 1983); e Mundinha Araújo, Em busca de Dom Cosme Bento das Chagas, Negro
Cosme: tutor e imperador da liberdade (Imperatriz: Ética, 2008).
38. Robert Slenes, “L’arbre nsanda replanté: cultes d’aflfiction kongo et identité des esclaves
de plantation dans le Brésil du sud-est (1810-1888)”, Cahiers du Brésil Contemporain, n. 67/68
(2007), pp. 217-313; Marcus J. M. de Carvalho, “Que crime é ser cismático? As transgressões de
um pastor negro no Recife patriarcal, 1846”, Estudos Afro-Asiáticos, n. 36 (2000), pp. 97-122;
idem, “‘Fácil é serem sujeitos, de quem já foram senhores’: o abc do Divino Mestre”, Afro-Ásia,
n. 31 (2004), pp. 327-334; Marcus J. M. Carvalho e Andréa T. B. Ferreira, “Alfabetizando ‘More-
nos’ no Recife na década de 1840”, in Marcelo MacCord et al. (orgs.), Rascunhos cativos: educa-
ção, escolas e ensino no Brasil escravista (Rio de Janeiro / Faperj 7Letras, 2017), pp. 42-57; Santos,
A Balaiada; e Araújo, Em busca de Dom Cosme Bento das Chagas.
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O tema desta coletânea tem sido estudado desde longa data no Brasil.
Além de crônicas oitocentistas sobre Palmares e outros episódios de resistên-
cia coletiva dos escravos, vários trabalhos a respeito das revoltas baianas, por
exemplo, foram produzidos entre o final do século xix e o início do xx.39 Ao
longo do Novecentos, livros dedicados às insurreições negras (sem falar de
quilombos) se multiplicaram, como os escritos por Aderbal Jurema, Luís
Luna, Clóvis Moura, Décio Freitas. Escrevendo de uma perspectiva ideológi-
ca de esquerda, esses autores celebravam o tema e apontavam as razões e os
limites estruturais e imediatos da revolta, com maior ou menor rigor analíti-
39. Ver, sobra a historiografia das revoltas baianas, João José Reis, “Um balanço dos estudos
sobre as revoltas escravas da Bahia”, in João José Reis (org.), Escravidão e invenção da liberdade:
estudos sobre o negro no Brasil (São Paulo: Brasiliense, 1988), pp. 87-140. Um apanhado mais
geral sobre a historiografia das revoltas até meados da década de 1980 foi feito por Suely Robles
Reis de Queiroz, “Rebeldia escrava e historiografia”, Estudos Econômicos, v. 17, n. especial (1987),
pp. 7-35. Para um panorama das revoltas no século xix, ver João José Reis, “‘Nos achamos em
campo a tratar da liberdade’: a resistência negra no Brasil oitocentista”, in Carlos Guilherme
Mota (org.), Viagem incompleta. A experiência brasileira (1500-2000). Formação: histórias (São
Paulo: Editora do Senac, 2000), pp. 241-263.
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40. Aderbal Jurema, Insurreições negras no Brasil (Recife: Mozart, 1935); Luiz Luna, O negro
na luta contra a escravidão (Rio de Janeiro: Leitura, 1968); Clóvis Moura, Rebeliões da senzala:
quilombos, insurreições, guerrilhas (Rio de Janeiro: Conquista, 1972 [orig. 1959]); e Décio Freitas,
Insurreições escravas (Porto Alegre: Movimento, 1976).
41. José Alípio Goulart, Da fuga ao suicídio: aspectos de rebeldia dos escravos no Brasil (Rio
de Janeiro: Conquista, 1972).
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42. Emilia Viotti da Costa, Da senzala à colônia, 3a ed. (São Paulo: Brasiliense, 1989 [orig.
1966]); Suely Robles Reis de Queiroz, Escravidão negra em São Paulo: um estudo das tensões
provocadas pelo escravismo no século XIX (Rio de Janeiro: José Olympio, 1977), pp. 175-181, e
anexo, pp. 207-232. Além do capítulo de Pirola nesta coletânea, ver sobre essa conspiração seu
livro Senzala insurgente: malungos, parentes e rebeldes nas fazendas de Campinas (1832) (Cam-
pinas: Ed. da Unicamp, 2011).
43. Santos, A Balaiada e a insurreição de escravos; e João Luis Duboc Pinaud et al., Insurreição
negra e justiça: Paty do Alferes, 1838 (Rio de Janeiro: Expressão e Cultura; oab, 1987). Sobre esse
último episódio, aqui tratado no cap. 14, ver também Flávio dos Santos Gomes, Histórias de
quilombolas: mocambos e comunidades de senzalas no Rio de Janeiro, século XIX (São Paulo:
Companhia das Letras, 2006), cap. 2.
44. A discussão dos trabalhos mais antigos sobre as revoltas baianas já está indicada na nota
35. Desde aquele balanço feito no final da década de 1980, outros títulos foram acrescentados.
Segue uma pequena amostra apenas dos publicados no Brasil: Paul Lovejoy, “Jihad e escravidão:
as origens dos escravos muçulmanos na Bahia”, Topoi, n. 1 (2000), pp. 11-44; Alberto da Costa e
Silva, “Sobre a rebelião de 1835 na Bahia”, Revista Brasileira, n. 31 (2002), pp. 9-33; José Cairus,
“Instrumentum vocale, mallams e alufás: o paradoxo islâmico da erudição na diáspora africana
no Atlântico”, Topoi, n. 6 (2003), pp. 128-164; idem, “Sócios, parceiros e clubes: pluralidade, redes
de solidariedade e liderança na Revolta Malê em 1835”, Escritos, n. 7 (2013), pp. 177-209; Niko-
lay Dobronravin, “Escritos multilíngues em caracteres árabes: novas fontes de Trinidad e Brasil
no século xix”, Afro-Ásia, Salvador, n. 31 (2004), pp. 297-326; idem, “Não só mandingas: Qasīdat
al-Burda, poesia ascética (zuhdiyyāt) e as Maqāmāt de al-Harīrī nos escritos dos negros muçul-
manos no Brasil oitocentista”, Afro-Ásia, n. 53 (2016), pp. 185-226; Priscilla Leal Mello, “Cidades
atlânticas, leituras escravas: literacia e sociabilidades nas madraças de Salvador no século xix”,
Candelária, n. 11 (2011), pp. 17-53; João José Reis, “La Révolte haoussa de Bahia en 1807: Résis-
tance et contrôle des esclaves au Brésil”, Annales: Histoire, Sciences Sociales, v. 61, n. 2 (2006), pp.
383-418; idem, “Há duzentos anos”; idem, Rebelião escrava no Brasil.
45. Vai uma pequena amostra na nota 25 de livros especificamente dedicados ao tema.
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