Material de Apoio - Direito Civil - Fernanda Barretto - Aula
Material de Apoio - Direito Civil - Fernanda Barretto - Aula
Material de Apoio - Direito Civil - Fernanda Barretto - Aula
Índice:
I. Anotações.
I. ANOTAÇÕES.
CONTRATOS
A doação é um negócio jurídico bilateral mais que tem uma de suas caraterísticas ser um contrato de
liberalidade mais comum.
Definição - Negócio jurídico bilateral em que uma das partes mediante literalidade transfere do seu
patrimônio bens ou vantagens a outrem.
Art. 538 CC. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu
patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
O conceito visa alcançar pela combinação de 02 elementos
2.0 Elementos
a) elementos objetivo transferência de bens ou vantagens patrimoniais
b) elemento subjetivo – “animus donande” Vontade intenção de doar
Doação negócio jurídico bilateral já o testamento é um negócio jurídico unilateral
3.0. Caraterísticas
a) contrato benéfico
Art. 114CC. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
b) A doação é contrato unilateral porque ele gera vantagens econômicas para apenas uma das partes
que o donatário (em regra vícios redibitórios e evicção não incidem na doação), vícios redibitórios e evicção
são garantias legais.
1
Art. 541 CC. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor,
se lhe seguir incontinenti a tradição.
d) Contrato Gratuito – Somente uma das partes pode obter vantagens econômicas
Atenção: Doações com encargo flertam com a ideia de onerosidade
Promessa de Doação - tem natureza de contrato preliminar mediante o qual duas pessoas prometem que
no futuro irão realizar uma doação.
Observação: do ponto de vista da escada Pontiana, a promessa de doação é existente valida se cumprir
os requisitos de validade, mais de eficácia /exigibilidade controversa.
Exigibilidade controversa _ Doutrinadores clássicos não há eficácia, em função do “animus donande”.
Doutrinadores mais contemporâneos o “animus donande” está presente no momento da promessa sob a
ótica da boa-fé objetiva. STJ 2017 exigibilidade da promessa feita em pacto pré-nupcial mesmo com
posterior separação do casal
Art. 462CC. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais
ao contrato a ser celebrado.
Exceto quanto a forma deve conter todos os requisitos essenciais aos contratos a ser celebrado
O dador precisar ser capaz sob pena de invalidade da doação. Somente seria válida se assistido ou
representado com autorização judicial ouvido o MP
Art. 542 CC. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.
Art. 543CC. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se trate
de doação pura.
No caso do incapaz dispensa-se a aceitação desde que a doação seja pura sem encargos, sem ônus
Doação feita a pessoa casada – se o objeto da doação for r um bem imóvel será necessário a outorga
uxória ou marital com exceção dos casados na separação convencional de bens
Art. 1.647CC. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do
outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura
meação.
2
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem
economia separada.
Atenção: Exige-se o consentimento do outro cônjuge em só para bens que não são comuns, que não
integram a meação
O desrespeito ao art. 1647 gera em favor do cônjuge que não autorizou a doação ou venda o direito de
anular o negócio em 02 anos contados do término do casamento.
Art. 1.649 CC. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará
anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de
terminada a sociedade conjugal.
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular,
autenticado.
O STJ já reconheceu o veniri contra factum próprio em caso de tentativa de anulação de venda por ausência
de outorga quando restou demonstrado que o cônjuge que não autorizará esteve ciente dela da venda, e
dele se beneficiou anos antes.
Art. 1.648 CC. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos
cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.
O STJ acerca da necessidade ou não de outorga no âmbito da união estável já decidiu o seguinte IN 535
entendeu que era desnecessário a outorga no campo da fiança, para validade da fiança prestada por
companheiro, o IN 554 depende da outorga a alienação de bens realizada por companheiros se a união
estável foi dada publicidade da averbação no cartório de Registro de imóvel do contrato de convivência ou
da sentença declaratória de união estável.
Art. 550 CC. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou
por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.
O STF vem entendendo que se houver separação de fato, mesmo mantido o vínculo matrimonial, a doação
é válida, pois a nova relação não é concubinato ou união estável. Art. 1.723
Art. 1.723 CC. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família.
§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando
a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.
A tese da actio nata estabelece que o prazo começa a fluir da data do conhecimento do termino do
casamento
b) Objeto da doação - pode ser tido como qualquer bem de conteúdo econômico (móvel, imóvel,
corpóreo, incorpóreo) que possa ser expresso economicamente
3
Doação sob forma de subvenção periódica - Ela tem natureza de alimentos voluntários ou pensão
alimentícia voluntária
Art. 545 CC. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo o
doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário.
Não havendo prazo perdura enquanto o doador for vivo (o limite é a vida do doador, se for estabelecido
prazo, deverá ser respeitado, ele pode vincular seu espolio. Ou seja, a doação se manterá mesmo depois
de sua morte. Nesse caso o limite é avida do donatário.
Proíbe-se:
a) doação de herança de pessoa viva que é sinônimo de pacta corvina / pacta abutra/ pacta sucessório
Art. 426 CC. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Art. 1.952 CC. A substituição fideicomissária somente se permite em favor dos não concebidos ao
tempo da morte do testador.
Parágrafo único. Se, ao tempo da morte do testador, já houver nascido o fideicomissário, adquirirá
este a propriedade dos bens fideicometidos, convertendo-se em usufruto o direito do fiduciário.
Fideicomisso - Não cabe no campo da doação somente no caso da prole eventual art. 1.952 do CC
Art. 539 CC. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade.
Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que
aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
O doador pode fixar um prazo para que o donatário aceite ou não a doação, senão fizer presume-se a
aceitação, desde que a doação seja pura sem encargo.
Ainda envolvendo consentimento doação ficta em favor do i9ncapaz art. 543 do CC
Art. 543 CC. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se trate
de doação pura.
4
Art. 539 CC. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade.
Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que
aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
d) Doação Conjuntiva art. 551 é aquela que se realiza em favor de duas ou mais pessoas. Presume-
se divido por igual se for para cônjuge, o que sobreviver receberá a parte que coube ao outro.
Art. 551CC. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa entende-se
distribuída entre elas por igual.
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na totalidade a
doação para o cônjuge sobrevivo.
e) Doação em favor de entidade futura art. 554 do CC Ela caduca se, em 02 anos, a entidade não
estiver constituída regularmente.
Art. 554 CC. A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída
regularmente.
Doação de ascendente para descendente implica em antecipação de herança. Diferente de compra e venda,
que anulável se não houver autorização dos demais art. 496 c/c 179 do CC
Art. 544 CC. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa
adiantamento do que lhes cabe por herança.
Eficácia de antecipação de herança, significa que o donatário tem obrigação de colacionar os bens recebido
ao inventário. Do contrário, haverá sonegados.
STJ já determinou que a dispensa de colação precisa ser expressa no ato de doação.
O doador/ ascendente afirma que o bem-estar saindo da parte disponível.
5
f) Doação inoficiosa (Violação de ofício de pai/ mãe)
É a que excede a legítima é inválida/nulo no que exceder a legitima. Ela prejudica os herdeiros necessários
Art. 549 CC. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento
da liberalidade, poderia dispor em testamento.
Revogação de doação
Aperfeiçoada a doação, ela poderá ser revogada em 02 casos
a) descumprimento de encargo.
b) Ingratidão do donatário
Constituindo o donatário em mora, permite-se a revogação da doação. Se o donatário provar que não
cumpriu o caso fortuito/força maior, não caberá revogação prazo polêmico entendimento majoritário
(STJ), ação condenatória, prazo de 10 anos.
Art. 557do CC Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele;
II - se cometeu contra ele ofensa física;
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.