Miolo-O Algarve e As Invasoes Francesas
Miolo-O Algarve e As Invasoes Francesas
Miolo-O Algarve e As Invasoes Francesas
Novembro 2010
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Regimento de Infantaria N. 1 Nuno Miguel Pascoal Dias Pereira da Silva Coronel de Infantaria Comandante do Regimento de Infantaria 1
nDICE
PREFACIO ........................................................................................................... 7 O CAQUE BOM SUCESSO............................................................................. 9 O ALGARVE E A 1. INVASO FRANCESA .................................................... 21 ALGUMAS EXPRESSES ORAIS RESULTANTES DAS INVASES FRANCESAS EM PORTUGAL UM TIPO DE PATRIMNIO IMATERIAL................................................................................................... 49 SEBASTIO CABREIRA (17631833), UM MILITAR NA REVOLTA CONTRA OS FRANCESES NO ALGARVE ........................................................................ 63 SOBRE A INVASO DE JUNOT NO ALGARVE ............................................. 71 NOTAS BREVES SOBRE TAVIRA E AS INVASES FRANCESAS ................... 87 INVASES FRANCESAS JUNOT E A RESISTNCIA OCUPAO ......... 101 D. FRANCISCO GOMES DO AVELAR, BISPO DO ALGARVE, E AS INVA SES FRANCESAS........................................................................................... 121 A BRIGADA DO ALGARVE DURANTE A GUERRA PENINSULAR .............. 129 SNTESE CURRICULAR DOS CONFERENCISTAS ............................................ 147
PREFCIO
O Regimento de Infantaria 1 promoveu um ciclo de Conferncias denomi nado O Algarve e as Invases Francesas, no mbito das comemoraes do dia da unidade, que ocorre no dia 27 de Setembro, data em que o Regimento teve um papel preponderante na Batalha do Buaco, tendo a sua conduta na regio de Sula contribudo para a vitria das Foras Anglo Lusas. Durante o corrente ano comemorase o bicentenrio da vitria das Foras Anglo Lusas em Portugal, contra o exrcito de Napoleo comandado na ltima invaso por Massena, o filho querido da Vitria, tendo sido em Portugal que pela primeira vez o exrcito napolenico foi derrotado no Campo de Batalha. O ciclo de Conferncias do RI 1, que agora publicamos em livro teve o patrocnio do programa cultural do exrcito denominado por Programa Afonso Henriques, e est integrado nas comemoraes oficiais do Bicentenrio das Invases Francesas. Quisemos convidar para este ciclo de conferncias reputados cientistas da Universidade do Algarve, Militares, representantes do clero e da sociedade civil, que com os seus saberes muito contriburam para o cabal esclarecimento desta poca conturbada da nossa histria. O Coronel Henriques, um dos conferencistas, efectuou uma comunicao oral excelente, que ns apensmos a este livro em CD udio, pois pensmos que seria difcil e que se perderia muito da sua interveno se a passssemos a escrito. 7
Quem se dispuser a passear no Jardim O Pescador, fronteiro ao espelho de gua da Ria Formosa, entre esta e a Av. Cinco de Outubro, encostado ao topo ocidental dos edifcios dos Mercados, na cidade de Olho, encontrar a diversos painis de azulejos alusivos histria daquela cidade. Um destes, uma rplica de um original da autoria de Jorge Colao, retrata a Baa de Gua nabara e o porto do Rio de Janeiro, nos princpios do sculo XIX, vendo se, em primeiro plano, uma pequena embarcao vela, de dois mastros um caque algarvio! Aos estrangeiros e aos portugueses de outras paragens, este painel pouco lhes dir; os olhanenses, porm, sabem todos por certo, tratar se do clebre caque Bom Sucesso. Esta embarcao fez em 1808 e uma viagem entre Olho e o Rio de Janeiro, que ficou famosa, relacionada com a revolta de Olho contra os franceses de Junot, acontecimentos estes que esto na base da elevao da ento freguesia de Olho, a vila, da especificidade desta terra e da identidade das suas gentes. E ali bem perto, mesmo em frente aos edifcios dos Mercados, atracada em cais prprio, flutua uma rplica, escala natural, do atrs mencionado caque, que em boa hora a Autarquia mandou construir h cerca de meia dzia de anos e que proporciona juventude local cruzeiros e passeios na ria. Neste texto, iremos abordar a viagem do caque Bom Sucesso, ligando o Algarve ao Brasil, realizada de 6 de Julho a 22 de Setembro de 1808, h 9
Os caques algarvios
O caque era uma embarcao muito comum na costa do Algarve, de cerca de 18 metros de comprimento e 5,5 metros de boca, deslocando aproximada mente duas mil arrobas ou trinta toneladas. O casco tinha formas alongadas, com linhas relativamente finas, e as amuras elevadas. A proa era ligeiramente levantada e arredondada, a popa baixa e rasa, quadrada com painel e leme por fora. As amuras eram geralmente decoradas com caractersticos desenhos de um olho humano de grandes dimenses. O convs era corrido, de vante para r, dispondo de trs ou quatro escotilhas, para serventia. O pequeno pontal obrigava os tripulantes a andarem curvados no interior da embarcao, 13
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A subsistncia a bordo
A alimentao da guarnio colocava problemas de planeamento compli cados nas viagens ocenicas. A durao da viagem era de difcil estima, face s contingncias dos ventos e das correntes; o nmero de elementos a bordo era relativamente numeroso e as possibilidades de reabastecimento nos portos de escala por vezes muito limitadas. A base da alimentao era a bolacha ou biscoito, que com o tempo, com a humidade e o calor, ganhava bicho. O po, trazido de terra, aquecido e 15
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Ver Brando, Raul, ElRei Junot, p. 155. Ver Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, doc. n. 14, pp. 346347. Ver idem, ibidem, doc. n. 15, p. 347.
P. Joo Coelho de Carvalho, Memria da Revoluo do Algarve, in Da quadrilha con tradana: o Algarve no tempo das invases francesas, p. 79.
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Nesse ano de 1808 Joo da Rosa era escrivo do Compromisso Martimo. Tinha experincia na funo, que vinha h muito exercendo em mais de uma confraria: pelo menos desde 1790 na do Santssimo Sacramento, entre 1798 e 1805 na de Nossa Senhora da Soledade. Pertencia selecta mi noria dos que por ento eram capazes de, mais do que rabiscar o nome raro o que no assinasse de cruz , redigir umas laudas de prosa; um dos seus contados pares seria talvez Manuel de Gouvea Pai Av, que em 1806 acumulava de escrivo da Fbrica da Igreja e da confraria de Nossa Senhora da Soledade; sujeito letrado, sem dvida, o Dr. Feliciano Peres, mdico aprovado e partidista deste Lugar, que em 1803 intervm como testemunha num testamento; e noutro testamento, este de 1793, foi igualmente testemunha Francisco Baptista, identificado como mestre de meninos. Eles, a que h que evidentemente somar o prprio escrivo desses testamentos, Tom de So Pedro, quase que perfariam o escol alfabetizado daquela sociedade local em que saber ler era privilgio de poucos e saber escrever de menos ainda. parte, claro, o proco e os clrigos seus ajudantes, por exigncia do mnus que desempenhavam. De resto, nada mais se conhece acerca desse escrivo Joo da Rosa a no ser uma curta meno de Atade Oliveira dandoo como casado com Ana Maria, e morador no Bairro do Pelourinho. Como quer que seja, positivo que com trs dedos da mo pegou da pena e lavrou um relato dos casos sucedidos em Olho no ano de 1808. Lembrana lhe chamou. um documento nico, embora no o nico documento coevo que regista esses sucessos. Para os reconstituir, a todos haver que recorrer; porm nenhum deles apresenta, como o de Joo da Rosa, a sinceridade e a espontaneidade que so timbre dos depoimentos fidedignos; alm do mais, a imedia o resultante de provir de uma testemunha directa dos factos. E depois, nisso se singularizando dos que logo foram estampados pela imprensa, o texto de Joo da Rosa no se destinava publicidade; efectivamente, ele escreveuo no livro do Compromisso Martimo, a folhas 196200, entre cpias de ordens, alvars, provises, sentenas e outros assentos vrios, para ali trasladados pela sua utilidade e porque nesse tempo no existiam no Algarve prelos. Era tos uma Lembrana, uma singela Lembrana para ficar na memria dos valorosos martimos deste Lugar de Olho Vejase a edio actualizada deste texto fundamental, com o ttulo de O Manuscrito de Joo da Rosa, revista e anotada por Antnio Rosa Mendes, Helena Vinagre e Veralisa Brando, Cmara Municipal de Olho, 2008.
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Ibidem, p. 13. Ibidem, loc. cit. Ibidem, p. 15. In Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, doc. n. 86, p. 388.
P. Joo Coelho de Carvalho, Memria da Revoluo do Algarve, in Da quadrilha con tradana: o Algarve no tempo das invases francesas, p. 80.
16 Neves, Jos Acrsio das, Histria Geral da Invaso dos Franceses em Portugal e da Restau rao deste Reino, vol. 1, p. 360.
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O Manuscrito de Joo da Rosa, p. 13. Ibidem, loc. cit. Ver Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, doc. n. 49, pp. 371372. Idem, ibidem, doc. n. 52, pp. 372373.
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Idem, ibidem, doc. n. 12, pp. 344345. O Manuscrito de Joo da Rosa, p. 17. Ibidem, loc. cit. Ibidem, loc. cit.
Breve Notcia da Feliz Restaurao do Reino do Algarve, in Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, p. 459.
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In Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, doc. n. 86, p. 388. O Manuscrito de Joo da Rosa, p. 19.
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Breve Notcia da Feliz Restaurao do Reino do Algarve, in Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, p. 459.
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Neves, Jos Acrsio das, Histria Geral da Invaso dos Franceses em Portugal e da Restau rao deste Reino, vol. 2, p. 140.
32
Ver ibidem, doc. n. 86, pp. 388389. O Manuscrito de Joo da Rosa, p. 21. Ibidem, loc. cit.
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Ver Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, doc. n. 431, p. 430. O Manuscrito de Joo da Rosa, p. 21 In Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, doc. n. 86, p. 389. O Manuscrito de Joo da Rosa, p. 26.
Breve Notcia da Feliz Restaurao do Reino do Algarve, in Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, p. 460.
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P. Joo Coelho de Carvalho, Memria da Revoluo do Algarve, in Da quadrilha con tradana: o Algarve no tempo das invases francesas, pp. 8182.
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62 Neves, Jos Acrsio das, Histria Geral da Invaso dos Franceses em Portugal e da Restau rao deste Reino, vol. 2, p. 142. 63 Declarao da Revoluo, in Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, doc. n. 1, p. 304. 64 65
Relao da feliz e gloriosa Restaurao do Reino do Algarve, in Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, doc. n. 3, p. 313.
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Breve Notcia da Feliz Restaurao do Reino do Algarve, in Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, p. 461.
70 Declarao da Revoluo, in Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, doc. n. 1, p. 304.
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P. Joo Coelho de Carvalho, Memria da Revoluo do Algarve, in Da quadrilha con tradana: o Algarve no tempo das invases francesas, p. 82.
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74 Neves, Jos Acrsio das, Histria Geral da Invaso dos Franceses em Portugal e da Restau rao deste Reino, vol. 2, pp. 143144. 75 76 77 78
O Manuscrito de Joo da Rosa, pp. 2325. Ibidem, p. 25. Ibidem, loc. cit.
P. Joo Coelho de Carvalho, Memria da Revoluo do Algarve, in Da quadrilha con tradana: o Algarve no tempo das invases francesas, p. 82.
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5. O levantamento em Faro.
O levantamento em Faro (em, e no de) no foi homlogo do levantamento de Olho (de, e no em). A preposio importante e demarca a abissal diferen a. Metonimicamente, Olho levantouse contra o opressor; como recalca Joo da Rosa, foram todos, sem distino de gnero, idade ou estado: tanto faziam homens como mulheres, rapazes, raparigas, at o mesmo proco da igreja e os padres, todos dizendo em altas vozes: Queremos morrer pelo nosso amado Prncipe e toda a Famlia Real84; e tanto assim que puderam ser apontados
81 Breve Notcia da Feliz Restaurao do Reino do Algarve, in Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, p. 462. 82 83 84
O Manuscrito de Joo da Rosa, p. 26. Ibidem, loc.cit. O Manuscrito de Joo da Rosa, p. 19.
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Ibidem, p. 28. Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, doc. n. 20, pp. 340341. Ver Duas Descries do Algarve do Sculo XVI, p. 47. Ver Magalhes, Joaquim Romero, O Algarve econmico (16001773), pp. 323362.
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Ver Valente, Vasco Pulido, Ir pr Maneta. A Revolta contra os Franceses (1808), p. 14. Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, p. 61.
Segundo Belchior Cabreira (irmo de Sebastio Cabreira), Joaquim Filipe de Landerset era dos principais membros de uma Sociedade Patritica, que ento se juntava diariamente na Cida de de Faro, que tinha por objecto a feliz Restaurao da Monarquia Portuguesa, Sociedade que principiou a fazerse suspeita pelos Espias (Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, doc. n. 384, p. 425). Mas no indica outros membros da nclita Sociedade.
92 93 94
Cabreira, Sebastio Drago de Brito, Relao histrica da revoluo do Algarve, pp. 56. Idem, ibidem, p. 9.
Breve Notcia da Feliz Restaurao do Reino do Algarve, in Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, p. 462.
95 96
Neves, Jos Acrsio das, Histria Geral da Invaso dos Franceses em Portugal e da Restau rao deste Reino, vol. 2, p. 146.
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97 Ver P. Joo Coelho de Carvalho, Memria da Revoluo do Algarve, in Da quadrilha contradana: o Algarve no tempo das invases francesas, p. 84. Segundo Fr. Joaquim Soares, os outros que com o Bento Tendeiro estavam dentro do segredo eram: Francisco Tavares, Diogo Jos de Sousa Marinho, Jos de Sousa Coelho e Simo Ramos (Compndio histrico dos aconte cimentos mais clebres motivados pela revoluo de Frana e principalmente desde a entrada dos franceses em Portugal at segunda restaurao deste e gloriosa aclamao do Prncipe regente D. Joo VI, p. 17). 98 Neves, Jos Acrsio das, Histria Geral da Invaso dos Franceses em Portugal e da Restau rao deste Reino, vol. 2, p. 146.
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Ver tambm Joaquim Filipe de Landerset, Breve Notcia da Feliz Restaurao do Reino do Algarve, in Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, p. 463.
103 P. Joo Coelho de Carvalho, Memria da Revoluo do Algarve, in Da quadrilha con tradana: o Algarve no tempo das invases francesas, p. 83. 104 105
Idem, ibidem, loc. cit. Cabreira, Sebastio Drago de Brito, Relao histrica da revoluo do Algarve, pp. 11 e 39.
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106 P. Joo Coelho de Carvalho, Memria da Revoluo do Algarve, in Da quadrilha con tradana: o Algarve no tempo das invases francesas, pp. 8384. 107 108
Breve Notcia da Feliz Restaurao do Reino do Algarve, in Iria, Alberto, A invaso de Junot no Algarve, p. 465.
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ALGUMAS EXPRESSES ORAIS RESULTAnTES DAS InVASES FRAnCESAS EM PORTUGAL UM TIPO DE PATRIMnIO IMATERIAL
NOTA PRVIA
Este artigo resulta de uma feliz conjugao entre o comando do Regimento de Infantaria N.1 (Tavira) e a Direco de Histria e Cultura Militar, pela importncia, necessidade e pertinncia que ambos atribuem salvaguarda, divulgao e valorizao do patrimnio imaterial do Exrcito. Na actualidade, comum ouvirse falar em patrimnio imaterial, mas no frequente relacionlo e enquadrlo com a legislao em vigor. A fim de partilhar com os leitores esta dupla condio e transferila para uma tipifica o de patrimnio imaterial resultante das invases francesas em Portugal, o presente artigo est organizado da seguinte forma: 1 Introduo. 2 O conceito de Patrimnio Cultural Imaterial. 3 Uma tipificao de Patrimnio Cultural Imaterial resultante das inva ses francesas em Portugal 4 Algumas consideraes finais.
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1972
1982
2003
No campo internacional, a ateno reside na Organizao das Naes Unidas (ONU), nomeadamente na Declarao Universal dos Direitos do Ho mem de 1948 e no Pacto Internacional sobre os Direitos Econmicos, Sociais e Culturais de 1966. Atravs da Conferncia Geral das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura, denominada por UNESCO, vrios pases assinaram a Conveno para a Proteco do Patrimnio Mundial, Cultural e 50
ASSIMETRIA
Em 1982 foi criada na UNESCO a Seco para o Patrimnio Nomaterial, e, na sequncia dos trabalhos encetados, foi elaborada em 1989 a Recomenda o para a Salvaguarda da Cultura Tradicional e do Folclore. Posteriormente, em 1997, verificouse a Proclamao das Obrasprimas do Patrimnio Oral e Imaterial da Humanidade, para distinguir os exemplos mais notveis de espaos culturais ou formas de expresso popular e tradicional, tais como as lnguas, a literatura oral, a msica, a dana, os jogos, a mitologia, os rituais, os costumes, o artesanato, a arquitectura e outras artes, bem como formas 51
ANO
1985 2001
Assembleia da Repblica
2007
Governo
2008
Assembleia da Repblica
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Conhecimentos e prticas relacionadas com a natureza e o universo; Competncias no mbito de processos e tcnicas tradicionais. 109 Assim, com este conceito, domnios e outras caractersticas do patrimnio cultural imaterial, percepcionadas por cada comunidade, grupo e indivduos, surgem vrias e complexas problematizaes. De seguida, apenas ser tido em apreo o domnio das tradies e expresses orais, na sequncia das invases francesas em Portugal.
Domnio 1 Tradies e expresses orais, incluindo a lngua como vector do patrimnio cultural imaterial
Expresso oral n.1 grande e francesa Esta expresso tem o significado de forma luxuosa. A sua origem est identificada e associada ao perodo em que o General Junot viveu em Portugal, na sequncia da primeira invaso dos franceses ao territrio Portugus (1807/1808), e sempre de modos extremamente luxuosos.110 A imaginao, a observao e a sabedoria populares encarregaramse de criar esta expresso.
Decretolei N. 139/09, Dirio da Repblica, I Srie, N. 113, de 15 de Junho de 2009, pgina 3648.
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112 SILVA, Joaquim Candeias da, Guerra Peninsular A libertao de Abrantes em Agosto de 1808, Ed. Cmara Municipal de Abrantes, 2008, pgina 26. 113 114 115
SILVA, Joaquim Candeias da, op cit, pgina 27. Disponvel em: http://www.hkocher.info/minha_pagina/port/port_t04.htm
CARVALHO, Nelson Augusto Marques de, Guerra Peninsular A libertao de Abrantes em Agosto de 1808, Ed. Cmara Municipal de Abrantes, 2008, pgina 5.
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Referncias Bibliogrficas
Legislao:
Decretolei N. 97/07, Dirio da Repblica, I Srie, N. 63, de 29 de Maro de 2007. Decretolei N. 139/09, Dirio da Repblica, I Srie, N. 113, de 15 de Junho de 2009. Lei N. 13/85, Dirio da Repblica, I Srie, N. 63, de 29 de Maro de 2007. Lei N. 107/01, Dirio da Repblica, I Srie, N. 209, de 8 de Setembro de 2001. Portaria N. 196/10, Dirio da Repblica, I Srie, N. 69, de 9 de Abril de 2010. Resoluo N.12/08, Dirio da Repblica, I Srie, N. 60, de 26 de Maro de 2008. Livros: a. AAVV, Guerra Peninsular A libertao de Abrantes em Agosto de 1808, Ed. Cmara Municipal de Abrantes, 2008. b. CUNHA, Celso; Cintra, Lindley, Nova Gramtica do Portugus Con temporneo, Ed. Joo S da Costa, 7 Ed., Lisboa, 1990. c. NOBRE, Eduardo, Novo Calo Portugus, Ed. Casa do Livro, 1 Ed., Lisboa, 1979. d. SANTOS, Antnio Nogueira, Novos Dicionrios de Expresses Idio mticas, Ed. Joo S da Costa, Lisboa, 1990. e. SIMES, Guilherme Augusto, Dicionrio de Expresses Populares Portuguesas, Ed. Perspectivas e Realidades, 1 edio, Lisboa, 1984.
Sites:
a. http://www.unesco.pt/ b. http://www.unesco.org/ c. http://unesdoc.unesco.org/ d. http://stellium.bloguepessoal.com 61
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Alberto Iria, Op. Cit., pp. 283 a 285. Iria escreve o nome das duas maneiras, embora a segunda aparea mais amide.
Data da chamada Guerra das Laranjas, nome que tomou a disputa entre Portugal e Espa nha, que terminou com a perda de Olivena, devido ao facto de Rainha castelhana terem sido enviados os odorficos frutos.
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Alberto Iria, Op. Cit,, pp. 457 a 476. O texto de Joaquim Filipe de Landercet foi publicado, originalmente, em Lisboa em 1809 na Nova Officina de Joo Rodrigues Neves, com o ttulo de Breve Noticia da Feliz Restaurao do Reino do Algarve.
122 123 Antnio Maria do Couto foi autor prolixo, facto que nos d conta Inocncio Francisco da Silva e Pedro Venceslau Brito Aranha no Dicionrio Bibliogrfico Portugus, Tomo I, pp. 197 a 200 e Tomo VII, pp. 243 a 244. Escreveu uma obra sobre esta poca: Memrias sobre a m poltica do Ministrio francez em Portugal nos annos de 1807 e 1808, Lisboa, Typ. Lacerdina, 1808, 8. de 31 pp.
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Sebastio Cabreira, Op. Cit., p. 9. Idem, Ibidem. Idem, Ibidem, p. 11. Idem, Ibidem, p. 39.
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Vd. Idem, ibidem, p. 41. Idem, ibidem. Idem, ibidem, p. 18. Idem, ibidem, pp. 4142.
Departamento de Histria, Arqueologia e Patrimnio Faculdade de Cincias Humanas e Sociais Universidade do Algarve. Seminrio Livre de Histria das Ideias Centro de Histria da Cultura Faculdade de Cincias Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa.
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INTRODUO
Para que a 1 Invaso Francesa tivesse acontecido, houve um longo pro cesso, que teve a sua marcha no tempo. Os ideais liberais comearam a chegar a Portugal atravs dos livros de conhecidos autores franceses, como Voltaire, Diderot, Rousseau e outros, j no tempo do Marqus de Pombal. A seguir comeou a haver conhecimento da Constituio Francesa de 1791, da Declarao dos Direitos do Homem e de diversas publicaes liberais. O combate poltico a estes ideais era realizado pela Inquisio e o prprio Marqus de Pombal criou a Real Mesa Censria para travar os avanos da mentalizao da Revoluo Francesa. D. Maria I, reformando muito, do que vinha do Marqus, substituiu a Real Mesa Censria pela Mesa da Comisso Geral sobre o Exame e Censura de Livros presidida por um padre e oito deputados, em que quatro eram pro fessores de teologia. A prpria polcia tornouse repressiva literatura liberal, com o intendente Pina Manique. Contudo, no conseguiu evitar a criao de lojas manicas e os panfletos, que circulavam entre a populao. Um factor bastante favorvel,
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I
1 Em 09/XI/1795, no Palcio de Queluz foi nomeado o capito ge neral Francisco de Melo da Cunha de Mendona e Meneses, Governador do Reino do Algarve, pela Rainha D. Maria I, para a cidade de Tavira e sede do quartelgeneral. 73
II
A 1 Invaso Francesa considerase a mais relevante, no s, por ter sido a primeira, mas pela retirada da Rainha e do Prncipe Regente em 29/XI/1807 para o Brasil e pelo tempo, que o general Junot, mesmo sem a devida legiti midade, porque no houve abdicao, sempre acabou por governar. 82
III
Considerase como principais figuras, na luta contra a 1 invaso france sa:
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De liberal a miguelista
Se at 1 de Junho de 1819, data em que reformado como coronel, Se bastio Mestre pautara a vida como um militar que prestara um grande servio ao seu pas. Agora, com novo estatuto social, iria enveredar pela fase mais carismtica e polmica de uma existncia pungente de vigor e herosmo. A partir do ano seguinte a poltica passa a ser o motivo vivo da sua exis tncia como homem pblico. Para trs havia ficado a guerra e o terror da invaso imperialista de Napoleo, e o pas, com novos portugueses, olhava para a Europa e para a sua cruzada liberal, como uma nova luta contra o esprito tradicionalista. O pronunciamento militar no Porto, a 24 de Agosto de 1820, o princpio da revoluo liberal do pas. Quatro meses depois faziase j sentir o poder da nova ordem, com a realizao das primeiras eleies por sufrgio indi recto, que resultaram na escolha de uma maioria burguesa de comerciantes, proprietrios e burocratas, para integrar as Cortes Constituintes. Promulgada a Constituio, em Setembro de 1822, tudo parece mudar. E as Cmaras Municipais, pela primeira vez, sujeitamse a escrutnio para a eleio do seu executivo. Sebastio Martins Mestre deixase levar por esta torrente libertadora, e em 1822 era j um avanado liberal, que na Praa da Ribeira em Tavira, levanta vivas Constituio. Figura de relevo no meio citadino, conhecido o seu 95
Governador Dspota
Este comportamento assaz cruel que maculou a personalidade de Sebas tio Mestre, nos ltimos anos que governou a Praa de Vila Real de Santo Antnio, referido por Atade de Oliveira, na monografia que escreveu sobre este concelho. So, certamente, testemunhos no documentados e apenas reflexos de opinies partidrias, afirmadas por sentimentos recalcados e vingativos, contra as aces nada consensuais do governador miguelista, que nesta altura era um homem idoso, mas ainda de grande vigor fsico. A perseguio que ter movido aos liberais, consequncia da atribulada poca em que se vivia, visava sobretudo aquelas personalidades mais notrias 96
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1. Invases Francesas
Os temas Guerra Peninsular e Invases Francesas esto na ordem do dia em Portugal, fruto das comemoraes do seu bicentenrio (20072014). Efectivamente, com maior ou menor amplitude ou solenidade, o quotidiano portugus de h 200 anos revivese de norte a sul do Pas, cada terra tem os seus episdios para contar, os feitos das gentes a relembrar, os heris a enaltecer e as agruras a repisar. Neste contexto, as Invases Francesas deixaram marcas evidentes no Pas. De facto, invadido militarmente pela Frana, primeiro, e controlado politica mente pela Inglaterra, depois, Portugal assistiu desagregao das instituies estatais, falncia do tecido econmicofinanceiro, ao caos social e eroso das possesses coloniais no Atlntico Sul o que, em ltima instncia, conduziu implantao do Liberalismo (1820) e independncia do Brasil (1822). Por que foi Portugal invadido pelos franceses em 1807? Porque, sem o desejar, o Pas se viu na rota de coliso entre o poder continental Francs e o poder martimo ingls.
139 TenenteCoronel do Exrcito. Mestre em Estratgia e psgraduado em Histria Militar. Professor de Histria Militar do Instituto de Estudos Superiores Militares.
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146 Jorge Borges de Macedo, Histria Diplomtica Portuguesa, Constantes e Linhas de Fora, Lisboa, Instituto de Defesa Nacional, s/d. 147 148
Joaquim Verssimo Serro, Histria de Portugal (18071832), Lisboa, Editorial Verbo, vol. VII, 1983.
149 150
David Martelo, Os Caadores. Os Galos de Combate do Exrcito de Wellington, Lisboa, Tribuna, Novembro de 2007.
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3. El Rei Junot
O comandantechefe do Exrcito da Gironda, chegado a Lisboa, instalou se no Palcio do Baro de Quintela, os oficiais acomodaramse em casas
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Raul Brando, ElRei Junot, Lisboa, Imprensa NacionalCasa da Moeda, Junho de 1982. Baron de Thibault, Relation de LExpedition du Portugal Faite en 1807 et 1808, Paris, lvaro Guerra, Razes de Corao, Porto, Pblico Comunicao Social, SA, 2002.
1817.
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Na iminncia da ofensiva napolenica a Portugal, por Decretos de 1806 1807, intentouse a reorganizao do Exrcito. Para o efeito, criou as Divises do Norte, Centro e Sul, constitudas por 12 Brigadas de Infantaria, 12 Regimentos de Cavalaria e 4 de Artilharia; organizou 48 Regimentos de Milcias e 24 Brigadas de Ordenanas; todos os homens dos 17 aos 40 anos passaram a estar obrigados ao recenseamento militar. Diznos Vitoriano Csar que um tal sistema de recrutamento, se tivesse sido posto em prtica em toda a sua plenitude, permitiria uma organizao respeitvel das nossas foras militares: Vitoriano Jos Csar, A Evoluo do Recrutamento em Portugal desde os seus Primrdios at Lei de 1807, In Revista Militar, n. 8, Agosto de 1909. Estas medidas no estavam, porm, ainda em plena execuo quando Junot invadiu Portugal.
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General Foy, Histoire de la Guerre de la Pennsula sous napoleon, Tomo IV ; Livre 8., Bondouin Frres, Editions, Paris, 1827.
158 Lagarde tornouse uma das figuras mais odiadas da ocupao, chamandolhe o povo monsier lagarto. 159
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Antnio Pedro Vicente, Guerra Peninsular 18011814, vol. 13, Porto, QuidNovi, 2006.
Assim, mantendo inclume, na provncia, o rotineiro treino dominical, estes soldados sem uniforme desarmados, iriam, em conjunto com a tropa regular licenciada, orientar a guerra sub versiva que os prprios franceses favoreceram: Manuel Themudo Barata, A Guerra Subversiva Soldados Sem Uniforme, in nova Histria Militar de Portugal, Direco de Manuel Themudo Barata e Nuno Severiano Teixeira, vol. 3, Rio de Mouro, Crculo de Leitores, Abril de 2004.
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Gazeta de Lisboa, 5 de Fevereiro de 1808, cit, Mrio Dominguez, ob. cit.. Joaquim Verssimo Serro, ob. cit. Idem. Raul Brando, ob. cit.
168 Desde 26 de Dezembro de 1807 que os ingleses ocupavam a Madeira, atravs do Major General Carr Beresfrod, utilizada enquanto base naval para vigiar os acontecimentos em Portugal ao longo da costa.
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169 Ana Cristina Bartolomeu de Arajo, As Invases Francesas e a Afirmao das Ideias Liberais, in O Liberalismo (18071890), quinto volume, Coordenao de Lus Reis Torgal e Joo Loureno Roque, Histria de Portugal, direco de Jos Mattoso, Crculo de Leitores, Julho de 1993.
Francisco Manuel Alves, Abade de Baal, Bragana. Memrias ArqueolgicoHistricas do Distrito de Bragana, Tomo I, Cmara Municipal de Bragana / Instituto Portugus de Museus Museu Abade de Baal, Coordenao Geral da Edio Gaspar Martins Pereira, Junho de 2000.
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Vitoriano J. Csar.
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Vasco Pulido Valente, Ir Pr Maneta. A Revolta contra os Franceses, Lisboa, Altheia Editores, Novembro de 2007.
176 Carlos de Azeredo, As Populaes a norte do Douro e os Franceses em 1808 e 1809, Porto, Museu Militar do Porto, 1984. 177 178 179
Gazeta de Lisboa, 26 de Junho de 1808, cit. Joaquim Verssimo Serro, ob. cit. Ana Cristina Bartolomeu de Arajo, ob. cit.
Jos acrsio da Neves, Histria Geral da Invaso dos Franceses em Portugal e da Res taurao deste Reino, Porto Edies Afrontamento, 2008.
113
Idem. Raul Brando, ob. cit. Jos Acrsio da Neves, ob. cit. Joaquim Verssimo Serro, ob. cit. Baro de Thibault, ob. cit.
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Os combates em Padres de Teixeira apresentam a tipologia de guerrilha: Contudo, como j referimos anteriormente, preferimos denominar estas aces de guerra irregular assente nas milcias regimentais.
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Vitoriano Jos Csar, ob. cit. Baro de Thibault, ob. cit. Idem.
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Joaquim Verssimo Serro, ob. cit. A proeza do pesqueiro Bom Sucesso impeliu D. Joo a conceder a Olho o ttulo de vila.
193 Alberto Iria, A Invaso de Junot no Algarve (Subsdios para a Histria da Guerra Pe ninsular. 18081814), Lisboa, 1941.
117
Vitoriano Jos Csar, ob. cit. Baro de Thibault, ob. cit. Idem.
118
Mrio Domingues, ob. cit. Vasco Pulido Valente, ob. cit. Carlos de Azeredo, ob. cit. Manuel Themudo Barata, ob. cit. Joaquim Verssimo Serro, ob. cit. Jorge Pedreira e Fernando Dores Costa, D. Joo VI, Rio de Mouro, Crculo de Leitores,
2006.
119
Joaquim Verssimo Serro, ob. cit. Joaquim Verssimo Serro, ob. cit. Jorge Pedreira e Fernando Dores Costa, ob. cit. Vasco Pulido Valente, ob. cit.
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1. O Homem
D. Francisco Gomes do Avelar nasceu em 1739, a 17 de Janeiro, no lugar do Mato Calhandriz, Alhandra numa famlia rural de condio modesta e morreu em Faro, Arcebispobispo e Governador do Algarve, a 15 de Dezembro de 1816. A sua vida decorre entre estas duas datas e ao estatuto e funes que correspondentes no contexto do Antigo Regime. Aos 14 anos foi para Lisboa. Em Setembro de 1757 entrou na Congregao do Oratrio, sendo ordenado presbtero em 1763, dez anos depois de ter vindo para a capital do Reino. Neste espao de tempo passou, provavelmente, do domnio das primeiras letras do saber ler, escrever e contar para o dos saberes humansticos e teolgicos, superiores, que o habilitaram ao ensino 121
2. O Bispo
Como se fora pincelada inicial do esboo conveniente acentuar que num tempo em que o bispo visto mais como prncipe que pastor, mais aliado do Trono que servidor do Altar, o ministrio episcopal de D. Francisco Gomes foi verdadeiramente o de um PASTOR, servidor do Povo que lhe foi confia do. A chave de leitura de toda a diversidade da sua aco e que a unifica , deve ser, a pastoralidade. Foi Pastor, Bispo segundo as orientaes tridentinas, que continuavam inovadoras; nomeadamente: o dever de residncia, a preocupao com a formao do clero ou a obrigao da Visita Pastoral peridica. Ao contrrio de outros, residiu sempre na sua diocese, o que tendo em conta o carcter perifrico do Algarve significativo e revelador do cuidado pastoral e sua primazia em tudo o que fez. O Algarve no tinha Seminrio que proporcionasse e garantisse adequada formao ao clero diocesano (o clero algarvio tinha sido formado nos Colgios da Companhia de Jesus at sua expulso), pelo que tratou de levar por diante, enfrentando dificuldades, a construo do edifcio e a fundao da instituio que concretiza em 1897. Durante os anos que esteve frente da diocese fez, por si, a Visita Pastoral s Parquias com a periodicidade cannica: deu a volta por trs vezes. Nestas 122
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4. Reflexes
Foi o soldado portugus, filho desse povo glorioso que tudo deu em de fesa da sua Ptria, como sempre o fizera quando descobriu e deu mundos ao Mundo, e entre eles os militares da Brigada do Algarve, que todos os comandantes supremos, dos exrcitos que to bravamente se defrontaram em Portugal, nas campanha de 18101811, e nas campanhas seguintes em territrio espanhol e francs, reconheceram como o factor inesperado de desequilbrio decisivo para as derrotas de um e para as vitrias de outro. Para Massena as tropas portuguesas tinham subido a alto grau de destaque, de tal forma o impressionaram, que registou nas suas memrias: o soldado portugus, inteligente, sbrio, caminheiro, infatigvel pode emparelhar com os anglo hanoverianos e excedlos.. Para os aliados ingleses, as tropas portuguesas, como afirmara Beresford, o seu comandante, e depois tambm Wellington: adquiriram a estima, a admirao e a confiana dos seus companheiros de armas () e se tornaram dignas de fazerem honra s mais aguerridas () so dignas de combaterem nas fileiras do exrcito ingls. Em 1812 o exrcito aliado tinha aproximadamente 90 000 homens, mais de metade dos quais eram portugueses e que nas batalhas e muito penosas campanhas da guerra peninsular iriam mostrar ao Mundo o seu valor. Durante a Guerra Peninsular o Exrcito Portugus participou em cerca de 280 aces de combate (15 batalhas, 215 combates, 14 stios, 18 assaltos, 6 bloqueios e 12 defesas de praas). Sofreu 21 141 baixas em aco. 5 160 139
5. Anexos
Alvar de 19 de Maio de 1806. Convindo muito ao Meu Real Servio; para estabelecer a boa Ordem e regularidade da Disciplina do Exercito, que ele seja organizado mesmo em tempo de paz em Brigadas e Divises, e que os Corpos das diversas Armas, que o compem, sejam numerados, a fim de que por essa numerao tenha cada um para o futuro o seu lugar constante na Linha, sem que dependa para isto da Graduao e Antiguidade do Chefe, que o comanda. Por todos estes motivos, Hei por bem a este respeito Determinar o seguinte: O Exercito ser formado em trs Divises, com as denominaes seguintes: Diviso do Sul, Diviso do Centro, Diviso do Norte. Cada Diviso ser composta de oito Regimentos de Infantaria, divididos em quatro Brigadas, quatro Regimentos de Cavalaria e um de Artilharia, exceptu ando a Diviso do Sul, que compreender dois Regimentos dessa Arma. Os Regimentos de Infantaria sero numerados de um at vinte e quatro; os de Cavalaria, de um at doze; e os de Artilharia, de um at quatro, e esses nmeros sero distribudos promiscuamente pelos Corpos das trs Divises. A composio de cada Diviso ser portanto da seguinte maneira: A Diviso do Centro ser composta dos Regimentos de Infantaria, N. 1 Lippe, N. 4 Freire, N. 7 Setbal, N. 10 Lisboa, N. 13 Peniche, N. 16 Vieira Telles, N. 19 Cascais, N. 22 Serpa; dos de Cavalaria, N. 1. Alcntara, N. 4 Mecklemburg, N. 7 Cais, N. 10 Santarm; do de Artilharia, N. 1, primeiro da Corte. A Diviso do Sul ser composta dos Regimentos de Infantaria, N.2 La gos, N. 5 Primeiro de Elvas, N. 8 Castelo de Vicie, N. 11 Penamacor, N. 14 Tavira, N. 17 Segundo de Elvas, N. 20 Campo Maior, N. 23 Almeida; dos de Cavalaria, N. 2 Moura, N. 5 vora, N. 8 Elvas, N. 11 Almeida; dos de Artilharia, N. 2 Algarve e N. 3 Estremoz. A Diviso do Norte ser composta dos Regimentos de Infantaria, N. 3 Primeiro de Olivena, N. 6 Primeiro do Porto, N. 9 Viana, N. 12 Chaves, 140
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Stio da Praa de Badajoz, de 5 a 16/5/1811 Batalha de Albuera, 16/5/1811 Combate do Bosque de Albuera, 18/5/1811 2. Stio da Praa de Badajoz, de 19/5 a 17/6/1811 3. Stio da Praa de Badajoz, de 16/3 a 7/4/1812 Defesa da Passagem do Tormes, de 8 a 14/11/1812 Batalha de Vitoria, 21/6/1813 Bloqueio da Praa de Pamplona, de 30/6 a 18/7/1813 Combates do Porto da Maya, 7 e 8/7/1813 Combate do Porto de Arrite, 25/7/1813 Batalha dos Pirinus, 28/7/1813 Combate de Banca, 1/10/1813 Batalha de Nivelle, 10/11/1813 Batalha de Nive, de 9 a 13/12/1813 Combate de Sauveterre, 18/2/1814 Batalha de Horts, 27/2/1814 Combate de Aire, 2/3/1814 Combate de Viella, 13/3/1814 Combate de Tarbes, 20/3/1814 Batalha de Toulouse, 10/4/1814
2, 4, 5, 10, 11, 14, 17 e 23 2, 4, 5, 10, 11, 14 e 23 2 2, 4, 5, 7, 9, 10, 14, 17, 19 e 21 2, 3, 5, 9, 11, 13, 14, 15, 17, 21, 23 e 24 1, 2, 4, 10, 11, 14, 16, 18 e 23 1, 2, 3, 4, 6, 7, 9, 10, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 23 e 24 2, 4, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 21 e 23 2 e 14 2 e 14 2, 4, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 18, 19, 21 e 23 2, 4, 10 e 14 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 23 e 24 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 23 e 24 2 e 14 2, 4, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 19, 21 e 23 2, 4, 6, 10, 14 e 18 2 2, 8, 9, 12, 14, 17 e 21 2, 4, 6, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 21 e 23
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