O Conceito de Marketing e o Ambiente Digital
O Conceito de Marketing e o Ambiente Digital
O Conceito de Marketing e o Ambiente Digital
COMPORTAMENTO DO
CONSUMIDOR NA ERA DIGITAL
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si”. Segundo a perspectiva gerencial, marketing é “a arte de vender produtos”
(Kotler; Keller, 2012, p. 4).
Nessa visão, Ferrel e Hartline (2006) reforçam que o marketing também
pode gerar resultados negativos, assim, os profissionais de marketing devem
considerar as implicações sociais e éticas de seus atos.
Quando pensamos em todas as implicações positivas ou negativas que
uma empresa ou marca pode ter na sociedade, deixamos de ter o marketing como
uma função ou um departamento dentro de uma organização, devendo vê-lo como
a própria organização, com sua missão e visão para atender ao mercado e seus
clientes.
Uma estratégica de marketing é o que define como a organização irá atuar
e como ela irá satisfazer às necessidades e desejos de seus clientes. As decisões
incluem os 4p’s do marketing, desenvolvidos por Jerome McCarthy em 1978, na
primeira edição do seu livro Basic Marketing: a Managerial Approach (Marketing
Básico: uma Abordagem Gerencial), no qual ele apresentava o que conhecemos
até hoje como:
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embalagens, não somente de transporte, mas de como o usuário final do
produto irá transportá-lo e consumi-lo.
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estratégias mais robustas para se chegar ao consumidor. Hoje, o consumidor tem
o poder na palma das mãos, os equipamentos móveis deixaram de ser uma
ferramenta de comunicação e passaram a ser uma ferramenta de produção e
publicação de conteúdos.
O que devemos considerar é que no marketing digital a comunicação
passou a ser “um a um”, o marketing de massa e as grandes mídias perdem
espaço em que “o marketing de massa é a generalidade que caracteriza as ações”
(Gabriel, 2010, p. 77). Na web, temos o marketing segmentado, em que a
especificidade orienta a estratégia e a digitalização dos negócios, e sua principal
característica é a sincronicidade. Adolpho (2011) reforça que o processo no
marketing digital deve ser contínuo e ininterrúpto, permitindo que a empresa
conheça mais sobre seu mercado e seu consumidor. O autor apresenta então os
8 P’s do marketing digital, com as seguintes caracteristicas:
• Pesquisa: na web dizemos que “não existe borracha”, o que o indivíduo faz
deixa marcas, assim, é possível acompanhar seus hábitos, motivações e
necessidade para decifrá-lo. A possibilidade de se desenhar a persona, ou
seja, o cliente ideal de sua organização, torna-se mais fácil, levantando
estas informações por meio de ferramentas digitais;
• Planejamento: neste plano é mais fácil quando falamos do marketing
digital. Normalmente, as equipes são multidisciplinares, envolvendo
programadores, publicitários, designers, jornalistas, pesquisadores e
marketing, a fim de pensar de forma holística em todos os aspectos
possíveis, que vão desde o post, passando pelo conteúdo gerado até o
design de um site ou blog;
• Produção: o gestor deve ter a capacidade de integrar todas estas áreas a
fim de chegar ao resultado final;
• Publicação: trata das estratégias de divulgação, que pode ser um simples
conteúdo, um site, produto ou serviço, uma página ou uma landpage,
entretanto, é a publicação e a sua estratégia que farão diferença em seu
processo de vendas e resultados;
• Promoção: esta fase baseia-se na criação de laços fortes e fracos nas
redes sociais, e utilizar o consumidor como um veículo é a forma mais
eficaz para promoção. A web possibilita utilizar esta estratégia de forma
mais rápida e o conteúdo a ser promovido deve ser relevante ao
consumidor e, assim, torná-lo um promotor da sua marca;
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• Propagação: baseado no capital social que a organização ou indivíduo
posiciona e fortalece sua imagem como referência para determinado
assunto ou produto. Utilizar-se de influenciadores é uma excelente
estratégia para fortalecer sua marca;
• Personalização: a web permite comunicar-se individualmente com seus
clientes ou possíveis clientes, buscando aproximação e maior identificação
do consumidor com a marca. A web permite que organizações segmentem
sua comunicação para ser mais relevante individualmente;
• Precisão: por fim, a web permite que toda ação seja monitorada, medida e
avaliada. Assim, no planejamento de qualquer ação é necessário identificar
quais métricas serão consideradas para medir o resultado de sua ação.
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conectar computadores dos departamentos de pesquisa para a troca de
informações.
A partir desse início, o uso da web se deu de forma exponencial, saindo de
um simples repositório de informações, apresentando-se como um diretório de
assuntos e conteúdos com baixíssima interação e passando a ser utilizada como
uma TIC (tecnologia de comunicação), dando poder ao usuário para criar e
produzir conteúdo.
Os computadores de uso pessoal pulverizaram a informática e permitiram
investimentos bem inferiores em CPD’s, processadores e centros de
processamentos. A partir desse momento, uma estação de trabalho com acesso
à internet (discada) possibilitou que desenvolvedores individuais programassem e
produzissem. Ainda que com baixa interatividade e acessos somente a
especialistas de informática, esse era o primeiro passo da web que conhecemos.
O desenvolvimento e necessidade de incremento da rede fez com que o
usuário comum passasse a contribuir com a rede, considerada a fase de uso da
inteligência coletiva. Assim, foi possível empoderamento os usuários para a
produção e distribuição de conteúdo, fazendo com que a rede fosse
descentralizada, iniciando as redes sociais como coletivo de relacionamento e
criação de comunidades por interesse.
A redução drástica dos custos de produção e distribuição possibilitou que
o usuário deixasse de ser um mero consumidor, passando a ser o produtor. Nesse
momento, tivemos o advento da “mídia social”, que possibilitou acesso a todos
com um simples equipamento. As redes sociais, blogs, perfis nas redes,
comunidades de marcas e de interesses passaram a emergir. As organizações
começam a utilizar a web como ferramenta de mídia e os grandes grupos
perderam o poder de centralização antes ocupado.
A rede evolui com os usuários e com o desenvolvimento da tecnologia. A
semântica é utilizada fortemente, a tecnologia utiliza-se dessa ferramenta para
entender melhor o comportamento do usuário e suas preferências de busca,
assim, o usuário passa a ser rastreável, seu histórico é gravado nas buscas
futuras e o resultado passa a ser personalizado.
A quarta etapa, que estamos passando a partir de 2020 e confunde-se com
a própria semântica é o uso da inteligência artificial, similar a um grande sistema
operacional dinâmico e inteligente, que utiliza os dados disponíveis na rede para
as interações entre os indivíduos em tempo real, antecipando resultados –
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soluções ou problemas – não esperados pelo usuário, baseando-se muito mais
em hardware do que em software.
Outra perspectiva relevante no comportamento do consumidor é o fato de
ele não possuir uma região demográfica específica. Os dispositivos móveis
proporcionaram mais mobilidade ao indivíduo, reforçando a perspectiva de que
baseia-se mais em hardwares. A comunicação entre organizações e indivíduos
está mais individualizada, assim, entender a mobilidade dos indivíduos é
extremamente importante para o desenho de qualquer estratégia de
comunicação.
No gráfico a seguir, é possível notar que o número de dispositivos de
acesso à web nas residências, como desktops (19%), notebooks (27%) e tablets
(14%) são infinitamente menores que o número de lares com telefones móveis
(93%). Esse número é extremamente importante quando falamos de mobilidade
e acesso à informação.
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TEMA 3 – COMPORTAMENTO E ESTRATÉGIA DE MARKETING
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• Classe social e renda: esta característica abrange grupos de pessoas
aproximadamente iguais em termos de renda e posição social, isso quer
dizer que, analisando determinado grupo, é possível descobrir se eles têm
comportamentos similares em relação a determinado produto ou serviço;
• Raça e etnia: segundo Solomon (2011, p. 38), à medida que a sociedade
se torna mais multicultural, são criadas outras oportunidades para a oferta
de produtos e serviços especializados;
• Geografia: muitas vezes, as organizações adaptam seus produtos para
oferta em determinados países. Essa perspectiva tende a atender à
necessidade de uma determinada região;
• Estilos de vida além da demografia: mesmo considerando características
demográficas similares, como gênero ou idade, os indivíduos tendem a ter
estilos de vida bem diferentes, assim, entender esses comportamentos é
importante no desenho de uma estratégia.
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Figura 2 – Fontes Básicas de Origem do Consumo
A relação do consumidor com A maneira como o trata, como utiliza, se aceita, se reprime e se
seu corpo maltrata são indicativos de bases do consumo
A relação do consumidor com Qual o conjunto de ideias, valores, crenças e emoções do indivíduo?
suas ideias, emoções e valores Ele é mais analítico ou mais sintético? Como ele aborda um
problema? Quais são os seus valores? Como ele analisa o mundo
atual? Considera-se liberal? Criativo? Libera emoções? É
introvertido? Valoriza mais o passado ou o futuro?
A relação do consumidor com os Como ele organiza o espaço ao seu redor? Como é a decoração de
objetos e o mundo físico sua casa? O quarto? O que ele faz com seus objetos? Guarda tudo
que usa? Explora objetos desconhecidos? Tem resistência a
novidades?
A relação do consumidor com Que papéis ele assume nos grupos? De líder? De rebelde?
outras pessoas e as regras de Passivo? Aceita o seu grupo? Rebela-se? Quebra regras? Interfere,
grupo apenas segue ou dita regras?
Fonte: Giglio, 2005, p. 23.
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somos solucionadores de problemas. Os passos que o consumidor toma em
relação a um problema são: 1) reconhecimento do problema; 2) busca por
informações; 3) avaliação de alternativas; e 4) escolha do produto.
É importante entender que essas etapas poderão variar de acordo com a
complexidade da decisão a ser tomada, bem como pela característica do
consumidor envolvido no processo. Segundo Solomon (2011), esta multiplicidade
de escolhas pode ser considerada como hiperescolha do consumidor, ou seja,
uma grande quantidade de opções disponíveis nos força a fazer repetidas
escolhas. Giglio (2005, p. 7) estabelece alguns pressupostos que definem o
comportamento do ser humano: 1) o ser humano é racional e seu comportamento
é ditado pela razão; 2) o ser humano é emocional e movido por afetos conscientes
e inconscientes; 3) o ser humano é social e movido pelas regras do grupo; 4) o
ser humano é dialético e movido por oposições; e 5) o ser humano é complexo e
movido por determinações e indeterminações, resultando em um comportamento
circunstancial.
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entender quantas delas possuem real potencial para adquirir o produto, o que
pode gerar somente um prazer de satisfação ou de status, mas não de satisfação
de uma necessidade básica, e este entendimento irá influenciar diretamente no
modelo de decisão do consumidor.
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lançamento de novos produtos ou serviços de sucesso, que mudam o padrão de
comportamento, devem estar alinhados a um ideal de cultura projetado por
determinada sociedade.
É importante verificar também que toda cultura possui subculturas, as quais
podemos definir como um conjunto de particularidades culturais de um grupo
específico, com um modo de vida diferenciado. Porém, tais subculturas não se
desprendem do modo dominante de cultura, assim, podemos citar religiões,
classes sociais, regiões geográficas, grupos raciais, entre outros. “Quando essas
subculturas crescem e se tornam influentes o bastante, as empresas geralmente
elaboram programas de marketing específicos para atendê-las” (Kotler; Keller,
2012, p. 165). Solomon (2011, p. 569) destaca que um sistema cultural possui três
áreas funcionais:
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• Grupos de afinidade: são os grupos que exercem uma influência direta
como grupos primários, os quais possuem contato contínuo, como família,
amigos, vizinhos e colegas de trabalho, além dos grupos secundários, mais
formais e com menos interações, como grupos religiosos e profissionais ou
associações de classe;
• Grupos sem afinidade: para os autores, as pessoas também são
influenciadas por grupos aos quais não pertencem e com os quais não
possuem nenhuma afinidade. São os chamados grupos aspiracionais, ou
seja, grupos aos quais se deseja pertencer e grupos dissociativos, aqueles
nos quais valores e comportamentos podem ser não aceitos pela
sociedade;
• Família: este aparece como o principal grupo de referência para influenciar
o grupo de compras na sociedade. Os autores destacam dois tipos de
famílias na vida do consumidor: família de orientação, formado pelos pais
e irmãos; e família de procriação, formado pelo cônjuge e filhos;
• Papeis e status: por fim, os autores destacam que a posição de um
indivíduo no grupo é definida pelo papel e o status de cada um. Assim,
enquanto o papel define as atividades do indivíduo na sociedade, o status
é o resultado desse papel desempenhado.
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econômico de cada indivíduo define o padrão de consumo que ele possui.
Assim, o tipo de ocupação e a renda modelam o estilo de vida e o nível de
consumo;
• Personalidade e autoimagem: personalidade é um conjunto de traços
psicológicos distintos que tem como resultado comportamentos coerentes
e racionais em resultado a um estímulo do meio. Podem ser autoconfiança,
domínio, autonomia, submissão, sociabilidade, postura defensiva e
capacidade de adaptação;
• Estilo de vida e valores: segundo os autores, estilo de vida “é o padrão de
vida de uma pessoa expresso por atividades, interesses e opiniões;
representa a “pessoa por inteiro” interagindo com seu ambiente”. Ou seja,
o estilo de vida define como a pessoa se apresenta perante a sociedade e
o meio em que ela vive. E esse estilo de vida não está diretamente
associado à renda ou ocupação, mas sim aos valores que o indivíduo tem
sobre qualidade de vida, gostos e experiências.
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REFERÊNCIAS
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