Apostila - ISO 4309
Apostila - ISO 4309
Apostila - ISO 4309
Alberto Rocha
Instrutor / Consultor
11 98201 3836
[email protected]
http://riggingtreinamentos.com.br
Maio / 2020
1
Cabos de Aço - ISO 4309
Elaborado por:
Rigging Treinamentos
Direitos Autorais
Não é permitida a reprodução total ou parcial sem autorização por escrito da Rigging
Treinamentos.
2
Cabos de Aço
ALMA
A alma é um componente fundamental para o cabo de aço e é fabricada de materiais que proporcionam suporte
adequado às pernas sob condições normais de carga e flexão. Os materiais da alma incluem fibras (vegetal ou
sintética) ou aço. A alma de aço é formada de arames torcidos no mesmo formato de uma perna ou um cabo de aço
independente. As almas mais usadas são:
Cortesia Cimaf
As almas de fibra em geral dão maior flexibilidade ao cabo de aço. As almas de fibra natural são normalmente de
sisal ou rami, e as almas de fibra artificial são geralmente de polipropileno ou polietileno. Estas últimas apresentam
as mesmas vantagens que as almas de fibra natural e mais as seguintes: não se deterioram em contato com a água
e não absorvem umidade, uma vez que a fibra natural é composta de material orgânico que possui maior facilidade
de deterioração do que os polímeros, o que representa uma garantia contra o perigo da corrosão interna de um cabo
de aço. Em virtude do preço do polipropileno ou polietileno ser mais elevado que as fibras naturais, as almas de fibra
artificial são utilizadas, apenas em cabos de uso especiais.
As almas de aço garantem maior resistência aos amassamentos e aumentam a resistência à tração. A alma de cabo
independente (AACI) é preferida quando se exige maior flexibilidade do cabo combinada com alta resistência à
tração.
3
Composição dos
Característica Principal
Arames na Perna
Filler Arames muito finos na mesma camada
Seale Arames mais grossos na camada externa
Warrington Arames de diâmetros diferentes e alternados na mesma camada
4
Exercício de Identificação de Composição dos Arames e Construção do Cabo
Composição dos arames Composição dos arames Composição dos arames Composição dos arames
5
Construção Construção Construção Construção
EQUIPAMENTO DE ELEVAÇÃO
Polias e tambores
Quanto maior a relação entre o diâmetro do tambor ou polia (D) e o diâmetro do cabo de aço (d), menor é o desgaste
de ambos.
Os tambores e polias devem ser corretamente dimensionados para um bom desempenho do conjunto equipamento e
cabo de aço. Devido ao fato de existirem vários equipamentos e várias condições de operação, é difícil identificar um
tamanho específico de tambor ou polia para todas aplicações.
O primeiro item a ser verificado na inspeção de polias e tambores são os seus canais.
A seção transversal do canal da polia deve permitir um perfeito assentamento do cabo no diâmetro a ser utilizado. As
paredes laterais do canal devem ser cônicas, com as bordas arredondadas para facilitar a entrada do cabo no canal.
Para verificar o tamanho, o perfil e o desgaste do canal, deve-se usar um gabarito, que para considerar um canal em
boas condições, o arco de contato entre o gabarito e o canal devem ter em torno de 150º.
6
O tamanho do canal não é o único item crítico a ser examinado cuidadosamente. A condição do canal é um fator
também importante. Está liso ou ondulado? Se o canal estiver marcado, deve ser usinado ou, se estiver com uma
ondulação profunda, significa que a polia ou o tambor deve ser substituído.
7
INSPEÇÃO EM CABOS DE AÇO UTILIZADOS EM PONTES ROLANTES, PÓRTICOS,
GUINDASTES, GUINCHOS E GRUAS CONFORME NORMA ISO 4309
A inspeção em cabos de aço é de vital importância para uma vida útil adequada e segura.
INSPEÇÃO DE RECEBIMENTO
Deve-se assegurar que o material esteja conforme solicitado; possua certificado de qualidade do fabricante e esteja
conforme os requisitos do equipamento de elevação.
INSPEÇÃO FREQUENTE
Este tipo de inspeção tem como objetivo a análise visual detectando danos no cabo de aço que possam causar riscos
durante o uso e deve ser realizada pelo operador ou outra pessoa responsável, diariamente. Os pontos em que o
cabo é fixado no equipamento devem ser examinados com cuidado. Qualquer suspeita de mudanças perceptíveis
nas condições do cabo deve ser informada e o cabo deve ser inspecionado por uma pessoa qualificada.
8
Durante este tipo de inspeção devem ser verificados:
A existência de distorções no cabo, tais como: dobras, amassamentos, alongamento do passo, gaiola de passarinho,
perna fora de posição ou alma saltada.
INSPEÇÃO PERIÓDICA
A inspeção periódica tem como objetivo detalhar a real condição do cabo de aço, evitando que o mesmo venha
apresentar riscos durante sua vida útil. As inspeções não precisam necessariamente ser realizadas em intervalos
iguais, e devem ser mais frequentes quando se aproxima o final da vida útil do cabo de aço.
A inspeção periódica deve ser realizada por uma pessoa qualificada e deve abranger o comprimento total do cabo de
aço.
Os arames externos das pernas devem estar visíveis ao inspetor durante a inspeção. Qualquer dano no cabo que
resulte em perda significativa da resistência original, deverá ser registrado e considerado o seu risco, implicando na
continuidade do uso do cabo.
INSPEÇÃO ESPECIAL
Sempre que ocorrer um incidente que possa ter causado danos ao cabo e/ou à sua extremidade, ou sempre que um
cabo for novamente utilizado após a desmontagem seguida de reinstalação, o cabo deve ser examinado.
Em todos os casos em que um equipamento de levantamento de carga tiver ficado fora de serviço durante três
meses ou mais, os cabos devem ser examinados antes do reinício do trabalho.
Geral
Embora o cabo deva ser examinado em toda a sua extensão, deve-se dar atenção especial aos seguintes pontos:
- parte do cabo que passa através do moitão ou sobre polias. No caso de equipamentos realizando uma operação
repetitiva, deve-se dar atenção especial a qualquer parte do cabo que estiver com carga;
9
- parte do cabo que estiver sobre a polia de compensação;
- qualquer parte do cabo que possa estar sujeita a abrasão por fatores externos;
O cabo deve ser examinado na área próxima ao acessório, pois é nessa área crítica que se dá início à fadiga
(arames rompidos) e à corrosão. Os próprios acessórios devem ser examinados quanto a sinais de deformação ou
desgaste.
As extremidades com presilhas estampadas ou terminais prensados devem ser examinados de modo semelhante e a
presilha deve ser inspecionada quanto a trincas no material e possível deslizamento entre a presilha e o cabo.
O cabo de aço dentro dos acessórios removíveis (soquetes de cunha, grampo) deve ser examinado quanto a arames
rompidos. Deve-se garantir, também, que os soquetes e os grampos estejam devidamente fixados. Além disso, a
inspeção deve garantir que os requisitos das normas e os critérios estabelecidos para a extremidade do cabo tenham
sido atendidos.
Os olhais trançados manualmente devem ser protegidos somente na ponta do trançado, de modo a proteger as mãos
do usuário contra arames expostos, sempre permitindo que o resto do trançado seja examinado visualmente quanto
a arames rompidos.
Quando são detectados arames rompidos na região próxima aos terminais ou junto a ela, é possível cortar a
extremidade danificada do cabo e reinstalar os acessórios. No entanto, o comprimento do cabo de aço deve ser
suficiente para permitir o número mínimo necessário de voltas mortas do cabo no tambor.
CRITÉRIOS DE DESCARTE
Não existe uma regra precisa para se determinar o momento exato da substituição de um cabo de aço, uma vez que,
diversos fatores estão envolvidos. A possibilidade de um cabo permanecer em uso, dependerá do julgamento de uma
pessoa qualificada, onde deverá ser avaliada a condição do cabo usado, em função da deterioração detectada pela
inspeção.
Sendo assim é importante termos como parâmetro referências que viabilizem a substituição do cabo com a devida
segurança.
Todas inspeções devem considerar esses fatores individuais, reconhecendo os critérios específicos. Entretanto, a
deterioração é muitas vezes provocada por um conjunto de fatores que causam um efeito cumulativo que deve ser
10
reconhecido por pessoa qualificada e que se refletirá sobre a decisão de descartar o cabo ou permitir que ele
continue sendo usado.
Em todos os casos, o inspetor deve investigar se a deterioração foi causada por um defeito no equipamento; se for o
caso, convém que ele recomende medidas específicas para retificar o defeito antes da fixação de um cabo novo.
Recomenda-se que os níveis individuais de deterioração sejam avaliados e expressos como uma porcentagem de
um critério particular de descarte. Os níveis de deterioração acumulados em qualquer posição são determinados pela
adição dos valores individuais que devem ser registrados para cada posição do cabo. Quando o valor acumulado em
qualquer posição atingir 100%, recomenda-se o descarte do cabo.
No caso de cabos de seis ou oito pernas, os arames rompidos ocorrem principalmente na superfície externa. No caso
de cabos resistentes à rotação, há uma probabilidade de que a maioria das rupturas dos arames ocorra internamente
e não seja visível. As Tabelas 1 e 2 levam esses fatores em conta.
Uma ruptura no vale pode indicar uma deterioração interna do cabo, requerendo uma inspeção minuciosa
neste trecho do cabo. Quando dois ou mais arames rompidos no vale são encontrados em um passo
recomenda-se o descarte.
11
Tabela 1 – Quantidade mínima de arames rompidos visíveis em cabos de uma camada de pernas ou cabos
fechados paralelamente, indicando o descarte do cabo
12
Tabela 2 – Quantidade mínima de arames rompidos visíveis em cabos resistentes à rotação, indicando o
descarte do cabo
Arames rompidos nos terminais do cabo ou junto a eles, mesmo em pequena quantidade, indicam níveis elevados de
tensão nessa posição e podem ser causados pela fixação incorreta do acessório. Deve-se investigar a causa dessa
deterioração e, onde possível, o terminal deve ser refeito, encurtando-se o cabo se houver um comprimento
suficiente para o seu uso; caso contrário, o cabo deve ser descartado. Substituir o cabo ou cortar a extremidade
afetada quando ocorrer 2 arames rompidos próximo ao soquete.
13
c) Concentração localizada de arames rompidos
Quando os arames rompidos estão muito próximos uns dos outros, constituindo um agrupamento localizado de tais
rupturas, o cabo deve ser descartado. Se o agrupamento de tais rupturas ocorrer em um comprimento menor que 6d
ou concentrar-se em uma determinada perna, convém que o cabo seja descartado, mesmo que o número de arames
rompidos seja inferior ao valor máximo indicado nas tabelas anteriores.
d) Rupturas de pernas
Menos de 6 % — 0
6 % e mais, más menos de 7 % Leve 20
Cálculo para determinar o decréscimo uniforme no diâmetro expresso como percentagem do diâmetro
nominal
O decréscimo uniforme no diâmetro expresso como percentagem do diâmetro nominal é calculado usando a
seguinte equação:
14
(dref − dm)/d × 100 (%)
Onde
dref é o diâmetro de referência –-- deve ser obtido em um trecho do cabo que não passa pela polia
dm é o diâmetro real (medido);
d é o diâmetro nominal.
2)Redução local
Quando ocorrer uma redução local óbvia, como causada por uma falha da alma, o cabo deve ser descartado.
15
Arames rugosos ao tocar – Grau de severidade: 20%
g) Deformação
A distorção visível do cabo da sua torção normal é chamada de “deformação” e pode causar uma mudança da
estrutura original que resultará na distribuição desigual de tensão no cabo.
Ondulação
A ondulação é uma deformação que ocorre quando o eixo longitudinal do cabo de aço assume a forma de uma
hélice.
Embora não resulte necessariamente na perda de resistência, se tal deformação for severa, pode transmitir uma
pulsação, causando o movimento irregular do cabo. Após o trabalho prolongado, essa condição causará desgaste,
assim como arames rompidos.
No caso de ondulação, o cabo de aço deve ser descartado se, sob qualquer condição de carga, em uma parte reta
do cabo, fora do trecho de contato com a polia ou tambor, a seguinte condição for encontrada:
onde d é o diâmetro nominal do cabo e d1 é o diâmetro correspondente à circunferência que circunscreve o cabo
deformado.
Deformação tipo “gaiola de passarinho” é um resultado da diferença de comprimento entre a alma do cabo e a
camada externa de pernas. Mecanismos diferentes podem produzir esta deformação.
Cabos com deformação tipo “gaiola de passarinho’ devem ser descartados imediatamente.
Essa característica é um tipo especial da deformação “gaiola de passarinho”, na qual o desequilíbrio do cabo é
indicado pela projeção da alma para fora (ou centro do cabo, no caso de cabo resistente à rotação) entre as pernas
externas, ou projeção para fora de uma perna externa do cabo ou da alma.
Cabo com alma ou perna saltada / deformada deve ser descartado imediatamente.
Arame saltado
Nessa condição, certos arames ou grupos de arames se projetam para cima, no lado oposto do cabo com relação à
ranhura da polia. Neste caso o cabo deve ser descartado imediatamente.
NOTA: A evidência de apenas um arame da alma que se projeta para fora do cabo pode não ser necessariamente
motivo para descarte, desde que possa ser removido ou não interfira nas outras partes do cabo durante a operação.
Um aumento localizado do diâmetro do cabo pode ocorrer, podendo afetar uma seção relativamente longa do cabo. A
condição geralmente está associada a uma distorção da alma (em certos ambientes, uma alma de fibra pode sofrer
inchação devido ao efeito da umidade) e consequentemente gerando um desequilíbrio nas pernas externas, que
ficam orientadas incorretamente.
Se esta condição causar um aumento no diâmetro real do cabo de 5% ou mais para cabo com alma de aço, ou 10%
para cabo com alma de fibra, deve ser feita uma investigação e o cabo deve ser descartado.
17
Trechos achatados
Trechos achatados do cabo que passam pela polia se deteriorarão rapidamente, mostrando arames rompidos, e
podem danificar a polia. Nesses casos o cabo deve ser descartado imediatamente.
Trechos achatados do cabo podem ficar expostos a uma corrosão acelerada, e o cabo deve estar sujeito a uma
redução de frequência de inspeção se permanecer em operação.
É possível que certas partes achatadas, causadas por múltiplas camadas de enrolamento do cabo no tambor, podem
não levar ao descarte. O número de arames rompidos associados ao achatamento, não devem exceder à quantidade
de arames rompidos das tabelas.
Torção ou nó
Uma torção ou nó é uma deformação causada por uma laçada (loop) no cabo que foi tracionado sem permitir a
rotação em torno do seu eixo. Ocorre o desequilíbrio do comprimento do passo, causando o desgaste excessivo, e
em casos severos o cabo será deformado de tal forma que apenas uma pequena parte de sua resistência será
mantida.
Dobras
Partes do cabo com dobra severa que passam por polia rapidamente se deteriorarão e apresentarão arames
rompidos. Nestes casos o cabo deve ser imediatamente descartado.
A decisão se a dobra é severa ou não é subjetiva. Se houver um vinco no cabo na parte interna da dobra, isto deve
ser considerado grave, o cabo deve ser descartado se passar ou não pela polia.
Cabos de aço que foram expostos a altas temperaturas, reconhecidos externamente pela coloração apresentada,
devem ser descartados imediatamente.
Se 2 ou mais arames forem afetados devido a um arco elétrico, o cabo deve ser descartado. Isto pode ocorrer no
ponto de entrada ou saída da corrente.
Para cada inspeção periódica ou especial, o inspetor deve apresentar um registro no qual devem constar as
informações de cada inspeção do cabo.
18
REGISTRO DE INSPEÇÃO EM CABO DE AÇO
19
NÚMERO DE CATEGORIA DE CABOS E CONSTRUÇÕES (RCN)
(RCN – ROPE CATEGORY NUMBERS)
6 x K26 Warrington Seale + AACI 6 x 36 Warrington Seale + AACI 8 x K26 Warrington Seale + AACI
RCN 10 RCN 11
RCN 09
20
6 x K36 Warrington Seale + AACI 6 X 37 M + AACI 6 x 41 Warrington Seale + AACI
4 x 25 Filler K3 x 32 K4 X 40
35 x 7 34(W) x K7 + AA 34 x K(7+17)
21
Principais Danos
22
Achatamento Perna afundada
Amassamento Ondulação