TCC Cloreto de Magnésio - Adilson Manuel 4.2 Revisto 06112022
TCC Cloreto de Magnésio - Adilson Manuel 4.2 Revisto 06112022
TCC Cloreto de Magnésio - Adilson Manuel 4.2 Revisto 06112022
LUANDA, 2022
Adilson Mendes Manuel
LUANDA, 2022
Autorizo a reprodução total ou parcial deste trabalho exclusivamente para fins académicos e
científicos, desde que seja citada a fonte.
Assinatura ___________________________________________________
Assinatura ___________________________________________________
Data: ______∕_________∕__________
FICHA CATOLOGRÁFICA
Pag.: 49
Aprovado em ________∕________∕__________
BANCA EXAMINADORA
À senhora Maria Salomé António Mendes, minha mãe, que se tornou pai e mãe muito cedo,
estando a tempo inteiro orando e suplicando pela saúde de seus filhos e por dias melhores
AGRADECIMENTOS
Jeová Deus em primeiro lugar, pois na sua infinita sabedoria concebeu-nos dotados da mesma
qualidade;
Aos meus irmãos que sempre acreditaram, apoiaram e apostaram em mim, António Manuel,
Lurdes Fonseca, Teresa Manuel e Tírcia Manuel;
Ao meu orientador Dutor Manuel Vueba por aceitar mais um desafio em sua caminhada
académica, pela sua paciência, dedicação e vontade em ensinar de maneiras a melhorarmos a
saúde e a qualidade de vida da sociedade;
Aos meus colegas da turma C.F-2018 pela ajuda durante o tempo de formação no ICISA e
estágio curricular;
À minha querida costela, Marília Magalhães pela paciência, amor, amizade e incentivo
durante essa caminhada;
Aos meus colegas Edmilson, Tilzia, Lucrécia, Nádia, Roberto, Emídio, Débora, Aldair, BV,
Visi, Alfredo, César, Leonardo;
À todos que esqueci de mencionar, mas que de alguma forma contribuíram para que este
projecto fosse uma realidade, o meu muito obrigado.
EPÍGRAFE
- Os 3 Idiotas
RESUMO
O cloreto de magnésio é um suplemento alimentar que combina o magnésio com o cloro. Ele
pode ser indicado para a prevenção e tratamento da deficiência do mineral e ainda como
terapia complementar para tratar problemas como espasmos musculares, fraqueza muscular,
alterações de funções cognitivas, doenças articulares, funções digestivas, sintomas de
fibromialgia, prevenção de cãibras, melhora o funcionamento do intestino e ainda ajuda a
regular os níveis de glicose no sangue. Foi realizado um estudo bibliográfico e experimental
como o objectivo de produzir cloreto de magnésio a partir da água do mar usando o processo
de Dow. O método de produção de MgCl2 proposto neste trabalho envolve a análise de vários
parâmetros de operação tais como: a qualidade e quantidade da matéria-prima, a concentração
da cal apagada ao ser levada a neutralização, a acidez, o pH, etc. Durante a produção foi
possível destacar alguns processos tais como a salificação, filtração, decantação e evaporação.
De acordo o estudo destes processos os resultados revelaram que é possível identificar as
melhores condições de operação que garantem melhor desempenho do processo e a obtenção
de um sal com pureza acima dos 90%. Mais, foram realizados balanços de massa com base na
massa residual de água a ser processada. Utilizou-se 2 kg de água do mar e proporcionou 0,6
kg de Cloreto de magnésio Hexa-hidratado produzido, com odor, cor, sabor, pH, pureza e
temperaturas de fusão iguais e/ou próximas à aquelas encontradas na literatura. Conclui-se
então que é possível produzir o relaxante muscular cloreto de magnésio a partir da água do
mar usando o processo de Dow da água do mar.
Magnesium chloride is a food supplement that combines magnesium with chlorine. It can be
indicated for the prevention and treatment of mineral deficiency and as a complementary
therapy to treat problems such as muscle spasms, muscle weakness, changes in cognitive
functions, joint diseases, digestive functions, fibromyalgia symptoms, prevention of cramps,
improves functioning. intestine and even helps regulate blood glucose levels. A bibliographic
and experimental study was carried out with the objective of producing magnesium chloride
from seawater using the Dow process. The method of production of MgCl2 proposed in this
work involves the analysis of several parameters of operation such as: the quality and quantity
of the raw material, the concentration of slaked lime when taken to neutralization, acidity, pH,
etc. During production it was possible to highlight some processes such as salification,
filtration, decantation and evaporation. According to the study of these processes, it was
possible to identify the best operating conditions that guarantee better performance of the
process and obtain a salt with purity above 90%. Mass balances were performed based on the
residual mass of water to be processed. 2 kg of sea water was used 0.6 kg of Magnesium
Chloride Hexahydrate was produced, with odor, color, taste, pH, purity and melting
temperatures equal and/or close to those found in the literature. It is therefore concluded that
it is possible to produce the muscle relaxant magnesium chloride from seawater using the
seawater Dow process.
Key words: I-Muscle relaxant; II-Sea water; III-Magnesium chloride;
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Estrutura da molécula de clorofila, uma porfirina com o magnésio no centro. ........ 22
Figura 2: Materiais e Reagentes usados na prática. Fonte: O autor ........................................ 36
Figura 3: Diagrama de bloco do processo ................................................................................ 39
Figura 4: Formação de cristais de MgCl2 ................................................................................. 40
Figura 5: Cristais anidro de MgCl2 .......................................................................................... 40
Figura 6:Espectrofotómetro usado para caracterizar o produto................................................ 41
Figura 7: espectro do infravermelho de uma amostra de Magnoral, Magnesium Ok e do
produto obtido. ......................................................................................................................... 41
LISTA DE TABELAS
% - Percentagem
°C – Grau centígrado
aq. – Aquoso
Ca – Cálcio ou cal
g – Grama
g/cm3 – Grama por centímetro cúbico
Kg – Kilograma
M – Molaridade
Mg – Magnésio
mL – Mililitro
S – Sólido
t – Tonelada
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 14
1.1 - FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ......................................................................... 16
1.2 - JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 17
1.3 APRESENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ..................................... 18
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 20
2.1 - História do Magnésio ................................................................................................. 20
2.2 - O papel do magnésio na saúde humana ................................................................... 22
2.3 - Usos farmacêuticos ..................................................................................................... 24
2. 4 – Cloreto de Magnésio ................................................................................................. 28
2.4.1 – Como tomar Cloreto de Magnésio? ...................................................................... 28
2.4.2 – Benefícios do Cloreto de Magnésio ...................................................................... 29
2.4.3 – Efeitos colaterais do Cloreto de Magnésio ............................................................ 32
3 - OBJECTIVOS ................................................................................................................... 19
3.1 - Objectivo Geral : ........................................................................................................ 19
3.2 - Objectivos Específicos: ............................................................................................... 19
4. METODOLOGIA............................................................................................................... 34
4.1 - Descrição do Processo ................................................................................................ 34
4.1.1 Processo Dow de água do mar ................................................................................. 34
4.1.2 Processo Dow da salmoura natural .......................................................................... 34
4.2 Etapas da Metodologia ................................................................................................. 34
4.2.1 – Determinação da Capacidade Nominal ................................................................. 35
4.2.2 - Elaboração do diagrama de blocos ........................................................................ 35
4.2.3 – Parte experimental ................................................................................................. 35
5- RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 38
5.1 – Determinação da massa de água ............................................................................... 38
5.1.1 – Balanço de massa .................................................................................................. 38
5.2 – Diagrama de blocos .................................................................................................... 39
5.3 – Procedimento Experimental ..................................................................................... 39
5.4 – Caracterização do produto obtido............................................................................ 41
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................................ 45
6.1 – CONCLUSÕES .......................................................................................................... 45
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 46
14
INTRODUÇÃO
A industrialização, o uso de produtos agrotóxicos e a criação de animais com rações são
alguns dos obstáculos atuais da nutrição. Seguir uma dieta balanceada em meio à rotina
corrida também não é tarefa fácil. Por conta disso, muitas pessoas têm recorrido à utilização
de suplementos alimentares, pequenas e práticas cápsulas que ajudam a atingir as doses ideais
de nutrientes dos quais todos nós precisamos. Dentre esses suplementos, destaca-se o cloreto
de magnésio, um composto mineral repleto de benefícios à saúde (Novais, 2022)
Os minerais são substâncias inorgânicas que se encontram presentes nos tecidos e fluidos do
organismo humano. A sua presença é necessária para a manutenção dos processos físico-
químicos essenciais à vida (Soetan et al., 2010). A alimentação é uma das maiores fontes de
minerais, fornecendo, por exemplo, hortícolas que contêm quase todos os minerais essenciais
para o bom funcionamento do nosso organismo. Os minerais são os responsáveis por grande
parte da estrutura do esqueleto (ossos e dentes) e são necessários ao metabolismo humano,
atuando como cofatores essenciais para várias enzimas. (Gupta & Gupta, 2013).
Conhecido como o mineral do músculo, o magnésio está envolvido em mais de 300 reações
bioquímicas do nosso organismo. Ele atua em funções básicas do nosso corpo, promovendo o
desenvolvimento dos ossos, tecidos e músculos. Além disso, é responsável por regular a
absorção de outros nutrientes que, em conjunto, garantem o bom funcionamento do
organismo. É a quarta substância mais abundante no corpo, perdendo apenas para o cálcio,
sódio e o potássio (Hélio, 2012).
Além de fortalecer o sistema imunológico, o magnésio auxilia nas funções nervosas e
musculares, regula a pressão arterial e ajuda a combater a má digestão.
15
O magnésio é obtido naturalmente através da dieta e por essa razão a indústria farmacêutica
dedicou-se a obter e estudar suplementos de magnésio ou, outros combinados em que este
elemento tenha um papel fundamental, cujo objetivo é actuar nas situações de
hipomagnesemia.
Estes suplementos têm diversas aplicações e muitas vezes apenas são prescritos quando um
sintoma, relacionado com este défice de magnésio se torna persistente. É o caso da
necessidade de actuar na redução da pressão arterial ou na estabilização do miocárdio uma
vez que o magnésio relaxa a musculatura lisa dos vasos cardíacos e actua na dilatação das
coronárias. Desta forma os suplementos à base de magnésio, para este efeito o sulfato de
magnésio, melhoram a contratibilidade do miocárdio e reduzem a probabilidade de ocorrência
de espasmos coronarianos, inibindo ainda a agregação plaquetária (Ramirez 2017).
FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Durante o período de estágio, foi possível notar a adesão de idosos, maioritariamente do sexo
feminino, adultos e jovens praticantes de atividades físicas, aos relaxantes musculares à base
de Magnésio, em especial o Cloreto de Magnésio, que comumente aparece com os nomes
comerciais de Magnoral® Magnesium-OK® e Bio-Ritmo®, com o desejo de se livrarem das
dores reumáticas, fadigas, cãibras, espasmos e arritmias cardíacas.
JUSTIFICATIVA
O presente trabalho justifica-se não só pela abordagem de uma das saídas do profissional de
farmácia, que é a área da indústria farmacêutica, mas também pelo impacto económico que
pode causar na economia nacional, criando mais postos de trabalho, reduzindo a importação e
consequentemente a redução do preço de compra, valorização do capital humano nacional e,
dando cada vez mais ênfase aos produtos Mad in Angola.
Do ponto de vista social, sabemos que temos um compromisso com a saúde e qualidade de
vida da sociedade. Deste modo, a produção de relaxante muscular será uma das muitas formas
de honrarmos com o nosso compromisso com a sociedade (onde temos jovens e adultos
trabalhando mais de 10h por dia, percorrem mais 4km à pé e com hábitos alimentares não
saudáveis), já que teremos mais medicamentos do género disponíveis no mercado angolano à
um preço muito mais reduzido, facilitando a adesão dos seus usuários, reduzindo ou
impedindo a hipomagnesemia que, em casos graves pode levar a uma paragem cardíaca.
18
O principal objectivo deste trabalho foi efectuar o aproveitamento dos sais de magnésio
presente na água do mar, por meio de reações químicas e processos físicos de separação de
mistura de substãncias, para a obtenção do relaxante muscular cloreto de Magnésio, sem
recorrer ao uso de catalisadores, e com condições experimentais economicamente mais
favoráveis, nomeadamente temperaturas mais baixas e uma água com alto teor em magnésio,
de modo a maximizar a produção e a qualidade do produto obtido.
Neste capitulo, o 4º, são então apresentados os resultados de todos os procedimentos descritos
na metodologia.
OBJECTIVOS
Objectivo Geral :
Produzir Cloreto de Magnésio a partir da água do mar do Benfica no II semestre de
2022
Objectivos Específicos:
Fazer o levantamento da revisão bibliográfica, para se conhecer o estado de arte do
tema deste trabalho;
Desenhar um diagrama de blocos da produção do cloreto de magnésio;
Descrever as principais etapas do processo;
Definir a capacidade nominal;
Realizar o balanço de massa;
Produzir em escala laboratorial o cloreto de magnésio;
Caracterizar o produto final obtido quanto à pureza (índice de refracção), solubilidade,
cor e as propriedades organolépticas e farmacológicas;
20
A palavra magnésio vem de uma expressão latina magnesia alba, que significa “magnésia
branca”, nome dado ao carbonato de magnésio. Contudo, entende-se que o nome do elemento
teve origem grega, uma vez que Magnésia era um distrito de Tessália, Grécia, local em que
foi encontrado o mineral esteatito, um silicato de magnésio hidratado, conhecido como talco
ou pedra-sabão.
No passado o magnésio era usado para fitas e pó de flash fotográfico, porque, quando
finamente moído, queima no ar com uma luz branca intensa. Essa característica faz com que,
ainda nos dias de hoje o magnésio seja utilizado em dispositivos explosivos e pirotécnicos.
21
Também na indústria aeroespacial é muito utilizado devido à sua baixa densidade (apenas
dois terços da do alumínio).
Mas como o magnésio apresenta baixa resistência estrutural na sua forma pura, é utilizado
principalmente sob a forma de ligas, nomeadamente com 10% ou menos de alumínio, zinco e
manganês que visam melhorar a sua dureza, resistência à tração e capacidade de ser fundido e
soldado. As ligas de magnésio são usadas em peças de aeronaves, espaçonaves, máquinas,
automóveis, ferramentas portáteis e eletrodomésticos.
A condutividade térmica e elétrica do magnésio e o seu ponto de fusão são muito semelhantes
aos do alumínio. O magnésio é resistente à maioria dos álcalis, mas é prontamente atacado
pela maioria dos ácidos. Em temperaturas normais, é estável no ar e na água devido à
formação de uma fina película protetora de óxido, mas é atacado pelo vapor. O magnésio é
um poderoso agente redutor e é usado para produzir outros metais a partir de seus compostos
(por exemplo, titânio, zircônio) (Hanusa 2015).
O magnésio possui uma coloração prateada brilhante, este brilho perde-se quando se expõe o
magnésio ao ar, por se formar óxido de magnésio. Este elemento quando se encontra
pulverizado e exposto ao ar é extremamente inflamável produzindo uma chama branca. Reage
com a água apenas se estiver em ebulição, formando hidróxido de magnésio e libertando
hidrogénio. O magnésio deve ser manipulado com precaução pois em contacto com o ar reage
rapidamente, libertando calor (Lopez-Melinda, 2007).
Nos sistemas biológicos, o magnésio tem grande importância, já que ele é vital para que
células ou enzimas de organismos vivos possam sintetizar adenosina trifosfato, DNA e RNA.
O magnésio é o átomo central da porfirina clorofila, responsável pela fotossíntese.
22
Essa descoberta revolucionou a química orgânica, tanto que Grignard recebeu um prêmio
Nobel, em 1912, pela descoberta. Hoje, os compostos de Grignard são os nucleófilos mais
populares, com centenas de milhares de publicações científicas a seu respeito.
O magnésio é um dos eletrólitos que está presente no corpo humano (minerais que carregam
uma carga eléctrica quando dissolvidos em líquidos corporais). Mas a maioria do Magnésio
23
no organismo não tem carga eléctrica e liga-se a proteínas ou é armazenado nos ossos. Este
elemento é fundamental desde o embrião até à fase adulta.
Metade do magnésio contido no corpo humano está localizado nos ossos. Por sua vez o
sangue contém muito pouco magnésio. Este elemento é fundamental na formação dos ossos e
dentes e para o funcionamento normal dos nervos e dos músculos. Também diversas enzimas
corporais dependem do magnésio para funcionarem normalmente. O magnésio também está
intimamente relacionado com o metabolismo do cálcio e do potássio.
Os produtos hortícolas bem como o feijão, os cereais integrais e ainda algumas águas são as
principais fontes de ingestão de magnésio para o corpo humano.
O diagnóstico é feito à base de análises sanguíneas que indicam qual nível o de magnésio. O
tratamento passa pela administração de magnésio por via oral, intravenosa ou intramuscular
24
quando os sintomas são muito persistentes. O magnésio costuma fazer parte do tratamento
padrão no alcoolismo.
A hipermagnesemia pode causar: i) fraqueza muscular, ii) pressão arterial baixa, iii)
comprometimento da respiração. Em quadros de maior gravidade a hipermagnesemia, pode
provocar a paragem cardíaca (Lewis 2018).
Como referido anteriormente o magnésio é obtido naturalmente através da dieta e por essa
razão a indústria farmacêutica dedicou-se a obter e estudar suplementos de magnésio ou,
outros combinados em que este elemento tenha um papel fundamental, cujo objetivo é actuar
nas situações de hipomagnesemia.
Estes suplementos têm diversas aplicações e muitas vezes apenas são prescritos quando um
sintoma, relacionado com este défice de magnésio se torna persistente. É o caso da
necessidade de actuar na redução da pressão arterial ou na estabilização do miocárdio uma
vez que o magnésio relaxa a musculatura lisa dos vasos cardíacos e actua na dilatação das
coronárias. Desta forma os suplementos à base de magnésio, para este efeito o sulfato de
magnésio, melhoram a contratibilidade do miocárdio e reduzem a probabilidade de ocorrência
de espasmos coronarianos, inibindo ainda a agregação plaquetária (Ramirez 2017).
A absorção deste mineral no organismo ocorre no intestino delgado (jejuno e íleo), variando
entre 11% a 65% do total de magnésio ingerido, sendo que possíveis distúrbios
gastrointestinais (vómitos e diarreia) ou existência de doença de Crohn podem limitar a
capacidade de absorção de Mg. O magnésio circula no sangue ligado à albumina, sendo este
mineral armazenado nos ossos, músculos, tecidos moles e fluídos corporais. A sua excreção é
maior pela via urinária do que pela via fecal. Contudo, os rins conservam o magnésio de
forma eficiente, mais precisamente quando a ingestão deste se encontra num nível baixo. O
rim é considerado o principal regulador da homeostase do magnésio, pelo que os distúrbios
renais podem levar à depleção de Mg e à sobrecarga, o que por sua vez aumenta o risco de
doença cardiovascular (Soetan et al., 2010; Maham et al., 2012 Ramirez, 2017;
Tangvoraphonkchai & Davenport, 2018).
Portanto, a capacidade que o magnésio possui a nível do relaxamento da musculatura lisa dos
vasos cardíacos faz com que este atue na dilatação das coronárias, o que melhora a
contratilidade do miocárdio, reduz a probabilidade de ocorrência de espasmos coronarianos e
inibe a agregação plaquetária, aumentando a relação prostaciclina /tromboxano. Como o
sulfato de magnésio tem um efeito vasodilatador, é capaz de diminuir a pressão arterial. Este
mineral tem ainda a capacidade de estabilizar o ritmo cardíaco (Ramirez, 2017; Rios et
al.,2017).
De facto, este mineral tem sido associado ao controle glicémico em pacientes diabéticos, mais
precisamente a hipomagnesemia, que é a mais comum nestes pacientes. À medida que os
valores de glicemia vão aumentando, o magnésio tem tendência a diminuir e, por sua vez, a
sensibilidade à insulina vai diminuindo. Contudo, a toma de suplementos de magnésio por
pacientes diabéticos tipo II tem favorecido a sensibilidade à insulina e, consequentemente, o
controlo metabólico (Kateb & Topf, 2019).
Estudos de coorte têm demonstrado que a baixa ingestão de magnésio tem sido associada a
um risco aumentado no desenvolvimento de hipertensão. Contudo, os ensaios clínicos
indicam que a suplementação em magnésio reduz a pressão arterial, devido ao seu efeito
dilatador e controla positivamente as doenças cardiovasculares (Ramirez, 2017; Schutten et
al., 2018).
A hipermagnesemia, por sua vez, é menos comum e a sua principal causa é a ocorrência de
insuficiência renal. Os sintomas incluem sonolência, fraqueza muscular grave, hipotensão,
bradicardia, diminuição dos reflexos, coma e ocorrência de distúrbios na condução elétrica. O
controlo destes sintomas é conseguido através da administração de cálcio, por via
endovenosa, repetidas vezes ou recorrendo a gluconato de cálcio e cloreto de cálcio, usados
como antídotos (Luisi, 2009; Gad & Pham, 2014). Embora o excesso de magnésio possa
inibir a calcificação óssea, é pouco provável que se este resultar de fontes dietéticas, inclusive
de suplementos, resulte em toxicidade (Maham et al., 2012).
Os sais de magnésio mais usados na terapêutica de suplementação das diferentes doenças e
patologias são o sulfato de magnésio, o óxido de magnésio e o hidróxido de magnésio (Luisi,
2009; Rios et al., 2017). Para além destes, são comercializados outros compostos deste
mineral, como se pode verificar na tabela 1 (Infarmed, 2022).
Tabela 1: Exemplos de medicamentos cuja substância ativa é o magnésio
Alívio sintomático de
perturbações do sistema
Maalox Plus Hidróxido de alumínio +
digestivo como a pirose
Hidróxido de magnésio +
(azia), enfartamento e
Simeticone
flatulência.
1. 4 – Cloreto de Magnésio
Este composto tem um papel essencial como um co-fator na reação em cadeia da polimerase
(PCR), que é a técnica de base da biologia molecular.
Pessoas com diabetes: principalmente os que tem a doença mal controlada, já que o
magnésio acaba sendo excretado pelo organismo junto com a glicose que não é
absorvida pelas células;
Pessoas que ingerem álcool em grandes quantidades: já que a substância impede a
absorção do magnésio;
Idosos: com a idade o estômago produz menos ácido clorídrico, por isso o magnésio
acaba sendo menos absorvido;
Pessoas com dietas pouco balanceadas: o magnésio está presente principalmente nas
folhas verdes, portanto quem evita esses alimentos pode ter deficiência do nutriente
Alta ingestão de refrigerantes: o fosfato nas bebidas à base de cola inibe a absorção do
magnésio;
Uso de suplementos de cálcio;
Mulheres que tomam anticoncepcionais ou fazem reposição hormonal de estrogênio;
Pessoas que tomam laxantes ou diuréticos, medicamentos que fazem com que esse
mineral seja excretado mais facilmente.
O cloreto de magnésio é um suplemento que une o mineral magnésio com o nutriente cloro,
elemento protetor que favorece a chegada do magnésio ao intestino e o torna mais
biodisponível para o organismo.
29
É importante compreender como isso é importante para a absorção do magnésio pelo corpo, já
que os iões de cloro promovem um estímulo para a produção de elementos digestivos,
facilitando a absorção do magnésio, um micronutriente com importante participação no
metabolismo energético.
Alguns estudos mostram que o cloreto de magnésio pode ser benéfico para algumas
situações, como:
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O cloreto de magnésio tem um efeito calmante no sistema nervoso e ajuda no bom descanso
noturno, acalma nervos superexcitados, impede crises epiléticas e convulsões.
Os rins são muito importantes para o organismo, pois esses órgãos filtram o sangue de todas
as impurezas, que são eliminadas pela urina. O cloreto de magnésio otimiza o funcionamento
dos rins, evitando que as toxinas se acumulem, ajudando a prevenir problemas como a gota.
Como uma consequência natural ao item anterior, é possível afirmar também que o cloreto de
magnésio melhora os níveis de pressão arterial. Muitos dos casos de hipertensão são
decorrentes de problemas nos rins e, como a substância melhora o funcionamento desses
órgãos, a pressão arterial também se mantém em níveis seguros, afastando o risco de
problemas cardiovasculares mais sérios, como infarto do miocárdio e AVC.
Muitas vezes acontece o infarto agudo do miocárdio por deficiência de magnésio então, a sua
ingesta atua como preventivo e curativo pois sana as palpitações e arritmias que tão
frequentemente são os primeiros sintomas de sofrimento cardíaco.
Melhora a digestão
Esse suplemento também se mostra bastante benéfico para o bom funcionamento dos órgãos
do sistema digestório. Assim, problemas como prisão de ventre, colite, hemorroidas e
síndrome do intestino irritável podem ser prevenidos., já que o magnésio regula a produção de
ácidos estomacais reduzindo sintomas de acidez e digestão lenta, pesada. Esse efeito deriva da
regulagem do pH da mucosa estomacal.
Alguns estudos já mostraram que a suplementação do mineral pode reduzir a TPM e também
as cólicas menstruais, se ele for tomado antes da menstruação; O magnésio tem ação
regulatória nas glândulas e, por este efeito, também ajuda na diminuição dos sintomas típicos
da tensão pré-menstrual e menstrual, prevenindo e tratando também as cólicas neste período.
Tomando magnésio se reduz as chances de formação de cálculos renais de cálcio pois, este
elemento impede as calcificações em lugares inadequados combatendo a acumulação do
oxalato de cálcio, o tal que forma as pedras nos rins, em 90% dos casos.
Melhora as funções cerebrais
O consumo de cloreto de magnésio potencializa as funções cerebrais de aprendizagem e
diminui a sua perda no envelhecimento.
Enxaquecas ou migrenas
O magnésio é um vasodilatador por excelência promovendo muito rápida melhora em casos
de dores de cabeça mas, no caso das enxaquecas, a este efeito se soma a sua ação curativa no
fígado e vesícula, agindo como desintoxicante hepático.
De forma geral, o excesso de magnésio (assim como outros minerais) não faz mal à saúde. O
organismo elimina a carga excessiva por meio da urina.
Está contraindicado para as pessoas que sofrem de diarreia, pois tem um efeito laxante.
Deve ser evitado em pessoas com doenças renais, especialmente as que sofrem de
insuficiência deste tipo. Não deve ser consumido quando se sofre de colite ulcerosa, pois pode
aguçar as diarreias.
Legenda:
1.Suporte Universal com garra
2.Barra Magnética
3.Água do mar
4.Proveta graduada em centímetros
5.Hidróxido de cálcio Ca(OH)2
6.Ácido clorídrico HCl
7.Indicador ácido-base
8.Placa de petri e papel filtro
9.Placa de Agitação
10.Bureta
11.Ácido sulfúrico H2SO4
12.Pipeta
Transferiu-se esta mesma amostra para um Becker e, com a ajuda de papel filtro, cobriu-se a
amostra para evitar contaminação ou troca de massa com o meio externo;
37
Em um outro Becker filtrou-se a mistura com a ajuda do papel filtro, e separou-se a base
formada (precipitada no fundo do Becker) do restante da solução;
O precipitado foi tratado com a solução de HCl 0,5M e submetida a um processo físico para a
retirar o excesso de água;
Como trata-se de operações unitárias, no caso o Processo de Dow, utilizou-se uma produção
em batelada. Logo, para um sistema em batelada os termos Geração e Consumo não se fazem
sentir e podemos rescrever a equação (1) da seguite forma: Entrada – Saída = Acúmulo(2).
Com base na equação (2) e no balanço geral apresentado na Figura 3, os resultados do balanço
de massa na utilização de 2kg de água do mar são apresentados na Tabela 2 abaixo indicada,
com a sequência dos produtos conforme descritas no fluxograma de blocos.
Interpretação: Em linhas gerais, com 2kg de água do mar, 100ml de hidróxido de cálcio e
200ml de ácido clorídrico é possível obter 50g de Cloreto de Magnésio e cerca de 1kg e 500g
de Cloreto de cálcio.
Mg(OH)2
MgCl2 (s)
Água do mar Mg(OH)2 (s)
MgCl2 (aq) 0,6kg 0,2kg
Processo III
Na etapa II, após a separação dos compostos obtidos na primeira etapa, pelos processos
físicos de decantação e filtração respectivamente, a solução de hidróxido de magnésio é
tratada com uma solução de ácido clorídrico, obtendo dessa forma o Cloreto de Magnésio, de
acordo a equação abaixo:
Na etapa III do processo de Dow, o cloreto de magnésio é filtrado e passado pelo processo
físico de evaporação que separa o resíduo líquido do sal, formando os cristais incolores,
algumas vezes brancos, de Cloreto de Magnésio Hexa-hidratado, conforme a figuras 4.
100
810.54
95
1606.27
875.51
1641.35
1030.40
1377.66
721.60
991.73
675.50
1495.24
805.55 794.62
90
1377.18 1376.79
720.01
85
1462.30
1457.20
2956.09
767.62
% Tr ans mittance
80
908.85
693.77
1456.22
75
2855.03
2852.45
2849.64
70
741.40 727.78
2954.65
65
2918.992921.41
60
2953.46
2922.85
55
Isso mostra claramente os mesmos grupos ou elementos químicos presentes nas 3 amostras,
com ligeira diferença nos picos por conta do nosso produto encontrar-se na forma pura, sem
aditivos e conservantes.
Comparação: Segundo alguns autores (Kateb & Topf, 2019), a temperatura de decomposição
do cloreto de magnésio hexahidratado é acima de 100°, mais 11° em comparação com o
produto obtido no experimento. Esse diferencial de temperatura de decomposição pode
revelar a quantidade de moléculas de água a menos do que aquelas que devem ou deveriam
restar, ou seja, pode ser resultante do processo de evaporação do produto obtido.
Substância pH Densidade(g/cm3)
Cloreto de Magnésio 6.H2O 6,4 1,61
Fonte: (Autor,2022)
Interpretação: De acordo a tabela acima, o cloreto de magnésio obtido apresenta uma acidez
de 6,4 e 1,61g/cm3 a temperatura ambiente e 1 atm.
44
Quanto a densidade, na literatura encontramos um valor de 1,56 g/cm3. A diferença pode estar
relacionada à má leitura do densímetro (equipamento utilizado em laboratórios para medir a
densidade de líquidos) ou a um menor volume e/ou maior massa (Lagowski,2004).
A tabela abaixo, 7, faz referência ao índice de refracção e ao sabor do sal obtido. Tal como é
do nosso conhecimento, existem sais com sabores doces, azedos, salgados e amargos.
O índice de refração é definido como a razão entre as velocidades da luz entre dois meios
pelos quais ela se propaga. Ele estabelece o valor específico de um material e o refractômero é
o equipamento que consegue determinar a pureza e a concentração desse material baseado no
seu índice de refração (Lagowski, 2004)
Interpretação: de acordo a tabela 7 o sal obtido apresenta um índice de refração de valor 1,36
com um sabor amargo.
4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
4.1 – CONCLUSÕES
Este projecto teve como objetivo geral produzir Cloreto de Magnésio a partir da água do mar
usando o processo de Dow. Com o estudo desenvolvido chegou-se as seguintes conclusões:
II. Ficou demonstrado, pela revisão bibliográfica, que o Magnésio é um dos elementos
essenciais à vida e que, a implementação de uma unidade fabril ajudará no
desenvolvimento industrial de Angola. Foram apresentados inúmeros benefícios do
uso desse suplemento;
III. Foi possível elaborar um diagrama de bloco com as principais etapas exibidas,
exercício que permitiu ter uma melhor observação dos processos e que ao mesmo
tempo facilitou a realização do balanço de massa;
IV. Produziu-se cloreto de magnésio de alta qualidade em escala laboratorial seguindo as
3 (três) etapas do processo de Dow, demonstrando ser um projecto econômica e
ambientalmente viável;
V. Por último, foi possível caracterizar o produto obtido, tendo constatado um elevado
grau de pureza, com cor, odor, pH, densidade e outras propriedades físicas e químicas
aceitáveis e dentro dos valores tabelados em literaturas;
46
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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