GONÇALVES, Eugênio Mattioli. Sobre A Razão de Estado Clássica e Seus Estudos Recentes
GONÇALVES, Eugênio Mattioli. Sobre A Razão de Estado Clássica e Seus Estudos Recentes
GONÇALVES, Eugênio Mattioli. Sobre A Razão de Estado Clássica e Seus Estudos Recentes
RESUMO: Problema clássico da filosofia política, a razão de Estado trata do uso da derroga por
parte do governante, em vista da segurança e conservação do Estado. Essa questão — é legítimo ao
príncipe descumprir as leis por um bem maior? — remonta à antiguidade, mas encontra seu ápice
nos séculos XVI e XVII, acompanhando o nascimento da nova estrutura estatal de poder. Nesse
período, o maquiavelismo e suas práticas dão o tom do debate, refletido nos gabinetes políticos da
época, solo do absolutismo europeu. A maior parte dos estudos sobre esse tema se concentra na
Europa, na segunda metade do século XX, formando a base de comentários para os trabalhos
contemporâneos sobre a razão de Estado moderna. As contribuições brasileiras, porém, são raras.
O intuito deste artigo, portanto, é duplo: expor, brevemente, o percurso que caracteriza a
formulação do conceito, e posteriormente apresentar os principais estudos recentes sobre o
assunto, procurando enriquecer o debate brasileiro.
ABSTRACT: A classic problem of the history of political philosophy, reasons of State, refers to the
use of derogation by the ruler in order to preserve security and the State itself. Such an issue —
whether it ever be legitimate for the Prince to disobey the law for a greater good — can be traced
back to antiquity, with its climax in the 16th and 17th centuries, when a new state structure of power
was emerging. Back then, Machiavelianism, and its practice, set the debate, as reflected in the
political offices of the period, the birthplace of European absolutism. Most studies of this subject
are concentrated on Europe, in the second half of the 20th century, this attracting the bulk of
commentators on contemporary works on the modern approach to reasons of State. Brazilian
contributions, however, are scarce. The purpose of this article, therefore, is twofold: to briefly
present the constitution of this concept and then to expose the main recent studies on this topic,
seeking to enrich debates in Brazil.
1
Doutorando em Filosofia na Universidade de São Paulo (USP).
SOFIA (ISSN 2317-2339), VITÓRIA (ES), V.8, N.2, P. 80-92, JUL./DEZ. 2019
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Benedetto Croce aponta que o primeiro a indicar essa referência seria Scipione Chiaramonte, no
tratado Della Ragion di Stato, de 1635 (Cf. CROCE, 1946, p. 75). Rodolfo De Mattei, porém,
acertadamente mostra que o Della Ragion di Stato et della prudenza politica (1623), de Federico
Bonaventura, já remete a Della Casa (Cf. DE MATTEI, 1979, p. 10).
3
Nesse sentido, Quentin Skinner parece ter razão ao afirmar que “o mais claro indício de que uma
sociedade tenha ingressado na posse consciente de um novo conceito, suponho eu, está na geração
de um novo vocabulário, em termos do qual o conceito passa a ser articulado e debatido”
(SKINNER, 1996, p. 10).
4
Faz-se uso aqui de uma citação que Diogo Pires Aurélio (AURÉLIO, 2012, p. 148) retira da Suma
Teológica de Tomás: “Aquele que, em caso de necessidade, age à margem das palavras da lei não
julga a própria lei, mas julga o caso singular em que verifica não deverem ser observadas as palavras
da lei”.
5
Jean Gaudemet (1999) oferece um breve porém eficiente comentário sobre a presença dessa
questão nos antigos.
6
Ainda que nesse momento Itália e França ofereçam as principais contribuições ao debate europeu
sobre a razão de Estado, em pouco tempo a questão se espalha por todo o continente. Bom
exemplo dessa visibilidade é a menção ao termo na primeira parte de D. Quixote, publicada na
Espanha, em 1605 (Cf. CERVANTES, 2010, p. 42). Mais à frente se constata também a presença da
ideia de “interesse de Estado” em autores do republicanismo inglês, como James Harrington, que
afirma em seu Oceana (1656) ser a razão de Estado nada mais do que o interesse do governante,
o interesse do próprio príncipe (Cf. HARRINGTON, 1771, p. 97. Cf. também o capítulo X, dedicado
à razão de Estado). No mesmo ano, também Marchamont Nedham dedica atenção ao tema em The
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Excellencie of a Free State (1656), onde estabelece como um erro em política preterir a honestidade
em nome da razão de Estado, pois “esses que seguem o outro princípio de “invenção humana”, e
servem essa deusa italiana, raggione di stato, eles podem viver por enquanto como deuses, mas
morrerão como homens, e perecerão como um dos príncipes” (NEDHAM, 1767, p. 143).
7
Claude Lefort se ocupa demoradamente dessa representação coletiva do maquiavelismo, que
parece pouco se preocupar em que medida esse pensamento pode ser atribuído ao filósofo. A tal
descolamento da teoria de Maquiavel à doutrina atribuída a ele, o francês dá o nome de mito do
maquiavelismo. Cf. LEFORT, 1972.
8
Não por coincidência teve suas obras adicionadas ao Index católico, pelo Concílio de Trento.
9
Também, interessante comentário sobre o assunto, ainda que deva ser lido com cautela, é o artigo
La raison d’Etat antimachiavélienne, de Michel Senellart contido em Lazzeri e Reynié (1992).
10
Joseph Barrère relembra que “o antimaquiavelismo, como o maquiavelismo, carece de unidade;
é muito mais um sentimento do que um sistema” (BARRÈRE, 1981, p. 193).
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11
Maurizio Viroli se refere a esse momento como “uma passagem essencial na história do linguajar
político”. Cf. o artigo Il significato storico della nascita del concetto di ragion di Stato, em BALDINI,
1995, p. 79.
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afinal, o objetivo visado é condizente com o escopo final das leis de Deus. Segundo
o autor:
Concluímos, pois, razão de estado ser uma contravenção de razão
ordinária em respeito de razão maior e mais universal, ou para ser
realmente, digamos, melhor compreendida, razão de estado ser
uma coisa oposta ao privilégio. Que se o privilégio corrige a lei
ordinária em benefício de alguém; onde se pode dizer que o
privilégio é a transposição de razão civil em benefício de
particulares. Assim a razão de estado corrige a lei ordinária em
benefício de muitos, tal que se poderia propriamente chamar
transposição de lei ordinária em benefício de muitos [...]
(AMMIRATO, 1599, p. 213).
12
O debate contemporâneo sobre a imagem de Luís XI é acirrado. Adrianna E. Bakos, em Images
of Kingship in Early Modern France: Louis XI in Political Thought, 1560-1789, organiza um retrato
histórico da figura de Luís XI, da época de seu reinado até a Revolução Francesa, admitindo que
até os dias de hoje a imagem predominante do legado do monarca é a de tirano e déspota.
Imediatamente na introdução de seu livro, a autora determina que o rei: “[...] vive no imaginário
histórico principalmente como vilão, cruel e astuto [...]. Historiadores modernos de fato tentaram
oferecer um saldo mais equilibrado, de um homem complicado governando em tempos difíceis,
mas a famosa reputação negativa de Luís XI persiste, apesar desses esforços.” (BAKOS, 1997, p. 1).
Para Bakos, Luís XI, importante agente na derrocada das velhas estruturas feudais, tem hoje sua
própria imagem relacionada a essa pejorativa alcunha principalmente em função das ideias
burguesas de liberdade e democracia a nós legadas pela revolução de 1789, ideias que não
poderiam considerar o legado político do monarca como o de um estadista exemplar. Em
contrapartida, Jacques Heers, na obra Louis XI, parece tentar oferecer o “saldo mais equilibrado”
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citado por Bakos, ao concentrar forças na importância do monarca à história da França, negando
apelidos (como o de “Rei Aranha”) ou caracterizações históricas definitivas. Nas palavras de Heers,
Luís XI, ao marcar o rompimento das estruturas medievais e o início da modernidade no Estado
francês, seria, na França, “um dos primeiros heróis dessa “modernidade”, a qual o levou a receber,
mais do que outros, a atenção de autores ansiosos em anunciar a ruptura entre os príncipes presos
a um ideal “cavalheiresco” mas ruins politicamente, e os mais realistas, para os quais, a serviço de
seu próprio destino e o do Estado (um e outro muitas vezes confundidos), tudo era possível,
desejável e, antecipadamente, justificável.” (HEERS, 2003, p. 353). Apesar de Heers defender que
Luís XI tenha sido “em suma um precursor, capaz de governar de outra forma, de sacudir as
tradições e renovar as regras do jogo” (2003, p. 353), Bakos não deixa de estar certa.
13
Cf. Senellart, 1992, p. 28-29. Friedrich Meinecke vai no mesmo sentido, ao afirmar que a principal
obra de Naudé, Considérations Politiques sur les coups d’État (1639) “no século XVII se tornou o
mais famoso manual de estadismo representante da ordem maquiaveliana.” (MEINECKE, 1957, p.
197). Uma longa crítica a essa tese é realizada em GONÇALVES, 2015.
14
Em Addition à l’Histoire de Louis XI (1630), Naudé se propõe a “adicionar verdades” à história
do monarca, “fazendo justiça” ao legado do rei. Ainda na dedicatória da obra, endereçada ao
secretário de Estado Etienne Pellault, Luís XI é intitulado por Naudé como “Rei Luís, o Justo”,
elogiado pelo autor como “fiel” e “íntegro”. Em um texto posterior de Naudé (Considérations
Politiques), o monarca será definido como “o mais sábio e distinto” dos reis franceses.
15
“Quem não sabe dissimular não sabe governar”. Apesar do que diz Gabriel Naudé, é difícil
determinar com clareza a autoria dessa sentença. Em Politicorum libri sex (1589), o humanista Justo
Lípsio atribui a origem da expressão a Sigismundo de Luxemburgo ou a Frederico III. Autores como
Jean Bodin e Giovanni Botero também têm suas versões sobre a origem da frase (Cf. LÍPSIO, 2012,
p. 461, nota 371). Adrianna Bakos, por sua vez, apresenta ainda outras origens ao termo (Cf.
BAKOS, 1997, p. 123, nota 5).
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internas na França em torno de uma estrutura comum, o Estado16. Ainda que frágil
e de resultados duvidosos, a referida ação de Henrique IV antecipa um novo estilo
de relação entre o papel do governante e os interesses estatais, que viriam a
encontrar grande espaço na primeira metade do século XVII.
Hubert Méthivier denomina “século de Luís XIII” o período entre 1598 e
1661, “exuberante e [...] barroco por seus excessos e seus contrastes” (MÉTHIVIER,
1967, p. 5), como um prolongamento do “longo século XVI”, em oposição à parte
seguinte do séc. XVII, pautada pela figura de Luís XIV. Segundo o historiador, o
momento histórico que vai de Henrique IV a Mazarin não se resume apenas a Luís
XIII, mas marca uma época conturbada e repleta de crises, pautada essencialmente
por uma França sob forte influência barroca, na cultura, na sociedade, e
principalmente na política.17
Braço direito de Luís XIII, Richelieu se torna no período o símbolo maior
desse movimento do pensamento político na França. Nas palavras de Julien Freund
(1975, p. 142): “a política se emancipa da esfera religiosa sob a égide de um
príncipe da Igreja, o cardeal de Richelieu”. Dando continuidade ao processo de
organização e centralização da estrutura estatal do país, o cardeal e seu governo
se tornam pauta fundamental para os autores do período, que não perdem a
oportunidade de traçar paralelos (sejam positivos ou negativos) entre as rédeas da
monarquia francesa e a nova ideia onipresente nos debates sobre o poder: o
maquiavelismo.
Do precursor Discours sur les moyens de bien gouverner (1576), o “Anti-
Machiavel” de Innocent Gentillet, ao De l’interest des Princes et Estats de la
Chrestienté (1638) de Henri de Rohan, tratados franceses críticos ou elogiosos
(respectivamente) à nova ideia prosperam na França da época, em especial durante
o governo de Luís XIII e seu ministro. Essa profusão de textos, tão intimamente
ligada ao conturbado período, despertou nos séculos seguintes o interesse dos
estudiosos do pensamento político.
16
Quanto ao primeiro, cf. MEINECKE, 1957, p. 146-162. Já quanto ao francês, ver especialmente o
primeiro capítulo: THUAU, 2000, p. 13-32.
17
Ver especialmente o sintético primeiro capítulo, denominado Aspects originaux du “siècle de
Louis XIII” (MÉTHIVIER, 1967, p. 5-20).
18
Sobre a dificuldade em se reunir as pesquisas sobre o assunto, que se espalham dentro e fora da
Europa por diversas áreas (da História ao Direito, passando pela Filosofia e Ciência Política), vale
menção ao rigoroso trabalho efetuado por Enzo Baldini (1999), que de forma precisa — mas sem
relevar a complexidade do problema —, reuniu um rico panorama das diferentes frentes de estudo
que abordam a questão. Apesar de limitado pelo ano de publicação, constitui-se ainda hoje como
um punto di riferimento à produção européia sobre a razão de Estado Especial menção ao sucinto
porém completo artigo Le ricerche sulla ragione di Stato: situazione e prospettive, contido no
volume.
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Observação pertinente, que demonstra essa identificação da razão de Estado com o
maquiavelismo por parte de Meinecke, é o título da tradução inglesa de 1957 ao Die Idee der
Staatsräson, a saber, Machiavellism: the Doctrine of Raison d’Etat and its Place in Modern History.
20
Cf. especialmente o capítulo II: Teorie della morale e della politica. La “Ragion di Stato”.
21
Desse período é digno de atenção um ensaio de Norberto Bobbio, que esboça uma aproximação
do problema político com o Direito (BOBBIO, 1939).
22
Dentre os inúmeros comentários de Firpo acerca do assunto, ver FIRPO, 1969.
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uma razão de Estado própria, ainda que com evidentes fraturas. Através de extensa
investigação detida em autores como Giovanni Botero, Firpo não apenas reconstrói
um momento importante de recusa ao maquiavelismo na Itália, mas também funda
uma tradição de pesquisa à questão, que permanece viva até hoje em centros de
estudo pelo país.
Auxiliando a aprofundar o entendimento sobre os textos renascentistas
relativos à questão, as pesquisas de Rodolfo de Mattei oferecem um amplo
panorama do maquiavelismo na recepção à obra do florentino, sem ignorar os
problemas de leitura e o contexto que envolve esse extenso leque de autores.23
Mais do que um mero apanhado histórico de nomes, obras e datas, o trabalho
realizado por De Mattei compõem uma satisfatória busca por princípios comuns
que possibilitem conectar esse imbróglio teórico. Também é dele boa parte do
mérito de identificar o conceito de prudência como motor da razão de Estado, tese
que ganhará força nas décadas seguintes à sua publicação.
Mas é somente alguns anos após o rico debate organizado por Roman
Schnur (1975), que foi possível observar um acentuado crescimento no número de
relevantes publicações sobre a problemática da razão de Estado; que viriam a
atingir seu auge na Europa da década de 90.
Na Alemanha, Michael Stolleis desempenha a principal contribuição à
questão. Ainda que sem trazer grande profundidade ou algum fator inédito à tona,
o texto de Stolleis ajuda a enriquecer a discussão sobre o problema ao aproximá-
la do direito, especialmente a partir de uma releitura dos comentários de Meinecke
(1990) ao maquiavelismo.
É na França, porém, que se encontra a maior e mais reconhecida profusão
de estudos recentes acerca da razão de Estado. Publicados no país, ricos
compêndios sobre o assunto — reunindo competentes pesquisadores — marcam no
final do século XX um breve apogeu de estudos sobre a temática. Obras como as
organizadas por Christian Lazzeri e Dominique Reynié (1992), bem como o volume
produzido por Yves Zarka (1994, p. 167), aquecem a discussão, ao trazer ao
cenário novas possibilidades de leitura. Parecem pecar, porém, na abordagem que
propõem sobre o tema, presente em boa parte dos comentários franceses desse
momento. Baseando suas leituras em uma espécie de “vocabulário racionalista”,
um ponto comum nesses estudos é a tentativa de traduzir escritores da época em
uma ou mais lógicas racionalizantes. Reynié (1992, p. 11), por exemplo, retorna à
“tradição estatizante” para mostrar que a “razão de Estado é também “racionalismo”
de Estado”, enquanto Zarka (1994, p. 167), por sua vez, vê em teorias como a de
Gabriel Naudé a “construção de uma racionalidade puramente política da ação”.
Ainda que ofereçam imagens que num primeiro momento auxiliem a situar o
movimento que guia a evolução das ideias da época, essas leituras encontram aí
seu limite, não conseguindo ir além do esboço de uma construção abstrata que
pouco esclarece os meandros do problema. Mas é claro que há exceções.
23
Cf. especialmente De MATTERI, 1969 e 1979.
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Senellart também possui textos sobre a referida temática nos volumes mencionados logo antes,
organizados por Zarka, Lazzeri e Reynié.
25
Baldini parece ser a melhor referência presente para se mapear os escritos modernos da razão
de Estado na Itália e na França, com especial atenção à primeira.
26
Sobre a obra de Viroli é difícil não concordar com Vittorio Dini (2000, p. 55), segundo o qual ela
parece se fechar em “um retorno às teses da razão de Estado como plena e mera autonomização
da política frente à esfera da religião”.
27
Boa amostra dessas publicações é o artigo de Borrelli (1992) sobre a articulação entre as noções
de sabedoria, prudência e obediência na obra de Botero. Também dele, menção especial ao
belíssimo Ragion di Stato. L’arte italiana della prudenza politica (1994). Dini, ainda que pouco
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