2023 Relevo Geosistemico
2023 Relevo Geosistemico
2023 Relevo Geosistemico
RESUMO
O relevo pode ser visto como o substrato no qual o homem mantém um contato mais íntimo com a
Terra, pois com este, interage diretamente altera-o de modo contundente e por isto, merece
atenção quando ao seu estudo, logo, pode ser considerado como o ponto de partida para a análise
da natureza em uma bacia hidrográfica e, de modo particular, a bacia do rio São Miguel, no estado
Alagoas. A ocupação da citada bacia foi acompanhada por alterações substanciais em suas
morfoestruturas e desta forma, este artigo objetiva apresentar os efeitos que as mudanças
ocorridas no uso e ocupação do solo promoveram na bacia hidrográfica, sob a perspectiva dos
geossistemas. O método adotado foi a identificação das unidades morfoestruturais, a criação de
SIG com cartas temáticas acerca do estado de degradação da bacia e a proposição de um
zoneamento geográfico para área usando como parâmetro, as características de cada forma de
relevo. Os resultados preliminares apontaram que todas as unidades morfoestruturais e suas
respectivas subunidades locais encontram-se em estágios variados de degradação, e que seria
preciso identificar formas de uso menos nocivas nas mesmas de modo a tornar mais racional, ao
final, o uso esperado e o permitido na bacia.
Palavras-Chave: Relevo. Geossistemas e Natureza.
1
Este artigo foi baseado na dissertação de mestrado intitulada “Identificação de Geossistemas e sua
Aplicação no Estudo Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio São Miguel – Alagoas”, orientada pelo Prof. Dr.
Antônio Carlos de Barros Corrêa (PPGeo/CFCH/UFPE) e Co-orientada pela Profª. Drª. Silvana Quintella
Cavalcanti Calheiros (IGDEMA/UFAL).
2
Mestre em Geografia (CFHC/PPGeo/UFPE). Bacharel e Licenciado em Geografia (IGDEMA/UFAL).
Docente da Rede Municipal de Ensino e Tutor do Curso de Graduação em Geografia
(UAB/CIED/IGDEMA/UFAL).
3
Doutor em Geografia. Professor do Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGeo/CFCH/UFPE).
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SOUZA J.C.O. de & CORRÊA A.C.de B. O Relevo como ponto de partida ao estudo geossistêmico da
natureza: o caso da bacia hidrográfica do rio São Miguel, Alagoas. Revista GeoUECE - Programa de Pós-
Graduação em Geografia da UECE Fortaleza/CE, v.2, nº3, p.81-97, jul./dez. 2013. Disponível em
http://seer.uece.br/geouece
GeoUECE, v.2, n.3, Julho/Dezembro 2013 ISSN: 2317-028X
ABSTRACT
The relief can be seen as the substrate on which the man keeps a closer contact with earth,
because with this , interacts directly alters it in a forceful manner and therefore, deserves attention
when your study thus can be considered as the starting point for the analysis of nature in a
watershed and, in private, the basin of San Miguel, Alagoas state. The occupation of the said basin
was accompanied by substantial changes in their morphostructures and thus, this article presents
the effects that changes in the use and occupation of land in the watershed promoted, from the
perspective of geosystems. The method adopted was to identify the morphostructural units, the
creation of thematic maps with GIS on the state of degradation of the basin and the proposition of a
geographic area using zoning as a parameter, the characteristics of each form of relief. Preliminary
results showed that all morphostructural units and their local subunits are in varying stages of
decay, and that would need to identify ways to use less harmful in the same order to make more
rational, in the end, the expected usage and allowed in the basin .
Key-words: Relief. Geosystems and Nature.
RESUMEN
El relieve debe verse como el sustrato en cuál el hombre mantiene un contacto ligeramente íntimo
con la Tierra, pues él interactúan casi directamente y cambia del mismo modo más concluyente y
por esto, alcanza atención cuanto al su tesis y sutilmente, logra ser calificado puesto que el punto
de partida para el análisis de la naturaleza en una cuenca hidrográfica y, de carácter particular, la
cuenca del rio São Miguel, en el estado de Alagoas. La ocupación de la nombrada cuenca estuvo
acompañada por mudanzas esenciales en suyas morfoestructuras y de esta condición el artículo
objetiva lucir los efectos que los cambios ocurridos en el uso y función del suelo promoverán en
la cuenca hidrográfica, sobre la perspectiva de los geosistemas. El procedimiento adoptado fue la
identificación de las unidades morfoestructurales, a instauración de SIG con escritos temáticos
acerca del estado de degradación de la cuenca y la proposición de una zonificación geográfica
para espacio empleando como parámetro, las características de repetición de la forma de relieve.
Las consecuencias preliminares puntearan que cualesquiera unidades morfoestructurales y sus
respectivas subunidades locales encuéntrense en estigios variados de degradación, y que sería
interesante asemejar las formas de uso menos perniciosas en las mismas condiciones a ser un
poco más racional, al terminable, el uso ambicionado y el reconocido en la cuenca.
Palabras-clave: Relieve. Geosistemas y Naturaleza.
INTRODUÇÃO
constituem o espaço geográfico são os sinais claros que atestam uma situação jamais observada
na história da natureza e das sociedades humanas. Progressivamente, a Geografia Física passa a
ser convidada a sair de sua zona de conforto teórico e se abrir à novas perspectivas que à coloque
em consonância com a nova realidade em que os sistemas naturais e sociais são partes
inseparáveis. Será então a paisagem, o elemento externo síntese deste novo momento.
A paisagem se mostra como um dos elos mais factíveis do homem com o meio natural,
pois esta concretiza, externamente, este universo de relações. Acompanha as diferentes
configurações que são dadas ao espaço socioambiental humano ao longo do processo histórico.
Ao estudo da paisagem, também são incorporadas ideias presentes na Teoria Geral dos Sistemas
de Ludwing Von Bertalanfy (1968), que são manifestadas pelo conceito de geossistema e com
este, a Geografia Física tem a oportunidade de (re) encontrar uma nova situação analítica da
paisagem a partir de uma unidade sistêmica, mas que também possui um sistema multiescalar e
hierárquico (FIGUEIRÓ, 2011). O meio natural tem as suas estruturas organizacionais
manifestadas nas diferentes configurações que o relevo assume na epiderme terrestre. O “estrato
geográfico” de Grigoriev (1968) sob o raciocínio de ROSS (2006) é fruto dos processos físicos e
químicos e também das morfologias que os diversos materiais que o compõem, assumem na
paisagem a que também se somam os componentes antrópicos e que, no relevo se externalizam.
Neste estrato geográfico, compreende-se que o homem tem uma função essencial em sua feitura,
pois é neste, que se vão evidenciar os efeitos mais imediatos da ação humana sobre os recursos
naturais e como irão se re-configurar de acordo com o uso que lhe são dados e também, a própria
dinâmica ambiental será mais efetivamente percebida. O relevo, então, mostrar-se-á revelador do
próprio estrato geográfico. Além da vegetação, a identificação do geossistema pode estar também
diretamente ligada ao relevo, pois este configura a gênese de diferentes processos internos e
externos e por isto, manifestam fisionomias distinguíveis e compartimentáveis de acordo com os
elementos que a modelam como o clima, o solo, o substrato geológico e o biogeográfico. Assim,
são passíveis de familiarização pelo conjunto de “aparências” que adquirem nas paisagens.
Portanto, as formas do relevo: “interagem com a rocha, com o clima, com o solo, com a
vegetação e os recursos hídricos. Tal abrangência resulta na constituição da paisagem natural ou
até mesmo com cultural quando este se associa às atividades humanas” (FALCÃO SOBRINHO,
2007, p. 84). O entendimento do relevo, não enfoca somente a sua estrutura de origem e forma,
mas, quando o interpreta sob a luz da ação humana, a tomada de decisões sobre o planejamento
do uso do solo e também de determinados ambientes, os modelados tornam-se elementos
essenciais ao próprio modo de como se organizará a ocupação destes espaços.
De maneira clara as últimas mudanças que o homem imprimiu sobre a epiderme da Terra,
concebida desde a revolução vista no neolítico motivado pela produção de seus meios de
sobrevivência, impulsionou o surgimento da agricultura e a domestificação de animais; o
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natureza: o caso da bacia hidrográfica do rio São Miguel, Alagoas. Revista GeoUECE - Programa de Pós-
Graduação em Geografia da UECE Fortaleza/CE, v.2, nº3, p.81-97, jul./dez. 2013. Disponível em
http://seer.uece.br/geouece
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Ainda para Falcão Sobrinho (2007) a ação humana tem uma relação direta com a dimensão
que ele estabelece com o lugar em que se vive, com o seu modo de vida e o gênero que lhe é
congênere, pois este determina o tipo de uso que é dado a Terra. Considerando a importância que
o relevo assume nos estudos geomorfológicos, o professor Aziz Ab’Sáber (1969) propôs três níveis
de tratamento que deveriam ser concedidos às informações referentes aos modelados terrestres: a
compartimentação geomorfológica ou topográfica, a estruturação superficial da paisagem e por fim,
a fisiologia da paisagem.
A proposta de Ab’Sáber, embora muito útil na identificação evolutiva dos modelados do
relevo e, por consequência, na própria compreensão da paisagem derivada desta, só considera os
fatores naturais e os seus elementos na cronologia das mesmas, mesmo que no momento da
publicação do estudo (1969), a integração humana às paisagens ainda não encontrava trabalhos
mais concretos.
Ao buscar também compreender os estudos relacionados ao relevo Ross propôs em 1992,
uma classificação taxonômica do relevo em seis táxons. Para esta classificação, o mesmo se
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Graduação em Geografia da UECE Fortaleza/CE, v.2, nº3, p.81-97, jul./dez. 2013. Disponível em
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baseou nos estudos de Penck (1958), que compreendeu a origem dos modelados terrestre como o
resultado de forças motoras antagônicas endógenas e exógenas que são vistas nas formas de
relevo pequenas, médias e também nas grandes da epiderme terrena.
O autor lembra que esta proposição, não possui a rigidez da escala espaço-temporal vista
nas classificações de Tricart e Cailleux (1956) e também a de Mescerjakov (1968), mas amplia a
proposta taxonômica de Demek (1967) concernente à análise e à classificação cartográfica dos
eventos geomorfológicos em diversas e variadas escalas. Ross (1992) lembra que os conceitos de
morfoescultura e morfoestrutura, que são utilizados na classificação dos táxons, foram elaborados
por Guerasimov (1964) e Mescerjakov (op. cit).
Assim, esta classificação visa reportar ao relevo, a sua importância no contexto dos estudos
geomorfológicos, pois são “os pisos sobre os quais se fixam as populações humanas e são
desenvolvidas suas atividades, derivando daí valores econômicos e sociais que lhe são atribuídos”
(MARQUES, 2011, p. 25) e, portanto, são elementos integrantes da própria dinâmica
socioeconômica e cultural humana.
Ab’Sáber (1997) menciona que cada paisagem e também os espaços ecológicos, são
complicadas heranças, um legado que acumula interferências gestadas ao longo de tempos
imensos e são de difícil acompanhamento. São segundo o autor (op. cit. p. 01) “herança de
processos geológicos e fisiográficos. Herança de uma longa história vegetacional, traduzida em
biodiversidades regionais”. Desde modo, as formas assumidas pelo relevo são de grande
relevância aos estudos que relacionam a intervenções pontuais ou intensivas sobre a paisagem.
Portanto, na Geografia Física o relevo passa a assumir na visão de Casseti (1991), uma
dimensão de globalidade correspondente ao temário ambiental, pois é um receptor direto no
estrato geográfico de todas as questões que envolvem a relação do homem com o meio natural e
por isso, pressupõe que se faça uma análise em uma perspectiva integrada e sistêmica.
As primeiras referências teóricas sobre uma análise integrada da natureza são observadas
nos já clássicos textos de pesquisadores externos como Sotchava (1977), Tricart (1977) e Bertrand
(1982). No Brasil, destacam-se os escritos de geógrafos que também buscam essa perspectiva de
interpretação analítica, como por exemplo: Christofoletti (1979) e Monteiro (2000)
(SUETERGARAY, 2004).
Para Sotchava (1978 apud ROSS, 2006) os geossistemas são uma classe peculiar de
sistemas dinâmicos abertos e hierarquicamente organizados e que se manifestam no espaço
físico-territorial. Permitem que se crie uma unidade dinâmica em que participem todos os
componentes do mesmo. Por isso que o conceito de geossistema, apesar de possuir uma mesma
base teórica com a do ecossistema, difere-se deste na medida em que no último, os complexos
são monocêntricos e partem de um ponto de vista biológico (op. cit).
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SOUZA J.C.O. de & CORRÊA A.C.de B. O Relevo como ponto de partida ao estudo geossistêmico da
natureza: o caso da bacia hidrográfica do rio São Miguel, Alagoas. Revista GeoUECE - Programa de Pós-
Graduação em Geografia da UECE Fortaleza/CE, v.2, nº3, p.81-97, jul./dez. 2013. Disponível em
http://seer.uece.br/geouece
GeoUECE, v.2, n.3, Julho/Dezembro 2013 ISSN: 2317-028X
Bertrand (2007, p. 93) entende o geossistema como um “conceito territorial, uma unidade
espacial bem delimitada e analisada a uma dada escala; o geossistema é muito mais amplo que o
ecossistema, ao qual cabe, desse modo, uma parte do sistema geográfico natural”. Este geógrafo
francês amplia ainda mais o horizonte analítico iniciado em Sotchava (1977), pois entende que a
sucessão de tempos e a diversidade de paisagens são também determinantes ao próprio estudo
da natureza nos geossistemas.
Em outra proposição, Cavalcanti et al. (2010, p. 542) entendem o geossistema como:
Bólos i Capdevila (1981), ao analisar a concepção dos geossistema e como este se aplica
aos estudos integrativos da paisagem, menciona que o mesmo pode ser entendido como um
processo e relata que:
Ao convergir com Corrêa (2006), parece-nos evidente que, integrar os estudos que
enfoquem tal situação se faz necessário e o alerta já anunciado, traz novamente à tona na
Geografia, o imperativo da perspectiva geossistêmica, principalmente em sua corrente física, na
medida em que o interesse sobre as possíveis interações que podem ser feitas sobre as esferas
físicas do mundo físico é resgatado além de também o protagonismo humano no meio natural
passa a ser visto como um fator de grande relevância.
Monteiro (1996) menciona que a ideia dos geossistemas ainda continua em progressão e
que muito menos se pode entender que muitos geógrafos já compartilham a ideia, em consenso.
Contudo, ainda são vistas dificuldades neste conceito, que vão desde a transição de
fundamentação teórica para se chegar a estudos e respostas mais práticas, mas que merecem
serem perseguidas, principalmente num momento em que a preocupação para com qualidade
ambiental cresce entre os grandes centros de decisão mundial e já toma contornos de política
pública.
Monteiro (2000) ainda reforça a ideia que o geossistema assume uma proposição de veiculo
integrador da abordagem geográfica, uma vez que o pesquisador reafirma, pessoalmente, o papel
do homem como um “derivador” da natureza, tanto positiva quanto negativa.
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SOUZA J.C.O. de & CORRÊA A.C.de B. O Relevo como ponto de partida ao estudo geossistêmico da
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Graduação em Geografia da UECE Fortaleza/CE, v.2, nº3, p.81-97, jul./dez. 2013. Disponível em
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2
A bacia drena uma área de 624 km , ao longo do curso de 90 km de extensão que perfaz o
seu canal principal. A região estuarina do rio São Miguel está situada entre os municípios de Barra
de São Miguel e Roteiro, onde este configura um estuário misto em laguna e “ria”. A laguna é um
2
complexo flúvio-estuarino com aproximadamente 7,8 km de extensão e de grande importância
ambiental e ecológica para as comunidades de pescadores que habitam as proximidades do local
(CALHEIROS; GUIMARÃES JÚNIOR, 2010).
Ao definir a bacia hidrográfica como a unidade geoambiental a ser estudada, independendo
da finalidade principal do estudo a delimitação espacial da bacia é uma etapa que permite, de
imediato, reconhecer o ambiente físico que a constitui e que pode particularizá-la como também
mostrar os tipos de usos que a mesma se submete. Uma vez feita a delimitação, proceder a
identificação de conjuntos geológicos, geomorfológicos, pedológicos, climatológicos, hidrográficos
e biogeográficos tornam-se mais factíveis. A adoção da perspectiva sistêmica para estudos
ambientais pressupõe considerar que o meio natural e a paisagem derivada como um palimpsesto,
onde se encontram diferentes e complexos arranjos de forma que se sobrepõem e assim
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SOUZA J.C.O. de & CORRÊA A.C.de B. O Relevo como ponto de partida ao estudo geossistêmico da
natureza: o caso da bacia hidrográfica do rio São Miguel, Alagoas. Revista GeoUECE - Programa de Pós-
Graduação em Geografia da UECE Fortaleza/CE, v.2, nº3, p.81-97, jul./dez. 2013. Disponível em
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interagem entre si e que geram alterações na configuração final que a paisagem pode assumir
(CORRÊA, 2005). Ao trabalhar dentro da perspectiva dos geossistemas a adoção de material
cartográfico é um dos instrumentos de grande importância para a visualização de maneira mais
factível daqueles componentes e, os próprios trabalhos que emergem de uma análise geográfica
tem, na cartografia, um lastro metodológico dos mais usuais.
Figura 03:
Compartimentação
geomorfológica da
bacia do rio São
Miguel.
Fonte: SOUZA,
2013.
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Graduação em Geografia da UECE Fortaleza/CE, v.2, nº3, p.81-97, jul./dez. 2013. Disponível em
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GeoUECE, v.2, n.3, Julho/Dezembro 2013 ISSN: 2317-028X
Canais não-confinados,
Cimeira estrutural Colinas com amplitude
Planície aluvial, Terraços
conservada média a partir de 25m
Cimeira fluviais.
Estrutural Formações serranas com Canais semi-confinados,
Pernambuco- Escarpa cristalina
amplitude entre 30 e 50m Planície aluvial estreita,
estrutural
Alagoas e dissecação diferencial Terraços fluviais.
Formações serranas
semelhantes a domos Planície aluvial estreita,
Serras isoladas com amplitude entre 100 Terraços fluviais, Canais
e 300 metros e de alta não-confinados.
Morfoestrutura
dissecação
Superfície aplainada com
Canais não-confinados,
Depressão amplitude média entre 40
Depressão do Médio São Drenagem profunda,
Periférica e 29 metros e de alta
Miguel Planície aluvial ampla.
dissecação.
Colinas com amplitude
Drenagem profunda,
Formações Colinosas média entre 26 a 45m e
Planície aluvial estreita
dissecação diferencial
Tabuleiros Costeiros
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natureza: o caso da bacia hidrográfica do rio São Miguel, Alagoas. Revista GeoUECE - Programa de Pós-
Graduação em Geografia da UECE Fortaleza/CE, v.2, nº3, p.81-97, jul./dez. 2013. Disponível em
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Ross (2006) já enfatizou que as formas que são esculpidas pelos processos morfoclimáticos
podem ser facilitadores ou dificultadores da ocupação humana em uma determinada porção de
território e de seus respectivos arranjos espaciais. Na mesma medida, o traçado de rodovias e
ferrovias; o estabelecimento de empreendimentos imobiliários ou industriais e, até mesmo a
definição de atividades agrícolas, passa diretamente pelo uso e a consequente intervenção nos
modelados do relevo para atender a um determinado fim e até na elaboração de propostas
conservacionistas para bens de interesse ambiental.
Ao longo da bacia do rio São Miguel, são apresentadas formas de uso marcadas pelas
feições que o relevo assumiu em cada compartimento geomorfológico. Nas áreas que
correspondem ao Baixo Planalto Sedimentar, principalmente no médio curso, a atividade agrícola
ligada ao cultivo da cana-de-açúcar aproveita a pouca declividade para inserir uma dinâmica
produtiva baseada na colheita mecânica do vegetal; nos trechos mais acidentados como no alto
curso entre a escarpa cristalina e a cimeira, a criação de gado de corte é bastante difundida. As
encostas e a planície sedimentar flúvio-marinho-lagunar voltam-se ao turismo e a conservação
ecológica.
A importância que o relevo assume na definição de geossistemas pode ser vista em diversos
trabalhos (ROSS, 2006; VEADO e TROPPMAIR, 2001; MARQUES, 2011; RODRIGUEZ et al,
2007; ) onde também nos mesmos e outros, a exemplo de Schutzer (2012); Ab’ Sáber (2007) e
Guerra (2011) que demonstraram a importância do relevo no estudo, no ordenamento e no
planejamento territorial.
Veado e Troppmair (2001) chamam atenção que os geossistemas são animados por
variados fatores ambientais, que influenciam diretamente a sua estrutura operacional e o
funcionamento, mas que, o uso que se dá a terra se sobressai, pois, este é um dos elementos que
influencia mais diretamente a organização espacial de um dado território inserido em geossistema.
Assim, entende-se que a compreensão destas maneiras de utilizar o território abrangido por um
geossistema é importante na proposição de uma análise geossistêmica.
Na bacia do rio São Miguel foram identificados quatro geossistemas que apresentam
características marcadas pela ação dos agentes de modelação do relevo e forma fixados os
seguintes geossistemas:
A degradação de geossistemas em áreas tropicais - que são locais com alta produção de
biomassa e grande entrada e reciclagem de energia – são potencializadas pela alta e concentrada
pluviosidade, a instabilidade de sua cobertura vegetal e geológica. Pode ser mencionado também
que a forma de uso do solo que a população das baixas latitudes submete as feições do relevo,
permite que aumente a alteração do quadro natural das condições dos geossistemas.
As bacias hidrográficas são ambientes naturais que recebem segundo Chorley (1962) citado
por Cunha e Guerra (2010), a energia que provém do clima e da tectônica local eliminando
também, fluxos energéticos através da saída da água, dos sedimentos e solúveis. Portanto, estão
expostas a todo tipo de interferência que a ação natural e humana, ou ambas combinadas podem
provocar.
Andrade (2010) menciona que o rio São Miguel é dos grandes rios açucareiros do nordeste
oriental brasileiro. Em suas margens, a atividade pecuarista e canavieira encontraram as condições
edafológicas necessárias ao seu desenvolvimento. Estes tipos de uso que foram dados ao solo da
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natureza: o caso da bacia hidrográfica do rio São Miguel, Alagoas. Revista GeoUECE - Programa de Pós-
Graduação em Geografia da UECE Fortaleza/CE, v.2, nº3, p.81-97, jul./dez. 2013. Disponível em
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bacia, deixaram marcas prementes que a dinâmica econômica do local assumira. Este quadro que
não se alterou significativamente após mais de 300 anos de inserção da cultura da cana-de-açúcar
na bacia.
A bacia do rio São Miguel enquadra-se no que Rodriguez et al (2007) consideram como
paisagem antropogênica, que “[...] concebe-se o sistema natural produtivo composto por
segmentos de natureza levemente e fortemente modificados bem como os sistemas tecnogênicos
(paisagens antrópicas)” (p. 159). Toda paisagem antropogênica constitui-se, grosso modo, um
fenômeno histórico, na qual se arquiteta evoluindo, o meio natural e as etapas de absorção dos
fatores econômicos e sociais trazidos pelo homem e impressos nesta.
Com uma urbanização intensa que fora lastrada pelas atividades agropastoris, a bacia
estudada é fortemente influenciada pela ação combinada (mecânica, física, química e biológica)
que as atividades humanas ocasionaram fato que é demonstrado pela grande descaracterização
que os geossistemas e as geofácies componentes da bacia sofrem de maneira direta.
Os geossistemas na bacia do rio São Miguel foram sendo transformados principalmente
quando novas lógicas de uso iam sendo ajustadas ao solo da área como da adoção de vertentes
econômicas pelo governo estadual a partir da década de 1980, voltadas ao desenvolvimento local
e também pelas forças dos capitais endógenos que atuaram na área e assim, pode-se encontrar
usos diferenciados nos geossistemas da área. Observações in situ foram realizadas para constatar
os tipos recorrentes de impactos ambientais que acometem a área da bacia e se percebe que
ainda é muito tênue equilibrar a conservação dos geossistemas às dinâmicas de uso
historicamente inseridas nos mesmos.
Sinteticamente, a figura 05, aponta os principais impactos dos geossistemas na bacia do rio
São Miguel, tendo por base as categorias apontadas por Vicente da Silva (1998, apud
RODRIGUEZ et al, 2007) para a avaliação dos impactos ambientais em ecossistemas do litoral de
Icapuí, estado do Ceará.
Figura 05: Principais Impactos Ambientais nos Geossistemas da Bacia do Rio São
Fonte: Adaptado de Vicente da Silva (1998, apud RODRIGUEZ et al, 2007), por Souza, 2012.
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natureza: o caso da bacia hidrográfica do rio São Miguel, Alagoas. Revista GeoUECE - Programa de Pós-
Graduação em Geografia da UECE Fortaleza/CE, v.2, nº3, p.81-97, jul./dez. 2013. Disponível em
http://seer.uece.br/geouece
GeoUECE, v.2, n.3, Julho/Dezembro 2013 ISSN: 2317-028X
Culturas
Superfície Dissecada pela Erosão,
Depressão temporárias
aplainada e ação erosiva queimadas, Medianamente
Periférica (milho, feijão e
02 relativamente fluvial e transporte poluição do solo e estável
cana-de-açúcar)
baixa (3-8%). sedimentar desmatamento.
e pecuária
Erosão,
voçorocas,
Baixo Culturas
Superfície Dissecada pela alteração de
Planalto temporárias
aplainada, de erosão do solo ecossistemas,
Sedimentar (cana-de- Instável
média (fluvial e pluvial) e compactação do
03 dos açúcar),
declividade transporte de solo, poluição do
Tabuleiros mineração e
(8-13%). sedimentos solo e
pecuária
contaminação
hídrica.
Planície com
Desmatamento,
influência Turismo intenso,
alteração de
lagunar e Sedimentação, recreação e
ecossistemas
Planície marinha, com fluxo hídrico, lazer, culturas
assoreamento, Crítico
Costeira áreas de acumulação de temporárias,
04 contaminação
inundação e matéria orgânica e extrativismo
hídrica, poluição
de baixa abrasão marinha. vegetal e
do solo e declínio
declividade animal.
da pesca.
(0-3%).
Fonte: Adaptado de Cavalcanti (1996, apud RODRIGUEZ et al, 2007), por Souza, 2012.
Veado e Troppmair (2001) chamam atenção que os geossistemas são animados por
variados fatores ambientais, que influenciam diretamente a sua estrutura operacional e o
funcionamento, mas que, o uso que se dá à terra se sobressai, pois, este é um dos elementos que
influencia mais diretamente a organização espacial de um dado território. Assim, entende-se que a
compreensão destas maneiras de utilizar o território de um geossistema é importante na
proposição de uma análise geossistêmica.
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SOUZA J.C.O. de & CORRÊA A.C.de B. O Relevo como ponto de partida ao estudo geossistêmico da
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CONCLUSÃO
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Agradecimento.
A CAPES pela concessão da bolsa de Mestrado
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