O Mercado de Renda Fixa No Brasil
O Mercado de Renda Fixa No Brasil
O Mercado de Renda Fixa No Brasil
1ª Edição – 2019
Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto n. 1.825, de 20 de dezembro de
1907.
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qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos do autor (Lei n.
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Os autores deste livro são os exclusivos responsáveis por seu conteúdo, bem como pelas
opiniões neste expressas, as quais refletem seus posicionamentos. As visões, opiniões e
conteúdo deste trabalho não refletem, necessariamente, o posicionamento de seus atuais
ou ex-empregadores, os quais não tiveram nenhum envolvimento, contribuição ou
participação, seja direta ou indiretamente, na elaboração deste trabalho, de modo que não
poderá os comprometer. Os exemplos contidos neste livro foram preparados e
apresentados para fins exclusivamente didáticos, tendo por objetivo a fixação da teoria
apresentada. Sendo assim, de maneira nenhuma deverão ser interpretados com o objetivo
de sugerir ao leitor que aplique as estratégias ipsis litteris, pois outras variáveis devem ser
consideradas, tais quais, mas não se limitando, as condições de mercado, spreads, taxas e
impostos.
Agradecimentos
Títulos privados
8.1 Definição
8.2 Certificados de depósitos
8.3 Debêntures
CAPÍTULO 9
Duration e convexidade
12.1 Hipóteses
12.2 Modelagem da duration
12.3 Duration de Macaulay
12.4 Duration modificada
12.5 Convexidade
Exercícios propostos
CAPÍTULO 13
Bootstrapping
15.1 Definição
15.2 Motivação para o uso do bootstrapping
15.3 O procedimento do bootstrapping
15.4 Implementação do bootstrapping na prática
Exercícios propostos
CAPÍTULO 16
Resumo
Este capítulo aborda conceitos gerais sobre renda fixa, tais como a definição de renda
fixa e títulos e o papel dos devedores e emissores.
R$ = R$
Veremos que o fator de capitalização será muito conveniente no
cálculo dos montantes tanto dos títulos privados quanto dos swaps
de Libor.
2.2.2 Conversão de taxas
Converter taxas é alterar o prazo de referência para o qual essas são
cotadas.
Por exemplo, pode-se querer apresentar uma taxa semestral em
forma de taxa anual e vice-versa.
Para fazer isso, basta relacionar quantos períodos de um período
“cabem” no outro, por exemplo, convertendo taxa semestral para
anual, em capitalização composta:
(2.1)
a. d.
2.2.5 Taxa interna de retorno (TIR)
A TIR é um conceito muito utilizado em avaliação de projetos de
investimento2, servindo como um dos indicadores utilizados para
tomar a decisão sobre a aceitação do projeto ou não.
A partir de um dado fluxo de caixa originado pelas estimativas de
custo versus receita oriundos do projeto de implantação de um
negócio é possível gerar um número que mede a rentabilidade desse
projeto.
Esse número é a TIR e ele é calculado fazendo com que a soma dos
fluxos de caixa descontados a ela seja igual a zero.
(2.3)
Onde:
Quando , .
Resumo
Este capítulo apresenta os diferentes esquemas de amortizações, a definição de taxas
de juros, a conversão de taxas, o cálculo da taxa interna de retorno e uma introdução à
marcação a mercado.
(3.1)
(3.2)
Desenvolvendo, temos:
(3.3)
a. a.
A rentabilidade ao período é dada pela Equação 3.1:
(3.5)
A TIR resulta em a. a.
Resolução pelas quotas, utilizando o conceito de total return:
Diferentemente do cálculo da rentabilidade assumindo a TIR, que admite
que os fluxos de caixa intermediários são reinvestidos pela própria TIR
original, aqui, partimos da premissa, mais realista, de que os cupons de
juros são reinvestidos pelos preços, ou taxas, vigentes no mercado nas
datas em que são pagos.
Desta forma, temos:
(3.6)
Anualizando, temos:
Resumo
Este capítulo demonstra como calcular a rentabilidade de um investimento em renda fixa, tanto
pela taxa interna de retorno quanto pelo conceito de total return.
(4.1)
Na Equação 4.1, a chamada taxa pré para du, prazo em dias úteis, é
o produtório da taxa DI esperada8 ao longo de cada dia útil. Nessa
equação foi utilizado o conceito de expectativa de taxas futuras de
juros. Um termo de prêmio pelo risco em função do prazo poderia ser
acrescentado, para generalização.
De forma linearizada, pode-se escrever a equação anterior como:
(4.2)
Resumo
Este capítulo explica o processo de formação de taxas de juros, assim como a
definição da ETTJ, a estrutura temporal de taxas de juros.
(5.1)
Onde:
Onde:
: taxa prefixada interpolada para o prazo
A taxa forward é, em sentido mais amplo, a expectativa do mercado sobre
qual será a taxa vigente entre dois vencimentos à frente.
Assim, podemos definir a taxa forward como expectativa do mercado pela
equação a seguir:
(5.3)
a. a.
Considerando correta a Hipótese de Expectativas Puras (sem prêmios de
risco), os participantes do mercado esperam que, daqui a dez anos, a taxa de
juros anual para maturidades de cinco anos seja igual a 10%, um aumento de
2% em relação a taxa de juros de cinco anos que vale hoje na economia, 8%
a. a. Isso significa que entre o quinto e o décimo ano é esperado um aumento
na Selic de 2% a. a.
Para o cálculo da taxa interpolada, usa-se a outra equação:
a. a.
A tabela a seguir ilustra o conceito para o período inteiro:
Tabela 5.1 – Exemplo de taxas spot x taxas forward
t (anos) Taxa spot Taxa forward
1 8%
2 8%
3 8%
t (anos) Taxa spot Taxa forward
4 8%
5 8,00% 8%
6 8,33% 10%
7 8,57% 10%
8 8,75% 10%
9 8,88% 10%
10 9,00% 10%
(5.4)
a. a.
5.4 Interpolação por cubic spline
A interpolação por cubic spline é uma técnica que permite melhor suavização
da curva entre os vértices observados. Em contrapartida, é difícil de ser
calculada manualmente. Felizmente, a interpolação por cubic spline está
implementada em vários pacotes computacionais. Para o MS Excel, é
possível achar os códigos em VBA na internet. É recomendável utilizar
códigos prontos com parcimônia, sempre validando os cálculos antes de
serem usados na prática. Mostraremos, no final deste capítulo, uma
implementação do cubic spline na linguagem Python.
Aqui fazemos um exemplo, passo a passo, dessa técnica de interpolação.
Desta forma, podemos validar os cálculos de interpolação por cubic spline
implementados em diferentes softwares, ou até mesmo criar nossos próprios
códigos.
O fundamento matemático da interpolação por cubic spline é gerar uma
aproximação polinomial piecewise, ou por partes. A função genérica do cubic
spline parte de uma equação do terceiro grau:
(5.5)
Como o próprio nome diz, essa interpolação utiliza-se de uma função cúbica.
Esse é um requerimento para obter uma função que tenha uma derivada de
primeira e segunda ordem, que nos auxiliarão no cálculo dos coeficientes das
funções de interpolação por cubic spline, como veremos a seguir.
A maior diferença entre essa técnica de interpolação em relação as
apresentadas anteriormente é que não existe uma fórmula única de
interpolação por cubic spline. A fórmula de interpolação por cubic spline,
varia de acordo com os vértices anterior e posterior, permitindo que a função
se ajuste ao longo dos vértices:
(5.6)
15,00%
13,50%
Substituindo, temos:
Podemos observar que temos oito coeficientes que devemos calcular para
obter as duas equações de interpolação por cubic spline do nosso exemplo,
E, ao substituirmos o em x na função :
Temos:
em x na função :
Logo:
Assim fica mais fácil preencher a matriz A, que corresponde ao lado esquerdo
das equações do sistema:
Matriz A
E vamos gerar a vetor B, que corresponde ao lado direito das equações do
sistema:
Matriz B
A resolução do sistema de equações ocorre quando calculamos os valores
dos coeficientes das funções dos cubic splines, dispostos no vetor C a seguir:
Matriz C
E como resolvemos o sistema? Por meio da multiplicação da matriz inversa
Matriz
A pergunta que podemos nos fazer neste momento é: vale a pena utilizar a
interpolação por cubic spline, dado que é um processo muito mais complexo
do que a interpolação exponencial flat forward? Depende. Vamos comparar as
interpolações por cubic spline e flat forward com os dados do nosso exemplo:
Para referência, a Tabela 5.3 traz os dados interpolados do exemplo:
Tabela 5.3 – Comparação da interpolação via cubic spline e flat forward exponencial
t (anos) Cubic spline Flat forward Vértices
1,0 14,0000% 14,0000% 14,00%
1,1 14,1619% 14,1812%
1,2 14,3200% 14,3324%
1,3 14,4706% 14,4605%
1,4 14,6100% 14,5704%
1,5 14,7344% 14,6657%
1,6 14,8400% 14,7492%
1,7 14,9231% 14,8229%
1,8 14,9800% 14,8885%
1,9 15,0069% 14,9472%
2,0 15,0000% 15,0000% 15,00%
2,1 14,9569% 14,7845%
2,2 14,8800% 14,5890%
2,3 14,7731% 14,4107%
2,4 14,6400% 14,2475%
2,5 14,4844% 14,0976%
2,6 14,3100% 13,9594%
2,7 14,1206% 13,8316%
t (anos) Cubic spline Flat forward Vértices
2,8 13,9200% 13,7131%
2,9 13,7119% 13,6028%
3,0 13,5000% 13,5000% 13,50%
Fonte: Elaborada pelos autores.
Graficamente, temos:
Gráfico 5.2 – Comparação da interpolação via cubic spline e flat forward exponencial
14,00%
15,00%
13,50%
Como pode ser visto da equação, fixado o parâmetro , todos os termos que
acompanham os regressores podem ser calculados para uma determinada
data.
utilizando o parâmetro :
(5.8)
(5.9)
(5.11)
Resumo
Este capítulo mostra os cálculos para as diferentes formas de interpolações de taxas de juros. A
interpolação é um processo que permite estimar uma taxa de juros não observada.
(6.1)
(6.2)
Onde:
(6.3)
Com:
para e para .
Onde:
: preço da NTN-F
a. s.
As NTN-Fs são negociadas no mercado financeiro por uma taxa interna de
(6.4)
(6.5)
Onde:
= taxa Selic é uma taxa ao ano, base 252 dias úteis, calculada pelo
Bacen, representando a média das taxas de mercado das operações de
empréstimo de 1 dia útil, entre instituições financeiras, as chamadas
operações overnight, garantidas por títulos públicos federais. Tais operações
são conhecidas no mercado internacional como operações repurchase
agreement15 ou, simplesmente, operações repo. No Brasil, essas operações
também são chamadas de compromissadas.
n = número de dias úteis entre a data de emissão e o dia do vencimento
6.1.4 Nota do tesouro nacional série b (NTN-B)
Características principais:
• Título escritural, nominativo e negociável;
• Pós-fixado com valor de face atualizado pela variação do IPCA;
• Paga juros semestrais sobre o valor nominal atualizado, em geral 6% a.
a.;
• A taxa de juros de negociação, chamada de taxa de cupom de IPCA é
uma taxa efetiva, exponencial e com base em 252 dias por ano.
Preço de mercado:
(6.6)
Com:
para e para .
Onde:
a. s.
(6.7)
Na prática, o mercado negocia o título pela TIR. Para precificar esse título por
meio de taxas spot, é necessário o bootstrap, que abordaremos adiante.
Assumindo a condição de não arbitragem, o preço do papel calculado pela TIR
deve ser o mesmo do que o preço calculado por taxas spot de cupom de
IPCA.
6.1.5 Nota do tesouro nacional série c (NTN-C)
Características principais:
• Título escritural, nominativo e negociável;
• Pós-fixado com valor de face atualizado pela variação do IGP-M;
• Paga juros semestrais sobre o valor nominal atualizado, normalmente de
6% a. a.18;
• A taxa de mercado de negociação, conhecida como taxa de cupom de
IGPM, é uma taxa efetiva, exponencial e com base em 252 dias por ano.
Preço de mercado:
(6.8)
para e para .
Onde:
(6.9)
(6.10)
Com:
para e para .
Onde:
(6.11)
6.2 Precificação
Como já mencionado anteriormente, a precificação de títulos de renda fixa é
realizada por meio do desconto de seu fluxo de caixa esperado pelas taxas de
juros vigentes na economia (ETTJ ou curva de juros, no jargão do mercado).
As equações anteriores, que foram introduzidas com menção ao preço de
mercado, são, na verdade, equações de não arbitragem22.
Vamos explorar o conceito por meio de exemplos práticos.
6.2.1 Exemplo: precificação de uma NTN-F
Considere uma NTN-F com o seguinte cronograma de vencimentos:
Figura 6.1 – Fluxos de caixa de uma NTN-F
valores de , , e .
c) Com base na resposta da alternativa b) e na curva de juros, qual o
preço máximo que você pagaria por esse papel?
d) Qual a TIR correspondente?
Solução
a) Como visto anteriormente, a NTN-F paga cupons de juros semestrais, com
taxa anual de juros de 10%.
Fazendo a conversão das taxas semestrais para anuais:
Assim:
Então:
a. s.
b) Para um valor de face de R$ 1000, os cupons de juros serão dados por
, e o fluxo de caixa no vencimento será de
.
c) O preço de mercado teórico será obtido pelo fluxo de caixa descontado do
papel:
Quando ,
Essa equação não tem solução analítica. Para resolvê-la temos de usar o
Solver do MS Excel, formatando o problema na planilha.
Tabela 6.2 – Cálculo do preço da NTN-F pela TIR
Dias úteis Fluxo de caixa ETTJ VP ETTJ VP TIR
75 48,81 14,50% 46,88 46,71
y 15,95%
f(y) 0,00
a. s.
b)
Figura 6.2 – Fluxograma real NTN-B 2020 considerando os feriados previstos em
18/10/2017
Quando
Aplicando a equação aos dados do enunciado, teremos:
Resumo
Este capítulo apresenta os diferentes títulos públicos no mercado brasileiro, assim como as formas
de precificá-los.
14 As LFTs são negociadas no mercado financeiro pela taxa de ágio ou deságio. Esse ágio ou deságio
representa a remuneração acima ou abaixo da taxa Selic a ser recebida por um investidor que fique
com o papel até o vencimento. Assim, por exemplo, uma LFT com vencimento em 530 dias, negociada
a uma taxa de 0,10% a. a. vai render ao investidor uma remuneração igual à taxa Selic média dos
próximos 530 dias mais 0,10% a. a., aproximadamente.
15 As operações compromissadas são realizadas pelo Bacen de modo a fazer um ajuste fino da política
monetária, ou seja, garantir que a taxa Selic gravite ao redor da meta Selic ao longo do dia por meio de
captações ou empréstimos realizados junto às instituições financeiras.
16 Esse papel é negociado em mercado com uma taxa interna de retorno y acima da variação
acumulada do IPCA, taxa essa de juros conhecida como cupom de IPCA. A correção do valor principal
das NTN-Bs pelo IPCA dá-se sempre no dia 15 de cada mês. Nas datas intermediárias faz-se uma
correção pró-rata com base em um consenso de IPCA divulgado.
17 A estimativa usada pelo mercado é a da Anbima.
18 A exceção é a NTN-C, que vence em 1º de janeiro de 2031, que tem a taxa de juros semestrais
definida em 12% a. a.
19 Esse papel é negociado em mercado com uma taxa interna de retorno y, acima da variação
acumulada do IGPM, taxa essa de juros conhecida como cupom de IGPM. A correção do valor principal
das NTN-Cs pelo IGPM dá-se sempre no dia 1 de cada mês. Nas datas intermediárias faz-se uma
correção pró-rata com base em um consenso de IGPM divulgado pela Anbima. O resgate das NTN-Cs
ocorre no primeiro dia útil do mês de seu vencimento.
20 A estimativa usada pelo Mercado é a da Anbima.
21 Esse papel é negociado em mercado com uma taxa interna de retorno y, nominal, com capitalização
semestral, acima da variação cambial, taxa essa de juros conhecida como cupom cambial ou cupom de
dólar.
22 Pela teoria de não arbitragem, o valor futuro de um instrumento financeiro que oferece o mesmo risco
que outro tem de ser igual ao valor futuro desse outro, independente dos indexadores de ambos.
Exercícios propostos
216 8,60%
342 8,71%
468 9,02%
594 9,37%
720 9,70%
Preço:
15/8/2018 206
15/2/2019 332
15/8/2019 456
15/2/2020 585
15/8/2020 709
15/2/2021 834
15/8/2021 959
15/2/2022 1.086
15/8/2022 1.210
Responda:
a. Esboce o fluxo de caixa desse papel no tempo.
b. Dado que o IPCA acumulado até essa data mais o pró-rata da inflação
esperada é 3,01309 (301,309% no período, desde a data de referência
definida pelo Tesouro, 15/7/2000), calcule a TIR desse papel.
Capítulo 7
Precificação de títulos de dívida externa brasileira
7.1 Definição
Apesar de todos os títulos públicos federais serem soberanos na
acepção da palavra, que se refere ao fato de ser uma república ou
estado nacional que os está emitindo, o jargão título soberano
consagrou-se como sendo aplicado aos títulos de dívida externa.
Os títulos de dívida externa são aqueles emitidos e liquidados em
moeda estrangeira fora do país. No Capítulo 6, introduzimos de um
título indexado à moeda estrangeira (NTN-D), porém liquidado no
Brasil, em reais.
Essa diferença é crucial, uma vez que pode existir uma situação em
que a moeda estrangeira tenha cotação, mas seja inacessível
naquela localidade, naquele momento.
Isso não acontece com os títulos de dívida externa, que têm de ser
liquidados fora do país, com a moeda constante de sua escritura23.
Na hipótese de o país não possuir essa divisa em quantidade
suficiente, um evento de inadimplência estará caracterizado.
7.2 Global bonds
Nos anos 1990, o Brasil e outros países em desenvolvimento foram
forçados a reestruturar suas dívidas externas. O plano Brady24 foi a
estratégia formal utilizada por esses países para executar a troca de
dívida antiga, inadimplida, por títulos novos.
Os países que aderiram ao plano foram, na ordem, Argentina,
Brasil, Bulgária, Costa Rica, República Dominicana, Equador,
México, Marrocos, Nigéria, Filipinas, Polônia e Uruguai.
Os papéis Par Bond, Discount Bond, Front Loaded Interest
Reduction Bond (FLIRB), Front Loaded Interest Reduction Bond with
Capitalization (C-Bond), Debt Conversion Bond, New Money Bond e
Eligible Interest Bond foram emitidos na época, em abril de 1994.
Posteriormente, foram substituídos pelos Globals, que permanecem
até hoje.
Os globals são títulos com características bem semelhantes com o padrão
observado em títulos emitidos pelos países desenvolvidos. São denominados,
principalmente, em dólares, podendo ser também denominados em euros e
reais. Seguem o padrão americano de amortização com frequência semestral
de pagamento de juros.
7.3 Precificação de global bonds
A precificação de global bonds segue o mesmo fundamento
observado na precificação de títulos domésticos, com algumas
diferenças importantes. As principais são a contagem de dias e a
apregoação pelo preço limpo.
No caso dos títulos emitidos internamente, a contagem de dias,
como já visto anteriormente, é feita em anos de 252 dias úteis
(DU/252), enquanto a contagem de dias para títulos emitidos
externamente é feita pela convenção (30/360).
7.3.1 Apropriação de juros
Para os títulos da dívida externa brasileira, a apropriação de juros é
realizada na forma linear. Assim, a curva do papel cresce até o dia
anterior à data de pagamento do cupom.
7.3.2 Preço limpo
No Brasil, os títulos são negociados pela taxa interna de retorno. Já
os títulos emitidos fora do país são negociados pelo preço limpo. O
preço limpo é igual ao preço do título (também chamado de “sujo”)
descontado dos juros apropriados em percentual do valor de face. A
razão disso é que por meio desse desconto é possível avaliar
exatamente tanto a qualidade de crédito do emissor quanto o nível
das taxas de juros, sem o ruído dos pagamentos intermediários de
cupom e de amortizações.
O título é apregoado pelo preço limpo, mas é liquidado pelo preço
com juros, logo, o detentor do título recebe a remuneração por ter
carregado o papel até aquela data intermediária.
Assim, o preço em moeda estrangeira (USD é a mais comum) de
um global é relacionado com sua taxa interna de retorno por meio
da seguinte equação:
(7.1)
A Equação 7.1 mostra o cálculo do preço de um global em função
da yield to maturity.
Com:
para e para .
Onde:
(7.2)
Onde:
Spread sobre US
419,6 pbs 248,4 pbs
Treasury
7/4/2018 3 265
7/10/2018 3 445
7/4/2019 3 625
7/10/2019 3 805
7/4/2020 3 985
7/10/2020 3 1165
7/4/2021 3 1345
7/10/2021 3 1525
7/4/2022 3 1705
7/10/2022 3 1885
7/4/2023 3 2065
7/10/2023 3 2245
7/4/2024 3 2425
7/10/2024 3 2605
7/4/2025 3 2785
7/10/2025 3 2965
Preço 108,27833
f(y) 0,00000
Resumo
Este capítulo apresenta alguns dos títulos da dívida externa brasileira, assim como as
formas de precificá-los.
Sendo que é a taxa DI Over divulgada pela Cetip, uma taxa média expressa
ao ano, com base 252 dias úteis, das operações de DI de 1 dia útil.
Uma vez calculadas as taxas diárias, precisamos acumulá-las por meio do seu
produtório:
(8.2)
(8.3)
Sendo que:
spread: é uma taxa prefixada, expressa ao ano, adicionada à correção do DI
dut: prazo total da aplicação em número de dias úteis até a data de resgate ou
vencimento
Data
Dia 0
12,87% 1,00000000 (não há correção do “dia 0” ao “dia 0”)
Dia 1 12,87%
Dia 2
12,87%
Dia 3
12,86%
Neste exemplo, .
Agora que calculamos o Fator DI, precisamos calcular o Fator de Spread, e
depois acumulá-lo para cada data:
Tabela 8.2 – Exemplo de cálculo do valor bruto corrigido
Fator DIk Fator de Spreadk Fator Correçãok Valor Bruto
Data
Corrigido
1,00000000
Dia 0 (não há
1,00000000 (não há correção 1,00000000 (não há correção do “dia 0” ao
correção do 10.000.000,00
do “dia 0” ao “dia 0”) “dia 0”)
“dia 0” ao
“dia 0”)
Dia 1
1,00048054 10.005.591,60
Dia 2
1,00096131 10.011.186,30
Dia 3
1,00144231 10.016.784,20
Dia 0
1,00000000 (não há correção do “dia 0” ao “dia
12,87%
0”)
Dia 1
12,87%
Dia 2
12,87%
Dia 3
12,86%
Dia 2
1,00098054 1,00000000 10.009.805,40
Dia 3
1,00147117 1,00000000 10.014.711,70
Sendo que:
• Emissão é a data de emissão da debênture;
• Data é a data na qual estamos marcando a mercado a debênture, neste
exemplo, estamos calculando qual o seu preço de mercado em 17 de
agosto de 2018;
• VNA é o valor nominal atualizado do papel, ou seja, é o valor nominal da
emissão (VNE) descontadas as amortizações, se houver;
• PU Par é o valor nominal de emissão da debênture, descontadas as
amortizações, acrescido da remuneração acumulada desde o último evento
de pagamentos de juros até a data de referência pelos parâmetros
contratuais da emissão. Aqui, assumimos esse valor como input do nosso
exemplo;
(8.6)
(8.7)
Sendo que:
é definida pela Anbima como os juros prefixados, base 252 dias úteis,
para cada data de evento. Essa taxa é obtida a partir das taxas de ajuste dos
contratos de DI futuro com vencimentos em aberto, divulgadas, diariamente,
pela BM&FBovespa, e, quando necessário, é interpolada exponencialmente via
flat forward para as respectivas datas de pagamentos
p: refere-se ao percentual do DI, conforme definido contratualmente na emissão
da debênture
(8.8)
Desta forma, podemos completar a Tabela 8.5 e verificar que o valor de mercado
desta debênture é R$ 3.355.553,02:
Tabela 8.6 – Debênture CSNA15: cálculo dos valores presentes dos fluxos de caixa
Fator de desconto
Data fluxo Tipo do fluxo Termo Fluxo de caixa Valor Presente do fluxo
(FatD)
22-10-18 J 1,0122023 59.220,41 0,9878151 58.498,81
21-7-19 J 1,0187186 62.520,26 0,9694695 60.611,49
22-4-19 J 1,0218431 72.955,80 0,9485241 69.200,34
22-7-19 J 1,0244334 81.607,45 0,9256592 75.540,69
22-7-19 A 1,0244334 3.330.000,00 0,9256592 3.082.445,10
22-7-19 V 1,0244334 10.000,00 0,9256592 9.256,59
Σ= 3.355.553,02
Fonte: B3.
Verificamos que o PU da operação está de acordo com o que calculamos em
planilha.
8.3.3 Exemplo: marcação a mercado de uma debênture do tipo DI + spread
Agora, mostraremos como marcar a mercado a debênture GASP13. A seguir,
algumas das características deste papel:
Figura 8.3 – Debênture GASP13: resumo das características
Fonte: Anbima.
A partir das informações da Figura 8.3 e do fato de que estamos precificando
esta debênture em 17 de agosto de 2018, podemos resumir os dados pela
seguinte tabela:
Emissão: 15/9/2013
Data: 17/8/2018
VNE: 1.000,00
VNA: 666,70
PU Par: 687,30
DI + 0,90%
Taxa de Mercado (DI +): 0,4104%
Sendo que:
• Emissão é a data de emissão da debênture;
• Data é a data na qual estamos marcando a mercado a debênture neste
exemplo, estamos calculando qual o seu preço de mercado em 17 de
agosto de 2018;
• VNA é o valor nominal atualizado do papel, ou seja, é o valor nominal da
emissão (VNE) descontadas as amortizações, caso houver;
• PU Par é o valor nominal de emissão da debênture, descontadas as
amortizações, acrescido da remuneração acumulada desde o último evento
de pagamentos de juros até a data de referência. Aqui, assumimos esse
valor como input do nosso exemplo;
• DI + refere-se ao spread adicionado à taxa DI pelo qual o detentor desta
debênture será remunerado, definido, contratualmente, na emissão do
papel;
• Taxa de mercado refere-se à taxa atual de mercado do spread da taxa DI.
A seguir, o cronograma das próximas amortizações:
Data de pagamento Percentual do valor nominal unitário atualizado a ser amortizado
17 de setembro de 2018 33,33%
16 de setembro de 2019 100,00%
Sendo que a taxa a Termo do j-ésimo período é calculada pela seguinte fórmula
para as debêntures indexadas ao DI:
(8.10)
Sendo que:
(8.11)
Σ= 689,14
Fonte: B3.
Observamos que o preço que calculamos está de acordo com o da calculadora
demonstrada na Figura 8.4.
8.3.4 Exemplo: marcação a mercado de uma debênture do IPCA + spread
Mostraremos como marcar a mercado a debênture AGRU11. A seguir, algumas
das características deste papel:
Figura 8.5 – Debênture AGRU11: resumo das características
Fonte: Anbima.
Mesmo com as informações anteriores, precisamos ler a escritura de emissão,
que precisa os cálculos da rentabilidade da debênture, assim como seu
cronograma de amortizações. A seguir, um resumo das características deste
papel que serão importantes na sua marcação a mercado. Vamos assumir que
estamos em 17 de agosto de 2018:
Emissão: 15/2/2014
Data: 17/8/2018
Último pagamento: 15/3/2018
VNA: 1.190,650301
7,86% a. a.
IPCA +
Taxa de mercado: 9,218% a. a.
Sendo que:
• Emissão é a data de emissão da debênture;
• Data é a data na qual estamos marcando a mercado a debênture neste
exemplo, estamos calculando qual o seu preço de mercado em 17 de
agosto de 2018;
• Último pagamento é a data na qual ocorreu o último pagamento de fluxo de
caixa, seja juros ou amortização;
• VNA é o valor nominal atualizado do papel, ou seja, é o valor nominal da
emissão (VNE) atualizado pelas amortizações;
• IPCA + é o cupom de juros contratual que a debênture paga além da
variação do IPCA. É análogo ao cupom de juros da NTN-B, só que nesta
debênture os fluxos de caixa são anuais, e não semestrais;
• Taxa de mercado é o cupom de IPCA cotado pelo mercado em 17 de
agosto de 2018. Assumimos essa taxa como input no modelo de marcação
a mercado, já que é publicamente divulgada.
A tabela a seguir mostra o cronograma de amortizações remanescentes,
resumido da escritura de emissão:
Data de pagamento Percentual do valor nominal unitário atualizado a ser amortizado
15 de março de 2019 8,00%
15 de março de 2020 10,00%
15 de março de 2021 12,00%
15 de março de 2022 15,00%
15 de março de 2023 15,00%
15 de março de 2024 15,00%
15 de março de 2025 100,00%
(8.13)
Fator de juros
Sendo que a Taxa é de 7,86%, definida na escritura de emissão e dp é o número
de dias úteis entre a data de emissão ou a data de pagamento de juros
remuneratórios imediatamente anterior à data que estamos precificando o papel.
O fluxo de caixa referente às amortizações é calculado conforme a Equação
8.14:
(8.14)
1.190,650301
- 95,252024
15/3/2019 A 250 8%
=
1.095,398277
1.095,398277
16/3/2020 A 253 10% - 109,539828
= 985,858449
985,858449 -
15/3/2021 A 249 12% 118,303014 =
867,555435
867,555435 -
15/3/2022 A 252 15% 130,133315 =
737,422120
737,422120 -
15/3/2023 A 252 15% 110,613318 =
626,808802
626,808802 -
15/3/2024 A 250 15% 94,021320 =
532,787482
532,787482 -
17/3/2025 V 253 100% 532,787482 =
0,000000
Σ= 1.173,12
Fonte: Anbima.
O preço marcado a mercado aparece na Figura 8.7, na coluna PU, R$
1.173,120598.
Nos cálculos das debêntures deste capítulo, optamos por calcular até a segunda
casa decimal, sem nos preocuparmos com as regras de arredondamento
definidas na Deliberação Nº 3 do Conselho de Regulação e Melhores Práticas
de Mercado Aberto.
Apresentamos nesta seção de debênture os três tipos mais comuns no mercado
brasileiro na modalidade plain vanilla (sem opções embutidas).
Resumo
Este capítulo mostra como calcular a correção de investimentos indexados à taxa DI, assim como a
demonstração dos cálculos de marcação a mercado dos tipos de debêntures mais comuns no Brasil.
(9.2)
841,68
841,63 PL (quotas)
Vamos supor que em vez de cair a taxa para dois anos aumente 1 p.
p.29 ao longo do dia. O novo preço do papel será:
826,45
841,63 PL (quotas)
-15,18 Resultado
Ou seja, o prejuízo vai ter de refletir nas quotas dos clientes no dia
seguinte. Esse processo é chamado de marcação a mercado e
garante que os quotistas tenham o valor do seu patrimônio avaliado,
diariamente, em função do valor corrente dos ativos que compõem a
carteira do fundo.
Esse risco de oscilação no valor dos títulos de renda fixa é chamado
de risco pré estará presente em papéis prefixados ou com algum
componente prefixado.
9.2 Spreads de crédito/liquidez
Os emissores de títulos podem ser empresas e governos (federais,
estaduais e municipais). Cada qual com seu nível de risco de crédito
percebido pelos agentes. Se assumirmos uma referência para o
melhor risco de crédito, veremos que é possível observar que
quanto maior o risco de crédito percebido, menor a classificação de
crédito do emissor30 e maior a diferença entre a remuneração que
papéis emitidos por cada um desses emissores oferecem em
relação ao emissor de referência.
9.3 G-Spread
O tipo de spread mais comum é o G-Spread, ou seja, a diferença
simples entre a taxa de retorno do título em questão e o título de
referência.
O SoT (Spread over Treasury) é um G-Spread. Serve como uma
referência para se avaliar o comportamento do risco de crédito de
um determinado emissor, dado que separa a taxa de retorno do
papel em duas parcelas, a taxa de retorno da referência e um
prêmio de risco.
No caso do SoT, a relação para um título brasileiro é:
(9.3)
(9.4)
Onde:
uma função :
(9.5)
Quando , Z-Spread
9.4.1 Exemplo: cálculo do Z-Spread
Calcular o Z-Spread para uma NTN-F de vencimento 1/1/2027 em
21/9/2016 por R$ 902,198975.
A seguir, as ETTJs da B3 (referência) e da NTN-F resultante do
cálculo do Z-Spread:
Gráfico 9.1 – Z-Spread NTN-F
Fonte: Elaborado pelos autores.
A seguir, a estrutura em MS Excel necessária para o cálculo, com os
valores dos fluxos de caixa ao longo do tempo, a ETTJ da B3 no
momento da aquisição e os prazos.
Tabela 9.1 – Cálculo dos Valores Presentes dos fluxos de caixa
Datas Dias úteis Cupom de juros ETTJ B3 Valor Presente
2/1/2017 70 48,809 13,87% 47,07
3/7/2017 194 48,809 13,05% 44,4
2/1/2018 319 48,809 12,36% 42,09
2/7/2018 443 48,809 12,02% 39,95
2/1/2019 569 48,809 11,87% 37,85
1/7/2019 692 48,809 11,82% 35,87
2/1/2020 822 48,809 11,82% 33,86
1/7/2020 945 48,809 11,85% 32,02
4/1/2021 1073 48,809 11,87% 30,22
1/7/2021 1196 48,809 11,92% 28,55
3/1/2022 1324 48,809 11,97% 26,89
1/7/2022 1448 48,809 12,02% 25,37
2/1/2023 1575 48,809 12,05% 23,91
3/7/2023 1699 48,809 12,07% 22,57
2/1/2024 1824 48,809 12,09% 21,3
1/7/2024 1948 48,809 12,12% 20,1
2/1/2025 2078 48,809 12,13% 18,92
1/7/2025 2200 48,809 12,14% 17,88
Datas Dias úteis Cupom de juros ETTJ B3 Valor Presente
2/1/2026 2331 48,809 12,17% 16,81
1/7/2026 2453 48,809 12,20% 15,86
4/1/2027 2581 1,048,800 12,22% 320,71
Preço 902,199
Meta 902,199
f(z) 0
z (%a. a.) 0,0411%
Fonte: Elaborada pelos autores.
O spread da NTN-F, atualmente, é pequeno em relação à curva de
referência, porém é possível tomar títulos corporativos em que essa
diferença será mais pronunciada.
Resumo
Este capítulo traz uma introdução aos riscos de títulos de renda fixa.
29 Oscilações dessa ordem de grandeza são raras durante o dia, mas podem ocorrer. Esse
valor exacerbado foi usado para fins didáticos.
30 A classificação de crédito de um emissor é feita por agências especializadas que, por
meio da análise de vários aspectos quantitativos e qualitativos dos emissores, atribui a
eles notas de crédito. As três agências mais famosas são Fitch, Standard e Poor’s and
Moody’s.
31 Mais adiante, mostraremos que maior prazo em renda fixa significa maior risco de
oscilação de preços e que a melhor definição de prazo para esse fim não é o vencimento
do papel.
Capítulo 10
O cálculo do spread de crédito
(10.2)
Onde:
(10.3)
Solução
a) O valor de resgate é o principal mais os juros acumulados ao
longo do contrato:
Resumo
Este capítulo demonstra os cálculos dos spreads de crédito.
Capítulo 11
Arbitragem entre instrumentos de renda fixa
(11.1)
• CDB DI:
(11.2)
(11.3)
• CDB IPCA:
(11.4)
(11.5)
, ou seja, para o caminho das taxas CDI (note que aqui ela
está em taxa diária) é a própria taxa pré da curva B3 para aquele
vencimento.
Continuando:
(11.6)
(11.7)
Desenvolvendo:
Desenvolvendo, teremos:
Ou seja:
(11.11)
Desenvolvendo:
(11.12)
Onde:
b)
Taxa pré B3 15%
Taxa diária B3 0,055%
Taxa pré banco 16%
Taxa diária banco 0,059%
Percentual do DI 106,20%
c) Se você acredita que a taxa de juros para aquele prazo vai cair
(“fechar”), o melhor a fazer é adquirir o instrumento prefixado, porque o
ganho será maior do que aquele obtido no acumulado das taxas diárias
overnight (CDI).
d) O valor das taxas equivalentes entre CDBs e LCIs pode ser calculado
fazendo as taxas líquidas esperadas iguais para os dois investimentos e
alterando a taxa pré da LCI na planilha a seguir:
CDB LCI
Valor aplicado 1.000.000 1.000.000
Dias úteis 508 508
Taxa pré 16% a. a. 13,75%
Taxa pré B3 15% 15%
Taxa diária 0,055% 0,051%
CDB LCI
Taxa diária B3 0,055% 0,055%
Percentual do DI 106,20% 92,15%
Valor Futuro bruto 1.348.774 1.296.458
Alíquota IR 15% 0%
Ganho bruto 348.774 296.458
IR 52.316 0,00
Valor Futuro líquido 1.296.548 1.296.458
Ganho líquido 296.458 296.458
Resumo
Este capítulo introduz o conceito de arbitragem entre instrumentos de renda fixa.
32 É ex-ante porque você não sabe quanto é antes do término do período. É por isso que estamos
utilizando o conceito de valor esperado ou esperança matemática para as variáveis aleatórias.
Capítulo 12
Duration e convexidade
Derivando em relação à y:
(12.1)
(12.2)
para e para
a. a.
As parcelas resultantes do desconto pela TIR também são
necessárias (vide modelagem):
ao redor de .
(12.3)
E, finalmente:
(12.5)
Assim:
Resumo
Este capítulo define e demonstra como calcular as medidas de sensibilidade às
oscilações de taxas de juros dos instrumentos de renda fixa.
Exercícios propostos
Calcular:
a. Valor Presente.
b. TIR.
c. Duration de Macaulay.
d. Duration modificada.
e. Convexidade.
f. Aproximação de 1.ª ordem para a perda na carteira se a TIR aumentar 1 p.
p.
e. Aproximação de 2.ª ordem para a perda na carteira se a TIR aumentar 1 p.
p.
2. Supondo um título com as seguintes características:
•cupons semestrais de juros com taxa de cupom r ao semestre
•com n semestres de prazo
•taxa interna de retorno y
E outro título com o mesmo prazo de vencimento e taxa de retorno, porém
sem pagamento de cupons.
a. Qual a razão entre a duration modificada desses títulos?
b. Supondo que o título sem cupom vença em um prazo m, qual deve ser o
valor da TIR desse segundo título para que a duration modificada dos dois
seja a mesma?
Capítulo 13
Derivativos de taxas de juros: futuros
(13.1)
Onde:
DI PRÉ
PRÉ DI
(13.2)
Onde:
q: quantidade de contratos, expressos na ótica de PU (e não de taxa)
Desenvolvendo:
Caso ocorresse a taxa média de 11.14% a. a. relativa aos 195 dias úteis
do contrato, então quem tivesse comprado ou vendido por 92.152 não
pagaria/ receberia nada.
Como a taxa que prevaleceu no mercado foi diferente, então ocorreram
ajustes refletindo pagamentos e recebimentos dos agentes.
Supondo que a taxa média tenha ficado acima de 11.14 % a. a., por
exemplo, em 13% a. a.:
Perda do vendido (= - ganho do comprado)
Supondo que a taxa média tivesse ficado abaixo de 11.14% a. a., por
exemplo, em 10% a. a.:
Ganho do vendido (= - compra do comprado)
13.3.3 Exemplo: cálculo do ajuste diário do DI futuro (2)
Preencha a tabela a seguir com os dados diários de uma posição
comprada (em taxa) de 50 contratos de DI de 1 dia com vencimento em
195 dias úteis:
Data Taxa pré Dias úteis PU MtM DI Ajuste P&L acumulado
0 11,14% 10,70%
1 11,23% 10,69%
2 11,07% 10,72%
3 11,45% 10,68%
Solução
Data Taxa pré Dias úteis PU MtM DI Ajuste P&L acumulado
0 11,14% 195 92.152 - 4.607.603 10,70% 0 0
1 11,23% 194 92.133 - 4.606.663 10,69% 2.799 2.799
2 11,07% 193 92.274 - 4.613.693 10,72% -5.173 -2.373
3 11,45% 192 92.072 - 4.603.620 10,68% 11.937 9.564
Equações utilizadas:
(13.3)
Onde:
Onde:
C: taxa de cupom cambial
(13.6)
Onde:
(13.7)
(13.8)
(13.9)
b)
c)
d)
Resumo
Este capítulo apresenta os principais futuros do mercado brasileiro de renda fixa.
(14.1)
Onde:
i: taxa prefixada
α: percentual do CDI
(14.2)
(14.4)
(14.5)
Onde:
(14.6)
Ou seja, um swap pré x USD tem o mesmo nível de risco, exposição e fluxo
de caixa de um USD futuro. Na realidade, esse contrato tem o nome de NDF,
non deliverable forward, que é um USD futuro transacionado no balcão.
14.2.5 O swap dólar x DI
USD x DI: recebe (paga) variação cambial mais cupom cambial e recebe
(paga) o acumulado das taxas DI na outra.
(14.7)
14.2.6 O swap em percentual do DI
Quando um agente quer proteger um ativo ou passivo que apresenta um
spread em relação às taxas básicas prefixadas de juros (curvas da B3), as
taxas de swap não serão iguais às vigentes naquele momento.
Como as taxas devem ser arbitradas, se o ativo do cliente tem um spread em
relação ao mercado de juros, o banco vai oferecer um swap que anule o efeito
desse spread.
Pelo conceito de não arbitragem, o valor inicial desse swap (a menos do lucro
do banco) deve ser igual a zero.
Assim, se existe um spread de crédito no título emitido ou adquirido por um
dado emissor, as duas pontas devem sair arbitradas e com uma referência
diferente dos 100% do DI.
Se o cliente quer uma das pontas em percentual do DI e a outra ponta
apresenta um spread em relação ao mercado, surge o swap em percentual do
DI.
Algebricamente:
(14.8)
Onde:
a. a.
Balanço a mercado
-140.640 P&L
b)
Para acabar com o risco da operação, basta fechar outro swap com as pontas
trocadas e as taxas de mercado. Esse expediente trava também o imposto de
renda, que só será recolhido na data de vencimento.
14.2.9 Exemplo: cálculo de uma Non-Deliverable Forward (NDF)
Qual o valor de um NDF para 452 dias corridos e 310 dias úteis se a taxa pré
para esse prazo é 11,60% a. a., o cupom cambial é 1,45% a. a. e a taxa de
câmbio instantânea é R$ 2,2621/USD? Esse cupom é limpo ou é sujo? Qual o
valor do cupom sujo se a taxa de câmbio do dia anterior fechou em R$
2,30/USD?
Solução
(14.9)
Ou
(14.10)
Substituindo:
(14.12)
No nosso exemplo, o fator será acumulado até o 12.º período, pois temos 12
trimestres.
Com os fatores de capitalização acumulados, podemos calcular os fatores de
desconto ou discount factors, conforme a seguir:
(14.13)
(14.14)
Para calcular o net present value (NPV), basta somar os valores presentes
dos fluxos de caixa prefixados e indexados à Libor.
Vimos que a taxa calculada da taxa da ponta fixed é 1,9389% (“Coupon”). E
como chegamos a esta cotação? No MS Excel, chegaríamos a essa taxa por
meio da ferramenta “atingir meta”, fazendo com que o NPV do swap seja
zero.
14.3.5 O swap de Libor depois da crise de crédito de 2007/2008
Conforme mencionamos, a taxa Libor, além de popular indexadora de uma
das pontas dos swaps de taxas de juros internacionais, interest rate swaps,
era considerada uma taxa muito próxima de ser a livre de risco, sendo usada
para calcular os valores presentes dos fluxos de caixa do swap. A figura a
seguir mostra que essa premissa foi abalada durante a crise de 2007 e 2008:
Figura 14.6 – Libor-OIS Spread
34 O cupom de IPCA aqui é o jargão de mercado para o juro real de mercado vigente nesse momento.
Capítulo 15
Bootstrapping
15.1 Definição
Bootstrapping é o procedimento que permite obter uma curva de
juros spot a partir de instrumentos financeiros que contêm
pagamentos de juros periódicos. Como vimos anteriormente, esses
instrumentos financeiros são cotados por uma TIR ou YTM:
Logo, :
Figura 15.3 –Taxa spot (prazo = 1 ano)
Logo, :
Figura 15.5 – Taxa spot (prazo = 1,5 ano)
Fonte: Anbima.
Para entendermos a mecânica do bootstrapping neste caso real,
basta focarmos somente nas três primeiras NTN-Bs. Podemos
resumir os dados da Anbima conforme a tabela a seguir, ordenada
pelos vencimentos dos títulos:
Tabela 15.5 – Cronograma de vencimentos das NTN-Bs no mercado
secundário
NTN-Bs mercado secundário
Vencimento Dias úteis TIR
15/8/2018 13 3,5128%
15/5/2019 198 3,2000%
15/8/2020 516 4,1400%
... ... ...
Fonte: Elaborada pelos autores.
Ao montarmos os fluxos de caixa das NTN-Bs, constatamos uma
barreira para implementar o bootstrapping. As datas de vencimentos
dos fluxos de caixa das NTN-Bs nem sempre são coincidentes.
O documento “Metodologia para a apuração de curvas de preços e
de spreads teóricos de títulos públicos”, elaborado em 2004, pelo
Departamento Técnico e de Desenvolvimento de Produtos da então
BM&FBovespa aborda esse problema:
Uma exigência do modelo [bootstrapping] a ser aplicado é que para toda data de
pagamento de cupom de um título sempre exista o resgate de um título com
características semelhantes. Este processo é conhecido como encadeamento [...]
a emissão de títulos públicos no Brasil não apresenta um intervalo de datas com
a regularidade que permita a aplicação imediata do modelo [bootstrapping]
(BM&FBOVESPA, 2004).
Logo:
Fonte: Anbima.
Portanto, o IPCA acumulado projetado até “hoje” é 312.807066%.
Aplicando a fórmula genérica de precificação da NTN-B no nosso
exemplo, temos:
Resumo
Este capítulo mostra detalhadamente como utilizar a técnica do bootstrapping para
obter uma curva de juros do tipo spot a partir de instrumentos que pagam cupom de
juros intermediários.
35 No mundo real, não precisaríamos fazer o bootstrapping das NTN-Fs, dado que é
possível construir uma curva spot por meio de outros instrumentos que não pagam cupom
de juros intermediários, ou seja, que já são cotados por uma taxa spot. Porém, as NTN-Fs
são instrumentos muito convenientes para entendermos de forma didática a mecânica do
bootstrapping.
36 Caso o leitor replique os cálculos dos preços das NTN-Bs, é possível que haja pequenas
diferenças nas casas decimais dos valores que estão expressas no livro, dependendo de
como os preços foram arredondados e/ou truncados. Optamos aqui por utilizar as regras de
arredondamento definidas pelo Tesouro, uma vez que estamos utilizando exemplos com
dados reais da Anbima. Caso você tente replicar o cálculo sem utilizar as regras de
“truncamento” e arredondamento do Tesouro, pode esperar pequenas diferenças com os
valores demonstrados no livro.
37 O Tesouro Nacional definiu em R$ 1.000,00 o valor nominal das NTN-Bs em 15/7/2000.
Exercícios propostos
1. Calcule as taxas spot dos prazos de 1 e 1,5 ano a partir das NTN-F fictícias
a seguir:
Título MtM Prazo (anos) TIR Taxa spot
a 1.028,44 0,5 4%
b 1.036,85 1,0 6%
c 1.026,62 1,5 8%
2. Assuma a curva spot de taxas de juros e que uma NTN-F está cotada
conforme a seguir. Você compraria este título? Justifique sua resposta.
Capítulo 16
Imunização e hedge de carteiras de renda fixa
16.1 Definição de imunização
Imunizar uma carteira de renda fixa é torná-la invariante em relação
a variações na taxa de juros.
Vamos supor que a equação a seguir represente a duration
modificada não de um título específico, mas de uma carteira de
renda fixa, com vários recebimentos e, inclusive, captações e
derivativos (contratos futuros de DI e swaps Pré x DI):
(16.1)
Onde:
D: duration modificada (ativa ou passiva)
V: valor presente da carteira (ativa ou passiva)
dy: variação aditiva na TIR (ativa ou passiva)
A Equação 16.3 é uma forma mais geral de imunização para
portfólios de renda fixa. Podemos fazer simplificações.
A primeira, é considerar que a variação paralela na curva de juros é
igual para ativo e passivo. Essa alteração torna a equação anterior
equivalente a:
(16.4)
Utilizando:
a) Um CDB pré vencendo em 478 dias úteis;
b) Um futuro de DI vencendo em 478 dias úteis;
c) Um swap prefixado vencendo em 352 dias úteis;
d) Um CDB prefixado vencendo em 352 dias úteis.
Solução
Os dados para resolver esse exercício já foram apresentados
anteriormente. Propor o hedge é definir o instrumento, o prazo, o
valor, a quantidade etc. Essas características variam conforme o
custo (para swaps e CDBs, por exemplo), liquidez, risco de crédito
de contraparte (para swaps e CDBs) e condições de mercado em
geral.
Para todas as contas, usaremos:
NTN-F 1.027,13
Substituindo os valores:
Assim, contratos
para cada NTN-F.
Como se quer ficar ativo em DI a partir de uma posição prefixada, a
posição nos DIs é comprada (ativo em taxa DI).
Esse exemplo é teórico e não é possível transacionar esse volume
de futuros de DI.
Para o caso de 1.000 NTN-Fs iguais a essa, seriam necessários
14,46 ou 15 contratos de DI.
O balanço a mercado40 para a posição com 1.000 NTN-Fs fica:
NTN-F 1.027.15
Substituindo os valores:
NTN-F 1027,15
NTN-F 1027,15
(B3)
b) Ele está exposto em USD por uma importação, logo, ele tem de
comprar USD futuro ou NDF, de modo a zerar o risco cambial e
“travar” uma taxa de câmbio, o que, na prática, significa prefixar a
exposição.
Como cada NDF corresponde a um lote de USD 50.000, ele precisa
comprar contratos.
c) A compra de NDF corresponde a um swap USD x pré, ativo em
USD e passivo em taxa pré. O nocional do swap é equivalente ao
valor presente da posição em USD futuro.
Assim:
Em reais, na data 0:
Então, temos:
(16.6)
Resumo
Este capítulo mostra como imunizar uma carteira de renda fixa, ou seja, protegê-la das
oscilações de taxas de juros.
38 Não serão discutidas estratégias de hedge neste texto, porém elas podem ser utilizadas
para esse fim, apresentando, muitas vezes, características interessantes para o usuário,
como redução de custos e abrangência em alguns casos.
39 Na verdade, a taxa não será 100% do CDI, será menor, em função do lucro da IF
contraparte dos swaps.
40 Na realidade, os derivativos são operações off-balance (fora do balanço) e a
apresentação descrita é meramente didática. O que se observa na prática são as
oscilações do resultado do portfólio, seja ele um fundo ou uma instituição financeira.
41 A quantidade de swaps para o hedge vai variar de acordo com o número de
vencimentos em questão. Possivelmente, o ganho em eliminar o risco de base do hedge,
nesse caso, é bem maior que o custo que ele acrescenta e provavelmente a solução
adotada seria a da questão 2.
42 Naturalmente, a combinação de uma taxa pré maior que a de mercado com a de um
cupom cambial menor que o de mercado originarão uma taxa de câmbio para o NDF
maior que a de mercado, que equivale ao resultado da instituição financeira.
Capítulo 17
VaR de renda fixa
(17.2)
(17.3)
Que equivale a:
(17.4)
(17.5)
17.3 Resumindo a carteira de renda fixa pelos vértices
O cálculo do VaR paramétrico não é realizado simulando operação por
operação.
Embora os sistemas de computação e as máquinas tenham evoluído muito ao
longo dos últimos anos, permitindo simulações poderosas em curtos espaços
de tempo, a metodologia de VaR demanda a agregação de exposições com
vencimentos superiores a um dia nos chamados vértices. Isso faz-se
necessário porque o cálculo de volatilidades para todos os vencimentos
existentes na carteira seria muito audacioso computacionalmente e não teria
informação adicional, uma vez que, como já visto anteriormente, a informação
a respeito da expectativa dos agentes sobre as taxas de juros está nas taxas
forward, que só se alterarão em função das datas de reunião do Copom.
Além disso, a matriz de fatores de risco apresentaria enorme quantidade de
colunas, deixando o algoritmo de cálculo muito mais complexo.
Os vértices são intervalos de tempo móveis em que se alocam as posições
marcadas a mercado, de acordo com a distância em tempo entre o vencimento
do instrumento e os vértices em si.
Para a taxa pré, os vértices utilizados são os de 1, 21, 42, 63, 84, 126, 252,
504 e 756, 1.008, 1.260 e 2.520 dias úteis e assim por diante, varrendo todo o
mercado de renda fixa que se está mapeando.
O principal algoritmo de distribuição dos valores em vértices é derivado do
conceito de duration.
O raciocínio por trás do mapeamento é criar uma exposição equivalente entre
vértices adjacentes a exposição.
Mas como sintetizar a carteira nos vértices predefinidos anteriormente?
Os valores marcados a mercado são alocados proporcionalmente nos vértices
anteriores e posteriores ao seu prazo. As duas exceções são para os prazos
menores que 21 dias úteis e maiores que 2.520 dias úteis.
Para os instrumentos de prazos inferiores a 21 dias úteis, o valor alocado do
MtM no vértice 21 será feito pela fórmula a seguir:
(17.6)
(17.8)
(17.9)
Assim:
17.4 Estimação das volatilidades
Volatilidade é a medida da variabilidade dos retornos. Essa medida está
associada ao nível de incerteza sobre o comportamento futuro do mercado.
Assim, exposições em mercados mais voláteis acarretam maiores riscos do
que em mercados mais estáveis.
O retorno utilizado em cálculos de risco é o retorno log-normal (geométrico ou
contínuo).
Quando se trata de calculá-lo para moedas ou preços, o cálculo é imediato:
(17.10)
(17.12)
(17.14)
Onde:
ri é o retorno da observação i
r é a média dos retornos
É relevante ressaltar que esse método pondera igualmente todas as
observações passadas, assumindo que todas possuam o mesmo grau de
importância para a estimação da volatilidade.
No entanto, principalmente em momentos de extrema instabilidade ou
estabilidade do mercado financeiro, essa estimativa pode estar subestimando
ou superestimando a volatilidade esperada, pois pondera todos os dados com
o mesmo peso.
17.4.2 Modelo de média móvel exponencial (EWMA)
O modelo de Média Móvel Exponencial é uma generalização do modelo de
Média Móvel em que os dados da série de retornos não são ponderados
uniformemente.
Dessa maneira, esse modelo reage mais rápido às oscilações do mercado do
que o modelo de Média Móvel, dado que confere maior peso às observações
mais recentes do que às mais antigas, ou vice-versa, o que não ocorre no
modelo de desvio padrão, uma vez que todas as observações de retornos têm
o mesmo peso na composição da média que dá a volatilidade.
A fórmula de recursão que é usada para o cálculo da volatilidade é dada a
seguir:
(17.15)
Onde:
ri: retorno da observação i
λ: fator de decaimento exponencial
μ: média dos retornos até o dia t e σt são as volatilidades diárias
O fator de decaimento λ deve ser estimado para cada mercado, sendo
reavaliado de forma a garantir aderência às condições vigentes de mercado.
A metodologia RiskMetrics™ (1996, p. 39) proposta por J. P. Morgan & Co.,
sugere como fator de decaimento para retornos diários 94% e para mensais
97%.
17.4.3 Modelos ARCH/GARCH
Em modelos econométricos convencionais, assume-se que a variância do erro
é constante.
No entanto, em vários casos práticos, as séries temporais apresentam
períodos de alta volatilidade seguidas de período de relativa tranquilidade.
Nessas situações, a hipótese de variância constante – conhecida como
homocedasticidade – é violada.
A sigla ARCH significa vetor autorregressivo com heterocedasticidade
condicional (ARCH), o qual considera a volatilidade variando no tempo e
condicionada às observações passadas:
(17.16)
Sendo:
μt = média dos retornos calculados até o instante
rt-i = é o retorno calculado até o instante
αi = é o coeficiente referente ao instante
p = ordem do processo
Uma das variantes mais conhecidas do modelo ARCH é um modelo mais
flexível denominado GARCH, que significa Generalized ARCH. Neste caso, as
volatilidades condicionais passadas são incorporadas na volatilidade
condicional atual:
(17.17)
Para impedir que a volatilidade assuma valores negativos, devemos respeitar
as restrições:
, , e .
A utilização ou não de um método em detrimento de outro é definida em
função da complexidade computacional existente no cálculo e do tempo
necessário para sua consecução vis-à-vis com os resultados práticos que o
método oferece em termos de refinamento dos resultados.
O interessante é que a volatilidade não seja nem tão superestimada que
acarrete diminuição de posições injustificada nem tão subestimada que
aumente o risco potencial da carteira em demasia.
17.5 A matriz de variância-covariância
O cálculo do VaR pela abordagem paramétrica seria extremamente simplório
se tratasse apenas de um fator de risco, dado que a distribuição de
probabilidade utilizada seria exatamente aquela definida pela normal da série
de retornos do único ativo em questão.
No entanto, as carteiras reais têm maior complexidade em função da grande
quantidade de instrumentos financeiros transacionados simultaneamente.
Os movimentos que os fatores de risco realizam não são sincronizados,
podendo haver depreciação de alguns e apreciação de outros.
O relacionamento linear entre os retornos dos fatores de risco é capturado pela
matriz de correlações.
Dado que, conforme já observado, o retorno de um fator de risco é o logaritmo
natural do quociente entre os preços deste em dois eventos subsequentes, a
correlação entre os retornos de dois fatores de risco é dada por:
(17.18)
(17.19)
(17.20)
a. a.
Como todos os instrumentos do portfólio vencem entre 1 e 2 anos, só é
necessária essa taxa forward para conhecer as taxas spot relativas aos
vencimentos desses.
Para calcular as taxas spot utilizando a taxa forward do trecho em questão,
usamos:
a. a.
DI:
a. a.
CDB-pré:
a. a.
A seguir, os preços teóricos para marcação a mercado:
LTN:
DI:
65 1.000.000,00 14,78%
1 10.000.000,00 15,18%
21 0.000552116 475.923,50
42 0.000552116 0,00
63 0.000552116 934.431,78
126 0.7247 0.84112 0.90424 1 0.90424 0.79379 0.7247 0.675 0.6367 0.52455
252 0.60592 0.7247 0.79379 0.90424 1 0.90424 0.84112 0.79379 0.75601 0.6367
504 0.49805 0.60592 0.675 0.79379 0.90424 1 0.94597 0.90424 0.87008 0.75601
756 0.44556 0.54057 0.60592 0.7247 0.84112 0.94597 1 0.96226 0.93101 0.82399
1.008 0.41455 0.49805 0.55899 0.675 0.79379 0.90424 0.96226 1 0.97098 0.87008
1.260 0.39434 0.46797 0.52455 0.6367 0.75601 0.87008 0.93101 0.97098 1 0.90424
2.520 0.35237 0.39434 0.43357 0.52455 0.6367 0.75601 0.82399 0.87008 0.90424 1
Resolvendo no MS Excel:
Resumo
Este capítulo define o VaR e como calculá-lo para uma carteira de renda fixa prefixada.
43 De forma resumida, o Trading Book é composto por ativos negociáveis, que são marcados a mercado.
A carteira de um banco pode ser composta de ativos classificados no Trading Book ou no Banking Book.
O Banking Book é tipicamente composto de empréstimos e recebíveis que não são negociados no
mercado secundário e não estão no escopo do cálculo do VaR, sendo tipicamente muito mais
vulneráveis ao risco de crédito do que ao de mercado.
44 Pode-se estimar as volatilidades por várias metodologias, como o EWMA e o GARCH.
45 Pode-se estimar as correlações por várias metodologias.
Exercícios propostos
(18.2)
Fonte: Elaborada pelos autores (com base nos números gerados pelo MS Excel).
Denominaremos cada um dos sorteios pela variável , sendo que “j”
indica o j-ésimo ativo e “S” a S-ésima simulação.
Σ= 125.161,01154.927,16873.240,73315.787,95122.715,8155.454,83403.330,481.862,24513.609,91528.900,76
Substituindo:
Resumo
Este capítulo provê a intuição necessária para o cálculo do risco de crédito, focado em carteiras
de renda fixa, assim parte do arcabouço teórico para mensurá-lo.
Onde:
Reescrevendo:
Assim:
Desenvolvendo os termos:
Onde:
i: taxa de juros da ETTJ pré em base anual
ε: choque de 0,01%, de modo a obter o efeito numérico da derivada
Que será forçado a ser igual ao DV01 de um título pré com
vencimento na mesma data.
Resultando em:
Desenvolvendo:
Resumo
Este capítulo trata de produtos da mensuração do risco de mercado de instrumentos
corrigidos por um percentual do DI.
Conclusão
Solução
a. São necessários 10.000.000/50.000 = 200;
b. Compra.
c. Liquidação da importação = 10.000.000 * 3,50 = USD -35.000.000; Ajuste na
BM&F = 200 * (3,50-3,10) * 50.000 = - 4.000.000; Efeito Combinado = USD
-31.000.000 (que resulta em uma taxa de câmbio de R$ 3,1 por USD).
4. Imagine que a taxa pré para algum período seja 13% a. a. O que é melhor,
receber 115% do CDI ou 15,09% a. a.?
Solução
Estão arbitradas em t=0. Se a taxa pré é 13% a. a. a taxa diária será
a. d.
Aplicando o spread de 115% nessa taxa, teremos:
que em taxa ano resulta em
Solução
Significa que qualquer operação de swap que se faça resulta em lucro nulo, ou
seja, não dá para obter lucro tomando emprestado em uma curva e aplicando
em outra.
6. Quais são os ativos subjacentes (objeto) dos seguintes derivativos: contrato
futuro de DI, contrato futuro de USD, contrato futuro de Ibovespa e contrato
duturo de DDI?
Solução
Taxa de juros pré em reais, USD futuro, Ibovespa e cupom cambial (taxa de
juros em USD).
7. Uma empresa tomou emprestado USD 10.000.000 quando a taxa de câmbio
estava em R$ 3,00 por USD. A taxa desse empréstimo foi 1,5% a. a. para um
ano. Com medo da desvalorização cambial, essa empresa planeja fazer um
swap pré x usd com taxa de cupom de 1.5% a. a. e taxa pré de 13% a. a.
Pede-se:
a. Faça o razonete com o empréstimo e o swap.
b. Qual o valor da dívida em R$ se a taxa de câmbio for para R$4.00/USD?
c. Nessa situação, qual o ajuste do swap?
d. Qual o efeito combinado da liquidação do empréstimo e da liquidação do
swap?
Solução
a. Razonete a seguir:
30.000.000 Empréstimo (USD +1.5%)
USD + 1.5% 30.000.000 30.000.000 Swap (13% a. a.)
b. O valor da dívida será o valor do principal + juros em
= . Se a taxa de
câmbio terminou em R$ 4/USD, o valor da dívida em R$ no vencimento será
de .
c. O ajuste do swap será dado pela diferença em reais da ponta ativa (USD) e
da ponta passiva (taxa pré).
LTN 30.000.000
Swap 30.265.487 30.000.000 Pré
9. Uma empresa emitiu uma debênture no valor de R$ 150.000.000, que paga
100% do CDI. O diretor financeiro quer prefixar o valor a ser pago no futuro,
pois está preocupado com um aumento dos juros. O vencimento dessa
debênture é um ano, período para o qual a taxa pré está sendo negociada a
13% a. a.
a. Que operação de swap esse diretor vai fazer para prefixar a operação?
b. Se a taxa DI acumulada média no final do período for 12%, qual o valor da
dívida, do ajuste do swap e do efeito combinado de ambos?
c. Represente as duas operações no vencimento com um razonete.
Solução
A debênture é um passivo em taxa DI. A empresa não financeira pode se sentir
desconfortável em assumir um passivo com um indexador com base em taxa
de juros flutuante.
a. Assim, para eliminar o risco de aumento de juros, a empresa vai contratar
um swap passivo em taxa pré e ativo em taxa DI.
b. Depois de um ano, o saldo da debênture vai ser 150.000.000 × (1+12%) =
BRL 168.000.000. o ajuste do swap será de 150.000.000 × (1+12%) –
150.000.000 × (1+13%) = - BRL 1.500.000 e o efeito combinado do pagamento
da debênture mais o ajuste do swap resultará em uma saída de caixa de - BRL
168.000.000 – 1.500.000 = - BRL 169.500.000.
c. Veja a seguir:
168.000.000 Debênture
CDI 168.000.000 169.500.000 Swap
10. Considere a carteira de títulos prefixados de um fundo de direitos
creditórios a seguir:
t (anos) Fluxo (R$ mil) ETTJ
1 50 13%
2 75 14%
3 35 15%
Pede-se:
a. O valor presente da carteira.
b. A taxa interna de retorno do fluxo.
c. A duration de Macaulay em anos e em dias úteis.
d. A duration modificada.
e. A taxa de juros referente ao prazo encontrado no item a) usando o método
de interpolação flat forward.
Solução
a. Para acharmos o valor presente do fluxo, é necessário descontar os valores
pelas taxas de juros de mercado:
b. A taxa interna de retorno é aquela que faz com que o valor presente do fluxo
descontado à TIR seja análogo ao valor presente do fluxo transacionado no
mercado.
Assim, criamos uma função f(y) com o preço de mercado e o preço do modelo.
Assim:
d. Dado que:
Substituindo os valores:
fwd = 15.01% a. a.
Para t = 1,84 anos:
= 13,91% a. a.
11. O gestor quer mudar a remuneração da carteira anterior de fixa para
flutuante, ou seja, de pré para di. Faça essa transformação (hedge) usando:
a. Contratos de DI futuro vencendo em 2 anos.
b. Swaps vencendo na duration de Macaulay (desconsiderar o lucro do banco
que fornece o hedge).
Solução
a. A equação de imunização é:
Solução
a. O mercado de USD casado é o chamado mercado de forward points, ou
seja, quantos pontos existem entre a taxa forward de USD e a cotação à vista.
Assim, o casado é dado pela diferença entre a cotação do primeiro futuro e do
câmbio à vista:
1.81% a. a.
c. A equação do FRA de cupom cambial da BM&F é:
Substituindo:
a. a.
d. A arbitragem que é usada para equalizar os spreads é fazer o preço do NDF
ser igual para 100% do DI e para outros valores.
(A)
A quantidade de quotas em t + 1 é dada por:
(B)
Desenvolvendo:
Diferenciando em relação a y:
Onde:
VF: valor futuro do papel
VA: valor atual do papel
r: taxa de juros expressa em % a. a., capitalizada linearmente pela
frequência f
f: frequência de capitalização do papel em vezes por ano
t: período do cálculo em anos
A capitalização contínua consiste em fazer a frequência de
capitalizações tender ao infinito.
Assim, pode-se fazer uma mudança de variáveis:
Quando . , logo:
Supondo que não entraram nem saíram cotistas (por isso o termo q
constante). Esse termo é a variação do valor da cota que costumava
sair em jornais de grande circulação antigamente.
Repetindo a conta para o dia seguinte, teremos:
E, por extensão:
Desenvolvendo:
Assim, um fundo que rendeu 8% a. a. líquidos em um ano com uma
taxa de administração de 2% a. a., teve rentabilidade dos ativos de:
iα48 =(1+8%) a. a.
A.6 Imposto de renda em fundo de investimento
Como o imposto de renda em fundos de investimento é calculado
sobre as quotas, a álgebra para realizar a conta muda um pouco.
O patrimônio líquido do fundo vai crescer da seguinte forma:
O patrimônio líquido, por sua vez, pode ser escrito como o produto
da quantidade de quotas pelo valor da quota.
Desenvolvendo:
Onde:
V0: valor dos ativos do fundo (menos a taxa de administração) no dia
0
x: valor da alíquota de IR
r: taxa de valorização (líquida de taxa de administração) do fundo
Desenvolvendo:
Definindo a taxa como líquida de imposto de renda, teremos:
a. a.
A.8 Butterfly com futuros de DI ou trava de FRA de três
pontas
Uma estratégia interessante que pode ser executada com contratos
futuros de DI é a conhecida como fly de três pontas. Essa estratégia
busca ganhar com alterações na convexidade do portfólio composto
por três futuros de DI, que são hedgeados em primeira ordem com a
duration modificada e autofinanciados, ou seja, a soma dos valores a
mercado é nula.
Assim, o trader acredita que a curva vai alterar sua inclinação relativa
entre os vencimentos solicitados, mas a variação nas taxas de juros
será de forma paralela.
Supondo três derivativos 1, 2 e 3, teremos os inputs:
• Três PUs:
juntamente com
Resolvendo:
Para cada DI teremos a duration modificada dada por:
, ou seja, o MtM = 0.
A derivada será:
Cada derivativo terá a nova duration calculada dessa maneira na
resolução do sistema linear.
O vetor com as quantidades será:
valor, .
b) Comprar USD 1 à vista. O recurso para isso vem da operação a
seguir.
c) Tomar USD 1 vezes S (taxa de câmbio em R$ por USD)
emprestado no mercado financeiro brasileiro, ao custo de i% a. a.
d) Para não deixar o USD 1 parado, investir em taxa de juros em
USD, o cupom cambial C.
Essa estratégia vai gerar um lucro em R$ no vencimento dado por:
valor de .
Assim, o valor de L fica:
Como , pela equação anterior é possível perceber
que existe um lucro de arbitragem sem risco na estratégia. Sendo
assim, os agentes vão realizar os passos de a) a d) seguidamente
para obter esse ganho sem risco, o que faz com que:
a) caia
b) S suba
c) i suba
d) C caia
Até que o lucro sem risco desapareça, ou seja, tenda a zero:
Rearranjando a expressão:
48 O cálculo está sujeito a imprecisões, porque estamos assumindo que r é constante, mas,
na verdade, não é o caso, dado que o valor provisionado em taxa de administração varia
diariamente.
Glossário com termos traduzidos do inglês