Monografia Jônatas Elias Florêncio
Monografia Jônatas Elias Florêncio
Monografia Jônatas Elias Florêncio
FLORIANÓPOLIS
2012
1
FLORIANÓPOLIS, 2012
2
A Banca Examinadora resolveu atribuir a nota 8,5 ao aluno JÔNATAS ELIAS FLORÊNCIO
na disciplina CNM 5420 – Monografia, pela apresentação deste trabalho.
Banca Examinadora:
_________________________________________
Prof. Luiz Carlos de Carvalho Júnior
__________________________________________
Prof. Francisco Gelinski Neto
__________________________________________
Helberte João França Almeida
3
AGRADECIMENTOS
A Deus,
Aos meus familiares, especialmente para minha esposa Fernanda M.T Bugs Florêncio,
e a todos que, com muita compreensão e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse
até esta etapa de minha vida.
Aos coordenadores do curso, pelo convívio, pelo apoio, pela compreensão e pela
amizade.
A todos os professores do curso, que foram tão importantes na minha vida acadêmica
e no desenvolvimento desta monografia.
“Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da
empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contente querem
privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence.”
(Bertold Brecht)
5
Resumo
Verificam-se neste trabalho, as principais características da produção de fumo em âmbito
mundial, nacional e estadual, com mais ênfase no município de Jacuizinho no estado do Rio
Grande do Sul. O principal objetivo é analisar a atividade fumageira no município de
Jacuizinho, localizado em uma das regiões que mais produzem fumo no Brasil. Através de
dados obtidos a partir da aplicação de uma pesquisa de campo, constata-se que essa atividade
vem mantendo-se praticada por agricultores com faixa etária elevada, onde mais da metade
possui apenas o ensino fundamental; esse é um fator que dificulta a intervenção tecnológica e
consequentemente a modernização na propriedade rural; devido a essa barreira enfrentada
pela cultura do fumo entende-se que, mesmo sendo de muita importância, vem perdendo
espaço, diante de outras cadeias produtivas que estão sendo praticadas no município. Devido
ao constatado nesta pesquisa foi possível entender que no município em questão a produção
fumageira gira em torno da espécie de fumo burley, a qual mais se adapta nas condições do
relevo, e que menos necessita de mão de obra por parte do proprietário.
ABSTRACT
They are verified in this work, the principal characteristics of the production of tobacco in
ambit world, national and state, with more emphasis in the municipal district of Jacuizinho in
the state of Rio Grande do Sul. The objective principal is to analyze the activity fumageira in
the municipal district of Jacuizinho, located in one of the areas that more they produce
tobacco in Brazil. Through data obtained starting from the application of a field research, it is
verified that that activity is staying practiced by farmers with high age group, where more of
the half it just possesses the fundamental teaching; that is a factor that hinders the
technological intervention and consequently the modernization in the rural property; due to
that barrier faced by the culture of the tobacco it is that same being of a lot of importance, it is
losing space, before other productive chains that are being practiced in the municipal district.
Due to that that is verified in this research that in the municipal district in subject the
production fumageira rotates around the species of tobacco burley, the one which more he/she
adapts in the conditions of the relief; and that fewer needs work hand on the part of the
proprietor.
LISTA DE ILUSTRAÇOES
SUMÁRIO
CAPÍTULO I
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................11
1.1 Problema de pesquisa e justificativa....................................................................................11
1.2 Objetivos de Pesquisa..........................................................................................................13
1.2.1 Objetivos geral.................................................................................................................13
1.2.2 Objetivos específicos.......................................................................................................13
1.3 Metodologia. ......................................................................................................................13
1.4 Estrutura do Trabalho.........................................................................................................14
CAPITULO II
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................................15
2.1 Evolução dos conceitos relativos a interação da agricultura e indústria............................ 15
2.1.1 O conceito de complexo rural..........................................................................................15
2.1.2 O complexo agroindustrial...............................................................................................17
2.2 A noção de cadeia de produção agroindustrial...................................................................18
2.3. Principais aplicações do conceito de cadeia de produção agroindustrial...........................20
2.3.1 Cadeia de produção com metodologia de divisão setorial do sistema produtivo............20
2.3.2 Cadeia de produção como ferramenta de analise e formação de políticas públicas e
privadas.....................................................................................................................................22
2.3.3 Cadeia de produção como ferramentas de descrição técnica-econômica........................22
2.3.4 Cadeia de produção como metodologia de analise de estratégias das firmas..................23
2.3.5 Cadeias de produção como espaço de análise de inovações tecnológicas......................24
CAPITULO III
3 CARACTERIZAÇAO DA PRODUÇAO DO SETOR FUMAGEIRO NO MUNDO E
NO BRASIL............................................................................................................................26
3.1 Historia e importância do fumo no mundo.........................................................................26
3.2 Espécies de fumo................................................................................................................27
3.3 O fumo no Brasil.................................................................................................................28
3.3.1 Produção e consumo do Fumo no Brasil.........................................................................30
4 A CARACTERIZAÇAO NO SETOR FUMAGEIRO NO RIO GRANDE DO SUL..34
4.1 Cadeia de produção fumageira no Rio Grande do Sul........................................................34
4.2 Municípios produtores de fumo no estado..........................................................................36
10
CAPITULO IV
CONCLUSÃO.........................................................................................................................62
REFERÊNCIAS......................................................................................................................63
ANEXO I - PESQUISA SOBRE A PRODUÇAO DE FUMO............................................66
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Problema e Justificativa da Pesquisa
possui grande influência no preço do fumo comercializado no Brasil. Nesse sentido, grandes
oscilações de preços são comuns, quando se trata do setor fumageiro Brasileiro.
Mas a principal motivação em realizar esse estudo, foi em tentar conhecer melhor a
realidade dos produtores de fumo do município em questão, visto que todos os registros sobre
esse assunto ressalvam apenas aspectos socioambientais e também a degradação do meio
ambiente, mas sempre relacionando ao cigarro e seus malefícios. Diante desse fato surgiu a
necessidade de fazer esse estudo focado em apenas um município, no caso Jacuizinho, que
leva em conta dados quantitativos, qualificativos com relação à produção de fumo.
O resultado final deste trabalho poderá ser um forte instrumento para amparar as ações
dos próprios fumicultores, de modo a contribuir para políticas mais adequadas relacionadas à
produção do fumo no município.
Através da análise desses dados, o trabalho poderá futuramente oferecer ajuda para
outros estudos acerca desse assunto, uma vez que o setor fumageiro do município
desenvolveu-se muito, desde a década de 90, no âmbito técnico e produtivo, mas continua
frágil na questão de esclarecimentos ao fumicultor. Tal falta de esclarecimento se dá pelo fato
de que as informações que chegam até aos fumicultores estão ligadas diretamente com as
grandes multinacionais, e sendo assim muitas vezes algumas informações que seriam
importantes para o fumicultor passam despercebidas, uma vez que são de nível regional e não
do município de Jacuizinho.
Uma pesquisa deste perfil traz verdadeiras vantagens no sentido de expor a realidade
dos agricultores deste município, com mais ênfase aos fumicultores, ao passo que possibilitará
para quem de interesse for, um melhor conhecimento da cultura, e também da importância em
meio à economia municipal e regional, pois o cultivo do fumo in natura é extremamente
benéfico para os produtores que possuem pouca área de terra, pois devido à baixa
mecanização se torna uma atividade de baixo custo. Pode-se afirmar, portanto que esta cultura
seja economicamente viável, se sempre buscar a excelência no método de produção.
13
Este estudo pretende deixar bem claro a importância da cultura com relação à
economia Municipal, e transparecer dados relacionados à empregabilidade, o acesso a
financiamentos, as condições de infraestrutura e as relações diversas que existem dentro deste
meio de produção.
1.3 Metodologia
A pesquisa feita pelo autor para melhor entendimento no assunto abordado, foi
realizada no município de Jacuizinho, situado na macro região noroeste Rio-Grandense. Um
questionário com 49 perguntas (ANEXO 1) foi dirigido a 25 (vinte e cinco) produtores de
14
No sentido de embasar este estudo serão usados ainda materiais ligados à legislação
da cultura fumageira em âmbito nacional. Da mesma forma, serão analisados dados
fornecidos pelo IBGE, Ministério da Fazenda, IPEA, dentre outros, os quais resultarão em
dados quantitativos e também comportamentais considerados relevantes para a análise.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Tomando como base a história, o conceito de complexo rural para vários autores, é o
termo utilizado para descrever um método que era desenvolvido nas fazendas da colônia,
conforme afirma DUARTE (2002):
Portando toda a força de trabalho que era utilizada na fazenda era considerada um
produto das próprias unidades produtoras, ou seja, todas as etapas da divisão social do
trabalho na época, eram muito novas, e as atividades agrícolas e manufatureiras eram unidas e
grande parte dos bens produzidos só tinha valor de uso, devido a isso não se destinavam ao
mercado. Vale ressaltar que o mercado externo não existia nesta época (DUARTE, 2002, p.
9).
Descrever o período que abrange o conceito de complexo rural não é uma descrição
muito fácil, uma vez que
pelo trabalhador parcial (especializado com suas ferramentas) na manufatura, até atingir a
passividade do operário industrial que apenas vigia sua máquina (SILVA, 1997).
Com a ideia de poder explicar as várias fases econômicas ocorridas no Brasil durante
período de franco crescimento, que KAGEYAMA e SILVA apud MICHELLON (1999) se
apoderaram da passagem “do complexo rural aos complexos agroindustriais (CAIS)”,
pretenderam mostrar com o passar do tempo, que as atividades que outrora estavam
entranhadas nas fazendas coloniais, começaram ser influenciadas por fatores como a
urbanização e industrialização. Em um segundo momento, logo quando o parque industrial
brasileiro se encontra totalmente constituído graças à internalização dos setores produtores de
bens de capital da agricultura durante os anos 60 e 70, começa a ter uma maior convergência
entre atividades afins, por força da própria especialização dos novos ramos que se iniciaram e
foram se constituindo dentro e fora da própria agropecuária, criando assim novos laços
indissolúveis entre estes fatores, apesar de serem feitos fora das fazendas.
Com o passar dos tempos surge a crise dos complexos rurais. Devido a isso surgem as
mudanças dos grandes determinantes dinâmicos da agricultura, e a partir deste ponto não se
conseguiu mais falar num só único determinante, ou seja, nem numa única dinâmica geral,
então se subentende que se torna inviável comentar ou citar um único “setor agrícola” sem
comentar no restante do processo.
Quando se trata da agricultura no Brasil, cabe ressaltar que atualmente é uma das
estruturas mais complexas, com heterogeneidade e muitos determinantes. Para entendê-la
melhor é preciso pesquisar seus diversos segmentos e procurar vê-la através de seus fatores
determinantes, levando em conta o CAIS entre outros, mas sem esquecer-se de suas diversas
dinâmicas específicas e ligadas entre os setores industriais, fornecedores de insumos e
processadores de produtos com base na agricultura. (DUARTE, 2002, p. 10).
17
Mas para outros autores o Complexo Agroindustrial pode ser definido de modo geral
como uma expressão para explicar sempre os mesmos fatores observados já naquela época na
economia Norte Americana: podendo destacar a crescente inter-relação setorial entre
agricultura, indústria e serviços. Conforme publicação no final dos anos 1950, os autores já
comentavam algo sobre “o fazendeiro moderno” que segundo eles era um especialista e que
suas atividades foram diminuindo e assim começaram a produzir plantas e criar animais de
várias espécies. Com isso as outras atividades foram mudadas para fora da fazenda para as
cidades e indústrias (DUARTE, (2002, p.10).
Da mesma forma, podemos elencar alguns estudos de Harvard que foram citados por
CANZIANI e MENDES apud MICHELLON (1999), e que visam à demonstração de que
existe a participação de diversos segmentos no valor agregado dos produtos cuja matéria-
prima tem origem na agricultura. Esses autores acreditam que a importância da agricultura de
um país não pode ser medida apenas pelo valor de sua produção que para eles se delimita
“dentro da porteira” da fazenda, ou seja, que a dinâmica da agricultura sofre influência das
relações estabelecidas com os setores fornecedores de insumos e com os setores
beneficiadores da matéria-prima agrícola.
milhões, o que representa 17% dos 135 milhões de empregos em toda a economia norte-
americana (DUARTE, 2002, p.12).
Por outro lado, outro pensador ressalva três elementos que estariam implicitamente
ligados a uma noção completa de cadeia produtiva, pois segundo MORVAN apud
BATALHA (1997) havia três séries de fatores os quais essas noções comportam:
* Um conjunto de ações com ligação direta na economia que permitem que haja uma
valorização dos meios de produção e que por consequência garantem uma organização de
diversas operações. (DUARTE, 2002, P.14).
19
Por conta da literatura é que se constatam cinco principais utilizações para o conceito
de cadeia de produção. Para BATALHA (1995, P.46), estes podem ser destacados das
seguintes formas:
Em outras palavras este tema começa a fazer mais sentido a partir do modelo
elaborado Zylbersztajn (2000) que segue esta lógica:
21
COSUMIDOR
DISTRIBUIÇÃO
(atacado, varejo e serviços).
AGROINDÚSTRIA
(indústria de alimentos, bebidas e
outras
PRODUÇÃO
AGROPECUÁRIA
INDÚSTRIA DE INSUMOS
(máquinas, implementos, defensivos,
fertilizantes e outros).
Para Duarte (2002) estes conceitos procuram identificar os segmentos que apresentam
fragilidades em uma cadeia de produção, e sempre incentivando através de políticas
adequadas. Para essa visão, o grande sucesso de uma cadeia de produção agro alimentar é o
resultado do desenvolvimento em harmonia de todos os setores que interagem na cadeia. Com
isso, no estabelecimento de políticas desenvolvimentistas regionais, um dos trabalhos do
analista seria identificar os elos das cadeias complementares às atividades já existentes na
região, e estimular o seu desenvolvimento através de mecanismos governamentais pertinentes.
Ressaltando que para vários autores, o procedimento que está contemplando “análise
técnica” é a cadeia de produção não somente como uma ferramenta de descrição técnica, mas
uma ferramenta de análise econômica com mais indicadores e índices.
Podemos destacar dentro desta lógica técnico-econômica, Batalha (1997, p. 42) que
define uma cadeia de produção como sendo “a soma de todas as operações de produção e de
comercialização necessárias para passagem de uma ou mais matérias-primas de base a um
produto final, isto é, até que o produto chegue às mãos de seus usuários, seja ele um particular
ou uma organização”.
Em contrapartida fica a visão de Morvan apud Batalha (1997, p.40) o qual propõe que
“as análises das cadeias produtivas sejam baseadas em três fatores: a tecnologia, os mercados
e os produtos”. Segundo esse enfoque, as superposições destes três elementos definiriam uma
cadeia de produção dentro de uma visão estática. A visão dinâmica seria representada pela
consideração simultânea destes três aspectos ao longo do tempo. Com isso uma modificação
em qualquer um destes fatores poderia afetar diretamente os outros dois e, desta forma,
relançar a dinâmica interna de funcionamento da cadeia de produção.
Existe autores que se apoderam de pesquisas mais aprofundadas como podemos citar,
BATALHA (1997) que afirma “que a delimitação do meio ambiente concorrencial de uma
firma representa um dos grandes problemas de qualquer avaliação estratégica. As fronteiras
desse “espaço estratégico” não são completamente definidas e mudam ao longo do tempo”.
Uma análise com relação à cadeia de produção, tomada como base de ferramenta de
observação da concorrência, se pode revelar um aspecto de reflexão muito interessante, no
momento que tem como objetivo posicionar a firma na melhor situação possível que possa
defender contra tendências de concorrência ou transformá-la em favor próprio. Para este autor
a relação da firma com o seu meio ambiente concorrencial é um pré-requisito determinante
para a limitação de uma estratégia, tendo em vista ser este um dos pontos fortes da análise de
cadeia de produção que visa estimular estudos dessas relações, sejam elas tecnológicas ou
econômicas.
Deste modo, esta abordagem não apenas considera as relações diretas entre os agentes
econômicos, como também considera o grupo de articulações que formam a cadeia produtiva,
visto que na visão do autor, representa uma forte ferramenta de análise para identificação,
constatação e principalmente para o estudo das opções de tecnologia das firmas.
Em meio a muitos avanços a tecnologia ao passar dos anos vem se mostrando cada vez
mais decisiva e acaba se tornando um fator explicativo das estruturas industriais e do
comportamento competitivo das firmas. De modo geral, pode-se dizer que os estudos
referentes ao assunto das inovações tecnológicas seguem dois caminhos distintos.
Para o autor, uma inovação tecnológica pode ser classificada conforme a “natureza
essencial da ideia inovadora”. Essa classificação resulta em inovações de caráter
25
No caso dessas tecnologias, observa-se que estão relacionadas a atividades como novas
formas de distribuição, novas formas de embalagens, reposicionamento do marketing de um
produto, novo modo de pagamento ou financiamento do consumidor, etc.. Esse tipo de inovação
representa, em geral, investimento menos importante e, por consequência, com menor risco para a
firma. No caso das firmas agroindustriais, e principalmente no das firmas agroalimentares, a
maioria das inovações é do tipo marketing pull, sendo os novos produtos, sobretudo, o resultado de
novas formulações ou novas embalagens (DUARTE, 2002, p.20).
26
Um dos fatores que mais influenciou o consumo do fumo no inicio do século XIX foram as
guerras na Europa, onde se iniciou a comercialização de novos tipos de cigarros e derivados vindos
de diversas partes do mundo. Outro fato importante foi o começo do consumo do charuto na
Europa, através dos soldados franceses e ingleses, durante o período da guerra Peninsular (1808-
18013), que se espalhou por todo o continente, mas com o decorrer do tempo o cigarro o superou.
Já na era das máquinas, o cigarro tornou-se mais acessível devido a sua fabricação fácil e
rápida, barateando dessa forma seu preço diante de outros produtos derivados do fumo. Com isso a
aquisição para classe de baixa renda tornou-se mais fácil, mas o fator que foi decisivo na
popularização do cigarro pelo mundo foram as duas grandes guerras, pois este passou a ser
companhia certa para os soldados nas noites frias em meio à guerra.
A espécie Virgínia tem suas peculiaridades, pois possui um ciclo mais longo, os pés
não são cortados, entretanto suas folhas são retiradas, respeitando o amadurecimento. Cada
camada retirada é levada à estufa onde é feita a secagem, que possui duração de cerca de 4 a 5
dias conforme o tamanho e o clima. Logo após é retirado da estufa e recolhido ao galpão de
estocagem, onde é feita a classificação. Por fim, é enfardado e está pronto para a
comercialização (DADOS DA AFUBRA).
Outra variedade é o Burley que possui um ciclo mais curto, se colhe apenas uma vez, é
cortado bem rente ao solo, possui um caule firme e razoavelmente duro, e depois de cortado é
posto para secar de ponta cabeça em galpões, coberto e sem paredes pra facilitar a secagem.
Após cerca de 50 dias a secagem é totalmente completada e a partir deste ponto é feita a
classificação, que nada mais é do que a separação de suas folhas por classe, depois disso toda
28
a produção é enfarda para facilitar o transporte, e está pronto para ser comercializado
(DADOS DA AFUBRA).
O Fumo da variedade Comum é pouco plantado nesta região, pois possui pouco
mercado e é extremamente difícil de ser colhido devido ao alto teor de substância que envolve
suas folhas, mas o método de colheita, secagem, armazenagem e classificação é basicamente
o mesmo do Burley, porém possui um valor bem inferior (DADOS DA AFUBRA).
Segundo o escritor Jean B. Nardi, na obra A História do Fumo Brasileiro, vem à tona
uma hipótese que ressalta a probabilidade da planta ter sido originada nas regiões orientais da
cordilheira dos Andes, mais precisamente na Atual Bolívia, e se distribuindo pelo território
dos tupis guaranis, que hoje se compreende o Brasil, através das migrações indígenas que
eram frequentes naquela época. Segundo Nardi foi assim que o fumo se espalhou, e logo após
a chegada dos europeus, se tornou ainda mais popular, pois as tribos indígenas que já
conheciam o fumo trocavam-no por outros adornos com os portugueses, difundindo a
produção em toda costa Brasileira. Ao passar dos anos, os índios foram percebendo que
estavam perdendo território, o que iniciou um ciclo de guerras de índios contra colonizadores.
Devido a esta constatação pode-se concluir que o fumo teve influência na história do Brasil
nos primórdios de sua colonização.
O comércio fumageiro no Brasil contava com o fumo baiano que passou a ser o
principal gênero de comércio no escambo dos escravos com a África até 1850, com o seu
auge chegando a representar 30% das exportações de fumo no Brasil Colonial. “Já nos tempos
contemporâneos nas três primeiras décadas do século XX, ocorreu a concentração espacial,
agrícola e industrial, assim como o estabelecimento das estruturas atuais. O fumo passou a ser
cultivado também em Minas Gerais, Goiás, São Paulo e, sobretudo, no Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e Paraná, com a chegada dos imigrantes europeus, principalmente os alemães e
italianos, com ênfase particularmente nas colônias de São Leopoldo e Santa Cruz do Sul –
RS”(Bonato2006,p.5)
A produção agrícola e o conjunto das atividades econômicas vêm sendo influenciada pela
globalização da economia, contribuindo dessa forma para o desenvolvimento da agricultura em
âmbito funcional e moderno que está sendo regulada pela produção e distribuição globalizadas. Isso
ocorre com frequência nos países periféricos onde a produção agrícola serve de subsistência para a
melhoria da qualidade de vida da população rural.
Cabe lembrar que neste período o desenvolvimento estava fortemente ligado ao setor
tecnológico destacando inovações na área da biotecnologia vegetal, na microeletrônica e tecnologia
da informação com ênfase no setor agropecuário e do aumento do grau de concentração de capital
(Mazzali, 2000). Os circuitos globais de produção agrícola como a reorganização da produção com
base na valorização das ofertas locais ou regionais de incentivos e de fatores de produção foram
atrativos para a acumulação de capital das corporações multinacionais (BONANNO, 1999).
Com base nesses argumentos as transformações que giram em torno do mercado mundial de
fumo em folha, levando em conta a forma de organização e as estratégias competitivas das grandes
empresas multinacionais que controlam hegemonicamente a cadeia de produção do tabaco.
31
Pode-se analisar que no Quadro 1 no período que compreende os anos de 1990 a 2008,
em especial na década de 90, o mercado de fumo em folha teve momentos de oscilações na
produção, que varia entre 5,5 e 7,7 milhões de toneladas o que ajudou a estabilizar a demanda
de consumo de fumo em folha em torno de 6,3 milhões de toneladas. Devido a este fato os
níveis de estoques internacionais de fumo também acabaram oscilando.
Nota-se que no período entre os anos de 2001 a 2004 existe uma relativa estabilidade
dos níveis da produção de fumo, em torno de 5,7 milhões de toneladas e do consumo em cerca
de 6,4 milhões, resultando em uma maior redução dos estoques mundiais de fumo em folha, e
a valorização do preço do fumo no mercado internacional. Este fato ajudou para que no ano
de 2008 houvesse uma retomada do crescimento da produção mundial com o aumento de
quase um milhão de toneladas.
32
Quando nos referimos em evolução cabe lembrar que os anos 90 ficaram marcados
com o surgimento das primeiras ações de controle do cigarro o que resultou na diminuição do
consumo de cigarros pelo mundo. Na atualidade apesar de existir políticas que visam proibir a
liberação e abertura econômica para o comércio do fumo, alguns países como a China e Leste
Europeu ainda defendem a ideia do livre comércio de cigarros e derivados, motivo pelo qual o
mercado do fumo não se estagnou totalmente no mundo.
Nos anos posteriores a reação do setor fumageiro não foi diferente, pois em um ano a
produção se destaca, e em outro ano sofre influências de politicas negativas à produção.
Como podemos observar no quadro a seguir
Observa-se no quadro 02, que o setor fumageiro do ano 2000 a 2010 praticamente se
estagnou, pois se analisarmos durante este período, notaremos que cinco anos foram
negativos, mas mesmo assim contabilizou-se um aumento de 7,62 durante o período, obtendo-
se um aumento real anual de 0,72% na produção do fumo durante esse período.
33
O fumo passou a ser cultivado também em Minas Gerais, Goiás, São Paulo e,
sobretudo, no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com a chegada dos imigrantes
europeus, principalmente os alemães e italianos, com ênfase particularmente nas colônias de
São Leopoldo e Santa Cruz do Sul - RS.
O Rio Grande do Sul é o Estado que apresenta maior produção de fumo em folha. Sua
produção era de 278.928 toneladas em média no ano de 1998 a 2000, passou para 320.034
toneladas na média de 2001 a 2003 e contabilizou 462.014 toneladas na média de 2004 a
2006, o que representa 51,12% da produção nacional (AFUBRA).
As sobras da produção agrária eram trocadas nas casas comerciais da nova povoação
de Santa Cruz do Sul, e nas casas das linhas coloniais que iam surgindo, por mercadorias não
produzidas na unidade doméstica. No princípio da colonização, as transações nunca
envolviam moeda, mas se concretizavam à vista (pagamento imediato).
Devido a esta série de fatores históricos, o Rio Grande do Sul se consolidou como um
forte produtor no setor fumageiro com 220.512 hectares de área plantada (IBGE,2010),
totalizando 343.482 toneladas produzidas, com rendimento médio de R$ 1.988.409.000,00 no
ano de 2010, (IBGE,2010), correspondendo a 45% de todo o valor comercializado de fumo
em folha da região sul do Brasil, que diz respeito aos estados do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Paraná. A maior parte dessa produção é destinada a exportação, sendo que as
principais empresas exportadoras são as conhecidas agroindústrias, das quais podemos
destacar as empresas conveniadas a SINDIFUMO: BRASFUMO (Indústria Brasileira de
Fumos LTDA.), Alliace One antiga –CTA (Continental Tobaccos Alliance S.A.) e Dimon
Exportadora de Fumos LTDA., Industrial Boettcher de Tabacos LTDA., INTAB (Indústria de
Tabacos e Agropecuária LTDA.), Irmãos Zanotta da Cruz & Cia. LTDA., Kannenberg & Cia.
LTDA., Kannenberg, Barker, Hail & Cotton – Tabacos, LTDA., Meridional de Tabacos
LTDA., Phillip Morris Brasil S.A., Souza Cruz S.A. Sul, e Universal Leaf Tabacos LTDA
estas agroindústrias são as responsáveis por mais de 90% das exportações do Rio Grande do
Sul. (AFUBRA).
Gráfico 1 Produção média de fumo no Brasil e dos principais estados produtores – 1998 a
2000, 2001 a 2003 e 2004 a 2006
Como se pode se observar no gráfico 1, o Rio Grande do Sul possui a maior parte da
produção fumageira no Brasil, ou seja, este estado apresenta a maior produção de fumo em
folha. Sua produção era de 278.928 toneladas na média de 1998 a 2000, passou para 320.034
toneladas na média 2001 a 2003 e contabiliza 462.014 toneladas na média 2004 a 2006, o que
representa 51,12% da produção nacional. Observa-se também nesse gráfico, que existe um
comparativo com os outros estados produtores de fumo no Brasil A evolução aconteceu em
todas as esferas, porém o Rio Grande do Sul foi o único que obteve um aumento mais
significativo em relação aos outros durante o período de 2004 a 2006. O Brasil de modo geral
também obteve avanços significativos durante esse mesmo período.
Produção em toneladas
200.000 181.109
180.000
160.000
140.000
120.000
100.000
80.000 73.247
60.269
60.000
40.000 28.857
20.000
0
Vale do Rio Pardo Centro-Sul Sul Outras
Fonte: (http://www.scp.rs.gov.br)
Com base nestes dados constata-se que a região do Vale do Rio Pardo é a maior
produtora do Estado com 181.109 toneladas, ou seja, 39,2% da produção gaúcha. As outras
duas regiões possuem produção significativa; a região Centro-Sul com 73.247 toneladas e a
região Sul com 60.269 toneladas de fumo. Tomando por base esses dados, é que se nota a
importância destas regiões em contexto nacional.
Com relação aos municípios que mais produzem a cultura do fumo, grande maioria
deles está situada justamente nestas regiões como se observa no gráfico a seguir:
38
200.000
150.000
100.000
0
Venacio Aires Canguçu Candelaria Camaquâ Santa Cruz do Outros 492
Sul Municipios
Fonte: (http://www.scp.rs.gov.br)
Disponível em (http://www.scp.rs.gov.br/atlas/atlas.asp?menu=266)
39
A origem do nome Jacuizinho homenageia o rio que atravessa a cidade por ser uma
das belezas naturais da região e também o principal afluente do Rio Jacuí, um dos maiores do
estado. Outra versão aponta o nome como origem indígena, que significa o hibridismo de
"Jacú" = ave galinácea + "Y" = rio com o sufixo luso acrescido ao nome guarani. Jacuizinho,
uma história que começou em 1877.
Um rio e uma ponte; Um povo e uma Vila; Uma Vila, com histórias; E passagens;
Passagens de gerações centenárias... Ah! O nome do Rio Jacuizinho, origem do nome da
Vila... Jacuizinho, afluente do Rio Jacuí... Esses versos fazem parte do poema A Vila e a
Cidade, de Cláudia Kellermann, que conta um pouco da história de Jacuizinho, que apesar de
ser um dos mais jovens municípios da Rota das Terras, tem mais de 150 anos de história.
Emancipado em 1996 e instalado oficialmente em janeiro de 2001, Jacuizinho era, já em
1858, distrito de Passo Fundo, depois de Soledade, Espumoso e Salto do Jacuí.
5.2 Localização
campos limpos e mistos, onde se criam bovinos, ovinos e cultiva-se soja, trigo, cevada, milho,
fumo e feijão.
Jacuizinho possui 2.507 habitantes, sendo 1.283 são do sexo masculino, e 1.224 do
sexo feminino. A densidade demográfica é de 7,41 habitantes por km². A população é
predominantemente rural, com 1.945 habitantes, contra 562 que vivem na zona urbana.
(IBGE, senso de 2010).
31968
5800
3240
538 591
R$
17.786.000,00
R$ R$
2.257.000,00 2.175.000,00
R$ 783.000,00 R$ 155.176,00
Fonte: http://portal.cnm.org.br/040/V6/Mapas/images/100143482.gif
A idade e escolaridade dos fumicultores no primeiro item têm como objetivo caracterizar
o produtor quanto à faixa etária. Verificou-se que a maioria dos entrevistados encontra-se na
faixa de 30 a 40 anos, ou seja, 28% do total dos produtores. Igualmente com esse percentual
encontram-se os produtores acima de 60 anos de idade, os quais ainda se encontram
trabalhando da mesma forma de quando começaram essa cultura, utilizando-se de métodos
rústicos, baixa otimização e pouquíssima competitividade comparado aos mais jovens de 18-
30 anos (20%), estes possuem menos terras e plantam muito mais fumo, pois conhecem novas
tecnologias, possuem tratores equipados e muito mais preparação, pois estão sempre
inovando.
46
Gráfico 6 - Faixa etária dos fumicultores do município de Jacuizinho (RS), Maio 2012.
Gráfico 7
Gráfico 8:
Gráfico 9:
Virgínia
28%
Burley
Comum 57%
15%
Gráfico 10:
Fumicultores vinculados a
Agroindustria Fumageira.
Não
40%
Sim
60%
Identificou-se através desta pesquisa que 68% dos fumicultores são associados a
algum sindicato ao passo que obviamente 32% não são associados (figura 11). Portanto,
constata-se que o baixo nível de instrução também reflete neste ponto, pois os sindicatos nada
mais são do que sociedades civis organizadas, que possuem força de mobilização.
Gráfico 11:
Gráfico 12:
Portanto, identifica-se que neste item não existe um meio que se destaque
relacionado a fontes de informações adequadas na atividade fumageira.
52
Dos que afirmaram participar dos cursos de atualizações, 75% responderam que a
motivação resultou das indústrias fumageiras, neste caso especifico o fumicultor que
participou destes cursos nestas instituições não é vinculados necessariamente a elas, mas
procurara por necessidade e vontade própria. Já 16,6 % participaram dos cursos motivados
pelos sindicatos e associações, vale lembrar que neste item apenas 8,3 % foi motivado pela
emater ASCAR (Associação Sulina de Capacitação e Assistência Rural) esta que é uma
instituição que existe única e exclusivamente para fomentar a agricultura.
Ademais, foi através deste estudo que se pôde observar que na produção fumageira a
faixa etária dos fumicultores é alta. Obviamente o setor fumageiro é um dos pioneiros na
região, devido a isso muitos começam a produzir fumo, porque já nasceram em meio a esta
cultura, e porque a maioria possui pequena propriedade. 17,86% dos entrevistados afirmam
53
que a atividade fumageira é a mais viável na região, por possuir uma forte cadeia produtiva.
Por outro lado, 10,7% dos entrevistados afirmaram não ter outra opção a não ser produzir o
fumo. Fazendo uma breve análise desses fatores pôde-se observar que todos estão
entrelaçados nesta cultura, pois nenhum se destacou como os principais fatores para
desencadear o início da produção nessa área.
Gráfico 13:
O item 14 diz respeito à assistência técnica. 60% dos fumicultores responderam que
recebem tal assistência, mas isto não quer dizer que seja uma assistência qualificada ou que
resulte em efeitos benéficos na propriedade com relação ao aumento de produção. Já 40%
afirmaram que não recebem assistência técnica por acreditar não necessitar de ninguém
assessorando em algo que conhecem tão bem. Dos fumicultores que afirmaram receber essa
assistência técnica, 80% a recebem através da fumageira ou de um técnico especializado, já a
54
Gráfico 14:
De acordo com o gráfico 15, foi possível depreender que 64% dos fumicultores
afirmam já ter adquirido algum financiamento bancário para investimento em equipamentos
de infraestrutura, como estufa, galpão, entre outros. Por outro lado, os outros 36% nunca
fizeram nenhum financiamento deste tipo, sendo assim afirmam que sempre compraram com
dinheiro próprio sem a intervenção de banco ou credora. Portanto, no próximo item o
percentual se altera, pois 76% afirmam que adquirem financiamentos para insumos agrícolas
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ou para manutenção de lavouras, durante o plantio, cultivo e colheita. Muitos que não
financiaram com fins de investimento, acabaram investindo para fins de plantio. Segundo os
entrevistados as vantagens nesse sentido são maiores, pois se vier a ter uma frustação de safra,
este financiamento poderá ser prorrogado ou até mesmo anistiado por medidas do governo;
entretanto cerca de 46% dos fumicultores adquirem esse financiamento por meio de
instituições bancárias, e 36% afirmam adquirir financiamentos pelas agroindústrias,
lembrando que esta última apresenta mais facilidades na hora da aquisição, mas diante do
pagamento é que são encontrados suas dificuldades. Caso o fumicultor esteja em débito com a
fumageira, será obrigado a entregar sua produção para a agroindústria credora.
Gráfico 15:
Por conta
própria Financiamento
8% Agroindustria bancário
36% 46%
Emprestimos
10%
A atividade fumageira é conhecida como uma cultura que emprega muitas pessoas
durante o processo de cultivo. Observou-se que para 68% dos produtores 2 a 4 pessoas da
família estão envolvidas diretamente nessa atividade. 24% afirmam que apenas uma pessoa
da casa está envolvida na atividade, sendo assim contrata mão de obra temporária para suprir
suas necessidades e apenas 8% afirmam que mais de 5 pessoas da família estão envolvidas na
cultura.
Antigamente as famílias do campo eram muito maiores, e havia mais pessoas do laço
familiar envolvidas na atividade. Na atualidade, contudo, a realidade é outra, pois se percebe
que as famílias estão menores, por conta disso há mais mão de obra contratada. Sendo assim
56
52% dos entrevistados afirmam que não contratam empregados durante o plantio devido às
facilidades dos tempos modernos. 56% admitem contratar empregados temporários durante a
colheita a qual tem prazo para ser feita, pois quanto mais tempo é dispensado para colheita
maior a perda de produção e menor será o valor comercial. Mas o que se deve observar na
parte da classificação do produto final, é o fato de que 56% afirmam que não contratam
empregados para a classificação, pois o prazo de estocagem não interfere no valor agregado
do produto, sendo assim o fumicultor espera a melhor cotação para vender seu produto, com
isso tendo tempo para ele próprio fazer o serviço.
No se refere à área cultivada com fumo, ficou registrado que 52% afirmam possuir
menos de 10 hectares, visto que a atividade fumageira por ser uma atividade familiar não
abrange muita área a ser cultivada. Entretanto, o que mais chama a atenção é que 4% dos
entrevistados possuem área acima de 100 hectares, visto que esses produtores estão situados
em encostas de serras, ou seja, segundo eles próprios a atividade que mais se enquadra é a
fumageira, apesar de terem outras fontes de renda (gráfico 16).
Levando em consideração a área total de produção destinada a cultura de fumo, 44% dos
entrevistados afirmam utilizar de 1 a 3 hectares, e apenas 4% plantam mais de 5 hectares em sua
propriedade.
Gráfico 16:
1 a 3 Hectares
44%
Estas propriedades segundo 44% dos entrevistados são próprias e foram adquiridas
em grande parte por incentivo do governo pelo programa Banco da Terra, peculiaridade do
município de Jacuizinho. Outros 44% possui propriedade em condição de usufruto, ou seja,
utiliza a área de terra de seus familiares, que posteriormente serão suas. Outro ponto que vale
destacar é a condição de sociedade, em que uma pessoa trabalha em terra de terceiros,
dividindo seus gastos e lucros.
Gráfico 17:
Na parte dos equipamentos cabe ressaltar que 80% ainda utilizam carroça tração
animal, visto que os meios aquisitivos da maioria dos produtores são baixos, devido a isso
existe uma inviabilidade de compra de maquinários adequados. Nesse sentido apenas 24% dos
entrevistados afirmam possuir trator.
Com relação ao local de armazenagem do produto final, ficou constatado que todos
possuem paiol de estocagem do fumo seco, porém 60% possuem galpão todo em assoalho e
apenas 2% possuem galpão todo em alvenaria, que segue as normas técnicas da AFUBRA
(associação dos fumicultores do Brasil). Contudo, 36% dos entrevistados não são associados à
AFUBRA, mas a grande maioria, 64% são vinculados, apesar de 68% nunca sofrerem
acidentes na propriedade com relação à produção do fumo, o percentual de assegurados é
grande, ,mas nem todos fazem o seguro total, que contempla granizo, incêndio, estiagem,
inundação, já que 40% possuem seguro parcial, que é de escolha do proprietário que será
assegurado.
Gráfico 18:
A cultura do fumo vem sofrendo críticas e discussões por causa de certas sanções
assinadas internacionalmente, ao passo que se cria certa desconfiança diante dos produtores
de fumo no Brasil e por consequência influencia-se o município. Em Jacuizinho, 56% dos
produtores de fumo querem mudar o ramo de produção para outra fonte de renda, sendo que
metade desse percentual deseja migrar para pecuária de corte ou leite, e 37% para
hortifrutigranjeiro, mas constata-se no item 38 que, apesar de estarem passando por certas
dificuldades querem continuar a vida no campo, uma vez que apenas 7,1% deseja procurar
novas alternativas na cidade.
Gráfico 19:
Em relação aos serviços fornecidos, 73,3% dos produtores que recebem este beneficio
da agroindústria afirmam ser gratuito, porém 53,3% não concordam com as instruções
fornecidas pela agroindústria, por considerarem que cada propriedade possui sua
singularidade e que nem sempre as instruções trarão resultados positivos em sua produção.
62
6. CONCLUSÃO
A cultura fumageira no Brasil se estende de norte a sul. Mas é no Rio Grande do Sul
que ela possui mais influência em função da imigração de pessoas vindas de países Europeus
que conheciam a cultura, o que facilitou por sua vez as instalações do setor consolidado de
fumicultura, uma vez que é cultivada principalmente em pequenas propriedades rurais, ou
seja, atividade tipicamente mini fundiárias.
REFERENCIAS
ANEXO 1
3) Em sua casa, quais as tecnologias que você mais utiliza na atividade do fumo:
( ) Eletricidade
( ) Telefone
( ) Computador
( ) Internet
( ) Outros
10) Você ou alguém de sua família participou de cursos, dias de campo, reuniões técnicas sobre
a atividade do Fumo?
( ) Sim
( ) Não
16) Quais informações você gostaria de ter sobre a cultura de fumo, mas tem dificuldade em
encontrar?
( ) Cotação do valor por arroba
( ) Novas técnicas de produção
( ) Oportunidade de mercado
( ) Novas variedades de fumo
( ) Outros
18) Já utilizou algum financiamento para a compra de insumos agrícolas ou para a manutenção
da lavoura (plantio, cultivo e colheita)?
( ) Sim
( ) Não
19) Se alguma das respostas anteriores foi SIM, foi por meio de?
( ) Financiamento Bancário
( ) Empréstimos
( ) Agro Industrias (Firmas de fumo)
( ) Por conta própria
27)Possui algum tipo de equipamentos e infra estrutura para o manejo da produção fumageira:
( ) Sim (marque as opções a baixo)
( ) Não
37) Gostaria de mudar o ramo de produção para algum outro tipo de fonte de renda?
( ) Sim
( ) Não
40) Com relação aos fornecedores, de quem você costuma comprar os insumos para o plantio:
( ) Direto com a agroindústria, através do orientador
( ) De empresas locais
( ) De quem vender mais barato
41) Você acha que os compradores pagam preço justo pela sua produção?
( ) Sim
( ) Não
( ) Depende a época de venda
42) As agro indústria de fumo fornecem uma assessoria adequada em sua lavoura?
( ) Sim
( ) Não.
44) Alguma vez você já se sentiu prejudicado por trabalha para alguma agro indústria?
( ) Sim
( ) Não