Cozinha Espanhola Ok
Cozinha Espanhola Ok
Cozinha Espanhola Ok
Cozinhas da
Europa
ÍNDIC E
Introdução .................................................................................................................... 1
Andaluzía ...................................................................................................................... 3
Galicia ........................................................................................................................... 6
Aragón ........................................................................................................................ 10
Cantabria .................................................................................................................... 14
Cataluña ..................................................................................................................... 16
Extremadura ............................................................................................................... 20
La Rioja ....................................................................................................................... 22
Navarra ....................................................................................................................... 23
Madrid ........................................................................................................................ 24
Ceuta .......................................................................................................................... 31
Bibliografia.................................................................................................................. 38
Cozinha Regional Espanhola
I N T RO DU Ç ÃO
Falar da existência de uma única cozinha espanhola não é a forma mais correcta de
abordar a gastronomia do nosso país vizinho. Esta deve ser encarada como um
conjunto de diversas cozinhas regionais e independentes. Pois, estas cozinhas
representam a história e a cultura dos povos que fazem parte da Espanha.
A cozinha espanhola é muito variada mas, com pontos em comum que a relacionam.
Por exemplo, os asados de carne são abundantes e característicos da região da Meseta
(zona central de Espanha que inclui as comunidades de Castela e Leão, Madrid,
Castilla-La Mancha e Extremadura), os pratos de arroz são típicos do Levante espanhol
e os fritos em azeite são tipicamente andaluzes. No entanto, tudo isto é simplificar em
demasia, pois na maioria dos lares espanhóis além dos pratos originários da região,
também se elaboram receitas de outras partes do país.
Apesar da referida variedade existe uma serie de rasgos comuns que podem resumir e
caracterizar todo o território, embora muito semelhantes à gastronomia portuguesa:
- A utilização de azeite como gordura base, tanto em cru para temperar como para
fritos e refogados;
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Cozinha Regional Espanhola
embora sejam confeccionados por todo o país, caso da tortilla de patatas, a paella, os
pistos (espécie de omolete de verduras picados, tomate, pimentos, curgete), o
gazpacho, as migas ou os enchidos (presunto, chorizo, morcela), tal como os queijos
(cada região apresenta diferentes variedades). São frequentes os pratos de
leguminosas (lentilhas, grãos ou garbanzos, feijão, etc.) como os potajes e os cozidos,
embora cada região tenha características próprias nestes pratos. Sem esquecer o pão
que tem muitas formas de elaboração, apresentando variedades muito diferentes em
cada região. E ainda, onde mais coincidem as semelhanças são nos doces e
sobremesas: o flan, as natillas (leite-creme), o arroz con leche (arroz-doce), as torrijas
(rabanadas), as madalenas ou os churros, são alguns dos mais representativos.
Igualmente, não se pode falar simplesmente do vinho espanhol, aqui usar o plural é
tão necessário como na gastronomia. O vinho tem uma tradição milenar na Espanha,
desde a introdução da cultura da videira e transformação em vinho pelos fenícios.
Mesmo aqueles que não têm o costume de consumir vinho, podem o apreciar na
forma do conhecido tinto de verano, misturado com limonada, ou em sangría, uma das
bebidas típicas espanholas mais conhecidas no mundo.
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ANDALUZ ÍA
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como o pargo à roteña, o atum encebollado ou os guisados de melva (peixe parecido
com o atum, vulgarmente designado por judeu).
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Estas elaborações são pratos à base de verduras com legumes (grãos, feijão ou
lentilhas), como os pucheros de repolho ou de funcho, potaje de espinafres e bacalhau,
tais como os potes à cigana ou à liberal, voltam a estar presentes nas das mesas mais
exclusivas. Rabo de touro, miudezas, choto al ajillo (guisado de cabrito), ensopado de
borrego, pepitorias de frango ou peru (prato enriquecido com gemas e amêndoas
moídas para espessar o molho), pato à sevilhana, rins ao Xerez, fazem parte do
repertório de pratos de carne andaluzes, que mostram todo o seu esplendor ao serem
cozinhados com ervas aromáticas.
Menção especial para as tapas, nome atribuído aos petiscos servidos nos bares
espanhóis, que chegam a fornecer listas intermináveis com mais de cem
especialidades. Pode-se escolher entre menus mais longos ou curtos, os sazonais, e
ainda as melhores harmonizações de cada tapa com vinho. Pode ser fácil perder-se
com tanta oferta, mas depois da reflexão não deve faltar o fantástico presunto, o
pescaito frito, tigelas de guiso ou cozido, gambas e camarões, tortillitas de camarão,
ortiguillas, e muitas outras tapas únicas. Existem ainda preparações mais modernas e
imaginativas a serem testados, entre elas o secreto de ibérico
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G AL I C I A
Do mar
Tradicionalmente a Galiza, com 1.200 km de costa, e um sem fim de portos foi uma
região voltada para o mar e para a pesca, uma das actividades principais dos seus
habitantes. Assim, a cidade de Vigo é hoje o principal porto pesqueiro da Europa e as
rias galegas das maiores produtoras de mexilhões do mundo. As condições
excepcionais da costa, que alternam entre altas falésias e as águas calmas das rias,
junto com a riqueza de nutrientes que o oceano Atlântico possui nestas latitudes,
formaram um ecossistema único, que abastece os melhores mercados gastronómicos.
Percebes batidos pela forte agitação marítima, lagostins, vieiras, santolas, sapateiras,
camarões, búzios do mar, lavagantes, ostras, mexilhões, berbigão, amêijoas, chocos,
rodovalho, besugo, sardinhas, sargo, robalo e muitas outras classes de peixes que
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habitam as costas galegas. Um dos pratos mais tradicionais é o pulpo a feira ou polvo à
gallega, que é cozido de modo especial, introduzindo e retirando três vezes de seguida
o polvo na água em ebulição, antes da cozedura definitiva. A experiencia secular dos
marinheiros da Galiza permitiu que as embarcações desta comunidade sejam das
melhores em surtido de espécies de peixe fresco, como o atum, a pescada, o bacalhau,
o abadejo (da família do bacalhau e da abrótea) ou o saboroso Chicharro.
Mariscos da Galiza
Da terra
Ainda nas carnes, o cabrito de leite prepara-se asado e faz parte das melhores mesas e
celebrações. Nas aves, destaque para os galos de coral, e os capões, frangos caseiros
criados com esmero, para serem servidos nas boas mesas, principalmente no Natal.
Em relação aos queijos, a maioria elaborados com leite de vaca, a Galiza mantém
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protegidas as suas denominações, onde se destaca o Tetilla, o Ulloa, o San Simón e o
queijo de Cebreiro.
A perna de porco ou lacão cozido utiliza-se na elaboração do típico lacón com grelos,
nas províncias do interior são muito apreciados os enchidos, onde se destaca pela
originalidade a androlla ou botelo, comido cozido depois curado no fumeiro e muitas
outras variedades de chouriços e salpicões. As outras partes do porco são utilizadas no
cozido gale go (barriga, focinho, entrecos to, pás).
C A S T I L LA E L E Ó N
Além dos assados também existem outros pratos, preparado com todo o tipo de
produtos gastronómicos, que enriquecem a sua cozinha, dão-lhe personalidade e
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merecem ser conhecido e apreciado. Basta estar presente em algumas das feiras que
dedicam ao borrego, ao porco, á caça e de cogumelos, ou ainda participar na antiga
tradição da matança, ou assistir à Semana Internacional da truta.
As sopas leves, espessa e substancial, como a sopa de alho, que melhora quando se
escalfa um ovo, a de truta, típica da região de Órbigo de Leon ou a zamorana,
semelhante à tradicional sopa de alho, mas com adição de tomates maduros e
malaguetas picantes, são todas uma excelente forma de combater o frio. Em nenhum
lugar em Espanha é produzido tanta quantidade de legumes: feijão branco, pintas,
preto, vermelho, garbanzos ou grãos castelhanos e pedrosillano, lentilhas variadas,
como as de Armuña. Com estes legumes são confeccionados excelentes pratos,
geralmente enriquecida com carne de aves e produtos da matança. O Cozido
Maragato é digno de nota, tanto pela sua particularidade de alterar a ordem dos
pratos como pela composição e o cuidado com que é feito. As trutas de Leão e Zamora
são consideradas as melhores de Espanha. Embora não seja muito grande, pois as
águas frias não facilitam o seu desenvolvimento, os músculos são desenvolvidos e
conferem ao peixe um sabor excelente.
Enchidos e presuntos
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Ciudad Rodrigo (Salamanca), as salsichas de Zaratán (Valladolid), os chouriços de
Villarcayo (Burgos) e de Cantimpalos (Segovia) são uma montra da variedade de
produtos do porco, que tradicionalmente foram a principal fonte de proteína nesta
vasta região. O presunto e enchidos de Guijuelo (de porco ibérico puro alimentado a
bolota) são comparáveis ao melhor presunto Jabugo de Huelva ou da Extremadura.
Castela é uma terra de pombos, que se fazem notar na paisagem e gastronomia. Os
pichones ou borrachos recheados de boletos, assados ou com redução de vinho tinto,
alternam-se com a perdiz, que à Segoviana é excelente e com as codornizes
albardadas. Empanadas de influência galega em El Bierzo, e hornazos recios de Ávila,
Segóvia e Salamanca são comidas de raízes campesinas, mas hoje tornaram-se pratos
de celebrações, devido à qualidade gastronómica.
A RA G Ó N
Aragão é uma terra de pratos substanciais, cheios de aromas e sabores, onde muitas
vezes o principal produto é a carne, principalmente de borrego. O borrego de leite ou
ternasco é muito popular e tem D.O., sendo muito exportado para outras regiões, ou a
galinha que era destinada para dias de festa desde uma tradição antiga, deu lugar a
um admirado guisado aragonês: galinha al chilindrón (pode ser substituído por
borrego), preparado com cebola, tomate e pimentos vermelho. Também não podemos
esquecer os enchidos e carnes curadas maravilhosos como o presunto de Teruel, o
arbiello (salsichas frescas) de Aragão. Outro produto que só pode ser encontrado
nestas terras é o fardel (mistura de fígado de porco envolvido pelo estômago) de
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Calatayud e Daroca. Coelho e lebre guisada no próprio sangue, perdiz, cervos, veados
e javalis são alguns dos produtos da cozinha de caça.
Diversidade da oferta
Mas nem toda a cozinha de Aragão se baseia na carne. Nesta região também são
preparados pratos com ingredientes da fauna dos rios, as trutas, enguias e até as rãs
podem tornar-se nos protagonistas de receitas naturais e bem condimentadas. O pão é
um dos elementos básicos da cozinha, adoptando diversas formas e nomes ao longo
das diferentes zonas da comunidade.
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P A Í S B AS C O
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pescada à koxkera, o bacalhau à vizcaína ou com pil pil, o besugo estilo Bermeo, os
chocos com tinta e o marmitako (guisado de atum branco).
Em relação aos queijos de qualidade, destaque para o de Idiazábal, feito com leite de
ovelhas lachas.
Ir de pinxtos em Bilbao
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número possível destes petiscos. As zonas de Casco Viejo, Abando e Idautxtu são as
mais frequentadas e com melhor ambiente. Durante os meses de Maio e Junho
decorre o concurso anual de pinxtos, no qual participam os restaurantes mais
conhecidos de Bilbao para eleger o melhor pinxto do ano.
C A NT A B R I A
A Cantábria é uma comunidade rica em história, arte e zonas naturais: mar, vales com
microclimas suaves e quentes com pastagens resistentes que dão origem a uma
cozinha variada, que combina produtos do mar, dos prados e das hortas. A qualidade
do leite cantábrico é inquestionável, por isso não é surpreendente que os derivados do
mesmo proliferem por toda a região. Sabe-se que a população desta comunidade
autónoma já consumia manteiga à 2.000 anos atrás, enquanto os romanos, o povo
civilizados da época, a usavam apenas para protecção do sol. Na Cantábria, o queijo é
quase uma religião. Queijos de sabor forte e processos de cura rigorosos. Queijos
cremosos podem ser encontrado em toda a região, Picon, em Treviso e Bejes, queijos
fumados, como os de Aliva ou Pido, ou pequenos quesucos, elaborados com uma
mistura de leite de vaca e ovelha.
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Peixes do Cantábrico
As sardinhas são um prato muito típico dos portos de pesca, assadas e servidas de
modo simples. Das águas também vêm alguns dos pratos mais famosos da Cantábria:
pescada com molho verde, calamares encebollados com tinta, ou as amêijoas na
cazuela.
A importância do gado
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Cozinha Regional Espanhola
C A T A LU Ñ A
Cozinha variada
Em qualquer caso, para entender a culinária desta região, devemos ter em mente que
na Catalunha não há uma cozinha única, mas sim varias. Uma cozinha de pescadores
na Costa Brava, outra com influências de "mar e montanha" no Ampurdán, uma
cozinha de montanha dos Pirenéus de Lérida, a singular cozinha do Vale de Arán e a de
Cerdanya nos Pirenéus de Girona e outra do litoral em Tarragona. A cada região
corresponde, naturalmente, às suas próprias receitas e ingredientes. Se ouriços-do-
mar, peixes das rochas e as caldeiradas de peixe ou suquets, são a tentação de quem
visita a Costa Brava, os cogumelos são a paixão da Catalunha durante o Outono,
especialmente nos bisques de Lleida. As combinações de mariscos e produtos da terra
(coelho com lavagante e caracois, frango com lagosta ou lagostins, etc.) surpreendem
quem visita os excelentes restaurantes de Girona; o ritual dos calçots (talos tenros de
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cebola assados nas brasas) e a intensidade de um bom molho alioli (emulsão de azeite
com alho) não decepcionará quem chegar à uma cidade de Tarragona.
Influências da capital
Perante este riquíssimo panorama culinário, Barcelona tem agido como uma digna
capital, tornando-se na melhor montra de receituários de toda a Catalunha. Foi em
Barcelona que a burguesia adoptou e melhorou muitos pratos rústicos, e foi onde os
sabores populares se converteram num sem fim de bons restaurantes, que fazem de
Barcelona uma das melhores ofertas gastronómicas de Espanha. Outra das atracções
da capital catalã é o seu singular mercado, La Boquería, de origem medieval e que
ainda mantém a sua estrutura original, sem dúvida um dos melhores da Europa.
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alguns dos mais condecorado na Espanha estão localizadas em pequenas cidades do
interior, como no caso do El Bulli, de Ferran Adrià, considerado internacionalmente um
dos cozinheiros mais criativo nas últimas décadas, na localidade de Rosas (Girona) e El
Racó de Can Fabes dirigido por Santi Santamaria, um mestre na interpretação moderna
da cozinha catalã tradicional, em Sant Celoni (Barcelona). Ambos têm a mais alta
classificação, três estrelas no prestigiado guia Michelin, e em conjunto com outros
cozinheiros talentosos com Carme Rusalleda, Joan Roca ou Quintín Quinsac são
símbolos da altíssima qualidade da gastronomia catalã.
I L H AS B A LE A R E S
Quem visita as Baleares ficará extasiado pela beleza das amendoeiras em flor em
Fevereiro. As amêndoas são um elemento indispensável da cozinha tradicional das
ilhas, tal como o pão, o azeite e o tomate produzido em regadio ou os típicos ramallet.
Sabiamente combinados, constituem uma saborosa entrada e um nutritivo pequeno-
almoço ou lanche, que se pode complementar com o Queijo de Mahón, um produto
com Denominação de Origem. Este queijo adoptou o nome genérico do porto donde
partiam os barcos destinados a exportá-lo.
Produtos variados
São cada vez mais conhecidas as batatas de Sa Pobla, os pimentos vermelhos da ilha, a
cenoura roxa ou outros produtos da horta. Mas não podemos esquecer os frutos do
mar ou as carnes, bases da alimentação balear. A cozinha tradicional é fruto da intensa
actividade piscatória e agrícola registada nas ilhas antes da eclosão turística. O porco
ou a lagosta surgiam como virtuais reis gastronómicos. Tal como alguns enchidos,
especialmente a sobrasada (outro produto IGP), que é utilizada na confecção do
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borrego assado ao estilo de Mahón ou nos ovos fritos de Soller, que se servem
cobertos por um molho à base de verduras e leite. Ou ainda o peixe, saboroso e
variado, muito utilizado na elaboração de caldos. Entre os principais pratos a degustar,
têm-se a Sopa de Peixe (com um peixe tradicional balear o chanquete jonquillo, tipo
jaquinzinhos), Coelho com Cebola, Pato com Azeitonas e as magníficas e variadas
Cocas (massa fina semelhante à de piza, coberta normalmente com legumes), sejam
doces ou salgadas.
Uma refeição não está completa sem desfrutar uma das esplêndidas sobremesas.
Alternativas não faltam: la Cazuela de Requeijão é a sobremesa láctea por excelência,
a Coca de Alperce, a tradicional Ensaimada (Denominação de origem), de fama
universal, e ainda alguns pequenos biscoitos típicos: Quartos, o Rubiol, o Crespell, o
Flaó ou o Gató de Amêndoa.
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Cozinha Regional Espanhola
E X T R E M A DU R A
Segundo Dionisio Pérez, no convento dos monges de San Benito de Alcântara, que fora
atacado pelas tropas de Napoleão, foram saqueados manuscritos de receitas do
convento e entregues ao general Junot, que mais tarde foram introduzidas na cozinha
francesa, permitindo desta forma que nos palácios parisienses fosse frequente o
requintado prato de faisões e perdizes à moda de Alcântara. Escoffier chegou a referir
que este receituário foi "o melhor troféu, a única coisa boa que a França alcançou
nessa guerra".
Alimentos naturais
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Um luxo: o presunto ibérico
As frutas são muito saborosas e no caso das cerejas del Jerte, verdadeiramente
excelentes. Os melões são doces e compactos, as maçãs são precoces e muito
saborosas, os pêssegos grandes e aromáticos e os figos estão tão cheios que por vezes
vertem do seu interior um pingo de “mel”.
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LA RIOJA
O porco, símbolo da cultura cristã, viveu com os riojanos desde sempre, tanto no
estado selvagem como doméstico, e da presença muçulmana na Península herdaram
também o gosto pelo borrego. Ambos tornaram-se em estrelas incontestáveis desta
região espanhola, embora às vezes partilhem as atenções com os peixes, como o
bonito, bacalhau, pescada, pargo e cavala. A morcela doce e chouriço riojano são uma
amostra dos produtos preparados nas serras.
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NAVARRA
Espargos de Navarra.
Da montanha à horta
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Em Navarra sempre se comeu bem, devido à influência que os inúmeros mosteiros
sempre tiveram na região, onde não só se alimentava o espírito mas também o corpo.
Desde o feijão fresco de Sangüesa, às pernas de porco, o visitante que o deseje pode
degustar grande variedade de produtos e pratos típicos. É obrigatório provar o borrego
ao chilindrón em Pamplona e as tostas de alho e azeite, o gorrín ou leitão assado da
Estella e as cerejas de Ciriza. Além da carne bovina e suína, também é digna de
menção a caça, destaque para os pombos, veado, lebre, perdiz e codorniz. Durante os
últimos anos, a cozinha navarra introduziu uma novidade que significou um grande
sucesso: o pato de engorda da comarca de Aranaz, que produz um foie gras de
excelente qualidade.
MA DRID
O pequeno-almoço madrileno consiste num café com leite e tostas com manteiga ou
azeite, mas sobretudo, os churros ou as porras, de maior tamanho. A meio da manhã
também é típico tomar uma tapa de tortilla com uma caña ou imperial.
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Cozinha Regional Espanhola
Apesar de se localizar no interior, Madrid consome muitos produtos do mar. As
gambas, consomem-se cozidas, grelhadas, panadas ou al ajillo. Os mexilhões ao vapor
ou de escabeche. As anchovas em vinagre ou o bonito em escabeche são os reis das
tapas. Mas outras mais são apreciadas, como os croquetes e as cazuelitas (guisados
servidos em pequenas porções) de quase tudo, também se encontram por toda a
região.
Cozido madrileno
O cozido madrileno pode ser definido como uma síntese de diferentes produtos
cozidos que são produzidos no resto da Espanha, dependendo da disponibilidade de
ingredientes e do clima, tornando os garbanzos (grão-de-bico) o legume mais
apreciado da região. Na verdade, é utilizado na confecção de muitos outros pratos,
sobretudo caseiros, como a sopa de grão com bacalhau e espinafres, um clássico da
cozinha na Quaresma. Além dos grãos, também são apreciadas as lentilhas,
normalmente preparadas com chouriço como a feijoada.
Madrid recebe géneros de quase todos os portos em Espanha, uma vez que é
praticamente equidistante de todas elas. Durante o natal, nada é mais madrileno que o
besugo, actualmente em concorrência com a pescada e o robalo.
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Cozinha Regional Espanhola
às costeletas e ao leitão o direito de residência na região. Com a presença da Corte em
Madrid, difundiu-se o gosto pela carne de caça, javali, veado, e especialmente as
perdizes e faisões. Nas aves, a mais apreciada é a galinha, as miudezas e as moelas são
outros pratos obrigatórios da gastronomia madrilena, tal como as azeitonas, pickles de
pepino, e variados escabeches.
C A S T I L LA L A M AN C H A
Os vinhos desta região são muito apreciados, incluindo várias denominações de origem
e na localidade de Tomelloso encontra-se a maior cooperativa na Europa.
Os pimentos assados, temperados com alho, tomate e azeite são um exemplo típico na
cozinha de La Mancha; o popular ajoarriero e el tiznao, com bacalhau assado e
desfiado; o cozido á la cazuela com os omnipresentes pimentos, tomate, cebola e alho
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Cozinha Regional Espanhola
são outros exemplos de receitas provenientes de produtos do campo. Muito
características são também as sopas de alho, que podem levar ou não cominhos e
pimentão; e as migas de pastor, que não diferem muito das de outros lugares, embora
possam ser embebido em leite e acompanhadas de chocolate; a matança, as
sardinhas, etc.
I S L AS C A N A R I AS
As ilhas das Canárias são muitas vezes referidas como as"Ilhas Afortunadas", porque
estão banhadas pelo sol quase todo o ano e por conter todo o tipo de “jóias” tanto em
flora e fauna como em cultura, por vezes tão diferente do resto da península. No
entanto, os verdadeiros afortunados são aqueles que visitam estas ilhas, para apreciar
o sol, o mar e toda a riqueza gastronómica.
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Cozinha Regional Espanhola
Sabores e simplicidade
Como as Canárias ficam na rota de navegação para a América, viu no passado a sua
cozinha enriquecida com produtos provenientes de lá: os tomates, bananas e as
batatas ou papas, como por lá são conhecidas. A partir deste tubérculo são preparadas
os pratos mais famosos: as papas arrugadas, cozidas com pele em água salgada (pode
ser água do mar) e acompanhados de molho verde ou rojo.
Peixes e Molhos
Em ilhas nunca falta o peixe, e as Canárias não são excepção. Há peixes de alta
qualidade: o cherne, castanheta Branca, Capatão-legítimo, o sargo, robalo, bogas,
cavalas e sobretudo o peixe papagaio. O peixe é normalmente preparado a la sal,
grelhado (aberto) e jareado (seco ao sol e condimentado); O cação deu origem ao
prato regional Tollos e também à base de peixe é feito o tradicional Sancocho (peixe
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Cozinha Regional Espanhola
salgado posto de molho na noite anterior, que depois é cozido junto com papas com
casca e servido com molho picón ou verde).
Naturalmente, para além de peixe não pode faltar o marisco. De todos, o mais típico
das Ilhas é a lapa, durante os meses de verão, geralmente servida a la plancha (numa
frigideira), tal como os carcóis-do-mar e as amêijoas.
Nas Canárias há carnes de todo o tipo. Não se deve perder a oportunidade de saborear
o coelho ao salmorejo, ou ainda pratos de cabrito e vitela.
P R I N C I P A DO DE AS T U R I AS
As Astúrias são sem dúvida um magnífico paraíso natural no qual se encontra o mar,
serra e campo, que originam uma infinidade de ambientes diversos. Protegida por uma
parte do mar Cantábrico e no outro lado pelos Picos de Europa, tem sido uma região
isolada, protegida de possíveis invasões, mantendo rituais e costumes muito
enraizados. Os principais pilares gastronómicos são a sidra, a fabada (feijoada) e os
queijos, juntamente com os mariscos e peixe.
A culinária asturiana consiste em pratos feitos sem pressa, em lume baixo, quase sem
temperos ou condimentos que distorcem o sabor natural dos ingredientes. Uma
cozinha de fogões, que nos leva de volta para outra época, longe da agitação actual. É
uma cozinha de pratos de “colher”, onde a fabada reina sobre outros pratos.
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Cozinha Regional Espanhola
A famosa fabada asturiana é preparada a partir de feijão branco, acompanhada com
chouriço, morcela, lacão e batatas. Este prato de reconhecimento internacionalmente,
não tem uma receita única, pois possui diferentes variações na sua preparação. Pode
ser confeccionado com amêijoas, lavagante, coelho, perdiz... Outros pratos que se
podem saborear são os potes (guisados). Entre estes, destaca-se o asturiano, com
favas, couve, linguiça, presunto e batatas; o pote de castanhas e o potage de Grelos,
típicos da localidade de Ibias.
O mar generoso
A cozinha asturiana é abastecida de várias fontes: do mar, rios, hortas, serras. O peixe
de mar ou de rio e o marisco gozam de um lugar próprio na gastronomia desta
comunidade. Do mar obtêm o tamboril, conhecido nas Astúrias por Pixín; a pescada,
congro, o bonito, robalo, e entre os moluscos, percebes, pequenos camarões,
caranguejos ou amêijoas. O ouriço-do-mar é muito popular, particularmente em Gijón
e no inverno podem ser consumidos crus ou preparados de diversas maneiras. Dos
rios, o salmão, truta e lampreia complementam a gama de espécies aquáticas que
podem ser degustadas.
Nas Astúrias também é necessário ter em conta as suas carnes. A carne bovina
asturiana é muito apreciada por toda a Espanha, com a qual se elabora o entrecosto à
cabrales e o estufado de boi. O pitu de caleya (guisado de galinha do campo),
preparações de perdiz, javali e veados são confeccionados com o gosto do campo,
sempre acompanhados por ervas aromáticas. Os pratos Carne gobernada (vitela
estufada) e o Cachopo (sandes panada de presunto, queijo, espargos) apresentam
qualidade e personalidade para serem estrelas gastronómicas.
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Cozinha Regional Espanhola
O legado dos queijos
Outro elemento gastronómico que define as Astúrias é o queijo. Na verdade, cada vale
e montanha apresentam uma variedade própria, o que torna as Astúrias numa das
regiões que oferece maior variedade de queijos da europa. Há de leite de vaca, cabra,
ovelha ou com os três tipos de leite. Mas, sem dúvida, o produto mais famoso é o de
Cabrales, um queijo azul com denominação de origem, acompanhado ainda pelos
queijos de Gamonedo, Pria, Porrua, los Beyos, Casin ou Afuega'l Pitu, Peral, Urbiés.
Sidra
A sidra é a bebida asturiana por excelência, muito mais que um componente da dieta
Asturiana, a sidra é quase uma cultura. Normalmente é servida em sidrerías,
restaurantes e ainda nos tradicionais lagares (lugares onde ela foi feita). A sidra serve-
se ao alto para um copo largo (processo de escanciar, que permite oxigenar a sidra
como se fosse gasificada) e deve ser bebida de um só golo, o culín.
CEUTA
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Cozinha Regional Espanhola
robalo, peixe-galo, mero, atum, o bonito, peixe-espada, cavalas e muitas outras
espécies que chegam fresquíssimas à mesa.
Parente do marmitako
O estufado de melva ou judeu (peixe azul, tipo atum) é um prato típico de marinheiros,
que apesar da distância é aparentado com o marmitako basco, mas com importantes
diferenças que lhe dão personalidade, como os cominhos, os alhos pisados e o caldo
base, que é elaborado da cozedura das peles e espinhas do peixe, cuidadosamente
coado. Este prato é delicioso, com sabor a mar, não excessivamente cozido de modo a
evitar que o judeu seque e perca o atractivo e agradável textura. Batatas, tomates,
pimentos, cebolas e azeite completam os restantes ingredientes com que se coze o
peixe, aproximando o resultado final do prato basco.
O bonito de almadraba é muito requintado. Poucas horas após a sua captura, chega à
mesa numa caçarola com um refogado de pimentos e cebolas e um molho de tomate
enriquecido com especiarias, que lhe dão um sabor exótico de raízes mouras, que o
tornam difícil de esquecer.
As cavalas à La Mar Chica são preparada com filetes de cavala, cerca de três
centímetros de espessura, que são colocados uma panela de barro com cenoura,
cebolinhas, vinho branco, azeite, açafrão, vinagre, pimentos, cominho, louro e sal,
deixando cozer lentamente.
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Cozinha Regional Espanhola
C O M U N I D A DE V A LE N C I AN A
A dieta mediterrânea
O segredo do arroz
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Cozinha Regional Espanhola
Guisados
Juntamente com o arroz pode-se encontrar uma rica cozinha de “colher” ou ollas:
legumes e carnes cozidas em caldos, que podem ser utilizado para outro tipo de
guisados. Em Castellón, tem-se a olla de la Plana e a olla Recapte; em Alicante tem a
singularidade da carne ser de pato, a ollica de verduras, a de cardet, a de Alacant, que
substitui o arroz por lentilhas, o giraboix de Xixona, etc.
Outro prato muito valenciano é a fideuá, guisado de peixe e mariscos, que se elabora
de forma semelhante ao arroz a banda, mas utilizando cotevelinhos de massa em vez
de arroz.
Peixes
Carnes
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A horta valenciana
R E G I Ã O DE M U R C I A
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ajetes, presentes em quase todos os guisados, são também preparados em omelete,
refogados com acelgas ou em tortilhas; os cardos com molho de amêndoas; o
zarangollo (mistura de ovos mexidos com curgete, cebola e batatas); as alcachofras
com pinhões; salada de pimentos assados; a couve-flor, feijão verde, alcachofra e
pimentos fazem parte dos elementos indispensáveis na elaboração do típico arroz com
verduras.
Arrozes de Múrcia
O cultivo de arroz foi espalhados por toda a região pelos muçulmanos e desde então
tem sido um componente essencial da cozinha. Hoje, o arroz com denominação de
origem Calasparra, como o peculiar e requintado arroz bomba, são famosos em todo o
mundo. Para além do típico arroz com verduras, pode ser preparada de muitas
maneiras, como o arroz de coelho e caracóis, o arroz com magra e costillejas
(costeletas) ou o Caldero, prato tipicamente costeiro, no qual o arroz é cozido num
caldo de abundantes e saborosos peixes. Não esquecer também outros pratos
murcianos, como a olla cigana e os guisados de trigo.
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O Tesouro do Mar Mediterrâneo
Com o Mar Mediterrâneo a banhar a sua costa, não podia faltar os mariscos e peixes,
especialmente servidos ao sal ou à espalda (peixe grelhado aberto ao meio). As tainhas
são muito apreciada no forno e as ovas são um petisco requintado nesta região, a
dourada e o robalo partilham o cartel com outros mariscos da costa, como o camarão
do Mar Menor de tamanho pequeno, mas sabor inesquecível. É preciso mencionar
novamente o Caldero, o maior expoente da herança piscatória: um prato típico de
pescadores, onde os protagonistas são o arroz, o peixe e pimentos de ñora.
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- WALDEN, Hilaire (1997). O livro de Tapas e Comida Espanhola. Editora Manole. São
Paulo.
- SEM AUTOR (s/ data). Cocina Española, [On-line]. Acedido a 28 de Março de 2010 em:
http://www.cuisineofspain.com/spanish/
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