Aula Reab Idosos Shizuka

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INTERVENÇÃO COGNITIVA EM PACIENTES IDOSOS

Shizuka Nomura – Terapeuta Ocupacional


Da FMUSP . Foi diretora do Serviço de Terapia Ocupacional do Instituto de
Psiquiatria do HCFMUSP.

TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO COGNITIVA


•Introdução
• Objetivos
•Metodologia
•Fases do trabalho
•Prática da reabilitação

Introdução

A Intervenção cognitiva é um processo em que as pessoas que sofreram perdas nas


funções: cognitivas ou da AVD, decorrentes de comprometimentos neurológicos ou
psiquiátricos, recebem atenção de profissionais de saúde, familiares e membros
da comunidade.

Nem sempre é simples decidir se uma pessoa tem limitações cognitivas ou de outra
natureza, apenas observando seu comportamento. Ex. Pessoa que repete sempre a
mesma pergunta pode comportar-se por: ansiedade, distúrbio cognitivo ou de
comportamento.

Objetivos

•Capacitar paciente e familiares a conviver, lidar, contornar, reduzir ou superar


deficiências cognitivas, emocionais, sociais, proporcionando melhora significativa na
qualidade de vida.
•Faz-se a intervenção das funções presentes, porém inativas, com utilização de várias
atividades.
•Nos pacientes idosos com processo degenerativo ou deficits decorrente da idade faz a
readaptação visando melhor qualidade de vida e independência nas atividades da vida
diária.
•Para atendimento de idosos com processo degenerativo ou deficits decorrente da idade,
é fundamental a participação dos familiares e do seu acompanhante.
•Dentro do programa deverá constar a orientação familiar e plano de adaptações que se
fazer necessário,dentro de sua casa.
• Os atendimentos podem ocorrer, além do consultório, na casa do paciente e em outros
lugares como lojas, biblioteca, escola etc., dependendo do objetivo do programa.
•O objetivo desta intervenção implica em restabelecer nos pacientes o melhor nível de
funcionamento possível, em termos físicos, psicológicos e de adaptação social. Inclui a
utilização de todos os meios disponíveis para reduzir o impacto das condições redutoras
de eficiência, de modo a levar o indivíduo a um nível ótimo de integração
social.(Intervenção Holística)
• Se caracteriza por um conjunto de práticas em que o profissional atua junto com o
paciente para reduzir o efeito de díficits cognitivos que se constituem como obstáculos
funcionais ao desempenho adequado em tarefas do cotidiano. Prioriza o indivíduo como
um todo e sua qualidade de vida. As técnicas são construídas para cada caso.

Metodologia

Apóia-se em diagnóstico neuropsicológico, que considera a natureza da desordem:


- diferencia déficit primário de secundário;
- estabelece o padrão de forças x fraquezas;
- reforçar / compensar.

PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA REABILITAÇÃO


•Lembrar que o paciente está vivenciando uma nova situação constrangedora e
desmoralizante.
•Lembrar que seu raciocínio e ritmo de trabalho está alterado.
•Lembrar que reabilitação é treino de estratégias e não avaliação
•Respeitar e permitir a utilização do tempo necessário para execução dos exercícios.
•Não deixar que a ansiedade do terapeuta interfira no processo de reabilitação.
•Não se preocupe se houver necessidade de repetir várias vezes o mesmo exercício.
•Compartilhe dos sentimentos do paciente.
•Todas as atividades deverão ser seqüenciadas
•Quando planejar uma atividade, analise o seu objetivo final e intermediários.

Fases da Reabilitação
•Conscientização
•Aceitação
•Compensação
•Autonomia
•Ajustamento

Fase da Conscientização
•Nesta fase o paciente será exposto gradualmente em contato com seus déficits,
percebendo quais foram as suas perdas e quais são suas futuras possibilidades.

•O resultado da avaliação neuropsicológica é muito importante, pois é um dado


concreto, vivenciado recentemente pelo paciente, onde se tem resultado da sua
performance.
Fase da Aceitação
A partir da conscientização da sua realidade atual, conhecendo as suas forças e
fraquezas, é preciso criar um ambiente de grande estimulação e motivação, que
proporcione um bom engajamento e colaboração do paciente à reabilitação.

Fase da Compensação
É a fase em que começa a reabilitação das funções cognitivas deficitárias, através de
estratégias planejadas e fazendo uso dos instrumentos adequados.

A reabilitação depende da natureza das desordens de cada caso, variando de acordo com
o perfil cognitivo e a patologia presente.

Fase da Autonomia
A autonomia do indivíduo é o maior objetivo pretendido no trabalho de reabilitação
neuropsicológica. Portanto é necessário atentar para as seguintes questões:

• Pode exercer algum tipo de trabalho?

• Além do trabalho, que outro tipo de atividade pode promover independência e


melhora na qualidade de vida?

Fase do Ajustamento
•Esta fase engloba não só o ajustamento do paciente a sua nova condição de vida, mas
também da família e do ambiente que o rodeia.

•É importante ressaltar que as pessoas próximas ao paciente necessitam de


aconselhamento e em alguns casos de suporte psicoterápico.

INICIANDO A REABILITAÇÃO
•Primeiro contato com o paciente e os familiares é muito importante, pois é neste
momento que iremos colher dados do paciente antes do acometimento, sobre sua
família, suas atividades profissionais e sociais, sobre seu lazer, hobbies etc.
•Colher informações quanto sua atividade atual, comparando com os dados colhidos
sobre sua atividade antes do acometimento.
• Considerar a queixa do paciente.
•Qual a expectativa do paciente e/ou da família
•Com estes dados, mais a avaliação neuropsicológica, fazer o planejamento de
reabilitação.

Inicialmente elaborar tarefas em que o paciente sinta-se capacitado a realizar, não o


colocando em situação de desafio.

Trabalhar com a decomposição de uma atividade complexa em diversas tarefas mais


simples, isto é, o exercício deverá ser seqüencial e gradual.
MEMÓRIA
•As pessoas com problemas de memória passam a ter dificuldades em planejar e
organizar a sua rotina.
•Ensinar a utilizar agenda, quadro de aviso, bip, organizar o ambiente de sua casa,
colocando sempre nos mesmos lugares os remédios, pertences, etc.

Memória visual
•Apresentação de figuras-modelo e figuras-alternativa, onde deverão ser identificados o
modelos previamente apresentados.

•Com estes materiais é possível treinar memória imediata e tardia.


•Embora os exercícios trabalhe basicamente a memória visual, permitem estimular tb
atenção visual, descrição verbal e a formação de conjuntos.
•Memorizar objetos de uma categoria ou mais.
•Memorizar a localização dos objetos.
•Memorizar a localização e o nome dos objetos

Memória verbal
•São exercícios para retenção de informações verbais, em três níveis: palavras,
sentenças e textos.

EVOCAÇÃO DE PALAVRAS
•Dificuldade em encontrar palavras para expressar um pensamento.
•1. O atleta brasileiro do _____________mais famoso no Brasil é o Oscar Smith.

Memória espacial
•Lembrar onde viu um estímulo, utilizando figuras isoladas, até detalhes de cenas
complexas.
Ex. - Qual o objeto que você viu do lado direito do vaso?
- Qual o objeto que está na ultima linha?

Memória de nomes
•Todos nós podemos aprender novos nomes.
•Quando ouvir o nome, concentrar e prestar atenção.
• Estar com todos os sentidos em alerta.
•Não é preciso saber o nome de todas as pessoas que vir a conhecer. Ex. Nome do
garçom que te serve, ou caixa do supermercado, etc. Selecionar o nome das pessoas que
achar importante.
Técnicas de memorizar nomes
•Técnica da repetição - repetir em voz baixa ou mentalmente, durante a conversa.
•Técnica da prática – soletrar mentalmente ou em voz baixa o nome quando for
apresentado.
•- Fazer um comentário sobre o nome.
•-usar no início e no final da conversa.
•Técnica da conexão – estabelecer uma conexão entre o nome e algo que já lhe é
familiar.
•-Técnica do instantâneo –visualizar o nome, visualizar o nome e o rosto, visualizar o
nome com o significado dele ( Coelho, Pinheiro, Machado, etc.)
•Técnica da história – inventar uma história engraçada, absurda ou exagerada, para o
nome. Ex. Paulo Machado. (o machado dava pauladas)
•Técnica do filme – pode ser verbal ou visual. Fazer uma associação visual exagerada
e/ou tola com movimentos. Ex. Conde Antônio Pereira – imaginar um conde vestido em
trajes típicos, subindo na árvore para colher pêras.

Memória auditiva
•Memorizar palavras, sentenças e frases.
•Memorizar e identificar sons.
•Associar sons com uma atividade ou um evento
•Memorizar informações
Memória de detalhes
•Apresentar linhas ou formas incompletas e pedir que usem na elaboração de um
desenho.
•Apresentar um cartão com uma figura e solicitar uma descrição detalhada. Mostrar
depois um novo cartão onde a figura aparece com algum detalhe diferente ( omitir ou
acrescentar); pedir para identificar a diferença
•Perfil (jogo da Grow): ouvir as pistas, memorizar e responder.
•Lista de compras de supermercado.
•Memorizar conjunto de palavras ou números.
•Memorizar frases.
•Apresentar informações verbais e depois de uma outra atividade pedir para repetir ou
fazer aquilo que foi pedido.
•Gradativamente aumentar as informações e o intervalo entre estimulo e resposta.

Jogos utilizados

•LINCE – Grow
•FOCUS – Grow
•SENHA – Grow
•CILADA –Estrela
•CAN-CAN –
•FORCA – Grow
•PINGO NO I
•REVERSI – Grow
•MOSAICO – Sonata
• CARA A CARA Estrela
•PERFIL - Grow
•VIRA LETRA – Estrela
•SUDOKU
•RUMMIKUB – Grow
Muitos destes jogos estão fora de produção, mas é importante sempre pesquisar novos
jogos e analisar para sua utilização.

Bibliografia:

•June Grieve BSc, MSc – Neuropsicologia para Terapeutas Ocupacionales – Editorial


medica Panamericana.
•A. R. Luria – A mente e a memória – Trad. Claudia Berliner – Martins Fontes – SP
1999
•Cybthia R. Green, Phd. – Memória Turbinada – Trad. Ana Beatriz Rodrigues – Ed.
Campus, Br.
•Maite Alvarado – O Leiturão – Ed. Ática.
•Mckay Moore Sohlberg e Catherine A. Mateer – Reabilitação Cognitiva- Uma
Abordagem Neuropsicológica Integrada – 2009 – Ed. Santos

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