Monografia Final Sara Gonzalez Moron
Monografia Final Sara Gonzalez Moron
Monografia Final Sara Gonzalez Moron
São Carlos, SP
Setembro, 2022
ii
____________________ ____________________________
Sara Gonzalez Moron Maria de Jesus Dutra dos Reis
São Carlos, SP
Setembro, 2022
iii
AGRADECIMENTOS
onde me encontrei dentro da psicologia. Obrigada por tornar esse trabalho possível, pelo
desenvolvimento desse projeto. À Jesus, por topar entrar nessa jornada e maratonar a
finalização desse trabalho, mesmo em períodos difíceis. Ao grupo de pesquisa do TACN1 por
suas valiosas contribuições nesse trabalho, em especial ao Denis, que me recebeu no grupo
com tanta generosidade. À Lidia, por desde 2020 ser muito presente em minha formação
tranquilo. A todos meus professores que contribuíram com minha formação e base em análise
amigos, que me deram suporte nos momentos em que as coisas pareciam mais difíceis. Por
fim, agradeço a Lívia, Julie, Laura, Camila, Ana, Rapha e Rafa, que traçaram todo o caminho
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………………01
MEDIDAS ………………………………………………………………………………......16
PARTE 1 ……………………………………………………………………………18
PARTE 2 ……………………………………………………………………………30
PARTE 3 ……………………………………………………………………………41
DISCUSSÃO ………………………………………………………………………………..44
ANEXO ………………………………………………………………………………...........56
v
ÍNDICE DE FIGURAS
contingências ………………………………………………………………………………..31
estímulos .………………………………………………………………………………........40
RESUMO
Doenças mentais são uma problemática crescente no âmbito da saúde mental ao redor
do globo. A psicoterapia é um dos tratamentos recomendados atualmente para essa complexa
questão, havendo diferentes referenciais teóricos utilizados. Dentre as abordagens
terapêuticas no Brasil encontra-se a Terapia Analítico-Comportamental (TAC), baseada no
Behaviorismo Radical e com a intervenção focada na análise das contingências vigentes no
contexto do indivíduo ou grupo analisado. Estudos recentes sobre os processos e resultados
na TAC, tem enfatizado a necessidade de mais pesquisas com a finalidade de descrição de
processos e resultados, buscando ampliar evidências de eficácia e eficiência. Dentre as muitas
discussões, fica cada dia mais premente a necessidade de se desenhar procedimento de
intervenção, em grupos ou individuais, emprocedimentos com poucas sessões, a saber, um
modelo de psicoterapia breve no modelo TAC. O presente estudo teve como objetivo
descrever uma intervenção de acolhimento psicológico breve embasado na TAC, planejado
para ser realizado em até 12 atendimentos individuais de 50 minutos e com frequência
semanal. O processo desenvolvido nesse procedimento foi detalhado nas suas diferentes
fases. Os principais objetivos de um conjunto de sessões foram delineados, os principais
procedimentos implementados descritos, os instrumentos utilizados delineados, tentando
enfatizar especialmente o papel do terapeuta nesse processo. Foram também inserido
exemplos de produtos, a partir da intervenção com três participantes encaminhadas pela lista
de espera do atendimento, oferecido por uma universidade pública do interior de São Paulo.
Para a inserção dos casos no presente estudo, o delineamento foi submetido e aprovado a
Comitê de Ética para Pesquisas com Humanos. Considerações gerais e iniciais permitem a
discussão sobre algumas dificuldades do modelo, possibilidades de aplicações remotas e
presenciais e indicando caminhos para possíveis pesquisas futuras.
2017, a OMS publicou dados de 2015 que apontaram 586 milhões de indivíduos no mundo
acometidos apenas pelas chamadas doenças mentais comuns – depressão e ansiedade. Como
mundo em 2015, sendo entre as 20 primeiras causas no mundo de maneira geral e segunda
(OPAS) apontou que 9,3% da população era acometida por transtorno de ansiedade e 5,8%
por transtorno depressivo, patologias que causam prejuízos humanos, sociais e econômicos
(Duailibi & da Silva, 2014; Vigo, Thornicroft & Atun, 2016). Tais impactos são ainda pouco
pessoas de países de baixa e média renda (como é o caso do Brasil) apresentam esse tipo de
transtorno, mas não recebem tratamento adequado (OPAS, 2020). Com a pandemia do
em soluções eficazes e eficientes para esse problema social (Kola, 2020; Savassi, Dias
Bedetti, Joi de Abreu, Costa, Perdigão & Ferreira, 2020). A OMS reconhece essa crescente
demanda intensificada pelo contexto pandêmico e aponta ainda, no Atlas de Saúde Mental de
2020, uma demanda mundial no enfrentamento dos transtornos mentais (WHO, 2021).
processos terapêuticos eficazes para o tratamento de diferentes quadros (e.g. Kline, Cooper,
Rytwinksi, & Feeny, 2018; Torres-Rodríguez, Griffiths, Carbonell, & Oberst, 2018). Há,
2021; Wilhelm et al., 2019; Kothgassner, Goreis, Robinson, Huscsava, Schmahl & Plener,
2021; Benfer, Spitzer & Bardeen, 2021; entre outros). A quantidade de sessões apresenta
anos de duração (Shalom & Aderka, 2020; Smit, Huibers, Ioannidis, van Dyck, van Tilburg
& Arntz, 2012). Os resultados dos estudos indicam melhoras nas demandas terapêuticas,
porém, como as técnicas terapêuticas estão em constante construção, são necessários estudos
evidências quanto a sua efetividade (Leonardi & Meyer, 2015). A TAC norteia sua prática a
seu ambiente (Meyer, Del Prette, Zamignani, Banaco, Neno & Tourinho, 2010). As terapias
Análise Comportamental Clínica (De-Farias, 2010; Marçal, 2014) e Terapia por Contingência
de Reforçamento (Guilhardi, 2004). Esta variedade na nomenclatura tem sido apontada como
singular e única. E uma parte representativa desse repertório é selecionado por consequências
apresentadas nos grupos sociais onde nasce e se desenvolve, – família, religião, escola,
trabalho, entre outros. Dessa forma, comportamentos relativos a práticas culturais - como
(Moore, 2017).
“sofrimento” mental acontece num organismo biologicamente selecionado, mas com uma
Zamignani, 2004; Banaco, Zamignani & Meyer, 2010; Ferreira & Tourinho, 2011; Abreu &
Abreu, 2017).
seu trabalho examinando um modelo de depressão (Ferster, 1973). Nesse artigo, o autor
Através das análises das contingências vivências pelo paciente, o terapeuta analítico-
quase que exclusivamente por meio dos relatos verbais e interações terapeuta-cliente no
setting terapêutico, formulando-se intervenções a partir das informações obtidas por meio
observadas em sessão, já que na prática essas informações tendem a surgir a priori de maneira
2011).
focal. A análise molecular é base para a construção do segundo nível de análise, o molar
(macroanálises). Essas são mais amplas que as primeiras, e visam integrar os aspectos que
que esse padrão de comportamento se instalasse. A análise molar é elaborada ainda com base
5
consequências que fortalecem e enfraquecem esse padrão (de-Farias, Fonseca & Nery, 2018).
intervenção (e.g. Dunlap & Kern, 2018). A avaliação indireta também permite a rápida coleta
de dados que tende a tomar um longo período de tempo para ocorrer na presença do terapeuta
(Hanley, 2012), além de incluir comportamentos encobertos do indivíduo (Martin & Pear,
2009). Muitos estudo internacionais tem discutido e examinado os elementos críticos para a
Análise Funcional (e.g. Roscoe, Schilichenmeyer & Dube, 2015; Kahveci & Ataman, 2017;
Noel & Rubow, 2018; Schieltz et al., 2018, Dunlap et al., 2018; entre outros). A TAC utiliza
las com seu histórico, também único (Andery, 2010). Utilizando-se dos dados do participante
paciente, posteriormente comparadas com as medidas dos mesmos padrões realizadas durante
Silva, 2013; Calais & Bolsoni-Silva, 2008, Borges & Cassas, 2009), além de outras mais
específicas, como ativação comportamental para quadros de depressão (Abreu & Abreu,
Banaco, 2005). No entanto, as técnicas e procedimentos de intervenção são meios e não o fim
avaliar as evidências de uma prática terapêutica por meio de ensaios clínicos randomizados,
que utilizem de maneira controlada a mesma estrutura nas sessões psicoterapêuticas. Apesar
ao modelo individualizado utilizado pela TAC não convém a padronização das práticas,
através, por exemplo, de manuais. A recente nova proposta elaborada por Hayes & Hoffman
Josua, 2019).
Silva, Fogaça, Martins & Tanaka, 2020). O programa foi testado em aplicado a 14
exposição teórica do tema a partir de uma cartilha informativa, 4) apresentação da nova tarefa
negativos, habilidades para lidar com críticas, relacionamentos amorosos e familiares e falar
depressão, mostrando-se efetivo para a promoção de saúde mental. Os dados obtidos revelam
em realizar a graduação. Foram utilizadas técnicas comportamentais descritas por Calais &
déficits, excessos e reservas comportamentais do caso, a partir dos relatos históricos e atuais
realizada em dois momentos, um primeiro com 18 sessões e seis meses depois com novas 21
quanto em uma das relações trabalhadas, havendo melhora em seu repertório de habilidades
sociais. Ainda com problemas nos relacionamentos intrafamiliares, a cliente retornou para o
no pré-teste e índices de depressão maior severa, passando para escores não clínicos no pós-
Silva & Fogaça, 2018), Promove-Crianças (Falcão & Bolsoni-Silva, 2016) e Promove-
Bolsoni-Silva & Josua (2019) destacam que o efeito da psicoterapia não se dá apenas
que sejam funcionalmente equivalentes e mais adequados. Além disso, a falta de flexibilidade
contingências em vigor – pode causar sofrimento psicológico significativo (Luoma, Hayes &
Walser, 2007). Sendo o ser humano um ser social, grande parte das habilidades exigidas em
seu repertório são habilidades sociais, sendo o déficit nessas um fator de risco já identificado
10
assim, também, o acesso a reforçadores (Pereira, 2016). As habilidades sociais podem ser
comportamentos relacionados com as queixas trazidas (Gresham, 2013; Del Prette & Del
Prette, 2012).
atendimento psicoterápico.
causados pelas doenças mentais é extenso, não apenas pelos custos do tratamento, mas
considerados de maior gravidade, pode durar até mesmo anos, uma possível alternativa para
A psicoterapia breve tem sido apontada como uma alternativa diante da sobrecarga no
casal, familiar, entre outras) e por diferentes períodos. A psicoterapia breve tem se mostrado
eficaz, ainda que haja ressalvas sobre o número adequado de sessões a serem conduzidas com
al., 2011; Town et al., 2012; Abbass et al., 2014; Cuijpers et al., 2014).
modelo de psicoterapia breve, com diagnósticos específicos de fobia social (Rocha, Bolsoni-
Silva &Verdu, 2012) e depressão (Orti, Souza-Girotti & Bolsoni-Silva, 2015). Os resultados,
em ambas aplicações, foram positivos, com os pacientes passando da condição clínica para
de Beck (BDI) e nas entrevistas clínicas no segundo. Os estudos relataram que a intervenção
intervenções que normalmente são realizadas em grupo. Ainda que com limitações, a
procedimento analítico-comportamental, uma vez que não tiveram interesse em aderir a uma
intervenção em grupo.
Por sua vez, Ramiro, Moreira, Junior, Almeida, Moron e Cândido (2022) realizaram
encontros. As queixas eram bastante variadas, havendo entre elas sintomas ansiosos,
embasadas na TAC mas, quando intervenções breves, ainda próximas ao formato de THS e
Procedimento geral
considerar as individualidades de cada caso. Dessa perspectiva, são coletadas medidas pré-
Sempre que possível, recomenda-se que as sessões sejam registradas em mídia digital
participantes responderam aos questionários SEQ e ORS como medidas de linha de base, e
são combinados dias e horário fixo para atendimentos. As sessões são realizadas a partir de
minutos.
informações sobre o cliente (por exemplo, história de vida, queixas e outros tratamentos). A
coletadas nas sessões iniciais, a partir do procedimento estabelecido por de-Farias, Fonseca e
Bezerra (2018).
SEQ ao final da sessão, assim como o terapeuta. No início de todas as sessões, é também
intervenção.
15
reflexivas.
para a clínica escola de uma universidade pública do interior de São Paulo. Os critérios de
relacionada a fatores emocionais e/ou comportamentais. Para que os dados das sessões
pudessem ser apresentados, o projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de São Carlos, atendendo à Resolução
1
Alguns dados das participantes foram alterados, de maneira a garantir sigilo.
17
em lidar com diagnóstico de depressão. A paciente relatou crises depressivas intensas, com
há cerca de quatro anos afastada por invalidez, por conta de uma violência física que sofreu
possíveis ocupações que a paciente poderia ter não podendo mais executar sua formação. Os
empregada doméstica. Sua queixa envolvia o luto a partir do suicídio do filho, há menos de
ambiente virtual do Google Meet, quanto presencialmente, no espaço físico da clínica escola
da universidade. Todas as sessões foram gravadas e os dados mantidos com acesso restrito
entrevista proposto por Murtha e Rocha (2014), composto por uma lista de comportamentos
que o terapeuta deve emitir, em algum grau, na primeira sessão. O instrumento é dividido em
comportamentos a serem emitidos no início, meio e final da sessão, sendo um apoio para o
18
relacionadas a aspectos como características das queixas (e.g. início, frequência) e relações
adaptado para o Brasil por Ramos et al. (2019), é composto por 21 itens que variam sete
pontos na escala Likert, que variam entre dois pólos de estados de humor (e.g. bravo e
participante. “Essa sessão foi”, que será aplicada pós-sessão; e “Agora me sinto”, aplicado
A tradução do instrumento, ainda não validada para a população brasileira, foi desenvolvida
para fins dessa intervenção, a partir da tradução independente de dois indivíduos, com as
possui quatro linhas de dez centímetros, em que o indivíduo deve marcar como se sentiu na
última semana, sendo marcas a direita representativas de níveis mais baixos e marcas à
extratos do caso, que possibilitasse discutir e formalizar o que foi sendo desenvolvido.
Semanas: 1 a 3
Intervenções iniciais
queixa inicial, ou seja, porque buscou o atendimento e está respondendo àquele questionário
e/ou presente naquele primeiro atendimento. A depender da queixa do paciente, ele pode
estar mais exposto a situações identificadas como de crise e que devem ser priorizadas no
processo de cuidado, uma vez que se caracterizam por um estado temporário de perturbação
(Slaikeu, 1990); crises são comportamentos que oferecem risco à sua vida como, por
situações de violência doméstica (Stöckl et al., 2013), o que indica a necessidade de uma
comportamentos do terapeuta devem ter como foco se comportar de forma a estabelecer uma
Crise
enfrentamento já não são suficientes para lidar com as situações adversas de seu cotidiano.
Como consequência, chegam à terapia com altos níveis de estresse, contexto facilitador para
a ocorrência de crises (Zamignani & Banaco, 2005). Diante da averiguação desse fato, cabe
encaminhar o paciente para um serviço ou local em que sua vida esteja segura. Para isso, é
necessário realizar uma psicoeducação breve, em que o terapeuta indica para o paciente o
20
sugestão de encaminhamento.
Dessa forma, caso o paciente apresente, por exemplo, uma crise ansiosa durante as
sessões iniciais, o terapeuta pode aplicar uma estratégia de relaxamento (e.g. Neto,2011) para
engajar-se em uma psicoeducação, em que indica possíveis sintomas que podem caracterizar
a ocorrência de uma crise e os fatores ambientais que podem causá-la, refletindo com o
paciente o que pode ter ocasionado aquela crise específica. Além disso, o terapeuta deve
recomendar a redução dos níveis basais do paciente durante a semana (Barbosa, 2004). Nas
sessões subsequentes, o terapeuta deve então atualizar-se sobre a ocorrência de crises durante
a semana entre sessões, sendo essa uma maneira tanto de compreender o curso dos sintomas
Caso R
Relação terapêutica
problema do paciente. Segundo Tsai e Kohlenberg (1987) uma relação de intimidade permite
21
maior acesso aos sentimentos do paciente e, por consequência, permite uma maior
reações do terapeuta são percebidas pelo paciente: da mesma maneira que no contexto extra
sessão possui habilidades sociais que lhe permitem perceber reações e expressões faciais
futuras. Pela outra via, o paciente desperta reações no terapeuta, que devem ser percebidas e
analisadas, uma vez que possivelmente reações semelhantes são percebidas pelos pares do
ocorrem no contexto cotidiano do paciente (Banaco, 1993). Além disso, Tsai e Kohlenberg
(1987) afirmam que o terapeuta deve estabelecer uma relação genuína com o paciente, a qual
Caso R
Acolhimento e esperança
comportamentos, o que pode parecer ter um custo muito alto considerando suas tentativas
passadas falhas. Por esse motivo, é importante que o terapeuta seja sensível e não emita
das estratégias inadequadas que apresentar para resolução de problemas. O terapeuta também
deve se dedicar a dar esperança para o paciente, buscando o engajamento dele no processo e a
Caso M
Nos atendimentos iniciais, a paciente relatou dor emocional intensa após a perda do filho,
uma experiência extremamente difícil e traumática. A descrição da paciente da situação
passada e atual indicava a perda de um importante reforçador, e muita culpa pelo ocorrido,
não vendo como poderia sair daquela situação de dor. Diante desses relatos, a terapeuta
buscou acolher a dor de M, através de falas como “acredito que essa seja uma das maiores
(se não a maior) dores que uma pessoa pode sentir” e “não consigo imaginar como é difícil
lidar com a morte inesperada de um filho, sinto muito”. A terapeuta também buscou trazer
esperanças ao descrever que essa dor de fato nunca iria passar, mas que com o tempo iria se
transformar, e que iriam juntas buscar maneiras de enfrentar essa dor da melhor maneira
possível.
Coleta de dados
desordenada, com detalhes pouco relevantes para o trabalho terapêutico e possivelmente até
Queixa clínica: queixa trazida pelo paciente voluntariamente. Pode-se entender como
queixa clínica os motivos que o levaram até a terapia e as mudanças que deseja fazer em seu
história passada do paciente. Nessa sessão, são incluídos os dados históricos que possuem
correlação com os comportamentos descritos na queixa trazida pelo cliente, uma vez que irão
ser dados importantes para indicar o contexto em que os comportamentos problema do cliente
se estabeleceram.
indicam como esse comportamento se mantém no contexto atual, isto é, em que ambientes
ocorre e quais consequências seguem esse comportamento, o que faz com que ele se
mantenha no contexto atual. Nessa sessão, devem ser inseridos os dados contextuais em que
do paciente.
seus efeitos no organismo é importante tanto pelo efeito farmacêutico, que causa alterações
comportamentos do organismo.
24
podem ser variáveis que atuam através desses dois níveis. A depender da condição ou doença
do paciente, ele pode ter alterações no comportamento que podem ser confundidas com
depressão (e.g. Ricardo Neto, Figueiredo & Oliveira, 2021) ou podem, a aceitação da doença
comportamental inicial do paciente, que será ampliado e adequado de acordo com sua queixa.
Por isso, é necessário compreender qual é o ponto de partida, devendo ser identificados os
Semanas: 3 e 4
processo de reforçamento envolvido e possíveis efeitos como subproduto (De Farias, Fonseca
& Nery, 2018). As análises molares, por sua vez, dependem de algum tempo de coleta e são
25
semelhantes (Marçal, 2005). Além disso, as análises molares integram os aspectos históricos
consequências que fortalecem ou enfraquecem o padrão em questão (De Farias, Fonseca &
Nery, 2018).
Todorov, 1989) é possível, a partir dos dados coletados até então, distinguir as variáveis que
influenciam o comportamento a partir dos três níveis de seleção (Skinner, 1981). Esses dados
coletados devem ser selecionados e organizados de maneira que seja possível compreender a
comportamento está inserido (Todorov, 1989). Uma possibilidade de descrição dessa relação
é através das análises funcionais (Moreira e Medeiros, 2007). Nessa análise, são
funcional (Skinner, 1953/2003), além da identificação das relações funcionais desses eventos,
o comportamento (Baum, 1994/2006; Moreira & Medeiros, 2007; Pierce & Cheney,
secundários e terciários) ( Baum, 1994; Pierce & Cheney, 2004; Hull, 1943; Tomanari, 2000).
Caso M
26
Durante a coleta de dados, foi relatado pela paciente que tinha dificuldades em “dizer não”
(déficit comportamental), relatando eventos em que chegou a negar pedidos e as pessoas envolvidas
ficavam “de cara virada” ou mudavam seus comportamentos com M. Além disso, quando concorda
com esses pedidos têm aprovação dos pares, além de condizer com regras de que deve sempre ajudar
os outros, a qual sempre esteve presente em sua família. M também relata dificuldades em se
comunicar com o marido, pois as vezes em discussões tinha falas ofensivas (excesso
comportamental) - quando tem essas falas, relata que o marido por vezes não sabe mais o que falar,
tendo ela a última palavra da discussão. Ainda assim, relata que sua mãe dizia coisas muito piores
quando M era mais nova. A paciente relatou também não ter interesse em sair de casa, e que não
gostava de estar com pessoas (déficit comportamental). Também relatou que muitas vezes, quando
em contato com pessoas, falavam sobre o filho ou a tratavam com muitos cuidados, o que ela
associou a um tratamento diferente por sua dor.
2
Modelo de análise molecular retirado de De Farias, Fonseca e Nery (2018).
27
social positivo
A partir desses dados, também foi possível realizar uma análise molar3 de comportamentos de fuga
ou esquiva da paciente:
Estabelecendo objetivos
seus objetivos terapêuticos, isto é, quais mudanças planeja que aconteçam ao final de sua
3
Modelo de análise molar retirado de De Farias, Fonseca e Nery (2018).
28
Os dados coletados e organizados a partir das sessões iniciais são os dados que irão
compor a formulação de caso, que descreve as informações do paciente relevantes para que a
intervenção seja realizada. A partir desses dados, o terapeuta deverá ser capaz de identificar
generalizadas para todos os indivíduos, uma vez que sua fundamentação filosófica parte do
contingências que determinam seus comportamentos atuais (Banaco, Zamignani & Meyer,
descritos a seguir:
das contingências em vigor em seu contexto, o paciente deixa de ser uma figura passiva e tem
a possibilidade de atuar ativamente em relação a suas queixas (Skinner, 1974). Para tanto, o
identificando as contingências que atuam sobre as queixas do paciente, para que só então
auxilie positivamente na reflexão que irá realizar. Dessa forma, é função do terapeuta
29
contingências podem ocorrer alterando um dos elos presentes, o que tem como consequência
a alteração de toda a contingência como um todo, uma vez que antecedente, resposta e
consequência possuem implicações mútuas entre si. Dessa forma, sem que o comportamento
indivíduo (Sidman, 2001). Para isso, o paciente precisa por vezes ampliar seu repertório
comportamental, aprendendo a emitir comportamentos que antes não eram emitidos, e que
emitidos e, portanto, capaz de responder de uma maneira que lhe seja mais conveniente. O
terapeuta não irá trabalhar para ampliar o repertório indiscriminadamente, mas sim
indivíduo em questão.
Semana: 4 a 10
Com base nos dados coletados na primeira parte e a organização desses, o processo de
terapêuticos, com enfoque no que se espera obter ao final da intervenção. Para isso, a
objetivos terapêuticos, porém são aplicadas a partir das demandas semanais apresentadas pelo
paciente. Por esse motivo, a intervenção pode variar em relação ao que foi inicialmente
pensado, sendo variável dependente dos temas e sofrimento levantados pelo paciente durante
mudanças mais efetivo (Skinner, 1974). Para que o terapeuta esteja capacitado para realizar
comportamento que vai ser alvo da intervenção, isto é, que identifique topografia, função,
capaz tanto de descrever esses elementos quanto de evocar o comportamento de descrição por
O profissional inicialmente irá tentar evocar o relato por parte do paciente, através de
relato total ou parcialmente correto do paciente, cabe ao terapeuta realizar alterações em seu
próprio comportamento, gradualmente, até que evoque tais respostas. O terapeuta deve,
então, analisar se as descrições do paciente são tatos precisos da realidade e, caso sejam,
reforçar essas descrições, total ou parcialmente. Dificilmente o paciente irá partir diretamente
de uma descrição imprecisa no início da intervenção para uma descrição totalmente acurad
acurada;
comportamento-alvo
alvo da intervenção. A partir dessa última etapa de reforçamento, a
contingências.
Caso R
A paciente se preocupa com a tristeza da filha, mas relata que a filha demonstra estar
fugindo da mãe, saindoo do quarto apenas quando a mãe entra no quarto. Foram analisadas
maneiras que R poderia abordar a filha e que fatores do contexto atual fazem com que
possa estar se afastando. R disse que quando conversa com a filha sobre o assunto “fala o
que pensa”, a partir
artir do que a terapeuta buscou levantar uma reflexão sobre a possibilidade
de a filha fugir por R atuar como audiência punitiva. Juntas R e a terapeuta refletiram que
esse comportamento pode não trazer benefícios e que pode fazer mais sentido ficar sob
32
controle das consequências. Ao final da reflexão, a terapeuta propôs que R desse apoio para
a filha, como por exemplo acolhendo-a e compartilhando momentos da vida que possam ter
semelhança.
relatar a ocorrência do comportamento que o terapeuta identifica como problema. Para ambos
questão da maneira que o ambiente do paciente responde em geral, formando-se assim, uma
contingência distinta a que está presente no cotidiano do paciente (Popovitz & Silveira,
2014). Essa resposta distinta deve ser uma resposta não punitiva, uma vez que o ambiente
costuma emitir consequências com esse efeito. A partir da resposta diferencial do terapeuta, é
compreensão do paciente como um todo, tanto para o terapeuta, quanto para o paciente.
causados por ele. Em sequência, é possível levantar uma análise reflexiva sobre os
para comportamentos-problema.
problema.
Caso M
Durante os atendimentos, M relatou que gosta de trabalhar em uma casa que não tem
contato com os empregadores, e que quando passa por situações que tem que ter contato
acha ruim. Relatou também que quando a filha quer ir em sua casa não tem vontad
vontade que vá,
pois por vezes acabam perguntando como está se sentindo. Tendo faltado em algumas
sessões de atendimento anteriormente, a terapeuta compreendeu que os comportamentos
evitativos apresentados em todos esses ambientes partilhavam semelhanças.
A terapeuta
peuta então passou a reforçar todas as vezes que a paciente vinha para as sessões, e
abordou cuidadosamente a temática, questionando se esse comportamento evitativo poderia
estar relacionado a dificuldades em lidar com sentimentos difíceis quando surgia a
temática, ou ainda que em alguns casos comentários de pessoas sobre problemas cotidianos
poderiam parecer invalidantes, por parecerem para a paciente problemas supérfluos quando
comparados com a morte de seu filho. A terapeuta ainda buscou validar esses sensentimentos
da paciente, buscando ser empática diante da dor de M.
terapêutico pode seguir para reflexões acerca dos diferenciais entre as contingências
comparação entre essas situações permite a percepção por parte do paciente das variáveis que
(Skinner, 1974).
Devido a esse processo de transição, o terapeuta não deve se limitar a reforçar apenas o
comportamento-alvo
alvo que determinou como esperado ao final da intervenção, mas sim
para comportamentos-alvo.
Caso C
que se sente bastante afetada pelas mortes, tendo contato com diversas pessoas que foram
afetadas e faleceram devido ao vírus. A demanda da paciente foi acolhida e, considerando
que a descrição de sentimentos é um comportamento-alvo estabelecido para o processo de
acolhimento psicológico, o compartilhamento de sentimentos foi reforçado.
inicialmente identifique algumas possibilidades, para que sua atuação com o paciente siga um
definidos como comportamentos-alvo, porém, devem ser sempre questionados de acordo com
novas informações trazidas pelo paciente durante o processo, as quais podem indicar ao
devem ser feitos inicialmente a partir da reflexão, junto ao paciente, sobre quais
análise realizada será voltada para identificação de em quais contextos esses comportamentos
podem ser aplicados, buscando iniciar com ambientes que possuem maiores chances de
melhora assim como, ao final, evocar uma reflexão sobre quais adaptações devem ser feitas
em relação aos comportamentos do indivíduo para que alcance a mudança mais próxima do
que espera. Dessa maneira, a intervenção torna-se cíclica, oscilando entre a análise sobre o
36
que o paciente ainda deseja alterar, aplicação dessas mudanças e análise dessas aplicações,
Considerando-se
se a intervenção descrita como molecular, (i.e., aplicada a uma situação
molar, a segunda derivada da primeira. Para isso, a intervenção do terapeuta pode partir das
até mesmo comportamentos com diferentes topografias e função semelhante. A partir dessa
definidos inicialmente com o novo comportamento ou contexto. Dessa forma, o paciente irá,
identificar as mudanças que considera pertinentes, aplicar tais mudanças e refletir novamente,
considerando as novas condições. Ao mesmo tempo, cabe ao terapeuta reforçar e dar suporte
generalização de comportamentos
comportamentos-alvo.
Caso R
37
Refletir sobre ambientes problemáticos: De maneira geral, o terapeuta irá realizar sua
intervenção com os comportamentos do paciente, uma vez que é ele que buscou a terapia
acontecem, uma vez que esse ambiente mantém o comportamento até então. Dessa forma,
que podem ser alterados ou dos quais o paciente pode se esquivar de maneira benéfica. A
partir dessa identificação, o terapeuta pode, junto ao paciente, refletir sobre as problemáticas
desses ambientes, formulando com isso repertório suficiente para identificar se é pertinente
terapeuta pode então sugerir alterações que pareçam pertinentes, reforçando os esforços do
sobre o que ainda pode ser feito, reforçando as tentativas do paciente e orientando diante de
suas dificuldades.
38
problemáticos.
Caso R
possui função adaptativa, uma vez que o indivíduo pode responder a novos estímulos sem a
necessidade de umaa exposição direta a eles. Em algumas ocasiões, contudo, esse pareamento
pode ocorrer com estímulos para os quais não é interessante ao sujeito responder da mesma
maneira como respondeu em outra oportunidade, uma vez que pode desencadear
comportamentos inadequados
dequados para a situação. É possível também, que o comportamento
tenha tido uma importância distinta em outro momento da vida do indivíduo, em que outras
contingências estavam em vigor. Por exemplo, uma pessoa pode ter vivenciado um
possível que essa pessoa apresente os mesmos respondentes de medo que apresentava no
possivelmente saudável, além de trazer sensações negativas que não mais refletem a
contingência em vigor.
intervenção da maneira menos invasiva possível, i. e., de maneira que o paciente seja exposto
comportamental que ele elicia seja, assim, leve. Feito isso, o terapeuta deve verificar o estado
esforço. Caso a intervenção não tenha sido avaliada como positiva, cabe ao terapeuta avaliar
necessária uma nova aplicação e, se sim, deve expor o paciente a um estímulo ligeiramente
mais intenso, porém ainda relativamente brando e próximo do estímulo inicialmente definido.
Toda nova aplicação deve ser seguida de uma verificação do estado emocional do paciente,
além de acolhimento e um responder reforçador por parte do terapeuta. Após toda aplicação,
deve-se verificar se a intervenção ainda é necessária e, caso não seja, deve ser interrompida.
40
estímulos.
Caso M
M relata sentimentos muito aversivos quando entra no quarto que era do filho, que
continua da mesma maneira desde que o perdeu. A terapeuta entendeu que o quarto foi
incluído na moldura relacional
lacional da ocasião da morte do filho, tornando
tornando-se um estímulo
aversivo. A terapeuta realizou uma psicoeducação sobre pareamento de estímulos,
explicando para a paciente o porquê o quarto que poderia ser relacionado a uma boa
memória pela associação com o filho, foi relacionado com outro estímulo aversivo, sua
morte. A terapeuta então propôs que a paciente mudasse a disposição dos móveis no quarto,
de maneira que a imagem do quarto não fosse tão relacionada à morte do filho, reduzindo
sua função aversiva; feita
eita essa alteração, a terapeuta verificou o estado emocional da
paciente diante desse estímulo alterado e se a intervenção foi positiva e se ainda havia
potencial de melhora a partir dela.
41
Semanas: 11 e 12
acostumado com a presença semanal do suporte do terapeuta, irá perder esse suporte e
partir gradualmente da emissão dos comportamentos da maneira atual até a emissão desses
algumas formas de reduzir o impacto da mudança, o que pode ser feito analisando-se o
reflexivo de situações adversas atuais do paciente, que ele traga como temas na sessão; essas
intervenções devem, porém, ser aplicadas em menor grau, para que não tomem tanto espaço
evoluções que teve no processo e deixar mais claro, a partir da descrição, os meios para que
comportamento e tornar-se mais capaz de agir sobre essas variáveis. Para tanto, cabe ao
terapeuta orientar e refletir junto ao paciente sobre quais comportamentos emitia no início,
42
emite nos momentos finais do processo de acolhimento, identificando os processos para tais
mudanças. As identificações por parte do paciente devem ser reforçadas, visando que esse
Caso R
metas pessoais do paciente que ainda não foram alcançadas. Identificadas as metas e ganhos
até o momento, o terapeuta deve conduzir um processo reflexivo, sobre como os ganhos
futuro, pelo paciente. Esse processo é feito a partir da identificação das propriedades dos
comportamentos é possível identificar como ele pode ser generalizado para outros ambientes.
O terapeuta deve auxiliar o paciente na busca por objetivos realistas, identificando os déficits,
excessos e potenciais que o paciente ainda apresenta. O terapeuta ainda deve auxiliar o
para alcançá-lo, o paciente tenha uma compreensão molar e molecular da situação, além de
Além dos objetivos futuros pessoais do paciente, cabe ao terapeuta tomar uma
decisão, em conjunto com o paciente, sobre qual encaminhamento será dado ao caso. O
suficiente para a melhora do paciente. Em caso afirmativo para a primeira questão, o paciente
deve ser considerado um candidato para alta; em caso negativo para a primeira questão e
positivo para a segunda, o paciente deve ser considerado candidato para reencaminhamento
psicológico; em caso negativo para ambas as primeiras questões, o paciente deve ser
considerado para encaminhamento para outro serviço que o atenda melhor, e desligado do
intervenção, ainda que não seja suficiente para sua melhora, deve ser considerado um
terapeuta responsável pelo caso, mas não deve ser uma decisão passiva para o paciente. A
cadeia de raciocínio que leva à decisão terapêutica final deve ser descrita para o paciente, de
maneira clara e acessível. Diante dos fatos, o terapeuta deve expor o encaminhamento que
entende como mais viável e acatar as opiniões do paciente sobre o assunto, uma vez que ele
tomará a decisão final sobre o tratamento em que irá ou não se engajar. Caso o paciente seja
desligado do programa, ele deve ainda ser orientado a buscar novamente o programa caso
Caso R
Para a paciente R, a terapeuta entendeu que seria interessante que fosse
encaminhada para um processo de psicoterapia de longa duração, o que seria mais
adequado para paciente do que realizar blocos de 12 sessões de acolhimento psicológico.
Quando a terapeuta apresentou seus motivos, perguntou a R o que pensava sobre, ao que R
respondeu que não gostaria que terminasse, nem de começar os at
atendimentos
endimentos com um novo
terapeuta. Com isso, a terapeuta chegou a um acordo de reencaminhar a paciente para o
programa novamente, mas R ainda assim buscaria atendimento de longo prazo, durante
esse período, visando uma transferência para o novo serviço. A tterapeuta
erapeuta ainda realizou
uma psicoeducação sobre como ocorre o vínculo terapêutico, buscando acalmar R em
relação ao medo de se expor para um novo terapeuta.
DISCUSSÃO
acolhimento
ento psicológico breve, desenvolvida em 12 sessões de 50 minutos semanais. Para a
descrição dessa intervenção, as sessões foram divididas em três etapas principais, ainda que
pesquisadora, com concordância de outros dois pesquisadores sobre quais processos estariam
sendo aplicados na descrição analisada. A descrição desse processo tem como objetivo
permitir a replicabilidade da intervenção, de maneira que possa ser replicada por outros
sente menos ansiosa, além de ter desenvolvido maior autoconfiança e capacidade de falar
sobre sentimentos. A paciente R descreveu ao final das intervenções perceber melhora nos
atendimento, mas relata sentir-se bem após os atendimentos, descrevendo outros pares como
terapeuta. Diante disso, considera-se que as intervenções como um todo foram efetivas para a
houveram muitas negativas das pessoas que estavam na lista de espera, em relação ao
momento em que foi ofertada a intervenção online. Foi possível observar que as intervenções
online facilitaram a aderência das participantes aos atendimentos, uma vez que não havia
necessidade de deslocamento para a clínica escola. Nessas intervenções, porém, havia pouco
controle do terapeuta sobre o ambiente do paciente, e algumas vezes era possível perceber
que o local em que estava realizando as sessões era inadequado e acessível para outras
pessoas. Com isso, por vezes se tornava difícil compreender se o vínculo terapêutico ainda
não estava bem formado ou se o paciente trazia relatos vagos pelo local em que realizava as
videochamadas ser inadequado. Diante dessa reflexão, sugere-se maior destaque ao contrato
terapêutico, em que o terapeuta pode descrever de maneira mais incisiva as regras que regem
46
o processo. Destaca-se porém que é possível que os pacientes não tenham um lugar adequado
para realizar os atendimentos, e tal exigência, caso extremamente incisiva, pode levar a
algumas vezes por não ter acesso a outro lugar em que tivesse privacidade. Sugere-se que
público de saúde sem um processo de triagem amplo. Para casos dessa magnitude, faz-se
necessário muitas vezes um número maior de sessões, uma vez que o contexto do participante
Por esse motivo, em casos mais graves as 12 sessões demonstram efetividade para mudanças,
mas ainda não suficientes para que o paciente possa lidar com suas queixas sem suporte
terapêutico, como suportado pela literatura (Cordioli, 2008). Portanto, sugere-se incluir uma
acolhimento psicológico.
três casos de pacientes do sexo feminino, indicando efetividade a partir dos relatos das
dos exemplos auxilia na visualização da aplicação da intervenção na prática, mas não abrange
descrição do processo aqui realizada como orientação para novas aplicações, aumentando o
número de evidências de sua efetividade. Além disso, sugere-se que durante a aplicação
específicos.
REFERÊNCIAS
Benfer, N., Spitzer, E. G., & Bardeen, J. R. (2021). Efficacy of third wave cognitive
behavioral therapies in the treatment of posttraumatic stress: A meta-analytic study. Journal
of Anxiety Disorders, 78, 102360. https://doi.org/10.1016/j.janxdis.2021.102360
Del Prette, Z. A. P., & Del Prette, A. (2012). Psicologia das habilidades sociais:
Terapia e educação. (9ª ed.). Petrópolis, RJ: Vozes.
Duailibi, K., Anderson, S., & Bonifácio, C. F. (2014). Depressão. RBM Rev. Bras.
Med.
Dunlap, G., Kern, L., de Perczel, M., Clarke, S., Wilson, D., Childs, K. E., et al.
(2018). Republication of “Functional Analysis of Classroom Variables for Students with
Emotional and Behavioral Disorders”. Behavioral Disorders, 43(2), 322-336.
Folkman S, Lazarus RS, Gruen RJ, De Longis A. Appraisal, coping, health status and
psychological symptoms. Journal of Personality and Social Psychology. 1966, 50, 571-579.
http://dx.doi.org/10.1037/0022-3514.50.3.571.
Hayes, S. C., & Hofmann, S. G. (Eds.). (2018). Process-based CBT: the science and
core clinical competencies of cognitive behavioral therapy. New Harbinger Publications.
Kahveci, G., & Ataman, A. (2017). The Effect of Conjoint Behavioral Consultation
Program Related Teaching on Problem Behavior and Communication/Social Skills with a
Blind and Autistic Child. Journal of Education and Learning, 6(4), 372–383.
Kola, L. (2020). Global mental health and COVID-19. The Lancet Psychiatry, 7(8),
655–657. https://doi.org/10.1016/s2215-0366(20)30235-2
Kothgassner, O. D., Goreis, A., Robinson, K., Huscsava, M. M., Schmahl, C.,
&Plener, P. L. (2021). Efficacy of dialectical behavior therapy for adolescent self-harm and
suicidal ideation: a systematic review and meta-analysis. Psychological Medicine, 1–11.
https://doi.org/10.1017/s0033291721001355
Lambert, M. J., Burlingame, G. N., Umphress, V., Hansen, N. B., Vermeersh, D. A.,
Clouse, G. C. & Yanchar, S.C. (1996). The reliability and validity of the Outcome
Questionnaire. Clinical Psychology and Psychotherapy, 3, 249-258.
Lydon, S., Healy, O., O’Reilly, M. F., & Lang, R. (2012). Variations in functional
analysis methodology: A systematic review.
JournalofDevelopmentalandPhysicalDisabilities, 24(3), 301–326.
Mental Health and Substance Use. (2021). Mental Health ATLAS 2020. World Health
Organization.
Meyer, S. B., Del Prette, G., Zamignani, D. R., Banaco, R. A., Neno, S., & Tourinho,
E. Z. (2010). Análise do comportamento e terapia analítico-comportamental. Em E. Z.
Tourinho & S. V. Luna (Orgs.), Análise do comportamento: Investigações históricas,
conceituais e aplicadas (pp. 153-174). São Paulo: Roca.
Miller, S. D., & Duncan, B. L. (2000). The Outcome Rating Scale. Chicago: Author.
Orti, N. P., Souza-Girotti, V. B., & Bolsoni-Silva, A. T. (2015). Social skills training
in behavior therapy with college students diagnosed with depression. International Journal of
Current Research, 7(4), 15382-15391.
Pereira, A. S., Dutra-Thomé, L., & Koller, S. H. (2016). Habilidades sociais e fatores
de risco e proteção na adultez emergente. Psico, 47(4), 268-278.
Pierce, W. D., & Cheney, C. D. (2004). Behavior analysis and learning. Mahwah
(NJ): Lawrence Erlbaum.
Popovitz, Juliana Maria Bubna, & Silveira, Jocelaine Martins da. (2014). A
especificação do responder contingente do terapeuta na psicoterapia analítica funcional.
Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 16(1), 5-20.
53
Ramos, A. C., Pantet, A., de Almeida, R. B. M., de Andrade, L. M., Zamignani, D. R.,
de Oliveira, A. D., Oliveira, A. C. de F., Hayamizu, N., Morais, W. L. da S., Rodrigues, B.
D., & Kanamota, P. F. de C. (2019). Tradução e adaptação cultural do Questionário de
Avaliação de Sessões (Session Evaluation Questionnaire) para o português do Brasil.
Perspectivas Em Análise Do Comportamento, 10(1), 147-156.
Savassi, L. C. M., Dias Bedetti , A. ., Joi de Abreu, A. B., Costa, A. C., Perdigão, R.
M. da C. ., & Ferreira, T. P. . (2020). Ensaio acerca das curvas de sobrecarga da COVID-19
sobre a atenção primária. JMPHC | Journal of Management & Primary Health Care | ISSN
2179-6750, 12, 1–13. https://doi.org/10.14295/jmphc.v12.1006
Schieltz, K. M., Romani, P. W., Wacker, D. P., Suess, A. N., Huang, P., Berg, W. K. .
. . , Kopelman, T. G. (2018). Single-Case Analysis to Determine Reasons for Failure of
Behavioral Treatment via Telehealth. Remedial and Special Education, 39(2), 95–105.
Shimokawa, K. Lambert, M.J. & Smart, D.W (2010). Enhancing Clinical outcome of
patients in risk of treatment failure: Meta-analytic and mega- -analytic review of a
psychotherapy quality assurance system. Journal of Counsulting and Clinical Psychology,
78(3), 298-311.
Smit, Y., Huibers, M. J. H., Ioannidis, J. P. A., van Dyck, R., van Tilburg, W., &
Arntz, A. (2012). The effectiveness of long-term psychoanalytic psychotherapy—A meta-
analysis of randomized controlled trials. Clinical Psychology Review, 32(2), 81–92.
Souza, V., Orti, N., & Bolsoni-Silva, A. (2013). Roleplaying como estratégia
facilitadora da análise funcional em contexto clínico. Revista Brasileira de Terapia
Comportamental e Cognitiva, 14(3), 102-122.
Stöckl, H., Devries, K., Rotstein, A., Abrahams, N., Campbell, J., Watts, C., &
Moreno, C. G. (2013). The global prevalence of intimate partner homicide: a systematic
review. The Lancet, 382(9895), 859–865.
Torneke, N. (2010). Learning RFT: An introduction to relational frame theory and its
clinical application. New Harbinger Publications.
Torres-Rodríguez, A., Griffiths, M. D., Carbonell, X., & Oberst, U. (2018). Treatment
efficacy of a specialized psychotherapy program for Internet Gaming Disorder. Journal of
Behavioral Addictions, 7(4), 939–952.
Vigo D, Thornicroft G, Atun R. Estimating the true global burden of mental illness.
Lancet Psychiatry 2016; 3:171-8.
Wilhelm, S., Phillips, K. A., Greenberg, J. L., O’Keefe, S. M., Hoeppner, S. S.,
Keshaviah, A., … Schoenfeld, D. A. (2019). Efficacy and Posttreatment Effects of Therapist-
Delivered Cognitive Behavioral Therapy vs Supportive Psychotherapy for Adults With Body
Dysmorphic Disorder. JAMA Psychiatry, 76(4), 363.
Wittchen, H. U., Jacobi, F., Rehm, J., Gustavsson, A., Svensson, M., Jönsson, B.,
Olesen, J., Allgulander, C., Alonso, J., Faravelli, C., Fratiglioni, L., Jennum, P., Lieb, R.,
Maercker, A., van Os, J., Preisig, M., Salvador-Carulla, L., Simon, R., &Steinhausen, H.-C. .
(2011). The size and burden of mental disorders and other disorders of the brain in Europe
2010. European Neuropsychopharmacology, 21(9), 655–679.
World Health Organization. (2017). Depression and other common mental disorders:
global health estimates. World Health Organization.
World Health Organization. (2019). Suicide in the world: Global Health Estimates.
Genebra: World Health Organization. Recuperado de
https://www.who.int/publications/i/item/suicide-in-the-world.