Módulo A - Curso de Introdução Bíblica Verbo Da Vida

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CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

MÓDULO A
SUMÁRIO

1. CONHECENDO AS ESCRITURAS 07

2. A CRIAÇÃO 19

3. A QUEDA 31

4. PREPARAÇÃO PARA A VINDA


DO MESSIAS 49

5. MORTE, RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO 69

6. O NOVO NASCIMENTO 79

7. O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO 89

8. REVISÃO 99

9. ROTEIRO DA AULA DE REVISÃO


E CONSAGRAÇÃO 105
CURSO DE INTRODUÇÃO

MÓDULO A
CONHECENDO AS
ESCRITURAS

A Bíblia Sagrada é o livro mais importante e lido no mundo, em todos os tempos.


Ela tem sido respeitada pelos cristãos de todo o mundo, como a Palavra de Deus.

Deus quis se revelar aos homens, ser conhecido e entendido por eles e decidiu, em sua
infinita sabedoria, fazê-lo através de palavras e levantando, também homens para fazerem isso.

Hebreus 1:1 - Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras,
aos pais, pelos profetas,

Como Palavra e Revelação de Deus, a Bíblia deve ser considerada de imenso valor e de
crucial importância para todo Cristão. A principal forma de conhecermos a Deus é através
da Sua Palavra.

Ela também é a norma de vida do cristão, além de fonte de consolo e inspiração.


A Bíblia é útil para dar sabedoria. Em nossos lábios, ela salva, cura, liberta e transforma
nossa mentalidade.

O que entendemos ser as Escrituras?


A Bíblia, também chamada de Escrituras Sagradas, é o conjunto de livros reconhecidos
como inspirados por Deus para nossa edificação. É o fundamento doutrinário no qual toda
a crença cristã deve estar baseada.

Ao longo de aproximadamente 1600 anos, Deus escolheu e levantou homens


que escreveram as palavras que revelam o Seu pensamento geral para a humanidade.

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CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

As Escrituras registram a criação, a queda do homem, o plano de restauração arquitetado


por Deus, na pessoa de Jesus Cristo, e o destino eterno da humanidade, além de contar com
uma série de ensinos e mandamentos para a vida.
Então, por Escritura Sagrada, entendemos o registro inspirado das Palavras de Deus.
Os textos reconhecidos como sagrados são a autoridade máxima da doutrina que a Igreja
crê e nenhuma crença cristã pode desconsiderar as Escrituras.

O que significa Bíblia?


A palavra Bíblia, no grego biblos, vem do grego biblion que significa livro. Biblos, é o
plural de biblion, ou seja, bíblia é um conjunto de livros, ou pequena biblioteca. Por conter
os vários livros considerados pela igreja como inspirados, a Bíblia é chamada, pelos cris-
tãos de todo o mundo, de “o livro sagrado”.
A Bíblia não é um livro comum mas, como já citamos, ela é composta por 66 livros e
tem duas grandes divisões chamadas de testamentos. Estudaremos mais detalhadamente
à frente.

Quem é o autor da Bíblia?


A Bíblia é um livro diferente de qualquer outro. O simples fato de ser reconhecida
como a Palavra de Deus já é suficiente para colocá-la neste patamar. Mas, além disso,
a Bíblia tem outra característica única, que é o fato dela ser divina e humana. A Bíblia tem
40 autores humanos e o Espírito Santo como autor divino. Em outras palavras, o Espírito
Santo inspirou quarenta homens a escreveram o que Ele ditava em seus corações.
Todavia, esse ditado não anulou as características individuais de cada um dos qua-
renta autores. Ao contrário disso; suas línguas, características e palavras favoritas foram
respeitadas sendo possível percebê-las em cada texto, e também, a unidade divina do
pensamento do Espírito Santo, quando percebemos que a variedade de textos e livros pos-
suem uma unidade de pensamento, impossível de ser atingida sem um autor em comum
(II Timóteo 3.16).

Como é dividida a Bíblia?


A Bíblia tem duas grandes divisões, ou testamentos: o Velho Testamento e o Novo
Testamento.
A palavra “Testamento” vem do fato dos textos sagrados revelarem que Deus se rela-
cionava com os homens por meio de alianças ou pactos e essas porções expressam duas
supremas alianças (pactos) de Deus para com os homens, no plano de restaurá-los da
queda causada pelos seus próprios pecados.

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conhecendo as escrituras

O Velho Testamento, que também é a Bíblia judaica, abrange:

• A criação;
• A queda do homem no jardim do Éden;
• O Dilúvio;
• O surgimento da nação Israelita na pessoa de Abraão e, posteriormente,
as doze tribos;
• O cativeiro e a libertação dos Israelitas, do Egito;
• A peregrinação do povo no Deserto e a lei de Moisés;
• A conquista da Terra Prometida;
• O surgimento da Monarquia;
• A divisão da Nação em: reino do norte (Israel) e reino do sul (Judá);
• O cativeiro Babilônico;
• A reedificação da cidade de Jerusalém e do Templo.

Além de percorrer por toda a história do povo judeu, o Velho Testamento apresenta
questões doutrinárias importantes como a queda, o surgimento do pecado e da morte,
a necessidade de obediência a Deus, a Lei de Moisés e a expectativa para a vinda do
Messias prometido, que é Jesus, além de uma grande porção profética que versa sobre os
eventos dos últimos dias e a restauração definitiva da Nação de Israel.
O Novo Testamento abrange:

• O Nascimento de Jesus, sua vida, morte e ressurreição;


• O surgimento e o desenvolvimento da igreja.

Além das questões históricas, o Novo testamento traz também, uma série de sermões
de Jesus, a consumação da obra de redenção e as cartas dos apóstolos, que são o funda-
mento doutrinário para a igreja, além do livro profético do Apocalipse.
Vale salientar que existe um grande período entre os dois Testamentos, de aproxi-
madamente quatrocentos anos sem revelação inspirada por Deus, chamado de “período
interbíblico” ou “período de silêncio”.

Qual o período que levou para ser escrita?


A Bíblia foi escrita durante um longo período de mil e seiscentos anos, porém, esses
anos não foram divididos de forma harmônica. O Velho Testamento, que narra toda a his-
tória antiga do povo judeu, percorre um período muito maior do que o Novo Testamento,
que narra o nascimento e vida de Jesus e o surgimento da igreja. Além do período de qua-
trocentos anos interbíblico já citado.

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CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Línguas originais
A Bíblia não foi escrita em português, mas em Hebraico, Aramaico e Grego.
O Hebraico é a língua dos judeus; o aramaico, a língua da Síria, que era muito popular
e mais falada no antigo oriente médio. A língua grega é a língua dos gregos que, obvia-
mente, não era a língua de praticamente nenhum dos escritores da Bíblia mas, em virtude
da grande expansão do Império Grego, se tornou a língua mais falada do mundo na época
do Império Romano.
O Velho Testamento foi escrito em quase toda sua totalidade no idioma hebraico, com
exceção de pequenos trechos escritos em aramaico, no período em que os judeus estavam
cativos na Babilônia.
O Novo Testamento foi escrito na sua totalidade, em grego.

Quantos livros compõem a Bíblia?


Ela é composta por 66 livros:

• Velho Testamento - com 39 livros (composição original);


• Novo Testamento - com 27 livros.

Obs.: Foi em um Concílio que se deu a composição original da Bíblia, composta


de 66 livros. Em concílios posteriores houve a proposta de acoplar à Bíblia, outros
manuscritos que, por sua vez, não foram aprovados por serem considerados livros
apócrifos (não tidos como inspirados). Decorrente dessa divergência, formaram-se
duas facções:

1ª Facção - Os que eram a favor decidiram adicionar mais sete livros apócri-
fos que são: Tobias, Eclesiásticos, Judite, Sabedoria, I Macabeus, II Macabeus e
Baruque. Ficando, assim, a sua composição com 73 livros.
2ª Facção - Os que não eram favoráveis a este acréscimo, optaram por manter a
composição original da Bíblia, reconhecendo que a ausência destes livros não alte-
ravam em nada, sua eficiência e veracidade. Assim, pois, preservou a sua inspiração.

Como estão divididos os livros do Velho Testamento?


Além da divisão entre Velho e Novo Testamentos, ao olharmos para os livros da Bíblia
perceberemos outras subdivisões que, apesar de não serem declaradas abertamente,
se alinham por semelhança, estilo de texto e por terem assuntos próximos.

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conhecendo as escrituras

Estas divisões são:

Pentateuco (05 livros): Chamados de Torá pelos judeus, são o fundamento da doutrina
do Velho Testamento, pois contêm a Lei de Moisés, narram o surgimento e formação da
nação judaica, além da história do dilúvio, a torre de Babel, cativeiro e libertação do Egito
e a peregrinação no deserto.

1) Gênesis - “O livro dos começos”, narra alguns começos. O começo da história


e do universo, o pecado inicial, o dilúvio, o recomeço da humanidade, o início
da nação de Israel através dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó.

2) Êxodo - A palavra “êxodo” significa emigração de um povo. Este livro narra


como o povo de Israel se tornou escravo no Egito e como Deus, com mão
forte e poderosa, os tirou do cativeiro. O livro também narra o início da pere-
grinação do povo no deserto e como Deus se revelou para Moisés, o início da
Lei e do Tabernáculo.

3) Levítico - O livro narra detalhes da Lei e revela a estrutura do sacerdócio leví-


tico, ou os descendentes de Levi, que era filho de Jacó.

4) Números - Obviamente o livro faz várias listas e contagens do povo. Este serve
para mostrar as linhagens, divisões e estruturas da nação judaica. Também
mostra detalhes da história do povo no deserto, com algumas guerras enfren-
tadas pelos Israelitas.

5) Deuteronômio - A palavra “deuteronômio” significa repetição da lei. O livro é a


última expressão inspirada de Moisés, e é uma repetição de Lei a fim preparar
o povo para entrar na terra prometida, depois de quarenta anos peregrinando
no deserto.

Livros Históricos (12 livros): Estes livros narram a evolução da nação de Israel a partir
da conquista da terra prometida, liderados por Josué, o surgimento dos juízes, o período do
reino (em especial de Saul, de Davi e de Salomão), o período do reino dividido, o cativeiro
babilônico e a restauração da nação judaica por Esdras, Neemias e Zorobabel.

1) Josué - Josué é uma história de conquista e de realização para o povo de Deus.


Depois de muitos anos de escravidão no Egito de quarenta anos no deserto,
os israelitas entram na terra prometida liderados por Josué, que foi discípulo
e fiel escudeiro de Moisés.

2) Juízes - Esse título indica as autoridades de Israel, desde a época dos anciãos
que sobreviveram a Josué, chegando aos dias da monarquia. O propósito prin-
cipal deles é expresso em Juízes 2.16: “Então o Senhor levantou juízes, que os
libertaram das mãos daqueles que os atacavam”.

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CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

3) 1º e 2º Samuel - Além da história de Samuel, estes livros narram o surgi-


mento da monarquia em Israel. Especialmente os reis Saul, primeiro rei de
Israel e que dos desagrados ao Senhor, foi rejeitado e o rei Davi que, apesar
de alguns tropeços, por ter o coração alinhado com o de Deus, foi estabe-
lecido como aquele por meio de quem viria o Messias, que seria chamado
de Filho de Davi.
4) 1º e 2º Reis - Estes livros narram o apogeu e a queda da monarquia, come-
çando pelo grandioso reinado de Salomão, passando pelo reino dividido,
que separou a nação de Israel em reino do norte, ou Israel, e reino do Sul,
ou Judá, e culminando com os cativeiros Assírio (Reino de Israel) e cativeiro
Babilônico (reino de Judá). Os livros narram ainda, o ministério dos profetas
Elias e Eliseu.
5) 1º e 2º Crônicas - Estes livros são como que repetições das histórias de 1º e
2º Samuel e 1º e 2º Reis, mas olhando especificamente para Davi, Salomão
e seus descendentes (reis do reino do Sul). São repletos de genealogias e
detalhamentos da vida, nos reinados de Davi e Salomão.
6) Esdras e Neemias - Estes livros foram colocados juntos aqui, por que eram,
originalmente um único volume. Esdras e Neemias narram o retorno do cati-
veiro babilônico e a reconstrução de Jerusalém e do templo.
7) Ester - O livro de Ester narra a história da personagem judia, no período do
cativeiro medo-persa, que se casou com o rei e conseguiu grande livramento
para o povo de Deus, além de alertar para a observância dos princípios de Deus.

Livros Poéticos (05 livros) - Estes livros são a poesia do povo judeu. Eles tratam de vários
temas, não se ocupam em mostrar história, mas a fé judaica e a vida baseada na lei judaica.

1) Jó - Este belíssimo livro que, provavelmente, é o mais antigo livro da Bíblia,


narra a vida de Jó, mas, mais do que isso, traz um profundo debate a respeito
do sofrimento; o que o causa e como Deus se relaciona com o justo que sofre.
2) Salmos - Os salmos eram e são, até hoje, o livro de orações e cânticos dos
judeus. São orações, cânticos e clamores nas mais variadas situações. Além de
forte elemento profético. Este é o maior livro da Bíblia e possui o maior capí-
tulo (Salmo 119), mas deve ser entendido como uma coleção e foi composto
ao longo de muitos anos, na história antiga de Israel.
3) Provérbios - Os provérbios são verdades ditas de forma concisa. Salomão é o
autor deles. Este livro exalta a sabedoria e a vida de obediência à lei do Senhor.
4) Eclesiastes - Salomão, já na sua velhice, avalia o mundo da forma como o
experimentou, do nascimento até seus últimos dias e faz uma observação de
outros que já morreram. O mundo é considerado cheio de enigmas, sendo o
maior deles, o próprio homem.

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conhecendo as escrituras

5) Cântico dos Cânticos, ou Cantares de Salomão - Esta belíssima poesia exalta


o amor romântico e a vida conjugal.

Proféticos (17 livros) - Os livros proféticos são uma grande parte do Velho Testamento.
Os profetas eram homens chamados por Deus para serem sua voz na terra. Muitas vezes
revelavam pecados e maldades e por isso foram tremendamente perseguidos em seu
tempo. Os profetas foram, também, o veículo de Deus para anunciar eventos futuros
(profecias) a respeito do Messias, tanto a respeito da primeira vinda, como da segunda
vinda de Jesus.

Os livros proféticos são divididos em dois grupos - os Profetas Maiores e os Profetas


Menores. Eles são assim denominados por motivos óbvios, ou seja, classificados de acordo
com seu tamanho e extensão.

OS PROFETAS MAIORES (05 livros)

1) Isaías - É um livro que desvenda as plenas dimensões do juízo e da salvação


divina. Deus é o “Santo de Israel” que deverá castigar seu povo rebelde, mas
posteriormente o remirá.

2) Jeremias - Este livro mostra o ministério e as profecias de Jeremias que, ape-


sar de assumir, relutantemente, seu ministério, se levantou como uma voz de
juízo e de denúncia ao pecado. Sofreu tremenda oposição, mas tudo o que
anunciou se cumpriu rápida e precisamente.

3) Lamentações de Jeremias - Como sugere o título, este livro é uma coleção


de lamentações do profeta Jeremias a respeito do estado em que se tornou
Jerusalém, após se cumprirem suas profecias e da cidade ter sido destruída e
o povo levado para o cativeiro babilônico.

4) Ezequiel - Uma mensagem de consolo para o povo exilado que, no futuro


experimentará reavivamento, restauração e um futuro glorioso, como reino
redimido e aperfeiçoado de Deus, no mundo.

5) Daniel - Outro profeta que ministra no exílio, Daniel, juntamento com seus ami-
gos, por serem excelentes, vão trabalhar no palácio real. Lá, sua fidelidade ao
Senhor é testada de muitas maneiras, mas ele se mostra fiel em tudo. O livro
também revela Deus como o juíz que é soberano sobre o tempo e as nações.

OS PROFETAS MENORES (12 livros)

1) Oséias - Uma dramática história familiar que expressa o sentimento de Deus


em relação a Israel e o que Ele está para fazer na nação.

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CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

2) Joel - Joel anuncia o terrível dia do Senhor como grande evento transforma-
dor da nação, além de anunciar o derramamento do Espírito Santo sobre toda
a carne.
3) Amós - O tema dominante é declarado nitidamente em Amós 5.24, em que se
exige a justiça social como manifestação indispensável da verdadeira piedade.
4) Obadias - Uma dura profecia contra os moradores de Edom, descendentes
de Esaú.
5) Jonas - O livro de Jonas conta a impressionante história do profeta que não
queria levar uma palavra profética de juízo aos moradores da cidade de
Nínive para não correr o risco de Deus os perdoar.
6) Miquéias - O tema do livro é o juízo divino, seguido pelo livramento da parte
de Deus, além de mostrar firmemente como Deus odeia a idolatria e a injus-
tiça, mas ama o arrependimento.
7) Naum - O tema central do livro é o juízo que o Senhor trará sobre Nínive
(capital da Assíria), por causa da opressão, crueldade, idolatria e maldade.
8) Habacuque - O único livro profético a não conter nenhuma sentença dirigida
a Israel. Contém um impressionante diálogo entre o profeta e Deus.
9) Sofonias - A intenção do autor era proclamar a Judá, o juízo divino iminente,
mas o tema central é a vinda do dia do Senhor.
10) Ageu - Demonstra claramente as consequências da desobediência e da
obediência.
11) Zacarias - O propósito central era repreender o povo de Judá e motivá-lo a
finalizar a construção do templo.
12) Malaquias - Malaquias combate o desânimo e desobediência daqueles que
voltaram do exílio pelo motivo de ainda não terem visto cumpridas as profe-
cias de um futuro glorioso.

Como são divididos os livros do Novo Testamento?


Assim como no Velho Testamento, os livros do Novo Testamento também apresentam
subdivisões.

Evangelhos (04 livros) - Os Evangelhos são as biografias oficiais de Jesus. São assim
denominados por trazerem a boa nova de Jesus para a humanidade (Euaggelizo - Boa notí-
cia). Narram a vida, obras e sermões de Jesus, com especial destaque para os milagres rea-
lizados por Ele, além do chamado e treinamento dos 12 apóstolos. É onde vemos também
os relatos da morte e ressurreição de Jesus.

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conhecendo as escrituras

Dentro dos Evangelhos podemos separar dois grupos; os sinóticos (Mateus, Marcos e
Lucas), que foram todos escritos usando uma mesma fonte, com trechos muito semelhan-
tes, e o Evangelho de João.

1) Mateus - O Evangelho de Mateus é chamado de “o mais excelente dos


Evangelhos”. Faz uma apresentação de Jesus como o Messias prometido que
cumpre todas as profecias do Velho Testamento.
2) Marcos - O mais conciso dos Evangelhos, apresenta um foco maior nos feitos
de Jesus do que nos sermões. Aparentemente, é o mais antigo dos Evangelhos
e serviu de base para Mateus e Lucas.
3) Lucas - O mais detalhista dos evangelistas. Lucas é o único a dar alguns deta-
lhes da infância de Jesus. É, provavelmente, o mais cronológico dos Evangelhos.
4) João - O Evangelho de João é diferente, em muitos aspectos, dos outros
três Evangelhos sinóticos. Um dos principais fatores é que ele busca apre-
sentar a divindade de Jesus. Outra característica é conter mais sermões do
que milagres.

Livro Histórico - O Livro de Atos dos Apóstolos é o livro histórico do Novo Testamento,
narrando o desenvolvimento inicial da igreja após a morte de Jesus. Apresenta também a
conversão e o ministério do apóstolo Paulo.

Cartas (Epístolas) - As cartas são exatamente o que o nome sugere. Estes livros foram
cartas enviadas pelos Apóstolos às congregações e indivíduos nos primeiros sessenta
anos da igreja. São o fundamento doutrinário da igreja. A grande maioria das cartas são de
autoria do apóstolo Paulo.
Entre as Cartas Paulinas existe uma subdivisão - as chamadas “cartas pastorais”, que
não foram escritas às igrejas, mas aos colaboradores do ministério de Paulo.
Outros autores das cartas são: Tiago (irmão de Jesus), o apóstolo Pedro, o apóstolo
João e Judas (irmão de Jesus e Tiago). Além desses autores, uma importante carta perma-
nece com autor desconhecido, a carta aos Hebreus.

EPÍSTOLAS PAULINAS (9 livros)

1) Romanos - A mais importante e completa carta do apóstolo Paulo. Nela, ele


desenvolve todo o raciocínio da justificação pela fé, além de demonstrar
como Deus destruiu o poder do pecado, em Cristo Jesus.
2) 1ª e 2ª aos Coríntios - As duas cartas à igreja dos Coríntios são muito pessoais
do apóstolo Paulo e trazem uma série de correções e admoestações acerca de
divisões, imoralidade e insubmissão.

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CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

3) Gálatas - Carta muito forte e franca que combate, veementemente, a religio-


sidade e a falsa ideia de que o cristão ainda está debaixo da Lei de Moisés.

4) Efésios - Chamada de carta universal, é uma das poucas cartas que não tra-
zem nenhuma correção específica. É, na verdade, uma síntese da doutrina de
Paulo, equilibrando os direitos legais do cristão, em Cristo, e os deveres desse
crente recriado.

5) Filipenses - Uma das cartas escritas enquanto o apóstolo Paulo estava na pri-
são (juntamente com Efésios e Colossenses), é um convite à perseverança na
vida cristã, para nos alegrarmos em toda situação, tendo Jesus como modelo,
além de uma série de conselhos para a vida da igreja local.

6) Colossenses - Chamada de carta “irmã” de Efésios, por ter passagens e comen-


tários muito semelhantes, essa carta traz forte ênfase à centralidade de Cristo
e Sua divindade. Foi escrita para combater um pensamento grego chamado
de gnosticismo, que tentava se infiltrar na igreja, afirmando que Jesus não
era Deus.

7) 1ª e 2ª aos Tessalonicenses - Podemos chamar essas duas cartas de “Apocalipse


de Paulo”, visto serem onde o apóstolo mais falou sobre as coisas do fim.
Nessas cartas, ele ensina sobre ira vindoura, tribulação, arrebatamento, anti-
cristo e a segunda vinda de Jesus.

CARTAS PASTORAIS (4 livros)

1) 1ª e 2ª a Timóteo - Cartas extremamente pessoais. Escritas para seu maior


discípulo, as cartas a Timóteo estão recheadas de conselhos para a vida
ministerial. Além da famosa frase “Combati o bom combate, completei a car-
reira, guardei a fé” (2 Timóteo 4.6).

2) Tito - Muito semelhante à primeira carta a Timóteo, esta traz muitos conse-
lhos ministeriais a Tito. Tem um forte apelo para as boas obras que o cristão
deve viver.

3) Filemom - Mais uma carta bem pessoal que ensina a necessidade de perdão
e de dar novas oportunidades.

EPÍSTOLAS GERAIS (08 livros)

1) Hebreus - A carta aos Hebreus é uma forte apresentação da excelência da


Nova Aliança, comparada à Antiga Aliança, mostrando a superioridade da pri-
meira em todos os aspectos envolvidos. É também uma forte admoestação
contra a apostasia e o desânimo.

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conhecendo as escrituras

2) Tiago - A carta de Tiago é um incentivo a viver a vida cristã autêntica com


perseverança, a fé que opera, palavras alinhadas, humildade e interação com
os irmãos.

3) 1ª e 2ª Pedro - As cartas de Pedro trazem grande consolação diante do sofri-


mento e alertas contra a apostasia e os falsos mestres, além de importantes
indicações dos eventos futuros.

4) 1ª, 2ª e 3ª de João - As cartas do apóstolo João são, juntamente com


Colossenses, um forte combate ao gnosticismo.

PROFÉTICO - O mais fascinante e polêmico livro da Bìblia é, sem dúvida, o último -


Apocalipse. A palavra “apocalipse” significa tirar o véu ou revelar. Trata-se de uma revela-
ção especialmente dos últimos dias, dada por Jesus Cristo ao apóstolo João.

O que são versículos e capítulos?


Originalmente, nenhum livro da Bíblia foi escrito com qualquer divisão. Séculos depois
da Bíblia ter sido escrita (mais precisamente, no Século XIII) houve a primeira divisão em
capítulos e posteriormente ainda (no Século XVI), surgiu a divisão em versículos.

As divisões foram acrescentadas visando facilitar a localização e a memorização


dos textos. Sem elas seria impossível encontrar um trecho específico dentro do livro de
Salmos, por exemplo, que é composto por cento e cinquenta capítulos e, sendo um de seus
capítulos tão extenso, como é o caso no salmo 139.

Localizar os textos na Bíblia se tornou muito simples: capítulos são os números maio-
res e versículo, os números menores.

Dessa forma, a passagem de Marcos 11.23 quer dizer que ela se encontra no livro de
Marcos, capítulo onze, versículo vinte e três.

Cada livro tem um número específico de capítulos e cada capítulo, um número espe-
cífico de versículos determinando, assim, o tamanho do livro. Eles foram demarcados bus-
cando-se alinhar assuntos e tópicos dentro dos livros.

O que a Bíblia é para o homem?


Ela é a carta de Deus enviada aos homens. Ela é o pensamento de Deus expresso
(Isaías 55.8-11)

Ela é manual e fonte de vida e oração de todos os crentes.

A Palavra de Deus representa o próprio Deus para nós.

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CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Salmo 138.2 – A Palavra está acima de todo nome.

O que Jesus disse sobre a Palavra?

• A Palavra é a verdade (João 17.14-17)


• A Palavra é espírito e vida (João 6.63)
• A Palavra é fiel e verdadeira (Apocalipse 22.6-19)
• A Palavra deve ser examinada (João 5.-39)

“Acolhei com mansidão a Palavra em vós implantada, a qual é poderosa para sal-
var as vossas almas.” (Tiago 1.21)

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A CRIAÇÃO

A Palavra nos ensina que no princípio Deus criou os céus e a terra. Essa criação não
aconteceu de forma aleatória. Deus tinha um projeto para a formação do homem. Ele sabia
que primeiramente precisava ser criado um ambiente para que o homem pudesse ter con-
dições naturais para viver.
Deus não colocaria o homem em qualquer lugar, nem o criaria sem um propósito
predeterminado. Por isso, ao criar esse lugar, Ele deu também ao homem todos os meios
e recursos necessários, como suprimento, provisão, segurança e tranquilidade. Tudo o que
Deus fez nos seis dias da criação trazia ao homem bem-estar. O sol, a lua, as estrelas,
o firmamento, a terra, as plantas, os animais, as árvores frutíferas, tudo tinha como foco
principal prover ao homem o que fosse necessário para sua subsistência.

1. O PROPÓSITO ORIGINAL
O Senhor fez todas as coisas para determinados fins e até o perverso, para o dia
da calamidade. (Pv 16.4)

Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração
do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio
até ao fim. (Ec 3.11)

Deus não faz nada sem propósito ou inútil. Tudo o que Ele fez e continua fazendo tem
utilidade. Antes mesmo de criar todas as coisas, Deus já havia estabelecido o propósito de
cada uma delas. Por isso, antes de criar a humanidade, fez tudo de que ela precisaria para
habitar a terra: água, árvores, sol, lua, noite, dia, ar e a natureza.

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CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Deus não cria algo para, então, pensar na utilidade daquilo que criou. Ele decide o fim,
antes mesmo do início: “Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade; que eu sou Deus,
e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio
o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o
meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade (Is 46.9,10).

1.1. A criação do mundo


No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia;
havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as
águas. Disse Deus: Haja luz; e houve luz.(Gn 1.1-3)

Os céus, por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército deles.
Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir. (Sl 33.6,9)

Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira
que o visível veio a existir das coisas que não aparecem. (Hb 11.3)

Deus é o criador de todas as coisas. O mundo não surgiu de uma explosão ou evoluiu
a partir de formas inferiores. Tudo passou a existir a partir do momento em que Deus falou.
Cada coisa foi feita pronta e terminada, segundo a sua espécie. Ele não fez o macaco para
evoluir e virar gente. Fez absolutamente tudo da forma como quis, cada coisa para uma
finalidade, tudo pronto e acabado.
A palavra de Deus foi o ingrediente usado para criar tudo. A origem do universo, de
toda forma de vida e de cada elemento da natureza está em Deus. Tudo passou a existir
no exato momento em que Ele deu ordem para que viesse à existência.

a) Como Deus criou o mundo?

Deus criou tudo, falando: “Disse Deus: Haja luz; e houve luz. E disse Deus: Haja firma-
mento no meio das águas e separação entre águas e águas. Disse também Deus: Ajuntem-se
as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a porção seca. E disse: Produza a terra
relva, ervas que deem semente e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie,
cuja semente esteja nele, sobre a terra. E assim se fez” (Gn 1.3,6,9,11). Deus poderia ter
criado tudo da maneira como quisesse: pensando, moldando com suas mãos, mas deci-
diu criar, falando.

b) Não havia nada quando Deus começou a criar?

Em algum momento, Deus criou os céus e a terra. No primeiro versículo do livro


de Gênesis, somos informados de que a terra estava sem forma e vazia, mas ela não

20
A criação

foi feita assim: “Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra,
que a fez e a estabeleceu; que não a criou para ser um caos, mas para ser habitada:
Eu sou o Senhor, e não há outro” (Is 45.18). Tudo o que Deus faz é perfeito. Ele fez uma
terra perfeita, que depois virou um caos. Então, começou a arrumar tudo para que sua
obra-prima pudesse chegar: o homem.

1.2. A Criação do homem


Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas
o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. (Gn 2.7)

Deus cria o homem numa relação vital, criando laços com a humanidade. Ele criou
macho e fêmea numa dimensão de identidade: conforme certas características do próprio
Deus, assim, também, Ele fez a humanidade.

Deus a criou com Sua própria vida, para que vivesse a partir dela. Sua relação com
a humanidade era tão forte, que o propósito de Deus era que esta refletisse aspectos
do infinito Criador. Deus queria que a humanidade refletisse suas próprias capacidades:
aprender, conhecer, exercer amor, produzir, controlar e interagir.

O homem é a obra mais importante de Deus. Nenhuma das outras coisas criadas rece-
beu o benefício de ter sido feita à imagem e semelhança de Deus, somente a humanidade.
A Bíblia afirma até mesmo, que o homem foi feito numa posição superior a tudo o que
foi criado: “Pois pouco menor o fizeste [o homem] do que os anjos, e de glória e de honra o
coroaste” (Sl 8.5).

a) Qual o propósito original da criação do homem?

O plano original de Deus para com o homem era a comunhão. O primeiro homem,
Adão, foi feito para se relacionar com o seu Criador. Deus o fez à sua imagem e seme-
lhança para que pudessem se relacionar. Só podemos nos relacionar com semelhantes!

O homem pode até ter um cachorro, um gato ou um passarinho, mas jamais con-
seguirá se relacionar plenamente com eles, porque não são semelhantes, são de espé-
cies diferentes. O homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, da “espécie de
Deus”, para que pudessem conviver, usufruir da presença um do outro e crescer em
relacionamento. Por isso Deus o visitava no final de cada dia: “Quando ouviram a voz
do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do
Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim” (Gn 3.8). O homem
se encontrava com Deus, ouvia a Deus, via seu Criador e conversava com Ele.

21
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

b) Como Deus fez o homem?

Deus formou o homem do pó da terra. O corpo do homem foi feito do barro, por
isso recebeu o nome de Adão. Esse nome está associado à palavra hebraica adam,
que significa: “ser vermelho, da cor da terra, ou do barro”. Ao formar o homem do pó
da terra, soprou nele o fôlego de vida. Deus lhe deu o espírito de vida: “Então, formou
o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o
homem passou a ser alma vivente” (Gn 2.7). Essa é a prova de que o homem veio de Deus
e, assim como Ele, é um espírito.

c) O homem é, maior do que tudo o que Deus criou?

De toda a criação, o homem é o único ser feito à imagem e semelhança de Deus.


Além de ser muito superior às outras coisas porque se parece com Deus, também rece-
beu do Criador o poder para dominar sobre tudo o que havia sido criado: “Dominará
de mar a mar, e desde o rio até às extremidades da terra” (Sl 72.8). Deus deu ao homem
o governo da terra e de tudo o que havia nela: “Os céus são os céus do Senhor, mas a
terra, deu-a ele aos filhos dos homens” (Sl 115.16).

d) É verdade que Adão e Eva conversavam com Deus?

O primeiro casal, Adão e Eva, possuía um relacionamento saudável e íntimo com


Deus. Essa comunhão perfeita era livre de medo, condenação e de qualquer impedi-
mento, pois eles estavam na posição de serem considerados justos. Foram criados
sem pecado e, portanto, com plena comunhão e intimidade com o Pai que, na viração
do dia, vinha se relacionar com eles. Eram íntimos de Deus.

1.3. A Criação da mulher


E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma aju-
dadora que lhe seja idônea. Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre
Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu
lugar; e da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher,
e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne
da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.
Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e
serão ambos uma carne. E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se
envergonhavam. (Gn 2:18, 21-25)

Ao observar que o homem estava só, Deus viu que isso não era bom para ele e decidiu
fazer a mulher; alguém do sexo oposto que o completaria na dimensão física e dos sentimen-
tos e sonhos. Juntos, eles seriam completos, por isso a Bíblia diz que os dois se tornariam um.

22
A criação

Essa companheira desenvolveria ao seu lado, um papel de submissão, sendo ajuda-


dora em toda e qualquer situação. A mulher recebeu de Deus, a missão de corresponder
ao homem com seus dons e talentos. Ela foi criada por Deus para desenvolver um papel
fundamental ao lado de seu esposo na composição e orientação de sua família. A Bíblia a
chama de virtuosa, ou seja, cheia de boas qualidades e de poder e reconhece nela, a capa-
cidade de desenvolver a sabedoria dentro de seu lar: “Mulher virtuosa quem a achará? O seu
valor muito excede ao de rubis” (Pv 31.10).

a) A mulher foi feita menor do que o homem?

A mulher não foi feita menor do que o homem ou de uma espécie inferior, mas
da mesma espécie.

b) Quando foi feito o primeiro casamento?

Ao criar a mulher, Deus realizou a primeira união conjugal de acordo com o seu
projeto: um homem para uma mulher. Veja que é na diferença sexual que há o com-
plemento no casamento criado por Deus. Homem e mulher, aparentemente tão dife-
rentes, são habilitados por Deus para, juntos, cumprirem o plano Dele para a família:
“Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só
carne” (Gn 2.24). O casamento não é uma ideia do homem, mas de Deus. A família não
nasceu de um projeto humano, não é uma criação da sociedade, mas de Deus. Aquele
que criou a família, a planejou para ser um ambiente de paz, harmonia e alegria.
Se os seus membros obedecerem às ordens do Criador, a família será sempre um lugar
de amor e paz.

2. O HOMEM EM TRÊS DIMENSÕES


E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, alma e
corpo sejam plenamente conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo. (I Ts 5.23)

Embora, ao pensarmos no ser humano, muitas vezes só nos venha à mente a ideia
do seu físico, sua aparência e seu o corpo, que é a parte que vemos, o homem é muito
mais do que um corpo. Ele é um todo, formado de três partes completamente diferentes.
Não podemos ver os pensamentos e nem mesmo os sentimentos, mas sabemos que o
homem vê, respira, sente e pensa.
Da mesma forma, não podemos ver o espírito e a alma do homem. Vemos apenas o
seu corpo físico, todavia, o fato de não vermos as outras partes não quer dizer que elas não
existam. Para entender o ser humano, é preciso entender como ele foi formado. O homem
foi feito em três dimensões: espírito, alma e corpo.

23
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

2.1. O homem é um espírito


Fala o Senhor, o que estendeu o céu, fundou a terra e formou o espírito do homem
dentro dele (Zc 12.1).

O espírito é a parte do homem que lida com o âmbito espiritual, que conhece a Deus e
se relaciona com tudo o que diz respeito ao mundo espiritual. O homem foi feito um espírito,
assim como Deus é Espírito: (“Deus é espírito; e importa que seus adoradores o adorem em
espírito e em verdade”) (Jo 4.24). O homem não foi feito como os animais, mas como Deus,
por isso pode ter comunhão com Ele. É no espírito que temos contato com a dimensão espi-
ritual e que recebemos a vida eterna. O verdadeiro “eu” do homem é um espírito.

a) Se Deus é espírito e o homem é espírito, por que não vemos a Deus?

Quando o homem foi feito, tinha plena capacidade de se relacionar com Deus
face a face: podia vê-lo, tocá-lo e ouvi-lo com seus ouvidos naturais. Quando Adão
e Eva pecaram, perderam a capacidade de se relacionar plenamente com Deus por-
que experimentaram a morte em seu espírito. Por isso sentiram medo e fugiram do
Criador. O homem pecador não consegue ficar à vontade com Deus porque Ele é santo:
“Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados
encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.2). Desde então, o relaciona-
mento entre o homem e Deus ficou prejudicado.

b) Se Deus é espírito e Jesus é Deus, como as pessoas puderam ver, andar, tocar,
conversar com Jesus?

Embora Jesus seja Deus e seja um Espírito, Ele tomou sobre Si, um corpo humano.
Jesus foi a manifestação física de Deus: “Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou
convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-
nos o Pai?” (Jo 14.9). Jesus, o Filho de Deus, que estava com Deus desde o princípio e
juntamente com Ele criou todas as coisas, resolveu vir à terra mostrar aos homens
como Deus é, sente e pensa: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele,
e sem ele nada do que foi feito se fez. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos
a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1.1-3,
14). Em Jesus, Deus se tornou conhecido.

c) O que as pessoas querem dizer quando afirmam que o homem se relaciona com
Deus pelo espírito?

O homem pecador não pode se relacionar com Deus, porque o pecado impede
que tenham comunhão, já que Deus é santo e não pode conviver com o pecado.

24
A criação

O pecado afeta o espírito do homem fazendo com que aquele que peca esteja
separado de Deus. Por isso a Bíblia afirma que todos os homens estavam mortos:
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Ef 2.8). Porque todos
os homens um dia pecaram, todos morreram no espírito, todavia se o homem receber
a Jesus como seu Senhor e Salvador, terá o seu espírito unido a Deus novamente,
porque experimentará o novo nascimento, nascerá de Deus: “Não te admires de eu
te dizer: importa-vos nascer de novo. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não
sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (Jo 3.7,8).
Quando aceitamos a Jesus, recebemos o seu Espírito dentro de nós, temos a sua
vida e somos feitos de novo. Então, podemos nos relacionar novamente com Deus e
sermos sensíveis a Ele: “E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito
novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei
dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus
juízos, e os observeis” (Ez 36.26,27). Quando o homem nasce de novo, o espírito (que é a
pessoa real) renasce e o velho homem (que tem um coração duro, de pedra) deixa de
existir. A pessoa se torna uma nova criatura: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova
criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Co 5.17).

d) Qual a diferença entre coração e espírito?

As palavras coração e espírito são usadas como sinônimos no Novo Testamento.


O coração do homem é o seu espírito, o que a Bíblia chama de “homem interior do
coração”. Não é o corpo físico - carne e ossos - mas o homem interior: “Seja, porém,
o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tran-
quilo, que é de grande valor diante de Deus” (I Pe 3.4).

2.2. O homem tem uma alma


Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada
de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas,
e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração (Hb 4.12).

A alma e o espírito não são a mesma coisa, por isso o texto acima menciona cada um
deles de forma distinta. A alma não é o ser mais íntimo do homem, mas, sim, o seu espírito.
O espírito do homem é a parte que nasce de novo, que recebe a vida eterna: a vida e a
natureza de Deus. É no espírito que o homem se torna uma nova criação em Cristo Jesus.

a) O que é a alma? Qual a diferença entre a alma e o espírito?

A alma é a parte do homem que abrange a mente, o intelecto, as emoções, dese-


jos, raciocínio e memória. Quando o homem nasce de novo, não há uma mudança em

25
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

sua alma. Ele continua tendo as mesmas emoções, vontades, as mesmas lembranças e
seus pensamentos continuam iguais; o espírito, não.

Quando o homem aceita Jesus, recebe um espírito completamente novo. Não está
escrito na Bíblia que Deus restaura o nosso espírito. Nosso espírito se torna uma
nova criação em Cristo, novinho em folha. A alma, porém, precisará ser trabalhada.
O homem vai ter que trabalhar em si mesmo para ter novos pensamentos, novas emo-
ções e novas reações. Isso vai acontecer em um processo.

b) Se não recebemos uma alma nova quando nascemos de novo, o que devemos
fazer com a nossa velha alma?

A alma precisará passar por um processo de transformação. A Palavra de Deus é


o que salva, transforma e restaura a nossa alma. Ela é poderosa para salvar a alma
se for recebida acolhida com fé: “Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo
de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para
salvar a vossa alma” (Ti 1.21).

A alma deverá passar por um processo de educação na Palavra: “E não vos con-
formeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).

Veja que o texto fala sobre renovação da mente, que faz parte da alma. Somos
nós que precisamos fazer alguma coisa com a nossa mente, para que ela seja trans-
formada. Isso acontece quando entramos em contato com a Palavra de Deus. Quando
lemos e meditamos nela, sua influência começa a nos levar a novas ações.

2.3. O homem habita em um corpo


Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso
corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
(Rm 12.1)

O corpo é a parte exterior do homem, a parte física, que nos dá uma aparência visível -
a casa onde habitamos. Através do corpo temos contato com o mundo físico. Ele é a sede dos
sentidos: olfato, tato, paladar, visão e audição. A Bíblia se refere ao nosso corpo como uma
casa terrestre. Ela diz que o corpo pode ser desfeito, morrer e ser colocado em um túmulo:
“Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um
edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (II Co 5.1). O espírito, porém, não morre:
“E o pó volte à terra [corpo], como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec 12.7).

26
A criação

a) Quando aceitamos Jesus, acontece alguma coisa com o nosso corpo?

Quando o homem recebe Jesus como Salvador, torna-se morada de Deus. Isso
garante alguns privilégios, como o fato de ter o Espírito Santo habitando dentro
dele, possuir desde já a vida eterna e poder ter comunhão com Deus em seu espírito.
Entretanto, o homem não poderá mais viver guiado pelos seus sentidos físicos, por
seus próprios pensamentos e por suas emoções. Deverá sacrificar o seu corpo para
viver à maneira de Deus.
O homem deverá escolher, a partir de então, não viver pelos desejos do velho
homem, mas submeter-se ao seu espírito. Os maus desejos que tínhamos antes, con-
tinuarão querendo nos dominar. Devemos, entretanto, mantê-los sob controle, agindo
como Deus quer: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade,
está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41).

b) O Evangelho tem alguma esperança para o corpo?

Devemos nos lembrar sempre de que não somos o corpo e que, ainda que este
esteja envelhecendo e perdendo forças; no espírito, estamos cada vez melhores: “Por
isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior,
contudo, se renova de dia em dia” (II Co 4:16).
O corpo é somente a casa física do homem, mas não foi feito para morrer. Embora
ainda sofra a morte, haverá o dia em que o corpo mortal será substituído por um outro
que não morrerá, totalmente novo, transformado e glorioso: “E, quando este corpo cor-
ruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade,
então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória” ( I Co 15.54).

3. A COMUNHÃO DO HOMEM COM DEUS


E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia
(Gn 3.8a).

Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados,
e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações
de graças (Cl 2.6,7).

O homem foi criado por Deus para ter comunhão com Ele, para ouvi-lo e viver nEle.
Essa comunhão diz respeito a uma vida de relacionamento constante; viver em Deus, com
Deus, para Deus e por Deus.
O homem foi feito para ser, pensar e agir como Deus, para revelar o Criador em tudo
e para dar glória a Deus: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras,

27
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Esta é a melhor
definição de adoração: uma vida totalmente dependente de Deus e agradável a Ele.
O homem nasceu para adorar.

O relacionamento com Deus não é estático, pronto e acabado. Deus é uma fonte ines-
gotável. Sendo assim, jamais será possível conhecer a Deus plenamente, entretanto, pode-
mos e devemos crescer nesse conhecimento. Quanto mais nos relacionamos com Deus,
mais nos parecemos com Ele.

A Bíblia nos convida a conhecer a Deus cada vez mais: “Conheçamos e prossigamos em
conhecer ao Senhor; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva,
como a chuva serôdia que rega a terra” (Os 6.3).

a) Como podemos viver em comunhão com Deus?

Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá
muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se permanecerdes em mim, e as
minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito.
(Jo 15.5,7)

Vivemos um tempo muito favorável para estar em Deus, para conhecê-Lo e viver
em comunhão com Ele.

No Éden, Adão perdeu a comunhão com o Criador porque escolheu desobedecê-Lo.


Desde então, se sentiu inadequado para estar com Deus. Em vez de desejar Sua pre-
sença, sentiu medo e se escondeu. Hoje, desfrutamos de mais do que uma visita de
Deus. Temos o próprio Deus morando em nós: “Respondeu Jesus: Se alguém me ama,
guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada”
(Jo 14.23).

Jesus viveu nesta terra, mostrando aos homens quem é Deus e como Ele age;
andou por toda parte fazendo o bem e ajudando as pessoas. Quando foi ao céu, deixou
o Seu Espírito para nos auxiliar. É o Espírito Santo, vivendo em nós, que nos possibilita
ter uma comunhão ininterrupta com Deus, pois Ele habita dentro de cada um que
aceitou a Jesus como seu Senhor e Salvador. Tais pessoas, que se tornaram filhas de
Deus, podem contar com seus conselhos, ajuda, ensino e companhia constantes.

a) Como podemos desenvolver um relacionamento com Deus?

O relacionamento com Deus é semelhante ao relacionamento com qualquer


outra pessoa. Deus é uma pessoa e para ser íntimo dEle, é preciso investir tempo na
comunhão: orando, adorando, lendo a Sua Palavra e congregando. Deus está disponí-
vel a todos e não rejeita quem se achega a Ele.

28
A criação

A Bíblia nos convida não somente a conhecê-Lo, mas a aprofundar o relaciona-


mento com Deus: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor; como a alva,
a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega
a terra” (Os 6.3).

4. O DOMÍNIO DO HOMEM SOBRE A TERRA


Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa seme-
lhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os
animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela
terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem
e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos,
enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus
e sobre todo animal que rasteja pela terra. (Gn 1.26-28)

Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que
estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o
visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de
honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés
tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves
do céu, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares. Ó Senhor,
Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! (Sl 8.3-8)

Deus criou o homem e deu-lhe domínio sobre a obra de Suas mãos, fazendo-o,
neste sentido, o “deus” deste mundo. A terra foi um presente de Deus para a humanidade.
A criação era resplandecente, linda e frutífera. Não havia espinhos, mato, planta venenosa
e nada que causasse prejuízo ou dor.
Até que o homem fosse criado no Éden, a terra era responsabilidade de Deus. Quando
o homem foi feito, a terra foi, então, dada a ele de presente, por isso se tornou responsável
pelo presente que recebeu.

a) O homem era dono de tudo na terra?

Deus poderia ter mantido tudo sob o domínio exclusivo dEle próprio, mas resolveu
fazer do homem, o governador da terra: “Os céus são os céus do Senhor, mas a terra, deu-a
ele aos filhos dos homens” (Sl 115.16). Desde que Deus deu aos homens a terra, seria
responsabilidade destes tudo o que acontecesse nela. O homem deveria guardá-la,
torná-la mais bonita e agradável e um lugar cada vez melhor para se viver: “Tomou,
pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar”
(Gn 2.15). Observe que Deus disse aos homens que o lugar onde habitariam precisa-
ria ser guardado. Isso quer dizer que não estava totalmente fora de perigo. Ser dono

29
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

inclui privilégios e responsabilidades. O homem era dono de tudo, por isso também
era responsável pela sua propriedade.

b) O homem podia fazer o que quisesse com a terra?

O domínio que o Senhor concedeu ao ser humano era para que ele glorificasse
a Deus. Adão não poderia cuidar da terra de qualquer jeito. Como Deus governa o
céu, com sabedoria, autoridade e excelência; o homem deveria cuidar da terra, mas
sempre em submissão ao Criador. O homem deveria dar nomes aos animais, guardar
o jardim, cultivá-lo e obedecer a Deus, não comendo da árvore que estava no centro
do jardim: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o
cultivar e o guardar. E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim come-
rás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque,
no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.15-17). O primeiro homem não
era preguiçoso, mas alguém próspero e produtivo.

c) O homem foi feito para dominar sobre a mulher?

A única obra da criação, excluída por Deus, do domínio humano é o próprio ser
humano.
Os homens têm o direito e, até mesmo o dever, de governar sobre todas as coi-
sas criadas, mas não podem dominar os outros homens. A humanidade foi feita para
viver em harmonia uns com os outros. Por isso Deus não fez hierarquia entre homem
e mulher: “No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem,
independente da mulher. Porque, como provém a mulher do homem, assim também o
homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus” (I Co 11.11,12). Os homens, entre si, e
o homem e a mulher foram feitos para viver em comunhão, cooperação e harmonia.
Ninguém deveria dominar, maltratar e oprimir o próximo.
A criação foi uma obra perfeita de Deus, criada para glorificá-Lo, para refletir Sua
bondade e excelência.

30
A QUEDA

Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e
mulher os criou (Gn 1.27).

A criação do homem foi um ato de amor do Todo-Poderoso. Deus não precisava,


mas decidiu criá-lo e, por causa do Seu ilimitado amor, repartiu com ele a Sua glória.
Preparou-lhe, ainda, um ambiente favorável: Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou
pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas (Tg 1.18).
Desde o princípio, fomos gerados por Deus para sermos alguém em quem Ele tivesse
prazer, para nos relacionarmos com Ele e vivermos uma vida maravilhosa.

O primeiro homem, Adão, foi feito à imagem de Deus; glorioso, perfeito, completo e
livre. Não era um boneco que funcionava sob o comando do Criador, mas um ser livre para
existir, pensar, relacionar-se com Deus, crescer e desenvolver plenamente o seu potencial.

1. LIVRE-ARBÍTRIO
E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o
homem que havia formado. Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores
agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do
jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (Gn 2.8,9)

E o Senhor lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas
da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que
dela comeres, certamente morrerás (Gn 2.16,17).

31
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Deus fez o homem para se relacionar com Ele, para conhecê-Lo, para viver em amor,
para andar em amor e para usufruir do Seu amor. Aquele que é o próprio amor fez a huma-
nidade à Sua imagem e semelhança, ou seja, pronta para amar: Aquele que não ama não
conhece a Deus, pois Deus é amor (I Jo 4.8). Como o amor faz parte da natureza de Deus,
também fazia parte da natureza do homem, a capacidade de amar plenamente a Deus e a
seus semelhantes. Ocorre que o amor só é legítimo quando exercido em liberdade. Amor
que é dado por obrigação não pode ser considerado amor.
Deus amou o homem de tal maneira que o fez livre para corresponder, ou não, ao Seu
amor, para obedecer ou desobedecer às Suas ordens, para se relacionar ou não com Ele.
Por isso colocou duas árvores no centro do jardim: a Árvore da Vida, da qual o homem
poderia comer livremente, e a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, que era proibida.
Vale notar que a ordem dada por Deus era para que o homem não comesse da árvore
do conhecimento do bem e do mal. Portanto, ele podia comer da árvore da vida, o que
lhe proporcionaria crescimento espiritual. Podemos ver nessa árvore, a representação
de Jesus, que é a própria Vida: Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida (Jo 11.25);
[...] quem de mim se alimenta, por mim viverá (Jo 6.57). Portanto, comer da árvore da vida
seria o mesmo que se alimentar de Jesus. Por outro lado, comer da árvore do conhecimento
do bem e do mal significava agir de forma independente, em desacordo com a ordem
divina e, se não estão de acordo, Deus e o homem não podem andar juntos: Como andarão
dois juntos se não houver entre eles acordo? (Am 3.3).
Todos os dias, o homem poderia demonstrar o seu amor a Deus, olhando para a árvore
e dizendo para si mesmo: “Eu valorizo tanto a palavra de Deus que não quero desagradá-Lo,
comendo dessa árvore proibida”.
A existência da árvore do conhecimento do bem e do mal, e o fato de estar em um
local onde o homem tinha livre acesso, era um indicativo de que, obedecer ou não, seria
uma decisão do próprio homem; algo sobre o qual Deus não teria o domínio. Ao olhar para
o centro do jardim, o homem estava diante de duas possibilidades: evidenciar seu amor
e sua fé em Deus, ao obedecê (o que preservaria o seu relacionamento com Criador) ou,
desobedecer à ordem e colher as consequências. De qualquer forma, Deus não interferiria
na sua escolha.
A essa liberdade ou a essa capacidade de decidir, chamamos de livre-arbítrio.

a) O que é livre-arbítrio?

Livre-arbítrio é a capacidade do homem de tomar decisões por livre escolha. Deus


poderia obrigar a humanidade a agir de determinada forma, mas preferiu deixá-la
escolher como se conduzir. Como um ser livre, o homem pode fazer opções quanto
a seu futuro sem que ninguém o obrigue a agir de certo modo. Assim, nem Deus o
obriga a obedecer, nem o diabo pode obrigá-lo a desobedecer. Essa liberdade é um
presente dado por Deus, mas que deve ser celebrado com muita responsabilidade,
pois, apesar de poder decidir se obedece ou não a determinada ordem, o homem não
tem, entretanto, o poder de se livrar das consequências de seus atos. Ou seja, ele é

32
A queda

livre para agir, mas não para escolher as consequências de seus atos, pois, além de
inevitáveis, não estão sob seu controle: Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois
aquilo que o homem semear, isso também ceifará (Gl 6.7).

b) Se o homem era perfeito, por que precisava receber ordens?


Adão era mesmo livre?

Liberdade não é ausência de regras e de necessidade de obediência. Na verdade


só existe obediência onde existe liberdade para se obedecer, de outra forma é coerção.
Adão e Eva eram livres, mas a terra e as leis que a governavam são de Deus.

c) Se Deus sabia que o homem desobedeceria, por que colocou a árvore no meio
do jardim?

Deus é um Pai amoroso e, não, um carrasco que quer ser obedecido a qualquer
custo. A árvore estava no centro do jardim como um testemunho de que Deus deu ao
homem liberdade de escolha, mas Adão não estava desassistido. O homem e Deus
se encontravam no jardim. Qualquer informação, qualquer pergunta podia ser feita a
Deus enquanto passeavam juntos no Éden, na viração do dia: Quando ouviram a voz
do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do
Senhor Deus, o homem e a sua mulher, por entre as árvores do jardim. (Gn 3.8).

No momento em que Deus colocou o homem no jardim do Éden, deixou claro que,
apesar de livre, a liberdade tinha limites. Havia leis a serem obedecidas. Como um Pai
bondoso, Deus não deixou Seu filho sem instruções claras acerca do que deveria e do
que não deveria fazer. Entre as coisas que deveria fazer estava: trabalhar a terra para
que ela fosse produtiva, dar nomes aos animais – o que significava dominar sobre
todos eles –, governar a terra debaixo da submissão ao Seu dono: Deus. Entre o que
não devia fazer, estava apenas o não comer do fruto da árvore do conhecimento do
bem e do mal. Por quê? Porque esse conhecimento iria prejudicá-lo e o afetaria de
uma maneira tão terrível, que o contaminaria. Deus deixou a árvore no meio do jardim
como uma evidência de que o homem tinha liberdade para decidir.

d) O que significava a árvore do conhecimento do bem do mal?

A árvore do conhecimento do bem e do mal era a prova de que o homem era


livre. Se não houvesse a possibilidade de desobediência, não existiria a árvore, nem a
ordem para que não comessem dela. Ou, ela seria colocada em um lugar inalcançável.
A árvore era o símbolo, a prova cabal de que Deus fez os homens livres. Significava a
celebração da liberdade.

33
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

e) O livre-arbítrio ainda existe ou foi comprometido pelo pecado?

Depois que pecou, o homem perdeu a imagem e semelhança de Deus. Apesar de


termos recebido, em virtude do nosso pecado, uma natureza corrompida, temos uma
consciência que nos aprova quando fazemos o bem e nos acusa quando agimos em
desconformidade com o parecer divino escrito dentro de nós: Estes [os gentios] mos-
tram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência
e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se (Rm 2.15). Nossas
decisões e ações passaram a ser governadas por essa tendência, mas continuamos
responsáveis por elas.

2. FÉ E OBEDIÊNCIA
E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livre-
mente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no
dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2:16,17).

É preciso entender que obediência e desobediência são, em suma, uma questão de fé.
Crer em Deus significava obedecê. Deus conversou com o homem depois de criá-lo. Esse
relacionamento de Adão com Deus, certamente, era suficiente para que ele desenvolvesse
sua confiança no Criador e Lhe obedecesse. O Senhor havia dito que, se comesse do fruto
da árvore do conhecimento do bem e do mal o homem, morreria. Obedecer a essa ordem
significava, sobretudo, crer que aquilo que Deus estava falando era verdadeiro; desobede-
cer, portanto, significava desacreditar que Deus estava falando a verdade ou não sabia o
que estava dizendo. A obediência a Deus é uma questão de fé.

a) Por que o homem deveria obedecer a Deus?

Não fosse o fato de Deus ser o seu Criador, o seu Pai, pelo menos, por gratidão,
o homem tinha o dever de obedecer a Deus. O homem foi criado por Deus, colocado
num ambiente maravilhoso, recebeu uma terra perfeita, um trabalho agradável, ins-
tigante e desafiador, reinando sobre coisas que ele não tinha feito existir, possuindo
coisas pelas quais ele não tinha pago. Portanto, no mínimo, Adão deveria ter agido
com gratidão.

b) É justo obrigar alguém a obedecer mesmo quando ele não compreende comple-
tamente a consequência de seus atos?

Podemos fazer um paralelo aqui com as experiências entre pais e filhos. É justo
o pai obrigar o filho a obedecer, por exemplo, não colocando os dedinhos na tomada,
mesmo que ele não tenha a menor noção do que pode acontecer se assim fizer?

34
A queda

Claro que sim, porque o que o pai está fazendo não é impedindo o filho de ter boas
experiências, mas poupando-o de consequências gravíssimas que podem advir de sua
atitude. Porque não sabe o que é morrer, uma criança deve ou não, obedecer a seus
pais? Porque não entende o que é saúde, uma criança pode, ou não ser obrigada a
tomar uma vacina? Como todo bom pai, Deus cuidava do homem ao lhe dar ordens e,
como um filho, Adão deveria obedecer-Lhe.

c) De que forma podemos entender a atitude de Adão e Eva como falta de fé?

Eva estava diante de duas palavras excludentes: a de Deus, que lhe foi informada
por Adão, de que, se comesse, morreria: E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda
árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal
não comerás; porque, no dia que dela comeres, certamente morrerás. (Gn 2.16, 17); e a de
Satanás, contrária à que Deus havia dito: Então, a serpente disse a mulher: é certo que
não morrereis (Gn 3:4). O diabo atacou, frontalmente, a palavra e o caráter de Deus ao
dizer exatamente o oposto do que disse o Criador. A escolha de Eva revelaria em qual
das palavras ela estava crendo. Portanto, a questão era: ter fé na palavra de Deus ou
na palavra de Satanás. Fica implícito que há conexão entre fé e obediência.

3. A ORIGEM DO MAL
Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo
de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o
dia em que foste criado até que se achou iniquidade em ti. Na multiplicação do teu
comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, pro-
fanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim da guarda, em meio ao
brilho das pedras. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste
a tua sabedoria por causa do teu resplendor; lancei-te por terra, diante dos reis te
pus, para que te contemplem. Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do
teu comércio, profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo,
que te consumiu, e te reduzi a cinzas sobre a terra, aos olhos de todos os que te
contemplam. Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; vens
a ser objeto de espanto e jamais subsistirás. (Ez 28.14-19)

Derribada está na cova a tua soberba, e, também, o som da tua harpa; por baixo
de ti, uma cama de gusanos, e os vermes são a tua coberta. Como caíste do céu,
ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilita-
vas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de
Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extre-
midades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao
Altíssimo. Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo
abismo. (Is 14.11-15)

35
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Os textos acima fazem menção a um ser descrito como um querubim ungido por Deus,
que estava no monte santo, perfeito em esplendor. Querubim é uma classificação de anjo
de patente elevada. Embora feito em um estado de perfeição, tendo total acesso a Deus e
a Seu trono, corrompeu seu caminho, exaltou-se ao ponto de desejar assentar-se em um
lugar tão alto quanto o de Deus. Apesar de habitar o céu, um lugar perfeito, onde não há
maldade ou pecado, e de ter acesso à presença de Deus, escolheu não servi-Lo, mas afron-
tá-Lo. O livro de Apocalipse conta que esse ser, chamado Satanás, levou anjos a se corrom-
perem com ele: Houve peleja no céu. Miguel e seus anjos pelejaram contra o dragão. Também
pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o
lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás,
o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos. (Ap 12.7-9).

a) O diabo existe?

O querubim ungido que corrompeu seu próprio coração por desejar se assentar
no trono de Deus e se elevar acima de todas as demais criaturas é esse ser maligno
posteriormente chamado, na Bíblia, de Satanás (Mt 12.26), dragão, diabo, serpente
(Ap 20.2), acusador (Ap 12.10), nosso adversário (I Pe 5:8). Ele não é uma alegoria, mas
um ser real. Quando a Bíblia se refere a esse ser, não está a falar de algo mitológico.
Jesus atestou a veracidade da existência de Satanás: Mas ele lhes disse: Eu via Satanás
caindo do céu como um relâmpago (Lc 10.18).

b) De onde procedeu o mal?

O mal não nasceu no homem nem começou na terra. Conforme vimos nos textos
acima, um querubim criado por Deus corrompeu seu próprio caminho. Ele não foi ten-
tado, nem enganado, como aconteceu com Eva. De dentro dele, a partir de seu próprio
coração, o mal começou a existir. Embora contemplassem Deus com seus próprios
olhos, encheu-se de soberba, exaltou a si mesmo, desejou o que não havia sido dado a
ele. E não o fez por uma sugestão ou por pressão externa. Tudo começou dentro dele
mesmo. Ou seja, não foi Deus quem deu ensejo ao mal, mas um ser criado, chamado
depois de Satanás, diabo, acusador.

c) Se Deus criou o diabo, Deus é o responsável pelo mal?

Ninguém pode ser responsabilizado por uma atitude errada de alguém capaz
de tomar suas próprias decisões. Por exemplo, os pais são responsáveis pelos filhos
até que atinjam certa idade, quando são considerados, por lei, capazes de responder
por seus próprios atos. Deus não criou o diabo com tendências malignas, até porque
Deus é santo e tudo o que Ele criou veio repleto de Sua santidade. A Bíblia é clara ao
afirmar que, o coração de Satanás se exaltou. Deus não exaltou o coração do diabo,
nem colocou na mente dele uma ideia para que tentasse ser maior do que Ele próprio.
Como está escrito: Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não

36
A queda

pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado
pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz (Tg 1:13,14). Satanás cobiçou um
lugar que não lhe pertencia. Como os demais seres criados, era livre para pensar, agir
e sentir. Por dar lugar a pensamentos errados, por alimentar sua cobiça, deixou o mal
nascer dentro de si mesmo e, depois, deu à luz atos pecaminosos. Portanto, Deus não
pode ser responsabilizado por um ato deliberado que um ser livre resolve, conscien-
temente, cometer.

4. O PECADO ORIGINAL
Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus
tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do
jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer,
mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não come-
reis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher:
É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se
vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. Vendo a
mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável
para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido,
e ele comeu. Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam
nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si (Gn 3:6).

Muitas pessoas não compreendem o que quer dizer o pecado original, ou seja, o primeiro
pecado da humanidade. Por desconhecimento, afirmam que o primeiro pecado foi o sexo e
que o fruto proibido era uma maçã. Mas, se o sexo era pecado, por que Deus assim ordenou:
Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a (Gn 1:28)? O pecado original não foi
o sexo, que é uma bênção instituída por Deus e necessária para a procriação, portanto, para
a multiplicação do homem na terra, o que foi ordenado por Deus. O pecado original foi a
falta de fé, que culminou na desobediência do homem. E suas consequências foram graves.
Deus havia dito a Adão para guardar o jardim. Se era preciso guardar, é porque
havia algum perigo iminente, alguma espécie de coisa ruim que poderia adentrar aquele
ambiente perfeito. Além de estarem cientes dessa ordem e de que deveriam exercer seu
dever de vigilância, Adão e Eva contavam com a visita de Deus todos os dias, o que dava
a eles a possibilidade de conversar com o Criador a respeito de tudo que estava aconte-
cendo naquele jardim.
Podemos perceber que Eva tinha conhecimento da ordem de Deus e que os argumen-
tos do diabo eram mentirosos.
Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável
para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.
(Gn 3.6). Nem sempre boas intenções geram ações corretas. Eva foi enganada em seu
desejo por entendimento.

37
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Por outro lado, Adão não foi seduzido por uma oferta enganosa. Ele recebeu de Eva
o fruto e, ao comer, sabia exatamente o que estava fazendo: Adão não foi iludido, mas a
mulher, sendo enganada, caiu em transgressão (I Tm 2.14). Adão, consciente, livre e delibe-
radamente escolheu pecar. Ele teve a oportunidade de escolher entre comer do fruto e se
unir a Eva em seu pecado ou não comer e ver com Deus como resolveria a questão, mas
optou por dar ouvidos à sua mulher e não a Deus, tomando do fruto e comendo, embora
estivesse totalmente ciente da consequência de sua desobediência: No dia em que dela
comeres, certamente morrerás (Gn 2.17).

a) Por que Eva pecou?

Os homens foram feitos puros e perfeitos, então, por que pecaram? Primeiro, por-
que descuidaram de seu dever de vigilância. A mulher conversou com a pessoa errada,
deu ouvidos à voz de Satanás. Logo na primeira conversa, quando a serpente afirma
que Deus é um mentiroso, Eva, conhecendo Deus e estando ciente de suas ordens,
deveria ter expulsado Satanás do jardim. Mas não foi isso o que ela fez.

b) O homem pode ser responsabilizado pelo pecado?

Adão e Eva eram livres para agir como desejassem. Deus deu a eles opções: comer
ou não da árvore que estava no centro do jardim. Pecar foi uma decisão consciente.
Conscientemente, o casal agiu em desconformidade com a ordem de Deus, por isso
são responsáveis pela existência do mal na terra e pelo pecado que, posteriormente,
foi repetido por todos os homens. Como uma doença contagiosa, a partir de então, o
pecado foi cometido em todas as gerações. Adão permitiu que a morte entrasse no
mundo e afetasse a todos: Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque
todos pecaram (Rm 5.12).

c) Por que Deus não interferiu, livrando a humanidade de um dano tão terrível?

Deus escolheu fazer o homem livre para amá-Lo, para buscá-Lo e para obedecer-Lhe
ou não. Embora pudesse, Deus não interferiria nessa escolha. Tudo que foi possível fazer
para evitar que o homem pecasse foi feito: Deus conversava com o homem face a face,
visitava-o todos os dias na viração do dia, deu acesso à Sua presença e uma ordem clara:
comer não é permitido. Até mesmo alertou para as consequências da desobediência:
Porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2.17). Adão e Eva não tinham
nenhuma tendência maligna e poderiam falar com Deus quando quisessem, portanto,
poderiam ter exposto a questão para Ele e pedido conselhos. Além disso, eles sabiam que
o Criador era Deus e que o diabo era um estranho naquele lugar. Quem preferiria acreditar
em um estranho? No livro “Como ser dirigido pelo Espírito de Deus”, Kenneth Hagin diz
o seguinte: “Enquanto um pecador desejar viver no pecado, Deus o permitirá viver assim.
Mas se ele quiser mudar, Deus virá ao seu encontro e o libertará. Até mesmo se uma

38
A queda

pessoa é cristã, não significa que ela perde a capacidade moral de agir livremente. Ela não
se torna um robô – uma máquina na qual Deus aperta um botão e, automaticamente, ela
tem de fazer o que Deus sempre desejou. Ela ainda é um agente moral livre” (página 108).

5. CONSEQUÊNCIAS DO PECADO
Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram
folhas de figueira e fizeram cintas para si. Quando ouviram a voz do Senhor Deus,
que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor
Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor
Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no
jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. (Gn 3.7-10)

Deus foi claro ao alertar, na conversa que teve com o homem, para as consequências
da desobediência: Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque,
no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2.17). Enquanto andasse em obediên-
cia, o homem estaria em um estado adequado na presença de Deus e se manteria em uma
comunhão perfeita com seu Criador, podendo desfrutar de Sua companhia e receber Sua
visita todos os dias no jardim. O homem estava tão familiarizado com Deus que ouviu e
reconheceu seus passos no jardim. Entretanto, no momento em que pecou, percebeu algo
em seu corpo que, até então, não havia se dado conta: estava nu. Teve vergonha de sua
mulher e medo de Deus. Ou seja, algo mudou nele mesmo, da parte dele com relação a ela
e da parte dele com relação a Deus. Adão e Eva já não eram mais os mesmos. Eles senti-
ram, inicialmente, no próprio corpo, a consequência da desobediência.

5.1. Morte
E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu:
Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. (Gn 3.9,10)

a) O que é morte?

Podemos dizer que morte é a ausência de vida. Mas o que é vida? Vida é estar inti-
mamente ligado a Deus. Jesus é a vida: Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens
(Jo 1.4). Vida é conexão com Deus, é estar intimamente ligado ao Criador, é ter daquela
plenitude de existência que só se encontra em Deus. Em contraposição, morte é estar
desconectado de Deus. É fundamental entender que morte não é apenas o espírito
deixar de habitar o corpo. A correta definição de morte é separação entre o homem
e Deus. É por causa dessa separação que o corpo físico experimenta a separação da
alma, o que será explicado à frente.

39
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

b) Como e por que surgiu a morte?

A primeira vez que a Bíblia faz referência à morte está em Genesis 2.17: [...]
porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. A morte só entrou na terra por
causa do pecado. O homem não morreria se não tivesse pecado. A morte não entrou
inadvertidamente. Deus avisou claramente ao homem que, se ele pecasse, morreria.
Como diz a Bíblia, o salário do pecado, ou seja, a recompensa por desobedecer às
ordens de Deus é a morte: Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito
de Deus é a vida eterna (Rm 6.23). A morte só entrou na terra porque o homem pecou.

c) Se Deus falou que no dia em que comesse do fruto, o homem morreria,


mas Adão morreu com 930 anos, Deus mentiu?

Não, Deus não mentiu. Na verdade, o homem morreu exatamente na hora em


que desobedeceu a Deus. No momento em que pecou, Adão se viu separado da vida
de Deus, por isso percebeu que estava nu, ou seja, seu corpo estava como antes, mas
sua consciência, não. Seu relacionamento com Deus foi afetado de uma forma tão
profunda que ele teve medo e se escondeu do Criador. Até então ficavam juntos sem
ter vergonha, mas agora ele se escondeu. O homem morreu, ou seja, foi desconectado
da vida de Deus no mesmo minuto em que pecou. Essa separação de Deus é a própria
morte. A morte física ocorreu quando ele tinha 930 anos, mas sua separação de Deus,
sua morte espiritual, ocorreu no mesmo minuto em que pecou.

d) O que é morte espiritual?

A primeira morte que o homem experimentou foi a morte espiritual. Logo que
pecou, Adão percebeu que já não estava mais ligado a Deus e sua reação foi sentir
medo de Deus: Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo,
e me escondi (Gn 3.9). Quando ele olhou para si mesmo, percebeu que já não era mais
o mesmo, sentiu vergonha, medo, inadequação para se apresentar diante de Deus.
Por isso a sua reação foi se esconder, fugir da presença de Deus. Quem está conectado
à vida de Deus não se sente inadequado, mas participa de quem Deus é, de Sua pró-
pria natureza. Não tem medo do Criador, mas anseia pela comunhão. Assim que pecou,
o homem experimentou a morte espiritual, ou seja, sua separação da fonte da vida,
que é Deus.

e) O que é morte física?

A morte física é a separação entre o espírito e o corpo. Ela sempre acontece como
resultado da morte espiritual. Não pode haver morte física sem que tenha havido,
primeiro, a morte espiritual, ou seja, a separação de Deus. É o que a Bíblia chama de
“o corpo voltar ao pó”: No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois
dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás (Gn 3.19).

40
A queda

f) Se o homem volta ao pó, quando as pessoas morrem, elas deixam de existir?

A morte não faz com que ninguém deixe de existir. Os homens foram feitos seres
espirituais que habitam um corpo e têm uma alma. Quando os homens morrem fisica-
mente, como consequência de sua primeira morte, a espiritual, seus corpos se deterio-
ram, mas seus espíritos e almas continuam a existir. Mesmo quando separadas de seu
corpo pela morte física, as pessoas têm consciência e continuam existindo, ligadas a
Deus ou desconectadas dEle.

g) Qual a diferença entre morte espiritual e morte física?

Morte espiritual é estar desconectado da vida de Deus. Muitas pessoas estão


vivas no corpo; andando, comendo, trabalhando, mas espiritualmente estão mortas,
não têm em si a vida de Deus. Só tem a vida de Deus quem aceitou a Cristo como seu
Salvador: E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu
Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho não tem a vida (I Jo 5.11,12).
Uma pessoa pode estar morta espiritualmente, mas viva fisicamente. Já a morte física
é a separação entre espírito, alma e o corpo.

h) Como os crentes podem dizer que têm vida eterna se ainda morrem?

Um homem unido a Deus está espiritualmente vivo, é uma nova pessoa e não
sofrerá a morte eterna. Aquele que aceita Jesus torna-se uma nova criatura, uma só
pessoa com Deus: Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito com ele (I Co 6.17).
Como um ramo ligado à árvore é o homem que está em Cristo: Eu sou a videira, vós, os
ramos (Jo 15.5). Apesar de unido a Deus, o verdadeiro homem, que é o ser espiritual,
ainda habita em um corpo mortal.

Porque Deus quer que todos homens sejam salvos, ainda não restaurou comple-
tamente todas as coisas, a fim de dar oportunidade a todos para que sejam salvos:
O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade (I Tm 2.3). Por isso a morte ainda não foi abolida, mas será, no fim de todas as
coisas. A Bíblia diz que ela é o último inimigo de Deus a ser eliminado: Porque convém
que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a
ser destruído é a morte (I Co 15.25,26). Porque ainda habitamos um corpo mortal, mais
cedo ou mais tarde, se Jesus não voltar e nos levar para Ele em vida, a alma se sepa-
rará do corpo, ou seja, morreremos fisicamente, mas espiritualmente estaremos vivos.
Portanto, por que somos espirituais, nossos corpos podem morrer, mas nós estamos
vivos com Deus.

41
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

i) Todo homem merece morrer?

Todo homem morre quando, conscientemente, opta por desobedecer a Deus, ou seja,
quando decide, deliberadamente, pecar. A recompensa ou consequência de todo pecado
é a morte: Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna
em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 6.23). A partir do momento em que o homem peca e
decide se afastar da vida de Deus, a morte é uma consequência inevitável.

j) Como um Deus tão bom poderá mandar alguém ao inferno?

Deus é, de fato, bondoso, misericordioso, mas, também é justo. Como é da Sua


natureza, Ele não pode fazer o mal. Dele só vêm coisas boas: Toda boa dádiva e todo
dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação
ou sombra de mudança (Tg 1.17). Ir ao céu ou ao inferno é questão de escolha humana.
Os homens estão escolhendo aqui e agora, onde desejam passar a eternidade;
se junto com Deus ou separados dEle. Essa é uma decisão exclusivamente humana.
Se dependesse apenas de Deus, todos os homens seriam salvos: O qual deseja que
todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (I Tm 2.3).
Foi por esse motivo que Ele enviou Seu Filho ao mundo: Porque Deus amou o mundo
de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crer não
pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).

k) Um homem pecador pode fazer o bem?

Todo homem tem uma consciência que o acusa ou o defende. Sabemos, por conta
disso, o certo e o errado. Todos os dias, tomamos inúmeras decisões. Por causa da
nossa consciência e de sermos livres para decidir, podemos optar por obedecer aos
comandos da nossa consciência ou por ignorá-la. O problema é que, quanto mais a
ignoramos, mais endurecida ela fica para sinalizar o bem ou o mal. Os homens que
fazem o mal acabam, se acostumando e até aprovando a própria maldade. Mas haverá
sempre homens que tomarão decisões acertadas, agindo em conformidade com a
sua consciência e também com as leis humanas, que disciplinam o convívio entre os
homens, fazendo o bem a si mesmos e ao próximo.

l) Como o homem pode se livrar do pecado?

O pecado só será tirado do mundo quando a terra for transformada e os homens


que nela viverem forem todos semelhantes a Jesus, o que ocorrerá, definitivamente,
no fim dos tempos. Até que isso aconteça, o mundo ainda sofrerá com os pecados da
humanidade e, principalmente, com as tendências malignas daqueles que não acei-
taram a Jesus. Neste tempo, a libertação do pecado só pode se dar pessoalmente,
quando o homem se identifica com Jesus, aceitando Seu sacrifício, e assume uma nova
vida semelhante à dEle: Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver

42
A queda

para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em
mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou
e a si mesmo se entregou por mim (Gl 2.19,20).

m) Por que parece que o mundo está ficando pior?

O mundo está piorando porque está sob o domínio de Satanás: Sabemos que
somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno (I Jo 5.19). O curso normal de uma
natureza corrompida, cativa da malignidade e das ações de homens destituídos da
vida de Deus, é se deteriorar. Tanto os homens sem Deus como, os animais e a própria
natureza estão em estado de degeneração.

5.2. Escravidão
Nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que
lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem
de Deus (II Co 4.4).

Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do
seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados (Cl 1.13).

Deus deu a terra aos homens para que a governassem. No momento em que desobe-
deceram a Deus e aceitaram submeter-se às sugestões do diabo, os homens se tornaram
servos do diabo - seus escravos. Satanás tornou-se o deus deste século, o dominador deste
mundo chamado de “tenebroso”: Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim
contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as
forças espirituais do mal, nas regiões celestes (Ef 6.12). Satanás tornou-se o imperador da
terra e os homens, seus escravos.

a) Por que a Bíblia diz que o homem é um escravo, se ele pode escolher seu
próprio caminho?

Obedecer ou desobedecer é uma questão de senhorio. De acordo com a Bíblia,


somos servos daqueles a quem obedecemos: Não sabeis que daquele a quem vos
ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja
do pecado para a morte ou da obediência para a justiça? (Rm 6: 16). Quando obedece-
mos a alguém, nos colocamos sob seu domínio. Quando Eva considerou a proposta
de Satanás, o viu como verdadeiro, e a Deus, como falso. Deixou de ser uma “serva” de
Deus para ser uma escrava de Satanás. E há uma diferença muito grande entre um
e outro senhorio. Quem é servo de Deus é livre, mas quem é escravo do diabo sofre.
As duas propostas eram excludentes. Entre a proposta de Deus de que morreria se
desobedecesse, e a proposta de Satanás de que não morreria, ela optou pela segunda.

43
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Era como se dissesse: “Nesta situação, quem está falando a verdade é Satanás.”
Por causa disso, ela e seu marido tornaram-se escravos do diabo. Eles obedeceram ao
diabo e este se tornou, mesmo sob fraude, senhor deles e da terra que estava confiada
a eles.

b) Por que a atitude, aparentemente insignificante do homem pôde ter consequên-


cias tão terríveis para o mundo e para humanidade? Deus não foi longe demais
quando determinou que o homem iria morrer?

Podemos ver que a ofensa a Deus foi estupidamente grave. Aos desavisados,
pode parecer uma questão de pouca importância, mas, no fundo, o que a atitude
estava dizendo era que Deus era um mentiroso. O pecado infectou todos homens.
Deus governa sobretudo, a partir de Suas leis, e não foi mau ou leviano quando avisou,
antecipadamente, a Adão o que aconteceria se desobedecesse às Suas ordens.

c) Como podemos dizer que o homem é escravo, se ainda possui livre-arbítrio?

Apesar de poder optar entre fazer ou não o bem, obedecer ou desobedecer à voz
de sua consciência, o homem recebeu em si uma tendência maligna que o governa.
Em sua natureza, há um impulso para o mal. E tudo o que nos domina nos faz escra-
vos: Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse
mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para a
justiça? (Rm 6.16). Somente aceitando a Jesus como seu Senhor, ou seja, recebendo um
novo senhorio, o homem pode livrar-se de sua tendência para o mal, de sua natureza
maligna. E como isso acontece? Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e,
em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o
coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação. (Rm 10.9,10).

A Solução a Caminho
Então, o Senhor Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre
todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás
sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti
e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça,
e tu lhe ferirás o calcanhar. (Gn 3.14,15)

Mesmo antes que o homem pecasse, Deus já havia providenciado sua salvação: um
descendente da mulher viria e recuperaria o que havia sido perdido por conta do
pecado. Ele seria ferido, sim, mas triunfaria sobre o mal. A vinda de Jesus foi anun-
ciada ainda no jardim do Éden. Desde então, a humanidade deveria viver na fé e
na expectativa da vinda daquele que colocaria tudo em seu lugar, do Descendente.
Um resgate já havia sido preparado, o preço seria pago e o homem não seria para
sempre escravo de Satanás: Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção

44
A queda

de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o
tempo da vossa peregrinação, sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis,
como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos
pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem
mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo,
porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós (I Pe 1.17-20)

a) O que Deus queria dizer quando falou para a serpente que ela morderia o calca-
nhar do descendente, mas este descendente esmagaria sua cabeça?

Essa foi uma forma figurativa de Deus dizer que nasceria um homem, descendente
da mulher, que tomaria de volta a autoridade que a serpente tinha obtido por meio
de fraude, junto aos homens. O descendente prometido é Jesus Cristo. Ele foi ferido
pela serpente, porque morreu; mas esmagou sua cabeça, retirando dele (Satanás) toda
autoridade: Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no
céu e na terra (Mt 28.18). Hoje, a autoridade está com Jesus, que a deu à Sua Igreja:
Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do
inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano (Lc 10.19). A Igreja de Jesus Cristo
é Sua representante hoje, a responsável pelo governo e por estender o domínio do
reino dos céus sobre toda a terra.

b) Por que Deus não livrou os homens das consequências do


pecado imediatamente?

O livramento do homem estava determinado desde antes da criação do mundo.


Jesus era o Cordeiro que daria Sua vida, o Seu sangue pela salvação da humanidade.
A única pessoa que seria capaz de libertar o homem do poder maligno que passou
a governar a terra seria um outro homem. Mas esse homem não poderia ser Adão.
Deveria ser alguém sem pecado. Adão não poderia pagar os pecados de Eva porque
ele mesmo tinha seus próprios pecados para serem pagos. Como alguém pode pagar
uma dívida se ele mesmo também é devedor? O correto é que ele pague primeiro
a sua própria dívida para depois, pagar a de outro. Por isso era necessário que o
homem que viesse pagar o pecado da humanidade não tivesse dívida alguma, fosse
um homem santo. Então Jesus veio à terra em forma humana: Tende em vós o mesmo
sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus,
não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a
forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,
a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz (Fp 2.5-8).
Ele foi o novo Adão que, em condições muito diferentes, pagou o preço do resgate
da humanidade. Adão viveu no paraíso, um ambiente perfeito, com todas as condi-
ções favoráveis à obediência. Jesus viveu num ambiente contaminado, foi tentado no
deserto, mesmo assim permaneceu fiel a Deus, por isso foi o substituto adequado para
o pecado do homem: E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos
nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro (I Jo 2.2). Ele não deveria morrer,

45
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

porque não cometeu pecado, mas, no momento em que recebeu a morte, pagou os
nossos pecados, e não os dEle. Foi o nosso perfeito substituto, pagou a nossa dívida e
nos libertou de uma vez para sempre.

c) Até quando o homem será tentado?

O homem será tentado até que terminem todas as coisas, até que Satanás tenha
sido enviado ao inferno ou até que deixe esta terra. Por amor aos homens, Deus tem
tido paciência, desejando que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno
conhecimento da verdade, mas já determinou um dia em que julgará o mundo:
Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de
um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos
(At 17.31). A salvação definitiva, o resgate definitivo e a transformação de tudo têm dia
e têm hora: Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem
o Filho, senão o Pai (Mt 24.36).

d) Por que os crentes dizem que Jesus derrotou Satanás?

A vitória de Jesus na cruz foi a sentença de Satanás. Só poderia morrer quem


tivesse cometido pecado. Jesus não cometeu pecado algum, mesmo assim sofreu a
morte. O que aconteceu a partir disso? Satanás perdeu toda a autoridade que tinha
sobre a morte, sobre o inferno e sobre os homens. Não é satanás quem decide o futuro
dos homens. Cada homem tem o direito de saber que sua conta já foi paga por Jesus
na cruz do calvário e aceitar o perdão de sua dívida, oferecido por Deus. Satanás ainda
reina, mas apenas sobre aqueles que não se submetem ao senhorio de Jesus, não acei-
tam sua oferta graciosa: E tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna
para todos os que lhe obedecem. (Hb 5.9)

e) Algum dia ficaremos livres do mal?

Com toda certeza o mal não durará eternamente na terra. Um dia haverá novos
céus e nova terra. Tudo será transformado e Deus mesmo habitará com os homens.
Então não haverá pranto, tristeza, dor, nada de mal entrará novamente na terra: Vi novo
céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe
(Ap 21.1).

f) Existe esperança para o homem?

Existe esperança para todas as pessoas aqui e agora. Deus tornou a salvação em
algo simples para o homem; basta crer em Jesus: Responderam-lhe: Crê no Senhor
Jesus e serás salvo, tu e a tua casa (At 16.31). Se, com a tua boca, confessares Jesus como
Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo

46
A queda

(Rm 10.9). O homem que aceita o sacrifício substitutivo de Jesus torna-se filho de
Deus, Seu herdeiro, co-herdeiro com Jesus Cristo, nova criatura, recebe uma nova natu-
reza e o direito de usufruir, desde já, de uma vida abundante: O ladrão vem somente
para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância
(Jo 10.10). Essa vida abundante está disponível a todos aqui e agora, vida esta, suprida
em todas as coisas, plena e protegida. Para quem aceitou a Jesus como seu único e
suficiente Salvador, a vida eterna já começou!

47
PREPARAÇÃO PARA
A VINDA DO MESSIAS

A humanidade foi criada e colocada em um ambiente perfeito, onde teria tudo o que
era necessário para viver bem: o jardim do Éden.

Nesse lugar, Adão e Eva experimentavam a companhia de Deus, que vinha visitá-los ao
final de cada dia. Nada lhes faltava. No jardim havia paz, tranquilidade, prosperidade e muita
diversão junto a uma natureza exuberante e a diferentes animais. Havia porém, uma ordem
que deveria ser obedecida: não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.

O homem nasceu para ser de Deus, para adorá-Lo e ter comunhão com Ele. Sem Deus,
o homem não pode experimentar a verdadeira alegria, o verdadeiro prazer. Deus é a fonte
da vida, de todo o bem. Sem Ele o homem é incompleto. Há um vazio no interior de todo
homem que só pode Ser preenchido por Deus.

Deus, então, desenvolveu um longo e meticuloso caminho para que o homem voltasse
ao lugar de onde nunca deveria ter saído.

1. O PROBLEMA DO PECADO
Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore
desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao
marido, e ele comeu. Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que esta-
vam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si. Quando ouviram a
voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da
presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim.
E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu:
Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. (Gn 3.6-10)

49
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Adão e Eva desobedeceram à ordem que Deus lhes deu e por isso foram expulsos do
jardim. As consequências do pecado foram desastrosas: experimentaram a morte espiri-
tual, a morte física entrou no mundo, foram expulsos do jardim, deixaram de se parecer
com Deus, passaram a viver numa terra amaldiçoada, tornaram-se escravos do diabo, que
os enganou, e o pior de tudo: perderam a constante companhia de Deus.
Quando escolheram obedecer a Satanás e não a Deus, os homens se sujeitaram ao
maligno e, assim, se tornaram escravos dele. O mundo experimentou a corrupção. Tudo foi
desligado da vida de Deus. Por isso o mal reinava na terra.
O efeito mais terrível da desobediência de Adão e Eva foi que eles se sentiram ina-
dequados para se achegarem à presença de Deus. Ao invés de se sentirem à vontade com
Deus, tiveram medo dele e resolveram se esconder; se afastaram do único que poderia
ajudá-los a resolver seus problemas, quando deveriam ver em Deus, a ajuda de que tanto
precisavam. Quando Deus foi visitá-los no jardim do Éden, como fazia sempre, eles não
estavam por ali. Haviam se escondido de Sua presença. Eles até tentaram encobrir o seu
pecado para se encontrarem com Deus, fazendo vestes de folhas para se cobrir, mas des-
cobriram que suas vestes não eram adequadas. Mesmo depois de vestidos, não tiveram
coragem de estar diante do Criador.

a) O homem não quis se encontrar com Deus só porque estava nu?

Na verdade, o que impedia que o homem estivesse à vontade na presença de


Deus era muito mais do que estar nu. Ele se sentia inadequado, acusado pela sua
consciência, por isso teve medo de Deus. Ele sabia que merecia ser punido.
Se o problema fosse apenas o fato de estarem nus, o teriam resolvido logo
que vestiram as roupas de folhas que eles mesmos prepararam: Abriram-se então,
os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e
fizeram cintas para si (Gn 3.7). Todavia, tinham mais do que uma necessidade de
cobrir o corpo físico. Eles souberam que o seu pecado afetava muito mais do que o
seu corpo; prejudicava a comunhão com Deus. Eles não tinham a consciência tran-
quila para chegar perto de Deus.

b) Se o homem já conhecia a Deus, por andar com Ele e sabia que Deus era bom,
por que não pediu ajuda?

Não se sabe porque, em vez de se esconder, eles não pediram ajuda, mas sabemos
que Deus ama tanto a humanidade que, gratuitamente, ofereceu seu auxílio. Foi o
próprio Deus quem cobriu o homem e mostrou a ele o que era necessário para que
pudessem novamente estar juntos. Um sacrifício precisaria ser feito e, assim, eles
estariam preparados para o encontro: “Fez o Senhor Deus vestimenta de peles para Adão
e sua mulher e os vestiu” (Gn 3.21).

50
PREPARAÇÃO PARA A VINDA DO MESSIAS

2. O PLANO DE RESGATE
Disse o Senhor Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher:
A serpente me enganou, e eu comi. Então, o Senhor Deus disse à serpente: Visto
que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos
os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias
da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu
descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. (Gn 3:12-15).

Deus sabe de todas as coisas e não foi pego de surpresa. Ele já sabia que o homem
pecaria e, de antemão, tinha um plano para resgatar a humanidade. Deus havia provi-
denciado uma saída antes mesmo de tirar os homens do Éden. Diante de Adão e Eva,
a serpente foi repreendida e os homens souberam que gerariam O Descendente - Aquele
que os libertaria.

O Descendente que nasceria da mulher viria consertar tudo.

a) Essa desobediência parecia uma coisa tão simples. Por que precisamos
de um Salvador?

Adão e Eva não perceberam de imediato, todo o prejuízo decorrente do pecado. Eles
sentiram, no corpo, o preço da desobediência, mas seus efeitos seriam muito maiores.

Antes do pecado, eram parecidos com Deus - bons por natureza. Porém, depois
que pecaram, passaram a ter dentro de si, uma tendência terrível de fazer o mal.
O homem passou a ter desejos malignos e impulsos descontrolados que os levavam
a agir com maldade. Em vez de serem sinceros um com o outro e com Deus, Adão e
Eva preferiram culpar, um ao outro, pelo erro que cometeram. Desde então, os homens
deixaram de ser cooperadores para serem competidores. Precisavam de um Salvador
que restabelecesse neles, o que eram antes do pecado. A partir daí, todos os homens
nasceram semelhantes a Adão e não a Deus: “Viveu Adão cento e trinta anos, e gerou um
filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e lhe chamou Sete” (Gn 5.3).

Embora tenhamos o desejo de sermos bons e de fazer o bem, nos encontramos


num estado tão ruim depois que nos desligamos de Deus, que acabamos fazendo o
que é mau. Não queremos fazer o mal, mas, quando percebemos, já está feito: “Porque
eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem
está em mim; não, porém, o efetuá-lo” (Rm 7.18).

Era necessário que um homem viesse para nos livrar dessa maldição. Somente
um Salvador poderia nos livrar desse poder maligno que nos escraviza e que trans-
formou a terra em um lugar terrível de se viver. Por isso Deus prometeu que enviaria
O Descendente da mulher.

51
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

b) Quem é o Descendente prometido?

Deus havia prometido a Adão e Eva que um descendente nasceria da mulher


para consertar a história da humanidade. Esse Salvador precisaria ser humano, por-
que foi o homem quem pecou - se um homem pecou, outro da mesma espécie deve-
ria pagar o preço.
Mas, alguém que está em dívida não pode pagar a dívida de outro. Correto?
Explicando melhor: como uma pessoa que está devendo pode se oferecer para pagar a
dívida de outra? É bem assim: um homem pecador não pode pagar o preço pela liber-
tação de outro homem pecador, da mesma forma que um devedor não pode pagar a
dívida de outro devedor. Isso quer dizer que somente um homem sem pecado poderia
libertar os homens do preço alto que a sua desobediência exigia. O Descendente,
então, deveria ser um homem sem pecado.
O único homem que habitou essa terra, andou entre nós e jamais pecou foi Jesus,
o próprio Filho de Deus. Ele é o Descendente prometido que só foi reconhecido com-
pletamente depois de sua morte e ressurreição. Ao mesmo tempo, Sua vida e tudo o
que fez na terra demonstrou que Ele era o próprio Filho de Deus vindo ao mundo:
“Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para
que o mundo fosse salvo por ele” (Jo 3.17).

c) Por que o Descendente não veio imediatamente, mas demorou tantos séculos?

A vinda de Jesus tinha dia e hora: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou
seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4).
Deus queria que Jesus viesse na época mais breve possível a fim de aliviar o
sofrimento dos homens, mas também num tempo em que os efeitos da Sua vinda
não ficassem limitados a um pequeno número de pessoas e, assim, alcançasse toda a
humanidade.
Para que isso acontecesse, era preciso preparar o povo para a vinda desse liberta-
dor. Os homens precisariam estar prontos para recebê-Lo, desejar a sua vinda e ter a
consciência de que precisavam dEle.
O Filho de Deus chegaria à terra quando os homens estivessem prontos para
receber Sua visita e para entender que precisavam dEle, então, poderiam usufruir
desse grande benefício. Foram necessários muitos séculos para que a humanidade
estivesse preparada para receber na terra, o próprio Filho de Deus.

52
PREPARAÇÃO PARA A VINDA DO MESSIAS

3. A NECESSIDADE DO SACRIFÍCIO DE SANGUE


Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem
surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem sepa-
ração entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós,
para que não vos ouça (Is 59.1,2).

Embora Adão e Eva tivessem pecado, Deus continuava desejando se relacionar com
eles, então, O Criador foi ao seu encontro.
A Bíblia diz que os nossos pecados fazem separação entre nós e Deus. Deus, que é
Santo, não pode conviver com o pecado. Para que o homem pudesse se achegar a Ele,
precisaria estar limpo de toda impureza. Adão se sentiu inadequado para o encontro com
Deus porque encontrar a santidade de Deus doía em sua consciência de pecador. O pri-
meiro casal achava que o problema que os impedia de estarem à vontade na companhia
de Deus era o fato de estarem nus, mas compreenderam depois, que a questão principal
não estava no seu corpo, mas na sua consciência. O preço do pecado não pode ser resol-
vido com uma simples vestimenta. É necessário um sacrifício para acalmar a consciência.

a) Por que Deus matou um animal para cobrir o homem?

As vestes de folhas de árvores não foram suficientes para fazer Adão e Eva se
sentirem adequados. Seria necessário mais que folha para cobrir o que eles sentiam
por dentro. O problema não era a falta de roupa por fora, mas o sentimento de inade-
quação por dentro. Somente Deus poderia mostrar a eles como estariam preparados
para o encontro com Sua Santa Pessoa.
Lá no Éden, Ele sacrificou um animal e vestiu Adão e Eva com peles: “Fez o Senhor
vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu” (Gn 3.21). Para fazer essa vesti-
menta, um animal precisou morrer. Quando Deus fez isso, ensinou a eles que o pecado
cobra um preço de sangue. Quem peca deve morrer: “Porque o salário do pecado é a
morte” (Rm 6.23).
Deus matou um animal (derramou sangue) como uma forma de dizer a eles que
um substituto tinha morrido no lugar deles. Por causa desse sacrifício de sangue, seu
pecado estava pago. Esse era o preço que a desobediência exigia. Eles aprenderam
que, a partir de então, quando quisessem ter comunhão com Deus, precisariam sacri-
ficar. Até que o Salvador viesse pagar o preço definitivo, o sangue de um animal seria
derramado em lugar do sangue do pecador.

53
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

4. OS EFEITOS DO AFASTAMENTO ENTRE A


HUMANIDADE E DEUS
Então, disse o Senhor: O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este
é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos. Viu o Senhor que a maldade do
homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desíg-
nio do seu coração. A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência.
Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo ser vivente havia cor-
rompido o seu caminho na terra. (Gn 6.3,5, 11, 12)

Adão e Eva tiveram muitos filhos, que também tiveram filhos, ou seja, a humanidade
cresceu e se espalhou. Porque perderam a natureza de Deus, eles desejavam sempre fazer
o mal e acabavam realmente fazendo. Assim, os homens transformaram a terra em um
lugar terrível de se viver.

A humanidade ficou descontrolada. Deus tentava falar com os homens, mas estes não
Lhe davam ouvidos. O Espírito de Deus tentava convencer o homem a fazer o bem, mas ele
não aceitava, preferindo a maldade.

Depois do pecado, nada na natureza, nem mesmo os animais permaneceram como


Deus havia planejado. Os homens passaram a viver cada um à sua maneira, fazendo aquilo
que dava na cabeça, agindo independente de Deus e contrariando suas ordens. O mundo
ficou fora de controle! Era preciso frear a maldade, senão os homens destruiriam uns aos
outros, e não sobraria ninguém.

Caim matou seu irmão Abel, um de seus filhos matou sete pessoas e a maldade aumen-
tou muito, deixando o mundo terrível. O homem se tornou um profissional da maldade.
Era preciso uma intervenção de Deus.

5. AS ALIANÇAS DE DEUS COM OS HOMENS


Saberás, pois, que o Senhor, teu Deus, é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a
misericórdia até mil gerações aos que o amam e cumprem os seus mandamentos.
(Dt 7.9)

Muito cedo na história do mundo, os homens aprenderam a fazer alianças. Era neces-
sário fazer muitos acordos para poderem viver em comunidade. Para terem condições se
relacionar uns com os outros, por amor, por necessidade de proteção ou por um desejo de
igualdade nas relações, os homens aprenderam a se unir e resolveram estabelecer acordos
entre si.

54
PREPARAÇÃO PARA A VINDA DO MESSIAS

Dois tipos de acordos são conhecidos: as alianças e os contratos. Por meio destes,
os homens fazem promessas de não atacarem um ao outro; de se protegerem mutua-
mente diante de inimigos; de se manterem juntos por toda a vida e; até mesmo, de esten-
derem esse pacto de cooperação às suas descendências.

a) O que é aliança?

Aliança é um pacto dos homens entre si ou entre Deus e os homens - um compro-


misso em que duas partes assumem obrigações mutuas.
Quando uma aliança é firmada, geralmente vem acompanhada de juramentos
feitos como formas de estabelecerem e tornarem conhecidos os direitos e os deveres
assumidos nessa relação. Esses compromissos são ditos em voz alta para que todos
aqueles que testemunharem a celebração desse acordo saibam que as partes prome-
tem honrá-los. As alianças são feitas para durar para sempre. Elas envolvem um pacto
de sangue, ou seja, um compromisso de vida ou morte.
O exemplo mais conhecido de aliança é o casamento, principalmente como era
feito no passado. Uma cerimônia é celebrada, o casal promete respeitar essa aliança,
fazê-la durar por toda a vida e tais promessas são feitas diante de todos, Quando duas
pessoas se uniam, diziam o seguinte: “Eu, fulano, aceito Beltrana como minha legítima
esposa para amá-la, honrá-la e respeitá-la, na saúde ou na doença, na alegria ou na
tristeza, na riqueza ou na pobreza, até que a morte nos separe”. O casamento é rea-
lizado para durar até a morte de um dos dois e os efeitos dessa aliança poderão ser
vistos até mesmo nas gerações seguintes: netos, bisnetos, etc.
Algumas tribos ainda hoje fazem alianças e, para celebrá-las, cortam seus corpos
e derramam sangue em taças, para misturá-los e bebê-los, dizendo com isso que a
aliança que estão fazendo envolve a própria vida. É como se dissessem: “Seu sangue
entra no meu sangue e meu sangue entra no seu sangue”, dessa forma garantem fide-
lidade a esse pacto.

b) Por que Deus propôs alianças com o homem?

Para durar para sempre: “Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente”
(Ec 3.14).

Deus ama a humanidade, por isso quer dar aos homens proteção, provisão e segu-
rança. Seu amor é fiel, não muda e jamais acaba. Quando Ele promete algo, vai
até o fim. Não há condições que possam fazer Deus mudar de ideia: “Porque eu,
o Senhor, não mudo” (Ml 3.6).

Deus sempre quis se relacionar com os homens. Muitas vezes os convidou para
entrarem em aliança, fazendo promessas maravilhosas, garantindo que estaria com

55
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

eles e os abençoaria. Quando uma parte entra em aliança com a outra, tudo o que é
de um, passa a ser do outro. Assim, quando o homem entra em aliança com Deus, tudo
o que é de Seu passa a ser do homem. Desta forma, bênçãos incontáveis estão garan-
tidas: proteção, provisão, segurança, cuidado, cura, etc. Quando Deus salvou Noé da
destruição, o Senhor fez com ele uma aliança: “Disse também Deus a Noé e a seus filhos:
Eis que estabeleço a minha aliança convosco, e com a vossa descendência, e com todos os
seres viventes que estão convosco: tanto aves, os animais domésticos e os animais selvá-
ticos que saíram da arca como todos os animais da terra” (Gn 9.8-10).
Deus fez várias alianças com os homens. Em cada uma delas, repetia Suas pro-
messas de cuidado e proteção e também renovava o compromisso feito no Éden,
de que enviaria o Descendente que restauraria todas as coisas, permitindo, novamente,
uma vida de comunhão plena entre Ele e os homens.

6. A VIDA DOS PATRIARCAS


O teu nome, Senhor, subsiste para sempre; a tua memória, Senhor, passará de
geração em geração. (Sl 135.13)

Quanto a nós, teu povo e ovelhas do teu pasto, para sempre te daremos graças;
de geração em geração proclamaremos os teus louvores. (Sl 79.13)

Deus propôs alianças aos homens muitas vezes. Através delas, Ele garantia Sua pro-
teção, cuidado, companhia e amizade. Tais homens que aceitavam se relacionar com Deus,
além de receberem os benefícios de sua presença, carregavam consigo a promessa da
vinda do Descendente, do Salvador esperado. Por meio dessas pessoas, a fé na promessa ia
sendo transmitida de geração em geração. Muitas vezes a humanidade olhou para alguns
homens imaginando encontrar neles o libertador esperado. As histórias eram contadas de
pai para filho, assim a promessa era transmitida e a fé gerada nos corações das próximas
gerações, até que o tempo oportuno chegasse e fosse possível a vinda do Filho de Deus.

6.1. A Aliança de Deus com Abraão


Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai
e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei,
e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem
e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da
terra. (Gn 12:1-3).

Em dado momento da história, surgiu na terra um homem chamado Abraão. Ele


morava em Ur, onde viviam os caldeus, na Mesopotâmia, que era uma civilização

56
PREPARAÇÃO PARA A VINDA DO MESSIAS

desenvolvida e numerosa, mas idólatra. Um dia Deus apareceu a ele e fez um convite
para que estabelecessem uma aliança. Se Abraão deixasse a terra da idolatria e seguisse
em direção ao que Deus havia dito, considerasse Suas orientações e Lhe obedecesse,
seria ricamente abençoado.

a) O que Deus ganhava por entrar em aliança com Abraão?

Deus não ganha nada por entrar em aliança com o homem. Deus é absoluto,
não precisa de ninguém e de nada. Ninguém pode tirar coisa alguma de Deus e nem
mesmo acrescentar algo a Ele, mas o Senhor ama a humanidade e queria abençoar
todos os homens. Apenas precisava de alguém com quem pudesse contar para, atra-
vés deste, beneficiar todos os povos. Por isto Deus chamou Abraão para uma aliança:
porque o amava e porque ama a humanidade. O Criador dos céus e da terra buscava
alguém por meio de quem pudesse cumprir a Sua promessa de enviar o Descendente
que viria libertar a humanidade da escravidão em que se encontrava. Deus escolheu
Abraão e sua descendência e eles carregariam consigo a semente do Messias e a pro-
messa de que o Descendente viria à terra pagar o preço da desobediência de Adão.

b) Por que Deus escolheu Abraão? Por que ele era uma pessoa boa? O que ele
tinha de diferente?

Não sabemos se havia algo de especial na pessoa de Abraão. Sabemos que ele
aceitou a proposta de Deus: sair de uma terra contaminada pela idolatria e ir para um
lugar, cujo endereço era desconhecido.
Abraão acreditou em Deus e obedeceu rapidamente sem questionar. Além da pro-
messa de uma terra, recebeu a promessa de ser uma bênção para o mundo inteiro e
gerar um descendente.
Havia, entretanto, um problema: ele era casado com uma mulher chamada Sara,
que não podia gerar filhos. Assim, além de crer na promessa da terra, ele também
precisava acreditar que Deus cumpriria a promessa de lhe dar uma descendência,
pois, somente por um milagre esse filho poderia nascer. O descendente que Abraão
teria, viria por uma ação sobrenatural de Deus. Isso mostra que não é na força
humana que as promessas de Deus se realizam. Elas acontecem pela vontade de
Deus, e não das pessoas.
Deus escolheu um homem e uma mulher que não tinham condições de ter filhos
para que carregassem a semente da promessa. Passados vinte e cinco anos, por um ato
milagroso de Deus, Sara engravidou e teve um menino chamado Isaque. Ele não era
o Salvador prometido, mas daria continuidade à promessa da vinda do Descendente,
mantendo a aliança com Deus entre ele e sua família, transmitindo a fé para todos os
que nascessem a partir de então e ensinando seus filhos a andarem com Deus.

57
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

c) É verdade que Deus pediu a Abraão que sacrificasse seu próprio filho?

A certa altura da história, Deus provou a fé de Abraão, pedindo que sacrificasse


seu filho.

Através desse ato, Deus estava testando e fortalecendo a fé de Abraão e, ao


mesmo tempo, revelando ao mundo o que aconteceria com o Salvador. Assim como o
pai Abraão ofereceu seu filho em sacrifício, Deus deu o Seu único Filho em sacrifício
pela humanidade.

Isaque, o filho de Abraão, na verdade, não chegou a morrer. Quando Abraão levan-
tou a faca para matá-lo, um anjo apareceu e disse que não o fizesse. No lugar do
menino, Abraão viu um carneiro preso pelo chifre e o sacrificou a Deus. Por causa de
sua obediência, ainda hoje Abraão é conhecido como o pai da fé. Deus antecipou ao
mundo, o conhecimento de que Ele mesmo ofereceria Seu Filho em sacrifício.

Posteriormente, Deus confirmou essa aliança com o filho de Abraão e com Jacó,
seu neto, que foi o pai das doze tribos de Israel; seu novo nome, mudado por Deus.

Ouvindo Deus o seu gemido, lembrou-se da sua aliança com Abraão, com Isaque
e com Jacó. (Êxodo 2.24)

6.2. A Aliança de Deus com o povo hebreu


Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus
de Jacó. Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus. Disse ainda o
Senhor: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu cla-
mor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; por isso, desci a fim
de livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa
e ampla, terra que mana leite e mel; o lugar do cananeu, do heteu, do amorreu, do
ferezeu, do heveu e do jebuseu. Pois o clamor dos filhos de Israel chegou até mim,
e também vejo a opressão com que os egípcios os estão oprimindo. Vem, agora,
e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito.
(Ex 3.6-10)

Por meio de pessoas, a promessa foi atingindo um alcance cada vez maior. As bênçãos
da Aliança passaram de Abraão a Isaque, depois a Jacó e, por meio dele, o povo se tornou
extremamente numeroso.

Jacó foi abençoado com doze filhos. Um dia, por causa da fome na terra, teve que se
mudar com toda a sua família para o Egito. Lá eles permaneceram por quatrocentos anos
e cresceram numerosamente, ao ponto de se tornarem uma grande nação.

58
PREPARAÇÃO PARA A VINDA DO MESSIAS

Com medo de que se revoltassem e acabassem transformando-se nos “donos do Egito”,


já que eram muito mais numerosos do que o povo da terra, Faraó fez deles escravos.
Os livros de história afirmam que os egípcios tinham mais de três mil deuses.
No Egito, os descendentes dos patriarcas sofreram muito. Além de serem obrigados a
fazer trabalhos forçados, para que não continuassem aumentando em número de pessoas,
foram obrigados a matar os bebês do sexo masculino. A vida como escravos era extrema-
mente difícil, então, clamaram a Deus pedindo socorro. Deus ouviu o clamor do Seu povo
e chamou um menino de nome Moisés para libertá-los.

a) Por que em vez de tirar um povo do Egito, Deus não se revelou ao mundo todo e
mostrou que Ele era o Deus verdadeiro?

Deus se revelou aos egípcios e a todo o mundo antigo através de Moisés. Quando
as dez pragas atingiram o Egito, todos tiveram a oportunidade de conhecer o verda-
deiro Deus.
Os egípcios tinham muitos deuses. A cada praga, podiam recorrer a cada um deles,
esperando por socorro. Um exemplo foi quando Deus transformou toda a água do
Egito em sangue, eles oraram ao deus das águas, o Nilo, pedindo que os livrasse
daquela água contaminada e voltasse a purificar o rio.
A cada nova praga, os egípcios ofereciam sacrifícios a seus deuses pedindo livra-
mento, mas, no final, tinham que se render ao Deus dos hebreus e pedir a Moisés que
clamasse em favor deles para que ficassem livres. Dessa maneira, todo o povo ficava
sabendo que somente o Deus de Israel era o Deus verdadeiro, mais forte e poderoso
do que qualquer deus que eles pudessem adorar. Se o Deus dos hebreus era mais forte
do que todos os outros, seria sábio que eles abandonassem seus ídolos e servissem a
esse Deus Poderoso. Como pode alguém saber que outro Deus é mais forte que o seu
e continuar servindo ao seu deus?
Alguns egípcios compreenderam o poder de servir ao Deus os hebreus e saíram do
Egito junto com eles, atravessando o Mar Vermelho. As outras nações também reconhe-
ceram que o Deus de Israel era mais poderoso do que todos os outros deuses e tiveram
pavor de ter que lutar contra eles. Chegaram a dizer que reconheciam que o Deus deles
era mais forte do que qualquer outro. Sendo assim podemos dizer que todas as nações
daquela época tiveram a oportunidade de conhecer e servir ao Deus de Israel.
Uma prostituta chamada Raabe, da terra de Canaã, chegou a dizer a eles: “E lhes
disse: Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor que infundis caiu sobre nós,
e que todos os moradores da terra estão desmaiados. Porque temos ouvido que o Senhor
secou as águas do mar Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egito; e também o que
fizestes aos dois reis dos amorreus, Seom e Ogue, que estavam além do Jordão, os quais
destruístes. Ouvindo isto, desmaiou-nos o coração, e em ninguém mais há ânimo algum,
por causa da vossa presença; porque o Senhor, vosso Deus, é Deus em cima nos céus e
embaixo na terra” (Js 2.9-11).

59
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Se as outras nações não se renderam ao Deus verdadeiro, não foi porque não O
conheciam, mas porque não quiseram deixar seus falsos deuses.

b) Quem era Moisés?

Deus age e sempre agiu na terra por meio de pessoas. Era necessário que alguém
tirasse o povo daquela condição de escravos e a pessoa escolhida para essa impor-
tante missão foi Moisés.

Deus não queria que os hebreus continuassem sofrendo no Egito, nem que vives-
sem como os egípcios, mergulhados na idolatria. Antes, queria mostrar a eles que é o
verdadeiro Deus e se tornar, não somente, o Deus de algumas pessoas, mas de toda
a nação. O Senhor queria cumprir as promessas que tinha feito aos patriarcas, de dar
a eles uma terra e um Descendente. Para isso chamou o menino criado pelo próprio
Faraó para ser seu parceiro e libertar o Seu povo. Deus faria o povo se lembrar da pro-
messa que havia feito a seus pais: “Falou mais Deus a Moisés e disse: Eu sou o Senhor.
E eu apareci a Abraão, e a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu
nome, o Senhor, não lhes fui perfeitamente conhecido. E também estabeleci o meu con-
certo com eles, para dar-lhes a terra de Canaã, a terra de suas peregrinações, na qual
foram peregrinos. E também tenho ouvido o gemido dos filhos de Israel, aos quais os
egípcios escravizam, e me lembrei do meu concerto. Portanto, dize aos filhos de Israel:
Eu sou o Senhor, e vos tirarei de debaixo das cargas dos egípcios, vos livrarei da sua servidão
e vos resgatarei com braço estendido e com juízos grandes. E eu vos tomarei por meu povo,
e serei vosso Deus; e sabereis que eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tiro de debaixo das
cargas dos egípcios; e eu vos levarei à terra, acerca da qual levantei a mão, que a daria a
Abraão, e a Isaque, e a Jacó, e vo-la darei por herança, eu, o Senhor” (Ex 6.2-8).

Era necessário que o povo saísse do meio daquela idolatria e servisse ao Deus
verdadeiro para continuar carregando a semente da descendência prometida.
Eles deveriam sair da terra onde eram escravos e ir para a terra que Deus havia pro-
metido dar a seus pais: Abraão, Isaque e Jacó. Moisés seria aquele que conduziria
esse processo.

c) O que Moisés fez de tão importante para ter ficado tão famoso?

Moisés tirou o povo hebreu da condição de escravos no Egito. Ele guiou a nação
inteira para fora de um país onde estavam sofrendo. Os hebreus não eram mais uma
família, mas uma multidão de pessoas. Era preciso ter alguém que os liderasse nesse
processo de libertação.

Não dá para todo mundo dar ordens! Moisés era um homem preparado. Havia
nascido no Egito, sido criado pela filha de Faraó, dentro do Palácio. Por isso, certa-
mente sabia como exercer liderança, já que via de perto como Faraó governava o
Egito, que era a maior nação da época.

60
PREPARAÇÃO PARA A VINDA DO MESSIAS

Moisés tinha sido treinado na melhor escola egípcia, junto aos sacerdotes e auto-
ridades daquele país. Era perfeitamente capacitado e já tinha feito uma escolha; em
vez de ser um dos maiorais do Egito, preferiu se identificar com seu povo: “Pela fé,
Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo
ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado;
porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do
Egito, porque contemplava o galardão. Pela fé, ele abandonou o Egito, não ficando ame-
drontado com a cólera do rei; antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é invi-
sível” (Hb 11.24-27).

d) O que é a Páscoa?

Deus ordenou a Moisés que, antes que saíssem do Egito, realizassem uma cerimô-
nia chamada Páscoa, em que um cordeiro deveria ser morto, seu sangue seria passado
no alto das portas e sua carne seria comida: “Quando vossos filhos vos perguntarem:
Que rito é este? Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou por cima
das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas”
(Ex 12.26,27).

Através desse sacrifício, o povo estava celebrando seu compromisso com Deus ao
responder às suas ordens com a obediência e livrando seus filhos da última praga que
viria sobre o Egito — a morte dos primogênitos.

A primeira Páscoa marcou o livramento que o povo recebeu e a libertação de


um lugar de dor, sofrimento e idolatria, para uma nova vida em confiança na pro-
messa de Deus.

A morte daquele cordeiro simbolizava o sacrifício que o Filho de Deus,


o Descendente esperado, viria fazer para livrar a humanidade da escravidão e do
sofrimento no mundo. Por meio de Sua morte, os homens poderiam ser libertos da
escravidão do pecado, assim como os hebreus foram libertos e protegidos pelo san-
gue do cordeiro que foi passado na porta de suas casas. No Egito, o cordeiro foi morto
e seu sangue passado nas portas das casas, por isso as famílias dos hebreus foram
protegidas. Jesus morreu na cruz por nós, derramou seu sangue, tornando-se o próprio
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, nos livra da morte e nos protege de
todo o mal. Por causa de Seu sangue, não somos escravos, mas estamos guardados
por Deus.

Ainda hoje, na ceia, rememoramos esse sacrifício. Jesus é o cordeiro que morreu,
mas ressuscitou para nos dar uma nova vida. Ele providenciou tudo o que precisamos,
nos libertou de toda a dívida que tínhamos, de todo pecado, fazendo-se maldito em
nosso lugar, assumindo a nossa culpa e nos tirando de uma condição de dor. Na ceia,
nós comemos o Corpo de Cristo, simbolizando que nos unimos a Ele no seu sacrifício
de morte e recebemos, em nós, a Sua vida, a Sua ressurreição. Cristo é o Cordeiro que
morreu para nos livrar do nosso pecado.

61
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

e) Por que parece que Deus gostava mais dos hebreus do que de qualquer
outro povo?

Os hebreus escolheram servir a Deus e era isso que fazia deles um povo diferente
de todos os outros. Eles quiseram se relacionar com o Deus verdadeiro, aceitaram suas
ordens, construíram um tabernáculo onde o Senhor seria adorado e decidiram viver
sob Suas leis. Eles não se esqueceram da promessa do Descendente e não desistiram
de esperar por Ele; desejavam o dia em que Deus enviaria o Libertador e faria da terra,
um bom lugar para viver novamente. Eles aprenderam a andar com Deus. Através
de Moisés, receberam instruções sobre como adorar, como viver a vida em comuni-
dade, souberam o que Deus queria deles e o que deviam e o que não deviam fazer.
Foi o relacionamento dos hebreus com Deus que fez deles o povo que traria à terra,
o Libertador.

7. AGUARDANDO A VINDA DE JESUS


Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas. (Hb 1.1)

O fato de serem um povo que adorava ao único Deus, terem recebido as palavras da
aliança, construído um tabernáculo onde Deus morava e onde O adoravam e de obedece-
rem às leis divinas fez com que os hebreus jamais se tornassem como os outros povos e,
também, que continuassem crendo na promessa de que alguém viria livrar a humanidade
do peso e da dor de viver em uma terra em desarmonia com o que Deus havia planejado.

A espera pela vinda do Libertador foi longa. Para que eles não se esquecessem da
promessa, Deus enviou várias pessoas que os ajudariam a lembrar. Vários profetas apon-
taram, cada um com mais clareza de detalhes, a vinda do Messias; onde nasceria, o que
faria, como seria e como agiria, para que, quando Ele chegasse, fosse reconhecido por eles.

7.1. Os anúncios dos profetas


Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à
luz um filho e lhe chamará Emanuel. (Is 7.14)

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os
seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz
sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar
mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos
Exércitos fará isto. (Is 9.6,7).

62
PREPARAÇÃO PARA A VINDA DO MESSIAS

Por todo o Velho Testamento, pessoas foram usadas por Deus para manter viva a espe-
rança do povo, de que o Descendente anunciado lá no Éden, o Salvador, viria. Muitas vezes
o povo se afastou de Deus, quebrando a aliança. Eles se misturavam com as outras nações
e se deixavam influenciar, adorando ídolos e abandonando o Senhor. Quem conduzia essa
volta para Deus eram os profetas que, além de trazer as palavras de Deus ao povo, foram
responsáveis por reacender as esperanças da nação inúmeras vezes, enquanto aguarda-
vam o Libertador. Cada profeta enviado por Deus anunciou algo a mais acerca do Messias
para que, quando Ele chegasse, as pessoas pudessem reconhecê-lo.

a) Por que Jesus é chamado de Filho de Davi? Quem era ele?

Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. (Mt 1.1)

Agora, pois, assim dirás ao meu servo Davi: Assim diz o Senhor dos Exércitos:
Tomei-te da malhada, de detrás das ovelhas, para que fosses príncipe sobre o meu
povo, sobre Israel. Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais,
então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabe-
lecerei o seu reino. (II Sm 7.8,12)

O povo hebreu ocupou a sua terra. Seu governo se transformou numa monarquia
e um rei se tornou muito grande, principalmente por seu relacionamento com Deus.
Davi era um pastor de ovelhas, excelente músico e poderoso adorador. Escreveu mui-
tos salmos e compôs muitas canções para Deus. Transformou a nação dos hebreus em
um país extremamente poderoso e teve um filho muito sábio, rico e famoso - Salomão.
No tempo em que o Rei Davi viveu, os hebreus experimentaram o maior avi-
vamento espiritual da nação. Por causa dele, a música foi introduzida no culto. Sua
vida foi tão agradável a Deus que ele recebeu a promessa de que o Salvador viria
de sua descendência.

b) Davi foi um rei ou um profeta?

Davi foi escolhido por Deus para ser rei no lugar de Saul, um rei desobediente:
“E, tendo tirado a este [Saul], levantou-lhes o rei Davi, do qual também, dando teste-
munho, disse: “Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda
a minha vontade. Da descendência deste, conforme a promessa, trouxe Deus a Israel o
Salvador, que é Jesus” (At 13.22). Ele foi um homem de relacionamento muito intenso
com Deus. Conheceu o coração do Senhor como poucos. Por causa disso, recebeu
grandes revelações.
Nos salmos que escreveu, Davi relata até mesmo os sofrimentos pelos quais o
Messias iria passar. Em seu tempo, Israel experimentou seu melhor momento com
Deus. Ele foi rei, sacerdote e também profeta. Governou a nação, levou-a a Deus e
falou sobre muitas coisas que aconteceriam no futuro.

63
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

c) Que profecias Davi fez sobre o Messias?

Davi trouxe muitos detalhes sobre o que aconteceria ao Salvador, por exemplo:
“seria rejeitado pelos gentios” (Sl 2.1), “conspirariam contra ele” (Sl 2.2), “seria o Filho de
Deus” (Sl 2.7), seria ressuscitado e coroado como rei.

Ele descreveu muitas coisas que aconteceram quando Jesus foi crucificado: “Todos
os que me veem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça: Confiou no
Senhor! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer. Repartem entre si as minhas vestes e
sobre a minha túnica deitam sortes” (Sl 22.7,18).

d) Quantos profetas anunciaram a vinda do Messias?

Depois de Davi, vários profetas anunciaram que a vinda do Messias estava cada
vez mais próxima: Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oseias, Amós e outros. Cada um deles
revelou algo novo.

Isaías anunciou que Ele nasceria de uma virgem em Belém, da Judéia, e que seria
rejeitado e morreria pela humanidade: “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal:
eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Is 7.14); “Ele
foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro;
e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Is 53.7).

Miquéias revelou que Ele nasceria em Belém: “E tu, Belém-Efrata, pequena demais
para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel,
e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2).

Zacarias anunciou que Ele seria vendido por trinta moedas de prata: “Pesaram,
pois, por meu salário trinta moedas de prata” (Zc 11.12b).

8. A VINDA DE JESUS
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os
seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz
sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar
mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos
Exércitos fará isto. (Is 9.6,7)

Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram
uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido
Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo.
(Mt 2.1,2)

64
PREPARAÇÃO PARA A VINDA DO MESSIAS

Quando o mundo estava pronto para receber o Filho de Deus, Jesus nasceu. O mundo
clamava por um Salvador, mas Deus não podia enviá-lo, antes que tudo estivesse pronto
para que Sua vinda fosse conhecida por todos os homens.

Jesus não veio como o Salvador dos judeus, mas como a resposta para toda a humanidade!

Roma dominava todo o mundo. Vários avanços haviam acontecido, como, por exemplo,
a construção de muitas estradas, o que facilitava a comunicação e o transporte de produ-
tos. Isso foi importante porque permitia que notícias fossem divulgadas por outras regiões
que não apenas a Judéia. Foi por essa causa que Jesus foi conhecido por tanta gente e que
Sua fama foi divulgada na época.

As notícias de Seus milagres correram por toda parte e muitas pessoas, de todos os
lugares, tiveram a oportunidade de ouvir falar dEle e ir à Judéia conhecê-Lo.

O nascimento de Jesus foi divulgado de muitas maneiras. Antes de Ele nascer, já havia
uma expectativa de que o Salvador chegaria, por causa das profecias. O mundo O aguar-
dava. Assim que nasceu, muitas pessoas testemunharam e anunciaram o Seu nascimento:
pastores que estavam em Belém, os reis magos e os sacerdotes que estavam no templo.

Até os doze anos de idade, a Bíblia não fala quase nada sobre sua vida. Aos doze,
porém afirma que Ele esteve no templo, onde questionava e respondia às perguntas dos
mestres da lei: “Três dias depois, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores,
ouvindo-os e interrogando-os” (Lc 2.46). O relato sobre Sua vida, que está em quatro livros
da Bíblia, chamados Evangelhos, abrange principalmente Seus três últimos anos antes
de morrer na cruz.

a) Como podemos ter certeza de que Jesus é o Descendente prometido?

Podemos ter certeza de que Jesus é o Salvador esperado por tanto tempo, por
muitos motivos. Ele cumpriu cada uma das promessas feitas pelos profetas: nasceu
de uma virgem em Belém da Judéia, da família de Davi, enfrentou tudo o que foi pro-
fetizado a Seu respeito; o sofrimento, a dor da crucificação e de ser feito maldito e,
por fim, a morte.

Jesus viveu uma vida íntegra e jamais pecou. Efetuou milagres tão extraordiná-
rios, que as pessoas tiveram que admitir que Ele tinha vindo de Deus: “Este [um mestre
da lei chamado Nicodemos], de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és
Mestre vindo da parte de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se
Deus não estiver com ele” (Jo 3.2).

Assim como Nicodemo, um mestre da lei, as pessoas tiveram de reconhecer que


Ele vinha de Deus por causa do que dizia e do que fazia. Sua vida foi tão extraordiná-
ria ao ponto de mudar a história do mundo, que ficou marcada assim: Antes de Cristo
(A.C.) e Depois de Cristo (D.C.).

65
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

b) Jesus não foi logo reconhecido como Filho de Deus. Deus não poderia ter sido
mais claro, de forma que o Messias fosse reconhecido?

Se o povo não reconheceu o Messias, não foi por falta de clareza por parte
de Deus.
A chegada de Jesus não foi um evento silencioso. Quando o Filho de Deus entrou
na terra, já havia uma expectativa sobre o Seu nascimento. Várias pessoas foram
informadas de que algo extraordinário estava para acontecer na história do mundo.
Um anjo apareceu a um sacerdote que fazia sacrifícios no templo, para avisá-lo que
ele e sua mulher teriam um filho que precederia o Salvador. Uma menina virgem,
Maria, recebeu a visita de um anjo dizendo que ela seria a mãe do Salvador. Seu noivo,
José, recebeu a visita de um anjo que lhe disse para recebê-la como sua esposa porque
ela estava grávida do Espírito Santo.
Quando Jesus nasceu em Belém da Judéia, uma multidão de anjos apareceu a
vários pastores que estavam nos campos cuidando dos rebanhos. Eles tiveram a opor-
tunidade de visitar o menino e saíram de lá divulgando que o Salvador havia nascido.
Na capital do Estado, alguns reis magos apareceram dizendo que uma estrela, que
anunciava o nascimento do Salvador, os tinha guiado até ali e queriam adorá-Lo.
Tanto o rei da época, Herodes, quanto toda a liderança religiosa e todo o povo ficaram
sabendo do nascimento do menino. Deus anunciou de muitas maneiras o nascimento
do Messias esperado.

c) O que Jesus fez de tão extraordinário? Podemos crer que Ele realizou os mila-
gres que a Bíblia conta?

O que Jesus fazia, só Deus poderia fazer: curar enfermos, restaurar a vista de
cegos, ressuscitar mortos, multiplicar pães, dar ordens a ventos e tempestades. Ele não
somente dizia que Deus era seu Pai, mas mostrava ter tanto poder como Deus.
Podemos crer que Ele é o Filho de Deus, que veio salvar a humanidade por muitos
motivos: pelo que realizou na terra, marcando a história do mundo para sempre; pela
forma como mudou a vida de pessoas naquela época, transformando pescadores e
gente comum em grandes homens que realizaram milagres tão extraordinários como
os que Ele fez; pela forma como ainda age, hoje, na vida das pessoas que O recebem
como Senhor e Salvador. Sua vida, Sua mensagem e Suas promessas têm transfor-
mado vidas até hoje.

d) Como podemos ter certeza de que Jesus é Deus?

Há muitas provas incontestáveis de que Jesus é Deus. Ele é o único homem que
viveu uma vida sem pecado: “O qual [Jesus] não cometeu pecado, nem dolo algum se
achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltra-
tado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente, carregando ele

66
PREPARAÇÃO PARA A VINDA DO MESSIAS

mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os
pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados” (I Pe 2.22-24).
Jesus era obedecido pela natureza; acalmou tempestades, deu ordens aos ventos
e fez uma figueira secar. Ele fez milagres que só Deus poderia realizar; curou cego,
coxo, livrou homens da lepra e ressuscitou mortos. Até mesmo os demônios O reco-
nheceram como O Filho de Deus; quando Ele se encontrou com um homem ende-
moninhado, o demônio disse: “O que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para
perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus!” (Mc 1.24).
A maior prova de que Ele é Deus é que nenhum homem jamais ressuscitou. Jesus,
porém, depois de três dias morto, levantou dos mortos. A sepultura ficou vazia e Ele foi
visto por muitas pessoas, que provaram sua ressurreição: “Depois, foi visto por mais de
quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora; porém alguns
já dormem” (At 15.6).
Jesus é o Filho de Deus que veio à terra, Aquele que cumpriu todas as profecias,
viveu sem pecado, ofereceu a Si mesmo para morrer em nosso lugar e nos livrou da
escravidão. Ele carregou sobre Si todo o castigo que a humanidade merecia, todas as
doenças decorrentes da desobediência de Adão e Eva, lá no Éden. Ele é o Cordeiro de
Deus tira o pecado do mundo.
Jesus nos deu o Seu Espírito. Hoje está ao lado do Pai e intercede por nós. Ele está
vivo e em breve voltará!

67
MORTE, RESSURREIÇÃO
E ASCENSÃO

Como vimos anteriormente, o homem foi criado em perfeita justiça, isto é, exatamente
como deveria ser, em uma condição totalmente aceitável diante de Deus, vivendo em
plena comunhão e em um relacionamento perfeito com Ele.

Ao pecar, o homem morreu espiritualmente. Ele foi condenado a ficar separado de


Deus e, como consequência, perdeu a posição de dominador desse mundo e se tornou
um escravo de Satanás. Esse ser maligno tem causado todo tipo de dor e sofrimento no
mundo desde então. Os homens passaram a ter fome e sede da justiça e, dentro de si, um
desejo intenso de se relacionar com Deus e voltar à condição para a qual foi criado.

O resultado de ser dominado por Satanás e estar sob o seu controle é que o homem
passou a ter medo, vergonha, senso de culpa e doenças. Todos os males, inclusive a morte,
entraram no mundo.

Ao cometer o primeiro pecado, o homem foi desligado de Deus. Da mesma forma


como aconteceu com Adão, aconteceu com todos os seres humanos: “Portanto, como por
um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou
a todos os homens por isso que todos pecaram” (Rm 5.12). A partir de Adão, cada homem
que nasce na terra, cedo ou tarde pecará e não poderá se relacionar com Deus, por não se
sentir à vontade diante de uma presença tão santa. Por causa da queda de Adão, a huma-
nidade perdeu o acesso à vida de Deus.

Por conta própria, o homem não poderia mais tornar-se justo diante dAquele que o
criou: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Aquela vida
gloriosa, a qual o homem deveria usufruir já não está mais disponível a ele.

69
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

1. A VIDA DE JESUS
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus
enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o
mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está
julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. (Jo 3.16-18)

O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida
e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas
ovelhas. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. (Jo 10.10,11)

Deus nunca quis que o homem tivesse uma vida ruim. Para isso, preparou uma terra
linda, rica e produtiva.
Enquanto andassem em obediência, Adão e Eva estariam supridos em tudo. Todavia,
o pecado do homem afetou toda a criação e fez com que a vida na terra fosse muito difícil
e dolorosa. O homem saiu da condição de abençoado e se tornou maldito quando ofendeu
a Deus. Ele se desligou de Deus e, como Ele é a fonte da vida e de todo o bem, o homem
passou a experimentar todo tipo de coisa ruim no corpo, na alma, no espírito e no mundo.
Graças a Deus, já havia um plano para trazer a humanidade de volta a uma condi-
ção de bênção. Eva recebeu a promessa de um Descendente que salvaria a humanidade.
Em todo o Velho Testamento, as pessoas viveram sempre na expectativa da chegada desse
Descendente. Jesus é o cumprimento da promessa feita a Eva, anunciada pelos profetas e
desejada por Israel.

a) Quem era Jesus?

Jesus era o Filho de Deus, a manifestação da Palavra de Deus, o Deus visível e


humano: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1).
Jesus era o próprio Deus em forma de gente, nascido num corpo de carne: “E o Verbo
se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai,
cheio de graça e de verdade” (Jo 1.1,14). Jesus é o Descendente prometido, nascido de
uma mulher, e com a missão de viver uma vida agradável a Deus e libertar o homem
do pecado. O Filho de Deus é o próprio Deus visível em forma humana.

b) Como Jesus pode ser Deus, se nasceu de uma mulher?

Embora fosse Deus, Jesus tinha uma missão. Ele veio ao mundo para ser como
qualquer um de nós: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo
Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a
Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em seme-
lhança de homens; e, reconhecido em figura humana” (Fp 2.5-7). Ele era gente: comia,

70
MORTE, RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO

sentia cansaço e dormia. Jesus era Deus, mas abriu mão dessa Sua divindade para
se parecer com o ser humano e morrer da mesma forma como os homens morrem.
Ele escolheu vir à terra como todos os homens vêm, pelo nascimento natural,
da barriga de uma mulher. Em tudo se pareceu com os homens para ser o sacrifício
perfeito e livrar a humanidade completamente.

c) Por que o Filho de Deus precisou descer do céu e nascer?

Jesus veio para, como um homem justo, obediente a Deus e sem pecado, dar a Sua
vida como o sacrifício perfeito e eterno e, assim, salvar o homem. Se um homem pecou,
um homem deveria morrer. Um cordeiro nunca poderia pagar o preço do pecado de
um homem. Deus permitiu que, temporariamente, um animal cobrisse o pecado, mas
o preço de uma vida é outra vida da mesma espécie. Jesus nasceu e viveu para fazer a
vontade do Pai. Ele veio para ser a resposta dada aos homens no Éden, para cumprir
tudo que a respeito dEle estava escrito na Lei, nos Profetas e nos Salmos: “E disse-
-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se
cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos”
(Lc 24.44).

d) Se Jesus era homem como qualquer um de nós, como conseguiu fazer


tantos milagres?

Jesus era, de fato, um homem como qualquer um de nós, mas agia no poder
do Espírito Santo. Logo no início do Seu ministério, o Espírito Santo veio sobre Ele:
“E aconteceu que, ao ser todo o povo batizado, também o foi Jesus; e, estando ele a orar,
o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba;
e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” (Lc 3.21,22).
Era o Espírito Santo que dava a Ele o poder para operar milagres. Porque vivia em
obediência, Jesus desfrutava de comunhão com Deus. Ele era guiado por Deus, recebia
dEle instruções e fazia o que o Pai ordenava:
“Então, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer
de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho
também semelhantemente o faz. Porque o Pai ama ao Filho, e lhe mostra tudo o que faz,
e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis. Pois assim como o
Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a quem quer”
(Jo 5.19-21). Jesus fazia a vontade de Seu Pai em tudo, inspirado pelo Espírito Santo.

71
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

2. A MORTE DE JESUS
Fez o Senhor Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu.
Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente.
Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (Gn 3.21,15).

Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as
obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação,
sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes
resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo
precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo,
conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim
dos tempos, por amor de vós. (I Pe 1.17-20)

Deus não foi pego de surpresa quando Adão pecou. Ele não precisou de um plano B.
Já havia um resgate preparado antes mesmo de o homem ter sido feito. Já estava deter-
minado que o Filho de Deus viria à terra resolver o problema da humanidade. Só seria
preciso esperar o tempo apropriado.

Foi Deus mesmo quem resolveu o problema de Adão e Eva no Éden, ao matar um ani-
mal e cobrir o casal para que pudessem se sentir à vontade na presença dEle. Quando fez
isso, Deus estava revelando o que aconteceria muito tempo depois. O sacrifício do animal
no Éden era temporário, mas um sacrifício definitivo seria feito. Alguém viria resolver defi-
nitivamente o problema da humanidade. Através do sacrifício de animais, o homem teria
uma justiça parcial e provisória, mas, no futuro, através do sacrifício de um justo, nascido
de mulher, a justiça seria plena e definitiva.

a) Se a morte de um cordeiro permitia a comunhão do homem com Deus, por que


Jesus precisava morrer? Deus não podia ter poupado Seu Filho de uma morte
tão horrorosa?

Desde o princípio, Deus tinha instituído uma lei que dizia: “A alma que pecar, essa
morrerá” (Ez 18.20).

Se alguém pecou, deve morrer: “Porque o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).

A sentença pelo pecado era a morte, mas desde o Éden, Deus permitiu que um
substituto morresse em lugar do homem. O cordeiro substituía o homem, mas a morte
dele não resolvia o problema para sempre, porque a morte de um homem só poderia
ser resolvida através da morte de outro homem.

72
MORTE, RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO

b) Por que Jesus foi chamado de “Cordeiro de Deus”?

A morte do cordeiro foi ordenada por Deus e tornou-se lei para o povo hebreu,
na ocasião da Páscoa. Esta simbolizava o que aconteceria aos homens quando
Jesus viesse. Os hebreus receberam uma ordem para deixar o Egito terra onde
eram escravos e estabelecer uma aliança com Deus. Assim como um cordeiro mor-
reu naquele dia e seu sangue protegeu o lar de cada pessoa, Jesus é o cordeiro de
Deus que seria morto.
O sangue representa a vida. Quando Jesus derramou Seu sangue, estava dando
Sua vida por nós, livrando-nos da condenação decorrente do pecado.
Jesus foi reconhecido por João Batista, em seu batismo, como Aquele que daria a
vida por nós: “No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro
de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1.29). Por causa de Sua morte, o povo de Deus
foi transportado de um mundo em trevas, onde reinam a maldade, a corrupção e o
engano; para um novo reino - o Reino de Deus. Por causa de Jesus, fomos libertos de
uma terra terrível, de trabalho duro e de escravidão. Hoje somos supridos, protegidos
e podemos andar em comunhão com Deus.

c) Se Jesus foi julgado e condenado, como podemos dizer que Ele era inocente?

Não havia motivo para condenar Jesus: “E os principais sacerdotes e todo o Sinédrio
procuravam algum testemunho contra Jesus para o condenar à morte e não achavam”
(Mc 14.55). Ele não foi acusado de nenhum crime, não acharam nele nenhum mal.
Os fariseus e os mestres da lei precisaram pagar pessoas para dizerem mentiras con-
tra Ele, mas, quando levadas às autoridades, o que diziam não fazia sentido.
Pilatos, o governador daquela época, não encontrou motivo algum para matar Jesus,
então tentou libertá-Lo. Todavia, porque a libertação de Jesus não foi aceita pelos líde-
res judeus, o governador, por medo de que uma revolução começasse, sentenciou Jesus
à morte, reconhecendo, ainda assim, que Ele era justo: “Vendo Pilatos que nada conseguia,
antes, pelo contrário, aumentava o tumulto, mandando vir água, lavou as mãos perante o
povo, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo; fique o caso convosco!” (Mt 27.24).

d) Por que Jesus precisou ser crucificado?

Estava escrito nas leis que Deus deu a Moisés, que era maldito todo aquele que fosse
pendurado num madeiro, ou seja, que ficasse pendurado em uma árvore ou madeira.
O homem se tornou maldito no Éden. E o que é ser maldito? É viver debaixo de
maldição, longe da bênção. Quem não é abençoado é maldito.
Pela lei, para alguém deixar de ser maldito, outro deveria morrer por ele. Era isso
que acontecia cada vez que um animal era sacrificado. Ele recebia, em si, tudo o que
o homem merecia.

73
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Para o homem, a condição de abençoado e livre da maldição, funcionava ape-


nas enquanto este não pecasse e, rapidamente, pecava de novo, porque o pecado
fazia parte da sua natureza. Cristo veio para tirar de nós essa condição de malditos:
“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito:
Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gl 3:13).

e) O que é a maldição da lei?

Em Deuteronômio 28, a Bíblia explica o que é a maldição da lei. Ela se resume em:
enfermidade, miséria e morte espiritual. Quando Jesus se fez maldito, se identificou
com a nossa natureza pecaminosa. Ele foi feito pecado por nós, para que pudésse-
mos ser feitos a justiça de Deus: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos peca-
dos sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça;
e pelas suas feridas fostes sarados” (I Pe 2.24). Ele nos livrou da maldição da enfermi-
dade, da miséria e da morte espiritual.

f) Se Jesus é Deus, Ele não podia morrer, não é mesmo? Afinal de contas,
Deus pode morrer?

Jesus morreu. Não morreu como Deus, porque Deus não morre, mas foi crucificado
em nosso lugar, nos substituindo.
Os nossos pecados foram colocados sobre Ele: “Aquele que não conheceu pecado,
ele o fez pecado por nós” (II Co 5.21). Nós deveríamos ir para a cruz e morrer nela,
como punição por todos os nossos pecados. Isto seria para nós, uma morte merecida -
o resultado, a recompensa por tudo o que fizéssemos de errado. Mas Jesus morreu
exatamente no meu e no seu lugar: “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o
madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça;
por suas chagas, fostes sarados” (I Pe 2.24).
A crucificação do Filho de Deus em nosso lugar nos dá uma nova oportunidade
de, agora, perdoados e crendo Nele, vivermos a Sua vida, uma vez que Ele morreu a
nossa morte.
A Bíblia registra que Jesus entregou ao Pai, o Seu espírito e morreu. Quando sofreu
na cruz aquela morte horrível, Ele concluiu tudo que precisava ser feito para que nós
fôssemos libertos: “Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir
a Escritura, disse: Tenho sede! Estava ali um vaso cheio de vinagre. Embeberam de vina-
gre uma esponja e, fixando-a num caniço de hissopo, lha chegaram à boca. Quando, pois,
Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito”
(Jo 19.28-30).
Jesus morreu em primeiro lugar, espiritualmente e, depois, fisicamente. Ao morrer,
tomou a chave da morte e do inferno. Este é o ápice do poder e da autoridade con-
quistados por Jesus Cristo em Sua morte: “Eu sou o que vivo e fui morto, mas eis aqui
estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1:18).

74
MORTE, RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO

g) O que é expiação?

Expiação é a purificação de crimes ou de uma falta cometida, é livrar do castigo,


cumprir a pena em lugar de outro, levar o sofrimento pela culpa de alguém.

O pecado é um crime cometido contra Deus, em que o “infrator” merece, como


punição, a morte.

Morrendo em nosso lugar, Jesus expiou a nossa culpa: “Por isso convinha que em
tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo
que é de Deus, para expiar os pecados do povo” (Hb 2.17). A morte de Cristo purifica a
nossa consciência: “Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu
a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para
servirdes ao Deus vivo?” (Hb 9.14).

h) O que é justificação?

Justificação é um ato livre da graça de Deus, pelo qual Ele nos livra de todos os
nossos pecados e nos aceita como justos aos Seus olhos, porque é tirada de nós, a con-
dição de pecadores e colocada, sobre nós, a justiça de Cristo. Somos absolvidos, con-
siderados inocentes. Podemos estar diante Dele sem culpa, sem medo, sem complexo
de inferioridade ou condenação. Não é uma condição que o homem possa alcançar
por si mesmo, é algo que Cristo fez por nós: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos
paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1).

i) O que é propiciação?

A Bíblia descreve Cristo como sendo a nossa propiciação.

Propiciação significa juntar, tornar favorável. É quando alguém se dispõe a per-


doar uma ofensa recebida ou a proceder, misericordiosamente, para com o ofensor.
Jesus é a propiciação pelos nossos pecados: “E ele é a propiciação pelos nossos pecados,
e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (I Jo 2:2); “Nisto está o
amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou
seu Filho para propiciação pelos nossos pecados” (I Jo 4.10). Em Jesus, misericordiosa-
mente, fomos perdoados de todos os nossos pecados.

j) O que é redenção?

Jesus é o nosso redentor!

Redenção significa comprar por um preço, livrar da servidão por um preço, remir,
resgatar: “Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para
dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20.28).

75
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Jesus nos resgatou de toda a maldição da lei, de todo pecado: “Para remir os que
estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4.5). O preço pago por
Ele não foi o sangue de um animal, mas seu próprio sangue: “O qual se deu a si mesmo
por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial,
zeloso de boas obras” (Tito 2.14).

A culpa que recaia sobre nós foi retirada e fomos libertos do império das trevas
e levados para o reino da luz. As dívidas que tínhamos foram pagas por Ele: “Havendo
riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos
era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz” (Cl 2.14). Fomos libertos das
garras de Satanás: “O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o
reino do Filho do seu amor; Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remis-
são dos pecados”(Cl 1:13,14).

k) Como fica a nossa condição depois do sacrifício de Cristo?

Por causa do que Cristo fez, estamos livres do pecado e podemos assumir de
novo o lugar que Deus nos deu logo no início da criação; de dominadores, de reis
sobre esta terra: “Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais
os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só,
Jesus Cristo” (Rm 7.17). Não precisamos mais nos sentir condenados, nem permitir que
Satanás fique nos relembrando de nossos pecados passados. Não há mais condenação
para nós: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que
não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8:1).

3. A RESSURREIÇÃO DE JESUS
Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu
primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios. E, partindo ela, foi
anunciá-lo àqueles que, tendo sido companheiros de Jesus, se achavam tristes e
choravam. (Mc 16.9,10)

Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos
pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia,
segundo as Escrituras. E apareceu a Cefas e, depois, aos doze. Depois, foi visto
por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até
agora; porém alguns já dormem. Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por todos
os apóstolos e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um
nascido fora de tempo. (I Co15.3-7)

O que é ressurreição? Ressurreição é um retorno à vida.

76
MORTE, RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO

O que diferencia a ressurreição, da reencarnação é que; reencarnar é o espírito entrar


em outro corpo, enquanto ressuscitar, significa uma pessoa voltar à vida no mesmo
corpo de antes, porém, agora, num corpo que não morre mais, glorificado e eterno.
Essa é uma das bases do cristianismo. Jesus ressuscitou, em primeiro lugar, espiritual-
mente e, depois, fisicamente.

a) O que a ressurreição de Jesus representa para nós, hoje?

A ressurreição de Jesus é a nossa garantia de vida eterna e o que dá sentido ao


Evangelho e à fé que declaramos. É isso que diferencia Jesus de um mero mártir.
Ele não apenas morreu por compaixão ou por uma causa nobre, mas ressuscitou,
ao passo que os outros continuam mortos.

Jesus é Deus. Ele venceu a morte, derrotou Satanás, pagou o nosso preço e nos
resgatou de tudo o que poderia nos aprisionar para sempre. Temos vida eterna e
plena, desde que nos unimos a Ele na semelhança da Sua morte. A ressurreição de
Cristo é a garantia de que, também como Ele, um dia, se não formos ao céu em vida
quando Ele vier buscar a sua Igreja, ressuscitaremos. Seremos como Ele; com um
corpo transformado, que não adoece mais, não morre mais e não está sujeito à dor.

A ressurreição de Jesus é a garantia da nossa vitória sobre o pecado, sobre o


inferno, sobre o mundo e sobre Satanás: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé,
e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão
perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os
homens. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que
dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos
mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também
todos serão vivificados em Cristo” (I Co 15:17-22).

4. A ASCENSÃO DE JESUS
E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu,
ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia,
eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco. Os quais lhes
disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que
dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes
ir. (At 1:9-11)

Após ressuscitar, Jesus apareceu aos Seus discípulos em variadas ocasiões e


passou-lhes instruções para que continuassem Sua obra evangelística, a fim de que novas
pessoas pudessem saber o que Ele fez pela humanidade e se tornar Seus seguidores.

77
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

O Salvador do mundo foi ao céu, mas não nos deixou órfãos: “Não vos deixarei órfãos,
voltarei para vós outros” (Jo 14.18). Até que Ele volte para buscar aqueles que O aceitaram,
transformar o mundo e julgar os que não O receberam, deixou o Seu Espírito para nos
orientar, conduzir e habitar em nós. Por isso era importante que Ele fosse ao céu.
Em carne, num corpo humano, Ele estava limitado no espaço e no tempo. Quando
viveu na terra, Jesus não podia estar em dois lugares ao mesmo tempo, não agia como
Deus, mas na dependência do Espírito Santo. Agora, o seu Espírito habita em nós, em
cada um que recebe a Cristo como seu Senhor e Salvador: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos
dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o
mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita
convosco e estará em vós”(Jo 14.16-18).
Concluído Seu ministério entre os homens, Jesus, após ressuscitar e de ter dado
instruções a todos os Seus discípulos, foi para o céu, de onde um dia virá para buscar
todos os que nEle crerem. Enquanto isso não acontece, é dever da Igreja continuar a Sua
obra e contar a todos, o grande benefício que Deus nos concedeu pela morte de Jesus:
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for
batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que cre-
rem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes;
e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os
enfermos, e os curarão” (Mc 16.15-18).
A Igreja tem a missão e a autoridade de agir em nome de Jesus, fazendo o bem a
todos, curando os enfermos e expandindo o reino de Deus. Há muito a fazer em benefício
das pessoas. Como detentores do Nome de Jesus e tendo recebido dEle toda a autoridade,
devemos continuar Sua obra: “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o
poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu
vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
Amém” (Mt 28.18-20).
Todos nós, que cremos em Jesus, devemos continuar a Sua obra sem desanimar.
Devemos estar sempre prontos para aguardar a Sua vinda, pois Jesus em breve voltará!

78
O NOVO
NASCIMENTO

Todos os dias encontramos pessoas em diversos lugares; elas estão no trânsito, no


supermercado, nas ruas, nas empresas, nas praças, etc. Com certeza podemos ver que “estão
vivas”. Mas a Bíblia fala de outro nascimento.

Talvez você já tenha ouvido, em alguma ocasião, o termo: “novo nascimento”. Mas se
ainda não ouviu, explicaremos ao longo dessa matéria o que isso significa.

O que é novo nascimento? Por que precisamos de um novo nascimento? Pode alguém
nascer duas vezes?

Embora, naturalmente, possamos dizer que as pessoas estão “vivas”, nem todos têm
vida em seu espírito. O corpo pode ainda não ter passado pela morte física, o que acon-
tecerá com todos, se Jesus não vier buscar a sua Igreja, mas, espiritualmente, nem todos
estão vivos. A Bíblia diz: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e peca-
dos, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potes-
tade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef 2.1,2). A vida, de ver-
dade, é aquela que nos é dada por Jesus. Quem não recebeu essa vida, precisa de um
“novo nascimento”.

1. O NOVO NASCIMENTO
Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos
judeus. Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre
vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes,
se Deus não estiver com ele. A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade
te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

79
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, por-
ventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez? Respondeu Jesus: Em
verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode
entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do
Espírito é espírito. (Jo 3.1-6)

O texto acima explica o que é novo nascimento. Perceba que Nicodemos era uma
autoridade entre os judeus e um mestre nas Escrituras, porém, ainda assim, não enten-
dia do que Jesus estava falando quando disse a ele que era preciso nascer de novo.
Na verdade, esse era um ensinamento totalmente novo para eles, que viviam sob a Antiga
Aliança, porém, é uma realidade para nós, que estamos na Nova Aliança.

Jesus explica para Nicodemos que aquele que “nasce da carne é carne”, ou seja, que
o nosso nascimento do ventre de nossa mãe é um acontecimento natural e terreno,
contudo, para que possamos entrar no Reino de Deus é necessário mais do que esse
nascimento natural.

a) O que é Novo Nascimento?

O novo nascimento é o renascimento do nosso espírito. Todos nós nascemos,


naturalmente, da barriga de uma mulher. Em algum momento de nossa vida, somos
enganados e seduzidos pelo pecado e todos nós optamos por desobedecer, conscien-
temente, a Deus. Quando fazemos isso, nosso espírito morre, ou se separa de Deus,
porque o pecado tem, como consequência imediata a morte espiritual: “Porque o salá-
rio do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso
Senhor” (Rm 6.23). Assim, precisamos de um novo nascimento, não do ventre, mas
do espírito.

b) Por que é necessário nascer de novo?

Veja que, no início, fomos criados à imagem e semelhança do nosso Senhor:


“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher
os criou” (Gn 1.26). Após criar o homem, o Senhor deu a ele uma instrução para não
comer da árvore do conhecimento do bem e do mal e o avisou que, no dia em que dela
comesse, morreria. O homem não seguiu essa instrução.

O pecado cometido por Adão e Eva, que foi a desobediência à instrução do Senhor,
os tirou da comunhão com Deus, da fonte de toda a vida. Assim, perderam a vida que
possuíam em seu espírito. Isto é o que chamamos de morte espiritual: estar, espiritual-
mente, separado de Deus.

80
O novo nascimento

Morte espiritual não é a não existência do espírito humano; ao contrário, é a


existência do espírito humano sem comunhão com Deus. A morte espiritual pode ser
comparada a um braço anestesiado que passará por cirurgia: o braço continua ali, mas
é como se estivesse morto para o resto do corpo, pois “perdera a ligação” com ele.

Quando Adão morreu espiritualmente? No dia em que ele pecou! Exatamente


como Deus havia dito: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17).
Não foi a fruta que causou a morte de Adão e Eva, nem tampouco Deus, mas a deso-
bediência à Palavra do Senhor.

Todos os homens precisam nascer de novo porque, depois que pecam, morrem
espiritualmente. Assim, precisam experimentar a vida de Deus dentro de si nova-
mente. Isso é o novo nascimento.

c) O que mudou no homem depois que ele morreu espiritualmente?

A principal mudança que aconteceu depois que Adão e Eva pecaram foi no seu
relacionamento com Deus.

Repare que o comportamento de Adão e Eva mudou em relação ao Senhor: “Quando


ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se
da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. E
chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a
tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi” (Gn 3.8-10). Obviamente,
Deus sabia onde Adão e Eva estavam, mas, quando Ele faz essa pergunta, sua inten-
ção é fazer o homem pensar sobre o que ele havia feito acontecer com sua vida: ele,
o homem, já não estava mais em sua posição original. Fisicamente, estava exata-
mente no mesmo lugar, no Éden, e ainda do mesmo jeito, vivo, mas, espiritualmente,
já não estava mais em comunhão com Deus e já não tinha mais vida em seu espírito.
Foi dessa forma que o homem viveu durante todo o tempo do Antigo Testamento.

d) O que aconteceu para mudar essa condição do homem?

Deus enviou o Seu filho amado, Jesus Cristo, ao mundo para nos resgatar da morte
espiritual: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho uni-
gênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

A Bíblia diz que, quando recebemos Jesus como nosso Salvador, somos recriados
nele e recolocados em nossa posição de comunhão e relacionamento com Deus mais
uma vez. Sua natureza e Seu amor são derramados em nossos corações e, assim, pas-
samos da morte para a vida: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque
amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte” (I Jo 3.14).

81
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

e) O que acontece com quem experimenta o novo nascimento?

Quando nascemos de novo, o novo homem que Deus criou em Cristo Jesus
torna-se uma realidade para nós e passamos da morte para vida. Adão, depois que
passou pelo processo invertido, da vida para a morte, tornou-se um novo tipo de
homem, diferente daquele que Deus havia criado; um Adão sem vida, sem espirituali-
dade profunda e sem a natureza de Deus. Entretanto, quem experimenta o novo nas-
cimento renasce em seu espírito e passa a ter novamente comunhão com Deus, pois
recebe o Espírito Santo habitando dentro de si.
Como já vimos, o homem foi criado em comunhão com Deus e estava destinado
a crescer espiritualmente enquanto buscasse o entendimento da pessoa de Deus, por
meio das coisas que haviam sido criadas desde o princípio do mundo. Se o homem
tivesse feito exatamente isso, ele teria continuado em seu estado original, tal qual
Deus o havia criado.

f) Quais foram as armadilhas de Satanás para nos afastar de Deus?

Satanás usa a Palavra de Deus para distorcer aquilo que o próprio Deus diz.
Ele fez isso no princípio, fez isso com Jesus e ainda faz isso hoje. É o mesmo que
fazemos quando queremos pegar um rato em uma ratoeira; colocamos a ratoeira e
também um bom pedaço de queijo dentro.
Com o homem foi assim: “Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do
campo, que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não
comereis de toda árvore do jardim? Respondeu a mulher à serpente: Do fruto das árvo-
res do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse
Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Disse a serpente à
mulher: Certamente não morrereis” (Gn 3.1-4). Deus havia dito: “Certamente morrereis”
(Gn 2.17). Satanás disse: “Certamente não morrereis” (Gn 3.4). Quem falava a verdade
e quem estava mentindo? Em quem a mulher e o homem deveriam acreditar?
A incredulidade humana nas palavras de Deus, fez com que Adão e Eva perdes-
sem a comunhão com o seu Criador. Perderam a paternidade divina e ficaram sujeitos
a Satanás e à sua vontade. Ainda hoje Satanás usa essa armadilha para afastar os
homens da comunhão com seu Criador e impedi-los de receber a vida de Deus.

g) Como Deus tornou possível aos homens o novo nascimento?

Nem mesmo os homens mais religiosos puderam adquirir uma nova natureza e
ter Deus novamente como Pai, sem antes Jesus ter nos substituído por meio de Sua
morte, sepultamento e ressurreição: “Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os
desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, por-
que nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é
mentiroso, e pai da mentira” (Jo 8.44). O homem sem Deus, no mundo, seguia os desejos
do seu novo pai, o diabo.

82
O novo nascimento

Deus tinha um plano para resgatar o homem dessa condição: Jesus. Ele desceu
do céu para fazer a vontade de Deus: buscar e salvar o que se havia perdido: “Porque
eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”
(Jo 6.38). Jesus não caiu do céu. Ele mesmo disse: “Eu desci do céu!” Entre outras coisas,
isso também significa que Ele veio porque quis, com um propósito, com uma finali-
dade que Ele mesmo diz qual era: “fazer a vontade daquele que me enviou”.
Qual é a vontade de Deus, que Jesus veio realizar? A vontade de Deus para Jesus,
era que Ele fizesse aquilo que nenhum outro poderia fazer: trazer o homem de volta
à sua posição espiritual de origem, salvá-lo, religá-lo à vida de Deus – “O qual [Deus]
deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da ver-
dade” (I Tm 2.4). A única maneira de fazer isso seria por meio da identificação com o
homem, tornando-se como um de nós e, assim, nos substituindo, ao receber a punição
devida pelo pecado do homem. Dessa forma, todo escrito de dívida que era contra nós
seria eliminado: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”
(Lc 19.10).
Quando Jesus morreu em nosso lugar e, em seguida, sofreu a punição que nos
era devida, ficamos livres daquilo que pesava sobre nós, desde a queda do homem.
Se cremos que Jesus nos substituiu e pagou a nossa dívida, então, devemos crer tam-
bém que não temos mais qualquer sentimento de culpa na presença de Deus.

2. COMO ACONTECE O NOVO NASCIMENTO


Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que
me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a
vida. (Jo 5.24)

Já dissemos acima que a morte espiritual não é a “não existência” do espírito humano,
mas a existência do espírito humano sem comunhão com Deus.
Você é um ser espiritual: é um espírito, que possui uma alma e habita em um corpo.
É o espírito do homem que entra em contato com Deus, porque Ele é espírito. Somente um
espírito pode entrar em contato com outro espírito.
O Novo Nascimento é o renascimento do espírito humano. Para que isso ocorra, há
algo que precisamos fazer.

a) O que podemos fazer para experimentar esse novo nascimento?

Não há nada para fazer, mas para receber: se crermos com o coração, na redenção
gloriosa de Cristo e confessarmos com a nossa boca que Ele ressuscitou dos mortos,
nós seremos salvos. É simples assim? Sim, é assim mesmo. É algo simples, mas com

83
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

um resultado poderoso: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu
coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Rm 10.9).

b) O que acontece depois que eu recebo Jesus como meu Senhor e meu Salvador?

A princípio, talvez, para você mesmo, parece não ter acontecido nada, mas, real-
mente, algo maravilhoso aconteceu. Você é um espírito e foi resgatado por um alto
preço. Quando você confessa a Jesus, o seu espírito é recriado, você nasce de novo e é
transportado para um novo reino, para viver sob novas leis, unido a Cristo, e começará
a perceber mudanças em seu interior. Jesus entregou a Sua vida por você e, quando
você entrega a sua vida a Ele, há um mover no reino espiritual que o transporta do
reino das trevas para o reino do Filho do seu amor, para o reino de Deus: “Ele nos liber-
tou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor” (Cl 1.13).

c) Como posso ter certeza de que nasci de novo?

É o Espírito Santo que vem e transmite-nos a vida eterna, mediante a Palavra,


e nos leva a ter convicção de que nascemos de novo. Por causa do preço que Cristo
pagou, agora, estamos salvos. Temos o testemunho do Espírito em nosso coração, uma
convicção gerada por ele de que somos filhos de Deus: “O próprio Espírito testemunha
ao nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16). Você estava perdido, desgarrado,
como uma ovelha sem pastor, e tornou-se um novo homem, filho de Deus, integrante
de uma grande família, em Cristo.

3. A IMPORTÂNCIA DE CRER COM O CORAÇÃO E


FALAR COM A BOCA
Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é,
palavra da fé que pregamos. Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor
e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da
salvação. Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será confundido.
(Rm 10.8-11)

Quando você ouve a Palavra de Deus, fé chega em seu coração. Então basta declarar
que Jesus é o Senhor de sua vida e você será salvo. Não é maravilhoso? Você fica livre da
morte espiritual, do pecado e de Satanás. Passa a ter um novo Pai, uma nova vida e uma
nova natureza.

84
O novo nascimento

a) Para nascer de novo bastam somente estas duas coisas: crer e confessar?

Sim, essa é a única maneira de nascer de novo. É simples assim. Não é preciso
nenhum sacrifício extraordinário. Basta crer com o coração e confessar com a boca.
Perceba que fé é gerada dentro de nós; a fé do tipo de Deus, que é evidenciada pelo
crer e falar. Tudo passou a existir quando Deus falou. Da mesma maneira, o novo nas-
cimento passa a ser uma realidade em nós, quando cremos e falamos.

No início dos tempos, Deus criou todas as coisas falando: “Disse Deus: Haja luz,
e houve luz. E disse Deus: Haja firmamento no meio das águas e separação entre as águas
debaixo do firmamento e águas sobre o firmamento. E assim se fez. Disse também Deus:
Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a porção seca. E assim se
fez. E disse: Produza a aterra relva, ervas que deem semente e árvores frutíferas que deem
fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele, sobre a terra. E assim se fez. Disse
também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia
e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos. Disse também Deus:
Povoem-se as águas de enxames de seres viventes; e voem as aves sobre a terra, sob o
firmamento dos céus. Disse também Deus: Produza a terra seres viventes, conforme a sua
espécie: animais domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie. E assim
se fez” (Gn 1.3,6,9,11,14,20,24).

Deus fez tudo falando e nós também nascemos de novo, falando.

b) Deus criou tudo, falando, porque Ele é Deus. Como podemos acreditar que isso
funciona também para nós?

Quando Jesus esteve aqui na Terra entre nós, nos trouxe esse mesmo ensina-
mento: “Ao que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus; porque em verdade vos afirmo que,
se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu cora-
ção, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele” (Mc 11.22,23). Jesus diz que
“se alguém disser”, assim será. A palavra “alguém” quer dizer qualquer pessoa, não é
mesmo? Se Jesus disse que é assim, podemos crer que assim é.

c) Essa fórmula para nascer de novo; crer e confessar, sempre vai funcionar?

Tudo o que Deus diz para fazer, funciona. Ele nos deixou dois passos para o novo
nascimento: crer e falar – “Tendo, porém, o mesmo espírito da fé, como está escrito:
Eu cri; por isso, é que falei. Também nós cremos; por isso, também falamos” (II Co 4.13).
Se estes dois passos forem seguidos, certamente a fé vai funcionar: crer com o cora-
ção e falar com a boca. Veja que não basta apenas crer, é preciso, também, falar.
Há um poder liberado quando as palavras saem da nossa boca. A fé e a confissão
sempre funcionam.

85
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

4. O ESPÍRITO SANTO UNIDO AO ESPÍRITO


DO HOMEM
Deus é Espírito; e importa que os adoradores o adorem em espírito e em verdade.
(Jo 4.24)

Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele. (I Co 6.17)

Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse
mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso
corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita. (Rm 8.11)

Você já aprendeu que o homem é um espírito, que possui uma alma e habita em um
corpo, não é mesmo? O espírito do homem é a parte dele que conhece Deus. Ele está na
mesma classificação de Deus, porque Deus é Espírito, e o Senhor criou o homem à sua
imagem e semelhança para ter comunhão com Ele. Por isso, para poder ter comunhão com
Deus, o homem deveria estar na mesma categoria que Deus. Assim como Deus é Espírito,
o homem também foi feito espírito.

Não podemos ver Deus, nem tocá-lo fisicamente. Ele não é um homem. Ele é Espírito.
Não podemos nos comunicar com o Senhor mentalmente, porque Ele é Espírito, mas pode-
mos alcançá-lo com nosso espírito, e é por meio dele que chegamos a conhecê-Lo.

a) O novo nascimento é tudo que o precisamos ter para nos relacionarmos


com Deus?

Existe outra experiência necessária ao cristão, que segue a experiência do novo


nascimento. Depois que uma pessoa aceita a Jesus Cristo como seu Salvador e é bati-
zada no Corpo de Cristo, ou seja, passa a ser um membro da família de Deus, outra
experiência o aguarda; algo que irá trazê-lo para um nível mais profundo em seu
relacionamento com Deus, uma dimensão espiritual mais profunda. Muitos creem
que a obra do Espírito Santo encerrava-se quando uma pessoa recebia o novo nasci-
mento. Mas na Bíblia podemos, claramente, encontrar duas obras distintas, separadas:
o Espírito no nosso interior, através do novo nascimento, para a formação do nosso
caráter, e o Espírito sobre nós, através do batismo no Espírito Santo, para o serviço.
Não trataremos desse segundo caso agora, pois será tema da próxima matéria.

b) É verdade que o Espírito de Deus agora está dentro de mim?

Sim, é verdade. No novo nascimento, o Espírito Santo vem habitar no interior do


cristão. É o Espírito de Deus dentro de nós.

86
O novo nascimento

No Evangelho de João, há referência ao Espírito Santo em nosso interior, sendo


mencionado como o Consolador: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a
fim de que esteja para sempre convosco” (Jo 14.16). Veja que, nesse texto, o Senhor está
prometendo aos Seus discípulos outro Consolador, dando a entender que Ele, Jesus –
que era o seu Consolador – não estaria mais ali, mas outro viria estar em Seu lugar.
Essa promessa foi cumprida com a vinda do Espírito Santo. O Espírito Santo já estava
com eles, porque Ele estava com Jesus e Jesus com eles. Mas, quando o Pai enviou
Seu Santo Espírito para os discípulos, foi para que Ele viesse habitar dentro deles:
“O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece;
vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós” (Jo 14.17). O Espírito da
Verdade, o Consolador, habita no interior daquele que crê em Jesus.

c) Todos que têm Jesus, têm também o Espírito Santo habitando dentro?

Sim, quem é de Jesus tem o Espírito Santo. Está escrito: “E, se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9b). O Espírito de Cristo é o Espírito Santo.
Fisicamente, Jesus de Nazaré não poderia habitar dentro de Seus discípulos, porque
Ele possuía um corpo ressurreto de carne e osso, um corpo que O permitia ver e
sentir. Após a Sua ressurreição, quando em uma ocasião Jesus apareceu para os Seus
discípulos, eles disseram: “É um espírito!”, mas Jesus falou: “Vede as minhas mãos e os
meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne
nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc 24.39). Pedro, um dos discípulos que andou
com Jesus, quando pregava na casa de Cornélio, falando sobre Jesus, disse o seguinte:
“A este ressuscitou Deus no terceiro dia e concedeu que fosse manifesto, não a todo o povo,
mas às testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus, isto é, a nós que come-
mos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os mortos” (At 10.40,41).
Depois que Jesus esteve na terra, após ter andado entre os homens, Ele morreu,
ressuscitou e subiu aos Céus. Os Seus discípulos presenciaram a Sua partida. Hoje Ele
está assentado à direita do Pai, mas, através do poder do Espírito Santo, veio habitar
em nós. A Bíblia diz: “Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1.27).
Graças sejam dadas a Deus por ter enviado o Espírito Santo, o Espírito de Cristo,
para que estivesse em nós!

5. A NOVA CRIATURA
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram;
eis que se fizeram novas. (II Co 5.17)

Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova cria-
tura. (Gl 6.15)

87
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Ao nascermos de novo, somos feitos novas criaturas em Cristo e, portanto, inseridos


em uma nova realidade de vida. É o Espírito Santo que, através da Palavra, faz do espírito
humano uma pessoa inteiramente nova, que deve crescer para se tornar cada dia mais
semelhante a Cristo Jesus. A vida de Deus entra em nosso espírito, recebemos a própria
natureza de Deus para, a partir de então, sermos como Ele: “Nisto é em nós aperfeiçoado
o amor, para que, no Dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós
somos neste mundo” (I JO 4.17).

a) Que mudança acontece em nós quando nascemos de novo?

Pelo novo nascimento, além de recebermos vida no espírito, passamos a ter uma
nova natureza, semelhante à de Deus. A natureza de Deus é amor. Se, portanto, alguém
nasce de novo, recebe o amor de Deus dentro de si e pode amar como Ele ama:
“Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração
pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Rm 5.5). Essa é a marca de todo aquele que
nasceu de novo, de todos que aceitaram a Jesus: “Nisto conhecerão todos que sois meus
discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.35).
Podemos estar certos de que realmente passamos pelo novo nascimento quando
desenvolvemos nossa capacidade de amar: “Nós sabemos que já passamos da morte
para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte. Todo
aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a
vida eterna permanente em si” (I Jo 3.14,15). João estava dizendo nestes versos que,
se o homem passou da vida antiga, com sua morte espiritual, para a nova vida abun-
dante, eterna, ele fica cheio de amor. Se ele tiver em si essa vida eterna, não haverá
ódio dentro dele, somente o amor.
Você tem a própria natureza de Deus. A velha vida que o mantinha aprisionado
deixou de existir. O velho eu, uma pessoa que era dominada pelas circunstâncias e
por Satanás, deixou de existir. Agora você é uma nova pessoa, uma pessoa santa, justa,
cheia de Deus.

88
O BATISMO NO
ESPÍRITO SANTO

A vida cristã é marcada por duas experiências maravilhosas: o novo nascimento,


quando o Espírito de Deus vem habitar dentro do crente, e o batismo com o Espírito Santo,
quando o Espírito Santo vem sobre o crente para capacitá-lo a ter uma vida cristã vito-
riosa, plena em Deus e cheia de poder e ousadia.

A vida com Deus começa quando recebemos a Jesus Cristo como nosso Senhor
e Salvador.

A vida sem Deus é dolorosa. O mundo virou um caos depois que o homem pecou.
Os homens se acostumaram a fazer o mal e a culpar a Deus por tudo de ruim que há na
terra, quando o verdadeiro culpado é o próprio homem, que deveria fazer o bem, obedecer
às leis de Deus e amar um ao outro. Sem Deus, não há solução para a humanidade. Graças
a Deus por Cristo Jesus!

Cristo veio ao mundo para transformar a realidade daqueles que cressem nEle, para
pagar o preço que o pecado cobra, que é a morte. Quando Ele morreu na cruz, garantiu
o perdão e a salvação para todos os homens, que passaram a ser livres por causa do
Seu sacrifício. Basta aceitar Jesus em seu coração, crer que Ele morreu para nos livrar da
escravidão do pecado, confessar, audivelmente, com a boca que Cristo é seu Senhor e está
salvo. A partir daí, o homem recebe o Espírito Santo dentro de si, tornando-se morada de
Deus. Essa nova experiência de ter o próprio Espírito de Deus dentro de nós chama-se
novo nascimento.

O novo nascimento, entretanto, não é tudo o que se pode receber de Deus. Há uma
experiência diferente que todo nascido de novo precisa experimentar, que lhe dá o poder
de viver como Deus quer, de crescer no relacionamento com Ele e realizar as mesmas
coisas que Jesus fez e outras ainda maiores. Essa experiência se chama “batismo no
Espírito Santo”.

89
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

1. O QUE É O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO


Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas teste-
munhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins
da terra. (At 1.8)

O Batismo no Espírito Santo é um dom dado por Deus, que nos capacita a manifestar
a vida de Deus, que está dentro de nós, com ousadia e coragem. Ele também nos capacita
a testemunhar de Cristo aqui na terra, pregando o Evangelho, realizando milagres, curando
pessoas, e a experimentar uma comunhão maravilhosa com Deus. É uma experiência bem
diferente do novo nascimento.

Pelo novo nascimento, temos o Espírito Santo habitando dentro de nós. Por causa
disso, recebemos vida no nosso espírito e passamos a fazer parte da família de Deus. Ser
batizado com o Espírito Santo significa tê-Lo sobre nós e o efeito disso é o revestimento
de poder que Ele nos traz.

a) Qual a diferença entre o novo nascimento e o batismo no Espírito Santo?

Antes de subir aos céus, Jesus disse que enviaria o Espírito Santo para estar
conosco: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sem-
pre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem
o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós” (João 14.16-17).
Jesus está se referindo à experiência do novo nascimento, que é o Espírito Santo habi-
tando dentro de nós. Ele estava prometendo que os homens receberiam o Espírito
Santo para habitar com eles e estar neles.

Depois de ressuscitar, Jesus apareceu aos discípulos algumas vezes. Em uma delas,
soprou sobre eles o Espírito Santo: “E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes:
Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22). Exatamente na hora em que receberam o sopro
de Jesus, os discípulos receberam o Espírito Santo dentro deles. Nascendo de novo,
tornaram-se habitação do Espírito, morada de Deus.

Depois desse dia em que já haviam recebido o Espírito Santo dentro deles, pouco
antes de Jesus ir ao céu, fez-lhes uma nova promessa e lhes deu uma ordem. Que pro-
messa era essa? A de receber o batismo no Espírito Santo; a experiência do Espírito
Santo sobre eles: “Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois,
na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49). Veja que, mesmo já
tendo nascido de novo, os discípulos deveriam obedecer à ordem de ficar na cidade e
aguardar uma nova experiência: um revestimento de poder.

90
O batismo no espírito santo

b) Por que o novo nascimento e o batismo no Espírito Santo não aconteceram ao


mesmo tempo?

Deus havia determinado uma hora em que o batismo com o Espírito Santo acon-
teceria: na festa de Pentecostes. Essa experiência só aconteceria depois que Jesus
subisse aos céus. Ensinou que era necessário que Ele voltasse para o Pai porque,
quando fosse, o Consolador poderia ser enviado a eles: “Mas o Consolador, o Espírito
Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará
lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo 14.26).
Antes de deixar definitivamente a terra, Jesus lhes disse que, em Jerusalém, eles
seriam batizados com o Espírito Santo, que deveriam, pois, estar juntos e esperar por
isso: “E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas
que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na ver-
dade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois
destes dias”. (Atos 1.4-5).

c) O que aconteceu quando os discípulos foram batizados no Espírito Santo?

Os discípulos obedeceram ao que Jesus havia ordenado. Quando o dia de


Pentecostes chegou, eles viveram uma experiência sobrenatural: “Ao cumprir-se o dia
de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um som,
como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apare-
ceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles.
Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o
Espírito lhes concedia que falassem” (Atos 2.1-4). Porque obedeceram à ordem de Deus
para aguardar a descida do Espírito Santo e tiveram fé, todos receberam o batismo no
Espírito Santo e falaram em outras línguas.

2. A IMPORTÂNCIA E O PROPÓSITO DO BATISMO


NO ESPÍRITO SANTO
Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem: em meu nome, expelirão
demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mor-
tífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles
ficarão curados. (Mc 16.17,18)

Antes de subir ao céu, Jesus animou os discípulos de muitas maneiras, dizendo-lhes


o que seriam capazes de fazer, a partir de então. Eles receberiam a convicção de que
tinham poder para fazer milagres, curar enfermos, expulsar demônios e até mesmo para
falar novas línguas e, porque estariam cheios dessa convicção, teriam ousadia para fazer
coisas extraordinárias. Até então, os discípulos viram Jesus realizar muitos milagres, mas

91
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

os mesmos não tinham feito nada extraordinário. Eles conseguiram, timidamente, realizar
algumas poucas coisas, mas ainda não estavam convictos do poder que tinham.

Quando Jesus ressuscita, sopra sobre eles o Espírito Santo e estes recebem o novo
nascimento; uma nova capacidade de desfrutar da comunhão com Deus. Mas havia muito
mais: uma coragem e convicção tal, que viriam quando recebessem o Espírito sobre eles.
Então, fariam tudo o que viram Jesus fazer.

a) Qual a importância de ser batizado no Espírito Santo? Nascer de novo


não é o suficiente?

É muito importante nascer de novo, mas ser batizado no Espírito Santo é a expe-
riência subsequente de importância inegável. Jesus não ordenaria aos discípulos que
esperassem esse revestimento de poder se ele não fosse necessário. É através do
batismo no Espírito Santo que recebemos poder para fazer as obras que Jesus nos
ordenou e até mesmo para ir além do que vimos Jesus fazer: “Em verdade, em verdade
vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores
fará, porque eu vou para junto do Pai” (Jo 14.12). Porque o batismo no Espírito Santo é
muito importante, Jesus, não só mandou que eles estivessem reunidos para recebê-lo,
mas, quando enviou o batismo, permitiu que todas as pessoas que lá estavam, o rece-
bessem também.

b) Para que serve o batismo no Espírito Santo? O que ele traz de diferente?

O batismo no Espírito Santo traz muitos benefícios para o crente. Ele nos capacita
a realizar as mesmas obras que Jesus realizou, transformando o mundo, estendendo
o reino de Deus por todo lugar. Quando aceitamos a Jesus, saímos do reino das trevas
para o reino da luz, nos tornamos, em certo sentido, como Jesus era quando estava
aqui; a luz do mundo, aquele que traz o reino de Deus às pessoas, que manifesta o
poder de Deus, se compadece das pessoas e as ajuda a receber a Deus e a ter uma
nova vida. Somos chamados a estender o reino de Deus sobre a terra e, para fazer isso,
é necessário poder. O batismo com o Espírito Santo é o que dá ao crente poder: “Mas
recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto
em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1.8).

Além disso, o batismo nos ajuda no relacionamento com Deus. Para andar com
Deus, é preciso ter fé: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessá-
rio que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador
dos que o buscam” (Hb 11.6). Sem fé ou com uma fé fraca não podemos usufruir muito
do relacionamento com Deus. O batismo no Espírito Santo nos capacita a falar em
línguas e, através dessas línguas, podemos edificar a nossa fé: “Vós, porém, amados,
edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo” (Jd 1.20). Quando ora-
mos em línguas, que é o que o texto chama de “orar no Espírito Santo”, fortalecemos a
nossa fé. E quanto maior a nossa fé, melhor o nosso relacionamento com Deus.

92
O batismo no espírito santo

c) O que acontece quando alguém é batizado no Espírito Santo?

Quando os discípulos foram batizados no Espírito Santo, viram uma língua, como
de fogo, pousar sobre eles e começaram a falar uma linguagem espiritual que nunca
tinham falado antes: “Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no
mesmo lugar; de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda
a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de
fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passa-
ram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem” (At 2.1-4).
A evidência de que alguém recebeu o batismo com o Espírito Santo é o fato de falar
em outras línguas.

d) O que é falar em línguas estranhas?

As línguas são uma linguagem de comunicação do homem com Deus: “Pois quem
fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em
espírito fala mistérios” (I Co 14.2). As línguas estranhas não são uma língua estrangeira
que falamos, sem saber, para que outros nos entendam e, então, possamos pregar o
evangelho, mas uma linguagem do espírito do homem: “Porque se eu orar em outra
língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera” (I Co 14.14). Quando
falamos em línguas, estamos nos expressando numa linguagem espiritual que parte
do nosso espírito. Conforme está escrito no texto, não é algo entendido pela mente,
mas uma comunicação totalmente eficaz do nosso espírito com o próprio Deus.

e) Falar em línguas é falar uma língua estrangeira que nós não sabemos,
mas outros podem entender?

Pode acontecer de outros nos entenderem quando estamos falando em línguas,


mas nem sempre. No caso de Atos, as línguas que eles falavam foram entendidas pelas
pessoas que ali estavam: “Ora, estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedo-
sos, vindos de todas as nações debaixo do céu. Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu
a multidão, que se possuiu de perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na sua pró-
pria língua. Estavam, pois, atônitos e se admiravam, dizendo: Vede! Não são, porventura,
galileus todos esses que aí estão falando? E como os ouvimos falar, cada um em nossa
própria língua materna? Somos partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia,
Judeia, Capadócia, Ponto e Ásia, da Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas
imediações de Cirene, e romanos que aqui residem, tanto judeus como prosélitos, creten-
ses e arábios. Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus”
(At 2.5-11). Embora nesse caso, as línguas tenham sido entendidas, raramente é assim
que acontece.

As línguas estranhas não têm como objetivo principal a transmissão de uma men-
sagem para as pessoas, mas a comunicação com Deus. Encontramos outras vezes,
pessoas sendo batizadas no Espírito Santo no livro de Atos, mas não está dito que

93
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

outros entendiam. Paulo afirma que, normalmente, ninguém entende o que está sendo
falado em línguas: “Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus,
visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios” (I Co 14.2). Quem fala em
línguas, fala a Deus. Se quer ser entendido pelas pessoas, deve falar a língua do país.
Mas, se fala em línguas, deve saber que está falando mistérios com Deus, que a sua
mente não entende, mas o seu espírito, sim. As línguas são, principalmente, uma lin-
guagem espiritual.

f) Todas as pessoas podem falar em línguas?

É desejo de Deus que todo crente tenha uma vida cristã forte e saudável e uma fé
firme. As línguas ajudam os crentes a edificarem a si mesmos. Por isso é desejável que
todos falem em outras línguas: “Eu quisera que vós todos falásseis em outras línguas”
(I Co 14.5a). Quando Deus derramou o Espírito Santo no dia de Pentecostes, todos
falaram. Deus não faz diferença entre as pessoas, dando esse dom tão importante
para uns, e não para outros. Todos podem falar em outras línguas. Deus deixou esse
dom à disposição, por isso afirmou que: “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que
creem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas” (Mc 16.17). Todos os
que creem estão autorizados por Deus a receberem esse dom.

3. COMO RECEBER O BATISMO NO


ESPÍRITO SANTO
Segui o amor e procurai, com zelo, os dons espirituais, mas principalmente que
profetizeis. Assim, também vós, visto que desejais dons espirituais, procurai pro-
gredir, para a edificação da igreja. Pelo que, o que fala em outra língua deve orar
para que a possa interpretar (I Co 14.1,12,13)

O primeiro passo para falar em línguas é desejar esse dom. Deus não dá a uma pessoa,
algo que ela não queira receber. Quem não deseja, não pode receber algo de Deus: “Por
isso, vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que
pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á. Qual dentre vós é o pai que,
se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir um peixe, lhe dará em lugar de peixe
uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis
dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles
que lho pedirem?” (Lc 11.9-13)

Quem deseja o batismo no Espírito Santo e pede a Deus, com fé, recebe.

94
O batismo no espírito santo

a) Existe alguma exigência para que se receba o batismo no Espírito Santo ou


todos podem receber?

A única exigência para se receber o batismo é ser nascido de novo. Quando nas-
cemos de novo, uma mudança é realizada no nosso interior. Nosso espírito é recriado.
Então, se somos salvos, estamos prontos para receber a plenitude do Espírito Santo.
Não precisamos fazer nada, senão, pedir para receber. O mundo não pode receber
o Espírito Santo, muito menos ser pleno dEle, mas os crentes devem usufruir desse
benefício extraordinário: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de
que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber,
porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em
vós” (Jo 14.16,17).
O principal objetivo dessa prática é a edificação pessoal: “O que fala em outra
língua a si mesmo se edifica” (I Co 14.4).

b) Como receber o batismo no Espírito Santo?

Jesus disse que esse era um sinal que acompanharia aqueles que cressem. Então,
para receber, o primeiro passo é crer: “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que
creem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas” (Mc 16.17). Todo aquele
que crê em Cristo está pronto para falar em novas línguas, desde o momento em que
nasceu de novo.
Se você recebeu o novo nascimento, pode receber esse presente agora. Em qual-
quer lugar onde você esteja, a qualquer hora do dia, você pode dizer: “Senhor, eu já
recebi Jesus Cristo como meu Senhor e Salvador e quero ser cheio do Espírito Santo. Agora
eu oro e recebo o batismo com o Espírito Santo”. Então, creia, abra a boca e fale.
Outra maneira de receber o batismo no Espírito Santo é pela imposição de mãos.
É bíblico falar à pessoa que espere receber o Espírito Santo quando receber imposição
de mãos: “Ouvindo os apóstolos, que estavam em Jerusalém, que Samaria recebera a pala-
vra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João; os quais, descendo para lá, oraram por eles para
que recebessem o Espírito Santo; porquanto não havia ainda descido sobre nenhum deles,
mas somente haviam sido batizados em o nome o Senhor Jesus. Então, lhes impunham as
mãos, e recebiam estes o Espírito Santo” (Atos 8: 14-17). “Havendo-lhes Paulo imposto
as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam em línguas e profetizavam” (At 19.6).
Quando outras pessoas oram por nós e impõem sobre nós as mãos, também podemos
receber o batismo.

c) Precisamos fazer alguma coisa além de ter fé para falar em línguas?

Há algo que só aquele que recebe o batismo pode fazer: abrir a boca e falar. Não é
o Espírito Santo dentro de nós que abre a nossa boca, enrola a nossa língua e nos faz
falar em línguas. Ninguém entra em “transe” enquanto fala essa linguagem espiritual.

95
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

As línguas são uma linguagem do espírito, não compreendida pela nossa mente, por
isso, não precisamos esperar que a nossa mente entenda alguma coisa. Não será como
pensar em algo, tentar falar aquilo que se está pensando e ter a língua enrolada pelo
Espírito Santo. Não é nada disso! É uma atitude de fé! Não entendemos o que estamos
falando, mas abrimos a nossa boca, usamos a nossa voz e deixamos as palavras des-
conhecidas que brotam dentro de nós, saírem da nossa boca. Não é uma experiência
mística. É uma atitude de fé.
Quando recebemos a Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador, abrimos nossa
boca e confessamos. Receber a plenitude do Espírito é do mesmo modo: abrimos
nossa boca e falamos as línguas que o Espírito Santo nos concede.
Explicando novamente para que fique bem compreendido: o Espírito Santo não
fala em outras línguas, Ele não toma posse da nossa língua para que o próprio fale
com ela. O falar em outras línguas é algo feito por nós.

d) Por que, quando há a imposição de mãos, alguns recebem e outros não?

O receber ou não, o dom de línguas não depende de Deus. As línguas são um pre-
sente para todos os crentes, mas cada um resolve se quer ou não usufruir desse benefício.
Lá no dia de Pentecostes, aconteceu assim: “E apareceram, distribuídas entre eles,
línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito
Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falas-
sem” (At 2.3,4). Veja que o texto diz que “todos” falaram em línguas. Deus não faz dife-
rença entre as pessoas. O texto não diz: “A este eu vou dar, mas àquele, não”. As pessoas
é que resolvem ter fé, abrir a boca e falar ou não.

e) Podemos falar em línguas em qualquer hora e em qualquer lugar ou só quando


nos sentirmos cheios de Deus?

A vida com Deus não depende de sentimento, mas de fé. Não devemos esperar
ter a sensação de estarmos cheios de Deus. Devemos viver cheios do Espírito. Por se
tratar de uma linguagem espiritual que não vem da mente, não depende de concen-
tração, mas de uma simples atitude. Podemos falar em línguas no culto, nas aulas,
onde estivermos. A oração em línguas deve ser uma prática intensa na vida do cristão.
Podemos e devemos falar em línguas o máximo de tempo possível.
Se você recebeu o batismo no Espírito Santo, recebeu um presente de Deus e
pode orar a qualquer hora e em qualquer lugar. Se fizer isso, estará edificando a sua fé
e tornando-se cada vez mais forte espiritualmente.
Desfrute do grande benefício que Deus tornou disponível a nós nesse tempo.
Não se contente em receber menos do que você tem direito. Algumas pessoas acham
divertido beber até cair, pensando que isso é alegria. Todavia há experiências muito
mais prazerosas que nos trazem uma alegria verdadeira: “E não vos embriagueis com

96
O batismo no espírito santo

vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós em salmos,
hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Ef
5.18,19). Veja que a Bíblia compara a embriaguez com vinho com a experiência de ser
cheio do Espírito. Podemos experimentar a delícia de ter um relacionamento íntimo
e vibrante com Deus.
Falar em línguas nos ajudará a ficarmos cada vez mais sensíveis ao Seu Espírito e
nos permitirá compreender os mistérios de Deus que serão revelados ao nosso espí-
rito. Quando estivermos cheios do Espírito, tudo em nós será afetado: a nossa mente,
o nosso corpo, a nossa saúde, a nossa paz e a nossa alegria.
Devemos usufruir do grande privilégio que é estar cheio de Deus e em plena
comunhão! Fale em línguas! Desfrute disso!

97
REVISÃO

Tivemos oportunidade de aprender sobre a bondade de Deus, sobre o mundo em que


vivemos e sobre o estado da humanidade. Sabemos que, se o mundo hoje está da forma
como o vemos, cheio de tristeza, morte, dor, doença e miséria, a culpa não é de Deus. Deus
é inocente. Ele não fez nada ruim. Tudo o que fez era perfeito e assim deveria permanecer.
Agora vamos recapitular um pouco do que vimos nas lições anteriores.

A Criação
Deus criou os céus e a terra. Fez um mundo perfeito para nele colocar a Sua obra mais
importante: a humanidade. O primeiro casal, Adão e Eva, foi feito para andar com Deus
e para ter uma vida feliz, agradável e produtiva. Pelo trabalho do primeiro casal, a terra
deveria se transformar em um lugar ainda melhor do que já era.
O plano original de Deus para o homem era a comunhão. O primeiro homem, Adão, foi
feito para se relacionar com o seu Criador. Deus fez o homem à Sua imagem e semelhança
para que pudessem se relacionar.
O homem foi feito um espírito, que possui uma alma e habita em um corpo. Por meio
de seu espírito, entra em contato com o mundo espiritual; sua alma engloba sua mente,
suas emoções e seus desejos; seu corpo é o que entra em contato com o mundo físico.
Em Seu amor, Deus criou um homem livre para amar ou não, obedecer ou não, se
relacionar com Ele ou não. O homem foi criado para ter comunhão com Deus, para ouvi-
-Lo, para viver nEle. Essa comunhão diz respeito a uma vida de relacionamento constante,
viver em Deus, com Deus, para Deus e por Deus. O homem foi feito para ser, pensar, agir
como Deus, para revelar o Criador em tudo e para dar glória a Deus: “Pois somos feitura
dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que

99
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

andássemos nelas” (Ef 2.10). O homem nasceu para adorar e esta é a melhor definição de
adoração: uma vida totalmente dependente de Deus e agradável a Ele.

A Queda
Deus fez os homens livres. A prova dessa liberdade era o fato de Deus colocar no Éden
uma árvore cheia de frutos que o homem não poderia comer. Essa obediência seria um ato
de fé e de amor para com Deus. Havia uma única coisa que o homem não poderia fazer:
comer da Árvore do conhecimento do bem o do mal. E como um bom Pai, Deus avisou
Adão e Eva acerca da consequência da desobediência: morte.
É preciso entender que obediência e desobediência são, em suma, uma questão de
fé. Crer em Deus significava obedecê-Lo. O Senhor havia dado uma palavra: que, comendo
do fruto da árvore do bem do mal, o homem morreria. Obedecer a essa ordem significava,
sobretudo, crer que aquilo que Deus estava falando era verdadeiro; desobedecer, portanto,
significava desacreditar que Deus estava falando a verdade ou de que Ele sabia o que
estava dizendo. Obediência é uma questão de fé.
Apesar de conhecer a Deus, Adão e Eva optaram por desobedecê-Lo. Acreditaram na
proposta mentirosa do diabo. Foi isso que fez com que o mal entrasse na terra. Essa ati-
tude impensada abriu as portas para toda sorte de coisas ruins. Nunca foi desejo de Deus
que o homem tivesse uma vida de sofrimento. Deus ama a humanidade e quer sempre
fazer o bem a ela.
Conscientemente, Adão e Eva agiram em desconformidade com a ordem de Deus, por
isso são responsáveis pela existência do mal na terra e pelo pecado que, desde então, foi
repassado a todos os homens. Como uma doença contagiosa, a partir de então, o pecado
foi transmitido a todas as gerações. Por não terem mais acesso à Árvore da Vida, todos
pecaram após Adão e se tornaram pecadores e mortos espiritualmente: “Portanto, assim
como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a
morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).

Preparação para a Vinda do Messias


Por amar as pessoas, Deus não deixou que tudo ficasse por isso mesmo. Antes mesmo
de criar o homem, pensou no remédio para o pecado: a morte de Seu Filho. O homem
pecou e deveria morrer, porque o preço pelo seu pecado era a morte. Temporariamente, um
substituto morria no lugar do pecador. Isso funcionaria até que o sacrifício perfeito viesse
ao mundo. Lá no Éden, Deus prometeu aos homens que enviaria alguém que morreria por
eles e restauraria a humanidade da condição em que ela se encontrava. O Descendente da
mulher viria à terra livrar-nos de toda dor e de todo o resultado do pecado.
Deus não faz o mal e também não pode ser pego de surpresa. Não há nada impossível
para Ele. Em Sua infinita sabedoria, aguardava o momento exato em que daria andamento

100
revisão

ao plano de salvação. A vinda do substituto traria descanso aos homens que, por causa do
pecado, passaram a ter uma vida muito difícil em um mundo caído.
Jesus foi a resposta de Deus para humanidade. Exatamente como Deus disse por inter-
médio dos profetas, da forma como foi anunciado durante toda a história da humanidade,
um menino nasceu numa manjedoura para nos salvar. Seu nascimento não foi um fato
escondido. De muitas maneiras foi anunciado ao mundo que o Salvador havia chegado:
pastores foram visitar o menino, magos foram procurá-Lo, até mesmo o rei da época tomou
conhecimento de Seu nascimento.
O Filho de Deus veio à terra e mudou todo o curso da história. Em todo o tempo Ele fez
o bem. Jamais pecou. Curou os enfermos, restaurou a visão dos cegos, purificou leprosos,
multiplicou pães, deu ordens a ventos e tempestades para que se acalmassem, expulsou
demônios, ressuscitou mortos e se compadeceu de todo aquele que sofria. Todos os que
buscaram a Sua ajuda receberam dEle consolo. O que Ele fez na terra foi tão extraordinário
que a história ficou dividida em antes dele e depois dele.

Vida, Morte, Ressurreição e Ascensão de Jesus


Jesus cumpriu totalmente a missão para a qual foi enviado ao mundo: fazer os homens
conhecerem a Deus, treinar pessoas, providenciar salvação e resgatar a humanidade da situa-
ção triste em que se encontrava, dando a ela esperança para o presente e para a eternidade.
Quando Jesus entrou na terra, vimos como Deus é, o que Ele pensa e como age. Ele
foi a exata expressão de Deus, Aquele que mostrou com Sua vida, morte e ressurreição, o
tamanho do amor de Deus pela humanidade.
A vinda do Filho de Deus a esta terra é incontestável. Os homens tiveram a oportu-
nidade de vê-Lo, de andarem e comerem com Ele, de ouvirem o que Deus tinha a dizer à
humanidade, de receberem cura e de serem abençoado por Sua vida. Jesus é aquele por
quem a humanidade esperou desde o Éden.
Até que o Messias viesse à terra, o mundo e as pessoas estavam aprisionados pelo
pecado. O homem era incapaz de não pecar, por isso merecia a morte. O pecado contami-
nava a vida das pessoas e a própria terra. Jesus foi aquele que nos livrou do prejuízo que
o pecado causa. Abriu as portas das prisões e nos deu liberdade.
A morte de Jesus Cristo foi o preço necessário e suficiente para que a humanidade
pudesse, finalmente, ser livre da escravidão imposta pelo diabo. Ninguém precisa mais
viver uma vida sem esperança e salvação. Qual é o caminho para isso? Crer que Jesus é o
Messias, vindo da parte de Deus, que morreu, ressuscitou e pagou a dívida que tínhamos e
confessá-Lo como nosso Senhor e Salvador.
Não há mais preço a ser pago, assim como não havia quem pudesse nos dar a salvação.
É simples ser salvo: basta receber a Jesus, pela fé, crendo de todo o coração, e confessá-lo,
audivelmente, nossa submissão a Ele. Jesus abriu as portas da prisão do pecado. Todo
aquele que recebe a Cristo é livre para viver uma nova vida, plena e abundante.

101
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Salvação e Novo Nascimento


Salvação é o presente que Deus deu à humanidade através da vinda de Seu Filho ao
mundo. A Bíblia diz: “Crê no Senhor Jesus Cristo e será salvo, tu e a tua casa” (At 16.31). Há
salvação para nós, para os nossos familiares, para os nossos amigos e todo o mundo, em
Jesus. Precisamos, porém, compreender, de fato, o que significa salvação.
A palavra “salvação” vem do grego sozo, que pode ser aplicada a: libertação, bem-estar,
prosperidade, ser vitorioso, ser livre de problemas morais, livramento da moléstia de ini-
migos, preservação; ser livre da penalidade, poder, presença do pecado.
Muita gente não sabe disso, mas Jesus providenciou com a Sua morte, não só a vida
eterna. Seu sacrifício teve efeitos para hoje, aqui e agora. A vida abundante que Ele pro-
meteu não vai começar quando formos ao céu ou quando esta terra for transformada, mas
tem início desde o dia em que nós O recebemos como Senhor e Salvador. Ele disse: “Eu vim
para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10.10). A vida abundante não é para
ser experimentada apenas no céu. Podemos tê-la aqui e agora.
Qualquer mãe que dá ao seu filho uma caixa cheia de presentes não ficaria satisfeita
se esse filho abrisse apenas um deles e os outros deixasse guardados. Assim também é
com Deus. Recebemos dEle, o poder para viver uma vida muito acima daquilo que o mundo
tem a oferecer. Por causa de Jesus, temos o direito de andar em saúde divina, em paz, em
alegria, supridos de todas as coisas de que precisamos, crescendo no conhecimento de
Deus, na sua graça, na comunhão com as pessoas, andando como verdadeiros filhos de
Deus. Não fomos salvos somente para irmos ao céu. Jesus não veio apenas para que tenha-
mos uma vida feliz no futuro. O que Ele fez muda a nossa vida desde já.
Temos o direito de andar seguros, porque Deus providenciou a segurança para nós;
Ele é a nossa proteção!
Temos o direito de andar em saúde plena, porque Ele é o Senhor que nos sara.
Temos o direito de andar supridos, porque Ele é a nossa fonte, dEle vem a nossa provisão.
Temos o direito de andar alegres, porque Ele é a nossa alegria.
Temos o direito de andar em paz, porque Ele é a nossa paz.
Temos o direito de aproveitar a vida, porque Ele nos garantiu vida plena e eterna.
Jesus foi ao céu, mas deixou seu próprio Espírito habitando dentro de nós. Esse Espírito
é uma fonte inesgotável de poder. Temos todo esse poder disponível para ser usado como
precisarmos. A Bíblia diz que o mesmo Espírito que ressuscitou a Jesus Cristo habita dentro
de nós.
Quando aceitamos a Jesus como nosso Senhor e Salvador recebemos uma nova vida,
que começa a partir do nosso espírito. Isso se chama novo nascimento. A condição para
nascer de novo é crer em Jesus e confessá-Lo como Senhor e Salvador. Não há o que
acrescentar a isso. Qualquer coisa a mais que nos for pedido não está de acordo com o que
diz a própria Palavra de Deus. Porque recebemos a Jesus como nosso Senhor e Salvador,

102
revisão

o Espírito dEle veio habitar em nosso coração. E é esse espírito que nos dá a certeza de
que somos salvos: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”
(Rm 8.16). O Espírito Santo é a garantia de que viveremos eternamente com Deus.

O Batismo com o Espírito Santo


Se você já recebeu a salvação e nasceu de novo, é hora de ir mais fundo em Deus e
receber o batismo com Espírito Santo. O batismo no Espírito Santo é um dom dado por
Deus que nos capacita a viver a vida de Deus que está dentro de nós, com ousadia e
coragem; a testemunhar Cristo aqui na terra, pregando o Evangelho, realizando milagres,
curando pessoas, e a experimentar uma comunhão maravilhosa com Deus. É uma expe-
riência bem diferente do novo nascimento.
Pelo novo nascimento, temos o Espírito Santo habitando dentro de nós. Por causa
disso, recebemos vida no nosso espírito e passamos a fazer parte da família de Deus.
O batismo com o Espírito Santo, entretanto, significa tê-Lo sobre nós e o efeito disso é que
Ele nos traz um revestimento de poder.
É muito importante nascer de novo, mas ser batizado no Espírito Santo é tão impor-
tante quanto. Jesus não ordenaria aos discípulos que esperassem esse revestimento de
poder se ele não fosse necessário. É através do batismo no Espírito Santo que recebemos
poder para fazer as obras que Jesus nos ordenou e, até mesmo, para ir além do que vimos
Jesus fazer: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as
obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (Jo 14.12).
Porque o batismo no Espírito Santo é muito importante, Jesus não só mandou que eles
estivessem reunidos para recebê-lo, mas, quando enviou o batismo, permitiu que todas as
pessoas que estavam ali o recebessem.
Quem é salvo tem o Espírito Santo habitando dentro, mas deve receber também o
batismo com Espírito Santo, que é um revestimento de poder, e falar uma linguagem
celestial: a oração em línguas.
Orar em línguas dará a você o poder de viver a vida de santidade que Deus propõe, lhe
permitirá crescer mais rapidamente na fé e ser fortalecido no espírito.
Não se contente com menos do que você tem direito.

Uma Mensagem Final


A partir deste momento em que você recebeu uma nova vida, não aceite mais ser
torturado por pensamentos do passado. Não permita que seus pensamentos digam a
você que não há salvação para o seu caso. Não aceite nenhuma condenação sobre você:
“Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam
segundo a carne, mas segundo o espírito” (Rm 8.1).

103
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

Se você já confessou a Jesus, mesmo que a sua consciência o condene, lembre-se de


que Deus é maior do que a sua consciência: “E nisto conheceremos que somos da verdade,
bem como, perante ele, tranquilizaremos o nosso coração; pois, se o nosso coração nos acusar,
certamente, Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas” (I Jo 3.19,20).
O que Ele diz, é o que é. Deus não mente!
O preço está pago! Tudo o que precisava ser feito, Jesus já fez. Temos o direito de
andar como filhos do próprio Deus. Um filho de Deus tem direito à herança do seu pai.
Deus nos chama de herdeiros dEle e co-herdeiros com Cristo: “Ora, se somos filhos, somos
também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também
com ele seremos glorificados” (Rm 8.17). Não podemos e nem mesmo devemos aceitar nada
inferior a isso.
Mas preste atenção: se você diz que recebeu a Jesus Cristo, se nasceu de novo e nada
na sua vida mudou, é melhor analisar o seu próprio coração. Quem nasceu de Deus não
vive mais na prática do pecado, não anda mais nos velhos hábitos, não usa o amor de Deus
como desculpa para manter uma vida que desagrada a Deus. O novo nascimento só é real
quando produz efeitos da nossa vida. Dizer que nasceu de novo, mas continuar levando a
mesma velha vida é mentira: “Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar
assim como ele andou” (I Jo 2.6). Aquele que nasceu de Deus não quer mais viver na prática
do pecado, porque tem, dentro de si, um desejo sincero de agradar a Deus, de conhecê-Lo
mais e mais: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes,
Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o maligno não lhe toca” (I Jo 5.18).
A evidência de que nascemos de novo e que realmente estamos salvos é viver uma
vida nova, abandonando tudo o que nos separava de Deus: “Todo aquele que é nascido de
Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse
não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (I Jo3.9).
Receba a nova vida que Ele tem para oferecer!
Comece a viver essa vida abundante que Jesus conquistou para você na cruz do Calvário!
Deixe o Espírito Santo encher a sua vida de alegria e poder!

104
ROTEIRO DA AULA DE
REVISÃO E CONSAGRAÇÃO

A aula de revisão foi estabelecida para reforçar o conteúdo do curso preparatório,


uma vez que os alunos não fazem provas. Esta aula deve durar todo o primeiro horário do
último dia de aula e ter um tempo reservado para tirar dúvidas, no final. Nela, o professor
deve rever cada tópico estudado naquele módulo, relembrando a suma do que foi dito até
aquele momento, mesmo que não tenha sido ensinado por ele. Para isto, o professor deve
estudar todo o conteúdo já ministrado.
As aulas de consagração foram criadas com intuito de elevar o nível da nossa Escola
como um todo! Cremos em um novo tempo para a sua escola, suas aulas e seus alunos.

Objetivos
• Manter os alunos fervorosos;
• Estimulá-los na prática da Palavra;
• Ajudá-los a, juntos, crerem para os desafios que se apresentam durante
o curso;

Programação - 50 minutos - última aula de cada matéria:


• Louvor (10 minutos) - Organizado pela Escola;
• Palavra (15 minutos) - Opcional;
• Oração;
• 25 minutos - havendo uma breve ministração;
• 40 minutos - caso não haja um tempo de Palavra.

105
CURSO DE INTRODUÇÃO BÍBLICA VERBO DA VIDA

ORIENTAÇÕES IMPORTANTES A SEREM SEGUIDAS

Professores

• Fica a critério do professor, decidir se terá ou não o tempo de ministração da


Palavra. Todavia, se o fizer, não deverá ultrapassar o tempo preestabelecido
de 15 minutos.
• Durante o tempo determinado para a oração, o professor deverá direcionar os
alunos a orarem por temas específicos e relacionados às matérias. Liberamos
dentro deste período, apenas os cinco minutos finais da aula, para que o
mesmo possa orar por situações específicas na vida de alunos como: enfer-
midades, família, ou qualquer outra situação.
• A aula de consagração não deve se tornar um momento de imposição de
mãos ou um culto. Logo, o professor não é obrigado a impor as mãos sobre os
alunos ou entregar profecias. Faça somente mediante uma direção específica.
• O mover e o fluir do Espírito fazem parte das aulas de consagração, não
devendo, porém, ultrapassar o limite de cinquenta minutos estabelecidos
para a aula.
• O Diretor pode trazer sugestões de motivos de oração.
• Não é permitido orar por aniversariantes.
• Não é permitido recolher ofertas.

Diretoria

• É de responsabilidade da Escola organizar o momento de louvor. Lembrando


também que para a montagem deste louvor não precisa ter uma banda com-
pleta. Ela pode conter apenas com um teclado ou violão, conforme a diretoria.
• Sugerimos que os monitores recebam treinamentos específicos de diaconia.
Caso algum professor ultrapasse o tempo da aula, é responsabilidade do
Diretor corrigi-lo e registrar o ocorrido na avaliação do mesmo.

Um grande abraço!

Canrobert Guimarães
Coordenação Nacional

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