Victor Thauan

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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E INOVAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL


MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL MODALIDADE PROFISSIONAL

AVALIAÇÃO COMPARATIVA DE IMPACTOS AMBIENTAIS ENTRE


PEQUENAS E GRANDES CENTRAIS HIDRELÉTRICAS – ESTUDO
DE CASO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ITABAPOANA

VICTOR THAUAN RIBEIRO COSTA

MACAÉ/RJ
2014
ii

VICTOR THAUAN RIBEIRO COSTA

AVALIAÇÃO COMPARATIVA DE IMPACTOS AMBIENTAIS ENTRE


PEQUENAS E GRANDES CENTRAIS HIDRELÉTRICAS – ESTUDO
DE CASO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ITABAPOANA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Engenharia Ambiental, Área de
Concentração Gestão de Unidades de
Conservação, linha de pesquisa Avaliação e
Gestão Ambiental, do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia.
Orientador: Prof. D.Sc. Jader Lugon Junior

MACAÉ/RJ
2014
iii
iv

AGRADECIMENTOS

Inicio agradecendo a Deus. Ele esteve sempre ao meu lado durante esta caminhada,
muitos obstáculos intransponíveis muitas vezes foram superados por sua graça. Obrigado
meu Senhor pelo otimismo e coragem fazerem parte de minha alma.
Agradeço aos meus pais, Alan Souza Costa e Maria Islânia Ribeiro Costa, que mesmo
distantes, estiveram sempre comigo, me apoiando e acreditando em meu potencial. Eu amo
vocês!
Obrigado a todos os meus familiares e aos meus amigos de Macaé, em particular aos
meus tios Gilmar, Edvan Luiza, Vânia Elis e Maria da Glória que me acolheram com todo
amor e carinho, sem medir esforços para concretização deste sonho.
Meu muitíssimo obrigado a todos os professores do Instituto Federal Fluminense em
especial meu orientador Doutor Jader Lugon Junior. Obrigado por acreditar em mim e
aceitar-me como orientando, seu incentivo e apoio foram fundamentais para conclusão desse
trabalho. Você sempre será uma referência como pessoa e como profissional. Também
agradeço ao professor Bruno Silveira pela troca de ideias durante o intercambio no Canadá.
Agradeço aos colegas, Talita, Rachel, Leonardo, Larissa, Vinicius e Carine, acima de
excelentes profissionais se mostraram verdadeiros amigos em momentos de descontração
vividos dentro e fora da sala de aula.
Por fim, agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental pelo
auxílio durante o primeiro ano do mestrado, este subsídio foi de grande relevância para o
desenvolvimento de minha pesquisa e manutenção pessoal.
v

“Cada sonho que você deixa para trás é um pedaço do


seu futuro que deixa de existir”

(Steve Jobs)
vi

RESUMO

Como o desenvolvimento econômico e social do Brasil, o consumo de energia


elétrica no país aumenta progressivamente, os grandes centros urbanos consomem cada vez
mais e áreas até então isoladas começam a ter acesso e sonhar com uma qualidade de vida
melhor, tornando necessárias uma maior produção energética e diminuir o desperdício.
Nesse contexto a região sudeste, maior consumidora, possui um potencial hidroelétrico total
mediano do qual maior parte já é aproveitado. Com qualidade ambiental prejudicada, esta
região necessita absorver energia de outras regiões através de linhas de transmissões e,
portanto, gera impactos em áreas mais frágeis e em bom estado de conservação, que
possuem a necessidade energética suprida. Nesse sentindo, diante da necessidade de
aumentar a eficiência energética com menor impacto ambiental possível, o presente estudo
visa contribuir com a discussão entre UHE e PCH, para subsidiar uma proposta de qual a
melhor opção de acordo com a região inserida, com base em estudos ambientais mais
eficientes e abrangentes. Dessa maneira, a presente pesquisa inicialmente apresenta um
panorama sobre os estudos realizados nos diferentes empreendimentos hidrelétricos,
apontando os principais impactos positivos e negativos, e a criação de um plano de
monitoramento ambiental, com auxílio da modelagem matemática, como uma solução para
a mitigação dos impactos negativos.

Palavras-chave: Energia Hidrelétrica, Impacto Ambiental, Eficiência Energética


vii

ABSTRACT

As economic and social development of Brazil, the consumption of electricity in the


country progressively increases, the large urban centers consume more and hitherto isolated
areas have access and start dreaming about a better quality of life, necessitating a higher
production and reduce energy waste. In this context the southeast, the biggest consumer, has
a total hydropower potential of the medium which most are already tapped. With impaired
environmental quality, this region needs to absorb energy from other regions through
transmission lines and therefore generates impacts on fragile areas and in good condition, we
have supplied the energy requirement. In that sense, given the need to increase energy
efficiency with the lowest possible environmental impact, this study aims to contribute to the
discussion between UHE and PCH, a proposal to subsidize what the best option according to
the inserted region, based on studies more efficient and comprehensive environmental. In this
way, the present study first provides an overview of the studies conducted in different
hydropower projects, pointing out the main positive and negative impacts, and the creation of
an environmental monitoring plan, with the help of mathematical modeling as a solution to
mitigate negative impacts.

Key words: Hydropower, Environmental Impact, Energy Efficiency


viii

LISTA DE FIGURAS

ARTIGO CIENTÍFICO 1

Figura 1 – Ilustração de uma PCH......................................................................... 22


Figura 2 – Esquema de funcionamento de uma hidrelétrica................................ 24
Figura 3 – Mapa do SIN destacando os subsistemas e interligações...................... 25

ARTIGO CIENTÍFICO 2

Figura 1 – Sonda Multiparamétrica de qualidade de água...................................... 39


Figura 2 – Esquema ilustrativo dos componentes de um modelo operacional....... 41
Figura 3 – Mapa da bacia do Rio Itapaboana e a localização geográfica da PCH
entre Bom Jesus do Itabapoana – RJ e Bom Jesus do Norte – ES........................... 42
Figura 4 – Pequena Central Hidrelétrica de Bom Jesus do Itabapoana ................. 43

ARTIGO CIENTÍFICO 3

Figura 1 – Small Hydraulic Power Plant location....................................................... 51


Figura 2 – Representation of the bathymetric data and the points considered for the
sensitivity analysis (black)………………………….................................................... 52

Figura 3 – Different methods used to calculate the K L aeration coefficient.............. 53


Figura 4 – Simulated results for different wind velocities vel = 2 m/s and vel = 4
m/s and different formulation....................................................................................... 55
Figura 5 – Simulated Dissolved Oxygen results at Stations 1 and 2 for different
wind velocities.............................................................................................................. 56
Figura 6 – Sensitivity Coefficient calculated for Stations 1 and 2.............................. 56
ix

LISTA DE QUADROS

ARTIGO CIENTÍFICO 2

Quadro 1 – Classes de usos preponderantes para águas doces definidas pela


Resolução CONAMA 357/2005................................................................................. 29
x

LISTA DE TABELAS

ARTIGO CIENTÍFICO 1

Tabela 1 – Empreendimentos Energéticos em Operação no Brasil no ano de


2014............................................................................................................................... 19

ARTIGO CIENTÍFICO 2

Tabela 1 – Monitoramento da Qualidade da Água no Rio Macaé............................... 33


Tabela 2 – Padrões para Lançamento de Efluentes Líquidos....................................... 37
Tabela 3 – Concentração máxima para substâncias lançadas em efluentes
líquidos.......................................................................................................................... 37
Tabela 4 – Especificações dos sensores da sonda multiparâmetro.............................. 39
xi

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

PCH – Pequena Central Hidrelétrica


MOHID – Modeling Hidrodymanic System
CFT - Coliformes Fecais Termotolerantes
LP - Licença Ambiental Prévia
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
ANA – Agência Nacional de Aguas
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO– Demanda Química de Oxigênio
pH – Potencial Hidrogeniônico
mg/L – Miligrama por Litro
OD – Oxigênio Dissolvido
AIA - Avaliação de Impacto Ambiental
EIA - Estudo de Impacto Ambiental
PCA - Plano de Controle Ambiental
RAE - Relatório de Acompanhamento de Efluentes
LI - Licença de Instalação
Kw - Quilowatt
TOC - Carbono orgânico total
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
INEA – Instituto Estadual do Ambiente
GPS – Global Position Search
UTM – Universal Transverse Mercator
CECA – Comissão Estadual de Controle Ambiental
PCD - plataformas de coleta de dados
RIMA –Relatório de Impacto Ambiental
IFF – Instituto Federal Fluminense
INEA – Instituto Estadual do Ambiente
NUPEM – Núcleo de Pesquisa em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente
UFF – Universidade Federal Fluminense
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
xii

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO.................................................................................................. 16
2 ARTIGO CIENTÍFICO 1....................................................................................... 17
ESTUDO SOBRE OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA
IMPLANTAÇÃO DE PEQUENAS E GRANDES CENTRAIS
HIDRELÉTRICAS................................................................................................ 17
RESUMO............................................................................................................... 17
ABSTRACT............................................................................................................. 18
2.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 18
2.2 Impactos ambientais de aproveitamentos Hidrelétricos................................. 20
2.3 Pequena Central Hidrelétrica (PCH)............................................................... 21
2.3.1 Impactos ambientais das PCHs.............................................................. 22
2.4 Usina Hidrelétrica (UHE).............................................................................. 23
2.4.1 Impactos ambientais das UHEs............................................................... 24
2.5 Redes de transmissão 25
2.6 CONCLUSÃO........................................................................................................ 26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 26
3 ARTIGO CIENTÍFICO 2....................................................................................... 27
PLANO DE MONITORAMENTO AMBIENTAL DA QUALIDADE DE
ÁGUA DE UMA PEQUENA CENTRAL HIDRELÉTRICA ASSOCIADO À
MODELAGEM MATEMÁTICA............................................................................. 29
4 ARTIGO CIENTÍFICO 3....................................................................................... 50
REAERATION COEFFICIENT SENSITIVITY ANALYSIS FOR WATER
QUALITY RIVER MODELLING............................................................................ 50
RESUMO............................................................................................................... 50
ABSTRACT............................................................................................................. 50
1 INTRODUCTION.............................................................................................. 52
2 DIRECT PROBLEM…...................................................................................... 53
3 SENSITIVITY STUDY................................................................................... 53
4 RESULTS……………………………………………………………………... 54
5 CONCLUSIONS........................................................................................................ 57
REFERÊNCES.............................................................................................................. 57
13

1 APRESENTAÇÃO

Mesmo diante de todo avanço tecnológico, até o presente momento não se pode
conferir a existência de um modelo de produção de energia que seja 100% limpo e seguro.
Nesse contexto é importante investir na diversificação da matriz energética, como forma de
prevenir a dependência de um único sistema, já que cada forma de geração tem suas
vantagens e desvantagens. O Brasil, devido a grande oferta de matéria-prima e a capacidade
de produção em larga escala em inúmeros processos de geração de energia elétrica, é
considerado exemplo para diversos países.
Dentre os vários métodos de geração de energia elétrica, o Brasil apresenta destaque
na conversão de energia cinética em elétrica, utilizando água (hidrelétrica) ou vento (eólica).
Ou também na transformação da energia térmica, com os combustíveis fósseis (derivados do
petróleo como óleo ou gás natural), biomassa (madeira, bagaço de cana de açúcar e outros) e
elementos radioativos (urânio, tório, plutônio) no caso das usinas nucleares de Angra dos
Reis.
A geração de energia hidrelétrica pode ser feita em grandes unidades denominadas
UHC (Usinas Hidrelétricas) que são caracterizadas por possuir grandes reservatórios de
regularização hídrica e portanto alteram significativamente o regime fluvial, ou PCH
(Pequena Central Hidrelétrica) que funciona a fio d’agua, ou seja, opera sem reservatório e
não alteram o regime hídrico.
Assim sendo, desperta a necessidade de estudar os aspectos relacionados aos impactos
ambientais na qualidade da água causados pela implantação desses empreendimentos. Nesse
sentido o monitoramento ambiental ganha importância, pois permite desenvolver indicadores
de qualidade de água dos corpos hídricos. Além disso, a modelagem matemática se destaca
como importante ferramenta possibilitando estudar cenários antes mesmo da implantação, ou
elaborar previsões do comportamento de parâmetros de interesse após a instalação da usina
com objetivo de apoiar a gestão.
Esta dissertação está estruturada pela união de 3 artigos desenvolvidos durante as
atividades acadêmicas no mestrado em Engenharia Ambiental na área de avaliação e gestão
ambiental. O artigo 1, que foi apresentado durante o Workshop on Environmental
Management and Sustainability (WEMS 2014) na Universidade de Winnipeg no Canadá,
caracteriza por um estudo na área energética, analisando os custos de produção e os impactos
ambientais das grandes e pequenas centrais hidrelétricas. O segundo artigo apresenta uma
14

revisão sobre monitoramento ambiental de uma pequena central hidrelétrica associada à


modelagem matemática como alternativa para avaliar as interferências antrópicas na
qualidade da água após a instalação da hidrelétrica. No terceiro e último artigo, apresentado
na 4ª International Conference on Engineering Optimization (EngOpt 2014) no Instituto
Técnico Superior em Lisboa – Portugal, foi realizado um modelo matemático para simulação
de operação de uma PCH em condições distintas de vazão e oxigênio dissolvido para
calibração do modelo.
15

2 ARTIGO CIENTÍFICO 1

ESTUDO COMPARATIVO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS


CAUSADOS PELA IMPLANTAÇÃO DE PEQUENAS E GRANDES
CENTRAIS HIDRELÉTRICAS
Victor Thauan Ribeiro Costa*1
Jader Lugon Junior**

Resumo
O processo de geração de energia utilizando sistemas hídricos sempre envolve
discussões, devido à complexidade do tema e existência de outras formas mais sustentáveis
de produção. As grandes centrais hidrelétricas (UHEs) demandam o alagamento de extensas
áreas, causando severas alterações nos ecossistemas e na sociedade envolvida. Neste
contexto, uma nova prática que exclui os grandes represamentos, está sendo adotada com a
construção das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e vem ganhando destaque devido à
redução dos impactos ambientais. Apesar de possuir um custo energético mais elevado, com
uma eficiência por m² menor que as UHEs, as PCHs ainda se apresentam como alternativas
viáveis para o abastecimento energético de regiões isoladas, evitando os altos custos das
redes de transmissões. Este trabalho tem o objetivo de analisar e discutir as diferenças entre
os dois modelos de geração de energia e comparar a quantidade de energia produzida e o
impacto ambiental causado em cada caso.

Palavras-chave: Hidrelétricas, Impactos ambientais, Geração de energia.

*Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Engenharia Ambiental pelo Programa de Pós-Graduação em


Engenharia Ambiental (PPEA) do Instituto Federal Fluminense.
** D.Sc. em Modelagem Computacional pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Professor do Instituto
Federal Fluminense.
16

ENVIRONMENTAL IMPACT COMPARATIVE STUDY OF BIG AND


SMALL HYDROELETRIC POWERPLANTS IMPLANTATION

Abstract

The process of power generation using water systems always involve discussions due
to the complexity of the topic and the existence of other more sustainable forms of
production. Large hydropower plants (HPPs) require the flooding of large areas, causing
severe changes in ecosystems and society involved. In this context, a new practice that
excludes large impoundment, is being adopted with the construction of small hydropower
(SHP) and is gaining prominence due to the reduction of environmental impacts. Despite
having a higher energy cost, with an efficiency per m² lower than the HPPs, the PCH still
present themselves as viable energy supplies to isolated regions of alternatives, avoiding the
high costs of network transmissions. This work aims to analyze and discuss the difference
between the two models of power generation and compare the amount of energy produced
and the environmental impact in each case.

Key words: Hydropower, environmental impacts, Power Generation.


17

2.1 INTRODUÇÃO

Desde fins do século XIX as centrais hidrelétricas vêm desempenhando um papel


importante na geração de energia no Brasil. A primeira hidrelétrica implantada no Brasil foi
uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH), em 1883, no município de Diamantina, Minas
Gerais, com o objetivo de fornecer energia para uma mina de diamantes. A crescente
urbanização e também a industrialização ocorrida entre os anos de 1890 e 1900,
impulsionaram a instalação de várias outras pequenas centrais, principalmente para atender à
demanda da iluminação pública, da mineração, do beneficiamento de produtos agrícolas e do
suprimento de indústrias têxteis e de serrarias existentes naquele estado, assim como em
outras localidades do país (MAKARON, 2012 apud GURTLER et al., 2006).
No Brasil este cenário começou a ser alterado a partir da instalação da empresa
canadense Light and Power Company, que construiu sua primeira usina em 1901, com uma
potência de 2.000 kW, e posteriormente a criação de outras companhias de eletricidade. Após
1920, dois elementos básicos caracterizavam a indústria de energia elétrica no Brasil: a
construção de centrais geradoras de maior envergadura, capazes de atender à constante
ampliação do mercado de energia e à intensificação do processo de concentração e
centralização das empresas concessionárias (TOLMASQUIM, 2005).
Segundo dados atualizados da ANEEL (2014) apresentados na Tabela 1 abaixo, o
Brasil possui no total 3.416 empreendimentos em operação, totalizando 131.665.236 kW de
potência instalada. Está prevista para os próximos anos uma adição de 35.633.369 kW na
capacidade de geração do País, proveniente dos 165 empreendimentos atualmente em
construção e mais 604 em empreendimentos com construção não iniciada. Deste último 135
são PCH’s que irão produzir um total de 1.925.703 KWh.
18

Tabela 1: Empreendimentos Energéticos em Operação no Brasil no ano de 2014.

Fonte: Banco de Informações de Geração - BIG da Agencia Nacional de Energia Elétrica – ANEEL,
2014.

A região sudeste atualmente possui um total de 128 empreendimentos em operação,


gerando 40.227 MW de potência, contribuindo com 33,3% do total produzido no pais. Está
prevista para os próximos anos uma adição de 1.465.534 kW na capacidade de geração do
Estado, proveniente de 1 empreendimento atualmente em construção e mais 14 em
construção não iniciada. No entanto, a região possui um consumo na rede de 235.237 GWh.
Espera-se com esta análise comparativa, apontar aspectos positivos e negativos dos
dois empreendimentos, contribuindo para tomada de decisão em projetos futuros, com a
orientação de qual melhor opção de acordo com a região de implantação e a demanda
necessária, com um menor impacto no meio ambiente.
A estrutura deste trabalho inclui uma revisão e uma análise a respeito da implantação
de hidrelétricas sob o ponto de vista da geração de energia (custo em reais por MWh) em
relação ao impacto ambiental e social gerado, considerando aspectos burocráticos para
liberação da obra e distancia dos polos consumidores para transmissão desta energia.
As UHE apesar de possuírem um custo de MWh baixo, exigem estudos complexos
para sua implantação. Geralmente estes processos são demorados e enfrentam resistência da
comunidade envolvida, além disso estão localizados distantes dos centros consumidores. Já
as PCH’s, mesmo com a baixa eficiência energética possuem a vantagem de estabelecimento
próximo às áreas de consumo e causar um menor impacto ambiental.

2.2 Impactos ambientais de aproveitamentos Hidrelétricos

Segundo ROSA et al. (1995), a hidreletricidade, para a situação brasileira, é


considerada a melhor solução técnica e econômica, em face dos riscos ambientais e dos
custos, se comparada com a energia nuclear. Sendo também a melhor alternativa de geração
19

elétrica quando comparada com a termoeletricidade a combustíveis fósseis, pois tem como
vantagens o fato de ser renovável e disponível no país a menor custo.
As obras hidrelétricas, de uma forma geral, produzem grandes impactos sobre o meio
ambiente, que são verificados ao longo e além do tempo de vida da usina e do projeto, bem
como ao longo do espaço físico envolvido. Os impactos mais significativos e complexos
ocorrem nas fases de construção e de operação da usina, os quais poderão afetar o andamento
das próprias obras (SOUSA, 2000).
Os impactos físicos mais comuns são a diminuição da correnteza do rio alterando a
dinâmica do ambiente aquático, com isso o fluxo de sedimentos é alterado favorecendo a
deposição deste no ambiente lótico, a temperatura do rio também é modificada, tendendo a
dividir o lago da represa em dois ambientes: um onde a temperatura é mais baixa (o fundo do
lago) e outro onde a temperatura é mais alta (superfície do lago). Este fato repercute, também,
em outros impactos uma vez que com essa disposição há pouca mistura na água do ambiente
represado, criando condições anóxicas e favorecendo a eutrofização do mesmo e a ocorrência
de reações químicas que geram compostos nocivos ao interesse humano, sendo estes os
principais impactos químicos observados (SOUSA, 2000).
De acordo com Sousa (2000), os impactos biológicos relacionam-se à barreira física
representada pela barragem para as espécies aquáticas, constituindo um fator de isolamento
das populações antes em contato. Além deste fato, a barragem impede ou dificulta a piracema
das espécies de peixe. A transformação da dinâmica do rio, bem como as alterações na
qualidade da água, afetam tanto a região a montante quanto a jusante da barragem. Tais
impactos, geralmente, afetam a biodiversidade do rio.
A instalação de uma usina hidrelétrica, juntamente com o lago formado e todas as
alterações mencionadas anteriormente, repercutem nas sociedades organizadas na região do
projeto e além dos limites destas também. O aumento na oferta de energia representa uma
conseqüência global de qualquer empreendimento de hidreletricidade. Entretanto, todos os
eventos desencadeados por essa forma de energia, tais como diminuição na qualidade de
água, desagregação social de comunidades locais e aumento na incidência de doenças seriam
conseqüências imediatas para os habitantes da região do projeto, representando os impactos
sociais do empreendimento. Embora sejam mais subjetivos, estes efeitos devem ser
considerados e analisados por ocasião de projetos hidrelétricos (SOUSA, 2000).
20

2.3 Pequena Central Hidrelétrica (PCH)

O definição de Pequena Central Hidrelétrica (PCH) pode ser consultada segundo a


Resolução nº 652, de 9 Dezembro de 2003 da Agência Nacional de Energia Elétrica –
ANEEL:

Art. 3 Será considerado com características de PCH o


aproveitamento hidrelétrico com potência superior a 1.000 kW e igual
ou inferior a 30.000 kW, destinado a produção independente,
autoprodução ou produção independente autônoma, com área do
reservatório inferior a 3,0 km².

De acordo com as diretrizes para Estudos e Projetos de PCH da Eletrobras (2000) as


PCHs são classificadas quanto à capacidade de regularização do reservatório que podem ser a
Fio d’Água ou de Acumulação (Regularização Diária ou Mensal do Reservatório).
As PCHs a fio d’água (figura 1), desprezam-se o volume do reservatório criado pela
barragem. O sistema de adução é projetado para conduzir a descarga necessária para fornecer
a potência que atenda à demanda máxima. O aproveitamento energético local será parcial e o
vertedouro funciona na quase totalidade do tempo, extravasando o excesso de água. Esse tipo
de PCH é empregado quando as vazões de estiagem do rio são iguais ou maiores que a
descarga necessária à potência a ser instalada para atender à demanda máxima prevista.

Figura 1 – Ilustração de uma PCH

Fonte: Tiago Filho (2010).


21

Segundo Carneiro (2010), um local adequado para a implantação de uma PCH


preferencialmente deve ter uma queda natural acentuada, boas condições de fundamentação,
jazidas naturais de material de construção próxima do local da obra e baixo impacto do
empreendimento sobre a região.

2.3.1 Impactos ambientais das PCHs

Os impactos causados pela construção de PCHs estão relacionados ao tamanho,


volume, tempo de retenção do reservatório, localização geográfica e localização no
continuum do rio. Os principais impactos detectados são: inundação de áreas agricultáveis;
perda de vegetação e da fauna terrestres; interferência na migração dos peixes; mudanças
hidrológicas a jusante da represa; alterações na fauna do rio; interferências no transporte de
sedimentos; aumento da distribuição geográfica de doenças de veiculação hídrica; perdas de
heranças históricas e culturais, alterações em atividades econômicas e usos tradicionais da
terra; problemas de saúde pública, devido à deterioração ambiental; perda da biodiversidade,
terrestre e aquática; efeitos sociais por realocação (NILTON, 2009).
Todas estas alterações podem resultar de efeitos diretos ou indiretos, produzindo
efeitos e impactos cumulativos, transformando inteiramente as condições biogeofísicas,
econômicas e sociais de toda a área (ANDRADE. 2010).
Nem todos os efeitos da construção de uma PCH são negativos. Devem-se considerar
também muitos efeitos positivos como: produção de energia: hidroeletricidade; retenção de
água regionalmente; aumento do potencial de água potável e de recursos hídricos reservados;
criação de possibilidades de recreação e turismo; aumento do potencial de irrigação; aumento
e melhoria da navegação e transporte; aumento da produção de peixes e da possibilidade de
aqüicultura; regulação do fluxo e inundações; aumento das possibilidades de trabalho para a
população local (NILTON, 2009).

2.4 Usina Hidrelétrica (UHE)

Usina hidrelétrica ou central hidroelétrica é um complexo arquitetônico, um conjunto


de obras e de equipamentos, que tem por finalidade produzir energia elétrica através do
aproveitamento do potencial hidráulico existente em um rio (UNESP, 2010).
As centrais hidrelétricas geram, como todo empreendimento energético, alguns tipos
22

de impactos ambientais como o alagamento das áreas vizinhas, aumento no nível dos rios, e
em algumas vezes, pode mudar o curso do rio represado, podendo, ou não, prejudicar a fauna
e a flora da região. Todavia, é ainda uma forma de se gerar energia elétrica mais barata do que
outras plantas industriais como a usina termo nuclear e menos agressiva ambientalmente do
que as usinas termoelétricas a petróleo ou a carvão, por exemplo, pois a energia hidráulica é
considerada uma fonte limpa. A viabilidade técnica de cada caso deve ser analisada
individualmente por especialistas em engenharia ambiental e especialista em engenharia
hidráulica, que geralmente para seus estudos e projetos utilizam modelos matemáticos,
modelos físicos e modelos geográficos (ENERGY, 2010).
A usina hidrelétrica funciona convertendo a energia hidráulica em energia mecânica
através de uma turbina hidráulica. A energia mecânica por sua vez é convertida em energia
elétrica por meio de um gerador, passando por transformadores que a preparam para ser
transmitida para uma ou mais linhas de transmissão que é interligada à rede de distribuição.

Figura 2 - Esquema de funcionamento de uma hidrelétrica

Fonte: ENERGY, 2010

Um sistema elétrico de energia é constituído por uma rede interligada por linhas de
transmissão (transporte). Nessa rede estão ligadas as cargas (pontos de consumo de energia) e
os geradores (pontos de produção de energia). Uma central hidrelétrica é uma instalação
ligada à rede de transporte que injeta uma porção da energia solicitada pelas cargas (GDT,
2010).
23

2.4.1 Impactos ambientais das UHEs

No Brasil, grande parte da energia elétrica produzida provém de usinas hidrelétricas,


devido a grande quantidade de água existente no território nacional. Nesse tipo de usina, é
realizada a transformação da energia potencial da água represada em energia cinética, girando
pás de gigantescas turbinas, produzindo energia elétrica a partir do acionamento do eixo de
um gerador. O tipo de hidrelétrica é em função, basicamente da vazão do rio e da queda
disponível. A grande participação das hidrelétricas na matriz elétrica brasileira a torna muito
dependente da continuidade no sistema de chuvas (DIDONET, 2009).

Ainda segundo o autor, para atender a outro mercado, onde a construção de grandes
hidrelétricas é inviável, uma alternativa é o emprego de pequenas centrais hidrelétricas
(PCHs), que no Brasil, são aquelas cuja potência instalada não ultrapassa 30 MW e o seu lago
tem uma área máxima de 3 km² para a cheia centenária.

Usinas hidrelétricas de grande porte acarretam impactos ambientais significativos que


atingem os meios físicos, bióticos, social e econômico, tanto na região do lago artificial como
na continuação do rio depois da represa. Diversos problemas são causados: impacto na flora e
fauna, interferência no clima, perda de qualidade da água servida a população, alagamento de
áreas agrícolas e comprometimento da riqueza mineral, interferência na navegação do rio,
erosão e desmatamento das margens da área inundada e desaparecimento de belezas naturais.
Sem falar em agravantes como alagamento de áreas indígenas, de áreas de proteção ambiental
e até mesmo de cidades inteiras, o que também leva a população a outras realidades
econômica, cultural ou social. Um exemplo bem conhecido de impacto ambiental é o da
hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia. O represamento das águas do Rio São Francisco
formou um lago que gerou mudanças drásticas em todo o seu hábitat (DIDONET, 2009).

2.5 Redes de transmissão

Os investimentos na cadeia de produção de eletricidade abrangem três segmentos


principais: geração, transmissão e distribuição. Na transmissão, compreendem a construção
de novas interligações entre os subsistemas mas também o reforço de toda a malha da rede
básica, em consonância com o aumento da carga e dos fluxos de energia.
24

Segundo os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS (2006), o sistema


de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um sistema hidrotérmico de grande
porte com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito mundial. O
Sistema Interligado Nacional (SIN) é formado pelas empresas das regiões Sul, Sudeste,
Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte. Apenas 1,7% da energia requerida pelo país
encontra-se fora do SIN, em pequenos sistemas isolados localizados principalmente na região
amazônica. A figura abaixo mostra o mapa do SIN destacando subsistemas, interligações e
principais fontes geradoras em operação e em projeto.

Figura 3 – Mapa do SIN destacando os subsistemas e interligações

Fonte: Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)

Atualmente o Brasil possui 106.444 km de linhas de transmissão. Estudos realizados


pela ELETROBRAS destacam que o custo de implantação de uma linha de transmissão pode
chegar a R$705.879,00/km.
25

2.6 CONCLUSÃO

Apesar de tipicamente as UHCs possuirem uma relação custo/energia mais elevada do


que as PCHs, as ultimas possuem um período de construção menor e processo de licitação
menos burocrático.
Com base no levantamento bibliográfico desenvolvido pode-se concluir que as PCHs
“a fio d’água” por dispor de reservatórios menores, causam menores impactos na qualidade
da água.
Finalmente as PCHs mostram-se como alternativa viável para suprir a demanda
proxima da região de implantação, pois a maior proximidade entre geração e consumo
implica em menor comprimento das linhas de transmissão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2014.
27

3 ARTIGO CIENTÍFICO 2

PLANO DE MONITORAMENTO AMBIENTAL DA QUALIDADE DE ÁGUA DE


UMA PEQUENA CENTRAL HIDRELÉTRICA ASSOCIADO À MODELAGEM
MATEMÁTICA

Resumo

Tendo em vista a necessidade do monitoramento ambiental imposta pela legislação


para acompanhar as interferências antrópicas na qualidade da água na implantação de
empreendimentos, esse trabalho oferece uma alternativa de inclusão de dados obtidos por
sensores continuos e modelagem matemática no plano de controle e monitoramento
ambiental de Pequena Central Hidrelétrica (PCH) no rio Itabapoana no estado do Rio de
Janeiro.

Palavras-chave: Pequena Central Hidrelétrica, Plano de Controle Ambiental, Monitoramento


Ambiental, Rio Itabapoana, Modelagem matemática.
28

PROPOSED ENVIRONMENTAL WATER QUALITY MONITORING OF SMALL


HIDROELECTRIC POWERPLAN ASSOCIATED TO MATHEMATICAL
MODELING

Abstract

Given the need for environmental monitoring required by legislation to monitor


anthropogenic interference in water quality in the implantation of projects, this paper offers
an alternative inclusion of data from sensors and continuous mathematical modeling in the
control plan and environmental monitoring Small Hydroelectric Power Plant in Itabapoana
river in the state of Rio de Janeiro.

Keywords: Small Hydropower, Control Plan, Environmental Monitoring, Rio Itabapoana,


Mathematical modeling.

3.1 Introdução

Atendendo às exigências dos Órgãos Ambientais para licenciamento das obras de


implantação da PCH Bom Jesus do Itabapoana, foi elaborado um modelo matemático de
qualidade de água que simulou o comportamento de alguns parâmetros em resposta às
intervenções previstas no empreendimento. Os parâmetros analisados foram as concentrações
de nitrato, amônia, ortofosfato, clorofila, demanda bioquímica de oxigênio, oxigênio
dissolvido (OD) e coliformes fecais termotolerantes (CFT). A interpretação dos resultados da
qualidade da água na condição natural do corpo hídrico e após as obras, compôs um relatório
técnico encaminhado junto ao órgão fiscalizador.
O modelo matemático desenvolvido foi construído no simulador MOHID, que é uma
plataforma de simulação hidrodinâmica e transporte de constituintes em suspensão e solução,
neste trabalho de acordo com as simulações geradas pode-se concluir pelo cenário mais
crítico estudado, correspondente ao de mais baixa vazão (aqui adotada de 3.87 m³/s), a
ocorrência de alterações importantes na concentração OD e Amônia. Além do fato de tal
cenário ser de rara ocorrência dentro da série de vazões levantadas pelo estudo, os modelos
indicaram que a qualidade da água, em virtude da baixa vazão, já teria certo grau de
comprometimento, que eventualmente seria agravado pela intervenção prevista. Por outro
lado, na operação normal da PCH, o modelo matemático permite prever que a redução da
29

descarga do rio à vazão sanitária, resultaria em importantes alterações nos parâmetros


avaliados, no entanto manteriam a qualidade da água do rio dentro dos limites estabelecidos
pela Resolução CONAMA 357/05 para águas doces de Classe 1, exceção feita à concentração
de Oxigênio Dissolvido (LUGON, 2013).
A partir destes resultados, o presente trabalho pretende desenvolver um estudo de
sensibilidade do modelo em questão e propor a incorporação da modelagem matemática no
monitoramento ambiental de pequenas centrais hidrelétricas visto que, para seguir a
legislação ambiental brasileira, atualmente as PCHs realizam análises em pontos isolados,
que na visão deste autor não representa fielmente a situação de todo o corpo hídrico.

3.2 Plano de Monitoramento e Controle Ambiental

Os Planos de Controle e Monitoramento Ambiental objetivam apoiar no


gerenciamento dos impactos ambientais adversos gerados e/ou previsíveis ao sistema
ambiental pelas ações do empreendimento. Desse modo, a implantação de medidas
mitigadoras e compensatórias definidas nos estudos ambientais e exigências da Licença
Ambiental Prévia - LP estabelecem procedimentos técnicos e de boas práticas a serem
adotadas para atendimento à legislação ambiental.
O monitoramento de efluentes e de qualidade da água num corpo hídrico receptor é
um importante instrumento de gestão ambiental, estabelecidos pela Resolução CONAMA Nº
375/2005 e DZ-942.R-7 do INEA.
A bacia do rio Itabapoana ainda não recebeu enquadramento quanto ao seu uso,
porém, segundo relatório do Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos da ANA,
apesar das agressões ambientais, presume-se que as águas do rio Itabapoana estariam
inseridas na classe 2 da Resolução CONAMA 357 de 2005 (WERNECK, 2012).
A Resolução CONAMA 357/2005 adota treze classes para águas doces, salobras e
salinas do território nacional (Quadro 1). Para cada classe são estabelecidos limites e/ou
condições de qualidade a serem respeitados, de modo a assegurar seus usos preponderantes,
sendo mais restritivos quanto mais nobre for o uso pretendido (FERREIRA, 2012 apud
BRASIL, 2005).
30

Quadro 1 - Classes de usos preponderantes para águas doces definidas pela Resolução
CONAMA 357/2005.

Classes Usos

a) Abastecimento para consumo humano com


desinfecção;
b) Preservação do equilíbrio natural das
Especial comunidades aquáticas;
c) Preservação dos ambientes aquáticos em unidades
de conservação de proteção integral.

a) Abastecimento para consumo humano após


tratamento simplificado;
b) Proteção das comunidades aquáticas;
c) Recreação de contato primário (natação);
d) Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e
de frutas que se desenvolvem rentes ao solo e que
sejam ingeridas cruas sem remoção de película;
1
e) Proteção das comunidades aquáticas em terras
indígenas.

a) Abastecimento para consumo humano após


tratamento convencional;
b) Proteção das comunidades aquáticas;
c) Recreação de contato primário;
d) Irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de
2 parques, jardins, campos de esporte e lazer, onde o
público possa vir a ter contato direto a água;
e) Aqüicultura e atividade de pesca.

a) Abastecimento para consumo humano após


tratamento Convencional ou avançado;
b) Irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e
forrageiras;
c) Pesca amadora;
3 d) Recreação de contato secundário;
e) Dessedentação de animais.

4 a) Navegação;
b) Harmonia paisagística.

Fonte: FERREIRA, 2012; BRASIL, 2005.


31

A seguir, na tabela 1 é apresentado o plano de monitoramento ambiental da Usina


Termoelétrica Mário Lago, localizada na cidade de Macaé, que foi objeto de estudo de Matos
(2008), onde pode se observar a periodicidade das análises de acordo com os limites
estabelecidos pela resolução do CONAMA Nº 375/05 para a qualidade da água a montante e
jusante da usina de acordo com os paramentros de interesse.

Tabela 1 - Monitoramento da Qualidade da Água no Rio Macaé.

Fonte: MATOS, 2008


32

De acordo com a DZ-942.R-7 de 1991, monitoramento é a atividade que compreende


a medição de vazão, coleta de amostra, análise de campo e laboratorial e interpretação dos
dados. Enquanto a toxicidade é a capacidade de um efluente liquido provocar um efeito
observável em um organismo aquático vivo. Estão sujeitas ao PROCON ÁGUA todas as
atividades efetivas ou potencialmente poluidoras de água. A FEEMA especificará os
parâmetros que deverão ser determinados e reportados através do RAE, onde as freqüências
para monitoramento dos diversos parâmetros dos efluentes líquidos de acordo com a vazão
(m3/dia) específica do corpo hídrico, são estabelecidos com valores até 100, de 100 a 1000,
de 1000 a 10000 e acima de 10000 m3/dia. O Rio Itabapoana por possui uma vazão média de
13,97 m3/s, se encontra na classe de análises para vazões acima de 10000 m3/dia que
determina verificações diárias para pH, Temperatura, Condutividade, Oxigênio dissolvido,
DQO, Resíduos e Coliformes fecais, considerando um número mínimo de 12 amostras no
efluente contínuo. Novos Parâmetros poderão ser incluídos quando constatada a necessidade.

3.3 Legislação Ambiental Brasileira

A legislação ambiental brasileira desde as primeiras décadas do Século XX, com o


Código de Águas de 10 de Julho de 1934, estabelece direitos e deveres, para o uso e
conservação da qualidade dos recursos hídricos. O Livro III do Decreto Nº 24.643 estabelece
a regulamentação da Indústria Hidrelétrica através de mecanismos que controla a energia
hidráulica e seu aproveitamento, a propriedade das quedas d’agua, concessões e autorizações,
fiscalização e penalidades.
Em 1977, o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras foi regulamentado
pela primeira vez, no Rio de Janeiro, pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEEMA).
Com esse Sistema, os Estudos de Impacto Ambiental passaram a se constituir em um
importante meio de aplicação de uma política preventiva (CORDEIRO, 2003).
Durante quase uma década, outras normas, decretos e leis buscaram estabelecer
formas de uso mais racional do meio ambiente, pois uma das principais preocupações do
legislador era o controle da poluição, fonte de conflitos de interesse entre diferentes setores
da sociedade brasileira. A Lei 6.803/80, que dispõe sobre as diretrizes básicas para o
zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição, é um exemplo desse momento.
(THEODORO et al, 2004).
Todavia, a Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
33

seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências é um marco


histórico em termos de norma de proteção ambiental no Brasil, pois estabelece as definições,
as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implantação
da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) como um instrumento de grande importância para
a gestão institucional de planos, programas e projetos, em nível federal, estadual e municipal.

Art. 2º A Política Nacional do Meio Ambiente tem por


objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao
desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os
seguintes princípios:
...
III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
...
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
...
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
...
Para alcançar esse objetivo, a Lei 6.938/81 prevê a Avaliação de Impacto Ambiental -
AIA e uma série de outros instrumentos complementares e inter-relacionados, como por
exemplo:
• o licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, que exige a
elaboração de EIA/RIMA e/ou de outros documentos técnicos, os quais constituem
instrumentos básicos de implantação da AIA;
• o zoneamento ambiental, o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental e a criação
de unidades de conservação, que condicionam e orientam a elaboração de estudos de impacto
ambiental e de outros documentos técnicos necessários ao licenciamento ambiental;
• os Cadastros Técnicos, os Relatórios de Qualidade Ambiental, as penalidades disciplinares
ou compensatórias, os incentivos à produção, a instalação de equipamentos e a criação ou
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental, que facilitam ou
condicionam a condução do processo de AIA em suas diferentes fases.

3.3.1 Instrumentos legais de implantação da AIA: EIA/RIMA e/ou PCA e RCA

O Estudo de Impacto Ambiental foi introduzido no sistema normativo brasileiro, via


Lei 6.803/80, no seu artigo 10, § 3º, que tornou obrigatória a apresentação de “estudos
especiais de alternativas e de avaliações de impacto” para a localização de pólos
petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos e instalações nucleares.
Posteriormente, a Resolução CONAMA 001/86 estabeleceu a exigência de elaboração
34

de Estudo de Impacto Ambiental-EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental-RIMA


para o licenciamento de diversas atividades modificadoras do meio ambiente, bem como as
diretrizes e atividades técnicas para sua execução. De acordo com essa Resolução, o
EIA/RIMA deve ser realizado por equipe multidisciplinar habilitada, não dependente direta
ou indiretamente do proponente do projeto e que será responsável tecnicamente pelos
resultados apresentados (art. 7º).
Finalmente, em 1988 a Constituição Federal através de seu artigo 225, inciso IV, fixou
a obrigatoriedade do Poder Público exigir o Estudo Prévio de Impacto Ambiental para a
instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do
meio ambiente, despontando como a primeira Carta Magna do planeta a inscrever a
obrigatoriedade do estudo de impacto no âmbito constitucional.
Concluído o EIA e apresentação publica, se faz necessário o monitoramento de acordo
com o Plano de Controle Ambiental (PCA) que é exigido pela Resolução CONAMA 009/90
para concessão de Licença de Instalação-LI de atividade de extração mineral de todas as
classes previstas no Decreto-Lei 227/67. O PCA é uma exigência adicional ao EIA/RIMA
apresentado na fase anterior (Licença Prévia-LP). O PCA tem sido exigido por alguns órgãos
estaduais de meio ambiente também para o licenciamento de outros tipos de atividade.
Já o Relatório de Controle Ambiental é exigido pela Resolução CONAMA 010/90, na
hipótese de dispensa do EIA/RIMA, para a obtenção de Licença Prévia-LP de atividade de
extração mineral da Classe II, prevista no Decreto-Lei 227/67. Deve ser elaborado de acordo
com as diretrizes estabelecidas pelo órgão ambiental competente.
Em esfera estadual, a FEEMA (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente,
denominada INEA – Instituto Estadual do Ambiente a partir de 2009), tendo sido unificada à
SERLA (Secretaria Estadual de Rios e Lagoas) e ao IEF (Instituto Estadual de Florestas),
estabelece, por meio da DZ942R7, as diretrizes do PROCON ÁGUA (Programa de
Autocontrole de Efluentes Líquidos), na qual os responsáveis por atividades poluidoras
informam regularmente a este órgão ambiental, por meio do RAE (Relatório de
Acompanhamento de Efluentes), as características qualitativas e quantitativas de seus
efluentes líquidos, como parte integrante do SLAP (Sistema de Licenciamento de Atividades
Poluidoras), que segue os critérios e padrões estabelecidos pela NT-202R-10 para lançamento
de efluentes líquidos no estado do Rio de Janeiro.
A seguir as tabelas 3 e 4 do item 4 da NT–202R-10 apresenta os padrões estabelecidos
para lançamentos em efluentes líquidos:
35

Tabela 2 - Padrões para Lançamento de Efluentes Líquidos


PARÂMETRO ÍNDICE PERMITIDO
pH Entre 5,0 e 9,0
Temperatura Inferior a 40 ºC
Materiais sedimentáveis Até 1,0 ml/l, em teste de 1 hora em “Cone
Imnhoff”
Materiais flutuantes Virtualmente ausentes
Cor Virtualmente ausente
Óleos minerais Até 20 mg/l
Óleos vegetais e gorduras animais Até 30 mg/l.
Fonte: Adaptado NT-202R-10

Tabela 3 - Concentração máxima para substâncias lançadas em efluentes líquidos


SUBSTÂNCIA CONCENTRAÇÃO MÁXIMA
Alumínio total 3,0 mg/l Al
Arsênio total 0,1 mg/l As
Bário total 5,0 mg/l Ba
Boro total 5,0 mg/l B
Cádmio total 0,1 mg/l Cd
Chumbo total 0,5 mg/l Pb
Cobalto total 1,0 mg/l Co
Cobre total 0,5 mg/l Cu
Cromo total 0,5 mg/l Cr
Estanho total 4,0 mg/l Sn
Ferro solúvel 15,0 mg/l Fe
Manganês solúvel 1,0 mg/l Mn
Mercúrio total 0,01 mg/l Hg
Níquel total 1,0 mg.1 Ni
Prata total 0,1 mg/l Ag
Selênio total 0,05 mg/l Se
Vanádio total 4,0 mg/l V
Zinco total 1,0 mg/l Zn
Amônia 5,0 mg/l N
Cloro ativo 5,0 mg/l Cl
Cianetos 0,2 mg/l CN
Índice de fenóis 0,2 mg/l C6H5OH
Fluoretos 10,0 mg/l F
Sulfetos 1,0 mg/l S
Sulfitos 1,0 mg/l SO3
Pesticidas organofosforados e carbamatos 0,1 mg/l (por composto)
Pesticidas organofosforados e carbamatos 1,0 mg/l
totais (somatório dos pesticidas analisados
individualmente)
Hidrocarbonetos alifáticos halogenados 0,1 mg/l (por composto)
voláteis, tais como: 1,1,1-tricloroetano;
diclorometano; tricloroetileno e
tetracloroetileno.
Fonte: NT-202R-10, 1986.
36

3.4 Monitoramento Automático por Sensores

O processo de aquisição de informações hidro-ambientais baseia-se em equipamentos


capazes de monitorar diversos parâmetros e armazenar os resultados das medidas em
memória eletrônica. Tais equipamentos são conhecidos como "data-loggers". Peça
fundamental das estações automáticas de monitoramento, os "data-loggers" são capazes de
armazenar dados coletados durante algumas semanas ou alguns poucos meses, dependendo
do intervalo de tempo entre medições subseqüentes. Sensores específicos para cada
parâmetro a ser monitorado são conectados aos diversos canais de registro dos "data-
loggers". Cada um dos sensores fornece uma determinada resposta eletrônica ao estímulo
recebido quando do contato com a água. As respostas são registradas periodicamente para,
posteriormente, serem traduzidas em valores numéricos quando se faz a coleta dos dados
armazenados, com auxílio de um computador portátil (BRAGA, 2003).
Segundo Magina et al. (2007) o monitoramento de qualidade da água por meio de
plataformas de coleta de dados (PCDs) oferece hoje uma enorme gama de opções de
parâmetros que podem ser investigados. Dentre eles podemos citar os metais pesados; os
nitritos, fosfatos, cianetos, cloretos e fluoretos; os hidrocarbonetos e a amônia; o carbono
orgânico total (TOC); os parâmetros químicos e físicos, tais como: temperatura,
condutividade, turbidez oxigênio dissolvido e pH.
De acordo com o mesmo autor, um grupo de sensores configurados conjuntamente é
chamado de sonda multiparâmetro de qualidade da água a qual geralmente está conectada a
um sistema de aquisição, gravação e transmissão de dados (PCD). Junto com a sonda
multiparâmetro de qualidade da água (Figura 1) utiliza-se também um dispositivo “handheld”
dotado de display e teclado e com software residente capaz de realizar leituras e calibrações
dos sensores no campo e no laboratório. A Tabela 4 apresenta um resumo das especificações
dos sensores da sonda de qualidade da água utilizada no monitoramento automático.
37

Figura 1 – Sonda Multiparâmetro de qualidade da água

Fonte: Autor, 2014.

Tabela 4 – Especificações dos sensores da sonda multiparâmetro

Fonte: Magina et al., 2007

3.5 Modelagem Matemática ou Computacional

A modelagem computacional tem sido utilizada em diversas vertentes como


ferramenta no estudo e gerenciamento de recursos hídricos. Esta técnica é uma representação
simplificada de um sistema, mantendo suas características essenciais. Os modelos são
classificados em analógicos, matemáticos e icônicos. Com o auxilio destas ferramentas é
possível construir múltiplas representações de uma mesma situação e com isso gerar
prognósticos de um fato real.
38

Dentre as várias definições de modelagem matemática, podemos citar o conceito


clássico de Iritani (1998):

A modelagem matemática consiste na representação matemática do


que acontece na natureza a partir de um modelo conceitual, idealizado
com base no levantamento e interpretação de dados e observações do
sistema real, tendo como objetivo uma melhor compreensão do
sistema atual, possibilitando prever situações futuras, algumas vezes
passadas, porém sempre buscando direcionar ações de decisão
(IRITANI, 1998 apud BONGANHA et al., 2007).

O uso da modelagem possibilita a previsão, através de análises, do comportamento


futuro do sistema em estudo. Através do fornecimento de dados de entrada e verificação dos
dados de saída no modelo, é possível analisar as propriedades e comportamento do sistema de
uma maneira prática (BRATLEY et al., 1987 apud LIMA et al., 2010). Este processo de
execução de um modelo matemático computacional na representação de um sistema é
conhecido como simulação (MARIA,1997).

3.6 Modelo Operacional

A modelação operacional vem sendo implantada em todo o mundo atraves de sistemas


integrados que disponibilizam dados de registros históricos e em tempo real, além de
previsões diárias de condições do meio atmosférico e aquático através de uma interface na
internet (FERNANDES, 2005).
Segundo o mesmo autor, estes sistemas operacionais vão muito além de modelos
numéricos que fazem previsões todos os dias. Ele pode ser visto como uma infra-estrutura
que pode incluir um ou mais modelos numéricos, uma rede de monitorização automática,
dados obtidos em campanhas de monitorização e detecção remota, bases de dados para
armazenamento de medições e previsões, mecanismos de validação da informação e
ferramentas que disponibilizem os resultados num formato útil aos clientes finais (Figura 2).

Figura 2 - Esquema ilustrativo dos componentes de um modelo operacional


39

Fonte: FERNANDES, 2005

Estes modelos podem ser empregados em escala global, como é o caso da previsão
oceânica de larga escala, representada pelos importantes sistemas HYCOM e o MERCATOR.
Da mesma forma que podem ser desenvolvidos em todo o mundo vários modelos para áreas
específicas como é o caso de GoMOOS, PORTS e Mediterranean Forecasting System (SFM).
Fernandes (2005) apresenta possíveis produtos e serviços específicos que podem ser
fornecidos por um sistema de modelagem operacional:

- Previsão de até 10 dias: de busca e salvamento, a evolução


poluição, proliferação de algas tóxicas, transporte e dispersão de
partículas e massas de água (por exemplo, larvas de peixes,
contaminantes, matéria em suspensão, de água doce), o clima
do litoral (por exemplo, os padrões atuais, turbulência,
temperatura, salinidade, ondas, nível da água, do vento);
...
- Vários anos reconstituição e observação, dos cenários
simulados com produção e atualização de séries temporais
longas de clima, sistemas aquáticos e variabilidade dos
ecossistemas.
...

Deste modo os modelos operacionais possibilitam testar hipóteses e tirar conclusões a


partir dos dados existentes, além de permiter validar de forma sistemática os resultados dos
modelos numéricos. Apresentando como uma importante ferramenta para aumentar o grau de
confiabilidade de um estudo em diferentes cenários.
40

3.7 Bacia Hidrográfica do Rio Itabapoana

A bacia do Rio Itabapoana (figura 3) possui uma área de drenagem de


aproximadamente 4720 km², sendo 2.234 km² até o local do empreendimento, e inclui 18
municípios dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. O estado do Rio de
Janeiro abrange uma área de 1.520 km², correspondendo a 40% do total, englobando
integralmente Bom Jesus do Itabapoana e parte dos municípios de Porciúncula, Varree-Sai,
Campos e São João da Barra. A bacia é delimitada pela bacia do Rio Muriaé, no Estado do
Rio de Janeiro, ao sul, e pela bacia do Rio Itapemirim, no Estado do Espírito Santo, ao norte.
A bacia do Itabapoana possui uma forma alongada, com largura média de 30 a 35 km.

Figura 3 – Mapa da bacia do Rio Itapaboana e a localização geográfica da PCH entre


Bom Jesus do Itabapoana – RJ e Bom Jesus do Norte – ES.

Fonte: Autor, 2014.

O rio Itabapoana nasce na Serra do Caparaó (MG), em Alto Caparaó, onde começa
com o nome de Rio Preto, denominação que muda para Itabapoana depois da confluência
com o Rio Verde. Seus principais formadores são os rios Veado, Calçado, Boa Vista, Muqui
do Sul e Preto, pela margem esquerda e ribeirões da Onça, Varre-e-Sai, Pirapetinga e córregos
Liberdade e Santo Eduardo, pela margem direita. A partir da foz do Ribeirão das Onças, o
41

Itabapoana separa os Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, desaguando no oceano


Atlântico. Da nascente até à foz, o rio Itabapoana percorre cerca de 267 km e, até o local do
empreendimento, cerca de 140 km.
O local da implantação da PCH Bom Jesus (figura 4) está situado à margem esquerda
do rio Itabapoana, nas coordenadas aproximadas latitude 21007’S e longitude 40042’W, cerca
de 5 km a montante da ponte que liga as cidades de Bom Jesus do Itabapoana (RJ) e Bom
Jesus do Norte (ES). A média anual de precipitação na região é de 1410 mm com índices
totais mensais de até 782 mm nos meses chuvosos (verão) à nulos nos meses secos (inverno)
e que o valor das máximas mensais estão entre 39 e 130 mm. A vazão média do rio
Itabapoana no trecho da PCH Bom Jesus é 13,97 m³/s.

Figura 4 – Pequena Central Hidrelétrica de Bom Jesus do Itabapoana

Fonte: Autor, 2014.

3.8 Plano de Monitoramento Ambiental de uma PCH

Para o acompanhamento da qualidade da água de uma PCH o estabelecimento de


malha amostral, composta por pontos de coleta aleatórios na área inundada e a jusante do
empreendimento, é o método mais utilizado nos planos de monitoramento ambiental. A malha
de amostragem definida, a priori, para ser adotada no reservatório poderá ser modificada no
sentido de melhor adequar-se às realidades ambientais verificadas pela equipe executora do
42

programa.
O monitoramento contempla o acompanhamento de variáveis limnológicas que se
mostram diretamente relacionadas com a biota aquática, com a qualidade da água e com a
conservação dos equipamentos da usina (Cor, Ferro, pH, Sólido em Suspensão, Temperatura
da Água, Transparência, Turbidez, Alcalinidade Total, Amônia, Cádmio, Chumbo, Cobre,
Condutividade, DBO e DQO).
Estes parâmetros foram selecionados no sentido de permitir uma representação
relativamente ampla das condições limnológicas do sistema, sendo aplicáveis tanto no
acompanhamento das alterações na qualidade da água quanto para o entendimento de
questões relativas à evolução das comunidades aquáticas e dos usos potenciais do
reservatório.
Quanto à profundidade nas quais serão reunidas amostras, recomenda-se que as
coletas sejam superficiais. Na fase reservatório, estas se mantém superficiais para as estações
representativas do rio Itabapoana (estações de jusante e montante). No reservatório serão
realizadas em diferentes estratos contemplando, a priori, as profundidades de 0m, 6m, e
fundo.
Para que a informação acerca de um estado ou fenômeno tenha confiabilidade e
aplicação, é necessário que ela seja tomada numa freqüência e por um tempo compatíveis
com a variação do sistema. Desta forma, serão efetuadas amostragens trimestrais em todas as
fases do empreendimento. As campanhas de monitoramento serão efetuadas em embarcação
apropriada e cada amostragem deverá ser registrada em uma ficha de campo.
Material coletado deverá ser acondicionado de forma apropriada de acordo com os
parâmetros a serem analisados e conduzidos, preferencialmente em um intervalo de 24 horas,
para o laboratório da instituição responsável pelo monitoramento para a análise. Alguns
parâmetros poderão ser analisados em campo.
Por fim, os dados gerados deverão ser disponibilizados semestralmente ao órgão
ambiental e integrados em relatório anual de consolidação, que se ocupará em descrever e
analisar a dinâmica evolutiva do sistema.
43

3.9 Considerações Finais

A estação de monitoramento através de coletas é muito importante porque permite


resultados laboratoriais de uma ampla gama de características mesmo que limitado em termos
espaciais e temporais. O monitoramento através de sensores, apesar de não cobrir tantas
possibilidades de caracterização quanto às análises laboratoriais agregam a vantagem de
registrar as variações em um determinado ponto de uma forma contínua.
Os modelos matemáticos apresentam-se como ferramentas de grande utilidade e
importância no monitoramento e controle ambiental, podendo diminuir os custos e os riscos
na avaliação de impactos em um tempo reduzido de análise.
A incorporação de uma plataforma de coleta de dados automática ao monitoramento
ambiental da PCH de Bom Jesus do Itabapoana irá proporcionar uma identificação mais
realista dos parâmetros exigidos por lei. A modelagem matemática possibilita extrapolar, de
maneira confiável, os resultados obtidos pelos sensores para o corpo hídrico em sua
totalidade com acesso simultâneo de todo o processo em estudo.
Assim com auxilio destas tecnologias é possível elaborar planos de monitoramento
mais eficientes na identificação das interferências ambientas, atendendo à legislação vigente
de maneira mais efetiva, permitindo que o gestor ou analista ambiental tenha uma visão
espacial mais abrangente dos impactos causados pelo empreendimento.
.

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48

4 ARTIGO CIENTÍFICO 3

REAERATION COEFFICIENT SENSITIVITY ANALYSIS FOR WATER QUALITY


RIVER MODELLING
Victor Thauan Ribeiro Costa1, a, Jader Lugon Junior1, b, Pedro Paulo Watts Rodrigues2

1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, IFFluminense
Macaé, Brazil, 27973-030
e-mail: [email protected]; [email protected].
2
Departamento de Engenharia Mecânica e Energia
Instituto Politécnico, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Nova Friburgo, Brazil, 28630-050
e-mail: [email protected]

ABSTRACT

A sensitivity study was performed considering the wind influence and different
reaeration empiric equations on the oxygen flux at the air water interface. The mathematical
model based on MOHID Water platform was developed to simulate water quality deplection
(BOD-DO) for the Itabapoana river, a tropical water body located in Brazil.

KEY WORDS: Sensitivity Study, MOHID, Inverse Problem, water quality, Imtabapoana
river.

1. INTRODUCTION

Dynamic models are important tools to assess water quality changes and alternative
means to prevent rivers and lagoons anthropic impacts. They can be used to estimate the
residence/flushing time of contaminants, to predict their reactions and effects on dissolved
oxygen concentration, to study contaminants sinks, sources and behavior of contaminant
plumes, or to define mixing zones of discharges. These models are based on well formulated
equations from fluid dynamics, their solution yielding the spatial and temporal water
properties distribution [1, 2].
The equations are grouped into three sub-models. First of all, the hydrodynamic
model uses continuity and momentum equations to describe the water levels and velocities.
Then, mass transport is expressed by the advection-dispersion equation, incorporating
velocities calculated by the hydrodynamic model. Finally, for non-conservative contaminants,
further equations are applied, which describe the reactions involving the contaminant and all
49

the interactions between the contaminant and other modelled constituents [3, 4].
In this work a coupled hydrodynamic-transport model was applied to an
environmental study possible water quality depletion caused by a Small Hydraulic Power
Plant installation in Itabapoana river - southeast of Brazilian coast (Fig. 1). The models were
built in the MOHID simulator [6]. Then, a sensitivity analysis [5] was performed in order to
assess the influence of wind velocities and also the use of different empiric formulation in the
control of dissolved oxygen exchange between water column and the atmosphere. The
sensitivity analysis is important in such studies not only to give measures of the influence of
given parameters in the modelled variable, but also to keep any estimative of these
parameters within reasonable confidence bounds.

Fig. 1 : Small Hydraulic Power Plant location.

2. DIRECT PROBLEM

Here the Direct Problem was stated as the simulation of water quality parameters
(special focus to Dissolved Oxygen) in the Itabapoana river in the location of the Small
Hydraulic Power Plant yet to be built. Fig. 2 presents the bathymetric data used to solve the
Direct Problem and adopted points in the sensitivity analysis.
50

Fig. 2: Representation of the bathymetric data and the points considered for the sensitivity analysis (black).

The flux of oxygen throughout the water-atmosphere interface was modelled as [8]

J  K L (Cs  C ) (1)

where J is the oxygen flux [g.m-2.d-1]; K L is the liquid film transfer coefficient for
Cs
oxygen [m/day]; is the saturation concentration of dissolved oxygen [g/m3]; and C is the
oxygen concentration in the water [g/m3].

The MOHID system [7] offers 13 different methods to compute the oxygen flux
parameter KL [m/day], all based on wind velocity. The method is chosen using the keyword
“AERATION_METHOD” in the file named “ATMOSPHERE”. This work considered the
one proposed by Gelda et al, 1996 [8] (MOHID default option) and the one proposed by
Smith, 1978 [8].

Smith (1978) proposed K L given by

K L  0.64  0.128.vel 2 (2)


51

The K L according to Gelda et al. (1996) can be calculated using

K L   .vel  (3)

where vel stands for the wind velocity.

If vel  3.5 then   0.2 and   1.0 , otherwise   0.057 and   2.0 .

In Fig. 3 are presented the aeration coefficients K L calculated with different methods
offered by MOHID system [7] for velocities from 2 m/s to 5 m/s. One observes that the
results are quite different depending on the adopted formulation [9,10,11,12].

Fig. 3: Different methods used to calculate the K L aeration coefficient.

3. SENSITIVITY STUDY

The sensitivity analysis plays a major role in several aspects related to the formulation
and solution of an inverse problem [5]. Such analysis may be performed with the study of the
sensitivity coefficients. Here we use the modified, or scaled, sensitivity coefficients,
V  x, y, t i 
X t i   Pj , j  1, 2, , N p i  1, 2, , M
PjVi Pj
(3)

where Vi , with i  1,2,..., M , is the observable variable, that is, a particular measurement of
P j  1,2,..., N p
tracer concentration, M is the total number of measurements, j , with , is a
52

particular unknown of the problem and N p is the total number of unknowns.


As a general guideline, the sensitivity of the state variable with respect to the
parameter we want to estimate must be high enough in order to allow the estimation of the
unknown parameter within reasonable confidence bounds. Moreover, when two or more
parameters are simultaneously estimated, their effects on the state variable must be
independent (uncorrelated), otherwise these different parameters may affect the state variable
in the same way, being difficult to distinguish their influences separately, which yields to
poor estimations. Therefore, when graphically represented the sensitivity coefficients for two
distinct parameters should not have similar behavior [5, 6].

4. RESULTS

As a first approach to understand the effects of wind velocity on the DO


concentrations, the model was run considering values between 2 and 4 m/s for this velocity
using both Gelda et al. (1996) and Smith (1978) empiric formulations.
From the results presented in Fig. 4 (after the model reached a steady state condition),
it is observed that the simulated DO concentrations over the computational domain are almost
the same for different wind velocities when Gelda (1996) empiric formulation was used
(cases “b” and “d”), but are considerably different when Smith empiric formulation was
adopted (cases “a” and “c”).
53

Fig. 4: Simulated results for different wind velocities vel = 2 m/s and vel = 4 m/s and different formulation.

In Fig. 5 are presented the simulations results for Dissolved Oxygen


considering different velocities (vel = 1 m/s and vel = 5 m/s) considering Smith (1978)
formulation at Stations 1 and 2. One can observe that they are apparently not affected for low
wind velocities (vel = 1 m/s and vel = 3 m/s), but are considerably different for higher ones
(vel = 4 m/s and vel = 5 m/s).
54

Fig. 5: Simulated Dissolved Oxygen results at Stations 1 and 2 for different wind velocities

Finally, in Fig. 6 are presented the sensitivity coefficients for both stations 1 and 2
considered in this work (see Fig. 2), considering the wind velocity of 3 m/s and using a
Central Finite Difference approximation to calculate the derivative. It can be observed that
the model is more sensitive to measurements taken on Station 2.

Fig. 6: Sensitivity Coefficient calculated for stations 1 and 2.


55

5. CONCLUSIONS

The MOHID Water was able to simulate the DO distribution for the Itabapoana river
with reasonable results for air-water interface oxygen flux using different wind velocities and

different empiric formulation to calculate K L . It resulted in very similar results when Gelda
et al. (1996) formulation was used, even with very different wind velocities, the same did not
happened when Smith empiric formulation was used.
The sensitivity of DO concentration on a given point, identified in this work as Station
2, indicated that there could be generated a data set, to be used, for example, to estimate the
relevant parameters present in the oxygen flux models, something that could be achieved by
means of an Inverse Problem approach.

HONORS

The authors want to thank FAPERJ – Fundação Carlos Chagas de Amparo a Pesquisa
do Estado do Rio de Janeiro, CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico and CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
for financial support.

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