RE 20151002002 Leitura e Matemtica
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Bianca Kariny Fernandes dos Santos , Narciso das Neves Soares
RESUMO
O presente artigo relata o resultado do projeto de pesquisa que teve como objetivo produzir materiais
curriculares educativos a partir de textos da literatura produzida pelo Prof. Júlio César de Melo e
Sousa, mais conhecido pelo heterônimo de Malba Tahan, contextualizado e interdisciplinar no sentido
de se provocar mudanças significativas no ensino e aprendizagem da Matemática na Educação
Básica e na formação Inicial e Continuada de Professores que ensinam Matemática. A metodologia
utilizada foi a abordagem qualitativa, por meio de estudos bibliográficos. Os recursos didáticos foram
produzidos nos espaços do Laboratório de Ensino de Matemática – LEM, da Faculdade de
Matemática da UNIFESSPA, onde foram trabalhados alguns textos de Malba Tahan, com intenção de
transformá-los em materiais curriculares educativos, na forma de sequências didáticas. Foram
produzidos uma novela de rádio, da história os 35 camelos e alguns materiais manipuláveis, além de
apostilas com base em uma história do livro. Os recursos foram apresentados ao Grupo de Estudos e
Pesquisas em Educação Matemática – GEPEM, da UNIFESSPA, que tem como membros
professores da Faculdade de Matemática, da rede pública e particular de ensino e alunos da
Graduação em Matemática, que acenaram positivamente aos recursos produzidos. Espera-se com
este projeto que a composição, leitura e Matemática, permitam ao aluno em formação inicial e ao
professor que ensina matemática, no exercício de ser aprendente, um contínuo processo de aprender
a aprender, lhes provocar um olhar pedagógico diferenciado para o ensino da matemática.
1
Licencianda em Matemática do curso de Matemática da Faculdade de Matemática da UNIFESSPA,
Campus de Marabá. E-mail: [email protected]
2
Doutor em Educação. Professor da Faculdade de Matemática da UNIFESSPA, Campus de Marabá.
E-mail: [email protected]
Leitura e Matemática: potencializando textos de Malba Tahan na forma de materiais 2
curriculares educativos
Introdução
O ensino e aprendizagem de Matemática apresenta o sintomático problema
de interpretação e compreensão de texto, traduzido na dificuldade dos alunos em
resolverem problemas de matemática. Estes sintomas são percebidos pelo baixo
rendimento dos alunos da Educação Básica, seja nas habituais avaliações escolar,
ou nos diversos exames de conhecimento de Matemática, como a provinha Brasil,
prova Brasil, OBMEP, PISA, entre outros. Pensando em uma escola que tem como
uma de suas missões preparar o cidadão para interagir na sociedade, há de se
questionar, como a formação leitora tem implicado na linguagem matemática para
formar um cidadão crítico? Neste sentido, entende-se ser um dos papéis da
formação inicial e continuada do professor possibilitar a construção de meios
didáticos de modo a diminuir a distância, que não deveria existir, entre a leitura e a
matemática.
Nesta perspectiva, este artigo busca publicar os procedimentos
metodológicos e alguns resultados do projeto de extensão intitulado “Leitura e
Matemática: histórias de Malba Tahan e sua potencialidade como Material Curricular
Educativo na formação inicial e continuada de professores que ensinam Matemática”
que objetivou produzir recursos didáticos educacionais, com propósito de auxiliar e
estimular a leitura na formação inicial e continuada de professores que ensinam
matemática, de modo que tais recursos sejam significativos na aprendizagem para
melhoria da prática pedagógica docente.
No desenvolvimento da pesquisa se utilizou do método bibliográfico, para
seleção dos textos que foram mais apropriados as intenções do projeto, com relação
a obra literária de Malba Tahan, assim como de revisão bibliográfica dos textos de
Remillard (2005), Scheneider; Krajcik (2002); Davis; Krajcik (2005), que deram
suporte conceitual sobre Materiais Curriculares Educativos (MCE).
Os MCE, produzidos no Laboratório de Ensino de Matemática (LEM), foram
apresentados em sequências didáticas. As histórias escolhidas para as sequências
aparecem todas recontextualizadas, aportadas em ambientes da cidade de Marabá
ou regiões do estado do Pará, com traços da cultura amazônida. Os materiais foram
apresentados como produtos do tipo: material manipulável, elaboração de situações
problemas, produção de áudio para acessibilidade, materiais alternativos, texto no
formato mangá, entre outros.
aula, e acrescenta que não basta o professor ter em mãos a tarefa/texto para ser
desenvolvida em sala de aula, é preciso incluir elementos que venham ser
educativos para professores, colocando-o na posição de ser aprendente, ou seja, de
aprender a aprender. Acerca destes elementos, Scheneider e Krajcik (2002) indicam
que os MCE podem apresentar descrições de implementação em sala de aula,
como: narrativas, soluções dos alunos, possíveis erros a ser cometido, soluções
alternativas sugeridas pelo professor. Com isso, o professor terá a oportunidade de
vislumbrar como pode ser desenvolvida tal atividade educativa em sala de aula.
Embora a discussão de como os professores utilizam e interagem com os
MCE seja emergente e relevante, a proposta do projeto foi trazer a relação Literatura
e Matemática com base em MCE, com a expectativa de que tal composição permita
ao aluno em formação inicial e ao professor que ensina matemática, no exercício de
ser aprendente, um contínuo processo de aprender a aprender, que lhes provoque
um olhar pedagógico diferenciado para o ensino da matemática.
Assim, os MCE representam uma possibilidade para apoiar a aprendizagem
do professor por meio das experiências realizadas por outros professores. No caso
dos MCE contextualizados, em particular, pode apoiar a aprendizagem de
professores na formação inicial e continuada que ensinam matemática como meio
natural para ensinar Matemática na Educação Básica e a desenvolver um ambiente
agradável e divertido em sala de aula.
Material
A aprendizagem de
O Problema Atividade com manipulável: painel,
Expressão 5º e 6º expressão numérica
dos Quatro material sinais de
numérica ano do EF utilizando apenas os
Quatros manipulável operações,
números (4444)
números de 0 a 10
7º e 8º Compreender o
Relações no Estudar o Recurso
Teorema de ano do EF conceito de
triângulo teorema de manipulável com
Pitágoras e 1º ano semelhança de um
retângulo Pitágoras EVA e isopor.
do EM triângulo
Fonte: autores
Para o problema dos 21 vasos, foi produzido uma história em quadrinho estilo
mangá3 chamada de Problema dos 21 Copos, trazida para vida social, fatos do
cotidiano e na convivência do aluno. Porém com mesmo desafio do livro que é como
repartir 21 copos iguais, sendo: 7 cheio, 7 pela metade e 7 vazio, por três, de forma
que todos tenha a mesma quantidade de liquido, dividir é fácil, 7 para cada, mas
como dividir o liquido sem movê-lo dos copos? Segue uma parte do roteiro, onde é
apresentado o problema:
JOAQUIM: Moça, por favor, me traga 21 copos e um litro de refrigerante Açai-
cola.
7º Momento: Joaquim divide o refrigerante nos copos. De modo que,
apareçam na cena: 7 copos cheios, 7 meio cheios, e 7 vazios. Ele propõe o desafio.
JOAQUIM: Gente dividam os 21 copos entre si de forma que cada um de
vocês fique com a mesma quantidade de copos e de refrigerante.
8º Momento: Os amigos ficam pensando. E achando impossível resolver.
Destaque da cena são os copos.
O objetivo é proporcionar aos alunos familiaridade com medidas, para operar
e identificar problemas de sistema de medida, através de uma história
recontextualizada de Malba Tahan.
3
É o nome dados a histórias em quadrinhos de origem japonesa. Os desenhos deste mangá foram
produzidos pelo acadêmico do curso de Artes visuais (Turma 2014) da UNIFESSPA Felipe Farias.
Considerações Finais
A experiência desse trabalho foi um momento de muita expectativa, pois
possibilitou com que docente e o aluno da graduação pudessem aprimorar sua visão
da obra do Malba Tahan. Podemos enumerar os diversos benefícios de
trabalharmos com recontextualização, tais como; motivação dos alunos e do
professor, desenvolvimento do raciocínio, lógico e dedutivo em geral, compreensão
do papel da matemática, compreensão textual entre outras.
Vale dizer que o presente estudo pôde trazer contribuições para área da
Educação Matemática, em particular, no que se refere a aspectos da prática de
estimular a leitura na formação inicial e continuada de professores que ensinam
matemática como meio natural para ensinar Matemática na Educação Básica,
quando os professores decidem levar textos como elementos presentes em
materiais curriculares educativos para sala de aula.
Neste sentido, a partir do que fora produzido neste projeto, se pensando em
Leitura e Matemática, podemos concluir que a sua utilização didática, principalmente
em Matemática, pode ser não só aceita como utilizada por diversos professores. Ou
seja, na tentativa de desmistificar a matemática e apresentá-la de forma fina,
elegante e divertida pode auxiliar significativamente no ensino e aprendizagem.
Espera-se com este projeto que a composição, Leitura e Matemática,
permitam ao aluno em formação inicial e ao professor que ensina matemática, no
exercício de ser aprendente, um contínuo processo de aprender a aprender, lhes
provocar um olhar pedagógico diferenciado para o ensino da matemática.
Referências
CARRASCO, Lucia Helena Marques: Leitura e escrita na matemática. IN: Iara C.B et
al. (orgs). Ler e escrever: um compromisso de todas as áreas, 4 ed. Porto Alegre:
editora da Universidade /UFRGS, 2001 p.175-189.