Livro Analise Do Comportamento Aplicada Teoria Aplicacoes e Prestacao de Servicos IEPSIS 2023
Livro Analise Do Comportamento Aplicada Teoria Aplicacoes e Prestacao de Servicos IEPSIS 2023
Livro Analise Do Comportamento Aplicada Teoria Aplicacoes e Prestacao de Servicos IEPSIS 2023
COMPORTAMENTO
APLICADA:
Teoria, Aplicações
e Prestação de serviços.
Coordenação:
Daniela Canovas
Emília J. F. Gama
Coordenação:
Daniela Canovas
Emília J. F. Gama
Coordenação:
Daniela Canovas
Emília J. F. Gama
Revisão Técnica:
Julia Zanetti Rocca
Autores e
contribuições:
Daniela Canovas
Thais Sales
Nataly Santos
Helena Meletti
Catia Cividini-Motta
Milena Pimentel
Daniela Canovas
Verônica Oliveira
Renata Michel
Andresa De Souza
Priscila Crespilho
Maria T. Monteiro
Natalia M. Aggio
Valéria Parejo
Glauce Santos
Jacinto Neto
Ana Carolina Sella
Brasil-2023.
Se me perguntassem hoje qual é o meu maior sonho, com certeza eu diria que, um
dos principais, é ver todas as pessoas obtendo acesso democrático à educação de
qualidade.
A concretização desse sonho não seria possível sem a parceria de Daniela Canovas.
Minha eterna gratidão por sua competência e seu empenho, e claro, por sua amizade.
Minha gratidão à Meca Andrade, por representar tanto para o autismo no Brasil, pela
confiança e pela parceria de tantos anos entre o Grupo Método e o Instituto IEPSIS.
Ao meu grande amigo e sócio Paulo Liberalesso, agradeço por dividir comigo a
missão de levar ciência e informação a tantos lugares e famílias. Obrigada também
por ser essa infinita fonte de conhecimento e generosidade.
Gostaria de agradecer ao meu querido amigo Jacinto Neto, por todo o incentivo para
a produção deste livro, e por lutar, chorar e sorrir a meu lado.
Agradeço com todo meu coração a meu esposo, Gregor, e a meus filhos, Miguel,
Arthur e Bella, por serem uma fonte inesgotável de ternura e amor. Agradeço,
sobretudo, a Miguel, que desde o seu nascimento tem me ensinado todos os dias
sobre Síndrome de Down, autismo e empatia. Por ele dei início a essa jornada, me
tornando uma multiplicadora de conhecimento e contribuindo incessantemente para
a formação de pessoas mundo afora.
Emília J. F. Gama
ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO APLICADA:
TEORIA, APLICAÇÕES
E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
Coordenação:
Daniela Canovas
Emilia J. F. Gama
SUMÁRIO
Prefácio ...................................................................................................................05
1. MODELOS DE SERVIÇO DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA
(ABA) AO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)
............................................................................................................................07
2. TREINAMENTO DE EDUCADORES NO CONTEXTO ESCOLAR PARA
INTERVENÇÃO COM CRIANÇAS COM TEA E OUTROS TRANSTORNOS
............................................................................................................................24
3. A APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA OBM (ORGANIZATIONAL
BEHAVIOR MANAGEMENT) COM EQUIPES QUE REALIZAM
INTERVENÇÃO PARA INDIVÍDUOS COM TEA
............................................................................................................................42
4. ESTRATÉGIAS DE ENSINO ESTRUTURADAS E NATURALÍSTICAS NA
INTERVENÇÃO PRECOCE
............................................................................................................................60
5. TEORIA DA NOMEAÇÃO E SUAS APLICAÇÕES
............................................................................................................................79
6. AVALIAÇÃO FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO-DISRUPTIVO
............................................................................................................................92
7. COMPORTAMENTOS PROBLEMA: ALGUMAS ESTRATÉGIAS
COMPORTAMENTAIS DE TRATAMENTO BASEADAS NA FUNÇÃO DO
RESPONDER
..........................................................................................................................106
8. ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA AO ENVELHECIMENTO
..........................................................................................................................119
9. COMO REVELAR PARA CRIANÇAS COM TEA O SEU DIAGNÓSTICO:
ANÁLISE DE UM MANUAL DE DIRETRIZES, SOBA ÓTICA DA ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO
..........................................................................................................................133
10. AUTISMO, COMPORTAMENTOS SEXUAIS INAPROPRIADOS E ANÁLISE
DO COMPORTAMENTO: UMA REVISÃO NARRATIVA
..........................................................................................................................149
PREFÁCIO
Por Daniela Canovas
Referências
Carvalho Neto, M. B. (2002). Análise do comportamento: behaviorismo radical, análise experimental
do comportamento e análise aplicada do comportamento. Interação em Psicologia, 6, 13-18.
Cooper, J. O., Heron, T. E., & Heward, W. L. (2020). Applied Behavior Analysis (3rd Edition).
Hoboken, NJ: Pearson Education.
1. MODELOS DE SERVIÇO DE ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO APLICADA (ABA) AO
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)
POR THAIS SALES1
[1]Thais Sales completou graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001), aprimoramento
de longa duração em Saúde Coletiva pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2003), Mestrado em Psicologia
Experimental: Análise do Comportamento pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2006) e Doutorado em
Psychology, na área de Applied Behavior Analysis (ABA) pela University of Manitoba, Canadá (2014) e em 2021 obteve
certificação de Board Certified Behavior Analyst (BCBA). Desde 2007 trabalha como supervisora (planejadora, orientadora e
treinadora de equipe, pais e cuidadores) de intervenções fundamentadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA), junto
a famílias e escolas de crianças e adolescentes com desenvolvimento atípico, incluindo Transtorno do Espectro Autista com
diferentes níveis de funcionamento. Atua também como professora convidada e parecerista de monografias em cursos de
especialização e aprimoramento em ABA e como orientadora de dissertação de mestrado em Análise do Comportamento.
07
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
08
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Tabela 1
Características
09
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
10
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
[2] Outros nomes costumam ser empregados como sinônimo da função aqui chamada de "aplicador," a saber: técnico,
terapeuta, tutor e acompanhante terapêutico.
11
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
12
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Tabela 2
Principais Dimensões nas Quais os Modelos de Serviço Podem Variar
13
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
[3] O termo "domínios" do desenvolvimento pode ser encontrado na literatura como sinônimo de "áreas" do desenvolvimento
(ex., CASP, 2020).
14
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
[4] Nos Estados Unidos, há uma outra variação com relação a local: escolas publicas que fornecem serviços de ABA. A autora
desconhece a existência desse modelo no Brasil.
15
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
16
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
17
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
18
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
[5] "all aspects of ABA interventions must be customized to the strengths, needs, preferences, and environmental circumstances
of each individual client and their caregivers, and must be flexible so as to accommodate changes that occur over the course of
treatment." (p. 1)
19
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
20
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Referências
American Psychological Association, Presidential Task Force on Evidence-Based Practice. (2006). Evidence-based practice in
psychology. American Psychologist, 61, 271–285. https://doi.org/10.1037/0003-066X.61.4.271
Baer, D. M., Wolf, M. M., & Risley, T. R. (1968). Some current dimensions of applied behavior analysis. Journal of Applied
Behavior Analysis, 1, 91-97. https://doi.org/10.1901/jaba.1968.1-91
Barboza, A. A., Costa, L. C. B., & Barros, R. S. (2019). Utilizando videomodelação instrucional para ensinar mães de crianças
diagnosticadas com autismo a implementar tentativas discretas: Uma replicação sistemática. Temas em Psicologia, 27, 795 -
804. https://doi.org/10.9788/TP2019.3-14
Borba, M. M. C., Barros, R. S., Monteiro, P. C. M., Barboza, A. A., & Trindade, E. N. (2014). Intervenção via cuidadores para
o ensino de tato com autoclítico em crianças com diagnóstico de autismo. Revista Brasileira de Análise do Comportamento, 11,
15-23. http://dx.doi.org/10.18542/rebac.v11i1.3768
Behavior Analyst Certification Board (BACB) & Association of Professional Behavior Analysts (APBA) (2019). Clarifications
regarding applied behavior analysis treatment of autism spectrum disorder: Practice guidelines for healthcare funders and
managers (2nd ed.).
Brookman-Frazee, L. (2004). Using parent/clinician partnerships in parent education programs for children with autism.
Journal of Positive Behavior Interventions, 4, 195-213. https://doi.org/10.1177/109830070400600040201
Council of Autism Service Providers (CASP) (2020). Applied behavior analysis treatment of autism spectrum disorder: Practice
guidelines for healthcare funders and managers (2nd ed.). Wakefield, MA: CASP. Retrieved July 07, 2020 from
https://casproviders.org/wp-content/uploads/2020/03/ABA-ASD-Practice-Guidelines.pdf
Cooper, J. O., Heron, T. E., & Heward, W. L. (2020). Applied Behavior Analysis (3rd ed.). Hoboken, NJ: Pearson.
Eldevik, S., Hastings, R. P., Hughes, J. C., Jahr, E., Eikeseth, S., & Cross, S. (2009). Meta-analysis of early intensive behavioral
intervention for children with autism. Journal of Clinical Child & Adolescent Psychology, 38, 439-450.
https://doi.org/10.1080/15374410902851739
Harris S. L, & Weiss M. J. (2007). Right from the start: Behavioral intervention for young children with autism (2nd ed.).
Bethesda, MD: Woodbine House.
Hsieh, H. H., Wilder, D. A., & Abellon, O. E. (2011). The effects of training on caregiver implementation of incidental
teaching. Journal of Applied Behavior Analysis, 44, 199-203. https://doi.org/10.1901/jaba.2011.44-199
https://doi.org/10.1901/jaba.2011.44-199
Lafasakis, M., & Sturmey, P. (2007). Training parent implementation of discrete-trial teaching:
Effects on generalization of parent teaching and child correct responding. Journal of Applied Behavior Analysis, 40, 685–689.
https://doi.org/10.1901/jaba.2007.685-689
Leaf, J. B., Leaf, R., McEachin, J., Cihon, J. H., & Ferguson, J. J. (2018). Advantages and challenges of a home- and clinic-
based model of behavioral intervention for individuals diagnosed with Autism Spectrum Disorder. Journal of Autism and
Developmental Disorders, 48, 2258-2266. https://doi.org/10.1007/s10803-017-3443-3
21
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
LeBlanc, L. A., & Gillis, J. (2012). Behavioral interventions for children with autism spectrum disorders. Pediatric Clinics of
North America, 59, 147-164. https://doi.org/10.1016/j.pcl.2011.10.006
Lovaas, O. I. (1987). Behavioral treatment and normal educational and intellectual functioning in young autistic children.
Journal of Consulting and Clinical Psychology, 55, 3-9. https://doi.org/10.1037/0022-006X.55.1.3
Martin, G., & Pear, J. (2019). Behavior modification: What it is and how to do it (11th ed.). New York: Routledge.
Maurice, C., Green, G., & Luce, S. C. (Eds.). (1996). Behavioral intervention for young children with autism: A manual for
parents and professionals. Austin, TX, US: PRO-ED.
Miltenberger, R. G. (2016). Behavior modification: Principles and procedures (6th Edition). Cengage Learning.
Najdowski, A. C., Wallace, M. D., Reagon, k., Penrod, B., Higbee, T. S., & Tarbox, J. (2010). Utilizing a home-based parent
training approach in the treatment of food selectivity. Behavioral Interventions, 25, 89–107. https://doi.org/10.1002/bin.298
Parry-Cruwys, R., Parry-Cruwys, D., & MacDonald, J. (2020, March 27). Providing ABA services in a global pandemic with
Francesca degli Espinosa [podcast]. ABA Inside Track. https://www.abainsidetrack.com/home/2020/3/27/episode-119-aba-
services-in-a-pandemic
Parry-Cruwys, R., Parry-Cruwys, D., & MacDonald, J. (2020, April 03). Telehealth grab bag [podcast]. ABA Inside Track.
https://www.abainsidetrack.com/home/2020/4/3/episode-120-telehealth-grab-bag
Rocha, M. L., Schreibman, L., & Stahmer, A. C. (2007). Effectiveness of training parents to teach joint attention in children
with autism. Journal of Early Intervention, 29, 154-172. https://doi.org/10.1177/105381510702900207
Sheinkopf, S. J., & Siegel, B. (1998). Home-based behavioral treatment for young children with autism. Journal of Autism and
Developmental Disorders, 28, 15–23. https://doi.org/10.1023/a:1026054701472
Strauss, K., Vicari, S., Valeri, G., DElia, L., Arima, S., & Fava, L. (2012). Parent inclusion in Early Intensive Behavioral
Intervention: The influence of parental stress, parent treatment fidelity and parent-mediated generalization of behavior targets
on child outcomes. Research in Developmental Disabilities, 33, 688-703. https://doi.org/10.1016/j.ridd.2011.11.008
Taylor, B.A., LeBlanc, L.A., & Nosik, M.R. (2019). Compassionate care in behavior analytic treatment: Can outcomes be
enhanced by attending to relationships with caregivers? Behavior Analysis in Practice, 12, 654-666.
https://doi.org/10.1007/s40617-018-00289-3
Virués-Ortega, J. (2010). Applied behavior analytic intervention for autism in early childhood: Meta-analysis, meta-regression
and dose–response meta-analysis of multiple outcomes. Clinical Psychology Review, 30, 387-399.
https://doi.org/10.1016/j.cpr.2010.01.008
Wacker, D.P., Lee, J.F., Dalmau, Y.C., Kopelman, T.G., Lindgren, S.D., Kuhle, J., Pelzel, K.E., Dyson, S., Schieltz, K.M., &
Waldron, D.B. (2013). Conducting functional communication training via telehealth to reduce the problem behavior of young
children with autism. Journal of Developmental and Physical Disabilities, 25, 35-48. . https://doi.org/10.1007/s10882-012-
9314-0
Werle, M. A., Murphy, T. B., & Budd, K. S. (1993). Treating chronic food refusal in young children: Home-based parent
training. Journal of Applied Behavior Analysis, 26, 421-433. https://doi.org/10.1901/jaba.1993.26-421
22
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Wolf, M. M. (1978). Social validity: The case for subjective measurement ou how behavior analysis is finding its heart. Journal
of Applied Behavior Analysis, 11, 203 - 214. https://doi.org/10.1901/jaba.1978.11-203
23
2. TREINAMENTO DE EDUCADORES NO
CONTEXTO ESCOLAR PARA INTERVENÇÃO COM
CRIANÇAS COM TEA E OUTROS TRANSTORNOS
P O R N A T A L Y S A N T O S1
{1} Nataly Santos do Nascimento Teixeira, psicóloga e mestre em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); e-mail para contato: [email protected]; Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4085096428522568.
24
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
25
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
A inclusão escolar
Assumir que o processo de aprendizagem está muito mais relacionado a
processos naturais que acontecem dentro do organismo do que à prática do
educador é incompatível com uma proposta de ensino inclusivo e tem efeito direto
na vida das pessoas inseridas no contexto escolar.
Apesar de haver direito garantido à matrícula acadêmica desde a Constituição
de 1988 – o que também gerou aumento no ingresso de alunos no sistema
educacional –, ainda estamos longe do que seria ideal para uma educação inclusiva.
Incluir e promover um ensino eficaz a pessoas com deficit diversos não se deve
limitar a alocar esses indivíduos no mesmo espaço que indivíduos neurotípicos,
muito menos providenciar os mesmos recursos que uma pessoa sem necessidades de
apoios especiais recebe.
26
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
27
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º,
terá direito a acompanhante especializado” (Parágrafo único, Artigo 3). Em geral, a
necessidade é estabelecida por meio de atestado médico e, a partir desta, as
Secretarias Municipais de Educação ou as Diretorias Estaduais de Ensino fazem a
contratação de profissionais com essa função. Infelizmente, dado que a lei não
especifica quais seria a “especialização” necessária ao acompanhante,
frequentemente as pessoas contratadas não tem nenhuma qualificação. Também não
recebem treinamento ou acompanhamento para seu trabalho.
De fato, estudos mostram que grande parte dos profissionais que atuam como
facilitadores ou mediadores em sala de aula não tem capacitação ou treino específico
para o exercício da função (Lima & Laplane, 2016). São, muitas vezes, profissionais
que não têm conhecimento das características e especificidades diagnósticas,
principais comportamentos e manejos adequados. Dessa forma, esse profissional
acaba, muitas vezes, confundido com um cuidador, não tendo conhecimento técnico
para promover o ensino de habilidades acadêmicas, comportamentais e de
autonomia, entre outros. Assim, não há inclusão.
Por esse motivo, entendemos que parte dos esforços para adequar as práticas
de inclusão é por via de treinamentos e capacitação de agentes educacionais, a fim de
torná-los engajados e participativos no processo de inclusão de seus alunos, por
meio de programação de ensino estruturada, com formas avaliativas efetivas para a
promoção de mudanças de comportamento (Benitez & Domeniconi, 2015).
28
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Rollyson & Reid, 2012; Parsons, Rollyson & Reid, 2020). Essas estratégias serão
descritas com base na prestação de serviço em instituições escolares no treinamento
de educadores e agentes educacionais.
Como princípio de toda intervenção em ABA, é indispensável que o profissional
realize uma avaliação do contexto escolar, a fim de identificar quais os principais
comportamentos-alvo; em quais condições aparecem; quais as mudanças
consequentes a esses comportamentos; quais repertórios precisam ser ensinados;
quais repertórios precisam ser diminuídos em frequência; e quais as mudanças
ambientais e repertórios que os profissionais e pessoas envolvidas naquele contexto
precisam alterar ou adquirir.
A avaliação permite a seleção de objetivos de curto e longo prazos, que devem
ser claros e bem definidos. No contexto escolar, os objetivos podem ser tanto
acadêmicos (como habilidades de soma, subtração, leitura) quanto comportamentais
(como, por exemplo, permanecer em sala, atender à instrução do educador, esperar
a vez). Os comportamentos a serem trabalhados podem ser inúmeros e, por vezes,
impossíveis de sofrerem intervenção ao mesmo tempo, sendo necessária a seleção de
um conjunto de alvos com base em critérios específicos e ordem de prioridade. Entre
os principais critérios, devem ser considerados:
29
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Tabela 1
Modelo de apresentação de objetivos de intervenção em contexto escolar.
Programas – Contexto escolar
Comportamento em sala
3 sessões
Durante atividade ou
Solicitar para consecutivas
demanda, deve solicitar, mar.
1. levantar-se com 90% de
por meio de troca de 2020
durante tarefa tentativas
imagem, para se levantar
independentes
3 sessões
Ao ser solicitado para se
consecutivas
levantar, deve aguardar
com 90% de
Esperar para completar uma demanda
2. tentativas sem
se levantar solicitada pelo adulto.
apresentação de
(obs.: fazer uso de apoio
comportamento
visual de antes e depois)
disruptivo
30
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
31
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Tabela 2
Descrição de performance esperada do professor de sala
Exemplo 1 – Professor
Área de Performance Especificação do Comportamento
32
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Tabela 3
Descrição de performance esperada do acompanhante terapêutico
Exemplo 2 – Acompanhante Terapêutico
Garantindo contato visual do aluno Posicionar-se atrás do aluno e, quando professor o chamar pelo
nome, deve fornecer dica, apontando em direção do professor
33
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
34
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
35
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Dificuldades e desafios
Talvez, até o presente momento, você tenha-se perguntado como seguir as
orientações anteriores considerando o contexto e especificidades de organização das
instituições escolares.
Duas das principais necessidades para a implementação de um programa de
treinamento de educadores são: (a) a necessidade de período à parte do horário de
aulas para apresentação das instruções e role play dos profissionais; e (b) muitas
horas de atuação do analista do comportamento para treinar, acompanhar e medir o
comportamento dos profissionais em treinamento.
Apesar de necessários, esses elementos podem, porém, representar obstáculos, a de-
36
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
pender do contexto; por exemplo, nem todo profissional tem disponibilidade para
dedicar horas extras ao treinamento de habilidades e/ou, considerando aspectos
financeiros, nem toda família tem condição de custear tantas horas do analista do
comportamento dentro da escola.
No entanto, primeiramente, é impossível que uma inclusão de qualidade seja
realizada sem que o professor tenha disponibilidade, ainda que de algumas horas, de
receber instruções e ser preparado para receber o aluno com necessidades especiais –
este, inclusive, deve ser um dos critérios no momento de escolher a escola para
matricular seu filho. As horas de treinamento em contexto extraescolar podem ser
substituídas, porém, por períodos combinados entre analista do comportamento e
educadores durante a rotina escolar, nos quais será apresentado o programa de
ensino, e o analista do comportamento dará instruções e fornecerá modelos ao vivo.
A escolha de algumas medidas do comportamento também pode auxiliar no
acompanhamento da intervenção e na frequência com que o profissional se dirigirá
até à instituição, realizando supervisões com os educadores. Uma possível estratégia,
o self-monitoring (ou automonitoramento), tem por finalidade ensinar uma pessoa a
observar seu próprio comportamento e a registrar a ocorrência ou não de um
comportamento-alvo. Estudos têm indicado que intervenções que fazem uso de
registro de automonitoramento são eficazes na mudança de comportamentos que
estão sendo ensinados (Kirby, Fowler & Baer, 1991; Malesky, 1974). A seguir,
apresentamos um modelo de folha de registro de automonitoramento para
profissionais em treinamento.
Figura 1:
Modelo de folha de registro de automonitoramento para profissionais em
treinamento
37
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
DATA: 30/03
APRESENTAR
PROGRAMA: DEMANDA
APLICADOR:
INSTRUÇÃO:
MANEJO DE COMPORTAMENTO:
38
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Referências
Base Nacional Comum Curricular. (2018). Brasília: DF. Recuperado de http://basenacionalcomum.mec.gov.br/.
Cooper, J. O., Heron, T. E., & Heward, W. L. (2007). Applied behavior analysis. 2nd ed. Upper Saddle River, NJ:
Pearson/Merrill-Prentice Hall.
39
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Benitez, P. & Domeniconi, C. (2015). Inclusão escolar: o papel dos agentes educacionais brasileiros. Psicologia: Ciência e
Profissão, Brasília, v. 35, n. 4, out./dez. Recuperado de https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932015000401007.
Catania, C. N., Aldemeida, D., Liu-Constant, B., & Digennaro-Reed, F. D. (2009). Video modeling to train staff to implement
discrete-trial instruction. Journal of Applied Behavior Analysis, v. 42, n. 2, p. 387-392. https://doi.org/10.1901/jaba.2009.42-
387.
Ferreira, L. A., Silva, A. J. M., & Barros, M. S. (2015). Ensino de aplicação de tentativas discretas a cuidadores de crianças
diagnosticadas com autismo. Perspectivas em análise do comportamento, v. 7, n.1, p. 101-113, 2016. DOI: 10.18761/pac.034.
Hsieh, H.H., Wilder, D.A., & Abellon, O.E.(2011). The effects of training on caregiver implementation of incidental teaching.
Journal of Applied Behavior Analysis v. 44, n.1, p. 199-203. DOI 10.1901/jaba.2011.44-199.
Kirby, K. C., Fowler, S. A., & Baer, D. M. (1991). Reactivity in self-recording: obtrusiveness of recording procedure and peer
comments. Journal of Applied Behavior Analysis, v. 24, n. 3, p. 487–498, 1991. https://doi.org/10.1901/jaba.24-487.
Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. (2015). Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa
com Deficiência). Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm.
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. (1996). Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Recuperado de
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. (1997). Brasília: MEC, 1997b. Recuperado de
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf.
Lei n. 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista; e altera o § 3o do art. 98 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Brasília, DF, 28 dez. 2012.
Recuperado de: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2012/lei-12764-27-dezembro-2012-774838 publicacaooriginal-
138466-pl.html. Acesso em: 12 jun. 2020.Lima, S. M., & Laplane, A. L. F. (2016). Escolarização de alunos com autismo.
Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 22, n. 2, p. 269-284, abr.-jun.
Malesky, B. M. (1974). Behavior recording as treatment: a brief note. Behavior Therapy, v. 5, n. 1, p. 107–111.
https://doi.org/10.1016/S0005-7894(74)80091-2.
Organisation For Economic Co-Operation And Development [OECD]. (2018). OECD Economic Surveys: Brazil. Paris: OECD.
Recuperado de http://www.oecd.org/economy/surveys/Brazil-2018-OECD-economic-survey-overview.pdf.
Parsons, M. B., Rollyson, J. H., & Reid, D. H. (2012). Evidence-based staff training: a guide for practitioners. Behavior
Analysis in Practice, v. 5, n. 2, p. 2-11. Recuperado de https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3592486/.
Reid, D. H., ParsonS, M. B., & Green, C. W. (2012). The supervisor’s guidebook: evidence-based strategies for promoting
work quality and enjoyment among human service staff. Morganton, NC: Habilitative Management Consultants.
Skinner, B. F. (1972). Some implications of making education more efficient. In: Thoresen, C. E. (ed.). Behavior modification in
education. Chicago: National Society for the Study of Education.
40
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Rosales-Ruiz, J., & Baer, D. M. (1997). Behavioral cusps: a developmental and pragmatic concept for behavior analysis.
Journal of Applied Behavior Analysis, v. 30, n. 3, p. 533-544, 1997. https://doi.org/10.1901/jaba.30-533.
Silva, A. M., & Mendes, E. G. (2012). Psicologia e inclusão escolar: novas possibilidades de intervir preventivamente sobre
problemas comportamentais. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 18, n. 1, p. 53-70.
41
3. A APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA OBM
(ORGANIZATIONAL BEHAVIOR MANAGEMENT)
COM EQUIPES QUE REALIZAM INTERVENÇÃO
PARA INDIVÍDUOS COM TEA
1 2
POR HELENA MELETTI E CATIA CIVIDINI-MOTTA
{1}Helena Duran Meletti, Psicóloga formada pela PUC/SP, doutoranda do Programa de Psicologia Experimental - Análise do
Comportamento da PUC/SP, mestre em Psicologia Experimental - Análise do Comportamento pela PUC/SP e especialista em
Análise Aplicada ao Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) no IEPSIS/Método – Curso verificado pela ABAI, com
formação em Organizational Behavior Management (OBM) pelo Instituto Paradigma. Psicóloga Supervisora na Entremeio
Intervenção Comportamental (São Paulo/SP) instituição que atua com indivíduos diagnosticados com TEA e Desenvolvimento
Atípico.
{2}Catia Cividini-Motta, Analista do Comportamento, BCBA-D, doutora em Análise do Comportamento pela Western New
England University, em Springfield, mestre em Análise do Comportamento Aplicada da Northeastern University, em Boston.
Professora e coordenadora da experiência prática do mestrado em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) da Universidade
do Sul da Flórida (University of South Florida).
42
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
[3] Existe uma proposta de acreditação para profissionais Analistas do Comportamento que atuam com TEA/DA em processo
de aprovação na ABPMC (Associação Brasileira de Psicologia e MedicinaComportamental). Nela foram descritos critérios de
atuação e formação das três funções discutidas nesse texto (Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental -
Comissão de Desenvolvimento Atípico, 2019b, 2020).
[4] Organizações de serviços humanos são aquelas que oferecem algum tipo de tratamento ou intervenção para diversas
populações, normalmente para melhorar suas habilidades voltadas a autonomia e independência (Gravina et al.,2018). Alguns
exemplos são: clinicas de reabilitação, clinicas de fisioterapia e instituições para pessoas com transtornos do desenvolvimento.
[5] Journal of Applied Behavior Analysis (JABA), Journal of Organizational Behavior Management (JOBM) e Behavior
Analysis in Practice (BAP).
43
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
identificou que a maioria de sua amostra tinha como população alvo profissionais de
linha de frente e como clientes, indivíduos com distúrbios do desenvolvimento. As
principais variáveis estudadas envolveram integridade de procedimento, utilizando
principalmente procedimentos como treinamento e feedback.
Observa-se que trabalhos que envolviam supervisores e gerentes (profissionais
responsáveis pelo manejo de desempenho de outros profissionais) tiveram menor
destaque na amostra e, funções que poderiam ser equivalentes ao
coordenador/auxiliar, nem apareceram na amostra. Um dos poucos trabalhos que
teve como público alvo, além do pessoal de linha de frente, os seus supervisores foi o
de Szabo et al. (2012), que identificaram a eficácia de um procedimento de manejo
de desempenho por uma tabela de pontuação tanto para o pessoal de linha de frente,
quanto para os supervisores. Além disso, Szabo et al. (2012) verificaram que a
melhora no desempenho dos profissionais da equipe acarretou na melhora
comportamental do cliente.
Gravina et al. (2018) e Szabo et al. (2012) discutem que dar prioridade para
intervenções somente com os profissionais de linha de frente podem limitar a
manutenção e generalização dessas intervenções na organização, visto que existe
maior rotatividade desses profissionais, comparados a supervisores, e finalizam
sugerindo que equipes que trabalhem com serviços como esses, deem preferência em
planejar procedimentos de manejo do comportamento de sua equipe top-down, ou
seja, dando preferência a profissionais que estão hierarquicamente no topo do
organograma, seguindo até profissionais de linha de frente.
Ao discutir a qualidade da atuação de membros de uma equipe que intervém
com indivíduos com TEA/DA, podemos afirmar que a aprendizagem de nosso cliente
está potencialmente relacionada ao desempenho daquele que aplica o procedimento,
e o quão íntegra essa aplicação foi. Porém também devemos olhar, assim como
sugerido por Gravina et al. (2018) e Szabo et al. (2012), que o desempenho de
supervisores e coordenadores/auxiliares também está diretamente correlacionada
com o comportamento dos aplicadores e consequentemente de seus clientes.
Uma das áreas da OBM trata especificamente sobre o manejo de desempenho
de pessoas de uma organização, a Performance Management (Daniels & Bailey,
2014) e suas ferramentas podem ser aplicadas em equipes que trabalham com
TEA/DA para favorecer a implementação da intervenção de um cliente de maneira
44
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
45
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
[6]Tarefas sugeridas a partir da análise de documentos produzidos pela Comissão de Desenvolvimento Atipico da ABPMC e pelo
BACB (Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental - Comissão de Desenvolvimento Atípico, 2019a, 2019b,
2020, Behavior Analyst Certification Board, 2019)
46
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
[7] A porcentagem de acompanhamento aqui descrita e as seguintes destacadas nesta seção tomaram como base a porcentagem
de supervisão sugerida por Behavior Analyst Certification Board (2014a).
47
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
48
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
49
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Tabela 1
Exemplo registro de mensuração de desempenho do aplicador ao aplicar um
programa de ensino por tentativa discreta.
50
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
51
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
52
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
resposta que não será consequenciada (ou não será consequenciada imediatamente)
por um reforçador natural, o manejo de antecedentes pode favorecer a manutenção
desse comportamento, ou seja, pode favorecer que o profissional mantenha-se
comportando dessa determinada maneira. Podemos ilustrar a última afirmação com
um exemplo de uma placa com a sinalização que indique que os aplicadores devem
prender seus cabelos para evitar que os mesmos sejam puxados por seus clientes,
neste caso, a contingência citada descreve um comportamento governado por regra
(Daniels & Bailey, 2014; Wine & Pritchard, 2018).
É possível verificar que o aplicador está com dificuldade em realizar essa tarefa,
ou está se esquecendo. Após esclarecido o procedimento adequado o supervisor pode
colocar um lembrete no registro do aplicador que o lembre de trocar a cartela de
fichas, se o registro for programado por um software, facilmente esse lembrete pode
ser destacado para aparecer logo que o aplicador inicia o programa, conforme
sinalizado na Figura 1. Caso o registro seja manual, o supervisor pode destacar um
espaço para a inserção dessa informação.
Tabela 2
Exemplo registro de mensuração de desempenho do aplicador ao aplicar um
programa de ensino por tentativa discreta com destaque para tentativas que
poderiam ter sido consequenciadas pelo supervisor/coordenador (ex. ambiente livre
de distratores, primeira tentativa) e momentos em que o feedback poderia ser
disponibilizado (ex. Deu instrução clara e objetiva, entre terceira e quarta tentativa).
54
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
55
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
3.Feedback do desempenho
É comum escutarmos sobre feedback em ambiente de trabalho, é um termo que é
utilizado de maneira informal, no entanto, nem todos são de fato considerados
feedback. Segundo Daniels e Bailey (2014), o feedback necessariamente tem função
de fornecer uma informação sobre o desempenho do profissional e permite que ele
mude seu comportamento. É importante frisar que uma informação ou dado só é
feedback se diz àquele que desempenha o que deve ser modificado e qual o objetivo
alvo. Portanto quando o gestor diz ao profissional que um determinado desempenho
“é bom, mas poderia melhorar” sua imprecisão e falta de descrição em o que está
bom, o que precisa melhorar e o que é esperado deste profissional, afastam o termo
de ser considerado um feedback, além de aumentar a probabilidade do profissional
alterar comportamentos adequados. Portanto uma boa especificação de tarefas
aumenta a possibilidade de feedback mais preciso.
Para que um feedback seja efetivo é importante que ele seja descritivo e que essa
descrição considere comportamentos que estejam sob controle daquele que recebe o
feedback (Daniels & Bailey, 2014). Podemos dizer para um aplicador que o
desempenho dele melhorará quando ele realizar o registro do comportamento alvo
do cliente no software, no entanto, se essa tecnologia estiver inviável de ser utilizada,
a probabilidade de que esse desempenho seja melhorado é baixa.
Além disso, a imediaticidade de um feedback também implica em sua efetividade.
Quanto maior for o intervalo entre o desempenho e o feedback, menor
probabilidade de promover uma mudança comportamental ele terá (Daniels &
Bailey, 2014). O feedback pode ser planejado para ocorrer logo antes da próxima
vez que o profissional realizar a tarefa, garantindo ainda, maior probabilidade de
efetividade. Somado a isso, caso o feedback seja individualizado e de fácil
entendimento para o profissional, e que sinalize que o comportamento do
profissional será seguido por um reforçador, maior ainda a probabilidade de sucesso
dessa ferramenta (Daniels & Bailey, 2014; Mangiapanello & Hemmes, 2015).
Em nosso exemplo, poderíamos programar feedback para o desempenho do
aplicador em momentos específicos que antecederiam a próxima tentativa e
aumentariam a probabilidade de seu comportamento ser seguido de um reforçador.
Na Tabela 2 foram destacados com setas os momentos em que o analista do
56
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
4.Conclusão
Exemplos como o destacado nesse texto mostram a importância da utilização de
ferramentas como o esclarecimento de tarefas para que o analista do comportamento
tenha a possibilidade de descrever com o que seu supervisionando deverá fazer em
cada momento da intervenção, que o ajuda a mensurar com precisão o
comportamento do supervisionando. A mensuração permite o analista do
comportamento realizar um bom planejamento de manejo de antecedentes,
reforçadores e a apresentação de feedbacks de desempenhos claros que tornarão a
probabilidade de mudança de comportamento do supervisionando maior e a
possivelmente, a intervenção mais eficaz.
Programar a gestão de comportamentos da equipe pode ser uma tarefa bastante
custosa e desafiadora para o analista do comportamento, mas com certeza, sua
implementação o fará rever os seus próprios comportamentos, ou seja, como ele
realiza a supervisão, quais contingências o supervisor tem programado para ensinar
novos comportamentos para sua equipe e o que ele está fazendo para manter bons
desempenhos. Além disso, implicará na decisão de se o supervisor dá prioridades
para observação direta do trabalho do supervisionando ou não, se essa observação
será feita ao vivo ou por filmagem, como mensurar se o desempenho de sua equipe
interfere no comportamento de seus clientes.
Referências
Aldis, O. (1961). Of Pigeons and Men. Harvard Business Review, 39(4), 59–63. Retrieved from
http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=bth&AN=6780587&site=ehost-live
57
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Associação Brasileira de Análise do Comportamento. (2019). ABA para o autismo: proteja o seu filho! Orientações aos pais
(pp. 1–3). pp. 1–3. Retrieved from http://analisedocomportamento.org.br/aba-para-o-autismo-proteja-o-seu-filho/
Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental - Comissão de Desenvolvimento Atípico. (2019a). Circular -
comunicação à comunidade brasileira a respeito da intervenção baseada em ABA e profissionais que atendem neurodiversos.
Retrieved from http://abpmc.org.br/arquivos/publicacoes/1573747918c4a1d8066715.pdf
Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental - Comissão de Desenvolvimento Atípico. (2019b). Critérios
para acreditação específica de prestadores de serviços e Análise do Comportamento Aplicada (ABA) ao TEA/Desenvolvimento
Atípico da ABPMC (pp. 1–20). pp. 1–20. Retrieved from
http://abpmc.org.br/arquivos/publicacoes/1565823143e10d0ae629a7.pdf
Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental - Comissão de Desenvolvimento Atípico. (2020). Critérios
para acreditação específica de prestadores de serviços e Análise do Comportamento Aplicada (ABA) ao TEA/Desenvolvimento
Atípico da ABPMC (pp. 1–32). pp. 1–32. https://doi.org/10.1017/CBO9781107415324.004
Behavior Analyst Certification Board. (2014a). Applied Behavior Analysis Treatment of Autism Spectrum Disorder: Practice
Guidelines for Healthcare Funders and Managers (p. 46).
Behavior Analyst Certification Board. (2014b). Professional and Ethical Compliance Code for Behavior Analysts. Littleton, CO:
Author, pp. 141–164. https://doi.org/10.1016/b978-0-12-815914-9.00027-4 Behavior Analyst Certification Board. (2019).
Clarifications Regarding Applied Behavior Analysis Treatment of Autism Spectrum Disorder: Practice Guidelines for
Healthcare Funders and Managers (2nd ed.) (pp. 1–4). pp. 1–4. Retrieved from
https://cdn.ymaws.com/www.apbahome.net/resource/collection/1FDDBDD2-5CAF-4B2A-AB3F-
DAE5E72111BF/Clarifications.ASDPracticeGuidelines.pdf
Daniels, A. C., & Bailey, J. S. (2014). Performance Management: Changing behavior that drives organizational efectiveness
(5th ed.; P. M. Publications, Ed.). Atlanta, GA.
Dickinson, A. M. (2001). The Historical Roots of Organizational Behavior Management in the Private Sector: The 1950s-
1980s. Journal of Organizational Behavior Management, 20 (3/4), 9–58. https://doi.org/10.1300/J075v20n03
Gravina, N., Villacorta, J., Albert, K., Clark, R., Curry, S., & Wilder, D. (2018). A Literature Review of Organizational
Behavior Management Interventions in Human Service Settings from 1990 to 2016. Journal of Organizational Behavior
Management, 38(2–3), 191–224. https://doi.org/10.1080/01608061.2018.1454872
Mangiapanello, K. A., & Hemmes, N. S. (2015). An Analysis of Feedback from a Behavior Analytic Perspective. Behavior
Analyst, 38(1), 51–75. https://doi.org/10.1007/s40614-014-0026-x
Ludwig, T. D. (2015). Organizational Behavior Management. In Clinical and Organizational Applications of Applied Behavior
Analysis. https://doi.org/10.1016/b978-0-12-420249-8.00024-1
Mager, R. F., & Pipe, P. (2001). Analisando problemas de performance: como descobrir por que as pessoas não estão fazendo
o que deveriam e como lidar com isso (tradução:; M. Books, Ed.). São Paulo.
Miguel, C. F. (1997). Uma Introdução ao Gerenciamento Comportamental de Organizações. In ARBytes Editora Ltda (Ed.),
Sobre Comportamento e Cognição (Volume 2, pp. 277–287). São Paulo: Maly Delitti.
Reid, D. H., Parsons, M. B., & Green, C. W. (2012). The Supervisor’s Guidebook: Evidence-based strategies for promoting
work quality and enjoyment among human service staff (Volume 4 i). Chapel Hill, NC: Habilitative Management Consultants,
INc.
Szabo, T. G., Williams, W. L., Rafacz, S. D., Newsome, W., & Lydon, C. A. (2012). Evaluation of the Service Review Model
With Performance Scorecards. Journal of Organizational Behavior Management, 32(4), 274–296.
https://doi.org/10.1080/01608061.2012.729408
58
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Turner, L. B. (2017). Behavior Analytic Supervision. In Applied Behavior Analysis Advanced Guidebook.
https://doi.org/10.1016/b978-0-12-811122-2.00001-2
Wine, B., & Pritchard, J. (2018). Organizational Behavior Management : the Essentials.
59
4. ESTRATÉGIAS DE ENSINO ESTRUTURADAS E
NATURALÍSTICAS NA INTERVENÇÃO PRECOCE
1 2
MILENA PIMENTEL E DANIELA CANOVAS
{1}Milena Pimentel, Psicóloga (CRP: 02/19713), graduada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), trabalha como
terapeuta ABA desde 2016.
{2} Segunda autora: Daniela Canovas, Psicóloga (CRP 06/91542) e Mestre pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e
Doutora em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo (USP). Durante o doutorado realizou estágio no exterior
(Doutorado Sanduíche) na Columbia University, sob supervisão do Prof. Dr. Douglas Greer, em Análise do Comportamento
Aplicada (ABA) com ênfase em Comportamento Verbal e Intervenção Precoce (entre 2012 e 2013). Daniela trabalhou como
supervisora e consultora em serviços de ABA entre 2014 e 2016. Em 2016, iniciou suas atividades no Grupo Método e
atualmente é Diretora de Processos Clínicos. Daniela é Analista do Comportamento Certificada (Board Certified Behavior
Analyst) nível de doutorado (BCBA-D®) desde 2017. Além disso, é coordenadora do curso de Pós-Graduação em Análise do
Comportamento Aplicada (ABA) da Faculdade INESP/IEPSIS e Grupo Método desde 2018.
60
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Eldevik et al. (2006), Fava et al. (2011) e Howard, Sparkman, Cohen et al.
(2005) comparam os efeitos da intervenção precoce intensiva baseada em princípios
ABA e da intervenção eclética intensiva ou não em crianças com TEA, sobre a
gravidade do autismo, avanços no desenvolvimento, repertório de linguagem,
comportamentos desafiadores e adaptativos. No estudo de Howard et al. (2005) os
resultados referen- referentes aos dois tipos de intervenção foram comparados
durante o primeiro ano de tratamento a partir dos dados de aplicação de alguns
testes padronizados, entre os quais: Bayley Scales of Infant Development-Second
Edition (BSID-II; Bayley, 1993); Differential Abilities Scale (DAS; Elliott, 1990); The
Reynell Developmental Language Scales (Reynell & Gruber, 1990); The Merrill-
Palmer Scale of Mental Tests (Stutsman, 1948); Vineland Adaptive Behavior Scales:
Interview Edition (VABS; Sparrow et al., 1984); Stanford-Binet Intelligence Scale,
Fourth Edition (S-B; Thorndike et al., 1986); Wechsler Primary Preschool Scales of
Intelligence— Revised (WPPSI-R; Wechsler, 1989). A análise dos resultados sugeriu
que, após um ano de intervenção, os participantes do grupo ABA obtiveram
melhores desempenhos, em medidas padrões relativas aos testes aplicados, do que os
participantes do grupo eclético. As crianças do grupo ABA atingiram critério de
aprendizagem em diversas habilidades a uma razão equivalente a razão padrão de
um ano de progresso por idade. As crianças do grupo eclético continuaram com
taxas de desenvolvimento abaixo da taxa normal, algumas chegaram a produzir
escores médios negativos em vários domínios de habilidades, não demonstrando
eficácia.
Dando continuidade aos estudos realizados por Howard et al. (2005), Howard
et al. (2014) apresentaram o resultado de uma pesquisa complementar realizada com
os dois grupos de crianças após mais dois anos de tratamento. As conclusões
mostraram evidências de que as crianças que receberam a intervenção precoce
intensiva com base em ABA eram mais propícias a manterem escores na faixa
normal dos testes padronizados após o tratamento e tinham maior probabilidade de
serem inseridas em uma sala de aula regular. Os dados apontaram ainda a baixa
probabilidade das crianças do grupo eclético atingirem escores no intervalo normal
após o primeiro ano de tratamento e muitas das quais conseguiram atingir escores
no intervalo normal durante o primeiro ano ficaram fora do intervalo nos anos
subsequentes, não obtendo quaisquer melhoras significativas de forma confiável.
Dessa forma, tais dados contradizem “crenças” do senso comum de que qualquer
tipo de intervenção é benéfica e leva ao desenvolvimento de crianças com autismo.
62
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
63
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
de estímulos da dica para o estímulo antecedente (que então pode adquirir a função
de SD ao longo do treino). Na medida em que a criança avança, gradualmente a dica
deve ser esvanecida ou atrasada utilizando procedimentos específicos. Por fim, a dica
deve ser retirada por completo para que a criança aprenda a responder de forma
independente ao estímulo discriminativo (Smith, 2001).
3. Resposta
A resposta se refere ao comportamento da criança em relação ao antecedente
apresentado pelo terapeuta, podendo ser a resposta definida como correta ou
incorreta. Além disso, a resposta pode ocorrer com dica ou de forma independente.
Respostas incorretas podem se tornar parte da sequência aprendida em uma nova
tarefa (por exemplo, apontar a figura incorreta e em seguida apontar a figura
correta), podendo ocasionar um padrão de comportamento que produz mais erros.
Diante de um erro, o reforçador não é apresentado, o que pode evocar
comportamentos disruptivos (Smith, 2001; Smith et al., 1995). Uma forma de ensino
que minimiza a chance do erro na resposta devido a adição de uma dica ou ajuda, e
assim reduz os efeitos negativos da resposta incorreta, é chamado de aprendizagem
“sem erros” (Mueller et al., 2007).
É necessário atentar às estratégias que a criança pode estar usando para responder
corretamente sem que necessariamente tenha aprendido a discriminação. Por
exemplo, o terapeuta pode inadvertidamente fornecer algum tipo de dica, como
olhar para o item solicitado, e a criança pode responder a essa dica e não à
apresentação do estímulo relevante (por exemplo, o nome do item). Além disso, a
criança pode repetir a última resposta que foi reforçada anteriormente, em vez de
atender ao antecedente relevante (Smith, 2001).
4. Consequência
Durante o treino por tentativas discretas a ocorrência do comportamento alvo é
consequenciada imediatamente por um reforçador que pode ser social (elogios e
interações sociais) e/ou tangível (algum objeto, brinquedo ou comestível). Além
disso, é possível utilizar reforçadores condicionados como fichas, que podem ser,
posteriormente, trocadas por outros itens. Em caso de ausência de resposta, em um
intervalo de até 5s, e respostas incorretas a consequência deve ser a apresentação de
um procedimento de correção para o erro, sem a apresentação de reforço (Geiger et
al., 2012; Lovaas, 1987; Smith, 2001).
65
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Tabela 1
Principais vantagens e desvantagens do uso exclusivo do DTT
Vantagens Desvantagens
66
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
O uso exclusivo de DTT pode não ser suficiente para que a habilidade adquirida
em treino seja demonstrada de forma espontânea em diferentes contextos e com
diferentes pessoas. Por isso, deve ser combinado com outras estratégias que
favoreçam a generalização, entre as quais: realizar o treino de DTT em mais de um
contexto (por exemplo, na mesa e no chão); usar treino com múltiplos exemplares
(por exemplo, vários exemplares ou figuras para um mesmo alvo) e variar os adultos
ou terapeutas envolvidos no treino. Além disso, o uso de DTT deve ser combinado
com estratégias de ensino naturalístico para permitir que as crianças demonstrem
habilidades de forma “espontânea” e iniciem interações, além de exibir essas
habilidades em todas as situações (Charlop-Christy et al., 1999; Fava et al., 2011;
Smith, 2001).
No caso da intervenção precoce muitas vezes é indicado iniciar a intervenção
com sessões de ensino em contexto de brincadeira, nesse caso é possível implementar
tentativas no chão, fazer um intervalo maior entre as tentativas e utilizar sempre
materiais de ensino de interesse da criança (por exemplo, iniciar o treino de apontar
figuras de brinquedos ou itens de interesse da criança, ou usando um livro, caso a
criança goste de livros). Dessa forma, embora o terapeuta ainda utilize tentativas
discretas e alguns reforçadores arbitrários (por ex., acesso a um item ou brinquedo),
isto pode ser feito em um contexto de brincadeira e de forma a manter a criança
motivada e engajada na atividade. Esses aspectos são muito importantes na
intervenção precoce, pois, para crianças muito pequenas (por exemplo, com idade
abaixo de 2 anos), realizar atividades na mesa não seria o mais usual considerando
atividades e o contexto de uma criança típica desta idade. Em geral, as crianças nesta
faixa etária tendem a apresentar maior agitação motora e algumas dificuldades em
permanecer sentadas por períodos mais longos, além disso, podem apresentar
comportamento de fuga de demandas mais estruturadas. Dessa forma, caso seja
necessário utilizar estratégias de ensino estruturadas, é importante planejar que o
contexto seja motivador para a criança.
67
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
das crianças. Para que a aprendizagem ocorra de forma eficiente e seja capaz de
promover a iniciativa e espontaneidade da criança, deve envolver controle
compartilhado entre criança e adulto, vários materiais e ambientes diversos (e.g.,
casa, escola, comunidade) e diferentes pessoas (Charlop-Christy et al., 1999;
Schreibman et al., 2015). Em geral, as estratégias de ensino naturalístico incorporam
três elementos fundamentais: 1) estratégias para favorecer a motivação; 2)
estabelecimento de relações funcionais; 3) variáveis que facilitam a generalização
(Charlop-Christy et al., 1999).
1.Motivação
As estratégias para favorecer a motivação incluem realização frequente de avaliação
de preferências, reforçadores variados, permitir que a criança escolha as atividades e
os reforçadores, além de incorporar ambientes terapêuticos menos estruturados e
mais associados ao brincar.
2.Relações funcionas
As relações funcionais devem ser estabelecidas entre o comportamento alvo e o
acesso aos reforçadores (priorizando reforçadores naturais e relacionados ao
comportamento alvo), maximizando os efeitos das variáveis motivacionais presentes
no ambiente (estratégias de organização do ambiente que possam favorecer a
motivação) e a generalização dos comportamentos aprendidos.
68
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
69
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Tabela 2
Principais vantagens e desvantagens do IT
Vantagens Desvantagens
Pode ser conduzido casualmente durante Exige que os terapeutas, professores e cuidadores
todo o dia da criança por diferentes sejam bem treinados
pessoas que interagem com ela
70
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Estimula a iniciativa e
“espontaneidade” da criança Depende da iniciativa da criança
71
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Tabela 3
Principais diferenças entre DTT e IT
DTT IT
72
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
73
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
por tentativas discretas (DTT) com o ensino incidental (IT). A primeira oportunidade
de ensino depende da iniciativa da criança (IT) e, em seguida, apresenta tentativas
discretas (DTT) em que o adulto pode ter a iniciativa apresentando uma sequência
de tentativas de treino. A vantagem é que essa estratégia combina a motivação inicial
da criança com a possibilidade de apresentar um número maior de oportunidades de
ensino.
Paradigma de Linguagem Natural (Natural Language Paradigm - NPL)
O Paradigma de Linguagem Natural (Natural Language Paradigm - NPL, Koegel et
al., 1992; Koegel, O'Dell, & Koegel, L. K. 1987; Laski et al., 1988) é uma
abordagem para favorecer o desenvolvimento de fala tanto em crianças não vocais
quanto para melhorar a fala em crianças ecolálicas ou que apresentam poucas
vocalizações funcionais. O ensino é uma combinação de tentativas discretas e ensino
naturalístico, sendo direcionado pela motivação da criança através da utilização de
brincadeiras e atividades divertidas e variadas. De acordo com Laski e colaboradores
(1988) o NPL envolve 4 componentes: 1) Reforçar qualquer tentativa de emitir sons
ou palavras em situações naturais e contextos de brincadeiras; 2) Realizar trocas de
turno, por exemplo, em que o terapeuta fornece modelos de sons/palavras ao
manipular os brinquedos e entrega o brinquedo a criança ,após ela emitir qualquer
som ou palavra, por aproximadamente 10s; 3) Treino com múltiplos exemplares em
que o mesmo som/palavra é pareado com diferentes objetos (por exemplo, “liga”
para ligar a televisão e “liga” para ligar a música) e o mesmo objeto é pareado para
diferentes sons (por exemplo, galinha e “cocó” diante da imagem de uma galinha);
4) Controle compartilhado em que a criança solicita, por meio de gesto/som, um
item o terapeuta diz o nome diz o nome do item e em seguida o entrega (por
exemplo, a criança aponta para o carrinho ou fala “ca”, o terapeuta diz “carrinho” e
entrega o carrinho).
Considerações Finais
Dentro de um modelo abrangente de intervenção precoce baseada em ABA, com
o objetivo promover de maneira eficaz o ensino e a generalização de habilidades em
diversas áreas do desenvolvimento é importante mesclar estratégias de ensino
estruturado e ensino naturalístico (e.g. Charlop-Christy et al., 1999; Schreibman et
al., 2015). Considerando a importância do DTT para o ensino de várias habilidades
e sua eficiência dado o grande número de oportunidades, versus a necessidade de
estratégias naturalísticas e de ensino incidental para desenvolver a iniciativa,
motivação e generalização, os dois tipos de estratégias podem ser considerados como
formas de ensinos complementares (Smith, 2001).
74
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
A escolha da estratégia de ensino deve ser feita com base no repertório da criança
(qual a melhor forma que ela consegue aprender) e na habilidade a ser ensinada,
sempre enfatizando a importância de fornecer um ambiente de ensino apropriado.
Crianças com um repertório mais deficitário, geralmente precisam ser expostas ao
ensino de novas habilidades de uma forma mais estruturada, mas já incluindo
estratégias que favoreçam a generalização no contexto de DTT (e.g., múltiplos
exemplares; variar terapeutas e locais de aplicação; utilizar tentativas incorporadas
às rotinas e brincadeiras). Para habilidades que envolvem diretamente a motivação,
como comunicação e fazer pedidos, estratégias de ensino incidental já devem ser
utilizadas desde o início da intervenção com crianças com diferentes repertórios. Em
relação a outras habilidades, conforme a criança progride no tratamento é possível
utilizar uma configuração de treino que envolva mais de uma estratégia de ensino, ou
seja, o ensino pode ocorrer tanto em ambiente estruturado como em um ambiente
mais natural com o objetivo que a criança aprenda novos alvos comportamentais e
generalize ainda mais para novos ambientes, materiais e pessoas, além de favorecer a
iniciativa e a “espontaneidade” (Fava et al, 2011; Schreibman et al. 2015; Smith,
2001).
As estratégias de ensino e aspectos discutidos ao longo deste capítulo são
aplicáveis para indivíduos com TEA de diversas idades, mas são especialmente
importantes na intervenção precoce. Na intervenção com crianças de até 3 anos de
idade é fundamental utilizar estratégias de ensino naturalístico e utilizar recursos de
brincadeira adequados à idade para favorecer a motivação e o engajamento. Já na
intervenção infantil, por exemplo, com crianças a partir de 6 anos, estratégias de
ensino em contexto natural continuam sendo importantes, porém pode ser necessário
incluir mais atividades estruturadas e em mesa. Isto porque, nessa faixa etária, as
demandas em contexto escolar exigem o ensino e generalização de outras habilidades
(por exemplo, habilidades envolvendo comportamento de aluno, permanecer
engajado em atividades grafomotoras ou acadêmicas de forma independente, entre
outras).
Referências
Bayley, N. (1993). Bayley Scales of Infant Development (2nd ed.). San Antonio, TX: The Psychological Corporation.
Charlop-Christy, M. H., LeBlanc, L. A., & Carpenter, M. H. (1999). Naturalistic Teaching Strategies (NATS) to Teach Speech
to Children with Autism: Historical Perspective, Development, and Current Practice. The California School Psychologist, 4, 30–
46. https://doi.org/10.1007/BF03340868
75
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Charlop-Christy, M. H., & Carpenter, M. H. (2000). Modified Incidental Teaching Sessions. Journal of Positive Behavior
Interventions, 2, 98–112. https://doi.org/10.1177/109830070000200203
Cooper, J., Heron, T. E., Heward, W. L. (2019). Applied Behavior Analysis (3rd Edition). Edinburgh Gate, Harlow: Pearson.
Dawson, G., & Fischer, K. W. (1994). Human behavior and the developing brain. New York: Guilford.
Elliott, C. (1990). Differential ability scales. San Antonio, TX: The Psychological Corporation.
Eldevik, S., Eikeseth, S., Jahr, E., & Smith, T. (2006). Effects of low-intensity behavioral treatment for children with autism and
mental retardation. Journal of Autism and Developmental Disorders, 36, 211–224. https://doi.org/10.1007/s10803-005-0058-x
Fava, L., Strauss, K., Valeri, G., D’Elia, L., Arima, S., & Vicari, S. (2011). The effectiveness of a cross-setting complementary
staff-and parent-mediated early intensive behavioral intervention for young children with ASD. Research in Autism Spectrum
Disorders, 5, 1479–1492. https://doi.org/10.1016/j.rasd.2011.02.009
Geiger, K. B., Carr, J. E., LeBlanc, L. A., Hanney, N. M., Polick, A. S., & Heinicke, M. R. (2012). Teaching Receptive
Discriminations to Children With Autism: A Comparison of Traditional and Embedded Discrete Trial Teaching. Behavior
Analysis in Practice, 5, 49–59. https://doi.org/10.1007/BF03391823
Granpeesheh, D., Dixon, D. R., Tarbox, J., Kaplan, A. M., & Wilke, A. E. (2009). The effects of age and treatment intensity in
behavioral intervention outcomes for children with autism spectrum disorders. Research in Autism Spectrum Disorders, 3,
1014–1022.https://doi.org/10.1016/j.rasd.2009.06.007
Hart, B. M., & Risley, T. R. (1968). Establishing use of descriptive adjectives in the spontaneous speech of disadvantaged
preschool children Journal of Applied Behavior Analysis, 1, 109–120. https://doi.org/10.1901/jaba.1968.1-109
Hart, B., & Risley, T. R. (1974). Using preschool materials to modify the language of disadvantaged children1. Journal of
Applied Behavior Analysis, 7, 243–256. https://doi.org/10.1901/jaba.1974.7-243
Hart, B., & Risley, T. R. (1975). Incidental teaching of language in the preschool1. Journal of Applied Behavior Analysis, 8,
411–420. https://doi.org/10.1901/jaba.1975.8-411
Hart, B., & Risley, T. R. (1980). In vivo language intervention: unanticipated general effects. Journal of Applied Behavior
Analysis, 13, 407–432. https://doi.org/10.1901/jaba.1980.13-407
Howard, J. S., Sparkman, C. R., Cohen, H. G., Green, G., & Stanislaw, H. (2005). A comparison of intensive behavior analytic
and eclectic treatments for young children with autism. Research in Developmental Disabilities, 26, 359–383.
https://doi.org/10.1016/j.ridd.2004.09.005
Howard, J. S., Stanislaw, H., Green, G., Sparkman, C. R., & Cohen, H. G. (2014). Comparison of behavior analytic and
eclectic early interventions for young children with autism after three years. Research in Developmental Disabilities, 35, 3326–
3344. https://doi.org/10.1016/j.ridd.2014.08.021
Koegel, R. L., Dunlap, G., & Dyer, K. (1980). Intertrial interval duration and learning in autistic children. Journal of Applied
Behavior Analysis, 13, 91–99. https://doi.org/10.1901/jaba.1980.13-91
Koegel, R L., Koegel, L. K., & Surratt, A. (1992). Language intervention and disruptive behavior in preschool children with
autism. Journal of Autism and Developmental Disorders, 22, 141–153. https://doi.org/10.1007/BF01058147
76
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Koegel, R. L., O'Dell, M. C., & Koegel, L. K. (1987). A natural language teaching paradigm for non-
verbal autistic children. Journal of Autism and Developmental Disorders, 17, 187-200.
https://doi.org/10.1007/BF01495055
Laski, K. E., Charlop, M. H., & Schreibman, L. (1988). Training parents to use the natural language
paradigm to increase their autistic children’s speech. Journal of Applied Behavior Analysis, 21, 391–
400.https://doi.org/10.1901/jaba.1988.21-391
Leaf, R., & McEachin, J. (1999). A work in progress: Behavior management strategies and a
curriculum for intensive behavioral treatment of autism. New York: DRL.
Lovaas, O. I., Schreibman, L., Koegel, R., & Rehm, R. (1971). Selective responding by autistic
children to multiple sensory input. Journal of Abnormal Psychology, 77, 211–222.
https://doi.org/10.1037/h0031015
Lovaas, O. I. (1987). Behavioral treatment and normal educational and intellectual functioning in
young autistic children. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 55,3 –9.
https://doi.org/10.1037/0022-006X.55.1.3
Maurice, C., Green, G., & Luce, S. C. (1996). Behavioral intervention for young children with autism.
Austin, TX: Pro-Ed.
MacDonald, R., Parry-Cruwys, D., Dupere, S., & Ahearn, W. (2014). Assessing progress and
outcome of early intensive behavioral intervention for toddlers with autism. Research in
Developmental Disabilities, 35, 3632–3644. https://doi.org/10.1016/j.ridd.2014.08.036
Miranda-Linné, F., & Melin, L. (1992). Acquisition, generalization, and spontaneous use of color
adjectives: A comparison of incidental teaching and traditional discrete-trial procedures for children
with autism. Research in Developmental Disabilities, 13, 191–210. https://doi.org/10.1016/0891-
4222(92)90025-2
Mueller, M. M., Palkovic, C. M., & Maynard, C. S. (2007). Errorless learning: Review and practical
application for teaching children with pervasive developmental disorders. Psychology in the Schools,
44, 691–700. https://doi.org/10.1002/pits.20258
Perry, A., Cummings, A., Dunn Geier, J., Freeman, N. L., Hughes, S., Managhan, T., et al. (2011).
Predictors of outcome for children receiving intensive behavioral intervention in a large, community-
based program. Research in Autism Spectrum Disorders, 5, 592–603.
https://doi.org/10.1016/j.rasd.2010.07.003
Ramey, C. T., & Ramey, S. L. (1998). Early intervention and early experience. American
Psychologist, February, 109–120. https://doi.org/10.1037//0003-066x.53.2.109
77
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Ramey, S. L., & Ramey, C. T. (1999). Early experience and early intervention for children at risk for developmental delay and
mental retardation. Mental Retardation and Developmental Disabilities Research Reviews, 5,1 –10.
https://doi.org/10.1002/(SICI)1098-2779(1999)5:1<1::AID-MRDD1>3.0.CO;2-F
Reynell, J. K., & Gruber, G. P. (1990). Reynell Developmental Language Scales. Los Angeles, CA: Western Psychological
Services.
Schreibman, L., Dawson, G., Stahmer, A. C., Landa, R., Rogers, S. J., McGee, G. G., … Halladay, A. (2015). Naturalistic
Developmental Behavioral Interventions: Empirically Validated Treatments for Autism Spectrum Disorder. Journal of Autism
and Developmental Disorders, 45, 2411–2428. https://doi.org/10.1007/s10803-015-2407-8
Shore, R. (1997). Rethinking the brain: New insights into early development. New York: Families and Work Institute.
Stutsman, R. (1948). Merrill Palmer Scale of Mental Tests. Wood Dale, IL: Stoelting
Sigafoos, J., O’Reilly, M., Ma, C. H., Edrisinha, C., Cannella, H., & Lancioni, G. E. (2006). Effects of embedded instruction
versus discrete‐trial training on self‐injury, correct responding, and mood in a child with autism. Journal of Intellectual &
Developmental Disability, 31, 196–203. https://doi.org/10.1080/13668250600999160
Smith, R. G., Iwata, B. A., Goh, H.-L., & Shore, B. A. (1995). Analysis of establishing operations for self-injury maintained by
escape. Journal of Applied Behavior Analysis, 28, 515–535. https://doi.org/10.1901/jaba.1995.28-515
Smith, T. (2001). Discrete Trial Training in the Treatment of Autism. Focus on Autism and Other Developmetal Disabilities,
16, 86–92. https://doi.org/10.1177/108835760101600204
Sparrow, S. S., Balla,D. A., & Cicchetti, D.V. (1984). The Vineland Adaptive Behavior Scales—Interview Edition. Circle Pines,
MN: American Guidance Service.
Thorndike, R. L., Hagen, E. P., & Sattler, J. M. (1986). The Stanford-Binet Intelligence Scale (4th ed.). Chicago: Riverside.
Wechsler, D. (1989). Wechsler Preschool and Primary Scale of Intelligence—Revised. San Antonio, TX: The Psychological
Corporation.
Wong, C., Odom, S. L., Hume, K. A., Cox, A. W., Fettig, A., Kucharczyk, S.,Schultz, T. R. (2015). Evidence-Based Practices
for Children, Youth, and Young Adults with Autism Spectrum Disorder: A Comprehensive Review. Journal of Autism and
Developmental Disorders, 45, 1951–1966. https://doi.org/10.1007/s10803-014-2351-z
78
5. TEORIA DA NOMEAÇÃO E SUAS APLICAÇÕES
1 2
VERÔNICA OLIVEIRA E DANIELA CANOVAS
{1}Verônica Oliveira dos Santos, Psicóloga (06/135091) pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (MACKENZIE), com bolsa
PROUNI. Tem experiência no atendimento e supervisão de crianças com base na Análise do Comportamento Aplicada (ABA),
trabalhando na área desde 2015. Atualmente é Psicóloga Supervisora no Grupo Método - Intervenção Comportamental no
Setor da Avaliação e Supervisão à Distância.
Currículo lattes: {1}Milena Pimentel, Psicóloga (CRP: 02/19713), graduada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
trabalha como terapeuta ABA desde 2016.
{2}Daniela de Souza Canovas, Psicóloga (CRP 06/91542) e Mestre pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e
Doutora em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo (USP). Durante o doutorado realizou estágio no exterior
(Doutorado Sanduíche) na Columbia University, sob supervisão do Prof. Dr. Douglas Greer, em Análise do Comportamento
Aplicada (ABA) com ênfase em Comportamento Verbal e Intervenção Precoce (entre 2012 e 2013). Daniela trabalhou como
supervisora e consultora em serviços de ABA entre 2014 e 2016. Em 2016, iniciou suas atividades no Grupo Método e
atualmente é Diretora de Processos Clínicos. Danielaé Analista do Comportamento Certificada (Board Certified
BehaviorAnalyst) nível de doutorado (BCBA-D®) desde 2017. Além disso, é coordenadora do curso de Pós- Graduação em
Análise do Comportamento Aplicada (ABA) da Faculdade INESP/IEPSIS e Grupo Método desde 2018.
Currículo lattes: {1}Milena Pimentel, Psicóloga (CRP: 02/19713), graduada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
trabalha como terapeuta ABA desde 2016.
79
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
item, olhar, seguir uma instrução - e falante- repetir um som, dizer o nome de um
item (Horne & Lowe, 1996; Keohane et al., 2009).
Essa relação permite agrupar na mesma classe a palavra ouvida, a palavra
repetida, o objeto que corresponde àquela palavra, bem como outros objetos que
têm características similares. Ou seja, quando a mãe aponta para o sapato e
pergunta “Onde está o sapato?” a criança olha para o sapatoe o pega; a mãe por sua
vez, elogia a criança (Horne & Lowe, 1996). Posteriormente, se na presença do
sapato (o mesmo ou um novo sapato) a criança disser “sapato” e apontar para o
item, podemos dizer que a resposta de falar “sapato” na presença doitem é uma
respostanova ou emergente (Greer & Longano,2010; Horne & Lowe, 1996; Horne
et al. 2006; Keohane et al. 2009).Desse modo, a relação estabelecida entre o
comportamento de ouvinte e falante possibilita uma rápida ampliação de repertório
e vocabulário, ou seja, após poucas exposições ao estímulo, muitas vezes em
contexto natural a criança pode aprender novos repertórios sem treino direto.
Estudos definem essa relação integrada como Naming (Nomeação) e apontam
nomeação como a base para o comportamento de categorizar (Greer & Longano,
2010; Horne & Lowe, 1996; Horne et al. 2006; Miguel et al. 2008).
Dessa forma, crianças que demonstram nomeação adquirem repertórios de
comunicação expressiva e receptiva de forma incidental. Por exemplo, após ouvir o
nome do estímulo sendo dito por outra pessoa, na presença do estímulo, a criança
pode ser capazde pegar ou tatear o estímulo em uma situação subsequente, sem que
seja necessário o ensino. Diferentemente, no caso de crianças com Transtorno do
Espectro do Autismo (TEA), devido a prejuízos em habilidades de comunicação,
comportamentos repetitivos e, em muitos casos, comprometimento
cognitivo(American Psychiatric Association, 2013), crianças com TEA têm
dificuldades em aprender no contexto naturale, muitas vezes,não apresentam
nomeação.Desse modo, o processo de ensino, frequentemente, envolve um contexto
estruturado, várias repetições, sempre respeitando as características do indivíduo,
como apresentado por Greer e Longano (2010) “[...] se a criança não pode aprender
a partir do discurso de outras pessoas, novos objetivospodem ser ensinados apenas
3
usando suas cusps e habilidades já existentes.” (p. 85).
[3] “[...]if a child cannot learn from the speech of others, new objectives can only be taught using his or her existing cusps and
capabilities[...]” (Greer & Longano, 2010, p. 85)
80
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
81
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
4
e, portanto,de comportamento simbólico. [...]”(p.185). São exemplos de repertórios
simbólicos: leitura e escrita, relações matemáticas, relações de compreensão e
significado.
Eles usam como exemplo a relação emergente de um treino de identificação
com figura e com palavra, separadamente. Ao realizar um treino de identificação
com a figura carro e posteriormente com a palavra carro, figura e palavra passam a
fazer parte da mesma classe (Horne & Lowe,1996).
No estudo de Horne et al. (2006), os pesquisadores tiveram como objetivo investigar
o papel da nomeação no comportamento de categorização e testar se as relações
comuns estabelecidas como os estímulos (ex. um chapéu e o comportamento de
colocar na cabeça) seriam suficientes para estabelecer transferência de função (ou
seja, as mesmas respostas apresentadas na presença do chapéu seriam apresentadas
na presença de outros tipos de chapéus). Para isso, selecionaram 14 crianças típicas
de uma creche, com idade de 1 ano e 10 meses até 4 anos, e avaliaram se ao ensinar
o comportamento de selecionar estímulos após ouvir o nome da sua categoria (por
exemplo, entregar o copo após o aplicador colocaram copo e um chapéu na frente
da criança e falar “Olha para esses itens, você conseguem e entregar o copo?”)
outras relações/comportamentos emergiriam.
Na primeira etapa do estudo, o treino se deu com a seleção dos objetos após
a instrução, como descrito anteriormente. Na sequência, o treino foi direcionado
para a função dos objetos. O aplicador continuava apresentando dois estímulos por
vez, apontava para o estímulo alvo e perguntava “Você pode me mostrar como
funciona esse?”, a cada tentativa a posição dos itens era alterada. Os estímulos
utilizados foram copo e chapéu. Adicionalmente, foram as crianças foram ensinadas
a responder “zok” e “veg” na presença desses itens. Os 10 participantes que
apresentaram uma das habilidades ou as duas (selecionar ou tatear a categoria como
“zok” ou “veg”), continuaram no estudo.
Ao decorrer do estudo, nas etapas seguintes, novas funções foram ensinadas
e relacionadas com os mesmos estímulos, como bater palmas ou acenar na presença
da palavra “zok” ou “veg”. Após atingir critério nessa fase, foram realizados os
testes de categorização, com novos modelos. Foi observado que as crianças que
[4] “We identify naming as the basic unit of verbal behavior, describe the conditions under which it is learned, and outline its
crucial role in the development of stimulus classes and, hence, of symbolic behavior. [...]” (Horne & Lowe,1996, p. 185).
82
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
83
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
tato, também falharam em categorizar. Esses dados sugerem que algumas crianças só
apresentam o repertório de categorização se elas tiverem o repertório de tatear a
categoria e selecionar (apontar, pegar) os estímulos correspondentes a categoria
(Miguel, 2008).
Ainda, os participantes que apresentaram categorização nesse estudo, também
apresentaram a relação de nomeação bidirecional. Desse modo, este estudo indica
que os comportamentos de falante e ouvinte podem contribuir para o
desenvolvimento do repertório de categorização.
84
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
85
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
86
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
87
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
88
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Considerações Finais
Foram descritos diversos estudos, com diferentes procedimentos (pareamento,
treino de ecoico combinado com pareamento ou SPOP, SPOP com treino de
múltiplos exemplares), metodologias que tiveram como objetivo comum induzir a
emergência de nomeação. Os procedimentos utilizados mostraram-se efetivos para o
estabelecimento de repertórios de tatear, selecionar, categorizar, aquisição de um
vocabulário no idioma natal e em um outro idioma, sendo necessárias algumas
adaptações ou ensinar alguma das habilidades envolvidas. Com relação a habilidade
de categorização, nos estudos citados, esse repertório só emergiu após os
participantes conseguirem tatear e selecionar itens com base na sua categoria. Isso
indica a importância da integração das respostas de falante e de ouvinte para a
aquisição de habilidades mais complexas. (Byrne et al., 2014; Cao & Greer, 2017;
Gilic & Greer, 2011; Horne et al. 2006; Longano & Greer 2014; Miguel, et al.
2008; Rosales et al. 2012).
Além disso, a nomeação favorece uma aceleração no processo de aquisição e/ou
expansão das habilidades de comunicação (Brasil 2019; Greer & Longano, 2010;
Horne & Lowe, 1996, Longano & Greer, 2014). Considerando as dificuldades de
aprendizagem apresentadas pelas crianças com TEA, o estabelecimento de
Nomeação permite uma economia nesse processo é de grande relevância para o
desenvolvimento dessas crianças, visto que, há muitos repertórios a serem
aprendidos.
89
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Referências
American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM – V. Washington: American
Psychiatric Publishing, 2013.
Byrne, B. L., Rehfeldt, R. A., & Aguirre, A. A. (2014). Evaluating the Effectiveness of the Stimulus Pairing Observation
Procedure and Multiple Exemplar Instruction on Tact and Listener Responses in Children with Autism. The Analysisof Verbal
Behavior30,160-169. https://doi.org/10.1007/s40616-014-0020-0.
Cao, Y. & Greer, R. D. (2007). Mastery of echoics in chinese establishes bidirectional naming in chinese for preschoolers with
naming in english. The Analysis of Verbal Behavior 34(1- 2):79‐99. Published 2019 January 8. https://doi.org/10.1007/s40616-
018-0106-1.
Freitas, M.C. & Reis, T. S. (2017). Ensaio sobre o comportamento humano e análise do comportamento. Educere et educare,
Revista de Educação. Vol. 12 Número 25 julho./dezembro.2017. http://e-
revista.unioeste.br/index.php/educereeteducare/article/view/18433.
Gil, M. S. C. A (2019). Behavioral cusp e o responder por exclusão: notas sobre um programa de pesquisa. Revista Brasileira de
Terapia Comportamental e Cognitiva. ISSN 1982-3541 Volume XXI no 1, 95-117.
Gilic, L. & Greer, D. (2011). Establishing Naming in Typically Developing Two-Year-Old Children as a Function of Multiple
Exemplar Speaker and Listener Experiences. The Analysis of Verbal Behavior. 27, 157–177.
https://doi.org/10.1007/BF03393099.
Greer, R. D., & Longano, J. (2010). A rose by naming: how we may learn how to do it. The Analysis of Verbal Behavior,
26(1), 73–106. https://doi.org/10.1007/BF03393085.
Horne, P. J. & Lowe, C. F. (1996). On the origins of naming and other symbolic behavior. Journal of the Experimental
Analysisof Behavior. 65, 185-241. https://doi.org/10.1901/jeab.1996.65- 185.
90
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Horne, P. J., Hughes,J. C., & Lowe, C. F. (2006).Naming and categorization in young children: IV: listener behavior
trainingand transfer of function. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 85(2), 247–273.
https://doi.org/10.1901/jeab.2006.125-04.
Keohane, D., Delgado, J. & Greer, R. D. (2009). Observing responses: Foundations of higher order verbal operants. In R. A.
Rehfeldt & Barnes-Holmes (Ed.), Derived Relational Responding: Applications for learners with autism and other
developmental disabilities. Oakland, CA: New Harbinger Publications.
Longano, J. M. & Greer, R. D. (2014) Is the Source of Reinforcement for Naming Multiple Conditioned Reinforcers for
Observing Responses? The Analysis of Verbal Behavior, 31(1):96-117. Published 2014 Sep 11. https://doi.org/10.1007/s40616-
014-0022-y
Miguel, C. F. (2016). Common and Intraverbal Bidirectional Naming. The Analysis of Verbal Behavior, 32, 125-138.
https://doi.org/10.1007/s40616-016-0066-2.
Miguel, C. F., Petursdottir,A., Carr, J. & Michael,J. (2008). The role of naming in stimulus categorization by preschool
children. Journal of the experimental analysis of behavior 89,383–405. https://doi.org/10.1901/jeab.2008-89-383.
Pérez-González L.A., Cereijo-Blanco N. & Carnerero J.J. (2014). Emerging Tacts and Selections from Previous Learned Skills:
A Comparison between Two Typesof Naming. The Analysis of Verbal Behavior. 30(2):184-192. Published 2014 April 11.
https://doi.org/10.1007/s40616-014-0011-1
Rosales-Ruiz, J., & Baer, D. M. (1997). Behavioral cusps: a developmental and pragmatic concept for behavior analysis.
Journal of Applied Behavior Analysis, 30(3), 533–544. https://doi.org/10.1901/jaba.1997.30-533
Rosales -Ruiz, J., Rehfeldt, R. &Huffman, N. (2012). Examining the utility of the stimulus pairing observation procedure with
preschool childrenlearning a secondlanguage. Journal of Applied Behavior Analysis. 45, 173–177.
https://doi.org/10.1901/jaba.2012.45-173
Skinner, B. F. (1992). Verbal Behavior. Acton, Massachusetts: Copley. Publicado originalmente em 1957.
91
6. AVALIAÇÃO FUNCIONAL DO
COMPORTAMENTO-DISRUPTIVO
1 2
RENATA MICHEL E ANDRESA DE SOUZA
{1}Renata Michel, BCBA, doutora em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP); e-mail para contato: [email protected]; Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7543664761511817.
{2}Andresa De Souza, psicóloga, BCBA-D, PhD pelo Marcus Autism Center; e-mail para contato: [email protected].
92
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Funções do comportamento
Segundo Skinner (1965), para descrevermos relações entre organismo e ambien-
te, é necessário identificar as variáveis que tenham algum efeito demonstrável sobre o
comportamento. Uma vez identificadas, é possível controlar o comportamento por
meio de manipulações dessas variáveis. Quando uma resposta é emitida e tem por
consequência a adição ou retirada de um estímulo do ambiente que aumenta a
probabilidade futura de emissão de respostas de mesma classe, estamos diante do
processo denominado reforçamento. Se o reforçamento ocorre pela adição de um
estímulo (reforçador) ao ambiente logo após a resposta, dizemos que a resposta é
mantida por reforçamento positivo. Quando, porém, o reforçamento ocorre pela
remoção de um estímulo do ambiente logo após a emissão da resposta, dizemos que
a resposta é mantida por reforçamento negativo.
Seguindo tal premissa, a avaliação funcional é um conjunto de procedimentos
que tem por objetivo identificar as variáveis ambientais (antecedentes e/ou
consequentes) que controlam e mantêm determinada classe de respostas, para, então,
programar as alterações de tais condições, que diminuirão a ocorrência de respostas
indesejadas. Parte-se do entendimento de que todo comportamento aprendido e
93
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
emitido por um indivíduo tem uma função no ambiente, ou seja, é emitido para
atingir um propósito específico (Iwata & Dozier, 2008). Dessa forma, função do
comportamento refere-se à consequência de reforçamento que mantém certos
comportamentos; na sua maioria, comportamentos-disruptivo. Uma vez que um
comportamento pode ser emitido sob controle de diversas variáveis ambientais
antecedentes e consequentes, isso implica afirmar que um mesmo comportamento
pode ter mais de uma função (diferentes efeitos no ambiente).
Do ponto de vista da análise do comportamento aplicada, funções do
comportamento podem ser ou não mediadas socialmente. Funções baseadas em
consequências mediadas socialmente podem ser: (a) acesso a atenção, itens tangíveis
ou atividade (reforçamento positivo) – são os casos, respectivamente, da criança que
chora no restaurante e ganha atenção da mãe ou ganha acesso ao celular para assistir
a um desenho; ou (b) fuga e esquiva de tarefas e situações aversivas (reforçamento
negativo) – por exemplo, o aluno que, ao gritar em sala de aula, tem uma tarefa
retirada pela professora. Já funções cujas consequências do comportamento não são
mediadas socialmente são denominadas automáticas, uma vez que o próprio
comportamento do indivíduo produz uma consequência que reforça diretamente tal
comportamento. Podemos, portanto, entender o termo “não socialmente mediado”
como qualquer resposta que não dependa da ação de outros para produzir
reforçamento (Iwata & Dozier, 2008).
Um exemplo de comportamentos tipicamente mantidos por reforçamento
automático em indivíduos com TEA são as estereotipias, como, por exemplo,
autoestimulações vocais, que consistem em vocalizações descontextualizadas, como
repetir partes de conversas, filmes ou livros, e sons e gritos sem qualquer função de
interação social (Shillingsburg et al., 2012). O reforçamento automático pode
também ser positivo ou negativo; porém, por conta da dificuldade de observação do
real efeito do comportamento para o indivíduo, não podemos afirmar com certeza se
tais comportamentos são mantidos por reforçamento positivo ou negativo. A criança
engaja-se em autoestimulação vocal, por exemplo, por conta da estimulação auditiva
das próprias vocalizações (reforçamento positivo) ou para camuflar variáveis sonoras
aversivas vinda do ambiente (reforçamento negativo).
É importante salientar que comportamentos de diferentes topografias podem ter
uma mesma função – gritar, empurrar e xingar, por exemplo, podem ter a função de
reforçamento negativo, ou seja, serem emitidos pelo aluno para fugir ou se esquivar
de uma tarefa indesejada e, assim, ser colocado para fora da sala de aula.
94
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Nesse caso, dizemos que todas essas topografias fazem parte da mesma classe de
comportamentos. Por outro lado, o mesmo comportamento pode ter funções
diferentes – gritar, para um aluno, pode ser mantido por reforçamento negativo na
sala de aula (como no exemplo anterior), mas mantido por reforçamento positivo em
casa, na forma de atenção dos pais.
Diante disso, uma intervenção que se baseie exclusivamente na topografia de
determinado comportamento-disruptivo terá poucas chances de sucesso. Para que
possamos descrever o comportamento-disruptivo a ser observado durante uma
avaliação funcional, devemos, desde o início, atentar para as condições ambientais
nas quais o comportamento ocorre. A Tabela 1 traz uma possível representação dos
tipos de reforçamento positivo e negativo anteriormente definidos.
Tabela 1
Tipo de função comportamental
Quando o indivíduo
Tangível Reforçamento Positivo Mediado Socialmente Acesso a itens ou busca acesso a itens ou
atividades preferidas atividades preferidas
A qualquer momento,
Automático Reforçamento Não Mediado Acesso ou remoção de especialmente quando o
Positivo ou Negativo Socialmente estímulo ambiental indivíduo está sozinho
95
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
96
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
97
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
98
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
99
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
tém qualquer descrição prévia dos eventos, apenas os espaços em branco para a
marcação de antecedente, resposta e consequência, razão pela qual esse tipo de
observação é comumente conhecido como “ABC narrativa” (Thompson et al.,
2000).
A observação contínua, ou “ABC contínuo” (Miltenberger et al., 1998),
apresenta uma vantagem em relação à observação narrativa, que é a possibilidade da
obtenção de uma medida direta do comportamento; por exemplo, uma vez que o
observador tenha registrado todas as ocorrências da resposta de agressão, teremos o
total de ocorrências da resposta. No entanto, é importante lembrar que essa
informação fornecerá apenas a probabilidade condicional da resposta (que é a
probabilidade da ocorrência da resposta, considerados determinados eventos
consequentes e antecedentes). Entretanto, ainda que os dados produzidos por
observação direta sejam mais precisos e confiáveis que os que resultam de avaliações
indiretas, não são suficientes para esclarecer a função do comportamento, pois
permitem a mera descrição de correlações, e não de relações funcionais (Hanley,
2012; Iwata & Dozier, 2008).
O scatter plot é uma forma de análise funcional descritiva com o objetivo de
identificar padrões da ocorrência do comportamento-disruptivo em condições
ambientais naturais. Usualmente, os sistemas de registro de scatter plot não apontam
o número exato de ocorrências da resposta, mas se a mesma ocorreu muito, pouco
ou não ocorreu naquele período. Entre as vantagens do scatter plot, a maior delas é,
sem dúvida, a facilidade de sua implementação e obtenção de dados. No entanto, os
dados obtidos não identificam as variáveis ambientais que devem ser alteradas
durante a intervenção, uma vez que a análise fornece informações apenas sobre
padrões temporais do comportamento-disruptivo e não realiza quaisquer
manipulações ambientais (Kahng et al., 1998; Touchette, Macdonald & Langer,
1985).
Todas as modalidades de análise funcional descritiva têm, por um lado, a
vantagem de não retirar o indivíduo de seu ambiente natural e de serem realizadas
de forma conveniente para o observador, pela relativa facilidade na observação e
registro. Por outro lado, é comum a todas a limitação de não serem validadas como
forma de detectar a função comportamental quando aplicadas isoladamente (St.
Peter et al., 2005; Thompson & Iwata, 2007).
100
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
101
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Tabela 2
Tipos de avaliação funcional e suas vantagens e desvantagens
Indireta Direta
Longa duração
Baixa validade e Baixa validade e
Desvantagens: Questões éticas
acuracidade acuracidade
Requer maiores recursos
Fonte: elaborado pelas autoras com base em Thompson e Borrero (2011) e Kelley et al. (2011).
102
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Referências
Argumedes, M., Lanovaz, M. J., & Larivée, S. (2018). Brief report: impact of challenging behavior on parenting stress in
mothers and fathers of children with autism spectrum disorders. Journal of Autism and Developmental Disorders, n. 48, p.
2585-2589. https://doi.org/10.1007/s10803-018-3513-1.
Bihm, E. M. et al. (1991). Factor structure of the Motivation Assessment Scale for persons with mental retardation.
Psychological Reports, v. 68, n. 3 (Supl.), p. 1235-1238. https://doi.org/10.2466/pr0.1991.68.3c.1235.
Baer, D. M., Wolf, M. M., & Risley, T. R. (1968). Some current dimensions of applied behavior analysis. Journal of Applied
Behavior Analysis, v. 1, n. 1, p. 91-97. https://doi.org/10.1901/jaba.1968.1-91.
Crocker, A. G. & Hodgins, S. (1997). The criminality of noninstitutionalized mentally retarded persons: evidence from a birth
cohort followed to age 30. Criminal Justice and Behavior, v. 24, n. 4, p. 432-454.
https://doi.org/10.1177/0093854897024004003.
Crocker, J. et al. (2006). The pursuit of self‐esteem: contingencies of self‐worth and self‐regulation. Journal of Personality, v.
74, p. 1749-1771. https://doi.org/10.1111/j.1467-6494.2006.00427.x.
Durand, V. M. & Carr, E. G. (1991). Functional communication training to reduce challenging behavior: maintenance and
application in new settings. Journal of Applied Behavior Analysis, v. 24, n. 2, p. 251-264. https://doi.org/
10.1901/jaba.1991.24-251.
Durand, V. M. & Crimmins, D. B. (1988). Identifying the variables maintaining self-injurious behavior. Journal of Autism and
Developmental Disorders, v. 18, n. 1, p. 99-117. https://doi.org/10.1007/BF02211821.
Hanley, G. P. (2012). Functional assessment of problem behavior: dispelling myths, overcoming implementation obstacles, and
developing new lore. Behavior Analysis in Practice, v. 5, n. 1, p. 54-72. https://doi.org/10.1007/BF03391818.
Hanley, G. P., Iwata, B. A. & Mccord, B. E. (2003). Functional analysis of problem behavior: a review. Journal of Applied
Behavior Analysis, v. 36, n. 2, p. 147-185. https://doi.org/10.1901/jaba.2003.36-147.
Horner, R. H. (1994). Functional assessment: contributions and future directions. Journal of Applied Behavior Analysis, v. 27,
n. 2, p. 401-404. https://doi.org/10.1901/jaba.1994.27-401.
Horner, R. H. et al. (1990). Toward a technology of “nonaversive” behavioral support. Research and Practice for Persons with
Severe Disabilities, v. 15, n. 3, p. 125-132. https://doi.org/10.1177/154079699001500301.Hosp, J., Howell, K., & Hosp, M.
(2003). Characteristics of behavior rating scales: implications for practice in assessment and behavioral Support. Journal of
Positive Behavior Interventions, v. 5, n. 4, p. 201-208. https://doi.org/10.1177/10983007030050040301.
Iwata, B. A., Deleon, I. G., & Roscoe, E. M. (2013). Reliability and validity of the functional analysis screening tool. Journal
of Applied Behavior Analysis, v. 46, n. 1, p. 271-284. https://doi.org/10.1002/jaba.31.
103
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Iwata, B. A. & Dozier, C. L. (2008). Clinical application of functional analysis methodology. Behavior Analysis in Practice, v.
1, n. 1, p. 3-9. https://doi.org/10.1007/BF03391714.
Iwata, B. A. et al. (1994). Toward a functional analysis of self-injury. Journal Of Applied Behavior Analysis, v. 27, n. 2, p.
197-209. https://doi.org/10.1901/jaba.1994.27-197.
Iwata, B. A., Vollmer, T. R. & Zarcone, J. R. (1990) The experimental (functional) analysis of behavior disorders:
methodology, applications, and limitations. In: Repp, A. C; Singh, N. N. (ed.). Perspectives on the use of nonaversive and
aversive interventions for persons with developmental disabilities. [S.l.]: Sycamore Publishing Company. p. 301-330.
Kahng, S. et al. (1998). Temporal distributions of problem behavior based on scatter plot analysis. Journal of Applied Behavior
Analysis, v. 31, n. 4, p. 593-604. https://doi.org/10.1901/jaba.1998.31-593.
Kelley, M. E. et al. Indirect behavioral assessments: interviews and rating scales. In: Fisher, W. W., Piazza, C. C., & Roane, H.
S. (ed.). (2011). Handbook of applied behavior analysis. New York: The Guilford Press, p. 182-190.
Lecavalier, L., Leone, S., & Wiltz, J. (2005). The impact of behaviour problems on caregiver stress in young people with
autism spectrum disorders. Journal of Intellectual Disability Research, v. 50, n. 3, p. 172-183, 2005.
https://doi.org/10.1111/j.1365-2788.2005.00732.x.
Lowe, K. et al. (2007). Challenging behaviours: prevalence and topographies. Journal of Intellectual Disability Research, v. 51,
n. 8., p. 625-636. https://doi.org/10.1111/j.1365-2788.2006.00948.x.
Lewis, T. J., Scott, T. M., & Sugai, G. (1994). The Problem Behavior Questionnaire: a teacher-based instrument to develop
functional hypotheses of problem behavior in general education classrooms. Assessment for Effective Intervention, v. 19, n. 2-
3, p. 103-115. https://doi.org/10.1177/073724779401900207.
Lund, J. (1990). Mentally retarded criminal offenders in Denmark. The British Journal of Psychiatry, n. 156, p. 726-731.
https://doi.org/10.1192/bjp.156.5.726.Mace, F. C. (1994). The significance and future of functional analysis methodologies.
Journal of
Mace, F. C. & Lalli, J. S. (1991). Linking descriptive and experimental analyses in the treatment of bizarre speech. Journal Of
Applied Behavior Analysis, v. 24, n. 3, p. 553-562. https://doi.org/10.1901/jaba.1991.24-553.
Matson, J. L., Wilkins, J., & Macken, J. (2008). The relationship of challenging behaviors to severity and symptoms of autism
spectrum disorders. Journal of Mental Health Research in Intellectual Disabilities, v. 2, n. 1, p. 29-44.
https://doi.org/10.1080/19315860802611415.
Matson, J. L. & Vollmer, T. R. (1995). User’s guide: Questions About Behavioral Function (QABF). Baton Rouge, LA:
Scientific Publishers, Inc.
Meyer, L. H. & Evans, I. M. (1989). Non-Aversive Intervention For Behavior Problems: A Manual For Home And
Community. Baltimore, MD: Paul H. Brookes.
Miltenberger, R. G., Fuqua, R. W., & Woods, D. W. (1998). Applying behavior analysis with clinical problems: review and
analysis of habit reversal. Journal of Applied Behavior Analysis, v. 31, n. 3, p. 447-469. https://doi.org/10.1901/jaba.1998.31-
447.
Minshawi, N. F. (2014). The association between self-injurious behaviors and autism spectrum disorders. Psychology Research
and Behavior Management, n. 7, p. 125-136. https://doi.org/10.2147/PRBM.S44635.
O’neill, R. E. et al. (1997). Functional assessment and program development for problem behavior: a practical handbook.
Pacific Grove, CA: Brooks/Cole Publishing.
104
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Paclawskyj, T. R. et al. (2000). Questions About Behavioral Function (QABF): a behavioral checklist for functional assessment
of aberrant behavior. Research in Developmental Disabilities, v. 21, n. 3, p. 223-229. https://doi.org/10.1016/S0891-
4222(00)00036-6.
Saini, V. et al. (2019). Efficiency in functional analysis of problem behavior: a quantitative and qualitative review. Journal of
Applied Behavior analysis, v. 53, n. 1, p. 44-66. https://doi.org/10.1002/jaba.583.
Paclawskyj, T. R. et al. (2001). Assessment of the convergent validity of the Questions About Behavioral Function scale with
analogue functional analysis and the Motivation Assessment Scale. Journal of Intellectual Disability Research, v. 45, n. 6, p.
484-494. https://doi.org/10.1046/j.1365-2788.2001.00364.x.
Powell, D., Dunlap, G. & Fox, L. (2006). Prevention and intervention for the challenging behaviors of toddlers and
preschoolers. Infants and Young Children, v. 19, n. 1, p. 25-35. https://doi.org/10.1097/00001163-200601000-00004.
Shillingsburg, M. A., Lomas, J. E. & Bradley, D. (2012). Treatment of vocal stereotypy in an analogue and classroom setting.
Behavioral Interventions, v. 27, n. 3, p. 151-163. https://doi.org/10.1002/bin.1340.
Sigafoos, J. (2000). Communication development and aberrant behavior in children with developmental disabilities. Education
and Training in Mental Retardation and Developmental Disabilities, v. 35, n. 2, p. 168-176.
Sigafoos, J., Kerr, M., & Roberts, D. (1994). Interrater reliability of the Motivation Assessment Scale: failure to replicate with
aggressive behavior. Research in Developmental Disabilities, v. 15, n. 5, p. 333-342. https://doi.org/10.1016/0891-
4222(94)90020-5.
Skinner, B. F. (1965). Science and human behavior. New York: Macmillan. Trabalho originalmente publicado em 1953.
St. Peter, C.C et al. (2005). On the role of attention in naturally occurring matching relations. Journal of Applied Behavior
Analysis, v. 38, n. 4, p. 429-443. https://doi.org/10.1901/jaba.2005.172-04.
Thomason-Sassi, J. L., Iwata, B. A. & Fritz, J. N. (2013). Therapist and setting influences on functional analysis outcomes.
Journal of Applied Behavior Analysis, v. 46, n. 1, p. 79-87. https://doi.org/10.1002/jaba.28.
Thompson, R. H. & Borrero, J. C. (2011). Direct observation. In: FISHER, W. W.; PIAZZA, C. C.; ROANE, H. S. (ed.).
Handbook of applied behavior analysis. New York: The Guilford Press. p. 191-205.
Thompson, R. H. & Iwata, B. A. A. (2007). Comparison of outcomes from descriptive and functional analyses of problem
behavior. Journal of Applied Behavior Analysis, v. 40, n. 2, p. 333-338. https://doi.org/10.1901/jaba.2007.56-06.
Thompson, T., Felce, D. & Symons, F. J. (ed.). (2000). Behavioral observation: technology and applications in developmental
disabilities. Baltimore: Paul H. Brookes Publishing Co.
Touchette, P. E., Macdonald, R. F., & Langer, S. N. (1985). A scatter plot for identifying stimulus control of problem
behavior. Journal of Applied Behavior Analysis, v. 18, n. 4, p. 343-351. https://doi.org/10.1901/jaba.1985.18-343.
Zarcone, J. R. et al. (1991). Reliability analysis of the Motivation Assessment Scale: a failure to replicate. Research in
Developmental Disabilities, v. 12, n. 4, p. 349-360. https://doi.org/10.1016/0891-4222(91)90031-M.
105
7. COMPORTAMENTOS PROBLEMA: ALGUMAS
ESTRATÉGIAS COMPORTAMENTAIS DE
TRATAMENTO BASEADAS NA FUNÇÃO DO
RESPONDER
P R I S C I L A C R E S P I L H O1 E M A R I A T . M O N T E I R O2
{1}Priscila Crespilho Grisante: Psicóloga pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Possui Pós-doutorado em
Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo (USP); Doutora e Mestre em Educação Especial pela Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar). Especialista em Análise do Comportamento Aplicada. Atualmente atua como psicóloga
supervisora no Grupo Método - Intervenção comportamental. Email: [email protected] Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5819921002758483.
{2}Maria Tereza Monteiro da Cruz: Psicóloga e Mestre em Psicologia Experimental pela PUC-SP. É Analista do
Comportamento Certificada (Board Certified Behavior Analyst, BCBA) desde maio de 2019. Email: [email protected]
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4363976391042698.
[3]Diferentes termos têm sido utilizados pela literatura para se referir problemas comportamentais: comportamento
desafiador (e.g., Cooper et al., 2014), comportamento aberrante (e.g., Vollmer, et al., 1999), comportamento disruptivo (e.g.,
Leaf & McEachin, 1999). O presente capítulo empregará os termos comportamentos-problema e comportamentos ou
responder disruptivos para referir-se a qualquer comportamento que pode trazer danos para o indivíduo, outras pessoas ou
propriedade ou que possam interferir no processo instrucional.
106
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
[4]Catania (1999) define operante como classe de respostas e distingue o uso do termo entre descritivo e funcional. O uso
descritivo está relacionado à definição para fins de registro de respostas, que deve incluir as características definidoras da
classe de respostas, por exemplo, topografia, força ou outra propriedade relevante. Em seu uso funcional, operante é uma
classe de respostas que pode ser modificada por suas consequências, ou seja, define-se operante pela relação entre as
consequências e o responder subsequente.
107
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Extinção
Extinção como procedimento consiste na quebra da relação entre o responder e
suas consequências mantenedoras, isto é, a emissão da resposta alvo de intervenção
passa a não produzir reforço (Catania, 1999). Ao final desse procedimento nota-se
uma redução gradual das respostas sob intervenção. Entretanto a intervenção
produz inicialmente o efeito oposto ao esperado, isto é, há um aumento imediato na
frequência de emissão da resposta diante da não apresentação do reforço.
108
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
109
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
110
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
[5]O uso da terminologia NCR (reforço não-contingente) tem sido criticado por ser impreciso conceitualmente, apesar de
amplamente utilizado na literatura (ver Volmer,1999).
111
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
112
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
114
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
que você ainda tenha motivadores suficientes para continuar ensinando habilidades.
115
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Considerações Finais
Diversas estratégias de intervenção têm sido utilizadas no tratamento de
comportamentos-problema. O presente capítulo tratou brevemente das principais
intervenções possíveis quando se conhece a função do comportamento-problema:
extinção, reforço não contingente (NCR) e procedimentos de reforço-diferencial
(DRO, DRA/DRI e FCT). Para a tomada de decisão sobre qual intervenção ou
sobre o pacote de intervenção a ser utilizado deve-se considerar a topografia do
comportamento, as possibilidades de controlar as consequências, o ambiente de
aplicação e as pessoas que deverão aplicar. Além desses aspectos, faz-se fundamental
sempre considerar a escolha ética pelo procedimento menos intrusivo possível.
É importante ressaltar que a redução do problema de comportamento deve ser parte
de um processo de intervenção mais amplo. O supervisor deve considerar o ensino
de habilidades e ampliação de repertório também como parte do plano de redução
de comportamento.
116
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Referências
Britton, L. N., Carr, J. E., Landaburu, H. J., & Romick, K. S. (2002). The efficacy of noncontingent reinforcement as treatment
for automatically reinforced stereotypy. Behavioral Interventions, 17(2), 93–103. https://doi.org/10.1002/bin.110
Catania, A. C. (1999). Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. Porto Alegre: Artmed.
Coleman, C. L., & Holmes, P. A. (1998). The use of noncontingent escape to reduce disruptive behaviors in children with
speech delays. Journal of applied behavior analysis, 31(4), 687–690. https://doi.org/10.1901/jaba.1998.31-687
Cooper, J. O.; Heron, T. E.; Heward, W. L. (2014). Applied behavior analysis. 2. ed. Upper Saddle River, NJ: Pearson/Merrill-
Prentice Hall.
Frea, W. D., Koegel, L. K., Koegel, R. L. (1994). Understanding why problem behavior occur: A guide for assisting parents in
assessing causes of behavior and designing treatment plans. Santa Barbara: University of California.
Geiger, K. B., Carr, J. E., & Leblanc, L. A. (2010). Function-based treatments for escape-maintained problem behavior: A
treatment-selection model for practicing behavior analysts. Behavior analysis in practice, 3(1), 22–32.
https://doi.org/10.1007/BF03391755
Greer, B. D., Mitteer, D. R., & Fisher, W.W. (2018). Uma abordagem prática ao treino de comunicação funcional. In A. C.
Sella, & D. M. Ribeiro, (Eds.). Análise do comportamento aplicada ao transtorno do Espectro Autista. (pp. 279-295). Curitiba:
Editora Appris.
Grow, L. L., Carr, J. E., & LeBlanc, L. A. (2009). Treatments for attention-maintained problem behavior: empirical support
and clinical recommendations. Journal of Evidence-Based Practices for Schools, 10 (1), p. 70-92.
Hagopian, L. P., Crockett, J. L., Van Stone, M., DeLeon, I. G., & Bowman, L. G. (2000). Effects of noncontingent
reinforcement on problem behavior and stimulus engagement: The role of satiation, extinction, and alternative reinforcement.
Journal of applied behavior analysis, 33(4), 433–449. https://doi.org/10.1901/jaba.2000.33-433.
Hanley, G. P. (2011). Prevention and treatment of severe problem behavior. In E. A. Mayville, & J. A. Mulick (Eds.) Behavioral
foundations of effective autism treatment. Cornwall-on-Hudson, NY, Sloan Pub.
Hanley, G. P., Iwata, B. A., & McCord, B. E. (2003). Functional analysis of problem behavior: A review. Journal of applied
behavior analysis, 36(2), 147–185. https://doi.org/10.1901/jaba.2003.36-147
Iwata, B. A., Dorsey, M. F., Slifer, K. J., Bauman, K. E., & Richman, G. S. (1994). Toward a functional analysis of self-injury.
Journal of applied behavior analysis, 27(2), 197–209. https://doi.org/10.1901/jaba.1994.27-197.
Iwata, B. A., Pace, G. M., Dorsey, M. F., Zarcone, J. R., Vollmer, T. R., Smith, R. G., Rodgers, T. A., Lerman, D. C., Shore, B.
A., & Mazalesk, J. L. (1994). The functions of self-injurious behavior: An experimental-epidemiological analysis. Journal of
applied behavior analysis, 27(2), 215–240. https://doi.org/10.1901/jaba.1994.27-215.
Jessel, J., & Ingvarsson, E. T. (2016). Recent advances in applied research on DRO procedures. Journal of Applied Behavior
Analysis, 49(4), 1-5. https://doi: 10.1002/jaba.323
Lalli, J. S., Casey, S. D., & Kates, K. (1997). Noncontingent reinforcement as treatment for severe problem behavior: some
procedural variations. Journal of applied behavior analysis, 30(1), 127–137. https://doi.org/10.1901/jaba.1997.30-127
117
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Laraway, S., Snycerski, S., Michael, J., & Poling, A. (2003). Motivating operations and terms to describe them: some further
refinements. Journal of applied behavior analysis, 36(3), 407–414. https://doi.org/10.1901/jaba.2003.36-407
Leaf, R. B., Mceachin, J. (1999). A Work in Progress: Behavior Management Strategies and a Curriculum for Intensive
Behavioral Treatment of Autism. New York: DRL Books.
Marcus, B. A., & Vollmer, T. R. (1996). Combining noncontingent reinforcement and differential reinforcement schedules as
treatment for aberrant behavior. Journal of Applied Behavior Analysis, 29(1), 43–51. https://doi:10.1901/jaba.1996.29-43
Mildon, R. L., Moore, D. W., & Dixon, R. S. (2004). Combining noncontingent escape and functional communication training
as a treatment for negatively reinforced disruptive behavior. Journal of Positive Behavior Interventions, 6(2), 92–102.
https://doi:10.1177/10983007040060020401
Pace, G. M., Iwata, B.A., Cowdery, G. E., Andree P. J., & McIntyre, T. (1993). Stimulus (instructional) fading during
extinction of self-injurious escape behavior. Journal of Applied Behavior Analysis, 26(2):205-212.
https://doi:10.1901/jaba.1993.26-205
Rincover, A., & Devany, J. (1982). The application of sensory extinction procedures to self-injury. Analysis and Intervention in
Developmental Disabilities, 2(1), 67–81. https://doi:10.1016/0270-4684(82)90006-4
Saini, V., Greer, B. D., Fisher, W. W., Lichtblau, K. R., DeSouza, A. A., & Mitteer, D. R. (2016). Individual and combined
effects of noncontingent reinforcement and response blocking on automatically reinforced problem behavior. Journal of
Applied Behavior Analysis, 49(3), 693–698. https://doi:10.1002/jaba.306
Smith, R. G. (2011). Antecedent interventions. In W. W. Fisher, C. C. Piazza, & H. S. Roane (Eds.) Handbook of Applied
Behavior Analysis (pp. 297-316). New York: The Gilford Press.
Thompson, R. H., Fisher, W. W., Piazza, C. C., & Kuhn, D. E. (1998). The evaluation and treatment of aggression maintained
by attention and automatic reinforcement. Journal of Applied Behavior Analysis, 31(1), 103–116.
https://doi:10.1901/jaba.1998.31-103
Tiger, J. H., Hanley, G. P., & Bruzek, J. (2008). Functional Communication Training: A review and practical guide. Behavior
Analysis in Practice, 1(1), 16–23. https://doi:10.1007/bf03391716
Vollmer T. (1999). Noncontingent Reinforcement: Some additional comments. Journal of Applied Behavior Analysis, 32(2),
239–240. https://doi.org/10.1901/jaba.1999.32-239
Vollmer, T. R., & Athens, E. (2011). Developing function-based extinction procedures for problem behavior. In Handbook of
Applied Behavior Analysis (pp. 317-334). New York: The Gilford Press.
Vollmer, T. R., & Iwata, B. A. (1992). Differential reinforcement as treatment for behavior disorders: Procedural and
functional variations. Research in Developmental Disabilities, 13(4), 393–417. https://doi.org/10.1016/0891-4222(92)90013-V
Vollmer, T., Roane, H., Ringdahl, J., & Marcus, B. (1999). Evaluating treatment challenges with differential reinforcement of
alternative behavior. Journal of Applied Behavior Analysis, 32(1), 9–23. https://doi.org/10.1901/jaba.1999.32-9
118
8. ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
APLICADA AO ENVELHECIMENTO
N A T A L I A M . A G G I O1 E V A L É R I A P A R E J O 2
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, entre 2015 e 2050, a po-
pulação mundial de pessoas com mais de 60 anos vai passar de 900 milhões
para dois bilhões. Em 2050, 80% dos idosos viverão em países em desenvolvimento
(OMS, 2017). No Brasil, as projeções indicam que o número deve dobrar entre 2020
e 2050, passando de cerca de 10% para 20% da população. Até 2040 a proporção
de pessoas com mais de 60 anos deve ultrapassar a de jovens com menos de 14
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], 2018).
Estas mudanças demográficas apresentam desafios e possibilidades. A longevida-
de pode propiciar novas atividades e possibilidades de trabalho. Estas, porém,
dependem de questões de saúde (OMS, sem data). Viver mais não necessariamente
significa viver melhor. Não há evidências de que hoje, os idosos vivam melhor do
que antigamente (OMS, 2017).
O envelhecimento saudável não está condicionado à ausência de doenças, mas
sim à possibilidade de atender necessidades básicas, de mobilidade, de continuar
aprendendo e de tomar decisões, de manter relacionamentos de qualidade com
outros e de contribuir para a sociedade (OMS, sem data). Neste capítulo serão
apresentadas possibilidades de como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA,
no inglês Applied Behavior Analysis) pode contribuir para atender essas necessidades
e, com isso, melhorar sua qualidade de vida de idosos.
Gerontologia Comportamental
Por muito tempo acreditou-se que a redução de repertórios comportamentais era
um processo inerente ao envelhecimento. Hoje, sabe-se que não existe um padrão
único de envelhecimento e que alterações observadas durante a velhice estão
fortemente relacionadas com fatores ambientais atuais e do passado (OMS, 2017).
{1}Natalia M. Aggio, psicóloga, mestre e doutora em psicologia, professora adjunta da Universidade de Brasília.
[email protected]. Lattes: {1}André Barbosa Bezerra, Psicólogo CRP-15/3966, Mestre em Educação – UFAL, LUD –
Intervenção Comportamental, [email protected], http://lattes.cnpq.br/5516735425966297
{2}Valéria Parejo, analista do comportamento, mestre em Análise do Comportamento, BCBA na Changing Behavior LLC e co-
instrutora do Verified Course Sequence do Florida Institute of Technology, [email protected].
119
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
120
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
dirigindo; não conseguir se trocar com a mesma agilidade de antes pode fazer com
que o idoso perca compromissos e, com o tempo, pare de aceitar convites.
No entanto, uma vez que contingências aversivas são identificadas, torna-se possível
modificá-las para que o idoso se torne mais eficiente em seu próprio ambiente. O
avanço dos conhecimentos acerca da interação do organismo em envelhecimento
com seu ambiente permite o desenvolvimento de repertórios que previnam o contato
com contingências aversivas e ampliem o contato com contingência de reforçamento
positivo (Skinner, 1983).
Sharp (2020) aponta que o analista do comportamento no campo da gerontolo-
gia pode aumentar repertórios relevantes (ex. novas atividades de lazer, novas
formas de comunicação), diminuir comportamentos indesejáveis (ex.
comportamentos agressivos, deambulação), manter habilidades (ex. habilidade da
vida diária) e modificar sistematicamente ambientes (treino de cuidadores,
modificação física de ambientes “elder-friendly”).
Como forma de explorar as potencialidades da Análise do Comportamento
Aplicada para o campo da Gerontologia Comportamental, as seções seguintes
apresentarão alguns exemplos em cada categoria descrita por Sharp (2020).
121
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
122
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
123
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
124
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Manutenção de Habilidades
De acordo com Skinner (1983), durante o envelhecimento é mais provável que
respostas sejam seguidas de consequências aversivas, tais como dor ou fadiga. As
contingências ambientais não são mais efetivas em manter certos comportamentos.
Essas alterações podem culminar na diminuição da independência do idoso. Neste
cenário, é importante incluir estímulos suplementares ou arranjar o ambiente de
forma que Sds relevantes sejam mais salientes e que o custo da resposta seja reduzido
(Skinner, 1983). Nesses casos, o analista do comportamento deve identificar se os
comportamentos de dependência são modificáveis; quais são as contingências do
ambiente envolvidas nos comportamentos de dependência e independência e qual a
função destes (Baltes, 1988).
A modificação de Sds e o uso de reforçamento positivo foram utilizados em
diversos protocolos para manter a independência na realização de atividades de vida
diária, tais como tomar banho, alimentação, troca de roupas, etc (e.g. Baltes &
Zerbe, 1976; Engelman et al., 2002; Engelman et al., 2003; Geiger & Johnson 1974;
Rinke et al., 1978).
Baltes e Zerbe (1976) restabeleceram o comportamento de alimentar-se de forma
independente para dois participantes. Para ambos foram utilizadas dicas de ajuda
física, esvanecidas gradualmente. Além disso, as respostas corretas eram seguidas de
reforço social (elogios). A participante A não apresentava limitações motoras, mas
apresentava comprometimento cognitivo. Para ela, as refeições passaram a ser feitas
em seu próprio quarto, pois foi identificado que o refeitório apresentava muitos Sds
para o comportamento de comer com ajuda. Quando o comportamento de comer
independente foi estabelecido de forma estável, a participante voltou a se alimentar
no refeitório.
125
O Participante B apresentava dificuldades de movimentos devidos a uma artrite e
um AVC. Os experimentadores providenciaram utensílios adaptados de forma que
Sr. B conseguisse segurá-los com firmeza. Ambos os protocolos utilizaram
manipulação de estímulos antecedentes (troca de ambiente de alimentação e
utilização de utensílios adaptados) e reforçamento social. O comportamento de
comer de forma independente aumentou para ambos os participantes. Um
delineamento de reversão (em que ocorria a retirada do reforçamento social) atestou
a eficácia da intervenção proposta.
Rinke et al. (1978) também utilizaram dicas e reforçamento positivo para
restabelecer habilidade de tomar banho independente de seis residentes de uma ILPI
com diagnóstico de TNM, porém sem limitações físicas ou motoras. As etapas do
banho foram divididas em: (1) despir-se, (2) ensaboar-se, (3) enxaguar-se, (4) secar-
se e (5) vestir-se. Para cada uma das etapas foi realizada uma análise de tarefas e as
intervenções foram iniciadas em momentos diferentes para cada etapa, em um
delineamento de linha de base múltipla. As dicas foram classificadas em três níveis
de intrusão, do menor para o maior: verbais (dar instrução sobre o que fazer), físicas
(entregar o item necessário para o passo como, por exemplo, o sabonete) e mão-
sobre-mão (guiar fisicamente o movimento a ser realizado). A cada intervenção o
funcionário iniciava com a dica verbal e, caso a resposta não ocorresse, incluía as
outras dicas por ordem de “intrusão”. Se ocorressem respostas independentes, o
funcionário colocava uma ficha na ação correspondente na lista da análise de tarefa.
A performance dos participantes foi bastante variada durante a linha de base, mas as
respostas independentes aumentaram rapidamente após a introdução da intervenção,
se mantendo estáveis perto de 100%.
A qualidade de vida dos idosos está intimamente ligada à manutenção de sua
independência (OMS, 2018). Porém, muitas vezes os cuidadores/familiares
colaboram para aumentar comportamentos de dependência. Esses
cuidadores/familiares tentam impedir que o idoso entre em contato com
contingências aversivas tais como colocar-se em risco fazendo algo que não consegue
ou se frustrar em fazer algo errado. Os cuidadores/familiares também não sabem
como estimular comportamentos independentes, ou acabam fazendo pelo idoso para
ganhar tempo. Concomitantemente, comportamentos independentes costumam ser
ignorados pelos cuidadores/familiares (Baltes, 1988; Engelman et al., 2002).
O procedimento de uso de dicas utilizado por Rinke et al. (1978), em que dicas
mais intrusivas são utilizadas apenas se necessário, pode ser uma opção para
produzir maior independência e garantir a execução das atividades. Engelman et al.
(2002; 2003) desenvolveram procedimentos cujo objetivo era exatamente diminuir o
126
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
127
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Nesses estudos, carteiras com diversas páginas com informações pessoais sobre o
idoso foram confeccionadas. As carteiras continham fotos, nomes, listas de
interesses, etc. Um exemplo interessante desses estudos é o de Bourgeois et al.
(2001), que ensinaram funcionários de uma ILPI a conversar com idosos com TNM
em situações de rotinas de cuidados e mediram a generalização para conversas em
situações que não envolviam essas rotinas. Durante os treinos os funcionários
aprenderam a dar dicas para que os idosos olhassem as informações em suas
carteiras e reforçar falas com sentido e contextualizadas. Os resultados indicaram
que no pós-teste houve aumento de falas com sentido. Os idosos passaram a falar
menos quando comparados ao pré-teste, mas com isso as oportunidades de falas dos
idosos e do funcionários ficou mais equilibrada. Observou-se também generalização
da qualidade da conversação para situações além das de rotinas de cuidados.
Outro pacote de intervenção foi relatado por Teri et al. (2005). Os autores
desenvolveram um treinamento para que funcionários de ILPI manejassem
comportamentos-problema de idosos com demência. O treinamento oferecia
informações sobre TNM, sobre como desenvolver uma comunicação efetiva e
respeitosa com os idosos, sobre antecedentes e consequências de respostas, como
manipular estímulos antecedentes e consequentes, identificar atividades preferidas,
aplicar esses conhecimentos no manejo de comportamentos problemas, lidar com a
equipe e com os familiares. O treinamento foi aplicado a 114 funcionários, e 25
deles participaram de um ensaio clínico randomizado que mediu a diminuição de
comportamentos-problema dos residentes das ILPI. Os resultados indicaram uma
redução significativa dos comportamentos-problema, de características de depressão
e ansiedade dentre os idosos e redução significativa nos escores das escalas que
mostravam o impacto desses comportamentos-problema nos funcionários das ILPI.
A capacitação de cuidadores, familiares ou qualquer outra pessoa que conviva com
idosos para a melhora da interação permite que suas necessidades sejam atendidas de
forma mais eficiente. Isso é fundamental quando se trata de idosos que apresentam
diminuição de sua capacidade de comunicação e de realizar tarefas do dia-a-dia. Essa
capacitação pode ocorrer em programas mais longos, como os descritos
anteriormente, ou ainda com instruções mais simples e pontuais. Engelman, Altus e
Mathews (1999) aumentaram o tempo de engajamento de residentes de uma ILPI em
atividades de lazer simplesmente treinando os funcionários da ILPI a checarem, a
cada 15 minutos, se os idosos estavam engajados, elogiar o engajamento ou oferecer
opções de atividades quando não havia engajamento.
128
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Conclusão
A conquista da longevidade vem se tornando uma realidade. As alterações
biológicas são inevitáveis, porém o impacto que elas terão e o ritmo em que
ocorrerão dependem de uma série de fatores ambientais. A gerontologia
comportamental vem estudando o comportamento do indivíduo em envelhecimento
e de sua relação com a sociedade. Neste capítulo buscou-se apresentar alguns dos
avanços da Análise do Comportamento Aplicada e chamar atenção para
possibilidades futuras de desenvolvimento desse campo.
Skinner (1983) relembra que muitos dos déficits que ocorrem na velhice são
resultados da interação do organismo com seu ambiente, e o ambiente é certamente
modificável. A criação de ambientes nos quais o organismo em envelhecimento
torna-se mais eficiente reduz o contato com contingências aversivas e aumenta o
contato com consequências reforçadoras (Skinner, 1983). Os conhecimentos gerados
pelas pesquisas básicas e aplicados no campo da gerontologia comportamental
permitem que o analista do comportamento seja um agente de mudanças para unir
longevidade e qualidade de vida.
Referências
Andrade, L. F., Barry, D., Litt, M. D., Petry, N.M. (2014). Maintaining high activity levels in sedentary adults with a
reinforcement-thinning schedule. Journal of Applied Behavior Analysis, 47(3), 523-536. https://doi.org/10.1002/jaba.147
129
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Avorn, J., & Wang, P. (2005). Drug prescribing, adverse reactions, and compli- ance in elderly patients. In C. Salzman (Ed.),
Clinical geriatric psychopharmacol- ogy (pp. 23-47). Baltomore, MD: LWW.
Baer., D. M., Wolf, M. M., & Risley, T. R. (1968) Some current dimensions of applied behavior analysis. Journal of Applied
Behavior Analysis, 1, 91-97 https://doi.org/10.1901/jaba.1968.1-91
Baker, J. C., Hanley, G. P., & Mathews, R. M. (2006). Staff-administered functional analysis and treatment of aggression by an
elder with dementia. Journal of Applied Behavior Analysis, 39(4), 469– 474. https://doi.org/10.1901/jaba.2006.80-05
Baltes, M. M., Zerbe, M. B. (1976). Independence training in nursing-home residents. Gerontologist, 16(5), 428-432.
https://doi.org/10.1093/geront/16.5.428
Baltes, M. M. & Barton, E M. (1977) New approaches toward aging: a case for the operant model. Educational Gerontology,
2(4), 383-405. https://doi.org/10.1080/0360127770020403
Baltes, M. M. (1988). The etiology and maintenance of dependency in the elderly: Three phases of operant research. Behavior
Therapy, 19(3), 301–319. https://doi.org/10.1016/S0005-7894(88)80004-2
Boone-Heinonen, J., Evenson, K. R., Taber, D. R., & Gordon-Larsen, P. (2009). Walking for prevention of cardiovascular
disease in men and women: A systematic review of observational studies. Obesity Reviews, 10, 204–217.
https://doi.org/10.1111/j.1467-789X.2008.00533.x
Bourgeois, M. S. (1990). Enhancing conversation skills in patients with Alzheimer’s disease using a prosthetic memory aid.
Journal of Applied Behavior Analysis, 23(1), 29-48. https://doi.org/10.1901/jaba.1990.23-29
Bourgeois, M. S. (1992). Evaluating memory wallets in conversations with patients with dementia. Journal of Speech and
Hearing Research, 35(6), 1344–1357. https://doi.org/10.1044/jshr.3506.1344
Bourgeois, M. S., & Mason, L. S. (1996). Memory wallet intervention in an adult day-care setting. Behavior Interventions,
11(1), 3-18. https://doi.org/10.1002/(SICI)1099-078X(199601)11:1<3::AID-BRT150>3.0.CO;2-0.
Bourgeois, M., Dijkstra, K., Burgio, L., & Allen-Burge, R. (2001). Memory aids as an augmentative and alternative
communication strategy for nursing home residents with dementia. Augmentative and Alternative Communication, 17(3), 196-
210. https://doi.org/10.1080/aac.17.3.196.210
Bourgeois, M., Dijkstra, K., Burgio, L., & Allen-Burge, R. (2004) Communication Skills Training for Nursing Aides of
Residents with Dementia. Clinical Gerontologist, 27,1-2, 119-138, https://doi.org/10.1300/J018v27n01_10
Burgio, L. D. & Burgio, K. L. (1986). Behavioral gerontology: application of behavioral methods to the problems of older
adults. Journal of Applied Behavior Analysis, 19, 321-328. https://doi.org/10.2190/B1PX-0A1D-NB49-KDFA
Cooper, C., Selwood, A., Blanchard, M., Walker, Z., Blizard, R., & Livingston, G. (2009). Abuse of people with dementia by
family carers: Representative cross sectional survey. British Medical Journal, 338, b155. https://doi.org/10.1136/bmj.b155
Drossel, C., & Trahan, M. A. (2015). Behavioral interventions are first-line treatments for managing changes associated with
cognitive decline. The Behavior Therapist, 38(5), 126–131. Acessado em https://psycnet.apa.org/record/2015-56837-004
Dyer, S. M., Harrison S. L., Laver K., Whitehead C., & Crotty M. (2018). An overview of systematic reviews of
pharmacological and non-pharmacological interventions for the treatment of behavioral and psychological symptoms of
dementia. Int Psychogeriatr, 30(3), 295‐309. https://doi.org/10.1017/S1041610217002344
Dwyer-Moore, K. J., & Dixon, M. R. (2007). Functional analysis and treatment of problem behavior of elderly adults in long-
term care. Journal of Applied Behavior Analysis, 40, 679 - 683. https://doi.org/10.1901/jaba.2007.679-683
130
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Engelman, K. K., Altus, D. E., & Mathews, R. M. (1999). Increasing engagement in daily activities by older adults with
dementia. Journal of Applied Behavior Analysis, 32(1), 107–110. https://doi.org/10.1901/jaba.1999.32-107
Engelman, K. K., Mathews, R. M., & Altus, D. E. (2002) Restoring dressing independence in persons with Alzheimer's disease:
a pilot study. Am J Alzheimers Dis Other Demen., 17(1), 37-43. https://doi.org/10.1177/153331750201700102
Engelman, K. K., Altus, D. E., Mosier, M. C., & Mathews, R. M. (2003). Brief training to promote the use of less intrusive
prompts by nursing assistants in a dementia care unit. Journal of Applied Behavior Analysis, 36(1), 129-132.
https://doi.org/10.1901/jaba.2003.36-129
Fisher, J. E. & Carstensen, L. L. (1990). Behavior management of the dementias Clinical Psychology Review, 10(6), 611-629.
https://doi.org/10.1016/0272-7358(90)90072-I
Fisher J. E., Drossel C., Yury C., & Cherup S. (2007). A contextual model of restraint–free care for persons with dementia (p.
211– 238). In. P. Sturmey (Ed.) Functional analysis in clinical treatment. Elsevier.
Geiger, O. G., & Johnson, L. A., (1974). Positive Education for Elderly Persons: Correct Eating Through Reinforcement. The
Gerontologist, 14(5), 432–436. https://doi.org/10.1093/geront/14.5_Part_1.432
Gilley D. W., Bienias J. L., Wilson R. S., Bennett D. A., Beck T. L., & Evans D. A. (2004). Influence of behavioral symptoms on
rates of institutionalization for persons with Alzheimer's disease. Psychol Med., 34(6), 1129‐1135.
https://doi.org/10.1017/s0033291703001831
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE]. (2018). Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação.
Brasília – Distrito Federal. Recuperado de https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/
Lawton, M. P. (1985). Activities and leisure. Annual Review of Gerontology and Geriatrics, 5, 127-164.
Organização Mundial de saúde [OMS]. (sem data). What is Healthy Ageing? Recuperado de
https://www.who.int/ageing/healthy-ageing/en/
Organização Mundial de saúde [OMS]. (2017) 10 facts on ageing and health. Recuperado de
https://www.who.int/features/factfiles/ageing/en/
Pachis, J. A., & Zonneveld, K. L. M. (2018). Comparison of prompting procedures to teach internet skills to older adults.
Journal of Applied Behavior Analysis, 52(1),173-187. https://doi.org/10.1002/jaba.519
Rinke, C. L., Williams, J. J., Lloyd, K. E., & Smith-Scott, W. (1978). The effects of prompting and reinforcement on self-
bathing by elderly residents of a nursing home. Behavior Therapy, 9(5), 873–881. https://doi.org/10.1016/S0005-
7894(78)80019-7
Sharp, R. A., Williams, E., Rörnes, R., Lau, C.Y, & Lamers, C. (2018). Lounge Layout to Facilitate Communication and
Engagement in People with Dementia. Behavior Analysis in Practice, 12(3), 667-642. https://doi.org/10.1007/s40617-018-
00323-4
Sharp, R. (2020, maio). What do we really know about working with older adults?: a ‘stock take’ of Behavioral gerontology.
Curso ofertado pela California Association for Behaviro Analysis.
Skinner, B. F. (1983). Intellectual self-management in old age. American Psychologist, 38(3), 239–244.
https://doi.org/10.1037/0003-066X.38.3.239
Sidman, M. (2013). Techniques for describing and measuring behavioral changes in Alzheimer's patients. European Journal of
Behavior Analysis, 14, 141–149. https://doi.org/10.1080/15021149.2013.11434452
131
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Teri, L., Huda, M. N. P., Gibbons, L., Young, H.R. N., & Van Leynseele, J. M. A. (2005). STAR: A Dementia-Specific
Training Program for Staff in Assisted Living Residences. The Gerontologist, 45(5), 686–693.
https://doi.org/10.1093/geront/45.5.686
Thompson, C. D. & Born, D.G. (1999), Increasing correct participation in an exercise class for adult day care clients.
Behavioral Interventions, 14, 171-186. https://doi.org/10.1002/(SICI)1099-078X(199907/09)14:3<171::AID-BIN33>3.0.CO;2-
B
Trahan, M. A., Donaldson, J. M., McNabney, M., & Kahng, S. (2014). Training and maintenance of a picture-based
communication response in older adults with dementia. Journal of Applied Behavior Analysis, 47 (2), 404–409.
https://doi.org/10.1002/jaba.111
Vaccaro, F. J. (1988). Application of operant procedures in a group of institutionalized aggressive geriatric patients. Psychology
and Aging, 3(1), 22–28. https://doi.org/10.1037/0882-7974.3.1.22
Williams, E. E. M., Sharp, R.A. & Lamers, C. (2020). An Assessment Method for Identifying Acceptable and Effective Ways to
Present Demands to an Adult With Dementia. Behav Analysis Practice. https://doi.org/10.1007/s40617-020-00409-y
Wong, S.E., Seroka, P.L., & Ogisi, J. (2000). Effects of a checklist on self‐assessment of blood glucose level by a memory‐
impaired woman with diabetes mellitus. Journal of Applied Behavior Analysis, 33, 251-254.
https://doi.org/10.1901/jaba.2000.33-251
132
9. COMO REVELAR PARA CRIANÇAS COM TEA O
SEU DIAGNÓSTICO: ANÁLISE DE UM MANUAL DE
DIRETRIZES, SOBA ÓTICA DA ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO
G L A U C E S A N T O S1
{1}Glauce Carolina Vieira dos Santos é graduada em Psicologia pela Universidade UNESP-Bauru, Mestradoem Psicologia pela
Universidade Federalde Santa Catarina – UFSC, Doutorado em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo –
USP/SP e Certificada BCBA®. É diretora e proprietária do Centro de atendimento multiprofissional ABA fora da mesinha,
Campinas/SP. E-mail para contato: [email protected] Link para currículo
lattes:http://lattes.cnpq.br/4765543174168469
133
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
-Dura-Vila & Levi, 2014; Jackson, 2002; Kershaw, 2011; Pike, 2008; Veerdick &
Reeve, 2012; Vermeulen, 2000, 2013). Miller (2018) é um desses manuais que pode
ser destacado nessa capacitação das redes de apoio. Isso porque, nele constam
instruções sobre como revelar o diagnóstico de TEA em formato de passo a passo
quanto ao que, segundo o autor, os pais necessitam realizar e que habilidades a
criança já precisa apresentar no início do processo. Vale ressaltar que esse manual,
assim como os outros disponíveis da literatura, não foi organizado a partir das
contribuições da Análise do Comportamento. Por outro lado, as descrições de
Miller (2018) são descrições de comportamentos a serem emitidos pelos pais e,nesse
sentido, um exame do manual sob enfoque analítico-comportamental pode,
eventualmente, ampliar o grau de precisão das classes de comportamentos relevantes
no processo.
134
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
135
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Retirado de Miller(2018)
Tabela 1
Exemplos de cada categoriarelacionada às classesde comportamentos a serem
emitidas pelos pais durante a aplicação do programa do manual de Miller (2018)
136
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Categorias Exemplos
137
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Tabela 2
Exemplos de decomposição da classe de comportamento “limpar a mesa”
Materiais/produtos de
limpeza disponíveis .......
138
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Figura 1
Proposta de organização das classes de comportamentos a serem emitidas pelos
pais descritas na sessão 1 da aplicação do manual de Miller (2018), de acordo com
grau de abrangência das mais abrangentes (à esquerda) para as menos abrangentes
(à direita)
139
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
140
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
141
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Todas essas características podem ser avaliadas também na Figura2, na qual são
destacadas classes de comportamentos descritas na sessão 2 do manual de
Miller(2018).
Figura 2
Proposta de organização das classes de comportamentos a serem emitidas pelos
pais descritas na sessão 2 da aplicação do manual de Miller (2018), de acordo com
grau de abrangência das mais abrangentes (à esquerda) para as menos abrangentes
(à direita)
142
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
143
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Considerações Finais
A efetiva capacitação dos pais no processo de revelação do diagnóstico de TEA
parece fundamental para que esse processo ocorra de forma eficiente, acolhedora e
geradora de potencial autonomia de crianças e adolescentes. Há na literatura da
área, aspectos de divergência quanto a revelar ou não esse diagnóstico de forma
planejada. Autores que apresentam ressalvas, no geral, destacam efeitos negativos
relativos a sentimentos de rotulação, baixa autoestima, uso do diagnóstico como
justificativa para eventuais dificuldades, etc. Porém, esses efeitos podem ser
resultados de processosde revelação inadequados e feitos por pessoas despreparadas.
Nesse sentido, o manual de Miller (2018) parece contribuir na prevenção desses
efeitos. Isso porque o autor descreve claramente os passos de preparação prévia dos
pais, requisitos mínimosque crianças e adolescentes precisamter e/ou apresentar,
preparação das sessões e cada sessão com objetivos também organizados de forma
gradativa, orientações de acompanhamento após a última sessão de aplicação do
manual, orientações e sugestões de estratégias para ampliar a revelação do
diagnóstico aos pares, professores e outras pessoasda rede de apoio da criança ou
adolescente.
144
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Referências
Botomé, S. P. (1981). Objetivos comportamentais no ensino: contribuição da Análise Experimental do Comportamento. Tese
(Doutorado em Ciência) – Departamento de Psicologia Experimental, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São
Paulo.
Charlton, J. I. (1998). Nothing About Us Without Us: Disability Oppression and Empowerment (1st ed.). University of
California Press. http://www.jstor.org/stable/10.1525/j.ctt1pnqn9
Cortegoso, A. L. & Coser,D. S. (2016). Elaboração de programas de ensino – material autoinstrutivo. São Carlos: EduFSCar.
Doherty, K.; Mcnally, P., & Sherrard, E. (2011). I have autism … What’sthat? Belfast: South Eastern Health and Social Skills
Trust.
Coser, D. S., Cortegoso, A. L. & Gil, M. S. C. (2011). Promoção de comportamentos de estudo em crianças – resultados de um
programade ensino para pais e responsáveis. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, São Paulo,v. 13, n. 2,
p. 58-78. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S151755452011000200006&lng=pt&nrm=iso.
145
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Dura-Vila, G., &Levi, T. (2014). My Autism Book: A Child’s Guide to Their Autism Diagnosis. London: Jessica Kingsley
Publishers.Holland, J. G. & Skinner, B. F. (1969). A Análise do Comportamento. Traduçãode Rodolpho Azzi e Carolina M.
Bori.São Paulo: EPU.
Huws, J. & Jones, R. (2008). Diagnosis, disclosure and having autism: An interpretative phenomenological analysis of the
perceptions of young people with autism. Journal of Intellectual and Developmental Disability, 33, n. 2, p 99-107, 2008.
http://dx.doi.org/10.1080/13668250802010394
Jackson, L. (2002). Freaks, Geeks and Asperger Syndrome:A User Guide to Adolescence. London: Jessica Kingsley Publishers.
Jones, G. (2001). Giving the diagnosis to the young person with Asperger syndrome or high functioning autism:Issues and
strategies. Good Autism Practice, v. 2, n. 2, p. 65-74.
Kershaw, P. (2011). The ASD Workbook: Understanding Your Autism SpectrumDisorder. London: Jessica Kingsley Publishers.
Kubo, O. M.; Botomé,S. P. (2022). Ensino-aprendizagem: uma interação entredois processos comportamentais. Interação em
Psicologia, Curitiba, v. 5, dec. 2001. ISSN1981-8076. Recuperado de https://revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/3321.
http://dx.doi.org/10.5380/psi.v5i1.3321.
Laurence, C. (2010). Successful School Change and Transition for the Child with Asperger Syndrome. London: JessicaKingsley
Publishers.
Macleod, A., & Johnston, P. (2007). Standing out and fitting in: A reporton a support group for individuals with Asperger
syndrome using a personal account. British Journal of Special Education, v. 34, p. 83-88. http://dx.doi.org/10.1111/j.1467-
8578.2007.00460.x.
Matos, M. A. (1993). Análise de contingências no aprender e no ensinar. In: Alencar, E.S. (Org.). (1993). Novas
Contribuições da Psicologia aos Processos de Ensino e Aprendizagem. p. 145-165. São Paulo: Cortez.
Miller, A. (2018). All About Me: A Step-by-step to Telling Children and Young People on the Autism Spectrumabout Their
Diagnosis. London: JessicaKingsley Publishers.
Pike, R. (2008). Talking Together About An Autism Diagnosis: A Guide For Parents And Caregivers Of Children With An
Autism Spectrum Disorder. London: National Autistic Society.
Pophan, W. J. & Baker, E. L. (1976). Como Planejar A Sequência De Ensino. PortoAlegre: Globo.
Vargas, J. S. (1974). Formular objetivos comportamentais úteis. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária.
Punshon, C,; Shirrow, P., & Murphy, G. (2009). The “Not Guilty Verdict”: Psychological Reactions To A Diagnosis Of
Asperger Syndrome in adulthood. Autism, v. 13, n. 3, p. 265-283.
Sainsbury, C. (2000). Martian in the Playground: Understanding the Schoolchild with Asperger’s Syndrome. Bristol: Lucky
Duck.
Veerdick, E. & Reeve, E. M. D. (2012). The SurvivalGuide for Kids with Autism Spectrum Disorders (and their parents).
Minneapolis: Free Spirit Publishing.
146
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Vermeulen, P. (2000). Am Special: Introducing Children and Young People to Their Autistic Disorder. London: Jessica Kingsley
Publishers.
Vermeulen, P. (2013). I Am Special, 2nd Edition: A Workbook to Help Children, Teens and Adults with Autism Spectrum
Disorders to Understand Their Diagnosis, Gain Confidence and Thrive. London: Jessica Kingsley Publishers.
Whitaker, P. (2006). “Why It All So Difficult?” Sharing the Diagnosis with the YoungPerson. In Murray, D. (Ed.). (2006).
Coming Out Asperger: Diagnosis, Disclosure And Self- Confidence. London: Jessica Kingsley Publishers.
147
10. AUTISMO, COMPORTAMENTOS SEXUAIS
INAPROPRIADOS E ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO: UMA REVISÃO NARRATIVA
J A C I N T O P . A . N E T O1, A N A C A R O L I N A S E L L A2 E T I A G O R . F L O R E N C I O3
{1}Jacinto Pereira de Araújo Neto, psicólogo, especialista em Teorias e Técnicas Comportamentais, especialista em Análise do
Comportamento Aplicada, coordenador de pós-graduações em Neurodesenvolvimento Infantil Atípico e Análise do
Comportamento Aplicada ao Transtorno do Espectro do Autismo pela Faculdade INESP (Instituto Nacional de Ensino
Superior e Pesquisa), atuando na mesma área clínica. E-mail: [email protected],
http://lattes.cnpq.br/8520999673719508.
{2}Ana Carolina Sella, psicóloga, pós-doutora em Psicologia Comportamental para Transtorno do Espectro Autista - University
of Nebraska Medical Center, mestre e doutora em Educação Especial - Universidade Federal de São Carlos, mestre em Ciências
Aplicadas do Comportamento - University of Kansas. Especialista em Filosofia Política e Jurídica - Universidade Estadual de
Londrina. Certificada pela Behavior Analiyst Certification Board - nível de Doutorado e pela Qualified Behavior Analyst. E-
mail: [email protected], http://lattes.cnpq.br/2911398376726237.
{3}Tiago Roberto Florencio, psicólogo, mestre profissional em Análise do Comportamento Aplicada - Centro Paradigma,
Formação em Clinica Analítico Comportamental Infantil - Centro Paradigma. E-mail: [email protected],
http://lattes.cnpq.br/7703255660259421.
149
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Sandford e Rademakers (2000) discutem que existem três barreiras que impedem
(a) que o tema seja tratado como parte do desenvolvimento de todas as pessoas e (b)
que um maior número de pesquisas na área seja desenvolvido. A primeira delas é de
natureza negacionista. Comumente, pais de pessoas com TEA relutam em
reconhecer que filhos se engajam em comportamentos sexuais. A segunda barreira é
de ordem metodológica/ética. Por ser uma grande classe de comportamentos os
quais deveriam ocorrer, em sua maior parte, de forma privada, pode não ser
considerado ético observar (para coletar dados e propor intervenções) crianças ou
adolescentes se engajando em algum tipo de comportamento sexual A terceira, é
uma barreira cultural/religiosa que pode restringir pesquisas nessa área, por este ser
considerado um tema tabu.
É importante definirmos operacionalmente o que entenderemos como
comportamento sexual. Comportamento sexual é apenas um dos domínios dentre as
possibilidades do exercício da sexualidade humana (Dewinter et al., 2013). Dewinter
et al. (2013) subdividem o funcionamento da sexualidade em três domínios: 1)
socialização psicossexual, que inclui as interações estabelecidas em contextos sociais,
nos quais os indivíduos aprendem e experimentam relacionamentos e sexualidade; 2)
individualidade psicossexual, que inclui o relacionamento intrapessoal, percepção de
si e autoestima; e 3) domínio sexual/íntimo, que engloba uma série de
comportamentos sexuais adequados e inadequados. Embora sejam agrupados em
categorias diferentes, os três domínios estão interligados como elos de uma mesma
corrente. Neste trabalho, trataremos mais especificamente da última esfera, ou seja,
comportamentos sexuais/íntimos.
Assim, o objetivo desta revisão narrativa foi levantar quais são os procedimentos
descritos na literatura em Análise do Comportamento para manejar CSIs em pessoas
com TEA e, dessa forma, prover informações mais sistematizadas aos clínicos que
trabalham ou que trabalharão com essas questões ao longo do processo de
intervenção com seus clientes.
Comportamentos Sexuais Inapropriados (csis)
De forma geral, dentro do escopo deste trabalho, nos referimos aos seguintes
comportamentos como sexuais: masturbação (em topografia adequada ou não),
remoção de roupas, toque em partes privadas do próprio corpo ou do corpo de
outras pessoas, emissão de palavras de cunho sexual e exibição de órgãos genitais.
149
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
150
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Tabela 1:
Descrição de comportamentos sexuais comuns por faixa etária.
Tocar órgãos genitais em público e no privado, friccionar genitália contra objetos, mostrar
Antes dos 4 anos genitálias a outras pessoas, tocar a genitália de outras pessoas, tentar ver outras pessoas
despidas, fazer perguntas sobre seus corpos, conversar com pares sobre funções corporais.
Tocar genitália, tentar ver outras pessoas se despindo, imitar comportamentos de namoro,
Entre 4 a 6 anos
conversar sobre órgãos genitais, explorar genitais com crianças da mesma faixa etária.
151
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
152
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
com a família, tomando todas as precauções para que todos se mantenham seguros e
com dignidade. Os dados devem ser analisados diariamente buscando-se as relações
ambientais que estão causando/mantendo o comportamento alvo. Nunca é demais
salientar que os dados devem ser mantidos em absoluto sigilo e em segurança,
podendo ser compartilhados apenas entre responsáveis legais, profissionais do caso e
pessoa com CSIs, quando for o caso.
Após a avaliação inicial, a família e a equipe terapêutica devem discutir juntas
quais as alternativas de intervenção disponíveis e com evidência, levando-se em
consideração todos os envolvidos, que incluem, além de família e equipe, a pessoa
com CSI. Aqui cabe ressaltar que, para qualquer intervenção, especialmente aquelas
relacionadas a comportamentos que costumam ser ponto sensível e evitado pelos
envolvidos, é necessário levar em conta a validade social dos objetivos a serem
alcançados, dos procedimentos a serem utilizados e dos resultados que forem obtidos
(Wolf, 1978). Sem levar em conta a validade social e o contexto do cliente, a
probabilidade de não adesão ou de boicote do tratamento acaba aumentando
(Rapoff, 2010).
Como muitas questões precisam ser pensadas nesse processo de tomada de decisões
para que ele ocorra da maneira mais ética e socialmente válida possível, propomos
uma sequência de passos na Figura 1 e apontamos algumas reflexões sobre as
intervenções nas considerações finais.
153
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
{5} Parte dos procedimentos e estratégias apresentados foram encontrados nas citações dos textos revisados.
154
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
155
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Figura 1:
Sugestão de modelo de tomada de decisões
156
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Identificação do CSI
Alterações Tratamento
hormonais, medicamentoso e/ou apoio
Não Sim social e psicoeducacional,
abuso sexual encaminhamentos para
serviços de proteção
e/ou infecções
detectadas
Análise Funcional
Não
Manter o
suporte
Vide Procedimentos e estratégias no Quadro 2
157
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Comentários e Discussão
Comportamentos sexuais inapropriados são comuns em pessoas com TEA.
Apesar disso, há uma escassez de estudos que empreguem análises e procedimentos
comportamentais no manejo desses comportamentos. Como já vimos, pode haver
inúmeras razões para este panorama como, por exemplo, limitações éticas, culturais
e religiosas que impedem que o tema seja tratado com naturalidade e que pesquisas
sejam desenvolvidas. Mas, apesar de tais limitações, não podemos esquecer que há
pessoas que necessitam aprender a manifestar seus comportamentos sexuais de
forma apropriada. Não falar sobre o assunto ou não prover as condições ambientais
para que essas pessoas aprendam não fará o problema desaparecer. Existem
caminhos a percorrer e pensar sobre eles pode não ser tarefa das mais simples,
porém, sem dúvidas, é uma tarefa necessária.
158
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
159
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
alertam para o fato que profissionais trabalhando com esta população devem estar
cientes da diversidade de gênero nesta população e oferecer o suporte necessário
para um funcionamento sociossexual saudável para os seus clientes.
Precisamos ressaltar algumas limitações do presente estudo. Uma busca
sistemática, com termos amplos e bases diversas precisará ser conduzida para que
futuras pesquisas possam encontrar um maior número de estudos em Análise do
Comportamento e CSIs. Além disso, não comparamos procedimentos em termos de
eficácia, ou seja, quais teriam sido mais e menos eficazes no manejo de CSIs nem
descrevemos em maiores detalhes os repertórios das pessoas envolvidas em cada um
dos estudos dispostos no Quadro 2. Talvez, a depender do repertório
comportamental de cada indivíduo e de seu contexto, certas estratégias sejam mais
eficientes do que outras. Por fim, sugerimos que uma revisão sistemática de literatura
seja realizada na tentativa de responder a essas e outras questões.
Para finalizar, espera-se que este estudo possa contribuir para clínicos e
pesquisadores que trabalham com pessoas com TEA e apresentam CSIs. Apesar de
serem informações iniciais e ainda ser necessária a realização de diversas pesquisas,
em especial na comunidade brasileira na qual vivemos, esperamos que o presente
texto ofereça alguma direção àqueles adentrando esta área.
Referências
Ballan M. S. (2012). Parental perspectives of communication about sexuality in families of children with autism spectrum
disorders. Journal of autism and developmental disorders, 42(5), 676–684. https://doi.org/10.1007/s10803-011-1293-y
Demyer, M. K. (1979). Parents and Children in Autism. Washington, DC: VH Winston & Sons.
Dewinter, J., Vermeiren, R., Vanwesenbeeck, I., & van Nieuwenhuizen, C. (2013). Autism and normative sexual development:
a narrative review. Journal of clinical nursing, 22(23-24), 3467–3483. https://doi.org/10.1111/jocn.12397
Dewinter, J., Vermeiren, R., Vanwesenbeeck, I., & Van Nieuwenhuizen, C.h (2016). Adolescent boys with autism spectrum
disorder growing up: follow-up of self-reported sexual experience. European child & adolescent psychiatry, 25(9), 969–978.
https://doi.org/10.1007/s00787-016-0816-725(9):969-78.
Dozier, C. L., Iwata, B. A., & Worsdell, A. S. (2011). Assessment and treatment of foot-shoe fetish displayed by a man with
autism. Journal of applied behavior analysis, 44(1), 133–137. https://doi.org/10.1901/jaba.2011.44-133
Falligant, J. M., & Pence, S. T. (2020). Interventions for inappropriate sexual behavior in individuals with intellectual and
developmental disabilities: A brief review. Journal of applied behavior analysis, 53(3), 1316–1320.
https://doi.org/10.1002/jaba.716
George, R. & Stokes, M. A. (2018). Gender identity and sexual orientation in autism spectrum disorder. Autism, 22(8), 970–
982. https://doi.org/10.1177/1362361317714587
160
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Gougeon, N. A. (2010). Sexuality and Autism: A Critical Review of Selected Literature Using a Social-Relational Model of
Disability. American Journal of Sexuality Education, 5(4), 328-361. https://doi.org/10.1080/15546128.2010.527237
Hellemans, H., Roeyers, H., Leplae, W., Dewaele, T., & Deboutte, D. (2010). Sexual behavior in male adolescents and young
adults with autism spectrum disorder and borderline/mild mental retardation. Sexuality and Disability, 28(2), 93–104.
https://doi.org/10.1007/s11195-009-9145-9
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. (2019). Estatuto da criança e do adolescente. Brasília, DF. Recuperado de
https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-versao-
2019.pdf.
Lerman, D. C & Vorndran, C. M. (2002). On the status of knowledge for using punishment implications for treating behavior
disorders. Journal Of Applied Behavior Analysis, 35(4), 431–464. https://doi.org/10.1901/jaba.2002.35-43135(4): 431-464.
Lindsay, W. R. (2016). Inappropriate Sexual Behavior and Sexual Offending. In: Singh, N. N. Handbook of Evidence-Based
Practices in Intellectual and Developmental Disabilities. Berlin: Ed. Springer, p. 781-808.
Mann, L. E & Travers, J. A. (2020). Systematic Review of Interventions to Address Inappropriate Masturbation for
Individuals with Autism Spectrum Disorder or Other Developmental Disabilities. Review Journal of Autism and
Developmental Disorders, 7, 205–218. https://doi.org/10.1007/s40489-019-00192-9
Mansell, S., Sobsey, D., Wilgosh, L., &Zawallich, A. (1996). The sexual abuse of young people withdisabilities: Treatment
considerations. International Journal for the Advancement of Counseling, 19, 293–302. https://doi.org/10.1007/BF00115683
Mclay, L., Carnett, A., Tyler-Merrick, G., & Meer, L. A. (2015). Systematic Review of Interventions for Inappropriate Sexual
Behavior of Children and Adolescents with Developmental Disabilities. Review Journal of Autism and Developmental
Disorders, 2, 357-373. https://doi.org/10.1007/s40489-015-0058-5
Miltenberger, R. G., Roberts, J. A., Ellingson, S., Galensky, T., Rapp, J. T., Long, E. S., & Lumley, V. A. (1999). Training and
generalization of sexual abuse prevention skills for women with mental retardation. Journal of applied behavior analysis,
32(3), 385–388. https://doi.org/10.1901/jaba.1999.32-385
NCTSN. NCSBY. (2009). Sexual Development and Behavior in Children. Information for parents and caregivers. April.
Recuperado de https://www.nctsn.org/sites/default/files/resources/sexual_development_and_behavior_in_children.pdf.
Rapoff M. A. (2010). Editorial: Assessing and enhancing clinical significance/social validity of intervention research in
pediatric psychology. Journal of pediatric psychology, 35(2), 114–119. https://doi.org/10.1093/jpepsy/jsp102
Realmuto, G. M., & Ruble, L. A. (1999). Sexual behaviors in autism: problems of definition and management. Journal of
autism and developmental disorders, 29(2), 121–127. https://doi.org/10.1023/a:1023088526314
Reyes, J. R., Vollmer, T. R., & Hall, A. (2011). The influence of presession factors in the assessment of deviant arousal.
Journal of applied behavior analysis, 44(4), 707–717. https://doi.org/10.1901/jaba.2011.44-707
Rother, E. T. Revisão sistemática X revisão narrativa. (2007). Acta Paulista de Enfermagem [online] 20 (2), v-vi.
https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001
Sala, G., Hooley, M., Attwood, T. et al. Autism and Intellectual Disability: A Systematic Review of Sexuality and Relationship
Education. Sex Disabil 37, 353–382 (2019). https://doi.org/10.1007/s11195-019-09577-4
Sandfort, T. G. M. & Rademakers, J. (2000). Childhood sexual development: normal sexual behavior and development.
Binghamton: The Haworth Press Inc.
161
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
Schöttle, D., Briken, P., Tüscher, O., & Turner, D. (2017). Sexuality in autism: hypersexual and paraphilic behavior in
women and men with high-functioning
Stokes, M. A., & Kaur, A. (2005). High-functioning autism and sexuality: a parental perspective. Autism: the international
journal of research and practice, 9(3), 266–289. https://doi.org/10.1177/1362361305053258
Sullivan, A., & Caterino, L. C. (2008). Addressing the Sexuality and Sex Education of Individuals with Autism Spectrum
Disorders. Education and Treatment of Children, 31(3), 381–394. http://www.jstor.org/stable/42899984
Tarren-Sweeney, M. (2008). Predictors of problematic sexual behavior among children with complex histories of abuse. Child
Maltreatment, 13(2), 182–198. https://doi.org/10.1177/1077559508316043
Travers, J. & Tincani, M. (2010). Sexuality education for individuals with autism spectrum disorders: Critical issues and
decision making guidelines. Education and Training in Autism and Developmental Disabilities, 45(2), 284-293.
http://www.jstor.org/stable/23879812
Wolf, M. M. (1978). Social validity: the case for subjective measurement or how applied behavior analysis is finding its heart
1. Journal of applied behavior analysis, 11(2), 203-214. https://doi.org/10.1901/jaba.1978.11-203
Wolfe, P. S., Condo, B., & Hardaway, E. (2009). Sociosexuality Education for Persons with Autism Spectrum Disorders
Using Principles of Applied Behavior
162
Análise do comportamento Aplicada: Teoria, Aplicações e Prestação de serviços - IEPSIS.
ANEXO 1
1 - Informação Básica:
Data da entrevista inicial/anamnese:
Nome da criança:
Data de Nascimento da Criança: Sexo (M/F):
Nome do cuidador que mais frequentemente presencia os comportamentos sexuais da
criança/adolescente:
Diagnósticos médicos e/ou educacionais da criança:
A criança/adolescente se engaja em CSI?
( ) Sim( ) Não
Se sim, descreva estes comportamentos:
3 – Objetivos
Descreva seus objetivos em relação aos CSI de seu filho (por exemplo, ser capaz de se masturbar
somente em privado, em topografia adequada e em frequência normal para a idade)
163
Coordenação:
Daniela Canovas
Emília J. F. Gama