Livro Geodiversidade Do Parana
Livro Geodiversidade Do Parana
Livro Geodiversidade Do Parana
ESTADO DO PARANÁ
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE
2021
GEODIVERSIDADE
DO ESTADO DO PARANÁ
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO
E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
MINISTRO DE ESTADO
Bento Costa Lima de Albuquerque Junior
SECRETÁRIA EXECUTIVA
Marisete Fátima Dadald Pereira
SECRETÁRIO DE GEOLOGIA, MINERAÇÃO
E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
Alexandre Vidigal de Oliveira
GEODIVERSIDADE
DO ESTADO DO PARANÁ
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE
ORGANIZAÇÃO
Deyna Pinho
Goiânia
2021
CRÉDITOS TÉCNICOS Colaboração Superintendência Regional de São Paulo
Marcely Ferreira Machado (revisão técnica) (SUREG-SP)
Gerência de Infraestrutura Geocientífica
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE Revisão ortográfico-gramática/linguística (GERINF)
Sueli Cardoso de Araújo (Editoração)
DO ESTADO DO PARANÁ Marina das Graças Perin
Revisão Técnica
Marcely Ferreira Machado Superintendência Regional de Salvador
COORDENAÇÃO NACIONAL Paulo (SUREG-SA)
Departamento de Gestão Territorial Normalização Bibliográfica Gerência de Infraestrutura Geocientífica
Maria Gasparina de Lima (GERINF)
Diogo Rodrigues Andrade da Silva
(Revisão da editoração)
Maria Angélica Barreto Ramos
Agradecimentos Andrea Machado de Souza
Marcelo Eduardo Dantas
Marcely Ferreira Machado Antonio Theodorovicz
Andrea Fregolente Lazaretti Superintendência Regional de Manaus
Coordenação de Geoprocessamento Wilson Wildner (SUREG-MA)
e da Base de Dados de Geodiversidade Edgar Shinzato Gerência de Infraestrutura Geocientífica
Maria Angélica Barreto Ramos Marcelo Eduardo Dantas (GERINF)
Ana Cláudia Viero (Projeto de multimídia)
Execução Técnica Carlos Augusto Brasil Peixoto Maria Tereza da Costa Dias
Deyna Pinho Mikhaela Aloísia Jéssie Santos Pletsch
Gilberto Lima Mariana Morena Lemos da Conceição (Adequação da montagem no ArcExibe
Andrea Segura Franzini para multimídia)
Carla Cristina Magalhães de Moraes Aldenir Justino de Oliveira
Eduardo Marcel Lazzarotto Projeto Gráfico/Editoração/Multimídia
Tiago Antonelli
Luiz Fernando dos Santos
Roberto Eduardo Kirchheim Departamento de Relações Institucionais
Andrea Fregolente Lazaretti e Divulgação (DERID)
Antonio Theodorovicz Divisão de Marketing e Divulação (DIMARK)
(Padrão capa/embalagem)
Organização do Livro Geodiversidade Patrícia Duringer Jacques
do Estado do Paraná Washington José Ferreira Santos
Deyna Pinho Departamento de Apoio Técnico (DEPAT)
Sistema de Informação Geográfica Divisão de Editoração Geral (DIEDIG)
e Leiaute do Mapa (Projeto de editoração/diagramação)
Andrea Fregolente Lazaretti Maria José Cabral Cezar
Deyna Pinho Valter de Alvarenga Barradas
Gilberto Lima Andréia Amado Continentino
Marina das Graças Perin Agmar Alves Lopes
(Supervisão de editoração)
Apoio Banco de Dados, SIG e Andréia Amado Continentino
Desenvolvimento da Base Geodiversidade
Divisão de Geoprocessamento (DIGEOP)
Hiran Silva Dias FOTOS DA CAPA
Leonardo Brandão Araújo 1. Agricultura: Plantação de trigo sobre
Elias Bernard da Silva do Espírito Santo
relevo de colinas amplas e suaves
(Goioerê, PR). Fotografia: Andrea
Fregolente Lazaretti, 2011.
2. Potencial mineral: Extração de pedra
britada em rochas básicas extrusivas
com grande quantidade de disjunções
colunares (Santa Maria, PR).
Fotografia: Deyna Pinho, 2011.
Serviço Geológico do Brasil – CPRM 3. Atrativo geoturístico: Cataratas do
www.cprm.gov.br Iguaçu. Parque Nacional Iguaçu
[email protected] (Foz do Iguaçu, PR). Fotografia:
Deyna Pinho, 2011.
Dados Internacionais de Catalogação-na-Puplicação (CIP)
Serviço Geológico do Brasil – CPRM / DIDOTE - Processamento Técnico 4. Risco geológico: Inundação do rio
Negro (União da Vitória, PR).
Fotografia: Deyna Pinho, 2011.
G342 Geodiversidade do Estado do Paraná / Organização
Deyna Pinho. � Goiânia : CPRM, 2021.
1 recurso eletrônico : PDF
SUMÁRIO
Deyna Pinho, Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff
2. ASPECTOS GERAIS DO MEIO FISICO: GEOLOGIA, RELEVO,
HIDROGEOLOGIA, SOLO, FOSSEIS E RISCOS GEOLÓGICOS......................19
Andrea Segura Franzini, Carla Cristina Magalhães de Moraes, Deyna Pinho,
Eduardo Marcel Lazzarotto, Gilberto Lima,Marcelo Eduardo Dantas, Luiz
Fernando dos Santos, Roberto Eduardo Kirchheim, Tiago Antonelli Caroline
3. METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA..............81
Maria Angélica Barreto Ramos, Marcelo Eduardo Dantas, Antonio Theodorovicz,
Valter José Marques, Vitório Orlandi Filho, Maria Adelaide Mansini Maia e Pedro
Augusto dos Santos Pfaltzgraff
4. GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES
E LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO......................................95
Deyna Pinho
APÊNDICES
1
Serviço Geológico do Brasil – CPRM
SUMÁRIO
Geodiversidade......................................................................................................11
Aplicações .............................................................................................................12
Referências.............................................................................................................16
INTRODUÇÃO
11
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Xavier da Silva e Carvalho Filho (apud SILVA et al., Dessa forma, obtém-se um diagnóstico do meio físico e
2008, p. 12) apresentam conceituações diferentes da de sua capacidade de suporte para subsidiar atividades
maioria dos autores nacionais e internacionais, definindo produtivas sustentáveis (Figura 1.2). Exemplos práticos da
geodiversidade a partir da “variabilidade das características importância do conhecimento da geodiversidade de uma
ambientais de uma determinada área geográfica”. região para subsidiar o aproveitamento e a gestão do meio
Embora os conceitos de geodiversidade sejam menos físico são apresentados a seguir.
conhecidos do grande público do que os de biodiversidade, Em determinada região (Figura 1.3), formada por ro-
esta é dependente daquela, conforme afirmam Silva et al. chas cristalinas e sedimentares, relevo ondulado, solos com
(2008, p. 12): espessura variável, clima subtropical, com alguns cursos de
A biodiversidade está assentada sobre a geodiversidade água perenes, mas de grande relevância ambiental, devido
e, por conseguinte, é dependente direta desta, pois à existência de mananciais, nas proximidades de grande
as rochas, quando intemperizadas, juntamente com o região metropolitana, que abastecem uma população
relevo e o clima, contribuem para a formação dos solos, estimada em mais de 3,5 milhões de habitantes, como
disponibilizando, assim, nutrientes e micronutrientes, seria possível promover o seu aproveitamento econômico?
os quais são absorvidos pelas plantas, sustentando e
desenvolvendo a vida no planeta Terra.
Em síntese, pode-se considerar que o conceito de
geodiversidade abrange a porção abiótica do geossistema
(o qual é constituído pelo tripé que envolve a análise
integrada de fatores abióticos, bióticos e antrópicos)
(Figura 1.1).
APLICAÇÕES
Figura 1.3 - Zona urbana altamente adensada de Curitiba (PR); ao fundo, a ocupação urbana sobre
diversas formas de relevo e terrenos geológicos. Fotografia: Viaje Jet, s.d.
12
INTRODUÇÃO
O conhecimento da geodiversidade dessa região a área pouco propícia ou com restrições à instalação
implicaria saber a constituição de suas rochas. Nesse de atividades agrícolas ou expansão de assentamentos
caso específico, a zona urbana mais adensada está sobre urbanos. Cuidados específicos, no entanto, devem ser
Tabuleiros da Bacia Sedimentar de Curitiba. adotados na atividade de mineração para não compro-
Em outro cenário, observa-se o relevo montanhoso meter os escassos mananciais, em parte já modificados
em rochas cristalinas, mais especificamente, granitoi- pela ocupação urbana.
des e gnaisses, com emprego na construção civil como Em outro contexto, tem-se uma área plana (planí-
acabamento de superfícies de paredes e pisos, pedra cie de inundação de um rio), cujo terreno é constituído
de talhe, brita ou saibro. O relevo ondulado e a espes- por areias e argilas, com provável presença de turfas
sura do solo, variável em função da topografia, seriam e argilas moles. Nessa situação, os espessos pacotes
outros fatores para auxiliar no desenvolvimento dessa de areia viabilizam a explotação desse material para
atividade (Figura 1.4). construção civil (Figura 1.5); as argilas moles e turfas,
A disponibilidade limitada de água, resultante do além de suscetibilidade a inundações periódicas, tornam
grande adensamento urbano, juntamente com a dis- a área inadequada à ocupação urbana ou industrial;
ponibilidade hídrica na forma de aquífero sedimentar a presença de solos mais férteis torna a área propícia
restrito à Bacia Sedimentar de Curitiba e de aquífero fis- à agricultura de ciclo curto e à criação de bubalinos
sural com ausência de fraturas interconectadas, tornaria (búfalos) (Figura 1.6).
a b
Figura 1.4 - a) Rochas cristalinas utilizadas para pedra de talhe, paralelepípedos, brita ou saibro, Muncípio de Santa Maria do Oeste, PR;
b) Quando menos fraturadas as pedras de talhe podem ser de dimensões maiores (paralelepípedos), Município de Quatro Barras, PR.
Fotos: Deyna Pinho (2011).
Figura 1.5 - Exploração de areia para construção civil em área de Figura 1.6 - Áreas alagadiças em planícies de inundação do
planície de inundação do Rio Piqueri, Município de Terra Roxa, PR. Rio Paraná, utilizadas para criação de bubalinos (búfalos),
Foto: Deyna Pinho (2011). Município de Guaíra, PR. Foto: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
13
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Entretanto, observa-se que, justamente em várzeas Antonina, Guaratuba, Guaraqueçaba e outras localidades
e planícies de inundação, instalou-se a maior parte das no interior do estado (Figuras 1.9 e 1.10).
cidades no Brasil. Como exemplo no Paraná, tem-se União Um grave problema ambiental que se instala na faixa
da Vitória e muitas outras situadas ao longo dos rios Igua- litorânea do Paraná é a alta suscetibilidade à erosão costeira,
çu, Ivaí e Paraná, cuja população sofre, recorrentemente, normalmente associada a episódios de ressaca registrados
com as inundações, o que levou as autoridades públicas no litoral sul do Brasil, principalmente em decorrência de
a buscar um sistema de proteção contra esse tipo de ciclones extratropicais, comuns nos meses de outono e in-
evento (Figura 1.7). verno. Segundo Ângulo et al. (2006), a ocupação urbana e a
Os movimentos de massa passaram a receber mais interferência antrópica próxima às praias, em áreas sujeitas
atenção das autoridades públicas no Paraná após os even- à dinâmica das ondas, onde a movimentação marítima e
tos que ocorreram em novembro de 2010, ao longo da as correntes de maré realizam o processo de remoção e
escarpa serrana no entorno da Baía de Paranaguá (Figura reposição de areia, expõem a população e a infraestrutura
1.8), atingindo, principalmente, os municípios de Morretes, urbana a riscos decorrentes da erosão costeira (Figura 1.11).
a b
Figura 1.7 - a) Evento de inundação do Rio Iguaçu, ocorrido em Agosto de 2011, no município de União
da Vitória, PR. Foto: Deyna Pinho (2011); b) Recorrência do evento de inundação do Rio Iguaçu, ocorrido em Junho
de 2014, no município de União da Vitória, PR. Fonte: http://lionsclubeuniaodavitoria.blogspot.com.br/2014/06/
enchente-em-uniao-da-vitoria-junho-2014.html
Figura 1.8 - Deslizamentos generalizados na serra do Mar (Paranaguá, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
14
INTRODUÇÃO
a b
Figura 1.9 - a) Ocupação em encostas de morros altos e serras baixas sobre rochas cristalinas nos municípios paranaenses de
General Carneiro; b) Rio Branco do Sul. Fotografias: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
a b
Figura 1.10 - Implementação de obras de infraestrutura ou rodovias em áreas de relevo desfavorável aos métodos tradicionais de
engenharia: a) deslizamento na rodovia PR-092 sobre morros altos e serras baixas (Rio Branco do Sul, PR); b) obra de contenção em
talude de corte, na rodovia BR-476, sobre domínio serrano (Adrianópolis, PR). Fotografias: Deyna Pinho (2011).
Figura 1.11 - Enrocamento para contenção de erosão costeira no município de Matinhos, PR. Foto: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
15
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
16
2
ASPECTOS GERAIS DO
MEIO FÍSICO: GEOLOGIA,
FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E
HIDROGEOLOGIA
Carla Cristina Magalhães de Moraes ([email protected])¹
Eduardo Marcel Lazzarotto ([email protected]) ¹
Tiago Antonelli ([email protected])¹
Deyna Pinho ([email protected])¹
Gilberto Lima ([email protected])¹
Marcelo Eduardo Dantas ([email protected])¹
Roberto Eduardo Kirchheim ([email protected])¹
Luiz Fernando dos Santos ([email protected])¹
Andréa Segura Franzini ([email protected])¹
1
Serviço Geológico do Brasil – CPRM
SUMÁRIO
Introdução.............................................................................................................19
Geologia do Paraná...............................................................................................19
Bacia do Paraná..................................................................................................20
Escudo do Paraná/Embasamento Cristalino........................................................20
Domínio Luís Alves...........................................................................................21
Domínio Curitiba.............................................................................................21
Domínio Paranaguá.........................................................................................21
Unidades Geológicas..........................................................................................21
Arqueano.........................................................................................................21
Proterozoico Inferior........................................................................................21
Proterozoico Médio........................................................................................ 22
Proterozoico Superior..................................................................................... 23
Proterozoico-Paleozoico..................................................................................24
Paleozoico........................................................................................................24
Mesozoico.......................................................................................................27
Tércio-Quaternário.......................................................................................... 28
Quaternário.................................................................................................... 28
Fósseis do Paraná.................................................................................................. 28
Fósseis do Pré-Cambriano...................................................................................29
Fósseis do Devoniano........................................................................................ 30
Fósseis do Permiano-Cretáceo............................................................................31
Fósseis do Paleógeno-Quaternário.....................................................................32
Arqueologia....................................................................................................... 34
Relevo do Paraná.................................................................................................. 34
Domínios Geomorfológicos no Estado do Paraná..............................................35
Macrocompartimentação no Relevo.................................................................. 38
Compartimento Atlântico............................................................................... 38
Compartimento Planáltico Leste..................................................................... 43
Compartimento Planáltico Central.................................................................. 48
Compartimento Planáltico Centro-Ocidental...................................................51
Solos do Paraná.................................................................................................... 58
Uso do Solo....................................................................................................... 58
Principais Solos do Paraná................................................................................. 58
Latossolos........................................................................................................59
Neossolos........................................................................................................59
Argissolos........................................................................................................59
Nitossolos....................................................................................................... 60
Cambissolos.................................................................................................... 60
Gleissolos........................................................................................................ 62
Espodossolos.................................................................................................. 62
Organossolos.................................................................................................. 62
Chernossolos.................................................................................................. 63
Riscos Geológicos no Paraná................................................................................. 63
Processos Geológicos Associados...................................................................... 64
Enchentes e Inundações................................................................................. 64
Deslizamentos, Escorregamentos, Corridas de Massa e Fluxo de Detritos........... 66
Queda, Desplacamento, Rolamento e Tombamento de Blocos....................... 66
Colapsos Cársticos ......................................................................................... 66
Erosão............................................................................................................. 69
Hidrogeologia do Paraná.......................................................................................70
Sistemas Aquíferos.............................................................................................70
Aquíferos do Estado do Paraná..........................................................................71
Aquíferos Granulares de Coberturas Sedimentares de
Menor Representatividade...............................................................................71
Aquífero Cristalino...........................................................................................71
Aquífero Carste................................................................................................72
Aquífero Paleozoico.........................................................................................72
Aquífero Guarani.............................................................................................73
Aquífero Serra Geral........................................................................................73
Aquífero Caiuá ................................................................................................74
Referências.............................................................................................................74
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
19
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
• Serra do Mar, com seu complicado tectonismo de • Mesozoico - Constituído por rochas sedimentares de
falhas e zonas de maiores elevações de rochas cris- origem continental, de idade triássica, e por rochas
talinas, formando uma serra marginal que se eleva ígneas extrusivas de composição predominantemen-
sobre os planos de nível do planalto do interior; te básica, de idade juro-cretácea, responsáveis pelas
• Primeiro Planalto, com rochas magmáticas e meta- feições do Terceiro Planalto paranaense; os últimos
mórficas mais antigas, recobertas parcialmente por eventos de grande expressão na coluna estratigrá-
sedimentos recentes de origem marinha e continen- fica no final do Cretáceo são os depósitos sedimen-
tal (é no Primeiro Planalto e litoral que se localizam tares de ambiente continental árido representados
as rochas mais antigas do estado, o Escudo do pelos sedimentos arenosos do noroeste do estado;
Paraná/Embasamento Cristalino); • Cenozoico - Formado por sedimentos inconsolida
• Segundo Planalto, que constitui a faixa de afloramen- dos, de origem continental e marinha, que reco-
to dos sedimentos paleozoicos da Bacia do Paraná; brem, parcialmente, as unidades retrodescritas.
• Sobrepostas a esses sedimentos, ocorrem as rochas A Bacia do Paraná é uma ampla região sedimentar
vulcânicas de idade mesozoica do Grupo Serra do continente sul-americano que inclui porções territo-
Geral, formando o Terceiro Planalto, recobertas riais do Brasil meridional, Argentina, Uruguai e Paraguai.
por sedimentos cretáceos no noroeste do estado. Tem cerca de 1.900 km segundo N-S, entre as cidades de
Sedimentos recentes ocorrem em todas as regiões, Durazno (Uruguai) e Morrinhos (Mato Grosso), e largura
principalmente nos vales dos rios, como também aproximada de 900 km entre as cidades de Aquidauana
outros tipos de depósitos inconsolidados. (Mato Grosso do Sul) e Sorocaba (São Paulo). O registro
O Escudo do Paraná, embasamento da Plataforma vulcanossedimentar tem espessura acumulada de cerca de
Sul-Americana, aflora na parte leste do estado e constitui as 7.500 m, com início da deposição no Ordoviciano e térmi-
suas porções mais antigas e elevadas. Formado por rochas no no Cretáceo, compreendendo um intervalo de 385 Ma
cristalinas, ígneas e metamórficas da Plataforma Sul-Ameri- (CPRM, 2006).
cana, é recoberto, a oeste, por cobertura vulcânica e rochas A bacia tem forma ovalada, com eixo maior N-S; seu
sedimentares da Bacia do Paraná (MINEROPAR, 2001). contorno atual é definido por limites erosivos relacionados,
em grande parte, à história geotectônica mesocenozoica,
Bacia do Paraná totalizando uma área que se aproxima de 1,5 milhão de
quilômetros quadrados (MILANI, 1997).
A Bacia do Paraná recobre a maior parte do estado. O registro estratigráfico da Bacia do Paraná compre-
Intracratônica e de origem sedimentar, sua evolução ocor- ende um pacote sedimentar-magmático com espessura
reu sobre a Plataforma Sul-Americana. Cobrindo uma área total máxima em torno de sete mil metros, coincidindo,
de aproximadamente 1,5 milhão de quilômetros quadrados, geograficamente, o depocentro estrutural da sinéclise com
sua evolução se deu por fases de subsidência e soergui- a região da calha do rio Paraná.
mento com erosão associada, no transcorrer das quais a
sedimentação se processou em sub-bacias. Sua formação Escudo do Paraná/Embasamento Cristalino
teve início no Devoniano, há cerca de 400 milhões de anos,
terminando no Cretáceo. A persistente subsidência na área Compreende um megacinturão de idade pré-cam-
de formação da bacia, embora de caráter oscilatório, possi- briana, formado pela colisão de blocos continentais e
bilitou a acumulação de grande espessura de sedimentos, microcontinentais. São rochas ígneas e metamórficas, lo-
lavas basálticas e sills de diabásio, ultrapassando cinco mil calmente recobertas por sequências vulcanossedimentares,
metros na porção mais profunda (MINEROPAR, 2001). sedimentares e sedimentos inconsolidados.
Existem muitos estudos, na escala de milhares, sobre o A sudeste do estado, afloram rochas mais antigas, de
arranjo espaço-temporal das rochas que preenchem a Bacia alto grau metamórfico; na porção norte-noroeste, as de
do Paraná, sendo tema recorrente na bibliografia geocientí- baixo grau. No Proterozoico e Cambriano, início do Pale-
fica brasileira. O relatório de White (1908) é considerado o ozoico, manifestações magmáticas originaram as rochas
pioneiro na sistematização estratigráfica dessa bacia, mas granitoides. No Mesozoico, ocorreram intrusões de rochas
há estudos mais recentes, como os de Milani (1997), que carbonatíticas, alcalinas e básicas.
tratam de sua estratigrafia de forma bastante completa. A evolução do escudo é bastante complexa, envol-
Na área da Bacia do Paraná, três conjuntos litológicos vendo muitos eventos tectônicos e magmáticos, formando
são individualizados (MINEROPAR, 2001): bacias preenchidas por rochas vulcânicas e sedimentares.
• Paleozoico - Diz respeito aos depósitos sedimenta- É importante lembrar que a compartimentação tectônica
res paleozoicos, correspondentes à grande feição do Embasamento Cristalino foi recentemente atualizada.
de sedimentação marinha e litorânea conhecida Assim, iremos nos utilizar da nomenclatura e divisão do
como Bacia do Paraná, que se estende por mais de leste paranaense conforme Harara (1996) e Mineropar
1.500.000 km2 no sul e sudeste brasileiro e se ma- (2014), que o dividem em três domínios tectônicos: Luís
nifesta geomorfologicamente no Segundo Planalto; Alves, Curitiba e Paranaguá.
20
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Domínio Luís Alves Serra Negra, os granitos Serra da Igreja, Marumbi, Anhan-
gava e Graciosa e os granitoides calcialcalinos do leste
O Domínio Luís Alves abrange o Complexo Serra do Paraná. Entre os seus litotipos predominam anfibólio-
Negra, as bacias vulcanossedimentares e o Complexo biotita e granitoides porfiríticos, tendo como encaixantes
Gnáissico-Migmatítico Costeiro, na região a leste do Linea- xistos aluminosos, sequências paragnáissicas com biotita-
mento Piên-Tijucas do Sul (MINEROPAR, 2014). São os re- gnaisses, micaxistos, quartzitos, com frequentes interca-
gistros mais antigos do sul do país, tendo como principais lações de anfibolitos e unidades de ortognaisses. Faixas
litotipos gnaisses granulíticos, metabásicas, metaultrabási- miloníticas também estão presentes.
cas, granulitos, charnoquitos e outras rochas de alto grau
metamórfico, bem como cataclasitos e metamórficos de Unidades Geológicas
baixo grau formados no Arqueano (2800-2600 Ma) e no
Paleoproterozoico (2000-1900 Ma), de acordo com Siga Serão caracterizadas, resumidamente, as unidades
Júnior (1995). Ocorrem intrusões de granitos e sienitos do geológicas de acordo com o Mapa Geológico do Estado
tipo A agrupados na Província Graciosa (GUALDA et al., do Paraná (escala 1:650.000), conforme atualização mais
2001; GUALDA; VLACH, 2007a, b, c). A norte e noroes- recente de Mineropar do ano de 2014.
te, esse domínio foi cavalgado pelo Domínio Curitiba.
A nordeste e leste, é limitado pelo Batólito Paranaguá, por Arqueano
falhas transcorrentes e de cavalgamento e, ao sul, adentra
o estado de Santa Catarina. Complexo Serra Negra
21
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
As associações litológicas cartografadas no Mapa Geo- sequências paragnáissicas com biotita-gnaisses, micaxistos,
lógico do Estado do Paraná (MINEROPAR, 2001) são as quartzitos, com frequentes intercalações de anfibolitos e
seguintes: Granito Cachoeira, granitos indiferenciados, unidades de ortognaisses. Faixas miloníticas espessas são
granito-gnaisses e anatexitos, incluindo biotita-anfibólio- frequentes em meio aos granitoides. O tipo mais comum é
tonalitos e biotita-anfibólio-granodioritos; migmatitos um granitoide à base de quartzo, plagioclásio, microclíneo,
oftalmíticos e embrechíticos com paleossoma de biotita- biotita e/ou hornblenda. Opacos, zircão, apatita e titanita
gnaisse, biotita-hornblenda-gnaisse e hornblenda-gnaisse, são os principais minerais acessórios. Quanto às estruturas,
com quartzitos locais, migmatitos estromáticos com pa- esses granitoides apresentam feições de fluxo magmático,
leossoma de biotita-hornblenda-gnaisse, mica-quartzo- sendo heterogeneamente deformados com os fenocristais
xistos, ultrabasitos, metabasitos e anfibolitos. de feldspato potássico na forma de augen. Datações reali-
zadas por Basei et al. (1992), Siga Júnior et al. (1995, 2001)
Suíte Gnáissica Morro Alto e Teixeira (1982), pelo método Rb-Sr em rocha total e U-Pb
em zircões, definiram idades entre 620 e 570 Ma e razões
Essa unidade corresponde ao que se denomina atual- iniciais de Sr87/Sr86 entre 0,707 e 0,708. Essas idades indicam
mente Suíte Granítico-Milonítica Rio Piên. As rochas que a o período de formação e deformação dessas rochas. Idades
compõem foram geradas entre 650-620 Ma (U-Pb, Rb-Sr, Sm-Nd, relativas ao setor ocidental do domínio, indicaram
K-Ar em anfibólio), a partir de magmatismo calcialcalino. idades entre 2,6 e 2,7 Ga, diferentemente das registradas
Apresentam, basicamente, composição granodiorítica, nos granitoides da porção oriental (Morro Inglês), de inter-
quartzomonzodioríticas e monzograníticas. Essa unidade valo entre 2,2-1,9 Ga, sugerindo épocas diferentes para a
foi afetada por uma fase deformacional que gerou proto- derivação mantélica dos precursores crustais dessas rochas.
milonitos, milonitos e ultramilonitos. Idades K-Ar em biotitas e anfibólios geraram idades de
resfriamento regional entre 560 e 480 Ma.
Formação Rio das Cobras
Proterozoico Médio
A Formação Rio das Cobras (MINEROPAR, 2014) ou
Sequência Rio da Cobras (CURY, 2009) ocorre em faixas Complexo Apiaí-Mirim
alongadas e pouco expressivas em meio ao complexo
ígneo. É constituída por metassedimentos como biotita- São granito-gnaisses e gnaisses com macrocristais de
-quartzo-xisto, muscovita-quartzo-xisto, calco-xisto, gra- feldspato potássico, gnaisses bandados e gnaisses ocelares
nada-silimanita-sericita-quartzo-xisto, quartzito, gnaisse com intercalações de xistos; gnaisses fitados dominantes
granatífero, anfibolitos e, na região de Antonina, mármores sobre xistos feldspáticos com gradação lateral a quartzitos
intensamente deformados, com dobras em padrão assimé- e anfibolitos; gnaisses ocelares interdigitados com migma-
trico e desarmônico, por vezes com flanco interrompido. titos estromáticos cataclasados, gnaisses leucocráticos e
O grau metamórfico é bem variável, indicando a presença xistos feldspáticos.
de zoneamento caracterizado por paragêneses distintas.
Na parte sul do Terreno Paranaguá, as paragêneses de grau Grupo Setuva
metamórfico variam da fácies xisto-verde, zona da biotita
(serra da Prata), enquanto nas porções central e norte Formado no Proterozoico Médio – 1800 a 1000 Ma,
ocorrem paragêneses na fácies anfibolito a granulito (Gua- tem como característica o posicionamento em núcleos de
raqueçaba). Datações U-Pb em zircão dos gnaisses de alto anticlinais ou antiformes. Esse grupo é subdividido nas
grau indicam idades entre 1,8 a 2,1 Ga; já para as bordas do formações Perau e Água Clara:
zircão, caracterizam idades entre 611 ± 39 Ma. Datações
U-Pb em monazitas indicaram um intervalo entre 599 ± Formação Perau
5 Ma, provavelmente associado ao pico metamórfico.
Sequência vulcanossedimentar metamorfizada em
Suíte Granítica Foliada grau fraco a médio e retrometamorfizada. O ambiente de
formação é marinho, desde litorâneo, passando por águas
Os limites desses terrenos com o Domínio Luís Alves rasas, e até profundas. É constituída por quartzitos, rochas
se dão por falhas de cavalgamento a norte e oeste, que calcissilicatadas, mármores, quartzo-micaxistos, xistos
colocam a suíte granítica sobre o Domínio Luís Alves e carbonosos, rochas metavulcânicas e formações ferríferas.
a sul e sudoeste por expressivas zonas de cisalhamento Nessa formação ocorrem mineralizações de chumbo-zinco
dos lineamentos Palmital, Alexandra e Garuva. Entre os com prata e barita. Tem como principal feição estrutural a
seus litotipos predominam anfibólio-biotita-granitoides xistosidade associada à deformação dúctil de baixo ângulo,
porfiríticos, tendo como encaixantes xistos aluminosos, direção nordeste e vergência sudeste.
22
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
23
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Essa sequência constitui-se de metarritmitos, me- Constituído por andesitos intercalados com riolitos,
tarenitos, metacalcários e raros metaconglomerados de ignimbritos, tufos e brechas piroclásticas, forma uma
cores acinzentadas. Esse conjunto litológico tem a sua associação ácida e intermediária, com ocorrências subor-
estratigrafia interna preservada, mas se assenta sobre dinadas de conglomerados de leques aluviais. Contempo-
a Formação Votuverava por uma zona de deslizamento râneos ou posteriores a essa associação ocorrem arenitos
tectônico denominada Falha do Brejal. acorseanos, siltitos e lamitos de fácies de planície de
inundação e lagos com contribuição vulcânica na forma
Proterozoico-paleozoico de cinzas e bombas. É recoberto, a oeste, pela Formação
Furnas; a leste, por falhamento oblíquo, justapõe-se a
Migmatitos e granitos de anatexia brasilianos unidades proterozoicas (Complexo Granítico Cunhapo-
ranga) e cambrianas (granitos Serra do Carambeí e Joa-
São gnaisses fitados ou nebulíticos, de granula- quim Murtinho). Formado no Ordoviciano, não apresenta
ção média a grossa e xistosidade mal desenvolvida, metamorfismo ou deformação compressional expressiva.
24
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
25
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Sobre esse pacote repousam siltitos e folhelhos cinza a Essas características indicam ambiente deposicional mari-
esverdeados, com níveis de calcário argiloso (margoso), nho de águas calmas e abaixo do nível de ação de ondas.
geralmente silicificados em superfície. Arenitos muito Os seus fósseis são peixes, pelecípodos e conchostráceos,
finos e fossilíferos intercalam-se localmente. As cama- além dos palinomorfos encontrados em todas as forma-
das superiores da formação constituem-se de arenitos ções paleozoicas da Bacia do Paraná, que situam essa
finos a muito finos, cinza-escuro, intercalados a siltitos e sequência no Permiano Superior.
folhelhos carbonosos, dentro dos quais se desenvolvem
leitos de carvão. Formação Teresina
Definido por White (1908), o Grupo Passa Dois abran- O Paleozoico da Bacia do Paraná é encerrado por
ge, no Mapa Geológico do Estado do Paraná (MINEROPAR, essa sequência de siltitos e arenitos finos, esverdeados e
2014), as formações Irati, Serra Alta, Teresina, Rio do arroxeados, capeados por argilitos e siltitos avermelhados,
Rasto e Piramboia. com lentes de arenitos finos. A sua origem é tipicamente
de planície costeira, progradacional sobre os sedimentos
Formação Irati marinhos da Formação Teresina, e continental fluvial
nas seções superiores. Trata-se de um pacote de até
A formação de base do Grupo Passa Dois é cons- 400 m de espessura, subdividido nos membros Serrinha
tituída por argilitos e folhelhos intercalados, de cores e Morro Pelado. Essa formação apresenta rico conteú-
cinza-escuro a negro, pirobetuminosos e associados a do fossilífero.
níveis de calcários margosos, bastante silicificados em
superfície. A laminação dos folhelhos é plano-paralela Formação Piramboia
e rítmica nas seções em que se intercalam folhelhos e
calcários. Os leitos carbonatados mostram marcas de Consiste de arenitos de colorações esbranquiçada e
ondas, laminação cruzada e convoluta, oólitos e brechas avermelhada, finos a médios, síltico-argilosos, com estra-
intraformacionais. Não ultrapassando 40 m de espessura tificação cruzada planar e acanalada. Aos arenitos inter-
aflorante, essa formação tem a sua origem continental lito- calam-se finas camadas de argilitos e siltitos, bem como
rânea registrada no rico conteúdo fossilífero (Mesosaurus leitos de arenitos conglomeráticos com seixos de argilito.
brasiliensis, Stereosternum tumidum, crustáceos, troncos Um conglomerado basal com seixos de sílex ocorre com
silicificados, peixes, insetos e palinomorfos) e nas feições espessura de 1 a 2 m, enquanto a espessura da formação
sedimentares. Esses fósseis permitem datar a formação é de aproximadamente 300 m no estado do Paraná. O seu
como do Permiano Superior. contato com a Formação Rio do Rasto é discordante. As
estruturas sedimentares e o conteúdo fossilífero, à base
Formação Serra Alta de conchostráceos, ostracodos e vegetais continentais,
indicam origem fluvial e areias litorâneas em forma de
Compõe-se de um pacote de até 90 m formado por argili- dunas. O conteúdo fossilífero e as relações estratigráficas
tos, folhelhos e siltitos cinza-escuro a negros, contendo lentes com a Formação Botucatu indicam idade triássica para essa
e concreções calcíferas, com estratificação plano-paralela. unidade do Grupo Passa Dois.
26
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
27
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
28
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
No Paraná, a antiga Mineropar, atual Instituto de Ter- sedimentares do tipo sinéclise (ambientes deposicionais
ras, Cartografia e Geologia do Paraná (ITCG), tem colocado continental, marinho, desértico, glacial e vulcânico);
o geoturismo como programa importante de pesquisa e DSMC – Coberturas sedimentares mesozoicas (cretáceas),
isso influencia diretamente a preservação de geossítios pouco a moderadamente consolidadas.
vulneráveis, como determinados afloramentos fossilíferos,
em que até a coleta de forma equivocada do material para Fósseis do Pré-Cambriano
pesquisa poderia prejudicar esses geossítios de forma irre-
mediável (MANSUR et al., 2013). Nas rochas calcárias aflorantes na Região Metropo-
A diversidade de fósseis encontrados no Paraná é bas- litana de Curitiba, ocorrem fósseis de grandes colônias
tante grande (Figura 2.2) e vai desde estromatólitos, que de antigos micro-organismos (cianobactérias). Essas es-
ocorrem desde o Pré-Cambriano (1 bilhão de anos), até truturas são denominadas estromatólitos e se formaram
fósseis mais recentes. Na maioria dos casos, os fósseis são por meio do acúmulo de finas camadas de carbonato de
do Devoniano, alguns do Permiano e, em menor quantidade, cálcio depositadas pelas cianobactérias. São os fósseis
do Quaternário. Os principais geossítios paleontológicos mais antigos encontrados no estado do Paraná, com idade
e demais áreas de interesse estão concentrados em três aproximada de 1 bilhão de anos (Figura 2.3), na Formação
principais domínios geológicos ambientais: DCMR – Sedi- Capiru, na unidade geológico-ambiental DSVP2csa.
mentos cenozoicos e mesozoicos pouco a moderadamente Na região de Campo Largo, ocorrem rochas da Forma-
associados a pequenas bacias continentais do tipo rift; ção Camarinha, unidade geológico-ambiental DSPMcgas,
DSVMP – Coberturas sedimentares e vulcanossedimen- com estruturas interpretadas como corpos de organismos
tares mesozoicas e paleozoicas pouco a moderadamente (Beltanelliformis) de afinidade incerta, relacionados à Biota
consolidadas, associadas a grandes e profundas bacias de Ediacara, com idade aproximada de 541 Ma (Figura 2.4).
Figura 2.2 - Principais sítios de interesse paleontológico e arqueológico do Paraná, em suas respectivas unidades geológicas fossilíferas
e unidades geológico-ambientais. Fonte: Modificado de Mineropar (2001).
29
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
a b
5 cm 5 cm
Figura 2.3 - Estromatólitos da formação Capiru (DSVP2csa): a) em seção longitudinal; b) em seção transversal (Colombo, PR).
Fonte: (SEDOR, 2014, p.6). Fotografia: LAMIR, s.d.
1 cm
Figura 2.4 - Fósseis (Beltanelliformis) da formação Camarinha Figura 2.5 - Valvas de braquiópodes procedentes da formação
(DSPMcgas) (Campo Largo, PR). Fonte: (SEDOR, 2014, p. 7). Ponta Grossa (região de Ponta Grossa, PR). Fonte: (SEDOR, 2014,
Fotografia: Rafael Costa da Silva, s.d. p. 8). Fotografia: Fernando A. Sedor, s.d.
Fósseis do Devoniano
30
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
1 cm
Fósseis do Permiano-Cretáceo
Figura 2.8 - Mesossaurídeo em carbonato da formação Irati
(região de Guapirama, PR). Fonte: (SEDOR, 2014, p. 10).
Em regiões próximas aos municípios de São Mateus Fotografia: Fernando A. Sedor, s.d.
do Sul, Guapirama e Santo Antônio de Platina, na Forma-
ção Irati (DSVMPsabc) (Bacia do Paraná), há registros de
fósseis de mesossauros (Mesosaurus), pequenos répteis
aquáticos (com cerca de 1 m de comprimento), com
aspecto de lagarto, que viveram há cerca de 250 Ma (os
verdadeiros lagartos ainda não haviam surgido) (Figura
2.8). Mesossauros são encontrados, também, na região
sul do continente africano, na Bacia do Grande Karoo, Ka-
lahari e Huab Karoo (Figura 2.9). A presença desses fósseis
em rochas com intervalos de tempo semelhantes tanto
na América do Sul quanto na África é um elemento adi-
cional muito importante para comparação entre regiões
distantes entre si, sendo, inclusive, o melhor referencial
para estudos de cronocorrelação entre as bacias do Pa-
raná e Karoo (África do Sul), reforçando a ideia de deriva
continental (FERREIRA; SILVA; KELLNER, 2006).
No final do Devoniano, depositaram-se sedimentos Figura 2.9 - Distribuição das espécies de mesossauros, encontrados
continentais fluviais de ambientes associados a grandes na região sul do continente africano, na Bacia do Grande Karoo,
Kalahari e Huab Karoo. Fonte: (FERREIRA; SILVA; KELLNER, 2006).
deltas que apresentam expressiva variedade de plantas,
invertebrados, peixes, anfíbios e répteis. Dentre as rochas
mais fossilíferas estão as das formações Teresina e Rio
do Rasto, aflorantes, principalmente, no Geossítio Serra
do Cadeado (LANGER et al., 2009), entre os municípios
de Ortigueira e Mauá da Serra. A Formação Teresina
(DSVMPsaca) é conhecida por seus fósseis de plantas (Fi-
gura 2.10) e acúmulo de conchas (Figura 2.11).
A Formação Rio do Rasto (DSVMPsaa) foi depositada
durante o final do Permiano e se constitui de siltitos, ar-
gilitos e arenitos finos. Essas rochas ocorrem em grande
extensão da região Sul, principalmente nos estados de
Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. A fauna da
Formação Rio do Rasto inclui moluscos, plantas (Figura
Figura 2.10 - Tronco vegetal silicificado da formação Teresina
2.12), peixes ósseos primitivos (Figura 2.13), tubarões, (Ribeirão Claro, PR). Fonte: (SEDOR, 2014, p. 12).
anfíbios (Figura 2.14) e répteis extintos com suas pegadas. Fotografia: Fernando A. Sedor, s.d.
31
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
5 cm
5 cm
Figura 2.14 - Crânio de anfíbio Australerpeton cosgriffi da
Figura 2.11 - Rocha constituída de acúmulo de conchas de formação Rio do Rasto (serra do Cadeado, PR). Fonte: (SEDOR,
moluscos bivalves ou coquina da formação Teresina (Santo 2014, p. 14). Fotografia: Eliseu Vieira Dias, s.d.
Antônio da Platina, PR). Fonte: (SEDOR, 2014, p. 12).
Fotografia: Fernando A. Sedor, s.d.
32
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
5 cm
5 cm
5 cm
1 cm 1 cm 1 cm
Figura 2.18 - Crânio de cervídeo (Mazama sp.) completamente
incrustado por carbonato de cálcio, encontrado em caverna Figura 2.20 - Restos de dentes de Scelidodon copei Ameghino
na região de Doutor Ulysses (PR). Fonte: (SEDOR, 2014, p. 18). (a, b, c) e Hippopotamus terrestris Linnaeus (d, e, f) (Cerro Azul,
Fotografia: Fernando A. Sedor, s.d. PR).Fonte: (SEDOR; BONR; SANTOS, 2004).
33
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Segundo Parellada (2005), a arqueologia paranaense Os terrenos contidos nos limites do estado do Paraná
pode ser dividida em pré-colonial e histórica. Os sítios são constituídos por grandes unidades morfoestruturais
históricos são as ruínas e os vestígios da cultura material ou províncias geológicas: a Bacia Sedimentar Costeira, o
relacionados à ocupação europeia dos séculos XVI a XX, Escudo Cristalino (Embasamento Pré-Cambriano), a Bacia
sendo que as primeiras evidências de povoamento em terri- Sedimentar do Paraná (terrenos vulcanossedimentares)
tório paranaense remontam a cerca de 10.000 anos e estão e, ainda, posicionada no interior da área representada
relacionados a sambaqueiros fluviais no Vale do Ribeira pelo Escudo Cristalino, a Bacia Sedimentar de Curitiba,
(COLLET, 1985) e também a grupos caçadores-coletores de grande importância e onde se estabeleceu a capital
no vale do rio Iguaçu e no médio Tabagi. do estado do Paraná.
As pinturas rupestres do Paraná (Figura 2.21) são As bacias sedimentares costeiras, geradas recen-
encontradas no vale dos rios Iguaçu e Paranapanema e temente (entre o Pleistoceno Superior e o Holoceno),
parte nos arenitos Furnas (DSVMPa) e Itararé (DSVMPasaf). constituem uma área deposicional que recebeu sedimen-
Outro importante registro arqueológico é a ocor- tos terciários e quaternários, prolongando-se no interior
rência de sambaquis – acumulações sobrepostas de con- do Atlântico.
chas, casacas de moluscos, ossos, restos de pesca e caça O Escudo Cristalino engloba as rochas mais antigas
cobertos por vegetação nativa – no litoral paranaense. do estado do Paraná, de litologias ígneas e metamórfi-
O Sambaqui de Guaraguaçu possui formato cônico, cerca de cas recobertas parcialmente por sedimentos marinhos
300 m de comprimento, 10 m de largura e 20 m de altura. e continentais.
Contém mais de 100 esqueletos humanos, lâminas de facas, ma- A implantação e o preenchimento da Bacia do Pa-
chados, furadores, discos de ossos de baleia, dentes de tubarão. raná ocorreu pela deposição de espesso e diversificado
Sua datação aproximada é de 2.270 anos (Figura 2.22). pacote sedimentar de idade paleozoica, composto por
arenitos da Formação Furnas, folhelhos da Formação
Ponta Grossa, sedimentos do Grupo Itararé, sedimentos
mesozoicos referentes às formações Piramboia e Botu-
catu e sedimentos cretácicos do Grupo Caiuá (formações
Rio Paraná, Goioerê e Santo Anastácio), a noroeste, além
de derrames e soleiras de basalto e andesito jurássicos
da Formação Serra Geral. Abrange, praticamente, to-
das as eras paleozoica e mesozoica, entre o Siluriano e
o Cretáceo.
A Bacia Sedimentar de Curitiba, de idade cenozoica,
apresenta, como principais componentes litológicos, argili-
tos, seguidos por arcóseos (arenitos com muito feldspato ou
caulim) e, esporadicamente, rudáceos e margas (calcários
argilosos) da Formação Guabirotuba. Além destes, sedi-
Figura 2.21 - Pinturas rupestres do abrigo São José da Lagoa 2 mentos mais recentes, constituídos por depósitos colúvio-
(Piraí do Sul, PR). Fonte: (PARELLADA; OLIVEIRA; SCLVILZKI, 2014). -aluvionares e por baixos terraços de cascalho margeando
várzeas holocênicas (SALAMUNI, 1998).
Sobre essa geologia, por meio de uma ação conju-
gada de eventos com origens internas ou externas, foi
estabelecido um desenho natural peculiar no interior do
território paranaense em relação à superfície terrestre
(bem caracterizado na análise dos detalhes texturais e
geométricos das imagens de radar), evidenciando a dis-
posição do substrato geológico fracionado em grandes
compartimentos. Essa compartimentação, originada por
processos tectônicos, é a base de uma primeira divisão
natural, referência estrutural dos grandes comparti-
mentos geomorfológicos. A combinação formada pela
disposição espacial desses macrocompartimentos e seu
posicionamento topográfico relativo fornece o arranjo,
Figura 2.22 - Perfil natural do sambaqui de Guaraguaçu ou cenário, onde ocorrem os processos de esculturação
sobre a unidade DCmc (Pontal do Paraná, PR). do relevo com a consequente geração dos padrões de
Fonte: (GERNET e BIRCKOLZ, 2011). formas (Figura 2.23).
34
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Figura 2.23 - Imagem MDE do relevo do estado do Paraná (exagero vertical 10x). Fonte: Elaborada por Gilberto Lima (2011).
35
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 2.25 - Macrocompartimentação geológico-geomorfológica. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).
36
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Figura 2.26 - Domínios geomorfológicos do estado do Paraná. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).
Figura 2.27 - Mapa padrões de relevo do estado do Paraná. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).
37
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Declividade Amplitude
Código de Relevo Tipo de Relevo
(graus) Topográfica (m)
R1a Planícies Fluviais ou Fluviolacustres 0a3 0
38
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Figura 2.28 - Mapa de localização do domínio geomorfológico planície costeira das baías de Paranaguá e Guaratuba.
Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).
Nesse contato, a corrente fluvial perde energia, propiciando ação hidráulica movida por correntes oceânicas e eólicas,
a deposição de sedimentos finos, os quais dão origem a disponibiliza enorme quantidade de energia no sistema,
um solo que sustenta uma vegetação muito especializada, que, juntamente com a atuação de fenômenos regionais
devido, principalmente, às condições de salinidade. e locais sobre a morfologia costeira, como as atividades
Como suporte a essas formações predominam, no litoral antrópicas, pode induzir processos ambientais desestabi-
paranaense, Espodossolos e Gleissolos (EMBRAPA, 2008). To- lizadores (Figura 2.29).
dos eles estão relacionados a condições de grande umidade. Nessas áreas, processos morfogenéticos contem-
Os Espodossolos são solos arenosos e estão presentes porâneos, cuja ação se faz sentir em um intervalo de
em áreas de relevo muito plano, associados a planícies tempo natural muito menor, podem trazer modificações
costeiras (R1e) e terraços marinhos (R1b3). Já os Gleisso- significativas, às vezes, em poucos anos. A ação antrópica
representada, por exemplo, pela drenagem de terrenos e
los e Solos de Mangue são muito mal drenados e estão
sua ocupação por condomínios ou obras de engenharia
associados às planícies fluviomarinhas (R1d) em áreas de
de diversas dimensões – como portos, atracadouros, bar-
brejos e manguezais.
reiras – e a interação destas com as correntes marinhas
Como vias preferenciais de escoamento das águas
litorâneas e processos de maré produzem efeitos adversos,
continentais em direção às duas baías, estão instaladas as
sem a devida valoração do impacto ambiental causado.
redes hidrográficas pertencentes às bacias de drenagem Especificando melhor: o ambiente natural é constante-
de Paranaguá e de Guaratuba. mente modificado em escala local, inclusive em sua mor-
Por ser uma região de contato entre a massa conti- fologia. Como exemplo, citam-se o estabelecimento e a
nental emersa e o oceano (Bacia Sedimentar Costeira), a migração de material inconsolidado de cordões arenosos
quantidade de energia disponível no sistema é enorme e próximos à desembocadura de rios, devido à ação das
se faz sentir nas transformações da morfologia ocorridas marés ou antrópica. A alteração morfológica causa mu-
no decorrer do tempo geológico, cuja dinâmica está inin- dança das condições ambientais referentes às condições
terruptamente em curso. de salinidade e umidade e pode, em questão de poucos
Todo o sistema de descarga de sedimentos continen- anos, por exemplo, possibilitar a fixação de vegetação de
tais e marinhos, sendo constantemente retrabalhado pela mangue ou suprimi-la.
39
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Da mesma forma, e submetidas aos mesmos condicio- transporte para as áreas baixas da planície compõe um
nantes, áreas ocupadas pelo homem para moradia podem processo que, a depender da frequência e da intensida-
ser inviabilizadas pela ação destrutiva das ondas. Portanto, de, pode se transformar em destruição. A pluviosidade
nessas áreas, a morfologia praial deve ser conservada intensa, aliada à declividade acentuada, à retirada da
ao máximo. As atividades humanas, se não forem bem vegetação e ao solo raso, pode intensificar o escoamento
planejadas, podem induzir processos desestabilizadores, superficial laminar, destruindo o tênue equilíbrio natural
causando sérios danos socioeconômicos e ambientais. e causando corridas de massa e inundações que se aba-
Nas áreas “além linha praial”, a disposição do ma- tem sobre as áreas de planície com menores gradientes
terial retirado das áreas serranas planálticas e que sofre topográficos (Figuras 2.30 a 2.32).
Figura 2.29 - Enrocamento como tentativa de contenção e manutenção de linha praial em área urbana (Matinhos, PR).
Fotografia: Gilberto Lima (2011).
Figura 2.30 - Cicatrizes em vertentes com alta declividade referentes a deslizamentos planares; vista a partir da rodovia BR-277
(limite Morretes-Paranaguá, PR).Fotografia: Gilberto Lima (2011).
40
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
41
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 2.33 - Mapa de localização do domínio geomorfológico serra do Mar. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).
42
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
A formação montana ocupa as áreas situadas entre Os complexos granitoides deformados em alto grau
500 e 1.500 m, com preservação da estrutura florestal; e alterados apresentam grande potencial erosivo e para
é mantida até próximo aos cumes dos relevos disseca- movimentos de massa em função das foliações presentes.
dos. No sul do Brasil, a Coniferales Podocarpus é típica O mesmo raciocínio, de maneira geral, pode ser aplicado
dessa formação. aos terrenos cujo embasamento pertence ao complexo
A formação altomontana localiza-se no cume das altas gnáissico-migmatítico e granulítico, que apresenta foliações
montanhas sobre Neossolos Litólicos, apresentando acu- e descontinuidades estruturais, propiciando instabilidade
mulações turfosas nas depressões onde ocorre a floresta. de blocos em taludes de corte ou potencializando movi-
Essa formação é conhecida popularmente por “mata nuví- mentos de massa. Além disso, observa-se alta suscetibili-
gea ou mata nebular”, nos pontos onde a água evaporada dade a esses fenômenos quando essas litologias sustentam
se condensa em neblina, precipitando-se sobre as áreas áreas de alta declividade, como escarpas (R4d) e monta-
elevadas. Sustentando essa cobertura vegetal, mas também nhas (R4c), favorecendo enormemente sua intensificação.
sendo conservados por ela, desenvolvem-se, predominan- Nesses casos, as características morfológicas e morfométri-
temente, solos jovens e pouco profundos (Cambissolos). cas específicas (declividade, gradiente altimétrico, espessura
Nessas formações, onde as encostas encontram-se em dos solos etc.) restringem o tipo de uso do solo.
condições de alta declividade (R4d) e dissecação, aliadas,
geralmente, a solos pouco espessos e menor desenvolvi- Compartimento Planáltico Leste
mento pedogenético, é muito importante a manutenção da
vegetação original como fator de sustentação das encostas, Unidade composta por grande diversidade litológica
evitando deslizamentos ou corridas de massa. Embora relacionada aos processos de gênese tectonoestruturais;
sempre possam ocorrer (e de fato ocorrem) deslizamentos área de maior densidade demográfica e onde se localiza
como parte da dinâmica natural, a manutenção da vegeta- a Região Metropolitana de Curitiba, em grande parte im-
ção contrapõe-se às características presentes na geologia e plantada na Bacia Sedimentar de Curitiba.
geomorfologia e constitui fator de preservação do equilíbrio
ambiental, em especial com relação ao risco geológico. Vale do Ribeira
O substrato geológico da serra do Mar compreende
rochas ígneo-metamórficas de idade neoproterozoica, Constitui área de forte ação dos processos degrada-
abrangendo litologias muito variadas, tais como: granitos, cionais, contida no Compartimento Planáltico Leste, apre-
gnaisses, granitoides, migmatitos, metassedimentos, per- sentando, ao norte, um eixo disposto no sentido ENE-SSO
tencentes à Faixa Móvel Ribeira. correspondendo ao Vale do Ribeira (Figura 2.35).
Figura 2.35 - Mapa de localização do domínio geomorfológico vale do Ribeira. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).
43
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
44
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Figura 2.37 - Mapa de localização do domínio geomorfológico tabuleiros da bacia de Curitiba. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).
A área assim definida é, ainda, praticamente coinci- Superfície de Curitiba e constitui o pediplano resultante de
dente com os núcleos da unidade Planalto do Alto Iguaçu deposição em clima semiárido.
(SANTOS et al., 2006) e também com a área relativa à Bacia O sistema de drenagem é composto pelas bacias hi-
Sedimentar de Curitiba, essa última delimitada pelos altos drográficas do alto Iguaçu e do rio da Várzea. Há controle
topográficos da serra do Mar a leste e sudeste, com cotas dos padrões de drenagem pelos alinhamentos estruturais
que oscilam entre 1.100 e 1.200 m, e a oeste-noroeste do embasamento (na bacia sedimentar e por extensão na
formado pelos sedimentos do Grupo Açungui, com altitu- área aqui considerada).
des médias entre 950 e 1.100 m (SALAMUNI et al., 2004). Toda a área pertencia a um sistema florestal constitu-
Quanto à influência climática que originou o ambiente ído por Floresta Ombrófila Mista ou Floresta de Araucária
composto pelos tabuleiros (R2a1) e planícies fluviais (R1a) (IBGE, 1992). Essa formação desenvolve-se sobre solos
da Bacia Sedimentar de Curitiba, fases de aplainamento relativamente profundos, sendo que, em algumas áreas, a
sucessivas no Terciário Médio alternaram climas de maior baixa temperatura pode conservar a matéria orgânica no
ou menor umidade. Durante a última fase semiárida, com horizonte superficial. Hoje, porém, em vista da ocupação
chuvas torrenciais concentradas em algumas épocas, antrópica, a cobertura florestal foi intensamente explorada
houve deposição de sedimentos não selecionados carre- e praticamente desapareceu. Quase toda a área compre-
ados para o fundo das áreas previamente dissecadas na endida pelo domínio é utilizada para atividades agrícolas
fase úmida anterior (BIGARELLA; SALAMUNI; AB’SABER, ou pertence a formações secundárias.
1961). Nessa perspectiva de análise, observa-se uma Com relação às planícies fluviais, os componentes her-
diferenciação ambiental importante na constituição báceos e gramíneas em áreas brejosas são dominantes, em
dos materiais da Formação Guabirotuba, despojada dos concomitância às áreas cultivadas. Esse sistema, incluindo
elementos de origem orgânica vegetal constituintes relictos das formações originais e formações secundárias e
das várzeas atuais e completamente ausentes naquela. antropizadas, constitui a cobertura vegetal do domínio geo-
Grande parte dos sedimentos teria sido decomposta qui- morfológico, assentada sobre formas tabulares muito planas.
micamente em clima úmido a partir das rochas cristalinas, A geomorfologia dos Tabuleiros de Curitiba, conside-
transportada e depositada em condições climáticas semi- rando-se ainda os tipos de solo (EMBRAPA, 2008):
áridas. Assim, os processos erosivos, devido ao paleoclima • Terrenos sedimentares quaternários, correspon-
semiárido, ajudaram no rebaixamento da superfície no dendo espacialmente às planícies fluviais (R1a),
interior da bacia e também da Superfície de Aplainamento onde predominam Gleissolos Melânicos e Organos-
do Alto Iguaçu, que, nessa área, passa a ser denominada solos Háplicos;
45
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
• Terrenos sedimentares terciários e quaternários, Também deve ser mencionado que os principais
correspondendo aos tabuleiros (R2a1), com pre- componentes da Formação Guabirotuba são os argilitos
dominância de Latossolos Brunos; formados predominantemente por montmorilonita – uma
• Terrenos cristalinos, correspondendo às colinas argila expansiva que alterna seu volume em até 20 vezes
amplas e suaves adjacentes aos tabuleiros, onde quando molhada e seca (LICCARDO; PIEKARZ; SALAMUNI,
se mesclam Cambissolos, Argissolos e Latossolos, 2008). Esse material se desagrega com facilidade se ex-
dependendo do grau de pedogênese (R4a1). posto pela retirada da cobertura vegetal, ou seja, torna-se
A geomorfologia compreende, assim, os tabuleiros muito facilmente erodível. Assim, devem ser observadas
(R2a1) modelados sobre os sedimentos cenozoicos da atentamente, quando do planejamento de ocupação e uso
dos terrenos, as medidas adequadas, especialmente com
Formação Guabirotuba, as planícies fluviais (R1a) das ba-
relação à erosão e construção civil.
cias dos rios Iguaçu e da Várzea e colinas amplas e suaves
adjacentes (R4a1). Planalto Leste Paranaense
Como principais componentes litológicos da Formação
Guabirotuba, estão argilitos, seguidos por arcóseos (areni- Constitui a área do Compartimento Planáltico Leste,
tos com muito feldspato ou caulim) e, esporadicamente, à exceção dos domínios do Vale do Ribeira e Tabuleiros
rudáceos e margas (calcários argilosos). Além destes, sedi- da Bacia de Curitiba.
mentos mais recentes, constituídos por depósitos colúvio- Guarda uma separação da área interior continental
aluvionares e por baixos terraços de cascalho margeando (em seu limite centro-norte) representada pelo degrau
várzeas holocênicas (SALAMUNI, 1998). referente ao Domínio Platô Furnas.
A litologia que completa o domínio adjacente aos Ao sul, é limitado pela bacia do rio Iguaçu e já não é
tabuleiros e às várzeas pertencentes ao complexo gnáissico- tão nitidamente demarcado por uma estrutura física bem
-migmatítico inclui: biotita-gnaisse, gnaisse, ortognaisse destacada (Figura 2.39).
tonalítico, hornblenda-gnaisse, migmatito, migmatito A geomorfogênese desse domínio geomorfológico
estromático e pegmatito. compreende processos endogenéticos estruturais de gran-
Importante aspecto dos relevos de agradação (Figura de diversidade, que tomaram lugar desde o Arqueano, e
moldaram o Escudo Cristalino na área.
2.38), como os ambientes de várzeas nas planícies fluviais
A variada litologia, assim, é resultado dos processos
(R1a) que circundam os tabuleiros (R2a1), diz respeito às
tectônicos de formação dos terrenos geológicos dessa
características ambientais referentes às áreas de deposição:
porção crustal.
contam grande fragilidade ambiental por serem depositários
Os terrenos cristalinos de alto grau metamórfico, do
dos constituintes carreados pelas águas das chuvas ou dos
Arqueano-Proterozoico Inferior, pertencentes ao Complexo
rios (materiais de origem antrópica orgânicos ou inorgânicos). Máfico-Ultramáfico de Piên, do Domínio Luís Alves, são
O acúmulo desses materiais pode poluir o solo/subso- representados por rochas gnáissicas, xistos e metamorfitos
lo, as águas superficiais e mesmo contaminar os aquíferos derivados de rochas básicas. As rochas de magmatismo áci-
subterrâneos. Hoje, esses ambientes sofrem todo tipo de do, do Proterozoico Superior, constituem corpos graníticos
interferência antrópica. divididos em duas suítes regionais: uma na borda sudeste do
Escudo Paranaense, formada por granitos alcalinos, e outra
correspondente aos batólitos Três Córregos e Cunhaporanga,
de composição monzogranítica e subalcalina menores asso-
ciadas, encaixados nos metassedimentos do Grupo Açungui.
Os terrenos apresentando rochas vulcânicas e sedi-
mentares intercaladas do Paleozoico Inferior do Grupo Cas-
tro encontram-se justapostas, principalmente, às unidades
proterozoicas e cambrianas do Complexo Cunhaporanga
e granitos Carambeí e Joaquim Murtinho, de composição
ácida, representadas por riolitos, andesitos e piroclásticas –
brechas e tufos (SANTOS et al., 2006).
Sobre esses terrenos de marcantes estruturas geológi-
cas e variada litologia ocorreram as ações de esculturação
do relevo, as quais têm por balizamento geográfico a dispo-
sição dos terrenos do domínio limitados por três das quatro
superfícies de aplainamento enumeradas por Ab’Saber e
Bigarella (1961): Superfície Pré-Devoniana (superfície de refe-
rência), Superfície do Purunã (superfície cimeira dos pacotes
Figura 2.38 - Planície fluvial do rio Iguaçu (Piraquara, PR).
Fotografia: Gilberto Lima (2011). sedimentares da Formação Furnas) e Superfície do Iguaçu.
46
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Figura 2.39 - Mapa de localização do domínio geomorfológico planalto leste paranaense. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).
Essas superfícies de aplainamento delimitam a face ociden- respectivo rebaixamento do lençol freático (Figura 2.40).
tal desse domínio junto às escarpas. A Superfície do Iguaçu O procedimento implica impactos ambientais para a fauna.
é a principal superfície de elaboração escultural desse A larga planície de inundação tem em sua área de influência
domínio e foi constituída pela erosão de terrenos pré-cam- a cidade de Castro, sujeita a variações sazonais no regime
brianos mais elevados em relação aos da Bacia do Paraná. hídrico do rio. Assim, a consideração de aspectos como hi-
Sua erosão rebaixou os terrenos, ultrapassando os limites drologia e sedimentação, delimitação de áreas alagáveis da
da Formação Furnas, criando essa nova superfície. Conta-se planície (R1a), é de fundamental importância. Por exemplo:
de 100 a 130 m entre a base da Formação Furnas e o nível nessa região, o predomínio de Latossolos de textura argilosa
da Superfície do Iguaçu. A evolução morfogenética dessa em associação com um relevo de baixa declividade, junto a
superfície de aplainamento (AB’SABER; BIGARELLA, 1961), Gleissolos e Organossolos, apresenta áreas sujeitas a inun-
pertencente ao Domínio do Planalto Leste Paranaense, dações periódicas, material de baixa capacidade de suporte
contou com eventos importantes de cunho climático e com possibilidades de recalques em fundações e edificações
tectônico responsáveis pela origem da Bacia Sedimentar de e contaminação do lençol freático (SANTOS et al., 2006).
Curitiba e também pelo enérgico reentalhamento de áreas
ao norte da referida bacia, forçando o recuo das cabeceiras
do rio Ribeira (o que individualiza outros dois domínios
geomorfológicos neste trabalho: Vale do Rio Ribeira e
Tabuleiros da Bacia Sedimentar de Curitiba).
O complexo cristalino, na área desse domínio, é
dissecado por um sistema de drenagem representado,
especialmente, por partes das bacias dos rios Capivari e da
Várzea, ao sul, e parte da bacia do rio Iapó a norte.
Destaca-se como a bacia mais expressiva em termos
de abrangência a do rio Iapó, na região do município de
Castro. De padrão retangular e controle tectonoestrutural,
o topônimo nos dá uma pista quanto à sua significação
ambiental: Iapó, em linguagem indígena, significa “rio que
alarga” (LANGE, 1994). A planície de inundação é exten-
sa e sua ocupação pressupõe uma alteração ambiental
importante, de origem antrópica. Nos espaços ocupados
pela agricultura, utilizam-se técnicas de represamento ou Figura 2.40 - Abertura de valetas e consequente rebaixamento do
drenagem (com implantação de valetas a céu aberto) e lençol freático (Castro, PR). Fotografia: Gilberto Lima (2011).
47
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 2.41 - Mapa de localização do domínio geomorfológico platô Furnas. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).
48
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
49
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
[...] devido aos remanejamentos geomórficos (transporte oeste, por um degrau topográfico (Figura 2.43) constitu-
e mistura de materiais) que se processaram ao longo do tem- ído pelas escarpas triássico-jurássicas ou escarpas da serra
po para a formação da paisagem atual, uma grande parte Geral (ou, ainda, recebendo a denominação regional de
dos solos é formada a partir dos sedimentos retrabalhados serra da Boa Esperança).
provenientes do intemperismo das rochas anteriormente Ocupa uma faixa de aproximadamente 100 km de
citadas, o que explica a elevada percentagem de solos com largura, alinhada paralelamente à estrutura do Arco de
textura média e argilosa na região dos Campos Gerais. Ponta Grossa, balizada, ao sul, pelos municípios de Piên e
Por outro lado, o relevo suave ondulado, com predominância União da Vitória até o estado de Santa Catarina e, a norte,
de vertentes convexas, abriga uma grande extensão de solos por Sengés e Siqueira Campos, nos limites com o estado
profundos, bem estruturados, porosos e de boa drenagem. de São Paulo (MENEGUZZO; MELO, 2004).
O clima subtropical e a vegetação natural de gramíneas (cam- A Depressão Ivaí é considerada, ora como uma con-
pos nativos) contribuíram na determinação de elevados teores
tinuidade, no estado do Paraná, da Depressão Periférica
de matéria orgânica nos solos sob vegetação natural, sendo
Paulista (ROSS, 1989), ora como duas depressões (perifé-
este um fator positivo sob vários pontos de vista, dentre eles
ricas) distintas: uma situada nas terras baixas do Primeiro
a elevação da CTC dos solos na camada superficial e a me-
Planalto, outra na margem ocidental do Segundo Planalto
lhoria na agregação de suas partículas (SÁ, 2007, p. 73-83).
(AB’SABER, 1972).
Em resumo, esse domínio possui características am-
bientais específicas, derivadas de sua constituição litológica Os padrões de formas do relevo mostram áreas pla-
predominantemente sedimentar, com influência sobre a nálticas levemente basculadas para oeste, com topografia
elaboração das formas geomorfológicas, da hidrologia, pouco movimentada no geral, porém dissecadas por uma
dos tipos de solos e da cobertura vegetal. A morfologia hidrografia importante representada pelas bacias dos rios
impressionante das escarpas e formas associadas, repre- Ivaí, Tibagi, Iguaçu e Negro, permeadas por grande varie-
sentando cenários paisagísticos belíssimos, detém grande dade de formas individualizadas de detalhe.
potencial geoturístico. São comuns feições residuais como planaltos e
morros-testemunhos, que evidenciam longas fases
Depressão Ivaí erosivas, marcadas por recuo paralelo da encosta ocor-
rido em clima semiárido. Às vezes, surgem morros de
Domínio constituído por uma superfície rebaixada, topos tabuliformes cercados por vales em “V” bastante
delimitada a leste com o Domínio do Platô Furnas e, a profundos (R4f).
Figura 2.43 - Mapa de localização do domínio geomorfológico depressão Ivaí. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).
50
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Ainda a oeste das escarpas da serra da Boa Esperança, Em síntese, como o anterior, esse domínio tem
em áreas próximas ao vale do Ivaí, ao norte, e Mallet, ao sul, características ambientais específicas, derivadas de sua
observa-se um relevo de morros residuais (R3b). Essas formas constituição litológica predominantemente sedimentar,
são capeadas por material do Arenito Botucatu. com influência sobre a elaboração das formas geomorfo-
A meio caminho entre o reverso das escarpas do lógicas, da hidrologia, dos tipos de solos e da cobertura
Domínio Platô Furnas e as escarpas triássicas (Figura 2.44), vegetal. A morfologia impressionante das escarpas e formas
observam-se elevações dispostas paralelamente ao traça- associadas representando cenários paisagísticos belíssimos
do das referidas escarpas, que se destacam na paisagem tem grande potencial geoturístico.
como blocos isolados, compondo áreas planálticas, as
quais constituem, em seu núcleo, soleiras (sills) de diabásio.
Compartimento Planáltico Centro-Ocidental
Essas soleiras, originadas nos processos de derrame de
lavas que ocorreram na Bacia do Paraná, foram intrudidas
segundo planos de estratificação dos sedimentos paleo- Área de deposição dos sedimentos mesozoicos e der-
zoicos (MILANI; RAMOS, 1998). rames vulcânicos. As condições ambientais propiciaram a
Destaca-se, também, a influência tectônica na condução formação de solos profundos e de boa fertilidade natural,
estrutural da rede de drenagem, como, por exemplo, o vale conhecidos popularmente como “terra roxa”. Na região
muito encaixado do rio Ivaí ladeado por soleiras de diabásio. noroeste, há deposição de sedimentos eólicos cretáceos.
Como parte desse fenômeno, ocorrem estruturas de
diques, a oeste das escarpas, orientadas na direção NW, Planalto dissecado de Guarapuava
associadas a falhas limitadas regionalmente rumo NNE
(N28°E), NW (N45°W) e N-S, com diferenças de nível de 80 Localiza-se na região centro-sul do estado do Paraná,
a 180 m determinando o aspecto topográfico da superfície limitando-se, a leste, com o Domínio da Depressão Ivaí;
do terreno (MAACK, 1947). a sul, com o estado de Santa Catarina; a norte e a oeste,
A geomorfologia da maior parte da Depressão Ivaí é com o Domínio do Planalto Centro-Ocidental (Figura 2.45).
sustentada por arenitos, siltitos, argilitos, folhelhos, diamic- O planalto é drenado pela bacia do rio Iguaçu em seu
titos e calcários pertencentes aos grupos Itararé (formações curso médio. Os principais afluentes do rio Iguaçu, na área,
Rio do Sul, Mafra e Campo do Tenente), Guatá (formações são, na margem direita, o rio Jordão e, na esquerda, os
Palermo e Rio Bonito) e Passa Dois (formações Irati, Serra
rios Iratim e Chopim (esse último com confluência fora da
Alta, Teresina e Rio do Rasto). A diversidade do padrão
área do domínio).
de formas do relevo é bem ampla, incluindo colinas com
Nessa área, o rio Iguaçu, antecedente e cortando as
diferentes graus de dissecação (R4a2, R4a1), superfícies
cimeiras (R2b3), vales encaixados (R4f) etc. escarpas jurássicas por um profundo vale, divide o domínio
A grande variedade de formas traduz a ação intem- em dois blocos distintos: ao norte, a região de Pinhão e
périca sobre a constituição litológica, de característica Guarapuava e, ao sul, abrange Palmas e General Carneiro.
principalmente sedimentar, o que facilitou sua escultu- O domínio formado por esses dois blocos (platôs)
ração/degradação pela ação erosiva hídrica, modelou os representa, em seu topo, uma porção francamente in-
sedimentos paleozoicos e ressaltou os materiais vulcanos- dividualizada em seus limites em relação ao domínio do
sedimentares nos terrenos. Planalto Centro-Ocidental, devido ao gradiente altitudinal
e hipsométrico destacado, posicionando-se como uma
superfície cimeira de topos aplainados representada pelos
platôs retromencionados.
A geomorfologia do Planalto Dissecado de Guara-
puava foi modelada, quase totalmente, sobre terrenos
pertencentes ao domínio de geodiversidade do Vulcanismo
Fissural Mesozoico do Tipo Platô (DVM) como no Planal-
to Centro-Ocidental. Porém, a diferença está no fato de
naquele domínio geomorfológico prevalecerem rochas de
caráter básico (basaltos), enquanto neste as rochas apresen-
tam caráter ácido na maior parte dos terrenos e básico em
áreas menores intercaladas por aqueles. Assim, a litologia
da área norte (região de Guarapuava) é constituída por
rochas efusivas ácidas e básicas da Formação Serra Geral.
Os derrames ácidos são constituídos por dacitos, latitos, rio-
Figura 2.44 - Relevo da área localizada a meio caminho entre litos e quartzo-latitos (Formação Chapecó). Já os derrames
o reverso das escarpas do domínio platô Furnas e as escarpas
triássicas (distrito de Chupador, município de Ivaí, PR). básicos compreendem os basaltos hipovítreos, tabulares
Fotografia: Deyna Pinho, 2011. maciços, lobados e Fácies Campo Erê (TRATZ, 2009).
51
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Essa diferenciação litológica reflete-se na estética da Já a área do bloco sul tem sua litologia composta por
paisagem: rochas ácidas sustentam a superfície cimeira do derrames ácidos (dacitos e riolitos da Formação Chapecó)
platô em cotas altimétricas mais elevadas, enquanto a área e básicos (basaltos da Formação Esmeralda).
de derrames básicos é mais dissecada, com suas formas clas- Os padrões de relevo em áreas circundantes ao Vale do
sificadas no padrão de relevo de morros e de serras baixas Iguaçu são constituídos por planaltos (R2b3) de topografia
(R4b). Uma explicação para essa diferença, considerando, superficial suavizada ou blocos adjacentes a estes corres-
a priori, apenas o fator litológico, seria o menor poder pondendo a platôs (R2c), cujo gradiente hipsométrico da
erosivo em rochas ácidas, devido à dureza ocasionada pela face voltada para o vale chega, em alguns pontos, a 500 m
grande quantidade de SiO2, em oposição às rochas básicas, (600 a 1.100 m). Registra-se, também, a presença de vales
mais ricas em Fe. Essa é uma condição geral, pois a estética encaixados (R4f), a nordeste, pertencentes aos rios con-
morfológica está sujeita também a outros fatores, como, sequentes Pinhão e Jordão, que foram responsáveis pela
por exemplo, os de ordem paleoclimática. dissecação no plano de declive perpendicular à borda de
Além disso, do ponto de vista geológico-tectônico, soerguimento e cujas nascentes estão a poucos quilômetros
áreas de maior dissecação, como as do relevo do vale do das escarpas jurássicas.
rio Iguaçu (R4b), estão ligadas a movimentos epirogênicos Em relação à hidrografia, no limite oeste do domínio,
conjugados a processos erosivos de rejuvenescimento ou onde ocorre a morfologia de degraus anteriormente men-
à presença de falhamentos nas bordas do platô com rom- cionada, estão presentes diversos knickpoints, correspon-
pimento da declividade em forma de patamares. dentes à alteração do nível de base local e à existência de
Esses degraus ou patamares estão, possivelmente, vales suspensos. Essa morfologia produz quedas d’água
ligados ao processo erosional sobre a deposição tabular de grande beleza, perfazendo atrações de interesse
dos derrames de trapps basálticos. geoturístico (Figura 2.46).
As rochas ácidas do tipo Chapecó evoluem para solos Sobre os processos ambientais atuantes e que con-
argilosos e espessos enriquecidos com ferro, cálcio e po- figurem risco, observa-se, em áreas mais dissecadas e
tássio (NARDY, 1995). Em consequência das características relevo mais movimentado (R4b), como as adjacentes à
do solo, a vegetação natural original é mais densa nessas calha do rio Iguaçu e consistindo área intercalada entre
áreas. Hoje, infelizmente, essa cobertura vegetal está planaltos e platôs, alta suscetibilidade a erosão, movimen-
bastante reduzida. tos de massa e queda de blocos (SANTOS et al., 2006).
52
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
53
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 2.47 - Mapa de localização do domínio geomorfológico planalto centro-ocidental. Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).
54
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Figura 2.49 - Mapa de localização do domínio geomorfológico planalto noroeste modelado em colinas amplas e suaves.
Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).
Assim, na porção centro-meridional da Plataforma Sul- Posicionado na direção E-W definida pelo lineamento
Americana, em uma depressão de evolução geológica e de- regional, compõe uma rede de drenagem, nesse setor, de
pocentros distintos dos da Bacia do Paraná, foram alocados, padrão subdendrítico e conta com larga planície fluvial.
majoritariamente, os arenitos neocretáceos constituindo a A geomorfologia do Planalto Noroeste Modelado
sequência suprabasáltica (FERNANDES; COIMBRA, 1994). em Colinas Amplas e Suaves foi construída sobre os ter-
A denominação hierárquica e a nomenclatura desses renos cuja característica litológica é a composição por
sedimentos têm variado ao longo do tempo, depen- sedimentos à base de quartzo, o que redunda em solos
dendo de cada autor. Uma das proposições possíveis, e permeáveis, percolativos.
aqui considerada, nomina como Grupo Caiuá as depo- A maior característica geomorfológica, entretanto,
sições compostas pelas formações Rio Paraná, Goio-Erê é a uniformidade do relevo. Pouca diversidade, aliada à
e Santo Anastácio. suavidade do terreno, demonstrada em um arranjo dos
São rochas sedimentares de origem continental, cons- padrões de forma que consiste quase exclusivamente
tituídas por arenitos, acumuladas em ambiente desértico, em colinas muito amplas e muito suaves (R4a1), de baixa
geneticamente relacionadas, correspondendo a subam- dissecação, apresentando vertentes muito longas e de
bientes distintos (FERNANDES; COIMBRA, 1994), sendo: leve convexidade, amplitude topográfica até 20 m e topos
• Zona central de sand sea (Formação Rio Paraná); normalmente aplainados e alongados.
• Zona de depósitos eólicos periféricos (Formação A geomorfogênese referente a esse padrão de for-
Goio-Erê); mas do relevo está ligada aos processos de clima úmido
• Planícies de lençóis de areia (Formação San- agindo sobre arenitos friáveis, aliada à proximidade do
to Anastácio). nível de base regional (SANTOS; FORTES; MANIERI, 2009).
Deve ser observado que, de modo geral, na área Como resultado, ocorre a formação de espesso manto
abrangida pelas formações Rio Paraná e Goio-Erê, existe de alteração impondo o processo de pedogênese sobre
uma espessa cobertura arenosa inconsolidada. Sua origem a morfogênese.
ainda não está completamente esclarecida: gênese colu- Apesar disso, nos Arenitos Caiuá predominam pro-
vial (POPP; BIGARELLA, 1975) ou processos de alteração cessos de erosão laminar e linear (ravinas e voçorocas)
supergênica (GASPARETTO; NOBREGA; CARVALHO, 2001). atuando sobre relevos de baixa declividade e solos espessos
O principal curso d’água é o rio Ivaí em seu baixo curso. de textura arenosa média.
55
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
No terço médio inferior das vertentes, há Argissolos, A geomorfogênese ocorre segundo eventos geocrono-
que, em conjunto com outros fatores apresentados, pos- lógicos subordinados, principalmente, da ação agradacional
suem grande fragilidade a processos erosivos, enquanto resultante dos condicionantes paleoclimáticos e, secunda-
no terço superior os Latossolos representam média susce- riamente, das movimentações crustais originadas quando
tibilidade a esses processos (SANTOS; FORTES; MANIERI, da ocorrência de processos neotectônicos.
2009) (Figura 2.50). Para o rio Paraná, alguns eventos geomorfológicos
Ainda há de se mencionar uma região colinosa de significativos teriam ocorrido do final do Pleistoceno até o
dissecação mais intensa, próxima à cidade de Loanda, Holoceno (KRAMER, 2001):
que obedece a um padrão R4a2 (domínio de colinas dis- • Alargamento e incisão vertical do canal do rio (15 m),
secadas e morros baixos). A existência desse padrão de acompanhadas de migração para o lado parana-
forma de relevo local, em área restrita, refere-se ao grau ense no Pleistoceno Superior;
de endurecimento a que está condicionada a deposição • Agradação de depósitos originados em sistema do
sedimentar, favorecendo maior morfogênese que as tipo entrelaçado (42000 anos BP);
áreas do entorno. • Incisão vertical do canal e da planície de inunda-
ção do atual rio Paraná, sob clima tropical úmido,
e desenvolvimento de padrão anastomosado no
início do Holoceno;
• Agradação dos depósitos de canal e planície de
inundação entre 6000 e 4500 anos BP;
• Nova incisão vertical do talvegue e migração para o
lado paranaense; recrudescência das condições de
semiaridez entre 35000 e 15000 anos BP;
• Formação de lagoas e pântanos atuais na planície
de inundação, a partir de canais abandonados;
formação do sistema atual de ilhas; mobilização
de carga de fundo com formas de leito de grande
porte de 1500 anos até o presente;
• A partir de 1940, a região começa a ser muito
alterada por atividades humanas bastante intensas
e desordenadas;
Figura 2.50 - Voçoroca sobre terrenos do arenito Caiuá Quanto a aspectos morfológicos do relevo desse
(Cafezal do Sul, PR). Fotografia: Gilberto Lima (2011). domínio, observa-se:
• Rio Paraná: no alto curso (trecho paranaense, de
Planícies fluviais dos rios Paraná e Ivaí Porto Rico até as proximidades da confluência com o
rio Ivaí), inexiste a planície de inundação na margem
Engloba ambientes de agradação que compreendem esquerda; a existência de afloramentos de arenitos
as extensas áreas deposicionais aluvionares contínuas, cretáceos, formando resistentes paredões de até
formadoras das planícies de inundação e terraços fluviais, 6 m de altura apenas na margem esquerda do rio
referentes ao sistema de drenagem do rio Paraná (divisa Paraná, causa assimetria de relevo que impede o
Paraná-Mato Grosso do Sul) e seu afluente da margem desenvolvimento da planície de inundação na mar-
esquerda, rio Ivaí (no baixo curso), observando-se os gem pertencente a esse domínio (SANTOS, 2005);
limites estaduais (Figura 2.51). • Rio Ivaí: planícies de inundação se desenvolvem
A morfologia, do ponto de vista genético, abrange simetricamente em relação ao canal e lateralmente
ambientes de agradação com topografia plana e suave. ao canal, apresentando diques marginais contínuos
Os depósitos sedimentares quaternários que formam (até 5 m acima do nível da planície) e maior enverga-
as planícies aluviais presentes no domínio refletem as dura próximo à foz (até 15 km), devido à influência
variações paleoclimáticas pleistocênicas e holocênicas, do rio Paraná (SANTOS; FORTES; MANIERI, 2009);
possivelmente associadas a condições de neotectonismo, o canal apresenta padrão meândrico fortemente
e, morfologicamente, na geração das planícies de inun- encaixado a montante da planície; tem a altura das
dação stricto sensu, nos patamares em terraços, além de margens diminuída a jusante; e a largura do canal
outras formas presentes (ilhas fluviais, barras arenosas, aumentada em direção à foz.
leques aluviais, diques marginais, paleocanais, paleoilhas e Na área de confluência, os dois sistemas influenciam-se
outras), porém, neste trabalho, não cartografadas, devido mutuamente. Estão presentes áreas de deposição ativa,
à escala adotada. leques aluviais, terraços e diques marginais.
56
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Figura 2.51 - Mapa de localização do domínio geomorfológico planície fluvial dos rios Paraná e Ivaí.
Fonte: Elaborado por Gilberto Lima (2011).
Áreas do curso do rio Paraná, em sua parte de topo- Além de possuírem grande relevância ambiental, os
grafia menos elevada, estão hoje submersas ou limitadas ambientes agradacionais desse domínio também contam
pelo reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu, cuja massa com relevância econômica, haja vista a existência de im-
d’água faz parte da Hidrovia Paraná-Tietê. Portanto, a partir portante via de transporte de mercadorias representada
da cidade-porto de Guaíra houve desaparecimento das áreas pela Hidrovia Paraná-Tietê, cuja função é interligar os
da antiga planície fluvial (Figura 2.52). países do Mercosul.
Assim como outros domínios com características
agradacionais (Planícies Costeiras das Baías de Paranaguá
e Guaratuba; Tabuleiros de Curitiba), este apresenta grande
fragilidade em função das consequências protagonizadas
pelos processos de transporte/deposição de sedimentos
referentes à erosão a montante e que irão causar assore-
amento nos terrenos a jusante, como também pela possi-
bilidade de contaminação do solo/subsolo por elementos
contaminantes infiltrantes eventualmente transportados e
presentes na massa fluida.
Para resguardar o patrimônio ambiental de inestimável
importância (a par do que já foi perdido), foram criadas
áreas de proteção ambiental que incluem o Parque Nacional
da Ilha Grande, de modo a resguardar a biodiversidade
do rico ambiente úmido constituído por essas planícies
povoadas de feições geomorfológicas menores. O referi- Figura 2.52 - Criação de búfalos em área da planície fluvial
do rio Paraná, no trecho limite com o lago da hidrelétrica de Itaipu,
do parque corresponde a aproximadamente 50% da área localizado a jusante desse ponto. Fotografia: Andrea
desse domínio. Fregolente Lazaretti (2011).
57
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Uso do Solo
Figura 2.53 - Uso do solo em 2002 no estado do Paraná Figura 2.55 - Cultivo de trigo em Quarto Centenário (PR).
(porcentagens em área do território). Fonte: (ITCG, 2008). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti, 2011.
58
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Neossolos
Figura 2.56 - Cultivo de cana-de-açúcar em Cidade Gaúcha (PR).
Fotografia: Deyna Pinho, 2011 São solos em estádio inicial de evolução, pouco de-
senvolvidos, rasos (com menos de 50 cm de profundidade),
Nesse contexto, utiliza-se o Sistema Brasileiro de Classifi- apresentando, mais comumente, apenas horizonte A sobre o
cação de Solos (SiBCS), o qual determina o agrupamento horizonte C ou sobre a rocha de origem. Neossolos Litólicos
dos solos em categorias segundo propriedades em comum (RL) ocorrem no sudeste do estado, em terrenos do embasa-
(resultantes dos processos de gênese do solo, ou seja, do mento cristalino, acompanhando serras e cristas alongadas
modo como foram formados). Essas categorias recebem (DSP2, DSVP2 e DCGR2) (vide Figura 2.57). Possuem expres-
denominações próprias e condizentes com o estágio atual siva representatividade em área, desenvolvendo-se sobre os
do conhecimento científico (Quadro 2.2). derrames da Formação Serra Geral (DVM) e sobre as rochas
Apresentam-se, a seguir, as principais ordens de siliclásticas e pelíticas dos grupos Passa Dois, Guatá e Itararé
solos do Paraná, juntamente com a proporção em área na faixa central do estado (DSVMP). Subordinadamente a
de cada tipo de solo nos domínios geológico-ambientais estes, estão associados os Neossolos Litólicos.
da geodiversidade (Figura 2.57). Os principais obstáculos quanto ao seu uso são as
acentuadas declividades das áreas onde predominam, a
Latossolos presença de pedras e a pouca espessura. Sua fertilidade
varia e depende fundamentalmente de sua mineralogia e
São solos profundos, bastante intemperizados respectiva capacidade de troca de cátions. Coincidem com
(velhos e alterados em relação à rocha) e, geralmente, áreas de ocupação agrícola familiar de pequena escala.
de baixa fertilidade. Ocupam, normalmente, os topos Quando apresentam baixa fertilidade e relevos inclinados,
de paisagens, em relevos mais planos. São porosos, esses solos devem ser reservados para preservação da flora
permeáveis, com boa drenagem (não têm excesso de e fauna. Considerando as características já relatadas, cons-
água) e são muito profundos (mais de 2 m de espessura). tituem áreas extremamente frágeis. Os Neossolos arenosos
Representam a ordem mais abundante, ocupando grandes têm pequena capacidade de atuar como filtro de materiais
extensões em toda a área central e noroeste do estado poluentes. Devem ser evitados para ocupação urbana, para
(vide Quadro 2.2 e Figura 2.57). Predominam em áreas de não intensificar os processos erosivos.
declividade suave, principalmente associadas aos derrames
da Formação Serra Geral (DVM), aos estratos pelíticos Argissolos
permianos da Bacia do Paraná (DSVMP) e às coberturas
cretáceas do Grupo Bauru (especificamente, os arenitos da Apresentam acúmulo de argila no horizonte B, ou seja,
Formação Caiuá ou DSMC) (vide Figura 2.57). Em certas re- o horizonte mais superficial do solo (horizonte A) possui
giões, nota-se a associação desses solos com outras ordens mais areia que o horizonte subsuperficial (horizonte B). Além
de solos, tais como Latossolos + Argissolos, em toda a zona disso, têm reduzida capacidade de reter nutrientes para as
noroeste, coincidindo com o substrato geológico arenítico plantas no horizonte A.
(Formação Caiuá, DSMC) e Latossolos + Cambissolos, na Ocorrem de forma distribuída no estado, cobrindo ter-
zona central, recobrindo rochas vulcanossedimentares renos sedimentares da Formação Caiuá (DSMC), próximos do
dos grupos Paraná e Castro (DSVP1) e partes das rochas contato com os derrames na bacia do rio Piquiri, a oeste, e
do embasamento cristalino (DSVP2, DSP2, DCA, DCMU, cobrindo áreas pelíticas da Formação Itararé no nordeste das
DCGR1, DCGR2, DCGR3, DCGMGL). bacias dos rios Cinzas e Itararé (DSVMP) (vide Figura 2.57).
59
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Quadro 2.2 - Ordens de solos de maior ocorrência no estado do Paraná e respectiva porcentagem em área territorial.
Subordinadamente a esses solos, podem ser encon- no norte do estado, nas bacias do baixo Tibagi, Parana-
trados Nitossolos em manchas expressivas na faixa central panema e Pirapó, assim como no extremo sudeste, na
do estado e na zona de contato entre as rochas dos grupos bacia do baixo Iguaçu. Da mesma forma, é comum sua
Guatá e Itararé (DSVMP). associação com Latossolos, nesse caso, típico de uma
Dependendo da rocha de origem, podem ser férteis faixa descontínua norte-sul acompanhando os limites
ou pobres quimicamente. São solos bastante suscetíveis dos derrames e dos arenitos cretáceos (DSMC) (vide
à erosão, principalmente em relevos mais declivosos, aos Figura 2.57).
quais estão normalmente associados. Muitos dos proble- São solos de boa fertilidade, embora possam ocorrer
mas de erosão existentes no noroeste do Paraná ocorrem em relevos mais acidentados, que prejudicam a sua mecani-
nesse tipo de solo. zação, ou aumentam (se mal manejados) o risco de erosão.
Por apresentarem maiores espessuras e boa drenagem e
Nitossolos aeração, são adequados para receber aterros sanitários,
depósitos de efluentes, lagoas de decantação, cemitérios,
São caracterizados pela presença de horizonte B além de atuarem como piso de estradas.
nítico de argila (horizonte de textura argilosa ou muito
argilosa de atividade baixa ou caráter alítico). São solos Cambissolos
profundos, bem drenados, com estrutura em blocos e
cerosidade bem desenvolvida. A sua denominação anterior São geralmente pouco espessos, com horizonte A
era “terras roxas estruturadas”. variável e horizonte B ainda em estágio inicial de for-
Sua localização coincide com terrenos cujo arca- mação (normalmente, pouco espesso). São, geralmente,
bouço é composto de rochas básicas dos derrames vul- muito pedregosos e cascalhentos, refletindo desenvol-
cânicos da Formação Serra Geral (DVM) sob declividade vimento em regiões serranas movimentadas do ponto
mediana. Podem estar associados a Neossolos Litólicos de vista geomorfológico.
60
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Figura 2.57 - Principais ordens de solos do estado do Paraná e proporção em área de cada tipo de solo nos domínios
geológico-ambientais da geodiversidade. Fonte: Modificado de Embrapa (2007).
61
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
62
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Devem ser preservados, não sendo recomendável sua Os termos ‘áreas de risco geológico’ ou ‘riscos na-
utilização, seja para atividades agrícolas ou para construção turais’ se popularizaram mais recentemente por conta
de moradia. das tragédias das regiões serranas do Rio de Janeiro e de
Santa Catarina, que tiveram grande cobertura da mídia em
Chernossolos geral, devido aos extensos impactos sociais e econômicos,
inclusive com a perda de milhares de vidas humanas. No
Solos de desenvolvimento não muito avançado, origi- entanto, na maioria das vezes, essa terminologia e seus
nários de rochas ricas em cálcio e magnésio e presença de conceitos são frequentemente usados incorretamente, de
minerais esmectíticos, que conferem alta atividade da argila forma que se apresenta uma discussão, visando a esclarecer
e eventual acumulação de carbonato de cálcio, promoven- os conceitos empregados no risco geológico.
do reação aproximadamente neutra, ou moderadamente O risco geológico, segundo Cerri (1993), é uma
ácidos a fortemente alcalinos, com enriquecimento em situação de perigo, perda ou dano ao homem e suas
matéria orgânica. Oriundos, principalmente, das rochas propriedades, em razão da possibilidade de ocorrência de
básicas da Formação Serra Geral (DVM) e rochas metamór- processos geológicos, induzidos ou não. Na definição de
ficas cristalinas ricas em metacalcários e metadolomitos Ogura (1995), risco geológico é todo processo, situação ou
(DSP2) (vide Figura 2.57). evento no meio geológico, de origem natural, induzida ou
Apresentam alto potencial agrícola, devido a caracterís- mista, que pode gerar um dano econômico ou social para
ticas químicas: alta fertilidade natural (eutróficos) associada, alguma comunidade, e em cuja previsão, prevenção ou
principalmente, aos altos teores de cálcio, de magnésio e de correção há de se empregar critérios geológicos.
matéria orgânica, baixa a mediana acidez e alta capacidade Nesse caso, o risco é a probabilidade de ocorrer um
de troca de cátions relacionada à sua mineralogia. processo natural, ou induzido, com consequências adversas
Com relação às características físicas, variam de solos (danos e perdas sociais, econômicas ou de outra natureza)
pouco profundos a profundos, podendo apresentar susce- e que, geralmente, tem a seguinte representação, na forma
tibilidade a processos erosivos pela presença de horizonte da Equação (1):
subsuperficial B textural ou de horizonte com caráter argi-
lúvico (gradiente textural).
(1) R = P(A) x V/G
Os solos de texturas mais leves ou os mais argilosos,
mas de boa estrutura e sem alto gradiente textural, são
normalmente mais porosos, apresentando boa permeabi- Onde R é o risco, P(A) é a probabilidade de um
lidade, sendo menos suscetíveis à erosão. processo perigoso ocorrer (potencial de causar danos
e perdas, podendo ser considerado similar à definição
RISCOS GEOLÓGICOS NO PARANÁ de suscetibilidade), V é a vulnerabilidade e G é a gestão
desses riscos.
No mundo todo, nas últimas décadas, o número de No Brasil, comumente, os principais processos na-
registros de desastres e seus impactos no desenvolvimen- turais considerados para identificação e análise são mo-
to humano e econômico tem crescido significativamen- vimentos de massa, inundações e enchentes. O Serviço
te, evidenciando uma tendência de alta (UNPD, 2004). Geológico do Brasil-CPRM, por exemplo, conta com um
No Brasil, essa tendência também é observada e conside- programa de mapeamento desses riscos para municípios
rada como fruto do processo de urbanização acelerado e selecionados (PPA 2012-2015) (BRASIL, 2012).
desordenado sobre áreas com características desfavoráveis As cidades brasileiras, ao longo das últimas décadas,
(TOMINAGA, 2009). cresceram em uma cultura urbanística do plano, desen-
As características desfavoráveis do meio físico tornam-se volvida a partir de princípios europeus que influenciaram
mais bem entendidas ao se conhecer, previamente, as a formação de leis e da expansão da urbe, onde não
potencialidades e limitações do substrato frente ao uso existe qualquer diferença entre ocupar áreas planas ou de
do solo. Com isso, a geodiversidade se torna excelente encosta. Desse modo, também não são consideradas as
ferramenta de gestão territorial, de modo a se identificar a variações físicas do meio e as características próprias de
suscetibilidade natural de cada terreno frente aos processos cada assentamento. A localização das principais cidades,
condicionantes de riscos geológicos. por influência da colonização portuguesa, está próxima
O risco geológico, como parte do conceito exposto do litoral, entre o mar e as serras ou sobre os planal-
por Culshaw e Price (2013) para a geologia urbana, é “o tos (FARAH, 2003), como o caso da capital do estado
estudo da interação entre processos humanos e naturais do Paraná.
com o ambiente geológico em áreas urbanizadas e os Hoje, cerca de 85% da população brasileira vivem nas
impactos resultantes, e o fornecimento da geoinformação cidades (IBGE, 2016; WORLD BANK, 2015) e estão sujeitos,
necessária”, depreendendo a importância de seu entendi- em maior ou menor grau, a processos adversos de caráter
mento para o fomento do desenvolvimento sustentável, hidrometeorológico e geológico, tais como inundações,
recuperação e conservação. enchentes, alagamentos e deslizamentos de massa.
63
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 2.58 - Suscetibilidade aos processos condicionantes de risco geológico no estado do Paraná.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2017).
64
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Ainda é muito utilizado o termo ‘alagamento’, que neste trabalho englobados no Domínio dos Sedimentos
descreve o que ocorre em áreas urbanas devido à falta de Cenozoicos e Mesozoicos pouco a Moderadamente Con-
drenagem estrutural ou por insuficiência dos sistemas de solidados Associados a Pequenas Bacias Continentais do
coleta e transporte de águas superficiais com eficiência Tipo Rift (DCMR), e sobre os sedimentos quaternários que
para os rios e canais de drenagem. Muitas vezes, nas áreas ocorrem não só nessa bacia como também ao longo de
urbanas, cheias, inundações e alagamentos ocorrem ao todos os principais cursos d’água do estado do Paraná,
mesmo tempo, dificultando a sua diferenciação onde a como é o caso, inclusive, do rio Iguaçu em União da
ocupação está em planícies de inundação conjugada com Vitória (Figura 2.60).
péssima drenagem urbana, como o caso enfrentado por Esses processos também têm causas naturais, como
diversos municípios do estado do Paraná frente às fortes a concentração de chuvas intensas sobre a bacia de dre-
chuvas de junho de 2014. Esses processos hidrometeoro- nagem, ou induzidos por atividade humana, que urbaniza
lógicos podem ocorrer ao longo de um período de dias, áreas de infiltração, impermeabilizando os solos, modifica
podendo ser evitados, ou de modo muito rápido e causar a geometria dos rios por obras de canalização ou por as-
danos e perdas imediatas. soreamento de seus canais com sedimentos provenientes
Curitiba, por exemplo, está assentada sobre os da própria urbanização, por exemplo. São muito comuns
sedimentos terciários da Bacia Sedimentar de Curitiba, em terrenos indicados como R1 (vide Figura 2.58).
a b c
Figura 2.59 - Processos naturais relacionados a fenômenos hidrometeorológicos: a) em situação normal, o nível d’água de um rio
está limitado por suas margens; b) o que ocorre também em situação de cheia (enchente), porém, o nível d’água está no máximo que
comporta o canal do rio; c) em situação de inundação, quando a água do rio extravasa para a planície de inundação, além de suas
margens. Fonte: Elaborada por Luiz Fernando dos Santos (2018).
Figura 2.60 - Vista parcial da cidade de União da Vitória (PR), atingida, em junho de 2014, por inundação do rio Iguaçu.
Fotografia: (ARNALDO ALVES / ANPR, 2014).
65
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
a b
Figura 2.61 - Tipos de movimentos gravitacionais de massa com indicadores de movimento (setas): a) deslizamento planar;
b) deslizamento rotacional (esses dois últimos sendo comuns em DCGR1, DCGR2, DCGR3, DCGMGL e DVM, em relevos mais
ondulados). Fonte: a) Adaptado de Varnes (1978); Carvalho; Macedo; Ogura (2007); b) Modificado de Varnes (1978).
66
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
a b
Figura 2.62 - Múltiplos deslizamentos planares que atinge drenagens. (a) Deslizamentos que geram corridas de massa
(solo e rocha de alto potencial destrutivo); (b) Deslizamentos ocorridos em janeiro de 2012 (Guaratuba, PR).
Fotografia: Arnaldo Alves / Aenoticias (2012)
Figura 2.63 - Deslizamentos planares ocorridos em 2011 no município de Antonina (PR). Fonte: Fundação Araucária (2011).
67
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
a b
Figura 2.64 - a) queda de blocos e formação de tálus – depósitos de pé de escarpas, geralmente associados aos basaltos
do domínio DVM, e nas escarpas, onde ocorrem rochas sedimentares do domínio DSVMP; b) rolamento, desplacamento
e queda de blocos de rocha associados aos domínios de rochas graníticas DCGR1, DCGR2, DCGR3 e DCGMGL. Fonte:
Elaborada por Luiz Fernando dos Santos (2019).
Figura 2.65 - Perfil esquemático da formação do relevo cárstico através de águas ácidas e dissolução de rochas carbonáticas
nos domínios DSVP2 e DSP2. Fonte: Piekarz (2011).
Nesse cenário, os riscos geotécnicos incluem a deflagração Geralmente, os processos adversos se dão pela própria
induzida de colapsos (Figura 2.66), que têm movimentos ocupação (edificações e tráfego pesado), atividades mine-
rápidos e subsidências de baixa velocidade e não menos rárias (explosões), exploração de água subterrânea (oscila-
destrutivos provocados por cavidades e cavernas e afetan- ção do lençol freático), agricultura intensiva e até mesmo
do diretamente moradias e estruturas acima (VESTENA; pela exploração turística (OLIVEIRA, 2010; PIEKARZ, 2011;
KOBIYAMA; SANTOS, 2002). SANTOS, 2008; VESTENA; KOBIYAMA; SANTOS, 2002).
68
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Figura 2.66 - Dolina formada por colapso em terreno cárstico da Figura 2.67 - Processo de evolução de voçoroca, muito comum
unidade DSVP2csa, na região de Águas Fervidas, bairro São João, nos domínios DSMC, DSVMP e DVM. Fonte: Elaborado por Luiz
município de Colombo (PR). Fonte: Cenacid (2020) Fernando dos Santos (2018).
Erosão
69
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
O estado do Paraná apresenta abundância de recursos Um aquífero é uma formação geológica com capaci-
hídricos, tanto superficiais quanto subterrâneos. Com o dade para armazenar e transportar volumes significativos
crescente aumento da poluição das águas superficiais, as de água.
águas subterrâneas vêm sofrendo aumento da demanda. A água fica armazenada e se movimenta através
Na década de 1980, estimava-se que 15% do abaste- dos espaços vazios que as formações apresentam, o que
cimento público do estado eram provenientes de manan- chamamos de porosidade. O aquífero pode ser classifi-
ciais subterrâneos; atualmente, estima-se que sejam 21%. cado como granular, fissural ou cárstico, conforme esse
Foi a partir da década de 1990 que outros usos passaram a preceito (Figura 2.70).
demandar mais recursos, colocando a água subterrânea em Os aquíferos granulares são formados por rochas se-
evidência como um bem de grande valor estratégico que dimentares clásticas, onde a água percola pelos interstícios
precisa ser explorado de forma racional e fator relevante entre os grãos. Os fissurais são formados preferencialmente
a ser considerado no planejamento territorial de modo a por rochas ígneas e metamórficas, onde o fluxo de água
preservar sua quantidade e qualidade para o futuro. se dá através das fraturas abertas que estejam conectadas
Em 2006, a Superintendência de Desenvolvimento de formando redes. Os aquíferos cársticos constituem um tipo
Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (SUDERHSA), especial de aquífero fissural, constituídos por rochas calcárias
que era o órgão responsável pela outorga dos recursos que apresentam uma variedade de condutos até cavernas
hídricos, tinha cerca de 9.240 poços outorgados. No formadas pela dissolução da rocha através da ação das águas.
ano de 2009, esse órgão foi extinto e criou-se o Instituto Os aquíferos ainda podem ser livres ou confinados, de
das Águas do Paraná (AGUASPARANÁ), que, em 2015, acordo com seu posicionamento em relação às camadas de
apresentava mais de 20.800 poços em sua base de dados solo ou outras rochas. O aquífero é livre quando está em
(BRASIL, 2015). contato direto com o solo ou rochas permeáveis, assim ele
A Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) tem a capacidade de receber diretamente a água advinda
é a empresa responsável pelos serviços de saneamento da superfície por infiltração. Os aquíferos confinados têm
básico do estado, que, atualmente, atende a 345 cidades sobre si uma camada impermeabilizante, que pode ser de
paranaenses, 293 localidades de menor porte e um mu- rocha ou de sedimentos com baixíssima permeabilidade.
nicípio do estado de Santa Catarina. As águas contidas nesses aquíferos são provenientes de
Em termos de abastecimento público, 580 localida- regiões distantes, onde os aquíferos estejam livres. São
des fazem uso em regime total ou parcial do manancial águas muito antigas, pois são transportadas por grandes
subterrâneo, sendo esse recurso responsável por 21% do distâncias ao longo de séculos ou mesmo milênios.
volume total consumido pela população.
Assim, a água é um bem mineral dotado de valor Aquíferos do Estado do Paraná
econômico e de importância vital que deve ser preservado,
priorizando sua utilização para a finalidade mais nobre As principais unidades aquíferas do estado do Paraná
que existe, que é o consumo humano. são descritas a seguir (Figura 2.71).
Figura 2.70 - Tipos de aquíferos conforme a porosidade.Fonte: Modificado de Borghetti; Borghetti; Rosa Filho (2004).
70
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
Figura 2.71 - Sistemas de aquíferos do Paraná. Fonte: Modificado de Souza; Franzini (2015).
71
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Aquífero Paleozoico
72
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
73
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
74
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
BORGHETTI, N.R.B.; BORGHETTI, J.R.; ROSA FILHO, E.F. COLLET, G.C. Novas informações sobre os sambaquis
da. Aquífero Guarani: a verdadeira integração dos fluviais do estado de São Paulo. Arquivos do Museu de
países do Mercosul. Curitiba: GIA: Fundação Roberto História Natural, Belo Horizonte, v. 10, p. 311-24, 1985.
Marinho, 2004. 214 p.
CPRM. Mapa geodiversidade do Brasil, escala
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Carta das águas 1:2.500.000. Legenda expandida. Brasília, DF: CPRM,
subterrâneas do Paraná: resumo executivo. Brasília, 2006. 68 p.
DF: MMA, 2015.
CULSHAW, M.G.; PRICE, S.J. A contribuição
BRASIL. Presidência da República. Lei n. 12.593, de 18
da geologia urbana ao desenvolvimento,
de janeiro de 2012. Institui o Plano Plurianual da União
recuperação e conservação de cidades.
para o período de 2012 a 2015. Brasília, DF: Presidência
São Paulo: ABGE, 2013. 138 p.
da República, 2012. Disponível em: <http://www.
planejamento.gov.br/assuntos/planeja/plano-plurianual/
ppas-anteriores>. Acesso em: 18 jun. 2016. CURY, L.F. Geologia do terreno Paranaguá. 2009.
202 f. Tese (Doutorado em Geotectônica) – Universidade
CAMPANHA, G.A. da C. O papel do sistema de zonas de São Paulo, São Paulo, 2009.
de cisalhamento transcorrentes na configuração da
porção meridional da faixa Ribeira. 105 f. Tese (Livre- DANTAS, M.E.; ARMESTO, R.C.G.; ADAMY, A. Origem
Docência) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. das paisagens. In: Geodiversidade do Brasil: conhecer
o passado, para entender o presente e prever o futuro.
CAMPANHA, G.A. da C. Tectônica proterozoica no SILVA, C.R. da (Ed.). Rio de Janeiro: CPRM, 2008.
alto e médio vale do Ribeira, estados de São Paulo p. 34-56.
e Paraná. 296 f. Tese (Doutorado em Geoquímica e
Geotectônica) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1991. EMBRAPA. Carta de solos do estado do Paraná:
folha SG-22-X-D MIR-514. Curitiba: EMBRAPA/IAPAR,
CAMPANHA, G.A. da C.; BISTRICHI, C.A.; 2008. Escala 1:250.000. Atualização do Mapa de
ALMEIDA, M.A. Considerações sobre a organização Solos – SiBCS, 2006, 2008.
litoestratigráfica e evolução tectônica da faixa de
dobramentos Apiaí. In: SIMPÓSIO SUL-BRASILEIRO DE
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos.
GEOLOGIA, 3., Curitiba, 1987. Atas... Curitiba: SBG,
Mapa de solos do estado do Paraná. Curitiba:
1987. v. 2. p. 725-742.
EMBRAPA/IAPAR, 2007. Escala 1:600.000.
CAMPANHA, G.A. da C.; SADOWSKI, G.R. Tectonics of
the southern portion of the Ribeira belt (Apiaí domain). FARAH, F. Habitação e encostas. São Paulo:
Precambrian Research, Amsterdan, v. 28, n. 1, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 2003. 312 p.
p. 31-51, 1999.
FERNANDES, L.A.; COIMBRA, A.M. O grupo Caiuá (Ks):
CARVALHO, C.S., MACEDO, E.S. de; OGURA, A.T. (Org.). revisão estratigráfica e contexto deposicional. Revista
Mapeamento de riscos em encostas e margens Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 24, n. 3,
de rios. Brasília, DF: Ministério das Cidades; Instituto p. 164-176, 1994.
de Pesquisas Tecnológicas, 2007. 176 p. Disponível
em: <http://www.cidades.gov.br/images/stories/ FERREIRA, J.T. da S.; SILVA, H. de P.; KELLNER, A.W.A.
ArquivosSNPU/Biblioteca/PrevencaoErradicacao/Livro_ Mesossauros. Saúde & Ambiente em Revista,
Mapeamento_Enconstas_Margens.pdf>. Duque de Caxias, v. 1, n. 1, p. 1-7, jan.-jun. 2006.
Acesso em: 10 abr. 2015.
FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA. Governo do PR decreta
CENACID. CENACID-UFPR Estuda Subsidências calamidade pública no litoral. 16 mar. 2011.
e Colapsos na região de “Águas Fervidas” em
Disponível em: <http://www.fappr.pr.gov.br/modules/
Colombo-Pr. Disponível em: <http://www.cenacid.ufpr.
noticias/article.php?storyid=138>.
br/portal/missao/cenacid-ufpr-estuda-subsidencias-e-
Acesso em: 15 mar. 2019.
colapsos-na-regiao-de-aguas-fervidas-em-colombo-pr/>.
Acesso em: 29 abr. 2021.]
GASPARETTO, N.V.L.; NOBREGA, M.T. de; CARVALHO, A.
CERRI, L.E. da S. Riscos geológicos associados a A reorganização da cobertura pedológica no noroeste
escorregamentos: uma proposta para prevenção de do Paraná – BR e as suas relações com o arenito Caiuá.
acidentes. 1993. 197 f. Tese (Doutorado em Geociências In: ENCUENTRO DE GEÓGRAFOS DE AMÉRICA LATINA,
e Meio Ambiente) – Universidade Estadual Paulista Júlio 8., 2001, Santiago. Bol. Resumos. Santiago [Chile]:
de Mesquita Filho, Rio Claro, 1993. EGAL, 2001. 254 p.
75
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
GERNET, M.V; BIRCKOLZ, C.J. Fauna malacológica em dois ITCG. Uso do solo 2001/2002: estado do Paraná.
sambaquis do Litoral do Estado do Paraná, Brasil. Revista Curitiba: ITCG, 2008. Escala 1:2.500.000.
Biotemas, 24 (3), maio de 2011. p39-49].
KRAMER, V.M.S. Mudanças ambientais climáticas
GORDON Jr., M. Classificação das formações durante o quaternário – região do alto curso do rio
gondwânicas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Paraná. Boletim Paranaense de Geociências,
Sul. Notas Preliminares e Estudos, DNPM/DGM, Campo Mourão, v. 3, n. 5, p. 1-10, 2001.
Rio de Janeiro, n. 38, p. 1-20, 1947.
LANGE, F.L.P. Guartelá: história, natureza, gente.
GUALDA, G.A.R. et al. Integração de dados Curitiba: COPEL, 1994. 142 p.
aerogamaespectrométricos e geológicos para a
individualização de maciços graníticos na região da LANGER, M.C. et al. Serra do Cadeado, PR: uma janela
serra da Graciosa (PR). In: INTERNATIONAL CONGRESS paleobiológica para o permiano continental sul-
BRAZILIAN GEOPHISICAL SOCIETY, 2001, Salvador, Brasil. americano. In: WINGE et al. (Ed.). Sítios geológicos e
Anais… p. 482-485. paleontológicos do Brasil. Brasília, DF: CPRM, 2009.
v. 2. p. 433-450. 515 p.
GUALDA, G.A.R.; VLACH, S.R.F. The serra da Graciosa
A-type granites and syenites, southern Brazil. Part 3: LICCARDO, A.; PIEKARZ, G.F.; SALAMUNI, E.
Magmatic evolution and post-magmatic breakdown of Geoturismo em Curitiba. Curitiba: MINEROPAR,
amphiboles of the alkaline association. Lithos, n. 93, 2008. 122 p.
p. 328-339, 2007c.
LICCARDO, A.; WEINSCHÜTZ, L.C. Registro inédito de
GUALDA, G.A.R.; VLACH, S.R.F. The serra da Graciosa fósseis de vertebrados na bacia sedimentar de Curitiba
A-type granites and syenites, southern Brazil. Part 2: (PR). Revista Brasileira de Geociências, São Paulo,
Petrographic and mineralogical evolution of the alkaline v. 40, n. 3, p. 330-338, set. 2010.
and aluminous associations. Lithos, n. 93,
p. 310-327, 2007b. MAACK, R. Breves notícias sobre a geologia dos estados
do Paraná e Santa Catarina. Arquivos de Biologia e
GUALDA, G.A.R.; VLACH, S.R.F. The serra da Graciosa Tecnologia, Curitiba, n. 11, p. 63-154, 1947.
A-type granites and syenites, southern Brazil: Part 1:
Regional setting and geological characterization. Anais MAACK, R. Geografia física do estado do Paraná.
da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, Curitiba: BADEP; UFPR; IBPT, 1968. 350 p.
v. 79, n. 3, p. 405-430, 2007a. Disponível em: <http://
dx.doi.org/10.1590/S0001-37652007000300006>. MANSUR, K.L. et al. Iniciativas institucionais de valorização
do patrimônio geológico do Brasil. Boletim Paranaense
HARARA, O.M.M. Análise estrutural, petrológica de Geociências, Curitiba, v. 70, p. 2-27, 2013.
e geocronológica dos litotipos da região de Piên
(PR) e adjacências. 1996. Dissertação (Mestrado em MARCONDES, A.T.P.; BOSETTI, E.P.; IANNUZZI, R.
Geoquímica e Geotectônica) – Universidade de São Coleção de fósseis vegetais provenientes da formação
Paulo, São Paulo, 1996. São Domingos (devoniano, bacia do Paraná), estado do
Paraná, Brasil. Boletim Informativo da Sociedade
HONESKO, M. Nova espécie de pterossauro é Brasileira de Paleontologia, v. 27, n. 65,
encontrada no interior do Paraná. 16 ago. 2014. p. 23, 2012.
Disponível em: <http://www.vvale.com.br/geral/nova-
especie-de-pterossauro-e-encontrada-interior-parana/>. MARINI, O.J. Geologia da folha de Rio Branco
Acesso em: 2 ago. 2018. do Sul, Rio Claro. 1970. 190 f. Tese (Doutorado em
Geociências) – Universidade Estadual Paulista Júlio de
IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Mesquita Filho, Rio Claro, 1970.
Rio de Janeiro: IBGE, 1992. 92 p.
MARTIN, L. et al. Mapa geológico do quaternário
IBGE. Síntese de indicadores sociais: uma análise costeiro dos estados do Paraná e Santa Catarina.
das condições de vida da população brasileira: Brasília, DF: DNPM, 1988. 40 p. 2 mapas. (Série Geol., 28).
2016. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. 146 p. (Estudos e
pesquisas. Informação demográfica e socioeconômica, MELO, M.S. et al. Relevo e hidrografia dos Campos
36). Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/ Gerais. In: MELO, M.S.; MORO, R.S.; GUIMARÃES, G.B.
visualizacao/livros/liv98965.pdf>. Patrimônio natural dos Campos Gerais do Paraná.
Acesso em: 15 mar. 2019. Ponta Grossa: EDUEPG, 2007. Cap. 4, p. 49-58.
76
ASPECTOS GERAIS DO MEIO FÍSICO: GEOLOGIA, FÓSSEIS, RELEVO, SOLOS,
RISCOS GEOLÓGICOS E HIDROGEOLOGIA
MENEGUZZO, I.S.; MELO, M.S. de. Segundo planalto PARELLADA, C.I. Estudo arqueológico no alto vale
paranaense: geomorfologia. In: LEANDRO, J.A. (Coord.). do rio Ribeira: área do gasoduto Bolívia-Brasil, trecho
Dicionário histórico e geográfico dos Campos X, Paraná. 2005. Tese (Doutorado em Arqueologia) –
Gerais. Ponta Grossa (PR): Departamento de História da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
Universidade Estadual de Ponta Grossa. Disponível em:
<http://www.uepg.br/dicion/index.htm>. PARELLADA, C.I.; OLIVEIRA, F.C.P.; SCLVILZKI, É.S. As
Acesso em: 16 maio 2004. pinturas rupestres do abrigo São José da Lagoa 2, Piraí
do Sul, Paraná, Brasil. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE
MILANI, E.J. Evolução tectonoestratigráfica da ARTE RUPESTRE, 10., Teresina, 2014. Anais... Teresina:
bacia do Paraná e seu relacionamento com a ABAR, 2014. CNPq, CAPES, UFPI, 2014, p. 76.
geodinâmica fanerozoica do Gondwana sul-
ocidental. 1997. 254 f. Tese (Doutorado em Ciências) – PIEKARZ, G.F. Geoturismo no Karst: Almirante
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Tamandaré, Colombo, Campo Magro. Curitiba:
Porto Alegre, 1997. 2 v. MINEROPAR, 2011. Disponível em: <http://www.
mineropar.pr.gov.br/>. Acesso em: 16 abr. 2015.
MILANI, E.J.; RAMOS, V.A. Orogenias paleozoicas do
domínio sul-ocidental do Gondwana e os ciclos de POPP, J.H.; BIGARELLA, J.J. Formações cenozoicas do
subsidência da bacia do Paraná. Revista Brasileira de noroeste do Paraná. Anais da Academia Brasileira
Geociências, São Paulo, v. 28, n. 4, p. 473-484, 1998. de Ciências, Rio de Janeiro, n. 47, p. 465-472, 1975.
MINEROPAR. Atlas geológico do estado do Paraná. ROSS, J.L.S. A morfogênese da bacia do Ribeira do Iguape
Curitiba: Governo do Estado do Paraná, 2001. Disponível
e os sistemas ambientais. Geousp Espaço e Tempo
em: <http://www.mineropar.pr.gov.br/arquivos/File/
(Online), São Paulo, v. 6, n. 12, p. 21-46, dez. 2002.
MapasPDF/atlasgeo.df>.
ROSS, J.L.S. As unidades morfoesculturais: nova
MINEROPAR. Atlas geomorfológico do estado do
classificação do relevo brasileiro. In: SIMPÓSIO DE
Paraná. Curitiba: Governo do Estado do Paraná, 2006.
GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA, 3., 1989, Nova Friburgo.
Anais... Nova Friburgo: UFRJ, 1989. p. 195-207.
MINEROPAR. Geologia e recursos minerais do
estado do Paraná. Curitiba: Governo do Estado do
SÁ, M.F.M. Os solos dos Campos Gerais. In: MELO, M.S.
Paraná, 2014. 193 p.
de; MORO, R.S.; GUIMARÃES, G.B. (Org.). Patrimônio
MORAES REGO, L.F. de. A geologia do petróleo no natural dos Campos Gerais do Paraná. Ponta Grossa:
estado de São Paulo. Boletim do Serviço Geológico EDUEPG, 2007.
Mineralógico, Rio de Janeiro, n. 46, 1930.
SALAMUNI, E. Tectônica da bacia sedimentar
NARDY, A.J.R. Geologia e petrologia do vulcanismo de Curitiba (PR). 1998. 214 f. Tese (Doutorado em
mesozoico da região central da bacia do Paraná. Geologia Regional) – Universidade Estadual Paulista Júlio
1995. 316 f. Tese (Doutorado em Geociências) – de Mesquita Filho, Rio Claro, 1998.
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,
Rio Claro, 1995. SALAMUNI, E.; EBERT, H.D.; HASUI, Y. Morfotectônica
da bacia sedimentar de Curitiba. Revista Brasileira de
OGURA, A.T. Análise de riscos geológicos em planos Geociências, São Paulo, v. 34, n. 4, p. 469-478, 2004.
preventivos de defesa civil. In: BITAR, O.Y. (Coord.).
Curso de geologia aplicada ao meio ambiente. SANTOS, Á.R. dos. Terrenos calcários: áreas de risco
São Paulo: ABGE; IPT, 1995. p. 203-215. geológico para a engenharia e para o meio ambiente.
Ambiente Brasil, 2008. Disponível em: <http://noticias.
OLIVEIRA, E.P. de. Geologia do estado do Paraná. ambientebrasil.com.br/artigos/2008/05/05/37974-
Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, Indústria e terrenos-calcarios-areas-de-risco-geologico-para-a-
Comércio, 1916. engenharia-e-para-o-meio-ambiente.html>.
Acesso em: 15 mar. 2019.
OLIVEIRA, E.P. de. O terreno devoniano do sul do Brasil.
Annaes da Escola de Minas de Ouro Preto, Ouro SANTOS, F.R. dos; FORTES, E.; MANIERI, D.D.
Preto, v. 14, p. 31-41, 1912. Mapeamento geomorfológico e análise fisiográfica
da paisagem da bacia do rio Ivaí – PR. In: SIMPÓSIO
OLIVEIRA, L.M. de. Acidentes geológicos urbanos. BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA, 13.,
Curitiba: MINEROPAR, 2010. Disponível em: <http:// 2009, Viçosa. Anais... Viçosa: Universidade Federal
www.mineropar.pr. gov.br/>. Acesso em: 16 abr. 2015. de Viçosa, 2009.
77
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
SANTOS, J.C.S. et al. Mapeamento geomorfológico TEIXEIRA, W. Projeto RadamBrasil: folhas Assunción,
do estado do Paraná. Revista Brasileira de Curitiba e Iguape. Considerações sobre os dados
Geomorfologia, Uberlândia, v. 7, n. 2, p. 3-11, 2006. radiométricos e evolução geocronológica. Brasília, DF:
DNPM/MME, 1982. 38 p. Relatório interno.
SANTOS, M.L. dos. Unidades geomorfológicas e
depósitos sedimentares associados no sistema fluvial do THEODOROVICZ, A. et al. Projeto paisagens
rio Paraná no seu curso superior. Revista Brasileira de geoquímicas e geoambientais do vale do Ribeira.
Geomorfologia, Uberlândia, v. 1, p. 85-96, 2005. São Paulo: CPRM/UNICAMP/FAPESP, 2005.
SEAB/DERAL. Evolução da área colhida, produção, TOMINAGA, L.K. Desastres naturais: por que ocorrem?
rendimento, participação e colocação Paraná/ In: TOMINAGA, L.K.; SANTORO, J.; AMARAL, R.
Brasil. Curitiba: Secretaria da Agricultura e do
(Org.). Desastres naturais: conhecer para prevenir.
Abastecimento. Departamento de Economia Rural. Ago.
São Paulo: Instituto Geológico, 2009. Disponível em:
2017. Disponível em: <http://www.agricultura.pr.gov.br/
<http://www.igeologico.sp.gov.br/>. Acesso em:
modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=137>.
14 abr. 2015.
SEDOR, F.A. Fósseis do Paraná. Curitiba:
Museu de Ciências Naturais, 2014. Disponível TRATZ, E. do B. As rochas vulcânicas da província
em: <https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/ magmática do Paraná, suas características de
handle/1884/45931/Fosseis%20do%20Parana. relevo e sua utilização como recurso mineral
pdf?sequence=1&isAllowed=y>. no município de Guarapuava-PR. 2009. 199 f.
Acesso em: 15 mar. 2019. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.
SEDOR, F.A.; BORN, P.A.; SANTOS, F.M.S. de. Fósseis
pleistocênicos de Sceliodon (Mylodontidae) e Tapirus TREIN, E. et al. Revisão da formação
(Tapiridae) em cavernas paranaenses (PR, sul do Brasil). Itaiacoca: identificação de uma sequência
Acta Biol. Par., Curitiba, v. 1-4, n. 33, p. 121-128, 2004. metavulcanossedimentar em Abapã (PR). In:
SIMPÓSIO REGIONAL DE GEOLOGIA, 5., 1985,
SIGA JÚNIOR, O. Domínios tectônicos do sudeste do São Paulo. Atas… São Paulo: SBG, 1985. v. 1,
Paraná e nordeste de Santa Catarina: geocronologia p. 69-186.
e evolução crustal. 1995. 212 f. Tese (Doutorado em
Geoquímica e Geotectônica) – Universidade de São UNDP. Reducing disaster risk: a challenge for
Paulo, São Paulo, 1995. development (a global report). New York: UNDP, 2004.
161 p. Disponível em: <http://undp.org>.
SIGA JÚNIOR, O. et al. O complexo Atuba: um cinturão Acesso em: 14 abr. 2015.
paleoproterozoico intensamente retrabalhado no
neoproterozoico. Boletim IG-USP. Série Científica, VARNES, D.J. Slope movement types and processes.
n. 26, p. 69-98, 1995. In: SCHUSTER, R.L.; KRIZEK, R.J. (Ed.). Landslides:
analysis and control. Washington, DC: National
SIGA JÚNIOR, O. et al. The Itaiacoca group: U-Pb (zircon)
Research Council, 1978. Special Report 176. p. 11-33.
records of a neoproterozoic basin. In: SOUTH AMERICAN
SYMPOSIUM ON ISOTOPE GEOLOGY, 3., 2001, Pucón,
VESTENA, L.R.; KOBIYAMA, M.; SANTOS, L.J.C.
Chile. Abstracts…
Considerações sobre gestão ambiental em áreas
SILVA, C.R. da (Ed.). Geodiversidade do Brasil: cársticas. Raega, O Espaço Geográfico em Análise,
conhecer o passado para entender o presente e prever o v. 6, p. 81-94, 2002.
futuro. Rio de Janeiro: CPRM, 2008. 264 p.
WHITE, I.C. Relatório sobre as coal measures e
SOUZA, O.A. de; FRANZINI, A.S. Mapa hidrogeológico camadas associadas ao sul do Brasil. Rio de Janeiro,
do estado do Paraná. Escala 1:600.000. In: Carta das 1908. 300 p. Relatório Final da Comissão de Estudos
águas subterrâneas do Paraná: resumo executivo. das Minas de Carvão de Pedra do Brasil, Parte 1.
Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente/Secretaria de
Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, 2015. 337 p. WORLD BANK. World Bank annual report 2015:
relatório anual de 2015 do Banco Mundial (Portuguese).
SUGUIO, K. Tópicos de geociências para o Washington, D.C.: World Bank Group. Disponível
desenvolvimento sustentável: as regiões litorâneas. em: <http://documents.worldbank.org/curated/
Revista do Instituto de Geociências da USP, en/963041467987822424/Relat%C3%B3rio-anual-de-
São Paulo, v. 1, p. 1-40, 2003. 2015-do-Banco-Mundial>.
78
3
METODOLOGIA,
ESTRUTURAÇÃO DA BASE
DE DADOS E ORGANIZAÇÃO
EM SISTEMA DE
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Maria Angélica Barreto Ramos ([email protected])¹
Marcelo Eduardo Dantas ([email protected])¹
Antonio Theodorovicz ([email protected])¹
Valter José Marques ([email protected])¹
Vitório Orlandi Filho ([email protected])²
Maria Adelaide Mansini Maia ([email protected])¹
Pedro Augusto dos Santos Pfaltzgraff ([email protected])¹
1
Serviço Geológico do Brasil – CPRM
2
Consultor
SUMÁRIO
Introdução.............................................................................................................81
Procedimentos Metodológicos..............................................................................81
Definição dos Domínios e Unidades Geológico-Ambientais..................................81
Atributos da Geologia .......................................................................................... 82
Deformação....................................................................................................... 82
Tectônica: dobramentos................................................................................. 82
Tectônica: fraturamento (juntas e falhas) / cisalhamento............................... 82
Tipo de deformação........................................................................................ 82
Aspecto............................................................................................................. 82
Comportamento Reológico............................................................................... 82
Resistência ao Intemperismo Físico.................................................................... 82
Resistência ao Intemperismo Químico............................................................... 83
Grau de Coerência............................................................................................. 83
Características do Manto de Alteração Potencial (Solo Residual)....................... 84
Porosidade Primária........................................................................................... 84
Característica da Unidade Lito-Hidrogeológica................................................. 85
Atributos do Relevo.............................................................................................. 85
Modelo Digital de Terreno – Shutlle Radar Topography Mission (SRTM) .............. 86
Mosaico Geocover 2000....................................................................................... 87
Análise da Drenagem............................................................................................ 87
kit de dados digitais.............................................................................................. 87
Trabalhando com o Kit de Dados Digitais.......................................................... 89
Estruturação da Base de Dados: GEOSGB............................................................. 89
Atributos dos Campos do Arquivo das Unidades Geológico-Ambientais:
Dicionário de Dados ............................................................................................. 90
Referências ............................................................................................................91
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
81
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
82
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Baixa a moderada na vertical: caso de coberturas mineral e grau de consolidação semelhantes a ligeiramente
pouco a moderadamente consolidadas. diferentes e mesma composição mineralógica.
Baixa a alta na vertical: unidades em que o subs- Baixa a alta na vertical: unidades em que o subs-
trato rochoso é formado por empilhamento de camadas trato rochoso é formado por empilhamento de camadas
horizontalizadas, não dobradas, de composição mineral e horizontalizadas, não dobradas, de composição mineral e
grau de consolidação muito diferentes, como as intercala- grau de consolidação muito diferentes, como as intercala-
ções irregulares de calcários, arenitos, siltitos, argilitos etc. ções irregulares de calcários, arenitos, siltitos, argilitos etc.
Baixa a alta na horizontal e na vertical: sequências Baixa a alta na horizontal e na vertical: sequências
sedimentares e vulcanossedimentares dobradas e com- sedimentares e vulcanossedimentares dobradas e com-
postas de várias litologias; rochas gnáissico-migmatíticas postas de várias litologias; rochas gnáissico-migmatíticas
e outras que se caracterizam por apresentarem grande e outras que se caracterizam por apresentarem grande
heterogeneidade composicional, textural e deformacional heterogeneidade composicional, textural e deformacional
lateral e vertical. lateral e vertical.
Figura 3.1 - Resistência à compressão uniaxial e classes de alteração para diferentes tipos de rochas. Fonte: Modificado de VAZ (1996).
83
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Silte 40 50 25 10 20 2 E
Argilas não compactadas 45 60 40 85 30 2 10 0,0 E
Solos superiores 50 60 30 10 20 1 E
84
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Caso seja apenas um tipo de litologia a sustentar a uni- Tais avaliações e controvérsias, de âmbito exclusivamente
dade geológico-ambiental, observar o campo “Descrição” geomorfológico, seriam de pouca valia para atender aos
da Tabela 3.1. Entretanto, se forem complexos plutônicos propósitos deste estudo. Portanto, termos como depres-
de várias litologias,a porosidade é baixa. são, crista, patamar, platô, cuesta, hog-back, pediplano,
- Baixa: 0 a 15%. peneplano, etchplano, escarpa, serra e maciço, dentre
- Moderada: de 15 a 30%. tantos outros, foram englobados em um reduzido número
- Alta: >30%. de conjuntos morfológicos.
Para os casos em que várias litologias sustentam a Portanto, esta proposta difere substancialmente das
unidade geológico-ambiental, observar o campo “Tipo”
metodologias de mapeamento geomorfológico presen-
da Tabela 3.1.
tes na literatura, tais como: a análise integrada entre a
- Variável (0 a >30%): a exemplo das unidades em
compartimentação morfológica dos terrenos, a estrutura
que o substrato rochoso é formado por um empi-
lhamento irregular de camadas horizontalizadas subsuperficial dos terrenos e a fisiologia da paisagem
porosase não porosas. proposta por Ab’Saber (1969); as abordagens descritivas
em base morfométrica, como as elaboradas por Barbosa,
Característica da Unidade Franco e Moreira (1977) para o Projeto RadamBrasil, e de
Lito-Hidrogeológica Ponçano et al. (1979) e Ross e Moroz (1996) para o Instituto
de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT);
São utilizadas as seguintes classificações: as abordagens sistêmicas, com base na compartimentação
- Granular: dunas, depósitos sedimentares incon- topográfica em bacias de drenagem (MEIS; MIRANDA;
solidados, planícies aluviais, coberturas sedimen- FERNANDES, 1982) ou a reconstituição de superfícies
tares etc. regionais de aplainamento (LATRUBESSE; RODRIGUES;
- Fissural. MAMEDE, 1998).
- Granular/fissural. O mapeamento de padrões de relevo é, essencial-
- Cárstico. mente, uma análise morfológica do relevo com base em
- Não se aplica. fotointerpretação da textura e rugosidade dos terrenos a
partir de diversos sensores remotos.
ATRIBUTOS DO RELEVO Nesse sentido, é de fundamental importância escla-
recer que não se pretendeu produzir um mapa geomor-
Com o objetivo de conferir uma informação ge-
fológico, mas um mapeamento dos padrões de relevo em
omorfológica clara e aplicada ao mapeamento da
geodiversidade do território brasileiro em escalas de consonância com os objetivos e as necessidades de um
análise reduzidas (1:500.000 a 1:1.000.000), procurou-se mapeamento da geodiversidade do território nacional em
identificar os grandes conjuntos morfológicos passíveis escala continental.
de serem delimitados em tal tipo de escala, sem muita Com esse enfoque, foram selecionados 28 padrões
preocupação quanto à gênese e evolução morfodinâmica de relevo para os terrenos existentes no território brasileiro
das unidades e aos processos geomorfológicos atuantes. (Quadro 3.1), levando-se, essencialmente, em consideração:
85
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
86
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
87
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 3.2 - Exemplo de dados do kit digital para o estado do Paraná: unidades geológico-ambientais versus planimetria. Fonte:
Elaborado pelos autores (2018).
Figura 3.3 - Exemplo de dados do kit digital para o estado do Paraná: unidades
geológico-ambientais versus relevo sombreado (MDT_SRTM). Fonte: Elaborado pelos autores (2018).
88
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Trabalhando com o kit de Dados Digitais Com essa premissa, a Coordenação de Geoproces-
samento da Geodiversidade, após uma série de reuniões
Na metodologia adotada, a unidade geológico-am- com as Coordenações Temáticas e com as equipes locais do
biental, fruto da reclassificação das unidades geológicas Serviço Geológico do Brasil – CPRM, estabeleceu normas e
(reclass), é a unidade fundamental de análise, na qual foram procedimentos básicos a serem utilizados nas diversas ati-
agregadas todas as informações da geologia possíveis de vidades dos levantamentos estaduais, com destaque para:
ser obtidas a partir dos produtos gerados pela atualização - Definição dos domínios e unidades geológico-
da cartografia geológica dos estados pelo SRTM, mosaico -ambientais com base em parâmetros geológicos
GeoCover 2000 e drenagem. de interesse na análise ambiental, em escalas
Com a utilização dos dados digitais foi estruturado, para 1:2.500.000, 1:1.000.00 e mapas estaduais.
cada folha ou mapa estadual, um Projeto.mxd (conjunto de - A partir da escala 1:1.000.000, criação de atributos
shapes e leiaute) organizado no software ArcGis10. geológicos aplicáveis ao planejamento e informa-
No diretório de trabalho havia um arquivo shapefile, ções dos compartimentos do relevo.
denominado geodiversidade_estado.shp, que correspondia - Acuidade cartográfica compatível com as escalas
ao arquivo da geologia onde deveria ser aplicada a reclas- adotadas.
sificação da geodiversidade. - Estruturação de um modelo conceitual de base para
Após a implantação de domínios e unidades geoló- o planejamento, com dados padronizados por meio
gico-ambientais, procedia-se ao preenchimento dos parâ- de bibliotecas.
metros da geologia e, posteriormente, ao preenchimento - Elaboração da legenda para compor os leiautes dos
dos campos com os atributos do relevo. mapas de geodiversidade estaduais.
As informações do relevo serviram para melhor ca- - Criação de um aplicativo de entrada de dados local
racterizar a unidade geológico-ambiental e também para desenvolvido em Visual Basic 6.0 Aplicativo GEODIV.
subdividi-la. Porém, essa subdivisão, em sua maior parte, - Implementação do modelo de dados no GEOSGB
alcançou o nível de polígonos individuais. (Oracle) e migração dos dados do Aplicativo GEODIV
Quando houve necessidade de subdivisão do polígo-
para o GEOSGB.
no, ou seja, quando as variações fisiográficas eram muito
- Entrada de dados de acordo com escala e fase
contrastantes, evidenciando comportamentos hidrológicos
(mapas estaduais).
e erosivos muito distintos, esse procedimento foi realizado.
- Montagem de SIGs.
Nessa etapa, considerou-se o relevo como um atributo
- Disponibilização das unidades geológico-ambientais
para subdividir a unidade, propiciando novas deduções
na Internet, por meio do módulo Web Gis do GEOS-
na análise ambiental.
GB (http://geowebapp.cprm.gov.br/ViewerWEB/),
Assim, a nova unidade geológico-ambiental resultou
onde o usuário tem acesso a informações relaciona-
da interação da unidade geológico-ambiental com o relevo.
das às unidades geológico-ambientais e respectivas
Finalizado o trabalho de implementação dos parâmetros da
unidades litológicas.
geologia e do relevo pela equipe responsável, o material foi
enviado para a Coordenação de Geoprocessamento, que A necessidade de prover o SIG Geodiversidade com
procedeu à auditagem do arquivo digital da geodiversidade tabelas de atributos referentes às unidades geológico-
para retirada de polígonos espúrios, superposição e vazios -ambientais, dotadas de informações para o planejamento,
gerados durante o processo de edição. Paralelamente, implicou a modelagem de uma base conceitual de geodiver-
iniciou-se o preenchimento dos dados na Base Geodiver- sidade, intrinsecamente relacionada à litoestratigrafia, uma
sidade – Aplicativo GEODIV (Visual Basic), com posterior vez que as unidades geológico-ambientais são produto de
migração dos dados para o GEOSGB reclassificação das unidades litoestratigráficas.
Esse modelo de dados foi implantado em um aplicativo
ESTRUTURAÇÃO DA BASE de entrada de dados local, desenvolvido em Visual Basic 6.0,
DE DADOS: GEOSGB denominado GEODIV. O modelo do aplicativo apresenta
seis telas de entrada de dados armazenados em três tabelas
A implantação dos projetos de levantamento da geo- de dados e 16 tabelas de bibliotecas.
diversidade do Brasil teve como objetivo principal oferecer A primeira tela recupera, por escala e fase, todas as
aos diversos segmentos da sociedade brasileira uma tra- unidades geológico-ambientais cadastradas, filtrando, para
dução do conhecimento geológico-científico, com vistas cada uma delas, as letras-símbolos das unidades litoestra-
à sua aplicação ao uso adequado para o ordenamento tigráficas (Base Litoestratigrafia) (Figura 3.4).
territorial e planejamento dos setores mineral, transportes, Posteriormente, de acordo com a escala adotada, o
agricultura, turismo e meio ambiente, tendo como base usuário cadastra todos os atributos da geologia de interesse
as informações geológicas presentes no SIG da Carta para o planejamento (Figura 3.5).
Geológica do Brasil ao Milionésimo (SCHOBBENHAUS; Na última tela, o usuário cadastra os compartimentos
GONÇALVES; SANTOS, 2004). de relevo (Figura 3.6).
89
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
90
METODOLOGIA, ESTRUTURAÇÃO DA BASE DE DADOS
E ORGANIZAÇÃO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
Figura 3.7 - Módulo Web GIS de visualização dos arquivos vetoriais/base de dados (GEOSGB). Fonte: Disponível em:
<http://geowebapp.cprm.gov.br/ViewerWEB>. Acesso em: ago. 2018.
GR_COER (GRAU DE COERÊNCIA DA(S) ROCHA(S) ALBUQUERQUE, P.C.G.; SANTOS, C.C.; MEDEIROS, J.S.
FRESCA(S)) – Relacionado à rocha ou ao grupo de rochas Avaliação de mosaicos com imagens LandSat TM
que compõe a unidade geológico-ambiental. para utilização em documentos cartográficos
TEXTURA (TEXTURA DO MANTO DE ALTERAÇÃO) em escalas menores que 1/50.000. São José dos
Relacionado ao padrão textural de alteração da rocha ou Campos: INPE, 2005. Disponível em: <http://mtc-m12.
do grupo de rochas que compõe a unidade geológico- sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/iris@1912/2005/09.28.16.52/
ambiental. doc/publicacao.pdf>. Acesso em: 21 dez. 2009.
PORO_PRI (POROSIDADE PRIMÁRIA) – Relacionado à
porosidade primária da rocha ou do grupo de rochas que BARBOSA, G.V.; FRANCO, E.M.S.; MOREIRA, M.M.A.
compõe a unidade geológico-ambiental. Mapas geomorfológicos elaborados a partir do sensor
AQUÍFERO (TIPO DE AQUÍFERO) – Relacionado ao tipo radar. Notícia Geomorfológica, Campinas, v. 17,
de aquífero que compõe a unidade geológico-ambiental. n. 33, p. 137-152, jun. 1977.
COD_REL (CÓDIGO DOS COMPARTIMENTOS DO
RELEVO) – Siglas para a divisão dos macrocompartimentos BARROS, R.S.; CRUZ, M.B.C.; REIS, B.R.; ROCHA,
de relevo. F.M.E.; BARBOSA, G.L. Avaliação do modelo digital de
RELEVO (MACROCOMPARTIMENTOS DO RELEVO) elevação da SRTM na ortorretificação de imagens Spot
Descrição dos macrocompartimentos de relevo. 4. Estudo de caso: Angra dos Reis – RJ. In: SIMPÓSIO
GEO_REL (CÓDIGO DA UNIDADE GEOLÓGICO- EM CIÊNCIAS GEODÉSICAS E TECNOLOGIA DA
AMBIENTAL + CÓDIGO DO RELEVO) – Sigla da nova unidade GEOINFORMAÇÃO, 1., 2004, Recife. Anais…
geológico-ambiental, fruto da composição da unidade Recife: UFPE, 2004.
geológica com o relevo. Na escala 1:1.000.000, é o campo
indexador, que liga a tabela aos polígonos do mapa e ao CREPANI, E.; MEDEIROS, J.S. Imagens CBERS +
banco de dados (é formada pelo campo COD_UNIGEO + imagens SRTM + mosaicos GeoCover Landsat.
COD_REL). Ambiente Spring e TerraView: sensoriamento
OBS: (CAMPO DE OBSERVAÇÕES) – Campo-texto remoto e geoprocessamento gratuitos aplicados ao
onde são descritas todas as observações consideradas desenvolvimento sustentável. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO
relevantes na análise da unidade geológico-ambiental. DE SENSORIAMENTO REMOTO, 12., 2005, Goiânia.
Anais… São José dos Campos: INPE, 2005. p. 2637-
REFERÊNCIAS 2644. Disponível em: <http://marte.sid.inpe.br/col/ltid.
inpe.br/sbsr/2004/11.19.18.07/doc/2637.pdf>.
AB’SABER, A.N. Um conceito de geomorfologia a serviço
das pesquisas sobre o quaternário. Geomorfologia, CUSTODIO, E.; LLAMAS, M.R. Hidrologia subterrânea.
São Paulo, n. 18, p. 1-23, 1969. 2. ed. corrigida. Barceleno: Omega, 1983. Tomo I.
91
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
DANTAS, M.E. Biblioteca de relevo do território brasileiro. ROSS, J.L.S.; MOROZ, I.C. Mapa geomorfológico do estado
In: BANDEIRA, I.C.N. (Org.). Geodiversidade do estado de São Paulo. Revista do Departamento de Geografia
do Maranhão. Teresina: CPRM, 2013. p. 133-140. da FFLCH/USP, São Paulo, v. 10, p. 41-59, 1996.
GUERRA, A.J.T.; CUNHA, S.B. (Org.). Geomorfologia:
uma atualização de bases e conceitos. 4. ed. SCHOBBENHAUS, C.; GONÇALVES, J.H.; SANTOS, J.O.S.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. Carta geológica do Brasil ao milionésimo: sistema
de informações geográficas (SIG). Brasília, DF: CPRM,
LATRUBESSE, E.; RODRIGUES, S.; MAMEDE, L. Sistema de 2004. 46 folhas na escala :1.000.000. 41 CD-ROMs.
classificação e mapeamento geomorfológico: uma nova Programa Geologia do Brasil.
proposta. GEOSUL, Florianópolis, v. 14, n. 27,
p. 682-687, 1998. THEODOROVICZ, A.; SALVADOR, E.D.; PINHATTI, A.L.
Carta geoambiental do médio Pardo: subsídios para
LOPES JR., I.; ENZWELLER, J.; VENDEMIATTO, M.A.; o planejamento territorial e gestão ambiental. São Paulo:
BARBOSA, R.; ROSA, M.L. da. Atlas geoquímico do CPRM; Secretaria do Meio Ambiente-SP, 1999.
vale do Ribeira: geoquímica dos sedimentos ativos Escala 1:100.000.
de corrente. 2. ed. rev. São Paulo: CPRM, 2007.
THEODOROVICZ, A.; THEODOROVICZ, A.M. de G.;
MEIS, M.R.M.; MIRANDA, L.H.G.; FERNANDES, N.F. CANTARINO, S. da C. Projeto Curitiba: Informações
Desnivelamento de altitude como parâmetros para básicas sobre o meio físico – subsídios para o
a compartimentação do relevo: bacia do médio- planejamento territorial. Folha Curitiba. Curitiba:
baixo Paraíba do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CPRM, 1994. 109 p. 1 mapa, escala 1:100.000.
GEOLOGIA, 32., 1982, Salvador. Anais... Salvador:
SGB, 1982, v. 4, p. 1459-1503. THEODOROVICZ, A.; THEODOROVICZ, A.M. de G.;
CANTARINO, S. de C. Estudos geoambientais e
OLIVEIRA, A.M.S.; BRITO, S.N.A. (Ed.). Geologia de geoquímicos das bacias hidrográficas dos rios
engenharia. São Paulo: ABGE, 1998. 587 p. Mogi-Guaçu e Pardo. São Paulo: CPRM, 2002.
PONÇANO, W.L.; CARNEIRO, C.D.R.; ALMEIDA, M.A.; TRAININI, D.R. et al. Carta geoambiental da região
PIRES NETO, A.G.; ALMEIDA, F.F.M. de. O conceito hidrográfica do Guaíba. Porto Alegre: CPRM/FEPAM/
de sistemas de relevo aplicado ao mapeamento PRÓ-GUAÍBA, 2001. Mapas escala 1:250.000.
geomorfológico do estado de São Paulo. In:
SIMPÓSIO REGIONAL DE GEOLOGIA, 2., 1979,
TRAININI, D.R.; ORLANDI FILHO, V. Mapa
Rio Claro. Atas... Rio Claro: SBG/NS, 1979. v. 2,
geoambiental de Brasília e entorno: ZEE-RIDE.
p. 253-262.
Porto Alegre: CPRM/EMBRAPA/Consórcio ZEE Brasil/
RAMOS, M.A.B.; JESUS, J.D.A. de; ESPÍRITO SANTO, E.B. Ministério da Integração, 2003.
do; CERQUEIRA, D.B. de. Proposta para determinação
de atributos do meio físico relacionados às unidades VAZ, L.F. Classificação genética dos solos e dos horizontes
geológicas, aplicado à análise geoambiental. In: OFICINA de alteração de rocha em regiões tropicais. Solos e
INTERNACIONAL DE ORDENAMENTO TERRITORIAL Rochas, São Paulo, v. 19, n. 2, p. 117-136, 1996.
MINEIRO, 2005, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:
CPRM, 2005.
92
4
GEODIVERSIDADE:
ADEQUABILIDADES/
POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE
AO USO E À OCUPAÇÃO
Deyna Pinho ([email protected])¹
1
Serviço Geológico do Brasil – CPRM
SUMÁRIO
SUMÁRIO
Introdução............................................................................................................ 95
Domínio dos Sedimentos Cenozoicos inconsolidados ou
pouco consolidados, depositados em Meio Aquoso (DC)..................................... 99
Domínio dos Sedimentos Cenozoicos Inconsolidados do
tipo Coluvião e Tálus (DCICT)...............................................................................109
Domínio dos Sedimentos Cenozoicos pouco a moderadamente consolidados,
associados a pequenas Bacias Continentais do tipo Rift (DCMR)......................... 113
Domínio das Coberturas Sedimentares Mesozoicas (Cretáceas), pouco a
moderadamente consolidadas (DSMC)................................................................ 118
Domínio das Coberturas Sedimentares e Vulcanossedimentares Mesozoicas
e Paleozoicas, pouco a moderadamente consolidadas, associadas a grandes
e profundas Bacias Sedimentares do tipo Sinéclise (DSVMP)...............................126
Domínio do Vulcanismo Fissural do tipo Platô (DVM)..........................................142
Domínio dos Complexos Alcalinos Intrusivos e Extrusivos, diferenciados do
Paleógeno, Mesozoico e Proterozoico (DCA).......................................................159
Domínio das Sequências Sedimentares Proterozoicas do tipo Molassa,
não ou pouco deformadas e metamorfizadas (DSPM).........................................164
Domínio das Sequências Vulcânicas ou Vulcanossedimentares Proterozoicas,
não ou pouco dobradas e metamorfizadas (DSVP1)............................................168
Domínio das Sequências Sedimentares Proterozoicas dobradas,
metamorfizadas de baixo a alto grau (DSP2).......................................................173
Domínio das Sequências Vulcanossedimentares Proterozoicas Dobradas,
Metamorfizadas de Baixo a Alto Grau (DSVP2)....................................................183
Domínio dos Corpos Máfico-Ultramáficos (Suítes Komatiiticas, Suítes Toleíticas,
Complexos Bandados) (DCMU)............................................................................196
Domínio dos Complexos Granitoides Não Deformados (DCGR1).........................202
Domínio dos Granitoides Deformados (DCGR2).................................................. 209
Domínio dos Granitoides Intensamente Deformados: Ortognaisses (DCGR3)......218
Domínio dos Complexos Gnáissico-Migmatíticos e Granulíticos (DCGMGL)........225
Referências ......................................................................................................... 236
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Representação
Código do Domínio Código das Unidades Área
Domínio Geológico-Ambiental no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
Domínio dos sedimentos cenozoicos inconsolidados
DC DCa, DCm, DCmc 6203,0 3,17
ou pouco consolidados, depositados em meio aquoso
Domínio dos sedimentos cenozoicos
DCICT DCICT 64,9 0,03
inconsolidados do tipo coluvião e tálus
Domínio dos sedimentos cenozoicos e/ou
mesozoicos, pouco a moderadamente consolidados, DCMR DCMRsa 614,4 0,31
associados a pequenas bacias continentais do tipo rift
Domínio das coberturas sedimentares mesozoicas
DSMC DSMCe, DSMCef 24910,8 12,71
(cretáceas), pouco a moderadamente consolidadas
Domínio das coberturas sedimentares e DSVMPa, DSVMPae,
vulcanossedimentares mesozoicas e paleozoicas, DSVMPasaf, DSVMPsaa,
pouco a moderadamente consolidadas, associadas DSVMP DSVMPsaacv, 42473,2 21,67
a grandes e profundas bacias sedimentares DSVMPsabc,
do tipo sinéclise DSVMPsaca
DVMb, DVMgd,
Domínio do vulcanismo fissural do tipo platô DVM 101466,4 51,77
DMVrrd
Domínio dos complexos alcalinos intrusivos e
extrusivos, diferenciados do Paleógeno, DCA DCAalcubu 32,9 0,02
Mesozoico e Proterozoico
Domínio das sequências sedimentares proterozoicas
do tipo molassa, não ou pouco deformadas DSPM DSPMcgas 105,5 0,05
e metamorfizadas
95
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Quadro 4.1 - Domínios e unidades geológico-ambientais definidas para o estado do Paraná (continuação).
Representação
Código do Domínio Código das Unidades Área
Domínio Geológico-Ambiental no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
Domínio das sequências vulcânicas ou
DSVP1ocg, DSVP1sacg,
vulcanossedimentares proterozoicas, não ou DSVP1 959,7 0,49
DSVP1va
pouco dobradas e metamorfizadas
Domínio das sequências sedimentares DSP2mcsaa, DSP2mcx,
proterozoicas dobradas, metamorfizadas de baixo DSP2 DSP2mqmtc, DSP2msa, 1327,9 0,68
a alto grau DSP2x
DSVP2af, DSVP2bu,
Domínio das sequências vulcanossedimentares
DSVP2cap, DSVP2csa,
proterozoicas dobradas, metamorfizadas DSVP2 4862,3 2,48
DSVP2q, DSVP2vfc,
de baixo a alto grau
DSVP2x, DSVP2in
Domínio dos corpos máfico-ultramáficos (suítes
DCMU DCMUbu, DCMUmg 29,4 0,02
komatiiticas, suítes toleíticas, complexos bandados)
Domínio dos complexos granitoides DCGR1alc, DCGR1palc,
DCGR1 1730,4 0,88
não deformados DCGR1in
Domínio dos complexos granitoides deformados DCGR2 DCGR2pal, DCGR2salc 5667,2 2,89
Domínio dos complexos granitoides intensamente
DCGR3 DCGR3salc 478,5 0,24
deformados: ortognaisses
DCGMGLglo,
DCGMGLgno,
Domínio dos complexos gnáissico-migmatíticos
DCGMGL DCGMGLgnp, 5056,7 2,58
e granulíticos
DCGMGLmu,
DCGMGLmufb
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Nota: Para os nomes das unidades geológico-ambientais, consultar o Apêndice I (Unidades Geológico-Ambientais do Território Brasileiro).
Figura 4.1 - Distribuição espacial dos domínios geológico-ambientais no estado do Paraná. Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
96
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Representação
Código do Código das Unidades
Padrão de Relevo Área (km2) no Território
Padrão de Relevo Geológico-Ambientais
Paranaense (%)
Vertentes recobertas por depósitos DCa (2), DCmc (6), DCICT (14),
de encosta (rampas de colúvio R1c DCGR2salc (171), DCGR3salc (180), 123,9 0,06
e de tálus) DCGMGLgnp (188)
97
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Representação
Código do Código das Unidades
Padrão de Relevo Área (km2) no Território
Padrão de Relevo Geológico-Ambientais
Paranaense (%)
98
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.2 - Distribuição das principais formas de relevo no território paranaense. Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
DOMÍNIO DOS SEDIMENTOS CENOZOICOS de seus cursos e na faixa costeira, onde são retrabalhados
INCONSOLIDADOS OU POUCO pela ação de rios, lagoas e mar. Ocorrem totalizando uma
CONSOLIDADOS, DEPOSITADOS área de 6.203 km2, significando 3,2% do território do
EM MEIO AQUOSO (DC) estado do Paraná.
As regiões em que predomina esse domínio têm o
Elementos de Definição e substrato formado por pacotes pouco espessos de sedi-
Área de Ocorrência mentos inconsolidados, representados por vários tipos
de silte, argilas, areias e cascalho, gerados no atual ciclo
O domínio DC compreende terrenos geologicamente de erosão e em vários tipos de ambientes deposicionais
mais novos, em processo de construção e retrabalhamento. (marinho, misto e fluvial/lacustre).
Corresponde às áreas baixas em que estão se acumulando Com tal variedade de ambientes de sedimentação,
sedimentos erodidos provenientes de terrenos mais altos, compartimentou-se o domínio DC em três unidades
que foram transportados por rios e depositados ao longo geológico-ambientais (Quadro 4.3; Figura 4.3).
Quadro 4.3 - Unidades geológico-ambientais do domínio DC, no estado do Paraná, e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.
Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
R1a – Planícies fluviais ou fluviolacustres;
Ambiente de planícies
DCa R1c – Depósitos de encosta; 5230,2 2,67
aluvionares recentes
R1d – Planícies fluviomarinhas.
R1b2 – Terraços lagunares;
R1c – Depósitos de encosta;
DCmc Ambiente marinho costeiro 912,3 0,47
R1d – Planícies fluviomarinhas;
R1e – Planícies costeiras.
R1b2 – Terraços lagunares;
Ambiente misto
DCm R1d – Planícies fluviomarinhas; 60,5 0,03
(marinho/continental)
R1e – Planícies costeiras.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
99
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.3 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro do domínio dos sedimentos cenozoicos
inconsolidados ou pouco consolidados, depositados em meio aquoso (DC). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
100
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Obras de engenharia
Adequabilidades ou potencialidades
101
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.7 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro do domínio dos sedimentos cenozoicos inconsolidados
ou pouco consolidados, depositados em meio aquoso (DC). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Nessa unidade, os terrenos apresentam, em geral, A ocorrência de argilas moles é mais comum em
boa capacidade de suporte para obras de até médio porte. extensas planícies da unidade DCa e terrenos da unidade
Ressalta-se que a unidade DCa engloba principalmente DCm. Nesses últimos, em adição aos problemas resultantes
as planícies de inundação dos rios, onde muitas não são da baixa capacidade de suporte, a presença de material
passíveis de serem cartografadas na escala deste trabalho, orgânico pode ocasionar corrosão de tubulações e de estru-
mas que ocorrem em meio a muitas áreas urbanas pelo turas enterradas de aço ou concreto e, consequentemente,
estado do Paraná. vazamentos em dutos, além da deterioração de blocos de
ancoragem e estacas.
Limitações Há registros de problemas construtivos relacionados a
recalques e a rupturas durante a implantação de oleodutos
A execução de escavações, perfurações e sondagens é e gasodutos relacionados às ocorrências de argilas moles
mais difícil nos depósitos formados, predominantemente, em meio aos sedimentos da unidade DCa, na região da
por cascalho, onde a resistência à penetração é bastante bacia do rio Barigui, entre os municípios de Araucária e
variável, demandando períodos mais longos para realização Curitiba (NASCIMENTO; PUPPI, 2008).
de obras e equipamentos mais caros, os quais estão sujeitos Na unidade DCmc podem ocorrer depósitos de areia
a maior desgaste. muito friável, sujeitos ao fenômeno da liquefação, que se
Nas planícies de inundação e em outras áreas mais desestabilizam com facilidade em escavações. A conjuga-
baixas existe possibilidade de ocorrência de solos moles ção de elevada permeabilidade em superfície, baixíssima
(ou argilas moles), que são constituídos por partículas de capacidade adsortiva e a presença de lençol freático ex-
tamanho argila ou silte e apresentam, como características clui esses solos para qualquer disposição de efluente ou
principais: alta compressibilidade, baixa resistência, baixa resíduos sólidos.
permeabilidade e baixa consistência. Como são solos com Nessa unidade, em áreas de ocorrência de Espodos-
baixa capacidade de suporte, são suscetíveis a adensamen- solos, a condutividade hidráulica diminui drasticamente no
tos e as estruturas neles construídas tornam-se sujeitas a horizonte subsuperficial mais escuro e endurecido, sendo
recalques e mesmo rupturas, como no caso de fundações. importante detectar a profundidade em que ocorre.
102
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
103
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.11 - Enrocamentos para deter erosão costeira sobre terrenos da unidade DCmc (região da orla marítima de Matinhos, PR).
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
104
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Adequabilidades ou potencialidades
105
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Na unidade DCmc, existe o risco de intrusão da cunha A unidade DCmc compreende ambiente geológico fa-
salina, no caso de poços que estejam superexplotados. vorável à ocorrência de jazimentos minerais detríticos, como
A unidade DCm não apresenta potencial para água ilmenita, em depósitos do tipo plácer. Silva e Leite (2000)
subterrânea por compreender depósitos pouco permeáveis, citam depósitos de ilmenita em paleocanais afogados na
constituídos, principalmente, por argilas e material orgâni- região da Baía de Paranaguá (Quadro 4.4).
co. Adicionalmente, nesses ambientes geológicos há sérias
restrições quanto à qualidade da água. Limitações
Quadro 4.4 - Unidades geológico-ambientais do domínio DC, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.
106
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Quadro 4.5 - Unidades geológico-ambientais do domínio DC, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.
APA das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná; Parque Beleza paisagística, presença
DCa
Nacional da Ilha Grande. de rica fauna e flora.
Figura 4.15 - Ponta da Pita: praia sobre terrenos da Figura 4.17 - Planície costeira e balneário Praia Grande sobre
unidade DCmc (Antonina, PR). Fotografia: terrenos da unidade DCmc (Matinhos, PR). Fotografia:
Andrea Fregolente Lazaretti (2011). Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
Figura 4.16 - Planície costeira e baía de Paranaguá, com Figura 4.18 - Região estuarina da APA de Guaratuba (PR),
manguezais ao fundo, nas ilhas das Rosas e Guamiranga com predomínio de terrenos das unidades DCmc e DCm.
(Antonina, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Fotografia: Almir Bindilatti (2006).
107
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.19 - Praia e vegetação de restinga sobre a unidade Figura 4.22 - Lagoa Azul, sobre terrenos da unidade DCa.
DCmc. Parque Nacional do Superagui (Guaraqueçaba, PR). Parque Nacional da Ilha Grande (Alto Paraíso, PR).
Fotografia: Pousada Superagui (2006). Fotografia: Erick Caldas (2010).
108
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
109
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.24 - Representação da unidade geológico-ambiental do estado do Paraná dentro do domínio dos sedimentos
cenozoicos inconsolidados do tipo coluvião e tálus (DCICT). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Figura 4.25 - Depósitos de colúvio e tálus nos sopés das vertentes da serra das Canavieiras.
Parque Nacional Guaricana (Morretes, PR). Fotografia e ilustração: Deyna Pinho (2011).
110
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.26 - Formas de relevo predominantes na unidade geológico-ambiental do estado do Paraná dentro do domínio
dos sedimentos cenozoicos inconsolidados do tipo coluvião e tálus (DCICT). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
111
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Agricultura
112
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Predomínio de sedimentos
DCMRsa R2a1 – Tabuleiros 614,4 0,31
síltico-argilosos
113
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.30 - Representação da unidade geológico-ambiental do estado do Paraná dentro do domínio dos sedimentos cenozoicos pouco
a moderadamente consolidados, associados a pequenas bacias continentais do tipo rift (DCMR). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Figura 4.31 - Representação das formas de relevo do estado do Paraná dentro do domínio dos sedimentos cenozoicos pouco a
moderadamente consolidados, associados a pequenas bacias continentais do tipo rift (DCMR). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
114
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Limitações
115
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Agricultura
Adequabilidades ou potencialidades
Figura 4.36 - Agricultura sobre a unidade DCMRsa;
rodovia PR-281 (Tijucas do Sul, PR). Fotografia:
No domínio DCMR, os sedimentos síltico-argilosos Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
que afloram formam solos residuais porosos, que arma-
zenam e mantêm boa disponibilidade de água para as
plantas por longos períodos, mesmo com a ocorrência de
estiagens prolongadas.
Os solos com camadas síltico-argilosas possuem grande
capacidade de reter e fixar nutrientes e de assimilar matéria
orgânica, apresentando resultados promissores quando adu-
bados, o que resulta em aumento na produtividade agrícola.
A baixa qualidade química do solo é compensada pela
boa qualidade física, portanto, desde que corretamente
manejados e com condições topográficas favoráveis,
apresentam potencial para implantação de áreas para
agricultura intensiva. Como nesse domínio predomina o
relevo suavizado, com baixo potencial para erosão hídrica, a
declividade favorece o uso de implementos agrícolas moto-
rizados e a mecanização das lavouras (Figuras 4.35 e 4.36).
As áreas de várzeas localizadas nos rios da Várzea e Figura 4.37 - Cultivo agrícola de arroz sobre a unidade
Iguaçu e seus afluentes têm excelente potencial para agricul- DCMRsa; rodovia PR-281 (Tijucas do Sul, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011).
tura intensiva do arroz irrigado por inundação (Figura 4.37).
Limitações
116
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Em áreas onde os sedimentos arenosos afloram, estes Esse padrão irregular entre camadas de composições
geram solos residuais à base de areia quartzosa, que são variadas pode aumentar a vulnerabilidade dos aquíferos,
bastante erodíveis e permeáveis, de reduzida capacidade caso ocorra, nessas áreas, a instalação de tanques de
hídrica e que perdem água com rapidez. São solos classifi- armazenamento de combustíveis ou produtos químicos.
cados como ácidos e com baixa fertilidade natural, apresen- Os solos que a unidade DCMRsa forma são predomi-
tando dificuldades de reter e fixar nutrientes. Mesmo com nantemente argilosos e profundos, sendo pouco permeá-
práticas agrícolas consorciadas e com o uso de adubação veis e desfavoráveis à ocorrência de volumes de recarga nos
(uso de elementos orgânicos) e fertilização (uso de compos- lençóis de água subsuperficiais locais, ocasionando baixo
tos inorgânicos), o resultado será baixa produção agrícola. potencial na produtividade de poços locados na região.
Quadro 4.7 - Unidade geológico-ambiental do domínio DCMR, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.
117
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Elementos de Definição e
Área de Ocorrência
118
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Representação
Código da Unidade Área
Unidade Geológico-Ambiental Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
Predomínio de sedimentos quartzoarenosos
finos, com cimentação carbonática e
R4a1 – Domínio das colinas
DSMCef intercalações subordinadas síltico-argilosas 5895,53 2,96
amplas e suaves.
(ambientes deposicionais: eólico
e/ou eólico-fluvial)
R2a2 – Tabuleiros dissecados;
Predomínio de sedimentos quartzoarenosos R4a1 – Colinas amplas e suaves;
DSMCe 19015,25 9,53
finos (ambiente deposicional: eólico) R4a2 – Domínio de colinas
dissecadas e morros baixos.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Figura 4.40 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro das coberturas
sedimentares mesozoicas (cretáceas), pouco a moderadamente consolidadas (DSMC). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Essa unidade ocorre próximo às áreas urbanas de Essa unidade ocorre próximo às áreas urbanas de
Cianorte, Goio-Erê, Nova Esperança, Paranacity, Mariluz Altônia, Astorga, Cruzeiro do Oeste, Loanda, Paranavaí,
e Moreira Salles. Corresponde à associação de rochas Porecatu, Umuarama. Corresponde aos sedimentos das
sedimentares da Formação Goio-Erê, do Grupo Caiuá, da formações Santo Anastácio e Rio Paraná, do Grupo Caiuá,
Bacia Sedimentar Bauru, mais especificamente, arenitos da Bacia Sedimentar Bauru, mais especificamente, arenitos
finos a muito finos com cimentação carbonática e nódulos finos a médios, arenitos muito finos a finos, quartzosos,
de calcário. esporadicamente, com cimentação carbonática.
119
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.41 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro das coberturas sedimentares mesozoicas
(cretáceas), pouco a moderadamente consolidadas (DSMC). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
120
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Características, Adequabilidades e
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
Obras de engenharia
Adequabilidades ou potencialidades
Limitações
Figura 4.43 - Arenito fino a médio, com estratificação cruzada, na
As unidades geológico-ambientais de caráter sedimen- unidade DSMCe (Cafezal do Sul, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
tar, com baixa resistência ao intemperismo físico-químico,
ao sofrerem alteração, formam solos arenosos finos, com
muito silte, de baixa expansividade, mas extremamente
erodíveis, que apresentam baixa estabilidade nas paredes
de taludes de corte, sendo classificados geotecnicamente
como de má qualidade para uso como material de emprés-
timo, a não ser como areia (Figura 4.44).
Nas regiões em que predominam cimentação car-
bonática ou concreções calcárias, estas darão caracte-
rísticas geotécnicas e hidraulicas contrastantes às rochas
sedimentares mais comuns na unidade DSMCef, como
maior resistência à penetração por sondagem rotativas, à
desagregação e à formação de mais fraturas, facilitando a
percolação de água subterrânea. Tais características podem
se tornar agravantes em obras de corte de talude.
Segundo Fernandes et al. (1994), as unidades geoló-
gico-ambientais do domínio DSMC podem possuir de 10
Figura 4.44 - Solo residual arenoso sobre sedimentos da unidade
a 15% de argilominerais predominantemente expansivos DSMCe, sendo retirado como material de empréstimo (Mirador,
(do grupo das esmectitas). PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
121
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.45 - Voçoroca de mais de 600 m de extensão sobre Figura 4.48 - Recuperação de área com erosão originada pela
sedimentos da unidade DSMCe (Cafezal do Sul, PR). ausência de drenagem urbana adequada (Umuarama, PR).
Fotografia: Gilberto Lima (2011). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
Figura 4.46 - Erosão sobre sedimentos da unidade DSMCef, devido Figura 4.49 - Voçoroca em área periférica urbana (unidade
à concentração de escoamento superficial em talude de corte DSMCe), originada por ausência de drenagem urbana adequada
(Presidente Castelo Branco, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). (Umuarama, PR).Fotografia: Deyna Pinho (2011).
122
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.50 - Remoção da cobertura vegetal, que leva à exposição Figura 5.52 - Uso agrícola para extensas monoculturas em
de sedimentos da unidade DSMCe, altamente suscetíveis à erosão solos oriundos de sedimentos da unidade DSMCef (Quarto
eólica (Inajá, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Centenário, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
Figura 5.51 - Assoreamento de leito das drenagens naturais, Figura 5.53 - Relevo de colinas amplas e suaves e uso do solo
devido a processos erosivos oriundos de sedimentos da unidade para extensas monoculturas sobre sedimentos da unidade DSMCe
DSMCe (Cafezal do Sul, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). (Cidade Gaúcha, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
Agricultura Limitações
Adequabilidades ou potencialidades Os solos arenosos (Figura 4.54) não têm grande capaci-
dade de reter e fixar nutrientes e de assimilar bem a matéria
As litologias formadoras desse domínio, quando sofrem orgânica, sendo necessário o uso de muitos corretivos (Figura
intemperismo físico-químico, formam solos predominante- 4.55) e fertilizantes agrícolas.
mente dos tipos Latossolos e Nitossolos arenosos (EMBRAPA, A permeabilidade, que depende do grau de porosida-
2007). Esses solos possuem, normalmente, elevada acidez e de, varia de moderada, em solos pouco evoluídos, a alta,
baixa fertilidade natural, elevada porosidade, característica nos bem evoluídos, sendo que, nas áreas de relevos suaves,
hídrica importante, pois possibilita o armazenamento de a predominância de solos residuais arenossiltosos com
bons volumes de água, mantendo disponibilidade hídrica pedogênese avançada acarreta alta erodibilidade e baixa
em períodos de baixa pluviosidade para a vegetação ou para fertilidade natural.
áreas agriculturáveis existentes nessas regiões. Os solos desse domínio possuem alta erodibilidade,
Na região do domínio DSMC, é comum o uso do solo devido ao seu teor síltico-arenoso e à pequena pre-
para pecuária e extensas monoculturas (Figuras 4.52 e 4.53), sença de argilominerais expansíveis. Assim, é comum o
pois o relevo suavemente ondulado é propício à mecaniza- uso de bacias de retenção para diminuir o escoamento
ção da agricultura e a baixa fertilidade natural induz o uso superficial e evitar a erosão e a perda de terra cultivá-
para pastagens e criação de gado. vel (Figura 4.56).
123
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Adequabilidades ou potencialidades
Limitações
Figura 4.56 - Bacia de retenção de escoamento superficial, para Figura 4.57 - Início de processo erosivo induzido pelo pisoteio de
amenizar o início de processos erosivos em propriedades rurais, sobre gado sobre a unidade DSMCe (Paranavaí, PR). Fotografia:
a unidade DSMCe (Umuarama, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
124
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Assim, lançamentos individualizados, como vazamentos Há ocorrências de muitos depósitos irregulares de resíduos
em rede de esgotos sanitários, ou vazamentos de efluentes pela região noroeste do Paraná, ou na forma de “lixões” ou
industriais, ou a presença de tanques de combustíveis enter- mesmo de aterramento de áreas que sofreram processos
rados com vazamentos, ou o descarte inadequado de resídu- erosivos (ravinas e voçorocas). A alta permeabilidade do solo
os, ou o uso de agrotóxicos por extensas monoculturas, em arenoso residual desse domínio, rapidamente, promoveria
um ponto ou área específica contendo solos residuais, são o carreamento desses resíduos até as drenagens naturais, o
as principais fontes pontuais de contaminação do aquífero que aumentaria os processos de assoreamento e, consequen-
livre, que, rapidamente, atingiriam o nível d’água. temente, a diminuição da disponibilidade hídrica na região.
Os arenitos da unidade DSMCef, por possuírem cimen-
tação carbonática ou concreções calcárias, podem ter ca- Recursos minerais
ráter semiconfinado localmente em determinadas regiões
de ocorrência dessa unidade, além de influenciar as carac- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
terísticas físico-químicas da água subterrânea.
A disposição irregular de resíduos sólidos inertes e As unidades do domínio DSMC possuem grande
não inertes sobre solos residuais oriundos de arenitos do potencial para extração de areia em cava seca, por meio
domínio DSMC pode se tornar importante fonte pontual de desmonte hidráulico, pois os arenitos não são muito
de contaminação do Aquífero Caiuá (Figuras 4.58 e 4.59). consolidados, apresentando fácil desagregação (Figura
4.60; Quadro 4.9).
Infelizmente, o método de extração de areia por des-
monte hidráulico e cava seca gera impactos ambientais,
como a formação de grandes lagoas ou tanques de de-
cantação, remoção da cobertura vegetal e transfiguração
da paisagem e relevo do local.
Figura 4.59 - Aterramento de área com processos erosivos e Figura 4.60 - Extração de arenito da unidade DSMCe, para uso
resíduos inertes e não inertes, em sedimentos da unidade DSMCe como areia em construção civil (Cafezal do Sul, PR).
(Cafezal do Sul, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
125
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Elementos de Definição e
Área de Ocorrência
126
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
As áreas de ocorrência localizam-se entre o arco de São Mateus do Sul, Sengés, Telêmaco Borba, Tibagi, Rio
Ponta Grossa e o Planalto Centro-Ocidental, incluindo a Negro, União da Vitória, entre outros de menor população.
Depressão Ivaí e o Platô de Furnas. Assim, são constituintes Ocorrem totalizando uma área de 42.473,24 km2, signifi-
principais no substrato sob os municípios de Arapoti, Ibaiti, cando 21,67% do território do estado, sendo o segundo
Imbituva, Irati, Jacarezinho, Jaguariaíva, Lapa, Ortigueira, domínio em área de abrangência do estado do Paraná
Palmeira, Ponta Grossa, Reserva, Santo Antônio da Platina, (Quadro 4.10; Figura 4.63).
Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
127
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.63 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro das coberturas sedimentares e
vulcanossedimentares mesozoicas e paleozoicas, pouco a moderadamente consolidadas, associadas a grandes e profundas bacias
do tipo sinéclise (DSVMP). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
128
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
129
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.64 - Representação cronoestratigrafica das formações da bacia do Paraná, destacando-se em vermelho
as constituintes das coberturas sedimentares e vulcanossedimentares mesozoicas e paleozoicas, pouco a moderadamente
consolidadas, associadas a grandes e profundas bacias do tipo sinéclise (DSVMP). Fonte: Adaptado de
Mantesso-Neto et al. (2004).
A Formação Palermo representa ambiente de deposição A Formação Irati foi depositada em ambiente marinho
marinho de plataforma rasa, formada por siltitos, siltitos de água rasa e é formada por argilitos, folhelhos sílticos,
arenosos, cinzentos e esverdeados, com intensa bioturba- folhelhos pirobetuminosos, siltitos, em alternância rítmica
ção, de aspecto muito homogêneo (BRASIL, 2014). com calcários e restritos níveis conglomeráticos (SCHNEIDER
O Grupo Passa Dois é subdividido nas formações Rio et al., 1974).
do Rasto, Teresina, Serra Alta e Irati. A Formação Rio do A Formação Botucatu esta associada a ambiente
Rasto é formada por sedimentos essencialmente clásticos, deposicional desértico por ação eólica, localmente com
depositados em planícies de marés, lagos, planícies fluviais, ação fluvial. É composta por arenitos médios a grossos,
quartzosos, avermelhados, localmente conglomeráticos,
mais especificamente, siltitos, arenitos finos esverdeados,
com aspecto bastante homogêneo e pacotes espessos
argilitos e siltitos avermelhados intercalados com lentes
(STRUGALE et al., 2004).
de arenitos finos (SCHNEIDER et al., 1974). A Formação
Teresina está relacionada a um ambiente de planície de
Formas de Relevo e Solos
maré e marinho raso (inframaré e supramaré); são rochas
sedimentares constituídas de calcário micrítico e estroma- Na região das unidades DSVMP, predominam áreas
tolítico, intercalado com siltitos acinzentados (MINEROPAR, em que o relevo possui maiores declividades (Figura 4.65),
2001). A Formação Serra Alta foi depositada em ambiente devido, principalmente, à relação dos litotipos e à história
marinho de água rasa e é constituída por argilitos, folhelhos geológico-estrutural, como o domínio de colinas dissecadas
e siltitos cinza-escuro, com lentes e concreções calcíferas e morros baixos, domínio de morros e de serras baixas,
(SCHNEIDER et al., 1974). escarpas serranas e rebordos erosivos.
130
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.65 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro das coberturas sedimentares e vulcanossedimentares
mesozoicas e paleozoicas, pouco a moderadamente consolidadas, associadas a grandes e profundas bacias do tipo sinéclise (DSVMP).
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
131
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Limitações
b
As limitações do domínio frente a obras referem-se
a escavações e perfurações mais profundas, que podem
alcançar litologias das mais variadas e contrastantes carac-
terísticas geotécnicas (Figuras 4.66 a 4.73).
Em relevos mais acidentados, como nas formas de
relevo domínio montanhoso, escarpas serranas, degraus
estruturais e rebordos erosivos e vales encaixados, é eleva-
da a suscetibilidade à erosão e a movimentos de massa. São
áreas desaconselháveis para ocupação. Estruturas planares,
como planos de acamadamento das rochas, fraturas e
falhas, atuam como descontinuidades que potenciali-
zam rupturas nos taludes das encostas, especialmente,
quando apresentam inclinação coincidente com a do ter-
reno (Figura 4.74).
Figura 4.66 - Rochas sedimentares arenosas, com destaque para Figura 4.68 - Rochas sedimentares areníticas da unidade DSVP2a,
as estratificações cruzadas, da unidade DSVMPae (São Jerônimo com estratificações plano-paralelas bem pronunciadas (Porto
da Serra, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Amazonas, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
132
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.69 - Rochas sedimentares constituídas de siltitos e siltitos Figura 4.72 - Rochas sedimentares, com intercalações de espessos
arenosos da unidade DSVMPsaca (São Mateus do Sul, PR). pacotes de arenito com camadas menores de folhelhos (em
Fotografia: Deyna Pinho (2011). destaque), com resistências e descontinuidades diferentes, na
unidade DSVMPsaa (Cândido de Abreu, PR).Fotografia: Andrea
Fregolente Lazaretti (2011).
133
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.74 - Deslizamento planar de solo, em talude de corte em Figura 4.75 - Desplacamento em rochas sedimentares
rodovia, expondo horizonte alterado de sedimentos da unidade constituídas de siltitos e argilitos da unidade DSVMPsaa
DSVMPasaf (Lapa, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). (Tibagi, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
Os solos residuais são argilosos e se comportam como Nas unidades geológico-ambientais em que pre-
materiais brandos. São constituídos por partículas coesivas dominam rochas areníticas, o intemperismo forma solos
facilmente penetráveis por ferramentas e sem resistência à excessivamente arenosos, friáveis, permeáveis e erodíveis.
separação. Apresentam baixa consistência e baixa capaci- Em caso de aflorarem em taludes de corte, apresentarão
dade de suporte em posições topográficas que favorecem suscetibilidade à ocorrência de escorregamentos. Da mesma
a concentração de umidade. Apresentam permeabilidade forma, se estradas em áreas com esse tipo de solo não
baixa a muito baixa. forem pavimentadas, haverá restrições à trafegabilidade,
A unidade geológico-ambiental DSVMPa apresenta com formação intensa de poeira em períodos prolongados
relevo com variada amplitude, o que influencia no tipo de estiagem.
de escoamento superficial. Este poderá ser relativamente A unidade geológico-ambiental DSVMPae é formada
rápido e com alto potencial erosivo, acarretando problemas por arenitos que se alteram para solos friáveis à base de
em obras do tipo estradas e pontes em períodos de chuvas quartzo, com alta esfericidade dos grãos. Devido a tais
intensas. Tal característica do padrão de escoamento hídri- características mineralógicas, os solos dessas áreas estão
co em solo arenoso e de alta declividade deflagra intenso sujeitos ao fenômeno da liquefação (tipo areia movediça).
processo de erosão linear, que pode evoluir para o apare- As unidades geológico-ambientais DSVMPasaf,
cimento de voçorocas. DSVMPsaa, DSVMPsaacv, DSVMPsaca e DSVMPsabc
Na unidade geológico-ambiental DSVMPae, o relevo apresentam, em sua composição estratigráfica, camadas
suave do tipo colinas amplas e suaves mostra-se mais de argilitos maciços, de permeabilidade muito baixa, geral-
favorável à existência de áreas com profundos areiões, mente rijos e plásticos, com cerosidade elevada. Oferecem
onde estradas vicinais apresentam difícil trafegabilidade. dificuldades à escavação e/ou perfuração com sondas ro-
Os relevos escarpados dessa unidade apresentam quebras tativas quando estão úmidos. Ocorrem, também, camadas
abruptas de declives, paredões verticalizados, com expo- formadas por litologias microclásticas, folhelhos finamente
sição de rochas areníticas densamente fraturadas, com laminados, com evidências de que são portadores de ar-
possibilidade de desplacamentos e queda de blocos, além gilominerais expansivos; por isso, se expostos às variações
de frentes erosivas sujeitas a movimentos naturais de massa. dos estados úmido e seco, fendilham-se, desagregam-se
Nas unidades geológico-ambientais DSVMPa e DS- em pequenas “pastilhas” e se tornam altamente erodíveis
VMPae, há predomínio de sedimentos à base de quartzo, (Figura 4.76). Por apresentarem grande heterogeneidade
bastante abrasivos, que oferecem dificuldade à perfuração litológica na vertical, favorecem, em taludes de corte,
com sondas rotativas (as brocas desgastam-se rapidamen- processos de erosão diferenciada, quedas de blocos e
te), com baixa resistência ao cisalhamento e portadores de ocorrências de surgência de água.
muitas fraturas abertas, tornando mais percolativas essas Nas unidades geológico-ambientais DSVMPsaa, DS-
litologias. O padrão de fraturamento dessas litologias fa- VMPsaacv, DSVMPsaca e DSVMPsabc, o relevo mostra certa
cilita a queda de blocos e de placas rochosas em taludes irregularidade na amplitude, o que reflete no padrão de
de corte ou em paredões verticais existentes em áreas de escoamento superficial, tornando-o relativamente rápido e
relevo mais acidentado (Figura 4.75). com alto potencial erosivo em períodos de chuvas intensas.
134
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
135
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
a b
Figura 4.77 - Dois perfis de solos residuais típicos do domínio DSVMP: a) argissolo sobre rochas sedimentares da unidade
DSVMPsaca (Rebouças, PR); b) latossolo bruno sobre rochas sedimentares da unidade DSVMPsaa (Tibagi, PR).
Fotografias: Deyna Pinho (2011).
a b
c d
Figura 4.78 - Relevo de colinas amplas e suaves, localmente mais dissecadas, propício a extensas monoculturas com uso
de mecanização e criação de gado, sobre as unidades DSVMPsabc, DSVMPsaca, DSVMPsaca e DSVMPsaa, nos municípios
paranaenses de Ivaí (a), Sapopema (b), Rebouças (c) e Tibagi (d), respectivamente. Fotografias: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
136
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
137
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Nas regiões em que predominam litologias síltico- A unidade DSVMPae representa parte do Aquífero Gua-
argilosas intercaladas com folhelhos, os processos pedo- rani, importante reservatório de água subterrânea que se es-
genéticos formarão solos com composição francamente tende pelos territórios do Brasil, Paraguai, Uruguai e Uruguai.
argilosa. Em caso de uso contínuo de máquinas agrícolas No estado do Paraná, o Aquifero Guarani ocorre aflorante
e/ou pisoteio intensivo de gado sobre solos síltico-argilosos, na superfície por 2018,57 km2 (1% do território estadual),
ocorrerá aumento no grau de compactação e impermea- mas se estende de forma confinada por 129281,43 km2
bilização da camada superior do solo, o que favorecerá o (66% do território estadual), com espessuras variando de
início de processos erosivos. 50 a 800 m e vazão média de 100 m3/h, podendo alcançar
1.000 m3/h (AGUASPARANÁ). Esse mesmo potencial como
Recursos hídricos subterrâneos aquífero está disponível nas unidades geológico-ambientais
e fontes poluidoras onde há predomínio de sedimentos arenosos, como, por
exemplo, as camadas mais arenosas presentes nas unidades
Adequabilidades ou potencialidades DSVMPasaf e DSVMPsaa.
Nas unidades geológico-ambientais DSVMPasaf, DS-
Na unidade geológico-ambiental DSVMPae, há predo- VMPsaa, DSVMPsaacv, DSVMPsaca e DSVMPsabc, ocorrem
mínio de arenitos à base de quartzo com alta esfericidade intercalações de camadas litológicas, como siltitos, argilitos
e boa seleção granulométrica. São rochas geralmente e folhelhos, que apresentam características hidrodinâmicas
portadoras de muitas fraturas abertas e de direções varia- muito contrastantes. Tais diferenças favorecem a existência
das, caracterizando a unidade como um aquífero de alto de bons aquíferos subterrâneos do tipo semiconfinado.
potencial armazenador e circulador de água e com boa As camadas de calcário que ocorrem nas unidades
homogeneidade hidrodinâmica lateral e vertical. Nessa geológico-ambientais DSVMPsaca e DSVMPsabc podem
unidade, há áreas com predomínio de relevo plano com conter descontinuidades e cavidades de dissolução (poro-
ocorrência de extensos areões inconsolidados e de perme- sidade cárstica). Os aquíferos existentes nessas unidades
abilidade elevada, sendo locais onde os lençóis de águas têm bom potencial de armazenamento e alta transmissi-
subterrâneas são abundantemente recarregados. vidade de água (Figura 4.82).
a b
c d
Figura 4.82 - Área de nascente sobre unidade DSVMPsaca em Curiúva (PR): a) potencial fonte de contaminação do aquífero por
necrochorume oriundo de cemitério; b) proximidade da ocupação urbana com a área de nascente; c) capitação da surgência de água
subterrânea; d) surgência de água subterrânea. Fotografias: Deyna Pinho (2011).
138
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Em relevos mais suaves, as unidades DSVMPa (For- O relevo mais suavizado, nessas regiões, reflete no
mação Furnas), DSVMPsaacv (Formação Rio Bonito) e sistema de drenagem principal lentidão de escoamento
DSVMPasaf (Grupo Itararé) são as que apresentam me- das águas, ocasionando baixa oxigenação e reduzida
lhor comportamento como aquífero, sendo as principais capacidade de depurar poluentes químicos ou orgânicos.
representantes do Aquífero Paleozoico. Nesse aquífero, as Quando o relevo se mostra mais modificado, por
maiores vazões registradas na extração de água subterrânea exemplo, em áreas de escarpas serranas, há baixa recarga
estão associadas às rochas das unidades DSVMPa (Forma- das águas subterrâneas.
ção Furnas) e DSVMPsaacv (Formação Rio Bonito) alcan- Nos locais onde ocorrem degraus estruturais e re-
çando vazões máximas de 18 e 23 m3/h, respectivamente. bordos erosivos, há exposição de arenitos fraturados que
são altamente percolativos, constituindo-se em áreas de
Limitações descarga do Aquífero Guarani e locais portadores de inú-
meras nascentes de água.
As unidades geológico-ambientais com grande quan- Nas unidades geológico-ambientais DSVMPsaca e
tidade de sedimentos síltico-argilosos (DSVMPasaf, SVMP- DSVMPsabc, ocorrem terrenos naturalmente pouco per-
saa, DSVMPsaacv, DSVMPcgf, DSVMPsaca e DSVMPsabc) meáveis, com escoamento superficial rápido. Nas áreas
compreendem terrenos com pequeno potencial hidro- de relevo mais acidentado e com alta densidade de canais
geológico, devido aos baixos valores de permeabilidade, de drenagem, a maior parte das águas das chuvas escoa
aliado ao fato de, frequentemente, ocorrerem em relevo com grande velocidade, formando enxurradas com forte
mais acidentado. potencial erosivo. As mudanças climáticas, associadas a
Nas unidades geológico-ambientais DSVMPa, DSVMPae, processos antropogênicos de uso e ocupação do solo,
DSVMPaef e DSVMPasaf, há predomínio de litologias for- influenciam na vazão e, consequentemente, no nível dos
madas por sedimentos arenoquartzosos, que têm como cursos d’água existentes nessas regiões.
características marcantes alta porosidade e permeabilidade.
Tais litologias geram solos excessivamente permeáveis e Recursos minerais
com baixa capacidade de reter e eliminar poluentes.
As rochas areníticas, como as da Formação Botucatu, Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
têm padrão de fraturamento mais intenso, onde poluen-
tes, como defensivos agrícolas, podem atingir os lençóis O potencial mineral desse domínio para exploração
de águas subterrâneas rapidamente, o que demonstra a de substâncias de uso na indústria da construção civil é
alta vulnerabilidade a fontes contaminantes pontuais e grande, ocorrendo várias unidades com jazidas de argila,
difusas de aquíferos intensamente fraturados, fazendo areia e calcário.
com que toda a região aflorante da unidade DSVMPae seja Nas unidades onde predominam arenitos, como, por
considerada área de altíssima vulnerabilidade ambiental exemplo, as unidades DSVMPa e DSVMPae, além da grande
em relação ao Aquifero Guarani. Podem ocorrer, nessa ocorrência de areia na região de Jundiaí do Sul a Tomazim,
unidade, áreas em que os arenitos apresentam porosidade há ocorrências de rochas silicificadas e homogêneas, com
e permeabilidade baixa, devido ao alto grau de diagênese grande variação de tonalidades, apresentando potenciali-
por processos de silicificação, o que reduz o espaço entre dade para exploração de pedra para revestimento de uso
os grãos de quartzo e o potencial hidrogeológico de ar- na indústria da construção civil.
mazenar e conduzir as águas subterrâneas. As rochas tipo varvitos, da unidade DSVMPasaf (Grupo
Nas unidades geológico-ambientais DSVMPa, Itararé), mostram potencial para aproveitamento mineral
DSVMPsaa, DSVMPsaacv, DSVMPsaca e DSVMPsabc, para extração de lajes de uso como revestimento, assim
ocorrem áreas onde predominam relevos acidentados. como os arenitos desse mesmo grupo mostram potencial
Nos períodos de alta pluviosidade, o escoamento superficial para reservatórios de gás.
é relativamente rápido até os canais de drenagem, podendo Há ambiência geológica favorável à prospecção de car-
ocasionar fortes enxurradas que causarão danos junto às vão e turfa na unidade geológico-ambiental DSVMPsaacv,
margens de canais, córregos e riachos. formando os distritos minerais de Ponta Grossa, Teixeira
Na unidade DSVMPsaacv, mais especificamente rela- Soares e Gravataí-Glorinha.
cionado à presença de camadas de carvão, a água subter- As formações sedimentares Ponta Grossa e Rio
rânea, localmente, pode apresentar sulfato em quantidade do Rasto (DSVMPsaa), Teresina, Serra Alta e Palermo
elevada, inviabilizando seu consumo ou potabilidade. (DSVMPsaca) têm como predominância camadas de ar-
Na unidade geológico-ambiental DSVMPae, o relevo gila com alto potencial para uso na indústria cerâmica,
mais plano representa uma condição topográfica desfavo- localizando-se nessas regiões o Polo Cerâmico de Ortigueira
rável a que aflore o lençol freático. Além disso, não existem, e Prudentópolis, com destaque também para Cândido de
ou são poucos, os cursos d’água, como riachos ou córregos. Abreu (Figura 4.83).
139
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
140
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
141
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.89 - Estrias glaciais de Witmarsum sobre rochas da DOMÍNIO DO VULCANISMO FISSURAL
unidade DSVMPa (Colônia Witmarsum, Palmeira, PR). DO TIPO PLATÔ (DVM)
Fotografia: Deyna Pinho (2011).
Elementos de Definição e
O parque exibe, ainda, uma antiga chaminé e antigos túneis Área de Ocorrência
de extração de carvão (GUIA DAS ARTES, 2015).
O domínio DSVMP contém o mais rico registro O domínio DVM compreende sequências de rochas
fossilífero da Bacia do Paraná. Segundo Mineropar (2001), vulcânicas associadas geradas no Mesozoico, mais espe-
há ocorrência de icnofósseis (com vestígios de atividade cificamente, durante o Cretáceo, que foram extravasadas
biológica de organismos do passado, como pegadas, durante um dos maiores eventos de vulcanismo já registra-
rastros, tubos, coprólitos) e de restos vegetais na uni- dos na história geológica da Terra, cobrindo os sedimentos
dade geológico-ambiental DSVMPa (Formação Furnas). da Bacia do Paraná.
142
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Quadro 4.12 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSVMP, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.
Características de
Código do Domínio Código da Unidade Atrativo Geoturístico, Geossítios, Quilombolas,
Interesse Intrínsecas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Comunidades Indígenas, Áreas de Conservação
à Geodiversidade
Histórico-científico;
Floresta Nacional de Iratí; Parque Estadual
DSVMPsaacv exuberante fauna
da Mina Velha.
e flora.
RESEC Fernando Ribeiro; Saltos Nova Boa Vista, do Tony,
Exuberante fauna e
Barão do Rio Branco, Manduri e São João; Cachoeira
DSVMPsaca flora; beleza paisagística;
Véu da Noiva; Terras Indígenas de Tibagy/Mococa,
geomorfológico.
Queimadas e Pinhalzinho; Pico Agudo.
Beleza paisagística;
DSVMPsabc Salto Dito Gardiano.
geomorfológico.
O domínio DVM está representado por três unidades Características das Unidades
geológico-ambientais: Geológico-Ambientais
• Predomínio de rochas básicas extrusivas;
• Predomínio de rochas básicas intrusivas e; As unidades geológico-ambientais que compõem
• Predomínio de rochas ácidas. o domínio DVM são constituídas por rochas vulcânicas
As áreas de ocorrência localizam-se sobre a Bacia do intrusivas e extrusivas variadas dos tipos basaltos, latitos,
Paraná e são constituintes principais no substrato sob os dacitos, andesitos, riodacitos, riolitos, quartzo-latitos, bre-
municípios de Campo Mourão, Cascavel, Cornélio Procópio, chas magmáticas, diabásio e gabro. Localmente, podem
Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Londrina e ocorrer arenitos intertraps da Formação Botucatu. Já as
Maringá. Ocorrem totalizando uma área de 101.466,44 km2, unidades DVMb e DVMgd são dominantemente formadas
significando 51,77% do território paranaense, sendo o por basaltos e basalto-andesitos de filiação toleítica. Subor-
primeiro domínio em área de abrangência desse estado dinadamente, a unidade DVMrrd é composta por riolitos e
(Quadro 4.13; Figura 4.91). riodacitos de filiação toleítico-transicional.
143
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Quadro 4.13 - Unidades geológico-ambientais do domínio DVM, no estado do Paraná, e respectivos padrões de relevo, área e representatividade.
Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
Figura 4.91 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro do vulcanismo fissural do tipo
platô (DVM). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
144
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Predomínio de rochas básicas extrusivas (DVMb) Honório Serpa, Mangueirinha, Manoel Ribas, Nova San-
ta Bárbara, Novo Itacolomi, Pinhão, Pitanga e Reserva
Essa unidade ocorre próximo a diversas áreas urbanas do Iguaçu. Corresponde à associação de rochas ácidas
de municípios nas mesorregiões Oeste Paranaense, Norte extrusivas das formações Chapecó e Caxias, mais especi-
Central Paranaense, Norte Pioneiro Paranaense e Centro-Sul ficamente, dacitos, riodacitos, quartzo-latitos, riolitos e
Paranaense, dentre as quais se destacam: Andirá, Apu- brechas magmáticas.
carana, Arapongas, Assis Chateaubriand, Bandeirantes, A Formação Serra Geral é constituída por uma su-
Barracão, Cambará, Cambé, Cambira, Campo Mourão, cessão de derrames (contendo também diques e sills)
Capanema, Catanduvas, Capitão Leônidas Marques, Cas- vulcânicos na forma predominante de basaltos e basaltos
cavel, Cornélio Procópio, Coronel Vivida, Dois Vizinhos, andesíticos, os quais possuem muitas variações estru-
Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu, Guaíra, Ibiporã, Ivaiporã, turais, texturais e composicionais, como, por exemplo,
Jandaia do Sul, Laranjeiras do Sul, Londrina, Mandaguari, padrão de vesiculação, estilo de juntas, disjunções e
Marechal Cândido Rondon, Marialva, Maringá, Medianeira, entablaturas, processos geradores de cavidades e mi-
Paiçandu, Palmas, Palotina, Pato Branco, Pitanga, Quedas nerais de preenchimento, formas e cores de alteração,
do Iguaçu, Rolândia, Santa Helena, Santa Terezinha do características petrográficas, estruturas interna e externa
Itaipu, Santo Antônio do Sudoeste, São Miguel do Iguaçu, dos derrames, relações estratigráficas, entre outros. Toda
Sarandi e Ubiratã, entre outras de menor representativida- essa diversidade faciológica se reflete nas característi-
de. Corresponde à associação de rochas vulcânicas básicas cas geológico-ambientais.
extrusivas da Formação Serra Geral, mais especificamente, Brito et al. (2006) caracterizaram faciologicamente
basaltos, andesitos, latitos, dacitos e, subordinadamente, as principais rochas vulcânicas da Formação Serra Geral,
arenitos intertraps da Formação Botucatu. conforme descrito a seguir.
Essa unidade não ocorre de forma representativa Apresenta-se na forma de derrames, com a base
próximo a nenhuma área urbana, ocorrendo de forma irregular, marcados com intervalos de densa vesiculação
mais expressiva nas áreas municipais de Castro, Piraí do Sul, e contato com segregação de sílica; a porção central
Tibagi e Rio Branco do Sul. Corresponde à associação de contém muitas disjunções colunares decimétricas curvilí-
rochas vulcânicas intrusivas da Formação Serra Geral que neas na forma de leques e com dobras de fluxo; porção
ocorrem na forma de grandes diques, apresentando-se superior com juntas prismáticas e horizontais com muitas
como basaltos, diabásios e gabros. vesículas preenchidas por quartzo hialino, celadonita, cal-
cedônia zonada e, por vezes, ametista, inclusive na forma
Predomínio de rochas ácidas (DVMrrd) de geodos. Os basaltos, nesses derrames, são pretos, de
aspecto vítreo, de brilho resinoso e se alteram para fino
Essa unidade está presente nas proximidades das filme cinza-acastanhado a avermelhado, de aparência
áreas urbanas de Cruzmaltina, Faxinal, Guarapuava, metálica (Figura 4.92).
a b
Figura 4.92 - a) aspecto da fácies Nova Laranjeiras; b) detalhe para as conjunções colunares na forma de leque;
c) nível vesiculado preenchido por quartzo e celadonita (Cantagalo, PR). Fonte: Brito et al. (2006).
145
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
146
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
a b
Figura 4.94 - Afloramento de derrames basálticos: a) aspecto da fácies Campos Novos; b) detalhe para as vesículas
preenchidas por opalas pretas; c) superfície de alteração cor amarelo-ocre (Salto do Lontra, PR). Fonte: Brito et al. (2006).
a b
Figura 4.95 - Aspecto da fácies Cordilheira Alta: a) detalhe para as disjunções colunares verticais curvilíneas;
b) presença de lavas em corda; c) rochas sedimentares interderrames (Santa Tereza do Oeste, PR).
Fonte: Brito et al. (2006).
• Fácies Campo Erê: sustenta extensos platôs e No domínio DVM, predominam Latossolos Verme-
mesetas suavemente onduladas, limitados por lhos, ocorrendo em 30,9% em área, predominantemente
escarpas côncavas e festonadas, contendo morros- sobre os relevos de colinas amplas e suaves e colinas
testemunhos piramidais com topo em patamar e dissecadas e morros baixos; Nitossolos Vermelhos repre-
drenagens com padrão dendrítico de baixa densi- sentam 26,3% em área, predominando nos relevos de
dade e pouco integradas; as intrusivas básicas são colinas amplas e suaves e colinas dissecadas e morros
reconhecidas pelo alinhamento de vales, quebras baixos; Neossolos Regolíticos representam 24,7% em área,
de relevo e, mais raramente, por suaves cris- ocorrendo em maior parte sobre os relevos de colinas
tas alinhadas. dissecadas e morros baixos e morros e serras baixas; os de-
• Formações Caxias e Chapecó: ocorrem em platôs, mais tipos de solos representam menos de 18,1% em área
mesas-testemunhos e morros residuais. (EMBRAPA, 2007).
147
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Limitações
148
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.97 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro do vulcanismo fissural do tipo platô (DVM).
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Figura 4.98 - Basaltos da unidade DVMdb, com presença de Figura 4.99 - Basaltos da unidade DVMdb, que, devido ao alto grau
muitos blocos residuais no solo (Ivaí, PR). de fraturamento, geram muitos blocos de rocha no solo (Cândido de
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). Abreu, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
149
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Agricultura
Adequabilidades ou potencialidades
150
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.106 - Aspecto da unidade DVMb, fácies Nova Figura 4.109 - Nitossolo vermelho distrófico (terra roxa), um dos
Laranjeiras (Candói, PR). Fotografia: mais abundantes no domínio DVM (Mandaguari, PR). Fotografia:
Deyna Pinho (2011). Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
151
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
As regiões em que predominam Latossolos e Nitos- Tais atividades alteram o estado físico do solo e poten-
solos, juntamente com os relevos de suaves ondulações, cializam o início da erosão hídrica laminar e linear, que se
propiciam o seu uso para extensas monoculturas (Figuras tornará mais intensa nas áreas com declividades acentuadas
4.110 e 4.111). Ressalta-se que também são encontrados (Figura 4.113), sendo necessária a utilização de métodos
solos coluviais, devido às diferenças de ondulação do de redução do escoamento superficial, como bacias de
relevo, identificados pelas linhas de seixos (Figura 4.112). retenção (Figura 4.114).
Esses solos, que sofreram transporte de lugares próximos, O fator climático chuva, responsável pela erosão na-
podem gerar variações na fertilidade do solo. tural, agirá com maior intensidade nas áreas com relevo
montanhoso que não tenham cobertura vegetal e onde a
Limitações forma de manejo do solo seja inadequada para o desen-
volvimento de atividades agrícolas e de pecuária.
As rochas basálticas geram solos argilosos, os quais
apresentam alto potencial de compactação e impermea-
bilização nas áreas em que a agricultura é manejada com
maquinários pesados ou em locais de pastagem submetidos
a pisoteio intenso do gado.
Figura 4.110 - Solo residual da unidade DVMb, em relevo de Figura 4.112 - Solo residual da unidade DVMb, com solo
colinas amplas e suaves, usado para extensas monoculturas de coluvionar representado pela linha de seixos (Céu Azul, PR).
trigo (Cascavel, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
Figura 4.111 - Solo residual da unidade DVMb, em relevo de Figura 4.113 - Solos residuais sobre a unidade DVMb, que se
colinas amplas e suaves, usado para extensas monoculturas de tornam altamente erodíveis se retirada a cobertura vegetal,
trigo e cana-de-açúcar (Maringá, PR).Fotografia: Andrea expondo o horizonte mais rico em material síltico-argiloso
Fregolente Lazaretti (2011). (Medianeira, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
152
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.114 - Bacia de retenção em solo da unidade DVMb, para Figura 4.115 - Arado manual como alternativa à mecanização
diminuição do escoamento superficial em meio ao cultivo agrícola na presença de blocos de rocha no solo residual sobre a unidade
(Foz do Iguaçu, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). DVMb (Missal, PR).Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
153
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Na unidade onde o relevo apresenta grandes áreas pode variar de baixa, nos solos pouco evoluídos, a alta,
planas recobertas por solos bastante lixiviados e permeá- em solos bem evoluídos. Assim, o substrato é formado,
veis, estas são características favoráveis a que ocorra grande principalmente, por basaltos, que têm permeabilidade
recarga dos aquíferos. No caso de maior espessura dos ho- muito baixa, são pouco fraturados e geram solos pouco
rizontes B e C, maior será a depuração da água meteórica. permeáveis, formando terrenos com reduzido potencial
Nas regiões onde o relevo é movimentado, há favorabi- hidrogeológico e desfavoráveis à recarga dos aquíferos.
lidade a que o lençol freático aflore nos sopés das escarpas. Nas áreas onde os relevos contêm setores excessiva-
Nas montanhas, nas áreas de topos, pode haver nascentes mente planos, o escoamento superficial mostra-se precário,
de água (Figura 4.117). Devido a tais características hídricas, apresentando pontos de contenção de água durante os
a vegetação do topo dessas áreas deve ser preservada. períodos de maior pluviosidade.
Em relevos acidentados, o escoamento superficial
ocorre de forma muito rápida, associado à densidade de
canais de drenagem, que varia de moderada a alta, e à
existência de solos pouco espessos. São regiões desfavo-
ráveis à recarga das águas subterrâneas e com baixo grau
de depuração das águas meteóricas.
Nas áreas em que o relevo é classificado como degraus
estruturais e rebordos erosivos, esse tipo de relevo, associa-
do ao tipo de rocha, mostra-se desfavorável à ocorrência
de nascentes e com baixa incidência de drenagens, o que
causa deficiência na existência de riachos e córregos.
Recursos minerais
154
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
a b
Figura 4.118 - Solo residual, predominantemente latossolos, sobre basaltos da unidade DVMb, usado para depósito irregular
de resíduos (“lixão”) nos municípios paranaenses de Engenheiro Beltrão (a), Matelândia (b) e (c) Pato Branco.
Fotografias: Deyna Pinho (2011).
a b
c d
Figura 4.119 - Explotação de recursos minerais no domínio DVM: a) extração de basaltos da unidade DVMb como pedra de talhe
para uso na construção civil (Mariópolis, PR); b) extração de rochas vulcânicas acidas da unidade DVMrrd para uso como brita
(Guarapuava, PR); c) extração de rochas vulcânicas ácidas da unidade DVMrrd, como uso para pedra de talhe ou pavimento
(Guarapuava, PR); d) uso de basaltos da unidade DVMb como pavimento (Quedas do Iguaçu, PR). Fotografias:
Andrea Fregolente Lazarett (2011).
155
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Quadro 4.14 - Unidades geológico-ambientais do domínio DVM, no estado do Paraná, em relação à ocorrência
de depósitos minerais.
a b c
Figura 4.120 - Ocorrência de geodos em basaltos da unidade DVMb: a) geodo de calcita e outros minerais carbonáticos;
b, c) geodo de quartzo, nos municípios paranaenses de Maringá, Marechal Cândido Rondon e São Miguel do Iguaçu,
respectivamente. Fotografias: Deyna Pinho (2011).
156
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Quadro 4.15 - Unidades geológico-ambientais do domínio DVM, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.
Características de
Código do Domínio Código da Unidade Atrativo Geoturístico, Geossítios, Quilombolas,
Interesse Intrínsecas
Geológico-Ambientai Geológico-Ambientai Comunidades Indígenas, Áreas de Conservação
à Geodiversidade
Geomorfológico;
DVMgd Serras: do Cadeado, Pelada, dos Agudos, da Esperança. beleza paisagística;
interesse científico.
Cachoeiras: do Reiter, de Cima, de Baixo, Gotas de Cristal,
Geomorfológico;
DVMrrd do Lajeadão; Saltos: Curucaca, São Pedro; Terra Indígena
beleza paisagística.
Mangueirinha.
Figura 4.121 - Cataratas do Iguaçu (Foz do Iguaçu, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
157
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Limitações
158
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
a b
c d
Figura 4.124 - Relevo de vales encaixados, morros altos e serras baixas sobre basaltos da unidade DVMb, predomínio da fácies Capanema,
com grande potencial hidrelétrico: a) vale encaixado do rio Iguaçu (Bituruna, PR); b) reservatório Foz do Areia (Pinhão, PR); c) usina
hidrelétrica Bento Munhoz da Rocha Neto (Pinhão, PR); d) usina hidrelétrica Itaipu (Foz do Iguaçu, PR). Fotografias: Deyna Pinho (2011).
Nas áreas de escarpas e serras baixas, ocorre descarga No estado do Paraná, esse domínio está subdividido
das águas subterrâneas, podendo haver nascentes d’água, em apenas uma unidade geológico-ambiental – DCAalcubu
consideradas importantes afloramentos do lençol freático para ou Série alcalina saturada e/ou subsaturada com rochas
abastecer os rios existentes na bacia hidrográfica da região. básicas e/ou ultrabásicas associadas – que corresponde à
unidade geológica Intrusivas Alcalinas e Alcalinas Tunas,
DOMÍNIO DOS COMPLEXOS ALCALINOS todas associadas ao Complexo Alcalino de Tunas, que é
INTRUSIVOS E EXTRUSIVOS, DIFERENCIADOS composto por rochas alcalinas, diques alcalinos, pegma-
DO PALEÓGENO, MESOZOICO E toides e brechas vulcânicas (BAÊTA, 2004).
PROTEROZOICO (DCA)
Característica da Unidade
Elementos de Definição e Geológico-Ambiental
Área de Ocorrência
Série alcalina saturada e/ou subsaturada
O domínio dos Complexos Alcalinos Intrusivos e com rochas básicas e/ou ultrabásicas
Extrusivos, Diferenciados do Paleógeno, Mesozoico e associadas (DCAalcubu)
Proterozoico ocorre em uma área de 32,9 km2, nos municí-
pios de Doutor Ulysses (divisa com o estado de São Paulo), Essa unidade geológico-ambiental é composta por
Cerro Azul e Tunas, no estado do Paraná. A ocorrência (sienitos, sienitos alcalinos, monzogabros, monzodioritos
desse domínio representa apenas 0,02% do território total e dioritos), diques alcalinos (traquitos, microssienitos,
paranaense (Quadro 4.16), em apenas quatro corpos ígneos bostonitos), pegmatoides, cataclasitos, agmatitos e
na porção leste desse estado (Figura 4.125). brechas vulcânicas.
159
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.125 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro do domínio dos complexos alcalinos
intrusivos e extrusivos, diferenciados do paleógeno, mesozoico e proterozoico (DCA). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
160
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.126 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro do domínio dos complexos alcalinos intrusivos e
extrusivos, diferenciados do paleógeno, mesozoico e proterozoico (DCA). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Representação
Código da Unidade Área
Unidade Geológico-Ambiental Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
Nos relevos mais acidentados, são comuns os depó- em caso de obras de engenharia que necessitem de pila-
sitos de tálus e colúvios constituídos por fragmentos de res ou fundações e que se apoiem parcialmente nesses
rocha imersos em matriz argilo-siltosa. blocos ou matacões, pode acarretar problemas tais como
As características geomecânicas e hidráulicas são instabilizações e danos estruturais (Figuras 4.127 e 4.128).
diferentes para cada tipo litológico, exigindo estudos As diferenças no processo de alteração da rocha
geotécnicos detalhados e grande número de ensaios geram forte irregularidade na profundidade do substrato
tecnológicos. Assim, a resistência ao corte e à penetra- rochoso, que varia a curtas distâncias.
ção varia de alta a moderada, devido, principalmente, As rochas de composição básico-ultrabásica, no início
às diferentes litologias que ocorrem, exigindo, em certos do processo de alteração, transformam-se em solos predo-
casos, uso de explosivos para executar obras civis do tipo minantemente compostos por argilominerais expansivos.
escavações e terraplanagem. Nas áreas em que ocorram tais litologias, não é adequada
O intemperismo das rochas no domínio DCA ocorre de a implantação de obras do tipo rodovia, devido ao grande
forma diferenciada, gerando blocos e matacões residuais volume de solo a ser removido e substituído, necessitando
e, mesmo em solo profundos, com pedogênese avançada, se recorrer a áreas de empréstimo, gerando grande impacto
podem ocorrer fragmentos de rocha. Essa característica, no custo do projeto.
161
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Agricultura
Adequabilidades ou potencialidades
Limitações
162
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
As rochas formadoras dos complexos alcalinos apre- Aspectos ambientais e potencial turístico
sentam boas características físico-químicas e texturais
para utilização como rocha ornamental (Quadro 4.17; Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
Figura 4.129), brita, saibro e pedra de cantaria.
No Quadro 4.18 são apresentados os tipos de A grande variação de relevo revela um aspecto am-
ocorrências minerais da unidade geológico-ambiental biental marcante, pois, nas regiões de morros e serras
formadora do domínio DCA. No domínio DCA que ocorre existe franco processo de dissecação, portanto, são na-
no estado do Paraná não foram encontrados depósitos turalmente fontes de alta carga de sedimentos, gerando
potenciais para jazimento de fosfato. solos de baixa qualidade e assoreando rios.
Quadro 4.17 - Principais divisões faciológicas e nomes comerciais das rochas ornamentais extraídas da unidade DCAalcubu.
Verde Mar ou Jade Imperial Verde Tunas Clássico Verde Leopardo Verde Boreal
Prata Mar ou Cinza Mar Verde Tunas Light Jade Cristal Prata Boreal
163
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Quadro 4.18 - Unidade geológico-ambiental do domínio DCA, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.
Em regiões em que predominam relevos de colinas e que se formaram junto às zonas de cisalhamento relacio-
morros baixos, as rochas têm menor resistência ao intem- nadas aos movimentos finais tectônicos, as quais também
perismo e formam solos com melhor qualidade. Nas amplas foram responsáveis por metamorfizar as sequências
planícies existentes entre esses morros, podem ocorrer en- metassedimentares do Grupo Açungui (THEODOROVICZ;
chentes de longa duração e assoreamento de rios e córregos. THEODOROVICZ; CANTARINO, 1999). Mais especificamente,
Nas regiões de relevo predominantemente serrano, as formações Camarinha e Ervalzinho são formadas por
pode ocorrer, ao longo das encostas, a formação de ca- sequências de ritmitos, siltitos, lamitos, arenitos estratifi-
choeiras, corredeiras, cascatas e pequenas piscinas naturais. cados, arenitos maciços, arenitos conglomeráticos, arenitos
Merecem destaque os impactos resultantes da mi- arcoseanos, brechas e conglomerados polimíticos maciços
neração realizada em áreas a céu aberto, dentre eles: e estratificados (MORO, 2000).
desmatamento, remoção do solo e modificações do perfil
topográfico (Figura 4.130), disposição de rejeitos, muitas Formas de Relevo e Solos
vezes em meia-encosta, sobre a vegetação e atingindo os
cursos d’água, que têm seu traçado localmente modificado. As formas de relevo predominantes na área de ocor-
rência da unidade geológico-ambiental do domínio DSPM
DOMÍNIO DAS SEQUÊNCIAS SEDIMENTARES são apresentadas na Figura 4.132, inclusive as amplitudes
PROTEROZOICAS DO TIPO MOLASSA, e vertentes. Já as formas de relevo associadas que ocorrem
NÃO OU POUCO DEFORMADAS E no presente domínio estão descritas no Quadro 4.19.
METAMORFIZADAS (DSPM) No domínio DSPM, predominam, nos relevos de
morros e serras baixas, Cambissolos Háplicos, com 54,4%
Elementos de Definição e em área e ocorrem Afloramentos Rochosos com 2,5% em
Área de Ocorrência área; já nos relevos de escarpas serranas, predominam
Cambissolos Húmicos, com 21,5% em área, e Argissolos
O domínio das Sequências Sedimentares Proterozoicas Vermelho-Amarelos, com 18%, e Neossolos Litólicos, com
do Tipo Molassa, não ou pouco Deformadas e Metamorfi- 3,6% em área (EMBRAPA, 2007).
zadas ocorre em uma área de 105,5 km2, entre os municí-
pios de Balsa Nova, Palmeiras e Campo Largo. A ocorrência
desse domínio representa apenas 0,05% do território total
do estado do Paraná (Quadro 4.19; Figura 4.131).
Esse domínio está subdividido em apenas uma uni-
dade geológico-ambiental, DSPMcgas – Predomínio de
metaconglomerados, intercalados de metarenitos arcosea-
nos, metarcóseos e metassiltitos. Corresponde às unidades
geológicas formações Camarinha e Ervalzinho.
Característica da Unidade
Geológico-Ambiental
Essa unidade geológico-ambiental é constituída pelo Figura 4.130 - Relevo de morros e serras (DCAalcubu): impactos
da mineração de rocha ornamental, com detalhe para modificação
predomínio de metassedimentos síltico-argilosos e con-
do relevo original na abertura de cava para explotação (distrito de
glomeráticos pouco deformados, depositados em bacias Lajeado, Tunas do Paraná, PR). Fotografia: Andrea
intramontanas das formações Camarinha e Ervalzinho, Fregolente Lazaretti (2011).
164
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Representação
Código da Unidade Área
Unidade Geológico-Ambiental Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
Predomínio de
metaconglomerados, intercalados R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
DSPMcgas 105,5 0,05
de metarenitos arcoseanos, R4d – Escarpas serranas.
metarcóseos e metassiltitos
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Figura 4.131 - Representação da unidade geológico-ambiental do estado do Paraná dentro do domínio das sequências sedimentares
proterozoicas do tipo molassa, não ou pouco deformadas e metamorfizadas (DSPM). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Características, Adequabilidades e geotécnicas variam muito de local para local, tanto lateral
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação como verticalmente; portanto, terão de ser executados
estudos setorizados e ensaios tecnológicos adensados.
Obras de engenharia Em caso de predominarem materiais com a fração
silte-argila, essas camadas terão maior estabilidade natural
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações em relação às camadas mais arenosas frente à execução de
taludes de corte ou escavações. Entretanto, se a unidade
A unidade DSPMcgas é composta por uma associação DSPMcgas contiver sedimentos argilosos mais endurecidos
de sedimentos de composição, granulometria e textura ou possuir alta cerosidade ou aflorar em muitos locais e/ou
muito diferentes e contrastantes entre si, por isso, no caso então se situar sempre muito próximo da superfície, essas
de se executar qualquer tipo de obra em que se necessi- peculiaridades podem implicar muitos locais problemáticos
te fazer escavações, fundações, perfurações e cravação para executar escavações, perfurações, cravar estacas e im-
de estacas, deve ser considerado que as características plantar infraestrutura subterrânea (esgotos, canalizações).
165
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.132 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro do domínio das sequências sedimentares
proterozoicas do tipo molassa, não ou pouco deformadas e metamorfizadas (DSPM). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Pois, além de serem endurecidos, a cerosidade alta faz os escoa muito rápido para os canais de drenagem; por isso,
equipamentos de perfuração rotativa patinarem. são comuns enxurradas muito fortes e erosivas e o nível e
Pode acontecer de alguns sedimentos da unidade a vazão dos rios sobem e abaixam muito rapidamente em
DSPMcgas se encontrarem mais deformados, com discreta função da periodicidade climática; como consequência, são
foliação metamórfica; nesse caso, os sedimentos estão áreas de baixa recarga de aquífero, de baixa disponibilidade
geralmente mais fraturados e os sistemas de relevo e hídrica superficial e de escassez de água para irrigação.
drenagem estão mais controlados tectonicamente, o que O relevo também implica dificuldades para mecanizar o
indica que os sedimentos sofreram influência tectônica solo, com maquinários movidos a motor.
e, por isso, são um pouco mais percolativos e mais instá- Os solos sobre a unidade DSPMcgas possuem evo-
veis quando escavados e expostos em taludes de corte. lução pedogenética muito heterogênea, apresentando
Normalmente, são áreas onde se acentua o potencial heterogeneidade local bastante significativa em termos
erosivo e de movimentação de massas, principalmente as de comportamento mecânico, fertilidade, erodibilidade,
induzidas pela execução de cortes. lixiviação, permeabilidade, capacidade depuradora e ar-
mazenadora, portanto, são difíceis de serem corrigidos
Agricultura e homogeneizados para fins de aproveitamento agrícola
em grandes parcelas. Para diagnosticar todas as suas va-
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações riações químicas e físicas, em curtas distâncias, terão de
ser executados muitos ensaios tecnológicos. Quando de
Devido ao relevo de serras e escarpas, predominante cor vermelho-amarronzada intensa, indicam que são solos
na unidade DSPMcgas, o escoamento superficial é muito derivados de rochas quase que exclusivamente compostas
rápido e intenso, ocasionando alta torrencialidade, ou de minerais aluminosos e devem ser lateritizados, ou seja,
seja, a água da chuva se infiltra muito pouco no subsolo e ricos em ferro e alumínio e pobres em nutrientes naturais.
166
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Assim, necessitam de muito adubo para aumentar a ferti- hidrogeológico é relativamente baixo e não se deve esperar
lidade e, quando álicos (com excesso de alumínio tóxico), grandes vazões na exploração de água subterrânea.
vão necessitar de muito calcário dolomítico para corrigir a Destaca-se, porém, a possibilidade de ocorrerem
acidez. Normalmente, são solos muito argilosos, aderen- camadas permeáveis e de alta capacidade de armazena-
tes, plásticos e escorregadios, quando molhados, difíceis mento d’água (arenitos e conglomerados) intercaladas
de serem trabalhados em épocas chuvosas, devido ao em camadas impermeáveis (siltitos e argilitos), assim, com
empastamento excessivo de ferramentas e equipamentos. potencial pontual para existência de bons aquíferos do
Os solos da unidade DSPMcgas possuem horizonte tipo confinado. Todavia, nesses locais, não é aconselhável
superior (A) pouco espesso e pobre em matéria orgânica, a implantação de fontes potencialmente poluidoras, como
ou seja, camada agrícola pouco espessa (baixa profundi- lixões e aterros sanitários. A constituição do substrato
dade efetiva) e horizonte B muito argiloso, situado quase rochoso de espessos pacotes de conglomerados com in-
sempre muito próximo da superfície e, geralmente, exibindo tercalações subordinadas de sedimentos síltico-argilosos
proeminentes fendas de ressecamento quando exposto em implicaria terrenos com melhor potencial hidrogeológico,
taludes de corte; esse horizonte, quando arado com equi- mas com maior vulnerabilidade à contaminação.
pamentos de lâminas de corte um pouco mais profundas,
pode causar inversão do perfil do solo, intensificando a Recursos minerais
erosão ou empobrecendo o solo. O horizonte B, por ser
muito argiloso, se compacta e se impermeabiliza princi- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
palmente se for mecanizado excessivamente com maqui-
nários pesados e/ou pisoteado constantemente por gado. O potencial metalogenético desses terrenos é
Além disso, deve conter argilominerais expansivos (argilas muito baixo e não existem indícios ou ocorrências de
de alta atividade que sofrem os fenômenos da expansão e mineralizações conhecidas. Já no que se refere aos bens
contração quando expostas a umedecimento e ressecamen- não metálicos, destaca-se somente o potencial para ex-
to periódicos e que têm alta capacidade de troca catiônica), plotação de argila para cerâmica vermelha nas camadas
por isso, é muito instável e erodível quando exposto em mais síltico-argilosas e também saibro, nas camadas mais
talude de corte. Entretanto, as argilas de alta atividade conglomeráticas (Quadro 4.20).
conferem ao solo boa capacidade retentora de nutrientes
e de armazenamento de água, mantendo a disponibilidade Aspectos ambientais e potencial turístico
hídrica para as plantas durante o período seco.
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
Recursos hídricos subterrâneos
e fontes poluidoras Devido à baixa percolatividade dos solos e do subs-
trato rochoso, como também do escoamento superficial
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações muito intenso da unidade DSMPcgas, é de fundamental
importância que seja preservada grande parte da cobertura
Na unidade DSPMcgas, predominam regiões onde vegetal ainda existente e que, em qualquer iniciativa de uso
o substrato rochoso é constituído, principalmente, de e ocupação, seja evitada a impermeabilização excessiva.
espessos pacotes de sedimentos síltico-argilosos, com É recomendado que esses terrenos sejam preservados de
intercalações subordinadas de arenitos feldspáticos e toda forma de adensamento ocupacional. Aconselha-se,
conglomerados, com predominância de permeabilidade ainda, reservá-los como áreas de reflorestamentos,
muito baixa e maior capacidade depuradora e, consequen- para pequenas pastagens, chácaras e sítios de lazer e/ou
temente, menor risco de contaminação do lençol freático. para agricultura restrita a pequenas e isoladas parcelas,
Entretanto, esses sedimentos possuem baixa transmis- sempre reservando cuidados especiais à proteção do
sividade, ou seja, conseguem armazenar água, mas não solo contra erosão e à melhoria de suas características
conseguem liberá-la para circulação, por isso o potencial físicas e químicas.
Quadro 4.20 - Unidade geológico-ambiental do domínio DSPM, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.
167
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
O domínio DSPM representa as rochas sedimentares e Predomínio de sedimentos arenosos e conglomerados, com
metassedimentares depositadas na transição Neoprotero- intercalações de sedimentos síltico-argilosos.
zoico-Eocambriano associadas às zonas de transcorrência As áreas de ocorrência localizam-se no Arco de Ponta
e vulcanismo, cujas bacias sedimentares e suas ocorrências Grossa e no município de Tijucas do Sul. Ocorrem totalizan-
são muito restritas às regiões Sul e Sudeste do país, mais do uma área de 959,7 km2, significando 0,49% do território
especificamente, sobre os cinturões Ribeira e Dom Feliciano do estado do Paraná (Quadro 4.21; Figura 4.134).
e os crátons Luiz Alves e Rio de la Plata. Essas ocorrências
são de grande importância científica, com diversas tentati- Características das Unidades
vas de correlação sendo realizadas e, portanto, necessitam
Geológico-Ambientais
ser preservadas (Figura 4.133).
168
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
Predomínio de
sedimentos arenosos e R2c – Chapadas e platôs;
conglomerados, com R4a1 – Colinas amplas e suaves;
DSVP1sacg 358,79 0,18
intercalações de R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
sedimentos R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos.
síltico-argilosos
Figura 4.134 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro das sequências vulcânicas
ou vulcanossedimentares proterozoicas, não ou pouco dobradas e metamorfizadas (DSVP1). Fonte: Elaborado
por Deyna Pinho (2018).
169
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.135 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro das sequências vulcânicas ou vulcanossedimentares
proterozoicas, não ou pouco dobradas e metamorfizadas (DSVP1). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
170
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Características, Adequabilidades e
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
Obras de engenharia
Figura 4.136 - Talude de corte em rochas vulcânicas ácidas
intemperizadas da unidade DSVP1va (Castro, PR).
Adequabilidades ou potencialidades Fotografia: Deyna Pinho (2011).
Limitações
171
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.139 - Talude de corte em rochas vulcânicas ácidas Figura 4.140 - Relevo de colinas amplas e suaves sobre rochas
intemperizadas da unidade DSVP1va (Castro, PR). vulcânicas ácidas da unidade DSVP1va; facilidade para mecanização da
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). agricultura (Castro, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
172
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Adequabilidades ou potencialidades
Elementos de Definição e
Área de Ocorrência
173
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Quadro 4.22 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSVP1, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.
Quadro 4.23 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSVP1, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.
Metarenitos, quartzitos e
metaconglomerados (DSP2mqmtc)
174
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
Metarenitos, quartzitos e
DSP2mqmtc R4c – Domínio montanhoso. 28,10 0,01
metaconglomerados
Intercalações irregulares de
R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
DSP2msa metassedimentos 182,56 0,09
R4c – Domínio montanhoso.
arenosos e síltico-argilosos
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
Intercalações irregulares de R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
metassedimentos arenosos, R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
DSP2mcx 868,70 0,44
metacalcários, calcissilicáti- R4c – Domínio montanhoso;
cas e xistos calcíferos R4d – Escarpas serranas;
R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos.
Predomínio de metacalcá-
rios, com intercalações
R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
DSP2mcsaa subordinadas de 101,35 0,05
R4c – Domínio montanhoso.
metassedimentos
síltico-argilosos e arenosos
R1a – Planícies fluviolacustres;
Predomínio de
R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
metassedimentos
DSP2x R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 147,24 0,08
síltico-argilosos,
R4c – Domínio montanhoso;
representados por xistos
R4d – Escarpas serranas.
Figura 4.144 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro das sequências sedimentares
proterozoicas dobradas, metamorfizadas de baixo a alto grau (DSP2). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
175
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
176
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Clastos angulosos e lamelares, normalmente de metas- de surgências de água subterrânea em taludes de corte.
siltitos e metarenitos finos, assim como de metachert e Devido a essas grandes variações litológicas na vertical,
quartzito, mostram recristalização metamórfica em grau escavações e perfurações podem alcançar litologias das
mais alto que a matriz, disposta em foliação pretérita à mais variadas e geotecnicamente diversificadas.
deposição, parecendo representar retrabalhamento das Os metassedimentos à base de quartzo apresentam
unidades adjacentes (PERROTTA, 1996). moderada a alta resistência ao intemperismo físico-químico,
A Formação Antinha é constituída de metarritmitos, gerando manto de alteração com qualidades geotécnicas
metarenitos e metacalcários e raros metaconglomerados. para uso na construção civil, como saibro e areia.
O empilhamento estratigráfico original parece preservado, Os metacalcários, ao sofrerem alteração, formam
não sendo identificadas falhas nos limites entre os conjun- solos plásticos, de baixa expansividade, pouco erodíveis,
tos (MINEROPAR, 2001). que apresentam boa estabilidade em taludes de corte,
A Formação Rio das Cobras corresponde a uma sendo classificados geotecnicamente com qualidades para
associação de micaxistos representada, geralmente, por uso como material de empréstimo. As rochas calcárias têm
muscovita-biotita-quartzo-xistos. Podem ocorrer, em baixa resistência ao intemperismo químico. Caso ocorram
quantidades diversas, granada, silimanita (fibrolita), cianita, exposições dessas litologias em regiões com predomínio
andaluzita, turmalina, plagioclásio, estaurolita, clorita e de clima chuvoso, o manto de alteração se apresentará
tremolita. Também são descritas, localmente, intercalações predominantemente profundo.
de quartzitos, calcixistos, biotita-gnaisses, por vezes grana- Nas unidades DSP2mcsaa, DSP2mcx e DSP2x, há
tífero, e anfibolitos, que podem se apresentar migmatíticos predomínio de litologias que, alteradas, formam solos
em diferentes graus de anatexia. argilossiltosos. Em perfis mais evoluídos, tais solos apre-
sentam as seguintes características: alta plasticidade, bai-
Formas de Relevo e Solos xa erodibilidade natural, reduzida permeabilidade e boa
capacidade de compactação. Em obras que necessitem
Na região das unidades DSP2, predominam áreas em de construção de taludes de corte com grandes alturas,
que o relevo possui maiores declividades, como nos tipos esses solos apresentarão boa estabilidade.
montanhoso, morros e serras baixas, escarpas serranas e As rochas formadoras dessas três unidades apresentam
rebordos erosivos, devido, principalmente, à relação dos boa homogeneidade geomecânica e hidráulica lateral devi-
litotipos e à história geológico-estrutural. Assim, a geomor- do à sua disposição tabular e extensão lateral. Em regiões
fologia apresenta-se favorável a que os solos sejam do tipo mais chuvosas e em que predominem rochas metabásicas
transportado e com características extremamente variadas, (unidade DSP2mcx), que, naturalmente, apresentam baixa
visto que são influenciados pelas litologias existentes nas resistência ao intemperismo físico-químico, tais litologias
regiões altas do entorno e mais distantes (Figura 4.145). serão submetidas a intenso processo de desagregação e
No domínio DSP2, predominam Neossolos Regolíticos, decomposição, gerando profundo manto de alteração.
que ocorrem em 29,8% em área, predominantemente sobre
relevos montanhosos, morros e serras baixas; Cambisso- Limitações
los Háplicos representam 25,0% em área, em sua maior
parte sobre relevos montanhosos, morros e serras baixas; As unidades geológico-ambientais formadas por quart-
Argissolos Vermelho-Amarelos representam 19% em área, zitos e metassedimentos síltico-argilosos representados por
ocorrendo, principalmente, em relevos de morros e serras xistos apresentam intercalações irregulares de camadas de
baixas; Latossolos representam 12,0% em área, predomi- várias espessuras, com composição químico-mineral variada
nantemente sobre o relevo de colinas dissecadas e morros e proeminente xistosidade e foliação (Figuras 4.146 a 4.148),
baixos; os demais tipos de solos representam menos de são tipos litológicos que foram complexamente dobrados.
14,2% em área (EMBRAPA, 2007). Tais características geológicas geram forte variação e
contrastes nas propriedades geomecânicas e hidráulicas,
Características, Adequabilidades e tanto do substrato rochoso como dos solos residuais.
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação As variações de tais propriedades geotécnicas podem ocor-
rer em regiões próximas ou localmente, a curtas distâncias,
Obras de engenharia e poderão ser tanto na lateral como na vertical, impactando
os custos referentes a planejamento e execução de projetos
Adequabilidades ou potencialidades lineares, como estradas ou gasodutos.
As litologias xistosas não servem para uso como agre-
No domínio DSP2, o substrato rochoso é formado gados nem materiais de empréstimo, pois apresentam alta
pelas mais variadas e contrastantes litologias, com as cerosidade. Oferecem resistência à perfuração com sondas
mais diferentes características geotécnicas e hidráulicas, rotativas, pois alteram para solos argilosos, que são natu-
formando importantes descontinuidades que facilitam ralmente pouco permeáveis e que se tornam escorregadios
processos erosivos, movimentos de massa e aparecimento e aderentes quando úmidos.
177
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.145 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro das sequências sedimentares proterozoicas
dobradas, metamorfizadas de baixo a alto grau (DSP2). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Figura 4.146 - Blocos de metacalcários da unidade DSP2mcsaa (Rio Branco do Sul, PR).
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
178
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
179
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Agricultura
Adequabilidades ou potencialidades
180
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
181
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
As litologias predominantes nas unidades DSP2mcx, Nas rochas calcárias, as águas subterrâneas circulam e
DSP2mcsaa e DSP2x alteram para solos argilosos pouco armazenam-se nas cavidades formadas pela dissolução
permeáveis, gerando aquíferos superficiais com potencial dos carbonatos. São aquíferos cársticos, que apresentam
hídrico reduzido. Esse tipo de cobertura de solo (muito características hidrodinâmicas complexas e potencial
argilosa) é desfavorável à recarga das águas subterrâneas, hidrogeológico irregular, podendo sofrer recarga e des-
fazendo com que ocorra variação muito grande de vazão. carga rápidas. Bombeamentos excessivos podem gerar
Os anfibolitos e ortoanfibolitos formam um manto condições propícias à ocorrência de desmoronamentos
de alteração gerando solos argilossiltosos com pouca subterrâneos, colapsos na superfície, rebaixamento do
permeabilidade e com baixo potencial hídrico. Mesmo lençol freático e secamento das águas superficiais.
apresentando potencial para armazenar bons volumes de
água, não a disponibilizam para circulação, funcionando Recursos minerais
como um aquitardo.
As rochas metabásicas, metaultramáficas e metavulcâ- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
nicas básicas são muito fraturadas e percolativas. Nos locais
em que os solos são pouco profundos e existam afloramen- No domínio DSP2, ocorrem mineralizações de cobre
tos dessas litologias, cuidados especiais deverão ser tomados (Cu), ferro (Fe), chumbo (Pb), zinco (Zn) e prata (Ag).
com a construção de obras que sejam fontes potencialmente Há exploração de substâncias de uso na construção ci-
poluidoras. As águas subterrâneas que ocorrem em ambien- vil, como caulim, calcário e dolomita, assim como áreas
tes formados por essas rochas podem apresentar problemas com extração de água mineral para consumo humano
de qualidade, como acidez e dureza elevada pelo excesso de (Quadro 4.25).
Fe e Mn em sua composição hidrogeoquímica. Nas unidades DSP2mcx, DSP2mcsaa e DSP2msa, onde
Nas unidades DSP2mqmtc e DSP2msa, ocorrem me- ocorrem de forma mais abundante as lentes carbonáticas,
tassedimentos à base de quartzo, geralmente portadores são explorados calcário e dolomita como minerais indus-
de alta densidade de fendas abertas. Por essas estruturas, triais, assim como caulim, talco, barita e fluorita, além de
poluentes podem se infiltrar e alcançar rapidamente os extração de água mineral alcalina para consumo humano.
lençóis subterrâneos. Os solos residuais arenosos têm baixa Na unidade DVP2mqmtc, por ser mais predominante
capacidade de reter e eliminar poluentes. Nessas unidades, a fração quartzosa, minerais industriais como quartzo,
predominam aquíferos fissurais, com potencial hidrogeo- diopsídio e epidoto são mais abundantes.
lógico local bastante irregular; isso ocorre devido à grande Na unidade DSP2msa, há abundância de ocorrências
variação lateral e vertical das características hidrodinâmicas. e extração de chumbo (Pb) associado a sulfetos.
Nas unidades DSP2mcx e DSP2x, há predomínio de Não há ocorrências de depósitos minerais registrados
litologias pouco permeáveis, que formam solos com baixa na unidade DSP2x.
permeabilidade, sendo desfavoráveis à recarga de águas
subterrâneas e com capacidade muito variável de reter e Aspectos ambientais e potencial turístico
depurar poluentes.
Nas unidades DSP2mcx e DSP2mcsaa, as rochas calcá- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
rias fraturadas contêm cavidades de ligação entre os fluxos
de água superficial e subterrânea (dolinas e sumidouros de Ocorrem, em quase todo o domínio, litologias que
drenagem). Por essas estruturas, poluentes dos mais dife- sofreram intensas deformações, como dobramentos su-
rentes tipos podem contaminar as águas subterrâneas de perpostos, gerando relevos predominantemente aciden-
forma rápida e sem qualquer forma de depuração natural. tados do tipo montanhas e escarpas serranas.
Quadro 4.25 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSP2, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.
182
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
183
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Quadro 4.26 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSP2, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.
Características de
Código do Domínio Código da Unidade Atrativo Geoturístico, Geossítios, Quilombolas,
Interesse Intrínsecas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Comunidades Indígenas, Áreas de Conservação
à Geodiversidade
Beleza paisagística;
Abismos: das Gêmeas e Toca de Pau; Buraco do Seiscentos;
DSP2msa geomorfológico e
Grutas: Mina da Rocha, do Sumidouro e Freguesia dos Laras.
espeleológico.
RPPN Vale do Corisco (Cachoeira do Corisco); APA da Escarpa
Beleza paisagística; exu-
Devoniana; Abismo do Arco; Abrigo Pedra Caída; Arco de
berante fauna e flora;
DSP2mcx Pedra; Cavernas: do Malfazido e do Monjolo; Grutas:
geomorfológico
da Onça, de Pocinho, do Pinhalzinho, do Símio
e espeleológico.
e dos Porcos.
Abismos: das Paineiras, de Pedra, do Cercado, do Cerro Negro,
DSP2 do Desvio, do Quase, do Vacilo, dos Caramujos, dos Veios,
Égua, Fenda das Pedras, Furada da Bacia, Itaretama e Toco de
Pau; Buracos: da Paz, do Cantador e do Minoal; Beleza paisagística;
DSP2mcsaa Caverna do Feital. Grutas: Curriola, da Cerquinha, da geomorfológico
Descorda, da Enxada, da Gambiarra, da Pingadeira, da Toca da e espeleológico.
Paca, de Taici, de Terra Boa, do Caçadorzinho, do Desencanto,
do Fundo Falso, do Hortelã, do Rochão, do Toco que não Cai,
do Vespeiro e dos Morcegos; Ermida Paiol Alto; Toca do Tigre.
RN Serra do Itaqui; APAs de Guaraqueçaba e Beleza paisagística;
DSP2x
de Guaratuba. geomorfológico.
a b c
1 cm 1 cm 1 cm
5 cm
Figura 4.152 - Gruta do Pinhalzinho, em metacalários da unidade d e f
DSP2mcx (Sengés, PR). Fotografia: Nelio G. Fernandes (2011).
184
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
185
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.154 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro das sequências vulcanossedimentares
proterozoicas dobradas, metamorfizadas de baixo a alto grau (DSVP2). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
186
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
187
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.155 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro das sequências vulcanossedimentares proterozoicas
dobradas, metamorfizadas de baixo a alto grau (DSVP2). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Devido às grandes variações litológicas na vertical, esca- apresentam as seguintes características: alta plasticidade,
vações e perfurações podem alcançar litologias variadas baixa erodibilidade natural, reduzida permeabilidade e boa
e geotecnicamente diversificadas. capacidade de compactação. Em obras que necessitem de
Os metassedimentos à base de quartzo apresentam construção de taludes de corte com grandes alturas, esses
moderada a alta resistência ao intemperismo físico- solos apresentarão boa estabilidade.
químico, gerando um manto de alteração com quali- As rochas formadoras dessas três unidades apre-
dades geotécnicas para uso na construção civil, como sentam boa homogeneidade geomecânica e hidráulica
saibro e areia. lateral, devido à sua disposição tabular e extensão lateral.
Os metacalcários, ao sofrerem alteração, formam Em regiões mais chuvosas e em que predominem rochas
solos plásticos, de baixa expansividade, pouco erodíveis, metabásicas, que, naturalmente, apresentam baixa re-
que apresentam boa estabilidade em taludes de corte, sistência ao intemperismo físico-químico, tais litologias
sendo classificados, geotecnicamente, com qualidades serão submetidas a intenso processo de desagregação e
para uso como material de empréstimo. decomposição, gerando profundo manto de alteração.
As rochas calcárias têm baixa resistência ao intempe-
rismo químico; caso ocorram exposições dessas litologias Limitações
em regiões com predomínio de clima chuvoso, o manto
de alteração se apresentará predominantemente profun- As unidades geológico-ambientais formadas por
do, de aspecto homogêneo, podendo ter relativamente quartzitos e metassedimentos síltico-argilosos representa-
melhor estabilidadade durante as escavações. dos por xistos apresentam intercalações irregulares de cama-
Nas unidades DSVP2csa, DSVP2cap e DSVP2bu, das de várias espessuras, com composição químico-mineral
há predomínio de litologias que, alteradas, formam so- variada e proeminente xistosidade e foliação (Figura 4.156);
los argilossiltosos. Em perfis mais evoluídos, tais solos são tipos litológicos que foram complexamente dobrados.
188
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.156 - Detalhe de metassedimentos de aspecto filítico, Figura 4.157 - Deslizamento em rodovia sobre rochas da unidade
com foliações de alto ângulo e alta densidade de fraturamentos, DSVP2af (Rio Branco do Sul, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
da unidade DSVP2vfc (Tunas do Paraná, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011).
189
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.159 - Ocupação em encostas de morros altos Figura 4.161 - Solo heterogêneo e siltoso sobre rochas na unidade
sobre a unidade DSVP2x (Bocaiúva do Sul, PR). DSVP2x, altamente suscetível à erosão (Bocaiúva do Sul, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
190
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.162 - Foliação e fraturamento em rochas da unidade Figura 4.164 - Detalhe de metassedimentos, com denso sistema
DSVP2af (Rio Branco do Sul, PR). Fotografia: Andrea de fraturamento, da unidade DSVP2af (Rio Branco do Sul, PR).
Fregolente Lazaretti (2011). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
Agricultura
Adequabilidades ou potencialidades
191
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Limitações
192
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Recursos hídricos subterrâneos e Esse tipo de cobertura de solo (muito argilosa) é desfavo-
fontes poluidoras rável à recarga das águas subterrâneas, fazendo com que
ocorra variação muito grande de vazão. Os anfibolitos e
Adequabilidades ou potencialidades ortoanfibolitos formam um manto de alteração com baixo
potencial hídrico e geram solos argilossiltosos com pouca
Ocorrem nesse domínio terrenos com características permeabilidade. As áreas de ocorrência de solos com
morfolitoestruturais favoráveis à existência de importantes muita argila e silte mostram-se desfavoráveis à recarga das
armadilhas e barreiras hidrogeológicas, relacionadas a águas subterrâneas.
falhas, fraturas e dobras e a mudanças de litologias que Nas regiões de ocorrência de solos argilosos, estes
apresentam características hidrodinâmicas diferentes. apresentam baixa permeabilidade e porosidade, forman-
As características das rochas formadoras do domínio do aquíferos superficiais com fraco potencial hídrico. Tais
podem influenciar de forma positiva a produtividade dos coberturas de solos, associadas à rocha-fonte, são pouco
poços perfurados nas regiões de ocorrência do domínio. permeáveis e mostram um padrão hídrico muito desfa-
Nesse domínio, há predomínio de litologias portadoras de vorável à recarga dos aquíferos subterrâneos existentes
fraturas abertas irregularmente distribuídas, mas com bom nessas regiões.
potencial armazenador e circulador de água. Mesmo apresentando potencial para armazenar bons
Os metassedimentos à base de quartzo geralmente volumes de água, não a disponibilizam para circulação,
apresentam falhas e fraturas, características estruturais funcionando como um aquitardo. As rochas metabásicas,
da rocha que aumentam o potencial armazenador e cir- metaultramáficas e metavulcânicas básicas são muito
culador de água. fraturadas e percolativas. Nos locais em que os solos são
As rochas calcárias formam solos com alta capacidade pouco profundos e existam afloramentos dessas litologias,
de reter e eliminar poluentes. Em caso de ocorrerem perfis cuidados especiais deverão ser tomados com a construção
profundos e onde não há formação de dolinas, a vulnerabi- de obras que sejam fontes potencialmente poluidoras.
lidade à contaminação dos aquíferos subterrâneos é baixa. As águas subterrâneas que ocorrem em ambientes for-
O aquífero cárstico pode conter grandes depósitos de água, mados por essas rochas podem apresentar problemas de
que estão associados a cavernas e a rios subterrâneos. qualidade, como acidez e dureza elevada pelo excesso de
Nas unidades DSVP2vfc e DSVP2bu, há predomínio Fe e Mn em sua composição hidrogeoquímica.
de litologias que formam solos essencialmente argilosos, Na unidade DSVP2q, ocorrem metassedimentos à base
pouco porosos e naturalmente impermeáveis, que mostram de quartzo, geralmente portadores de alta densidade de
alta capacidade de fixar e eliminar poluentes. Onde ocor- fendas abertas. Por essas estruturas, poluentes podem se
rerem perfis de solo profundos, o risco de contaminação infiltrar e alcançar rapidamente os lençóis subterrâneos.
dos aquíferos subterrâneos será muito baixo. Os solos residuais arenosos têm baixa capacidade de reter
e eliminar poluentes e há grande variação lateral e vertical
Limitações das características hidrodinâmicas.
Na unidade DSVP2x, há predomínio de litologias
No domínio DSVP2, os terrenos em que se alternam, pouco permeáveis, que formam solos com baixa per-
irregularmente, litologias e solos residuais, ocorre grande meabilidade, sendo desfavoráveis à recarga de águas
variação na capacidade de reter e depurar poluentes. subterrâneas e com capacidade muito variável de reter e
Outra característica é a grande variação lateral e vertical depurar poluentes.
litológica que influencia de forma direta no padrão hidro- Na unidade DSVP2csa, as rochas calcárias fraturadas
dinâmico dos aquíferos, o que pode acarretar redução na contêm cavidades de ligação entre os fluxos de água su-
produtividade dos poços. Assim, há predomínio de aquí- perficial e subterrânea (dolinas e sumidouros de drenagem).
feros fissurais, de potencial hidrogeológico local bastante Por essas estruturas, poluentes dos mais diferentes tipos
irregular; em uma mesma região, um poço apresenta podem contaminar as águas subterrâneas de forma rápida
excelente vazão, enquanto em outro, próximo, a vazão é e sem qualquer forma de depuração natural. Nas rochas
nula, pois dependem tanto da densidade e da interconec- calcárias, as águas subterrâneas circulam e armazenam-se
tividade das estruturas existentes nessas rochas como de nas cavidades formadas pela dissolução dos carbonatos.
fatores exógenos, como o clima predominante na região. São aquíferos cársticos, que apresentam características
As águas subterrâneas podem conter teor muito eleva- hidrodinâmicas complexas e potencial hidrogeológico
do de ferro, manganês e cálcio, o que altera as qualidades irregular, podendo sofrer recarga e descarga rápidas. Bom-
hidroquímicas e inviabiliza o uso para consumo humano. beamentos excessivos podem gerar condições propícias à
As litologias predominantes nesse domínio se al- ocorrência de desmoronamentos subterrâneos, colapsos
teram para solos argilosos pouco permeáveis, gerando na superfície, rebaixamento do lençol freático e secamento
aquíferos superficiais com potencial hídrico reduzido. das águas superficiais.
193
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Recursos minerais
Quadro 4.28 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSVP2, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.
194
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Quadro 4.29 - Unidades geológico-ambientais do domínio DSVP2, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.
Beleza paisagística;
DSVP2af Serra da Endoença (morro do Palha).
geomorfológico.
DSVP2af Au Filito
195
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.169 - Espeleotemas da gruta dos Jesuítas sobre a Figura 4.170 - Espeleotemas da gruta de Lancinha na unidade
unidade DSVP2csa. Parque Estadual de Campinhos (Tunas do DSVP2csa (Rio Branco do Sul, PR). Fotografia: Everton Novka
Paraná, PR). Fotografia: Turismo Paraná (2016). (2012). Fonte: Góes; Lorenzo (2012).
196
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.171 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro dos corpos máfico-ultramáficos
(suítes komatiiticas, suítes toleíticas, complexos bandados) (DCMU). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Segundo Daufenbach, Vasconcellos e Cury (2017), o Gabro Segundo Ribas (1993), o complexo é composto por
de Apiaí tem textura predominantemente intergranular metaperidotitos (ortopiroxênio e olivina), metanoritos
a subofítica, podendo ser dividido em três fácies (equi- (ortopiroxênios e plagioclásios), metapiroxenitos (ortopi-
granular grossa, equigranular média, equigranular fina), roxênios e clinopiroxênios), serpentinitos (originados de
sendo constituído, mineralogicamente, por plagioclásios rochas duníticas e piroxeníticas e ricos em serpentina,
(labradorita e andesina), clinopiroxênio e ortopiroxênio talco e dolomita) e xistos magnesianos (talco e clorita)
(augita), anfibólio (hornblenda), biotita e minerais opacos entrelaçados entre si e constituindo pequenas lentes ad-
(titanomagnetita, pirita, calcopirita, ilmenita, hematita), jacentes a hornblenda-metagabros e rochas associadas.
raramente apatita; localmente com diferentes graus de A maior parte do complexo é ocupada por rochas bási-
evidência de hidrotermalismo caracterizado pela presença cas separadas em hornblenda-metagabros (plagioclásio,
de clorita a partir da alteração de augita; geoquimicamente, clinopiroxênio e hornblenda), anfibolitos (anfibólios, pla-
é classificado como gabro, gabro-norito, gabro-diorito. gioclásios e clinopiroxênio) e gnaisses anfibolíticos (bandas
O Complexo Máfico-Ultramáfico de Piên aflora felsicas: plagioclásio e quartzo; bandas máficas: anfibólios,
imediatamente a leste de Piên, estendendo-se por 20 km plagioclásios e clinopiroxênio). Ocorrem, também, hor-
na direção nordeste, com largura máxima de 3 km. nblenda-metadiorito, metadiorito e metabasitos.
197
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.172 - Relevo de domínio montanhoso sobre rochas da unidade DCMUbu (Adrianópolis, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011).
Figura 4.173 - Relevo de colinas dissecadas e morros baixos sobre rochas da unidade DCMUmg (Piên, PR).
Foto: Deyna Pinho (2011).
198
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.174 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro do domínio dos corpos máfico-ultramáficos
(suítes komatiiticas, suítes toleíticas, complexos bandados) (DCMU). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Apesar de o relevo se apresentar bastante movimenta- envolvam escavações e movimentação de terra em períodos
do e irregular, ocorre predomínio de solos argilosos. Além de chuvosos, pois equipamentos e ferramentas utilizados nas
apresentarem boa estabilidade geotécnica, o potencial obras de terraplanagem demandarão maior tempo para
de ocorrência de movimentos naturais de massa é baixo. limpeza e manutenção.
Os solos argilosos, em épocas de seca, devido à ação
Limitações dos ventos e ao tráfego de veículos, entram facilmente em
suspensão, gerando muita poeira em áreas sem cobertura
Nas áreas em que o perfil do solo residual for pouco vegetal ou em estradas vicinais sem pavimentação.
evoluído, geralmente existem camadas contendo argilomi- Nas áreas em que a porção côncava das vertentes
nerais expansivos. Caso tais camadas sejam submetidas à apresenta maior declividade, ocorre maior concentração de
variação do grau de umidade, apresentarão o fenômeno de energia dos fluxos de água superficial e subsuperficial, aumen-
alternância de estados de dilatação e contração, tornando tando o potencial de ocorrência de movimentos de massa.
esses solos colapsíveis e sujeitos a desmoronamentos. Na unidade DVMUbu, por esta ser predominante-
Tais áreas são inadequadas para implantação de obras mente de rochas ígneas com características maciças que
civis, pois a oscilação no grau de umidade nas camadas de sofrem alterações bastante heterogêneas, formam-se
argilas expansivas causará, além de problemas de instabi- blocos e matacões ao longo do perfil do solo, mesmo em
lização de taludes, a formação de trincas em pavimentos regiões em que a pedogênese esteja avançada. Tais frag-
de estradas construídas sobre esse tipo de solo. mentos de rocha, existentes em meio à matriz do solo,
Os solos argilosos, independentemente da evolução caso fiquem expostos em taludes de corte, poderão sofrer
pedogenética, em períodos secos entram facilmente em sus- instabilização, ocasionando quedas e rolamentos. Assim,
pensão, gerando muita poeira; quando úmidos, tornam-se deve-se tomar cuidado para que fundações e edificações
excessivamente aderentes e escorregadios. Assim, deve- não fiquem parcialmente apoiadas sobre esses blocos e
-se evitar a execução de obras grandes e demoradas que matacões, de modo a se evitar danos a essas construções.
199
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Agricultura
Adequabilidades ou potencialidades
200
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Em áreas mais acidentadas, ao longo de uma mesma Assim, a existência, a distribuição, o tamanho, a
encosta podem ocorrer solos de diferentes qualidades agrí- densidade e a interconectividade das fraturas, associados a
colas, pois há locais em que os perfis são mais profundos e fatores exógenos, como as condições climáticas locais, em
bem desenvolvidos, enquanto em outros pontos são rasos especial os índices de chuvas, são as razões pelas quais, em
e pouco desenvolvidos. A erosão hídrica também varia de áreas próximas, um poço pode apresentar excelente vazão
baixa a alta, ocasionando erosão laminar ou em sulcos e in- e outro estar seco. Como o gabro intemperizado forma
fluenciando, a curtas distâncias, a qualidade agrícola do solo. solos argilosos pouco permeáveis, disponibiliza pouca água
Podem ocorrer fragmentos de rocha em superfície, o para circulação. Assim, o manto de alteração situado mais
que, associado ao relevo, que pode ser muito declivoso, abaixo nesse perfil terá baixo potencial hídrico.
é limitante à mecanização agrícola. São solos argilosos, Áreas com esse tipo de perfil de solo e subsolo são
muito plásticos e pegajosos, o que dificulta a utilização consideradas desfavoráveis à recarga das águas subter-
de maquinários quando molhados ou úmidos. Apresen- râneas, reduzindo o potencial de infiltração das águas
tam aptidão regular para culturas anuais, em função de das chuvas, com consequente aumento da velocidade
limitações quanto ao armazenamento de água para as do escoamento superficial, potencializando os proces-
plantas e ao uso de implementos agrícolas. No entanto, sos de erosão hídrica laminar, que carrearão sedimentos
é necessária a utilização de práticas conservacionistas in- para as drenagens e ocasionarão o assoreamento dos
tensivas, como o terraceamento em desnível e cobertura cursos d’água.
vegetal permanente. As mudanças nas características texturais do solo,
Nessas áreas, há possibilidade de formação de crostas que são intrínsecas à pedogênese e às características da
lateríticas, que são muito endurecidas e intemperizadas. rocha-mãe, como redução da porosidade e permeabilidade,
Ao sofrerem lixiviação, liberam ferro e alumínio para os so- reduzem também a recarga dos aquíferos subterrâneos e
los, deixando-os excessivamente ácidos e corrosivos, assim poderão levar à extinção de nascentes em regiões com
como reduzindo a sua qualidade química e tornando-os manejo incorreto do solo para implantação de extensas
inaptos para a agricultura. Além disso, danificam, rapida- áreas de pastagem ou lavouras.
mente, dutos ou canos que estejam enterrados. Nessa região, há moderada a alta densidade de canais
de drenagem, onde o sistema principal apresenta vales
Recursos hídricos subterrâneos e estreitos e relativamente profundos e desprovidos de pla-
fontes poluidoras nícies de deposição. O sistema secundário apresenta vales
abertos e curtos e funciona apenas como escoamento das
Adequabilidades ou potencialidades águas das chuvas, permanecendo secos. Como são terrenos
definidos como pouco permeáveis, deve-se preservar a ve-
No domínio DCMU, predominam rochas que se com- getação nativa, pois esta exerce papel fundamental: retém
portam como aquíferos com baixa potencialidade para a água da chuva e ajuda na infiltração da água no subsolo.
água subterrânea em fraturas. Os solos possuem elevada Entretanto, a baixa permeabilidade do solo reflete na pouca
capacidade de reter e fixar poluentes. Os solos que ocor- disponibilidade hídrica em superfície e em drenagens secas.
rem nessas áreas são predominantemente argilossiltosos
e apresentam, naturalmente, baixa permeabilidade, o que Recursos minerais
gera grande capacidade de reter, fixar e eliminar poluentes.
Em regiões onde os perfis são mais profundos, tais carac- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
terísticas físico-químicas reduzem o risco de contaminação
dos aquíferos subterrâneos por produtos químicos utili- A unidade DCMUbu mostra-se favorável à existência de
zados, por exemplo, na agricultura. A rocha, pelo padrão mineralizações de chumbo, prata, ouro e tem potencial para
de fraturamento, pode apresentar bom potencial para exploração de rochas ornamentais para uso na construção civil.
exploração de águas subterrâneas. Já na unidade DCMUmg, o ambiente geológico é favorável
a mineralizações de níquel, cobre, zinco, chumbo, ouro,
Limitações prata, cromo, talco e asbesto (RIBAS, 1993) (Quadro 4.31).
Por ser uma rocha bem fraturada, com estruturas Aspectos ambientais e potencial turístico
abertas, além da percolação da água, seus espaços facilitam
que os poluentes atinjam rapidamente os aquíferos sub- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
terrâneos. Assim, onde rochas afloram em maior extensão
superficial, cuidados especiais devem ser tomados com A unidade DCMUbu, ao sofrer intemperismo, gera
fontes potencialmente poluidoras, como, por exemplo, solos argilosos, que são, naturalmente, pouco perme-
redes de esgoto. As rochas nas quais as águas subterrâneas áveis. Como existe um padrão alto de densidade de
se armazenam e circulam através de fendas abertas (falhas, canais de drenagem na região e o relevo apresenta for-
fraturas) são denominadas aquíferos fissurais, sendo que o te declividade, em períodos de chuva intensa a maior
potencial hidrogeológico local é bastante irregular. parte das águas escoa rapidamente por esses canais.
201
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Quadro 4.31 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCMU, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.
Tal padrão de escoamento ocasiona grandes e bruscas Séries graníticas peralcalinas (DCGR1palc)
mudanças de nível e de vazão nos rios, riachos e córregos,
levando à formação de enxurradas com alto potencial de Essa unidade ocorre próximo à área urbana de Agudos
remoção e transporte de sedimentos. Devido a tais carac- do Sul e nas áreas municipais de Antonina, Campina Grande
terísticas da região, cuidados especiais devem ser tomados do Sul, Guaraqueçaba, Guaratuba, Mandirituba, Morretes,
para não a desmatar excessivamente, pois a cobertura ve- Piên, Piraquara, Quatro Barras, São José dos Pinhais e Tijucas
getal tem papel importante para reter as águas das chuvas do Sul. Corresponde aos corpos graníticos de Alto do Turvo,
e melhorar o potencial de infiltração no solo e subsolo. Anhangava, Marumbi, Morro Redondo, Palermo, Rio Negro,
A região da unidade DCMUbu tem potencial turístico Serra da Graciosa, Serra da Igreja, Tarumã, Serra do Mar, mais
devido à beleza cênica do relevo, predominantemente especificamente, biotita-granitos, granodioritos, leucogranitos,
montanhoso, com preservação de matas, florestas e rios. álcali-feldspato-granitos, quartzossienitos, quartzo, monzo-
As características de relevo, a vegetação, cavernas, rios nitos, monzogabros, sienomonzogranitos, anfibólio-biotita-
com cachoeiras e o clima ameno formam interessantes monzogranitos, biotita-monzogranitos e, subordinadamente,
cenários, que são os principais atrativos da região do Vale biotita-gabros, monzogabros, quartzo-monzodioritos, mon-
do Ribeira. O importante para essa região, com muitas zodiotitos, quartzomonzonitos e monzonitos.
áreas preservadas, é o contínuo incentivo ao desenvolvi-
mento do ecoturismo contemplativo, que é a apreciação Séries graníticas alcalinas (DCGR1alc)
dos ecossistemas em seu estado natural.
Essa unidade ocorre nas áreas municipais de Adria-
DOMÍNIO DOS COMPLEXOS GRANITOIDES nópolis, Campo Largo, Campo Magro, Carambeí, Castro,
NÃO DEFORMADOS (DCGR1) Cerro Azul, Jaguariaíva, Piraí do Sul, Piraquara, Ponta
Grossa, Quatro Barras e Rio Branco do Sul. Correspon-
Elementos de Definição e de aos corpos graníticos de Angelina, Carambeí, Cerne,
Área de Ocorrência
Joaquim Murtinho, Morro Grande, Passa Três, Piedade,
Varginha, Itaoca (Saltinho), Conceição (Três Córregos), gra-
O domínio DCGR1 compreende as rochas ígneas plu-
nitoides pós-orogênicos do Órogeno Paranapiacaba, mais
tônicas gratinoides geradas no Proterozoico, que não foram
especificamente, álcali-feldspato-granitos, leucogranitos,
metamorfizadas, deformadas ou foram poucamente influen-
sienogranitos, monzogranitos, biotita-monzogranitos,
ciadas por eventos tectônicos. Está representado por três
quartzossienitos, quartzomonzonitos, granodioritos.
unidades geológico-ambientais: Séries graníticas peralcalinas;
Séries graníticas alcalinas; Séries graníticas indeterminadas.
As áreas de ocorrência localizam-se no escudo pa-
Séries graníticas indeterminadas (DCGR1in)
ranaense, nas regiões dos municípios de Campo Largo,
Essa unidade ocorre nas áreas municipais de Bocaiúva do
Cerro Azul, Lapa, Morretes, Ponta Grossa, Rio Branco do
Sul, Campina Grande do Sul, Contenda, Lapa e Tunas do Paraná.
Sul e Tunas do Paraná. Ocorrem totalizando uma área de
Corresponde aos corpos graníticos de Banhado e aos gra-
1.730,40 km2, significando 0,88% do território do estado
nitoides pós-orogênicos do Órogeno Paranapiacaba, mais
do Paraná (Figura 4.177; Quadro 4.32).
especificamente, sienogranitos, granitos, granodioritos,
Características das Unidades monzogranitos, biotita-monzogranitos e monzonitos.
Geológico-Ambientais Resumidamente, são apresentadas, a seguir, informa-
ções sobre os principais litotipos ou descrição faciológica
As unidades geológico-ambientais que compõem o dos corpos granitoides e respectivas idades.
domínio DCGR1 são constituídas por corpos ígneos plutô-
nicos de caráter granitoide e composição variada, como: Granito Alto do Turvo
leucogranitos, álcali-feldspato-granitos, sienogranitos,
monzogranitos, granodioritos, sienitos e outros litotipos Considerado como plúton granítico alcalino do tipo
associados pós-orogênicos. A, é composto por duas fácies litológicas predominantes:
202
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.177 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro dos complexos granitoides
não deformados (DCGR1). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
203
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
Séries graníticas
DCGR1palc R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 1.033,07 0,53
peralcalinas
R4c – Domínio montanhoso;
R4d – Escarpas serranas.
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
Séries graníticas R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
DCGR1alc 632,24 0,32
alcalinas R4c – Domínio montanhoso;
R4d – Escarpas serranas;
R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos.
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
Séries graníticas
DCGR1in R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 65,09 0,03
indeterminadas
R4c – Domínio montanhoso.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Composto por granitos subalcalinos e alcalinos, tipo Composto de rochas graníticas leucocráticas de granu-
A, com idade neoproterozoica em torno de 564 Ma. lação grossa, equigranular ou porfirítica, nessa última com
Possui textura porfiroide, com fenocristais de feldspato fenocristais de microclínio. Quanto à composição, essas
róseo envolvidos por uma matriz cinza-claro. Os minerais rochas se classificam como monzonito, monzodiorito e
predominantes são microclínio, plagioclásio, quartzo, granodiorito. Biotita representa o principal mineral máfico;
biotita e hornblenda; como minerais acessórios apare- idade neoproterozoica (FALEIROS; MORAIS; COSTA, 2012).
cem: apatita, pirita, zircão e alanita; outros minerais que
aparecem: calcita, sericita, pistacita e clorita (BRUMATTI; Suíte Granítica Três Córregos (Granito Conceição)
ALMEIDA, 2014; CPRM, 1977).
Hornblenda-biotita-granitos cinza-rosado, porfiroides,
Granito Piedade de composição granodiorítica a granítica, de granulação
média a grossa, tardiorogênicos, de idade neoproterozoica
Granitoides de granulação média a fina, tardioro- (SILVA et al., 1999).
gênicos, com dois domínios litológicos predominantes:
Suíte Serra do Mar
álcali-sienitos, álcali-quartzossienitos e quartzossienitos
cinza-claro, cinza-rosado, isótropos, contendo hastingsita Granitos de natureza alcalina a peralcalina, tipo A,
e biotita; álcali-granitos, sienogranitos e álcali-quartzos- de idade neoproterozoica em torno de 600 a 580 Ma.
sienitos branco-acinzentados a avermelhados, cataclásti- Monzogranitos, sienogranitos, quartzossienitos, quart-
cos, ambos de idade neoproterozoica (SILVA et al., 1999). zomonzonitos, sienitos e feldspato-alcalino-granitos.
A fase máfica predominante nos granitos alcalinos é biotita
Granito Itaoca e biotita±anfibólio e, nos granitos peralcalinos, é biotita,
hornblenda, riebeckita, arfevdsonita, aegirina, aegirina-
Esse plúton compreende rochas metaluminosas augita e rara faialita (WILDNER et al., 2014).
correlacionáveis à série calcialcalina de alto potássio, de
natureza tardi- a pós-orogênica, do tipo I Cordilherano. Formas de Relevo e Solos
A unidade Saltinho inclui duas variações principais, sendo
uma constituída por biotita-hornblenda-monzogranito Na região das unidades DCGR1, predominam áreas em
róseo, equigranular a inequigranular médio; outra por que o relevo possui maiores declividades, como os tipos
hornblenda-biotita-monzogranito a quartzomonzonito montanhoso, morros e serras baixas, escarpas serranas e
hololeucocrático, rosa-esbranquiçado, equigranular a rebordos erosivos (Figura 4.178), devido, principalmente, à
inequigranular médio. A estrutura é isótropa a fracamen- relação dos litotipos e à história geológico-estrutural. Assim,
te foliada. Localmente, raros megacristais de feldspato a geomorfologia apresenta-se favorável a que os solos sejam
potássico. Contém minerais acessórios como titanita, do tipo transportado e com características extremamente
magnetita, epidoto, clorita, apatita e zircão; idade neo- variadas, visto que são influenciados pelas litologias exis-
proterozoica (FALEIROS; MORAIS; COSTA, 2012). tentes nas regiões altas do entorno (Figura 4.178).
204
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.178 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro dos complexos granitoides não deformados (DCGR1).
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
No domínio DCGR1, predominam Argissolos Verme- a ação dos processos de intemperismo físico-químico.
lho-Amarelos, que ocorrem em 32,6% em área, principal- São litologias que formam solos argilo-síltico-arenosos.
mente sobre os relevos de colinas amplas e suaves e morros Nas áreas em que os granitos são submetidos a fortes
e serras baixas; Afloramentos rochosos representam 30,2% processos de pedogênese, os solos formados apresentam
em área, dominantemente nos relevos montanhosos e boa capacidade de compactação, baixa permeabilidade,
de escarpas serranas; Cambissolos Háplicos representam plasticidade moderada e são pouco erodíveis. Já em áreas
22,0% em área, preferencialmente sobre os relevos de com pedogênese incipiente, a alteração das rochas gera
colinas amplas e suaves e escarpas serranas; Latossolos saibro, utilizado para manutenção de estradas sem pavi-
representam 5,6% em área, predominantemente sobre o mentação. Essas rochas apresentam qualidades geotécnicas
relevo de colinas amplas e suaves; os demais tipos de solos para uso como material de empréstimo em obras de aterros,
representam menos de 9,6% em área (EMBRAPA, 2007). construção de estradas e pequenas barragens. Os corpos
graníticos que apresentam baixo grau de alteração, rele-
Características, Adequabilidades e vantes características texturais e estruturais e padrão de cor
Limitações Frente ao Uso e à Ocupação
comercial têm potencial para utilização como pedras para
Obras de engenharia revestimentos externos e internos, em fundações, como
agregados para concreto (brita), além de outras aplicações
Adequabilidades ou potencialidades na indústria da construção civil.
205
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
206
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Limitações
207
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Quadro 4.33 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCGR1, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.
Figura 4.183 - Local de extração de pedra de talhe ou Aspectos ambientais e potencial turístico
paralelepípedo no granito Angelina na unidade DCGR1alc (Quatro
Barras, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
208
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.185 - Extração de pedra de talhe no granito Angelina Figura 4.188 - Pico Paraná, na serra do ibitiraquiré, sobre rochas
na unidade DCGR1alc (Quatro Barras, PR). Fotografia: Andrea graníticas da unidade DCGR1palc (Antonina, PR).
Fregolente Lazaretti (2011). Fonte: Exploradores (2011).
Elementos de Definição e
Área de Ocorrência
209
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Quadro 4.34 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCGR1, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.
Características de
Código do Domínio Código da Unidade Atrativo Geoturístico, Geossítios, Quilombolas,
Interesse Intrínsecas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Comunidades Indígenas, Áreas de Conservação
à Geodiversidade
Beleza paisagística;
Parque Estadual Serra da Baitaca; Morros: Anhangava, espeleológico;
DCGR1alc Pelado, Pão de Ló, do Corvo, Samambaia; Caverna geomorfológico;
Andorinhas do Anhangava; Caminho do Itupava. exuberante fauna e
flora; histórico.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
As áreas de ocorrência localizam-se no escudo para- Mandirituba, Matinhos, Piên, Piraí do Sul e Tijucas do Sul.
naense e ocorrem nas regiões dos municípios de Antonina, Corresponde aos corpos graníticos de Arrieiros, Barra do
Castro, Cerro Azul, Doutor Ulysses, Jaguariaíva, Mandiritu- Chapéu, Canavieiras, Cunhaporanga (Piraí do Sul e Santa
ba, Matinhos, Paranaguá, Piên, Ponta Grossa, Quitandinha Rita), Estrela, Francisco Lima, Itaoca, Morro Inglês, Rio
e Tijucas do Sul. Totaliza uma área de 5.667,22 km2, signi- do Poço, São Domingos, Três Córregos (São Sebastião),
ficando 2,89% do território do estado do Paraná (Quadro granitoides e leucogranitos da Suíte Rio Piên e granitoides
4.35; Figura 4.189). tipo I do Orógeno de Paranapiacaba, mais especificamen-
te, álcali-feldspato-granitos, leucogranitos, sienogranitos,
Características das Unidades monzogranitos, biotita-monzogranitos, granodioritos,
Geológico-Ambientais quartzomonzonitos, quartzo-monzodioritos, biotita-
granitos, biotita-hornblenda-granitos, protomilonitos e,
As unidades geológico-ambientais que compõem o subordinadamente, dioritos e quartzodioritos.
domínio DCGR2 são constituídas por corpos ígneos plu- Resumidamente, a seguir, são apresentadas as infor-
tônicos sin- a tarditectônicos de caráter granitoide e de mações dos principais litotipos ou descrição faciológica
composição variada, como leucogranitos, sienogranitos, dos corpos granitoides e respectivas idades.
monzogranitos, granodioritos, sienitos, gnaisses, milonitos
e outros litotipos associados. Granito Barra do Chapéu
210
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
Séries graníticas
DCGR2pal R4b – Domínio de morros e de serras baixas. 22,31 0,01
peralcalinas
R1a – Planícies fluviais ou fluviolacustres;
R1c – Vertentes recobertas por depósitos de encosta;
R2b3 – Planaltos;
R4a1 – Colinas amplas e suaves;
Séries graníticas subal-
DCGR2salc R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos; 5.644,91 2,88
calinas
R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
R4c – Domínio montanhoso;
R4d – Escarpas serranas;
R4e – Degraus estruturais e rebordos erosivos.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Figura 4.189 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná no domínio dos complexos granitoides
deformados (DCGR2). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
Batólito Granítico Três Córregos cor cinza, deformados (protomilonitos) ou não, com
frequentes megacristais (até 6 cm) de K-feldspato e raros
Estão inclusos os corpos graníticos Arrieiros, São de plagioclásio.
Sebastião, Paina e Conceição. O Granito Arrieiros é o O Granito São Sebastião configura um corpo bato-
predominante no batólito, ocorrendo desde as proximi- lítico, com dimensões de aproximadamente 250 km2 no
dades do distrito de Itaiacoca, em Ponta Grossa, até a distrito de Açungui, em Rio Branco do Sul; é constituído
zona urbana de Cerro Azul. Constitui-se por hornblenda- por hornblenda-biotita-quartzomonzonitos com titanita,
-biotita-monzogranitosa granodioritos porfiríticos de cinzentos, porfiríticos, de granulação grossa e isótropos.
211
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Apresenta megacristais (3 a 5 cm) euédricos de K-feldspato e, localmente, quartzossienito, de cor cinza a levemente
poiquilíticos, ocorrendo, ainda, megacristais com até amarronzada e estrutura maciça.
12 cm. Os principais minerais acessórios são alanita, zircão, Apatita, titanita, alanita e zircão ocorrem como
apatita e opacos. acessórios. Biotita e hornblenda alcançam até 12 e 8%
O Granito Paina ocorre muito restritamente em uma em volume, respectivamente. De idade neoproterozoica
estreita faixa próximo à Zona de Cisalhamento Itapirapuã, na em torno de 623 Ma (FALEIROS; MORAIS; COSTA, 2012).
região de São Luiz dos Machados, em Castro. Constitui-se,
principalmente, por hornblenda-biotita-tonalitos pouco Complexo Meia Lua
deformados, de coloração cinza-escuro, granulação média
e inequigranulares. Os principais minerais acessórios são: Composto por rochas ortoderivadas quase sempre
zircão, titanita, apatita e alanita. muito alteradas, incluindo biotita-hornblenda-gnaisses
O Granito Conceição está localizado no distrito de de granulação média, bandados, biotita-gnaisses graní-
Três Córregos, em Campo Largo, e pode ser subdividido ticos de granulação média a localmente inequigranular
em duas fácies litológicas: a primeira, denominada Arroio média a grossa e subordinadas lentes de metabásicas de
Taquaral, é constituída por hornblenda-biotita-monzogra- granulação fina a média; orto- e paraderivado, sienogra-
nitos e raros sienogranitos isótropos, inequigranulares, de nítico e granodiorítico, com quartzito, feldspato-quartzito,
coloração avermelhada e granulação média. Os principais metamafito, micaxisto e quartzo-micaxisto; de idade pale-
minerais acessórios são titanita, zircão, apatita e alanita. oproterozoica em torno de 1746-1734 Ma (CPRM, 2004).
A segunda, denominada Fácies Vista Bonita, é constituída
por hornblenda-biotita-monzogranitos hololeucocráticos, Suíte Rio Piên
de coloração róseo-claro, equi- a inequigranulares e isó-
tropos (PRAZERES FILHO et al., 2003). Composta por corpos granitoides com epidoto mag-
mático que podem ser subdivididos em três subunidades:
Granito Estrela a primeira, com predomínio de leucogranodioritos; a
segunda, com predominância de quartzo-monzodioritos/
Composto por granitoides leucocráticos, cinza-claro granodioritos e granodioritos; e a terceira, onde predomi-
a cinza-rosado, granulação média, equi- a inequigranular, nam quartzo-monzodioritos; de idade neoproterozoica em
raramente porfirítica, isótropos, a biotita e/ou hornblenda torno de 605-595 Ma (WILDNER et al., 2014).
(WILDNER et al., 2014).
Batólito Granítico Cunhaporanga
Suíte Morro Inglês
Constituído pelos corpos graníticos de Ribeirão Butiá,
Composta por granitoides leucocráticos, cinza, granu- Santa Rita e Piraí do Sul. O corpo granítico Ribeirão Butiá
lação média a grossa, porfiríticos, foliados (fluxo), mega- é o mais predominante no batólito, ocorrendo na região
cristais orientados de K-feldspatos (2-10 cm) e plagioclásio, urbana de Castro. Constitui-se por hornblenda-biotita-
quartzo, hornblenda e biotita. Ocorrem, também, enclaves monzogranitos a granodioritos cinzentos, de granulação
máficos esféricos a angulosos, dioríticos a anfibolíticos de média, porfiríticos e isótropos, com megacristais (até 4 cm)
granulação fina, isótropos. De idade neoproterozoica em de K-feldspato euédricos e, ocasionalmente, megacristais
torno de 640-620 Ma (WILDNER et al., 2014). de plagioclásio. Os principais minerais acessórios são
zircão, titanita, alanita, apatita e opacos. É comum, nas
Granito Rio do Poço rochas dessa unidade, a ocorrência de enclaves dioríticos
ovalados e microgranulares.
Composto por granitoides hololeucocráticos cinza- O corpo granítico de Santa Rita ocorre na porção
claro a brancos, de granulação fina a média, textura central do batólito, mais próximo ao distrito de Abapã, em
equigranular xenomórfica foliada, com estrutura de fluxo Castro, e constitui-se, principalmente, por biotita-monzo-
magmático. Presença de minerais como biotita e muscovita. granitos porfiríticos róseos a avermelhados, isótropos e,
De idade neoproterozoica em torno de 616 Ma (WILDNER ocasionalmente, deformados. Apresentam megacristais
et al., 2014). de K-feldspato euédricos (com até 2 cm), distribuídos em
uma matriz equigranular média a fina. Os principais mine-
Granito Itaoca rais acessórios dessas rochas são apatita, zircão e titanita.
O corpo granítico de Piraí do Sul ocorre na extremida-
Esse plúton compreende rochas metaluminosas de NW do batólito, próximo à serra das Pedras e à cidade
correlacionáveis à série calcialcalina de alto potássio, de de Piraí do Sul. Constitui-se por biotita-monzogranitos
natureza tardi- a pós-orogênica, do tipo I Cordilherano. cinzentos, leucocráticos, equi- a inequigranulares, de gra-
A unidade Itaoca representa cerca de 70% da área do ba- nulação média a fina, isótropos, com textura xenomórfica.
tólito e aflora, principalmente, nas partes central e leste do Os principais minerais acessórios são titanita, apatita,
plúton. É constituído por monzogranito, quartzomonzonito alanita e zircão (PRAZERES FILHO et al., 2003).
212
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.190 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná dentro do domínio dos complexos granitoides
deformados (DCGR2). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
213
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
No caso de solos residuais, com pedogênese avan- As rochas graníticas alteram-se de maneira diferen-
çada, estes têm boa capacidade de compactação, baixa ciada, quase sempre deixando blocos e matacões ao longo
permeabilidade e são moderadamente plásticos, pouco do perfil do solo. Mesmo nas áreas em que os perfis são
erodíveis e com grande potencial para uso como material profundos, podem surgir fragmentos de rocha, dificultando
de empréstimo em aterros. a execução de escavações e perfurações. Caso aflorem nos
taludes de corte e em rampas declivosas, blocos e matacões
Limitações podem sofrer movimentação, instabilizando edificações, se
estas se apoiarem parcialmente sobre tais fragmentos de
Nos granitoides deformados, há maior possibilidade rochas (Figura 4.192).
de textura foliada nas bordas dos maciços rochosos, por- Nas regiões onde ocorrem rochas graníticas, a pro-
ções onde ocorrem superfícies planares, que se constituem fundidade do substrato rochoso pode apresentar grande
em descontinuidades geomecânicas, sendo pontos de irregularidade, sendo necessários ensaios geotécnicos
fraqueza que, além de estarem sujeitos à constante ação detalhados, apoiados em sondagens de malha pouco es-
do intemperismo, formam planos preferenciais para per- paçadas. Tais estudos iniciais elevam os custos dos projetos
colação de água, de rupturas e de início de movimentos de engenharia, tanto nas etapas de levantamentos preli-
de massa. minares e de planejamento como na de execução da obra.
Nas bordas dos maciços graníticos existe intenso As rochas graníticas geram solos residuais e bastante
fraturamento, que ocorre em várias direções, sendo os erodíveis, se submetidos à concentração das águas pluviais,
pontos mais frágeis das rochas. Caso taludes de corte sejam não sendo adequados como material de empréstimo em
construídos próximo às bordas dos maciços e com paredes obras expostas às chuvas. São solos pouco coesivos, que, no
muito verticalizadas, poderá haver instabilização geotéc- caso de sofrerem escavações para construção de taludes de
nica de blocos aflorantes ou da própria rocha alterada ou corte, podem instabilizar e deflagrar acidentes geotécnicos
solo, podendo ocorrer rolamentos, quedas, tombamentos do tipo escorregamentos (Figura 4.193).
e escorregamentos (Figura 4.191). Nas regiões de relevos com maiores amplitudes, no
Em áreas de ocorrência de rochas não intemperizadas, caso, morros altos, serras baixas, montanhoso, escarpa
estas apresentam alta resistência ao corte e à penetração, serrana, é comum a existência de microbacias hidrográficas
necessitando do uso de explosivos para desmonte. sujeitas a eventos de corridas de lama/detritos e enxurradas
com alto poder destrutivo (Figura 4.194).
Agricultura
Adequabilidades ou potencialidades
Figura 4.191 - Leucogranito extremamente fraturado da Figura 4.192 - Desmoronamento de solo e blocos de rocha durante
unidade DCGR2salc (Mandirituba, PR). Fotografia: escavação sobre granitoides da suíte Rio Piên da unidade DCGR2salc
Andrea Fregolente Lazaretti (2011). (Piên, PR). Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011).
214
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.193 - Deslizamento de solo residual sobre rochas do Figura 4.195 - Uso agrícola do solo residual sobre rochas do granito
granito Rio do Poço, da unidade DCGR2salc, com destruição de Santa Rita, em relevo de colinas amplas e suaves (Castro, PR).
várias moradias (Antonina, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
Limitações
215
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.196 - Relevo de morros e serras baixas sobre a unidade Figura 4.197 - Blocos residuais de leucogranitos em meio a solo
DCGR2salc (Mandirituba, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). residual na unidade DCGR2salc (Agudos do Sul, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011).
Na unidade DCGR2salc, ocorrem maiores incidências
de Neossolo Regolítico associado ao relevo de morros altos
e serras baixas (EMBRAPA, 2007). Nesses locais, o solo e
o manto de alteração podem possuir muitos fragmentos
de rocha residuais, além de serem facilmente erodíveis
(Figuras 4.197 e 4.198).
Adequabilidades ou potencialidades
216
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Nesse domínio, há áreas com alto potencial para gra- As regiões mais urbanizadas que ocorrem sobre essas
nitos com características físico-químicas, texturais e formas unidades geoambientais graníticas podem se aproveitar,
de afloramento (blocos e matacões) adequadas para serem de forma positiva, dos aspectos ambientais tipo feições
lavrados para brita, rocha ornamental e pedra de talhe/ de relevo. Por outro lado, também há situações inversas,
cantaria (Figura 4.199; Quadro 4.36). em que uma área apresenta relevo montanhoso associa-
Na região em que afloram granitos subalcalinos, há do a riachos e córregos e, ao ser urbanizada de forma
explotação de argila e rocha ornamental e brita para uso desordenada, gera um ambiente de alto risco geotécnico
na construção civil. Há ocorrências de barita, caulim e flu- e suscetível a enchentes e inundações. Após esse tipo de
orita, além da extração de água mineral. Destaque para os ocupação instalada, para reordenar a ocupação e recuperar
agrupamentos minerais (área de pequenas dimensões, lo- a área ambientalmente, para melhorar a condição socio-
calizada em ambiente geológico produtor de bens minerais, ambiental da comunidade local, serão necessários projetos
abrangendo, no mínimo, três ou mais depósitos e/ou jazidas complexos, com alto custo e longo período de execução.
minerais) de rochas ornamentais da região de Rio Branco Nesse domínio, há predomínio de relevos favoráveis a
do Sul, sobre rochas granitoides da unidade DCGR2salc. que o lençol freático aflore em vários locais. São áreas geral-
Não há ocorrências de depósitos registrados na uni- mente portadoras de muitas nascentes, portanto, de grande
dade DCGR2pal. importância para manutenção da regularidade do regime
hídrico superficial que abastece os principias rios da região.
O predomínio de relevos em desequilíbrio, em fran-
co e acelerado processo de desgaste, aliado ao potencial
de erodibilidade relativamente alto dos solos graníticos,
torna essas áreas sujeitas a grandes movimentos naturais
de massa e fontes de alta carga de detritos arenosos que
assoreiam os cursos d’água.
Nas áreas de ocorrência desse domínio e onde os rele-
vos são muito acidentados, há formação de belos espigões
rochosos, com rios e córregos exibindo leitos cobertos por
seixos, blocos e matacões. Nesses trechos dos rios, a água
escoa sobre o leito rochoso, formando fortes corredeiras;
onde há quebra de relevo, existem cachoeiras e piscinas
naturais. Esses blocos e matacões afloram na superfície
dos terrenos graníticos, nos topos, ou, às vezes, na meia-
encosta e dentro do leito dos rios, formando interessantes
esculturas naturais e gerando paisagens de grande beleza
cênica (Figuras 4.200 a 4.202).
Pelo fato de as rochas graníticas apresentarem alta re-
sistência ao intemperismo físico-químico, os terrenos susten-
tados por tais litologias costumam ser predominantemente
montanhosos, ocorrendo áreas de grande beleza cênica.
O domínio tem grandes áreas ocorrendo dentro dos
limites de importantes unidades de conservação, tais
como as APAs de Guaratuba e de Guaraqueçaba; o Parque
Figura 4.199 - Extração de rocha ornamental, no granito Morro
Inglês, na unidade DCGR2salc (Pontal do Paraná, PR). Nacional Saint-Hilaire/Lange e a Reserva Natural Serra do
Fotografia: Deyna Pinho (2011). Itaqui (Quadro 4.37).
Quadro 4.36 - Unidade geológico-ambiental do domínio DCGR2, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.
217
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Elementos de Definição e
Área de Ocorrência
Característica da Unidade
Geológico-Ambiental
218
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Quadro 4.37 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCGR2, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.
Características de
Código do Domínio Código da Unidade Atrativo Geoturístico, Geossítios, Quilombolas,
Interesse Intrínsecas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Comunidades Indígenas, Áreas de Conservação
à Geodiversidade
Beleza paisagística;
DCGR2pal Serra da Endoença; Cachoeira Professorinha
geomorfológico.
Quilombola Cangume;
APAs de Guaratuba e de Guaraqueçaba;
Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange;
Reserva Natural Serra do Itaqui;
DCGR2 Serras: do ibitiraquiré, do Marumbi, da Virgem Maria, Beleza paisagística;
Santa do Paredão; geomorfológico;
DCGR2salc
Pedra Branca do Araraquara; exuberante fauna
Picos: Torre de Prata e Serrinha; Morros: Cunhã-Poranga, e flora; histórico.
do Boi, do Bruninho, do Tromomô; Saltos: da Onça,
do Tigre, Morato, Parati;
Cachoeiras: do Cedro, do rio Panela, dos Jesuítas;
Caminho do Itupava.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2011).
Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
R1a – Planícies fluviais ou fluviolacustres;
R1c – Vertentes recobertas por depósitos de encosta;
R1e – Planícies costeiras;
R3b – Inselbergs e outros relevos residuais;
Séries graníticas
DCGR3salc R4a1 – Domínio de colinas amplas e suaves; 478,48 0,24
subalcalinas
R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
R4b – Domínio de morros e de serras baixas;
R4c – Domínio montanhoso;
R4d – Escarpas serranas.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2011).
Resumidamente, são apresentadas, a seguir, informa- Petrograficamente, são calcialcalinos de alto K a shosho-
ções sobre os principais litotipos ou descrição faciológica níticos, e suas assinaturas geoquímicas sugerem formação
dos corpos granitoides e respectivas idades. em ambiente de arco magmático. Predominam monzo-
granitos, sienogranitos e granodioritos porfiríticos, ricos
Terreno Paranaguá em fenocristais de K-feldspato, e máficos (anfibólio e/ou
biotita) de granulometria média a grossa. Os minerais mais
Constituído por Complexo São Francisco do Sul, Suíte recorrentes são: feldspato potássico, quartzo, plagioclá-
Morro Inglês, Suíte Canavieiras-Estrela e outras unidades sio, anfibólio, biotita e titanita como principal acessório.
de gnaisses e migmatitos não diferenciadas localizadas
Enclaves, feições de mistura (mixing e mingling) com
na zona de cisalhamento.
rochas dioríticas são observados nas praias de Matinhos
O Complexo São Francisco do Sul está localizado nas
e Guaratuba, no estado do Paraná.
porções central e meridional do Terreno Paranaguá. Seus li-
A Suíte Canavieiras-Estrela foi denominada, ante-
totipos são gnaisses, dioritos, quartzo-monzodioritos, gra-
riormente, de modo separado, em Granito Canavieiras
nodioritos, trondhjemitos e monzogranitos. A mineralogia
é composta, principalmente, por plagioclásio, quartzo, e Granito Estrela. Ocupa a porção ocidental da serra de
K-feldspato, biotita, muscovita, epidoto, titanita, alanita, Cubatãozinho (PR-SC), a oeste da serra da Prata (PR).
apatita e zircão. São ainda observados enclaves anfibolíti- Litologicamente, são constituídos por quartzo-monzo-
cos, internamente foliados, e veios tonalíticos, por vezes, dioritos, leucogranodioritos e monzogranitos, consti-
como enxames. tuindo corpos alongados que balizam o contato oeste
Os granitos da Suíte Morro Inglês se estendem desde a do Terreno Paranaguá com os gnaisses granulíticos da
Ilha de São Francisco do Sul (SC) até a região de Iguape (SP). Microplaca Luís Alves.
219
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.203 - Representação da unidade geológico-ambiental do estado do Paraná dentro do domínio dos complexos granitoides
intensamente deformados (DCGR3). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
220
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.204 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná sobre o domínio dos complexos granitoides intensamente
deformados (DCGR3). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
As rochas granitoides do tipo ortognaisses apresentam Em perfis de solo, mesmo com pedogênese avançada,
potencial para uso em fundações e como agregados para poderão ocorrer, de forma menos frequente e mais irregu-
concreto e outras aplicações na construção civil. larmente distribuídos, afloramentos de blocos e matacões
soltos, devendo-se tomar cuidado para que fundações e
Limitações edificações não fiquem parcialmente apoiadas sobre esses
fragmentos de rochas, pois estes correm o risco de se mo-
Essas rochas, por seu grau de resistência e sua origem vimentar e instabilizar tais obras.
ígneo-metamórfica, somados às características mineralógi- As rochas granitoides alteram-se de forma bastan-
cas (predomínio de feldspato e quartzo), apresentam alta te heterogênea, gerando solos argilo-síltico-arenosos
resistência ao corte e à penetração. Assim, para execução e ocasionando variação irregular na profundidade do
de frentes de escavação ou de terraplenagem será neces- substrato rochoso. Os solos residuais pedogeneticamente
sário o uso de explosivos para o desmonte. pouco evoluídos são excessivamente erodíveis e se insta-
São litologias que contêm inúmeras descontinuidades bilizam com facilidade em obras do tipo taludes de corte.
geomecânicas, relacionadas ao fraturamento, à foliação e Portanto, são solos de uso não adequado como material
ao bandamento gnáissico, que apresentam concentrações de empréstimo em obras do tipo aterros, sujeitos à con-
diferenciadas de biotita isorientada, devido ao intenso centração de águas pluviais.
processo deformacional que sofreram. São características Nas regiões de relevos com maiores amplitudes, no
que as tornam mais suscetíveis e concentram-se nas bordas caso, morros altos, serras baixas, montanhoso, escarpa
dos maciços, facilitando a ocorrência de instabilidades serrana, é comum a existência de microbacias hidrográficas
geotécnicas como queda, rolamento e tombamento de sujeitas a eventos de corridas de lama/detritos e enxurradas
blocos (Figura 4.205). com poder destrutivo (Figuras 4.206 e 4.207).
221
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.205 - Corte de talude rochoso muito fraturado sobre a unidade DCGR3salc em relevo montanhoso,
evidenciando sua instabilidade geotécnica (Guaraqueçaba, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2018).
Figura 4.206 - Relevo de escarpas serranas sobre rochas da unidade DCGR3salc (Guaratuba, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2018).
Figura 4.207 - Relevo de morros e serras baixas sobre a unidade DCGR3salc (Morretes, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2018).
222
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
223
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Os solos residuais mais evoluídos são argilo-síltico- micáceos placoides, ora mais, ora menos concentrados,
arenosos, pouco permeáveis, e desfavoráveis à recarga das devido ao bandamento gnáissico.
águas subterrâneas. Em períodos de excesso de chuva, a
maior parte dessas águas escoa rapidamente para os canais Aspectos ambientais e potencial turístico
de drenagem. Nas regiões de solos argilosos, cuidados espe-
ciais devem ser tomados para não haver grandes desmata- Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
mentos, que podem causar excesso de impermeabilização.
Os relevos nessas regiões são montanhosos e escarpa-
Recursos minerais dos, devido ao predomínio de rochas bastantes tectonizadas,
de alta a muito alta resistência ao intemperismo físico-
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações químico, formando paisagens naturais de grande beleza
cênica e potencial turístico.
A unidade formada pelas séries graníticas subalcalinas Nessas regiões, onde o relevo é favorável a que o
tem ocorrências de materiais para uso na construção civil, lençol freático aflore em vários locais, forma-se grande
como saibro, areia, feldspato, granito, quartzito, além de número de nascentes, que são importantes para ma-
extração de água mineral de mesa. nutenção da regularidade hídrica dos principais rios e
Pode haver potencial metalogenético, entretanto, córregos que drenam essas áreas. Existem belos espigões
nesse domínio, o potencial foi reduzido pelo metamor- rochosos (Figura 4.208) e alta densidade de canais de
fismo, que mais dispersou que concentrou elementos drenagem nessas regiões, assim como rios e córregos
metálicos, e também pelo profundo grau de erosão dos apresentam trechos escoando sobre o substrato rochoso,
maciços rochosos. A porção rochosa favorável à existência formando fortes corredeiras, cachoeiras e piscinas naturais.
de mineralizações, em geral, já erodiu. O domínio tem grandes áreas ocorrendo dentro dos limites
Pode haver, em muitas áreas, reduzido potencial de importantes unidades de conservação, tais como: APAs
para exploração de rochas ornamentais devido à textura de Guaratuba e de Guaraqueçaba, Parque Nacional do
foliada, heterogeneidade textural e presença de minerais Superagui e Parque Estadual Ilha do Mel (Quadro 4.39).
Figura 4.208 - Inselbergs e outros relevos residuais sobre a unidade DCGR3salc (Pontal do Paraná, PR).
Fotografia: Deyna Pinho (2011).
Quadro 4.39 - Unidade geológico-ambiental do domínio DCGR3, no estado do Paraná, e seus potenciais geoturísticos.
Características de
Código do Domínio Código da Unidade Atrativo Geoturístico, Geossítios, Quilombolas,
Interesse Intrínsecas à
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Comunidades Indígenas, Áreas de Conservação
Geodiversidade
224
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.209 - Farol das Conchas sobre rochas da unidade DCGR3salc em relevo residual (Ilha do Mel, PR).
Fonte: Pousada pôr do soL, s.d.
Figura 4.210 - Gruta das Encantadas em rochas da unidade DCGR3salc (Ilha do Mel, PR).
Fonte: Astral da Ilha, s.d.
225
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Representação
Código da Unidade Unidade Área
Padrões de Relevo no Território
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental (km2)
Paranaense (%)
Predomínio de
gnaisses paraderivados.
DCGMGLgnp R1c; R4c – Domínio montanhoso. 79,42 0,04
Podem conter porções
migmatíticas.
Gnaisses granulíticos
ortoderivados. R4a1 – Colinas amplas e suaves;
DCGMGLglo 0,30 0,0002
Podem conter R4c – Domínio montanhoso.
porções migmatíticas
R2c; R4a1 – Colinas amplas e suaves;
Predomínio de gnaisses
R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
ortoderivados.
DCGMGLgno R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 699,62 0,36
Podem conter
R4c – Domínio montanhoso;
porções migmatíticas.
R4d – Escarpas serranas.
Gnaisses, migmatitos R1a; R2a1; R4a1 – Colinas amplas e suaves;
e/ou granulitos, com R4a2 – Domínio de colinas dissecadas e morros baixos;
DCGMGLmu alta incidência de corpos R4b – Domínio de morros e de serras baixas; 4103,40 2,09
de metamáficas e/ou R4c – Domínio montanhoso;
metaultramáficas. R4d – Escarpas serranas.
Gnaisses, migmatitos e/ou
granulitos, associados
a rochas metamáficas
DCGMGLmufb R4a1 – Colinas amplas e suaves. 173,64 0,09
e/ou metaultramáficas,
incluindo formações
ferríferas bandadas.
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2011).
226
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.212 - Representação das unidades geológico-ambientais do estado do Paraná dentro dos complexos
gnáissico-migmatíticos e granulíticos (DCGMGL). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
227
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Gnaisses, migmatitos e/ou granulitos, associados Ocorrem nessa unidade corpos lenticulares de rochas car-
a rochas metamáficas e/ou metaultramáficas, bonáticas na forma de mármores, rochas calcissilicáticas
incluindo formações ferríferas bandadas e xistos carbonáticos (FALEIROS; MORAIS; COSTA, 2012).
(DCGMGLmufb)
Gnaisses Granulíticos Luís Alves
Essa unidade ocorre nas regiões limítrofes com o
estado de Santa Catarina, nos municípios de Agudos do Pertencem ao núcleo gnáissico-granulítico indife-
Sul, Piên, Tijucas do Sul, e no limite com o município de renciado do Complexo Granulítico de Santa Catarina.
São José dos Pinhais, ocorrendo também na área urbana Predominam gnaisses enderbíticos, charnoenderbíticos e
de Tijucas do Sul. Corresponde às rochas gnáissico-gra- trondhjemíticos com enclaves máficos e ultramáficos de
nulíticas do Complexo Granulítico Santa Catarina, com metagabronoritos, metapiroxenitos e meta-hornblenditos.
predomínio de gnaisses, gnaisses granulíticos e granulitos, Também ocorrem gnaisses granulíticos básicos, gnaisses
ocorrendo, também, dunitos, formações ferríferas ban- anfibolíticos, anfibolitos e lentes de gnaisses kinzigíticos,
dadas, gabros, gabronoritos, harzburgitos, piroxenitos, calcissilicatados e quartzitos (IGLESIAS et al., 2011).
noritos e leucogranitos. Na região da divisa Paraná-Santa Catarina, Harara
Resumidamente, são apresentadas, a seguir, informa- (2001) subdividiu o Complexo Granulítico de Santa Ca-
ções sobre os principais litotipos ou descrição faciológica tarina em seis litofácies gnáissicas, sendo cinco litofácies
dos gnaisses. formadas por ortogranulitos máficos, intermediários e
félsicos, alguns com granada, e uma litofácies de biotita-
gnaisse anfibolítico, sem ortopiroxênios ou clinopiroxê-
Suíte Gnáissica Morro Alto
nios. Descreve, também, uma litofácies ultramáfica, for-
mada por lentes de serpentinitos, olivina-ortopiroxenitos
Também conhecida como Suíte Granítico-Milonítica
e olivina-websteritos serpentinizados, pertencentes ao
Rio Piên, trata-se de gnaisses graníticos de estrutura ocelar,
mesmo terreno gnáissico-granulítico.
constituídos de plagioclásio, quartzo, feldspato potássico,
hornblenda, biotita e, como minerais acessórios, titanita,
Gnaisses Granodioríticos de Pomerode
zircão, apatita, alanita, carbonato, epidoto e clorita. A clas-
ou Ortognaisses Pomerode
sificação composicional varia entre quartzomonzonítica,
quartzo-monzodiorítica, granodiorítica e monzogranítica,
São constituídos, predominantemente, por rochas
encontrando-se entre a série calcialcalina granodiorítica
gnáissicas dioríticas a granodioríticas, foliadas e defor-
de médio potássio e a série calcialcalina de alto potássio
madas conjuntamente com os Gnaisses Granulíticos Luís
(MINEROPAR, 2014). Dentre as fácies descritas por Ha-
Alves. Mais especificamente, as rochas gnáissicas são
rara (1996), encontram-se: biotita-ultramilonitos de cor de composição diorítica, tonalítica a granodiorítica e
avermelhada, granulação fina; granitoides miloníticos a granítica, foliadas a bandadas, com bandamento largo
protomilonitos, de granulação média a grossa, cor averme- (decimétrico a métrico) ou ausente. Apresentam cores
lhada, com porfiroblastos de feldspato potássico, biotita cinza-escuro a cinza-claro, granulação média a grossa,
e anfibólio; granitoides miloníticos a protomilonitos, de localmente porfiroclástica, com porfiroclastos de feldspa-
granulação média a grossa, cor acinzentada, também com tos alcalinos (ortoclásio) e/ou plagioclásios, de cor cara-
porfiroblastos de feldspato potássico, biotita e anfibólio. melo, marcando a foliação. Apresentam enclaves máficos
(metagabros), gnaisses e hornblenditos de granulação
Formação Turvo-Cajati grossa com ou sem plagioclásios. Foram encontradas
idades paleoproterozoicas em torno de 2226 a 2209 Ma
Redefinida por Perrotta et al. (2006), tem sua unidade (IGLESIAS et al., 2011).
paragnáissica constituída de paragnaisses e micaxistos
grossos, migmatíticos, com bandamento geralmente Complexo Serra Negra
lenticularizado e difuso definido pela alternância entre
leitos mesocráticos, formados por biotita, silimanita e Foi definido por Silva e Algarte (1981a, b), de ida-
granada, leucossomas, formados por quartzo, feldspa- de arqueana. Compreende, principalmente, rochas de
to potássico e plagioclásio e bandas subcentimétricas composição básica a intermediária, muitas vezes com
silimaníticas. São comuns veios lenticulares graníticos características aparentemente ígneas.
hololeucocráticos, de espessura centimétrica, concordan- O litotipo principal consiste em hornblenda-gnaisse
tes a subconcordantes com a foliação principal, além de básico, cinza-escuro, de granulação fina a média, com
veios ricos em muscovita milimétrica euédrica e bolsões bandamento gnáissico milimétrico a centimétrico, de
pegmatíticos ricos em muscovita e turmalina, paralelos espessura bastante contínua, em leitos individuais, com
ou discordantes da estrutura da rocha. Também ocorrem alternância entre leitos anfibolíticos de cor cinza-escuro
variações compostas por micaxistos grossos homogêneos. e leitos anortosíticos esbranquiçados.
228
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
229
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Figura 4.213 - Representação dos padrões de relevo do estado do Paraná sobre os complexos gnáissico-migmatíticos e
granulíticos (DCGMGL). Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2018).
O solo originado dessas unidades e com tais caracterís- Estão fortemente tectonizadas, tanto dúctil como
ticas apresenta qualidades geotécnicas para uso como ma- rúptil; geralmente apresentam duas proeminentes folia-
terial de empréstimo em obras como aterros, substituição ções metamórficas: uma mais antiga, de baixo ângulo e
de solos moles e na construção de barramentos. Em áreas de caráter dúctil, com forte achatamento e recristalização
onde o manto de alteração é formado por intemperismo mineral; outra recente, de alto ângulo, de caráter mais
incipiente, esses solos se apresentam pouco evoluídos e rúptil que dúctil.
formam o material denominado saibro, que poderá ser As rochas formadoras desse domínio alteram-se de
utilizado na manutenção de estradas sem pavimento e forma bastante heterogênea, gerando solos onde o hori-
acesso em áreas rurais. zonte B apresenta composição mais argilo-síltico-arenosa
e o horizonte C formado pelo substrato rochoso ficará
Limitações posicionado nesse perfil em profundidades irregulares.
Ocorrem localmente, dentro do domínio, solos residuais
As rochas gnáissico-migmatíticas e granulíticas pouco evoluídos, com horizonte de composição pre-
ocorrem na região como uma complexa associação de dominante de argilominerais expansivos (Figura 4.214).
pequenos e grandes corpos, com as mais variadas e Esse horizonte poderá sofrer forte processo erosivo caso fi-
contrastantes características texturais e minerais, com- que exposto às intempéries em taludes de corte. Solos com
plexamente e intensamente tectonizadas e dobradas. tais características mostram forte potencial para ocorrência
Apresentam grande anisotropia geomecânica e hidráulica de movimentos naturais de massa, mesmo onde as decli-
local lateral e vertical, sendo que, na maioria das vezes, a vidades sejam pouco acentuadas (Figuras 4.215 a 4.218).
curtas distâncias podem ocorrer, lado a lado, rochas e solos Por sua composição, não servem como material
residuais com as mais variadas e contrastantes caracterís- de empréstimo para uso em obras expostas à ação das
ticas geotécnicas. águas pluviais.
230
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.214 - Solo residual ainda com foliação gnáissico- Figura 4.217 - Deslizamentos generalizados de solo sobre
migmatítica preservada na unidade DCGMGLmu (Mandirituba, PR). rocha na unidade DCGMGLgnp (Morretes, PR). Fotografia:
Fotografia: Andrea Fregolente Lazaretti (2011). Deyna Pinho (2011).
Figura 4.215 - Detalhe de deslizamento de solo sobre rocha em Figura 4.218 - Obra de contenção em deslizamento de solo
relevo de escarpa serrana sobre rochas da unidade DCGMGLmu residual em talude de corte sobre a unidade DCGMGLmu (Campina
(Morretes, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011). Grande do Sul, PR).Fotografia: Deyna Pinho (2011).
231
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Agricultura
Adequabilidades ou potencialidades
232
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.221 - Relevo de escarpas serranas na unidade DCGMGLmu (São José dos Pinhais, PR). Fotografia: Deyna Pinho (2011).
Adequabilidades ou potencialidades
233
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Nos locais em que as rochas afloram e os solos são Aspectos ambientais e potencial turístico
pouco evoluídos ou rasos, é considerado alto o poten-
cial de contaminação das águas subterrâneas. Portanto, Adequabilidades ou potencialidades e Limitações
cuidados especiais devem ser tomados com todas as
fontes potencialmente poluidoras instaladas nessas áre- Nas regiões de ocorrência das rochas gnáissico-
as. Nas rochas paragnáissicas e ortognáissicas, as águas migmatíticas e granulíticas, devido à grande diversidade
subterrâneas circulam e ficam armazenadas em falhas litológica desse domínio, ao intenso tectonismo sofrido
e fraturas. São os denominados aquíferos fissurais des- e à existência de solos pouco permeáveis, há predomínio
contínuos. O potencial hidrogeológico dessas rochas é de relevos montanhosos e escarpas serranas. Tais regiões
irregular e depende da existência, distribuição, tamanho, apresentam grande beleza cênica, com belos espigões ro-
densidade e da interconectividade das fraturas, somado chosos (Figura 4.223), onde existe um sistema de drenagem
às condições climáticas locais. Assim, mesmo em áreas com muitos cursos d’água, com trechos escoando sobre o
com clima chuvoso, poços podem apresentar excelentes substrato rochoso e formando belas corredeiras, cachoeiras
vazões, enquanto em áreas muito próximas o poço pode (Figura 4.224) e piscinas naturais.
estar seco. Tais rochas podem formar solos residuais Esses relevos acidentados são favoráveis a que o
mais argilosos, com permeabilidade variando de baixa lençol freático aflore em vários locais, portanto, são ter-
a moderada, sendo, nesse caso, regiões desfavoráveis à renos que contêm inúmeras nascentes, importantes para
recarga das águas subterrâneas. manutenção da regularidade do regime hídrico super-
ficial dos rios, riachos e córregos, formadores da bacia
Recursos minerais hidrográfica existente na região. Blocos e matacões à
beira do mar ou formando pequenas piscinas naturais e
Adequabilidades ou potencialidades e Limitações corredeiras no leito de rio compõem também uma desta-
cada paisagem.
No domínio DCGMGL, quase todas as unidades Ocorrem no domínio DCGMGL cidades com potencial
possuem potencial para exploração de insumos e rochas turístico já bem desenvolvido, como Morretes, em meio
para uso na construção civil, tais como: diabásio, feldspa- à serra do Mar. Nessas áreas, em razão do intenso tecto-
to, gnaisse, granito, granito ornamental, monzodiorito, nismo, predominam relevos bastante movimentados, em
quartzito, areia, argila e caulim. Em algumas unidades há sua maioria montanhoso, com belos espigões rochosos.
ocorrência de ouro e ferro (Quadro 4.41). Nessas áreas predominam relevos em desequilíbrio, com
Destaque para os agrupamentos minerais (área de alta densidade de canais de drenagem e escoamento su-
pequenas dimensões, localizada em ambiente geológico perficial rápido, alta erosão hídrica e em franco e acelerado
produtor de bens minerais, abrangendo no mínimo três ou processo de desgaste, o que, aliado às características do
mais depósitos e/ou jazidas minerais) de rochas ornamen- substrato rochoso, faz com que estejam sujeitos a grandes
tais, argilas e caulim da região de Campo Largo, Tijucas movimentos naturais de massa.
do Sul e Araucária, sobre rochas gnáissicas da unidade As limitações que a declividade impôs ao uso e à
DCGMGLmu. Ainda sobre a mesma unidade, destaque ocupação nessas regiões preservaram grandes flores-
também para o agrupamento de depósitos de formação tas de vegetação nativa. Com a criação de unidades de
ferrífera bandada da colônia Zulmira. conservação, essas áreas apenas poderão ser exploradas
Não há ocorrências de depósitos minerais registrados dentro de programas ou políticas em que sejam utilizados
na unidade DCGMGLglo. os conceitos para prática do desenvolvimento sustentável.
Quadro 4.41 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCGMGL, no estado do Paraná, em relação à ocorrência de depósitos minerais.
234
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
Figura 4.223 - Pico Serra da Igreja sobre unidade DCGMGLmu; Figura 4.225 - Parque Tanguá, em antiga pedreira desativada
detalhe para deslizamentos de solo sobre rocha próximos às áreas sobre a unidade DCGMGLmu (Curitiba, PR).
de crista (Guaratuba, PR). Fotografia: André Bonacin (2011). Fotografia: Curitiba Sua Linda, s.d.
Quadro 4.42 - Unidades geológico-ambientais do domínio DCGMGL, no estado do Paraná, e respectivos potenciais geoturísticos.
Características de
Código do Domínio Código da Unidade Atrativo Geoturístico, Geossítios, Quilombolas,
Interesse Intrínsecas
Geológico-Ambiental Geológico-Ambiental Comunidades Indígenas, Áreas de Conservação
à Geodiversidade
Beleza paisagística;
DCGMGLgnp APA de Guaratuba.
exuberante fauna e flora.
Beleza paisagística;
DCGMGLgno Quilombola João Surrá; APA de Guaraqueçaba.
exuberante fauna e flora.
Quilombola João Surrá; APAs de Guaratuba e de
DCGMGL Guaraqueçaba; Parque Estadual das Lauráceas; Parque
Tanguá; Parque Pedreira Paulo Leminski; Serras: da Igreja, Beleza paisagística;
DCGMGLmu das Canavieiras, do Capivari, da Guaricana, da Virgem exuberante fauna e
Maria, do Ibitiraquiré; Monte Camacuã; Morro da flora; geomorfológico;
Caixa d’Água; Salto da Fortuna; Cachoeiras: dos rios
São João e Taguaçaba de Cima.
DCGMGLmufb Fe ND
Fonte: Elaborado por Deyna Pinho (2011).
235
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
BOSETTI, E.P. et al. Formação Ponta Grossa: história, CENACID. Cratera aberta em Almirante
fácies e fósseis. In: SIMPÓSIO DE PESQUISA EM Tamandaré. Jul. 2007. Disponível em: <http://www.
ENSINO E HISTÓRIA DE CIÊNCIAS DA TERRA, 1.; cenacid.ufpr.br/portal/missao/cratera-aberta-em-
SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE ENSINO DE GEOLOGIA almirante-tamandare-julho2007/>. Acesso em:
NO BRASIL, 3., Campinas, 2007. Anais... Campinas: 19 abr. 2018.
UNICAMP, 2007. p. 353-360. Disponível em: <https://
www.researchgate.net/profile/Elvio_Bosetti/ CENACID. Deslizamentos e área com subsidência
publication/242364266_PONTA_GROSSA_ em região cárstica em Rio Branco do Sul-PR.
FORMATION>. Acesso em: 25 mar. 2019. 10 jan. 2018. Disponível em: <http://www.cenacid.
ufpr.br/portal/missao/deslizamentos-e-area-com-
BRASIL. Agência Nacional de Águas. UGRH subsidencia-em-regiao-carstica-em-rio-branco-
Paranapanema: diagnóstico, avaliação quantitativa e do-sul-pr-janeiro2018/>.
qualitativa das águas subterrâneas. Brasília, DF: ANA, Acesso em: 19 abr. 2018.
2014. 90 p.
CLICKFOZ. Chuvas reduzem pontos próprios para
BRASIL. Presidência da República. Lei n. 12.651, de banho nas praias do Paraná. Foz do Iguaçu, 28 jan.
25 de março de 2012. Dispõe sobre a proteção da 2009. Disponível em: <https://www.clickfozdoiguacu.
vegetação nativa; altera as Leis nº 6.938, de 31 de com.br/chuvas-reduzem-pontos-proprios-para-banho-
agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e nas-praias-do-parana/>.
11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis no Acesso em: 10 nov. 2018.
4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de
abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 CPRM. Carta geológica do Brasil ao milionésimo:
de agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível folhas SG.21 – Asunción e SG.22 – Curitiba. Brasília, DF:
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- CPRM, 2004. CD-ROM 38/41. Programa Geologia do
2014/2012/Lei/L12651.htm>. Acesso em: 25 mar. 2019. Brasil (PGB).
236
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
CPRM. Projeto leste do Paraná: mapas geológicos das FERNANDES, L.A. et al. Argilominerais do grupo Caiuá.
folhas Apiaí, Barra do Rio Pitangui, Campo Largo, Cêrro Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 2,
Azul, Curitiba, Guaraqueçaba, Palmeira, Piraí do Sul, n. 24, p. 90-96, 1994.
Ponta Grossa. Curitiba: CPRM/DNPM/UFPR/BADEP, 1977.
Escala: 1:100.000. FERNANDES, L.A.; COIMBRA, A.M. O grupo Caiuá (Ks):
revisão estratigráfica e contexto deposicional. Revista
CRISTO, P.D. de O. de. Política de assistência social Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 24, n. 3, p.
e efetivação de direitos na comunidade guarani 164-176, 1994.
Tekoa Karaguatá: Sambaqui Guaraguaçu, Pontal do
Paraná, PR. 2011. 64 f. Trabalho de Conclusão de Curso FREITAS, M.A. de; CAYE, B.R.; MACHADO, J.L.F.
(Graduação em Geologia) – Universidade Federal do (Org.). Projeto oeste de Santa Catarina – PROESC:
Paraná, Setor Litoral, Matinhos, 2011. diagnóstico dos recursos hídricos subterrâneos
do oeste do estado de Santa Catarina. Florianópolis:
CRÓSTA, Á.P. et al. Astroblema de Vista Alegre, PR: CPRM, 2002.
registro de impacto meteórico sobre rochas vulcânicas
da bacia do Paraná, Paraná. In: WINGE et al. (Ed.). Sítios GAZETA DO POVO. Estrada da Graciosa ficará
geológicos e paleontológicos do Brasil. Brasília, bloqueada, no mínimo, por seis meses. 14 mar.
DF: CPRM, 2013. v. 3. p. 23-35. 2014. Disponível em: <https://www.gazetadopovo.
com.br/vida-e-cidadania/estrada-da-graciosa-
CURY, L.F. et al. Idades U-Pb (zircões) de 1.75 Ga em ficara-bloqueada-no-minimo-por-seis-meses-
granitoides alcalinos deformados dos núcleos Betara e 1v70p0mtol50dlrmmt5kb54y6>. Acesso em: 13 jul. 2018.
Tigre: evidências de regimes extensionais do estateriano
na faixa Apiaí. Geol. USP. Sér. Cient., São Paulo, GERNET, M.V. Sambaqui do Guaraguaçu: Aspectos
v. 2, p. 95-108, dez. 2002. pedológicos de um sítio arqueológico pré-histórico/
marcos Vasconcellos Gernet. Joinville/SC: Clube de
CURY, L.F. Geologia do terreno Paranaguá. 2009. Autores. 2017. 102p.
202 f. Tese (Doutorado em Geotectônica) – Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2009. GÓES, C.G.; LORENZO, M.P. MN gruta da Lancinha.
In: Unidades de conservação do Paraná, 2012.
DAUFENBACH, H.F.; VASCONCELLOS, E.M.G.; CURY, L.F. Disponível em: <https://conservacaobrasil.wordpress.
Análise faciológica e litogeoquímica do gabro de Apiaí com/2012/09/18/mn-gruta-da-lancinha/>. Acesso em:
(SP). In: SIMPÓSIO SUL-BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 10., 20 abr. 2018.
Curitiba, 2017. Resumos... Curitiba: 2017.
GOMES, A.J. de L. Avaliação de recursos
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. geotermais da bacia do Paraná. 2010. 186 f. Tese
Levantamento de reconhecimento dos solos do (Doutorado em Geofísica) – Observatório Nacional/
estado do Paraná. Londrina: EMBRAPA/SNLCS, 1984. MCT, Rio de Janeiro, 2010.
414 p. (EMBRAPA-SNLCS. Boletim de pesquisa, n. 27;
IAPAR-Projeto Especial Levantamento de Solos. Boletim GUIA DAS ARTES. Parque Estadual da Mina Velha.
técnico, n. 16). 2015. Disponível em: <https://www.guiadasartes.com.
br/parana/ibaiti/espacos-culturais/parque-estadual-da-
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. mina-velha>. Acesso em: 31 maio 2018.
Mapa de solos do estado do Paraná. Curitiba:
EMBRAPA, 2007. Escala 1:600.000. HARARA, O.M.M. Análise estrutural, petrológica
e geocronológica dos litotipos da região de Piên
FALEIROS, F.M. Evolução de terrenos (PR) e adjacências. 1996. Dissertação (Mestrado em
tectonometamórficos da serrania do Ribeira Geoquímica e Geotectônica) – Universidade de São
e planalto Alto Turvo (SP, PR). 2008. 306 f. Tese Paulo, São Paulo, 1996.
(Doutorado em Geotectônica) – Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2008. HARARA, O.M.M. Mapeamento e investigação
petrológica e geocronológica dos litotipos da
FALEIROS, F.M.; MORAIS, S.M.; COSTA, V.C. Geologia e região do alto rio Negro (PR-SC): um exemplo de
recursos minerais da folha Apiaí SG.22-X-B-V, escala sucessivas e distintas atividades magmáticas durante o
1:100.000: estados de São Paulo e Paraná. São Paulo: neoproterozoico III. 2001. 206 f. Tese (Doutorado em
CPRM, 2012. Programa Geologia do Brasil; Programa Geoquímica e Geotectônica) – Universidade de São
Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil. 107 p. Paulo, São Paulo, 2001.
237
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
LOBATO, G.; BORGHI, L. Análise estratigráfica da NONATO, V. Bombeiros do Gost resgatam casal que
formação Furnas (devoniano inferior) em afloramentos acampava no morro do Anhangava. Massa News,
da borda leste da bacia do Paraná. In: CONGRESSO Quatro Barras, 15 nov. 2016. Disponível em: <https://
BRASILEIRO DE P&D EM PETRÓLEO E GÁS, 3., massanews.com/noticias/plantao/bombeiros-
Salvador, 2004. Anais... Salvador: IBP, 2004. 6 p. do-gost-resgatam-casal-que-acampava-
no-morro-do-anhangava-qoodq.html>.
MANTESSO-NETO, V. et al. (Org.). Geologia do Acesso em: 13 jul. 2018.
continente sul-americano: evolução da obra de
Fernando Flávio Marques de Almeida. São Paulo: PARNA SAINT-HILAIRE/LANGE. Pico Torre de Prata.
Beca, 2004. 647 p. s.d. Disponível em: <https://parnasainthilairelange.
wordpress.com/>. Acesso em: 13 jul. 2018.
MELO, M.S. de. Cachoeira de Santa Bárbara
no rio São Jorge: proposta de sítio geológico ou PARNA SAINT-HILAIRE/LANGE. Serra da Prata.
paleontológico do Brasil. Comissão Brasileira de Sítios s.d. Disponível em: <https://parnasainthilairelange.
Geológicos e Paleontológicos – SIGEP. wordpress.com/>. Acesso em: 13 jul. 2018.
Ponta Grossa: UEPG, 2007.
PERROTTA, M.M. et al. Mapa geológico do estado de
MINEROPAR. Atlas geológico do estado do Paraná. São Paulo: escala 1:750.000. In: PERROTTA, M.M. et al.
Curitiba: MINEROPAR, 2001. Disponível em: <http:// Geologia e recursos minerais do estado de São
www.mineropar.pr.gov.br/arquivos/File/MapasPDF/ Paulo: Sistema de Informações Geográficas – SIG.
atlasgeo.pdf>. Rio de Janeiro: CPRM, 2006. Programa Geologia do Brasil.
238
GEODIVERSIDADE: ADEQUABILIDADES/POTENCIALIDADES E
LIMITAÇÕES FRENTE AO USO E À OCUPAÇÃO
PERROTTA, M.M. Potencial aurífero de uma região SALAMUNI, E.; SALAMUNI, R. Contexto geológico da
no vale do Ribeira, São Paulo, estimado por formação Guabirotuba, bacia de Curitiba. In:
modelagem de dados geológicos, geoquímicos, MESA-REDONDA CARACTERÍSTICAS GEOTÉCNICAS DA
geofísicos e de sensores remotos num sistema FORMAÇÃO GUABIROTUBA, Curitiba, 1999.
de informações geográficas. São Paulo, 1996. 172 Anais... Curitiba: ABMS/UFPR, 1999. p. 7-15.
f. Tese (Doutorado em Geoquímica e Geotectônica) –
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996. SALAMUNI, R. et al. Parque nacional do Iguaçu, PR:
cataratas de fama mundial. In: SCHOBBENHAUS, C. et al.
PIRES, F.A. Faciologia e análise paleoambiental da (Ed.). Sítios geológicos e paleontológicos do Brasil.
sequência deposicional Furnas-Lajeado (grupo Açungui) de Brasília, DF: DNPM/CPRM/SIGEP, 2002. p. 313.
idade proterozoica. Revista Brasileira de Geociências,
São Paulo, v. 4, n. 21, p. 355-362, dez. 1991. SANTOS, A.R. Áreas de risco para engenharia em
calcários cársticos: modelagem geológica e soluções
PIRES, F.A. Uma nova concepção para os ambientes do construtivas: o case de Cajamar-SP. Revista Fundações
grupo Açungui, na região de Iporanga e Apiaí, sul de São e Obras Geotécnicas, v. 4, n. 45, p. 52-62, 2014.
Paulo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 35.,
1988. Anais... Belém: SBG, 1988. v. 2. p. 606-616. SCHEIBE, L.F. A geologia de Santa Catarina: sinopse
provisória. GeoSul, Florianópolis, v. 1, n. 1, p. 7-38, jan.
PIVETA, M. Paleotologia: bichos do Paraná. Revista 1986. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.
Pesquisa FAPESP, n. 254, abr. 2017. Disponível em: php/geosul/article/view/12542>. Acesso em: 25 mar. 2019.
<http://revistapesquisa.fapesp.br/2017/04/19/bichos-do-
parana/>. Acesso em: 27 jul. 2018. SCHNEIDER, R.L. et al. Revisão estratigráfica da bacia do
Paraná. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 28.,
POUSADA PÔR DO SOL. Farol das Conchas. s.d. Porto Alegre, 1974. Anais... Porto Alegre: SBG, 1974.
Disponível em: <http://www.pousadapordosol.com.br/ v. 1. p. 41-65.
atracao/farol-das-conchas/>. Acesso em: 16 jul. 2018.
SCHOBBENHAUS, C. et al. Geologia do Brasil: texto
PRAZERES FILHO, H.J. et al. Litoquímica, geocronologia explicativo do mapa geológico do Brasil e da área
U-Pb e geologia isotópica (Sr-Nd-Pb) das rochas graníticas oceânica adjacente incluindo depósitos minerais,
dos batólitos Cunhaporanga e Três Córregos na porção escala 1:2.500.000. Brasília, DF: DNPM, 1984. 501 p.
sul do cinturão Ribeira, estado do Paraná. Geol. USP. Sér.
Cient., São Paulo, v. 3, p. 51-70, ago. 2003. SEDOR, F.A. Fósseis do Paraná. Curitiba:
Museu de Ciências Naturais, 2014. Disponível
RAMPAS DO BRASIL. Morro do Sabão. s.d. Disponível em: <https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/
em: <http://www.guia4ventos.com.br/rampas-do- handle/1884/45931/Fosseis%20do%20Parana.
brasil/41-rampas-de-voo-livre-pr/62-ilha-do-mel-morro- pdf?sequence=1&isAllowed=y>.
do-sabao-pr>. Acesso em: 16 jul. 2018. Acesso em: 15 mar. 2019.
REDAELLI, L.L.; CERELLO, L. Escavações. In: OLIVEIRA, SEDOR, F.A.; BORN, P.A.; SANTOS, F.M.S. de. Fósseis
A.M. dos S.; BRITO, S.N.A. de. (Ed.). Geologia de pleistocênicos de Sceliodon (Mylodontidae) e Tapirus
engenharia. São Paulo: ABGE, 1998. p. 311-330. (Tapiridae) em cavernas paranaenses (PR, sul do Brasil).
Acta Biol. Par., Curitiba, v. 1-4, n. 33, p. 121-128, 2004.
REIS NETO, J.M. dos; VASCONCELLOS, E.M.G.;
BITTENCOURT, C. Guaratubinha formation – PR: SEDOR. F.A. et al. A new South American paleogene
petrographic characterization of the volcaniclastic rocks. land mammal fauna, Guabirotuba formation (Southern
Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 30, Brazil). Journal of Mammalian Evolution, v. 24,
n. 3, p. 371-374, 2000. n. 1, p. 39-55. mar. 2017.
SALAMUNI, E. Tectônica da bacia sedimentar de SIGA JUNIOR, O. et al. O complexo Atuba: um cinturão
Curitiba (PR). 1998. 214 f. Tese (Doutorado em Geologia paleoproterozoico intensamente retrabalhado no
Regional) – Universidade Estadual Paulista Júlio de neoproterozoico. Geol. USP. Sér. Cient., São Paulo,
Mesquita Filho, Rio Claro, 1998. v. 26, p. 69-98, 1995.
239
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
SILVA, A.T.S.F.; ALGARTE, J.P. Contribuição à geologia THEODOROVICZ, A.; THEODOROVICZ, A.M. de
da sequência Turvo-Cajati entre o rio Pardo e Pariquera- G.; CANTARINO, S. da C. Projeto Curitiba: atlas
Açu, estado de São Paulo. I – Litologia e Petrografia. In: geoambiental da região metropolitana de Curitiba:
SIMPÓSIO REGIONALDE GEOLOGIA, 3., Curitiba, 1981. subsídios ao planejamento territorial.
Atas... Curitiba: SBG, 1981a.v. 1, p. 109-119. São Paulo: CPRM, 1999. 48 p.
SILVA, A.T.S.F.; ALGARTE, J.P. Contribuição à geologia TUCCI, C.E.M. Inundações urbanas. Porto Alegre:
da sequência Turvo-Cajati entre o rio Pardo e Pariquera-
ABRH/RHAMA, 2007. 393 p.
Açu, estado de São Paulo. II – Estrutura, metamorfismo
e evolução geotectônica. In: SIMPÓSIO REGIONAL DE
TURISMO ITARARÉ. RPPN Vale do Corisco. s.d.
GEOLOGIA, 3., Curitiba, 1981. Atas... Curitiba: SBG,
1981b. v. 1, p. 121-132. Disponível em: <http://coordenadoriaturismoitarare.
blogspot.com/p/vale-do-corisco.html>.
SILVA, M.A.S. da; LEITES, S.R. Criciúma, folha SH.22- Acesso em: 25 jun. 2018.
X-B: estado de Santa Catarina. Rio de Janeiro: CPRM,
2000. Escala 1:250.000. Programa Levantamentos TURISMO PARANÁ. Gruta em parque estadual de
Geológicos Básicos do Brasil (PLGB). Campinhos. 21 ago. 2016. Disponível em: <http://
www.pontosturisticoscuritiba.com.br/index.php/gruta-
SILVA, P.C.S. da et al. Curitiba, folha SG.22-X-D-I: em-parque-estadual-de-campinhos/#.XoeWSahKjIU>.
estado do Paraná. Brasília, DF: CPRM, 1999. Escala Acesso em: 20 abr. 2018.
1:100.000. Programa Levantamentos Geológicos
Básicos do Brasil (PLGB). WEINSCHÜTZ, L.C. Estratigrafia de sequências do
grupo Itararé (neocarbonifero-eopermiano) na
SIMÕES, T.R. et al. A stem acrodontan lizard in the região de Rio Negro (PR) – Mafra (SC). 2006. 74 f.
cretaceous of Brazil revises early lizard evolution in Tese (Doutorado em Geologia Regional) – Universidade
Gondwana. Nature Communications, v. 6, n. 8149,
Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho,
26 ago. 2015. Disponível em: <https://www.nature.com/
Rio Claro, 2006.
articles/ncomms9149#f1>. Acesso em: 15 maio 2018.
STRUGALE, M. et al. Compartimentação estrutural das WILDNER, W. et al. Mapa geológico do estado
formações Piramboia e Botucatu na região de de Santa Catarina. Porto Alegre: CPRM, 2014. Escala:
São Jerônimo da Serra, estado do Paraná. Revista 1:500.000. Programa Geologia do Brasil. Subprograma
Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 3, n. 34, de Cartografia Geológica Regional.
p. 303-316, set. 2004. Mapa. 1550x1050mm.
240
APÊNDICE I
UNIDADES
GEOLÓGICO-AMBIENTAIS
DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
3
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
4
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
5
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
6
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Indeterminado. DCAin
7
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Indiferenciado. DSVPin
8
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
9
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
10
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Metagrauvacas e metaconglomerados
DSP2mgccg
predominantes.
Indiferenciado. DSVP2in
Metassedimentos siltico-argilosos e
DSVP2mva
vulcânicas ácidas.
11
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
12
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Associações charnockíticas.
Ex.: Piroxênio granitoides etc. DCGR1ch
Minerais diagnósticos: hiperstênio, diopsídio.
Granitoides peraluminosos.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos,
granodioritos etc. DCGR1pal
Minerais diagnósticos: muscovita, granada,
cordierita, silimanita, monazita, xenotima.
13
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Série shoshonítica.
Ex.: Gabrodiorito a quartzomonzonito etc.
DCGR1sho
Minerais diagnósticos: augita, diopsídio e/ou
hiperstênio, anfibólio e plagioclásio.
DOMÍNIO DOS COMPLEXOS GRANITOIDES
DCGR1
NÃO DEFORMADOS
Indeterminado. DCGR1in
Associações charnockíticas.
Ex.: Piroxênio granitoides etc. DCGR2ch
Minerais diagnósticos: hiperstênio, diopsídio.
Granitoides peraluminosos.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos, granodioritos
etc. DCGR2pal
Minerais diagnósticos: muscovita, granada,
cordierita, silimanita, monazita, xenotima.
Série shoshonítica.
Ex.: Gabrodiorito a quartzomonzonito etc.
DCGR2sho
Minerais diagnósticos: augita, diopsídio e/ou
hiperstênio, anfibólio e plagioclásio.
Indeterminado. DCGR2in
14
APÊNDICE I - UNIDADES GEOLÓGICO-AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Associações charnockíticas.
Ex.: Piroxênio granitoides etc. DCGR3ch
Minerais diagnósticos: hiperstênio, diopsídio.
Granitoides peraluminosos.
Ex.: Sienogranitos, monzogranitos,
granodioritos etc. DCGR3pal
Minerais diagnósticos: muscovita, granada,
cordierita, silimanita, monazita, xenotima.
Série Shoshonítica.
Ex: Gabrodiorito a quartzomonzonito etc.
DCGR3sho
Minerais diagnósticos: augita, diopsídio e/ou
hiperstênio, anfibólio e plagioclásio.
Indeterminado. DCGR3in
15
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
CÓD.
DESCRIÇÃO DO DOMÍNIO CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE CÓD.
DOMÍNIO
GEOLÓGICO-AMBIENTAL GEOLÓGICO-AMBIENTAL UNIGEO
UNIGEO
Metacarbonatos. DCGMGLcar
Anfibolitos. DCGMGLaf
16
APÊNDICE II
BIBLIOTECA DE RELEVO
DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Marcelo Eduardo Dantas ([email protected])1
1
Serviço Geológico do Brasil – CPRM
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
3
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
REFERÊNCIAS:
4
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R4d
R4a1
R1b1
R1a
R1b1
R4b
R1a
Superfícies bem drenadas, de relevo plano a leve- R1b1 – Planície e terraço fluviais do médio curso do rio Barreiro de
mente ondulado, constituído de depósitos arenosos a Baixo (médio vale do rio Paraíba do Sul – SP/RJ).
argilosos de origem fluvial. Consistem de paleoplanícies de
inundação que se encontram em nível mais elevado que
R1b2 – Terraços Lagunares (paleoplanícies
o das várzeas atuais e acima do nível das cheias sazonais.
de inundação no rebordo de lagunas costeiras)
Devido à reduzida escala de mapeamento, essa unidade
só pôde ser mapeada em vales de grandes dimensões, em
especial, nos rios amazônicos. Relevo de agradação. Zona de acumulação subatual.
5
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Essa unidade encontra-se restrita ao estado do Rio Grande As rampas de colúvio consistem de superfícies depo-
do Sul, mais especificamente na borda continental da sicionais inclinadas, constituídas por depósitos de encosta
Laguna dos Patos. arenoargilosos a argiloarenosos, malselecionados, em
interdigitação com depósitos praticamente planos das pla-
• Amplitude de relevo: 2 a 20 m. nícies aluviais. Ocorrem, de forma disseminada, nas baixas
encostas de ambientes colinosos ou de morros.
• Inclinação das vertentes: 0o-3o
(localmente, ressaltam-se rebordos abruptos Amplitude de relevo: variável, dependendo da extensão
no contato com a planície lagunar). do depósito na encosta.
R1c1
R1c1 – Rampas de colúvio que se espraiam a partir da borda oeste do platô sinclinal (Moeda – Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais).
6
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R1d1
R1d1
7
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
R1e
R1d2
R4a1
Superfícies sub-horizontais, constituídas de depósitos
arenosos, apresentando microrrelevo ondulado, geradas
por processos de sedimentação marinha e/ou eólica.
Terrenos bem drenados e não inundáveis.
R1e – Sucessão de feixes de cordões arenosos
• Amplitude de relevo: até 20 m. em linha de costa progradante
(Parque Nacional de Jurubatiba – Macaé,
• Inclinação das vertentes: 0o-5o. Rio de Janeiro).
8
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R1f1
R1e
R1e – Planície costeira com empilhamento de cordões arenosos R1f1 – Campos de dunas junto à linha de costa, sobrepondo falésias
e depósitos fluviolagunares (litoral norte do estado da Bahia). do grupo Barreiras (município de Baía Formosa, litoral sul
do estado do Rio Grande do Norte).
R1f1
R1f1
9
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
• Amplitude de relevo: 0 a 20 m.
• Inclinação das vertentes: 0o-5o.
R1g – Recifes
10
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R2a1
R1h1
R1h1
R2a1
R2a1 – Tabuleiros
• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: topo plano: 0o-3o
(localmente, ressaltam-se vertentes acentuadas: R2a1 – Tabuleiros pouco dissecados da bacia de Macacu
10o-25o). (Venda das Pedras, Itaboraí, Rio de Janeiro).
11
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
R2a2
R2a1
• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: topos planos restritos: R2a2 – Tabuleiros dissecados, intensamente erodidos por processos
0o-3o (localmente, ressaltam-se vertentes acen- de voçorocamento junto à rodovia Linha Verde (litoral norte
tuadas: 10o-25o). do estado da Bahia).
R2a2 R2a2
12
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
• Amplitude de relevo: 0 a 20 m.
• Inclinação das vertentes: topo plano
a suavemente ondulado: 2o-5o.
R2b1 – Baixos platôs não dissecados da bacia do Parnaíba
(estrada Floriano-Picos, próximo a Oeiras, Piauí).
• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: topo plano a suave-
mente ondulado: 2o-5o, excetuando-se os eixos
R2b1 – Centro-sul do estado do Piauí. dos vales fluviais, onde se registram vertentes
com declividades mais acentuadas (10o-25o).
13
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: topo plano a
suavemente ondulado: 2o-5o, excetuando-se
os eixos dos vales fluviais.
R2b2
R2b3
R2b2
R2b3
14
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R2c
R4d
R2b3
• Amplitude de relevo: 0 a 20 m.
R2c – “Tepuy” isolado da “serra” do Tepequém,
• Inclinação das vertentes: topo plano, uma forma em chapada sustentada
excetuando-se os eixos dos vales fluviais. por arenitos conglomeráticos do supergrupo Roraima.
R2c R2c
R2c – Borda Leste da Chapada dos Pacaás Novos (região central do estado de Rondônia).
15
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
• Amplitude de relevo: 0 a 10 m.
• Inclinação das vertentes: 0o-5o.
R3a1
R3a1 – Extensa superfície aplainada, delimitada por esparsas cristas de quartzitos (Canudos, norte do estado da Bahia).
16
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
Relevo de aplainamento.
R3a2
R3b
R3a2
17
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
• Amplitude de relevo: 20 a 50 m.
• Inclinação das vertentes: 3o-10o.
R3b
R4a1
R3b R4a1
18
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R4a2
R4a1
R4a1 – Relevo suave colinoso (município de Araruama, R4a2 – Típico relevo de mar-de-morros no médio
região dos Lagos, Rio de Janeiro). vale do rio Paraíba do Sul (topo da serra da
Concórdia, Valença, Rio de Janeiro).
R4a2 R4a2
19
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
Relevo constituído de pequenos morros francamente Relevo de amplas e suaves elevações em forma de
dissecados, com vertentes retilíneas ou retilíneo-côncavas meia esfera, com modelado de extensas vertentes convexas
e topos arredondos a aguçados, por vezes, alinhados em e topos planos a levemente arredondados. Em geral, essa
cristas. Apresenta vertentes de gradiente moderado a alto, morfologia deriva de rochas intrusivas que arqueiam a
com moderada densidade de drenagem e padrão subden- superfície do terreno, podendo gerar estruturas dobradas
drítico a treliça, com notável controle estrutural. Atuação do tipo braquianticlinais. Apresenta padrão de drena-
preponderante de processos de morfogênese (formação gem radial e centrífugo. Sistema de drenagem principal
de solos pouco profundos e bem drenados, com alta em processo inicial de entalhamento, sem deposição de
suscetibilidade à erosão). Sistema de drenagem principal planícies aluviais.
com deposição de planícies aluviais restritas ou em vales Predomínio de processos de pedogênese (formação de
fechados. Ocorrência frequente de processos de erosão solos espessos e bem drenados, em geral, com baixa a mo-
laminar e linear acelerada (sulcos, ravinas e voçorocas), derada suscetibilidade à erosão). Ocorrências esporádicas,
além de movimentos de massa de pequenas dimensões. restritas a processos de erosão laminar ou linear acelerada
Frequentemente, tais feições de relevo estão associadas às (ravinas e voçorocas).
largas faixas de zonas de cisalhamento de idade brasiliana.
• Amplitude de relevo: 50 a 200 m.
• Amplitude de relevo: 40 a 100 m. • Inclinação das vertentes: 3o-10o.
• Inclinação das vertentes: 10o-30o.
R4a4
R4a3 R4a3
R4a4
R4a3 R4a3
20
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R4a4
R4b1
R4b1 R4b1
21
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
22
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R4c
R4d
R4d R4d
23
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
R4e
R4e – Degrau estrutural no contato da bacia
do Parnaíba com o embasamento
cristalino no sul do Piauí.
24
APÊNDICE II – BIBLIOTECA DE RELEVO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
R4f
R4f
25
NOTA SOBRE OS AUTORES
GEODIVERSIDADE DO ESTADO DO PARANÁ
ANDRÉA SEGURA FRANZINI – Graduada (2005) em Geologia pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre (2010) em Hidrogeologia pela
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Trabalhou com investigação e remediação de áreas industriais contaminadas,
perfuração de poços, mapas hidrogeológicos, sistemas de informações, rede de monitoramento e gestão de recursos hídricos. Ingressou no
SGB/CPRM em 2007, no Departamento de Hidrologia (DEHID), participando de diversos projetos na área de Hidrogeologia, tais como: Mapa
Hidrogeológico do Brasil ao Milionésimo, Atlas Hidrogeológico do Brasil ao Milionésimo em SIG, Diagnóstico e Cartografia das Águas Subterrâneas
da Bacia do Prata, Carta das Águas Subterrâneas do Estado do Paraná, Mapa Hidrogeológico do Estado do Paraná. Atualmente, é supervisora da
área de Hidrogeologia na Superintendência Regional de São Paulo (SUREG-SP), dando suporte aos projetos de Hidrogeologia e Gestão Territorial.
É membro da Câmara Técnica de Água Subterrânea do Comitê das Bacias Hidrográficas PCJ no estado de São Paulo (SP), membro do Comitê
de Bacia Hidrográfica do Rio Ivinhema (MS) e da Câmara Técnica Permanente de Águas Subterrâneas do Estado do Mato Grosso do Sul (MS).
CARLA CRISTINA MAGALHÃES DE MORAES – Graduada (2010) em Geologia pela USP. Capacitação de Ensaios de Solo – Mecânica dos Solos
no Programa de Educação continuada da Escola Politécnica-USP no ano de 2013. Ingressou no SGB/CPRM em 2013, no Departamento de Gestão
Territorial (DEGET). Atua desde 2014 na setorização das áreas de alto e muito alto risco a movimentos de massa, enchentes e inundações em
diversos municípios dos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo. Atua, desde 2015, no mapeamento das cartas municipais
de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações no estado de São Paulo. Participa do Projeto Geodiversidade da Região
Metropolitana de São Paulo.
DEYNA PINHO – Graduado (2003) em Geologia pela USP e mestre (2007) em Geociências pela referida instituição. Especialista em
Geoprocessamento (2012) pelo Centro Universitário Campus Santo Amaro do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Trabalhou
na área de pesquisa mineral no Projeto Caetité-BA e na área de meio ambiente com investigação de áreas contaminadas (MULTIGEO). Ingressou
no SGB/CPRM em 2010, no DEGET, participando dos projetos Mapeamento de Recursos Minerais em Área de Fronteira; Levantamento da
Geodiversidade da Folha Curitiba ao Milionésimo; Levantamento da Geodiversidade do Estado do Paraná (escala 1:650.000). Atua, desde 2011,
na setorização das áreas de alto e muito alto risco a movimentos de massa, enchentes e inundações em diversos municípios dos estados de
São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco, Espírito Santo e Goiás. Desde 2012, atua no mapeamento das cartas municipais de suscetibilidade a
movimentos gravitacionais de massa e inundações em diversos municípios dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Fez parte
do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental (ABGE) no período de 2016 a 2018.
EDUARDO MARCEL LAZZAROTTO – Graduado em Geologia (2010) pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Entre 2011 e 2013, atuou
no mercado como geólogo em perfuração de poços de petróleo. Ingressou, em 2013, no SGB/CPRM, onde atua desde então na Rede Integrada
de Águas Subterrâneas (RIMAS).
GILBERTO LIMA – Graduado (1998) em Geografia pela USP e Especialista (2005) em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP). Ingressou no SGB/CPRM em 2009, tendo atuado na área de Geoprocessamento na Superintendência Regional de Belo Horizonte
(SUREG-BH). Transferido para São Paulo, atuou no DEGET, onde participou do Projeto Levantamento da Geodiversidade do Estado do Paraná
(escala 1: 650.000). Atua desde 2012 na setorização das áreas de alto e muito alto risco a movimentos de massa, enchentes e inundações em
diversos municípios dos estados de São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo, Bahia e Mato Grosso do Sul. Atua, desde 2012, no mapeamento
das cartas municipais de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações em diversos municípios dos estados de São Paulo,
Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Maranhão. Atualmente, ocupa o cargo de supervisor de geoprocessamento na Gerência de
Infraestrutura Geocientífica em São Paulo.
LUIZ FERNANDO DOS SANTOS – Graduado (2008) em Geologia pela UNICAMP e mestrando em Geociências pela USP. Desde 2009, atua na
abrangente temática dos riscos geológicos, quando ingressou na Prefeitura de São Paulo alcançando o posto de gerente técnico das áreas de
risco geológico do município em 2013. No mesmo ano, ingressou no SGB-CPRM/DEGET, para atuar nos projetos de mapeamento dos riscos
geológicos e hidrológicos, cartografia da suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações e outros projetos afins da área
de geologia de engenharia, em abrangência nacional. Fez parte do conselho deliberativo da Associação Brasileira de Geologia de Engenharia
e Ambiental (ABGE) na gestão 2016-2018.
MARCELO EDUARDO DANTAS – Graduado (1992) em Geografia, tendo obtido os títulos de licenciado em Geografia e Geógrafo, e mestre
(1995) em Geomorfologia e Geoecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nesse período, integrou a equipe de pesquisadores
do GEOHECO-UFRJ, tendo atuado na investigação de temas tais como: controles litoestruturais na evolução do relevo; estocagem de sedimentos
fluviais em bacias de drenagem; impacto das atividades humanas sobre as paisagens naturais no médio vale do rio Paraíba do Sul. Entre 2002
e 2010, lecionou como professor assistente do curso de Geografia do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM). Em 1997, ingressou
no SGB-CPRM, atuando como geomorfólogo até o presente. Desenvolve atividades em projetos na área de geomorfologia, diagnósticos
geoambientais e mapeamentos da geodiversidade, em atuação integrada com a equipe de geólogos do Programa GATE/CPRM. Desde 2010,
é coordenador nacional de Geomorfologia do Projeto Geodiversidade do Brasil e, a partir de 2013, é coordenador nacional de Geomorfologia
do Projeto Suscetibilidade a Movimentos de Massa e Inundações. Atualmente, é coordenador executivo do DEGET. É membro efetivo da União
da Geomorfologia Brasileira (UGB) desde 2007.
MARIA ANGÉLICA BARRETO RAMOS – Graduada (1989) em Geologia pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre (1993) em Geociências
pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ingressou no SGB-CPRM em 1994, onde atuou em mapeamento geológico no Projeto Aracaju ao
Milionésimo. Em 1999, no DEGET, participou dos projetos Acajutiba-Aporá-Rio Real e Porto Seguro-Santa Cruz Cabrália. Em 2001, na Divisão
de Avaliação de Recursos Minerais, integrou a equipe de coordenação do Projeto GIS do Brasil e do Banco de Dados do SGB-CPRM. De 2008
a 2017, atuou como coordenadora executiva do DEGET, ligada às atividades dos projetos Geodiversidade do Brasil (escala 1:2.500.000) e
Milionésimo, Mapas de Geodiversidade Estaduais, Geodiversidade do Polo de Fruticultura de Livramento de Nossa Senhora e Dom Basílio,
Cartas de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações e suporte ao Projeto Riscos Geológicos. Participação, ainda, em
elaboração de termos de referência e procedimentos metodológicos, além de atuar em linhas de pesquisa na área de remineralizações de solo
e zoneamento agrogeológico. Especialista em Modelagem Espacial de Dados em Geociências, ministrou cursos e treinamentos em ferramentas
de SIG aplicados a projetos do SGB-CPRM de 2000 a 2018. É autora de diversos trabalhos individuais e coautora nos livros “Geologia, Tectônica
e Recursos Minerais do Brasil”, “Geodiversidade do Brasil” e “Geodiversidade do Estado da Bahia”. Foi presidenta da Associação Baiana de
Geólogos no período de 2005-2007 e vice-presidenta de 2008 a 2009.
2
NOTA SOBRE OS AUTORES
ROBERTO EDUARDO KIRCHHEIM – Graduado (1992) em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pós-graduação
em Hidrogeologia e Geologia Aplicada pela Universidade Karl Eberhadt Universitat Tuebingen (1994-1995) e em Recursos Hídricos e Saneamento
(1998) pelo IPH-UFRGS. Atualmente, é aluno de doutorado em Hidrogeologia (modelagem, hidroquímica e isotopia) pela UNESP-Rio Claro.
Iniciou atividade profissional em projetos humanitários de saneamento rural durante a guerra civil em Moçambique (1993-1994). Atuou como
consultor em recursos hídricos e hidrogeologia com participação em projetos e planos diretores, regionais e de bacias (PNRH, Plano Estadual de
Recursos Hídricos nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso; Plano Diretor da Bacia do Rio Uruguai, diversos planos de
bacia hidrográfica e Confecção do Marco de Gestão das Águas Subterrâneas na Chapada do Apodi CE/RN). Em geotecnia e geologia aplicada
desenvolveu estudos e mapeamentos geotécnicos para estradas de rodagem, barragens, ferroviais, canais de transposição e túneis. Em meio
ambiente, executou e coordenou diagnósticos de meio físico para portos, aterros de resíduos, UHE, PCH, perímetros de irrigação e parques
eólicos em todo o território nacional. Atuou com avaliação de sites contaminados e projetos de remediação tanto no Brasil como na Alemanha.
Foi consultor da UNESCO, PNUD, IICA e OEA em projetos associados a recursos hídricos na América Latina. Por seis anos foi gerente operacional
do Projeto Internacional Aquífero Guarani, como funcionário de carreira da Organização dos Estados Americanos (OEA). Ingressou no SGB/
CPRM – SUREG-PA em 2010 como Pesquisador em Geociências, onde exerceu a função de gerente regional do SIAGAS por três anos. Desde
2016, é hidrogeólogo na SUREG-SP, onde desenvolve a função de coordenador nacional do Programa de Aplicações Isotópicas na Hidrologia,
além de apoiar os demais projetos da GEHITE. É integrante das equipes do SGB-CPRM que executam os estudos hidrogeológicos em Manaus,
São Luís e Verde Grande-Cariranha.
TIAGO ANTONELLI – Graduado (2013) em Geologia pela USP, mestre (2018) pela mesma universidade, no programa de Geoquímica e
Geotectônica. Desde 2013, atua nos projetos do DEGET (setorizações de risco, cartas de suscetibilidade e mapeamentos de perigo), sendo que,
desde 2017, está como Coordenador Executivo do DEGET, atuando nos projetos de cartas de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de
massa e inundações e nos mapeamentos de perigo. Atuou como diretor adjunto de comunicação na ABGE na gestão 2016-2018.
3
O SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL - CPRM E OS OBJETIVOS
PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - ODS
ESTADO DO PARANÁ
PROGRAMA GEOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO DA GEODIVERSIDADE