Iniciação À Vida Cristã em Aparecida
Iniciação À Vida Cristã em Aparecida
Iniciação À Vida Cristã em Aparecida
DOCUMENTO DE APARECIDA
29-Jun-2007
SEGUNDA PARTE
A VIDA DE JESUS CRISTO NOS DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS
286. São muitos os cristãos que não participam na Eucaristia dominical nem
recebem com regularidade os sacramentos, nem se inserem ativamente na
comunidade eclesial. Sem esquecer a importância da família na iniciação cristã,
esse fenômeno nos desafia profundamente a imaginar e organizar novas formas de
nos aproximar deles para ajudá-los a valorizar o sentido da vida sacramental, da
participação comunitária e do compromisso cidadão. Temos alta porcentagem de
católicos sem a consciência de sua missão de ser sal e fermento no mundo, com
identidade cristã fraca e vulnerável.
287. Isso constitui grande desafio que questiona a fundo a maneira como
estamos educando na fé e como estamos alimentando a experiência cristã; desafio
que devemos encarar com decisão, coragem e criatividade, visto que em muitas
partes a iniciação cristã tem sido pobre ou fragmentada. Ou educamos na fé,
colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as
para seguí-lo, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora. Impõe-se a
tarefa irrenunciável de oferecer modalidade de iniciação cristã, que além de
marcar o quê, também dê elementos para o quem, o como e o onde se realiza.
Dessa forma, assumiremos o desafio de uma nova evangelização, à qual temos
sido reiteradamente convocados.
293. A paróquia precisa ser o lugar onde se assegure a iniciação cristã e terá
como tarefas irrenunciáveis: iniciar na vida cristã os adultos batizados e não
suficientemente evangelizados; educar na fé as crianças batizadas em um
processo que as leve a completar sua iniciação cristã; iniciar os não batizados que,
havendo escutado o querigma, querem abraçar a fé. Nessa tarefa, o estudo e a
assimilação do Ritual de Iniciação Cristã de Adultos é referência necessária e
apoio seguro.
294. Assumir essa iniciação cristã exige não só uma renovação de modalidade
catequética da paróquia. Propomos que o processo catequético de formação
adotado pela Igreja para a iniciação cristã seja assumido em todo o Continente
como a maneira ordinária e indispensável de introdução na vida cristã e como a
catequese básica e fundamental. Depois, virá a catequese permanente que
continua o processo de amadurecimento da fé; nela se deve incorporar o
discernimento vocacional e a iluminação para projetos pessoais de vida.
295. Quanto à situação atual da catequese, é evidente que tem havido grande
progresso. Tem crescido o tempo que se dedica à preparação para os sacramentos.
Tem-se tomado maior consciência de sua necessidade, tanto nas famílias como
entre os pastores. Compreende-se que ela é imprescindível em toda formação
cristã. Têm-se constituído ordinariamente comissões diocesanas e paroquiais de
catequese. É admirável o grande número de pessoas que se sentem chamadas a se
fazer catequistas, com grande entrega. A elas, esta Assembleia manifesta sincero
reconhecimento.
que cabe a toda a comunidade de discípulos, mas de maneira especial a nós que,
como bispos, fomos chamados a servir à Igreja, pastoreando-a, conduzindo-a ao
encontro com Jesus e ensinando-lhe a viver tudo o que Ele nos tem mandado (cf.
Mt 28,19-20).
298. A catequese não deve ser só ocasional, reduzida a momentos prévios aos
sacramentos ou à iniciação cristã, mas sim “itinerário catequético permanente”. 4
Por isso, compete a cada Igreja particular, com a ajuda das Conferências
Episcopais, estabelecer um processo catequético orgânico e progressivo que se
estenda por toda a vida, desde a infância até à terceira idade, levando em
consideração que o Diretório Geral de Catequese considera a catequese com
adultos como a forma fundamental da educação na fé. Para que em verdade o
povo conheça Cristo a fundo e o siga fielmente, deve ser conduzido especialmente
na leitura e meditação da Palavra de Deus, que é o primeiro fundamento de uma
catequese permanente.5
299. A catequese não pode se limitar a uma formação meramente doutrinal, mas
precisa ser uma verdadeira escola de formação integral. Portanto, é necessário
cultivar a amizade com Cristo na oração, o apreço pela celebração litúrgica, a
experiência comunitária, o compromisso apostólico mediante um permanente
serviço aos demais. Para isso, seriam úteis alguns subsídios catequéticos
elaborados a partir do Catecismo da Igreja Católica e do Compêndio da Doutrina
Social da Igreja, estabelecendo cursos e escolas de formação permanente aos
catequistas.
4 DI 3.
5 Ibid.
6 DP 290.