Teoria - A Idade Moderna

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 6

A Idade Moderna

o final da Idade Mdia, h uma preparao para o Renascimento: O Humanismo. Nessa poca, vrias transformaes sociais proporcionaram um novo panorama poltico, artstico, social, religioso e filosfico. O Sistema Feudal entra em decadncia em funo das grandes navegaes; o poder dos Reis se estabelece; a expanso injeta dinheiro nos grandes plos citadino e, consecutivamente, a subjetividade religiosa se v desgastada. Alm disso, vrias invenes tratam de seduzir o homem para um novo modo de pensar: a plvora, a bssola, o papel, a imprensa, os descobrimentos...

O perodo de ascenso e apogeu desse momento denominado poca Clssica ou Renascimento. Ele, alm de conservar os elementos adquiridos pelo humanismo, foi contemplado pelo avano da Cincia Natural encarregada de criar novos mtodos investigativos auxiliados pela razo humana e pelo movimento da Reforma ciso da Igreja Catlica e buscou promover um homem mais autnomo em relao a passividade do homem medieval. O filme Lutero traduz muito bem as intenes de Martinho Lutero com a criao de uma nova Igreja. Nele, voc pode acompanhar algumas das medidas tomadas pelo religioso, a fim diminuir os abusos cometidos pelo catolicismo. Ainda, porm em outra poca, e com outro vis, percebemos crticas contra a Igreja no Crime do Padre Amaro, de Ea de Queiros, em O Mulato, de Alusio Azevedo, no Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna...

O Humanismo e o Renascimento, inspiraram, de uma forma geral, homens a resgatarem a cultura da Grcia Antiga e explicit-la divulgando, ao contrrio da Idade Mdia, os ideais de Razo, Proporo e Mimese. Essa caracterstica ia de encontro aos ideais de f e abstrao do perodo passado. O homem passa, ento, a buscar a lucidez, o equilbrio com a natureza e a explicao racional e cientfica para tudo.

A Arte.
A) Shakespeare, Hamlet Que obra prima o homem! Como nobre em sua razo! Que capacidade infinita! Como nobre e bem-feito em forma e movimento! Um anjo na ao! Um Deus no entendimento, paradigma dos animais, maravilha do mundo! B) Michelngelo c) Rafael

d) Cervantes

A filosofia
Duas correntes se fizeram importantes a essa altura: o Racionalismo e o Empirismo. O primeiro cuidava em estudar o objeto dando nfase no observador. Seria ele o ser dotado unicamente de razo verdadeira e pura e, consecutivamente, apto a entender e explicar o cosmo. O outro, por sua vez, utilizava tambm o esprito racional, contudo incorpora a ele o mtodo experimental.

O racionalismo de Ren Descartes (1596-1650) Penso, logo existo.


Para Descartes, para conhecer a verdade, seria preciso colocar todos os nossos conhecimentos em dvida. Seria necessrio duvidar da existncia fsica, espiritual, duvidar da existncia em nosso redor, duvidar... Contudo, esse ceticismo aparente a mola para uma nova fase: conhecer, questionar racionalmente tudo aquilo que, agora, consideramos falso. Quando se faz esse exerccio, percebemos uma coisa: mesmo que no consigamos provar que tal objeto exista, constatamos que nossa dvida existe. Se ela existe porque pensamos e, se pensamos, logo... Em sua principal obra O Discurso do Mtodo, podemos destacar quatro regras para atingir a verdade: 1. s aceitar como verdade aquilo que for pertencente ao mundo das ideias claras e distintas: noes de matemtica, geometria, profundidade, extenso, movimento, proporo, o pensar fazendo o sujeito existir... 2. dividir cada uma das dificuldades sugeridas em quantas partes forem necessrias para estudar o problema individualmente. Para ele, a soluo de cada parte seria mais fcil que a recuperao do todo. 3. Sempre ordenar o raciocnio para ir dos problemas mais simples a soluo dos mais complexos. 4. Realizar uma vistoria em todas as pequenas partes vistoriadas para que o todo no seja comprometido. Descartes analisa ainda os sonhos. Ele percebe que as sensaes que vivenciamos sonhando so verdades: nossos, medos, alegrias, angstias, vozes e pessoas, parecem-nos to reais que quando acordamos e evidenciamos as mesmas sensaes, podemos acreditar que, enquanto acordados, tambm dormimos. Logo, seria preciso desconfiar, nunca acreditar em nossos sentidos. Para o filsofo, os nossos sentidos constituem o que ele denominou Monstro Maligno... Vamos a um exemplo: voc, que estuda na stima srie, est apaixonado por uma pessoa da oitava. Durante uma festa junina, promovida pela escola, a fantasia de caipira te ajuda a ter mais coragem. Voc procura a pessoa e no a encontra no salo. Olha, freneticamente para todos os lados, no v nada, a no ser uma vaga msica que no te agrada e um monte de pessoas que pouco lhe interessa. Vai, por de trs do salo, senta ao p de uma mangueira, s. Respira fundo, pensa onde a pessoa poderia estar, suspira. A outra pessoa, espiando voc, sem ser percebida, d a volta pelo outro lado, chega atrs de voc e diz: oi! bem baixinho, sussurrando ao seu ouvido. Nesse momento, voc parece sentir um frio enorme na barriga como se fossem mil borboletas no estmago, todas batendo suas asas. Seus pelos se arrepiam... Ora, para Descartes, a concluso de que seu corpo (res extensa) se manifesta respondendo aos estmulos captados pelos sentidos falsa. Ela foi promovida pelo gnio maligno: os sentidos enganadores lembra de Parmnides e Plato? Por isso, no se deixar enganar pelos sentidos primordial para adquirir a verdade que est s naquilo que no nos engana a razo (res cogito). Veja:

Para entender melhor, apliquemos o mtodo cartesiano de Descarte na leitura da obra Dom Casmurro. Se o leitor efetua uma leitura rpida, desatenta, pode sentir tanta raiva de Capitu que acaba por incrimin-la. O leitor passa a evidenciar que, pela fora da criao to bem coesa de Machado, os eventos ali narrados so verdadeiros (Monstro Maligno!!!!). Ao ler, sentimos, o dio de Bentinho, a dor de Dona Glria, o interesse de Jos Dias, o amor... Mas, se detalharmos a leitura, parte por parte, com bastante ateno... se cada captulo, cada pargrafo, cada linha fossem transformados em dvidas, chegaramos a concluso de Descartes: no se pode provar se houve adultrio; no se pode provar se houve homossexualismo; no se pode provar se houve loucura, esterilidade, amor, vizinhana. No se pode provar nem que Capitu realmente tenha existido. A nica coisa que realmente real a dvida do leitor. Ela prova que ele existe e que os eventos e sensaes promovidos pela obra esto na mente, nas ideias de que as l. Assim, o corpo, por ser perecvel e enganador em seus sentidos, fica para o estudo das cincias. Anatomia e fisiologia esto fora do estudo de Descartes. A razo, por sua vez, representa o objeto de estudo da filosofia...

EXERCCIOS. 1. Prove, utilizando a mxima de Descartes, por que a caneta que voc est segurando no existe. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 2. O que simboliza a figura do gnio maligno para descartes? Justifique. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________

3. Considerando que os nossos sentidos podem nos enganar, o que Descartes considera nos restar como certeza de realidade? Explique. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 4. Explique, pela teoria estudada, a existncia de Deus. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________

EXERCCIOS TAREFA
5.(UEL) E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era to firme e to certa que todas as mais extravagantes suposies dos cticos no seriam capazes de a abalar. Descartes, R. Discurso do mtodo. So Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 46. Com base na citao apresentada e nos conhecimentos sobre Descartes, assinale a alternativa correta: a) Para Descartes, mais fcil conhecer o corpo do que a alma. b) Descartes estabelece que a alma tem uma natureza puramente intelectual. c) Segundo Descartes, a verdade da res extensa precede a verdade da res cogitans. d) O eu penso, logo existo revela a perspectiva cartesiana em considerar primeiramente aquilo que complexo. e) A unio da alma e do corpo revela que eles possuem a mesma substncia.

6. (UFU-MG) Leia atentamente os textos e assinale (V) para cada afirmao verdadeira e (F) para cada afirmao falsa. 1a meditao /1/ H j algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opinies como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princpios to mal assegurados no podia ser seno muito duvidoso e incerto; de modo que me era necessrio tentar seriamente, uma

vez na vida, desfazer-me de todas as opinies a que at ento dera crdito, e comear tudo novamente desde os fundamentos, se quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas cincias. (...). 2a meditao /4/ (...) Mas eu me persuadi de que nada existia no mundo, que no havia nenhum cu, nenhuma terra, espritos alguns, nem corpos alguns: no me persuadi, portanto, de que eu no existia? Certamente no, eu existia sem dvida, se que eu me persuadi, ou, apenas, pensei alguma coisa. (...) De sorte que, aps ter pensado bastante nisto e de ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que esta proposio eu sou, eu existo necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu esprito. (...). DESCARTES, Ren. Meditaes metafsicas. Os pensadores. So Paulo: Nova Cultural, 19871988, pp. 17-24. (....)1. Os trechos apresentados mostram o processo de investigao a que Descartes se ps em suas Meditaes metafsicas, cujo ponto de partida fundamental a chamada dvida metdica, expediente este que permitiria ao filsofo desvencilhar-se de todos os conhecimentos que abarcassem a mais mnima incerteza, levando-o a alcanar o primeiro conhecimento absolutamente indubitvel: a existncia do eu que pensa (cogito). (....)2. Descartes pode ser considerado o fundador do pensamento moderno justamente por assumir a atitude realista da tradio filosfica, que no punha em questo a existncia do objeto ou a realidade do mundo. (....)3. Para Descartes, as ideias inatas so as nicas no sujeitas a erro, porque derivam nica e exclusivamente da razo, distintamente das ideias provenientes dos sentidos ou formadas pela imaginao. (....)4. Com o critrio de clareza e distino, atributos necessrios das ideias inatas, Descartes conseguiu garantir a correspondncia entre o objeto pensado e seu referente real no mundo, constituindo, assim, o conhecimento verdadeiro. 7. E quando considero que duvido, isto , que sou uma coisa incompleta e dependente, a ideia de um ser completo e independente, ou seja, de Deus, apresenta-se a meu esprito com igual distino e clareza; e do simples fato de que essa ideia se encontra em mim, ou que sou ou existo, eu que possuo esta ideia, concluo to evidentemente a existncia de Deus e que a minha depende inteiramente dele em todos os momentos da minha vida, que no penso que o esprito humano possa conhecer algo com maior evidncia e certeza. DESCARTES, Ren. Meditaes. Trad. de Jac Guinsburg e Bento Prado Jnior. So Paulo: Nova Cultural, 1996, pp. 297-298. Com base no texto, correto afirmar: A) O esprito possui uma ideia obscura e confusa de Deus, o que impede que esta ideia possa ser conhecida com evidncia. B) A ideia da existncia de Deus, como um ser completo e independente, uma consequncia dos limites do esprito humano. C) O conhecimento que o esprito humano possui de si mesmo superior ao conhecimento de Deus. D) A nica certeza que o esprito humano capaz de provar a existncia de si mesmo, enquanto um ser que pensa. E) A existncia de Deus, como uma ideia clara e distinta, impossvel de ser provada. 8. Assista ao filme Lutero e faa uma resenha sobre o contexto abordado. 9. Analise as figuras utilizadas nesse texto. Em que sentido elas se destoam dos ideais medievais?

Você também pode gostar