Informativo de Jurisprudencia
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Informativo de Jurisprudencia
Privado
Edição com notas inéditas, de julgados do segundo semestre de 2022, dos órgãos julgadores do
Superior Tribunal de Justiça na área de direito privado.
CORTE ESPECIAL
DESTAQUE
No caso, a parte não juntou o inteiro teor do acórdão paradigma, faltando a respectiva
certidão de julgamento, limitando-se a mencionar o Diário da Justiça em que publicado o referido
acórdão.
A comprovação da divergência deve observar os termos do § 4º do art. 1.043 do Código de
Processo Civil de 2015 e do § 4º do art. 266 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. O
não atendimento aos requisitos enumerados nestes dispositivos constitui vício substancial,
resultante da não observância do rigor técnico exigido na interposição do recurso, o que afasta a
incidência do parágrafo único do art. 932 do CPC/2015.
A mera indicação do Diário da Justiça em que publicado o acórdão paradigma não atende à
exigência de citação do repositório oficial ou autorizado de jurisprudência, uma vez que consiste
apenas em órgão de divulgação no qual somente é publicada a ementa do acórdão e não seu inteiro
teor.
A juntada tão somente da ementa, relatório e voto do acórdão paradigma, sem a respectiva
certidão de julgamento, configura vício substancial e afasta a aplicação do parágrafo único do art.
932 do CPC/2015.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
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Informativo de Jurisprudência n. 6 - Edição Especial
DESTAQUE
É inepta a petição inicial da rescisória fundada no inciso V do art. 966 do CPC/2015 que
não indica a norma jurídica manifestamente violada pela decisão rescindenda.
"A narração dos fatos não conduz à ocorrência dos vícios rescisórios porque não indica -
precisamente - como os dispositivos legais indicados foram violados e nem como a decisão
rescindenda foi consubstanciada em erro de fato. Tendo em vista a inépcia da ação rescisória,
impõe-se a sua extinção sem resolução de mérito" (AgRg na AR 5.604/MS, Rel. Ministro Moura
Ribeiro, Segunda Seção, julgado em 9/9/2015, DJe 16/9/2015).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
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Informativo de Jurisprudência n. 705
Não há coisa julgada envolvendo ação cominatória e indenizatória por uso indevido de
marca proposta contra empresa que utiliza marca semelhante à da autora, que tramitou na Justiça
Comum estadual, e ação de nulidade de registro de marca, proposta pela mesma autora contra
idêntica empresa e contra o INPI, decidida na Justiça Federal.
De início, ressalta-se que a garantia constitucional da coisa julgada (art. 5º, XXXVI, da
Constituição Federal) possui conceito e limites previstos, essencialmente, no CPC/2015, que em seu
art. 503 estabelece o limite objetivo da coisa julgada afirmando incidir tão somente no que se refere
à "questão principal expressamente decidida".
No caso, na primeira ação ajuizada, entendeu-se pela ilegalidade no uso das marcas pela
empresa ré, em demanda indenizatória e cominatória. Na segunda, ação de anulação de registro,
cuja sentença foi objeto de ação rescisória, concluiu-se "pela legalidade do ato administrativo do
INPI, que concedeu o registro à empresa ré".
Analisando os elementos das demandas, percebe-se que não são idênticos, o que afasta a
coisa julgada.
Isso porque a primeira tinha como causa de pedir o princípio da exclusividade, bem como
a prática de concorrência desleal. Os pedidos formulados foram para a ré "se abster definitivamente,
de fabricar, comercializar ou utilizar, a qualquer título, produtos assinalados pelas marcas, bem
como qualquer outra marca ou forma de apresentação, que se confunda com os produtos das
empresas autoras, sob pena de pagamento de multa pecuniária diária e ser condenada a compor as
perdas e danos patrimoniais, inclusive os lucros cessantes".
A segunda demanda foi proposta pela mesma autora contra idêntica empresa e contra o
Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI. E o pedido consistiu na nulidade do registro e na
consequente suspensão dos efeitos de tal registro, e na abstenção de uso da marca pela primeira ré,
nos termos do art. 173, parágrafo único, da Lei de Propriedade Industrial (LPI).
Nota-se, portanto, que tanto a causa de pedir quanto o pedido formulado em ambas as
demandas são diversos. A relação jurídica controvertida também é diferente.
Sob esse enfoque, destaca-se que o pedido de abstenção de uso da marca pela empresa ré
na ação de nulidade constituiu mera decorrência do suposto vício do registro. Daí que, julgado
improcedente o pedido de nulidade do registro da marca da ré, também foi indeferido, como simples
corolário, o requerimento de abstenção do uso de tal marca pela titular.
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LEGISLAÇÃO
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Informativo de Jurisprudência n. 666
DESTAQUE
No entanto, houve mora da CEF no repasse das parcelas do mútuo, destacando sua
especial contribuição no atraso da finalização da obra. Não houve a correta atualização monetária
das parcelas desembolsadas, havendo um lapso entre a data da correção e a do efetivo pagamento.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Lei n. 8.036/1990
Não é possível aplicar por analogia as disposições acerca da pensão alimentícia, baseada
na filiação e regida pelo Direito de Família, aos animais de estimação adquiridos durante união
estável.
A discussão travada nestes autos, ao contrário daquela discutida no leading case, julgado
pela Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (REsp 1.173.167/SP), diz respeito não a direitos,
mas, sim, aos deveres de arcar com os custos de subsistência dos animais de estimação, adquiridos
durante a união estável, após a dissolução desta.
Se, em virtude do fim da união, as partes, ainda que verbalmente ou até implicitamente,
convencionarem, de comum acordo, que o animal de estimação ficará com um deles, este passará a
ser seu único dono, que terá o bônus de desfrutar de sua companhia, arcando, por outro lado,
sozinho, com as correlatas despesas.
Não se poderia conceber em tal hipótese - em que, extinta a união estável, com inequívoca
definição a respeito de quem, doravante, passaria a ser o dono do animal de estimação -, pudesse o
outro ex-companheiro, por exemplo, passado algum tempo e sem guardar nenhum vínculo de
afetividade com o animal, reivindicar algum direito inerente à propriedade deste.
O fato de o animal de estimação ter sido adquirido na constância da união estável não
pode representar a consolidação de um vínculo obrigacional indissolúvel entre os companheiros
(com infindáveis litígios) ou entre um deles e o pet, sendo conferido às partes promover a
acomodação da titularidade dos animais de estimação, da forma como melhor lhes for conveniente.
A partir do fim da união estável, os bens hauridos durante a convivência são regidos pelo correlato
regime de bens que, na ausência de contrato escrito entre os companheiros, como é o caso dos
autos, segue o da comunhão parcial de bens (art. 1.725 do CC).
Eventual impasse entre os companheiros sobre quem deve ficar com o animal de
estimação, adquirido durante a união estável, por evidente, não poderia ser resolvido,
simplesmente, por meio da determinação da venda dos pets e posterior partilha, entre eles, da
quantia levantada, como se dá usualmente com outros bens móveis, já que, como assentado, não se
pode ignorar o afeto humano para com os animais de estimação, tampouco a sua natureza de ser
dotado de sensibilidade.
Não se pode ignorar que a imputação, ao demandado, do dever de arcar com as despesas
dos animais (que não mais pertencem a ele), para que a demandante, exclusivamente, usufrua da
companhia dos pets, também não atende ao preceito de equidade. Isso porque somente pode alienar
o bem, naturalmente, aquele que tem a sua titularidade. O demandado não é proprietário dos
animais, não usufrui da companhia dos animais, mas, como se vê, foi obrigado a arcar com as
correlatas despesas até a morte ou até a alienação dos cães.
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LEGISLAÇÃO
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Informativo de Jurisprudência n. 634
Processo REsp 2.011.360-MS, Rel. Ministra Nancy Andrighi,
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
25/10/2022, DJe 27/10/2022.
DESTAQUE
É possível a utilização da taxa Selic, desde que pactuada, como índice de correção
monetária das parcelas ajustadas em contrato de compra e venda de imóvel, caso em que não
haverá cumulação com juros remuneratórios, uma vez que os juros já estão englobados nesse índice.
A correção monetária serve para recompor o poder aquisitivo original da moeda, corroído
pelos efeitos da inflação, nada acrescentando ao seu valor. Por sua vez, os juros têm a natureza de
frutos civis e constituem obrigação acessória dos contratos onerosos, com fins de recompensar o
credor ou de ressarcir a demora no pagamento do débito. Eles se subdividem em duas espécies: a)
os remuneratórios ou compensatórios, cuja função é remunerar o credor pela privação do seu
capital, e b) os moratórios, que têm o papel de indenizar o credor pelo atraso no pagamento da
dívida.
A taxa SELIC abrange juros e correção monetária. Em razão disso, não pode ser cumulada
a nenhum outro índice que exprima tais consectários.
Assim, se for pactuada a incidência da taxa Selic a título de correção monetária das
parcelas contratuais, não será possível cumulá-la com juros remuneratórios, uma vez que os juros já
estão englobados nesse índice. Isso não impedirá, contudo, a estipulação de juros de mora, já que
possuem finalidade distinta dos juros remuneratórios.
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Informativo de Jurisprudência n. 521
DESTAQUE
Nos termos do art. 608 do Código Civil de 2002, o terceiro que alicia profissional obrigado
em contrato a prestar serviço a outrem, provocando a quebra do ajuste anterior, tem o dever de
indenizar o contratante lesado, independentemente da responsabilidade contratual incidente entre
as partes do negócio desfeito. Relação jurídica que se amolda ao disposto no referido artigo.
A tutela da função social externa do contrato, no caso da norma aqui tratada, exige a
prática de aliciamento do prestador de serviço, o que indica que o art. 608 do Código Civil de 2002
busca combater práticas desleais entre agentes econômicos, conduta apta a demonstrar uma
vontade manifesta de aliciar.
Assim, a oferta de proposta mais vantajosa a artista contratado por emissora concorrente
não configura automaticamente prática de aliciamento de prestador de serviço, haja vista a ausência
de qualquer conduta voltada à concorrência desleal ou à violação dos deveres anexos à boa-fé
objetiva, sem que se esteja com isso a desconsiderar a função social externa do contrato. Não se
pode afirmar que a conduta da recorrente seria parasitária ou que teria se utilizado do investimento
da concorrente no profissional pelo fato de a proposta ter sido apresentada na vigência do contrato
exatamente porque parece ser da natureza da concorrência no mercado de entretenimento o
interesse por artistas que estejam em voga, o que inevitavelmente pode decorrer da circunstância
de sua atuação em outra emissora.
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LEGISLAÇÃO
Código Civil, art. 608
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Informativo de Jurisprudência n. 258
DESTAQUE
De acordo com o art. 206, § 3º, do Código Civil, prescreve em 3 (três) a pretensão de
ressarcimento de enriquecimento sem causa.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
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Informativo de Jurisprudência n. 634
Processo REsp 1.994.639-SP, Rel. Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 6/9/2022, DJe 9/9/2022.
DESTAQUE
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LEGISLAÇÃO
SÚMULAS
Súmula n. 608/STJ
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Informativo de Jurisprudência n. 592
DESTAQUE
No que diz respeito à expansão dos danos indenizáveis - tendência que interessa mais de
perto ao deslinde da controvérsia -, observa-se que a responsabilidade civil avança, atualmente,
para além dos clássicos danos materiais e morais, abordando o dano estético, o dano por ricochete, o
dano social, o dano transindividual, o dano pela perda de uma chance, entre outros.
Com efeito, a Teoria do Desvio Produtivo, parte da premissa de que "a sociedade pós-
industrial [...] proporciona a seus membros um poder liberador: o consumo de um produto ou
serviço de qualidade, produzido por um fornecedor especializado na atividade, tem a utilidade
subjacente de tornar disponíveis o tempo e as competências que o consumidor necessitaria para
produzi-lo [por si mesmo] para seu próprio uso" pois "o fornecimento de um produto ou serviço de
qualidade ao consumidor tem o poder de liberar os recursos produtivos que ele utilizaria para
produzi-lo" pessoalmente.
Desse modo, seria possível identificar, no ordenamento jurídico nacional, uma verdadeira
obrigação imposta aos fornecedores de garantir a otimização e o máximo aproveitamento dos
recursos produtivos disponíveis na sociedade, entre eles, o tempo.
Tal obrigação teria por fundamento: (I) a vulnerabilidade do consumidor; (II) o princípio
da reparação integral (Art. 6º, VI, do CDC); (III) a proteção contra práticas abusivas (art. 39 do CDC);
(IV) o dever de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho imposto aos fornecedores de
produtos e serviços (Art. 4º, II, "d", do CDC), e (V) o dever de informar adequadamente e de agir
sempre com boa-fé (Art. 6º, III, e 51, IV, do CDC).
Observa-se que, na esteira da referida teoria, a tutela do tempo útil e seu máximo
aproveitamento - valores subjacentes à função social da atividade produtiva - seria imposta aos
fornecedores com base nas disposições especiais e protetivas do Código de Defesa do Consumidor.
Deveras, para os seus partidários, a referida teoria seria aplicável sempre que o
fornecedor buscar se eximir da sua responsabilidade de sanar os infortúnios criados aos
consumidores de forma voluntária, tempestiva e efetiva, levando a parte vulnerável da relação a
desperdiçar o seu tempo vital e a desviar de suas atividades existenciais para solucionar o problema
que lhe foi imposto.
Assim, infere-se da origem, dos fundamentos e dos seus requisitos que a Teoria do Desvio
Produtivo do Consumidor - como denuncia o próprio nome que lhe foi atribuído - é predisposta a
ser aplicada no âmbito do direito consumerista, notadamente em razão da situação de desigualdade
e de vulnerabilidade que são as notas distintivas das relações de consumo.
Com efeito, não se pode olvidar que o Direito do Consumidor possui autonomia e lógica de
funcionamento próprias, máxime por regular relações jurídicas especiais compostas por um sujeito
em situação de vulnerabilidade, o consumidor.
As construções doutrinárias erigidas com base neste ramo especial do Direito não podem
ser livremente importadas, sem maiores reflexões, por outros ramos do ordenamento jurídico,
notadamente pelo Direito Civil, sob pena de se instalar indevido sincretismo metodológico que deve
ser evitado.
De fato, deve-se observar que "a tutela jurídica do tempo, principalmente na via
indenizatória, jamais poderá ser subvertida por sua conversão em fonte fácil de renda e
enriquecimento sem causa".
Processo REsp 1.938.743-SP, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira
Turma, por unanimidade, julgado em 6/12/2022, DJe
14/12/2022.
DESTAQUE
No caso, foi promovida ação rescisória contra os autores da ação de usucapião, que foi
julgada procedente para desconstituir a sentença de usucapião e cancelar a matrícula respectiva. Os
adquirentes do imóvel usucapido ajuizaram ação declaratória de inexistência (querela nullitatis),
afirmando que esse acórdão seria nulo, porque deveriam ter participado do feito na condição de
proprietários registrários.
Os sucessores são legítimos, com justo título, na posse e direitos sobre o imóvel usucapido
e, depois, atingido pela ação rescisória. Logo, deveriam ter sido incluídos no polo passivo da ação
rescisória que veio a anular a sentença de usucapião.
A alienação de uma coisa ou direito por ato entre vivos vincula enquanto durar o processo,
fazendo permanecer litigiosa a coisa ou o direito nele debatido, mas não além disso. Por
conseguinte, em nova demanda, faz-se de rigor a citação de eventuais sucessores da parte.
Por conseguinte, não é lógico, nem muito menos justo, que sejam afetados sem ao menos
terem oportunidade de opor seus eventuais direitos. É garantia dada pela Constituição Federal que
ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (art. 5º, LIV).
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LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Hipótese em que o vício indicado pela parte recorrente configura a denominada "nulidade
de algibeira", que deve ser rechaçada por esta Corte Superior em virtude do dever imposto a todos
aqueles que participam do processo, de proceder com lealdade e boa-fé.
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LEGISLAÇÃO
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Informativo de Jurisprudência n. 539
DESTAQUE
Dessa forma, porque não se pode considerar o administrador judicial como parte
integrante de um dos polos da recuperação ou da falência, tampouco mandatário de uma das partes
ou dos credores sujeitos aos respectivos processos, não faz ele jus ao recebimento de honorários
sucumbenciais, pois o trabalho que realiza deve ser remunerado de forma própria, pela
recuperanda, após fixação judicial, mas desde que observados os ditames previstos no art. 24 da Lei
n. 11.101/2005.
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LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
A citação válida em ação coletiva por danos ambientais interrompe o prazo prescricional
da ação indenizatória individual se coincidente a causa de pedir das demandas.
DESTAQUE
O segurado que agir de má-fé ao fazer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que
possam influir na aceitação da proposta pela seguradora ou na taxa do prêmio está sujeito à perda
da garantia securitária.
Nos termos dos arts. 765, 766 e 769 do Código Civil, em decorrência do princípio da boa-fé
subjetiva, o segurado deve, na contratação do seguro, informar à seguradora, tão logo tenha
conhecimento, sobre circunstâncias passíveis de agravar consideravelmente o risco coberto, sob
pena de perda da garantia se ficar comprovada a má-fé do segurado ao omitir informações que
possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do prêmio.
Nesse cenário, no julgamento do REsp 1.601.555/SP (Relator Ministro Ricardo Villas Bôas
Cueva, DJe 20/2/2017), a Terceira Turma se manifestou no sentido de que o segurado que, agindo
de má-fé, fizer declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da
proposta pela seguradora ou na taxa do prêmio, será penalizado pela perda da garantia.
Na ocasião, a Terceira Turma também se manifestou no sentido de que o seguro D&O não
pode cobrir atos dolosos cometidos para favorecer a própria pessoa do administrador, uma vez que
incentivaria a redução do grau de diligência do gestor e a assunção de riscos excessivos,
comprometendo as atividades de compliance e as boas práticas de governança corporativa da
sociedade.
Trata-se cobertura securitária com vistas ao custeio de valores a serem despendidos com a
defesa do administrador em processos criminais e administrativos, em razão de condutas praticadas
na administração do Banco Santos, que sofreu intervenção do Banco Central e, em seguida, teve a
falência decretada.
Por sua vez, o acórdão recorrido concluiu pela nulidade do contrato de seguro, em razão
de ter sido a seguradora induzida a erro na avaliação do risco contratado com a prestação de
informações inexatas e da omissão de informações acerca da situação da sociedade pela tomadora
do seguro.
Verifica-se, portanto, que os fatos relevantes que levaram à intervenção do Banco Central
e posterior falência do Banco Santos ocorreram antes da contratação do seguro, de modo que, nos
termos do art. 769 do Código Civil, deveriam ter sido comunicados por ocasião da contratação ou, ao
menos, quando da assinatura do contrato suplementar, sob pena de perda da garantia securitária, o
que não ocorreu na hipótese.
Nesse contexto, tanto a omissão dolosa concernente aos eventos sob investigação do
Banco Central quanto a prática dolosa de atos de favorecimento pessoal e lesivos à companhia e aos
investidores dão respaldo à sanção de perda do direito à indenização securitária, de modo que não
merece reparo o acórdão recorrido.
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LEGISLAÇÃO
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Informativo de Jurisprudência n. 209
DESTAQUE
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LEGISLAÇÃO
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Informativo de Jurisprudência n. 541
A pensão por ato ilícito somente é devida quando o autor do fato causa a morte ou a
debilidade física da vítima.
No caso, não houve comprovação, seja na esfera criminal, seja nos laudos periciais
trazidos, de que o réu teria cometido homicídio doloso, em razão da dúvida existente a respeito de a
causa da morte ter sido natural ou violenta. A condenação foi fundamentada em sua omissão ao
"abandonar a vítima no apartamento onde, com ela, mantivera relações sexuais, presumindo-a
morta, sem buscar efetivamente socorrê-la, quer chamando o SIATE ou levando-a a um hospital",
bem como por ter retornado horas depois para "pegar o corpo e levá-lo para um lugar que se
aproxima de um lugar ermo, abandonando-o ali".
Nos termos dos artigos 1.537, II, e 1.539 do Código Civil de 1916, a pensão por ato ilícito
somente é devida em duas ocasiões: a) quando o autor causa a morte da vítima, sendo devida aos
seus dependentes econômicos; ou b) quando causa debilidade física à vítima, a qual é devida a título
de compensação por diminuição de sua capacidade laboral. Trata-se de previsão que foi repetida no
CC/2002, em seus artigos 948, II, e 950. Não sendo nenhum destes o fundamento da
responsabilidade civil no caso, o afastamento da condenação ao pagamento de pensão é medida que
se impõe.
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LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
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LEGISLAÇÃO
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Informativo de Jurisprudência n. 565
É possível a prisão civil de advogado devedor de alimentos, em cela especial, desde que
provida de instalações com comodidades condignas e localizada em área separada dos demais
detentos.
O Estatuto da Advocacia (Lei n. 8.906/1994, art. 7º, V) prevê ser direito do advogado não
ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado-Maior, com
instalações e comodidades condignas, e, na sua falta, em prisão domiciliar.
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LEGISLAÇÃO
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Informativo de Jurisprudência n. 755
Processo Processo sob segredo de justiça, Rel. Ministro Marco
Buzzi, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
3/10/2022, DJe 6/10/2022.
DESTAQUE
Na via do habeas corpus, não é possível avaliar a capacidade do paciente de arcar com o
pagamento de valores executados a título de pensão alimentícia para afastar a prisão civil.
Na via estreita do habeas corpus, não é viável, para fins de afastamento da prisão civil,
avaliar a capacidade do paciente de arcar com o pagamento dos valores executados a título de
pensão alimentícia, bem como a não configuração do binômio necessidade/possibilidade, pois isso
demandaria a análise aprofundada de provas e fatos controvertidos (RHC 136.336/MG, relator
Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, DJe 3/3/2022 e AgInt no HC 505.546/SP, relator
Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, DJe 1º/7/2019).
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SÚMULAS
Súmula n. 309/STJ
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Informativo de Jurisprudência n. 389
DESTAQUE
Conforme o princípio da função social do contrato, insculpido no art. 421 do CC, não se
pode descuidar de que o modelo se baseia no conceito de mutualismo, que vem da área de seguros:
um grupo de pessoas se junta, cotiza-se e gera-se uma receita por meio do pagamento individual da
mensalidade, sendo o valor total arrecadado usado para pagar as despesas decorrentes do
atendimento à saúde de integrantes desse grupo. Como são várias pessoas, os custos se diluem, o
preço do plano se reduz, e elas podem ter acesso a serviços que teriam dificuldade de custear
individualmente.
O art. 421, parágrafo único, do CC, com a redação conferida pela Lei n. 13.784/2019,
passou a estabelecer que a liberdade contratual será exercida nos limites da função social do
contrato. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a
excepcionalidade da revisão contratual.
Com efeito, o art. 113 do Código Civil dispõe que os negócios jurídicos devem ser
interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração, e o bem invocado no art. 422
do CC estabelece que os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como
em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Por um lado, a boa-fé objetiva restringe o
exercício abusivo de direitos, impondo que as partes colaborem mutuamente para a consecução dos
fins comuns perseguidos com o contrato - que não é um mero instrumento formal de registro das
intenções -, e também encontra a sua vinculação e limitação na função econômica e social do
contrato, visando a fazer com que os legítimos interesses da outra parte, relativos à relação
econômica nos moldes pretendidos pelos contratantes, sejam salvaguardados.
Por outro lado, se ocorrem motivos que justifiquem a intervenção judicial em lei
permitida, há de realizar-se para a decretação da nulidade ou da resolução do contrato, nunca para a
modificação do seu conteúdo - o que se justifica, ademais, como decorrência do próprio princípio da
autonomia da vontade, uma vez que a possibilidade de intervenção do juiz na economia do contrato
atingiria o poder de obrigar-se, ferindo a liberdade de contratar.
Isso porque, eventuais decisões administrativas ou judiciais à margem da lei "escapam das
previsões pretéritas" e têm o condão de agravar "a delicada situação financeira de inúmeras
operadoras de planos de saúde, que, seguida de intervenções, liquidações ou aquisições de carteiras
de clientes, fere em última análise a própria confiança e expectativa dos consumidores, razão maior
da contratação" do plano ou seguro de saúde. "O problema deixa de ser da operadora e passa a
atingir toda a sociedade".
Nesse passo, o pedido exordial vai de encontro aos princípios da eticidade, da boa-fé
objetiva e da função social do contrato, não havendo interesse jurídico-social na tutela da situação
objetivamente gerada por unilateral escolha da parte autora que não se valeu da rede credenciada
(sendo bem de ver, a título de mero registro, que a operadora do plano de saúde repisa em
contrarrazões recursais que a prova pericial apontou que o tratamento de câncer poderia ter sido
feito na rede credenciada), inclusive em vista das consequências econômicas e sociais deletérias de
uma jurisprudência permissiva.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Lei n. 13.784/2019.
Importante destacar que não se pode considerar o requerimento do art. 357, § 1º, do
CPC/2015 um mero pedido de reconsideração, que era possível antes mesmo da entrada em vigor
do novo Código de Processo Civil. Deveras, o pedido de reconsideração é aquele dirigido ao
magistrado, em que se pede o reexame de uma questão já resolvida, a fim de que lhe seja conferida
outra solução. Em regra, a reconsideração do juiz decorrerá da própria sistemática do agravo, que
permite ao magistrado o exercício da retratação (art. 1.018, § 1º, do CPC/2015). É pacífico o
entendimento de que o pedido de reconsideração em nada modifica a contagem do prazo recursal.
Com isso, compreende-se que a decisão de saneamento não está aperfeiçoada logo após
sua prolação, pois permanece em construção, a depender do exercício do direito de petição. Com
efeito, se a decisão é colaborativa e há possibilidade de manifestação das partes, com probabilidade
de alteração do teor deliberado, é sensato depreender que o saneamento ainda não foi concluído,
razão pela qual encontra-se em estado de instabilidade.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Código de Processo Civil, arts. 357, § 1º, 1.018, § 1º, 1.026, caput e 1.044, § 1º
Processo REsp 1.967.261-CE, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti,
Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
13/12/2022, DJe 20/12/2022.
DESTAQUE
No caso, a parte autora formulou pedido de alteração do polo passivo em réplica, quando
em vigor o Código de Processo Civil de 1973, o qual ainda pendia de exame quando da entrada em
vigor do Código de Processo Civil de 2015. O juízo extinguiu o feito sem resolução do mérito, em
decorrência da ilegitimidade do polo passivo, sem examinar o requerimento feito em réplica para a
substituição do réu.
Segundo o disposto no art. 14 do CPC/2015, "a norma processual não retroagirá e será
aplicável imediatamente aos processos em curso". Aplicação da teoria dos atos processuais isolados.
Assim, a lei processual atinge o processo no estágio em que ele se encontra.
Os dispositivos do CPC/2015 que permitem a substituição do polo passivo, como o art.
339, § 2º, autorizam o autor a optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte
passivo, o sujeito indicado pelo réu na contestação, como sendo o sujeito passivo da relação jurídica
discutida.
Não deve prevalecer o entendimento de que aplica-se o direito vigente na data em que
oferecida a réplica, o revogado Código de Processo (CPC/1973), em vez do novo Código de Processo
Civil (CPC/2015), vigente quando da prolação da sentença. O pedido de alteração do polo passivo
não fora examinado enquanto em vigor o CPC/73. Assim, ainda pendia de exame quando da entrada
em vigor do CPC/2015, e, portanto, com base neste diploma deve ser decidido, não havendo
necessidade de sua reiteração em audiência e memoriais para que a parte tenha direito à sua
apreciação.
A parte tem direito ao exame de seu requerimento, não podendo ser penalizada pela
omissão imputável ao magistrado. Isso porque predomina no direito transitório processual a
chamada "teoria dos atos processuais isolados", em que cada ato deve ser considerado
separadamente dos demais para o fim de se determinar qual a lei que o rege, recaindo sobre ele a
preclusão consumativa. Com base nisso, temos que a lei processual atinge o processo no estágio em
que ele se encontra.
Por isso, percebe-se que houve clara afronta ao art. 339, § 2º, do CPC/2015, que permite a
substituição do polo passivo quando do conhecimento do réu: "no prazo de 15 (quinze) dias, o autor
pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado
pelo réu".
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