On The Surface (Celeste & Jase)

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SINOPSE

As pessoas veem o que elas querem ver. Elas só veem o que está na
superfície e são fáceis de enganar. Eu os deixo ver do lado de fora que sou
uma empresária de sucesso. Minhas roupas são de grife, minha maquiagem
impecável, e moro em um condomínio de luxo em Lennox Hills. Eles veem
a perfeição, não o que está abaixo da superfície.
O verdadeiro eu, o que eu mantenho escondido, é uma mulher de coração
partido que usa a maquiagem para esconder suas lágrimas. A roupa cara
cobre um coração uma vez quebrado pelo amor. As paredes da minha casa
cara abrigam uma mulher solitária que esconde o fato de que no fundo ela
quer ser amada. Uma mulher que está com muito medo de arriscar seu
coração frágil.

Por dez anos, consegui me esconder atrás da imagem da perfeição.


Apenas deixando as pessoas verem o que está na superfície.

Até que eu corri para ele.

Agora, toda emoção crua, todo pedaço quebrado do meu coração que
eu enterrei há muito tempo está exposto fora das paredes protetoras do meu
arranha-céu. Não importa o quanto eu tente, não consigo evitar que as
paredes desmoronem. Ele me vê além da imagem que eu criei. Ele diz que
pode lidar com o que está abaixo da superfície, mas eu posso?
DEDICATÓRIA

Para os leitores que veem sob a superfície, através da falsidade, além do


despedaçado, e amam os indivíduos quebrados. Este livro é para vocês.
EPÍGRAFO

Estamos todos quebrados. É assim que a luz entra.

– Desconhecido
UM

Celeste

— Duas semanas para que eu finalmente seja a Sra. Shaw. — Olivia


grita alto o suficiente para que os clientes sentados à mesa ao nosso lado
olhem. Suas mãos se unem com excitação enquanto seus olhos percorrem
todo mundo à mesa e pousam em seu noivo, Nicholas Shaw, que é
conhecido como o quarterback recém-aposentado do New York Brewers.
Para mim, porém, ele é meu melhor amigo de infância. Apesar da nossa
diferença de idade de quatro anos, passei as duas últimas décadas atrás de
Nick enquanto ele perseguia seu sonho de jogar futebol profissional, e eu
persegui o meu de me tornar uma modelo.

Houve um curto período de tempo em que quase nos casamos – uma


decisão estúpida de ambas as partes, derivada de um pacto adolescente em
um momento de fraqueza.

Claro, isso tudo foi antes de conhecer Olivia, que surgiu com seu eu
doce e adorável e roubou seu coração – enquanto simultaneamente me
conquistou e se tornou uma das poucas pessoas que eu chamo de amiga. Ela
e Nick estão esperando seu segundo bebê para setembro. Seu filho, Reed,
tem dezoito meses e está em casa com seus avós hoje à noite.

Em resposta ao que Olivia diz, Nick serpenteia o braço em volta dos


ombros dela de uma maneira protetora e a puxa para o lado com um largo
sorriso. Seus lábios pressionam contra os dela suavemente em um gesto
amoroso, e eu tenho quase certeza que eles acabaram de me dar uma cárie
de toda a doçura que está irradiando deles.

— O que significa que uma festa de despedida de solteira tem que ser
organizada! — Diz a melhor amiga de Olivia, Giselle. Ela também está
grávida – para novembro – de alguém que eu considero um amigo. Seu
marido, Killian Blake – que é um receptor para os Brewers – também
envolve o braço em torno de sua esposa e a puxa para um beijo. Só que o
deles é mais intenso, mais apaixonado.

Eu não consigo evitar em olhar como eles ficam excitados. É um


daqueles beijos onde você quer desviar o olhar para lhes dar privacidade,
mas você não pode parar de assistir. Sim! Eu definitivamente tenho uma
cárie, talvez duas. Até que Nick limpa a garganta e eles param para respirar.

O rosto de Giselle está vermelho brilhante – não tenho certeza se é


por vergonha de sua demonstração pública de afeto, ou se ela está excitada
– de qualquer forma, ela é completamente cativada por seu marido.

— Oh, eu não sei. — O nariz de Olivia se franze e ela balança a


cabeça. — Eu estou meio grávida. — Ela aponta para sua barriga
protuberante. — E você está grávida também. — Ela olha Giselle. — A
única pessoa que realmente vai se divertir é Celeste! — Ela ri, me lançando
um sorriso suave.

Meu olhar vai para o meu – e eu uso o termo de maneira indiferente –


namorado, Chad Vacanti. Chad tem quarenta e cinco anos e é vice-
presidente da empresa de investimentos bancários na qual ele é sócio.

Nos encontramos em um evento em que ambos participávamos e nos


demos bem. Pouco depois, parti para o Reino Unido para promover a minha
linha de roupas internacional. Aparentemente, ele também tinha alguns
negócios lá e ficamos em contato.

Passamos várias semanas juntos – quando não estávamos trabalhando


dezoito horas por dia – e decidimos manter as coisas funcionando quando
voltamos. Funcionou bem para nós dois, dando-nos alguém para participar
de eventos e se perder depois de longos dias de trabalho.

Ele é muito parecido comigo e sabe como as coisas são, então não há
sentimentos feridos. Chad é quase vinte anos mais velho, o que eu prefiro.
Os homens mais velhos tendem a ter sua cabeça no lugar e são muito mais
maduros do que os caras da minha idade.

— E vai ficar assim, — eu digo com convicção em resposta ao


comentário de Olivia. Chad olha para cima de seu telefone enquanto
termino de dizer as palavras, completamente focado no trabalho e não tendo
ideia do que é a conversa.

— O que vai ficar assim? — Ele pergunta – aparentemente ele é bom


em multitarefa – bom saber que ele pelo menos me ouve quando eu falo.

— Eu ficar grávida. — Seus olhos se arregalam de medo,


completamente mal-entendido. — Que eu não vou engravidar tão cedo, —
eu esclareço, e ele solta um suspiro de alívio, como se ter um bebê comigo
fosse a pior coisa do mundo. Não é como se eu quisesse ter filhos com ele –
ou com qualquer um –, mas Jesus, ele tem que parecer tão aliviado?

Dou uma mordida na minha salada de camarão e tento ignorar os


quatro pares de olhos que me encaram – sem incluir os de Chad, já que os
dele já estão de volta ao telefone.
Não é segredo que sou a estranha no nosso grupo de amigos. Ao
contrário de Olivia e Giselle, que estão ambas fazendo parte da crescente
raça humana, não desejo jamais procriar. Eu tenho um objetivo nesta vida:
fazer algo de mim mesma. E acho que estou fazendo um ótimo trabalho.

Aprendi ao longo dos anos que a independência é a chave para o


sucesso de uma mulher. Enquanto Chad é decente na cama e alguém com
quem posso conversar, ele nunca será nada mais do que isso. Eu não preciso
dele – ou de qualquer homem por falar nisso. Empurro de volta os
pensamentos do único cara que eu me permiti precisar e como isso acabou...
com meu coração partido e meu futuro quase destruído.

— Eu ainda digo que precisamos dar uma festa! — Giselle insiste. —


Nós podemos fazer uma festa de despedida de solteira e solteiro em um
clube de luxo. — Ela para de falar, então eu olho para cima, e ela está
dando a Oli um olhar feio. — E não em um clube de strip-tease.

Uma risada alta me escapa quando me lembro, não muito tempo atrás,
quando Olivia convenceu Nick a levá-la para Assets, um clube de strip-
tease de alto luxo. Pensei que ele ia me matar quando eu a surpreendi com
uma dança no colo. O pobre rapaz não tinha certeza se devia ficar excitado
ou chateado porque sua noiva estava gostando de outra mulher se
esfregando nela.

— Não, não em um clube de strip, — concorda Olivia. — Mas seria


divertido para todos nós sairmos e nos divertirmos antes de nos casarmos.
— Ela olha para Nick, que, é claro, concorda com a cabeça. Ela poderia
dizer a ele que ela quer que ele participe de um concurso de merda e o cara
concordaria se isso significasse fazê-la feliz.
— Se importa se eu convidar o Jase? — Killian pergunta. Não passa
despercebido que seu olhar rapidamente encontra o meu antes que ele
desvie o olhar. Os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam em pé
com a menção desse nome. Jase Crawford. Aquele que... eu me sacudo dos
meus pensamentos, me recusando a terminar essa frase. Ele não merece um
lugar em meus pensamentos, em minha cabeça, em meu… não, não indo
para lá. Ele não é mais do que um erro do meu passado. Uma lição
aprendida da maneira mais difícil.

— Eu o vi ontem na loja, — diz Killian, — enquanto fazia algum


trabalho. Parece que ele não sai muito.

— Claro que ele é bem-vindo para vir! — Olivia diz, falando por
Nick. — Ele também está convidado para o casamento. — Sua mão vem e
descansa em cima da de Nick. — Depois que o encontramos no aniversário
de Giselle, ele e Nick mantiveram contato novamente. Jax e Quinn também
estão convidados.

Jax e Quinn são irmão e irmã de Jase. Eles têm uma loja de tatuagem
aqui em Nova York chamada Forbidden Ink. Nós fomos lá na noite do
aniversário de Giselle para que ela e Olivia pudessem fazer sua primeira
tatuagem. Olivia amarelou, mas Giselle acabou recebendo uma bela citação
na parte superior das costas logo abaixo da nuca.

— Quantas pessoas estão vindo? — Pergunto, tentando manter a


calma, mesmo que a realidade de ter que ver Jase no casamento me faz
sentir tudo menos calma. — Pensei que você fosse fazer pequeno e íntimo.

Nick não fala com seus pais, o que só deixa a família de Olivia e seus
amigos. Ela não queria algo enorme, o que poderia acontecer facilmente, já
que Nick é quatro vezes campeão do Super Bowl e o pai de Olivia é
treinador da NFL. E depois tem a mãe dela, que não está mais viva. Ela era
uma grande supermodelo internacional – uma que passei muitos anos
admirando. Então você pode imaginar quantas pessoas eles têm contato.

— Apenas cerca de cento e cinquenta pessoas. Ainda estamos


mantendo tudo pequeno. — Ele me lança um olhar questionador. — Jase
não estará na festa de casamento, se é com isso que você está preocupada.

— Eu não estou, — digo muito rápido. Todos os olhares se voltam


para mim – exceto Chad, que ainda está digitando em seu telefone. — Eu
não estou, — eu repito em um tom que deixa claro o que eles estão
pensando. Faz sentido que Jase e seus irmãos sejam convidados desde que
Nick é amigo deles desde o colegial.

— Eu gosto da sua nova cor de cabelo, — diz Olivia, mudando de


assunto. — Isso faz você parecer menos... durona.

— Menos como uma bruxa malvada? — Eu pisco e ela ri. Quando


Olivia e eu nos conhecemos, Nick se referiu a mim como a bruxa má em
sua história, e eu ainda não vivi o apelido. Então acho que, se eu não puder
vencê-los, eu poderia muito bem me juntar a eles. Mas ela está certa, o
cabelo preto me dava um olhar mais ousado, que é o que a agência de
modelos com quem eu costumava fazer trabalhos queria. Já que não estou
mais assinada com ninguém, e estou livre para fazer o que quiser com meu
cabelo, tingi de volta a minha cor original – um marrom mogno com toques
de castanho-avermelhado misturados.

— Sim! Quero dizer, você pode tingir de qualquer cor, obviamente,


mas essa cor é muito bonita.

— Obrigada.
— Hey Chad, — Giselle chama do outro lado da mesa. Ele olha para
cima para ver quem disse o nome dele. — O que você acha do cabelo de
Celeste?

Chad olha para mim confuso. — Parece bom, — diz ele com um
encolher de ombros.

— O que tem de diferente? — Ela pressiona.

— Uh... o comprimento? — Ele diz, mas sai mais como uma


pergunta. — Você cortou ou algo assim?

— Na verdade, é uma cor diferente, — aponta Giselle – com um


grande sorriso falso – antes que eu possa responder. Não é nenhum segredo
que meus amigos não são fãs de Chad. Olivia é muito doce para dizer
qualquer coisa, mas Giselle não tem problema em provocá-lo.

— Sério? — Ele pergunta.

— Sim, — eu digo, dando uma garfada na minha comida.

O resto da refeição é gasto com todo mundo falando sobre os detalhes


para a festa, mas minha mente não pode sair do fato de que Jase e Nick
estão se vendo novamente. Ele vai ser convidado para a festa. E ele vai vir
ao casamento.

Eu tento pensar em uma razão para não ir em qualquer um dos dois


eventos, mas sei que não posso fazer isso. Nick esteve lá por toda a minha
vida. Eu não vou apenas abandonar um dos maiores dias de sua vida por
causa de quem estará presente. Eu me recuso a ser afetada por isso. Jase
será apenas outro convidado a participar do casamento. Claro, desde que eu
estou na festa de casamento como dama de honra de Olivia, terei que andar
pelo corredor na frente de todos, incluindo Jase.

Eu desfilei em um milhão de passarelas em desfiles de moda – em


algum momento, mais do que seminua. Estive em dezenas de outdoors e em
mais comerciais do que posso contar. No entanto, o pensamento de ter que
andar pelo corredor, sabendo que Jase estará lá – provavelmente com um
encontro – me faz ficar mal do estômago. Ele não deveria me fazer sentir
assim. Não depois de todo esse tempo. Não depois do jeito que as coisas
terminaram.

Quando a conta é paga, todos saem para se despedir. O motorista de


Chad chega e nós deslizamos para a parte de trás de seu carro. Já que é
sábado à noite, eu normalmente voltaria para a casa dele, mas hoje eu digo
a ele que vou para casa.

Ele simplesmente concorda, nem mesmo questionando por que estou


cancelando nossos planos para a noite. Ele não pergunta se alguma coisa
está errada. A viagem inteira ele fica em seu telefone. Seu braço nunca
serpenteia em volta dos meus ombros, como Nick fez com Olivia. Sua mão
nunca toca a minha como a de Olivia fez com Nick. E quando seu motorista
me deixa na frente do meu prédio, ele não me beija como Killian beijou
Giselle.

Depois de tomar banho e vestir um pijama de seda, pego um copo de


vinho branco para ajudar a acalmar meus nervos antes de dormir.
Normalmente, é quando eu passo meus e-mails. Eu confirmo minhas
reuniões e compromissos com Margie, minha assistente, para a próxima
semana, já que ela não trabalha aos domingos. Verifico as finanças da
minha empresa para ter certeza de que estamos onde precisamos estar.
Mas esta noite, eu não faço nada disso. Em vez disso, vou para a
varanda, com vista para o Central Park. Com o meu apartamento no décimo
andar, mal consigo distinguir a agitação das pessoas. Alguns estão
passeando com seus cães, outros estão passeando de mãos dadas. Está
escuro, pouco depois das dez horas, mas esta é a cidade que nunca dorme.

Eu respiro fundo, então trago meus lábios para o meu copo, dando um
gole no vinho frutado. Isso é o que eu queria. Um apartamento em um
arranha-céu em Lennox Hills, com vista para o Central Park. E finalmente
consegui. No dia em que assinei os papéis para este apartamento, senti
como se finalmente tivesse conseguido.

Eu comprei por conta própria, com meu próprio crédito e meu próprio
dinheiro. No entanto, ao olhar para as árvores lúbricas que enchem o
parque, parece que todo objetivo e sonho que eu já fiz não foi suficiente. Eu
deveria me sentir completa, satisfeita. Eu deveria me sentir realizada. Mas
eu não sei. Sinto-me vazia.

Depois que termino meu vinho, lavo o copo e então vou para a cama.
Eu fico parada por vários minutos, tentando descobrir o que há de errado
comigo. Eu mal toquei meu celular esta noite. Isso porque você estava
muito ocupada observando os casais incrivelmente doces na mesa.
Normalmente eu não presto atenção em como os casais agem uns com os
outros. Eu não me importo se Chad presta atenção em mim, ou se ele me dá
um beijo de despedida.

Eu me aconchego em meus cobertores, tentando ao máximo não


lembrar de uma época em que eu não queria nada além de ser metade de um
casal doentiamente doce. Quando meu mundo, por apenas um breve
momento, se encheu de mãos dadas e beijos e palavras doces sussurradas
um para o outro. Fecho os olhos, recusando-me a deixar as lágrimas caírem,
só que meu coração – e canais lacrimais – parecem ter uma mente própria, e
quando as lembranças dele surgem, as lágrimas caem espontaneamente.
DOIS

Celeste

Passado

— Diga-me tudo! — Eu salto para cima e para baixo na cama de Nick


em seu antigo quarto na casa de seus pais. Ele está em casa para a minha
formatura, e estou muito animada por ter meu melhor amigo de volta –
mesmo que seja por pouco tempo.

Ele pode viver apenas a cem quilômetros de distância, e no mesmo


estado, mas sem eu ter meu próprio veículo, poderia muito bem estar a um
milhão de quilômetros de distância. Neste último ano, sem Nick, tem sido
terrivelmente difícil. Perdi meu melhor amigo, a pessoa com quem falo e
saio. Ele é agora um jogador de futebol profissional famoso, e eu sou
apenas uma estudante do ensino médio.

— Você sabe tudo. — Ele ri. — Nós conversamos todos os dias. —


Ele troca sua calça de moletom e camisa que estava usando quando chegou
de viagem por uma calça jeans surrada e uma camisa de colarinho.

— Não é o mesmo, — eu lamento. — Você está vivendo essa vida


incrível, e eu estou presa aqui em Piermont sem você. — Até o ano
passado, Nick e eu sempre vivemos perto o suficiente para que pegasse um
ônibus, ou uma carona com alguém, para visitá-lo. Ele até foi para a
faculdade local na North Carolina University. Agora, porém, as coisas
mudaram.
— Eu preciso de detalhes, — imploro. — Conte-me sobre as viagens,
o dinheiro, a fama. Eu vi você no TMZ em um evento de caridade em Nova
York com Alessandra Starr! — Eu suspiro. Alessandra Starr é uma modelo
em ascensão. Ela era muito parecida comigo – uma ninguém de uma cidade
pequena – tentando fazer um nome para si mesma. Ela estava no lugar
certo, na hora certa, e boom! Agora ela é o rosto de várias empresas
diferentes, incluindo a MAC e a Lancôme1.

— Ela não é realmente meu tipo, — Nick admite, como se eu me


importasse com quem é o tipo dele. Eu quero saber como é, não por quem
ele está apaixonado esta semana.

— Nicholas Shaw! — Eu grito. — Eu não me importo de quem você


gosta ou não gosta. Eu quero saber sobre Nova York... sobre o evento! Você
conheceu muitas pessoas famosas? Quando você viaja, consegue pedir
serviço de quarto? Você foi a algum clube popular? Como é ver o seu nome
e imagem espalhados por todas as revistas?

Nick revira os olhos e se senta ao meu lado em sua cama. — Você


sabe que eu não me importo com nada disso. Estou fazendo o que amo.
Jogar bola. — É a minha vez de revirar os olhos. Eu não deveria ter
esperado que Nick entendesse. Ele foi criado com dinheiro. Para ele, tudo
isto é apenas mais um dia na vida de Nicholas Shaw. Ele pode ser meu
melhor amigo – e nossas mães podem ser melhores amigas – e talvez
tenhamos crescido a poucos quilômetros de distância – em lados opostos
dos trilhos do trem – mas poderíamos ser de dois planetas diferentes.

— Eu tenho uma surpresa para você. — Ele sorri largamente e fica


em pé, em seguida, caminha até a sua bagagem. Ele puxa um envelope e me
entrega. Assim que meus dedos estão prestes a agarrar o papel, ele puxa de
volta e ri.

— Nick! — Eu rosno. — Dê isto para mim.

Rindo, ele entrega o envelope para mim, desta vez me deixando pegar
dele.

Eu abro e leio o documento uma vez, duas vezes, uma terceira vez.
Isso não pode ser real. — Nick, — eu sussurro, — o que você fez? —
Lágrimas se formam em meus olhos. O papel cai das minhas mãos e meus
braços envolvem seu pescoço. — Isso é para valer?

— É. — Ele ri. — Eu tive que fazer uma sessão de fotos com Elite for
Movado, e enquanto eu estava lá, acabei tendo um brunch com Alessandra
e Brenna Myers.

Eu suspiro. — Brenna Myers? Como a Brenna Myers... a VP da


Elite? — Elite é uma das agências de modelos mais famosa do mundo.

— Sim. Mencionei que tenho uma amiga que daria o braço esquerdo
para colocar o pé na porta...

— Por favor, me diga que você não me fez parecer desesperada, Nick,
— eu repreendo.

Ele ri mais um pouco. — Dê-me algum crédito, — diz ele. — De


qualquer forma, a Elite tem um programa de estágio de verão e depois de
mostrar suas fotos, ela abriu um espaço para você.

— Oh meu Deus!!! — Eu grito. — Eu não posso acreditar. Isso está


realmente acontecendo. — Abraço Nick novamente. — Muito obrigada! —
Eu pego o papel do chão, onde ele caiu, e leio de novo e de novo. Isso está
realmente acontecendo. Eu vou me formar e sair desse inferno. Eu estou
indo para Nova York!

— Espere, — eu digo, pensando nos detalhes. — Onde eu vou morar?


— É de Nova York que estamos falando. Duvido que eu possa até comprar
uma caixa de papelão lá.

— Enquanto você estiver no programa de verão, estará morando em


um apartamento com as outras garotas. Tudo será pago pela Elite. Quando
terminar, se eu precisar te ajudar, eu vou. Não se preocupe com isso agora,
no entanto, — ele diz, me tranquilizando. — Apenas se concentre em seus
sonhos.

Eu nem percebo que estou chorando até que Nick enxuga uma
lágrima caindo com o seu polegar. — Celeste, eu sei que isso é o que você
quer, mas confie em mim quando eu digo, ser famoso não é tão bom como
parece. Todo mundo é tão falso. — Sua voz é suave, sem julgamento. Ele
está sendo simplesmente honesto – tão honesto quanto ele pode ser como
um homem que cresceu com dinheiro, enquanto eu cresci em um
estacionamento de trailers. — Eu pensei que quando estivesse longe de
meus pais, seria diferente, — acrescenta. — As mulheres são todas falsas.
Alessandra... ela é falsa. — Nick franze a testa em desapontamento.

— Eu lhe disse uma vez, e vou lhe dizer de novo, — eu digo, — o


mundo gira em torno de dinheiro e status, e até que você aceite isso, você
vai continuar tendo seu coração partido e ficar desapontado. — Nick está à
procura de amor – algum tipo de alma gêmea inexistente para dar seu
coração – eu estou procurando por um futuro.

— E eu vou te dizer mais uma vez, vamos ter que concordar em


discordar. — Ele me puxa para um abraço e beija minha têmpora. — Um
dia você vai conhecer um cara que vai abalar suas estruturas, e você vai
finalmente entender que nenhuma quantia de dinheiro pode comprar amor.

— Parece que vai doer, — eu brinco. — Eu vou deixar a queda para


você... no campo de futebol. — Eu atiro-lhe uma piscadela brincalhona e
ele ri. — Então, o que está acontecendo hoje à noite? — Eu aceno para sua
roupa. Ele está obviamente vestido por um motivo. A não ser que Nick
esteja indo a algum lugar, ele está sempre com sua bermuda de basquete e
uma camiseta.

— Tem uma festa hoje à noite. Alguns amigos do ensino médio estão
se reunindo para uma espécie de reunião. — Ele coloca seus sapatos. —
Quer ir?

— Hmm, vamos ver... — Eu bato meu lábio inferior com o meu dedo
indicador, fingindo contemplar se eu quero ir. Esta é a primeira vez que vou
conhecer os amigos do colégio de Nick. Por causa da nossa diferença de
idade, ele nunca me deixou ir nas festas que frequentava quando estava no
ensino médio ou na faculdade. — Homens ricos, gostosos e mais velhos,
todos em um só lugar, ou outra noite passando com minha mãe bêbada... O
que você acha?

Nick franze a testa. — Como está Beatrice?

— O mesmo que ela tem sido toda a minha vida. Bêbada e esperando
o amor de sua vida para consertar seu coração partido.

Sua carranca se aprofunda. — Você poderia ser um pouco mais


compreensiva.

— Sério? — Eu bufo. — Um motoqueiro engravida minha mãe e sai,


prometendo voltar, só para desaparecer. Minha mãe opta por esperar por ele
pelos próximos dezoito anos, forçando-me a viver em uma lata de metal
enferrujada em um maldito estacionamento de trailers, mal trabalhando o
suficiente para pagar nosso aluguel e a eletricidade, e eu deveria estar
entendendo?

Meu sangue agora está fervendo e minha pele está esquentando.


Minha mãe poderia ter nos tirado da nossa situação de merda. Ela é a
melhor amiga de Victoria, a mãe de Nick. Ela tem sido apresentada a
dezenas de homens ricos. Mas, em vez disso, ela se recusa a deixar nosso
trailer de sessenta metros quadrados e continua a trabalhar na mesma
lanchonete, na esperança de que um dia ele volte como prometera.

Tentei procurá-lo algumas vezes na biblioteca pública, mas a única


coisa que sei é que seu sobrenome é Leblanc – igual ao meu.
Aparentemente, ele uma vez se referiu a mim como bebê Leblanc, e quando
minha mãe perguntou, ele confirmou que era seu sobrenome.

De acordo com a minha mãe, ele era membro de alguma gangue de


motoqueiros e era conhecido pelo nome de Snake – realmente elegante,
hein? Ele conheceu minha mãe enquanto passava pela cidade. Eles se
apaixonaram e passaram os próximos meses planejando a vida juntos.
Minha mãe ficou grávida, e supostamente Snake estava tão animado quanto
ela.

Ele disse que tinha alguns assuntos para arrumar, prometendo voltar
em breve, só que ele nunca fez – fazendo da minha mãe uma mãe solteira. E
sim, caso você esteja se perguntando, Snake está escrito na minha certidão
de nascimento. Quem no seu perfeito juízo se apaixona por um cara, mas
nunca teve tempo para aprender o seu nome real? Minha mãe é quem!
— Eu entendo, — diz Nick, — mas você nunca esteve apaixonada,
então você não entende.

— E você já esteve? — Eu suspiro em descrença.

— Não, mas eu sou pelo menos capaz disso, — Nick rebate. — Se eu


conhecesse o amor da minha vida e ela prometesse voltar, eu esperaria por
ela. Sua mãe está com o coração partido. Ela não pode imaginar amar
alguém além dele. É meio romântico.

— Sim, bem, se é assim que o amor funciona, você pode tê-lo, — eu


assobio. — O amor dela pelo meu pai a destruiu e eu me recuso a ser
destruída por um homem.

— Não, você prefere fazer a destruição, — Nick devolve.

— O que é que isso quer dizer? — Não é sempre que Nick e eu


discutimos, mas quando o fazemos, geralmente é sobre esse mesmo
assunto. Nós não vemos da mesma forma o amor e nunca o faremos.

— Não importa. — Nick suspira. — Apenas tente não destruir os


corações dos meus amigos esta noite. Eu prefiro mantê-los como amigos.

— Eu não posso evitar se eles se apaixonarem por mim e se


machucarem. — Eu me viro, encerrando com essa conversa. — Preciso
correr para casa e trocar de roupa. Você pode me levar?

— Claro.

Chegamos a minha casa, e Nick estaciona seu Audi ao longo da


estrada desde que o pedaço de merda do carro da minha mãe está
estacionado na entrada minúscula. Ela está sentada do lado de fora com
uma cerveja em uma mão e um baseado na outra, e nosso vizinho Dale – o
traficante nojento que eu sei que ela fode quando está se sentindo mais
solitária – está sentado ao lado dela com a mão apoiada na coxa.

— Quer que eu vá com você? — Nick oferece. Se fosse qualquer


outra pessoa eu sequer teria deixado me trazer aqui, mas Nick viu minha
casa mais vezes do que eu posso contar, então é inútil esconder isso dele.

Não sei por que nossas mães permaneceram amigas ao longo dos
anos, mas é a única coisa pela qual sou grata. Sua amizade foi a única parte
boa da minha vida quando crescia. A mãe de Nick sempre me tratou como
se eu fosse sua própria filha – sempre me incluindo em suas viagens e
feriados.

— Não. — Eu balanço minha cabeça. — Eu serei rápida. Além disso,


podemos sair e descobrir que seu carro foi roubado. — Eu rio sem graça, e
Nick revira os olhos.

Eu pulo do banco do passageiro e subo a calçada. Minha mãe me nota


e me dá um pequeno sorriso. — Ei, menina bonita, — ela cospe. Eu me
inclino e lhe dou um beijo na testa.

Eu quero odiá-la por esta vida – e muitos dias parece que a odeio –
mas então ela sorri e me chama de garota bonita e meu coração se parte
para ela. Ela se apaixonou e ficou com o coração partido.

Se você quer saber do que um coração partido é capaz, passe um dia


com minha mãe. Parece exatamente assim: uma mulher outrora bela e
vibrante, cheia de vida, queimada em cinzas. Com as rugas ao redor dos
lábios por fumar e círculos escuros sob seus olhos de nunca se sentir
descansada ou contente, ela não é nada mais do que os escombros deixados
após o incêndio – que arruinou tudo com que entrou em contato – e
finalmente se apagou.

Eu nunca vi pessoalmente a versão anterior da minha mãe, mas ouvi


sobre a mulher que ela costumava ser. E muitas vezes, quando eu era mais
jovem, desejava que um dia eu pudesse ver essa mulher. Mas agora que
estou mais velha, sei que uma vez que algo está queimado, não há como
voltar.

— O que você e Nick estão fazendo? — Ela pergunta, dando um


trago no baseado e depois passando para Dale.

— Indo para uma festa.

— Foi legal da parte dele em vir para a sua formatura. Victoria disse
que vai organizar uma reunião em sua casa para você depois.

— Parece bom, — eu digo, dando-lhe um sorriso falso. — Eu vou me


trocar.

Entrando no trailer, gotas de suor instantaneamente escorreram na


minha pele. Eu verifico o termostato e ele mostra trinta e um graus. Eu
tento o interruptor para ver se o ar condicionado está quebrado ou se a
energia caiu. A luz não acende. Droga, mamãe! Ela não pagou a conta de
energia elétrica. Eu tento a água e não tenho sorte. Ela não pagou isso
também. Parece que vou ter que cavar nas minhas economias para pagar.

Eu não tenho ideia do que ela vai fazer quando eu for para Nova
York, mas minha esperança é que, uma vez que eu tenha sucesso, serei
capaz de convencê-la a se mudar comigo, ou pelo menos, comprar para ela
um lugar melhor para morar. Embora, se eu for honesta, sei que ela não
permitirá que nenhuma das opções aconteça. Isso significaria sair desse
lugar de merda, e se ela ainda não se mudou, duvido que ela vá.

Depois de me vestir com um bonito e sexy vestido borgonha que a


mãe de Nick me comprou no meu décimo oitavo aniversário no mês
passado, e colocar um par de saltos bonitos, uso uma garrafa de água para
escovar os dentes rapidamente, depois saio.

Quando eu saio, o ar frio envia arrepios pelos meus braços. Eu dou a


minha mãe um olhar conhecedor enquanto molho minha testa com uma
toalha de papel.

— Desculpe, — ela sussurra, com o rosto cheio de desculpas. Ela


disse a palavra tantas vezes ao longo dos anos, que perdeu o sentido.

Quando volto ao carro de Nick, ele parte para a casa de seu amigo
Jared, que fica no mesmo condomínio fechado onde os pais de Nick
moram. Aparentemente os pais de Jared estão em um cruzeiro e ele tem a
casa para si mesmo. A maioria dos amigos de Nick ainda está na faculdade.
A única razão pela qual ele não está é porque ele foi convocado para a NFL
no final do seu primeiro ano e atualmente joga pela Carolina. Quando
chegamos, a rua já está cheia de carros caros que se alinham em ambos os
lados da rua.

— Quanto tempo você dá até que alguém chame os policiais? — Eu


brinco.

— Talvez mais uma hora. — Nick ri. Nós saímos e seguimos para a
porta da frente. Nick não se incomoda em bater desde que a música está
batendo tão alto que ninguém iria ouvi-la de qualquer maneira. São apenas
nove horas, mas está claro que essa festa está acontecendo há algum tempo.
Quando entramos, é uma típica festa adolescente de rico. Toneladas
de bebidas caras em todos os lugares. Rapazes vestidos com Lacoste e
meninas vestindo Louis Vuitton e Burberry. Nick poderia ter sido meu
irmão mais velho ao longo dos anos, mas isso não me impediu de encontrar
meu caminho para festas em outros lugares, especialmente depois que ele
saiu no ano passado para a NFL e não conseguiu me vigiar.

Eu sigo Nick até a grande mesa da sala de jantar onde vários caras
estão jogando pôquer. Fichas são empilhadas e notas de cem dólares estão
sendo jogadas como se fossem notas de um dólar em um clube de strip-
tease.

Quando um dos caras vê Nick, ele grita seu nome, e todos na mesa se
levantam para dar atenção a Nick. Eu mentalmente reviro meus olhos. Nick
está certo sobre uma coisa: pessoas ricas são falsas. Mas você sabe o que
mais eles são? Ricos!

De bom grado aceito um homem falso e rico sobre um homem pobre


e sincero. O amor não paga as contas. O amor não tem conexões. Esses
caras... eles são o futuro da América. Eles se formarão na faculdade e
seguirão os passos de seus pais, indo trabalhar nas empresas da Fortune 500
em todo o mundo, e eu vou prender um deles.

Nick pode ter me colocado na porta do Elite, mas isso só vai me levar
um pouco longe. Todo mundo sabe que o dinheiro fala. Meu sobrenome não
significa nada para ninguém. Mas alguns desses caras... uma menção do
nome deles e eu vou direto ao topo.

— E aí? — Nick pergunta, cumprimentando cada um de seus amigos,


que provavelmente já estão pensando em como eles podem usar sua
amizade com um famoso quarterback a seu favor. Nick entrou na NFL na
primeira rodada como um quarterback de reserva. Devido a uma lesão do
QB inicial, ele teve a chance de mostrar a todos do que ele é feito, e ele
disparou. Ele levou Carolina direto para o Super Bowl e ganhou. Algo que
quase nunca acontece com um novato no primeiro ano.

— Jase! — O punho de Nick bate em seu amigo. — Quanto tempo,


cara.

Seu amigo concorda com a cabeça, mas seus olhos não estão em Nick
– eles estão em mim. E agora os meus estão nele. Eu noto seu cabelo preto
e com gel, curto o suficiente para não ficar bagunçado, mas longo o
suficiente para eu passar meus dedos por ele. Seus olhos, tão escuros
quanto. Duros. Impiedosos. Ele está vestindo uma camisa branca com as
mangas enroladas até os cotovelos. Imediatamente vejo várias tatuagens
cobrindo seus antebraços musculosos. Todos com tons de preto e cinza, sem
cor.

É óbvio, quem quer que seja esse cara, ele não é um dos amigos
típicos de Nick. Ele nem sequer tenta sugar Nick como os outros fazem.
Meus olhos continuam sua leitura em sua frente. Ele é magro, e se julgar
pelas veias correndo pelos seus antebraços, ele malha, mas ele não é um
rato de academia. Ele está vestindo jeans que combinam com ele e um par
de tênis da Nike. Jogador de futebol, talvez? Os empresários geralmente
usam Tom Ford ou Brooks Brothers.

— E quem é essa? — Jase pergunta a Nick com um sorriso de


conhecimento. Ele me pegou checando ele.

— Apenas uma amiga minha, — diz Nick secamente. Quando Jase


limpa a garganta, indicando, não tão sutilmente, que ele quer que Nick nos
apresente mais profundamente, Nick geme. — Celeste, este é Jase. Jogamos
bola juntos na Academia Piermont e na NCU. Ele estava dois anos à frente
de mim. — Hmm… então, ele é um jogador de futebol e um garoto rico.

— Jase Crawford, — diz Jase, estendendo a mão. Eu dou de bom


grado. — Tenho certeza que já vi você no campus, mas nunca nos
conhecemos formalmente.

— Celeste é — Nick começa, mas eu o interrompo.

— ...ocupada com a escola, — eu digo, terminando a frase de Nick


para ele enquanto aperto a mão de Jase. Não há nenhuma razão para Jase
saber que a escola que eu estou vão do nono ao décimo segundo ano. Eu
tenho dezoito anos, isso é tudo que importa.

Nick geme de novo, e eu rapidamente atiro um olhar que diz que se


ele gemer mais uma vez, eu vou matá-lo.

— Bom. — Jase sorri, ainda segurando minha mão na dele. — Eu me


formei há alguns anos atrás. Definitivamente não perderia o trabalho da
escola. — Rico, educado, em forma e quente como o inferno. Tenho certeza
que acabei de acertar o jackpot.

— Prazer em conhecê-lo. Que tal você parar de jogar pôquer e me


pegar uma bebida? — Eu bato meus cílios, e Jase joga a cabeça para trás
com uma risada – uma que faz meu interior derreter como uma pilha de
gosma. O que há de errado comigo? Eu não me derreto. Eu não sou essa
garota.

— Tudo bem, — diz ele. — O que você gostaria? — Seus lábios


formam um sorriso sexy.
— Algo frutado seria ótimo. — Meu olhar fica grudado em sua boca
hipnotizante. Seus lábios estão cheios e tento imaginar como seria beijá-lo.

— Pode deixar. — Ele solta a minha mão, e eu sinto falta


imediatamente. Jesus! Se controle. Ele é apenas um cara. Um cara rico que
é quente e educado, mas apenas um cara da mesma forma. Ele foi para a
Academia Piermont como Nick. Ele provavelmente vem de uma família
influente, e meu objetivo é ver se ele é alguém que eu possa usar como um
trampolim para me levar até onde quero ir. Atenha-se ao plano, Celeste!

Quando ele se afasta, Nick se vira para mim. — Ouça, Celeste, eu sei
o que você está pensando, mas...

— Nick, não se atreva a ser um empata pau! — Eu digo,


interrompendo-o. — Ou juro por Deus, eu vou bater na sua bunda, —
assobio baixinho, para que ninguém possa me ouvir.

Nick ri. — Um, você não tem um pau...

— Bem! Empata vagina, — eu corto. — Você sabe o que eu quero


dizer! Não me empate!

— Celeste, me escute. Jase...

— Jase! — Eu digo um pouco alto demais quando o vejo caminhando


de volta para nós. — Isso foi rápido. — Eu pego a bebida que ele está
segurando para mim e tomo um gole. É principalmente álcool com um
toque de... sprite? Eu sufoco a sensação de queimação na garganta enquanto
engulo. Que… seja o que for… definitivamente não é frutado.

— Desculpe. — Ele se encolhe. — Você tomou um gole antes que eu


pudesse te avisar. Não havia nada de frutado. A única coisa que consegui
encontrar foi vodka e Sprite.

Eu solto um profundo suspiro. — Tudo bem. — Eu sorrio. — Eu amo


vodka. — Nick ri baixinho, sabendo que estou mentindo através dos meus
dentes. Sou mais uma garota de rum... misturada a um daiquiri frutado.

— Celeste, posso falar com você por um minuto? — Nick pergunta.


Meus olhos balançam para ele. Eu sei que ele é protetor com seus amigos,
mas ele nunca tentou me bloquear assim, e eu saí em encontros com alguns
de seus amigos de faculdade.

— Mais tarde, Nick, — eu digo, tentando deixar claro que ele precisa
cuidar da sua própria vida.

Ele abre a boca para falar de novo e depois fecha. Então seus lábios se
abrem num largo sorriso e ele diz: — Tudo bem. — Ele balança a cabeça e
ri baixinho. — Vou jogar pôquer. Vocês dois se divirtam. — Eu não tenho
certeza do que o fez de repente mudar sua disposição sobre eu me
aproximar de Jase, mas não estou nem aí para questionar isso. Antes de Jase
ou eu podermos dizer qualquer coisa, um dos caras grita para ele levar sua
bunda de volta à mesa de pôquer.

— Junte-se a mim? — Pergunta ele. — Você pode ser meu amuleto


de sorte.

— Claro. — Eu dramaticamente reviro meus olhos. — Mas você está


ciente de que todo cara já usou a mesma linha em algum momento, certo?

Jase ri. — Eu gosto de você. — Antes de ele se sentar em seu lugar,


ele agarra outra cadeira e a puxa ao lado dele para mim.
— Tudo bem, agora que o Nick está aqui, podemos jogar um jogo de
verdade, — diz um cara, jogando mais dinheiro na mesa.

Nick ri. — Cale a boca, Ross. Eu estou em um maldito contrato de


novato! Sua mesada da sua mamãe e papai provavelmente pagam mais. —
Todos os caras riem.

— Apenas aposte, — diz Jase secamente. Sua mão pousa na minha


coxa e ele se inclina para mim. — Todos os bons feitiços precisam fazer
alguma coisa para criar a boa sorte. — Antes que eu possa perguntar a ele o
que ele está se referindo, seus lábios encontram os meus. O beijo é suave e
doce, durando apenas um breve momento. No entanto, nesse curto espaço
de tempo, todo o meu corpo estremece de prazer, meu coração ganha
velocidade, e se eu não estivesse sentada, minhas pernas provavelmente
teriam fraquejado.

Jase se afasta e me dá um sorriso juvenil. — Mesmo se eu perder,


estou considerando que o beijo tenha sorte. — Seu sorriso se alarga, e eu
libero uma risadinha que eu não sabia que tinha em mim em seu flerte
cafona.

— Realmente suave! — Minha mão bate em seu ombro de


brincadeira, e ele agarra-o, entrelaçando nossos dedos juntos e trazendo-o
até seus lábios para um beijo rápido antes de colocar as mãos em seu colo.
Nick me olha com cautela, mas eu o ignoro enquanto tento afastar as
borboletas que estão flutuando na minha barriga. Nick pode estar
preocupado comigo destruindo Jase, mas agora estou mais preocupada em
ser eu a destruída.

Bebo minha bebida enquanto os caras jogam. Eu assisti Nick jogar


pôquer algumas vezes com seus amigos quando ele morava no campus, mas
não sei o suficiente sobre o jogo para saber quem está ganhando. Vários
caras dizem que estão fora. Então os que restam colocam suas cartas para
baixo para todo mundo ver.

— É isso aí! — Jase aplaude. Ele rouba todas as fichas para ele, então
se vira na cadeira para me encarar. — É oficial, você é meu amuleto de
sorte. — E sem me dar qualquer aviso, ele inclina a boca sobre a minha.
Desta vez, o beijo é mais duro, mais possessivo, como se ele estivesse me
reivindicando bem aqui na frente de todos com esse único beijo.

Aquelas borboletas esvoaçantes estão agora me atacando enquanto a


língua de Jase passa pelos meus lábios. Ele tem gosto de vodka e sprite, e
parece que eu poderia me embebedar apenas com esse beijo. Eu não posso
evitar o pequeno gemido de prazer que se liberta dos meus lábios quando
sua mão pousa na minha coxa e aperta. Mas assim como o último beijo, este
também termina muito rapidamente, deixando-me sem fôlego e acesa,
querendo, pela primeira vez, mais de um cara.

Um dos caras diz que ele encerrou e outro cara toma o seu lugar, e
então as cartas são dadas. Todos colocam suas apostas. A mão de Jase
encontra minha coxa, mais uma vez, e ele dá um aperto suave. Meus olhos
encontram Nick e ele sorri. É quase como se ele soubesse que estou
perdendo todo o meu controle para Jase. Eu não sei nada sobre ele: ele tem
um fundo fiduciário? Onde seu pai trabalha? Onde ele trabalha? Qual é o
seu plano para daqui a dez anos? Mas por alguma razão maluca, parece que
não me importo com nada além de quando seus lábios encontrarão os meus
novamente.

Mais uma vez eu não tenho ideia de quem está ganhando ou


perdendo, mas isso não importaria, porque eu não posso me concentrar.
Enquanto Jase joga sua mão de cartas, seus dedos correm para cima e para
baixo na minha pele, deixando uma sensação de queimação em seu rastro.
Enquanto sua mão viaja mais para cima, aperto minhas coxas. Ele não vai
fazer o que eu acho que ele...

Ele olha para mim, pedindo permissão e, mesmo sem pensar duas
vezes, abro as pernas para ele – Jesus, quando me tornei tão fácil? Seus
dedos encontram minha calcinha, mas ele não a move para o lado. Em vez
disso, ele me provoca pelo lado de fora. Seu único dedo corre para cima e
para baixo na minha fenda através do material fino, e eu me contorço no
meu assento. Eu sei que estou molhada, provavelmente encharcada. Não há
como alguém saber o que está fazendo ou ver minha reação, mas sinto que
todos os olhos estão voltados para nós.

Eu não posso acreditar que estou deixando ele fazer isso. Eu nem
conheço esse cara. Pelo que sei, ele faz isso com todas as garotas que
conhece. Estou bem ciente de que todo mundo da nossa idade fica em festas
assim, mas nunca foi quem eu sou. Garotas fáceis não acabam casadas com
homens poderosos. Elas acabam como suas amantes.

Sentindo como se as coisas estivessem se movendo muito


rapidamente, eu o alcanço e pego sua mão na minha. Se ele ficou irritado
porque eu o parei, ele não demonstra. Ele apenas continua a jogar pôquer
com uma mão como se fosse completamente normal.

Jase vence pela terceira vez, e todos os caras gemem. Ele se inclina e
pressiona seus lábios nos meus. — Mais uma mão e depois eu termino, —
ele murmura contra a minha boca. Antes de recuar, sua língua sai e lambe
meu lábio inferior. — Mmm... você tem um gosto bom... doce.
Menos de dez minutos depois, Jase vence. — Eu estou fora, — ele
anuncia enquanto ficamos de pé. Meus olhos se movem para a porta da
frente, onde eu vejo Killian Blake entrando. Ele olha para mim e eu rolo
meus olhos. Killian é outro melhor amigo de Nick. Eles se conheceram no
primeiro ano da faculdade. Ele está em seu último ano na NCU e foi
recentemente recrutado para o New York Brewers na primeira rodada. Dizer
que não suportamos um ao outro é uma subestimação grosseira.

É uma coisa boa que Jase acabou de jogar pôquer e me guia para
longe de onde Killian está caminhando. Se tivéssemos ficado, eu sei, sem
dúvida, que Killian teria feito questão de falar sobre mim para Jase.

— Então, você mencionou que você recentemente se formou, — eu


digo para Jase, tentando conhecê-lo quando ele me puxa para a cozinha.
Ambos os copos estão vazios, então estou supondo que ele os reabastecerá.

— Sim, eu recebi o meu diploma de negócios. — Ele pega meu copo


vazio de mim e coloca no balcão ao lado dele. Ele joga alguns cubos de
gelo em ambas os copos e depois coloca um pouco de álcool neles. Então
ele os enche com uma nova lata de sprite. — Saúde, — diz ele, entregando-
me meu copo e tomando um grande gole do seu.

— Saúde, — eu digo de volta. Meu gole é bem menor. Ao contrário


de Jase, que deve ter uns bons um metro e oitenta e cinco de altura, quase
noventa quilos e, claramente, é um bebedor experiente, meu minúsculo
corpo de 50 quilos só consegue aguentar tanto álcool antes de eu estar
bêbada.

— Jase! Traga sua bunda aqui! — Alguém grita. — Jogo com bebida!

Jase ri, mas balança a cabeça. — Nah, da próxima vez!


— Agora, mano, — o cara exige. Jase me lança um olhar,
perguntando silenciosamente se me importo. Não querendo ser a garota que
o tira de seus amigos, que ele obviamente veio aqui esta noite para ver, eu
aceno com a cabeça.

— Tudo bem, que jogo? — Jase grita sobre a música.

— Eu nunca! — Grita uma garota loira-branquinha. Eu já a vi perto


da NCU algumas vezes e rezo para que ela não me pergunte se eu vou lá. —
Você está dentro? — Ela me pergunta, não dando a mínima sobre de onde
eu sou.

— Claro. — Eu levanto minha bebida.

Todo mundo anda pela sala falando coisas que nunca fizeram, e
aqueles que as fizeram têm que beber:

Ficar bêbado – a maioria bebe

Roubar o carro dos pais – alguns bebem

Fazer mergulho – mais alguns bebem

Fumou erva – quase todo mundo bebe

Sexo a três – apenas uns poucos bebem

E então uma garota grita através de uma gargalhada bêbada, — fez


sexo. — Eu vejo como todos ao meu redor bebem e riem dela porque ela
acaba de anunciar que ainda é virgem. Até que ela se junte a todos os outros
e beba sua bebida. — Opa! Erro meu! — Ela ri com mais força.
Os olhos de Jase vão para os meus e percebo que não tomei a bebida.
Eu inclino meu copo para trás e tomo um grande gole. Ele sorri e levanta
seu copo em um movimento de 'Saúde', então eu faço o mesmo.

As perguntas continuam por mais algum tempo, mas quando Jase


percebe que eu fiquei sem álcool, ele nos tira do jogo. Saímos pela porta
dos fundos e entramos no pátio. Há pessoas aqui fora, mas não tantas. Com
a porta fechada, a música está agora abafada, permitindo-nos ouvir melhor
um ao outro. Andamos pela doca e encontramos um lugar vazio na praia.
Em contraste com o tempo quente que temos tido ultimamente, está um
pouco frio hoje à noite, mas felizmente há sempre alguma brisa. Em uma
tentativa de parecer bem, não pensei em trazer uma jaqueta.

Jase, como o cavalheiro que é, encolhe os ombros e coloca seu casaco


sobre meus ombros. — Obrigada. — Eu sorrio para ele. — Eu estava
claramente indo para sexy e não prático. — Minhas palavras são um pouco
arrastadas da bebida que eu tomei, e nós dois rimos.

— Bem, você fez sexy à perfeição, — diz ele, sentando-se na areia


úmida. Eu olho, com medo que meu vestido seja arruinado ou minha bunda
acabe congelada. Mas antes que eu possa tomar a decisão de sentar, Jase me
puxa para o seu colo. Meu vestido sobe e eu sou grata que estamos no
escuro porque minha calcinha está definitivamente em exibição. Eu estou
montando suas coxas com minhas pernas em volta dele – as pontas das
minhas unhas estão descansando na areia.

Os sinos de alarme devem estar soando na minha cabeça. Tudo isso


está acontecendo rápido demais. Mas tudo em que posso me concentrar é o
modo como suas mãos fortes seguram meus quadris. A sensação de seus
lábios – fortes e macios – enquanto eles descem pelo meu pescoço até a
minha garganta. Meus dedos correm pelo cabelo enquanto ele trilha beijos
suaves na minha garganta. Eu aprecio a deliciosa fricção que nossos corpos
estão criando enquanto minha bunda mói contra sua pélvis.

O som das sirenes da polícia soa pelo ar, e Jase para o que está
fazendo, seus olhos se fechando com força. — Eu bebi demais para dirigir,
— diz ele. — Deixe-me ligar para meu irmão. — Comigo ainda sentada em
seu colo, ele tira o telefone do bolso e disca um número. — Jax, sou eu. Eu
preciso que você venha me buscar no Jared. Os policiais foram chamados.
— Depois de uma pausa. — Eu estava bebendo. — Outra pausa. —
Obrigado, mano. Vou te encontrar no píer sul. — Ele desliga e me levanta
como se eu não pesasse nada, e me coloca de pé.

— Eu vim com o Nick, — indico. — Ele não iria embora sem mim.

— Ligue para ele e diga a ele que eu estou levando você, — diz Jase,
andando pela praia em direção ao píer. Eu faço o que ele diz e ligo para
Nick. Ele responde no primeiro toque. Quando eu digo a ele que Jase vai
me deixar, ele aponta que estávamos bebendo e insiste em me encontrar.
Mas quando eu digo a ele que seu irmão está vindo nos buscar, Nick
admite, mas me faz prometer mandar uma mensagem para ele assim que eu
estiver em casa.

Quando o irmão de Jase aparece, Jase abre a porta para eu entrar no


banco da frente. Uma vez que estou dentro, ele sobe no banco de trás. —
Quinn pegou seu carro, — diz Jax. — Ela vai nos encontrar em casa.

— Obrigado, mano.

— Eu sou Jax, — diz o irmão de Jase, apresentando-se.

— Eu sou Celeste. Obrigada por nos pegar.


— Não se preocupe. Onde estou levando você?

A mão de Jase pousa no meu ombro e ele aperta suavemente. Então


seu hálito frio está no meu ouvido. — Venha para casa comigo, — ele
sussurra. Meu corpo vibra com o pensamento de passar mais tempo com
Jase, da nossa noite não estar apenas chegando ao fim.

Eu nunca passei a noite com um cara antes, e enquanto isso me deixa


um pouco nervosa, lembro que Nick é amigo dele, e ele não teria nos
apresentado, ou deixado Jase e seu irmão me levarem para casa, se ele
estivesse preocupado que algo acontecesse comigo. Por alguns segundos eu
peso minhas opções, mas no final a minha necessidade de passar mais
tempo com Jase vence.

Eu aceno uma vez. — OK.

— Apenas nos leve de volta para a nossa casa, — Jase diz a seu
irmão.

Chegamos ao apartamento deles e, como eu suspeitava, fica em uma


parte mais agradável da cidade. O apartamento em si não é enorme, mas é
limpo e decorado lindamente. Quando entramos, uma linda mulher está de
pé contra a ilha, bebendo uma garrafa de água. Ela está vestindo um
moletom cinza bonito e combinando com shorts minúsculos que mostram
suas pernas grossas e tonificadas. Em um segundo olhar, vejo algumas
tatuagens coloridas espreitando por baixo de seus shorts. Seu cabelo preto
está em ondas e seu rosto está livre de maquiagem. Ela lança um conjunto
de chaves a Jase. — De nada.

Jase lhe dá um simples elevar de queixo. — Obrigado. — Ele coloca


o braço em volta dos meus ombros e me puxa para o lado dele. — Celeste,
esta é minha irmãzinha, Quinn.

— Irmãzinha? — Ela zomba. — Eu sou só cinco anos mais jovem. —


Ela revira os olhos.

— Você tem dezenove anos. Um bebê, — argumenta Jase, e eu


endureço. Se ela é um bebê em seus olhos, ele jogaria minha bunda para
fora se soubesse que eu tenho apenas dezoito anos. Claro, sou legal, mas
sou uns bons seis anos mais nova que ele.

— E, no entanto, eu sou a única dando uma de pai, pegando seu


veículo porque você está em uma festa. — Ela bufa.

— Sim, sim, estamos indo para a cama, — Jase fale por cima do
ombro enquanto ele nos leva para longe da cozinha e pelo corredor. Quando
chegamos à última porta à direita, ele abre a porta para que eu possa passar
primeiro, depois fecha-a atrás dele.

De repente estou nervosa. Eu nunca imaginei que acabaria aqui com


Jase – ou qualquer outro cara. Eu participo de festas com o único propósito
de encontrar um cara rico para me levar para jantar, para usar como um
contato. Os homens nunca foram nada mais do que um potencial trampolim
para mim. Até agora.

Eu sabia com o que eu estava concordando quando disse ok para vir


aqui. Sei o que as pessoas da nossa idade fazem quando vão para as casas
um dos outros, mas não me atingiu até o momento em que, pela primeira
vez, eu concordei em ir para a casa de um cara. E, surpreendentemente,
enquanto estou nervosa, não tenho medo e não me arrependo de ter dito ok.
— É melhor eu mandar uma mensagem para Nick para que ele saiba que eu
estou aqui, — digo a ele.
— Ok. — Ele encolhe os ombros. — Eu vou me trocar. — Ele puxa
algumas roupas de sua gaveta e as entrega para mim. — Para você ficar
mais confortável.

— Obrigada.

Puxo meu telefone do meu sutiã, onde o mantenho quando não tenho
bolsos, e estou prestes a mandar uma mensagem para Nick para lhe dizer
onde estou, quando alguma coisa me para. Não é como se Jase fosse me
matar aqui. Ele mora com o irmão e a irmã. Ele jogou futebol no colegial e
na faculdade com Nick. Se eu mandar uma mensagem para Nick sobre onde
estou, nunca vou ouvir o final. Então, ao invés disso, mando mensagem
para ele dizendo que estou em casa em segurança, e ele, como sempre
atencioso, me responde dizendo que vamos nos ver amanhã.

Eu tiro meu vestido e meus saltos, então coloco as roupas que Jase me
deu – uma camisa e boxers. O perfume masculino e fresco dele atinge meus
sentidos, e meu único pensamento é meu Deus, ele cheira bem.

Não tendo um laço de cabelo comigo, mas querendo tirar meu cabelo
do meu pescoço, eu o torço e ponho tudo em um coque improvisado e
amarro usando meu cabelo. Enquanto espero que ele saia do banheiro
anexo, dou uma volta lenta pelo quarto. É o quarto de um cara. Simples na
maior parte. Cômoda de madeira lisa, mesinhas de cabeceira. Uma grande
cama king size com um simples edredom preto. Mas as paredes são outra
história. Cada uma está preenchida com uma bela arte desenhada à mão.
Algumas são pretas, brancas e cinzas, e outras são cores vivas que surgem
como se as imagens estivessem ganhando vida. Uma de suas paredes parece
ter sido grafitada, mas é bonita demais para chamar assim.
Jase volta para o quarto enquanto estou olhando para uma das
imagens em suas paredes. É um lobo que parece estar se transformando em
algum tipo de esqueleto de aparência assustadora. — Isso é... incrível, —
digo a ele. — Você desenhou tudo isso?

Quando ele não responde, olho para ele. Ele está encostado na
cômoda, as mãos nos bolsos da calça de moletom, olhando para mim como
se quisesse me devorar.

— Você parece sexy ‘pra’ caralho vestida com as minhas roupas, —


diz ele, seus olhos arrastando pelo meu corpo. Eu engulo em seco com sua
declaração. Estou tão longe da minha zona de conforto aqui. Com ele agora
em uma camiseta de manga curta, mais de suas tatuagens estão em
exibição. Elas cobrem a maior parte da pele em seus braços. Eu me
pergunto se ele tem alguma no peito ou nas costas. Aposto que ele tem.

Sem dizer outra palavra, Jase me persegue e me pressiona contra a


parede. Suas mãos encontram as minhas, e ele as empurra sobre a minha
cabeça, meus pulsos fazendo um som forte quando eles batem na parede.
Minha mente fica nebulosa com a luxúria quando me perco no toque desse
homem.

Seu joelho parte minhas coxas e mói novamente meu núcleo,


forçando um arrepio de prazer de mim. Então suas mãos soltam as minhas e
ele agarra meus quadris, me levantando. Minhas pernas envolvem sua
cintura enquanto ele me leva para a cama, me deixando cair no meio do
colchão. Ele sobe em cima de mim, seus lábios imediatamente encontrando
os meus. Nós nos beijamos com força enquanto suas enormes mãos
massageiam meus peitos. Eu me contorço sob o seu toque. Eu nunca me
senti assim antes. Essa excitação. Essa ousadia. Todos os meus objetivos
sobre homens voaram pela janela.

Sem quebrar o nosso beijo, Jase empurra a boxer que estou usando
pelas minhas coxas junto com a minha calcinha. Alarmes de aviso soam,
mas eles são muito fracos para prestar atenção. Meu cérebro está muito
nebuloso. Meu julgamento está muito nublado. Eu quero ele. Muito.

A mão de Jase afasta minhas coxas e seus dedos entram em mim. —


Foda-se, você está molhada, — ele murmura contra meus lábios. Eu não
posso falar. Eu não posso responder. Tudo o que posso fazer é gemer de
prazer quando ele me segura. Seu polegar encontra o meu clitóris e ele
massageia em círculos lentos sobre o nó apertado e inchado.

Terminando o nosso beijo, ele abaixa a cabeça, e com o nariz,


empurra a minha camisa para cima, arrastando beijos no meu estômago. Eu
puxo minha camisa pelo resto do caminho sobre a minha cabeça e a jogo
para o lado. Ainda estou com meu sutiã, mas meus mamilos se apontam
pelo material fino. Ele beija, em seguida, suga cada um, deixando uma
mancha molhada onde sua boca estava.

— Seus peitos são perfeitos ‘pra’ cacete, — ele murmura enquanto


abaixa uma das taças e envolve seus lábios perfeitos em torno do botão
endurecido. E então ele morde – duro – e isso é tudo o que é preciso para o
meu orgasmo rasgar pelo meu corpo.

Antes que eu possa retomar minha respiração, Jase está alcançando


para trás e puxando a camisa sobre a cabeça. Eu só tenho um momento para
apreciar a obra de arte que é seu corpo antes de ele empurrar sua calça de
moletom para baixo, forçando meu olhar a deixar seu peito coberto de
tatuagem e descer. Agarrando seu eixo grosso em sua mão, ele acaricia uma
vez, duas vezes, e então, em um movimento fluido, entra em mim.

Eu poderia ter parado ele. Mas eu não fiz. A dor me rasga. Não
querendo gritar, minha boca encontra seu ombro e eu mordo. O ato o incita,
e ele penetra mais fundo em mim, empurrando a barreira da minha
virgindade. Então ele para como se ele sentisse isso.

— Celeste, — ele sussurra. Ele está prestes a sair. Eu posso sentir


isso. Mas antes que ele faça, tranco meus tornozelos nas costas dele.

— Continue, — eu imploro. Sua cabeça levanta e seus olhos


encontram os meus. Eles estão escuros e cheios de arrependimento. — Por
favor, — eu imploro. Seus olhos se fecham enquanto ele entra em guerra
consigo mesmo. É tarde demais agora. Ele já pegou minha virgindade. —
Por favor, — eu repito. Minhas mãos sobem em sua cabeça, e puxo seu
cabelo, puxando seu rosto para o meu. Meus lábios se fundem contra os
dele. Sem abrir os olhos, ele me beija de volta e empurra para dentro de
mim novamente. Desta vez, porém, é mais lento, mais suave. Ele sabe. Uma
de suas mãos embala o lado da minha cabeça enquanto a outra desce entre
nós, pousando no meu clitóris.

Jase continua a me foder, mas não tenho certeza se o que ele está
fazendo pode até ser chamado de foda. É mais como se ele estivesse
fazendo amor comigo, só que não pode ser chamado de fazer amor também.
Nós mal nos conhecemos. Você não pode amar alguém que você mal
conhece. Ele me deixa excitada mais uma vez, e antes que eu perceba, estou
chegando ao clímax pela segunda vez com Jase seguindo logo atrás.

Nós dois ficamos parados enquanto recuperamos o fôlego. A cabeça


de Jase cai no meu peito e sinto seus cílios grossos contra a minha pele
sensível. Ele solta um gemido e balança a cabeça. Eu tenho medo de dizer
qualquer coisa. Eu deveria ter dito a ele que eu era virgem. É minha culpa.
Ele se afasta quando ele sai de mim, levando seu calor com ele. Seus olhos
se arregalam quando ele olha para baixo. Meu olhar segue o seu, e é aí que
eu vejo. Sangue cobrindo seu comprimento ainda semiduro, provando o que
ele provavelmente esperava que não fosse verdade.

Ele se levanta e, sem dizer uma palavra, entra no banheiro. Estou


presa, congelada no lugar, sem saber o que devo fazer. Eu preciso me
limpar. E isso é quando me atinge. Nós não usamos proteção. Eu estou
tomando pílula, mas isso é irrelevante. Eu considero me juntar a ele no
banheiro, mas me pergunto se isso seria muito íntimo. Devo esperar ele sair
e aí então levar minha bunda lá para dentro? Antes que eu possa descobrir o
que fazer, Jase sai do banheiro carregando uma toalha. Ele abre minhas
pernas e limpa meu centro – o material de cor creme fica carmesim.

Ele joga em seu cesto e pega um novo par de boxers para ele. Então
ele pega a camiseta que eu estava usando do chão e entrega para mim. Eu
agradeço e a visto, mal fazendo contato visual. Acho que ele vai me
devolver minha calcinha ou sua boxer, mas ele não faz. Em vez disso, ele
rasteja para a cama ao meu lado e me coloca em seu corpo até que nossas
frentes estejam quase alinhadas uma contra a outra.

— Você deveria ter me dito, — ele murmura, empurrando meu cabelo


para fora do meu rosto.

— Sinto muito, — eu sussurro de volta, sentindo-me completamente


envergonhada.

— Eu deveria ter usado camisinha. Eu sei que vai soar clichê ‘pra’
caralho, mas eu sempre uso uma. Eu não sei o que diabos deu em mim. —
Eu recuo com suas palavras, mas tento esconder isso. Prefiro não pensar em
todas as outras mulheres com quem ele esteve.

— Eu estou tomando pílula, — eu admito suavemente.

Ficamos em silêncio por alguns minutos e depois Jase murmura: —


Nunca senti nada assim. Eu estive com minha cota de mulheres, mas nunca
senti essa conexão. Eu sei que acabamos de nos conhecer, mas me diga que
você também sente.

Eu aceno em acordo. É loucura estar sentindo como estou. Deixar


esse cara que mal conheço tirar minha virgindade. Há uma boa chance de eu
me arrepender amanhã, mas agora, parece certo.

— Diga-me algo sobre você, — diz ele, seus lábios se curvando em


um sorriso bonito e preguiçoso. — Mas primeiro, qual é o seu sobrenome?

Eu rio. Obviamente, estamos fazendo tudo isso de trás para frente. —


Meu sobrenome é Leblanc.

— E…

— E eu quero ser uma modelo, — eu admito. É a única coisa em que


consigo pensar que não vai assustá-lo. Minha idade, onde eu vou para a
escola, onde moro... tudo está fora dos limites.

Jase sorri. — Você é definitivamente linda o suficiente. Que tipo de


modelo? — Ele pega meus dedos na mão e os leva aos lábios para um beijo.
— Um modelo de mão? Porque você tem dedos incrivelmente sexy. — Ele
chupa meu dedo médio em sua boca eroticamente, e um gemido suave
escapa dos meus lábios. Como algo tão simples quanto ele chupando meu
dedo pode me excitar?
— Não, — eu digo com a voz rouca, em seguida, limpo minha
garganta antes de continuar. — Uma modelo de verdade. — Eu puxo meu
dedo para fora entre os lábios dele. — Meu sonho é estar em outdoors em
Nova York. Eu quero andar pelas passarelas de estilistas de moda durante as
Semanas de Moda de Nova York, Paris e Milão. Eu quero fazer um acordo
com a Victoria's Secret ou Tommy Hilfiger, ou talvez Donna Karen ou
Chanel. —Eu não posso evitar a emoção que sinto quando falo sobre meus
objetivos e sonhos. Enquanto crescia, eu costumava brincar com a ideia de
querer me tornar um modelo. Eu brincava de me arrumar com as roupas da
mãe de Nick quando ela não estava em casa, e forçava Nick a me assistir
como se estivesse em um desfile de moda.

Quando fiquei mais velha, assistia aos vários desfiles de moda da


televisão quando mamãe se lembrava de pagar a conta. Mas foi confirmado
a primeira vez que a mãe de Nick levou Nick e eu junto com ela para a
Fashion Week quando eu tinha doze anos de idade.

A babá de Nick ficou doente e cancelou no último minuto, e seu pai


estava fora da cidade a negócios. Como sempre, minha mãe estava bêbada,
então Victoria acabou nos levando com ela para Nova York. Ela conseguiu
encontrar uma babá substituta pelo resto da semana, mas naquela primeira
noite fomos com ela, e foi essa noite que mudou minha vida. Até aquele
dia, meus sonhos eram nuvens de nuvens no céu – bonitas de se olhar, mas
inacessíveis. Mas enquanto eu assistia ao desfile na terceira fila, era como
se eu estivesse flutuando no ar. Eu poderia provar, cheirar, sentir. Pela
primeira vez, meus sonhos estavam ao meu alcance, e eu sabia que faria
tudo ao meu alcance para agarrá-los.

— Mas eu não quero parar por aí, — continuo quando vejo os olhos
de Jase em mim, que ele está realmente ouvindo e esperando que eu
explique. Não me lembro da última vez que alguém apenas me ouviu. — É
de conhecimento geral que uma carreira de modelo vai dos 22 anos e
termina aos 27 anos, se a modelo tiver sorte. Modelar é meu sonho, meu pé
na porta, mas não quero que seja isso. Eu quero começar minhas próprias
linhas de joias e maquiagem. Talvez até uma linha de roupas. Eu amo moda,
— eu exclamo.

— Por quê? — Ele pergunta pensativamente.

— Eu amo o jeito que uma roupa pode dar confiança a uma mulher. A
maquiagem pode fazê-la se sentir bonita. Eu amo como um único colar ou
pulseira pode fazê-la se sentir... mais.

Eu não sei como explicar isso sem dizer a ele que eu fui criada em um
estacionamento de merda, em um trailer ridículo e pequeno. Eu cresci sendo
ridicularizada por usar as roupas da Walmart que minha mãe me comprava
de segunda mão nas lojas de artigos usados. Os sapatos sem marca que ela
pegava nas lojas de consignação locais. As crianças eram más e sempre me
senti tão feia.

Isso foi até que a mãe de Nick, Victoria, me comprou um lindo


vestido Marc Jacobs para o evento que iríamos. Ela me levou para fazer
meu cabelo, maquiagem e unhas. Então ela me emprestou um par de
brincos de pérola e um colar combinando. Naquela noite, não só ninguém
zombou de mim, mas eu fui elogiada em várias ocasiões por quão bonita eu
parecia.

Eu assisti as modelos subirem e descerem a passarela com todo


mundo suspirando, e foi nesse momento que eu soube que faria o que fosse
preciso para me tornar um modelo.
Eu quero viajar pelo mundo, usar roupas lindas e caras, ser paga para
me maquiar. Quero morar em uma cobertura com vista para o Central Park.
Eu quero um marido que seja rico e cuide de mim e ache que eu sou bonita.

Jase me olha com curiosidade e então diz: — Você não precisa fazer
nada para te deixar bonita. Você já é. — Acabamos de nos conhecer, mas é
como se ele tivesse a capacidade de ler as palavras que não estou dizendo.
Dizer as coisas que desejo que alguém diga. Lágrimas ardem nos meus
olhos e eu as afasto.

— E você? — Eu pergunto, minha garganta entupida de emoção. —


O que você quer ser?

— Eu quero abrir minha própria loja de tatuagem. — Sua resposta


deveria ser o equivalente ao gelo sendo jogado no meu corpo
superaquecido. Uma loja de tatuagens. Isso é dificilmente uma empresa da
Fortune 500. Ele não é como o marido rico que eu imaginava para mim.
Mas por alguma razão, não me importo. Em vez disso, sua resposta me faz
sorrir. Eu posso totalmente ver isso. Os desenhos por todas as paredes, a
linda tinta cobrindo seu corpo. A aura escura que o rodeia. Tudo se encaixa.

— É por isso que você se formou em negócios?

Ele concorda. — Sim, Jax e eu temos nossas licenças para tatuar, mas
ele não pôde ir para a faculdade. Nós não tínhamos o dinheiro. — Ele
franze a testa, parecendo estar envergonhado. — Eu tenho uma bolsa de
futebol para participar da NCU e achei que seria bom para mim aprender a
administrar um negócio. — Ele me dá um sorriso suave. — Agora só temos
que economizar.
— Você não foi à Academia Piermont com Nick? — Eu pergunto,
confusa. Ele claramente não é de uma família com dinheiro e essa escola é
mais de cinquenta mil por ano só para a matrícula.

— Sim, outra bolsa de estudos. — Ele encolhe um ombro. — Meu


irmão foi para o Piermont Public.

— Sua irmã? — Ela está apenas um ano à minha frente, mas eu nunca
a vi na escola.

— Academia Piermont em uma bolsa acadêmica. Ela agora está


frequentando o Instituto de Arte. Entre sua bolsa, e Jax e eu a ajudando, nós
estamos lidando bem com isso. — Ele recua com suas próprias palavras, me
dizendo que há mais do que ele e seu irmão lidando com isso. É possível
que ele venha de uma casa como a minha? Uma em que seu pai não lida
com nada? Eu quero me abrir para ele, mas se eu fizer isso, ele descobrirá
que não estou na faculdade e que sou mais jovem do que o levei a acreditar,
e não tem como ele não me afastar.

— Ela quer fazer tatuagens como você e seu irmão? —


Distraidamente, minha mão encontra o caminho para o couro cabeludo de
Jase, e eu passo meus dedos pelos cabelos grossos dele. É como se eu
precisasse tocá-lo de alguma forma em todos os momentos. Ele deve sentir
o mesmo, porque enquanto falamos, a mão dele, a que não está presa
embaixo de mim e segurando meu quadril, percorre meu corpo.

— Não, ela é mais do tipo tradicional de arte. Ela adora fotografia,


design gráfico, escultura. — Do jeito que ele fala sobre sua irmã, é óbvio
que ele está orgulhoso dela.
O olhar de Jase cai para a minha boca, e ele abaixa a cabeça para
agarrar meu lábio inferior, puxando-o rudemente e chupando minha carne.
— Devíamos dormir um pouco. Estou a ponto de querer tomá-la de novo, e
imagino que você esteja dolorida. — Antes que eu possa responder, seus
lábios se encontram com os meus, contradizendo deliciosamente suas
palavras. Este beijo é suave e doce, e quando termina, eu suspiro em
necessidade.

Jase ri baixinho antes de rolar de costas e me puxar para o lado dele.


Nenhuma palavra é falada. Nenhuma promessa de amanhã. Em vez disso,
continuamos no presente, adormecendo nos braços um do outro.
TRÊS

Celeste

Passado

Eu acordo com a sensação de... bem, não tenho certeza do que é. Algo
está fazendo cócegas nas minhas costas. Meus olhos se abrem e leva apenas
um segundo para lembrar onde estou. Na casa de Jase, em sua cama.

Estou deitada de bruços, só que Jase não é mais meu travesseiro


humano – embora seja firme. A luz que brilha através das frestas da janela
faz meus olhos se fecharem. Minha mão estende cegamente para Jase, mas
o lado dele da cama está vazio. É quando sinto isso de novo. As cócegas nas
minhas costas. Oh, Deus, por favor, não deixe ser um besouro ou um
animal... Estou prestes a virar para ver o que é, mas uma mão forte pesando
na minha bunda me impede de se mover.

— Não se mova, — diz a voz rouca de Jase. — Estou quase


terminando. — Torcendo minha cabeça sem mover o resto do meu corpo,
eu espreito atrás de mim e vejo que as cócegas são Jase desenhando na
minha pele.

— Você está desenhando em mim?

— Eu não pude evitar. Seu corpo é perfeito... — A mão que estava na


minha bunda, envolve minha nádega e depois desliza para baixo na parte de
trás da minha coxa. — Como uma tela em branco, apenas esperando por sua
história. — As emoções picam minha pele em suas palavras, como eu me
pergunto se a minha história irá incluí-lo.

— Você estava dormindo tão profundamente, e quando eu acordei


para mijar, notei que minha camisa tinha subido, expondo essa bunda sexy
— ele arrasta sua mão até a minha coxa e dá um tapa na minha bunda — e
essas perfeitas covinhas. — Minha cabeça cai para frente no travesseiro.
Seus lábios frios passam em minhas costas enquanto ele dá as duas
covinhas localizadas logo acima da minha bunda um beijo.

— Eu tive que marcá-la, — acrescenta ele, e meus olhos voam para


ele novamente. Ele volta a me desenhar enquanto fala. — Você sabe, eu fiz
alguns piercings. Você tem algum piercing?

— Não. — Eu balanço minha cabeça.

— Tatuagens?

— Não. Piercings e tatuagens são um não-não quando você está


tentando se tornar uma modelo. A maioria das agências de alta classe não
admitem esse tipo de coisa.

Jase grunhe seu descontentamento, continuando a desenhar em meu


corpo. — Ninguém saberia se você tiver um aqui, — afirma. Seus dedos se
arrastam até logo acima da fenda da minha bunda. — Ou aqui. — Ele
continua sua descida ao longo do centro da minha bunda. Então ele abre
minhas pernas e empurra um único dedo na minha boceta. — Ninguém
deveria ver essas partes do seu corpo. Eles são meus, — ele rosna baixinho.
— Este corpo, e essa boceta, são minhas. — Ele puxa o dedo para fora de
mim, e eu imediatamente sinto falta de seu toque.
— É um pouco cedo para estar me reivindicando, você não acha? —
Eu respondo.

— Não, você fez ser meu no momento em que você me deixou tirar a
sua virgindade, — diz ele com naturalidade, e minhas bochechas coram
com suas palavras.

— Não se mova, — ele exige. Ele sai da cama e, um segundo depois,


ouço o som de uma câmera clicando. — Perfeito.

Eu tento virar, mas suas mãos me impedem de fazer isso. Jase abre
minhas coxas e empurra seus dedos para dentro de mim, meu corpo
aceitando a intrusão de bom grado.

— Jesus, mulher, você está tão molhada, — ele geme. Enquanto ele
me toca com uma mão, a outra vem ao redor e levanta a minha parte
inferior ligeiramente para fora da cama, então estou de joelhos. Ele aperta
meu peito e planta beijos doces na minha espinha até que seus lábios estão
de volta onde ele estava desenhando.

Ele sopra suavemente minha pele, enviando calafrios na minha


espinha. Então seus lábios mais uma vez beijam cada uma das minhas
covinhas. Ele faz o seu caminho para baixo, e quando seus dentes afundam
na minha nádega, eu solto um grito feminino.

Ele ri baixinho. — Desculpe, eu precisava provar, — ele admite, e eu


não posso evitar o sorriso que aparece em meu rosto como resposta.

Ele continua a me penetrar com seu dedo, então sua língua bate no
meu clitóris. Ele suga em sua boca e depois lambe meu centro, fazendo todo
o meu corpo estremecer em prazer. Com sua língua, lábios e dedos, Jase me
ajuda até que eu estou chamando o nome dele quando estou gozando.
Então ele me vira de costas e rasteja pelo meu corpo. Minhas pernas
envolvem sua cintura enquanto suas mãos me prendem. Seus lábios se
unem com os meus enquanto ele empurra dentro de mim. Eu ainda estou
um pouco dolorida, mas esses pensamentos são afastados pelo nosso beijo.

Esse beijo. Ele acende alguma coisa dentro de mim, aquecendo


minhas paredes congeladas e derretendo o gelo até que não haja mais nada
para proteger meu coração e minha alma. Eles são visíveis e vulneráveis,
deixando Jase com acesso total a todas as partes expostas de mim.

Nosso beijo fica mais quente. Como um incêndio que não pode ser
contido. Eu sempre fui tão cuidadosa – nunca deixei ninguém entrar. No
entanto, aqui estou eu, entregando-me a este homem, sabendo que, se não
tomar cuidado, vou me queimar. O calor entre nós é tudo que consome.
Estou perdida em tudo o que é Jase.

Minhas mãos seguram seus ombros, minhas unhas cavando em sua


pele, enquanto suas estocadas se tornam frenéticas. Sua pelve mói contra a
minha, esfregando meu clitóris tão bem. Nós dois estamos perseguindo
nosso alívio.

Meu clímax se constrói, constrói e constrói, até que eu esteja tão alta,
que não tenho para onde ir além senão para baixo. Mas com Jase no
comando, não tenho medo de cair. De fato, eu saúdo. E com um último
impulso, ele nos leva para fora da borda. Nossos lábios se encontram,
engolindo nossos gemidos enquanto nós dois nos perdemos um no outro.

Quando chegamos ao fundo em segurança, Jase quebra nosso beijo e


enfia o rosto na curva do meu pescoço. Ficamos assim por um longo
momento, enquanto acalmamos nossos corações palpitantes e respiramos
com dificuldade. Quando ele levanta levemente, puxando para fora,
estremeço na ternura que sinto entre as minhas pernas, esperando que eu
nunca pare de sentir isso, então sempre lembrarei das vezes em que Jase e
eu nos tornamos um.

— Merda, eu não usei proteção novamente, — ele admite, olhando


para baixo. É então que sinto o líquido entre as minhas coxas novamente.
Eu deveria estar incomodada porque Jase e eu ainda precisamos usar
proteção. Eu sei que esta é uma noite só. Mas por algum motivo maluco,
estar com Jase parece muito mais.

— Tudo bem, — eu deixo escapar, — eu confio em você.

Jase puxa meu rosto no dele para um beijo duro. — O que você está
fazendo comigo? — Ele murmura contra meus lábios. — Toda a minha
sanidade voa pela janela com você.

— Porque você esqueceu de usar um preservativo? — Eu pergunto,


confusa.

— Eu nunca trago mulheres para cá. Não ao meu apartamento, não


para conhecer minha família e definitivamente não para a minha cama.

— Eu deveria me limpar, — eu digo a ele timidamente, não


completamente certa do que dizer em resposta à sua admissão. Suas
palavras fazem minhas entranhas pegarem fogo, meu coração batendo
rápido no meu peito. Mas acabei de conhecê-lo, nem mesmo doze horas
atrás. Eu não tenho nenhum outro relacionamento para comparar isso, mas
não posso imaginar que me apaixonar por alguém tão rápido seja normal.

Jase recua para que eu possa sair da cama. Seguindo-me em seu


banheiro, ele insiste que tomemos banho juntos. Eu nunca tomei banho com
um homem antes, mas Jase não me faz sentir nem um pouco
desconfortável. O tempo todo em que estamos no chuveiro, ele faz questão
de me tocar de alguma forma. Seja ensaboando-me ou massageando o
xampu no meu couro cabeludo, as mãos dele estão em mim. E quanto mais
ele me toca, me dá toda a sua atenção, mais eu quero ficar na nossa pequena
bolha e nunca sair.

Quando saímos, ele me diz que vai voltar. Ele retorna com um
moletom e uma calça. Eles são cor-de-rosa e semelhantes à roupa que
Quinn estava usando.

— Obrigada. Vou lavá-los e depois levá-los de volta para ela. — Eu


puxo meu cabelo em um coque bagunçado e me visto. Coloco meu sutiã de
volta, mas paro em seguida, não querendo usar minha calcinha de um dia.
Recolho minhas roupas da noite passada e as dobro em uma pilha enquanto
Jase se veste.

Meu coração aperta no meu peito quando ouço o tinido de suas


chaves. É isso. Nossa noite juntos acabou. Ele vai me levar para casa, e
então ele continuará sua vida enquanto eu continuo a minha. Lágrimas
picam meus olhos e eu rapidamente levanto o dedo para limpá-las. Eu não
choro. Por que estou chorando agora? Cresça, Celeste! É isso que as
pessoas da nossa idade fazem. Nós temos uma noite fora. Nos conectamos e
seguimos nossos caminhos separados. Não aja como uma imatura estranha.

— Eu quase me esqueci de te mostrar, — diz Jase, me tirando do meu


monólogo silencioso e louco. Eu respiro fundo e me viro para encará-lo. Ele
está vestido com uma camiseta branca simples que se estende por seu peito
e ombros largos, e um par de jeans soltos. Seu braço é levantado para que
os dedos dele passem pelos cabelos úmidos e vejo uma sugestão de sua
trilha feliz que leva à Terra Prometida. Eu deveria ter passado mais tempo
conhecendo o corpo dele enquanto eu o tinha. Eu nem sequer tive a chance
de prová-lo ainda.

Jase pigarreia e é então que noto que ele está de frente para o telefone
na minha direção e ostenta um sorriso de conhecimento. Ele totalmente me
pegou o checando. Eu simplesmente dou de ombros. Nenhum ponto em
negar isso.

Eu me aproximo para ver o que está na sua tela e imediatamente


reconheço a covinha na parte inferior das costas. E então meu foco se volta
para a obra mais linda que eu já vi. Um dente-de-leão preto e cinza que
parece estar soprando ao vento sobe pelo meu quadril com pétalas perdidas
dançando ao vento. Uma menor ao lado dele. Ao longo do caule do dente-
de-leão maior tem uma citação: E do caos de sua alma fluiu a beleza.

— Jase, — eu sussurro. Como ele poderia escrever algo que chega tão
perto do que sou sem me conhecer? Entender o caos que sinto dentro de
mim todos os dias? A confusão que flui através de mim quando penso sobre
onde eu venho e para onde quero ir. A luta para me amar, mas ao mesmo
tempo querer mais.

— Minha mãe costumava fazer desejos com dentes-de-leão, — diz


Jase, sua voz cheia de emoção. — Ela levava Jax e eu para passear em
nossa vizinhança quando éramos pequenos, e ela encontrava cada um que
pudesse, soprando sobre eles enquanto ela fazia desejo após desejo.

— O que ela desejava?

— Eu não sei. — Ele dá de ombros. — Mas meu palpite é sucesso.


Ela queria ser atriz. — Ele sorri calorosamente. — Ela era bonita. Pelo
menos do que me lembro. — Os cantos de sua boca baixam ligeiramente.
— Ela estava em alguns pequenos shows, mas conheceu meu pai. Ela se
apaixonou e se viu grávida do meu irmão. Um ano depois veio eu. — Noto
que ele não menciona Quinn. — Ela não sabia disso na época, mas meu pai
já era casado. Sua esposa não podia ter filhos... ou assim eles pensavam.
Alguns anos depois, Quinn nasceu. Meu pai fez malabarismos com suas
duas famílias por um tempo, mas eventualmente ele foi pego. Quando sua
esposa descobriu sobre nós, ele provou que minha mãe era uma mãe
inadequada e obteve a nossa custódia. Minha mãe não aguentou, perdendo
meu pai e nós. Ela desistiu de seus sonhos por ele, apenas para descobrir
que ele não sentia o mesmo por ela. Ela acabou cometendo suicídio.

— Oh, Jase! — Meus braços envolvem seu pescoço para um abraço.


— Eu sinto muito.

— Você me lembra dela, — Jase murmura em meu ouvido. — Eu vi


essa citação sob uma imagem em uma galeria de arte que visitei uma vez
com minha irmã. Não me lembro quem disse isso, mas as palavras sempre
ficaram comigo. Eu não duvido que um dia você vai conquistar o mundo,
Covinhas. — Ele se inclina para trás e me dá uma piscadela divertida para
aliviar o clima, mas meu coração ainda está com a mãe de Jase e sua linda e
caótica alma.

— Onde está seu pai agora? — Eu pergunto. Ele obviamente aceitou


Quinn como sua irmã, embora ela tenha uma mãe diferente.

— Ele morreu de um ataque cardíaco quando eu tinha treze anos. —


Jase não parece nem um pouco triste quando me diz isso. — A mãe de
Quinn achou que ela conseguiria o seguro de vida dele, mas descobriu que
ele também não era casado com ela. Ele era casado com outra mulher,
Trícia, e tinha outros dois filhos com ela. Ele a deixou vários anos atrás,
mas nunca se divorciou. Ela conseguiu tudo em seu testamento, deixando a
mãe de Quinn quebrada. Ela perdeu a cabeça, e no minuto que Jax
completou dezoito anos, ele conseguiu um emprego e saiu. Ele fez uma
petição ao tribunal e conseguiu a custódia de Quinn. Eu já tinha quase
dezoito anos, então o juiz aprovou para eu me emancipar.

— Uau, — eu digo com admiração de quão bem eles lidaram com


tudo.

— Sim, parece um programa louco do 60 minutos com Jerry Springer


ou algo do tipo. — Jase ri sem graça. — Meu pai era um mentiroso e suas
mentiras destruíram não uma, mas duas mulheres que o amavam. — Ele
balança a cabeça com desgosto. — Espero que ele esteja apodrecendo no
inferno. — Suas palavras me atingem como um tijolo em uma casa de
vidro.

O limite rígido de Jase é a mentira, e eu menti para ele várias vezes


desde que nos conhecemos. Não, eu realmente não disse as palavras, mas eu
poderia muito bem ter. Eu deveria dizer a verdade agora. O que tenho a
perder? Mas se eu sair com as coisas do jeito que elas estão agora, ele não
vai pensar em mim do jeito que ele pensa sobre seu pai. Como um
mentiroso.

Meu olho dispara para o telefone, a tela ainda está mostrando a


tatuagem falsa que ele desenhou em mim. — Você pode me enviar essa
foto? — Eu pergunto. É a única coisa que eu deixarei da nossa noite juntos
quando eu for embora.

— Claro. — Ele sorri. Eu lhe dou meu endereço de e-mail, já que


meu telefone é um desses pré-pagos ruins, e ele manda.
Nós saímos do seu quarto e encontramos Jax cozinhando na cozinha
com Quinn sentada em um banquinho olhando para ele. — Bom dia, —
anuncia Jase. Jax e Quinn olham para nós. Quinn me concede um sorriso
suave e Jax acena a espátula no ar.

— Bom dia, — os dois dizem em uníssono.

— Você está com fome? — Jax pergunta.

— Faminta. — Admito antes que eu possa me impedir. Jase


provavelmente está pronto para me mandar embora, e eu estou aqui
praticamente implorando para ficar e comer.

— Bem, sente-se. — Jax aponta para os bancos vazios.

— Oh, umm... eu acho que Jase estava prestes a me levar para casa.
— Evito olhar para qualquer um, em vez disso, escolho me concentrar na
massa de panqueca que está borbulhando na panela. É constrangedor o
suficiente ter que fazer a caminhada da vergonha...

O contraste entre a frieza dos lábios de Jase no meu ouvido, e seu


corpo quente pressionado contra o meu, envia um arrepio visível pela
minha espinha. Ele deve perceber porque ele ri baixinho antes de dizer: —
Você não vai a lugar nenhum, Covinha. Sente-se.

Faço o que ele diz, enquanto tento controlar minha excitação por
causa de sua demonstração um tanto pública de afeição e palavras doces,
mas dominantes, um sorriso se estica em meus lábios de qualquer maneira.

Quinn ri. — Que cavalheiro, — brinca ela.

— Olha a boca, — Jase brinca de volta.


Jax nos serve uma pilha de panquecas e ovos com cheiro deliciosos e
depois toma um assento também.

— O que todo mundo está fazendo hoje? — Quinn pergunta.

— Eu tenho um cara indo na loja para fazer mais no seu braço, — diz
Jax.

— E vocês? — Quinn volta sua atenção para Jase e eu.

— Ainda não tenho certeza, — Jase responde. A mão que ele não está
usando para comer aperta minha coxa. Eu presumi que Jase ia me levar para
casa, mas ele me disse que eu não iria a lugar nenhum. Ele quis dizer
apenas para o café da manhã? Nós não discutimos o que aconteceu entre
nós na noite passada, e pelo que sei, isso foi apenas uma noite para ele. Pelo
menos é o que eu continuo dizendo a mim mesma quando justifico por que
não contei a verdade sobre a minha idade e aonde frequento a escola. Talvez
ele apenas planeje encher minha barriga com comida antes que me mande
embora.

— Estou indo para a praia para tirar fotos, — diz Quinn. — Eu tenho
o meu projeto final de fotografia na próxima semana.

Jase engole um pedaço da comida e depois se vira para mim. — Quer


ir? — O olhar que ele me dá é tão esperançoso. Antes que eu possa pensar
sobre as ramificações da minha resposta, eu estou acenando com a cabeça
que sim. Ele sorri um sorriso adorável e torto. — Legal. Podemos ir pela
sua casa para pegar seu maiô no caminho.

Merda! É exatamente por isso que eu deveria ter pensado nisso antes
de dizer sim. Eu preciso contar a ele a verdade. Ele precisa saber que eu só
tenho dezoito anos e estou no colegial. Que eu moro em um estacionamento
de trailers com minha mãe bêbada, e minha única saída é o estágio de verão
em Nova York que Nick me surpreendeu. Jase iria entender. Ele vem de um
lar desfeito. E eu sou maior de idade...

Eu abro minha boca para dizer a Jase que preciso falar com ele,
quando Quinn diz: — Eu tenho um maiô a mais. — Ela encolhe os ombros.
— Vai economizar tempo.

— Você está bem com isso? — Jase pergunta, dando outra mordida
em sua comida.

— Sim, — eu murmuro com um sorriso estampado. Mais tarde... vou


contar depois.

Quando terminarmos de comer, e juntos lavamos os pratos e


limpamos a cozinha, saímos no Dodge Charger de Jase para a praia. É um
carro tão masculino. Preto com interior de couro liso. Não é chamativo ou
caro, mas é muito sexy. E isso se encaixa totalmente nele.

Quando chegamos à praia, Quinn decola em sua missão de fotografia,


e Jase e eu vamos em direção ao oceano encontrar um local vazio para
colocar um cobertor perto da água.

Depois de tirar a camisa de Quinn e shorts, deixando-me apenas com


seu biquíni – que ficou um pouco solto no meu corpo desde que ela tem
mais curvas do que eu –, volto minha atenção para Jase. Ele recua e puxa
sua camisa sobre a cabeça, expondo suas deliciosas tatuagens, junto com
seu peito firme e abdômen malhado.

Eu nunca imaginei me apaixonar por um cara como Jase. Sempre


imaginei um homem de negócios rico e bem organizado, vestido em um
terno de grife. Em nenhum lugar em minhas fantasias incluía um tatuador
bad boy. O termo faz meu coração pular uma batida. Minha mãe se
apaixonou pelo bad boy tatuado. Ela não teve apenas um coração partido,
ela foi quebrada. Não é o mesmo, digo a mim mesma. Jase não é realmente
um bad boy. Ele apenas parece um. Ele é educado. Ele tem um diploma
universitário e quer abrir seu próprio negócio.

Será que realmente importa quando, na semana que vem, estarei em


Nova York?

Meu coração afunda com o pensamento de deixar Jase. Posso fazer


isso? Posso me afastar dele?

Você não tem um querer, o meu eu interior argumenta. Não importa o


quão rápido e forte eu estou me apaixonando por ele. Nova York é meu
futuro. Eu não posso desistir disso por um homem. Haverá muito mais
homens em Nova York.

— Você está bem? — Jase pergunta, forçando-me a sair dos meus


pensamentos.

— Sim, — eu digo, e depois acrescento rapidamente, — conte-me


sobre suas tatuagens, — na esperança de me distrair dos meus próprios
pensamentos. Minha mente e coração estão em conflito um com o outro, e
não é uma batalha que estou pronta para entrar ainda.

Jase olha para baixo e passa a mão pelo seu abdômen malhado. —
Quais? — Ele pergunta. — Eu meio que tenho muitas. — Ele ri, e o som
melódico acalma meus nervos. Não, ele não é um bad boy. Ele é um bom
cara envolto em um corpo de bad boy.

Ele cai no cobertor e deita ao meu lado. Sua perna se enreda com a
minha enquanto ele explica cada uma delas. Todos elas significam algo para
ele de alguma forma.

Passamos as próximas horas rindo, conversando e nos beijando,


completamente perdidos em nosso pequeno mundo. Observamos as pessoas
indo e vindo e comemos o almoço que embalamos. A água está quente,
então nadamos também.

Eventualmente Quinn faz o caminho de volta para nós, pronta para ir


para casa. Eu não tenho ideia de como o dia passou tão rápido, mas o que
eu sei é que eu não estou pronta para dizer adeus a Jase ainda.

Então, quando ele murmura: — Venha para casa comigo, — contra os


meus lábios, eu concordo sem pensar. Em nosso caminho de volta, Nick
envia mensagens, perguntando onde estou. Eu o respondo dizendo que
tenho algumas coisas que preciso fazer antes de me formar, imediatamente
me sentindo culpada por mentir. Mas eu não estou pronta para ele saber
sobre o Jase ainda. É inútil para ele saber sobre um homem com quem não
posso ter futuro. Não é como se eu fosse ficar. E além disso, eu menti para
Jase. Claro, elas são tecnicamente mentiras por omissão, mas uma mentira
ainda é uma mentira. Ele nem sabe que estou planejando sair em breve.

A mão de Jase aperta a minha e meu coração parece que vai sair do
meu peito. Como isso aconteceu? Como consegui me apaixonar por alguém
tão rápido? Isso não é quem eu sou. Eu quero ficar brava comigo mesma
por ser tão estúpida, mas não consigo reunir a energia negativa. Meu
coração está muito cheio... muito feliz. E de repente eu posso quase sentir
empatia pela minha mãe. Ir embora na próxima semana já faz meu coração
se desmoronar em pedaços.

Depois de recolher nossas coisas, nós voltamos para o apartamento


deles. Jase abre a porta e permite que eu e Quinn passemos primeiro. Paro
no meu lugar quando vejo uma mulher sentada no sofá mexendo no celular.
Eu olho em volta e não vejo Jax em qualquer lugar. Ela mora aqui também?

Ela olha para cima, e é como se nem notasse Quinn ou eu no quarto


enquanto ela sorri para Jase. Ela é naturalmente bonita com cabelos ruivos e
olhos verdes esmeralda, mas parece exausta – como se tivesse o peso do
mundo em seus ombros. Seus olhos, em seguida, disparam para mim, e ela
atira um olhar com adagas em minha direção. Quando seu olhar se volta
para Jase, seu sorriso reaparece. Interessante…

— Jase! — Ela salta do sofá e voa em seus braços. Seus olhos


encontram os meus, e ele me atira, o que parece, um pedido silencioso de
desculpas. A mulher está vestida com jeans pretos que são claramente
muito apertados nela, e um pequeno top azul. Uma grande tatuagem
espreita por baixo de sua camisa na parte inferior das costas, desaparecendo
sob o topo de seu jeans. E uma pontada de ciúmes surge quando eu me
pergunto se Jase foi quem deu a ela.

— Amaya, — diz ele, afastando-se dela. — Como você está? — Seus


olhos percorrem seu corpo, não como se ele estivesse olhando para ela, mas
mais como se ele estivesse se certificando de que ela está bem.

— Estou bem, — ela diz um pouco otimista demais. Isso me lembra


da maneira como minha mãe fala para Victoria para esconder o quão
bêbada ela está, ou quando ela não quer que ela saiba que estamos sem
eletricidade ou água. — Você vai me apresentar a sua amiga? — Ela
balança a cabeça na minha direção. — Ou ela é amiga de Quinn? — Ela
acrescenta, esperança evidente em sua voz.

— Ela está com Jase, — Quinn diz com naturalidade para a mulher, e
eu mordo meu lábio inferior para abafar um sorriso. Quinn acabou de
receber pontos importantes para isso no meu livro.

— Esta é Celeste, — diz Jase, então se vira para mim. — Esta é


minha amiga, Amaya.

— Melhor amiga, — Amaya corrige com um pouco de sarcasmo em


seu tom.

— Prazer em conhecê-la, — eu digo educadamente. — Eu vou tomar


banho para tirar a areia do mar em cima de mim. — Eu dou a Jase um
sorriso suave, então ele sabe que estou tentando ser legal e saindo para
deixá-los conversarem. Ela está obviamente aqui por um motivo.

— Tchau! — Amaya acena para mim como se ela tivesse cinco anos
de idade.

Jase lança -lhe um olhar frio, depois faz um movimento de lábio


como obrigado a mim.

♥♥♥

Eu solto um suspiro suave quando a água quente cai e massageia meu


couro cabeludo. Meus olhos estão fechados, então o xampu não os queima
quando a água enxágua a espuma e o sal do meu cabelo.

Estou completamente perdida em mim mesma, em meus


pensamentos, então não ouço Jase entrar. Quando a porta do chuveiro se
abre, e o ar frio pica minha pele aquecida, eu solto um grito alto. Jase ri,
mas quando seus olhos pousam em meus mamilos endurecidos, seu riso
para, e o sorriso que ele tinha apenas se transforma em pura fome.

— Entre ou saia! Está frio aí fora! — Eu grito, tentando parecer


brava. Uma risada rompe, entretanto, me denunciando.

Jase entra e fecha a porta atrás dele, e é quando noto que ele está nu –
o que faz sentido desde que ele está no chuveiro comigo. Seu pau está
semiduro, e balança pesado entre suas coxas quando ele caminha na minha
direção.

O chuveiro tem um tamanho decente, mas não é enorme, então ele


não tem lugar para ir. Sem palavras, Jase me pega e me empurra contra a
parede. A água continua a cair ao nosso redor, mas não o detém nem um
pouco. Minhas pernas envolvem sua cintura e meus dedos seguram seus
ombros. Sua boca encontra a minha e ele me devora. Sua língua empurra
meus lábios e eu provo tudo o que é Jase. Seu pênis cutuca contra a minha
bunda, e eu solto um gemido, precisando que ele esteja dentro de mim.

O ar ao nosso redor se torna denso com luxúria. Nossos corpos vão de


zero a cem em uma fração de segundo, com um único toque. E um milhão
de pensamentos me atingem de uma vez, como é tão fácil me perder nesse
homem? É assim para todos no começo? Será que será sempre assim com
Jase? Esta explosão? Foi assim para minha mãe?

Meu coração acelera quando Jase me penetra, enchendo-me


completamente. Nosso beijo fica mais áspero, mais exigente. Eu posso
senti-lo em todos os lugares. Seus dedos cavando na minha bunda, sua boca
devorando a minha. Seu pau empurrando dentro e fora de mim. Cada parte
dele está me tocando. É como se ele se tornasse uma extensão de mim. Ele
ficou sob a minha pele, e não há como tirá-lo.
O pensamento de deixá-lo faz minha garganta ficar apertada.
Lágrimas de desolação vazam dos meus olhos. Meus braços envolvem
firmemente o pescoço de Jase, precisando me moldar a ele – para senti-lo
ainda mais perto. Eu quero me enterrar tão profundamente nele quanto ele
fez comigo.

Minhas lágrimas caem quando Jase faz amor comigo contra a parede
do chuveiro enquanto a realidade me atinge de que eu não posso deixar esse
homem. Eu estou me apaixonando por ele. Eu não me importo se é cedo
demais, rápido demais. Eu não posso controlar meu coração em sentir-se
assim.

Preciso abrir o jogo, arriscar tudo – contar a verdade e ver aonde isso
nos leva. Talvez eu possa convencê-lo a se juntar a mim em Nova York. Ele
poderia trabalhar em uma loja lá e, eventualmente, abrir seu próprio lugar.
Sua irmã e irmão estariam dispostos a se mudar? Ele se mudaria sem eles?
Eu sou louca por ter esses pensamentos?

— Celeste, — Jase geme, — fique comigo, baby. — Suas palavras


afastam todos os meus pensamentos, para que eu possa me concentrar
completamente em estar bem aqui, neste momento, com Jase – em quão
bom ele fica dentro de mim.

Seu rosto toca na curva do meu pescoço, e ele morde minha pele
quando goza dentro de mim. Uma vez que ele recupera o fôlego, ele levanta
a cabeça, sai de dentro de mim e depois me põe no chão.

— Você não gozou, — ele diz com uma carranca. Não é uma
pergunta, ele sabe que eu não gozei. Nós só fizemos sexo algumas vezes,
mas toda vez ele se certificou de que eu encontrasse minha liberação antes
dele.
— Sinto muito, — sussurro com vergonha. Eu estava tão perdida em
mim, nele, que nem percebi.

— O que está acontecendo? — Ele corre dois dedos ao lado da minha


bochecha.

— Nada. — Eu balanço minha cabeça. — Tudo bem com sua amiga?

As sobrancelhas de Jase se franzem. — Isso é o que está errado? Você


não tem nada com o que se preocupar. Amaya é apenas uma amiga.

— Eu sei. — Eu aceno enfaticamente. Espero que Jase se explique


mais, mas ele não faz isso.

— Apresse-se e termine de enxaguar, — diz Jase. — Eu te devo um


orgasmo. — Ele me dá uma piscadela adorável antes de sair do chuveiro.
QUATRO

Celeste

Passado

Minha pele está excessivamente quente, e parece que há um peso de


duzentos quilos em cima de mim. Quando eu tento rolar, mas não consigo
me mover, inclino a cabeça para o lado e vejo o corpo de Jase em volta do
meu. Suas pernas estão entrelaçadas com as minhas, e sua mão livre está
segurando meu peito. Adormecemos nus na noite passada, depois de
devorarmos uma pizza enquanto tentávamos assistir a um filme na Netflix,
que só terminou em nós nos beijando e eventualmente fazendo amor.

— Bom dia, — Jase murmura contra o meu ouvido. Seu pau


pressiona contra a minha bunda, e eu solto um gemido, o que o faz rir
sombriamente. Ele se afasta de mim, apenas para me virar para que ele
possa ficar acima de mim. — O que está na agenda hoje? — Pergunta ele.
Eu amo que ele esteja assumindo que vamos sair.

— Eu não sei. — Eu dou de ombros. — Você precisa trabalhar?

— Não. — Ele balança a cabeça e desce para pegar um dos meus


mamilos entre os dentes. Ele o puxa de brincadeira, depois olha para cima,
soltando-o. — Eu estava pensando que eu poderia sair do meu trabalho e
passar o resto da minha vida com você nesta cama. — Ele faz sinal com as
sobrancelhas, e eu rio, revirando os olhos. — Estou apenas brincando, —
diz ele. — É domingo, então estou de folga, o que significa que... se você
não tem nada para fazer, eu estava pensando que poderíamos sair. — Ele
sorri timidamente, sua arrogância e confiança cai alguns pontos.

— Isso soa bom para mim, — digo a ele enquanto passo meus dedos
pelo cabelo dele e o puxo para mim. Nós nos beijamos por vários minutos
antes de finalmente sairmos da cama para nos prepararmos para o dia.

Jase me surpreende com minhas roupas, assim como a roupa que


peguei emprestada de Quinn, cuidadosamente empilhada. Aparentemente,
quando ele saiu do quarto para pegar a nossa pizza do entregador, ele jogou
uma leva de roupa na lavanderia, e então Quinn as jogou na secadora. Eu
me visto e depois ele entra no banheiro. Usando os artigos de higiene de
Jase, escovo os dentes e coloco desodorante. Quando eu saio, Jase está
pronto para ir também.

— Onde estamos indo? — Eu pergunto enquanto caminhamos em


direção ao seu carro.

— Eu estava pensando que poderíamos ir ao centro, talvez ir ver um


filme. — Seus olhos procuram os meus para uma aprovação.

— Isso soa perfeito.

Jase abre a minha porta para mim, e uma vez que eu entro, ele a
fecha, mas não antes de abaixar a cabeça e me dar um beijo digno de
desmaio.

O caminho para o centro da cidade é preenchido com um silêncio


confortável, com a música tocando no fundo. Meu telefone toca na minha
mão, e quando verifico, vejo que está quase morto. Há também uma
mensagem do Nick perguntando o que vamos fazer hoje. Eu me sinto como
a pior amiga do mundo quando lhe mando uma mensagem dizendo que
tenho mais coisas que preciso organizar e depois prometo que sairemos em
breve.

— Tudo bem? — Jase pergunta, olhando para o meu telefone.

— Sim, está quase morto. Estou desligando.

Ele concorda. — Quinn tem exames esta semana. Não me lembro... A


NCU também? — Seu olhar salta da rua para mim.

— Eu terminei meus exames. — Tecnicamente, estou dizendo a ele a


verdade. Eu terminei meus exames na semana passada. Os veteranos saem
algumas semanas antes de todos os demais como privilégio sênior. Na
véspera da formatura, tenho que participar do ensaio, mas fora isso, estou
completamente encerrada com a escola. Alguns dos meus amigos foram
para White Oak para passar a semana acampando e fazer rafting, mas isso
não é realmente minha praia, então eu não me juntei a eles.

Jase entra na garagem e encontra uma vaga. Antes de abrir a porta


para sair, ele corre e abre para mim. — Uma menina poderia seriamente se
acostumar com esse tipo de tratamento, Sr. Crawford, — eu brinco.

— Bom. — Ele se inclina para um beijo, em seguida, pega a minha


mão na sua, nos leva até onde um monte de barracas estão montadas. —
Parece que o mercado do fazendeiro está aqui.

Passamos as próximas horas checando todos os produtos caseiros.


Nós paramos em uma barraca onde há um casal mais velho que está
vendendo doces recém assados de sua padaria. Jase nos compra um pão de
canela gigante para compartilharmos. Nós também paramos em uma
mercearia de produtos frescos e compramos alguns morangos que pareciam
deliciosos e amoras para beliscar enquanto caminhamos ao redor
Quando paramos em um bonito estande de joias caseiras, vejo o mais
belo colar de dente de leão. Isso me lembra da tatuagem falsa que Jase me
fez ontem de manhã e da história que ele me contou sobre sua mãe. O colar
é de prata, e pendurado em um vidro claro, fino e circular, tem um
verdadeiro dente-de-leão. Com suas pétalas se agitando em todos os
sentidos, ele parece estar congelado no tempo. Pendurado no amuleto tem
uma placa minúscula que lê desejo de um lado e sonho do outro.

— Isso é lindo, — digo à mulher.

— Obrigada. Eu os encontro e os faço eu mesma. — Ela sorri


suavemente. Quando vejo o preço, e sei que não posso pagar, eu o coloco de
volto e vou até outra área da barraca para conferir suas outras peças.
Quando olho em volta para ver onde está Jase, vejo-o falando com a
mulher.

— Obrigado, — ele diz a ela.

— Você é muito bem-vindo. — Ela sorri.

Quando saímos da tenda, pergunto por que ele estava agradecendo.

— Isso. — Ele puxa uma pequena bolsa do bolso da frente. — Se


vire.

Eu faço o que ele diz, e um segundo depois, sinto algo frio tocar meu
peito. Quando olho para baixo, vejo que o colar de dente-de-leão está lá.

— Jase. — Eu giro para encará-lo.

— Eu vi você olhando para ele. — Ele dá de ombros


despreocupadamente. — Você disse ontem que um colar tem a capacidade
de fazer uma mulher se sentir mais. — Seu olhar pousa no colar antes de se
encontrarem com os meus. — Parece lindo em você.

— Obrigada. — Eu envolvo meus braços em volta do seu pescoço e


dou-lhe um abraço. Lágrimas ameaçam encher meus olhos, e a emoção
obstrui minha garganta, mas eu as afasto, não querendo assustar Jase. Não é
culpa dele que a garota que ele trouxe para casa tenha se apaixonado por ele
tão forte e rápido.

Estou prestes a me afastar quando Jase aperta meus quadris, e me


segurando perto dele, diz: — Nunca pare de desejar e sonhar, Celeste. —
Então ele me beija suavemente. O beijo não dura muito tempo, estamos no
meio da calçada, mas é um daqueles momentos, um daqueles beijos, que eu
sei que vou lembrar para o resto da minha vida.

Com os dedos entrelaçados, continuamos a caminhar até chegarmos


ao fim do mercado do fazendeiro e ao início da via pública. A área contém
um cinema, alguns restaurantes, algumas lojas de luxo e um café.

Paramos em frente à tela iluminada que exibe os filmes e os horários


dos filmes. — Você escolhe, — diz ele. Eu decido sobre uma comédia
romântica – eu claramente perdi a cabeça e decidi simplesmente abraçar
isso. Depois de pegar um refrigerante grande e pipoca para dividirmos,
entramos dentro da sala do cinema. O filme deve ser ruim ou ser um jeito
para uma escapada porque, além de um outro casal que está sentado na
frente, a sala está completamente vazia.

Nós vamos direto para o topo da sala e nos sentamos no canto. Alguns
minutos depois, as luzes se apagam e as imagens começam a passar. Jase
levanta o braço entre nós e me coloca em seu lado, seu braço enrolado na
parte de trás do meu pescoço. Eu tenho que sufocar minha risadinha com a
forma como devemos estar parecendo. Eu estive em muitos encontros, mas
com o tipo de caras que eu geralmente passava pouco tempo, um encontro
geralmente consistia em um jantar caro ou um evento de caridade. Esta é a
minha primeira vez no cinema com um cara.

Os trailers acabam e o filme começa, mas não posso me concentrar


nele porque Jase está passando os dedos para cima e para baixo no meu
braço. Arrepios percorrem minha pele, e quando olho para ele, ele olha em
minha direção, me concedendo o sorriso mais sexy. Eu não sei o que
acontece comigo, mas de repente tenho uma necessidade insaciável de estar
perto desse homem. Mais perto do que é permitido no meio de um cinema
público.

Puxando seu rosto para o meu, eu beijo Jase com força. Minha língua
passa por seus lábios e o beijo se aprofunda. Mas não é o suficiente. Eu
preciso de mais. Enquanto nosso beijo continua, corro minha mão ao longo
da parte de cima da sua calça jeans. A protuberância em suas calças está
proeminente e me estimula. Desfazendo seu botão e zíper, puxo seu pau
para fora. Jase geme contra meus lábios, e sua mão, que tem massageado
círculos em minha coxa, tenta me parar.

— Uh-uh, — ele sussurra contra meus lábios, sem compromisso.

— Sim, — murmuro de volta. Quebrando o beijo, eu olho em volta


bem rápido apenas para ter certeza de que ninguém está olhando, antes de
me curvar e levar todo o eixo de Jase em minha boca.

— Porra, Celeste, — ele geme baixinho. Seus dedos correm pelo meu
cabelo, mas ele não faz nenhum movimento para empurrar minha cabeça
para baixo. Em vez disso, quando olho para cima, percebo que a cabeça
dele está inclinada para trás e seus olhos estão fechados. Eu subo e desço ao
longo de toda a sua extensão, tentando conhecê-lo em um nível muito mais
pessoal.

Minha língua corre ao longo da parte inferior do seu eixo rígido, e


então eu chupo a cabeça roliça. Quando eu o levo até o fim – bem, até onde
posso ir – o pau dele começa a inchar, e uma gota de pré-ejaculação escapa,
tocando minha língua. Ele deve estar quase gozando... eu nunca fiz sexo
oral, muito menos engoli o esperma de um homem, mas nós estamos no
meio de um teatro, e não tem como eu cuspi-lo no chão, então fecho meus
olhos enquanto Jase geme seu orgasmo, a semente quente jorrando na parte
de trás da minha garganta. Eu faço o meu melhor para não engasgar, mas é
difícil. É salgado, quente e grosso.

Quando tenho certeza de que ele terminou, lambo-o e sento-me


novamente. Os olhos de Jase encontram os meus. Eles estão cerrados e,
mesmo no escuro, posso ver a luxúria e admiração neles. Ele balança a
cabeça e se inclina para sussurrar em meu ouvido: — Minha vez. — Meus
olhos se arregalam quando ele espalha minhas coxas para retribuir.

♥♥♥

Pela terceira manhã seguida, acordei na cama de Jase por causa da luz
do sol que está entrando pelas persianas. Eu vou precisar comprar algumas
cortinas, é o meu primeiro pensamento. Meu segundo pensamento é que eu
vou me formar nesta semana e, uma vez que eu sair, nunca mais vou dormir
nesta cama, então não há necessidade de comprar cortinas. Meu estômago
aperta com esse pensamento horrível.
Eu me viro e encontro o lado de Jase da cama vazio. O lado de Jase
da cama... Três noites com ele e eu já estou nos designando para os lados da
cama. Localizo um pedaço de papel e o pego para ler.

Covinha

Eu tive um compromisso mais cedo. Sinta-se à vontade para ficar o


tempo que quiser. Se ninguém estiver em casa, apenas tranque a porta se
você sair. Há uma chave debaixo do tapete, caso você precise. Eu percebi
que nunca trocamos números. Aqui está o meu. Me mande o seu.

Xo Jase

Diretamente sob o nome dele há o número do telefone. Agarrando


meu celular de cima da mesa de cabeceira, eu programo no meu celular.
Estou prestes a enviar a Jase uma mensagem para lhe dar o meu, quando
uma mensagem chega de Nick: Onde você está?

Ainda não estou pronta para ele saber sobre Jase, então respondo a ele
que estou ajustando as coisas antes da formatura, já que eu vou embora logo
depois. Odeio mentir para Nick, mas tenho medo de lhe dizer a verdade,
como se eu lhe falasse sobre Jase, isso tornaria o que nós temos muito mais
real, e com isso virá a realidade que devo partir em breve.

Outra mensagem de Nick chega, dizendo que ele quer me levar para
comprar bagagem e qualquer outra coisa que eu possa precisar para minha
viagem a Nova York. Eu quero dizer a ele que não posso fazer isso.
Primeiro, comprar bagagem significa que estou indo embora, e agora, sair é
a última coisa que quero pensar. E segundo, a única coisa que quero fazer é
passar um tempo com Jase.

Mas eu conheço Nick, e se eu disser que não posso, considerando o


quanto estava empolgada com Nova York, isso só vai aparentar uma
enorme bandeira vermelha para ele. Então, envio-lhe uma resposta
agradecendo-lhe e concordo em me encontrar com ele mais tarde, depois
saio da cama. Meu corpo se sente relaxado e bem descansado, apesar de ter
passado a maior parte da noite com Jase. Deve ser de todos aqueles
orgasmos que ele me deu.

Eu puxo meus braços sobre minha cabeça e meu estômago ronca. Nós
estávamos muito presos um ao outro na noite passada e esquecemos
completamente de jantar. E então uma ideia se forma. Indo para a sala para
ver se alguém está em casa, encontro Quinn sentada no sofá, trabalhando
em seu computador.

— Bom dia.

Ela olha por cima do que seja o que ela está trabalhando. — Ei, bom
dia.

— Eu estava… hum… pensando em surpreender Jase no trabalho.


Talvez lhe traga um café da manhã. Você acha que ele ficaria bem com
isso?

— Eu acho que sim. — Quinn sorri. — Precisa pegar emprestada


outra roupa? — Ela acena para mim. Eu estou em outra das camisas do Jase
e com a minha calcinha.

— Isso seria bom. Obrigada.


Depois de tomar banho e me vestir, Quinn me dá uma carona para
pegar um pouco de comida. Eu também corro para a loja para comprar um
carregador antes de meu telefone ficar completamente morto. Quando
chegamos na loja, pergunto se ela vai entrar, mas ela me diz que está perto
deles o suficiente e precisa terminar seu projeto para a aula para terminar
oficialmente o semestre.

A placa acima da porta diz Get Inked. Já vi muitas vezes de


passagem, mas nunca dei uma segunda olhada. Quando abro a porta, um
sino toca, indicando que alguém entrou. O cara em pé atrás do balcão olha
para cima e sorri. Com cabelos pretos formando um moicano alto, tatuagens
cobrindo cada centímetro de sua pele visível, alargadores em suas orelhas, e
um aro saliente em seu lábio inferior, ele me lembra Travis Barker2 do
Blink-182.

— Bom dia, — ele diz. — Como posso ajudá-la?

— Estou aqui para ver Jase.

— E todas não estão? — Ele ri com um rápido revirar de olhos. É


uma piada, mas meu estômago cai com suas palavras. Jase é um homem
bonito por dentro e por fora, então não me surpreende que as mulheres
estejam formando filas para que seus corpos sejam permanentemente
alterados por ele.

— Ele está sem horário hoje. — Ele folheia através do calendário. —


Ele tem uma abertura para segunda-feira, na próxima semana. — Minha
garganta bloqueia com emoção. Segunda-feira, semana que vem, estarei em
Nova York e Jase estará aqui. Ele já vai seguir em frente? Será que eu não
fui nada além de um pontinho em seu radar? Meu nariz formiga e meus
olhos ficam embaçados com o pensamento.
Há um limpar de garganta e é então que percebo que estou de pé aqui,
lamentando a perda de Jase e de mim antes mesmo de acontecer. Olho para
cima e vejo Jase de pé ao lado do outro cara.

— Covinha. — Jase sorri largamente, e eu balanço minha cabeça ao


ouvir seu apelido para mim. — A que devo este prazer?

Eu levanto o saco de comida. — Trouxe o café da manhã para você.


— Eu dou de ombros, de repente me sentindo idiota por aparecer em seu
local de trabalho. Ele está com a agenda cheia o dia todo – provavelmente
com mulheres bonitas, que vão deixar ele marcar suas peles, e depois, elas
vão lhe dar o número delas porque elas não vão a lugar nenhum. Elas não
estão planejando se mudar mais de oitocentos quilômetros de distância.

— Estou com fome, — diz Jase. — Venha comigo. Acabei de


terminar meu compromisso, e tenho alguns minutos antes do meu próximo.
— Ele passa ao redor do balcão e pega minha mão, conduzindo-me por um
corredor estreito até uma pequena sala que deve ser sua estação de trabalho.
Está cheio de desenhos semelhantes aos das paredes de seu quarto.

Tem um cara barbudo parado em frente ao espelho, checando o ombro


recém-tatuado. Quando nos vê entrar, ele acena uma vez. — Parece ótimo,
cara, — ele diz para Jase. Não querendo ficar no caminho, sento-me no
banco que fica no canto da sala.

Jase sorri para o cara. — Droga, é verdade. — Ele pega um pouco de


plástico fino, e depois de cobrir a arte com algumas coisas pegajosas,
coloca o plástico sobre ele, prendendo-o com fita adesiva. — Você conhece
o procedimento. Mantenha coberto por algumas horas. Depois de remover o
curativo, lave com sabão e aplique mais pomada. Pete agendará sua
próxima sessão.
— Obrigado. — O punho do cara bate em Jase antes de sair.

Uma vez que ele vai embora, Jase fecha a porta atrás dele, em
seguida, vai até mim. Agarrando o saco de comida das minhas mãos, ele o
joga no balcão, depois abre minhas pernas, colocando-se entre elas. Ele me
prende no canto, suas mãos pousando na parede em ambos os lados da
minha cabeça. Seus lábios descem e encontram os meus para um beijo
apaixonado que fazem meus dedos do pé se curvarem e minhas coxas
apertarem ao redor dele.

Com seu rosto apenas poucos centímetros do meu, ele murmura: —


Quase cancelei meus compromissos esta manhã. Deixar você, deitada na
minha cama, em nada além da minha camisa... quase me matou. — Seu
nariz roça o meu. — Eu estava preocupado em de repente não ver você de
novo, Covinha.

— Por quê? — Eu pergunto, sem fôlego.

— Eu estava com medo que uma vez que você acordasse e o fim de
semana acabasse, você desapareceria. — Seus lábios se escovam contra os
meus, depois param momentaneamente, como se ele precisasse me tocar de
alguma forma para acreditar que estou realmente aqui. Eu engulo em seco.

Preciso contar a ele a verdade. Ele precisa saber que estou me


formando no ensino médio e partindo para Nova York em poucos dias. Mas
hoje, tudo o que quero fazer é passar o dia com o Jase. Eu quero vê-lo fazer
o que ele ama. Estes poucos dias podem ser tudo o que eu vou ter com ele
antes que ele me odeie ou por mentir ou por me graduar e estar me
mudando. Ambas as possibilidades me deixam doente do estômago. Estou
caindo tão rápido, rápido demais, e minha única esperança é que Jase esteja
no fundo, pronto para me pegar.
— Estou aqui, — eu digo baixinho. — Eu poderia… ficar aqui por
um tempo? Eu não vou atrapalhar.

O rosto de Jase se ilumina. — Isso seria ótimo. — Com um último


beijo, ele se afasta e pega a sacola do balcão. Ele retira a comida e nos pega
uma xícara de café. Enquanto comemos, falamos sobre seus compromissos
futuros. É óbvio por como ele fica animado, que ele ama o seu trabalho.

Logo depois que terminarmos de comer, o próximo compromisso dele


chega. É um senhor mais velho chamado George, procurando colocar o
nome de sua falecida esposa em seu braço. Ele compartilha que eles
estavam casados há quarenta anos e ela faleceu há seis meses de câncer. Ele
explica o que gostaria, e depois que Jase elabora a imagem, e George a
aprova, Jase começa a trabalhar.

A pistola de tatuagem vibra com um zumbido baixo, mas é abafada


pela voz de George. Ele compartilha memórias de sua vida com sua esposa
enquanto ela estava viva. Ele fala sobre como eles se conheceram e se
apaixonaram, e como ele soube no momento em que a viu que ela era a
única.

Enquanto ele relembra, não posso evitar as lágrimas que caem. É isso
que eu quero. Uma vida inteira cheia de memórias com o Jase. Alguns
dias... uma semana... um mês não é suficiente. E então isso me atinge. Isso
é o que minha mãe queria com meu pai, mas nunca aconteceu. É por isso
que ela escolheu morar no mesmo trailer, na mesma cidade, por toda a
minha vida. Ela sabe como é se apaixonar, e se recusa a deixar esse
sentimento, na esperança de que um dia o homem que ela ama possa voltar
e amá-la de volta. E embora eu nunca tenha entendido antes, agora entendo.
Porque se eu posso sentir isso fortemente sobre Jase depois de apenas um
fim de semana, não consigo imaginar como minha mãe se sentiu depois de
estar com meu pai por meses.

Uma hora mais tarde, Jase enxuga o braço de George e lhe entrega um
pequeno espelho. Lágrimas vazam de seus olhos quando ele balança a
cabeça lentamente. — Obrigado, — ele sussurra. Jase faz o mesmo discurso
que ele fez com seu outro cliente sobre como cuidar da tatuagem. Quando
ele termina, George se vira para mim com um sorriso triste e diz: — Eu
vejo o jeito que vocês dois se olham. Isso me lembra da maneira como
minha Melinda e eu costumávamos olhar uma para o outro. — E com uma
piscadela, ele se levanta e sai da sala.

O resto do dia continua do mesmo jeito – embora, felizmente, não


seja tão emocional. Todos os tipos de pessoas entram e saem da loja para
serem tatuados. Alguns têm histórias profundas, outros querem apenas algo
divertido, legal ou bonito.

Eu posso ver porque Jase tem a agenda tão cheia. Ele trata cada
tatuagem como se fosse uma obra-prima. Não importa se é uma simples
borboleta ou um pedaço de lembrança, ele dá a cada pessoa cem por cento
dele. Ele faz com que elas se sintam como se o que estão sendo tatuados
não fosse apenas tinta, mas sim um pedaço deles, e por extensão, uma fatia
dele.

A hora do almoço chega e Jase pede comida para nós. Ele faz a pausa
para o almoço e passamos a hora nos beijando, conversando, comendo e
rindo. Não me lembro de uma época em que me senti tão feliz.

Quando meu telefone toca, vejo que é Nick. Já são cinco horas e ele
está perguntando onde ele deveria me pegar. Eu o respondo para me pegar
perto do cinema. Fica a apenas alguns quarteirões de distância e ele não vai
duvidar que eu estava aqui.

— Tudo bem? — Jase pergunta. Eu olho para cima e percebo que seu
último cliente saiu.

— Sim, mas eu tenho que ir. — Franzo a testa. — Eu prometi a Nick


que sairia com ele.

— Tudo bem. Te vejo mais tarde?

Meu coração dá um pulo com sua pergunta. Ele quer me ver mais
tarde. — Sim. — Eu aceno. — Eu não tenho certeza do quão tarde eu vou
estar livre, mas você definitivamente me verá mais tarde.

— Bom. — Ele me dá um beijo ardente de despedida, e eu saio para


encontrar Nick. Ele está esperando por mim no cinema onde nós
combinamos e, felizmente, não faz nenhuma pergunta.

Nós vamos direto para o shopping, onde ele me ajuda a escolher meu
primeiro conjunto de malas Louis Vuitton – um presente de sua família para
minha formatura – bem como algumas roupas novas e produtos de higiene
pessoal que eu vou precisar assim que estiver lá.

Quando terminamos de fazer compras, vamos jantar e, depois, Nick


me deixa em casa. Eu troco rapidamente minhas roupas e faço uma mala.
Como minha mãe não está em casa, deixo uma nota dizendo que estou
passando a noite na casa de um amigo e, em seguida, vou de táxi até a casa
de Jase. Quando chego, ele já está em casa do trabalho e me cumprimenta
na porta com um beijo.
Os próximos dias continuam da mesma maneira. Durante o dia,
enquanto Jase está no trabalho, eu saio com Nick – ele me faz companhia
enquanto eu faço as malas para Nova York, nós almoçamos com Killian no
campus desde que ele está terminando a última de suas provas finais, e eu
me junto a ele na academia, já que ele insiste em treinar, mesmo estando de
folga.

Minhas noites são passadas com Jase. Nós ficamos com seu irmão e
irmã apenas o tempo suficiente para não ser rude – geralmente pedindo um
delivery para o jantar – e depois vamos para a cama, onde passamos o resto
da nossa noite nos beijando, nos abraçando e fazendo amor.

Agora é o dia do meu ensaio de graduação e meu tempo acabou.


Passei a manhã inteira com Jase na cama porque a primeira sessão dele só
será de tarde. Assim como todas as manhãs antes de ele sair para o trabalho,
ele se inclina para me beijar e pergunta: — Te vejo mais tarde? — Mas ao
contrário de todas as manhãs quando digo que sim, não posso dizer isso.
Porque hoje à noite depois do meu ensaio, eu tenho um jantar em família
com a família de Nick e minha mãe, e amanhã de manhã é minha
formatura.

Eu abro minha boca para explicar tudo para ele, mas não posso fazer
isso. Há uma boa chance de ele ficar chateado por eu ter mentido. Amanhã.
Eu vou contar a ele amanhã. Uma vez que eu oficialmente tiver me
formado. Nós nos sentaremos e serei honesta com ele. Mas então o que? Eu
me pergunto. Ele adora o seu trabalho. Ele tem uma vida inteira aqui. Ele
não vai me seguir até Nova York. Eu sacudo os pensamentos da minha
cabeça. Nós vamos resolver isso.
— Celeste? — Ele diz meu nome, chamando minha atenção. — Te
vejo mais tarde? — Ele repete.

— Não. — Eu balanço minha cabeça. — Eu tenho uma coisa de


família que tenho que fazer hoje e amanhã. Que tal amanhã à noite? Eu
posso vir depois que você sair do trabalho.

Jase parece que quer pedir detalhes, mas em vez disso acena. — OK.
Amanhã à noite.

Puxando-o para baixo ao meu nível, envolvo meus braços em volta do


seu pescoço e o beijo forte. Eu não sei porquê, mas parece que preciso de
alguma forma transmitir todos os sentimentos que tenho para ele nesse
beijo. Então, quando eu lhe contar a verdade amanhã à noite, ele será
compreensivo.

Quando nosso beijo termina, nos despedimos e Jase sai para o


trabalho. Depois que eu tomo banho e me visto, mando uma mensagem
para Nick para ver se ele pode me levar até a NCU para o meu ensaio, já
que me custará uma fortuna pegar um táxi até lá. Ele, claro, diz sim.

Já que o teatro é longe demais, e eu não quero incomodar Quinn para


me levar, eu o faço me buscar na loja da esquina em torno do quarteirão da
casa de Jase, usando a desculpa de que passei a noite na casa de uma amiga.
Eu não tenho certeza se Nick compra, mas ele pelo menos não questiona.
Eu não estou nem a um quarteirão do apartamento de Jase e meu coração e
corpo já estão sentindo sua falta.

♥♥♥
Chegamos à NCU e seguimos direto para o auditório onde a
formatura está sendo realizada. Os professores e administradores nos
orientam sobre como tudo vai ser amanhã. Quando minha fila é acionada,
atravesso o palco, junto com todos os outros da fila. É só o ensaio, mas por
alguma razão tudo me atinge com força.

Amanhã, eu devo me formar, e então devo entrar em um avião e voar


a oitocentos quilômetros de distância de Jase. Isso não deveria acontecer.
Eu não deveria me apaixonar em uma maldita semana antes de sair. Inferno,
eu não deveria me apaixonar de jeito nenhum. Eu tenho um sonho, um
objetivo. Eu tenho uma visão de como meu futuro deve ser desde que eu era
criança. E em nenhum lugar nesse futuro, eu deveria me apaixonar por Jase.

— O que está acontecendo? — Nick pergunta quando vira na rua de


seus pais.

— Nada.

— Não minta para mim, por favor. Eu te conheço a sua vida inteira.
Algo está acontecendo com você. É como se você estivesse perdida ou algo
assim...

— Perdida?

— Eu não sei… não consigo explicar. Algo está errado com você. —
Ele não vai deixar isso passar, e ele, de todas as pessoas, merece saber o que
está acontecendo comigo.

— Eu acho que não quero ir para Nova York, —deixo escapar. A


cabeça de Nick se vira para olhar para mim. O carro gira um pouco, mas ele
rapidamente se endireita.

— O que está acontecendo? Você está assustada? Você sabe que


Killian também estará em Nova York. Ele está saindo logo após o último
exame.

— Killian me odeia e não, eu não estou com medo.

— Então o que é? — Nick estaciona o carro, mas não sai. — Isso é o


que você queria a vida inteira. Fale comigo.

— Eu não sei o que está acontecendo comigo. — E essa é a verdade.


Nick está certo. Eu queria ser modelo minha vida inteira. Estou tendo a
oportunidade de uma vida. Não posso simplesmente desistir por um cara
que eu só conheço há uma semana. Mas talvez quando eu falar com ele,
possamos resolver isso. Talvez ele esteja disposto a fazer um
relacionamento à distância ou estará disposto a se mudar comigo. Eu
preciso falar com ele. Não vou saber nada até contar a verdade a Jase.

— Celeste, você vai se sair incrível. Você sempre é. Todos os


anúncios de modelagem em que você esteve ao longo dos anos…

— Aqueles não eram nada, — eu disse a ele. Elas eram apenas fotos
locais para lojas de departamento. Eles colocaram algum dinheiro no banco
para que eu pudesse ajudar minha mãe.

— Toda peça e musical, — continua ele. — Tudo que você faz, você
se supera. Você vai tomar Nova York e o mundo da modelagem como um
trator. Ok? — Ele sorri para mim.

Eu aceno uma vez, incapaz de falar. Significa o mundo para mim que
Nick acredita em mim. Eu não posso decepcioná-lo. Ele colocou sua cara à
tapa, pedindo esta oportunidade para mim. Eu tenho que ir. Este é meu
futuro.

— Você vai conseguir, — diz ele com convicção. — E você sabe que
estou sempre aqui para você, certo? Não importa se estou a centenas de
quilômetros de distância. Estou aqui.

— Obrigada. — Nick me puxa para um abraço, e as lágrimas caem.

No minuto em que entramos pela porta, Victoria nos diz que o jantar
está sendo servido. Nós sentamos à mesa de jantar e conversamos enquanto
todos nós comemos.

Quando minha mãe está perto da Victoria, são as únicas vezes que ela
tenta se limpar e ficar sóbria. Ela está vestida com uma calça jeans e um
suéter azul. Seu cabelo castanho está escovado e endireitado, e sua
maquiagem está bem feita. Ela também não parece chapada ou bêbada.
Quando minha mãe está limpa, ela é linda.

— Você está animada para Nova York? — Victoria pergunta enquanto


toma seu café, e cada um de nós tem uma fatia de torta de maçã para a
sobremesa.

— Nova York? — Minha mãe pergunta, confusa.

— Você não disse a ela? — Victoria repreende. Eu estava querendo,


mas desde que eu descobri, tenho estado com Jase ou Nick todos os dias. E
quando parei em casa, ela não estava lá. Parece que ficamos nos
desencontrando.

— Nicholas conseguiu um estágio em Nova York com a Elite


Modeling. Ela está saindo daqui a alguns dias.
Os olhos da minha mãe saem de Victoria para mim. — Uau, então
você está indo embora. — Não é uma pergunta. Ela sabe que eu estou. Só
que não tenho mais tanta certeza. Antes dessa última semana, eu não tinha
dúvidas sobre entrar no avião e nunca olhar para trás. É loucura a rapidez
com que as prioridades de uma pessoa podem mudar.

— Sim, — eu admito suavemente, — estou indo embora.

— Parabéns, menina bonita. Estou muito feliz por você. — Mamãe


me dá um sorriso raro e genuíno, e isso me faz sentir pior por sequer pensar
em não ir. Por mais que eu me importe com Jase, tenho que ir para Nova
York. A única maneira que eu posso um dia cuidar da minha mãe, cuidar de
mim mesma, é indo.

— Obrigada, — eu digo, forçando um sorriso em meus lábios.

Depois de alguns momentos de silêncio desconfortável, Victoria pede


licença para nós duas sairmos da mesa para que possamos repassar os
detalhes de última hora para a comemoração que acontecerá depois da
minha formatura amanhã.

Metade da turma do último ano está convidada, embora eu mal fale


com nenhum deles. Eles ouviram que a festa estava sendo organizada pela
família de Nick Shaw e, claro, aceitaram o convite.

O pai de Nick, Henry, nos acena. — Bom, eu preciso falar com Nick
sobre algumas coisas de contrato de qualquer maneira. — Henry Shaw é um
conhecido agente esportivo, e é dono de uma agência aqui na Carolina do
Norte. Ele também é agente do Nick.

Depois de Victoria e minha mãe terem repassado tudo duas vezes,


minha mãe dá um abraço em Victoria e agradece a ela. — Isso é muito
gentil da sua parte.

— Claro! —, Victoria sorri. — Você sabe que Celeste é como uma


filha para mim. — Ela me dá um abraço. — Bem, até amanhã.

— Você não esteve em casa nesses dias, — diz minha mãe enquanto
nos dirigimos para a porta da frente. Nick e seu pai pararam de falar, e Nick
está me dando um olhar curioso enquanto se levanta e caminha para se
despedir.

Todos os dias que nós saímos, ele me deixou na minha casa. — Você
vai voltar para casa hoje à noite? — Minha mãe nunca perguntou quando eu
vou estar em casa. Acho que sabendo que estou saindo em poucos dias, ela
de repente sentiu vontade em passar um tempo comigo antes de eu ir.
Mesmo que não tenha dito, acho que nós duas sabemos que uma vez que eu
deixar esta cidade, as chances de eu voltar são escassas.

— Sim, — digo a ela, ignorando o olhar de Nick. — Eu vou voltar


com você.

A viagem de 10 minutos para casa é tranquila. Quando chegamos ao


trailer, dois motoqueiros passam e a cabeça da minha mãe se vira. Ela faz
isso a qualquer momento que uma moto passa. Ela checa para ter certeza de
que não é meu pai. Ela tem feito isso a minha vida inteira.

— Você só esteve com meu pai por alguns meses, certo?

Ela olha para mim atordoada. Eu nunca pergunto sobre ele. — Sim,
dois meses e meio. — Ela sorri tristemente. — Mas eu sabia que o amava
no minuto em que o conheci.

— Como você sabia?


— Foi o jeito como ele sorriu para mim. Como, mesmo sem me
conhecer, eu já fosse o seu mundo inteiro. — Uma única lágrima rola pela
sua bochecha. — Eu sei que parece loucura, Celeste. — Mais lágrimas
caem. — Tentei seguir em frente algumas vezes… quando você era mais
jovem. Eu simplesmente não consegui. — Ela balança a cabeça. — Meu
coração simplesmente não pode soltar ele.

— Mas e se ele seguiu em frente?

— Eu não acredito nisso. Ele me amou com todo o seu coração. Não
sei por que ele nunca voltou, mas me recuso a acreditar que é porque ele
encontrou outra pessoa.

— Eu acho que... eu me apaixonei, — admito em voz alta para a


minha mãe.

— Oh, querida, — minha mãe fala. — Qual o nome dele? Posso


conhecê-lo?

— Seu nome é Jase e eu não sei. Estou saindo daqui a alguns dias
para Nova York. É como o pior momento de sempre. E além disso, eu menti
para ele... bem, meio que menti. Ele acha que eu estou na faculdade e sou
mais velha do que sou. — Deixo de fora a parte que ele também não tem
ideia de que eu moro em um estacionamento de trailers decadente do outro
lado dos trilhos. — E ele não tem ideia de que eu vou me mudar em breve.
Duvido que ele até me perdoe por não ser honesta.

Minha mãe pega minha mão e minha garganta bloqueia com emoção.
Ao longo dos anos, eu sonhei em ter uma conversa entre mãe e filha sobre
garotos e, quando finalmente estamos fazendo isso, é sobre um garoto que
vou ter que me afastar, enquanto também me afasto da minha mãe.
— Você precisa falar com ele, Celeste. Encontre-o e conte-lhe tudo.
Se ele te ama, ele vai te perdoar. Ele vai colocar toda essa merda de lado e
se concentrar no que importa. Se é amor verdadeiro, vocês encontrarão uma
maneira de ficar juntos. Todos os dias eu gostaria de ter falado com Snake
antes de ele sair. Eu gostaria de ter conseguido mais informações, para
poder procurá-lo. Não viva com arrependimentos.

— Odeio que você esteja com o coração partido, mãe, — eu admito.


— Eu quero mais para você. Que você se apaixone novamente ou que você
consiga seguir em frente. Venha para Nova York comigo, — eu imploro.

Minha mãe me dá um sorriso suave. — Eu não posso fazer isso,


menina bonita. Nova York é o seu sonho. Eu preciso ficar bem aqui. Eu
tenho que acreditar que um dia Snake voltará.

— Já faz dezoito anos, — indico.

— Eu sei. — Ela suspira. — Eu sei que sou idiota em pensar que


talvez um dia ele volte, mas não consigo parar de esperar. O coração não
pode controlar quem ele ama. Eu amo Snake e não posso simplesmente
parar. Agora, encontre esse menino e fale com ele. Você pode levar meu
carro. Siga seu coração, linda garota.

— Ok, obrigada. — Eu me inclino e dou um abraço em minha mãe.


Odeio que ela tenha ficado presa no mesmo lugar pelas últimas duas
décadas. Odeio que o amor fez isso com ela. É a razão pela qual eu nunca
quis me apaixonar, mas de alguma forma isso me pegou assim mesmo. Ela
está certa. Eu preciso falar com Jase. Preciso seguir meu coração. Eu não
posso acabar como a minha mãe – sempre me perguntando se.
Eu paro no complexo de apartamentos de Jase e estaciono o carro da
minha mãe. Subo as escadas e bato na porta. Quando ninguém atende,
verifico a hora no meu celular. Já passa das dez horas. Talvez eles estejam
dormindo.

Lembrando que há uma chave embaixo do tapete que Jase havia dito
que eu poderia usar, eu a pego e destranco a porta. O apartamento está
quieto, e me pergunto se talvez eu deveria ter ligado primeiro.

Minha necessidade de falar com ele vence e eu sigo pelo corredor até
o quarto dele. Posso ouvir o chuveiro ligado do lado de fora da porta. Um
sorriso se forma nos meus lábios. Eu posso me juntar e conversar com ele.
Mas quando abro a porta, me juntar a ele é a última coisa em minha mente.
Porque deitada em sua cama está Amaya. Seu cabelo vermelho flamejante
está espalhado pelo travesseiro. E ela está nua.

Meu coração parece que acabou de ser arrancado do meu peito. A


porta do banheiro se abre e Jase sai em nada além de uma toalha em volta
da cintura – seu foco total em Amaya. Por causa da localização das portas,
ele não consegue me ver parada aqui. Ele não pode ver meu coração se
partindo em um milhão de pedaços.

Eu quero gritar com ele por ter me manipulado, me fazendo acreditar


que éramos algo mais. Eu quero gritar com ele por foder sua melhor amiga
apenas algumas horas depois de fazer amor comigo. Eu quero amaldiçoá-lo
por não estar apaixonado do que jeito que estou por ele. Mas eu não faço
nada disso. Segui meu coração e aqui foi onde isso me levou. Realidade.
Batendo na minha cara. Eu fui estúpida em considerar por um segundo que
deveria escolher um homem sobre o meu futuro. De que eu deveria ouvir o
meu coração em vez da minha cabeça.
Vejo quando Jase puxa gentilmente o cobertor sobre o corpo nu de
Amaya, e então empurra vários fios de cabelo para fora do seu rosto.
Incapaz de estar aqui por mais um segundo, eu me afasto da porta e corro
para longe o mais rápido que meus pés podem me carregar. Eu tranco a
porta atrás de mim e coloco a chave de volta sob o tapete.

Eu volto para minha casa. Minha mãe já está dormindo e eu não a


acordo. Em vez disso, chamo um táxi e escrevo uma nota de desculpas.
Porque amanhã quando ela acordar, eu não estarei aqui. Não na minha
formatura ou na comemoração. Eu estarei em Nova York. Mas meu coração
ainda estará em pedaços do lado de fora da porta do quarto de Jase. Porque
como minha mãe disse: Você não pode controlar quem seu coração ama. E
meu coração idiota ama um homem que não me ama de volta.
CINCO

Celeste

Presente

— Se eu ganhar muito mais peso antes deste casamento, vou ter que
comprar um vestido novo. — Olivia acaricia sua barriga crescente e ri. —
Eu não sei o quanto mais a costureira pode esticar o tecido.

Acabamos de terminar o jantar e estamos indo para o manobrista para


que eles possam trazer o carro de Olivia. Nos últimos meses, jantares
semanais, de alguma forma, tornaram-se comum.

De início, foi difícil aceitar a amizade de Olivia e Giselle. Eu nunca


fui o tipo de garota que tem amigos – além de Nick –, mas essas duas
mulheres cresceram em mim, e agora, eu realmente me vejo ansiosa para
nos encontrarmos.

— É porque você está tendo uma menina, — diz Giselle. — Elas


ficam para cima, fazendo você parecer mais gorda.

— Espere. — Eu paro no meio da calçada. — Você não me disse que


está tendo uma garota. Então ela finalmente cooperou?

Olivia cora. — Sim! Ela abriu as pernas durante o ultrassom! — Ela


ri. — Nós na verdade acabamos de descobrir ontem. Estávamos planejando
anunciar no brunch neste fim de semana.
— Meus parabéns! — Eu dou um abraço em Olivia. — Ela vai ser a
menininha mais mimada que já andou nesta terra. Como Nick está lidando
com essa notícia?

— Ele está em pânico, — diz ela, entregando ao manobrista o ticket.


— Ter um menino é uma coisa. Uma garota é aparentemente uma outra
história. Ele já está planejando todas as maneiras de mantê-la trancada
assim que ela se tornar adolescente.

Eu rio disso. — Isso não me surpreende. Ele provavelmente está


pensando em todas as mulheres com quem dormiu em sua juventude. — Eu
recuo no segundo em que as palavras saem da minha boca, e Giselle
gargalha. Eu obviamente ainda estou me acostumando com essa coisa toda
de amizade. — Merda! O que eu quis dizer foi... bem... quero dizer...

Olivia ri, mais uma vez provando como ela é compreensiva e doce. —
Eu sei o que você quis dizer. E você não está errada.

— Você também sabe o sexo do seu bebê? — Eu pergunto a Giselle,


dando a ela um olhar de não minta para mim.

— Eu sei, — ela vibra. — Nós também estamos tendo uma menina.

— Oh meu Deus! — Eu dou-lhe um abraço. — Eu vou precisar fazer


uma linha de roupas de bebê só para mimá-las!

Nós três estamos rindo quando Olivia diz: — Ei, aquele não é o Jase?
— Meus olhos seguem sua linha de visão, e com certeza, Jase está parado
na calçada chamando um táxi.

Minha mente volta a alguns meses atrás quando eu o encontrei no dia


do aniversário de Giselle na loja de tatuagens. Nunca em um milhão de
anos imaginei que eu o veria novamente, muito menos na mesma cidade em
que estou morando.

Faz mais de uma década desde a última vez que o vi. Desde que vi
Amaya em sua cama e ele em nada além de uma toalha. Eu gostaria de
poder dizer que os anos foram ruins para ele, mas isso seria uma mentira.
Jase parece quase o mesmo que era em todos aqueles anos atrás. A principal
diferença é que ele agora se parece menos com um garoto e mais com um
homem.

Ele está encorpado, seus músculos agora mais definidos. Sua pele tem
várias novas tatuagens e seu rosto parece mais duro. Não menos bonito.
Apenas mais cauteloso.

Eu fiquei no meio da loja de tatuagens, congelada no lugar, enquanto


Quinn falava com Killian, que ela aparentemente conhece porque ele faz
todo o trabalho dele lá. E, depois Jase falou. Ele fez contato visual comigo e
perguntou se eu iria fazer uma tatuagem... como se tivesse escapado
completamente da sua mente que mais de dez anos atrás ele roubou meu
coração e depois o destruiu.

— Você vai finalmente me deixar marcar essa sua pele perfeita? —


Seu dedo corre pelo meu braço, e eu visivelmente estremeço ao seu toque.
Sua voz, um pouco mais profunda do que todos aqueles anos atrás, mas não
menos suave e cativante. E então eu lembro como foi a mesma voz suave
que fez eu me apaixonar por ele. Só para ter o meu coração quebrado logo
depois.

— Não me toque, — eu estalo, finalmente, ganhando a minha


compostura.
Giselle e Olivia perguntam se estou bem, ambas preocupadas com a
maneira como estou agindo de repente. Olivia até sugere para nós irmos
para outro lugar. Então Nick fala, apresentando Olivia para Jase.

— Prazer em conhecê-la, — diz Jase. — Eu ouvi muito sobre você. —


Todos esses anos, Nick e Jase mantiveram contato? Nick nunca mencionou
ele nem uma vez.

Nick explica que eles jogaram juntos no colegial e no colégio.

— Você foi à escola com eles? — Giselle me pergunta.

— Não, eu fui para a escola pública, — digo a ela, tentando me


recompor. Meu coração está batendo rapidamente. É difícil respirar. Eu
não posso acreditar que estou aqui com ele agora. Esta é a loja dele? Ele é
dono do Forbidden Ink? Quão irônico é que, no final, acabamos morando
na mesma cidade?

— Você o conheceu na festa que eu te levei, certo? — Nick pergunta,


me sacudindo dos meus pensamentos. — Eu esqueci disso. Vocês dois...
conhecem um ao outro? — Seus olhos voam entre Jase e eu. Eu nunca
contei ao Nick sobre Jase. Quando eu não apareci na minha formatura,
Nick me ligou e eu disse a ele que precisava ir. Eu estava pronta para
começar minha nova vida e não queria esperar outro segundo. Minha mãe
e Victoria ficaram chateadas, mas eventualmente superaram isso. Desde
aquele dia, ninguém sabe porque parti mais cedo.

— Sim, eu lembro, —admito para Nick, — mas eu não o conheço. —


Mesmo para os meus próprios ouvidos pareço uma mulher desprezada. Eu
preciso me recompor. Eu não sou aquela mulher. Jase me fez um favor
naquela noite. Eu deveria estar agradecendo a ele. Ele me lembrou que o
amor nada mais é do que uma emoção desperdiçada.

Por causa de sua imprudência, saí do avião em Nova York cem vezes
mais motivada para fazer algo para mim. Eu nunca me tornaria minha
mãe: uma mulher de coração partido ansiando por um cara que claramente
nunca a amara do jeito que ela o amava. Eu sou mais forte e mais sabia
por causa de Jase.

Quinn zomba. — Oh, essa é boa! O que há de errado? Meu irmão


não é digno de suas memórias? Você bloqueou tudo o que aconteceu antes
de você sair correndo com sua bunda para Nova York? O que você está
mesmo fazendo se rebaixando aqui no East Village? É uma viagem distante
do Upper East Side.

— Você sabe o quê, — paro em frente ao rosto de Quinn. Ela não tem
ideia do que realmente aconteceu — eu não preciso ouvir essa merda de
você. Eu não sabia que vocês trabalhavam aqui, e se eu soubesse, eu nunca
teria vindo.

— Bem, agora você sabe. E para sua informação meus irmãos não
apenas trabalham aqui... eles são donos do lugar. Não deixe a porta bater
em você no caminho, — Quinn diz antes de virar as costas para mim. Eu
considero contar sobre o irmão dela. Dizer a ela que ele é a razão pela
qual eu corri para Nova York, mas não vou fazer isso. Por um lado, admitir
que ele me traiu vai abrir uma lata de vermes que eu não estou preparada
para lidar. E depois, eu não devo a ninguém uma explicação.

Quando estou prestes a sair, Jax aparece, apresentando-se a todos. —


Celeste, é bom te ver de novo, — diz ele, dando-me um sorriso gentil. —
Embora, com aqueles outdoors de você por toda Nova York, sinto que te
vejo todos os dias. — Ele pisca alegremente, e eu não posso deixar de
sorrir de volta para ele.

— Ótimo, se todos nós terminamos esta reunião, que tal descobrir


quem está sendo tatuado? — Jase diz, parecendo irritado. Eu quero
agarrar o idiota traidor. Porque foda-se ele!

— Eu quero o cara legal, — diz Giselle, apontando para Jax. — É


meu aniversário. Liv, você pode pegar o irritado. — Todos riem e Jase dá
um pequeno sorriso. Um que faz as borboletas na minha barriga
tremularem. Maldito seja ele por me dar borboletas. Ele é um traidor, eu
lembro ao meu coração e cabeça.

— Eu posso ser o mais irritado, mas ainda sou o melhor artista. Não
é verdade, Covinha?

Ele olha em minha direção, e eu atiro adagas para ele. Como ousa
usar o apelido que ele me deu. Ele perdeu o direito de usar esse nome
quando escolheu foder outra mulher.

— Besteira! — Jax ri. — Sou mais velho, mais sábio e um artista


melhor.

— Nah. — Jase gargalha. — Apenas mais velho. — Ele me dá outro


olhar, e eu sei que preciso sair daqui. Meu corpo e meu coração não estão
aceitando o que minha cabeça sabe. Jase é ruim para mim. Ele é um
mentiroso, trapaceiro, idiota.

— Eu realmente preciso ir, — eu anuncio, me voltando para a porta.


Dou um abraço em Giselle e desejo-lhe um feliz aniversário. Olivia tenta
me impedir, mas eu digo a ela que tenho uma reunião matinal e prometo
que vamos almoçar essa semana.
Então dou um abraço rápido em Jax. Não sei porquê. Eu acho que
talvez seja porque ele é a única pessoa em sua família que não está agindo
como se eu estivesse errada. — Foi bom ver você Jax, — digo a ele antes
de sair correndo pela porta. Nick, claro, segue atrás de mim, exigindo
saber o que está acontecendo.

— Estou apenas chateada porque não sabia que Jase trabalha aqui!

Nick me dá um olhar confuso. — Você acabou de dizer que não o


conhece, então por que você se importaria com o local onde ele trabalha?
— Ele está certo. Eu sei que ele está.

Estou sendo ridícula e agindo desproporcionalmente. Sei que estou.


Mas não posso evitar. Toda emoção, todo sentimento doloroso que eu
trabalhei para enterrar está sendo desenterrado, e eu não posso evitar que
isso aconteça. Para cada pá que eu jogo de novo na sepultura, mais duas
estão voando e pousando em meus pés.

— Nós... — A necessidade em me confidenciar para Nick é tão forte,


mas não posso fazê-lo. Significaria admitir que fui contra tudo em que
acreditava e me apaixonei. Significaria admitir que Jase partiu meu
coração. Estou muito irritada. Eu só preciso sair daqui. Felizmente, um
táxi para. — Eu preciso ir, — eu digo a ele, correndo para entrar no táxi e
fugir antes que ele possa descobrir a minha mentira evidente.

Pensando naquela noite no Forbidden Ink, um pensamento surge no


fundo da minha mente. Eu não juntei as peças antes. Eu estava muito
chateada. Mas agora, a maneira como Jase está agindo... tudo faz sentido.
Ele não tem ideia de que eu sei que ele me enganou. Quero dizer, como ele
poderia saber? Saí do apartamento dele sem ele saber que eu estive lá.
Troquei a passagem que Nick me comprou como presente de formatura e
peguei o próximo voo, sem olhar para trás. Ele provavelmente acha que eu
fui para Nova York sem me despedir.

— É o Jase, — diz Olivia, respondendo a sua própria pergunta. E ela


está certa, é na verdade Jase Crawford, parado na beira da calçada,
acenando com a mão no ar enquanto tenta pegar um táxi. Com a lembrança
do que ele fez para mim ainda fresca em minha mente, eu vou até ele. Já é
tempo que ele saiba que estou ciente do que ele fez comigo todos esses anos
atrás.

— Hey! — Eu grito sobre as buzinas estridentes e as pessoas


conversando na calçada movimentada. — Jase! — Eu grito para chamar sua
atenção. Ele vira a cabeça para mim, enquanto um sorriso pequeno surge
em seus lábios. Meu único pensamento é que vou arrancar aquele maldito
sorriso no rosto dele. Esta conversa está anos atrasada.

— Oh meu Deus! Papai! É Celeste Leblanc! — Uma pequena voz


grita. Eu olho para baixo e, pela primeira vez, noto que Jase está de mãos
dadas com uma menina. Por causa de seu tamanho, ela estava sendo
bloqueada por seu corpo. Ela sorri largamente e, soltando a mão de Jase,
passa na minha frente. — Eu sou seriamente sua maior fã! — Seus olhos de
esmeralda brilham de felicidade. — Você... você conhece o meu pai? — Ela
aponta para Jase enquanto eu finalmente absorvo suas palavras.

Papai. Ela chamou Jase de papai. Ele é o pai dela. Escaneio meus
olhos sobre ela, absorvendo suas feições: cabelo vermelho flamejante.
Olhos verdes. Já faz mais de dez anos desde que eu vi ela, mas eu nunca
vou esquecer como eram seus olhos e cabelos.

A garota em pé na minha frente é a filha de Amaya. Não, correção,


ela é filha de Amaya e Jase. Enquanto ela tem os olhos e o cabelo de sua
mãe, ela é naturalmente bronzeada como Jase. Ela está vestida com uma
camiseta vermelha adorável que mostra apenas uma sugestão de sua barriga
e jeans skinny preto com rasgos nos joelhos, e ela está usando um par de...
essas são botas de chuva Burberry?

— Olá? — Ela inclina a cabeça para o lado. — Você é Celeste


Leblanc, certo?

Meu nome sai de sua boca me chamando a atenção. — Sim, eu sou


Celeste. — Eu tento o melhor sorriso que posso.

— Você conhece meu pai? — Ela repete.

— Eu... — Tento não olhar para Jase. — Eu conheço seu pai.

— Oh meu Deus! — Ela grita novamente, e eu me forço a não recuar.


De vez em quando, me deparo com alguma universitária pedindo um
autógrafo, mas ainda não fui reconhecida por alguém mais novo assim.
Minhas roupas, joias e linhas de maquiagem são voltadas principalmente
para mulheres com vinte e tantos anos – as empresárias e mulheres ricas
que podem pagar o preço que vem com a minha marca.

— Eu sou literalmente sua maior fã. — Seus olhos brilham e, por um


segundo, esqueço com quem ela está. — Quando eu crescer, quero ser como
você. Eu quero ser uma modelo e viajar por todo o mundo. Eu assisti todos
os episódios do America's Elite Model, — ela jorra.

No ano passado, participei de um show de alta visibilidade, no qual


dezenas de mulheres competiram para conseguir um contrato de
modelagem com a Elite – a mesma empresa de modelagem que me deu o
começo de carreira quando eu tinha dezoito anos. Também foi dada a
vencedora uma posição na minha linha de roupas lançada há alguns meses
em Paris.

— Obrigada. — Quando a olho mais de perto, noto que ela está


maquiada e está feito lindamente. Eu me pergunto se a mãe dela fez essa
maquiagem, e meu coração cai com o pensamento quando me lembro quem
ela é – a quem ela pertence. De repente eu quero ficar o mais longe possível
da maneira mais humana possível, mas em vez disso respiro fundo. Não é
culpa dela quem são seus pais.

— Meu nome é Skyla. — Ela estende a pequena mão para apertar a


minha. Ela já é um pouco alta – pernas bem compridas – então não posso
dizer quantos anos ela tem, mas ela age mais como uma jovem adulta do
que como uma criança.

Se eu tivesse que adivinhar, diria que ela parece ter uns doze anos...
talvez treze anos de idade. Eu faço as contas na minha cabeça. Jase sabia
que ele tinha uma filha e não me contou? Eu pego a mão dela na minha e é
então que noto que minhas mãos estão tremendo. — Eu poderia... ter seu
autógrafo? — Ela pergunta, de repente tímida.

— Claro, — eu digo, pegando minha mão de volta. — Você tem algo


para eu escrever? — Ela olha para o pai, e meus olhos se cruzam
novamente com os dele. Ele está congelado no lugar. Ele provavelmente
nunca imaginou que as duas partes separadas de seu passado um dia
colidiriam. Nós só ficamos juntos por um curto período de tempo. Duvido
que ele tenha pensado em mim ao longo dos anos. Eu provavelmente não
era nada além de um pontinho em seu radar. Uma semana de foda. Embora
ele se lembrasse do apelido que ele me deu...
Aturdida, começo a remexer na minha bolsa para encontrar alguma
caneta ou algo para escrever quando uma mão bate no meu ombro. Eu olho
e Giselle está me entregando um guardanapo. Ela sorri baixinho e eu
silenciosamente lhe agradeço. Quando olho de novo para Skyla, ela também
tem algo na mão.

— É meu bloco de desenho. Eu quero desenhar roupas um dia, como


você. Você pode assinar este? — Oh, a ironia dessa situação. Eu pego o
livro dela e abro. A primeira página é um esboço de um lindo vestido de
baile. Os detalhes são intrincados e perfeitos, parece algo que um artista
desenharia.

— Você desenhou isso? — Pergunto com admiração, enquanto


continuo a folhear as páginas de desenhos requintados, cada um mais bonito
que o anterior.

— Sim. — Eu olho de volta para ela e ela está radiante de orgulho.

— Eles são incríveis. Continue assim e um dia todo mundo estará


usando seus designs.

O sorriso de Skyla se ilumina ainda mais, se é que isso é possível. —


Obrigada. — Ela me entrega uma caneta.

Eu assino o meu nome na capa interna com algumas palavras de


sabedoria, depois entrego de volta para ela. Ela abre e lê o que eu escrevo.
Quando ela faz contato visual comigo, ela franze a testa, e eu me preocupo
se o que escrevi não foi a coisa certa. Eu nunca assinei nada para uma
garota tão jovem antes, então simplesmente escrevi para sempre seguir seus
sonhos.
— Você poderia assinar algo para a minha mãe também? — Ela
pergunta suavemente. — Eu gostaria que ela estivesse aqui para conhecê-la.

— Umm... claro, — eu digo, tentando e falhando em manter minha


voz leve. Eu posso sentir os olhos de todos em mim, especialmente os de
Jase, mas não tenho chance de olhar em qualquer lugar, a não ser para
Skyla. Se eu olhar para o Jase, talvez eu simplesmente posso perder a
compostura. Ele ainda não sabe que eu o vi com Amaya. Usando o
guardanapo que Giselle me deu, eu assino meu nome.

— Você pode assinar para Amaya? Esse é o nome dela.

— Claro. — Eu escrevo o nome dela, em seguida, entrego a ela.


Quando o guardanapo passa da minha mão para a dela, cometo o erro de
olhar para Jase. E fico chocada ao descobrir que ele está me encarando.
Encarando! Como se eu fosse a culpada aqui. Pelo amor do Senhor! Ele é
muito sortudo por sua filha estar aqui ou eu lhe diria algumas verdades.

— Foi um prazer te conhecer, — digo a Skyla, e com um último


sorriso falso, eu me viro para ir embora. Giselle e Olivia estão me
encarando. Passo por elas e posso senti-las nos meus calcanhares. Eu nem
preciso olhar para trás para saber que elas estão morrendo de vontade de me
fazer perguntas. — Não agora, — eu digo quando voltamos para o
restaurante.

Felizmente, o manobrista traz o carro de Olivia e abre a porta,


forçando-as a entrar. Eu digo a elas que vou vê-las amanhã e então vou
embora. Só que, em vez de pegar um táxi para casa, decido andar para
limpar a cabeça. São apenas alguns quarteirões de distância.
Amanhã à noite é a festa de despedida de solteiro. Seria difícil o
bastante saber que Jase poderia estar lá. Mas agora que eu sei que ele ainda
está com Amaya e eles compartilham uma criança, possivelmente uma que
ele tinha enquanto estava saindo comigo – eu sou forte, mas eu não sei se
sou forte o suficiente para enfrentar isso. Amaya estará lá? Nick e Olivia
nunca mencionaram ela. Eu teria lembrado o nome dela sendo dito. Talvez
eles não estejam mais juntos.

Assim que volto para casa, tiro minha roupa de trabalho e coloco um
pijama. Então, depois de servir uma taça de vinho, saio para a varanda.
Quero mandar uma mensagem para Nick e perguntar a ele sobre Jase e
Amaya, mas sei que, se o fizer, ele voltará para mim com uma série de
perguntas. Então, em vez disso, sento-me do lado de fora e bebo meu vinho
com a esperança de que, quando estiver bêbada o suficiente, não pensarei
mais em Jase. E consigo ficar bêbada, mas nem mesmo a quantidade
insanamente grande de álcool no meu sistema pode parar os pensamentos
de Jase.

♥♥♥

O táxi para em frente a bela casa de dois andares de Olivia em Park


Slope, completa com uma cerca branca. Eu passo meu cartão, agradeço ao
taxista e saio. Olho em volta e percebo o que me rodeia. Eu não posso
imaginar morando fora da cidade. Por que morar em Nova York, se você
não pode experimentar a agitação do que faz Nova York, Nova York? Mas,
novamente, não tenho filhos, e nunca terei.
Enquanto endireito os vincos da minha saia, vejo Giselle e Killian
andando pela rua em direção a mim. Eles moram a duas casas de Olivia e
Nick. Giselle acena e me dá um sorriso, me dizendo que ela e Olivia vão me
interrogar no momento em que nós três estivermos na mesma sala.

Quando rolo meus olhos para ela, os lábios de Killian formam um


meio sorriso. Desde que ele e Giselle se juntaram, ele tem sido mais
amigável comigo, o que é ao mesmo tempo estranho e legal.

Eu queria encontrá-los no clube onde a festa seria realizada, mas


Olivia insistiu que nos encontrássemos aqui, jantássemos e depois fossemos
juntos. Eu sei que esta é apenas sua maneira de falar comigo sobre ontem,
mas tenho dificuldade em dizer não para ela. Ela é muito carinhosa. Minhas
suspeitas são confirmadas no minuto em que entramos e Olivia vai em
minha direção. — Ok, você já teve espaço suficiente. Eu até te dei vinte e
quatro horas, agora desembuche.

— Sim, a química entre você e Jase era tão espessa que eu mal
conseguia respirar, — acrescenta Giselle.

— Eu acho que você está confundindo química com tensão, — eu


murmuro.

— Oh não, houve faíscas, — diz Giselle. — Claro, havia tensão


também, mas a química definitivamente era mais forte.

— Aconteceu alguma coisa entre vocês dois? —, Pergunta Olivia.

— Aconteceu alguma coisa entre quem? — Nick questiona. Meus


olhos balançam para ele. Ele está segurando Reed em seus braços, sua
cabeça descansando no ombro de seu pai, seus olhos mal abertos.
Nick deve estar prestes a colocá-lo na cama antes de sairmos. Minha
mente vai para Jase. Ele é pai. Ele mora na cidade ou nos subúrbios?
Amaya mora com ele? Ele se certifica de estar em casa todas as noites para
colocar sua filha na cama? Eu não consigo nem lembrar de uma época em
que eu era pequena e minha mãe me colocou na cama.

— Nós encontramos Jase quando estávamos saindo do restaurante


ontem, — diz Olivia. — Ele estava com a filha. Ela é aparentemente uma fã
de Celeste.

— Oh, Skyla? Ela é uma criança doce, — diz Nick. — Eu posso


entender. Pelo que Jase disse, ela realmente gosta de moda.

— Você sabia que ele tinha uma filha? — Eu digo e instantaneamente


me arrependo, sabendo que meu tom áspero vai levar Nick fazer perguntas.

— Sim... — Nick me dá um olhar confuso. — Eu sou amigo dele.

— Eu sei, — digo em voz baixa. — Eu preciso de uma bebida. —


Quando estou prestes a ir para a cozinha, a mão de Nick pousa no meu
ombro.

— Celeste, o que diabos está acontecendo? — Abro minha boca,


prestes a dizer alguma coisa, o que, eu não tenho ideia, mas Nick
acrescenta: — E não se atreva a dizer nada. Primeiro você enlouqueceu no
Forbidden Ink, e agora você está agindo como se eu tivesse cometido um
pecado por não ter dito a você que um cara que você mal conhece tem uma
filha. Eu quero a verdade. Aconteceu alguma coisa entre você e Jase?

Quando desvio meus olhos, eles pousam em Killian, que está olhando
intensamente para mim, como se ele estivesse esperando para ouvir minha
resposta também. Lá se foi sua gentileza...
— Não importa o que aconteceu. Foi um erro. Um que prefiro não
pensar nunca mais. — E sem esperar que alguém me pergunte o que quero
dizer, saio da sala e vou para a cozinha. Pego uma garrafa de vinho branco
da geladeira e me sirvo um copo. Giselle entra atrás de mim, tira uma
garrafa de Patron do freezer e despeja um pouco em um copo.

— Você pode querer isso. — Ela me dá o copo de shot. Quando olho


para ela com ironia, ela diz: — Jase confirmou que ele estará na festa hoje à
noite.

Apenas. Que. Merda. Eu coloco o copo de vinho de lado e tomo o


shot de Giselle. Inclinando minha cabeça para trás, viro o shot inteiro, sinto
a trilha ardente que o álcool deixa para trás enquanto desce pela minha
garganta.

♥♥♥

Estou sentada na luxuosa mesa do M Lounge, uma das boates mais


exclusivas de Nova York, observando todo mundo que está aqui comigo
dançando com outra pessoa. Olivia e Nick estão dançando com os braços
em volta um do outro. Giselle e Killian poderiam estar transando bem no
meio da pista de dança. Minha boa amiga, Mercedes – que também é
modelo – e seu marido, Brandon – que joga no New York Brewers – estão
se esfregando um contra o outro. Vários outros amigos de Nick e Olivia
estão dançando também. Todos com alguém em seus braços. Eu? Estou
sozinha, tomando um Mojito com morango, enquanto espero Chad chegar.
Ele está atrasado. Novamente.
Meus olhos, por vontade própria, encontram Jase e Jax, ambos
encostados no bar, cada qual tomando uma cerveja. Temos uma área VIP
cercada de mesas para acomodar todos que estão aqui para celebrar as
próximas núpcias de Olivia e Nick – complete com nossa própria garçonete.
Enquanto estou sentada em uma das mesas, tomando meu drinque, noto que
Jase não chegou nem perto de onde estou sentada, e ele inicialmente
apareceu e cumprimentou todos, menos eu.

Enquanto tomo outro gole da minha bebida, um par de lábios frios


roçam minha bochecha. Quando olho para o lado, vejo que Chad está aqui,
ainda vestido com esmero em seu terno de três peças que usa para trabalhar.

Não é que eu o tenha visto sair para o trabalho esta manhã, é só que
ele usa a mesma versão deste terno todos os dias. Ele se senta ao meu lado e
me dá um rápido — Olá, — antes de tirar o celular do bolso da jaqueta e
começar a digitar. Eu olho para ele por um longo minuto, irritada ‘pra’
caralho que ele já está de volta aos negócios, mas exausta demais para
discutir sobre isso.

Em vez disso, bebo o resto da minha bebida e olho de volta para o


mar de pessoas na pista de dança. Só que desta vez outro casal foi
adicionado ao mix. Jase está de mãos dadas com uma mulher de aparência
ruiva enquanto caminham para o meio da pista de dança. Ela imediatamente
vira as costas para ele e começa a moer sua bunda contra a sua frente. Seus
braços sobem, levantando a camisa já curta até logo abaixo de suas tetas.
Meus olhos percorrem seu corpo. Ela pode estar vestida como lixo, mas não
há como negar que ela é gostosa – em uma espécie de stripper de meia-
tigela.
Antes que eu possa desviar o olhar, os olhos de Jase se cruzam com os
meus, e por um breve segundo, parece que somos as únicas duas pessoas no
ambiente. Só que não estamos, e a mulher esfregando-se em cima dele é a
prova. Ele não sorri, mas também não deixa de olhar. Eu não consigo
identificar o olhar que ele está me dando. É apologético? Arrependido?
Talvez seja indiferença. Não tenho certeza, mas tenho que me forçar a
desviar o olhar antes que qualquer uma das emoções que consegui manter
ocultas, apareçam.

— Dance comigo, — murmuro no ouvido de Chad. Ele olha para


cima de seu telefone e me olha especulativamente. — Por favor.

Ele solta um suspiro frustrado. — Em alguns minutos. Estou no meio


de uma conversa importante com um cliente na China.

— Não, agora, — eu exijo, plenamente consciente que pareço uma


adolescente malcriada.

As sobrancelhas de Chad franzem quando ele me escuta. — Você está


bêbada, Celeste?

— Não, — eu digo. — Eu só quero dançar com meu namorado. Isso é


pedir demais? — Eu lhe dou um olhar duro.

Ele coloca o telefone na mesa, mas percebo que ele ainda está no chat
em grupo. — O que deu em você ultimamente? — Ele questiona. — Você
está agindo como uma criança petulante.

— Porque eu quero que o homem que eu estou namorando preste


atenção em mim?
— Você nunca agiu assim antes, — ele acusa, seu tom de voz com
uma mistura de confusão e aborrecimento. Ele me olha por um longo
segundo antes de dizer: — Você mudou. O que está acontecendo com você?

Eu zombo como se não tivesse ideia do que ele está falando. Mesmo
que ele esteja certo. Eu mudei. E eu odeio isso. Não quero me sentir assim.
Quero que minha empresa e sucesso me façam sentir completa. Eu quero
que meu lindo apartamento não seja tão solitário. Eu quero que meu
namorado rico e trabalhador seja o suficiente. Mas não posso parar todas as
minhas emoções. Eu senti que estava mudando como sou por um tempo
agora, mas eu ignorei. E então vi Jase, e todas as emoções cruas que eu
mantive enterradas profundamente, surgiram sem a minha permissão.

— Eu não posso mais fazer isso, — eu sussurro.

— O quê? — Ele inclina a cabeça para o lado em confusão.

Não tenho certeza se sua resposta é porque ele não pode me ouvir
sobre a música, ou se ele não entende o que estou tentando dizer, eu repito,
desta vez mais alto. — Eu não posso fazer isso. Não mais. — Então eu
acrescento: — Eu não estou feliz.

Desta vez, seus olhos se arregalam, indicando que ele ouviu e me


entendeu. — O que é que você quer, Celeste? — Ele pergunta, claramente
chateado. Chad é um homem de negócios. Quando há um problema, ele
conserta. Mas ele não pode consertar isso. Ele não pode nos consertar. Ele
não pode me consertar.

— Eu quero... — Olho para todos os casais que ainda estão dançando.


Olivia joga sua cabeça para trás gargalhando quando Nick sussurra em seu
ouvido. Os olhos de Giselle estão cheios de uma mistura de luxúria e amor
enquanto Killian a segura perto dele, seus dedos cavando em sua bunda
possessivamente. Mesmo Mercedes, que não é muito diferente de mim, está
sorrindo enquanto o marido a abraça forte. Meus olhos pousam em Jase,
que agora está de costas para mim. A mulher com quem ele está dançando
está com os braços em volta do pescoço e o rosto preso no peito dele.

— Celeste, — diz Chad, trazendo minha atenção de volta para ele. —


O que você quer? O que te fará feliz?

— Amor, — eu digo baixinho, mas alto o suficiente para ele ouvir. —


Eu quero estar apaixonada. — Lágrimas picam meus olhos como memórias
de Jase me abraçando na cama. Do jeito que ele fez amor comigo. O jeito
que ele segurou minha mão e me beijou. Pode não ter sido amor no final,
mas foi meu. E enquanto eu não tenho nenhum desejo de estar com aquele
idiota nem um segundo mais, quero sentir o que eu tive quando estava com
ele.

Quero sentir as borboletas atacando minha barriga e minhas cordas do


coração sendo puxadas. Quero que alguém olhe para mim do jeito que Nick
e Killian olham para Olivia e Giselle. Eu quero ser o mundo inteiro de
alguém.

Chad pisca lentamente, seu rosto completamente desprovido de


qualquer emoção. Ele sabe que não há como consertar esse problema.
Nosso relacionamento nunca foi sobre amor, e Chad não é capaz de amar
nada além de seus negócios. Nenhuma palavra precisa ser dita para
sabermos que acabamos.
SEIS

Jase

Eu estou parado no meio da pista de dança enquanto uma mulher, que


eu não estou nem um pouco atraído, mói e balança a bunda dela em toda a
frente do meu corpo, enquanto eu faço um cântico na minha cabeça
repetidamente em não olhar para trás e fazer contato visual com Celeste.

A mulher se vira e seus braços serpenteiam ao redor do meu pescoço.


Sua cabeça cai no meu peito e sua coxa empurra através do meio das
minhas pernas enquanto ela tenta esfregar o joelho contra o meu pau. Eu já
tive o bastante.

Quando ela pediu para dançar, eu tinha acabado de testemunhar – o


que eu acho que deve ser – o namorado de colarinho branco e rico ‘pra’
cacete de Celeste se aproximar e beijá-la. Ele estava vestindo um terno, um
que grita riqueza e poder, mas parece um completo idiota quando usado em
um clube.

Precisando tirar minha mente deles, aceitei a proposta desta mulher


para dançar, mas agora estou me arrependendo. Porque quanto mais eu fico
aqui e sinto seu cheiro de perfume barato, mais desejo o doce aroma de
Celeste.

Já faz mais de dez anos, e eu só a tive por uma semana – uma porra de
semana – mas ainda me lembro como ela cheirava – uma mistura perfeita
de seu perfume natural, aquela doce loção de rosa que ela esfregava em
todo o seu corpo e em mim.

Eu estive com várias mulheres ao longo dos anos, mas nenhuma delas
cheirava como Celeste. E isso me faz pensar, se eu andasse até a mesa e a
arrastasse para longe do namorado, ela ainda teria aquele perfume? Ou seria
diferente porque ela não está mais comigo? Ela não está mais na minha
cama, nas minhas roupas. Ela é mais velha agora, mais refinada, mas tão
maravilhosa quanto era naquela época.

Talvez o cheiro de que me lembro seja apenas porque ela estava


comigo. Se eu a trouxesse para casa e a forçasse a ficar na minha cama todo
o final de semana, poderia fazê-la cheirar como eu me lembro de novo?

Incapaz de ficar outro segundo de costas para ela, tiro os braços da


mulher e volto, virando meu corpo para onde Celeste está sentada... só que
ela não está mais lá – e nem o cara com quem ela estava.

— Eu preciso de uma bebida, — digo a mulher. Seu rosto se ilumina,


tomando minhas palavras como um convite para se juntar a mim. —
Sozinho, — acrescento. Seus lábios se transformam em uma carranca, mas
eu não me importo. Estou muito irritado para me importar.

— Você tem certeza? — Ela agita seus cílios postiços. — Eu posso


dar...

— Tenho certeza, — eu digo, cortando-a, não dando a mínima para o


que ela pode me dar.

Saio da pista de dança e vou até o bar, onde meu irmão, Jax, ainda
está tomando sua cerveja. Eu levanto meu dedo e a bartender se aproxima.
— Dose dupla de Johnnie Walker Black.
— Pode deixar. — Ela me dá uma piscadela de flerte antes de se
afastar para fazer a minha bebida.

— Porra, o que aconteceu para tomar essa merda pesada? — Jax


pergunta.

Quando balanço minha cabeça, ele diz: — Isso não tem nada a ver
com aquela de cabelos castanhos, pernas sem fim e mulherão, que eu vi
sentada do outro lado da sala com seu namorado certinho, não é? — Meu
olho fuzila Jax, e ele está sorrindo de orelha a orelha. — Acho que sim.

— Como você sabe que ele é o namorado dela?

— Eu não sei. Eu só queria ver se conseguiria te irritar. — Jax ri. —


Quando você vai admitir que ela é a única que escapou?

A bartender coloca um guardanapo na minha frente, em seguida,


coloca meu copo em cima. Antes mesmo de tocar o guardanapo, eu
arranco-o da mão e o viro. — Ela não fugiu, — eu digo, batendo o copo. —
Ela se foi. E ela não era nada mais do que uma transa.

Os olhos de Jax se arregalam, mas ele não está olhando para mim. Ele
está olhando para trás de mim. Quando me viro para ver quem, ou o que,
ele está olhando, Celeste está parada ali, congelada no lugar.

Eu posso estar errado, mas tenho quase certeza de que ela está com
lágrimas em seus olhos. Mas antes que eu possa confirmar, ela volta para a
mesa, claramente ela ouviu o que eu disse. Embora eu não saiba por que
isso a incomoda. Ela escolheu sair. E sem nem mesmo um maldito adeus.
SETE

Celeste

— Ela não era nada mais do que uma transa. — As palavras batem
contra o meu coração, quebrando o pouco do que resta dele, pedaço por
pedaço.

Eu teria pensado que suas palavras não seriam capazes de me


machucar. Uma vez que o coração esteja quebrado, ele não poderá quebrar
novamente. Não é como se tivesse sido consertado ou reparado. Ele foi
danificado nos últimos dez anos, apenas reunindo o suficiente para
continuar a bater o suficiente para me manter viva. Mas não o suficiente
para fazer qualquer outro tipo de trabalho como segurar o amor. Pelo menos
eu não achei que fosse... até agora. Porque quando ando de volta para a
mesa, com lágrimas queimando meus olhos, percebo que meu coração
partido estava intacto o suficiente para ainda sentir. Eu estava apenas
protegendo o que restava dele. Mas suas palavras... elas foram como um
martelo em um cristal. Meu coração frágil não tinha chance contra essa
força.

Eu sempre soube que ele se sentia assim em relação a mim. Se ele


sentia mais, não teria ficado com Amaya enquanto estava comigo, certo?
Mas ouvir as palavras reais saírem de sua boca, confirmando o que sempre
suspeitei, doeu mais do que qualquer suposição. — Ela não era mais do que
uma transa.
Quando volto para a mesa, Nick e Olivia estão sentados com seus
braços em volta um do outro – sua adorável barriga de grávida encostando
na lateral da mesa. Eles estão sorrindo e rindo, e parecem completamente
apaixonados.

Eu preciso ir embora. Não posso estragar esta noite para eles. Na


semana que vem eles vão se casar e merecem, mais do que qualquer um que
eu conheça, ser feliz e não ser deixados para baixo por mim.

Eu estou prestes a pegar minha bolsa e sair, imaginando que posso dar
uma desculpa através de mensagem, quando Nick olha para cima e me vê.
Suas sobrancelhas franzem em confusão, então, muito rapidamente, seus
olhos ficam cessados, seu rosto inteiro se transformando em raiva. Eu não
tenho certeza do que ele vê, até que minha mão vem até a minha bochecha e
eu sinto a umidade. Estou chorando.

— O que diabos aconteceu? — Ele exige, o que faz Olivia se virar


para mim também. Seu olhar não é de raiva, mas de simpatia. Ela está
preocupada.

— Nada, — eu digo, pegando minha bolsa. Nick olha e a pega antes


que eu possa.

— Celeste, não me foda com essa de ‘nada’, — ele rosna. — O que


há de errado?

— Nada. Me devolva minha cluth

— Não, me diga o que está errado.

— Vocês estão animados para o seu grande dia? — Eu pergunto,


mudando de assunto como uma pessoa louca. Mas eu não sei mais o que
fazer. Ele está com a minha bolsa e eu não posso contar a ele o que está
acontecendo.

— Sim, você sabe que nós estamos. Não tente mudar de assunto. —
Nick me encara.

— Como vão as aulas? — Pergunto, entrando em outro tópico seguro.

— Ele se formou! — Olivia grita, em seguida, joga a mão sobre a


boca.

— Olhos Castanhos, — Nick geme, — você não deveria contar a


ninguém. — Ele está tentando parecer irritado, mas todo mundo sabe que,
aos olhos de Nick, Olivia anda sobre a água.

— Desculpe. — Ela bate os cílios de brincadeira.

— Ei, não se desculpe! — Eu atiro adagas para Nick. — Somos


melhores amigos e você nem me diz que se formou? Por que não fui
convidada para a cerimônia de formatura? — Meus sentimentos estão
seriamente feridos agora. Quando Nick anunciou que voltaria à escola para
se formar em literatura, eu apoiei cem por cento. Por que ele iria esconder
que ele se formou?

— Ninguém foi convidado, — ele admite. — Eu não queria fazer um


grande negócio com isso. — Ele encolhe os ombros. — Além disso, não é
como se eu tivesse visto você se formar. — Ele me fura com um olhar
aguçado.

— Sim, bem... — Eu respiro fundo, não querendo lembrar por que eu


não fui a minha formatura ou para a festa depois. E então isso me atinge...
precisando levar nossa conversa para águas mais seguras, eu deixo escapar:
— Vou dar uma festa de formatura quando vocês voltarem da sua lua de
mel.

— Oh, sim! — Olivia bate palmas animadamente. — E nós também


podemos comemorar

— Chega de mudar de assunto, — diz Nick, interrompendo-a. — O


que está acontecendo? — É claro em sua voz que ele não vai deixar isso
passar, mas eu realmente não quero ter essa conversa.

— Será que devemos fazer a festa em um restaurante ou em sua casa?


— Pergunto a Olivia, ignorando a pergunta.

Antes que ela possa responder, Nick diz: — Pare. Eu não estou
brincando, Celeste. Você não chora. Nunca.

— Devolva a minha bolsa, — eu exijo.

— Depois de me dizer por que você está chateada o suficiente para


derramar lágrimas.

Incapaz de ter essa conversa sóbria, viro uma dose que está na mesa.
Queima como uma cadela, mas eu mais do que saúdo o desconforto. Depois
que repito isso mais duas vezes, Nick puxa a bandeja para fora do meu
alcance.

— Você já teve o suficiente de bebida, — ele repreende. — Agora me


diga o que está errado.

Eu nunca contei a ninguém sobre Jase. Ninguém. Saí para Nova York
sem olhar para trás e mantive tudo o que aconteceu entre nós para mim.
Mas de repente, quando olho para Nick e Olivia olhando para mim, sinto
que o peso é demais. Preciso contar a alguém, e se vou confiar em alguém
para saber minha verdade, são eles.

— Eu me apaixonei, — admito com um suspiro profundo enquanto


caio na cadeira em frente a eles. Seus olhos se arregalam, e Olivia se move
de perto de Nick para mim.

— Com Chad? — Olivia pergunta, confusa.

— Não, nós realmente terminamos hoje à noite, — eu falo. —


Quando eu tinha dezoito anos. Eu me apaixonei... e então ele partiu meu
coração. E eu simplesmente não entendo porque não fui o suficiente.

— Celeste, — Olivia sussurra, depois se aproxima e me dá um abraço


de lado. — Você é o suficiente. Eu não sei quem era esse cara, mas foda-se
ele. — Uma explosão de riso escapa dos meus lábios pela escolha de
palavras de Olivia. Ela não é do tipo que xinga normalmente. — Estou
falando sério, — ela diz, — e se ele estivesse aqui agora, eu diria a ele isso.

Eu mexo desconfortavelmente no meu lugar, e Nick me olha com


curiosidade. Ele provavelmente está juntando as peças. Jase e eu nos
conhecemos há dez anos, eu ficando chateada na loja de tatuagens... não
seria necessário ser um cientista de foguetes para descobrir.

Giselle e Killian se aproximam e sentam ao lado de Nick, os dois


olhando para a situação, provavelmente sentindo a tensão que nos rodeia.
— O que está acontecendo? — Giselle pergunta, preocupada.

Antes que eu possa impedir que Olivia fale, ela diz: — Algum trouxa
quebrou o coração de Celeste há dez anos, e eu estava apenas dizendo a ela
que, se eu o ver, vou socá-lo no braço por machucá-la. — Sufoco minha
risada com o quão adorável ela é. Olivia não machucaria uma mosca.
— Dez anos atrás... — Killian reflete. Sua cabeça inclina para o lado
um pouco e depois seu olhar passa por cima do meu ombro. Eu não preciso
olhar para trás para saber quem ele está olhando. Ele sabe quem partiu meu
coração. Como? Eu não tenho ideia. Mas ele sabe. Eu vi em seus olhos
quando estávamos no jantar e Jase foi mencionado.

— Sim, quando ela tinha dezoito anos, — acrescenta Olivia.

— Preciso de outra bebida, — eu digo a ninguém em particular.


Estendendo a mão, pego um shot da bandeja e engulo de uma só vez. As
sobrancelhas de Giselle se levantam. Ela também sabe. Ela é perceptiva.
Ela viu o jeito que reagi a Jase vindo hoje à noite.

— Qual era o nome dele? — Nick pergunta. — O cara que partiu seu
coração.

— Não importa, — eu digo a ele, mas minhas palavras saem de forma


arrastada desde que estou bem no meu caminho para estar bêbada. Tanto
Killian quanto Giselle me olham especulativamente, mas eu os ignoro.

— Devolva a minha cluth, — eu digo para Nick.

— Fale o nome.

— Bem. Fique com a minha bolsa! — Eu digo — Vou dançar. —


Levantando-me lentamente, para não balançar nem tropeçar, me viro e saio,
sem esperar que alguém responda. A música está bombando através dos
alto-falantes e a multidão está se agitando. Dirijo-me para o meio, onde vi
Jase e aquela piranha mais cedo, e encontro um cara que está sozinho ligado
para dançar.
Uma música se desfaz na próxima. Não tenho ideia de quanto tempo
tenho dançado, mas o álcool fez oficialmente o seu caminho através do meu
corpo. Estou bêbada e suada. O cara com quem estive dançando me puxa
para o corpo dele e sussurra: — Você é sexy ‘pra’ cacete. Vamos. — Eu
tento balançar a cabeça negativamente, mas por causa de quão bêbada
estou, eu não tenho certeza se realmente se move.

— Sim, — ele insiste, pegando minha mão e me tirando da pista de


dança.

— Umm... — Eu começo, mas meu cérebro difuso funciona muito


devagar e não consigo pensar claramente. — Minha... minha bolsa está ali.
— Eu me viro para onde todos estão sentados, mas a sala gira um pouco, e
eu tropeço em meus próprios pés. Cerro meus olhos para encontrar a mesa,
mas tudo está meio embaçado. O cara me ignora, me puxando junto, nem
mesmo diminuindo a velocidade quando tropeço mais uma vez.

— Eu... eu preciso encontrar meus amigos, — falo, tentando puxar


sua mão para detê-lo – sem sucesso. Seu aperto é muito forte. Eu não tenho
ideia de para onde estamos indo ou onde estamos, mas de repente meu
corpo voa para trás e bate em uma... parede? Não, isso não pode estar certo.
Pela força de ser puxada para trás, minha mão é arrancada do cara. Quando
ele percebe, olha para trás e seus olhos se arregalam. Inclino a cabeça para
o lado para ver o que está acontecendo, e é quando eu o vejo. Jase.

— Que porra, cara, — o homem sibila.

— Ela não vai a lugar algum com você, — rosna Jase, e sem sequer
esperar que o cara responda, ele pega minha mão e me puxa na direção
oposta. Eu tropeço um pouco, mas ao contrário do outro cara, Jase percebe,
e em vez de ignorar isso, ele para de andar e se vira, depois me levanta em
seus braços, no estilo de noiva.

Se eu estivesse sóbria, gritaria para ele me colocar no chão. Ele é o


último cara que eu quero que me carregue. A última pessoa que quero me
tocando. Mas eu estou bêbada e seu corpo quente é bom, até reconfortante.
Então, eu vou com isso, envolvendo meus braços em volta do seu pescoço.

A sala está girando, então fecho meus olhos e acaricio meu rosto em
seu peito. Respirando fundo, eu inalo seu cheiro. Ele ainda cheira do
mesmo jeito que em todos aqueles anos atrás. Todo masculino, com
conforto e caloroso. Eu deveria estar me afastando dele em vez de ficar
mais perto. Estar tão perto dele não será um bom presságio para minha
saúde emocional ou mental, uma vez que eu esteja sóbria. Mas meu eu
bêbado não parece se importar. Então, em vez de enlouquecer, solto um
longo suspiro e permito que a vibração de seu corpo me leve a dormir.
OITO

Jase

Enquanto carrego Celeste através do clube, em direção à seção VIP,


para que eu possa pegar as coisas dela e levá-la para casa, a raiva é
emanada pelas minhas veias pelo babaca que achava que iria tirar proveito
de uma garota bêbada, por Celeste em se colocar nessa situação, em
primeiro lugar, e com suas amigas por não ficar de olho nela e, acima de
tudo, em mim.

Porque não há dúvida em minha mente que ela está bêbada por causa
das mentiras que eu falei com meu irmão. Porque mesmo depois de todos
esses anos, eu ainda estou ferido por ela ter ido embora sem nem mesmo
dizer adeus, como o que nós compartilhamos, o que ela me deu, não
significasse nada para ela. Quando a verdade é que aquilo significou para
mim todo o caralho.

No segundo em que os amigos dela a localizam em meus braços, eles


pulam para vir em socorro – tarde demais, devo acrescentar. Nick e Olivia
começam a cuspir perguntas, e a amiga modelo de Celeste – não consigo
lembrar o nome dela, embora tivéssemos nos apresentado antes – Benz,
Cadillac ou alguma merda assim – pega Celeste, como se ela fosse carregá-
la sozinha.

Com ela ainda em meus braços, eu balanço a cabeça, sem me


incomodar em falar. Está muito barulhento para alguém me ouvir, e agora,
sei que se eu falar, vai sair uma merda que eu possa me arrepender depois.
Eu tenho um objetivo agora: pegar as coisas que ela trouxe quando chegou
e descobrir onde ela mora. Meus olhos se cruzam com os de Nick e ele
franze a testa. Eu não tenho certeza se é para mim, Celeste, a situação, ou
para si mesmo, mas agora isso não importa.

— Ela está bem? — Olivia pergunta. Tudo o que posso fazer é acenar
com a cabeça. — Ela só tomou alguns shots aqui. Eu a vi dançando com
aquele cara, mas não achei que ela tinha bebido mais.

— Podemos levá-la para casa, — oferece Nick. Eu balanço minha


cabeça novamente, ainda incapaz de falar sem enlouquecer.

— Ok, — diz Olivia, — deixe-me pegar sua bolsa. — Ela corre ao


redor da mesa, enquanto todo mundo fica parado no lugar, sem saber o que
fazer ou dizer.

— Ela pode voltar para casa comigo, — Mercedes – esse é o nome


dela! – oferece, e seu marido concorda com a cabeça. Eu simplesmente
balanço a cabeça novamente.

Olivia coloca a pequena bolsa em Celeste uma vez que minhas mãos
estão ocupadas, então diz: — Eu vou falar para o Nick te enviar uma
mensagem com o endereço dela. — Ela move algumas mechas úmidas de
cabelo do rosto de Celeste, mas ela nem sequer se mexe. Ela está fora. —
Você pode por favor nos avisar quando ela estiver em casa em segurança?
Talvez eu deva ir também e ficar com ela. — Os olhos de Olivia se enchem
de lágrimas. — Eu sabia que ela estava bebendo, mas eu não sabia...

— Ei, — diz Nick, — Celeste simplesmente não bebe... nunca. — Ele


me dá um olhar duro. — Ela é fraca para bebida. Nós deveríamos ter
cortado ela. Ela estava chateada, então eu não a impedi. Ela está bem, —
ele diz para Olivia. — Jase vai levá-la para casa e ter certeza de que ela vai
ficar bem. Certo, cara?

— Sim, — eu grunho. — Eu aviso vocês, — digo a Olivia.

— Ok, obrigada. Eu vou até lá e a vejo de manhã.

Com um último aceno, eu a carrego para fora do clube. Mesmo que


ela não pese mais do que uma moeda, ela é como peso morto em meus
braços. Então fico grato quando vejo um táxi estacionado em frente ao
clube, e sou capaz de me sentar ainda com ela em meus braços.

Ela se desloca um pouco e eu respiro fundo, respiração que não sabia


que estava segurando. Puxando meu telefone, encontro o endereço dela em
uma mensagem de Nick. Eu repasso para o motorista do táxi e ele decola.
Quando chegamos, estamos diante de um enorme prédio em frente ao
Central Park. Eu dou uma olhada no endereço e dou uma nota de vinte para
o motorista, não precisando de troco. Ando pelo saguão e o concierge me
olha com cautela. Algo que eu estou acostumado. Não importa onde eu vá,
com as tatuagens cobrindo meu corpo, eu sou notado.

— Eu preciso levá-la até o apartamento dela, — digo a ele. —


Imagino que ela tenha uma chave na bolsa, mas não consigo pegá-la.

Ele acena com a cabeça uma vez. — Qual é o seu nome? — Eu dou a
ele todos os meus dados, feliz por Celeste viver em algum lugar seguro, em
algum lugar que se importe com o seu bem-estar. Quando termino, ele passa
o cartão para que o elevador se abra, me dá o número e o andar de Celeste e
me entrega uma chave sobressalente do apartamento dela.

— Obrigado.
Quando entramos, eu a levo direto para o quarto dela. As portas estão
todas abertas, por isso é fácil identificar qual deles é dela. Eu a deito no
meio de sua grande cama, o que a faz parecer ainda menor. Tiro cada um
dos seus saltos e os deixo cair no chão.

Ela está vestindo um vestido preto apertado, e não posso imaginar que
é confortável, mas eu não estou prestes a tirar a sua roupa. Em vez disso,
puxo os cobertores debaixo dela e a cubro. Celeste se agita, seus olhos se
abrem ligeiramente.

— Fique, por favor, — ela fala arrastado. — Eu não quero ficar


sozinha. — Seus olhos já estão fechados, e duvido que ela até se lembre do
que ela disse, mas eu ainda fico. Uso a desculpa que preciso ter certeza de
que ela está bem antes de eu ir embora.

Vejo uma cadeira no canto do quarto dela, mas fica muito longe para
vê-la no escuro. Então, tiro meus sapatos e subo na cama ao lado dela. Eu a
vejo dormir por alguns minutos antes de se mexer mais uma vez.

Seus olhos se abrem mais uma vez. — Jase? — Ela murmura.

— Sim, eu estou aqui. — Corro meus dedos pelos cabelos dela e ela
revira os olhos levemente.

— O que ela tem? — Ela sussurra.

— Huh? — Eu pergunto, sem saber do que ela está falando.

— Eu poderia ter lhe dado isso, — ela diz, — o que você queria. —
Eu não tenho ideia do que ela está falando, mas agora não é a hora de
perguntar. Ela está bêbada e mal consciente. Eu quase me pergunto se ela
está me confundindo com o namorado dela, mas ela usou meu nome, então
ela sabe que sou eu...

— Shh... vá dormir, Covinha.

Seus lábios se transformam em um beicinho adorável enquanto ela


murmura: — Mas eu não quero que esse sonho termine. — Eu continuo
brincando com seu cabelo até que sua respiração se equilibra e eu sei que
ela voltou a dormir.

Puxo meu celular para fora do bolso e envio uma mensagem para Jax
e Quinn para que eles saibam onde eu estou e que eu estarei em casa antes
que Skyla acorde. E então, durante as próximas horas, vejo Celeste dormir e
imagino como seria nossa vida se ela não tivesse me abandonado. Eu sei
que é loucura presumir que ainda estaríamos juntos. Nós éramos jovens, e
as probabilidades estavam contra nós, mas o modo que eu sentia sobre ela
naquela época… não tenho nenhuma dúvida que eu teria tentado com todo
o meu ser ficar com ela.

♥♥♥

— Papai! Você está em casa! — Skyla dirige-se para a porta da frente,


com seus cachos vermelhos errantes saltando pelo caminho. Ela envolve
seus braços em volta da minha cintura e me dá um abraço.

Eu pensei que quando ela ficasse mais velha, ela deixaria de ser uma
garota do papai, mas ela não fez, e isso aquece meu coração com o
relacionamento que temos. Ouvi histórias de horror sobre garotas em sua
adolescência, mas até agora, minha filha está se mostrando a exceção. —
Onde você estava? Você não costuma ficar fora a noite toda. — Ela sorri
maliciosamente. — Você estava... em um encontro? — Ela mexe as
sobrancelhas de brincadeira.

Minha filhinha está crescendo rápido demais e está se tornando muito


perceptível. Minha esperança era chegar em casa antes que ela acordasse,
mas quando me sentei na cama de Celeste para cuidar dela, acabei
desmaiando. Eu acordei por causa do meu telefone com uma mensagem de
Quinn, deixando-me saber que Skyla estava fazendo perguntas.

Depois de deixar uma garrafa de água e dois Advil na mesa de


cabeceira de Celeste, deixei-a dormindo e voltei para casa. Desde o dia em
que Skyla se tornou minha, fiz tudo ao meu alcance para proporcionar um
lar estável para ela, e isso inclui estar em casa todas as manhãs quando ela
acorda e sou eu quem a coloca na cama todas as noites. Aos treze anos de
idade tecnicamente ela não precisa de mim para cuidar dela, mas eu ainda
quero estar lá.

— Não, eu não estava em um encontro. Uma amiga minha não estava


se sentindo bem, então eu estava cuidando dela, — eu digo a ela, tentando
não mentir muito. Quinn aparece e me dá um olhar curioso, mas não diz
nada.

— Se você estiver bem, eu vou sair, — diz Quinn. — Sky, suas


panquecas estão prontas. — Ela dá uma piscada para minha filha, e Skyla
vai direto para a cozinha para tomar seu café da manhã, deixando Quinn e
eu sozinhos.

— Jax já me disse que você levou Celeste para casa, — diz Quinn,
com um tom evidentemente julgador. Eu amo minha irmã até a morte, mas
ela é tão protetora quanto possível. Não importa que Jax e eu somos mais
velhos do que ela. — Tem sido o que... dez anos desde que ela deixou você,
Jase?

— Onze, — murmuro, em seguida, recuo com o fato de que eu sei


exatamente quanto tempo tem sido. — Eu estava apenas me certificando de
que uma mulher que bebeu demais chegasse em casa em segurança, — digo
com indiferença, mas até para os meus próprios ouvidos, parece que estou
cheio de merda. — Como tudo foi por aqui? — Eu pergunto, mudando de
assunto.

— Bem. Nós saímos e assistimos a um filme. Skyla insistiu para que


assistíssemos aos Piratas do Caribe, então... — Ela dá de ombros.

— Sim, tenho certeza. — Eu rio. — Mas como você implorou e


minha filha teve pena de você. — Quinn é obcecada com os filmes do
Piratas do Caribe. A mulher provavelmente assistiu a todos eles cem vezes.
Ela até tem uma tatuagem do Jack Sparrow na coxa. E desde que eu sou o
único que fez isso, posso dizer que parece muito bom.

— Semântica. — Ela revira os olhos de brincadeira, sabendo que isso


me deixa louco. Especialmente desde que minha filha faz a mesma coisa,
tendo aprendido com a tia anos atrás.

— Eu preciso ir para casa. Rick voou esta manhã, e eu quero fazer o


café da manhã dele. — Ela pisca, em seguida, pega sua bolsa do sofá
enquanto eu divertidamente engasgo com sua insinuação do que ela
realmente quer fazer com ele. Rick é seu namorado de cerca de seis meses.
Eu não estou feliz com o quão rápido as coisas estão se movendo com eles,
mas minha irmã é uma menina grande, e tenho que deixá-la cometer seus
próprios erros.
Quando nos mudamos para Nova York, Quinn, Jax e eu moramos
juntos em um pequeno apartamento. Mas assim que a loja começou a
ganhar dinheiro decente, nos mudamos para uma casa maior em Cobble
Hill – um bairro menor e menos movimentado do Brooklyn. Enquanto Jax
continuou a morar aqui com Skyla e eu, há alguns meses, Quinn e seu
namorado decidiram arrumar seu próprio lugar – um apartamento caro no
Upper East Side.

Ele é um tipo de magnata corporativo que possui vários negócios em


todo o mundo. Parece que ele fica mais tempo fora do que em casa, mas
Quinn nunca reclama, então eu mantenho minhas opiniões para mim
mesmo. Além disso, enquanto ele está viajando, Quinn costuma passar a
noite aqui conosco, então isso funciona bem para mim, e Skyla adora passar
tempo com sua tia.

— Papai, suas panquecas estão ficando frias, — Skyla grita.

— Estou quase indo! — Eu grito de volta. — Obrigado por ficar de


olho nela, — digo a minha irmã.

— A qualquer hora... Oh! — Ela para em seu lugar e se vira. — Rick


tem que voar no próximo fim de semana para um negócio de última hora,
então ele não vai poder comparecer ao casamento comigo afinal de contas.
— Ela franze a testa. — Você se importaria se eu fosse junto com você?

O casamento de Olivia e Nick é no Yacht Club, nos Hamptons, e


como os dois insistiram que Skyla era mais do que bem-vinda para
participar, achei que seria um ótimo final de semana. É verão em Nova
York, e o lugar em que estamos hospedados tem uma bela piscina na qual
Skyla adorará nadar.
— Claro. Jax está deixando Gage gerenciando a loja, então todos nós
podemos ir juntos. — Gage é um dos tatuadores que trabalha para nós.
Quando a loja decolou, Jax e eu não pudemos mais segurar o lugar por
conta própria, então conhecemos dois outros artistas – Gage e Willow.
Quinn também tem nos ajudado enquanto procuramos uma recepcionista
em tempo integral. Ela está construindo seu negócio de fotografia, o que
significa que ela pode fazer suas próprias horas.

Depois que Quinn sai, eu me junto a Skyla para o café da manhã. Ela
empurra a manteiga e o xarope para mim, e quando olho para cima, ela está
sorrindo nervosamente.

— O que foi? — Eu pergunto, conhecendo minha filha. Aquele


sorriso significa que ela quer me pedir alguma coisa.

— Eu estava pensando, uma vez que a escola está fechada pelas férias
de verão, poderíamos ir visitar a mamãe. Eu realmente quero dar a ela o
papel assinado que Celeste me deu. Eu ainda não consigo acreditar que a
conheci. Ela disse que te conhecia... Como você a conhece? Por que você
não me contou? Isso é algo superimportante, pai. Ela é a melhor modelo da
indústria... em todo o mundo.

Eu ignoro sua divagação, preso nas palavras que ela quer ir visitar sua
mãe. Faz um pouco mais de um ano desde a última vez que fomos visitar
Amaya. Enquanto eu nunca poderia impedir minha filha de visitar sua mãe,
odeio ir para lá. Eu odeio que Skyla veja sua mãe naquele estado.

Toda vez que vamos visitá-la, ela fica com medo e chateada, fazendo
perguntas para as quais não tenho resposta. No passado, porque ela era
muito jovem, assim que estávamos em casa, ela esquecia como ficou
assustada e chateada e pedia para voltar à mãe. Agora, porém, ela está
ficando mais velha, e eu não tenho certeza se ela vai ficar com medo e
chateada ou entender e ficar bem. Não deveria ser assim. Nenhuma criança
deve visitar a mãe nessa condição. Mas está fora das minhas mãos. Não
consigo controlar as decisões que sua família faz. Eu sou grato que, na
maior parte, eles deixam Skyla e eu sozinhos.

— Papai... — Eu não tenho certeza de quantas vezes Skyla disse meu


nome, mas pelo olhar irritado em seu rosto, deve ter sido algumas vezes.

— Desculpe, sim, podemos ir visitar sua mãe, — digo a ela,


ignorando a segunda metade de sua pergunta sobre como eu conheço
Celeste. Eu não estou pronto para ir lá, especialmente com minha filha. —
Eu não tenho certeza quando, mas vamos com certeza neste verão.

— Obrigada! — Skyla salta de seu assento e vem ao redor da mesa


para me dar um abraço.
NOVE

Celeste

— Obrigada, mais uma vez, por vir comigo. — Eu aperto a mão de


Adam e ele sorri suavemente para mim, sabendo o quanto ele estar aqui
realmente significa para mim. Eu conheci Adam há vários anos quando ele
estava começando sua carreira de modelo. Nós nos demos bem
imediatamente e uma amizade maravilhosa floresceu.

Ao longo dos anos, a amizade de Adam comigo tornou-se muito mais.


Ele é como um irmão para mim. Quando Chad e eu terminamos e eu sabia
que ia ter que ir a este casamento sozinha, Adam insistiu para que ele fosse
comigo para que eu não estivesse sozinha. O namorado dele, Felix, é um
dos melhores fotógrafos do ramo e está longe em uma filmagem, então
funcionou perfeitamente.

— Você sabe que eu não estaria em outro lugar. — Adam se inclina e


me dá um beijo na minha bochecha. — Agora, pegue seu traseiro e se vista.
Eu mal posso esperar para vê-la andar até o altar. — Ele me lança uma
piscadela e eu rio sem graça.

— Tire fotos. Provavelmente será a única vez que eu andarei até o


altar. — Reviro os olhos, tentando tirar minhas inseguranças, e Adam
franze a testa.

— Se eu não soubesse melhor, pensaria que a ideia de você não se


casar é o que está perturbando você. A minha pequena rainha do gelo
descongelou? — Ele me lança um olhar interrogativo, mas não lhe
respondo. Em vez disso, viro-me para a sala onde todas as mulheres no
casamento estão se preparando.

— Vejo você em breve! — Eu falo por cima do meu ombro.

— Esta conversa não acabou, — Adam grita de volta através de uma


risada.

♥♥♥

Eu estou vestida com um vestido frente única azul royal e com decote
V e uma saia longa que vai até o chão e tem uma fenda subindo ao lado. É
de bom gosto e elegante. Eu devo admitir, Olivia fez um trabalho fabuloso
quando ela escolheu meu vestido.

Já vi desenhos de casamento suficientes para saber que a maioria das


damas de honra acaba em algo feio, porque a noiva está com muito medo de
ser superada. As outras mulheres na festa de casamento de Olivia estão em
algo parecido, cada vestido variando um pouco. Olivia, claro, parece
absolutamente deslumbrante em seu vestido de noiva. É um vestido branco
sem alças com um corpete justo e uma saia de tule larga que mostra sua
adorável barriga de bebê. Ela realmente parece uma princesa da Disney.

Giselle e sua madrasta, Corinne, a olham enquanto a equipe de


maquiagem e cabelo terminam de prepará-la. Eu uso esse tempo para sair e
visitar Nick. Eu bato uma vez na porta e Killian abre.
— Celeste, — ele diz educadamente com um breve aceno de cabeça.
— Você está linda. — Depois que olho para ele atordoada por um segundo,
eu sorrio e agradeço a ele. Não tenho certeza de que vou superar o choque
de Killian ser legal comigo.

— Vou deixar vocês a sós por um momento, — diz Killian antes de


sair.

— Celeste, — diz Nick, dando-me um abraço e um beijo na minha


bochecha. — Você está linda como sempre. — Ele me entrega uma pequena
caixa. — Obrigado por fazer isso.

— Claro, — eu digo de volta, arrumando seu smoking. Sua gravata é


azul royal, combinando com os vestidos das damas de honra e as joias na
tiara de princesa de Olivia.

Enquanto olho para meu melhor amigo, não posso deixar de me


engasgar. Enquanto estou extremamente feliz por ele, também estou triste.
Não faz muito tempo que Nick e eu estávamos noivos, e eu estava
planejando nosso casamento. Eu sei que nunca teríamos dado certo, e não
vejo Nick como algo mais do que um amigo, mas estar com ele manteve o
que restou do meu coração em segurança. Eu não corria o risco de ser
magoada ou ferida mais. Agora parece que as pequenas lascas do meu
coração, que ainda estão intactas, estão lá para alguém pegar e destruir.

— Obrigado, — ele diz suavemente.

Eu dou a ele um olhar confuso. — Você já me agradeceu.

— Não por trazer a Olivia meu presente de casamento. — Ele balança


a cabeça. — Mas por ser minha melhor amiga. Por ser você. — Seus olhos
se enchem de lágrimas não derramadas. — Você sabe que eu sempre estarei
aqui para você, não importa o quê, certo?

— Eu sei. — Eu aceno. — Estou tão feliz que você encontrou sua


alma gêmea. — Lágrimas surgem e eu pisco várias vezes, desejando que
elas desapareçam para que não estraguem minha maquiagem.

— Você sabe que é hora, certo? — Nick diz. — Para encontrar


alguém para amar.

— Eu não acho que eu posso fazer isso, — admito calmamente. — Eu


não sou assim, eu nem sei como fazer isso.

— Você sabe, — diz ele com um pequeno sorriso. — Você só tem que
deixar ir tudo aquilo que dói.

— Como? Como você deixou ir tudo isso?

— Eu não tive escolha, — diz ele, seu sorriso se alargando. — Eu tive


que abrir espaço no meu coração para Olivia e Reed.

— Sim, bem, o meu problema é um pouco diferente, — eu deixo


escapar. Meu coração não está cheio de mágoa. Está danificado além do
reparo. Ninguém quer algo que tenha sido usado e abusado, quando eles
podem ter algo novo, brilhante e perfeito.

— Como?

— Não importa. — Limpo uma lágrima traidora e me coloco um


sorriso no rosto. — Hoje é o seu grande dia. Não deixe meus problemas te
colocarem para baixo. — Eu agito a caixa que ele me entregou. — Vou me
certificar de que Olivia receba isso.
Eu me viro para ir embora, mas Nick pega meu pulso. — Foi Jase,
Celeste? Ele partiu seu coração?

As lágrimas que eu trabalhei tão duro para não deixar cair, caem
enquanto aceno com minha cabeça uma vez e sussurro: — Sim.

Nick me vira para encará-lo, e com uma carranca profunda, pergunta:


— O que aconteceu? — Posso ver em suas feições, ouvir pelo seu tom, que
ele não vai ser ignorado. Não estamos mais em um clube lotado e
barulhento cercado por nossos amigos. É só Nick, eu e a minha verdade.

— Eu me apaixonei por ele. Foi estúpido, na verdade. Foram apenas


alguns dias, e eu era jovem... — Tento minimizar meus sentimentos, mas a
cabeça de Nick se inclina um pouco, dizendo que ele não está acreditando.
— De qualquer forma, eu ia desistir do estágio de verão para ficar com ele.
— Os olhos de Nick se arregalam com as minhas palavras. — Mas quando
eu fui falar com ele sobre isso, o peguei com outra mulher. — Eu dou de
ombros.

— Mas que porra, Celeste. — Nick me puxa para um abraço. — Diga


a palavra e ele vai embora.

— Não, está tudo bem, — digo a ele enquanto nos afastamos. — Foi
há muito tempo e claramente todos os sentimentos eram unilaterais. O que
está feito, está feito.

— Exceto que não está, — aponta Nick. — O que quer que tenha
acontecido entre vocês dois tem persistido e corroído por anos. Talvez seja
hora de vocês conversarem e conseguirem algum fechamento.

— Você está certo. — E ele está. Eu passei muitos anos permitindo


que meu coração partido dirigisse minha vida. Eu quis dizer o que eu disse
quando terminei as coisas com Chad. Eu quero encontrar o amor e, para
fazer isso, preciso ter todo o coração para dar a alguém, e não posso fazer
isso desde que eu permita que o meu continue quebrado. Agora, tenho que
criar coragem para falar com Jase.

Depois de dar um último abraço nele, volto para o quarto de Olivia


para dar o presente de Nick. É um belo colar com um pingente de um livro
aberto sobre ele. Na parte de trás é a data do casamento com uma inscrição
que diz: Este não é o epílogo... é o primeiro capítulo de um novo livro.

♥♥♥

O casamento foi lindo, cheio de lágrimas de felicidade e risos.


Lágrimas felizes, quando Olivia e Nick disseram seus votos, prometendo
amar um ao outro enquanto continuam a escrever sua história. Risos,
quando Reed insistiu em se juntar a eles no altar enquanto se beijavam.

Uma vez que eles foram pronunciados marido e mulher, passamos a


próxima hora tirando fotos, e então veio a recepção. Até agora – através da
primeira dança do casal, do jantar, dos brindes e discursos e do corte do
bolo – consegui evitar com sucesso Jase.

Nick e Olivia anunciaram sua saída, agradecendo a todos por se


juntarem a eles, e eu apenas respirei fundo, sentindo-me confiante de que
poderia passar pelo casamento e pela recepção sem me deparar com Jase.
Mas, aparentemente, minha confiança foi prematura, porque eu nem
terminei de expirar, quando vi uma bela ruiva, vestida com um vestido rosa
claro, vindo direto para mim. Ela fixa os olhos em mim, sorrindo
largamente, e sei que minha sorte acabou.

— Celeste! — Skyla grita, e Adam me dá um olhar curioso. — Você


está aqui! Uau! Seu vestido é lindo. Não é tão bonito quanto a sua linha de
alta costura, mas ainda é lindo, especialmente para o vestido de dama de
honra. Você viu alguns dos que eles desenham para as damas de honra? Eu
juro que eles os projetam feios de propósito, então eles não podem superar a
noiva. — Ela estremece dramaticamente, seu nariz se contrai em desgosto,
e eu rio, tendo pensado a mesma coisa antes. — É possível ir simples e
bonita sem ofuscar a noiva. — Quando ela para de falar, seus olhos
encontram Adam e ela sorri, como se só agora percebesse que eu não estou
sentada sozinha.

— Olá, — diz ela, levantando o queixo um pouco e estendendo a


mão. — Eu sou Skyla. — Adam pega a mão dela na sua, e eu percebo que
ela está de unha feita. Elas não são falsas, mas são longos e legais, e elas
estão pintadas com francesinha.

— Skyla, esse é meu amigo Adam. Ele é um modelo.

— Eu sei. — Ela acena com a cabeça. — Eu vi você em anúncios


para Ralph Lauren, Tom Ford, Gap e para a linha de roupas da Celeste, —
diz ela com naturalidade. Os olhos de Adam se iluminam e eu sorrio. A
garota conhece das coisas.

— Eu estava, — diz Adam, estendendo a mão. — Prazer em conhecê-


la. Você é modelo?

— Ainda não. Papai diz que eu sou muito jovem, — ela rola os
olhos, — mas pretendo ser. Eu também quero desenhar joias, maquiagem e
roupas como Celeste, mas eu vou ter uma linha infantil e teen também.
Você não tem ideia de como é difícil encontrar roupas elegantes quando é
criança, e ser adolescente não é muito melhor. Os designers não parecem
entender que nem todos os adolescentes querem se vestir de maneira vulgar.

Olhando mais de perto a roupa de Skyla, noto as minúsculas camadas


de tule de ouro e as flores de lantejoulas de ouro embelezando seu vestido.
Então meu olhar desce para as sapatilhas de ballet rosa pálido combinando.
Não tenho certeza de quem a está vestindo, mas sei que a roupa dela não é
barata. A menina seriamente tem um bom gosto na moda.

Eu não posso evitar o riso que escapa quando penso em como é


irônico que a filha de Jase seja exatamente o oposto dele. Eu não posso nem
imaginar como ele lida com ela. Então me atinge... ele provavelmente não
lida. É provavelmente a mãe dela – Amaya. E com esse pensamento
preocupante, minha risada se interrompe abruptamente.

— Eu concordo, — Adam diz para Skyla. — Classifico lixo todos os


dias.

Quando ele me lança um olhar confuso, silenciosamente perguntando


quem é essa garota, eu digo: — Skyla é filha de Jase. — Leva um segundo,
mas posso dizer quando tudo clica. Ele é uma das poucas pessoas que
conhece toda a minha história. — O seu pai está aqui? — Pergunto a Skyla.
A última coisa que preciso é encontrar Jase... e o seu encontro.

— Ele está pegando outro pedaço de bolo para a gente. Eu queria que
minha mãe estivesse aqui. Red Velvet é o favorito dela.

— Por que ela não podia estar aqui? — Pergunto antes que eu possa
parar minha ingenuidade.
Seus lábios se transformam em uma carranca. — Ela está doente. —
Então, como se ela tivesse acabado de se lembrar de algo, seu rosto se
ilumina novamente. — Meu pai disse que eu posso dar o papel que você
assinou. Nós vamos visitá-la neste verão quando a escola acabar.

Suas palavras giram em minha cabeça, e me ocorre que ela disse que
vão visitá-la neste verão. Eles não devem estar juntos depois de tudo. Se
eles estivessem, não a visitariam. Bem, ele merece. Mas então me sinto mal
porque, se não estiverem juntos, significa que Skyla é parte de uma família
quebrada, e eu não desejaria isso para nenhuma criança.

— Você estará em Paris para a Fashion Week? — Pergunta Skyla.

— Leblanc estará participando, mas eu pessoalmente não estarei lá.


Na verdade, estou participando de um novo desfile de moda, bem aqui em
Nova York.

— Oh! A Global Fashion Extravaganza? Eu ouvi que vai ser incrível!


Que ela poderia substituir a Fashion Week.

Adam ri. — Bem, olhe para você! Sabendo de tudo. Você deveria
estar fazendo um estágio no Leblanc. — Ele me dá um olhar conhecedor,
que eu ignoro.

— Eu ainda estou na escola, — diz Skyla com um encolher de


ombros.

— Você está certa, — digo a ela, — é o Global Fashion Extravaganza,


também conhecido como GFE. Esperamos não substituir a Fashion Week,
mas dar à moda quatro temporadas em vez de duas. Há também um enorme
desfile de moda de caridade no último dia.
— Estou planejando assistir a transmissão ao vivo toda a semana, —
Skyla diz animadamente. Quase digo a ela que poderia conseguir seus
ingressos, mas lembro-me de que Jase é o pai dela, e a última coisa que
quero fazer é tecer minha vida com a dele – mesmo que a filha dele seja
completamente incrível.

— Skyla, aí está você! — Quinn exclama. Ela olha da sobrinha para


mim e me encara. — Você não devia sair assim sozinha.

— Eu não sou uma criança. — Skyla zomba. — Eu tenho treze. —


Treze... Eu rapidamente faço as contas na minha cabeça, mas isso não se
soma. Isso significaria que Skyla tinha dois anos quando conheci Jase. Ele
tinha uma filha e não mencionou? Ele apresentou Amaya para mim como
sua amiga... então, o que eles eram? Amigos com benefícios? Eles tinham
uma filha juntos, mas não estavam juntos... Só dormindo juntos
aparentemente.

— Celeste, — Quinn diz secamente, me tirando dos meus


pensamentos.

— Quinn, — eu digo de volta. Então, para Skyla, falo: — Eu preciso


usar o banheiro feminino antes de sair, mas foi maravilhoso ver você de
novo. Aprecie seu bolo, menina doce. — Eu me levanto e me inclino para
dar a Skyla um beijo de ar em cada uma de suas bochechas. Ela retribui,
agindo mais como um adulto do que sua idade real. E enquanto eu me
afasto, não posso deixar de me perguntar como seria se Skyla fosse minha e
de Jase em vez de Amaya e dele.

Com esse pensamento, eu mudo de curso, subitamente precisando de


uma bebida forte, ignorando a parte profunda dentro de mim que está
abanando o dedo e me dizendo que beber não é a resposta. Minha mãe é
prova disso.

Quando a bartender pergunta o que eu gostaria, digo a ela que não me


importo. Ela pega um agitador de metal, despeja alguns ingredientes
diferentes nele e depois agita tudo. Agarrando um copo alto, ela despeja a
mistura vermelha brilhante nele, em seguida, pega um morango, colocando-
o na borda. — Uma puta ruiva, — ela anuncia enquanto coloca um
guardanapo na minha frente e coloca a bebida nele. Eu rio alto com o nome.
Que adequado. Eu tomo a bebida alcoólica e peço outra.

Bem quando ela está pegando meu copo vazio, um cavalheiro de boa
aparência se aproxima e diz: — Faça dois.

— Mas você nem sabe o que eu estou bebendo, — eu digo.

— Se você está bebendo, tenho certeza que é a prateleira de cima. Eu


não posso imaginar você desperdiçando seu tempo com qualquer coisa a
menos.

A bartender repete o que ela fez antes, só que desta vez dobrando os
ingredientes. Quando ela coloca nossos copos na nossa frente, ela mais uma
vez diz: — Duas putas ruivas. — O cavalheiro ri com um aceno de cabeça.
Nós dois pegamos um copo e, depois de brindarmos um contra o outro,
viramos nossos shots.

— Muito bom, — eu ouço uma voz assobiar. Quando me viro, vejo


Jase. Em um ponto ele deve ter usado um terno, mas agora, seu paletó está
faltando e sua camisa de botão está enrolada nas mangas, expondo todas as
suas tatuagens sexys como pecado. O cabelo dele está graciosamente
ordenado para o lado e, espreitando para fora do colarinho, estão algumas
tatuagens mais intricadas. Ele grita sexo e bad boy e... trapaceiro. — Você
está ciente de que minha filha é ruiva também, — ressalta.

— E você sabe que ela não é a vadia que eu estaria me referindo se eu


tivesse realmente escolhido a bebida. — Eu aceno para ele. A bartender,
abençoada por Deus, me entrega outro shot, que eu bebo tão rápido quanto
os dois últimos. — Ela escolheu a bebida, não eu, mas devo dizer que é
bastante apropriado.

Eu bato o copo e me afasto de Jase. Eu não percebo que ele está me


seguindo até eu entrar no banheiro feminino e ouvir a porta fechar atrás de
mim. Quando eu me viro, Jase está parado ali com os braços cruzados sobre
o peito, os antebraços musculosos em exibição.

— Ciúme não fica bom em você, — diz ele com um sorriso.

— Foda-se você.

— Tsk, tsk, isso não é muito feminino Celeste. O que todos os seus
admiradores pensariam se a ouvissem falando como lixo de trailer em vez
da mulher de alta classe que todo mundo conhece? — Eles provavelmente
pensariam que faz mais sentido, já que é de onde eu vim…

— Para sua informação, — eu assobio, ignorando sua pergunta, — eu


não estou com ciúmes.

— Como você não deveria estar. — Jase dá de ombros


despreocupadamente, mas quando ele fala, suas palavras são tudo menos
isso. — Você tem tudo que poderia querer, certo? Dinheiro, fama, status.
Você alcançou todos os sonhos que sonhou. — Ele se aproxima e eu recuo,
minha bunda batendo na borda do balcão de mármore.
— Talvez você devesse se concentrar em sua pequena família perfeita
e não se preocupar com o que eu tenho. — Espero para ver se ele confirma
ou nega o que estou querendo dizer, mas ele não faz nada, não me dando
nada.

Em vez disso, ele simplesmente ri, mas tudo sai errado. Não soa
melódico, despreocupado e bonito como eu me lembro de soar todos
aqueles anos atrás. Não, essa risada é desprovida de todo humor e
felicidade. Ele coloca as mãos em ambos os lados do meu corpo,
enjaulando-me.

— A família perfeita? — Ele ri sombriamente. — Você não tem ideia


do que está falando. — Quando a frieza de sua respiração bate no meu
ouvido, eu solto uma respiração instável. Já faz muito tempo desde que
senti o corpo de Jase contra o meu. Ele está tão perto. Sua virilha esfrega
contra a minha frente, e eu tremo em resposta. Maldito corpo traidor.

— Já faz onze anos, mas seu corpo ainda responde ao meu, — ele
murmura. Recuando levemente, seus olhos cor de avelã encontrando os
meus ônix. Então seus olhos viajam alguns centímetros para o sul,
pousando na minha boca. Sua língua dispara ligeiramente, molhando seus
lábios. Ele vai me beijar. Eu posso sentir isso nos meus ossos.

Eu deveria pará-lo. Empurrá-lo para longe. Mas eu não faço isso. E


assim como eu previ, segundos depois sua boca bate contra a minha. Nossas
línguas se encontram e duelam uma com a outra. Os dedos de Jase afundam
nos meus lados enquanto ele me levanta no balcão. Minhas pernas
envolvem sua cintura enquanto meus dedos seguram a parte de trás de seu
cabelo, puxando-o para perto de mim.
Enquanto nosso beijo se aprofunda, gemidos se soltam de nós dois,
ecoando no banheiro silencioso. Suas mãos deslizam pelas minhas coxas,
meu vestido se enrola na minha cintura. Eu solto o cabelo dele, desfazendo
o botão e o zíper. Usando meu calcanhar, empurro suas calças e cueca para
baixo enquanto Jase puxa minha calcinha de renda para o lado, empurrando
os dedos em mim.

Um suspiro alto escapa dos meus lábios quando minha cabeça volta,
batendo no espelho. Seus lábios encontram meu pescoço, e quando ele
arrasta beijos suaves e molhados através da minha pele agora aquecida, ele
puxa seus dedos para fora de mim, empurra-me para frente e empurra todo
o seu comprimento duro para dentro de mim. A sensação dele em mim é tão
boa, mas diferente... algo sobre ele está diferente. É isso... Ele está... com
um piercing?

— Porra, Celeste, — Jase rosna, empurrando meus pensamentos para


longe enquanto ele me fode duro e profundo. Seus dedos estão cavando em
meus lados. Deveria doer, mas só aumenta o prazer. Eu sinto meu orgasmo
crescendo a cada impulso de seus quadris, e então ele atinge meu ponto
doce.

— Sim, bem aí! — Eu grito. Jase escuta, batendo de novo e de novo.


E antes que eu perceba, todo o meu corpo deixa ir, e eu venho mais do que
nunca antes. Meu corpo treme enquanto meu orgasmo continua a rasgar
através de mim. Jase acaricia seu rosto no meu pescoço, seus lábios
chupando minha pele suada enquanto ele segue logo atrás. Meus olhos se
fecham e respiro fundo, aproveitando o momento de pura felicidade.

Mas então ele continua, seu pau agora semiduro ainda em mim, e a
realidade bate. Eu apenas deixei Jase me foder... sem camisinha. Estou
tomando pílula, mas esse não é o ponto. Estou prestes a dizer algo quando
Jase fala primeiro.

— Porra, isso foi um erro. — Eu poderia estar pensando a mesma


coisa, mas foda-se por dizer isso primeiro. Eu o empurro de volta e seu pau
desliza para fora – a bagunça do que acabamos de fazer escorre para fora de
mim.

Eu não posso evitar a risada maníaca que escapa dos meus lábios
enquanto Jase olha para o seu esperma escorrendo pelo interior da minha
coxa. Estendendo a mão, pego uma toalha de papel para limpá-la.

— Isso não deveria ter acontecido, — diz Jase. — Eu não traio. — E


com essas palavras, levanto minha cabeça para dar a ele toda a minha
atenção, meu foco em limpar não é mais uma prioridade.

— É bom ver que você agora tem moral, — digo, rindo ainda mais,
— mas você não precisa se preocupar. — Eu pulo da pia e jogo a toalha de
papel no lixo. — Meu namorado e eu terminamos na semana passada.

— E o cara que você está aqui?

— Só um amigo.

Eu me viro devagar e fixo meus olhos com os de Jase, percebendo


que acabei de fazer sexo – consentido, foi sexo com ódio, mas ainda sexo –
com o homem que me traiu e partiu meu coração. E então suas palavras
afundam. Ele disse que não trai. Eu assumi que ele estava se referindo a eu
estar em um relacionamento, mas ele poderia ter falado sobre si mesmo
também. Eu nem sei se ele está com alguém. Ele tem uma namorada? Uma
noiva? Oh meu Deus, ele é casado? De repente, eu me sinto barata e suja e
quero tomar um longo banho quente para tirar Jase da minha pele.
— E você? — Eu sussurro. — Você está... com alguém? — Se ele
pode me trair, quem diria que ele não faria isso para outra pessoa. Podemos
ser mais velhos, mas há uma razão para o ditado: uma vez um trapaceiro,
sempre um trapaceiro... — Você está com alguém? — Baseado no que sua
filha disse, eu presumi que ele estivesse solteiro. Mas você sabe o que eles
dizem sobre as pessoas que presumem… especialmente com o histórico
dele.

Eu rapidamente olho para baixo para sua mão esquerda, aliviada que
não há pelo menos nenhum anel em seu dedo.

— E se eu estiver?

— Então não me surpreenderia que você não tivesse problema em


foder alguém. — Eu dou de ombros com toda a confiança que não tenho, e
saio pela porta.
DEZ

Jase

— Então não me surpreenderia que você não tivesse problema em


foder alguém. — Não consigo tirar as palavras de Celeste da minha cabeça.
Elas não fazem o menor sentido. Por que ela acreditaria que eu ficaria bem
fazendo sexo com alguém enquanto estivesse com outra pessoa?

Eu queria persegui-la e perguntar o que ela queria dizer com aquilo,


mas quando saí, ela não estava em lugar nenhum. Minha filha e Quinn
estavam, entretanto, e enquanto Quinn continuava me dando um olhar
conhecedor como se ela pudesse dizer que algo estava errado, ela não podia
expressar suas suspeitas por causa de Skyla estar com a gente.

Durante a subida do elevador até o nosso quarto, Skyla continuou


falando sobre como ela foi até Celeste e conheceu seu amigo modelo Adam.
Ela nem percebeu que, enquanto eu estive fora por um tempo, não
retornarei com o bolo que eu originalmente planejei nos levar.

Depois que Skyla tomou banho e foi para a cama, peguei uma garrafa
de Johnnie que o resort mantinha em estoque para comprar e levei para o
terraço comigo antes que Quinn pudesse começar seu interrogatório. Meus
pensamentos não podiam escapar do que Celeste e eu fizemos – o que ela
disse depois.

Ao longo dos anos, tive meu quinhão de ficadas de uma noite. Eu


estive em alguns relacionamentos de curto prazo. Mas nem uma vez eu fui
imprudente. Sem proteção, sem ação. Todo homem conhece essa regra.
Claro, quando nós estivemos juntos antes, ela estava tomando pílula, mas
eu não sei a situação dela agora, e eu definitivamente não sei com quem ela
está.

No entanto, eu nem sequer pensei duas vezes antes de ir sem proteção


– exatamente como todos aqueles anos atrás. A partir do momento em que
coloquei meus olhos em Celeste naquela festa, é como se ela de alguma
forma tivesse me enfeitiçado. Eu não penso de maneira lógica ou
racionalmente quando ela está perto de mim. Meu pau e meu coração
parecem ser os únicos dois órgãos que funcionam quando ela está por perto.

Quanto mais eu bebo, mais minha mente repete os eventos de hoje à


noite. A sensação de Celeste com as pernas em volta de mim. O jeito que
ela puxou meu cabelo, e o jeito que sua boceta apertada apertou em volta do
meu pau quando eu a peguei.

Eu não poderia nem mesmo te dizer quem iniciou isso –


provavelmente eu – mas eu posso te dizer que, mesmo que tenham sido
onze malditos anos desde que estive com ela, parecia que nenhum tempo
tinha passado.

Enquanto seu corpo é menos de menina e mais de mulher, seus lábios


macios e carnudos não mudaram nem um pouco. O jeito que ela me beijou,
era como se tudo meu fosse dela para ser tomado. Ela possuiu meu corpo,
coração e alma todos esses anos atrás, e esta noite, percebi que ela poderia
facilmente pegar tudo de novo.

Mas a questão é, eu poderia deixá-la? Eu teria mesmo uma escolha?


Primeiro de tudo, preciso descobrir por que ela me deixou todos esses anos
atrás, sem sequer um adeus. O jeito que ela agiu toda vez que a encontrei é
como se eu estivesse errado, o que não faz sentido. Ela é a única que mentiu
sobre sua idade, e onde ela estudou, e sobre seu maldito emprego de modelo
em Nova York. Inferno, ela é a única que pegou um avião e me deixou.

Eu deveria ser aquele que está chateado – e eu sou. Mas, ao mesmo


tempo, todos esses malditos sentimentos que tive estão voltando a todo
vapor. Nenhuma mulher me afetou do jeito que Celeste fez. Com um único
olhar, um simples toque, ela me tira do meu jogo.

Ao longo dos anos, achei que Skyla gostar tanto de moda fosse a
maneira de Deus rir de mim, zombar de mim. De todas as coisas em que
minha filha poderia gostar, é claro que ela precisa gostar de moda –
desenhando, desenhando, desenhando, modelando. Ela ama tudo. E para a
maioria das crianças, isso significaria observar as últimas tendências de
longe. Mas para Skyla, porque seus avós são ridiculamente ricos, isso
significa que ela é capaz de aproveitar os luxos das roupas de marca de
perto e de maneira pessoal.

Alguns dias, minha filha coloca roupas que custam mais do que o
pagamento mensal da hipoteca da casa em que vivemos, algo que eu tento
não pensar. Porque, apesar de eu não querer que minha filha use merda
como Burberry e Ralph Lauren, os pais de Amaya, Monica e Phil, pediram
que eu aceitasse os presentes que eles mandam para ela todo mês.

Foi uma das estipulações deles quando eu disse a eles que queria me
mudar para Nova York. A maioria dos avós pediria para visitar de vez em
quando, ou para receber telefonemas, mas não eles. Sua maneira de
demonstrar amor é através de bens materiais. Mesmo que eu não concorde
com isso – e ainda não concordo – significou ir embora com minha filha
sem que eles brigassem. Eu aprendi ao longo dos anos a escolher minhas
batalhas com eles.

Sua outra estipulação era que Skyla frequentasse a escola particular.


Como não havia nenhuma maneira que eu pudesse pagar para mandá-la
sozinha, e sou homem o suficiente para admitir isso, eu concordei. Ser pai
vem em primeiro lugar, e se isso significa permitir que seus avós paguem
por sua educação, então que assim seja. Skyla ama sua escola, e eu adoro
que ela esteja recebendo uma educação de alto nível. Há até um clube de
arte do qual ela faz parte. Vários dias depois da escola ela também
frequenta um programa STEM para crianças, o que lhe permite aprender
tecnologia através do design de moda. Minha filha tem um futuro brilhante
pela frente.

— Você está bebendo ainda? — Quinn pergunta, entrando no terraço.

— Não o suficiente, — murmuro, tomando outro gole.

— Eu vi Celeste sair do banheiro... — Quando não me manifesto com


suas palavras, ela acrescenta: — E você sair logo depois.

Eu aceno em afirmação, mas ainda não falo. O que há para dizer?


Quinn estava lá no dia em que descobri que a garota com quem eu podia ter
um futuro tinha mentido para mim, em seguida, saiu da cidade.

Ela estava lá no dia em que vi Celeste no show estúpido de


modelagem e jogou meu celular na tela, quebrando-o. E ela estava no
mesmo dia em que minha filha anunciou que Celeste era sua modelo e
queria ser como ela. E eu não tive escolha a não ser sorrir e acenar e
concordar que Celeste é linda e talentosa. O que ela era – é – mas ainda
doía muito admitir em voz alta.
Uma semana foi tudo que eu tive com ela. Ela não deveria ter sido
nada mais do que um pontinho no meu maldito radar. Eu estive com
dezenas de mulheres desde ela, e eu não poderia te dizer metade dos seus
nomes. Mas Celeste, se eu fechar meus olhos e me concentrar o suficiente,
eu poderia dizer a você alguma coisa sobre ela.

O jeito que ela cheirava como a praia e as rosas. O jeito que ela gemia
baixinho toda vez que ela gozava porque ela era jovem e envergonhada,
mas era bom demais para ela segurar isso. Eu poderia te dizer o quão suave
a pele dela era e apontar onde as sardas que ela tem estão localizadas
porque eu passava horas aprendendo cada centímetro de seu corpo enquanto
ela dormia – e enquanto ela estava acordada. Eu poderia dizer-lhe a maneira
adorável que ela franzia o nariz quando não tinha certeza de alguma coisa.
O jeito que ela corava quando eu dizia alguma coisa suja – o que eu fiz só
para ver suas bochechas ficarem rosadas.

Então, enquanto ela não deveria ter sido nada mais do que uma garota
que eu comi algumas vezes – ok, várias vezes – ela era mais do que isso.
Através da minha filha, vi a carreira de Celeste explodir. Desde a sua
modelagem até o início de sua empresa. Eu a vi crescer e florescer em uma
mulher incrível que perseguiu seus sonhos e segurou-os como se fossem sua
linha de vida.

Eu assisti ela ficar noiva de Nick... e então assisti isso terminar. Tudo
ao mesmo tempo, supondo que ela provavelmente nem me reconheceria se
me visse pessoalmente. Até que ela entrou na minha loja e, de fato, me
reconheceu. E naquele momento, pensei que talvez ela se desculpasse por
sair, ou pelo menos, explicar. Mas ela não fez nenhum dos dois. Ela me deu
um nada e agiu como se eu fosse o cara mau. E depois de abraçar meu
irmão, que ela mal conhecia, ela saiu pela porta mais uma vez.
— Jase, você vai me dizer o que aconteceu? — Pergunta Quinn.
Quando eu levanto uma sobrancelha, ela revira os olhos. — Eu não quis
dizer esses detalhes. Eu quis dizer o que está acontecendo com vocês dois.
Eu sei que ela sempre foi a única que escapou... — O que diabos acontece
com meus irmãos se referindo a ela como isso?

— Ela não fugiu. Ela correu, — eu digo, repetindo as mesmas


palavras que eu disse ao meu irmão no clube. Depois de tomar outro gole da
minha bebida, acrescento: — E não quero falar sobre isso. Não há nada a
dizer. — Eu me levanto e, sem outra palavra, entro em meu quarto e fecho a
porta atrás de mim.

♥♥♥

Quer saber por que os pais não ficam bêbados quando têm filhos?
Não é porque eles são mais responsáveis ou maduros. Não, é porque no dia
seguinte, quando aquelas crianças acordam às sete da porra da manhã,
exigindo café da manhã e querer ir para a piscina, não há ninguém para
salvar sua bunda de ressaca porque você é o maldito pai. O que significa
que, mesmo com uma dor de cabeça que não vai embora, você não tem
escolha a não ser se arrastar para fora da cama, tomar um banho, pedir
serviço de quarto e rezar para que ela não escolha falar muito ou fazer
muitas perguntas.

— Papai, venha para a piscina comigo! — Skyla grita muito alto.


Tomei várias aspirinas, mas nada está ajudando a dor latejante, parece que
minha cabeça foi esmagada em uma parede de cimento em vez de eu beber
uma garrafa de Johnnie na noite passada.

— Tudo bem, Sky. — Tirando a minha camisa, eu a jogo na cadeira,


chuto meus chinelos para fora dos meus pés, em seguida, vou para os
degraus para trabalhar lentamente na piscina. Com meus óculos de aviador,
o sol está ligeiramente entorpecido. Quando meus pés tocam a água,
agradeço a qualquer Deus da piscina porque a água está morna.

— Sim! — Skyla grita, e eu faço o meu melhor para não recuar com
sua voz. Não é culpa da minha filha que o pai tenha pensado que seria uma
boa ideia depois que ela fosse para a cama ficar bêbado na tentativa de
temporariamente fugir da mulher que ele fodeu no banheiro na recepção de
casamento de seus amigos.

— Celeste! — Skyla grita, e minha cabeça gira tão rápido que parece
que um milhão de unhas foram cravadas no meu crânio. — Aqui! —
Quando finalmente vejo onde Skyla está olhando, vejo Celeste em pé ao
lado de uma poltrona em um pequeno biquíni preto e branco.

Ela está se curvando enquanto empurra seu short para baixo em suas
pernas bronzeadas e tonificadas, e seus seios, os mesmos que eu estava
beijando na noite passada, estão em exibição. Ela se levanta, e é então que
noto que seu estômago liso tem um piercing no umbigo, que está brilhando
à luz do sol. Seu cabelo está puxado para cima em um coque bagunçado e
ela está sorrindo para Skyla, hesitante, tentando decidir se vem ou foge pois
estou perto da minha filha.

— Celeste, entre! — Minha filha grita. — Está quente aqui. — Os


olhos de Celeste pousam nos meus, mas ela não consegue distinguir minha
expressão por causa dos meus óculos. Ela coloca o short na beira da
poltrona e tira os chinelos. Ela está obviamente empacada e eu estou
curtindo secretamente a sensação de desconforto dela. Ela não quer dizer
não, mas também não quer chegar perto de mim. Mas quando minha filha
acrescenta um “por favor” em seu inocente rosto bonitinho, sei que ela
conseguiu. E sorrio, apesar de tudo, porque sei muito bem como é difícil
dizer não para ela quando ela usa essa voz.

— Ok, — Celeste diz com um aceno de cabeça. Depois que ela aplica
protetor solar à sua frente, ela entrega a garrafa ao amigo, que a aplica nas
costas. É preciso de tudo em mim para não sair da piscina, arrancar o frasco
de suas mãos e exigir que ele não a toque. Amigo, minha bunda...

Eu vejo como Celeste fixa o cabelo em um rabo de cavalo baixo e


pega um enorme chapéu preto da bolsa, puxando-o para que ele ofusque
todo o seu rosto. O chapéu é tão grande que deveria parecer ridículo, mas
nela parece adorável. Um contraste completo com o seu quase inexistente
biquíni. Ela desliza pela água e para na frente da minha filha, fazendo
questão de não olhar na minha direção.

— Ei, Skyla! Você gostou do seu bolo na noite passada? — Ela sorri
tanto, que ilumina todo o seu rosto.

Skyla franze a testa e olha para mim. — Papai, você nunca me trouxe
o bolo. — Ela faz beicinho.

— Desculpe, eu não vi mais. — Eu dou de ombros. Felizmente, Skyla


não questiona, porque a última coisa que quero fazer é cavar-me em um
buraco mais profundo. Tecnicamente, não estou mentindo. Eu nunca
cheguei ao bolo para ver se havia mais algum. Odeio mentir para minha
filha, mesmo que seja algo como um pedaço de bolo. Fui enganado pelo
meu pai quando cresci e jurei que nunca seria nada parecido com aquele
homem. Mesmo que doa, sempre direi a verdade a Skyla.

Os lábios de Celeste se contorcem, e sei que ela está pensando porque


nunca consegui ver se havia mais bolo. Mas felizmente ela não me entrega.
Em vez disso, ela mantém sua atenção em Skyla. — Você está se divertindo
na piscina?

— Acabamos de chegar aqui. Papai acordou com uma forte dor de


cabeça e levou uma eternidade para sair da cama. — Skyla revira os olhos
dramaticamente, e os lábios de Celeste se contraem novamente. — Ele disse
que só podemos ficar por um tempo e depois temos que ir para casa. Eu
tenho aula amanhã. — Skyla geme.

— Bem, a escola é importante, — Celeste responde.

— Eu acho que sim. Eu só quero ser uma modelo de roupas de


design. Eu não sei porque eu tenho que ir para a escola para isso. — Seu
nariz se contrai em aborrecimento.

Estou prestes a dar meu discurso padrão de pai – aquele que dou toda
vez que Skyla diz isso, mas Celeste fala primeiro. — Skyla, a escola é
realmente importante, — ela diz seriamente. — É onde você aprenderá
como fazer as contas necessárias para projetar suas roupas. Você gostaria de
usar uma camisa que tenha um braço mais comprido do que o outra? —
Seus olhos se arregalam e Skyla ri com uma sacudida de cabeça.

— Não! — Exclama Skyla.

— Também é onde você aprenderá como usar um computador. Você


precisa saber como usar programas como PowerPoint e Excel para reuniões,
e isso é só o começo.
— E a geografia? — Skyla se contorce como a adolescente que ela é.
— Por que eu preciso saber disso?

Eu sufoco uma risada, quase positivo que minha filha a deixou


perplexa, quando Celeste diz: — Onde fica Milão?

— Onde a Fashion Week é realizada.

— É verdade, mas onde fica Milão?

— Não é um país?

— Errado, — Celeste diz. — Fica na Itália. Acabei de voltar de lá no


mês passado. Se eu não conhecesse meus países, como seria capaz de
vender minhas roupas, joias e maquiagem em todo o mundo? — Ela levanta
uma sobrancelha e os ombros de Skyla caem em derrota.

— Eu entendo, — ela murmura. — Eu estou no programa STEM, —


acrescenta ela.

— O que é isso? — Celeste pergunta.

— Estou aprendendo a usar ciência e tecnologia para desenhar


roupas. Eu posso desenhar no computador.

— Uau! — Celeste exclama. — Isso é incrível. Foi muito difícil


aprender a usar os programas. Às vezes ainda tenho problemas. — Ela
franze a testa, mas posso dizer que é exagerado para o benefício da minha
filha. — Eu não fui para a faculdade, mas gostaria de ter feito. Eu poderia
ter aprendido muito mais. Em vez disso, precisei de muita gente para me
ajudar.
— Eu posso te ajudar! — Skyla sorri. — Sou praticamente um gênio
no computador.

Celeste sorri calorosamente. — Eu adoraria isso. — O sorriso que eu


estava ostentando de repente desaparece quando pego o enorme sorriso no
rosto de Skyla. A conversa foi de hipoteticamente projetar roupas no dia
para Skyla ajudando Celeste. Não é culpa de Celeste. Eu nem acho que ela
percebe o que sugeriu, mas isso não vai impedir minha filha de aceitar isso
de qualquer maneira.

— Ei Sky... — Eu começo a dizer, sabendo que preciso cortar essa


conversa rapidamente. Mas eu sei que estou muito tarde quando Skyla me
ignora e pergunta: — Quando? — E os olhos de Celeste se arregalam
quando percebe para onde a conversa levou.

— Umm... — ela tremula, e pela primeira vez, seu olhar vai para
mim, silenciosamente implorando pela minha ajuda.

— Sky, Celeste é muito ocupada, — eu digo. As sobrancelhas de


Celeste franzem e a cabeça se inclina ligeiramente para o lado. Eu não quis
dizer isso de uma maneira ruim, mas ela está claramente assumindo isso
como tal. Eu só estou tentando tirá-la do buraco em que ela
inconscientemente se enfiou.

— Oh, — Skyla sussurra, decepção pingando por aquelas duas


palavras. Ela acena com a cabeça uma vez e meu coração despenca. Eu
deveria ter descoberto mais cedo para onde isso estava levando, então eu
poderia ter colocado um fim nisso.

— Na verdade, — Celeste diz com um tom desanimado em sua voz,


— Eu não estou tão ocupada assim. Adoraria que você viesse me ajudar. —
Ela dá um sorriso, mas eu posso ver através disso. É tudo uma falsa bravata.
A mulher está tão longe de seu normal agora, mas foda-se se ela não está
tentando. E a tentativa dela está apenas fazendo com que ela fique muito
mais sexy. Porque o fato é que ela não precisa tentar. Skyla não é nada para
Celeste.

— Celeste, — eu começo, prestes a dizer a ela que ela não tem que
fazer isso, mas antes que eu possa dizer as palavras, Skyla me interrompe.
O que há com essas malditas mulheres me ignorando como se eu não
estivesse aqui?

— Mesmo? Isso seria incrível! Oh! Desde que você não está ocupada,
você pode vir para o meu dia de carreira na próxima semana? É o último dia
de aula. — Oh, Jesus…

— Sky, — eu gemo. — Deixe-a em paz, por favor. — Eu olho para


Celeste, que agora está mordendo seu lábio inferior nervosamente. Meu
palpite é que ela se precipitou quando convidou Skyla para ajudá-la, mas
apesar disso, agora ela está percebendo tudo o que ela concordou em fazer.
A coisa sobre as crianças é que, se você lhes der um milímetro, nove vezes
em dez, elas vão tomar um maldito quilômetro a mais.

— Você pode? — Repete Skyla.

— Umm... eu acho que sim... — Celeste acena uma vez. — Eu teria


que verificar meu calendário, mas acho que tudo bem... — Ela morde o
lábio novamente.

— Sim! Papai, você ouviu isso? Celeste vai vir ao meu dia de
carreira! — Skyla fecha o espaço entre ela e Celeste e a puxa para um
abraço. Envolvendo seus braços em volta da minha filha, os olhos de
Celeste se fecham brevemente, e quando ela os abre, tenho quase certeza de
que seus olhos estão encobertos por lágrimas não derramadas. Mas ela vira
o rosto para longe de mim rapidamente, então não posso confirmar. Por que
ela estaria prestes a chorar? Ela realmente me odeia tanto assim?

— Sky, ela disse que vai tentar. — A última coisa que quero é que
minha filha tenha esperanças e depois seja decepcionada. Ela foi
decepcionada o suficiente em sua vida.

Seu abraço termina e Celeste diz: — Vou dar ao seu pai meu cartão de
visita para que ele possa enviar uma mensagem de texto para mim.

Skyla acena e bate as mãos em pura felicidade.


ONZE

Celeste

— Eu tenho esperado por mais de uma semana pelas provas da sessão


de fotos, só então eu poderei aprovar os modelos de inverno, e meu e-mail
ainda não tem nada de você! — Eu grito através do telefone para Vince,
meu editor de fotos que trabalha com o namorado de Adam, Felix.

Ele fica em silêncio no telefone – estou chocada com o motivo de eu


estar reagindo dessa forma com ele, quando tecnicamente as provas não são
esperadas até o final do dia de hoje, e ele não falhou nem uma vez, em todo
o tempo que ele trabalhou para mim.

Quando paro de gritar para respirar, Margie tira meu celular da mesa e
aperta o botão para tirar do viva voz. — Por favor, desculpe a Celeste. Ela
está atualmente tendo uma experiência fora do corpo. Aliens, vestidos de
Gucci e Marchesa, assumiram o controle. Nós iremos ver seu e-mail mais
tarde. Ciao. — Ela desliga e me dá sua atenção, sua cabeça inclinando
ligeiramente para o lado enquanto eu olho para ela, irritada por ela fazer
piadas enquanto eu me sinto tão irritada e agitada que estou prestes a
arrancar minha pele do meu próprio corpo.

— Esta explosão repentina não tem nada a ver com um homem


bonito, tatuado, musculoso e sua doce filha, não é? — Ela sorri
conscientemente, e eu solto um grunhido.
— Adam! — Eu grito no topo dos meus pulmões, sabendo que ele
está em algum lugar próximo. Ele tem agendada uma sessão de fotos hoje e
nós deveríamos almoçar quando ele terminasse. — Pare de falar pelas
minhas costas!

Eu ouço uma risada alegre, mas sem resposta. Meu telefone toca e
Margie olha para ver quem está ligando, depois entrega para mim. — É
Victoria Shaw.

Eu atendo, rezando para que nada tenha acontecido com minha mãe.
Desde que Nick e eu cancelamos nosso noivado no ano passado, e ele
deserdou seus pais depois que eles tentaram arruinar seu relacionamento
com Olivia, Victoria e eu temos sido um pouco distantes.

Era como se uma linha tivesse sido cruzada e eu escolhi ficar ao lado
de Nick e Olivia. Ela estava errada, mas se recusa a ver. Em todo caso, ela
não me ligou nem uma vez a não ser que seja algo em relação a minha mãe.

— Victoria, — eu digo, colocando o telefone de volta no viva voz. Eu


faço isso por hábito, então Margie pode tomar notas.

— Celeste, — diz ela, sua voz formal, — eu estou ligando porque


pensei que você deveria saber que sua mãe perdeu o emprego. — Meu
coração cai no meu estômago. Mesmo pagando todas as contas da minha
mãe, ela continua trabalhando na lanchonete por um motivo...

— O restaurante fechou, — acrescenta ela. — Ela está sentada do


lado de fora todos os dias… — Ela não precisa terminar sua frase para eu
saber o porquê – no caso de Snake aparecer.

Solto um longo suspiro, sem saber como lidar com essa situação.
— Celeste. — Quando Victoria diz meu nome, lembro que ainda
estamos no telefone.

— Obrigada pela sua chamada. Eu vou descobrir alguma coisa. —


Nós desligamos, e é quando eu noto que Adam se juntou a nós no
escritório.

— Sua mãe precisa de ajuda, — diz ele, afirmando o óbvio.

— Ela não quer ajuda, — eu digo. — Ela quer um homem que, se eu


não estivesse viva como prova, nem acreditaria que existe.

— Quando foi a última vez que você procurou por ele? — Margie
pergunta. Ela também está ciente de toda a situação da minha mãe.

— Eu não procurei.

— O que você quer dizer com não procurou? — Adam me dá um


olhar chocado. — Você tem dinheiro mais do que suficiente para contratar
um investigador particular. — Quando eu não digo nada, ele olha para o
meu rosto por vários segundos antes de acrescentar: — Você está com
medo.

Eu deixo cair meus olhos no chão, não querendo ser mais analisada.
— Eu não tenho medo... — Mas até para os meus próprios ouvidos, posso
ouvir a falta de convicção.

— Sim, você tem, — ele argumenta. — Você tem medo do que pode
encontrar. Que talvez ele não seja realmente seu pai ou esteja morto. Ele
pode ser algum idiota que não é tudo que sua mãe o fez ser. — Eu recuo
com as palavras dele, mas ele não para por aí. — Ou pior, você está com
medo de encontrá-lo vivo e isso significaria que ele partiu porque ele não
queria sua mãe... ou você. — Eu não me incomodo em discutir. Ele acertou
o prego na cabeça.

— Celeste, — diz Adam, colocando as mãos nos meus ombros. —


Você precisa descobrir o que aconteceu com ele. Sua mãe precisa de um
fechamento, e você também. — Ele levanta uma sobrancelha. — Você está
seriamente indo deixá-la morrer sem saber o que aconteceu porque você
tem problemas com o papai?

— Você está certo, — eu admito, minha voz engasga com a culpa que
estou sentindo agora. Era fácil fingir que a situação não existe quando
minha mãe vive a mais de 800 quilômetros de distância e não o menciona
nas raras vezes em que conversamos. Mas agora que Adam abriu o armário,
derramando todos os esqueletos, não posso simplesmente colocá-los de
volta e fingir que não existem. — Eu vou dar uma pesquisada para
encontrar um IP3.

— O melhor amigo de Felix da faculdade é um deles. Vou ligar para


ele.

— Obrigada. — Eu dou um abraço em Adam. Não tenho muitos


amigos, mas os poucos que tenho são nada menos que incríveis.

— Então, que horas vai ser o dia da carreira? — Pergunta ele, e eu


gemo. Margie, claro, ri. Quando não respondo de imediato, Adam me lança
um olhar de desânimo. — Você não vai deixar essa menina para baixo, vai?

— Você não entende...

— Que você está apaixonada por seu pai? — Ele corta.

— Não! — O que há com ele me falando toda a minha merda hoje?


— Sim! — Adam argumenta.

— O quê? — Margie grita em choque.

— Oh, sim, garota. — Adam puxa Margie para o sofá. — Ela


totalmente traçou ele no banheiro das mulheres na recepção do casamento.
— Margie ri. Maldito traidor. Você não pode mais pagar por lealdade.

Quando ela me vê encarando, ela para abruptamente. — Você está


indo, certo?

— Sim, claro. — Eu puxo para cima a única mensagem de texto que


Jase me enviou ontem à noite. É o endereço da escola de Skyla, junto com o
horário que preciso chegar. Ele pode ter esperado até o último minuto para
me deixar saber os detalhes do evento, mas, felizmente, não esperei para
deixar as coisas prontas.

Skyla só mencionou que eu tinha que falar, mas eu queria fazer algo
extra para torná-lo memorável para ela, então quando voltei para o meu
escritório no dia seguinte, comecei a trabalhar juntando uma surpresa que
acho que ela vai amar.

Todos os dias, eu checava meu telefone, esperando receber os


detalhes de Jase, e dia após dia, quando nada entrava, comecei a me
perguntar se talvez Skyla tivesse mudado de ideia sobre o convite, e isso me
irritou com Jase que não pode ter um segundo para me deixar saber.

Ontem eu considerei ligar para Nick para pegar o número de Jase para
perguntar a ele, ou procurar pelo endereço dele para que eu pudesse pelo
menos enviar a surpresa para Skyla, para que ela pudesse entregá-los a seus
colegas de classe se ela quisesse. Então, ontem à noite, enquanto eu estava
decidindo o que fazer, a mensagem de Jase finalmente chegou.
Irritada porque ele esperou até o último segundo possível, eu nem
sequer me incomodei em responder. Foi imaturo, mas, por outro lado, ele
também foi me fazendo esperar por tanto tempo. Eu só espero que Skyla
não pense que minha falta de resposta significa que eu não estou indo. Com
certeza, se Jase pensasse isso, ele teria mandado uma mensagem outra vez
para perguntar. Certo?

Olhando para a hora atual no meu celular, digo a Adam que nos
chame um carro, depois Margie me ajuda a pegar a caixa de presentes. Hoje
é sobre Skyla, não Jase, e se ele acha que me mandar mensagens no último
minuto vai me tirar do sério, é melhor ele pensar de novo.

Eu sou Celeste-fodida-Leblanc, e estou prestes a mostrar a Jase que


ele mexeu com a mulher errada. Eu não cheguei onde estou hoje, deixando
as pessoas ferrarem comigo.
DOZE

Jase

Meu alarme dispara, lembrando-me de que preciso ir para a escola de


Skyla para o Dia da Carreira. Originalmente eu deveria ser aquele falando
em nome dela. Isso foi até que ela convidou Celeste. Agora Celeste é quem
representa minha filha.

Poderia ficar ofendido com o fato de sua filha preferir ter uma mulher
que ela mal conhece para falar, em vez de seu próprio pai, mas não me
ofendo nem um pouco. Skyla nunca demonstrou interesse em tatuagens.
Toda a sua vida, desde que ela mal tinha idade para escolher suas próprias
roupas, tem sido sobre moda. Eu sei o quão importante hoje é para ela.
Embora ela não conheça Celeste pessoalmente, minha filha cresceu
seguindo sua carreira e adorando a passarela que ela veste.

Então, não, eu não estou ofendido, mas estou preocupado. Porque na


noite passada, quando finalmente consegui criar coragem para mandar a
mensagem para Celeste sobre o endereço e a hora do Dia da Carreira, junto
com um pedido de desculpas por esperar até o último minuto, ela não me
mandou uma mensagem de texto. Nem mesmo um simples Ok.

Não faço ideia se ela vai estar lá hoje. Várias vezes, eu considerei
enviar mensagens de texto para perguntar a ela, mas o orgulho é uma coisa
engraçada. Mas agora, quando fecho minha estação e saio pela porta, eu
gostaria de ter feito isso. Eu poderia ter preparado o Skyla corretamente.
Como a escola da Skyla está localizada em Lower Manhattan, eu
pego um táxi. Eu raramente dirijo meu próprio carro na cidade,
especialmente desde que Skyla vai no ônibus para a escola, e é mais rápido
eu andar de metrô ou pegar um táxi para o trabalho.

Na maior parte do tempo, fica estacionado na entrada da garagem, a


menos que eu o leve para uma volta fora da cidade, como quando fomos ao
casamento nos Hamptons. Eu realmente deveria considerar me livrar disso,
mas amo meu carro e não estou pronto para me desfazer dele ainda.

Depois passar no escritório da frente para fazer meu crachá de


visitante, e ter uma mistura de olhares esquisitos, de luxúria – por parte da
secretária, que tenho certeza que está imaginando como seria foder um ‘bad
boy com tatuagens’ e – de repulsa – por parte do diretor, que está franzindo
o nariz, porque um pai está vestido com uma camisa branca de botão e
calças pretas, como eu estou – faço o meu caminho para o auditório onde o
dia da carreira está sendo realizado.

Eu dou um passo em silêncio, já que há um pai atualmente na frente


discutindo sua carreira como advogado de falências, enquanto instrui as
crianças a não se colocarem em uma situação em que acumulem muitas
dívidas.

Eu localizo minha filha imediatamente, sua cabeça se movendo de um


lado para o outro enquanto ela olha em volta procurando por alguém.
Quando nossos olhos se cruzam, eu sei que não sou eu quem ela está
procurando, é Celeste, e a julgar pela expressão de lamento que ela está
ostentando, Celeste ainda não está aqui. Porra! Talvez ela não tenha
recebido minha mensagem. Talvez eu tenha enviado ao número errado.
Eu puxo a mensagem e pego o cartão do meu bolso. O número bate.
Eu copio e colo a mensagem e clico em enviar novamente, observando
atentamente as bolinhas aparecerem, indicando que ela está enviando uma
mensagem de texto. Nada.

Alguns minutos depois, o nome de Skyla é chamado e ela apresenta a


pessoa que ela trouxe. Ela fala baixinho no microfone. — Meu nome é
Skyla Crawford, e a pessoa que eu trouxe comigo é... — Ela para de falar e
seus lábios se curvam em um sorriso brilhante. — A pessoa que eu trouxe
comigo é Celeste Leblanc. Ela não é apenas uma das modelos mais bem
pagas do setor, mas também é proprietária de sua própria empresa, a
Leblanc Incorporated, que inclui várias linhas de moda de joias, até a mais
recente, sua linha de roupas. Meu sonho é ser como ela quando crescer.

Eu olho em volta para encontrar Celeste. Minha filha não teria


anunciado se não estivesse aqui. E é quando eu a vejo. Ela está vestida com
um terno listrado azul marinho e branco com saltos que se estalam ao longo
do chão de mármore enquanto ela balança a bunda até o palco com toda a
confiança do mundo. Quando ela chega à frente, ela dá a Skyla aqueles
beijos aéreos estúpidos em cada bochecha como todas as pessoas famosas, e
então se dirige à plateia.

Skyla permanece ao lado de Celeste enquanto discute sua carreira. Ela


ri e sorri e, claro, é completamente cativante. Com ela no palco, eu sou
capaz de admirar o quão linda Celeste é. Seu cabelo está em ondas e está
quase sem maquiagem.

Ela levanta a cabeça com confiança, e nem por um segundo, ela


mostra um pingo de medo ou nervosismo. E mesmo que até hoje meu
coração se aperte com a perda desta mulher, não posso deixar de sorrir,
porque ela conseguiu. Ela alcançou seus objetivos e sonhos. E enquanto eu
por muito tempo pensei que a minha filha admirar ela era uma maldição,
tenho que admitir que se ela vai admirar alguém, estou feliz que seja
Celeste. Ela é forte, independente e dura na queda. Ela é tudo que a mãe de
Skyla não era e tudo o que eu quero que minha filha seja.

— …E agora, para concluir minha apresentação, meus assistentes


distribuirão pulseiras de amizade que eu projetei para hoje. Elas são
inspiradas pela minha nova amizade com a Skyla e uma prévia da minha
próxima coleção de joias, que será lançada neste inverno. Cada caixa
contém uma pulseira com uma citação inspirada escrita para você dar a um
amigo que te inspira.

Um homem – aquele que reconheço do casamento – e uma mulher


começam a distribuir minúsculas caixas douradas para cada pessoa na sala.
Quando o cara vai me entregar a minha, eu balanço minha cabeça. Ele
acena com a cabeça uma vez e depois me lança uma piscadela exagerada
antes de passar para a próxima pessoa. Ele acabou de flertar comigo?

♥♥♥

— Muito obrigada por ter vindo! — Skyla joga os braços em torno de


Celeste. O dia da carreira terminou e, como é o último dia de aula, nos
disseram que poderíamos levar nossos filhos para casa agora se quisermos.
Claro que Skyla quer que eu faça isso. Agora estamos no estacionamento
com Celeste, nos despedindo.

— De nada, — Celeste diz. — A honra foi minha.


Skyla acena com a cabeça em resposta, suas bochechas se tornam rosa
claro, o que é uma indicação de que ela está envergonhada. Por que ela está
envergonhada? — Eu estava pensando... — ela começa, sua voz um pouco
vacilante. Ela não está envergonhada; ela está nervosa. — Eu queria saber
se você usaria minha pulseira de amizade.

— Apenas com uma condição, — Celeste diz a ela. — Você usar a


minha. — Ela puxa uma caixa de sua bolsa e a abre, entregando-a para
Skyla. Skyla pega a pulseira de prata nas mãos e lê a frase: — Você é
incrível. Lembre-se disso. — Então ela vira o pingente e olha para cima. —
Pai, olha. — Ela me mostra o pingente. — É um dente-de-leão. Assim
como o que você tem uma foto na loja. Como aqueles que a vovó
costumava desejar.

Meus olhos se encontram com os de Celeste e, pela primeira vez,


posso ver sua confiança vacilar.

— Coloque em mim, por favor, — Skyla pede e eu faço.

— É lindo, — digo à minha filha.

— Obrigada, — ela diz a Celeste. — Você quer que eu coloque a sua


para você?

— Por favor. — Celeste segura o pulso e Skyla fecha o fecho.

— Obrigada por vir hoje, — diz Skyla novamente. — É o último dia


de aula. Todos os anos, no último dia, papai e eu vamos ao museu FIT e
depois jantamos. Você gostaria de se juntar a nós?

Os olhos de Celeste se arregalam. Eu deveria repreender minha filha


por convidar alguém para sair sem me perguntar primeiro, mas por alguma
razão, não estou pronto para deixar Celeste ir ainda, e se posso ter um
pouco mais de tempo com ela e minha filha me dá isso, eu vou ir junto.

— Por favor, — Skyla acrescenta, e eu nem sequer tenho que olhar


para ela para saber que ela está dando a Celeste seu olhar suplicante de
assinatura que ela sempre dá para minha irmã e irmão quando quer
conseguir alguma coisa, porque ela sabe que eles não têm nenhuma única
chance contra isso. Eu, por outro lado, tenho um campo de força especial de
pai, que dispara no minuto em que seu lábio inferior se projeta, para me
proteger e minha carteira, daquele visual.

— Claro. — Celeste assente. — Eu adoraria.

— Yay! — Exclama Skyla. Porque é o último dia de aula, ela não tem
mochila nem nada. Depois que Celeste nos apresenta a sua assistente,
Margie, e eu a seu amigo, Adam, já que aparentemente minha filha já o
conhece, eu chamo um Uber para nos pegar. Porque estamos na escola de
Skyla, não há como pegar um táxi. Poderíamos caminhar até o metrô, mas
duvido que Celeste queira ir tão longe em seus saltos. É um pouco de
caminhada.

Quando chegamos ao museu, Skyla pega a mão de Celeste e começa a


arrastá-la para cada exposição. Celeste não reclamou uma vez, em vez
disso, ela dá atenção total a Skyla o tempo todo. Elas são todas ooh e ahh
sobre tudo, enquanto eu as sigo por aí, juntando-me ocasionalmente.
Passamos as próximas horas, até que Skyla comece a desacelerar e reclamar
que está com fome. Depois seguimos alguns quarteirões, a pé, para o Jake's
Burger Joint. É o lugar favorito de Skyla para comer, e tem um fliperama
decente que ela costumava gostar de jogar quando era mais nova.
Enquanto nos sentamos à mesa, comendo nossa comida e tomando
nossos milk-shakes, Skyla mantém a conversa fluindo. Mas então ela vê
algumas amigas da escola, deixando Celeste e eu na mesa sozinhos
enquanto sai para ficar com elas.

Depois de alguns minutos de silêncio constrangedor, Celeste diz: —


Então... algum plano de verão agora que Skyla está fora da escola? —
Ótimo, começou a conversa desajeitada e forçada.

— Eu ainda trabalho, então ela vai a alguns acampamentos diferentes,


ficar na loja, ou ficar com Quinn, mas estamos planejando uma viagem para
a Carolina do Norte. — Eu me encolho no segundo em que as palavras
saem da minha boca, esperando que ela não pergunte por quê. Ela sabe que
eu não tenho família lá. Minha única família é meu irmão e irmã e ambos
moram aqui em Nova York.

— Skyla mencionou que... vai visitar Amaya, certo? — Seu tom


mudou de desajeitado e suave para... frio?

— Sim.

— Bem, certifique-se de lhe dizer oi por mim. — Eu olho para cima a


tempo de vê-la revirar os olhos quando ela diz a última palavra. Ótimo!
Outra mulher na minha vida que retransmite suas emoções revirando os
olhos. Ela só conheceu Amaya uma vez durante o tempo que passamos
juntos, então não sei por que a menção da mãe de Skyla mudou sua atitude.
Eu não costumo dizer às pessoas sobre a situação de Amaya, mas decido
que devo contar para Celeste, caso seja trazido por Skyla na frente dela.

— Amaya vive na Carolina do Norte, — eu começo, mas Celeste me


corta.
— Eu realmente não quero ouvir falar dela. Eu estava apenas tentando
ser educada. — Ela toma um gole de sua limonada e então, isso me
atinge… Celeste acha que eu estava – ou estou – com Amaya. E ela está
com ciúmes.

— Nós não estamos juntos.

— Eu não perguntei se você estava, — ela brinca.

— Não, mas seu tom indicou que você estava pensando.

— Não, não estava. Obviamente você não está mais junto com ela, ou
ela estaria morando em Nova York. — Ela olha para todos os lados menos
para mim enquanto fala. — Eu ainda não quero ouvir sobre ela.

— Ela está em coma, — digo-lhe sem rodeios.

A mão que segura o copo dela paralisa e então ela o coloca de volta
na mesa. — Desculpe?

— Ela está em coma. Quando Skyla tinha quatro anos, Amaya foi
encontrada inconsciente. Eles foram capazes de reanimá-la, mas ela entrou
em coma.

As mãos de Celeste vão para a boca e os olhos dela se chocam. — Eu


sinto muito. Eu não sabia. Ela pediu um autógrafo para ela… eu assumi…

— Todo ano vamos à Carolina do Norte para visitá-la. Quando Skyla


era mais nova, as enfermeiras diziam que a mãe dela podia ouvi-la quando
ela fala, então toda vez que vamos, ela fala com a mãe como se ela ainda
estivesse viva... bem, tecnicamente ela está, mas... — dou um suspiro
frustrado. A situação toda está tão fodida.
— Uau, Jase. — Eu olho para cima e vejo lágrimas nos olhos de
Celeste. — Me desculpe.

— Você estava apenas revirando os olhos sobre a menção dela...


agora você está chorando... — Eu soo como um idiota ao falar isso para ela,
mas eu não preciso de sua falsa simpatia.

— Desculpe-me por ter emoções. — Ela bufa. — Não, eu


particularmente não gostei da mulher que encontrei na cama com o cara por
quem eu achava que estava apaixonada, mas eu não desejaria isso a
ninguém… nem mesmo ao meu maior inimigo.

— Na cama? — Do que diabos ela está falando? Não há como Amaya


e Celeste frequentarem lugares iguais, muito menos dormirem com o
mesmo cara. Por um lado, Celeste perdeu sua virgindade comigo... e depois
partiu para Nova York. E dois, Amaya era vários anos mais velha. — Quem
você conhece que dormiu com Amaya?

Celeste me acerta com um olhar duro que me faz recuar um pouco. —


Você está falando sério agora? — Ela zomba.

— Eu nem sabia que vocês duas conheciam as mesmas pessoas.

— Nós conhecíamos a mesma pessoa, — ela corta.

— Quem? Eu? — Eu pergunto, confuso ‘pra’ caralho. E então é como


se uma lâmpada acendesse. Ela acha que eu dormi com Amaya porque sou
o pai de Skyla. Mas por que ela está tão brava com isso? Skyla nasceu anos
antes de eu conhecer Celeste.

— Eu não dormi com Amaya.


Celeste revira os olhos. — Então, Skyla é o quê? Uma bebê de
proveta?

Eu olho em volta para ter certeza de que Skyla não está perto de nós,
então me inclino e sussurro: — Skyla não é biologicamente minha. Mas ela
não sabe, então, por favor, não repita isso. — Eu nunca admiti isso para
ninguém além de meus irmãos, mas por alguma razão, sinto a necessidade
de me defender de Celeste.

— Você ainda dormiu com ela. — Ela me encara.

Abro a boca para discutir quando Skyla vem correndo. — Olhe para
este urso de pelúcia adorável que eu ganhei.

— Uau, é adorável, — Celeste diz enquanto fica de pé. — Eu tenho


que ir.

— Tão cedo? — Skyla faz beicinho.

— Skyla, — eu aviso. — Celeste deu a você a tarde toda. Você sabe


que ela tem uma empresa para administrar.

— Eu sei, — Skyla murmura. — Obrigada por ter vindo. Você acha


que eu poderia visitar o seu trabalho um dia neste verão?

Celeste assente. — Absolutamente. Seu pai tem o meu número de


celular. Peça-lhe que mande uma mensagem para mim e vamos organizar
alguma coisa.

— Eu tenho o meu próprio, — diz Skyla, puxando seu iPhone para


fora, que seus avós compraram para ela, para que pudessem contatá-la sem
ter que lidar comigo. Celeste ri enquanto recita seu número para Skyla.
— Mande-me uma mensagem e nós vamos combinar. — Ela pisca e
então dá um abraço em Skyla antes de ir embora.

Skyla e eu passamos a próxima meia hora no fliperama jogando


Pacman antes de irmos para casa. Quando entramos, encontramos Jax
sentado no sofá assistindo televisão. Skyla dá-lhe um abraço rápido e
mostra-lhe o seu bracelete de amizade antes de ir para o seu quarto.

— A loja está fechada? — Eu pergunto, sentando ao lado dele.

— Nah, Willow e Gage têm clientes. Gage vai fechar. Minha última
sessão teve que reagendar, então voltei para casa. — Ele aperta o pausa no
programa que está assistindo e se vira para mim. — Como foi o dia da
carreira? Eu entendo que pelo jeito que Sky estava falando, Celeste
apareceu.

— Sim. — Eu aceno com a cabeça distraidamente, incapaz de tirar a


acusação de Celeste da minha cabeça.

— Então, como foi?

— Celeste e eu estávamos conversando e as coisas ficaram um pouco


aquecidas. Ela mencionou Amaya... eu nem me lembro de tudo o que foi
dito agora. Mas o que me preocupa é que, por algum motivo, Celeste tem a
impressão de que Amaya e eu dormimos juntos.

Jax bufa. — Você e Amaya? De onde diabos ela tiraria isso?

— Eu não sei. — Esfrego minhas mãos no meu rosto. Isso vai me


deixar louco até terminarmos nossa conversa. — Ei, você se importaria de
dar uma olhada na Sky por mim?

— Claro.
Não tendo a menor ideia de onde Celeste poderia estar, decido que é
melhor pegar meu próprio carro. A meio caminho da casa dela, imagino que
aparecer sem ser anunciado provavelmente não vai dar certo com ela, então
eu ligo para ela. Ela atende no terceiro toque.

— Olá? — Sua voz é tímida, sem saber por que estou ligando.

— Ei, é Jase, — eu digo estupidamente. Ela obviamente sabe que sou


eu.

— Sim, eu sei. Está tudo bem com Skyla?

— Sim, mas eu preciso falar com você.

— Agora?

— Sim, você está em casa? Eu posso passar por aí.

Há um som de papéis embaralhando. — Estou prestes a sair do


escritório. Eu posso te encontrar lá.

— Vejo você daqui a pouco, — eu digo antes de desligar.

Depois de encontrar uma vaga no estacionamento, eu pago o


taxímetro e, em seguida, entro no prédio da Celeste. O porteiro deve me
reconhecer do dia que eu trouxe Celeste para casa porque ele diz: —
Desculpe, mas ela não está em casa.

— Eu sei. Estamos nos encontrando aqui. — Digo a ele quando a


porta se abre e Celeste entra.

— Sr. Walters, como vai você? — Ela dá um sorriso sincero ao


porteiro.
— Estou bem, senhorita Leblanc. — Ele inclina o chapéu para ela.

Celeste caminha direto para o elevador e as portas se abrem. Nós dois


entramos e ficamos lado a lado, nenhum de nós dizendo uma palavra.
Quando chegamos ao seu andar, eu a sigo até a porta e depois para dentro.

— Café? — Ela oferece.

— Não, obrigado.

— Vinho?

— Eu estou bem.

— Conhaque? — Ela segura uma garrafa de conhaque.

— Que tal uma cerveja? — Eu digo, e ela torce o nariz.

— Eu estou apenas brincando, — eu digo através de uma risada. Eu


sabia que ela não teria cerveja. Celeste revira os olhos.

— Obrigado por vir hoje, — digo a ela, parecendo minha filha. Acho
que entre Skyla e eu agora agradecemos a Celeste pelo menos dez vezes.

Ela serve uma taça de vinho branco e toma um gole. Quando o copo
sai da boca, a língua desliza pelo lábio inferior carnudo, saboreando o
vinho. Isso me faz querer passar minha própria língua ao longo de seus
lábios para provar o que ela está tomando.

— Eu não fiz isso por você, — diz ela, tomando outro gole.

— Eu sei, mas eu ainda sou grato. — Nós dois estamos em pé em sua


sala de estar, de frente para o outro. Ela não me ofereceu um assento e tenho
certeza de que ela não vai.
— Você pediu para vir... então, como posso ajudá-lo? — Eu acho que
estamos indo direto para o ponto.

— O que você disse no jantar, sobre eu dormir com Amaya. Eu nunca


dormi com ela.

Celeste bufa. — Já faz mais de dez anos, Jase. Não há razão para
mentir. Eu vi você.

— Você me viu na cama com Amaya? — Eu pergunto lentamente.


Não tem jeito. Isso nunca aconteceu.

— Bem... — Ela muda de um pé para o outro. — Eu não te vi na


cama com ela. Você estava saindo do chuveiro e ela estava nua em sua
cama. — Do que diabos ela está falando? Ela enlouqueceu?

— E quando foi isso?

— O dia antes de... — Ela engole em seco. — Eu fui para te ver. Fui
falar com você e, quando abri a porta, vi Amaya em sua cama. Ela estava
nua e você estava em uma toalha, saindo do banheiro. Seu cabelo estava
molhado como se você tivesse acabado de sair do chuveiro. — E de repente
tudo volta.

— Então deixe-me ver se entendi. Você viu Amaya na minha cama, e


porque ela estava nua e eu estava em uma toalha, você assumiu que eu tinha
fodido ela?

Celeste solta um suspiro exasperado. — Sim, era óbvio.

— Uau. — Eu balanço minha cabeça lentamente. — Você devia ter fé


zero em mim. Você viu a primeira coisa que poderia parecer que eu estava
enganando e você correu. — Eu me aproximo de Celeste. Meu corpo está
em chamas.

Todos estes anos e ela apenas presumiu que eu a trai. Ela nem sequer
teve a decência de me confrontar. Ela estava bem ali. Ela poderia ter falado.
Gritado! E eu teria explicado. Em vez disso, ela correu.

— Eu fui tão pouco para você que você nem parou por um segundo
sequer. Você viu o que queria ver para poder sair sem se sentir culpada. —
Todas as peças do quebra-cabeça finalmente se encaixaram. Todos esses
anos eu me perguntei por que ela foi embora sem se despedir. Agora eu sei.

— Culpada por quê? — Ela coloca seu copo de vinho e coloca uma
mão no quadril.

— Por ter me feito de idiota, em primeiro lugar. Por mentir para mim
sobre sua idade e onde você estudou. Por não me dizer que você tinha um
maldito estágio esperando por você em Nova York!

Celeste engasga em choque. — Como você sabia?

♥♥♥

O passado

Eu não tenho notícias de Celeste em dois dias. Ela deveria vir ontem à
noite, mas ela nunca apareceu. Pensei que talvez eu a tivesse entendido mal,
mas quando ela também não apareceu esta noite, sabia que algo estava
acontecendo.
Pensei em enviar uma mensagem para ela e percebi que nunca recebi
o número dela. Então, enviei um e-mail para ela, mas ele retornou. Não
voltou inválido o e-mail quando lhe enviei a imagem da tatuagem, o que
significa que a conta foi excluída apenas recentemente.

Não tenho certeza para onde ir a partir daqui, então ligo para Nick
para pegar as informações dela, mas ele não atende. Sem deixar uma
mensagem, desligo e pulo no meu carro para ir para a NCU. Enquanto eu
estou vasculhando o enorme campus que está quase vazio, já que os exames
estão praticamente acabados e todo mundo está indo embora para o verão,
vejo Killian fazendo malabarismos com algumas caixas.

— Ei, cara! — Ele grita à distância. — Como tá indo?

— Bem. — Eu pego uma das caixas dele para que elas não caiam. —
Finalmente acabou?

— Mas com a porra da certeza que sim. Esta é a última das minhas
coisas. Estou indo para Nova York hoje à noite. Apenas deixando essa
merda na casa dos meus pais antes de decolar. — Killian foi fisgado pelo
New York Brewers como uma escolha de primeira rodada.

— Parabéns. Você merece isso.

— Obrigado. — Começamos a caminhar juntos, no que eu estou


supondo que seja, para a direção do seu carro. — Então, o que você está
fazendo no campus? — Ele pergunta.

— Estou à procura de uma garota... na verdade você pode conhecê-la.


— Killian e Nick são bons amigos, então faria sentido ele também conhecer
Celeste. — O nome dela é Celeste. Ela é amiga do Nick.
Killian para no lugar. — Sim, eu a conheço. Mas por que você está
procurando por ela?

— Nós saímos. — Eu dou de ombros. — Esqueci de pegar o número


dela.

Por uns bons trinta segundos, Killian me dá um olhar duro, e então ele
diz: — Ela não está mais aqui. Ela se mudou para Nova York há alguns
dias.

Mas. Que. Porra. — Você tem certeza? — Eu estava com ela há


alguns dias atrás.

— Sim, ela realmente saiu mais cedo do que o planejado. Ela deveria
estar em sua formatura, mas não apareceu. Nick disse que ela pulou e partiu
para Nova York cedo. Ele conseguiu um estágio em uma agência de
modelos.

— Ela se formou na faculdade? — Por que ela não me disse que


estava se formando? Nós saímos por dias, conversando e nos conhecendo.
Ela se formando na faculdade parece ser algo que ela mencionaria.

— Umm... não... — Killian olha para mim confuso. — Celeste tem


dezoito anos. Ela se formou no colegial. — Jesus Cristo. Eu tento pensar
em nossas conversas. Não tem como eu ter perdido ela me dizendo que era
uma fodida sênior na escola. Puta merda, ela é mais nova que minha irmã.
Eu passei a última semana fodendo alguém seis anos mais novo que eu.

— Você está bem? — Killian pergunta, mas estou em choque para


responder a ele. — Olha, eu não sei o que aconteceu entre vocês dois, mas é
provavelmente melhor se você não a encontrar. Celeste… bem, não tem
jeito de colocar isso, então vou apenas dizer. Ela é uma cadela atrás de ouro.
— Ele encolhe os ombros, e eu tenho meia vontade de dar um soco no rosto
dele por chamá-la assim. — Eu não estou dizendo para ser malvado, mas é
a verdade. A menos que você tenha dinheiro, ela não está desperdiçando
seu tempo com você. Se você quiser, posso pegar o número dela de Nick...

— Não, tudo bem, — eu sufoco, espantado com o rumo dos


acontecimentos. É como se eu nem conhecesse Celeste. Passei a semana me
apaixonando por uma mulher que estava me fazendo de bobo. Mas por quê?

Ela tinha que saber que eu não tenho dinheiro, mas ela ainda agia
como se estivesse se apaixonando por mim da mesma maneira. Ela me deu
sua virgindade, passou a semana na minha cama. Nós saímos com a minha
família, fomos ao cinema. Ela até veio me ver na loja várias vezes. Nada
disso faz sentido. Mas isso realmente não importa porque ela foi embora.
Ela subiu em um avião e voou mais de oitocentos quilômetros sem sequer
dizer um adeus.
TREZE

Celeste

— Você realmente achou que iria embora e eu não procuraria por


você? — Jase pergunta. — Você desapareceu. Eu estava desesperado
pensando que algo aconteceu com você. Então encontrei Killian e soube
que a garota por quem eu estava me apaixonando não era nada mais do que
uma mentirosa e uma covarde.

Jase dá outro passo em minha direção. — O que eu era para você,


Celeste? — Meu nome aparece como um sorriso de escárnio. — Algo para
passar o seu tempo enquanto você esperava se formar e ir para Nova York?
Um experimento? Você queria ver como o outro lado vive...

— Você não sabe nada sobre mim! — Eu grito, incapaz de ouvir outra
palavra de sua boca. — O outro lado? Eu sou o outro lado! Eu morava em
um trailer de dois quartos de merda que, mais vezes do que sim, não tinha
eletricidade ou água funcionando! — Eu levanto minhas mãos em
frustração. Minha mão bate no meu copo de vinho e ele cai no chão,
quebrando em pedaços quando atinge o chão de madeira. Eu recuo, mas
deixo de lado. Vou lidar com isso mais tarde.

Abaixando minha voz várias oitavas, admito: — Eu estava com


vergonha de lhe dizer onde eu morava. Eu não queria que você soubesse
que eu era lixo de trailer.
— Mas você sabia que eu não era rico, — diz Jase. — Eu te contei
minha história.

— Eu sei, mas você também me disse que odiava seu pai por mentir,
então eu estava com medo de lhe dizer a verdade.

— Então, ao invés disso, você continuou mentindo?

— Não. — Eu balanço minha cabeça. — Eu nunca menti. Eu omiti a


verdade. — Jase abre a boca para argumentar, mas eu levanto a mão para
detê-lo. — Eu sei que ainda é mentir, mas eu estou apenas apontando que
eu nunca realmente dei a você minha idade ou onde eu vivi ou onde eu
estudava. Você presumiu e eu permiti. Eu sabia que estava errado e ia lhe
contar a verdade. Mas na noite em que fui até lá, vi Amaya em sua cama,
nua e fugi.

Jase dá um último passo em minha direção, desfazendo o espaço entre


nós. Levantando meu queixo com o polegar, ele me força a olhá-lo nos
olhos. — Eu nunca dormi com Amaya. — Ele não pisca nem fala por um
longo momento, dando-me tempo para absorver o que ele está dizendo. —
Ela chegou bêbada, chapada e vomitou em cima de mim antes de desmaiar.
Eu tirei as roupas sujas dela e a deitei na minha cama para que eu pudesse
tirar minhas roupas imundas e tomar um banho. Assim que saí, a vesti com
uma das minhas camisas e deixei que ela dormisse.

Oh meu Deus. Oh. Meu. Deus. Todos esses anos eu presumi que ele
dormiu com ela, presumi que ele me traiu. Que ele queria ela e não eu. Eu
fecho meus olhos, envergonhada com o quão estúpida eu fui.

— Celeste, — ele murmura, e eu abro os olhos. — Eu não dormi com


ela, — ele repete. — Você era tudo que eu queria.
Eu aceno devagar. Ele me queria e eu saí. Lágrimas queimam minhas
pálpebras. Todos esses anos desperdiçados porque eu presumi. Eu deveria
ter falado com ele, mas não falei. Suas palavras de antes enchem minha
cabeça.

— Você viu o que queria ver para poder sair sem se sentir culpada.

Talvez ele esteja certo. Talvez eu vi o que queria ver, para poder pegar
o caminho mais covarde e sair. Eu poderia ter entrado e gritado com ele. Eu
poderia ter feito perguntas, ter exigido uma explicação. Mas em vez disso,
peguei o primeiro voo e saí.

Eu estava tão apavorada que ele me dissesse que não poderia ir a


Nova York, ou pior, que não queria que eu ficasse. Eu estava com tanto
medo que ele fosse quebrar as coisas que eu terminei o que estava
acontecendo entre nós em meus termos.

— Acho que você está certo, — eu sussurro, e Jase me dá um olhar


interrogativo. — Acho que vi o que eu queria ver, então eu não teria que
colocar meu coração na linha.

— O que você quer dizer?

— Naquela noite, eu estava indo te contar sobre Nova York. Eu ia


pedir para você ir comigo. — Um enorme nó enche minha garganta.

— Você ia me pedir para ir? — Os olhos de Jase se fixam com os


meus.

— Ou... — Eu engulo em seco. — Eu ia dizer a você que eu não


estava indo. — As lágrimas queimando por trás das minhas pálpebras,
transbordam e deslizam pelas minhas bochechas.
— Covinhas. — Meu apelido deixa a boca de Jase como uma oração.
— Eu nunca teria deixado você ir. — Ele traz a mão para o lado da minha
bochecha e meu rosto se inclina ligeiramente para dentro, meus olhos se
fecham, enquanto me perco em seu toque e em suas palavras.

Eu não sei se ele quer dizer que ele não me deixaria ir para New York,
ou se ele não teria me deixado ir, mas de qualquer forma, suas palavras são
o meu ponto de ruptura.

Com a minha própria mão, eu cubro a de Jase – a que ainda segura


meu rosto – e me inclino para beijá-lo. Nossos lábios se tocam suavemente
no começo. Estou com medo de que ele me afaste. Mas quando sinto sua
língua percorrer a parte carnuda do meu lábio, minha confiança aumenta e
me jogo completamente no beijo.

Jase remove as mãos do meu rosto e me empurra contra a parede.


Apenas quebrando nosso beijo por tempo suficiente para tirarmos nossas
camisas, nós tiramos nossas roupas como se estivessem em chamas, até que
ambos ficamos completamente nus.

Então, me pegando, Jase nos conduz pelo meu apartamento, nosso


beijo não vacila nem uma vez. Meus dedos puxam seu cabelo, não
querendo que nosso beijo acabe. Eu sei quando chegamos ao meu quarto
porque Jase me joga no meu colchão. Seus lábios permanecem colados aos
meus enquanto ele rasteja pelo meu corpo.

Pegando meu cabelo, ele prende minhas madeixas com força,


inclinando meu queixo para cima. Ele me beija longa e duramente, com
reverência, antes de inclinar minha cabeça para o lado para que ele possa se
mover para baixo. Seus lábios macios mas masculinos chovem beijos no
meu pescoço.
Precisando senti-lo, pego seu pau para acariciá-lo, e é quando sinto
algo estranho. Algo de metal... Eu sabia que tinha sentido algo quando
fizemos sexo na noite do casamento da Olivia e do Nick, mas eu estava
longe demais para pensar muito nisso.

— Jase, — eu murmuro contra seus lábios, — você estava com isso


na noite em que nós...

— A noite que eu fodi você na pia do banheiro? — Ele ri, seus lábios
sugando o ponto macio logo abaixo da minha barriga. — Sim. — Ele beija
ao longo da minha clavícula, enviando arrepios de prazer pela minha
espinha.

Precisando explorar, empurro seu peito de volta levemente. Ele solta


um protesto, mas rapidamente se transforma em um sorriso quando minha
mão envolve seu eixo e eu acaricio seu comprimento duro. Curvo-me e
beijo a ponta do seu pau antes de lentamente levá-lo na minha boca.

Eu conto o número de piercings enquanto meus lábios tocam cada


um. Quatro no total. Eles são frios ao toque, e eu faço questão de dar a cada
um uma atenção especial, correndo a ponta da minha língua ao longo de
cada um.

Sinto Jase se inclinar para frente, seu abdômen malhado roçando no


topo da minha cabeça quando ele alcança meu traseiro. Ele massageia
círculos ao longo da minha bunda e, em seguida, dá uma bofetada em uma
nádega.

— Jesus, mulher, — ele resmunga. — Essa bunda... Essa boca... —


Ele agarra meu cabelo mais uma vez, me puxando para fora do seu pênis e
me empurrando de costas. Sua boca cai sobre a minha e sua língua parte
meus lábios – explorando, acariciando, degustando e adorando.

Com a mão livre, ele levanta minha perna para o alto, ficando acima
de seu antebraço, e depois afunda dentro de mim. A sensação de Jase me
enchendo é como estar perdida e, finalmente, encontrar o caminho de casa.
Eu me sinto completa, inteira. Se possível, mesmo com todos os anos em
que estivemos separados, a conexão entre nós só foi intensificada. Com
golpes profundos e frenéticos, ele trabalha meu corpo.

Seus dedos soltam meu cabelo para que ele possa se apoiar em ambas
as mãos para ir ainda mais fundo, e eu puxo seu rosto para o meu, não
querendo perder nenhuma parte da nossa conexão. Nossas línguas se
movem freneticamente uma contra a outra. Minhas unhas raspam levemente
ao longo de suas costas, meu orgasmo começa a crescer. Meus dedos
deslizam por sua pele úmida. Nós dois estamos suando muito. Os impulsos
de Jase ficam mais duros, mais ásperos, mais exigentes.

— Jesus, você é tão gostosa, — ele murmura novamente em meus


lábios. — Porra. — Sua cabeça cai para o meu peito, e seus lábios
envolvem meu mamilo endurecido. Quando seus dentes apertam, meu
clímax rasga meu corpo. Minhas paredes apertam em torno de seu pau, e eu
posso sentir o piercing massageando minhas paredes internas enquanto Jase
encontra sua própria liberação.

Ele move o braço e minha perna cai na cama, mas ele não sai. Em vez
disso, ele passa os próximos vários minutos acariciando meu pescoço.
Beijando minha pele febril. Lambendo meus mamilos. Seu pau pulsa, me
lembrando que ele ainda está dentro de mim. Eu nunca me senti tão
completamente adorada em minha vida. Quando ele finalmente puxa para
fora, ele abaixa seu corpo até que seu rosto esteja perto e pessoal com
minha boceta.

— Jase, — eu gemo. Nós não estamos mais no calor da nossa paixão.


Eu não quero que ele desça lá embaixo...

— Shh... — Ele dá em minha boceta um beijo de boca aberta. — Eu


preciso ficar totalmente readaptado com sua boceta perfeita.

— Jase. — Eu gemo, quando ele empurra os dedos em mim. Eles


fazem um som de sucção, lembrando-me que acabamos de fazer sexo sem
camisinha. — O que você está fazendo?

Sua resposta é agarrar as costas das minhas coxas e me virar. Antes


que eu possa deitar minha cabeça contra os lençóis de algodão, ele enlaça
meu cabelo em volta do seu punho e me puxa de joelhos, inclinando minha
cabeça para dar a ele acesso ao meu pescoço. Ele entra por trás, a outra mão
segurando a curva do meu quadril, seus lábios sugando o ponto sensível
abaixo da minha orelha. Ao contrário da última vez, que foi áspera e
frenética, desta vez ele faz amor comigo tranquilo e lento.

Com meu corpo já sensível, sinto meu orgasmo novamente. Ele solta
meu cabelo e me deita de costas. Minha bunda fica mais elevada e ele se
afunda em mim mais profundamente. Minha bochecha pressiona contra os
lençóis e meus olhos se fecham quando me perco em tudo o que é Jase.

♥♥♥
Quando meus olhos se abrem, a sensação de cócegas que sinto faz
meu coração se expandir. Eu solto um suspiro suave enquanto me permito
lembrar da última vez que eu acordei com Jase em minha pele. A última vez
pensei que era um inseto rastejando em mim, mas agora eu sei que é a
sensação da caneta correndo ao longo da minha carne.

As cócegas param, e então eu sinto os lábios quentes de Jase


pressionando um beijo em cada uma das covinhas logo acima da minha
bunda.

— Bom dia, Covinha, — ele murmura, o som de sua voz como um


cobertor de veludo macio que eu quero agarrar e me envolver.

— Bom dia. — Eu rodo e fico cara a cara com Jase. Seus olhos cor de
avelã estão brincalhões e sua barba por fazer me faz querer esfregar minha
bochecha ao longo da dele. Seus lábios pressionam os meus para um beijo
casto antes de voltar e ficar de pé.

— Eu preciso ir para casa. Meu irmão está de olho em Skyla, mas ele
precisa entrar na loja. Ele tem um compromisso antecipado. — Ele corre os
dedos pelo lado da minha bochecha de um jeito tão amoroso que meu corpo
estremece. Jase percebe e sorri. — Eu amo o quão responsivo seu corpo é
para mim.

Eu me coloco em uma posição sentada, e ele me beija novamente


antes de se levantar para se vestir. Eu não posso evitar o beicinho dos meus
lábios ao pensar em deixar este quarto, mas sei que ele é um homem com
responsabilidades. Especialmente desde que ele é um pai solteiro.

— O que fez você se mudar para Nova York? — Pergunto


curiosamente. Eu nunca teria imaginado ele se mudando para cá.
— Quinn originalmente queria trabalhar em um museu. Ela foi
escolhida para um estágio no MET4.

— Então todos vocês se mudaram para cá? — Eu sabia que eles


estavam perto, mas uau.

— Eu tinha recentemente conseguido a custódia da Sky e senti que


todos nós precisávamos de um novo começo. Ela tinha quase cinco anos e
estava pronta para começar a escola, então achei que era uma boa hora para
me mudar.

Eu rapidamente faço as contas na minha cabeça. — Você mora aqui


há oito anos. — É uma cidade enorme, e não é como se nos misturássemos
nos mesmos círculos, mas eu não posso acreditar que ele veio para cá
apenas alguns anos depois de mim, e que eu nunca soube disso.

Jase assente. — Claro, Quinn acabou não amando a posição e desistiu


pouco depois. — Ele revira os olhos, mas eu que sei por trás de sua irritação
fingida, há um vínculo entre irmãos que ele não pode esconder. — Ela
percebeu que amava a fotografia, então conseguiu um emprego trabalhando
com um fotógrafo conhecido e, depois de alguns anos, se ramificou por
conta própria. Ela geralmente tira retratos de família e filma casamentos e
outras coisas, mas ela ama o que faz.

— Eu pensei que ela trabalhava na loja com vocês.

— Ela trabalha meio período, mas só até encontrarmos alguém


permanente.

Jase puxa sua cueca boxer para cima, colocando seu lindo pau dentro,
e eu franzo a testa. Ele, claro, vê e ri. — Não me dê esse olhar ou eu nunca
serei capaz de sair.

— Isso deveria ser uma ameaça? — Eu pergunto, meio lúdica e meio


séria.

Jase ri novamente. — Mulher, você vai ser a minha morte.

Eu rio com sua brincadeira. — Fiquei tão chocada quando entrei


naquela loja de tatuagem e soube que era sua. Quer dizer, eu sempre soube
que você abriria sua própria loja, mas nunca pensei que estaria bem aqui em
Nova York.

— Sim, — ele concorda, — conseguir a custódia da Sky mudou tudo.


Nosso sonho demorou um pouco mais do que planejamos originalmente.
Nós trabalhamos em outra loja por alguns anos, enquanto continuamos a
economizar, e então, cerca de quatro anos atrás, finalmente mergulhamos e
abrimos o Forbidden Ink.

Ele puxa a calça jeans, fechando e abotoando.

— É uma linda loja.

— Obrigado. — Os cantos de sua boca sexy se curvam em um sorriso


infantil. — Eu amo estar lá. É como um lar longe de casa. Amo que Sky
pode estar lá e nós podemos fazer as nossas próprias horas. Não há nada
como trabalhar para você mesmo. — Ele me dá um sorriso torto. — Tenho
certeza que você pode entender isso.

— Eu entendo, — admito. — Isso me dá uma sensação de controle


que eu nunca tive quando cresci.

Jase se aproxima e se senta na beira da cama, seus dedos apertam a


curva do meu quadril. Estou momentaneamente distraída com a visão de
seus músculos duros e abdômen sólido como uma rocha, mas rapidamente
me retiro da minha névoa e lembro do assunto que estávamos originalmente
discutindo.

— Se você não dormiu com Amaya, como se tornou o pai de Skyla?


— Eu queria perguntar isso a ele ontem à noite, mas acabei pulando em
cima dele. Jase abre a boca para falar, mas eu levanto o dedo para detê-lo.
Descendo, pego sua camisa do chão e a entrego para ele. — Coloque isso,
ou eu não vou conseguir me concentrar em nada do que você diz.

Ele joga a cabeça para trás na risada mais bonita, mas faz o que eu
digo. — Amaya veio até mim quando descobriu que estava grávida. Ela não
tinha ideia de quem era o pai. Ela estava festejando muito e poderia ter sido
vários caras. Ela me pediu para ajudar a mantê-la sóbria. Ela queria fazer o
certo com seu bebê.

— Então eu a mudei para morar comigo e a ajudei o melhor que pude


durante a gravidez. Infelizmente, sua permanência sóbria durou alguns
meses depois que Skyla nasceu. Ela estava com cólica e Amaya
simplesmente não tinha esse gene materno.

Eu engulo em seco. Sei tudo sobre a falta desse gene. Eu não posso
nem imaginar se ficasse grávida, o que eu faria com um bebê. Claro,
financeiramente posso manter um, mas o dinheiro não pode tornar você pai.
Não pode nutrir, amar e proteger. A mãe de Nick era rica e não tinha todos
os genes maternos. Minha mãe era pobre e não era melhor.

— Então você cuidou dela? — Isso não me surpreenderia. O coração


de Jase é tão grande. Eu só o conheci por um curto período de tempo, mas
pude sentir profundamente que ele se importava com aqueles ao seu redor.
— Não. — Ele franze a testa. — Nós brigamos por ela ter escolhido
drogas e álcool ao invés da filha. Eu cheguei em casa da faculdade um dia
para descobrir que ela tinha ido embora com a Sky. Não tenho certeza do
que aconteceu com ela durante os próximos dois anos e meio. Eu tentei
encontrá-la, mas não tive sorte. — Seus olhos se enchem de emoção, e meu
coração aperta por ele e Skyla.

— Ela voltou quando Sky tinha três anos de idade. — Jase fica quieto
por um momento, e então acrescenta: — Foi na verdade o dia em que você
se encontrou com ela. Ela perguntou por aí e descobriu para onde nos
mudamos. — Ele balança a cabeça. — Ela me disse que estava de volta e
pediu desculpas por ter ido embora. Ela disse que as coisas seriam
diferentes. Ela queria se limpar.

Ele respira fundo e continua. — A noite em que você a viu na minha


cama, ela chegou chapada e bêbada. Ela tinha Sky com ela. Quinn cuidou
de Sky, alimentando-a e dando-lhe um banho, enquanto eu tentava cuidar de
Amaya. Depois que ela vomitou e desmaiou, eu a deitei na minha cama e a
vigiei para ter certeza de que ela estava bem. Quando ela acordou, ela me
implorou para estar com ela. Disse que ela precisava de mim para ficar
sóbria. Eu disse a ela que eu só poderia ser amigo dela, mas me ofereci para
levá-la e Sky de volta. Eu odiava que ela tivesse sua filha em torno de todos
os drogados que saía com ela. Ela saiu chateada, levando Sky junto. Ela
disse que, se eu não a quisesse assim, ela encontraria alguém que o fizesse.

— Aquele pobre bebê, — eu sussurro.

Jase acena concordando. — Eu implorei a ela que me deixasse ficar


com Sky, mas ela recusou. Cerca de uma semana depois, recebi uma ligação
do Conselho Tutelar. Amaya estava no hospital em coma após uma
overdose. O cara que ligou entregou Sky dizendo que ela não era dele.
Aparentemente Amaya colocou meu nome na certidão de nascimento como
o pai.

Eu me ouço suspirar com a admissão dele. — Então, você o quê?


Apareceu e reivindicou ela?

Jase acena com a cabeça uma vez. — Eu me senti tão culpado,


Celeste. Eu pensei que se eu não a tivesse afastado, talvez ela não tivesse
tido uma overdose.

— Você não pode pensar assim. Ela tinha sérios problemas.


Infelizmente, mais do que provável, algo nesse sentido teria acontecido
eventualmente.

— Eu sei, — diz Jase solenemente. — Eu, na maioria das vezes,


cheguei a um acordo com isso ao longo dos anos.

— É por isso que você levou Skyla? Por culpa? — Eu não estou
tentando julgá-lo, mas tentando entender.

— Não. Os pais de Amaya são ricos ‘pra’ caralho, mas eles são mais
velhos e disseram francamente que não poderiam lidar com a criação de
outro filho. Inferno, eles mal criaram Amaya. Eles disseram que iriam
contratar uma babá em tempo integral, mas eu não podia deixar isso
acontecer. Eles escolheram sua liberdade, Amaya escolheu as drogas... Sky
precisava de alguém para a escolher.

Ele encolhe os ombros como se não fosse grande coisa, quando na


verdade é um grande negócio. Ele assumiu uma criança de três anos que
não era biologicamente sua. Ele a amou e cuidou dela, proporcionando um
lar para ela.
— Monica e Phil, os pais de Amaya, nem brigaram. Alguns anos
depois, quando eu disse a eles que planejava me mudar para Nova York,
eles só pediram para que pudessem custear financeiramente Sky, incluindo
sua educação.

Agora tudo faz sentido. As roupas caras, a escola particular, o iPhone.


— Eu poderia ter argumentado, mas era um pequeno preço a pagar para
obter a custódia total dela e ser capaz de me mudar. Eles poderiam ter
lutado comigo e, com o dinheiro que tinham, teriam vencido.

— O que você fez é tão altruísta, Jase. — Eu subo em seu colo,


envolvendo minhas pernas em torno de sua cintura. — Mudando-se para
sua irmã, assumindo uma garotinha que não era biologicamente sua. Eu não
conheço ninguém que tenha feito uma coisa dessas... bem, exceto Nick. Ele
tem um grande coração.

As sobrancelhas de Jase caem. — Então você está se associando com


as pessoas erradas. Falando de Nick... — Ele deixa suas palavras se
atrasarem, mas a maneira como suas sobrancelhas se levantam me diz que
ele está perguntando sobre o nosso compromisso.

— Foi tudo falso, — eu admito. — Fizemos um pacto idiota que, se


não encontrássemos amor quando Nick completasse trinta anos, ele
desistiria do amor e se casaria comigo.

Os lábios de Jase caem. — Você ia se casar com ele sem estar


apaixonada?

Hesitante, eu aceno. — Fizemos o pacto antes de te conhecer… antes


de me apaixonar por você. E depois que eu vi você e Amaya... bem, depois
que eu pensei ter visto você e Amaya, eu estava acabada com o amor.
— Celeste. — Jase suspira. — Você era tão jovem. Você está me
dizendo que você nunca encontrou amor nos últimos onze anos? Eu vi você
namorando.

— Então, você tem acompanhado a minha vida? — Eu brinco para


aliviar o clima.

— Droga, eu tenho, — ele admite com convicção. — Eu estava tão


chateado que você saiu, mas também estava tão orgulhoso do seu sucesso.
Assisti você crescer e florescer nesta bela e bem-sucedida mulher de
negócios. Eu apenas imaginei ao longo do caminho que você teria
encontrado o amor também.

— Eu não estava procurando por isso. Eu não queria isso. Para ser
honesta, de muitas maneiras, você é o motivo de eu estar onde estou hoje.
Quando cheguei naquele avião, fui motivada e determinada a ter sucesso
sozinha. E desde você, eu só namorei caras que eu sabia que meu coração
estaria seguro.

— Por quê? — Jase pergunta, sua voz livre de julgamento. — Isso


não soa nada como a mulher que eu me apaixonei por todos esses anos
atrás.

— Na verdade, a mulher que você conheceu nunca planejou se


apaixonar. O único cara que eu queria era alguém que pudesse me ajudar a
subir a escada do sucesso. Alguém com um pai em uma empresa da Fortune
500 que assumiria um dia. Até conhecer você, eu só me via com um cara
rico que cuidaria de mim.

— Por quê?
— Bem, — eu começo, — você agora sabe que eu cresci em um
trailer com a minha mãe.

Eu evito meus olhos por vergonha, mas Jase inclina meu queixo com
o polegar, então não tenho escolha a não ser olhar para ele. — Não faça
isso, — diz ele. — Não se esconda.

Eu aceno uma vez e depois conto a história da minha mãe e meu pai.
Além das poucas pessoas que me são próximas, Jase é a primeira pessoa
que eu já contei. Quando termino, ele pergunta: — Então, você o
encontrou?

— Eu ainda não liguei para o detetive, — admito timidamente.

— Ligue para ele. Você é muito mais forte do que se dá crédito. Sem
se esconder mais atrás de seus medos. Você não está mais sozinha. Eu te
dou cobertura. Ok?

— Tudo bem, — eu concordo.

Agarrando a parte de trás da minha cabeça, Jase me puxa para um


beijo, em seguida, pergunta: — Que tipo de cara você se vê junto agora?

— Huh? — Eu pergunto, confusa.

— Você disse que quando era mais jovem, queria que um homem rico
cuidasse de você... até que você me conheceu. Que tipo de homem você
quer agora?

— Alguém que vai me amar, — eu admito suavemente.


♥♥♥

— Deixe-me ver se entendi, — Giselle diz, tomando um gole de café.


— Você ficou com Jase quando tinha dezoito anos, mas depois achou que
ele também estava dormindo com Amaya, que é a mãe da bebê Skyla, mas
ele não estava.

Eu aceno uma vez e Olivia grita: — Você pode por favor falar
verbalmente? Estou no Facetime, caso você tenha esquecido. — Reviro os
olhos e Giselle ri. Olivia está atualmente na Disney em sua lua de mel, mas
insistiu em não perder nosso encontro semanal, por isso estamos usando
meu laptop para o Facetime com ela no café que Giselle e eu estamos
sentadas. Normalmente almoçamos ou jantamos, mas eu só estava
disponível para me encontrar cedo esta manhã, então café e rotisserie5 será.

— Desculpe, — eu digo através do meu riso. — Sim, eu estava com


Jase quando tinha dezoito anos.

— Eu não posso acreditar nisso! — Olivia repreende. — Eu sinto que


nunca realmente te conheci. — Ela faz beicinho e, sentando-se para trás,
esfrega sua barriga.

— Oh, pare, ninguém sabia sobre Jase e eu.

— Então, vocês estão juntos agora? — Giselle pergunta.

— Eu não sei. — Eu dou de ombros. — Nós não falamos sobre isso.


— Depois que eu disse a ele que queria um homem que me amasse, seu
telefone tocou, lembrando-nos que ele precisava chegar em casa para sua
filha.
— Porque você estava muito ocupada fazendo s-e-x-o. — Eu rio de
Olivia soletrando a palavra. Reed repetiu uma palavra que ele não deveria
ter falado, e agora a mulher soletra tudo o que ela não quer que ele repita.

— Jesus, Liv, — eu ouço Nick dizer do fundo. — Eu não quero ouvir


sobre Celeste porra... — A senhora sentada à mesa ao nosso lado olha para
baixo, e eu diminuo um pouco o volume enquanto Giselle ri.

— Nick! — Olivia grita, virando-se para, tenho certeza, olhar para


ele.

— Desculpe. — Ele geme. — Eu não quero ouvir sobre o s-e-x-o dela


com o Jase. — Eu não posso segurar a risada que escapa. Esses dois são
doidos.

— Obrigada. — Ela suspira e se vira. — Vamos discutir isso ainda


mais quando eu voltar.

— Oh! — Giselle une suas mãos. — Falando nisso. Você se lembra


daquele aluguel de iate que ganhei no evento? — Olivia e eu concordamos.
Alguns meses atrás, Olivia e Nick lançaram um evento de arrecadação de
fundos para anunciar sua expansão da caridade de Nick, Touchdown for
Reading, em Touchdown for Reading e Arts. Killian, achando que seria
hilário, fez uma oferta pelo aluguel de um iate em nome de Giselle e
venceu.

— Bem, desde que é bom sair, nós temos uma reserva para fazer uma
viagem no segundo fim de semana de julho. Não temos a menor ideia de
quando teremos tempo para ir, uma vez que a temporada de futebol de
Killian começar, além do fato de que teremos essa garotinha, — ela dá um
tapinha em sua barriga de grávida, — bem no meio da temporada.
— Oh sim! Isso vai ser muito divertido, — diz Olivia. — Meus pais
vão cuidar do Reed.

— E você deve totalmente convidar o Jase. — Giselle agita as


sobrancelhas.

— Concordo! — Olivia acrescenta.

— Sim, sim. É hora de dizer adeus. Vejo você quando chegar em


casa. Dê a Reed um beijo por mim.

— Tchau! — Giselle acena na tela.

— Tchau! — Olivia sorri. Eu aperto o botão final e ela desaparece.

Assim que fecho a tela, Giselle se inclina e, com um grande sorriso,


diz: — Tudo bem, agora que Olivia e Nick se foram, quero todos os
detalhes sórdidos. Ele parece um bad boy com todas essas tatuagens. Por
favor, me diga que ele fode como um. — Ela levanta uma sobrancelha.

— Eu não estou beijando e contando, — eu digo, — mas tenho duas


palavras para você: piercing no pau.

♥♥♥

— O que você pode me dizer sobre o cavalheiro que você está


interessada em localizar? — É sábado à noite e estou trabalhando em casa.
Adam me mandou uma mensagem alguns minutos atrás, perguntando se eu
contatei o IP, o que eu não fiz, então imaginei que eu deveria ligar para ele
agora antes que eu desistisse.
— Infelizmente, a única informação que tenho sobre ele é que ele era
conhecido como Snake, seu sobrenome é Leblanc, e ele conheceu minha
mãe em Piermont quando jantava no restaurante em que ela trabalhava, —
digo a Duncan, o IP que Adam me indicou.

— Ok, bem, isso é um começo. Por que você não me envia todos os
detalhes que você tem, incluindo as datas em que estavam juntos e qualquer
descrição dele que você conheça. Pergunte a sua mãe se ela pode se lembrar
de alguma tatuagem específica.

— Eu não estou contando para a minha mãe. Não quero dar


esperanças a ela. Se você conseguir localizá-lo, eu decidirei então o que
fazer com a informação.

— Tudo bem. — Ele me dá seu e-mail e me indica que depois que eu


passar todas as informações que posso pensar, ele vai começar
imediatamente. Agradeço-lhe por sua ajuda e depois desligamos.

Enquanto coloco meu telefone na mesa de centro, começa a aparecer


o nome de Jase na tela. Nós não nos falamos desde que nos separamos na
outra manhã, além de um bom dia e boa noite por mensagem.

— Olá, — eu digo, atendendo o telefone. Eu tenho que admitir, estava


ficando preocupada que talvez Jase tivesse se arrependido do que aconteceu
entre nós. Nenhum de nós somos os mesmos que éramos todos aqueles anos
atrás.

Enquanto eu ainda estou – se não mais – atraída por ele, não sou
estúpida o suficiente para acreditar que podemos simplesmente continuar de
onde paramos. Estamos em uma cidade diferente, ambos administrando
negócios. Jase é um pai! Eu jurei que nunca teria filhos. Eu não sei onde
estamos, e estou começando a desejar ter perguntado a ele quando esteve
aqui outro dia, mas ao mesmo tempo, não acho que estou pronta para
colocar um rótulo em nós. É tudo muito novo, mesmo que não seja. Ugh! É
tão confuso.

— Como você está? — Jase pergunta, sua voz suave como a melhor
seda. Eu não percebo, até que solto uma respiração forte, que eu estava
segurando minha respiração. A maneira como ele fala não soa como um
homem que se arrependeu de estar comigo.

— Eu estou bem, — digo com indiferença. — Você?

— Além de estar louco de saudade de uma certa mulher de cabelos


castanhos, eu estou bem. — E lá vai meu coração.

— Oh, sim? — Eu grito como uma menina da escola com uma queda.
Droga! Como Jase sempre consegue me transformar em uma garota tão
feminina?

— Sim, — diz ele, sua voz rouca. — Minha irmã está tendo uma festa
do pijama com Sky em sua casa esta noite, então eu estava pensando que
você poderia ir até a loja e ficar um pouco e então eu poderia lhe mostrar a
minha casa.

— E quanto a Jax? — Ele mencionou antes disso, enquanto Quinn se


mudou e vive com o namorado, Jax ainda vive com ele e Skyla.

— Ele está tendo uma festa do pijama também... com uma garota que
ele tatuou mais cedo... na casa dela. — Ele solta uma risada. — Então o que
você diz?
— Eu deveria, hum... — Eu limpo minha garganta, de repente
nervosa. — Devo fazer uma mala?

— Inferno, sim, você deveria, — ele rosna, e eu solto uma risada


irritante.

— Ok, eu te vejo em breve.


QUATORZE

Jase

Nos últimos dez anos, minha vida tem sido sobre minha filha e nosso
futuro. Eu passei horas aprendendo a ser um pai solteiro para uma menina
com um passado triste, enquanto também tentava fazer um negócio crescer.

Quando eu a peguei pela primeira vez, ela estava desnutrida e muda.


Ela não falou nem sorriu por quase um ano. No dia em que ela sorriu para
mim pela primeira vez, juro que chorei por uma hora inteira. E então,
quando ela finalmente falou, eu perdi a compostura.

Ao longo dos anos, meu foco tem sido a construção de um


relacionamento próspero com Skyla e, mais tarde, passou a construir um
negócio próspero que mantê-la.

Por causa disso, o tipo de sexo sem compromisso se tornou meu alvo.
Nas noites em que minha irmã ou irmão cuidavam da minha filha, eu me
encontrava com mulheres diferentes. Algumas, eu saí mais vezes para ver
onde as coisas poderiam ir, outras, não era nada mais do que uma coisa de
uma só vez. Mas nunca houve uma mulher solteira que eu conhecesse que
pudesse imaginar levar para casa para conhecer minha família, conhecer
minha filha.

Skyla já havia passado o suficiente em seus primeiros três anos para


durar uma vida inteira. Quando não estava trabalhando, levava-a aos
médicos, incluindo vários psicólogos infantis. E então, uma vez que ela
estava finalmente no caminho certo e florescendo como a linda flor que ela
é, eu não estava prestes a arriscar qualquer revés. Então fiz questão de
manter minha vida familiar e minha vida privada separadas.

Mas agora, pela primeira vez, posso ver essas duas partes que
trabalhei tanto para não tocar, unir e se tornar uma. Casa, família e
casamento. Passando meus dias fazendo o que amo, minhas noites com
minha família em volta da mesa de jantar ou no sofá assistindo a um filme,
fazendo viagens em família para parques de diversões e minhas noites... eu
posso vê-las vividamente. Na cama, me perdendo em uma mulher –
Celeste. O problema é que eu estou quase certo de que, se eu dissesse algo a
ela, ela provavelmente iria correr para as colinas... ou a passarela.

Claro, ela disse que está procurando um homem para amá-la, e


naquele momento, essas foram as melhores palavras que ela poderia ter
dito. Até que comecei a pensar em como nossas vidas são diferentes.

A vida de Celeste é glamourosa e consiste em viajar para diferentes


países e projetar roupas para os ricos e famosos, enquanto a minha é
dedicada à tatuagem e à criação de filhos. Somos completamente opostos
em todos os sentidos, mas ela é quem eu quero, e sem assustá-la, preciso
mostrar a ela que podemos funcionar.

É por isso que levei alguns dias para tomar coragem em ligar para ela.
Eu queria dar a ela tempo, caso ela decidisse que uma noite era tudo o que
queria. No caso de ter sido pega no momento e não querer dizer o que disse
sobre querer ser amada. Ou talvez ela quis dizer aquilo, mas não quis dizer
para mim especificamente. Ou talvez ela se referisse a mim naquele
momento, mas não pensou sobre o que implicaria estar com um cara como
eu.
Sim, estou plenamente consciente de que estou pensando demais nas
simples cinco palavras que ela disse, mas não posso evitar. Parece que me
foi dada uma segunda chance, só que tudo mudou. Não somos mais os
indivíduos despreocupados que uma vez fomos, deitados na cama,
enrolados um no outro, apenas com o pensamento de nossos sonhos e
futuros à nossa frente. Agora estamos realmente vivendo eles.

Então, com tudo isso dito, planejei dar mais tempo a Celeste, mas
então minha irmã pediu para levar Skyla, e eu não pude esperar mais para
ligar para ela. Quando perguntei se ela queria vir, esperei qualquer
hesitação, mas não ouvi nenhuma. Ela parecia nervosa, no entanto, o que
me diz que preciso levar as coisas devagar.

— Tudo bem, Gilbert. Dê uma olhada e deixe-me saber o que você


pensa? — Eu entrego a ele o espelho para que ele possa olhar para a
tatuagem que acabei de terminar.

— Droga, cara, parece muito bom. — Ele sorri. — Está feito, hein?

— Está. — Eu aceno, satisfeito com o meu trabalho. É uma tatuagem


enorme e intricada que cobre toda a sua parte posterior, composta de
diferentes peças que se interligam em uma grande tela. Foram necessárias
várias sessões para serem concluídas.

— Obrigado. — Ele tira um maço de dinheiro do bolso e aperta


minha mão, me deixando várias notas. — Eu te ligo quando estiver pronto
para começar meu antebraço.

— Parece bom. — Eu aplico a pomada na área recém tatuada e a


cubro com celofane. — Você sabe o que fazer. Proteger e cuidar dela para
que ela cure bem.
— Pode deixar. — Nós caminhamos pelo corredor em direção à frente
da loja. Eu sou o último aqui esta noite – Willow e Gage terminaram mais
cedo, então eu me ofereci para fechar a loja.

Nós apertarmos as mãos, eu abro a porta para ele sair, depois pego
meu telefone e envio uma mensagem para Celeste. Eu não quero trancar a
porta até ela chegar aqui. Há um movimento vindo do meu lado esquerdo
que me faz virar a cabeça, e é quando a vejo encostada na mesa de sinuca.

Ela está vestindo um vestido bege simples que com certeza é o traje
de negócios, mas ainda é decotado o suficiente para sugerir o quão perfeito
e alegre seus seios são, e ainda curto o suficiente para mostrar suas pernas
bronzeadas e sexy que atualmente estão cruzadas em seus tornozelos. Ela
está usando saltos combinando que são altos o suficiente para serem
considerados como armas. Mas a única coisa que eles me fazem pensar
neste momento é como eles ficariam se afundando em minhas costas
enquanto eu a foder naquela mesa de sinuca.

— Você realmente não deveria deixar a porta destrancada tarde da


noite. — Ela fala. — Qualquer um pode entrar sem você saber.

— Deixei destrancada para você, — eu digo, trancando a porta e, em


seguida, caminhando até ela. — Você já jogou bilhar? — Pergunto,
apontando para a mesa que ela está encostada.

— Não. — Ela balança a cabeça. — Esta é a parte em que você


oferece para me ensinar a jogar? — Ela sorri timidamente.

— Você quer aprender a jogar?

Ela ri. — Eu só posso imaginar quantas vezes você usou essa cantada
para pegar uma mulher. — Ela passa as mãos ao longo do tecido vermelho
bordô. — Aposto que você ensinou muitas mulheres a jogar, não é? — Ela
sorri divertidamente, mas posso ver em seus olhos, a insegurança oculta.
Ela está perguntando, sem perguntar, se eu estive com muitas mulheres.

Agarrando seus quadris, eu a coloco em cima da mesa de bilhar e abro


suas coxas macias, então fico em pé entre elas. Seu vestido se eleva,
mostrando mais de sua pele. — Eu nunca usei essa cantada antes, e eu
nunca estive com uma mulher aqui. — Eu não vou fazer rodeio. Eu tenho
trinta e cinco anos e não quero fazer joguinhos com Celeste.

Puxando seu rosto para o meu, dou-lhe um beijo duro. Faz apenas
alguns dias, mas porra, se eu não senti a falta dela ‘pra’ caralho. Quanto
mais nos beijamos, mais profundo fica. Minhas mãos acariciam as coxas de
Celeste enquanto as dela puxam meu cabelo, me puxando para mais perto.
Eu posso sentir seu calor pressionado contra a minha virilha. Ela está se
esfregando contra mim, tentando se liberar.

Quebrando nosso beijo, empurro suas pernas mais distantes e caio de


joelhos, então meu rosto está paralelo a sua boceta. Correndo minhas mãos
pelas suas coxas, encontro sua calcinha e puxo-a para baixo de suas pernas.
Ela levanta, empurrando o vestido até a cintura e expondo sua boceta nua.
Está brilhando de desejo, e apenas o pensamento de prová-la faz meu pau
endurecer em meus jeans. Eu me inclino e tomo minha primeira lambida até
a fenda dela. Os arrepios do corpo de Celeste surgem em sua pele.

— Jase, — ela murmura baixinho, — e se... e se alguém nos ver? —


Sua pergunta seria uma preocupação, se o tom dela não aparecesse como se
o pensamento de alguém nos observando a deixasse excitada.

Eu olho para ela e percebo que suas bochechas e seu pescoço estão
ligeiramente rosados. Seu peito está subindo e descendo como se ela
estivesse sem fôlego. — O quê? — Eu pergunto, confuso. Ninguém está
aqui além de nós. Eu me assegurei disso.

— Lá fora. — Ela balança a cabeça. Quando olho para trás, vejo um


casal passando. Parece que eles estão olhando para a loja, mas na verdade
só estão olhando para o reflexo deles.

— É uma janela espelhada unidirecional. Podemos ver, mas eles não


podem.

— Oh, — ela diz, sua voz sem fôlego, confirmando minhas suspeitas.

— Será que o pensamento deles nos observando te excitaria,


Covinha? — Eu empurro meus dedos em seu centro apertado, e ela está
pingando de tão molhada. Eu não preciso dela para responder. Obviamente
faz.

— Eu não sei. — Suas bochechas ficam um tom mais claro de rosa.

— Oh, você sabe, — murmuro, acrescentando outro dedo à mistura.


— Eu acho que você fica excitada pensando em alguém me observando
enquanto eu fodo essa boceta apertada. — Celeste engasga e seus músculos
se contraem. Aparentemente conversa suja também a excita. Enquanto a
dedilho, abro os lábios com a outra mão e dou outra lambida em sua boceta
doce. Quando chego ao topo de seu clitóris, eu mordo o nó inchado.

— Você sabe o que eu acho?

— O quê? — Ela pergunta, a palavra se estende através de um


gemido suave.

— Eu acho que você deveria ter esta boceta perfurada. — Eu agito


minha língua sobre seu clitóris e seu corpo inteiro treme de prazer. — E
ninguém jamais saberia, — acrescento, lembrando que sua desculpa por não
ser capaz de fazer uma tatuagem era porque ela queria ser modelo.

— Eu não sei se... — Suas palavras são cortadas com um gemido alto
quando eu me inclino para trás e chupo seu clitóris na minha boca, meus
dentes raspando ao longo da carne sensível, e minha língua sai correndo
para lamber seus sucos.

Eu continuo a foder com meus dedos enquanto minha boca a devora.


Seus dedos puxam meu cabelo até o ponto da dor, me dizendo que o que
estou fazendo é bom. Mais algumas lambidas da minha língua e meus
dedos, e ela está gozando. Seus sucos correm pelo meu queixo e para a
mesa de sinuca como uma linda cachoeira. Quando olho para cima, sua
cabeça está jogada para trás e suas costas estão arqueadas enquanto ela sai
do orgasmo.

Depois de alguns segundos observando-a, puxo meus dedos para fora


e a puxo para mim. Ela vem de bom grado – seu corpo inteiro mole de seu
orgasmo – e eu agarro a parte de trás de sua cabeça, trazendo seus lábios
aos meus. Quando ela solta um gemido baixo na minha boca, eu sei que ela
se saboreou comigo. Relutantemente quebrando nosso beijo, recuo e agarro
sua calcinha, colocando cada pé de salto em um buraco e puxando-as para
cima de suas pernas.

Quando ela me dá um olhar confuso, eu a levanto para fora da mesa e


a coloco no chão. — Nós temos a minha casa só para nós dois. Eu não estou
fodendo você aqui. Preciso tomar meu tempo com você. — Beijo seus
lábios carnudos mais uma vez e, em seguida, caminho até a parede para
apagar as luzes para que possamos sair.
— Isso é muito legal, — diz ela, olhando para a parede que eu pintei
anos atrás quando compramos o lugar. É o nome da nossa loja, Forbidden
Ink, grafitado, e à direita está uma grande mão enluvada segurando uma
pistola de tatuagem. É pintado em 3D para parecer real. — Você desenhou?

— Sim. — Eu aceno, admirando a imagem.

— Você é tão talentoso, — diz ela com admiração em sua voz.

— Talentoso o suficiente para tatuar você? — Pisco para ela e ela


revira os olhos.

— Sem chance. — Ela zomba. — Eu tenho uma reputação a defender.


— Ela pega uma bolsa do canto e entrega para eu carregar. Deve ser a bolsa
dela para passar a noite. — Agora, se você tivesse me perguntado antes,
enquanto sua língua estava, — ela agita as sobrancelhas de brincadeira, —
lá embaixo... eu provavelmente teria concordado em deixar você fazer o
que quisesse com o meu corpo.

— Bom saber.

Abro a porta para que Celeste possa sair primeiro, mas quando ela
passa, ela esfrega a mão propositadamente ao longo do meu pau duro.
Agarrando seu pulso, eu a puxo de volta para mim, passando o cabelo para
o lado, para que eu possa beijar seu pescoço. Eu não sei o que é sobre essa
mulher, mas estou viciado. Eu não posso nem mesmo passar cinco minutos
sem deixar de tocá-la de alguma forma.

— Jase, — diz ela através de um gemido. — Nós nunca vamos chegar


a sua casa se você continuar assim.
Depois de programar o alarme e trancar, começamos a andar pela
calçada. Eu aperto o botão de desbloqueio no meu chaveiro e meus faróis
piscam e desligam.

— Este é o seu carro? — Celeste pergunta quando abro o porta-malas


e jogo a bolsa dela dentro.

— É. — Eu fecho o porta-malas, em seguida, ando para abrir a porta


para ela.

— Parece um daqueles carros naquele filme Velozes e Furiosos. —


Ela olha para o carro mais um tempo.

— Você assistiu esses filmes?

— Nick me fez assistir uma vez. — Ela desliza para dentro do carro, e
eu fecho a porta quando ela está completamente dentro. Ela coloca o cinto
de segurança, e eu ligo o carro. Quando o motor V8 ressoa, as sobrancelhas
de Celeste se elevam, impressionadas.

— É um Chevy Camaro Z28 19676, — eu digo a ela, mesmo que ela


provavelmente não tenha ideia do que isso significa.

— É sexy. — Ela passa a mão ao longo do painel enquanto eu saio


para o tráfego pesado da cidade para ir para casa. — Eu nunca estive em um
carro assim antes. É muito... viril. — Sua mão deixa o painel e cai no meu
colo.

— Isso é porque você namora aqueles ricos idiotas, — eu indico. —


Eles preferem carros convencionais e limusines.
Ela esfrega o topo da minha calça, despertando meu pau do seu sono.
— Verdade, — ela concorda. — Mas eu prefiro um carro como este.

— Celeste, — eu aviso, — estaremos em minha casa em vinte


minutos.

— Eu não tenho certeza se posso esperar tanto tempo. — Ela solta o


cinto de segurança e se aproxima de mim. Seus lábios encontram meu
ouvido, e ela lambe o lóbulo antes de beijar meu pescoço – o tempo todo,
ela está acariciando meu pau através das minhas calças.

E então a mão dela mergulha no meu jeans, debaixo da minha boxer,


e ela aperta meu pau. Um carro sai na minha frente e eu piso nos freios. —
Jesus, mulher, você vai nos provocar um acidente.

— Você é o único que está dirigindo. — Ela ri no meu ouvido. Seus


dedos seguram meu pau, acariciando-me da base até a ponta, e sua boca
trilha beijos ao longo do meu queixo.

— Oh! Eu esqueci de te contar. Giselle nos convidou para ir em um


iate que eles estão alugando. Quer ir? — Ela está falando comigo como se
ela não tivesse as mãos em cima de mim. Enquanto isso, mal consigo
pensar direito.

— Sim, o que você quiser. — Eu solto outro gemido. Porra! Estamos


presos no trânsito. Maldita Nova York!

Incapaz de lidar com outro segundo de seu toque sem ser capaz de
retribuir, faço uma curva acentuada para a direita em uma rua lateral. O
beco está vazio, mas mesmo se estivesse cheio de gente, eu não daria a
mínima.
Depois de soltar o cinto de segurança, empurro minhas calças e
boxers para baixo, e meu pau sai livre. Inclinando-me, agarro seus quadris e
puxo ela em cima de mim, suas pernas pousando em ambos os lados do
meu assento.

Querendo estar dentro dela, e irritado por sua calcinha estar no


caminho, eu arranco o material fino de seu corpo e a puxo para baixo em
meu comprimento duro até que estou bem fundo dentro dela, onde atinjo o
fundo da sua apertada boceta. Ela solta um gemido alto e, em seguida, com
os braços em volta do meu pescoço, levanta um pouco o corpo e depois se
abaixa sobre mim mais uma vez.

Ela se mexe contra mim, seu clitóris fazendo fricção contra a minha
pélvis. — Oh meu Deus, Jase. — Seus olhos rolam para cima. Eu estava
preparado para assumir o controle, para fodê-la até que nós dois
gozássemos, mas em vez disso eu me sento e vejo como minha mulher me
monta. Enquanto ela explora, como se fosse sua primeira vez encontrando
sua própria liberação, e foda-se se não é a coisa mais quente que eu já
experimentei.

— Eu nunca... Jesus... isso é tão bom. — Suas palavras saem sem


fôlego. Ela está perto. Perto ‘pra’ caralho. — Oh... Oh... Jase! — Suas
paredes se apertam como um maldito aperto de mão quando ela goza por
todo o meu pau antes de eu gozar dentro dela.

♥♥♥
— Vire-se para que eu possa limpar suas costas. — Celeste sorri,
sabendo que a última coisa que quero fazer é limpá-la. Quando chegamos à
minha casa, tentei fazer um tour completo, mas assim que chegamos ao
meu banheiro, ela insistiu, enquanto tirava as roupas, que ela poderia ver o
resto da minha casa mais tarde. Sem esperar que eu concordasse, ela ligou o
chuveiro e entrou. Então, fiz o que qualquer anfitrião altruísta faria e me
juntei a ela.

Acabei de passar os últimos dez minutos limpando a frente dela, o


que incluía chupar seus mamilos rosados, beijar seu estômago liso e lamber
seu clitóris até que ela gozasse por toda a minha língua. Agora, estou
apenas tentando lavá-la, mas por algum motivo, ela acha que estou
brincando.

— Estou falando sério, — insisto.

— Uh huh, — ela diz timidamente. — Isso é o que você disse sobre


minha frente.

— Bem, a menos que você esteja bem com alguma ação na porta dos
fundos, — mexo minhas sobrancelhas de brincadeira, e os olhos de Celeste
se arregalam. — Eu prometo que só vou lavar suas costas sensuais.

— Eu nunca fiz nada parecido antes, — ela admite, levando essa


conversa em uma direção inesperada, mas completamente bem-vinda. Eu
estava apenas brincando com ela, mas inferno, se ela quer discutir anal, eu
estou dentro. — Isso dói?

— Não se for feito corretamente, — digo a ela honestamente.

Ela morde o lábio inferior e diz baixinho: — É bom?


— Pode definitivamente ser bom.

Ela acena com a cabeça uma vez lentamente, e então me choca ‘pra’
caralho, quando se vira e de costas para mim, diz: — Eu acho que quero
descobrir. — E para o inferno, que ela não precisa me dizer duas vezes.

Dando um passo em seu espaço, eu digo a ela para colocar as mãos na


parede, e ela obedece, colocando as mãos pequenas contra o ladrilho. —
Abra suas pernas, — eu digo em seguida, e ela faz. Abrindo a porta do
chuveiro rapidamente, eu me inclino e abro o armário para pegar o óleo de
bebê, depois fecho a porta.

— Celeste, baby, eu não vou foder sua bunda hoje à noite.

— Por que não? — Ela pergunta, parecendo desapontada. O que eu


estou ouvindo? Essa mulher é insaciável? Sim, acho que isso resume a
minha mulher. Primeiro, ela gosta da ideia de ser vigiada. Então ela me
monta no meu carro em um beco, e agora ela quer saber como é ser fodida
na bunda. Tenho certeza que sou o homem mais sortudo do mundo.

— Lembra quando você perdeu sua virgindade para mim? Quão


apertada você era?

— Uh huh.

— Bem, sua bunda é tão apertada quanto, e além disso, eu sou


perfurado. — Eu derramo o óleo no topo de sua bunda, em seguida, coloco
a frasco na borda. Espalhando as nádegas dela, eu a levo ao longo de sua
fenda. — Hoje à noite, vamos começar devagar. Diga-me se alguma coisa
que eu fizer doer, ok?
— Ok. — Ela choraminga quando eu lentamente empurro meu dedo
em seu buraco enrugado, um dedo de cada vez. Com a outra mão,
aproximo-me da frente dela e pinço o mamilo. Celeste geme de prazer, e
seu traseiro empurra para trás, forçando meu dedo a ir até o fim.

— Como se sente, baby? — Eu pergunto, empurrando meu dedo


dentro e fora de seu buraco apertado.

— Como... se eu precisasse de mais.

Rindo baixinho, puxo meu dedo para fora, em seguida, coloco dois de
volta. — Oh... Oh meu Deus, Jase. — Ela geme, empurrando sua bunda
para trás. — Você pode... adicionar outro?

— Eu não quero que machuque, querida. — Movo minha mão que


estava beliscando seus mamilos até sua boceta e começo a massagear
círculos contra seu clitóris.

— Ok, mas você pode, talvez... ir fundo? — Ela diz, ofegante. Eu


faço o que ela diz, pegando a velocidade e fodendo sua bunda mais fundo.

— Como se sente agora?

— Oh, porra, tão bom. — Sua bunda agora está encontrando meus
dedos empurrados por impulso. Eu vejo meus dedos deslizarem dentro e
fora do seu rabo apertado. Eu não estou nem fazendo nada neste momento.
É tudo dela. Ela está fodendo meus dedos, trabalhando mais e mais forte.
Eu olho para cima a tempo de ver uma das mãos dela sair da parede e ir
para o mamilo, assumindo o que eu estava fazendo.

— Jase, eu estou... estou tão perto. — Ela geme alto. Eu aplico um


pouco mais de pressão em seu clitóris e então ela detona. Seu clitóris
palpita, seu buraco aperta e suas pernas tremem quando ela goza.

Precisando estar dentro dela, puxo meus dedos para fora e empurro
em sua boceta quente. Suas paredes ainda estão contraídas enquanto aperto
seus quadris e a fodo por trás. Eu sinto como o orgasmo dela se transforma
em outro. Empurro nela mais algumas vezes até que eu não aguento mais e
libero a minha semente profundamente dentro dela.

Nunca foi assim tão bom, nunca. Estar com ela, nela. É perfeito ‘pra’
caralho. Ela é perfeita ‘pra’ caralho.

— Jase. — Celeste ri quando eu puxo para fora dela.

— Sim?

— Meu corpo parece gelatina.

Rindo, eu viro ela e ajudo-a a se lavar. Então, depois de enrolar uma


toalha em volta do corpo dela, eu a pego e a levo para o meu quarto.

— Eu acho que eu realmente gosto na porta dos fundos, — Celeste


diz com um sorriso brincalhão quando eu a coloco na cama.

— Eu acho que eu realmente gosto de fazer a porta dos fundos para


você.

♥♥♥

— Pai, eu estou em casa! — A voz de Skyla soa através da casa. São


dois andares com a sala de estar, sala de jantar, cozinha e lavabo no térreo, e
os três quartos e mais dois banheiros no andar de cima. Eu estou atualmente
deitado na minha cama, mas mesmo um andar acima, posso ouvir minha
filha gritando por mim enquanto seus pés sobem as escadas.

— Papai! — Ela grita, como se eu estivesse na rua, mesmo que ela


esteja quase no meu quarto. Eu olho para o relógio e vejo que já são dez da
manhã. Normalmente sou um madrugador, mas não fui dormir até quase as
quatro da manhã porque Celeste não conseguia ficar com as mãos – puta
merda! Celeste está aqui. No meu quarto. Na minha cama.

Eu me sento, meu olhar voando para a mulher nua que está deitada ao
meu lado com apenas um lençol fino cobrindo a curva de sua bunda. O som
dos pés de Skyla percorre o corredor, e eu voo para fora da cama para
impedi-la antes que ela entre no meu quarto.

Grato porque adormeci com as minhas boxers, corro para a porta para
trancar, mas estou um segundo atrasado. A porta se abre, me batendo na
testa, e Skyla entra no quarto antes que eu possa impedi-la.

— Ah não! Papai, você está bem? — Suas minúsculas mãos chegam


até a minha testa.

— Sim, eu estou bem, — eu digo, tentando empurrá-la para fora da


porta. Ela ainda não percebeu Celeste. — Vamos pegar o café da manhã.
Sua tia está aqui?

Eu pressiono minha mão nas costas dela, guiando-a para fora do meu
quarto quando Celeste, completamente alheia ao que está acontecendo,
chama meu nome. Sua voz está rouca de sono, e se minha filha não
estivesse atualmente no meu quarto, isso me faria querer afundar minhas
bolas dentro dela para que eu pudesse ouvi-la chamar meu nome com a
mesma voz uma e outra vez. Mas minha filha está de fato no meu quarto e
agora ciente de Celeste deitada na minha cama.

— Celeste, você está aqui! — Skyla grita, muito animada que sua
modelo esteja em sua casa para juntar as peças do porque ela está aqui na
minha cama. Meus olhos se voltam para Celeste, que se vira, chocada, e se
levanta em posição sentada, com os seios nus à mostra. E foda-se se eles
não são perfeitos... Jesus! Agora não é hora de pensar em seus seios nus.

— Você está sem suas roupas, — Skyla aponta, o canto de sua boca se
curva em um sorriso de conhecimento.

— Oh, merda! — Celeste engasga quando ela percebe que minha


filha está aqui e olhando para ela nua. Ela puxa o lençol para se cobrir e
depois sai da cama, correndo direto para o banheiro.

— Yo, mano! — Quinn chama. — O que há para o café da manhã? —


Ela entra no quarto e olha de Skyla para mim. — Você ainda estava na
cama? — Ela olha minha boxer e torce o nariz para cima em desgosto de
irmão. — Vista-se. Eu estou com fome.

— Papai estava na cama com Celeste e ela estava nua! — Skyla


exclama através de um ataque de risos. Os olhos de Quinn se arregalam, seu
olhar percorre o quarto em busca da mulher acima mencionada.

— Skyla, por que não vamos ao City Donuts? — Quinn sugere, e eu


nunca fui tão grato pelo pensamento rápido da minha irmã.

— Mas Celeste está aqui. — Skyla faz beicinho. — Eu nem sequer


consegui dizer oi. — Somente minha filha estaria mais preocupada em ver
Celeste do que encontrá-la nua na minha cama.
— Ela está no chuveiro, — digo a ela. — Quando você voltar com os
donuts, tenho certeza de que ela estará fora e você poderá vê-la.

— Tudo bem. — Ela bufa. — Você pode perguntar a ela que tipo de
donuts ela quer?

— Surpreenda-a, — eu digo, tentando manter a calma, quando estou


realmente enlouquecendo por dentro. Eu sempre fui muito cuidadoso para
que minha filha nunca testemunhasse algo assim. E ela não é mais um bebê,
então imagino que ela tenha juntado as peças por conta própria do porquê
Celeste estava nua na minha cama.

Mas agora o quê? Eu devo falar com ela sobre isso? Tentar negar?
Admitir? Eu não tenho ideia de como a mente de um jovem de treze anos de
idade funciona. O sexo está no cérebro dela? Porra! O pensamento de ter
que ter uma conversa sexual com minha filha me faz me sentir doente. É
por isso que eu sou tão cuidadoso, porque nunca trago mulheres para casa.
Mas por alguma razão, quando estou perto de Celeste, todo o raciocínio
parece voar pela janela, deixando-me pensar com a maldita cabeça errada.

— Ok, — Skyla concorda, em seguida sai do quarto passando pela


minha irmã, que me dá um olhar de desculpas.

— Sinto muito, — diz Quinn.

— Por quê? — Eu dou de ombros, chateado comigo mesmo.

— Eu deveria ter ligado. Você nunca... — Ela acena em direção à


porta do banheiro. — Eu nem sequer pensei nisso.

— Eu deveria ter avisado você. É minha culpa.

— Então, Celeste, hein? — Ela levanta uma sobrancelha.


— Tia Quinn, vamos lá! — Skyla grita do andar de baixo.

— Nós vamos continuar esta conversa mais tarde, — Quinn ameaça


antes de fechar a minha porta atrás dela.

— Você pode sair agora, — eu digo uma vez que ouço a porta da
frente se fechar. Celeste sai do banheiro, o lençol ainda enrolado em volta
dela como uma toalha enorme, e não posso deixar de puxá-la para os meus
braços.

Sua cabeça cai contra o meu peito. — Eu não posso acreditar no que
acabou de acontecer. — Ela geme.

— Tudo bem, — eu digo, não querendo que ela se sinta mal. Nada
disso é culpa dela. — Acontece.

— Quantas vezes isso já aconteceu? — Ela olha para mim com uma
carranca no rosto.

— Bem, nunca, mas tenho certeza que outras crianças já entraram no


quarto de seus pais.

Os olhos de Celeste se arregalam e ela sai dos meus braços. — Mas


eu não sou sua mãe, — afirma com naturalidade. Eu não tenho certeza do
que está acontecendo com ela. Embora eu possa conhecer Celeste em um
nível muito sexual, ainda tenho muito a aprender. Eu nunca vi esse olhar em
seus olhos antes.

— Celeste, o que está acontecendo? — Eu dou um passo mais perto


dela, mas ela dá mais um passo para trás. — Fale comigo.

— Nada. — Ela balança a cabeça, mas ela está escondendo algo. Seu
rosto está cheio de emoção que eu nunca vi nela antes. — Eu preciso ir. —
Ela pega sua bolsa do chão e vai direto para o banheiro.

Eu a sigo, mas ela não me dá atenção quando deixa cair o lençol no


chão e depois se veste rapidamente. Ela escova o cabelo e depois os dentes,
sem dizer uma palavra o tempo todo. Eu não sei o que dizer. Ela está
obviamente chateada, mas parece que é mais do que Skyla entrando no
quarto.

— Fale comigo, — repito.

Ela recolhe suas coisas, coloca tudo em sua bolsa, joga o lençol de
volta na cama, empurra sua bolsa por cima do ombro, então sai do meu
quarto e desce as escadas.

— Celeste, — eu chamo atrás dela, a acompanhando.

— Nada está errado, — ela insiste. — Eu só tenho muita coisa


acontecendo. Preciso deixar meu time e minha linha prontos para o GFE na
próxima semana. Eu normalmente teria trabalho cem horas por semana
neste momento, mas eu tenho... — Ela não termina sua frase, mas eu sei o
que ela estava prestes a dizer. Ela foi distraída por mim. Ela não chegou
onde está por sorte ou acidente. Ela ralou por isso.

Ela para na frente da porta e se vira para me encarar. — Há muita


expectativa neste show, — diz ela. — Se for um sucesso, ele poderá
revitalizar a indústria da moda.

— É aquele novo, certo? Como a Fashion Week, mas diferente…


Skyla mencionou o quão animada ela está por isso. Ela sempre os assiste ao
vivo ou no YouTube.
Celeste sorri para isso. — Sim, é um novo show. — Ela se inclina e
me dá um beijo na minha bochecha. — Eu te vejo mais tarde, ok?

— Tudo bem. — Eu não tenho certeza do que mais dizer. O que quer
que esteja fazendo ela pirar, ela obviamente não está pronta para falar.

Ela abre a porta e nos encontramos com uma sorridente Skyla e uma
carrancuda Quinn.

— Onde você está indo? — Quinn pergunta. — Skyla trouxe donuts.

Skyla vê a bolsa nas mãos de Celeste e seu sorriso cai. — Você não
está indo embora, está? — Ela sussurra.

— Celeste tem que começar a trabalhar, — eu explico. — Fashion


Week, — acrescento, usando sua desculpa.

— Mas... é domingo. — Skyla faz beicinho. — Por favor, apenas


fique pelos donuts.

— Sky... — Eu começo a dizer, mas Celeste acena uma vez. — Ok.

— Você tem certeza? — Eu pergunto a ela.

— Sim, ela está certa. É domingo... e há donuts.

— Sky, vá para dentro e sirva a todos um copo de leite, por favor. —


Ela e Quinn entram, e eu fecho a porta atrás delas. — Diga-me o que
aconteceu lá. Eu fiz alguma coisa?

Celeste suspira. — Não é você... — Ela parece estar em guerra


consigo mesma e, como não sei por quê, não tenho a menor ideia do que
dizer. Enquanto espero que ela explique, meus olhos percorrem seu corpo.
Ela está vestida com um par de calças jeans apertadas com uma camisa
marrom de um ombro só. Ela está com um par de saltos pretos. Aqueles que
têm as solas vermelhas que todos conhecem e que custam milhares de
dólares. Inferno, eles provavelmente custam mais do que o pagamento da
hipoteca nesta casa.

Eu suprimo uma risada depreciativa com o pensamento. Mesmo


vestida “casual”, a mulher grita poder e riqueza. Eu olho para baixo para
mim mesmo, com um par de shorts de basquete e uma camiseta branca,
minhas tatuagens cobrindo meus braços e até parte das minhas pernas. No
quarto, quando estamos sem roupa e as luzes estão apagadas, parece tão
certo, mas assim que estamos vestidos e à luz do dia, lembro-me de como
somos diferentes.

E é quando isso me atinge. Por que Celeste se apavorou. Skyla


andando em nós lembrou a ela que eu sou um pai solteiro, enquanto ela é
uma mulher solteira, sem filhos. Eu moro em uma casa, e ela mora em um
apartamento com vista para o Central Park. Dirijo um Camaro de 1967,
enquanto os caras que ela costumava namorar andam de limusine ou têm
carros convencionais.

— Jase, — Celeste diz. — Por que você está olhando assim para
mim?

— Termine o que você estava indo dizer. Não é você, sou eu, certo?

— Não... sim... eu não sei. — Ela deixa cair a bolsa e leva as mãos até
o rosto. Eu dou um passo à frente, precisando puxá-la para os meus braços.
Toda vez que eu a toco, sinto-me muito mais ligado a ela. E quando eu a
sinto saindo, sinto a necessidade de puxá-la de volta. — Skyla entrando e
nos vendo foi apenas um choque. Eu acho que me assustei.
— Sou pai, Celeste. Isso não vai mudar. — Ela tira as mãos do rosto e
olha nos meus olhos. — Eu sei como nossos mundos são diferentes. Você é
linda, rica, empresária e uma grande modelo. Inferno, minha filha é uma
maldita fã sua. E sou apenas eu... um tatuador lutando para sobreviver.

— Não faça isso, — Celeste repreende. — Não se deprecie. Você é


um pai sem igual, incrível e solteiro que é dono de sua própria loja de
tatuagens e trabalha duro para sustentar a filha.

— Bem, quando você coloca assim... — Eu sorrio de brincadeira.

— Quando Nick e eu estávamos noivos, ele descobriu que ia ser pai.

— Sim, ele me contou um pouco como tudo isso aconteceu. Uma


noite, eles seguiram caminhos separados, e então ela o viu jogando...

— Sim, mas quando ele descobriu, eu enlouqueci por isso. Eu disse a


ele que não queria ser mãe... nunca. — Eu paraliso com as palavras dela. —
Minha infância, Jase. — Ela sacode a cabeça. — Minha mãe estava com o
coração partido e sempre chapada ou bêbada. Nós mal conseguimos manter
a energia e a água funcionando.

— Sua situação mudou, — eu indico.

— Sim, financeiramente mudou. Mas... — Os olhos de Celeste se


enchem de lágrimas e ela olha para cima, tentando afastá-las por vários
longos segundos antes de finalmente falar. — Skyla já tinha uma mãe de
merda. A última coisa que ela precisa é outra. Ela merece nada menos que o
melhor.

Há tantas coisas que eu poderia dizer para ela agora. Eu poderia dizer
a ela que já está acima da metade dos pais neste mundo apenas por
conhecer e reconhecer o que faz um pai um merda. Que o fato de ela, sem
saber, colocar minha filha em primeiro lugar – mesmo que ela não fosse ser
uma merda de mãe – simplesmente dizendo o que ela fez, quer dizer muito.

Depois que minha mãe morreu, e Jax e eu fomos forçados a ser


criados pela mãe de Quinn e meu pai, aprendi o que era ser criado por pais
que não dão a mínima para ninguém além de si mesmos. Então eu vi as
escolhas de merda que Amaya fez para si mesma e para sua filha, e o
quanto elas afetaram Skyla. E é porque eu vi a diferença em bons e maus
pais, que fiz disso o meu objetivo na vida de ser um bom pai para Skyla,
mas isso não me faz perfeito. Com todas as decisões que tomo, tudo que
posso fazer é esperar e rezar para que eu esteja fazendo o que é certo para
minha filha.

Celeste só esteve perto de Skyla algumas vezes, e ela já fez mais por
minha filha do que sua própria mãe já fez. Mais do que a mãe de Quinn fez
por ela. A verdade é que Celeste seria uma mãe muito boa, e eu não quero
nada mais do que dizer a ela que ela não sabe o quão incrível é.

Mas eu não digo nada do que eu estou pensando, porque não é isso
que ela precisa ouvir. É muito cedo para ela. Ela está com medo e
enlouquecendo. Então eu digo a ela o que ela precisa ouvir neste momento
para acalmá-la. Porque eu não posso deixar ela ir. Eu pretendo manter essa
mulher, e enquanto ela pode ser forte e poderosa, independente e confiante,
há um pedaço de Celeste no fundo que é vulnerável ‘pra’ caralho,
questionando cada decisão que ela toma, com medo de voltar para onde ela
veio.

— Você não é a mãe dela, Celeste, — digo a ela. — Você é só você.


Alguém com quem ela possa debater sobre Gucci ou Prada. — Dou-lhe um
pequeno sorriso brincalhão, na esperança de aliviar o clima. — Sou seu
único pai. Eu sou o pai dela.

Seus ombros caem visivelmente, confirmando que isso é o que ela


precisava ouvir.

— Você sai com a Olivia, certo? — Ela concorda com a cabeça. —


Mas você não é a mãe de Reed. — Outro aceno de cabeça. — Eu não estou
pedindo a você que seja mãe da Sky de qualquer forma. Nós apenas nos
reconectamos. Tudo o que estou pedindo é que você nos dê uma chance.
Sair e conhecer um ao outro.

Ela acena com a cabeça mais uma vez, mas desta vez ela sorri. — Eu
posso fazer isso.

— Mas você quer fazer isso?

Seu sorriso fica maior. — Eu quero.

— Está bem então. Vamos entrar e tomar café da manhã.

— Tudo bem, mas para o registro, — diz ela em um tom sério. —


Prada… é sempre Prada. Isso não é nem para debate.
QUINZE

Celeste

Desligando meu laptop, pressiono o dedo contra a tela do meu


telefone pela milionésima vez para checar se Jase mandou uma mensagem
de volta para confirmar nossos planos para o jantar desta noite.

Eu não o vejo desde domingo. Acabei tendo que pegar um voo


noturno para a Califórnia para lidar com alguns problemas de modelagem
para a filmagem da minha próxima linha de inverno. Margie estava lá
lidando com isso, mas quando ela ligou para me avisar que vários dos meus
modelos pareciam estar usando drogas, eu sabia que tinha que voar e lidar
com isso sozinha.

E eu estou feliz que fiz. Depois de ameaçar testá-los, eles admitiram


usar. Eu os demiti no local, cancelando o contrato deles, e disse a eles que,
caso quisessem modelar novamente nessa indústria, precisariam ir para a
reabilitação.

A partir daí, tive que encontrar novos modelos disponíveis no último


minuto e obter todas as roupas redimensionadas e ajustadas. Foi um
desastre absoluto, mas uma vez que tudo foi tratado, a filmagem ficou
bonita – graças a Felix, que lidou com tudo como o profissional que ele é.

Agora é quinta-feira e estou de volta em casa e, além de algumas


mensagens, Jase e eu mal nos falamos. Eu disse a ele tudo o que estava
acontecendo, mas sei que a maioria das pessoas não consegue realmente
entender como é administrar um negócio, especialmente se for demorado e
exigente como o meu.

Eu deveria contratar mais pessoas, delegar mais, mas é meu bebê, e


por tanto tempo é tudo que eu tive. Mas agora, enquanto verifico meu
telefone pela milionésima e uma vez, estou desejando que eu tivesse
delgado mais, então eu não teria que ficar quatro dias sem ver Jase.

Meu telefone toca e eu desbloqueio para verificar a mensagem. É do


Jase: Estou ocupado no trabalho

Meu instinto se contorce e as inseguranças que eu não estava nem


ciente de que tinha se manifestam sob a minha pele. Ele quer dizer isso ou
está me deixando de lado?

Enquanto estou tentando pensar em como responder, outra mensagem


aparece: Desculpe, eu cliquei em enviar por engano. Eu estou ocupado
no trabalho. Sky não estava se sentindo bem, então Quinn teve que
trazê-la para casa. Estou louco de saudades. Vamos remarcar?

— Para que é esse sorriso? — Pergunta Margie, aparecendo do nada.

— Jase. Pensei que talvez ele não quisesse me ver, mas ele está
apenas ocupado no trabalho.

— Algo que você pode se relacionar muito bem. — Ela pisca.

— Sim, — eu concordo, — e nem todo mundo tem uma assistente


incrível como você. — Assim que as palavras saem da minha boca, uma
ideia me atinge.

— Hey, Margie, eu vou sair. Você pode fechar tudo para mim?
— Absolutamente.

Pegando um táxi, dou ao motorista o endereço para Forbidden Ink e,


quinze minutos depois, chegamos. Quando ando pela porta, encontro muitas
pessoas na sala de espera. Algumas estão jogando bilhar, outras estão
sentadas no sofá olhando através dos livros de design. Mas ninguém está
sentado no balcão da frente. Então o telefone toca e ouço Jax gritar: —
Alguém atenda isso!

Andando pela mesa, pego o telefone sem fio e respondo: —


Forbidden Ink. Como posso ajudá-lo?

— Sim, eu preciso agendar uma sessão, — um cara diz sobre a linha.


Sentado no banquinho atrás do balcão, começo a procurar por um
calendário.

— Claro, apenas me dê um minuto, por favor. — Pressiono o botão de


espera para que eu possa encontrar o maldito calendário. Tem que haver
algum por aqui em algum lugar. Você não pode programar quatro tatuadores
sem que seja escrito em algum lugar.

— O que você está fazendo atrás do balcão? — Uma voz profunda


pergunta, me fazendo pular. Olho para cima e para os olhos azuis mais
bonitos que já vi, que são um enorme contraste com seu cabelo preto duro e
espetado e sua pele bronzeada. Baseado em sua pergunta, ele deve trabalhar
aqui.

— Estou procurando sua agenda. Um cara está no telefone querendo


marcar uma sessão. Alguma chance de você saber onde está?

— E você é? — Ele pergunta. Merda! Eu não me apresentei.


— Eu sou Celeste. — Estendo minha mão para apertar a dele. —
Uma amiga de Jase.

O cara me olha depois sorri. — Celeste, hum? A modelo, certo? Eu


ouvi muito sobre você.

— Espero que bem, — eu brinco e ele ri.

— Sim, definitivamente muito bem. Eu sou Gage. — Ele solta a


minha mão. — Jase pediu para você vir e ajudar?

— Na verdade, ele não sabe que eu estou aqui. — Eu dou de ombros.


— Ele cancelou nossos planos e eu percebi que ele poderia ter alguma
ajuda. — Mastigo meu lábio inferior, optando por não ter cruzado a linha.

Gage sorri e balança a cabeça. — Isso é muito legal da sua parte. —


Ele alcança a gaveta e tira quatro pequenos livros. — São aqui que
agendamos. Jase gosta de manter as coisas simples. — Ele revira os olhos.

— Quanto tempo devo considerar para uma sessão?

— Isso varia dependendo do tamanho da tatuagem. Por enquanto,


basta bloquear os horários de três horas e destacar os compromissos que
você marcou em amarelo para que possamos voltar e checá-los novamente.
Pergunte a eles o que eles estão procurando e anote-os. Isso nos ajudará,
então saberemos o que esperar. Se eles querem algo personalizado, você
agenda uma consulta e isso é apenas trinta minutos.

— Entendi, — eu digo, repetindo tudo o que ele acabou de dizer na


minha cabeça. Três horas, escreva o que eles querem, consultas de meia
hora.
— Ah, e se for um piercing, que eles saibam que só fazemos sem
agendamento. Eles geralmente levam apenas vinte minutos.

— Ok. — Eu aceno com a cabeça uma vez em compreensão. O


telefone emite um bipe, indicando que há outra chamada chegando
enquanto a outra linha está em espera.

— Tem certeza de que consegue?

— Sim! Você vai desenhar e eu vou lidar com isso, — eu digo com
uma piscadela.

Gage ri. — Tudo bem, você quer que eu deixe Jase saber que você
está aqui?

— Na verdade, que tal ficarmos apenas entre nós? Tenho certeza de


que, eventualmente, ele vai sair e me encontrará.

— Ha! — Ele ri com mais força. — Ok, pode deixar.

Quando ele se afasta, atendo o telefone e coloco em espera. Então eu


volto para a outra linha e agendo a sessão. Assim que desligo, levando o
telefone comigo no caso de tocar, ando pela sala e anoto as informações de
todos. Existem vários clientes sem hora marcada, mas Gage não me disse
como lidar com eles, então eu os trato como compromissos e os programo.

O lugar está cheio e o tempo voa. Desligo a campainha principal para


que os caras e Willow não se incomodem enquanto estão trabalhando. Em
vez disso, ele toca apenas no telefone que estou usando.

Em algum momento, Willow sai e eu me apresento. Ela é muito gentil


e me agradece por ajudar. Aprendo que ela lida com a maioria dos clientes
sem hora marcada e piercings, e quando um vem eu a aviso. Jase e Jax estão
com a agenda completamente cheia com compromissos, e Gage tem uma
mistura de ambos os sem hora marcada e agendados.

São sete horas quando uma linda morena entra e pede por Jase. Ela
está vestida com shorts jeans minúsculos e uma blusa que mal a veste. Ela
tem várias tatuagens cobrindo seus braços e pernas, bem como uma
espreitando para fora da frente de seu top sobre o peito.

Olhando para a agenda dele, vejo que ele está reservado para a
próxima semana. — Sinto muito, mas ele está reservado. Eu posso marcar
com Willow ou Gage em cerca de uma hora. — Eu dou uma olhada no livro
de Jax. — Ou Jax tem disponibilidade amanhã às cinco.

— Ok, bem, eu poderia apenas vê-lo bem rápido? — Ela pisca


dramaticamente, e leva tudo em mim para não bater ou vomitar em cima
dela.

— Ele está com alguém agora, — eu digo educadamente, lembrando


minhas maneiras. — Eu posso deixá-lo saber que você está aqui, no
entanto. Qual o seu nome?

— Eu realmente estou esperando surpreendê-lo. — Ela sopra uma


bola de chiclete e depois explode. Eu faço meu melhor para segurar uma
careta.

— Ok... você é mais do que bem-vinda para esperar. — Eu aponto


para o sofá. — Ele deve terminar na próxima hora.

— Obrigada, — diz ela antes de passar para o sofá e se sentar,


puxando o celular.
Durante a hora seguinte, continuo ocupada – vendo a vadia ainda
esperando por Jase – agendando mais pessoas e organizando a mesa.
Margie ficaria seriamente tão orgulhosa de mim agora.

Eu também coloco vários anúncios nos classificados on-line para uma


recepcionista, colocando meu número e e-mail para que Jase não seja
bombardeado com ligações e e-mails. Uma vez que eu eliminar os
insucessos, vou dar-lhe a informação de todos os candidatos sérios.

Quando Willow e Gage terminam com seus últimos compromissos


para o dia, eles me agradecem por assumir, e confirmam seus compromissos
para amanhã, antes de saírem – deixando apenas Jax e Jase ainda com
clientes, e a pequena vadia que ainda está esperando no sofá.

Quando o relógio atinge oito e é oficialmente a hora de fechar, eu


considero se devo ir e dizer a Jase ou apenas expulsá-la. Imaginando que eu
deveria ser uma pessoa maior, ando até a porta para trancá-la, no caso de
alguém tentar entrar, antes de voltar para deixar que Jase saiba que alguém
está aqui para vê-lo. Mas antes de chegar até a porta, a vadia começa a
andar para parte de trás.

— Umm... desculpe-me, — eu digo com um sorriso falso emplastrado


no meu rosto. — Você não pode ir para lá.

— Oh, bem, eu pensei que você estava saindo. — Ela encolhe os


ombros. — E quem é você? A polícia de Jase? — Ela zomba.

♥♥♥
Jase

Hoje foi um dia de inferno. Não há outro jeito de descrever isso.


Primeiro, Quinn me deixou superlotado com agendamentos por acidente,
então eu tenho corrido o dia todo para tentar ir em frente.

Em seguida, um dos meus clientes regulares da manhã chegou


atrasado, e naquele momento eu sabia que estava ferrado, então tive que
cancelar um dos meus compromissos da tarde. Mas ele não respondeu e,
claro, apareceu. Skyla estava saindo com Quinn, quando ela, pela primeira
vez, começou a menstruar e começou a reclamar de cólicas e implorando
para ir para casa.

Por sorte, Quinn estava aqui para ajudá-la a lidar com os problemas
de mulher. Mas porque isso as envolvia indo para casa, ela deixou a loja
sem ninguém para atender os telefones ou atender os clientes. Claro, tanto
Jax quanto eu, tínhamos clientes em que estávamos trabalhando, o que
significava que ficamos escondidos por horas sem intervalos.

Eu deveria terminar às seis, mas não desliguei minha pistola até


pouco depois das oito. Depois de aplicar a pomada, levei meu cliente pela
porta dos fundos, pois ele estacionou a bicicleta atrás da loja. Então eu fui
para a frente para trancar. Enquanto andava pelo corredor, notei que Gage e
Willow tinham saído e Jax ainda estava com seu cliente. Eu também percebi
que o telefone não tocou em horas.

Enquanto caminho mais para o corredor, ouço duas mulheres


conversando. Talvez Willow ainda esteja aqui? Mas então reconheço uma
das vozes como a de Celeste.
— Você não pode ir para lá.

Com quem diabos ela está falando? E por que ela soa como se
estivesse chateada?

— Oh, bem, eu pensei que você estava saindo, — diz outra voz, — e
quem é você? A polícia do Jase?

Não reconheço a outra voz, mas quando chego à frente, reconheço a


pessoa à qual a voz pertence. Missy. Uma cliente de longa data que queria
pegar meu pau desde a primeira vez que ela pisou aqui.

Com Celeste de costas para mim, ela não me vê quando ela joga
quadril e leva a mão para o lado. Porra, ela parece quente naqueles jeans
apertados e aqueles saltos de foda-me. A camisa que ela está vestindo deixa
suas costas expostas e me faz querer dobrá-la sobre na mesa de sinuca e
beijar sua espinha.

— Na verdade, vadia, — Celeste assobia, e eu paro no meu caminho,


esperando para ouvir o resto. — Eu sou a mulher que está fodendo Jase,
então que tal você virar sua bunda desprezível e ligar amanhã para marcar
um horário. — Eu não posso ver seu olhar por trás, mas posso ouvir a
essência possessiva em sua voz, e merda santa, eu nunca estive tão excitado
na minha vida.

— Foda-se, cadela! — Missy grita. — Não há como Jase estar


transando com você. Ele não fode mulheres na loja de tatuagens.

Celeste ri. Não é um tipo risada de diversão, mas uma maníaca, minha
mulher pode ser louca. Quando ela finalmente para, ela diz: — Isso pode
ser verdade. Nós não temos fodido aqui. — Seus ombros se levantam e
caem. — Mas ele comeu minha boceta em cima da mesa de bilhar.
Porra, minha mulher é brigona ‘pra’ caralho! Decidindo que é melhor
parar com isso antes que se transforme em uma briga de gato, eu dou um
passo à frente para fazer a minha presença conhecida. Missy me percebe
primeiro, seu rosto se iluminando. Ela obviamente não faz ideia que acabei
de ouvir toda a conversa delas.

— Jase! — Ela grita, fazendo Celeste se virar. Ao contrário de Missy,


que parece feliz em me ver, Celeste parece chateada como o inferno.

— Jase, — ela diz, sua voz desprovida de toda emoção.

Como homem, tenho duas opções: posso ser legal com Missy, já que
ela é uma cliente fiel e explicar para Celeste que às vezes as cadelas são
loucas. Ela pode ser compreensiva ou pode ficar chateada e ir embora. Vou
ter que rastejar por alguns dias, mas eventualmente ela vai superar isso. Ou
eu posso cortar os laços com Missy agora e terminar a noite dentro da
minha mulher. Já faz quatro dias e noites desde que senti o interior da
buceta quente de Celeste. Com qual opção você acha que estou indo?

Droga, certo.

— Missy, você tem que ir, — eu digo, indo direto ao ponto.

— Mas... mas... — ela gagueja, enquanto Celeste sorri para mim.

— Um, você não fala desse jeito com a minha mulher, e dois, você
sabe muito bem que deixei claro que nada vai acontecer entre nós. Agora
você vai ter que encontrar outra loja para fazer seu trabalho. — Pegando a
mão de Celeste na minha, ando até a porta, destranco-a e abro para Missy.
— Tchau, — digo a ela, não deixando espaço para discussão.
Quando ela vai embora, fecho a porta e puxo Celeste para os meus
braços, dando um beijo em seus lábios macios e carnudos que eu senti falta
como se estivesse passado anos.

— Quanto você ouviu? — Celeste murmura contra a minha boca.

— O suficiente para saber melhor do que nunca em não te dar uma


razão para você ficar com ciúmes. — Eu a beijo mais forte desta vez,
empurrando minha língua em sua boca para que eu possa saboreá-la. Porra,
eu senti falta disso. Senti falta dela.

— O que você está fazendo aqui? — Eu pergunto uma vez que o beijo
termina.

— Eu estou aqui desde as cinco horas, — ela admite timidamente.

— O quê? Por que você não me deixou saber?

— Eu não queria incomodar você enquanto estava trabalhando. Eu


tenho atendido os telefones e agendado compromissos. Conheci Willow e
Gage. Eles são muito legais. Oh! E eu coloquei anúncios nos classificados
para esperançosamente encontrar uma recepcionista permanente.

Eu fico olhando para Celeste por vários segundos, absorvendo tudo o


que ela acabou de me dizer. Mandei uma mensagem a ela dizendo que
estava muito ocupado para jantar, então ela apareceu aqui e passou a noite
atendendo telefones e agendando clientes. Uma mulher que paga a outras
pessoas para ajudá-la, sentou-se aqui a noite toda e me ajudou.

Quando eu não digo nada, também no temor da mulher que estou


apaixonando de novo, ela diz: — Eu provavelmente deveria ir. Tenho uma
reunião amanhã de manhã e você está programado para chegar às nove para
um retoque.

— Nós nem sequer abrimos tão cedo, — eu digo, finalmente


encontrando minha voz. — Nós não abrimos até o meio-dia durante a
semana. Dez nos finais de semana.

— Oh. — Celeste franze a testa. — Eu não sabia disso. Meu


escritório abre às nove, a maioria faz, então assumi que vocês também
abriam às nove... eu posso ligar para ele para reagendar, — ela diz, saindo
de meus braços.

Precisando senti-la, eu a levo de volta para mim. — Não, está tudo


bem. Eu estarei aqui às nove. Obrigado por tudo.

— Você tem certeza? Porque eu posso...

Com um rápido aceno de cabeça, inclino minha boca sobre a dela.


Seus dedos se enroscam no meu cabelo enquanto minhas mãos agarram sua
bunda, pegando-a e pressionando suas costas contra a porta de vidro. Nós
nos beijamos por vários minutos, até que Jax pigarreia, lembrando que não
estamos sozinhos.

— Venha para casa comigo, — eu digo uma vez que nós quebramos o
beijo.

— Eu não quero te tirar de Skyla. Você disse que ela não está se
sentindo bem. — Meu coração se enche por sua declaração. Ela pode
pensar que não tem isso nela para ser uma boa mãe, mas ela não tem ideia
de quão altruísta e carinhosa ela realmente é.
— Ela começou sua menstruação. Eu estava pensando que
poderíamos pegar um pouco de chocolate e alugar um filme para assistir
com ela. Então, quando ela estiver na cama, posso passar o resto da noite
reaprendendo cada centímetro do seu corpo. Quatro dias sem estar dentro
de você é muito tempo.

— Você é um pai tão bom. — Celeste sorri suavemente. — E isso


parece perfeito.

Depois de parar no mercado para pegar o chocolate favorito de Skyla


– assim como tampões, absorventes, banho de espuma e um monte de
outras merdas que Celeste insistiu que minha filha pudesse ter para que ela
se sentisse mais confortável – nós passamos pela lanchonete para pegar o
jantar, e depois voltamos para casa.

Skyla fica em êxtase ao ver Celeste entrar pela porta comigo.


Passamos o resto da noite comendo, assistindo filmes, e Skyla até faz um
desfile de moda para nós quando Celeste pede para ver as roupas novas que
Skyla comprou recentemente.

Quando está bem depois da meia-noite, Skyla diz boa noite e vai para
a cama. Quinn foi para casa há algumas horas. Isso deixa apenas Celeste e
eu sentados no sofá juntos na sala de estar.

— Eu provavelmente deveria ir para casa, — diz ela, puxando seu


celular para chamar um carro. Eu arranco-o da mão dela e coloco na mesa.
Pegando ela no estilo de noiva, ela grita em choque, e eu beijo seus lábios
para abafar o som.

— O único lugar para onde você deve ir é o meu quarto, — digo a ela,
levando-a para cima. Uma vez que estamos dentro, eu fecho e tranco a porta
e a coloco na minha cama.

Eu subo em seu corpo, minhas pernas em ambos os lados dela. —


Passe a noite. Eu não estava brincando quando disse que sentia sua falta
como um louco. Preciso estar dentro de você o mais rápido possível. —
Deixando cair a cabeça na dela, dou-lhe um beijo. — Por favor.

— Com uma condição. Você se certifica de que eu esteja de pé e


tenha saído antes que Skyla acorde.

Quando eu lhe dou um olhar confuso, ela acrescenta: — Ela merece


mais do que uma mulher que seu pai está transando, entrando e saindo de
casa.

Meus olhos traçam as feições de Celeste: seus belos olhos de ônix.


Eles são tão escuros que você pode se perder neles. Seu nariz de botão que
tem apenas um pequeno respingo de sardas que ficam escondidas com sua
maquiagem, mas à noite, quando ela limpa tudo, eu consigo ver e beijar.
Seus lábios grossos e carnudos que me viciam não apenas nos beijos, mas
nas palavras que saem de sua boca.

Celeste é o pacote inteiro. Sexy e elegante, independente e madura.


Ela é carinhosa e amável. Hoje à noite, quando agradeci ela por comprar
todas essas coisas para minha filha porque ela começou a menstruar, ela
apenas deu de ombros como se não fosse grande coisa.

E aqui, agora mesmo, no meu quarto, sua única preocupação é que a


Sky não se machuque ou fique confusa com o que está acontecendo entre
nós. Celeste não vê, mas eu vejo. Ela não vê a pessoa altruísta e carinhosa
que é. Quero explicar tudo isso para ela, mas sei que ela lutaria contra. Ela
viria com desculpas ou me diria que estou errado.
Então, em vez disso, concordo em me certificar que ela tenha ido
embora antes que Skyla acorde, e então eu passo o resto da noite tentando
mostrar a ela através das minhas ações o quão apreciado estou pelo jeito
que ela coloca Sky primeiro, e espero que Celeste se veja do jeito que eu a
vejo.
DEZESSEIS

Celeste

— Brenna, quanto tempo. — Eu dou em Brenna Myers, a VP de Elite


Modeling, um beijo de ar em cada bochecha. Com o Global Fashion
Extravaganza acontecendo esta semana, todos que fazem parte do mundo da
moda estão na cidade.

— É mesmo. — Ela sorri. — Eu vi a prévia da sua linha de outono. É


absolutamente deslumbrante. Imagino que você terá mais do que seu
quinhão de compradores batendo à sua porta depois do seu show.

— Obrigada. — Eu não posso evitar o sorriso que aparece. Brenna foi


a primeira pessoa a me dar uma chance nessa indústria quando eu tinha
dezoito anos. E quando ganhei o Elite Model da América e disse a ela meus
objetivos, ela não riu. Em vez disso, ela disse: — Se você quiser, vai
acontecer. — Quase onze anos depois, eu fiz acontecer.

— Brenna! Aí está você! — Randy interrompe. — Eu sinto muito.


Celeste, como vai você, querida? — Ele me dá um beijo rápido no ar.
Randy é o novo VP da Calvin Klein, concentrando-se nas linhas de jovens e
adolescentes, e ainda não aprendeu a respirar.

Os desfiles de moda podem ser muito estressantes quando você está


apenas começando. Eu me lembro do meu primeiro. Tudo o que poderia dar
errado, aconteceu. Mas ao longo do tempo, criei uma equipe de pessoas em
quem posso confiar, e agora tudo corre bem – na maior parte do tempo.
— Randy, tudo está pronto, — Brenna diz lentamente. — Respire,
querido. — Ela ri.

— Tivemos várias crianças e adolescentes com gripe, — ele me diz.


— É como se um deles tivesse pego e se espalhou como fogo. Nunca crie
uma linha de crianças ou adolescentes, confie em mim, — ele sussurra. —
É mais problema do que vale a pena.

Eu sei que ele só está dizendo isso porque ele está pirando. Eu olhei
para os números de uma linha infantil e adolescente em potencial, e o
trabalho valeria a pena. Você ficaria surpreso com o quanto os pais gastam
para fazer o seu filho ficar bem. E, ao contrário dos adultos, as crianças
crescem, o que significa constantemente ter que comprar tamanhos maiores,
novas linhas.

Meus pensamentos vão para Skyla e como adorável ela se veste.


Quando saí com ela e Jase, ela me mostrou todas as suas roupas, fazendo
um desfile de moda. Ela conhece todos os designers e todas as últimas
tendências. Ela me lembra muito de mim na idade dela, só que eu não tinha
dinheiro para comprar as roupas. Em vez disso, eu comprava uma nova
revista de moda todos os meses, recortava todas as roupas e as colava em
um livro que fiz.

— E eu disse a você que eu iria lidar com isso, — diz Brenna a


Randy, e uma ideia aparece na minha cabeça.

— Ei, Brenna, você por acaso tem algum espaço em qualquer uma
das fileiras para mais um adolescente? — Brenna me dá um olhar curioso.
— Um amigo meu tem uma filha que quer ser modelo…
Suas sobrancelhas sobem. Tenho certeza que ela ouviu essa fala um
milhão de vezes. Faz parte de estar neste negócio. Todo mundo que tem
uma criança pensa que é digno de modelar, todo mundo que gosta de moda
é um designer em potencial. E, claro, todos com uma câmera pensam que
eles têm o que é preciso para ser um fotógrafo. Mas quando eu assisti Skyla
fazer aquele mini desfile de moda para mim, eu soube, instantaneamente,
que ela definitivamente tem o que é preciso.

— Eu sei, eu sei, — eu digo com uma risada. — Mas eu a vi andar e


ela conseguiu. Ela não faz parte deste mundo, mas faria a vida dela, e talvez
pudesse colocar o pé na porta. — Quando ela não diz nada, eu acrescento:
— Seria um favor pessoal para mim.

Brenna assente. Eu nunca pedi um favor. Aprendi ao longo dos anos,


você não quer dever a ninguém nesta indústria, porque eles vão cobrar. Mas
Skyla vale a pena. Além disso, seria uma ótima exposição para ela.

— Tudo bem, — ela concorda. — Ela pode desfilar para Randy. —


Randy abre a boca para discutir. — Ele está desesperado. — Ele fecha a
boca. — Com uma condição. — Eu espero que ela me diga. — Se ela é
digna da passarela, ela vai assinar comigo.

— Fechado. — Não há ninguém em quem eu confiaria mais do que


Brenna.

Empolgada para compartilhar as novidades com a Skyla, eu termino


os detalhes para hoje à noite e saio. Margie fica chocada quando eu digo
que vou embora, mas sei que ela consegue lidar com isso.

— Celeste! — Skyla grita quando ela me vê entrando na Forbidden


Ink. Ela põe o taco de bilhar contra a parede e anda até mim. Eu não posso
evitar o jeito que minhas coxas apertam com a memória de Jase me
comendo na mesa de sinuca não muito tempo atrás.

— Eu limpei, — sussurra Jase, como se ele soubesse exatamente o


que eu estava pensando.

Pulo com suas palavras. — Eu não vi você aqui, — eu admito.

— Eu posso ver. — Ele está prestes a me puxar para um beijo quando


nós dois nos lembramos que Skyla está parada aqui. Enquanto passamos
muito tempo juntos ultimamente, não discutimos o que dizer a ela. Isso
significaria rotular-nos.

Depois do meu surto na semana passada sobre Skyla nos encontrar na


cama juntos, eu disse a Jase na outra noite, que eu não queria estar lá
quando Skyla acordasse. Testei as águas dizendo que não queria que ela
visse uma mulher com quem ele dormia entrando e saindo da casa. Prendi a
respiração, esperando que ele me corrigisse, mas ele não o fez. Em vez
disso, ele concordou. Eu sei que é o melhor. Eu não sou material de
madrasta. Mas ainda posso admitir – não em voz alta – em algum lugar
dentro de mim, eu estava esperando que Jase me dissesse que eu era. Mas
ele não o fez.

— Vocês podem beijar, — afirma Skyla com um sorriso bobo no


rosto. — Eu sei que vocês estão namorando. — Ela ri. — Eu tive
namorados...

Jase rosna com sua última declaração. — Que namorados?

— Calma, pai, — diz Skyla com um rolar de olhos.


Jase olha para sua filha, mas decide deixá-la ir. — Então, a que
devemos o prazer de você vir até o East Village? — Ele diz, mudando seu
foco para mim.

— Uma proposta, — eu esclareço.

— Hã?

— Eu vim porque estava em Tribeca no Spring Studio.

— Para GFE! — Skyla grita, animadamente.

— Sim, e eu tenho algumas novidades. — Eu agito minhas


sobrancelhas para Skyla.

— Você conseguiu um ingresso para mim?

— Não. — Eu franzo a testa.

— Oh. — Sua boca se curva em um beicinho.

— Eu não consegui um ingresso porque as modelos não precisam de


um. — Leva um segundo para entender o que estou dizendo, mas uma vez
que ela grita tão alto, eu tenho certeza que o quarteirão inteiro ouviu ela.

— Você está falando sério? — Ela corre e joga os braços em volta de


mim, em seguida, olha para cima. — Por favor, não deixe isso ser uma
piada. Seria uma piada muito cruel.

— Não é uma piada. Você vai estar desfilando para a linha


adolescente da Ralph Lauren.

— Oh meu Deus! — Ela grita novamente. Então ela olha para mim
novamente, desta vez com lágrimas nos olhos, e diz: — Obrigada, — e meu
coração parece que acabou de ser removido do meu peito e entregue a ela.
Como essas duas palavras e esse olhar me fizeram sentir assim?

— De nada, menina bonita. — Eu nem percebo que as palavras estão


fora da minha boca até que eu as tenha dito. Acabei de chamá-la com o
apelido que minha mãe sempre me chamava. O único nome que me fez
sentir como se eu fosse mais do que apenas Celeste, o lixo de trailer do lado
errado dos trilhos.

— Quando vai ser? — Ela pergunta.

— É realmente hoje à noite. Eu estava pensando que poderíamos


passar o dia juntas. Fazer manicure e pedicure. Fazer seu cabelo...

— Sério? — Skyla sorri. — Eu posso, papai?

Ela olha para o pai, que atualmente está olhando para mim com uma
leve carranca estragando suas feições. Por que ele está chateado? E então
isso me atinge. Skyla está pedindo permissão ao pai dela. Porque ele é o pai
dela. E ela não tem permissão. Oh meu Deus! Eu sou tão estúpida.

— Oh, não, — eu digo em voz alta. A carranca de Jase se aprofunda e


suas sobrancelhas franzem juntas.

— Sky, pegue todas as suas coisas, — diz Jase, e ela sai pelo corredor.

— Eu errei, não foi? Eu deveria ter perguntado a você. Eu sinto


muito.

— Whoa, acalme-se. — Os lábios de Jase formam um sorriso suave e


reconfortante. — Claro, você provavelmente deveria ter me perguntado
primeiro, mas você não estragou tudo. — Ele agarra meus quadris e me
puxa em direção a ele, até que nossos corpos estão nivelados um contra o
outro, e então me beija. O beijo é lento e gentil e me derrete em uma poça
de mingau.

— Então por que você parecia chateado? — Eu pergunto a ele uma


vez que nos separamos.

— Eu não estou chateado.

— Você estava franzindo a testa.

— Acho que fiquei um pouco confuso por você ter pirado no outro
dia em estar presente na vida da Skyla, e querer passar o dia a sós com ela,
agora. Você parecia estar bem na outra noite saindo com todos nós, mas eu
só quero ter certeza de que você está bem com tudo isso. Passando o dia
com Sky sozinha.

Eu mordo o interior da minha bochecha enquanto penso no que ele


acabou de dizer. Ele tem razão. Eu tenho sido quente e frio. Não é de
admirar que ele não tenha me corrigido ou colocado rótulo para nós dois na
outra noite.

— Eu acho que tenho estado muito presente ultimamente, — admito


timidamente. — Eu estava tão animada para compartilhar meu amor pela
moda com alguém que ama também, que nem pensei nisso. — E não é
como se eu fosse mãe dela ou algo assim. Ela tem Jase para isso. Que mal
um dia pode fazer? Além disso, ela estará ocupada preparando-se para esta
noite.

— Estou pronta! — Skyla sai correndo com a bolsa pendurada no


ombro.
— Você tem certeza que está bem com isso? — Jase murmura baixo o
suficiente para que Skyla não possa ouvir.

— Sim, vai ser divertido. — Eu dou-lhe um beijo em sua bochecha.

— Mais alguém pode vir? — Pergunta Skyla.

— Claro. Vou lhe enviar alguns ingressos para o caso de seu irmão e
sua irmã quererem ir também.

♥♥♥

— Eu vou levar apenas um minuto! — Grito através do meu


apartamento para Skyla. Passar o dia com ela tem sido nada menos que
incrível. Ela é tão madura para a idade dela e nos divertimos muito. É tudo
que sempre quis com minha mãe, mas nunca tive a experiência.

Fizemos manicure e pedicure no spa, depois fomos ao meu favorito


Bistrô para o almoço. Eu a levei para fazer o cabelo dela, mesmo que uma
vez que chegarmos ao show, eles farão como quiserem.

Estávamos a caminho quando Margie telefonou e me pediu os


arquivos de design para esta noite. Aparentemente, ela não consegue
encontrar a cópia eletrônica na nuvem, mas felizmente eu mantenho todos
os arquivos no meu computador doméstico também.

— Posso ver suas joias? — Pergunta Skyla.

— Vá em frente! — Encontro os arquivos, mando-os para Margie, e


então vou para o meu banheiro para que eu possa me refrescar antes de
irmos. Minha roupa para esta noite está no estúdio.

— Está vendo algo que gosta? — Eu pergunto quando saio e encontro


Skyla vasculhando minha caixa de joias.

— Essa. — Ela segura o colar de dente de leão que Jase me deu anos
atrás. Eu quase joguei fora no dia em que pensei que ele dormiu com
Amaya, mas algo me parou, então eu coloquei na minha caixa de joias e
nunca olhei para ele novamente.

— É como o da loja do meu pai... como o das pulseiras que você fez
para o meu dia da carreira.

Lembro que ela mencionou isso antes – que Jase tem uma pintura de
um dente-de-leão na loja, mas não vi quando estava lá. — Eu não vi isso.

— Está em sua estação de trabalho, — diz ela. Hmm… parece que


vou ter que fazer questão de verificar a sala de Jase na loja.

— Ele também tem uma tatuagem de uma em suas costelas, —


acrescenta ela, olhando para o colar com um sorriso suave. Interessante…
acho que também vou ter que fazer questão de verificar o seu corpo mais
profundamente também.

— Seu pai me deu esse colar, — eu admito. — Há muito tempo atrás,


quando éramos... amigos.

— Você quer dizer namorado e namorada? — Ela pergunta, movendo


a mão até o quadril. — Eu não sou um bebê, você sabe. Eu tenho treze
anos. Eu odeio que minha família aja como se eu ainda fosse pequena.

Sufoco minha risada porque para ela treze anos é velha, mas para
alguém que está prestes a ter trinta anos, treze anos ainda é de fato um bebê.
Mas não vou contar isso a ela.

— De qualquer forma, — eu digo com um sorriso. — Ele me deu esse


colar e me disse para seguir meus sonhos.

— É lindo, — murmura Skyla.

— Por que você não usa hoje à noite? Você não pode usá-lo na
passarela, uma vez que não é da Ralph Lauren, mas você pode usá-lo antes
e depois.

— Uau, ok, obrigada. — Ela balança a cabeça e levanta o cabelo para


que eu possa colocá-lo sobre ela.

— Ei Celeste, — diz Skyla quando eu termino de apertar o fecho.

— Sim?

— Obrigada. — Ela se vira e me dá um abraço, e o jeito que ela me


aperta me faz pensar que ela pode estar me agradecendo por mais do que
apenas permitir que ela use meu colar. Mas eu não posso ir lá...

— De nada, menina bonita.

Chegamos ao estúdio Springs e Skyla fica comigo durante a tarde.


Assim como o Fashion Week, o GFE funciona toda a semana, em vários
locais e durante todo o dia, até tarde da noite.

Minha coleção de outono está sendo mostrada hoje e Skyla estará


desfilando esta noite. Ela fica comigo o tempo todo, fazendo perguntas e
comentando sobre a coleção. Em vários momentos Margie me dá um olhar
impressionado com o quanto Skyla sabe sobre a indústria com apenas treze
anos de idade.
Uma vez que o show termina, vamos para onde Skyla estará se
preparando, para que eu possa apresentá-la a todos que ela precisa conhecer.
A maioria das garotas ficaria nervosa, mas não Skyla. Ela está borbulhante,
extrovertida e animada. Ela é educada com todos que conhece.

Jase me manda uma mensagem quando ele, Quinn e Jax chegam e


onde estão sentados. Eu não poderia tê-los na frente, já que isso é só para a
imprensa, designers e quem é quem da moda, mas eles têm assentos
decentes. Skyla é levada do cabelo e maquiagem para o guarda-roupa, e
depois é instruída sobre o que ela vai fazer.

Eu fico com ela o tempo todo, não deixando ela fora da minha vista.
Seu pai está confiando em mim para cuidar dela, e eu não tomo essa
responsabilidade de forma leviana.

Quando Ralph Lauren é anunciado, todas as crianças e adolescentes


fazem fila. Skyla fez alguns amigos, então eu dou a ela algum espaço e digo
a ela que estarei aqui quando ela terminar.

Há meses e meses de preparação para preparar tudo para esses shows


e, muitas vezes, estou muito ocupada para realmente aproveitar o que está
acontecendo ao meu redor, mas hoje, com Skyla fazendo parte disso, estou
realmente parando e tomando meu tempo para assistir e curtir o desfile.

Skyla – vestida com uma adorável minissaia de estampas em mosaico


e uma blusa combinando, leggings e botas de couro preto – caminha para a
passarela fazendo exatamente o que lhe foi dito e praticado. As câmeras
piscam quando ela atinge o final e depois se vira para voltar. Eu olho para
fora e encontro Jase vendo sua filha, um grande sorriso espalhado em seu
rosto. Ele parece ser o pai orgulhoso. E meu coração nunca se sentiu tão
cheio.
— Eu quero ela, — Brenna murmura no meu ouvido. — Ela vai ser a
próxima você.

Eu rio baixinho. — Não, ela vai ser muito mais. — E então eu me


viro para encontrar Skyla. Ela está voltando para os bastidores e seus olhos
se cruzam com os meus. Seu sorriso é tão grande, tão puro, quero
engarrafá-lo e guardá-lo.

— Isso foi... incrível! — Ela grita. — Obrigada!

— Você foi incrível, — digo a ela. — E estar aqui observando você


me inspirou a pensar em criar minha própria coleção infantil e teen.

— Posso ajudá-la? — Ela bate suas mãos juntas.

— Claro!

♥♥♥

Jase: Ei linda...

Jase: Eu tenho um grande favor para pedir de você

Jase: Enorme

Jase: Gigantesco

Jase: uma palavra maior que gigantesca

Jase: Eu vou fazer valer a pena ;)


Acabei de terminar uma reunião com minha equipe – para examinar
os detalhes dos compradores que entraram em contato com o Leblanc
depois de assistir ao desfile – e encontrei dois segundos para olhar para o
meu telefone.

Esta semana tem sido insanamente louca de uma maneira incrível.


Não há nada mais mágico ou exaustivo do que fazer um desfile de moda. Já
faz alguns anos desde que parei de fazer modelagem e participei dos shows
estritamente como designer, mas as borboletas ainda aparecem a cada
desfile, e espero que elas nunca desapareçam. Elas me lembram que meus
sonhos se tornaram realidade. Que tudo pelo que trabalhei duro está
finalmente em minhas mãos.

Mas enquanto olho para as mensagens de Jase, meu coração acelera,


estou consciente de que há mais na vida do que objetivos de carreira. É por
isso que eu terminei as coisas com o Chad. Porque eu quero mais. Eu não
vejo Jase desde a grande estreia de Skyla no mundo da moda, mas
conversamos todas as noites ao telefone, mesmo que seja às quatro da
manhã quando eu finalmente caio na cama.

Pela primeira vez, estou ansiosa para me acalmar. No passado, vivia


em todos os desfiles de moda, nos longos dias e noites ainda mais longas,
mas agora parece que só me mantém longe de onde eu realmente quero
estar, que é com Jase e Skyla.

Eu: qualquer coisa

Acabo de apertar enviar quando o meu telefone toca. — Olá?

— Eu estava preocupado por ter assustado você com minhas cem


mensagens de texto, — diz Jase com uma risada tensa.
— Desculpe, tem sido uma loucura por aqui.

— Tudo certo?

— Ah sim, ótimo na verdade. Já superamos o número de compradores


para a coleção de outono do que o que projetamos originalmente.

— Isso é incrível! Parabéns. — Jase exclama.

— Obrigada. — Então eu lembro do motivo desta chamada. — Está


tudo bem? Eu vi todas as suas mensagens.

— Sim, na verdade tudo está ótimo aqui também. Você já ouviu falar
de Max Harper?

— O rapper? — Eu pergunto, confusa.

— Sim. Eu acho que ele tem algum reality show, e o produtor ligou e
disse que Max quer vir para fazer uma tatuagem. Aparentemente, Killian
me recomendou em algum evento.

— Uau! Fantástico. Eles vão filmar isso?

— Sim, será uma publicidade incrível para a loja.

— O que você precisa de mim? Quer que eu te vista? — Eu brinco.


— Eu acho que tenho um bom terno que parece bastante elegante em você.

Jase ri. — Não, eu tenho meu guarda-roupa garantido.

— Então você está indo com seus jeans habituais e uma camiseta
branca?

Ele ri novamente. — Eu sou tão previsível?


— Sim, mas acho que saímos do assunto. Qual é o enorme e
gigantesco favor que você precisa tanto de mim que está disposto a fazer
valer a pena?

— Certo. Quinn está participando de algum evento de última hora


com seu namorado e ela deveria ficar de olho na Sky. O produtor disse que
eles não querem uma criança no evento, e mesmo que eles permitissem que
ela participasse, eu realmente não a quero aqui na loja. Eu imagino que os
caras vão xingar e falar sobre coisas que eu não quero que minha filha de
treze anos ouça. Então eu fiquei me perguntando se você poderia cuidar
dela.

Eu sorrio por dentro com o quão bom pai é Jase. O cara vai estar na
televisão e sua maior preocupação é garantir que sua filha seja cuidada e
não seja exposta a nada que possa afetá-la de maneira negativa.

— Claro que eu posso. Quando?

Jase fica em silêncio por um segundo antes de dizer: — Agora?

— Ahhh... — Eu rio, agora entendendo por que isso é um favor tão


grande. — Onde ela está?

— Em casa. Quinn teve que sair para se preparar. Ela está bem em
ficar sozinha. Eu não tenho certeza de quanto tempo vou ficar. Quinn se
ofereceu para trazer Sky para a festa de caridade, mas eu não quero colocá-
la para fora. Ela nem tem certeza se conseguiria um lugar para ela e...

— Jase, respire. — Eu rio. — Eu vou para lá agora.

Ele solta um suspiro suave. — Obrigado.

— De nada.
DEZESSETE

Jase

— Olha, cara, você não precisa me agradecer. É para isso que os


amigos servem. Além disso, seu trabalho fala por si mesmo, — diz Killian.

Estou a caminho de casa, saindo da loja. O episódio foi gravado, e


Max Harper foi permanentemente tatuado com uma peça personalizada,
desenhada e pintada por mim. É louco. Ele postou a imagem, marcando a
loja no Instagram, e todos nós passamos horas fazendo compromissos –
incluindo o novo recepcionista, Evan, que Celeste encontrou para mim. O
cara vai estar aprendendo conosco na loja enquanto trabalha na frente. Isso
funciona perfeitamente.

Chocado com o fato de que todos nós agora estamos com a agenda
cheia até setembro e o episódio ainda não foi ao ar, liguei para Killian,
querendo agradecê-lo novamente por recomendar o Forbidden Ink.

— Tudo correu bem? — Pergunta ele.

— Tudo correu bem. Felizmente, a tatuagem que ele queria não era
tão ruim. — Eu rio. — Eu vi algumas feias, tatuagens infernais mostradas
nesses programas. O episódio vai ao ar no próximo mês, e isso sem dúvida
será um divisor de águas para a loja. Você não pode pagar por esse tipo de
publicidade.

— Sim, eu vi algumas, e nem mesmo o melhor artista pode fazê-los


parecerem bons. Estou feliz que tudo tenha funcionado.
— Foi, obrigado.

Killian ri ao telefone. — Sem problemas. O que você está fazendo


hoje à noite?

— Eu na verdade acabei de chegar em minha casa, — eu digo,


colocando meu carro no estacionamento e saindo. — Celeste cuidou da Sky
para mim.

— Celeste, hein? — Killian ri. — Giselle me contou um pouco sobre


o seu passado. Eu nunca teria imaginado que você e Celeste tivessem um
passado... ou um presente. — Eu sei que ele não quer dizer isso como uma
fofoca. É apenas uma observação, mas suas palavras me lembram mais uma
vez como Celeste e eu somos diferentes.

— Sim, eu acho que ela geralmente não namora caras como eu, — eu
digo, encostado na lateral do carro.

— Não, eu não quis dizer isso assim, — diz Killian, tentando voltar
atrás. — Ela só normalmente... merda, ok, é exatamente o que eu quis dizer.
— Nós dois rimos.

— Entendi. Somos completos opostos. Eu sei que não faz nenhum


sentido. Mas acredite em mim quando lhe digo que há muito mais nela do
que o que ela permite que as pessoas vejam.

— Sim, — ele concorda. — É o que Nick sempre disse, e minha


esposa é boa amiga dela. Eu acho que não a conheço muito bem. Mas se há
uma coisa que aprendi neste último ano, é não julgar um livro pela capa.

Depois de conversar por mais alguns minutos, terminamos a ligação


com Killian me dizendo que ele encontrou uma nova peça que ele quer
tatuada, e que ele vai me ligar amanhã para agendar.

Quando abro a porta e entro na minha casa, ouço o som de risadas


vindo da cozinha. Eu jogo minhas chaves na tigela e vou para lá. Eu ia
pegar o jantar, mas quando mandei uma mensagem para Celeste, ela me
disse que ela e Skyla estavam cuidando disso.

— Estou em casa, — eu digo quando dou a volta no corredor.

— Jase! — Celeste ri.

— Papai! — Skyla ri.

Eu olho em volta para a cozinha destruída, confuso sobre o que


diabos aconteceu aqui. Há o que parece farinha em todo lugar. Nos
contadores. Espalhada pelo chão. Parece que nevou na minha cozinha.

O cabelo de Celeste está branco e as roupas de Skyla também. Ambas


estão em lados opostos da cozinha e segurando bolas de algo pegajoso em
suas mãos.

— O que aconteceu?

Celeste ri novamente e depois caminha em minha direção. — Prove


isso. Diga-me o que você pensa. — Ela levanta os dedos, segurando o que
parece ser uma massa de biscoito, e leva-os aos meus lábios. — Abra, —
ela diz de brincadeira, então eu faço. Ela coloca uma pequena porção de
massa na minha boca, e os risos de Skyla ficam mais altos.

— É bom? — Celeste pergunta. Eu mastigo e engulo. É um


pouquinho salgado.

— Delicioso, — eu digo, e ela sorri.


— Ha! — Ela olha para Sky.

— Prove o meu pai. — Sky me entrega um pedaço de massa. Eu


mastigo e engulo.

— Como é que o meu está? — Tem gosto de muita baunilha.

— Delicioso, — digo a ela.

— Então, qual é o melhor? — Sky pergunta. Ah, merda… eu não vi


isso chegando.

— Ambos são deliciosos.

Celeste gargalha diabolicamente. — Eu acho que ele precisa provar


mais um pouco, — ela diz a Sky, que ri maldosamente.

— Eu concordo, — acrescenta Sky. — Eu acho que ele precisa


experimentar a massa para tomar uma decisão.

— Concordo, — Celeste diz.

Eu assisto enquanto as duas caminham até onde elas estavam quando


eu cheguei, sem saber o que elas querem dizer com experimentar da massa.
Mas menos de um minuto depois, descubro exatamente o que é quando
Skyla enrola um pedaço da massa e joga em mim. A massa pegajosa me
bate na cara e as garotas começam a rir.

— Hey! — Eu grito. — Isso não é legal.

— Oh não! — Celeste diz, fingindo preocupação. — A massa grudou


em você? — Ela gargalha, e parece assustador ‘pra’ caralho. — É
provavelmente porque não tem farinha suficiente. Aqui, deixe-me ajudá-lo.
— Ela pega um punhado de farinha e caminha na minha direção. E antes
que eu possa impedi-la, ela joga sobre minha cabeça.

Agora a bagunça na cozinha faz todo o sentido. Sky ri tanto que


engasga.

— Então, é assim, hein? — Eu pergunto a ninguém em particular. —


Tudo bem... — Eu ando até onde a massa está na tigela, e agarro. — Que os
jogos comecem!

Os olhos de Celeste se arregalam, e ela se abaixa, pensando que vou


jogar a massa nela. Mas, em vez disso, pego uma grande dose na mão,
preencho o espaço entre nós e a lambuzo por toda a boca.

Sky está agora rindo tanto, que está curvada, segurando seu estômago.
Mas quando ela me vê, ela para e pega um punhado de massa. — Não
chegue mais perto ou serei forçada a usar isso em você. — Ela levanta o
punhado, e eu rio. Então, atravesso a cozinha e a agarro pela cintura,
jogando-a sobre meu ombro.

— Papai! — Ela grita. — Coloque-me para baixo. — Tomando um


pouco de farinha na minha mão, eu viro o lado direito para cima e despejo
sobre a sua cabeça, ao mesmo tempo que Celeste despeja mais sobre a
minha.

Nós gastamos a próxima hora jogando massa e farinha um no outro.


Eu nem quero pensar na bagunça que vou ter que limpar.

Quando a campainha toca, Celeste levanta as mãos em sinal de


rendição. — Eu estou acenando a bandeira branca! — Ela ri. — É o jantar.

— Você pediu?
— Bem... — Ela prende o lábio inferior entre os dentes,
nervosamente, depois libera-o. — Eu tentei cozinhar.

— Mas ele queimou, — Sky acrescenta com um encolher de ombros.

— Sim, — Celeste concorda.

— Vocês duas vão se limpar, e eu vou pagar pela comida.

— Eu posso pagar, — Celeste insiste. — É minha culpa que o jantar


tenha sido arruinado.

— Eu cuido disso, querida, — eu digo a ela com um beijo,


esquecendo que minha filha está na mesma sala.

— Eu sabia que vocês dois eram um casal! — Sky grita enquanto ela
sobe as escadas. — Amigos minha bunda!

Depois que terminamos de jantar e limpamos a bagunça na cozinha –


no entanto, a farinha provavelmente será encontrada em todos os cantos no
futuro – Sky pergunta se todos nós podemos assistir a um filme juntos. Olho
para Celeste, não tenho certeza se ela tem algum lugar que precisa estar, e
ela diz que adoraria.

Sky e Celeste escolhem o filme enquanto eu faço a pipoca, e então


nós três pulamos no sofá para assistir ao filme.

Jax chega em casa bem no meio do caminho, mas diz que está saindo
e para não esperar. Quando o filme termina, Sky e Celeste estão
desmaiadas. Eu as levanto de cima de mim e carrego Sky para a cama. Não
é sempre que consigo levar minha filha para a cama, então tento gravar o
momento em minha memória para os momentos em que ela estiver se
rebelando contra mim e me dizendo que não quer nada comigo.
Uma vez que ela está deitada, volto para Celeste. Eu provavelmente
deveria acordá-la e perguntar se ela quer ir para casa ou ficar, mas ela está
fora. Então, ao invés disso, eu a levo para o meu quarto e a coloco na minha
cama.

Aparentemente, queimar e ter brigas de comida é desgastante. Eu rio


por dentro quando lembro do olhar de vergonha em seu rosto enquanto ela
explicava como interpretou mal as instruções para o assado. Então, quando
ela e Skyla tentaram fazer biscoitos, acabaram derramando e comendo mais
do que realmente foram colocados para assar.

Aos olhos de Celeste, ela falhou. Não havia assado para o jantar ou
biscoitos para a sobremesa. A cozinha estava uma bagunça que tivemos que
limpar. Ela pediu desculpas várias vezes.

Mas aos meus olhos, ela conseguiu, e eu disse a ela exatamente isso.
Ela fez minha filha sorrir e rir. Ela se uniu a ela – criou memórias que
durarão a vida toda. Quando eu disse isso a ela, ela apenas corou e encolheu
os ombros como eu sabia que ela faria, e então se desculpou novamente,
confirmando o quão cautelosa Celeste realmente é.

Com sua maquiagem e design extravagantes, ela parece forte em seu


apartamento caro. Como se ela estivesse no topo do mundo. Mas escondida
atrás de sua maquiagem e roupas, atrás das paredes que ela construiu para
se proteger, tem uma mulher vulnerável e insegura que só quer ser amada. E
é exatamente isso que vou fazer. Eu vou amá-la.

♥♥♥
— Porra, eu não posso acreditar o quão ocupado estamos, — diz Jax,
caindo no sofá ao meu lado na sala de descanso que montamos na parte de
trás da loja. Tem um par de sofás, uma geladeira, uma pia e um banheiro.
Nada extravagante, mas é um lugar para onde podemos ir no intervalo entre
os clientes. Ele também tem uma porta que leva para o beco, onde aqueles
que fumam podem ir, desde que nós não gostamos de ninguém fumando na
parte frente.

— Graças a Deus por Celeste nos encontrar Evan. — Ele joga a


cabeça contra a parede e suspira de exaustão.

— Eu sei, — eu digo a ele. — Nós estaríamos ferrados. — Meu


celular toca, e como o idiota que ele é, Jax olha para ver quem está ligando.

— Diga a Celeste que eu disse olá, — ele diz enquanto eu me levanto


e saio para falar com ela sem um aviso.

— Ei, Covinha, como está indo?

— Nada bem, Jase.

— O que há de errado? — Eu fecho a porta do escritório atrás de


mim. Com todos nós quatro trabalhando hoje, há várias músicas diferentes
ao mesmo tempo em que todo mundo está falando besteira sobre a música.

— Há alguns anos, quando lancei a minha linha de moda, juntei-me a


outros designers para fundar uma instituição de caridade chamada I Heart
the Arts. Ela arrecada dinheiro para ajudar os programas de arte nas escolas
e clubes. Este ano vamos apresentar vários modelos usando arte corporal
para ajudar a levantar dinheiro.
— Isso soa como uma boa causa, — digo a ela, surpreso e orgulhoso
desse novo fato que acabei de aprender sobre Celeste.

— Sim, é, mas os artistas que contratamos para o show acabaram de


cancelar conosco, então agora eu tenho vinte modelos sem arte, e um show
que deve começar em oito horas.

— O que você precisa de mim?

— Artistas. Eu queria saber se talvez você conhece alguém... bem


algumas pessoas. Como se houvesse alguma rede que todos os artistas
fazem parte. Eu sei que você é um tatuador, mas talvez todos vocês corram
frequentem os mesmos círculos. Eu não sei. — Ela suspira. — É um
trabalho remunerado.

— Estou dentro e tenho certeza de que Jax, Gage e Willow também


estarão. E eu posso trazer Evan. Ele ainda está aprendendo, mas pode
desenhar.

— Oh, — diz ela sem fôlego. — Eu não quis dizer você...

— Eu não sou bom o suficiente? — Eu rio. — Eu sou um artista.

— Não! Eu sei que você é, mas você está super ocupado. Você estava
dizendo que está reservado até o ano que vem. Eu não posso pedir que você
feche a loja para mim.

— Você não está pedindo. Envie o endereço e nós estaremos lá em


breve.

— Sim? — Ela pergunta com esperança em sua voz.

— Sim.
— Obrigada, Jase! Eu te amo. — O telefone fica em silêncio, e eu o
puxo do meu ouvido para ver se Celeste ainda está lá, ou se ela desligou. —
O que eu quis dizer foi... — ela começa a dizer, mas não consegue pensar
em uma maneira de justificar ou consertar o que acabou de dizer, o que
significa que ela quis dizer aquelas palavras.

— O que você quer dizer é que você me ama, — eu digo a ela


corajosamente, rezando para não a assustar, mas precisando lhe dizer como
me sinto, — e eu também te amo.

Há outro momento de silêncio e Celeste sussurra: — Você ama?

— Eu amo. Até breve, Covinha.

Nós desligamos, e com o maior sorriso no rosto, eu chamo todos para


o escritório para perguntar se eles estão dispostos a ajudar. Claro que eles
dizem que estão. Depois de dizer a todos que estão aguardando que temos
uma emergência e que precisaremos fechar a loja, começamos a ligar para
todos os nossos clientes que deveriam entrar hoje e reprogramar.

Depois de trancar a loja, nos dirigimos para a Spring Studios, onde o


evento está sendo realizado. No caminho, eu ligo para Quinn para que ela
saiba que não sei a que horas eu estarei em casa, e ela me diz que Rick saiu
da cidade a negócios, então ela pode ficar de olho em Skyla sem problemas.

A partir do momento em que chegamos, todos estão em um frenesi.


Eu não tinha certeza do que precisava ser feito, mas felizmente Celeste tem
todos os suprimentos. Tudo o que ela precisa de nós é o nosso talento.

Passamos as próximas horas pintando body art7 em cada um dos


modelos. Eles estão completamente nus, mas com a arte pintada, parece que
estão completamente vestidos. Celeste tem trajes específicos que precisam
ser desenhados, e vários designers, que fazem parte do show, supervisionam
tudo o que estamos fazendo.

Alguns dos nomes fazem meus olhos se arregalarem. Estes não são
designers humildes e promissores. Estes são os grandes. E me ocorre que a
mulher que eu estou namorando é uma das grandes. Ela é uma supermodelo
famosa que tomou o mundo da moda como uma tempestade.

Ainda me lembro da adolescente Celeste, que deitou na minha cama e


compartilhou seus sonhos comigo. Na época, eu não sabia tudo o que estava
contra ela – que a mãe que ela havia recebido era ainda pior do que a
minha. Ela era a melhor amiga de Nick, mas não foi criada com uma colher
de prata na boca como ele. Ela lutou por tudo que tem.

Quando termino o último modelo e fico de pé para esticar as pernas, o


show começa. Ouço a voz de Celeste vindo pelo microfone, e sem entrar no
caminho de ninguém, espio para fora da cortina. Ela está parada no final da
passarela falando com as centenas de pessoas que estão cercando o palco
sobre a caridade e como todas as receitas serão gastas.

Ela está vestida com um vestido apertado de cor creme sexy ‘pra’
cacete que mostra sua bunda empinada. Seus saltos altíssimos fazem suas
pernas parecerem perfeitas. Quando ela agradece a todos e se vira para
voltar, nossos olhares se cruzam.

Enquanto ela caminha em minha direção, com o queixo para cima e


os olhos brilhantes de orgulho, ela me dá um lindo sorriso que, eu sou
homem o suficiente para admitir, me deixa sem fôlego. E é nesse momento
que sei, embora nossos mundos possam não se encaixar perfeitamente, farei
o que for preciso para ter certeza de que eles orbitem perto o suficiente para
mantê-la perto de mim. Mesmo que isso signifique que eu tenha que pular
no dela.
DEZOITO

Celeste

— Eu não posso acreditar que você fez isso! — Olivia enfia os braços
em volta do meu pescoço para um abraço, sua barriga grávida batendo na
minha frente. — Eu... eu... apenas obrigada. — Ela soluça.

Dando um tapinha nas costas dela, eu digo: — De nada, — enquanto


procuro por Nick na esperança dele me salvar. Quando ela finalmente me
libera, suas lágrimas secaram. Mas então ela olha em volta, dando uma
olhada nos arredores, e começa a chorar de novo.

Estamos de pé sob uma tenda branca com ar condicionado que


aluguei, com vista para o East River. É quatro de julho, então haverá fogos
de artifício mais tarde, e é por isso que escolhi esse parque em particular,
mas também é uma festa para comemorar a formatura de Nick e os
próximos nascimentos de Giselle e Olivia.

Existem várias tendas instaladas em toda a área. Algumas para as


pessoas se sentarem e relaxarem, uma onde a comida está sendo servida,
outra onde há um bar, e outra para sobremesas e presentes. Como Olivia e
Giselle estão tendo garotas, serpentinas rosa, balões e outras decorações
estão espalhadas por toda a área.

— Celeste, — diz Nick, se aproximando, — isso é demais. — Ele me


dá um abraço e um beijo na bochecha. Reed, seu filho de dezoito meses de
idade, sobe com um balão na mão e Skyla correndo atrás dele.
— Ba-oon, — ele grita. — Ba-oon! Da-da, ba-oon. — Nick ri e pega
seu filho.

— Ele soltou dois deles, — diz Skyla com uma risada, — então eu
amarrei aquele no pulso dele.

— Bem pensado, — digo a ela com uma piscadela enquanto Killian,


Giselle e a mãe de Giselle, Sarah, se aproximam de nós.

— Celeste! — Giselle grita. — Isso tudo é incrível! Quando você me


disse que estava dando uma festa para Nick, não me disse que também era
um chá de bebê. — Ela aponta para a tenda que mantém o bolo de três
camadas das Princesas da Disney. — Esse bolo é incrível! Você viu, Liv?

— Não, ainda não, nós acabamos de chegar aqui, — diz Olivia.

— Vem cá, eu tenho que te mostrar. — Giselle me dá um abraço. —


Obrigada.

— De nada. Se você está com fome, há comida ali. — Eu aponto para


uma das tendas. — E há um bar completo instalado no outro.

Giselle, Olivia e Sarah vão até a tenda para ver o bolo enquanto Jase
vem andando com Jax, Quinn e seu namorado, Rick, que está olhando para
o telefone.

— Ei, Covinha, — diz Jase, dando-me um beijo suave nos meus


lábios. — Tudo ficou ótimo. — Jase e Skyla vieram aqui mais cedo esta
manhã para me ajudar a montar, depois saíram para tomar banho e se
arrumar. Como eu precisava ir a minha casa para me preparar, que fica na
direção oposta, concordamos em nos encontrar aqui.
— Obrigada, — eu digo a ele. — Há toneladas de comida e bebidas.
Por favor, se sirvam, — digo a todos.

— Eu estou faminta, — diz Quinn para Rick. — Junte-se a mim?

— Claro, — diz Rick com um pequeno sorriso, mas não olha para
cima de seu telefone. Ele me lembra muitos dos homens que eu costumava
namorar. Eu tento pensar em todas as vezes que saí com Jase. Talvez seja
porque o trabalho dele não é tão exigente, mas não consigo pensar em uma
única vez em que ele esteve comigo e não me deu cem por cento de sua
atenção.

Agarrando as curvas dos meus quadris, Jase me puxa na frente dele e


envolve seus braços em volta da minha frente, acariciando seu rosto em
meu pescoço. Sua barba de dois dias faz cócegas na minha pele, e eu rio,
empurrando-o para longe. — Você precisa fazer a barba! — Eu brinco.

— Não, eu não preciso, — ele rosna no meu ouvido. — Eu sei que


você gosta da minha barba. — Ele não está errado. Eu amo correr minhas
mãos para cima e para baixo em sua barba por fazer.

— Ei, pai, vou pegar algo para comer. Quer ir comigo? — Skyla
pergunta a Jase.

— Claro, querida, vamos, — diz ele, então se vira para mim. — Você
está com fome?

— Encontrarei vocês lá em um minuto. Eu só quero ter certeza de que


a casa de recreação seja montada. — O vendedor que eu pedi estava
atrasado e está terminando agora. Não há muitas crianças aqui, mas Skyla
achou que seria divertido para Reed brincar, então eu pedi uma.
— Tudo bem. — Ele dá um beijo na minha bochecha, em seguida, vai
para a tenda de comida com Skyla. Desde que Reed se tornou sua sombra,
ele segue, e Nick o segue – deixando Killian, Jax e eu aqui de pé.

Killian se aproxima de mim. — Você fez bem, — diz ele. —


Obrigado.

— De nada.

— Então, você e Jase, hein? — Pergunta ele.

— Sim. — Eu aceno lentamente.

— Isso é bom. Estou feliz por vocês.

— Obrigada? — Eu digo, sem saber como responder à sobrecarga de


gentileza de Killian, e um pouco atordoada que de alguma forma,
aparentemente, evoluímos para discutir minha vida amorosa.

Ele ri, e Jax se junta. — Ah, cara, apenas fique feliz por você não ter
que viver com Jase. — Ele balança a cabeça. — É repugnante observar
diariamente como eles estão apaixonados.

— Oh, cale a boca! — Eu bato no braço de Jax de brincadeira, e ele


ri.

— Quem teria pensado que a pequena senhorita 'eu vou casar com um
cara da Fortuna 500' iria se apaixonar por um tatuador de Piermont. —
Killian ri, batendo seu quadril em mim. Se ele tivesse dito isso alguns
meses atrás, eu teria interpretado pelo lado errado e ficado chateada, mas
posso ver isso em seu rosto, ele está apenas brincando – e ele não está de
todo errado. Quando éramos mais jovens, isso é exatamente o que eu
planejava fazer.
— Então, o que vem a seguir? — Killian pergunta. — Um
casamento? Bebês? — Ele ri mais forte, pensando que é tão hilário, e claro,
Jax ri junto com ele. — Eu posso ver agora... Pequenas Celestes e Jases
vestindo Gap e Nike, correndo por aí com tatuagens falsas em seus braços.

— Meus filhos não estariam vestidos em Gap ou Nike. — Eu torço


meu nariz em desgosto fingido. — Mais como Dior e Dolce & Gabbana. —
Killian e Jax riem.

— Eu só estou brincando com você, — diz Killian. — Você tem que


admitir, no entanto. É loucura o quão longe nós viemos dos adolescentes
que já fomos, saindo no dormitório, se recusando a se apaixonar enquanto
Nick nos atormentava.

Eu rio, lembrando exatamente o que ele quer dizer. Nick foi o único
dos três que eu imaginei se apaixonar. Inferno, quando eu era mais jovem,
nem sequer acreditava no amor. Ou talvez eu tenha, mas estava com muito
medo de admitir isso. — Sim, às vezes parece que foi outra vida.

— Concordo. — Ele acena uma vez. — É melhor eu ir verificar a


minha grávida, — diz Killian com um sorriso, desculpando-se. Enquanto eu
o vejo ir embora, minha mente roda com tudo que acabou de ser dito.

Eu sei que ele só estava brincando, mas, ao mesmo tempo, o que ele
disse é verdade. Quando duas pessoas estão em um relacionamento,
casamento e bebês são o que vem a seguir, certo? Jase quer ter mais filhos?
Eu apenas assumi desde que ele já tem uma adolescente, que ele não iria
querer começar tudo de novo. E se, no entanto, eu estiver errada, e ele quer
ter mais filhos? Dar a Skyla um irmão ou irmã...
— Você está bem? — Jax pergunta. — Você parece que viu um
fantasma ou algo assim.

— Sim... não... eu estou bem, — eu sufoco. — Eu vou me certificar


de que tudo esteja resolvido para o pula-pula, — digo, precisando escapar
por um momento antes que eu tenha um ataque de pânico.

— Tudo bem, — diz Jax, parecendo preocupado.

Depois de me certificar de que a empresa de aluguel de festas foi paga


e avisá-los quando pegar o pula-pula, dou um passeio ao longo do rio,
tentando acalmar meus nervos sobre o que Killian falou.

Tudo com Jase e eu parece que está acontecendo tão rápido, mas lento
ao mesmo tempo. Acho que muitas das razões para isso são por causa do
que tivemos todos aqueles anos atrás – foi tão fácil voltar para onde
paramos. Nós nos acomodamos no tipo de conforto que um casal que está
junto há muito tempo se instala, mas de alguma forma nós pulamos a parte
de nos conhecermos – como saber se Jase quer mais filhos um dia.

— Hey, — uma voz de barítono chama de trás de mim. Quando me


viro, Jase está se aproximando. — Jax mencionou que você parecia fora.
Tudo está certo?

Ele para a poucos metros na minha frente, e eu olho para ele por
alguns segundos. Seu cabelo preto, que geralmente está com gel, está
bagunçado, como se ele estivesse correndo os dedos por ele, seus lábios
perfeitos estão levantados em um leve sorriso nervoso, e sua camiseta
branca está esticada em seu peito, com as mãos enfiadas nos bolsos.

Eu deveria perguntar a ele aqui e agora se ele quer mais filhos, mas
não posso me convencer em fazer isso. Porque se ele disser que sim, eu sei
que vou ter que romper as coisas com ele. E se ele disser que não, sempre
me perguntarei se ele está mentindo, colocando minhas necessidades em
primeiro lugar.

Em vez disso, levo os dois pés em direção a ele e envolvo meus


braços ao redor de seu pescoço. Ele coloca os braços ao redor da minha
cintura enquanto eu corro minha língua pelo seu lábio inferior, depois pelo
seu superior, provocando-o. Ele geme, me puxa para mais perto e me beija
forte. Sua língua massageando a minha, e eu levanto a camisa, deslizando
as palmas das mãos sobre seu abdômen.

Sua pele está quente, e anseio pelo seu calor. Suas mãos deslizam
pelas minhas costas, aterrissando na minha bunda. Ele me levanta em seus
braços, em seguida, cuidadosamente nos leva até a grama. Pairando acima
de mim, com os braços de cada lado da minha cabeça, Jase e eu nos
pegamos como adolescentes excitados, seu corpo se esfregando contra o
meu, até ouvirmos Skyla chamando nossos nomes. Rapidamente saindo de
mim, Jase fica deitado, seu braço se apoiando, enquanto eu sento e ajusto
minhas roupas.

— Eu tenho procurado vocês por todos os lugares, — diz Skyla. —


Podemos cortar o bolo e abrir os presentes?

— Desculpe, — eu digo, dando-lhe um sorriso, enquanto rezo para


que ela não tenha visto o seu pai praticamente se esfregando comigo na
grama. Jase se levanta primeiro e se inclina para me ajudar. — Sim,
podemos cortar o bolo e abrir os presentes. — Eu me levanto e limpo a
grama do meu traseiro.

— Legal! Vocês podem voltar a se agarrar agora. — Ela pisca e corre


de volta para onde todos estão. De mãos dadas com Jase, seguimos atrás
dela. Acho que talvez Jase tenha esquecido o que ele me perguntou quando
se aproximou, até se inclinar e sussurrar: — Eu sei que você estava
chateada com alguma coisa, e enquanto essa distração foi boa, vou
perguntar de novo mais tarde, e você vai me responder.

O resto da noite corre tranquilamente e, felizmente, estamos tão


ocupados com nossos amigos e familiares que Jase não encontra tempo para
me perguntar o que está errado. Nós cortamos o bolo, assistimos enquanto
Olivia e Giselle abriam seus presentes de bebê, e Nick anuncia que ele
assinou um contrato com uma editora para o romance que ele escreveu,
baseado em Olivia e sua história de amor.

Às nove horas, todos descemos pelo rio para assistir aos fogos de
artifício. Jase me segura em seus braços enquanto as cores brilhantes se
projetam, criando belos desenhos. E enquanto eu deveria estar aproveitando
este momento, um pequeno pedaço de mim está se perguntando se cada
memória que estamos criando é apenas mais um ponto sendo adicionado à
realidade que vai cair bem em cima de nós e nos tirar dessa fantasia que
atualmente estamos vivendo.
DEZENOVE

Celeste

— É tão bonito aqui fora! — Abro meus braços para fora para que eu
possa sentir a brisa fresca contra a frente do meu corpo.

Estou no convés da frente de um iate de luxo de setenta e cinco pés


quando entramos no Oceano Atlântico. Killian e Giselle, Nick e Olivia, e
Jax e uma mulher – Kirsten – que ele se encontrou em um bar na outra noite
também estão a bordo.

Não tenho certeza de onde os outros estão, mas o que eu sei é que
Jase está de pé bem atrás de mim, com os braços em volta do meu torso nu
e o queixo apoiado no meu ombro. Eu posso sentir sua protuberância
pressionando minha bunda, e isso me faz querer encontrar um dos quartos
vazios neste barco e colocá-lo em bom uso.

— Não tão bonita como você é, — Jase murmura em meu ouvido. Eu


não posso evitar a risadinha que escapa dos meus lábios, lembrando da
última vez que ele soltou essa cantada em mim, terminou comigo perdendo
minha virgindade com ele.

— Suave, — eu digo através do meu riso.

— É a verdade. No segundo em que você tirou a sua saída de praia e


se virou, meu pau ficou duro. — Suas mãos deslizam pelos meus lados e
aterrissam na minha bunda quase nua. — Por favor, me diga que você só
usa esse minúsculo biquíni em particular, — diz ele, apertando um punhado
de cada bochecha. — Sua bunda sexy está saindo para todo o mundo ver.

— É o estilo, — digo a título de explicação. — Eles são chamados de


biquínis brasileiros.

— Bem, eu não tenho certeza se gosto de todo mundo ver o que é


meu, — ele rosna, e o som de sua voz faz minhas coxas apertarem.

— Ok, homem das cavernas, — eu digo com um sorriso estampado


no meu rosto. Nunca tive um cara ficando com ciúmes ou possessivo antes,
e é definitivamente excitante. Mudando minhas feições, eu me viro, então
minhas costas estão pressionadas contra o corrimão e meu peito está
pressionado contra o de Jase.

— Em seguida, você vai me dizer que quer que eu saia do meu


emprego e passe meus dias descalça e grávida na cozinha? — Quando os
olhos de Jase se iluminam, claramente mais do que bem com essa imagem,
eu rio nervosamente com o meu deslize. É uma piada clichê típica que todo
mundo faz, mas ela pode levar a uma conversa de bebês, e essa é a última
coisa que quero discutir com Jase.

Já se passaram quase duas semanas desde o Quatro de Julho. Eu disse


a mim mesma que, se ele levantasse a questão, eu seria honesta, mas,
felizmente, ele não disse nada, então tenho certeza de que estou bem.

— Calma lá garoto! — Eu digo para esconder o meu desconforto.


Então, ficando na ponta dos pés, eu o puxo para um beijo, sabendo que se a
conversa de bebês estiver em sua mente agora, isso o distrairá.

— Arrumem um quarto, — Nick grita quando o beijo está ficando


mais quente, fazendo com que nos separemos, ambos respirando com
dificuldade.

— Eu acho que devemos ouvir ele, — eu digo em um sussurro, e os


olhos de Jase se arregalam em choque que eu diria uma coisa dessas. Antes
que ele possa argumentar, ando em torno dele e vou em direção às escadas
que levam até os quartos.

— Eu preciso usar o banheiro, — anuncio sem fazer contato visual


com ninguém. Acabei de sair da escada e entrar na cabine quando sinto as
mãos de Jase no meu corpo. Ele me empurra para uma porta aberta e fecha
atrás de nós.

— Aquele biquíni é uma merda de provocação, mulher, — ele


murmura enquanto me levanta para o que parece ser uma mesa de algum
tipo e afasta minhas pernas. Ele remove a parte de baixo e se ajoelha,
pronto para me comer. Minhas costas e cabeça batem na parede com um
baque quando ele abre meus lábios e chupa meu clitóris com sua boca
talentosa. Minhas mãos vão para os meus seios e eu puxo os picos
endurecidos, perdendo-me para o prazer.

Quando eu gozo com tanta força que vejo estrelas, Jase me tira da
mesa e me vira, então minhas costas estão para ele. Com minha bunda no ar
e meus seios esmagados contra a superfície de madeira, Jase entra em um
movimento fluido.

Agarrando meu cabelo, ele puxa minha cabeça para trás para que ele
possa chupar o lado do meu pescoço. Seus lábios se arrastam para baixo,
beijando meu ombro, enquanto ele continua a me foder, duro e profundo.
Não demora muito até que minhas pernas estejam tremendo e eu esteja
gritando seu nome quando nós dois estamos completamente desfeitos.
Quando ele se para, o seu comprimento duro ainda dentro de mim, ele
coloca outro beijo no meu ombro e murmura: — Um dia eu vou tatuar esse
corpo impecável. — Eu solto um suspiro de satisfação. — Eu vou marcá-lo
permanentemente, — ele rosna. — Fazer de você minha. — Sua voz é tão
real, que envia calor por todo o meu corpo.

Ele sai de dentro de mim e sinto falta do contato imediatamente.


Virando-me, coloco meus braços ao redor dele, não querendo que a nossa
conexão termine. Ele me levanta e, com minhas pernas em volta dele, ele
me leva ao banheiro para me limpar. Comigo sentada na luxuosa bancada
de mármore, Jase gentilmente abre minhas pernas e me limpa – e meu
coração ganha velocidade com o quão doce ele é.

Meus pensamentos voltam ao que ele disse há pouco: fazer você


minha. Eu nunca quis ser de ninguém antes. Eu queria ser rica e bem-
sucedida, ter uma boa casa, uma vida confortável. E eu queria encontrar um
homem que ajudasse a garantir que eu teria tudo isso. Mas até Jase, nunca
quis realmente ser de alguém. Pertencer a ele. Ser seu tudo. Agora não
consigo imaginar nada que eu queira mais. E com esse pensamento, faço
uma oração para que um dia, quando tivermos a conversa que precisamos
ter, nossos futuros se alinhem.

♥♥♥

Depois de passar o resto do dia no iate, sair e relaxar com todos os


outros, voltamos para a casa de Jase. Ele disse que está cozinhando a
comida favorita de Skyla – frango com fettuccine alfredo – e me convidou
para jantar.

Jax diz que estará em casa logo depois que ele deixar Kirsten. Era
óbvio que ela queria ser convidada, mas Jax não entendeu, ou não se
importou, porque ele deixou claro que estava deixando-a primeiro.

Quando chegamos à casa de Jase, somos recebidos por uma Skyla


muito animada e uma Quinn encarando. Eu não tenho certeza porque Quinn
ainda tem um problema comigo, mas em algum momento nós
provavelmente deveríamos discutir isso.

— Papai! Celeste! — Skyla abraça seu pai e depois eu. — Vocês se


divertiram?

— Nós nos divertimos, — diz Jase, dando um beijo na testa da filha


antes de pedir licença para começar o jantar.

— Tia Quinn me mostrou uma foto de um iate, como aquele em que


vocês estavam. Eu queria ir hoje, mas papai disse que não, — Skyla diz
enquanto entramos na sala de estar. — É tão bonito!

— Eles são, — eu concordo. — Hoje foi só para adultos, — digo a


ela, sentando no sofá, — mas podemos ir em um, se você quiser.

Skyla está sentada ao meu lado, seus olhos tão arregalados quanto
pires. — Sério? — Ela puxa o telefone e me mostra a imagem de um iate
um pouco menor do que o que nós fomos hoje. — Um como este?

— Claro. — Eu sorrio para ela. — Você pode convidar alguns de seus


amigos, se quiser também. E podemos até ancorar, para podermos nadar.
— Isso seria muito divertido, — exclama Skyla. — Tia Quinn, você
quer ir? — Ela volta sua atenção para Quinn, que está encostada na parede
como se não tivesse certeza se queria se juntar a nós – bem, mais como se
juntar a mim – e está atirando adagas em minha direção.

— Sky, por que você não vai lavar as mãos, então você pode ajudar
seu pai a começar o jantar? — Ela diz, sem responder à pergunta.

— Ok. — Skyla encolhe os ombros e, em seguida, decola para o


andar de cima.

Uma vez que ela está fora do alcance da voz, Quinn diz: — Você não
é a mãe dela. Você não deve fazer planos com Skyla sem perguntar a Jase.
— Eu franzo as sobrancelhas para suas palavras. Ela está certa, eu não sou a
mãe de Skyla, mas não achei que seria um problema.

— Você está certa. Vou perguntar a Jase no futuro.

— E o fato de que alugar um iate que vai custar milhares de dólares?


— Continua Quinn. — Você não acha que isso é um pouco excessivo? Ela
tem treze anos e precisa aprender que não pode simplesmente ter o que ela
quer.

— Talvez. — Eu levanto um ombro, não entendendo porque meu


desejo de fazer Skyla feliz é um problema. Seus avós a mimam com bens
materiais. — Mas se é o que vai fazê-la feliz, então quem se importa?

Meu telefone toca com uma chamada recebida, então eu o puxo para
fora do bolso da minha roupa de banho e clico no botão lateral para
silenciá-lo, já que é minha mãe. Não tendo falado com ela há algum tempo,
estou prestes a me desculpar para ligar de volta, quando Quinn diz: — Você
pode ser uma modelo rica e famosa ou qualquer outra coisa, — ela sacode a
mão no ar, — e Sky gosta de sair com você, mas Jase quer mais para sua
filha.

Ai! Está bem então. — Qual é o seu problema, Quinn? — Eu me


levanto e caminho em direção a ela.

— Você, — ela diz simplesmente.

— Bem, isso é óbvio. — Reviro os olhos. — Mas o que eu tenho que


é exatamente o seu problema? — Diferente de algumas vezes de sair
durante a semana que Jase e eu passamos juntos todos esses anos atrás, nós
mal nos conhecemos.

— Para começar, meu irmão se preocupa muito com você, mas você
foi capaz de se afastar dele sem nem dizer adeus. — Eu abro minha boca
para argumentar porque eu fiz exatamente isso, mas ela continua. — E
sobre a verdade que você só namora homens ricos e de colarinho branco. —
Suas sobrancelhas se levantam, desafiando-me a discutir.

— Seu namorado não é rico? — Rick Thompson é dono de várias


empresas de investimento em todo o mundo.

— Sim, mas ao contrário de você, eu não tenho um tipo, e meu irmão


definitivamente não é seu tipo. Então, o que você está fazendo com ele?
Tirando sua fixação por um 'bad boy'. — Ela realmente usa aspas no ar. —
E uma vez que você já tiver o suficiente, você vai o que... deixá-lo de novo?

— Para sua informação, — eu me aproximo de Quinn, então não


tenho que levantar minha voz, — Jase sabe por que eu saí. Não que eu
tenha que me justificar para você, mas foi um mal-entendido horrível.
Lamento não ter falado com ele antes de sair, mas não posso voltar atrás
agora. E embora, sim, o homem de negócios de colarinho branco fosse meu
tipo, era só porque eu não estava procurando por amor.

— E agora você está? — Ela rebate.

— Sim, — eu digo com um aceno de cabeça, — eu estou, e eu amo o


seu irmão.

— E eu também te amo, — diz Jase, puxando-me para o lado dele. Eu


nem sei quando ele se juntou a nós. — Quinn, eu sei que você quer o meu
bem, mas por favor dê outra chance a Celeste. O que aconteceu naquela
época foi um mal-entendido de merda, e Celeste e eu seguimos em frente.
Eu apreciaria se você fizesse o mesmo.

— Tudo bem, — diz Quinn, — mas você realmente acha que é


sensato que Celeste esteja oferecendo levar a Sky em iates? Ela vai pensar
que isso é normal.

— E ela usar botas Burberry e óculos Coach é? — Diz Jase,


defendendo-me e apontando exatamente o que eu estava pensando. — Nem
tudo é preto e branco, mana.

— Isso é diferente, — ela argumenta. — Você não tem escolha. É a


única maneira de os pais de Amaya deixarem você em paz.

— Sempre temos uma escolha, — ele diz, — e você está certa, é


diferente. Minha filha de treze anos de idade anda com roupas que às vezes
custam tanto quanto a hipoteca desta casa. — Ele ri baixinho com um aceno
de cabeça. — E é porque seus avós escolhem dinheiro por amor. Eles estão
fazendo a mesma coisa com minha filha que eles fizeram com seus
herdeiros. Eles estão tentando comprar o amor dela. Mas, como pai dela, é
meu trabalho ensinar a ela a diferença. E eu não acho, por um segundo, que
Celeste se ofereceu para levar Skyla em um iate como uma forma de
comprar o amor dela.

Meu coração desmaia com as palavras de Jase. Ele nem ouviu nossa
conversa, mas está me dando o benefício da dúvida.

— E, — ele acrescenta com um sorriso sexy, — eu não desejaria nada


mais que Sky seja como Celeste. — Oh! Ele ouviu nossa conversa. — Sim,
ela é rica, mas isso é só porque ela é forte, determinada e motivada. —
Lágrimas quentes se formam em meus olhos por suas palavras enquanto ele
continua. — Há um milhão de modelos por aí quase tão lindas quanto
Celeste. — Ele pisca para mim de brincadeira. — Mas nem todas são tão
bem-sucedidas. Nem todas trabalham duro para pavimentar seu próprio
futuro. Celeste não é apenas uma modelo. Ela é uma empresária inteligente
e experiente, e eu apoio totalmente a minha filha ter ela como exemplo.

Incapaz de ter outro segundo ouvindo Jase falar sobre mim, puxo seu
rosto para baixo e beijo-o com força, esperando transmitir todas as emoções
que sinto agora. Quando nosso beijo termina, eu digo em um sussurro: —
Eu te amo. Obrigada.

— Apenas falando a verdade, Covinha.

Meu telefone começa a tocar novamente. Eu o puxo e vejo que é


Victoria dessa vez, e meu estômago dá um nó. Oh não! Algo está errado
com a minha mãe?

— Eu preciso atender isso, — digo a ele. Então para Quinn eu digo:


— Eu realmente me importo com seu irmão e Skyla. Espero que você possa
me dar uma chance. — Ela acena com a cabeça uma vez, mas não diz nada,
então pressiono o botão de atender no meu telefone e ando para o lado para
atender a ligação.

— Victoria, como você está? — Eu digo educadamente.

— Estou ligando por causa de sua mãe, — diz ela, indo direto ao
assunto.

— Está tudo bem?

— Não, ela foi internada no hospital por envenenamento por álcool.


Alguém a encontrou desmaiada na frente da lanchonete. — Victoria tinha
me dito que minha mãe ainda estava indo lá diariamente no caso de Snake
aparecer, mas eu não sabia que ela estava bebendo enquanto estava lá. Isso
ficou fora de controle. Preciso dar a minha mãe respostas de uma vez por
todas.

Eu deveria ter feito isso mais cedo, mas Adam estava certo. Eu estava
com muito medo. Não tinha certeza do que seria pior: descobrir que ele está
vivo e vivendo sua vida, o que significaria que ele simplesmente não nos
queria, ou descobrir que ele está morto e todo esse tempo minha mãe esteve
esperando por um homem que nunca vai aparecer.

— Eu acho que você precisa voltar. Ela precisa de ajuda, Celeste, e


ela não me deixa ajudá-la.

— Tudo bem, — eu digo a ela, — eu estarei lá assim que puder. —


Nós desligamos e eu vou para dentro. O aroma do jantar que Jase está
cozinhando me atinge e meu estômago ronca.

— Cheira delicioso, — digo a ele quando entro na cozinha. — Posso


fazer alguma coisa para ajudar?
— Não. — Ele me dá um beijo na ponta do meu nariz. — Sky está
arrumando a mesa e o fettucine está quase pronto.

— Ok, eu vou pegar as bebidas, — eu ofereço.

Uma vez que a mesa é preparada e as bebidas são servidas, Jase


coloca colheres de macarrão e frango em todos os nossos pratos, bem
quando Jax entra pela porta e se junta a nós na mesa.

— Rick vai estar fora toda semana, — diz Quinn para Jase enquanto
comemos nossa comida. — Então, se você precisar de alguma ajuda com a
Sky esta semana, estarei disponível.

— Jase mencionou que você tem um negócio de fotografia, — eu


digo, tentando fazer um esforço.

— Eu tenho, mas ainda está em uma construção lenta, — ela admite.


— Comecei há cinco anos, mas é difícil conseguir meu nome lá fora.

— Que tipo de fotos você tira?

— Principalmente retratos de família. Eu não tenho um escritório. Eu


fotografo em locações, como no Central ou no Bryant Park. — Eu me
lembro que, mais cedo, quando Giselle, Olivia e eu estávamos conversando,
Olivia mencionou que queria tirar fotos de gravidez profissional. Giselle
disse que também.

— Minhas amigas, Giselle e Olivia, querem tirar fotos da gravidez.


Isso é algo que você faz?

— Sim. — Quinn balança a cabeça. — Mas você não precisa...


— Não faça isso, — eu digo, cortando-a, sabendo exatamente o que
ela estava prestes a dizer. — Você está administrando um negócio. Quando
alguém se oferece para trazer a você um negócio, mesmo que você pense
que é por pena, você aceita. — Eu lhe dou uma piscada e ela ri, e parece
que talvez ela e eu fiquemos bem depois de tudo.

— Na verdade, — diz Jase devagar, — Sky e eu estaremos voando


para a Carolina do Norte para visitar sua mãe.

— Oh, sim! — Skyla exclama. — Eu posso levar o papel assinado


que Celeste me deu.

— Eu estava me perguntando se talvez... se você não tem muita coisa


acontecendo... se você gostaria de se juntar a nós, — diz Jase suavemente.

— Eu estava realmente planejando voar também, — eu digo. —


Minha mãe não está indo tão bem, e eu preciso ir ver como ela está.

— Oh, o que há de errado com ela? — Jase pergunta com um olhar de


preocupação.

Não querendo entrar nisso com Skyla na mesa, eu simplesmente digo:


— Ela não está se sentindo bem, e eu não a vejo há um tempo. — Eu não
mencionei que eu realmente não a vi em mais de dez anos – desde que saí.
Recusei-me a voltar e ela se recusou a sair.

— Tudo bem, então que tal procurarmos por voos quando acabarmos
de comer? — Sugere Jase. — Podemos reservar um quarto e, enquanto
você estiver visitando sua mãe, podemos visitar Amaya.

— Parece bom, — eu digo a ele, dando uma mordida na minha


comida. — E podemos apenas oficializar que você é o cozinheiro nesse
relacionamento? Isso está tão delicioso!
VINTE

Celeste

— Sky, por favor, se apresse! — Jase grita através da suíte do hotel


para sua filha. Chegamos em Piermont ontem à noite. Após o check-in,
estávamos todos tão exaustos de voar que caímos em nossas camas no
segundo depois que trocamos de roupa.

Agora é de manhã, e Jase está levando Skyla para ir ver Amaya


enquanto eu vou visitar minha mãe. Ela já teve alta do hospital e está de
volta em casa. Embora eu não tenha falado com ela, sabendo que ela iria
apenas minimizar ou mentir para mim, falei com o médico do hospital para
ter certeza de que ela estava bem.

Eu também liguei para Duncan, meu investigador, esperando que ele


pudesse ter algumas respostas para mim, mas não ouvi nada ainda.

— Chegando, — Skyla grita de volta. Alguns segundos depois, ela sai


do banheiro parecendo adorável e elegante. Ela está com tranças francesas
embutidas de cada lado que eu fiz em seu cabelo mais cedo, e está vestida
com uma saia jeans fofa e uma blusa ciganinha. Para completar sua roupa,
ela está vestindo sapatilhas de glitter prata Kate Spade8. Toda vez que a
vejo vestida, o desejo de criar uma linha de moda infantil e adolescente
aumenta. Skyla e eu temos trabalhado em vários projetos juntas, e estou
ficando animada. Falei com meus parceiros e eles estão completamente a
bordo.
— Eu também vou sair, — digo a Jase.

— Você não vai com a gente? — Skyla pergunta.

— Você sabia que Celeste ia ver a mãe dela, — diz Jase.

— Eu sei, mas pensei que você poderia ir conosco primeiro e depois


ir ver sua mãe, — diz ela com o olhar mais triste em seu rosto. — Por favor.

Impotente em dizer não para ela, eu aceno. — Ok, sim, eu posso fazer
isso.

— Não, você não pode, — argumenta Jase. — Sky, vamos ver Celeste
mais tarde. Ela precisa ir ver sua mãe. — Ele envolve seus braços em volta
da minha cintura e beija minha bochecha. — Não há problema em dizer que
não, — ele sussurra.

— Eu sei, — digo a ele, — mas não gosto de vê-la triste, e está tudo
bem. Eu posso ir... a menos que... você não queira que eu faça isso. — Eu
nem sequer considerei que ele poderia não me querer lá.

— Claro que sim, — ele afirma a sério. — Eu só não quero que você
se sinta obrigada.

— Bem, eu não me importo. — Eu dou-lhe um beijo rápido. — Eu


posso ir ver minha mãe depois.

— Nós podemos ir com você... se você quiser, — oferece Jase, mas


eu balanço minha cabeça.

— Eu aprecio isso, mas não tenho ideia da condição em que ela


estará, e não quero expor Skyla a qualquer estado em que ela possa estar.
— Quando foi a última vez que você viu sua mãe?

Eu engulo em seco. — Onze anos, — eu sussurro. Meus olhos se


dirigem para a foto na parede, sem querer olhar nos olhos de Jase.

— Celeste, olhe para mim, — diz ele. — Você nunca voltou? Nem
uma vez? — Seu tom é cem por cento cheio de preocupação e curiosidade,
nem um pingo de julgamento em suas palavras, mas isso não me impede de
sentir vergonha. Que filha não visita a mãe dela nem uma vez em onze
anos?

— Não, — eu admito suavemente, — e ela não iria me visitar. Paguei


todas as suas contas, mas não a vejo desde que saí quando tinha dezoito
anos.

Jase acena com a cabeça uma vez. — Monica e Phil perguntaram se


poderiam levar Sky para jantar. Vou dizer a eles que podem levá-la e depois
irei com você. Você não está fazendo isso sozinha.

— Você não precisa fazer isso.

— Eu posso ver em seus olhos, Covinha. Você está assustada. Estou


aqui. Você não precisa fazer isso sozinha.

♥♥♥

Chegamos à unidade de cuidados de longo prazo e, depois de entrar,


vamos até o terceiro andar, onde Amaya está. Quando chegamos ao número
do quarto que a recepcionista disse que era, Jase para e curva levemente a
cintura, então ele fica no nível da Skyla.

— Lembre-se do que eu te disse. Como sua mãe ainda está em coma,


há uma boa chance de que ela não se pareça com a mesma pessoa que você
viu nas fotos que a vovó e o avô lhe mostraram.

— Eu sei, — diz ela com um aceno de cabeça. — Eu lembro da


última vez. — Jase suspira como se quisesse dizer algo mais, ou talvez
levá-la para longe daqui, mas em vez disso ele simplesmente acena de
volta.

Não querendo interferir neste momento, tento ficar para trás quando
Jase abre a porta e entra com Skyla, mas ela percebe, e pegando minha mão
na dela, diz: — Você pode por favor vir comigo? Eu quero que você a
conheça.

— Claro, — eu digo, então entro com ela. A sala é um branco áspero


e cheira a uma mistura de água sanitária e antisséptico. Há uma cama de
solteiro no meio da sala e apenas o som dos monitores preenche o silêncio.

É preciso tudo em mim para abafar o meu suspiro quando meus olhos
pousam em Amaya deitada na cama. Ela não parece em nada com a mulher
que eu vi todos aqueles anos atrás. Seu rosto está pálido e magro. Não há
carne nela, o que você acha que seria o oposto, já que ela é incapaz de se
exercitar. O cabelo dela está solto e reto, como se tivesse sido escovado
recentemente, mas tem aparência gordurosa, como se raramente fosse
lavado.

Os passos de Skyla vacilam e o aperto que ela tem na minha mão se


intensifica. Ela está com medo e eu não a culpo. Amaya não parece
assustadora em si. Ela parece doente. Sabendo que Skyla quer que eu
conheça sua mãe, dou um passo à frente, guiando-nos para o lado da cama
de sua mãe. Ficamos juntas em silêncio por alguns minutos, e quando tenho
certeza de que Skyla e Jase não vão falar, eu falo.

— Ei, Amaya, — eu começo. A mão de Skyla aperta a minha. — Eu


não tenho certeza se você lembra de mim. Nós só nos conhecemos uma vez.

— Você conheceu a minha mãe? — Pergunta Skyla. Eu olho para ela,


confusa. Então reproduzo o que acabei de dizer. Merda!

— Eu vi uma vez, — eu admito. — Quando éramos muito jovens. Ela


estava saindo com seu pai quando eu fui até a casa dele para visitá-lo. — Eu
não tenho certeza se eu disse a coisa certa, mas agora é tarde demais.

Skyla acena com a cabeça uma vez, mas não diz nada.

— Por que você não mostra a ela o que você trouxe? — Eu sugiro.

— Ela parece tão diferente do que eu lembro, — diz Skyla, avaliando


sua mãe.

— É provavelmente porque você está ficando mais velha, — digo a


ela. — Quando somos pequenos, não vemos as coisas da mesma maneira
que fazemos quando estamos mais velhos.

— Você acha que ela pode me ouvir? — Ela pergunta, soando mais
jovem que seus treze anos. — As enfermeiras disseram antes que ela pode,
mas agora eu não tenho certeza se elas estão certas.

Eu não tenho ideia se Amaya pode ouvir ou não, e não posso mentir
para ela. — Eu não tenho certeza, mas muitas pessoas acreditam que
quando alguém está em coma, eles podem ouvir o que seus amigos e
familiares dizem para eles, então vale a pena tentar. — Eu ouvi uma vez em
um programa de TV.

— Tudo bem, — diz ela, em seguida avança e começa a dizer a sua


mãe sobre mim, quem eu sou, o que eu faço para viver, como nos
conhecemos. Meus olhos encontram os de Jase e nossos olhares se cruzam.
Ele manda um 'obrigado' para mim.

Passamos a próxima meia hora conversando com Amaya – até que os


pais dela aparecem. Eles entram e cumprimentam-nos, apresentando-se a
mim, mas não reconhecem uma vez a filha.

Skyla diz tchau para Amaya, deixando o papel assinado na mesinha


de cabeceira ao lado da cama, e todos saímos. Monica e Phil dizem a Jase
que eles vão levar Skyla para comer e fazer algumas compras, e vão ligar
para ele quando terminarem para que ele possa buscá-la.

Depois de dar adeus a Skyla, voltamos ao nosso carro alugado e


seguimos em direção à minha casa de infância. Jase está dirigindo, então
tenho que guiar o caminho. Quando cruzamos os trilhos do trem, meu
coração despenca no meu estômago, pesando sobre minhas entranhas como
um peso. Eu estou segurando a mão de Jase, mas solto, sentindo minha
palma ficando suada. Meu coração galopa no meu peito e fica mais difícil
respirar.

— Hey, — diz Jase, lançando os olhos para mim. — Vai ficar tudo
bem. Eu estou aqui com você. Nós vamos passar por isso juntos.

— Eu sei. — Eu aponto para o próximo sinal de parada. — Vire à


esquerda lá.
— O que você fez para Sky, — diz ele, fazendo a curva à esquerda —
a maneira como você assumiu e fez com que ela tivesse menos medo.
Obrigado.

— Por que ela está em coma há tanto tempo? Há uma chance dela
acordar?

Jase solta um suspiro severo. — Se tem uma chance? Sim, mas é


pequena. Muito pequena. — Ele balança a cabeça. — Seis meses depois de
Amaya ter sido encontrada, os médicos disseram a seus pais que eles
tinham a opção de puxar a tomada, mas eles estavam tão cheios de raiva,
sentindo-se como se tivessem falhado com ela, que recusaram. Eu acho que
de alguma forma estranha eles acham que estão sendo bons pais mantendo-
a viva.

— Uau, isso é tão triste, — eu digo a ele. — Vire à direita aqui. — Eu


aponto para o sinal de parada. — É o quarto trailer da esquerda.

— É triste, — ele concorda quando ele vira na rua que eu cresci. —


Infelizmente, já que são seus pais, eles é que tem essa decisão. Uma vez que
os médicos disseram que há apenas quinze por cento de chance de ela
acordar, eles tiveram que mudá-la para o hospital. Eu nem acho que eles a
visitem. É só a ideia de que ela está viva e eles estão cuidando dela que faz
com que eles se sintam menos como fracassados.

— Eu não posso imaginar ter que tomar essa decisão, — eu digo com
sinceridade. — Ter que decidir se alguém vive ou morre.

— Este aqui? — Jase pergunta, apontando para a minha casa de


infância, se você pode até chamar assim. Um lar. O trailer em si não é ruim.
Embora seja mais antigo, não parece assim. Pago uma empresa de limpeza
de janelas para vir todos os meses para limpar as janelas e limpar a pressão
externa, um serviço de grama para cortar a grama e uma faxineira – apesar
do protesto de minha mãe – para limpar o interior uma vez por semana. Mas
nenhuma quantidade de limpeza pode fazer este lugar parecer com um lar.

— Sim, — eu sussurro. Ele estaciona na garagem atrás do novo Audi


da minha mãe que eu comprei para ela alguns anos atrás. Ela, é claro,
protestou, mas acabou cedendo porque seu carro precisava ser consertado e
eu me recusei a pagar por isso.

Permitir que eu lhe comprasse um carro era o único jeito em que ela
poderia ir trabalhar e voltar para casa todos os dias, já que o serviço de
ônibus para antes de seu turno terminar – ou acho que acabou, já que a
lanchonete está fechada.

Saímos do carro e seguimos pela calçada. Não tendo certeza da


condição da minha mãe, eu me viro para Jase e digo: — Você se importaria
de esperar aqui fora? — Eu aponto para a mesa e cadeiras. — Eu só não
quero fazê-la se sentir desconfortável se ela não estiver vestida, —
acrescento.

Jase acena com sua compreensão. — Claro, eu estarei bem aqui.

— Obrigada. — Dou-lhe um beijo casto, em seguida, subo os três


pequenos degraus e respiro fundo, nervosa com o que vou encontrar lá.

A porta está destrancada, como sempre, então eu entro. Tudo está


como estava quando eu saí onze anos atrás. Do sofá marrom cor de merda
aos gabinetes de madeira barata, que minha mãe pintou com um amarelo-
mostarda feio.
Ela comprou esse trailer quando descobriu que estava grávida de
mim. Snake a ajudou a encontrar o lugar e até pagou por isso. É por isso
que ela não vai embora. Ela tem medo de se mudar, e ele não ser capaz de
encontrá-la.

— Mãe, — eu chamo para deixá-la saber que estou aqui.

— No meu quarto, — ela murmura. Eu entro em seu quarto e a


encontro deitada na cama com seus lençóis puxados até o queixo. O quarto
está escuro como breu, exceto por um pequeno feixe de luz que entra pelas
ripas das persianas.

Eu não posso avaliar sua expressão. Está muito escuro. Alcançando o


interruptor, um brilho amarelo suave ilumina o quarto, mas minha mãe não
abre os olhos. Seu cabelo ainda é da mesma cor, mas agora há cinza
misturado. Seu rosto está livre de qualquer maquiagem, e pequenos pés de
galinha foram adicionados aos cantos dos olhos e da boca. Mas, apesar de
tudo isso – e dos anos que passou fumando e bebendo – minha mãe ainda é
linda.

— Mãe, — eu digo de novo, e desta vez os olhos dela se abrem.

— Celeste, — ela sussurra. — Você está aqui. — Ela se senta e sorri


tristemente. Não sei o que fazer ou dizer, até ela abrir os braços e então
atravessar o pequeno quarto e enchê-los. Eu a abraço apertado, ignorando o
cheiro de cigarros que sangra de seus poros.

— Oh, menina bonita, — ela murmura, — eu senti tanto a sua falta.


— Eu estou muito sufocada para falar, então apenas aceno com a cabeça em
seu cabelo em concordância.
Nós nos abraçamos por não sei quanto tempo, e só separamos quando
o som do meu telefone tocando rompe o silêncio. Eu tiro da minha bolsa. É
Duncan. Não querendo atender a chamada na frente da minha mãe,
pressiono o botão ao lado para silenciar a chamada, em seguida, o coloco de
volta na minha bolsa.

— Eu sinto muito por ter ficado longe por tanto tempo. Eu deveria ter
vindo para casa para visitar.

— Não, não se atreva a pedir desculpas, — diz ela. — Você fez isso.
Você se tornou tudo que eu sabia que você seria. — As lágrimas enchem
seus olhos, e quando ela pisca, elas caem. — Por favor, não me diga que
Victoria te chamou.

— Ela chamou, e é claro que eu vim mãe. Envenenamento por álcool,


desidratação. — Eu não me incomodo em mencionar o fato de que ela está
passando seus dias na lanchonete. É inútil. Se depois de quase trinta anos
ela ainda está se recusando a desistir de esperar por Snake, ela não vai
agora. Eu preciso descobrir o que o IP descobriu primeiro.

— É o aniversário do dia em que ele me disse que me amava. — Ela


funga. — O dia em que ele foi embora.

— Oh, mãe. — Eu puxo-a em meus braços novamente. — Eu sinto


muito. — Eu quase digo a ela que vou ter respostas em breve, mas me paro.

Há uma batida suave na porta da frente, e eu lembro que Jase está


esperando do lado de fora. — Meu namorado veio comigo, — digo a minha
mãe. — Se você não está à altura de companhia, podemos ir embora.
Estamos na cidade por alguns dias. Talvez possamos ir jantar ou algo assim.

Minha mãe sorri. — Eu adoraria conhecê-lo. Chad, certo?


Eu limpo minha garganta. — Na verdade, Chad e eu terminamos. Seu
nome é Jase.

— Que tal amanhã? Nós podemos almoçar, — ela sugere. — Vai me


dar tempo para me recompor.

— Ok. Vou ligar para você e informar o nome do lugar. Precisa de


alguma coisa? Eu posso ir para a loja para você.

— Não, menina bonita, eu estou bem. Vejo você amanhã. Ela se


inclina e beija minha bochecha. — Eu amo você, Celeste.

— Eu também te amo, mãe.

Quando ando para fora, Jase está em pé ao lado da porta. — Tudo


certo? Eu não queria incomodar vocês, mas queria ter certeza de que ela
está bem.

— Ela está bem. Nós vamos nos encontrar para o almoço amanhã. Ela
quer conhecer você, mas não quer que você a veja desse jeito.

— Isso é compreensível, — diz ele. — Sky estará com seus avós por
mais algumas horas. O que você acha de voltarmos para o hotel e passar o
resto do dia comigo dentro de você? — Ele arqueia as sobrancelhas e eu
jogo a cabeça para trás com uma risada.

— Você é tão grosseiro.

— E você ama isso.


VINTE E UM

Celeste

— Não é tão bonito? — Skyla vira seu bloco de desenho para que eu
possa ver o vestido que ela está desenhando.

— É lindo, — digo a ela honestamente.

Enquanto Jase assiste a um jogo de beisebol lá embaixo no bar, Skyla


e eu estamos sentadas na varanda da suíte – estou bebendo um copo de
vinho e ela está desenhando em seu bloco de notas. Ela voltou do jantar
com seus avós há pouco tempo e fez um desfile com todas as suas novas
roupas. A garota tem um gosto requintado, com certeza.

Depois, Jase perguntou se eu me importava se ele encontrasse alguns


de seus amigos lá embaixo no bar para assistir ao jogo. Já faz um tempo
desde que ele os viu, então todos eles queriam colocar a conversa em dia.

Ele convidou Skyla e eu para participar, mas nenhuma de nós queria


ir – além disso, nenhum dos outros caras estava trazendo suas
companheiras. Então eu disse a ele que Skyla e eu sairíamos e insisti para
que ele fosse.

— Devemos fazer uma linha de roupa de banho também, — diz


Skyla, enquanto desenha as linhas iniciais de um maiô. Sua língua se
sobressai um pouco, seus dentes mordendo, algo que ela sempre faz quando
está se concentrando.
— Quando eu fui fazer compras hoje, havia tantos maiôs feios. — Ela
esfrega o nariz para cima em desgosto. — Tantos babados e corações. —
Ela balança com arrepios.

— Não há nada errado com babados ou corações, — digo a ela. —


Você só tem que saber onde colocá-los, e lembre-se sempre menos é mais.
— Eu dou-lhe uma piscadela brincalhona e ela ri. — Falando de roupas de
banho... — Olho para a piscina iluminada. — Por que não vamos nadar?

— Sério? — Ela para de desenhar para olhar para mim, seu rosto
adorável se iluminando de excitação. — Eu nunca fui nadar no escuro!

— Sim, sério, e é chamado de nado noturno. Vamos colocar nossos


trajes e podemos descer um pouco.

Há algumas pessoas na piscina, mas porque já são quase dez horas da


noite, elas são todas adultas e reservadas. Um casal está dando uns amassos
no canto do fundo da piscina e parecem que estão no meio do caminho para
ir por todo o caminho.

Então sugiro que fiquemos a parte rasa, que felizmente, já que a


piscina tem a forma de um rim, está virando a esquina. A última coisa que
quero fazer esta noite é ter ‘aquela’ conversa com Skyla.

Passamos a próxima hora nadando e falando sobre moda. Ela me


conta sobre um menino que ela gosta e está ansiosa para vê-lo quando a
escola começar de novo. Quando a jacuzzi se esvazia, ligamos e relaxamos
nas bolhas por um tempo.

Eu posso dizer quando Skyla está ficando cansada porque ela boceja
várias vezes e esfrega os olhos. Ela pode agir como se fosse mais velha a
maior parte do tempo, mas ainda é quase uma adolescente.
Depois de enxaguar e vestir o nosso pijama, ela pergunta se podemos
assistir a um episódio de Elite Model no seu iPad. Aconchego-me em sua
cama com ela, e coloco no YouTube.

Nem mesmo dez minutos se passam e seus olhos estão fechados. Eu


clico em pausa no show e seus olhos abrem um pouco com o silêncio antes
de fechar novamente.

Saindo de sua cama, eu me levanto e me inclino para beijar sua testa.


— Boa noite, menina bonita, — eu digo baixinho. Eu me viro para sair,
quando Skyla murmura sonolenta: — Boa noite, mãe, amo você.

Meu coração pula uma batida, em seguida, pega velocidade. Ela não
quis dizer isso, digo a mim mesma. Ela viu sua mãe esta manhã e a palavra
acabou de sair. Mas quando ando para o meu quarto, não consigo tirar a
palavra de três letras da minha cabeça.

Talvez ela não quisesse dizer isso, mas e se ela fez? E se ela não quis
dizer, quem vai dizer que um dia ela não dirá de propósito? Toda garota
merece ter uma mãe. Alguém que a ama e protege. Skyla foi enganada por
ter uma mãe, e ela merece melhor do que me ter como uma substituta ruim.
Estou apenas aprendendo a amar Jase. Eu não posso ser responsável por
ambos os seus corações. Eu não posso falhar com os dois.

O que eu estava pensando? Esse é o problema... eu não estava! Meu


coração e meu corpo estão ditando minhas decisões. Meus pensamentos
voltam para a conversa que tive com Killian. — Qual é o próximo?
Casamento? Bebês? — Eu deveria ter freado tudo isso no minuto em que
descobri que Jase era pai.
Nós nunca deveríamos ter começado. Em vez disso, optei por viver
em negação, recusando-me a pensar em como seria nosso futuro. Como eu
pude ser tão irresponsável?

Eu administro uma corporação multimilionária pelo amor de Deus!


Eu tomo grandes decisões todos os dias, mas entrei nessa coisa com Jase
sem sequer pensar duas vezes. Eu não posso ser a mãe de alguém. Não
posso ser responsável pelo bem-estar de outra pessoa.

Meu coração se quebra com o pensamento de deixar Skyla de alguma


forma. E é isso que eventualmente acontecerá. Eu vou decepcioná-la. E
com esse pensamento preocupante, sei o que preciso fazer. Claro, todos nós
seremos feridos em algum nível, mas não será tão ruim quanto será se eu
ficar. Com cada dia que passa, todos nós entramos mais fundo, e quanto
mais fundo ficamos, mais ele acabará se machucando.

Subindo na cama, encaro a parede e puxo as cobertas até meu queixo.


Meus olhos ardem com lágrimas não derramadas, mas me recuso a permitir
que elas caiam. Eu estou fazendo isso para mim mesma. Estou tomando a
decisão certa. Eu não mereço chorar.

Ouço quando Jase volta. Quando ele se junta a mim na cama, ele tenta
me puxar para perto. Eu posso sentir o cheiro do álcool em sua respiração.
Posso sentir sua ereção pressionando contra minha bunda. Mas eu não me
movo. Eu finjo que estou dormindo e, alguns minutos depois, ele está
roncando baixinho.

Cuidadosamente, giro para longe de Jase e para fora da cama, para


não o acordar, então silenciosamente arrumo minha bagagem. Eu não me
incomodo em me vestir. Eu não quero arriscar acordar ninguém.
Estou prestes a sair do quarto, quando a culpa de sair mais uma vez
sem me despedir dele me atinge. Encontro uma caneta e papel na gaveta da
escrivaninha e escrevo uma nota.

Jase,

Eu não podia sair sem me despedir. É melhor quebrar nossos


corações agora do que depois. Eu sinto muito. Por favor, não ligue ou
mande mensagem para mim. Isso só tornará tudo mais difícil.

Xo Celeste

♥♥♥

— Não que eu não esteja feliz em ver você, mas pensei que
estávamos nos encontrando para o almoço. — Minha mãe está de pé em
cima de mim com as mãos nos quadris, a cabeça inclinada para o lado em
confusão.

— Eu terminei com Jase.

— Oh não, por quê? — Mamãe se junta a mim no sofá e tira meu


cabelo bagunçado dos meus olhos, como costumava fazer quando eu era
pequena, durante os raros momentos que ela estava me criando.

— Porque Skyla me chamou de mãe quando eu estava dando um


beijo de boa noite, — eu digo a ela honestamente.
— E quem é Skyla?

— A filha de Jase.

— E ela chamando você de mãe é uma coisa ruim, por quê? — Ela
me dá um olhar perplexo, precisando que eu explique qual é o problema.
Mas como explico a ela que minha questão de não querer ser mãe vem da
minha própria mãe? Antes que eu possa encontrar uma maneira de dizer o
que estou sentindo, meu telefone vibra. Pegando da mesa de café, vejo que
é Duncan novamente.

— Eu preciso atender isso, — eu digo a minha mãe, puxando o lençol


que ela deve ter me coberto e fico em pé. — Olá, — eu digo quando saio.

— Celeste, é Duncan, como você está?

— Estou bem. Eu vi você ligar ontem, mas não consegui atender. —


Ainda de pijama, ando um pouco pela calçada para ter certeza de que minha
mãe não pode ouvir.

— Tudo bem. Eu não queria deixar uma mensagem. Encontrei o seu


cara. — Duncan continua, — Snake, vulgo Fredrick Leblanc foi morto em
um acidente de moto em 18 de julho de mil novecentos e oitenta e nove na
State Road 17. — Eu suspiro quando me lembro qual data é hoje. 20 de
julho... o que significa que 18 de julho foi há dois dias. Ele morreu no dia
em que deixou minha mãe.

— Ele foi atingido por um caminhoneiro que estava dirigindo por


muito tempo e adormeceu ao volante. Sua mãe era seu contato de
emergência e ela identificou seu corpo. O funeral foi realizado três dias
depois no cemitério de Holy Cross, em Atlanta, na Geórgia, onde ele nasceu
e foi criado.
— Ele morreu no dia em que ele foi embora, — murmuro
principalmente para mim mesma. Todos esses anos desejando, esperando e
sonhando, e o tempo todo não havia esperança.

— Tenho mais algumas informações que consegui encontrar, mas sei


que você queria saber o que aconteceu. Vou mandar um e-mail para você e,
se tiver alguma dúvida, ligue para mim.

— Obrigada, — eu digo antes de desligar.

Quando volto para dentro, minha mãe está saindo do banheiro com o
roupão enrolado em uma toalha. — Eu estava pensando que ainda
poderíamos ir para... — Ela vê as lágrimas caindo pelas minhas bochechas e
suas palavras se apagam. — O que há de errado?

Cubro minha boca com a mão enquanto minhas lágrimas se


transformam em um soluço alto. Não estou lamentando a perda do pai que
nunca conheci, mas a perda da mãe que nunca tive. A mãe que passou a
minha vida inteira esperando por um homem que estava morto horas depois
de ir embora. Eu deveria ter pesquisado por ele mais cedo. Poderia não ter
podido pagar no começo, mas nos últimos anos sim.

— Celeste, fale comigo. — Ela me puxa para o sofá. — Você está me


assustando.

— Eu o encontrei, — sufoco através de um soluço alto. — Eu


encontrei meu pai. — Os olhos da minha mãe se arregalam e seus dentes
mordem nervosamente seu lábio inferior. — Ele morreu, mãe. — Mais
lágrimas deslizam pelas minhas bochechas. — Eu sinto muito.

— Quando? — Ela pergunta, sua voz vacilante.


— O dia em que ele saiu daqui. Ele foi atingido por um caminhoneiro
que adormeceu ao volante.

Ela acena com a cabeça algumas vezes lentamente, os círculos ao


redor dos olhos ficando vermelhos. — Você o encontrou, — diz ela.

— Eu contratei um detetive, — eu admito. — Eu deveria ter feito isso


antes. Eu sinto muito.

— Oh, Celeste, — ela murmura, — Eu sabia que havia uma chance


de algo acontecer com ele. Eu poderia ter pedido para você encontrá-lo.
Acho que estava com muito medo do que poderia encontrar. — Seus medos
refletiam os meus.

— Eu também estava, — digo a ela com sinceridade.

— Eu só tive ele por um alguns meses, — diz ela suavemente. —


Apenas alguns meses curtos. Mas eu o amava tanto. — Ela olha para mim,
seus olhos avaliando meus traços como se ela só agora estivesse me vendo
pela primeira vez. — Oh, Celeste. — Ela chora. — Eu estava tão focada em
desejar que ele voltasse e passar a vida juntos, que esqueci de viver minha
vida. Eu sinto muito. — As mãos dela chegam à sua boca, e ela balança a
cabeça. Com soluços e lágrimas molhando todo o seu corpo enquanto ela
olha para mim.

Ela se levanta e caminha em direção à cozinha, depois para e gira em


círculo. Seus olhos encontram os meus. — O que eu fiz? — Ela sussurra. —
O que eu fiz? — Ela abre os braços. — Esse trailer de merda. Meu trabalho
de merda. — Ela funga. — Tudo o que eu tive do meu amor com Snake foi
você, e em vez de cuidar de você, eu te abandonei.
Eu quero discutir, dizer a ela que não é verdade, mas nós sabemos que
é. Ela pode ter estado aqui todos os dias no corpo, mas em mente, no
coração, ela se foi.

— Não é tarde demais, — digo a ela. — Você ainda pode começar sua
vida.

Uma nova torrente de lágrimas jorra pelas suas bochechas enquanto


ela caminha de volta para mim. Ela se ajoelha na minha frente e cobre meu
rosto com as mãos. — Começar de novo? — Ela chora. — Eu perdi tudo!
Nós estávamos vivendo sob o mesmo teto, mas eu perdi tudo. Cada marco
na sua vida. Eu estava aqui, mas não presente. Agora você tem trinta anos.
Eu não quero começar de novo, Celeste. Eu quero voltar no tempo. — Seus
lábios tremem quando ela diz. — Você deve me odiar.

— Não, mãe. — Eu me levanto, e removendo as mãos das minhas


bochechas, entrelaçamos nossos dedos. — Eu não te odeio.

— É por isso que você nunca voltou, — ela murmura. — Eu não te


dei uma casa que valia a pena voltar.

— Mãe. — Eu engasgo com a palavra, sem saber o que dizer. Ela está
certa, mas eu não vou chutá-la enquanto ela estiver deprimida. Ela pode ter
sido uma mãe de merda, mas eu ainda a amo.

— Como eu corrijo isso? — Ela implora. — Diga-me que não é tarde


demais.

— Mude-se para Nova York comigo, — eu deixo escapar. — Mude-


se para o meu apartamento comigo e podemos nos conhecer. Eu posso te
ajudar a começar de novo... por favor.
Mais lágrimas caem pelo rosto dela enquanto ela balança a cabeça. —
Ok, com uma condição, — ela me diz. Eu aceno uma vez e ela continua. —
Você para de fugir do amor, e você não me usa para se esconder disso. —
Seu tom é suplicante. — Eu errei… feio. Mas não posso sentar e ver você
perder o amor e a vida por causa do que eu fiz para você. Você merece tudo,
menina bonita.

— Eu não estou...

— Sim, você está. — Ela me olha com olhos mortos. — A parte mais
assustadora de finalmente conseguir o que você quer é o medo de perdê-lo.
Quando você não tem nada, não há nada a perder, mas uma vez que você
tenha, uma vez que você tenha conseguido o que você sonhou, agora você
tem tudo a perder.

— Eu não acho que eu poderia lidar com a perda deles, mãe, — eu


admito.

— Eu daria qualquer coisa para ter mais tempo com Snake. Não se
atreva a desperdiçar um segundo sequer sem as pessoas que ama porque
está com medo. Eu posso ter falhado com você enquanto você estava
crescendo, mas eu ainda te conheço. Nos últimos dez anos, observei-a de
longe subindo a escada da moda. E eu sei muito bem que você não chegou
onde está por ter medo. É hora de ser corajosa, menina bonita. É hora de
você viver e amar.
VINTE E DOIS

Jase

Três dias atrás eu acordei e estiquei minha mão para Celeste, apenas
para encontrar os lençóis vazios e frios. Eu não sei como, mas sabia que ela
tinha ido embora antes mesmo de eu sair da cama. Antes de eu ver que sua
bagagem e roupas e produtos de higiene desapareceram. Antes que eu
encontrasse o bilhete dela.

Era como se ela fosse embora e levasse um pedaço de mim com ela.
Meu coração não está mais inteiro. Ignorando o pedido dela para não ligar
ou escrever, eu fiz as duas coisas. Várias vezes. Até que o telefone dela foi
direto para o correio de voz, indicando que ele havia sido desligado.

Então Skyla acordou e perguntou onde estava Celeste. Talvez fosse a


minha recusa em admitir que tínhamos acabado, ou talvez fosse porque eu
queria prolongar o coração da minha filha sendo despedaçado em um
milhão de pedaços como o meu foi. Mas eu menti. Eu disse a ela que havia
um problema com o trabalho e ela teve que voltar.

Passamos a maior parte do tempo comigo mostrando a ela os


arredores e onde costumava ir nos velhos tempos e depois o resto na
piscina. Na manhã seguinte, arrumamos nossas coisas, tomamos café da
manhã e depois fomos para o aeroporto para ir para casa. Enquanto
pressionava o botão para desligar o telefone antes de entrarmos na
segurança do aeroporto, meu telefone acendeu com uma ligação da Monica,
a mãe de Amaya.
— Ela faleceu mais cedo esta manhã, — disse ela. — Ela
desenvolveu uma infecção e eles não conseguiram parar. O funeral será
realizado depois de amanhã.

Sem explicar nada para Skyla, voltei para a locadora e aluguei o carro
novamente. Então, no caminho de volta ao hotel, liguei para eles e reservei
um quarto para mais três noites. Uma vez que estávamos em nosso novo
quarto, saí para a varanda e liguei para meu irmão e Quinn. Ambos queriam
voar imediatamente, mas quando Jax checou os voos, não havia um
disponível por alguns dias, então eles decidiram que seria melhor vir
dirigindo.

Algumas horas depois de desligarmos, Jax ligou de volta para me


avisar que falou com Killian, que estava na loja com um colega de equipe
que estava fazendo algum trabalho. Depois de falar com seu treinador,
Stephen Harper, o pai de Olivia, se ofereceu para levá-los até aqui no avião
de sua equipe. Pedi-lhe que agradecesse a Killian por mim e disse-lhe que
os veria quando chegassem.

Cerca de uma hora depois, Jax ligou novamente para perguntar por
que Nick queria saber se Celeste estava voando com eles – você sabe,
porque ela estava de volta a Nova York, mas todos na minha família
pensavam que ela estava comigo. Eu tive que dizer a ele que ela terminou
tudo e foi embora, o que me fez sentir a realidade e me dar conta que eu
precisava dizer a Skyla, logo depois que eu dissesse a ela que sua mãe
morreu.

Consegui dizer a ela que Amaya faleceu, mas ela estava tão chateada
e confusa sobre seus sentimentos que não tive coragem de dizer a ela que
Celeste e eu também acabamos.
Agora é o dia do funeral. Estou vestido em um terno preto que eu tive
que comprar no shopping, e Skyla está vestida com um vestido preto que
sua avó trouxe. Sky perguntou por Celeste muitas vezes para contar. Ela não
entende porque ela não está aqui. Quando você ama alguém, você está lá
para eles.

Quinn e Rick estão sentados na sala principal do meu quarto de hotel


enquanto meu irmão termina de se arrumar em seu quarto. Quinn está
fazendo o cabelo de Sky por ela. Eu sei que ela quer dizer algo sobre
Celeste ter ido embora, mas ela é pelo menos atenciosa o suficiente para
esperar até depois do funeral.

— Tudo bem, seu cabelo está feito, — diz Quinn a Skyla, que lhe dá
um pequeno sorriso.

— Obrigada, tia Quinn, — ela diz suavemente. Skyla mencionou que


ela se sente mal por não ter chorado por causa da mãe. Eu disse a ela que é
completamente normal. Todos lidam com a dor de diferentes maneiras.

Há uma batida na porta e, por uma fração de segundo, gostaria que


fosse Celeste do outro lado, e esse pensamento me faz perceber a facilidade
com que estaria disposto a perdoá-la. Eu sei que ela está apenas com medo.
Não sei por que ou o que aconteceu, mas sei que ela não foi embora porque
não me ama nem a Sky. O problema é que não é só eu desta vez. Agora é
minha filha também, e tenho que protegê-la de ser ferida, mesmo que isso
signifique deixar Celeste ir embora.

Eu abro a porta e é Jax, vestido em seu terno. — Pronto para ir? —


Pergunta ele.
— Sim. — Todos nós entramos no SUV que eles alugaram quando
chegaram aqui e vamos para o funeral.

A primeira parte da cerimônia é na igreja de Santa Catarina, onde a


família de Amaya é membro. O padre fala e depois nós vamos até a casa da
família para o enterro. Por causa da família de Skyla, nós nos sentamos na
fila da frente para a cerimônia, próximos de Monica e Phil. Minha família
está atrás de nós.

Não é até o término da cerimônia, quando somos solicitados a ficar de


pé e irmos para o enterro, que eu a vejo. Ela está de pé, como todo mundo,
nos fundos, e ao lado dela está sua mãe. Eu nunca a vi naquele dia em que
fomos checar ela, mas hoje, ao lado de Celeste, ela parece bem. Como uma
versão um pouco mais velha de sua filha. Ambas com cabelos castanhos
ondulados, pele morena e corpos esguios e tonificados. Ambas usando
vestidos pretos. Os olhos de Celeste encontram os meus e seus lábios
curvam ligeiramente em um sorriso nervoso.

Claro, minha filha a vê e insiste em ir até ela. Os olhos de Celeste se


arregalam quando ela percebe que Skyla está indo em sua direção, me
dizendo, enquanto ela queria estar aqui para nós, ela não tinha certeza se ela
ia fazer sua presença conhecida. — Celeste, você está aqui, — diz Sky
suavemente.

— Estou. Eu sinto muito pela sua perda. — Celeste aponta para sua
mãe, que está de pé ao lado dela com um sorriso simpático em seus lábios.
— Esta é minha mãe, Beatrice. Mãe, esta é Skyla e seu pai, Jase.

— Prazer em conhecê-la, — eu digo educadamente.


— Como você está? — Celeste pergunta a Skyla. Eu sinto meus
irmãos chegarem atrás de nós, e sem nem mesmo olhar para confirmar,
posso sentir a raiva irradiando de Quinn enquanto ela olha para Celeste.

— Quinn, quieta, — murmuro, não querendo que uma cena seja feita
aqui na igreja.

— Estou bem, — diz Skyla para Celeste. — Mas... minha mãe


morreu e... eu não chorei. — Skyla olha com vergonha.

— Oh, hey, — Celeste murmura, puxando minha filha em seus


braços. — Está bem. Nem todo mundo chora quando está triste.

— Você não? — Pergunta Skyla.

— Às vezes, mas outras vezes fico quieta, ou trabalho muito. Alguns


dos meus melhores trabalhos foram feitos enquanto eu estava triste. E às
vezes quando estou realmente triste, sinto que não posso chorar. Minha
garganta queima e meu estômago dói, mas as lágrimas simplesmente não
vêm.

— É assim que me sinto, — diz Skyla. — Meu estômago está doendo.


— Meu coração está doendo pela minha filha. Nenhuma criança da idade
dela deveria ter que enterrar a mãe, mas a situação de Skyla é ainda pior
porque a única Amaya que ela conheceu é a que estava em coma em um
hospital. Ela não tem boas lembranças, nem fotos das duas sorrindo. Ela
está tentando lamentar por uma mulher que nunca conheceu.

— É melhor irmos, — digo a Sky. — Todo mundo já foi para o


cemitério.
— Ok, — ela diz, então dá um abraço em Celeste. — Você vem
comigo?

— Umm... bem... — Celeste morde o lábio inferior, sem saber o que


dizer. Se ela está esperando que eu diga a ela para se juntar a nós, ela estará
esperando para sempre.

— O enterro é realmente apenas para a família, — digo a Sky. Então,


sem dar uma segunda olhada a Celeste, pego a mão da minha filha e saio da
igreja.
VINTE E TRÊS

Celeste

— Você está bem? — Minha mãe pergunta uma vez que entramos em
nosso carro. O caminho inteiro eu fiquei quieta, usando meu laptop como
um escudo para impedir a minha mãe de me fazer qualquer pergunta.
Funcionou porque, mesmo que ela tenha me olhado com simpatia, ela não
me pressionou para falar. Agora, porém, o laptop sumiu, meu escudo foi
removido e ela se abriu para conversar.

— Eu cometi um erro, — deixo escapar, em seguida, fecho os olhos.


Não quero discutir isso com a minha mãe. Ela é muito frágil, muito
delicada. Ter essa conversa significaria dizer a ela que, de várias maneiras,
culpo minha infância pelo jeito que sou e não quero que ela se sinta mal.

— Ir ao funeral não foi um erro, — diz ela, entendendo mal o que eu


quis dizer.

— Não, de ter fugido.

Nós duas ficamos em silêncio para o resto da viagem. Quando


chegamos, o Sr. Walters, o recepcionista do meu prédio, nos ajuda com
nossas malas e com o elevador. O silêncio continua até estarmos dentro.
Estou prestes a ir para o meu quarto para me instalar quando a mão da
minha mãe pousa no meu pulso para me impedir.

— Nós nunca terminamos a nossa conversa no outro dia, Celeste.


Quando você apareceu no carro e me disse que você foi embora porque
Skyla te chamou de mãe.

Respirando fundo, dou de ombros, sem saber o que dizer. A última


coisa que quero fazer é ferir os sentimentos da minha mãe. Ela me guia até
o sofá e se senta, acariciando a almofada para eu me juntar.

— Quando descobri que estava grávida de você, eu estava além do


êxtase. — Eu tento aprender como não parecer chocada, mas devo fazer um
trabalho de merda porque ela ri sem graça e diz: — Eu sei, você nunca
saberia isto.

— Não, mãe... não é isso.

— Não se atreva a dar desculpas para mim. — Ela me dá um olhar


aguçado. — O tempo todo em que fiquei grávida, depois que Snake saiu,
fiquei positiva. Eu me concentrei em fazer do trailer uma casa. Decorei o
quarto de rosa. — Ela balança a cabeça como se estivesse lembrando
daquela época em sua vida. — Quando você nasceu, a realidade bateu, —
diz ela com uma carranca. — O dinheiro que Snake me deixou acabou e eu
tive que continuar trabalhando na lanchonete. Eu estava correndo no vazio
com um coração partido. Mês após mês, a chance de ele voltar diminuía.
Naquela época, não havia a internet como existe hoje. Era mais difícil
encontrar alguém, especialmente porque eu não sabia muito. Victoria me
ajudou, permitindo que você saísse com Nick e sua babá, mas eu senti como
se estivesse me afogando. Meu coração se despedaçou mais e mais a cada
dia, e em vez de segurar a única pessoa no mundo que me amou, eu afastei
você. Eu vi o preto dos olhos dele nos seus, a retidão do seu cabelo. A ponta
do seu nariz era idêntica a dele.

Mamãe afasta uma lágrima caindo. — Eu não estou dando desculpas,


apenas tentando explicar como tudo ficou tão fora de controle. Todos os
dias você foi para a casa de Nick, viu a riqueza e o estilo de vida luxuoso.

— Eles estavam longe de serem perfeitos, — digo a ela. Levou muito


tempo para eu aprender e entender isso, mas uma vez que fiz, sabia que não
queria ter nada parecido com os pais de Nick.

— Eu sei, mas se eu tivesse te dado o amor e a atenção que você


precisava e merecia, você não teria pensado que o que eles tinham era o
jeito de viver... de amar. Eu senti isso, Celeste. Eu sentia amor tão profundo
em meus ossos, que tinha a capacidade de me balançar até o núcleo. E
quando eu perdi, estava tão envolvida no meu desgosto, com tanto medo de
amar de novo, eu não me abri para te deixar entrar. Você precisava de mim,
e eu falhei com você. A verdade é que se eu te mostrasse o que era amor,
não teria importância se tivéssemos eletricidade ou água. Não importaria
que eu dirigisse um carro de merda, ou que vivêssemos em um trailer de
merda cheio de ferrugem. Porque o amor verdadeiro é tão avassalador e
consome tudo que não conhece limites e releva quaisquer dificuldades.

As lágrimas que estavam queimando em minhas pálpebras caem. Eu


sei exatamente o que ela quer dizer porque é como eu me sinto sobre Jase e
Skyla.

— Eu te amo. — Minha mãe me puxa para seus braços, e minha


cabeça descansa em seu ombro. — Você não vê, mas você seria uma mãe
incrível porque, durante toda a sua vida, você cuidou de mim. Mesmo
quando você fugiu, você nunca parou de cuidar de mim. Eu desisti da vida e
do amor e me perdi, mas você nunca desistiu de mim.

— Eu deveria ter visitado, — digo-lhe através das minhas lágrimas.


— Eu deveria ter vindo até você mais cedo.
— Não. — Ela balança a cabeça. — Você teve que se encontrar
primeiro, e você fez através do amor que encontrou em Jase e Skyla. Agora,
pegue sua família de volta, menina bonita.

♥♥♥

Meu pensamento inicial era ir ver Jase primeiro. Eu tenho muita coisa
que preciso dizer a ele. Mas depois que pensei nisso, decidi que precisava
ver Skyla primeiro. Ela sempre virá primeiro e isso começa com falar com
ela antes de eu ir ver Jase.

Sabendo que Jase está trabalhando – liguei mais cedo – ligo para
Quinn para ver se Skyla está com ela.

— Eu não acho que é uma boa ideia para você vê-la, — diz Quinn. —
Ela passou por muita coisa.

— Eu entendo, mas gostaria de falar com ela. Você ficou chateada


porque eu deixei todos aqueles anos atrás sem um adeus, mas agora estou
aqui e tentando falar com ela. Por favor.

— Você está dizendo adeus?

— Não, eu não estou. — Mesmo que Jase e eu não acabemos juntos,


eu vou ter certeza que Skyla e eu continuemos nosso relacionamento, se ela
me perdoar.

— Tudo bem, mas só para você saber, ela não sabe que você foi
embora. Jase disse a ela que você tinha uma emergência no trabalho. — Ai
meu coração. Claro que ele fez isso. Porque mesmo quando estou
fracassando na vida, ele está ali para me salvar.

— Ok. Posso ir agora?

— Estamos na minha casa. Vou te dar o endereço.

♥♥♥

Chego ao apartamento de Quinn, que fica no Upper Eastside. Depois


que a segurança me deixa passar, pego o elevador até a cobertura. Quando
saio, percebo que é a única porta do andar. Eu bato uma vez e Quinn abre a
porta.

— Ela está no quarto de hóspedes, desenhando.

— Você… contou ao Jase?

— Não, você pode dizer a ele você mesma.

— Obrigada

A porta do quarto está aberta, mas eu ainda bato uma vez. Skyla se
vira na cadeira e dá um sorriso grande. — Celeste! — Ela corre para me dar
um abraço.

Eu tomo um segundo para respirar seu perfume, para me perder por


apenas um momento em seu amor. Essa garota é literalmente a melhor parte
de Jase, e se eu for honesta, a melhor parte de mim. Eu posso não ser sua
mãe, mas quero que ela seja minha em todos os aspectos que importam.
Nós nos separamos e ela se senta na beira da cama.

— Papai disse que você estava ocupada com o trabalho. — Ela olha
para mim em busca de confirmação, e eu sei que não posso mentir para ela.
Ela merece a verdade.

— Na verdade, é sobre isso que eu queria falar com você. — Sento-


me ao lado dela. — Eu saí naquele dia no hotel porque estava com medo.

As sobrancelhas de Skyla franzem. — Sobre o quê?

— De quanto eu amo você e seu pai.

Ela me dá uma olhada de confusão. — Fiz algo de errado? Papai fez?

— Não, menina bonita, — eu digo a ela, pressionando minha palma


contra o lado de sua bochecha. — Você fez tudo perfeito. Eu estava com
medo de não te amar do jeito certo. Que eu te decepcionaria. Machucaria
você. Eu sei que não sou sua mãe, mas quero estar em sua vida. Eu quero
amar você e ser sua amiga.

Skyla acena com a cabeça uma vez e espero que ela entenda o que
estou tentando dizer. Eu nunca tentei ter um tipo de conversa adulta com
alguém de treze anos de idade. Mas então ela diz: — E se eu quisesse que
você fosse minha mãe? Você… talvez queira?

Eu quero dizer a ela sim, que eu adoraria mais que tudo, mas não falei
com Jase ainda. Claro, ele me mandou uma mensagem todo dia para me
dizer que me ama, mas eu não quero supor que isso signifique que ele vai
me perdoar e nós vamos acabar juntos.
— Eu estraguei tudo com o seu pai, — digo a ela honestamente. —
Machuquei seu coração quando saí.

— Eu sabia que ele estava triste, mas não sabia o porquê.

— Eu pretendo pedir desculpas a ele, e se acabarmos juntos, eu mais


que amaria que você seja minha filha. E mesmo que seu pai e eu não
acabemos juntos, quero que você saiba que sempre estarei aqui para você.
Mesmo que seja apenas como amiga. Eu te amo muito, Skyla. Eu já vejo
você como família e isso nunca vai mudar.

— Papai vai te perdoar, — diz ela com um sorriso. — Ele te ama.

Eu sorrio de volta, mas não digo nada. Espero que ela esteja certa. Eu
daria qualquer coisa para ter 13 anos de novo e ver o mundo e amar com
tanta inocência.

— Quando vocês se casarem, posso ajudar a desenhar seu vestido? —


Ela pergunta, e eu rio.

— Eu não faria de outra maneira.

Depois de ficar um pouco com Skyla, rabiscando e desenhando mais


itens para a linha de moda que estamos planejando criar, eu digo adeus a ela
com a promessa de que a verei novamente em breve. Então faço uma
ligação para o Forbidden Ink para marcar uma consulta para que eu possa
ver Jase.

Evan me diz que ele terá que mudar alguns clientes, mas me promete
que ele vai ter certeza de que será resolvido. Depois de ir para casa checar
minha mãe – que me diz que passou a tarde procurando um lugar onde
possa participar das reuniões do AA e pesquisando por faculdades, já que
ela quer ir à escola – ela está pensando em estudar para ser enfermeira – eu
me troco e depois sigo para East Village.

Quando o táxi chega, o lugar está escuro. A loja está fechada, mas
Evan convenceu Jase a ficar até mais tarde. Ele também me garantiu que
ninguém estaria lá além de Jase – ele teria certeza disso.

Abrindo a porta que Evan me disse que estaria destrancada, eu entro e


a tranco. Os sinos tocam e Jase sai. Quando ele vê que sou eu, ele diz: —
Estamos fechados.

— A porta estava destrancada, — eu digo, caminhando em direção a


ele.

— Eu tenho um compromisso tardio.

Passando por ele, caminho em direção a sua sala.

— Você não me ouviu? — Pergunta ele, andando atrás de mim. —


Estamos fechados. Eu estou aqui apenas para...

— Um compromisso, — eu digo, terminando a frase. — Eu sei. Eu


sou seu compromisso.

Os olhos de Jase se arregalam, mas ele rapidamente encobre. —


Ótimo, então eu posso ir para casa. Minha filha está me esperando.

— Você não me ouviu? — Eu pergunto, puxando meu telefone e


puxando uma imagem. — Eu tenho um compromisso. — Viro o telefone
para que ele possa ver a imagem. — Eu quero isso.

Jase olha para a foto por vários segundos, sem dizer uma palavra.
Quando ele faz, sua voz é grave. — Você está falando sério?
— Enviei-o para todos os e-mails que possuí, coloquei na nuvem e
em todos os outros armazenamentos on-line, para ter certeza de que nunca
os perderia.

— Por quê?

— Porque mesmo pensando que você dormiu com Amaya, eu ainda te


amava. Eu era jovem e imatura, e nem tenho certeza se sabia o que
significava estar amando naquela época, mas ainda assim, com meus
dezoito anos, sabia que amava você. Eu amei quem eu era com você. E todo
dia, quando eu acordava, olhava para essa imagem e me lembrava do que
você me disse, para nunca parar de desejar e sonhar.

Eu dou um passo em direção a Jase, mas ele recua. É sua vez de ficar
com medo e preciso entender isso. — Eu te amo, Jase. Eu amo você e sua
filha, e eu amo o que temos juntos. Você é a única pessoa que eu já amei.
Você me vê, sob a maquiagem e as roupas e os sorrisos falsos. Você vê o
meu verdadeiro eu.

— Você correu.

— Eu fiz, — eu confirmo, admitindo o que fiz. — Skyla me chamou


de mãe e fiquei com medo. Eu estava com tanto medo de estragar tudo, de
falhar com ela e com você. Não achei que fosse capaz de amar Skyla como
ela merecia.

— E agora?

— Agora, vejo que sou a pessoa perfeita para amá-la porque sei o que
é não ser amada como ela merece.
— Uma tatuagem é permanente, — diz ele, acenando para a imagem
na minha tela.

— Tudo sobre nós é, — eu digo a ele com naturalidade. — Nós


perdemos tantos anos separados. Eu não quero desperdiçar outro segundo.
Ame-me, Jase, e deixe-me amar você e Skyla.

Sem palavras, Jase atravessa a sala e me pega. O telefone quase cai da


minha mão, mas ele o pega e o joga no balcão antes de me deixar cair na
cadeira onde seus clientes se deitam para serem tatuados.

Ele inclina a boca sobre a minha e captura meus lábios. Ele chupa a
minha língua, em seguida, lambe entre meus lábios antes de trabalhar em
meu pescoço e sobre a minha clavícula. Minha camisa está levantada sobre
a minha cabeça e meu sutiã está solto. Então ele está levantando minha
bunda para que possa empurrar a saia e a calcinha que estou usando nas
minhas pernas.

Enquanto beija todo o meu corpo, ele desliza os dedos em mim,


apenas o suficiente para reunir meus sucos, em seguida, desliza-os de volta
para fora, circulando os dedos sobre o meu clitóris. Quando eu solto um
gemido carente, ele ri baixinho – a vibração batendo na minha garganta e
enviando calafrios pela minha espinha – então ele faz isso de novo,
lentamente me construindo, mas nunca me deixando chegar.

— Eu não aguento mais. — Eu gemo quando ele mergulha os dedos


em mim mais uma vez. — Preciso de você. Agora. Agora mesmo. Por
favor. — Jase ri da minha loucura, mas eu estou muito excitada para me
importar. Tudo o que eu quero é que ele me conceda minha liberação.
— Logo, — ele murmura quando puxa um mamilo em sua boca e
chupa, seus dedos ainda provocando e provocando. E parece que ele está
me punindo. Eu fugi, deixei ele magoado. Eu não respondi suas mensagens
ou ligações. Eu o deixei pendurado. E agora ele está tentando me punir
deixando-me pendurada também.

— Não, agora. — Eu puxo seu rosto para trás e o olho nos olhos. —
Ou você me faz gozar, de preferência em seu pau, ou eu vou fazer isso
sozinha. — Empurro seu peito para trás para que eu possa me tocar. Eu sei
que não vai demorar muito, apenas alguns movimentos no meu clitóris e eu
vou estar gozando.

Jase solta um grunhido alto, agarra minhas pernas e as afasta, e então


empurra para dentro de mim. Já faz mais de uma semana desde que
estivemos juntos e, a princípio, a penetração é apertada. Mas inferno, isso
parece bom.

Sua boca encontra a minha e ele me beija duro, áspero. Ele morde
meu lábio inferior e morde meu lóbulo da orelha. Seus dedos estão cavando
no interior das minhas coxas enquanto ele me fode como um homem
enlouquecido que não consegue o suficiente.

Estou tão perto de chegar, posso sentir isso, mas não é o suficiente.
Eu preciso me tocar, mas tenho medo do que ele vai fazer – que ele pare de
me foder. Como se ele pudesse ouvir meus pensamentos, ele grunhe no meu
ouvido: — Vá em frente, Covinha, toque-se. Faça você mesma gozar em
todo meu pau. — E com sua permissão, eu faço exatamente isso, com Jase
encontrando sua liberação logo atrás de mim.
VINTE E QUATRO

Jase

Ela voltou... ao contrário de onze anos atrás, ela realmente voltou. Ela
pode ter corrido com medo, com medo de quão forte é o nosso amor e
conexão, mas desta vez, ela virou sua bunda e voltou para enfrentar seus
medos.

Eu poderia ter afastado ela, feito ela provar a si mesma. Mas não é
isso que você faz quando ama alguém. Você abre seus braços e coração e
ama a pessoa, com rachaduras e tudo. Todos os dias eu acordava e me
forçava a não a perseguir. Mandei uma mensagem para ela no dia seguinte,
dizendo que a amava, mas no final das contas eu sabia que ela precisava
encontrar o caminho de volta.

Eu não sabia o motivo de ela ter ido embora, mas agora sabendo que
era porque Skyla a chamou de mãe, posso entender o motivo. Ser pai não é
algo para ser tomado levianamente, e a educação de Celeste foi tão falha
quanto possível. Mas no momento em que ela me disse que era a pessoa
perfeita para amar minha filha, eu sabia que ela estava pronta. Porque pela
primeira vez, Celeste baixou a guarda. Ela me permitiu ver quem ela
realmente é. Ela sempre me mostrou quem ela era, mas até hoje ela nunca
fez isso de propósito. Até hoje, ela nunca tomou a decisão consciente de me
mostrar o que está abaixo da superfície: seu coração.

— Você tem certeza que quer fazer isso? — Eu puxo meus óculos e
abro as diferentes tintas coloridas que vou precisar.
— Sim, — diz ela, sua voz soando rouca. Eu olho para ela e vejo que
ela está olhando para mim. Ainda estou sem camisa, então eu me inclino
para pegá-la, mas ela se inclina e coloca a mão na minha. — Você pode
ficar sem? — Ela cora em um belo tom de rosa. — Isso vai me dar algo
para me concentrar.

Eu rio. — Está sendo feito na parte de trás do seu quadril. Você não
vai me ver.

— Tudo bem, fique parado. — Ela se senta e tira uma foto minha com
a câmera do celular. — Eu vou apenas olhar para isso.

Eu rio e aceno. — Ok, Covinha. — Preparo a área que eu vou estar


tatuando, em seguida, abaixo o assento um pouco mais para que ela esteja
mais confortável. Não é uma tatuagem grande, então eu vou fazê-la em uma
sessão, se ela não ficar com muita dor... o que me lembra. Eu pego um
pacote de Tylenol da minha gaveta e entrego a ela com uma garrafa de
água.

— Tome estes para ajudar com a dor. — Ela engole-os sem me


questionar, em seguida, se estabelece para baixo. — Você não vai poder se
deitar por alguns dias, — digo a ela.

— Nós vamos ter que ter sexo estilo cachorrinho, — diz ela com uma
risada.

— Mulher, não fale sobre sexo agora. Eu preciso me concentrar. —


Eu pego a pistola e a ligo. Mergulho a ponta na tinta preta e estou prestes a
começar quando Celeste se move para olhar para mim.

— Você não tem que desenhá-lo primeiro? Faz onze anos desde que
você desenhou.
— Primeiro, você não pode se mover enquanto eu estou tatuando. —
Eu dou a ela um olhar sério. — E dois, é meu projeto. Um que eu olhei
muitas vezes ao longo dos anos. — Suas sobrancelhas sobem com a minha
admissão. — Você confia em mim?

— Eu confio.
EPÍLOGO

Celeste

Quatro anos depois

Acordo com a sensação de algo fazendo cócegas nas minhas costas e,


mesmo sem abrir os olhos, sei que meu marido está desenhando em mim.

Já se passaram três anos desde que nos casamos e ele, pela segunda
vez, pintou meu corpo – um pequeno pedaço de seus votos de casamento
que ele recitou para mim no altar: você é cada um dos meus sonhos e
desejos se tornando realidade.

Depois que voltamos da nossa lua de mel de um mês, onde mostrei a


Jase e Skyla o meu mundo – literal e figurativamente – incluindo todas as
lojas de roupas que eu abri em Milão, Paris e Itália, marquei uma consulta.
Ele tatuou ao longo do meu ombro direito estilo a mão livre.

— Bom dia, — eu digo, minha voz rouca de sono. Cheguei tarde


ontem à noite e parece que só dormi por algumas horas. — Posso virar?

— Não... ainda... — ele diz de volta. Ele fica quieto por alguns
segundos, e então eu sinto a cócega parar e a câmera em seu telefone clica.
— Ok, vire e espalhe essas coxas sensuais, Covinha.

Eu não posso evitar o riso que me escapa quando faço o que ele diz,
notando que já são quase sete da manhã. — É melhor você fazer isso
rápido, — eu digo a ele enquanto ele puxa minha calcinha para baixo e sobe
em meu corpo. Sua boca pressiona a minha e eu posso sentir o gosto da
menta em sua respiração. — Há quanto tempo você está acordado? —
Murmuro contra seus lábios, passando meus dedos pelo seu cabelo
bagunçado.

— Tempo o suficiente para escovar os dentes e desenhar sua próxima


tatuagem. — Com uma mão acima da minha cabeça, ele desliza a outra mão
para baixo, seus dedos pousando no meu ponto sensível. Ele morde meu
lábio inferior ao mesmo tempo em que seus dedos massageiam meu clitóris,
e eu me contorço levemente, deixando escapar um gemido suave. Já faz
muitos dias desde que senti suas mãos em mim.

— Bem, se meus cálculos estão corretos, — eu beijo o lado do


pescoço de Jase — nós temos cerca de doze minutos antes de nossa porta
ser atropelada.

Descendo, envolvo minha mão em torno de seu pênis e acaricio para


cima e para baixo, balançando com força. Eu amo a frieza do seu piercing
sob o meu toque. Eu tremo levemente com o pensamento dele dentro de
mim, acariciando minhas entranhas. Tomando seu rosto em minhas mãos,
eu o puxo para cima, então seu pau esfrega contra o meu clitóris enquanto
ele empurra para dentro de mim, me enchendo completamente.

— Foda-se, — ele resmunga, empurrando lentamente para dentro e


fora de mim em um ritmo calmo, como se não tivéssemos três crianças sob
o nosso teto que podem acordar e nos interromper a qualquer momento.
Abaixando minha mão, eu faço massagens em meu clitóris, me deixando
mais excitada. Tempo é essencial.

— Não se mexa, — Jase rosna, derrubando minha mão. — Esse é o


meu maldito trabalho.
— Jase... tempo, — eu murmuro sem fôlego enquanto ele empurra
mais fundo em mim.

— Nós temos todo o tempo do mundo, baby, — ele murmura,


colocando beijos de boca aberta ao longo do meu queixo e pescoço.

— Você deu as crianças? — Eu brinco.

— Covinha, não fale sobre as crianças enquanto eu estou transando


com você, — ele sussurra. Levantando minha coxa, ele envolve seu
antebraço para ir mais fundo, atingindo o ponto especial em mim que vai
me fazer explodir em pouco tempo.

— Certo. — Eu exalo um gemido suave, focando no meu orgasmo


iminente, construindo cada vez mais alto, e não na porta, que se estiver
destrancada, vai se abrir a qualquer minuto.

— Vamos, baby. — Jase rosna, seus impulsos ficando mais ásperos.


Sua boca cai sobre a minha, e meu corpo se desfaz com Jase seguindo logo
atrás, derramando sua semente quente em mim. Tento não pensar se será o
momento de fazermos um bebê. Eu não quero ter minhas esperanças.

Ele mal saiu de cima de mim e deitou de costas, quando eu me sento e


corro para o banheiro para me limpar. Eu posso ouvi-lo rindo da nossa
cama. Sua risada se aproxima enquanto puxo minha camisa da noite do meu
corpo e viro a água quente para o chuveiro.

— O que é tão engraçado? — Eu pergunto, entrando no chuveiro. A


porta mal está fechada antes que Jase a abra de novo para se juntar a mim.
— Jase! — Eu grito. — Você se esqueceu de nossas filhas? — Eu digo.
Ele pega o sabonete e começa a me lavar. — Relaxe, mulher, — ele
repreende. — Eu as tranquei em seus quartos.

Eu sei que ele só está brincando, mas ainda suspiro. — Isso não é
engraçado! Você tem alguma ideia da bagunça que vamos encontrar? Eu
duvido que Skyla esteja acordada ainda. Ela é imune a eles.

Jase ri com mais força. — Mas valeu a pena fazer sexo de manhã com
minha esposa. — Com as mãos segurando minhas bochechas, ele me beija
com força antes que ele solte, para que possa colocar xampu em suas mãos.
— Eu senti sua falta, — ele murmura.

— Eu senti mais de você, — eu digo, me virando, sabendo que ele vai


lavar meu cabelo.

Quando ele termina, passa as mãos pelos lados do meu corpo e por
cima da minha bunda. Sentindo-me com muito tesão esta manhã, empurro
as mãos para trás e mexo levemente a minha bunda.

Jase toma isso como sua sugestão, espalha as minhas nádegas e passa
o dedo pela minha rachadura. Ele empurra o dedo no meu buraco apertado,
e minhas mãos batem na parede do chuveiro, minha cabeça caindo para a
frente.

— Isso é tão bom. — Eu gemo quando ele adiciona outro dedo. Com
a água caindo sobre nós, ele me ajuda até que meu corpo esteja pronto para
ele. Depois de adicionar um pouco de óleo de bebê à mistura, ele
lentamente empurra seu pau perfurado, centímetro por centímetro, na minha
bunda, até que ele esteja completamente dentro. Enquanto agarra meus
seios e belisca meus mamilos, meu marido fode minha bunda até que nós
dois gozamos pela segunda vez esta manhã.
— Eu odeio quando você se vai, — ele murmura depois que sai. —
Mas eu amo quando você chega em casa, toda necessitada para o meu pau.

— Eu sou sempre carente para o seu pau. — Eu rio.

Passamos os próximos minutos limpando e enxaguando. Eu


rapidamente raspo minhas pernas, enquanto Jase me dá uma recapitulação
de tudo que perdi enquanto estava fora.

— Eu preciso fazer meu cabelo e maquiagem, — digo a ele quando


saímos do chuveiro. — Os fornecedores, o organizador de festas e a equipe
de montagem estarão aqui em breve. Você pode mostrá-los o lugar, por
favor, se eu ainda não tiver saído?

— Claro, querida. — Jase dá a minha bunda um beijo brincalhão e


depois sai.

Enquanto me preparo, penso em como estou empolgada com a festa


hoje. Eu visualizo onde todas as tendas irão. Onde todos vão se sentar.
Onde todas as crianças vão brincar. Três meses depois que Jase e eu nos
casamos, descobri que estava grávida e começamos a procurar uma casa
maior, onde pudéssemos viver com a nossa família.

Jax decidiu ficar no apartando, trazendo sua namorada, Willow, com


ele, e minha mãe ainda está morando no meu apartamento. No segundo em
que vi esta casa com seu quintal enorme e uma piscina, eu sabia que era a
única.

Eu podia ver as crianças correndo e brincando em um balanço. Pude


imaginar Skyla nadando na piscina durante o verão, saindo com suas
amigas aqui. Eu sempre disse a mim mesma que não havia sentido morar
nos subúrbios quando morava em Nova York, mas no minuto em que ouvi
os batimentos cardíacos dos meus bebês, soube que queria um lugar onde
eles se sentissem em casa.

Algumas semanas depois, nos mudamos e não consigo me imaginar


vivendo em outro lugar. Na época, Jase pensava que uma casa de seis
quartos e sete banheiros era excessivo, mas agora ele é grato por todos os
quartos.

Quando termino de me arrumar, saio do nosso quarto e desço o


corredor, rezando para que o lugar não esteja muito desastroso. Você nunca
imaginaria a quantidade de destruição que duas crianças de dois anos
podem causar em tão pouco tempo. Quando vejo que todas as coisas estão
vazias, desço as escadas, pensando comigo mesma que está tudo muito
quieto. Onde está todo mundo?

Quando chego à cozinha, vejo Skyla sentada no canto do café da


manhã comendo waffles caseiros enquanto olha para o celular. Eu ando por
trás dela e lhe dou um beijo na bochecha dela. — Feliz aniversário de
dezoito anos, menina bonita.

Ela olha para cima e coloca o celular no balcão, me dando um sorriso


enorme. — Obrigada, mãe. — Essa palavra nunca ficará velha vindo de sua
boca.

— Eu teria feito o café da manhã. — Aponto para a comida dela.

— Tudo bem. Vovó as fez. — Ela arqueia as sobrancelhas. Acontece


que minha mãe é uma cozinheira incrível – quem saberia. E em vez de ir
para a escola de enfermagem, ela acabou indo para a escola de culinária, e
agora administra um restaurante muito popular perto da Hell's Kitchen. Eu
me ofereci para dar-lhe o dinheiro para abrir seu próprio restaurante, mas
ela insiste que ama lá.

— Minha mãe está aqui? — Eu olho em volta.

— Ela está do lado de fora com os demoniozinhos. — Ela ri.

— Você precisa chamá-las assim? — Eu tento dizer severamente, mas


acabo rindo também. Porque ela não está errada. Ela só me dá um olhar
conhecedor.

— Como foi o show? — Eu pergunto, mudando de assunto. Coloco


um copo K no meu Keurig e começo a pressionar.

— Tão bom. Não acredito que desfilei pela Versace e em Milão!

— Eu gostaria de ter estado lá. — Não querendo que ela se parecesse


com a maioria das modelos adolescentes, faço questão de acompanhá-la
aonde quer que ela vá. Infelizmente, eu não poderia estar em dois lugares ao
mesmo tempo e não poderia estar lá. Mas, felizmente, Margie e Adam
estavam lá e pairavam sobre ela como mamães galinhas.

— Eu sei, — diz ela, dando uma mordida em sua comida. — Oh!


Você viu as provas da filmagem para a próxima coleção?

— Umm... sim. — Dou-lhe um olhar duh. — Você estava linda, — eu


digo, pegando uma caneca do armário, enquanto inalo o cheiro abençoado
do café. — Você está animada para a sua festa? — Eu não posso acreditar
que ela está oficialmente com dezoito anos e em alguns meses estará se
formando no ensino médio. Enquanto sua carreira de modelo tinha o
potencial de explodir, seu pai e eu tomamos a decisão de mantê-la na
escola. Nós queríamos que ela ficasse jovem pelo maior tempo possível.
Nós estamos esperando que ela tome a decisão de ir para a faculdade,
mas ela mencionou querer modelar em tempo integral assim que ela se
formar. Eu estava esperando, por outro lado, que ela pudesse vir trabalhar
comigo um dia. As linhas de roupas para crianças e adolescentes de Leblanc
decolaram e, como muitos dos designs vieram da Skyla, pedi a minha
advogada para criar um contrato e confiar nela, onde ela recebe uma
porcentagem de todos os lucros que as duas linhas trazem. Ainda não
discutimos isso, mas entre seus ganhos através do Leblanc e como modelo,
Skyla já é uma jovem muito rica.

— Sim, — diz ela, me cortando dos meus pensamentos. — E hoje é


duplamente surpreendente porque tenho as melhores notícias! — Exclama
ela.

— O que é?

— Eu quero dizer a você e ao papai ao mesmo tempo. — Os cantos


de sua boca se enrolam em um enorme sorriso.

— Diga-me primeiro, e eu vou decidir se ele deveria saber, — eu


brinco. — A última vez que você disse isso, você nos apresentou ao seu
namorado da faculdade e seu pai quase teve um ataque cardíaco.

Skyla ri diabolicamente. — Aquilo foi engraçado.

— Não, realmente não foi, — eu digo, tentando esconder o meu riso


com a memória de Jase rosnando e ameaçando a vida do garoto quando ele
entrou pela nossa porta, coberto de piercings e tatuagens. Jase disse a ele
que parecia que ele pertencia a um macacão laranja, e eu quase morri de rir
– especialmente desde que o garoto se parecia tanto com Jase, que era
assustador. Felizmente, seu relacionamento com aquele garoto durou pouco
e, uma semana depois, ela passou para alguém mais próximo de sua idade e
com menos metal na cara.

— Bem, esta notícia não vai lhe dar um ataque cardíaco, eu prometo,
— diz ela, em pé e trazendo seu prato para a pia. Eu adiciono um pouco de
creme e açúcar ao meu café enquanto ela lava seu prato, então nós
caminhamos juntas para fora para encontrar todo mundo.

Quando saímos, noto que Ângela, a organizadora da festa, está aqui,


dando ordens. As tendas estão sendo montadas exatamente como eu
imaginei, e os fornecedores estão preparando tudo. Skyla e eu continuamos
passando pela piscina e pela jacuzzi, para o quintal.

Eu os identifico antes que eles me vejam, e aproveito para observar a


linda cena na minha frente – meu mundo inteiro. Jase está segurando a mão
de nossa filha de dois anos de idade, enquanto ela desliza pelo escorregador
do conjunto de asa enorme da casa da árvore que Jase projetou e construiu,
enquanto ele segura nossa outra filha de dois anos em seu quadril. Minha
mãe está esperando no final do escorregador e pega Melina quando ela
chega ao final, caindo dramaticamente no chão de costas e levantando-a no
ar.

Mariah ri e bate palmas o tempo todo, completamente satisfeita em


estar nos braços de seu pai.

Quando Melina me vê, ela grita e se agita para descer. Minha mãe a
coloca de pé e ela imediatamente corre na minha direção.

— Mamãe! Mamãe! — Ela grita. Coloco minha caneca na mesa, caio


de joelhos e puxo meu pequeno demoniozinho – como Skyla gosta de
chamá-las – em meus braços.
— Bom dia, menina doce, — murmuro, dando um beijo no topo da
cabeça dela. Eu inalo seu cheiro doce, um cheiro que eu vou sentir falta
como uma louca quando ela ficar mais velha e não cheirar mais como um
bebê. Eu sei que tenho febre do bebê, mas não posso evitar. Jase e eu temos
tentado engravidar novamente no último ano sem sorte, e estou começando
a ficar preocupada que isso não aconteça.

Mariah ouve sua irmã e empurra o peito de Jase para soltá-la.

— Eu senti sua falta, mamãe! — Ela grita enquanto se joga em meus


braços.

— Eu senti tanto a sua falta, — eu sussurro através das minhas


lágrimas felizes.

Desde que dei à luz a nossas filhas gêmeas, fiz questão de viajar
apenas quando necessário. Eu tive um problema em uma das lojas em
Miami e fiquei ausente por três dias. Mesmo com Facetime com elas todos
os dias e noites, foi demais. Eu chorei para Jase todas as noites e disse a ele
na próxima vez que eu for, eu vou levá-las comigo. Ele riu e me disse que
eu era louca.

— Antes de as pessoas começarem a chegar, há algo que preciso dizer


a vocês, — diz Skyla.

— Se você está namorando outro cara como... — Jase começa, mas


eu o interrompo.

— Diga-nos, — eu falo nervosamente. Embora Skyla soubesse que eu


adoraria que ela se juntasse a mim no Leblanc, eu disse a mim mesma que
não iria insistir. Eu mencionei uma vez e nunca mais. Quero que ela siga
seus próprios sonhos, onde quer que eles possam levá-la. Claro, se ela optar
por modelar em tempo integral, vou sentir falta dela como uma louca, mas é
tudo parte do crescimento do seu filho.

— Eu fui aceita no FIT9 e decidi ir. Enquanto eu amo modelagem,


quero aprender sobre o lado comercial da indústria e estagiar no Leblanc.
— Skyla prende o lábio inferior entre os dentes. — Então, o que você acha?
— Ela segura a carta para nós vermos, e eu ando e tiro dela.

Skyla Leblanc-Crawford, a carta começa. Eu sorrio para o sobrenome


dela. No dia em que me casei com Jase, peguei seu sobrenome, mantendo o
meu também por causa de minha empresa e reputação.

No mês seguinte, adotei legalmente Skyla e fiquei chocada quando


ela insistiu em pegar meu nome também. — Leblanc é parte de você e eu
sou parte de você agora, — ela disse. Eu juro que chorei por uma hora
direto. Eu li através de sua carta de aceitação para a faculdade de seus
sonhos, meu coração inchando com o quão orgulhosa eu estou dela.

— Bem, isso não é mais apenas uma festa de aniversário, — eu digo


através das minhas lágrimas. — Esta é agora uma festa de comemoração.
Estou tão orgulhosa de você. — Eu puxo Skyla em meus braços para um
abraço.

— Você está bem comigo oficialmente estagiando para você? — Ela


pergunta.

— Nada me faria mais feliz, — digo a ela honestamente.

— Parabéns, Sky, — diz Jase, arrancando Skyla dos meus braços e


colocando-a nos dele. — Você vai ficar morando em casa, certo? O FIT é
caro.
— Jase, — eu repreendo, batendo no braço dele.

— Eu estava pensando que poderíamos olhar os dormitórios ou talvez


um apartamento perto do campus, para que eu possa fazer a coisa toda da
faculdade. Isso estaria bem?

— Claro que sim, — digo a ela. — Nós estamos tão orgulhosos de


você.

Eu pego meu café da mesa e tomo um gole. O café não terminou de


descer pela minha garganta quando uma onda de náusea me atinge com
força total. Deixando cair minha caneca na grama, corro para a casa para
vomitar, mas não a tempo. Em vez disso, acabo vomitando em todas as
cercas vivas que cercam o pátio dos fundos.

Jase está bem atrás de mim, segurando meu cabelo para trás, até eu
terminar. Quando me viro, ele está ostentando um enorme sorriso no rosto.
No começo, eu estou chateada que meu marido acha que é engraçado eu
apenas ter vomitado, mas então minha mente paralisa, e eu estou sorrindo
tanto quanto. Nós não temos que dizer as palavras. Estou grávida.

♥♥♥

São quase cinco horas e a festa de Skyla está para acabar. Os únicos
convidados restantes são alguns de seus amigos com quem ela está
descansando à beira da piscina, assim como alguns de nossos amigos. Jase e
eu estamos sentados à mesa, sob a tenda, observando Melina e Mariah
correrem e perseguirem Reed, o filho de seis anos de Olivia e Nick.
— Se a história se repetir, — diz Nick, — meu pobre filho não vai ter
uma, mas duas de suas filhas o seguindo por anos. — Ele me dá uma
piscada brincalhona e eu rio. Sou grata pela nossa amizade, mas também
muito feliz por ele ter conhecido Olivia. Se ele não tivesse, quem sabe se
nós dois teríamos encontrado o amor verdadeiro?

— Não são apenas minhas filhas, — eu digo, observando Killian e a


filha de quatro anos de Giselle, Alice, perseguindo Reed pelas escadas da
casa da árvore.

— Pobre garoto, — diz Olivia. Francesca, sua filha de quatro anos,


deita no peito da mãe, dormindo profundamente com o polegar na boca. —
Um de nós precisa ter um menino para tentar acabar com tudo isso.

— Talvez nós teremos, — sussurra Jase no meu ouvido, então só eu


posso ouvir.

O olhar de Quinn encontra o meu, e ela sorri suavemente, mas é


forçado e um pouco triste. Eu gostaria de dizer que ao longo dos anos ela e
eu nos aproximamos, mas a verdade é que não chegamos lá.

Não que ela não tenha sido melhor, porque ela tem. Ela me aceitou
em sua família de braços abertos. Mas eu me preocupo com ela. Ela se
casou com Rick alguns anos atrás, mas eu não acho que eles estão felizes.
Ela costumava conversar o tempo todo sobre querer criar uma família
própria, mas depois de alguns anos tentando sem sucesso, ela parou de
mencioná-lo. Eu assisti a luz brilhante que costumava cercar Quinn, pouco
a pouco se apagar. Eu a assisti ganhar um pouco de peso – não que ela ainda
não seja linda, porque ela é muito bonita – e lentamente esconder mais e
mais de seu corpo.
Eu me sinto tão impotente, sem saber como ajudá-la a recuperar
aquela luz. Quando tentei no passado trazer isso para ela, ela sempre me
afastou, então ultimamente eu parei de falar sobre isso. A última coisa que
quero é empurrá-la completamente – ela mal chega como está –
especialmente quando tenho a sensação de que um dia ela precisará de nós.
Nenhum julgamento. E quando ela estiver pronta para conversar, eu estarei
aqui.

— Nick disse a você? — Olivia diz, me tirando dos meus


pensamentos. — Ele assinou com o editor em seu terceiro romance. — Ela
sorri orgulhosamente.

— Parabéns! — Eu digo a Nick. — Cuidado Nicholas Sparks, há um


novo Nick na cidade. — Todos riem.

— Eu decidi me aposentar, — diz Killian. — Giselle e eu estamos


esperando bebê de novo, e eu gostaria de ser mais caseiro com esse bebê.
— Todos os parabenizam, e Jase me dá uma olhada. Há uma boa chance de
que Giselle e eu tenhamos nossos bebês ao mesmo tempo. Eu não quero ter
minhas esperanças, mas me sinto enjoada o dia todo.

— Oh meu Deus! — Olivia exclama. — Você não me disse que


estava grávida.

— Acabamos de bater 12 semanas. Nós estávamos esperando.

— Você sabe que eu não conto! — Ela ri. — Estamos esperando


também! Eu tenho oito semanas.

Giselle ri com ela. — E você está me dando sermão? Você não ia me


dizer também!
Enquanto todos os estão parabenizando, percebo Quinn se
esgueirando para longe. Preocupada, digo a Jase que volto já. Jax, que está
sentado ao lado de Willow, aconchegada em seu colo, observando as
crianças brincarem, percebe sua saída também. E parece que ele está prestes
a levantar Willow e sair para verificar a sua irmã, por isso dou-lhe um
pequeno aceno para que ele saiba que eu vou.

No meu caminho para dentro, Skyla chama meu nome.

— Sim?

Ela se levanta e vem correndo para mim. Seus braços envolvem meu
pescoço e ela me abraça com força. — Obrigada por tudo, — ela murmura
em meu ouvido.

— Estou feliz que você tenha se divertido.

— Eu estou, mas não apenas para a festa. Por me amar e estar aqui
por mim. Na minha criação, nunca pensei que teria uma mãe. A minha foi...
bem, você sabe... e meu pai sempre foi o suficiente. Mas... — Ela recua um
pouco e seus olhos estão encobertos. — Estou tão feliz por ter você, — diz
ela através de um soluço.

— Você nunca tem que me agradecer, menina bonita. Você é minha


filha, meu mundo.

Depois que nos abraçamos mais uma vez, eu entro para encontrar
Quinn. Ela está sentada na beira da banheira no meu banheiro. — Você está
bem? — Eu pergunto, percebendo suas bochechas manchadas de rosa por
suas lágrimas.

— Eu acho que estou grávida, — ela sussurra.


— E isso é uma coisa ruim... — Eu piso com cuidado, com medo de
ser forte, e ela se sentir encurralada e atacará como um felino defensivo.
Preciso que ela saiba que estou aqui por ela.

Ela apenas dá de ombros, e eu posso ver isso em seu rosto, em sua


postura, ela está quebrada, derrotada... talvez até com medo.

— Bem, só há uma maneira de descobrir. — Eu puxo a caixa debaixo


da pia e lhe entrego um teste.

— Você mantém testes na mão?

— Estamos tentando pelo último ano, — eu admito. — Nós pensamos


que seria tão fácil quanto da última vez, mas não foi.

— Sinto muito, Celeste. Aqui estou eu, sem saber se estou feliz ou
triste por estar provavelmente grávida e você desejando um bebê.

— Todo mundo tem suas próprias histórias, — digo a ela. — Tome, e


eu estarei bem aqui com você.

Eu saio do banheiro enquanto ela faz xixi, e uma vez que ela me deixa
saber que terminou, eu volto. Alguns minutos depois, a palavra grávida
acende na tela, e eu dou um abraço nela. — Jase e eu estaremos aqui para
você, não importa o que aconteça.

— Obrigada. — Ela beija minha bochecha. — Eu acho que vou para


casa.

Eu quero implorar para ela falar comigo, me dizer o que está


acontecendo. Rick está machucando ela? Ele é emocionalmente abusivo? O
que aconteceu que ela está apenas uma concha da mulher que costumava
ser? Mas eu não sei.
Em vez disso, dou-lhe um pequeno sorriso e digo: — Tudo bem. Se
você precisar de alguma coisa, me ligue. — E eu oro para que ela ligue. Eu
também decido que é hora de falar com Jase sobre sua irmã. Eu deveria ter
feito isso antes.

Quinn sai e eu fico sozinha no banheiro. Eu olho o teste, querendo


fazer um, mas com medo do desapontamento que sentirei se disser que não
estou.

— Celeste, — diz Jase, tornando-se conhecido. Ele vê o teste de


Quinn e seu rosto se ilumina. — Você está grávida?

— Não. — Eu rapidamente balanço a cabeça. — Quero dizer, eu


posso estar, mas esse teste foi o de Quinn.

— Oh, — ele diz categoricamente. Não é nenhum segredo que os


irmãos de Quinn não são fãs de seu marido. — Ela está bem?

— Sinceramente, — digo a ele. — Eu não acho que ela esteja. Acho


que talvez precisemos ficarmos sozinhos e falar com ela.

— Você acha que o filho da puta está machucando ela?

— Eu não sei... mas ela nunca aparece mais.

— Eu sei, — diz ele, engasgando. Jase e Jax amam tanto sua irmã. —
Ela nem mesmo visita a loja.

— É hora de falarmos com Jax e descobrirmos isso. Tenho a sensação


de que Quinn vai precisar de nós.

Jase me puxa para seus braços e beija minha testa. — Nós vamos falar
com Jax amanhã. Eu te amo.
— Amo você mais.

— Quer fazer um teste? — Pergunta ele, apontando para a caixa com


mais dois testes lá dentro.

— Estou com medo, — eu admito. — Eu não deveria estar. Eu tenho


três filhas incríveis e saudáveis. Eu tenho um marido que me ama. Uma
carreira que amo. Minha mãe e meu melhor amigo. Eu sou tão abençoada.
Eu não deveria querer mais.

Jase olha para mim. — Primeiro de tudo, você nunca precisa ter
medo, Covinha. Eu estou bem aqui. — Ele beija a ponta do meu nariz. —
Em segundo lugar, não há nada de errado em querer mais.

— E se nós não conseguirmos engravidar é a maneira do destino de


dizer foda-se para mim?

Jase ri baixinho.

— Estou falando sério, — digo, — nunca quis ter filhos e agora que
quero uma casa cheia deles, não podemos engravidar.

— Tenho certeza que te engravidando com gêmeos mostra que o


destino não quer te derrubar.

— Eu acho que se eu não estiver grávida desta vez, devemos parar de


tentar.

— Se é isso que você quer, então é isso que vamos fazer. — Ele me
entrega um teste de gravidez.

Depois de fazer xixi e mergulhar o teste na urina, coloco na pia e saio.


Três minutos depois, Jase se levanta e olha para ele. Ele se vira para me
encarar, suas feições não revelam nada.

— Bem? — Eu pergunto. — Conte-me.

— É uma coisa boa que você insistiu que comprássemos essa casa
ridiculamente enorme, porque daqui a dois meses, vamos precisar de outro
dos quartos.

Eu pulo nos braços de Jase, e ele me abraça forte, me beijando como


se eu fosse seu mundo inteiro. — Obrigada, Jase, — sussurro contra seus
lábios.

— Por quê?

— Por ver o que estava abaixo da superfície. Por ver a beleza no meu
caos. Por me ver.

Fim!
SOBRE A AUTORA

Nikki Ash mora no sul da Flórida, onde é professora de inglês durante


o dia e escritora à noite. Quando ela não está escrevendo, você pode
encontrá-la com um livro na mão. Desde Boxcar Children, até o Morro dos
Ventos Uivantes, até o último romance de pais solteiros, ela vive e respira
todo tipo de livro. Enquanto ler e escrever são suas paixões, seus dois filhos
são seu mundo inteiro. Você provavelmente pode encontrá-los em um
parque da Disney antes de encontrá-los em casa nos fins de semana!

Ler é como respirar, escrever é como expirar. – Pam Allyn


AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, quero agradecer aos meus filhos. Não há um único


livro que eu tenha escrito que eles não tenham me apoiado à sua maneira.
Minha filha passou horas me ajudando a traçar este livro. Eu amo vocês
dois mais que a própria vida. Aos blogueiros que gastam seu tempo
promovendo, lendo e revisando meus livros. Obrigada! Para os meus
leitores, eu só continuo a fazer o que amo por causa do seu apoio.
Obrigada! Para todo o membro do O Clube de Luta. Vocês todos se
tornaram mais que leitores; vocês se tornaram meus amigos. Obrigada! Para
Ena e Amanda com Jornada Encantadora, lhes amo por me manterem sã.
Para meus leitores beta, editor, revisores, designer de capa talentoso e meu
incrível criador de teasers, não sei o que faria sem vocês. Vocês são o
coração e a alma deste livro: Brittany, Andrea, Krysten, Ashley, Nicole,
Stacy, Juliana, Rachel, obrigada! Kristi, você não tem nada a ver com este
livro, mas tudo a ver com a minha sanidade. Eu sou muito grata pela sua
amizade. Bret, obrigada por sentar e me ouvir falar por horas e horas de
cada trama e ideia com um sorriso no rosto. E por último, mas não menos
importante, obrigada a todos que me deram uma chance de uma forma ou
de outra. É por sua causa que On the Surface é meu décimo quinto romance
publicado.
Notas

[←1]
MAC e Lancôme são marcas de cosméticos e perfumaria.
[←2]

Cantor da banda de rock citada.


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Investigador particular.
[←4]
Museu Metropolitano de Arte em Nova York.
[←5]
Local autônomo ou situado dentro de um estabelecimento comercial em que são vendidos
frios, queijos, carnes ou outras comidas.
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[←7]
A Body art é uma manifestação das artes visuais onde até o corpo do próprio artista pode ser
utilizado como suporte ou meio de expressão.
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O Fashion Institute of Technology é uma faculdade pública em Manhattan, Nova York. Faz
parte da Universidade Estadual de Nova York e se concentra em arte, negócios, design,
comunicação de massa e tecnologia conectada à indústria da moda.

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