On The Surface (Celeste & Jase)
On The Surface (Celeste & Jase)
On The Surface (Celeste & Jase)
As pessoas veem o que elas querem ver. Elas só veem o que está na
superfície e são fáceis de enganar. Eu os deixo ver do lado de fora que sou
uma empresária de sucesso. Minhas roupas são de grife, minha maquiagem
impecável, e moro em um condomínio de luxo em Lennox Hills. Eles veem
a perfeição, não o que está abaixo da superfície.
O verdadeiro eu, o que eu mantenho escondido, é uma mulher de coração
partido que usa a maquiagem para esconder suas lágrimas. A roupa cara
cobre um coração uma vez quebrado pelo amor. As paredes da minha casa
cara abrigam uma mulher solitária que esconde o fato de que no fundo ela
quer ser amada. Uma mulher que está com muito medo de arriscar seu
coração frágil.
Agora, toda emoção crua, todo pedaço quebrado do meu coração que
eu enterrei há muito tempo está exposto fora das paredes protetoras do meu
arranha-céu. Não importa o quanto eu tente, não consigo evitar que as
paredes desmoronem. Ele me vê além da imagem que eu criei. Ele diz que
pode lidar com o que está abaixo da superfície, mas eu posso?
DEDICATÓRIA
– Desconhecido
UM
Celeste
Claro, isso tudo foi antes de conhecer Olivia, que surgiu com seu eu
doce e adorável e roubou seu coração – enquanto simultaneamente me
conquistou e se tornou uma das poucas pessoas que eu chamo de amiga. Ela
e Nick estão esperando seu segundo bebê para setembro. Seu filho, Reed,
tem dezoito meses e está em casa com seus avós hoje à noite.
— O que significa que uma festa de despedida de solteira tem que ser
organizada! — Diz a melhor amiga de Olivia, Giselle. Ela também está
grávida – para novembro – de alguém que eu considero um amigo. Seu
marido, Killian Blake – que é um receptor para os Brewers – também
envolve o braço em torno de sua esposa e a puxa para um beijo. Só que o
deles é mais intenso, mais apaixonado.
Ele é muito parecido comigo e sabe como as coisas são, então não há
sentimentos feridos. Chad é quase vinte anos mais velho, o que eu prefiro.
Os homens mais velhos tendem a ter sua cabeça no lugar e são muito mais
maduros do que os caras da minha idade.
Uma risada alta me escapa quando me lembro, não muito tempo atrás,
quando Olivia convenceu Nick a levá-la para Assets, um clube de strip-
tease de alto luxo. Pensei que ele ia me matar quando eu a surpreendi com
uma dança no colo. O pobre rapaz não tinha certeza se devia ficar excitado
ou chateado porque sua noiva estava gostando de outra mulher se
esfregando nela.
— Claro que ele é bem-vindo para vir! — Olivia diz, falando por
Nick. — Ele também está convidado para o casamento. — Sua mão vem e
descansa em cima da de Nick. — Depois que o encontramos no aniversário
de Giselle, ele e Nick mantiveram contato novamente. Jax e Quinn também
estão convidados.
Jax e Quinn são irmão e irmã de Jase. Eles têm uma loja de tatuagem
aqui em Nova York chamada Forbidden Ink. Nós fomos lá na noite do
aniversário de Giselle para que ela e Olivia pudessem fazer sua primeira
tatuagem. Olivia amarelou, mas Giselle acabou recebendo uma bela citação
na parte superior das costas logo abaixo da nuca.
Nick não fala com seus pais, o que só deixa a família de Olivia e seus
amigos. Ela não queria algo enorme, o que poderia acontecer facilmente, já
que Nick é quatro vezes campeão do Super Bowl e o pai de Olivia é
treinador da NFL. E depois tem a mãe dela, que não está mais viva. Ela era
uma grande supermodelo internacional – uma que passei muitos anos
admirando. Então você pode imaginar quantas pessoas eles têm contato.
— Obrigada.
— Hey Chad, — Giselle chama do outro lado da mesa. Ele olha para
cima para ver quem disse o nome dele. — O que você acha do cabelo de
Celeste?
Chad olha para mim confuso. — Parece bom, — diz ele com um
encolher de ombros.
Eu respiro fundo, então trago meus lábios para o meu copo, dando um
gole no vinho frutado. Isso é o que eu queria. Um apartamento em um
arranha-céu em Lennox Hills, com vista para o Central Park. E finalmente
consegui. No dia em que assinei os papéis para este apartamento, senti
como se finalmente tivesse conseguido.
Eu comprei por conta própria, com meu próprio crédito e meu próprio
dinheiro. No entanto, ao olhar para as árvores lúbricas que enchem o
parque, parece que todo objetivo e sonho que eu já fiz não foi suficiente. Eu
deveria me sentir completa, satisfeita. Eu deveria me sentir realizada. Mas
eu não sei. Sinto-me vazia.
Depois que termino meu vinho, lavo o copo e então vou para a cama.
Eu fico parada por vários minutos, tentando descobrir o que há de errado
comigo. Eu mal toquei meu celular esta noite. Isso porque você estava
muito ocupada observando os casais incrivelmente doces na mesa.
Normalmente eu não presto atenção em como os casais agem uns com os
outros. Eu não me importo se Chad presta atenção em mim, ou se ele me dá
um beijo de despedida.
Celeste
Passado
Rindo, ele entrega o envelope para mim, desta vez me deixando pegar
dele.
Eu abro e leio o documento uma vez, duas vezes, uma terceira vez.
Isso não pode ser real. — Nick, — eu sussurro, — o que você fez? —
Lágrimas se formam em meus olhos. O papel cai das minhas mãos e meus
braços envolvem seu pescoço. — Isso é para valer?
— É. — Ele ri. — Eu tive que fazer uma sessão de fotos com Elite for
Movado, e enquanto eu estava lá, acabei tendo um brunch com Alessandra
e Brenna Myers.
— Sim. Mencionei que tenho uma amiga que daria o braço esquerdo
para colocar o pé na porta...
— Por favor, me diga que você não me fez parecer desesperada, Nick,
— eu repreendo.
Eu nem percebo que estou chorando até que Nick enxuga uma
lágrima caindo com o seu polegar. — Celeste, eu sei que isso é o que você
quer, mas confie em mim quando eu digo, ser famoso não é tão bom como
parece. Todo mundo é tão falso. — Sua voz é suave, sem julgamento. Ele
está sendo simplesmente honesto – tão honesto quanto ele pode ser como
um homem que cresceu com dinheiro, enquanto eu cresci em um
estacionamento de trailers. — Eu pensei que quando estivesse longe de
meus pais, seria diferente, — acrescenta. — As mulheres são todas falsas.
Alessandra... ela é falsa. — Nick franze a testa em desapontamento.
— Tem uma festa hoje à noite. Alguns amigos do ensino médio estão
se reunindo para uma espécie de reunião. — Ele coloca seus sapatos. —
Quer ir?
— Hmm, vamos ver... — Eu bato meu lábio inferior com o meu dedo
indicador, fingindo contemplar se eu quero ir. Esta é a primeira vez que vou
conhecer os amigos do colégio de Nick. Por causa da nossa diferença de
idade, ele nunca me deixou ir nas festas que frequentava quando estava no
ensino médio ou na faculdade. — Homens ricos, gostosos e mais velhos,
todos em um só lugar, ou outra noite passando com minha mãe bêbada... O
que você acha?
— O mesmo que ela tem sido toda a minha vida. Bêbada e esperando
o amor de sua vida para consertar seu coração partido.
Ele disse que tinha alguns assuntos para arrumar, prometendo voltar
em breve, só que ele nunca fez – fazendo da minha mãe uma mãe solteira. E
sim, caso você esteja se perguntando, Snake está escrito na minha certidão
de nascimento. Quem no seu perfeito juízo se apaixona por um cara, mas
nunca teve tempo para aprender o seu nome real? Minha mãe é quem!
— Eu entendo, — diz Nick, — mas você nunca esteve apaixonada,
então você não entende.
— Claro.
Não sei por que nossas mães permaneceram amigas ao longo dos
anos, mas é a única coisa pela qual sou grata. Sua amizade foi a única parte
boa da minha vida quando crescia. A mãe de Nick sempre me tratou como
se eu fosse sua própria filha – sempre me incluindo em suas viagens e
feriados.
Eu quero odiá-la por esta vida – e muitos dias parece que a odeio –
mas então ela sorri e me chama de garota bonita e meu coração se parte
para ela. Ela se apaixonou e ficou com o coração partido.
— Foi legal da parte dele em vir para a sua formatura. Victoria disse
que vai organizar uma reunião em sua casa para você depois.
Eu não tenho ideia do que ela vai fazer quando eu for para Nova
York, mas minha esperança é que, uma vez que eu tenha sucesso, serei
capaz de convencê-la a se mudar comigo, ou pelo menos, comprar para ela
um lugar melhor para morar. Embora, se eu for honesta, sei que ela não
permitirá que nenhuma das opções aconteça. Isso significaria sair desse
lugar de merda, e se ela ainda não se mudou, duvido que ela vá.
Quando volto ao carro de Nick, ele parte para a casa de seu amigo
Jared, que fica no mesmo condomínio fechado onde os pais de Nick
moram. Aparentemente os pais de Jared estão em um cruzeiro e ele tem a
casa para si mesmo. A maioria dos amigos de Nick ainda está na faculdade.
A única razão pela qual ele não está é porque ele foi convocado para a NFL
no final do seu primeiro ano e atualmente joga pela Carolina. Quando
chegamos, a rua já está cheia de carros caros que se alinham em ambos os
lados da rua.
— Talvez mais uma hora. — Nick ri. Nós saímos e seguimos para a
porta da frente. Nick não se incomoda em bater desde que a música está
batendo tão alto que ninguém iria ouvi-la de qualquer maneira. São apenas
nove horas, mas está claro que essa festa está acontecendo há algum tempo.
Quando entramos, é uma típica festa adolescente de rico. Toneladas
de bebidas caras em todos os lugares. Rapazes vestidos com Lacoste e
meninas vestindo Louis Vuitton e Burberry. Nick poderia ter sido meu
irmão mais velho ao longo dos anos, mas isso não me impediu de encontrar
meu caminho para festas em outros lugares, especialmente depois que ele
saiu no ano passado para a NFL e não conseguiu me vigiar.
Eu sigo Nick até a grande mesa da sala de jantar onde vários caras
estão jogando pôquer. Fichas são empilhadas e notas de cem dólares estão
sendo jogadas como se fossem notas de um dólar em um clube de strip-
tease.
Quando um dos caras vê Nick, ele grita seu nome, e todos na mesa se
levantam para dar atenção a Nick. Eu mentalmente reviro meus olhos. Nick
está certo sobre uma coisa: pessoas ricas são falsas. Mas você sabe o que
mais eles são? Ricos!
Nick pode ter me colocado na porta do Elite, mas isso só vai me levar
um pouco longe. Todo mundo sabe que o dinheiro fala. Meu sobrenome não
significa nada para ninguém. Mas alguns desses caras... uma menção do
nome deles e eu vou direto ao topo.
Seu amigo concorda com a cabeça, mas seus olhos não estão em Nick
– eles estão em mim. E agora os meus estão nele. Eu noto seu cabelo preto
e com gel, curto o suficiente para não ficar bagunçado, mas longo o
suficiente para eu passar meus dedos por ele. Seus olhos, tão escuros
quanto. Duros. Impiedosos. Ele está vestindo uma camisa branca com as
mangas enroladas até os cotovelos. Imediatamente vejo várias tatuagens
cobrindo seus antebraços musculosos. Todos com tons de preto e cinza, sem
cor.
É óbvio, quem quer que seja esse cara, ele não é um dos amigos
típicos de Nick. Ele nem sequer tenta sugar Nick como os outros fazem.
Meus olhos continuam sua leitura em sua frente. Ele é magro, e se julgar
pelas veias correndo pelos seus antebraços, ele malha, mas ele não é um
rato de academia. Ele está vestindo jeans que combinam com ele e um par
de tênis da Nike. Jogador de futebol, talvez? Os empresários geralmente
usam Tom Ford ou Brooks Brothers.
Quando ele se afasta, Nick se vira para mim. — Ouça, Celeste, eu sei
o que você está pensando, mas...
— Mais tarde, Nick, — eu digo, tentando deixar claro que ele precisa
cuidar da sua própria vida.
Ele abre a boca para falar de novo e depois fecha. Então seus lábios se
abrem num largo sorriso e ele diz: — Tudo bem. — Ele balança a cabeça e
ri baixinho. — Vou jogar pôquer. Vocês dois se divirtam. — Eu não tenho
certeza do que o fez de repente mudar sua disposição sobre eu me
aproximar de Jase, mas não estou nem aí para questionar isso. Antes de Jase
ou eu podermos dizer qualquer coisa, um dos caras grita para ele levar sua
bunda de volta à mesa de pôquer.
— É isso aí! — Jase aplaude. Ele rouba todas as fichas para ele, então
se vira na cadeira para me encarar. — É oficial, você é meu amuleto de
sorte. — E sem me dar qualquer aviso, ele inclina a boca sobre a minha.
Desta vez, o beijo é mais duro, mais possessivo, como se ele estivesse me
reivindicando bem aqui na frente de todos com esse único beijo.
Um dos caras diz que ele encerrou e outro cara toma o seu lugar, e
então as cartas são dadas. Todos colocam suas apostas. A mão de Jase
encontra minha coxa, mais uma vez, e ele dá um aperto suave. Meus olhos
encontram Nick e ele sorri. É quase como se ele soubesse que estou
perdendo todo o meu controle para Jase. Eu não sei nada sobre ele: ele tem
um fundo fiduciário? Onde seu pai trabalha? Onde ele trabalha? Qual é o
seu plano para daqui a dez anos? Mas por alguma razão maluca, parece que
não me importo com nada além de quando seus lábios encontrarão os meus
novamente.
Ele olha para mim, pedindo permissão e, mesmo sem pensar duas
vezes, abro as pernas para ele – Jesus, quando me tornei tão fácil? Seus
dedos encontram minha calcinha, mas ele não a move para o lado. Em vez
disso, ele me provoca pelo lado de fora. Seu único dedo corre para cima e
para baixo na minha fenda através do material fino, e eu me contorço no
meu assento. Eu sei que estou molhada, provavelmente encharcada. Não há
como alguém saber o que está fazendo ou ver minha reação, mas sinto que
todos os olhos estão voltados para nós.
Eu não posso acreditar que estou deixando ele fazer isso. Eu nem
conheço esse cara. Pelo que sei, ele faz isso com todas as garotas que
conhece. Estou bem ciente de que todo mundo da nossa idade fica em festas
assim, mas nunca foi quem eu sou. Garotas fáceis não acabam casadas com
homens poderosos. Elas acabam como suas amantes.
Jase vence pela terceira vez, e todos os caras gemem. Ele se inclina e
pressiona seus lábios nos meus. — Mais uma mão e depois eu termino, —
ele murmura contra a minha boca. Antes de recuar, sua língua sai e lambe
meu lábio inferior. — Mmm... você tem um gosto bom... doce.
Menos de dez minutos depois, Jase vence. — Eu estou fora, — ele
anuncia enquanto ficamos de pé. Meus olhos se movem para a porta da
frente, onde eu vejo Killian Blake entrando. Ele olha para mim e eu rolo
meus olhos. Killian é outro melhor amigo de Nick. Eles se conheceram no
primeiro ano da faculdade. Ele está em seu último ano na NCU e foi
recentemente recrutado para o New York Brewers na primeira rodada. Dizer
que não suportamos um ao outro é uma subestimação grosseira.
É uma coisa boa que Jase acabou de jogar pôquer e me guia para
longe de onde Killian está caminhando. Se tivéssemos ficado, eu sei, sem
dúvida, que Killian teria feito questão de falar sobre mim para Jase.
— Jase! Traga sua bunda aqui! — Alguém grita. — Jogo com bebida!
Todo mundo anda pela sala falando coisas que nunca fizeram, e
aqueles que as fizeram têm que beber:
O som das sirenes da polícia soa pelo ar, e Jase para o que está
fazendo, seus olhos se fechando com força. — Eu bebi demais para dirigir,
— diz ele. — Deixe-me ligar para meu irmão. — Comigo ainda sentada em
seu colo, ele tira o telefone do bolso e disca um número. — Jax, sou eu. Eu
preciso que você venha me buscar no Jared. Os policiais foram chamados.
— Depois de uma pausa. — Eu estava bebendo. — Outra pausa. —
Obrigado, mano. Vou te encontrar no píer sul. — Ele desliga e me levanta
como se eu não pesasse nada, e me coloca de pé.
— Eu vim com o Nick, — indico. — Ele não iria embora sem mim.
— Ligue para ele e diga a ele que eu estou levando você, — diz Jase,
andando pela praia em direção ao píer. Eu faço o que ele diz e ligo para
Nick. Ele responde no primeiro toque. Quando eu digo a ele que Jase vai
me deixar, ele aponta que estávamos bebendo e insiste em me encontrar.
Mas quando eu digo a ele que seu irmão está vindo nos buscar, Nick
admite, mas me faz prometer mandar uma mensagem para ele assim que eu
estiver em casa.
— Obrigado, mano.
— Apenas nos leve de volta para a nossa casa, — Jase diz a seu
irmão.
— Sim, sim, estamos indo para a cama, — Jase fale por cima do
ombro enquanto ele nos leva para longe da cozinha e pelo corredor. Quando
chegamos à última porta à direita, ele abre a porta para que eu possa passar
primeiro, depois fecha-a atrás dele.
— Obrigada.
Puxo meu telefone do meu sutiã, onde o mantenho quando não tenho
bolsos, e estou prestes a mandar uma mensagem para Nick para lhe dizer
onde estou, quando alguma coisa me para. Não é como se Jase fosse me
matar aqui. Ele mora com o irmão e a irmã. Ele jogou futebol no colegial e
na faculdade com Nick. Se eu mandar uma mensagem para Nick sobre onde
estou, nunca vou ouvir o final. Então, ao invés disso, mando mensagem
para ele dizendo que estou em casa em segurança, e ele, como sempre
atencioso, me responde dizendo que vamos nos ver amanhã.
Eu tiro meu vestido e meus saltos, então coloco as roupas que Jase me
deu – uma camisa e boxers. O perfume masculino e fresco dele atinge meus
sentidos, e meu único pensamento é meu Deus, ele cheira bem.
Não tendo um laço de cabelo comigo, mas querendo tirar meu cabelo
do meu pescoço, eu o torço e ponho tudo em um coque improvisado e
amarro usando meu cabelo. Enquanto espero que ele saia do banheiro
anexo, dou uma volta lenta pelo quarto. É o quarto de um cara. Simples na
maior parte. Cômoda de madeira lisa, mesinhas de cabeceira. Uma grande
cama king size com um simples edredom preto. Mas as paredes são outra
história. Cada uma está preenchida com uma bela arte desenhada à mão.
Algumas são pretas, brancas e cinzas, e outras são cores vivas que surgem
como se as imagens estivessem ganhando vida. Uma de suas paredes parece
ter sido grafitada, mas é bonita demais para chamar assim.
Jase volta para o quarto enquanto estou olhando para uma das
imagens em suas paredes. É um lobo que parece estar se transformando em
algum tipo de esqueleto de aparência assustadora. — Isso é... incrível, —
digo a ele. — Você desenhou tudo isso?
Quando ele não responde, olho para ele. Ele está encostado na
cômoda, as mãos nos bolsos da calça de moletom, olhando para mim como
se quisesse me devorar.
Sem quebrar o nosso beijo, Jase empurra a boxer que estou usando
pelas minhas coxas junto com a minha calcinha. Alarmes de aviso soam,
mas eles são muito fracos para prestar atenção. Meu cérebro está muito
nebuloso. Meu julgamento está muito nublado. Eu quero ele. Muito.
Eu poderia ter parado ele. Mas eu não fiz. A dor me rasga. Não
querendo gritar, minha boca encontra seu ombro e eu mordo. O ato o incita,
e ele penetra mais fundo em mim, empurrando a barreira da minha
virgindade. Então ele para como se ele sentisse isso.
Jase continua a me foder, mas não tenho certeza se o que ele está
fazendo pode até ser chamado de foda. É mais como se ele estivesse
fazendo amor comigo, só que não pode ser chamado de fazer amor também.
Nós mal nos conhecemos. Você não pode amar alguém que você mal
conhece. Ele me deixa excitada mais uma vez, e antes que eu perceba, estou
chegando ao clímax pela segunda vez com Jase seguindo logo atrás.
Ele joga em seu cesto e pega um novo par de boxers para ele. Então
ele pega a camiseta que eu estava usando do chão e entrega para mim. Eu
agradeço e a visto, mal fazendo contato visual. Acho que ele vai me
devolver minha calcinha ou sua boxer, mas ele não faz. Em vez disso, ele
rasteja para a cama ao meu lado e me coloca em seu corpo até que nossas
frentes estejam quase alinhadas uma contra a outra.
— Eu deveria ter usado camisinha. Eu sei que vai soar clichê ‘pra’
caralho, mas eu sempre uso uma. Eu não sei o que diabos deu em mim. —
Eu recuo com suas palavras, mas tento esconder isso. Prefiro não pensar em
todas as outras mulheres com quem ele esteve.
— E…
— Mas eu não quero parar por aí, — continuo quando vejo os olhos
de Jase em mim, que ele está realmente ouvindo e esperando que eu
explique. Não me lembro da última vez que alguém apenas me ouviu. — É
de conhecimento geral que uma carreira de modelo vai dos 22 anos e
termina aos 27 anos, se a modelo tiver sorte. Modelar é meu sonho, meu pé
na porta, mas não quero que seja isso. Eu quero começar minhas próprias
linhas de joias e maquiagem. Talvez até uma linha de roupas. Eu amo moda,
— eu exclamo.
— Eu amo o jeito que uma roupa pode dar confiança a uma mulher. A
maquiagem pode fazê-la se sentir bonita. Eu amo como um único colar ou
pulseira pode fazê-la se sentir... mais.
Eu não sei como explicar isso sem dizer a ele que eu fui criada em um
estacionamento de merda, em um trailer ridículo e pequeno. Eu cresci sendo
ridicularizada por usar as roupas da Walmart que minha mãe me comprava
de segunda mão nas lojas de artigos usados. Os sapatos sem marca que ela
pegava nas lojas de consignação locais. As crianças eram más e sempre me
senti tão feia.
Jase me olha com curiosidade e então diz: — Você não precisa fazer
nada para te deixar bonita. Você já é. — Acabamos de nos conhecer, mas é
como se ele tivesse a capacidade de ler as palavras que não estou dizendo.
Dizer as coisas que desejo que alguém diga. Lágrimas ardem nos meus
olhos e eu as afasto.
Ele concorda. — Sim, Jax e eu temos nossas licenças para tatuar, mas
ele não pôde ir para a faculdade. Nós não tínhamos o dinheiro. — Ele
franze a testa, parecendo estar envergonhado. — Eu tenho uma bolsa de
futebol para participar da NCU e achei que seria bom para mim aprender a
administrar um negócio. — Ele me dá um sorriso suave. — Agora só temos
que economizar.
— Você não foi à Academia Piermont com Nick? — Eu pergunto,
confusa. Ele claramente não é de uma família com dinheiro e essa escola é
mais de cinquenta mil por ano só para a matrícula.
— Sua irmã? — Ela está apenas um ano à minha frente, mas eu nunca
a vi na escola.
Celeste
Passado
Eu acordo com a sensação de... bem, não tenho certeza do que é. Algo
está fazendo cócegas nas minhas costas. Meus olhos se abrem e leva apenas
um segundo para lembrar onde estou. Na casa de Jase, em sua cama.
— Tatuagens?
— Não, você fez ser meu no momento em que você me deixou tirar a
sua virgindade, — diz ele com naturalidade, e minhas bochechas coram
com suas palavras.
Eu tento virar, mas suas mãos me impedem de fazer isso. Jase abre
minhas coxas e empurra seus dedos para dentro de mim, meu corpo
aceitando a intrusão de bom grado.
— Jesus, mulher, você está tão molhada, — ele geme. Enquanto ele
me toca com uma mão, a outra vem ao redor e levanta a minha parte
inferior ligeiramente para fora da cama, então estou de joelhos. Ele aperta
meu peito e planta beijos doces na minha espinha até que seus lábios estão
de volta onde ele estava desenhando.
Ele continua a me penetrar com seu dedo, então sua língua bate no
meu clitóris. Ele suga em sua boca e depois lambe meu centro, fazendo todo
o meu corpo estremecer em prazer. Com sua língua, lábios e dedos, Jase me
ajuda até que eu estou chamando o nome dele quando estou gozando.
Então ele me vira de costas e rasteja pelo meu corpo. Minhas pernas
envolvem sua cintura enquanto suas mãos me prendem. Seus lábios se
unem com os meus enquanto ele empurra dentro de mim. Eu ainda estou
um pouco dolorida, mas esses pensamentos são afastados pelo nosso beijo.
Nosso beijo fica mais quente. Como um incêndio que não pode ser
contido. Eu sempre fui tão cuidadosa – nunca deixei ninguém entrar. No
entanto, aqui estou eu, entregando-me a este homem, sabendo que, se não
tomar cuidado, vou me queimar. O calor entre nós é tudo que consome.
Estou perdida em tudo o que é Jase.
Meu clímax se constrói, constrói e constrói, até que eu esteja tão alta,
que não tenho para onde ir além senão para baixo. Mas com Jase no
comando, não tenho medo de cair. De fato, eu saúdo. E com um último
impulso, ele nos leva para fora da borda. Nossos lábios se encontram,
engolindo nossos gemidos enquanto nós dois nos perdemos um no outro.
Jase puxa meu rosto no dele para um beijo duro. — O que você está
fazendo comigo? — Ele murmura contra meus lábios. — Toda a minha
sanidade voa pela janela com você.
Quando saímos, ele me diz que vai voltar. Ele retorna com um
moletom e uma calça. Eles são cor-de-rosa e semelhantes à roupa que
Quinn estava usando.
Jase pigarreia e é então que noto que ele está de frente para o telefone
na minha direção e ostenta um sorriso de conhecimento. Ele totalmente me
pegou o checando. Eu simplesmente dou de ombros. Nenhum ponto em
negar isso.
— Jase, — eu sussurro. Como ele poderia escrever algo que chega tão
perto do que sou sem me conhecer? Entender o caos que sinto dentro de
mim todos os dias? A confusão que flui através de mim quando penso sobre
onde eu venho e para onde quero ir. A luta para me amar, mas ao mesmo
tempo querer mais.
— Oh, umm... eu acho que Jase estava prestes a me levar para casa.
— Evito olhar para qualquer um, em vez disso, escolho me concentrar na
massa de panqueca que está borbulhando na panela. É constrangedor o
suficiente ter que fazer a caminhada da vergonha...
Faço o que ele diz, enquanto tento controlar minha excitação por
causa de sua demonstração um tanto pública de afeição e palavras doces,
mas dominantes, um sorriso se estica em meus lábios de qualquer maneira.
— Eu tenho um cara indo na loja para fazer mais no seu braço, — diz
Jax.
— Ainda não tenho certeza, — Jase responde. A mão que ele não está
usando para comer aperta minha coxa. Eu presumi que Jase ia me levar para
casa, mas ele me disse que eu não iria a lugar nenhum. Ele quis dizer
apenas para o café da manhã? Nós não discutimos o que aconteceu entre
nós na noite passada, e pelo que sei, isso foi apenas uma noite para ele. Pelo
menos é o que eu continuo dizendo a mim mesma quando justifico por que
não contei a verdade sobre a minha idade e aonde frequento a escola. Talvez
ele apenas planeje encher minha barriga com comida antes que me mande
embora.
— Estou indo para a praia para tirar fotos, — diz Quinn. — Eu tenho
o meu projeto final de fotografia na próxima semana.
Merda! É exatamente por isso que eu deveria ter pensado nisso antes
de dizer sim. Eu preciso contar a ele a verdade. Ele precisa saber que eu só
tenho dezoito anos e estou no colegial. Que eu moro em um estacionamento
de trailers com minha mãe bêbada, e minha única saída é o estágio de verão
em Nova York que Nick me surpreendeu. Jase iria entender. Ele vem de um
lar desfeito. E eu sou maior de idade...
Eu abro minha boca para dizer a Jase que preciso falar com ele,
quando Quinn diz: — Eu tenho um maiô a mais. — Ela encolhe os ombros.
— Vai economizar tempo.
— Você está bem com isso? — Jase pergunta, dando outra mordida
em sua comida.
Jase olha para baixo e passa a mão pelo seu abdômen malhado. —
Quais? — Ele pergunta. — Eu meio que tenho muitas. — Ele ri, e o som
melódico acalma meus nervos. Não, ele não é um bad boy. Ele é um bom
cara envolto em um corpo de bad boy.
Ele cai no cobertor e deita ao meu lado. Sua perna se enreda com a
minha enquanto ele explica cada uma delas. Todos elas significam algo para
ele de alguma forma.
A mão de Jase aperta a minha e meu coração parece que vai sair do
meu peito. Como isso aconteceu? Como consegui me apaixonar por alguém
tão rápido? Isso não é quem eu sou. Eu quero ficar brava comigo mesma
por ser tão estúpida, mas não consigo reunir a energia negativa. Meu
coração está muito cheio... muito feliz. E de repente eu posso quase sentir
empatia pela minha mãe. Ir embora na próxima semana já faz meu coração
se desmoronar em pedaços.
— Ela está com Jase, — Quinn diz com naturalidade para a mulher, e
eu mordo meu lábio inferior para abafar um sorriso. Quinn acabou de
receber pontos importantes para isso no meu livro.
— Tchau! — Amaya acena para mim como se ela tivesse cinco anos
de idade.
♥♥♥
Jase entra e fecha a porta atrás dele, e é quando noto que ele está nu –
o que faz sentido desde que ele está no chuveiro comigo. Seu pau está
semiduro, e balança pesado entre suas coxas quando ele caminha na minha
direção.
Minhas lágrimas caem quando Jase faz amor comigo contra a parede
do chuveiro enquanto a realidade me atinge de que eu não posso deixar esse
homem. Eu estou me apaixonando por ele. Eu não me importo se é cedo
demais, rápido demais. Eu não posso controlar meu coração em sentir-se
assim.
Preciso abrir o jogo, arriscar tudo – contar a verdade e ver aonde isso
nos leva. Talvez eu possa convencê-lo a se juntar a mim em Nova York. Ele
poderia trabalhar em uma loja lá e, eventualmente, abrir seu próprio lugar.
Sua irmã e irmão estariam dispostos a se mudar? Ele se mudaria sem eles?
Eu sou louca por ter esses pensamentos?
Seu rosto toca na curva do meu pescoço, e ele morde minha pele
quando goza dentro de mim. Uma vez que ele recupera o fôlego, ele levanta
a cabeça, sai de dentro de mim e depois me põe no chão.
— Você não gozou, — ele diz com uma carranca. Não é uma
pergunta, ele sabe que eu não gozei. Nós só fizemos sexo algumas vezes,
mas toda vez ele se certificou de que eu encontrasse minha liberação antes
dele.
— Sinto muito, — sussurro com vergonha. Eu estava tão perdida em
mim, nele, que nem percebi.
Celeste
Passado
— Isso soa bom para mim, — digo a ele enquanto passo meus dedos
pelo cabelo dele e o puxo para mim. Nós nos beijamos por vários minutos
antes de finalmente sairmos da cama para nos prepararmos para o dia.
Jase abre a minha porta para mim, e uma vez que eu entro, ele a
fecha, mas não antes de abaixar a cabeça e me dar um beijo digno de
desmaio.
Eu faço o que ele diz, e um segundo depois, sinto algo frio tocar meu
peito. Quando olho para baixo, vejo que o colar de dente-de-leão está lá.
Nós vamos direto para o topo da sala e nos sentamos no canto. Alguns
minutos depois, as luzes se apagam e as imagens começam a passar. Jase
levanta o braço entre nós e me coloca em seu lado, seu braço enrolado na
parte de trás do meu pescoço. Eu tenho que sufocar minha risadinha com a
forma como devemos estar parecendo. Eu estive em muitos encontros, mas
com o tipo de caras que eu geralmente passava pouco tempo, um encontro
geralmente consistia em um jantar caro ou um evento de caridade. Esta é a
minha primeira vez no cinema com um cara.
Puxando seu rosto para o meu, eu beijo Jase com força. Minha língua
passa por seus lábios e o beijo se aprofunda. Mas não é o suficiente. Eu
preciso de mais. Enquanto nosso beijo continua, corro minha mão ao longo
da parte de cima da sua calça jeans. A protuberância em suas calças está
proeminente e me estimula. Desfazendo seu botão e zíper, puxo seu pau
para fora. Jase geme contra meus lábios, e sua mão, que tem massageado
círculos em minha coxa, tenta me parar.
— Porra, Celeste, — ele geme baixinho. Seus dedos correm pelo meu
cabelo, mas ele não faz nenhum movimento para empurrar minha cabeça
para baixo. Em vez disso, quando olho para cima, percebo que a cabeça
dele está inclinada para trás e seus olhos estão fechados. Eu subo e desço ao
longo de toda a sua extensão, tentando conhecê-lo em um nível muito mais
pessoal.
♥♥♥
Pela terceira manhã seguida, acordei na cama de Jase por causa da luz
do sol que está entrando pelas persianas. Eu vou precisar comprar algumas
cortinas, é o meu primeiro pensamento. Meu segundo pensamento é que eu
vou me formar nesta semana e, uma vez que eu sair, nunca mais vou dormir
nesta cama, então não há necessidade de comprar cortinas. Meu estômago
aperta com esse pensamento horrível.
Eu me viro e encontro o lado de Jase da cama vazio. O lado de Jase
da cama... Três noites com ele e eu já estou nos designando para os lados da
cama. Localizo um pedaço de papel e o pego para ler.
Covinha
Xo Jase
Ainda não estou pronta para ele saber sobre Jase, então respondo a ele
que estou ajustando as coisas antes da formatura, já que eu vou embora logo
depois. Odeio mentir para Nick, mas tenho medo de lhe dizer a verdade,
como se eu lhe falasse sobre Jase, isso tornaria o que nós temos muito mais
real, e com isso virá a realidade que devo partir em breve.
Outra mensagem de Nick chega, dizendo que ele quer me levar para
comprar bagagem e qualquer outra coisa que eu possa precisar para minha
viagem a Nova York. Eu quero dizer a ele que não posso fazer isso.
Primeiro, comprar bagagem significa que estou indo embora, e agora, sair é
a última coisa que quero pensar. E segundo, a única coisa que quero fazer é
passar um tempo com Jase.
Eu puxo meus braços sobre minha cabeça e meu estômago ronca. Nós
estávamos muito presos um ao outro na noite passada e esquecemos
completamente de jantar. E então uma ideia se forma. Indo para a sala para
ver se alguém está em casa, encontro Quinn sentada no sofá, trabalhando
em seu computador.
— Bom dia.
Ela olha por cima do que seja o que ela está trabalhando. — Ei, bom
dia.
Uma vez que ele vai embora, Jase fecha a porta atrás dele, em
seguida, vai até mim. Agarrando o saco de comida das minhas mãos, ele o
joga no balcão, depois abre minhas pernas, colocando-se entre elas. Ele me
prende no canto, suas mãos pousando na parede em ambos os lados da
minha cabeça. Seus lábios descem e encontram os meus para um beijo
apaixonado que fazem meus dedos do pé se curvarem e minhas coxas
apertarem ao redor dele.
— Eu estava com medo que uma vez que você acordasse e o fim de
semana acabasse, você desapareceria. — Seus lábios se escovam contra os
meus, depois param momentaneamente, como se ele precisasse me tocar de
alguma forma para acreditar que estou realmente aqui. Eu engulo em seco.
Enquanto ele relembra, não posso evitar as lágrimas que caem. É isso
que eu quero. Uma vida inteira cheia de memórias com o Jase. Alguns
dias... uma semana... um mês não é suficiente. E então isso me atinge. Isso
é o que minha mãe queria com meu pai, mas nunca aconteceu. É por isso
que ela escolheu morar no mesmo trailer, na mesma cidade, por toda a
minha vida. Ela sabe como é se apaixonar, e se recusa a deixar esse
sentimento, na esperança de que um dia o homem que ela ama possa voltar
e amá-la de volta. E embora eu nunca tenha entendido antes, agora entendo.
Porque se eu posso sentir isso fortemente sobre Jase depois de apenas um
fim de semana, não consigo imaginar como minha mãe se sentiu depois de
estar com meu pai por meses.
Uma hora mais tarde, Jase enxuga o braço de George e lhe entrega um
pequeno espelho. Lágrimas vazam de seus olhos quando ele balança a
cabeça lentamente. — Obrigado, — ele sussurra. Jase faz o mesmo discurso
que ele fez com seu outro cliente sobre como cuidar da tatuagem. Quando
ele termina, George se vira para mim com um sorriso triste e diz: — Eu
vejo o jeito que vocês dois se olham. Isso me lembra da maneira como
minha Melinda e eu costumávamos olhar uma para o outro. — E com uma
piscadela, ele se levanta e sai da sala.
Eu posso ver porque Jase tem a agenda tão cheia. Ele trata cada
tatuagem como se fosse uma obra-prima. Não importa se é uma simples
borboleta ou um pedaço de lembrança, ele dá a cada pessoa cem por cento
dele. Ele faz com que elas se sintam como se o que estão sendo tatuados
não fosse apenas tinta, mas sim um pedaço deles, e por extensão, uma fatia
dele.
A hora do almoço chega e Jase pede comida para nós. Ele faz a pausa
para o almoço e passamos a hora nos beijando, conversando, comendo e
rindo. Não me lembro de uma época em que me senti tão feliz.
Quando meu telefone toca, vejo que é Nick. Já são cinco horas e ele
está perguntando onde ele deveria me pegar. Eu o respondo para me pegar
perto do cinema. Fica a apenas alguns quarteirões de distância e ele não vai
duvidar que eu estava aqui.
— Tudo bem? — Jase pergunta. Eu olho para cima e percebo que seu
último cliente saiu.
Meu coração dá um pulo com sua pergunta. Ele quer me ver mais
tarde. — Sim. — Eu aceno. — Eu não tenho certeza do quão tarde eu vou
estar livre, mas você definitivamente me verá mais tarde.
Nós vamos direto para o shopping, onde ele me ajuda a escolher meu
primeiro conjunto de malas Louis Vuitton – um presente de sua família para
minha formatura – bem como algumas roupas novas e produtos de higiene
pessoal que eu vou precisar assim que estiver lá.
Minhas noites são passadas com Jase. Nós ficamos com seu irmão e
irmã apenas o tempo suficiente para não ser rude – geralmente pedindo um
delivery para o jantar – e depois vamos para a cama, onde passamos o resto
da nossa noite nos beijando, nos abraçando e fazendo amor.
Eu abro minha boca para explicar tudo para ele, mas não posso fazer
isso. Há uma boa chance de ele ficar chateado por eu ter mentido. Amanhã.
Eu vou contar a ele amanhã. Uma vez que eu oficialmente tiver me
formado. Nós nos sentaremos e serei honesta com ele. Mas então o que? Eu
me pergunto. Ele adora o seu trabalho. Ele tem uma vida inteira aqui. Ele
não vai me seguir até Nova York. Eu sacudo os pensamentos da minha
cabeça. Nós vamos resolver isso.
— Celeste? — Ele diz meu nome, chamando minha atenção. — Te
vejo mais tarde? — Ele repete.
Jase parece que quer pedir detalhes, mas em vez disso acena. — OK.
Amanhã à noite.
♥♥♥
Chegamos à NCU e seguimos direto para o auditório onde a
formatura está sendo realizada. Os professores e administradores nos
orientam sobre como tudo vai ser amanhã. Quando minha fila é acionada,
atravesso o palco, junto com todos os outros da fila. É só o ensaio, mas por
alguma razão tudo me atinge com força.
— Nada.
— Não minta para mim, por favor. Eu te conheço a sua vida inteira.
Algo está acontecendo com você. É como se você estivesse perdida ou algo
assim...
— Perdida?
— Eu não sei… não consigo explicar. Algo está errado com você. —
Ele não vai deixar isso passar, e ele, de todas as pessoas, merece saber o que
está acontecendo comigo.
— Aqueles não eram nada, — eu disse a ele. Elas eram apenas fotos
locais para lojas de departamento. Eles colocaram algum dinheiro no banco
para que eu pudesse ajudar minha mãe.
— Toda peça e musical, — continua ele. — Tudo que você faz, você
se supera. Você vai tomar Nova York e o mundo da modelagem como um
trator. Ok? — Ele sorri para mim.
Eu aceno uma vez, incapaz de falar. Significa o mundo para mim que
Nick acredita em mim. Eu não posso decepcioná-lo. Ele colocou sua cara à
tapa, pedindo esta oportunidade para mim. Eu tenho que ir. Este é meu
futuro.
— Você vai conseguir, — diz ele com convicção. — E você sabe que
estou sempre aqui para você, certo? Não importa se estou a centenas de
quilômetros de distância. Estou aqui.
No minuto em que entramos pela porta, Victoria nos diz que o jantar
está sendo servido. Nós sentamos à mesa de jantar e conversamos enquanto
todos nós comemos.
Quando minha mãe está perto da Victoria, são as únicas vezes que ela
tenta se limpar e ficar sóbria. Ela está vestida com uma calça jeans e um
suéter azul. Seu cabelo castanho está escovado e endireitado, e sua
maquiagem está bem feita. Ela também não parece chapada ou bêbada.
Quando minha mãe está limpa, ela é linda.
O pai de Nick, Henry, nos acena. — Bom, eu preciso falar com Nick
sobre algumas coisas de contrato de qualquer maneira. — Henry Shaw é um
conhecido agente esportivo, e é dono de uma agência aqui na Carolina do
Norte. Ele também é agente do Nick.
— Você não esteve em casa nesses dias, — diz minha mãe enquanto
nos dirigimos para a porta da frente. Nick e seu pai pararam de falar, e Nick
está me dando um olhar curioso enquanto se levanta e caminha para se
despedir.
Todos os dias que nós saímos, ele me deixou na minha casa. — Você
vai voltar para casa hoje à noite? — Minha mãe nunca perguntou quando eu
vou estar em casa. Acho que sabendo que estou saindo em poucos dias, ela
de repente sentiu vontade em passar um tempo comigo antes de eu ir.
Mesmo que não tenha dito, acho que nós duas sabemos que uma vez que eu
deixar esta cidade, as chances de eu voltar são escassas.
Ela olha para mim atordoada. Eu nunca pergunto sobre ele. — Sim,
dois meses e meio. — Ela sorri tristemente. — Mas eu sabia que o amava
no minuto em que o conheci.
— Eu não acredito nisso. Ele me amou com todo o seu coração. Não
sei por que ele nunca voltou, mas me recuso a acreditar que é porque ele
encontrou outra pessoa.
— Seu nome é Jase e eu não sei. Estou saindo daqui a alguns dias
para Nova York. É como o pior momento de sempre. E além disso, eu menti
para ele... bem, meio que menti. Ele acha que eu estou na faculdade e sou
mais velha do que sou. — Deixo de fora a parte que ele também não tem
ideia de que eu moro em um estacionamento de trailers decadente do outro
lado dos trilhos. — E ele não tem ideia de que eu vou me mudar em breve.
Duvido que ele até me perdoe por não ser honesta.
Minha mãe pega minha mão e minha garganta bloqueia com emoção.
Ao longo dos anos, eu sonhei em ter uma conversa entre mãe e filha sobre
garotos e, quando finalmente estamos fazendo isso, é sobre um garoto que
vou ter que me afastar, enquanto também me afasto da minha mãe.
— Você precisa falar com ele, Celeste. Encontre-o e conte-lhe tudo.
Se ele te ama, ele vai te perdoar. Ele vai colocar toda essa merda de lado e
se concentrar no que importa. Se é amor verdadeiro, vocês encontrarão uma
maneira de ficar juntos. Todos os dias eu gostaria de ter falado com Snake
antes de ele sair. Eu gostaria de ter conseguido mais informações, para
poder procurá-lo. Não viva com arrependimentos.
Lembrando que há uma chave embaixo do tapete que Jase havia dito
que eu poderia usar, eu a pego e destranco a porta. O apartamento está
quieto, e me pergunto se talvez eu deveria ter ligado primeiro.
Minha necessidade de falar com ele vence e eu sigo pelo corredor até
o quarto dele. Posso ouvir o chuveiro ligado do lado de fora da porta. Um
sorriso se forma nos meus lábios. Eu posso me juntar e conversar com ele.
Mas quando abro a porta, me juntar a ele é a última coisa em minha mente.
Porque deitada em sua cama está Amaya. Seu cabelo vermelho flamejante
está espalhado pelo travesseiro. E ela está nua.
Celeste
Presente
— Se eu ganhar muito mais peso antes deste casamento, vou ter que
comprar um vestido novo. — Olivia acaricia sua barriga crescente e ri. —
Eu não sei o quanto mais a costureira pode esticar o tecido.
Olivia ri, mais uma vez provando como ela é compreensiva e doce. —
Eu sei o que você quis dizer. E você não está errada.
Nós três estamos rindo quando Olivia diz: — Ei, aquele não é o Jase?
— Meus olhos seguem sua linha de visão, e com certeza, Jase está parado
na calçada chamando um táxi.
Faz mais de uma década desde a última vez que o vi. Desde que vi
Amaya em sua cama e ele em nada além de uma toalha. Eu gostaria de
poder dizer que os anos foram ruins para ele, mas isso seria uma mentira.
Jase parece quase o mesmo que era em todos aqueles anos atrás. A principal
diferença é que ele agora se parece menos com um garoto e mais com um
homem.
Ele está encorpado, seus músculos agora mais definidos. Sua pele tem
várias novas tatuagens e seu rosto parece mais duro. Não menos bonito.
Apenas mais cauteloso.
Por causa de sua imprudência, saí do avião em Nova York cem vezes
mais motivada para fazer algo para mim. Eu nunca me tornaria minha
mãe: uma mulher de coração partido ansiando por um cara que claramente
nunca a amara do jeito que ela o amava. Eu sou mais forte e mais sabia
por causa de Jase.
— Você sabe o quê, — paro em frente ao rosto de Quinn. Ela não tem
ideia do que realmente aconteceu — eu não preciso ouvir essa merda de
você. Eu não sabia que vocês trabalhavam aqui, e se eu soubesse, eu nunca
teria vindo.
— Bem, agora você sabe. E para sua informação meus irmãos não
apenas trabalham aqui... eles são donos do lugar. Não deixe a porta bater
em você no caminho, — Quinn diz antes de virar as costas para mim. Eu
considero contar sobre o irmão dela. Dizer a ela que ele é a razão pela
qual eu corri para Nova York, mas não vou fazer isso. Por um lado, admitir
que ele me traiu vai abrir uma lata de vermes que eu não estou preparada
para lidar. E depois, eu não devo a ninguém uma explicação.
— Eu posso ser o mais irritado, mas ainda sou o melhor artista. Não
é verdade, Covinha?
Ele olha em minha direção, e eu atiro adagas para ele. Como ousa
usar o apelido que ele me deu. Ele perdeu o direito de usar esse nome
quando escolheu foder outra mulher.
— Estou apenas chateada porque não sabia que Jase trabalha aqui!
Papai. Ela chamou Jase de papai. Ele é o pai dela. Escaneio meus
olhos sobre ela, absorvendo suas feições: cabelo vermelho flamejante.
Olhos verdes. Já faz mais de dez anos desde que eu vi ela, mas eu nunca
vou esquecer como eram seus olhos e cabelos.
Se eu tivesse que adivinhar, diria que ela parece ter uns doze anos...
talvez treze anos de idade. Eu faço as contas na minha cabeça. Jase sabia
que ele tinha uma filha e não me contou? Eu pego a mão dela na minha e é
então que noto que minhas mãos estão tremendo. — Eu poderia... ter seu
autógrafo? — Ela pergunta, de repente tímida.
Assim que volto para casa, tiro minha roupa de trabalho e coloco um
pijama. Então, depois de servir uma taça de vinho, saio para a varanda.
Quero mandar uma mensagem para Nick e perguntar a ele sobre Jase e
Amaya, mas sei que, se o fizer, ele voltará para mim com uma série de
perguntas. Então, em vez disso, sento-me do lado de fora e bebo meu vinho
com a esperança de que, quando estiver bêbada o suficiente, não pensarei
mais em Jase. E consigo ficar bêbada, mas nem mesmo a quantidade
insanamente grande de álcool no meu sistema pode parar os pensamentos
de Jase.
♥♥♥
— Sim, a química entre você e Jase era tão espessa que eu mal
conseguia respirar, — acrescenta Giselle.
Quando desvio meus olhos, eles pousam em Killian, que está olhando
intensamente para mim, como se ele estivesse esperando para ouvir minha
resposta também. Lá se foi sua gentileza...
— Não importa o que aconteceu. Foi um erro. Um que prefiro não
pensar nunca mais. — E sem esperar que alguém me pergunte o que quero
dizer, saio da sala e vou para a cozinha. Pego uma garrafa de vinho branco
da geladeira e me sirvo um copo. Giselle entra atrás de mim, tira uma
garrafa de Patron do freezer e despeja um pouco em um copo.
♥♥♥
Não é que eu o tenha visto sair para o trabalho esta manhã, é só que
ele usa a mesma versão deste terno todos os dias. Ele se senta ao meu lado e
me dá um rápido — Olá, — antes de tirar o celular do bolso da jaqueta e
começar a digitar. Eu olho para ele por um longo minuto, irritada ‘pra’
caralho que ele já está de volta aos negócios, mas exausta demais para
discutir sobre isso.
Ele coloca o telefone na mesa, mas percebo que ele ainda está no chat
em grupo. — O que deu em você ultimamente? — Ele questiona. — Você
está agindo como uma criança petulante.
Eu zombo como se não tivesse ideia do que ele está falando. Mesmo
que ele esteja certo. Eu mudei. E eu odeio isso. Não quero me sentir assim.
Quero que minha empresa e sucesso me façam sentir completa. Eu quero
que meu lindo apartamento não seja tão solitário. Eu quero que meu
namorado rico e trabalhador seja o suficiente. Mas não posso parar todas as
minhas emoções. Eu senti que estava mudando como sou por um tempo
agora, mas eu ignorei. E então vi Jase, e todas as emoções cruas que eu
mantive enterradas profundamente, surgiram sem a minha permissão.
Não tenho certeza se sua resposta é porque ele não pode me ouvir
sobre a música, ou se ele não entende o que estou tentando dizer, eu repito,
desta vez mais alto. — Eu não posso fazer isso. Não mais. — Então eu
acrescento: — Eu não estou feliz.
Jase
Já faz mais de dez anos, e eu só a tive por uma semana – uma porra de
semana – mas ainda me lembro como ela cheirava – uma mistura perfeita
de seu perfume natural, aquela doce loção de rosa que ela esfregava em
todo o seu corpo e em mim.
Eu estive com várias mulheres ao longo dos anos, mas nenhuma delas
cheirava como Celeste. E isso me faz pensar, se eu andasse até a mesa e a
arrastasse para longe do namorado, ela ainda teria aquele perfume? Ou seria
diferente porque ela não está mais comigo? Ela não está mais na minha
cama, nas minhas roupas. Ela é mais velha agora, mais refinada, mas tão
maravilhosa quanto era naquela época.
Saio da pista de dança e vou até o bar, onde meu irmão, Jax, ainda
está tomando sua cerveja. Eu levanto meu dedo e a bartender se aproxima.
— Dose dupla de Johnnie Walker Black.
— Pode deixar. — Ela me dá uma piscadela de flerte antes de se
afastar para fazer a minha bebida.
Quando balanço minha cabeça, ele diz: — Isso não tem nada a ver
com aquela de cabelos castanhos, pernas sem fim e mulherão, que eu vi
sentada do outro lado da sala com seu namorado certinho, não é? — Meu
olho fuzila Jax, e ele está sorrindo de orelha a orelha. — Acho que sim.
Os olhos de Jax se arregalam, mas ele não está olhando para mim. Ele
está olhando para trás de mim. Quando me viro para ver quem, ou o que,
ele está olhando, Celeste está parada ali, congelada no lugar.
Eu posso estar errado, mas tenho quase certeza de que ela está com
lágrimas em seus olhos. Mas antes que eu possa confirmar, ela volta para a
mesa, claramente ela ouviu o que eu disse. Embora eu não saiba por que
isso a incomoda. Ela escolheu sair. E sem nem mesmo um maldito adeus.
SETE
Celeste
— Ela não era nada mais do que uma transa. — As palavras batem
contra o meu coração, quebrando o pouco do que resta dele, pedaço por
pedaço.
Eu estou prestes a pegar minha bolsa e sair, imaginando que posso dar
uma desculpa através de mensagem, quando Nick olha para cima e me vê.
Suas sobrancelhas franzem em confusão, então, muito rapidamente, seus
olhos ficam cessados, seu rosto inteiro se transformando em raiva. Eu não
tenho certeza do que ele vê, até que minha mão vem até a minha bochecha e
eu sinto a umidade. Estou chorando.
— Sim, você sabe que nós estamos. Não tente mudar de assunto. —
Nick me encara.
Antes que ela possa responder, Nick diz: — Pare. Eu não estou
brincando, Celeste. Você não chora. Nunca.
Incapaz de ter essa conversa sóbria, viro uma dose que está na mesa.
Queima como uma cadela, mas eu mais do que saúdo o desconforto. Depois
que repito isso mais duas vezes, Nick puxa a bandeja para fora do meu
alcance.
Eu nunca contei a ninguém sobre Jase. Ninguém. Saí para Nova York
sem olhar para trás e mantive tudo o que aconteceu entre nós para mim.
Mas de repente, quando olho para Nick e Olivia olhando para mim, sinto
que o peso é demais. Preciso contar a alguém, e se vou confiar em alguém
para saber minha verdade, são eles.
Antes que eu possa impedir que Olivia fale, ela diz: — Algum trouxa
quebrou o coração de Celeste há dez anos, e eu estava apenas dizendo a ela
que, se eu o ver, vou socá-lo no braço por machucá-la. — Sufoco minha
risada com o quão adorável ela é. Olivia não machucaria uma mosca.
— Dez anos atrás... — Killian reflete. Sua cabeça inclina para o lado
um pouco e depois seu olhar passa por cima do meu ombro. Eu não preciso
olhar para trás para saber quem ele está olhando. Ele sabe quem partiu meu
coração. Como? Eu não tenho ideia. Mas ele sabe. Eu vi em seus olhos
quando estávamos no jantar e Jase foi mencionado.
— Qual era o nome dele? — Nick pergunta. — O cara que partiu seu
coração.
— Fale o nome.
— Ela não vai a lugar algum com você, — rosna Jase, e sem sequer
esperar que o cara responda, ele pega minha mão e me puxa na direção
oposta. Eu tropeço um pouco, mas ao contrário do outro cara, Jase percebe,
e em vez de ignorar isso, ele para de andar e se vira, depois me levanta em
seus braços, no estilo de noiva.
A sala está girando, então fecho meus olhos e acaricio meu rosto em
seu peito. Respirando fundo, eu inalo seu cheiro. Ele ainda cheira do
mesmo jeito que em todos aqueles anos atrás. Todo masculino, com
conforto e caloroso. Eu deveria estar me afastando dele em vez de ficar
mais perto. Estar tão perto dele não será um bom presságio para minha
saúde emocional ou mental, uma vez que eu esteja sóbria. Mas meu eu
bêbado não parece se importar. Então, em vez de enlouquecer, solto um
longo suspiro e permito que a vibração de seu corpo me leve a dormir.
OITO
Jase
Porque não há dúvida em minha mente que ela está bêbada por causa
das mentiras que eu falei com meu irmão. Porque mesmo depois de todos
esses anos, eu ainda estou ferido por ela ter ido embora sem nem mesmo
dizer adeus, como o que nós compartilhamos, o que ela me deu, não
significasse nada para ela. Quando a verdade é que aquilo significou para
mim todo o caralho.
— Ela está bem? — Olivia pergunta. Tudo o que posso fazer é acenar
com a cabeça. — Ela só tomou alguns shots aqui. Eu a vi dançando com
aquele cara, mas não achei que ela tinha bebido mais.
Olivia coloca a pequena bolsa em Celeste uma vez que minhas mãos
estão ocupadas, então diz: — Eu vou falar para o Nick te enviar uma
mensagem com o endereço dela. — Ela move algumas mechas úmidas de
cabelo do rosto de Celeste, mas ela nem sequer se mexe. Ela está fora. —
Você pode por favor nos avisar quando ela estiver em casa em segurança?
Talvez eu deva ir também e ficar com ela. — Os olhos de Olivia se enchem
de lágrimas. — Eu sabia que ela estava bebendo, mas eu não sabia...
Ele acena com a cabeça uma vez. — Qual é o seu nome? — Eu dou a
ele todos os meus dados, feliz por Celeste viver em algum lugar seguro, em
algum lugar que se importe com o seu bem-estar. Quando termino, ele passa
o cartão para que o elevador se abra, me dá o número e o andar de Celeste e
me entrega uma chave sobressalente do apartamento dela.
— Obrigado.
Quando entramos, eu a levo direto para o quarto dela. As portas estão
todas abertas, por isso é fácil identificar qual deles é dela. Eu a deito no
meio de sua grande cama, o que a faz parecer ainda menor. Tiro cada um
dos seus saltos e os deixo cair no chão.
Ela está vestindo um vestido preto apertado, e não posso imaginar que
é confortável, mas eu não estou prestes a tirar a sua roupa. Em vez disso,
puxo os cobertores debaixo dela e a cubro. Celeste se agita, seus olhos se
abrem ligeiramente.
Vejo uma cadeira no canto do quarto dela, mas fica muito longe para
vê-la no escuro. Então, tiro meus sapatos e subo na cama ao lado dela. Eu a
vejo dormir por alguns minutos antes de se mexer mais uma vez.
— Sim, eu estou aqui. — Corro meus dedos pelos cabelos dela e ela
revira os olhos levemente.
— Eu poderia ter lhe dado isso, — ela diz, — o que você queria. —
Eu não tenho ideia do que ela está falando, mas agora não é a hora de
perguntar. Ela está bêbada e mal consciente. Eu quase me pergunto se ela
está me confundindo com o namorado dela, mas ela usou meu nome, então
ela sabe que sou eu...
Puxo meu celular para fora do bolso e envio uma mensagem para Jax
e Quinn para que eles saibam onde eu estou e que eu estarei em casa antes
que Skyla acorde. E então, durante as próximas horas, vejo Celeste dormir e
imagino como seria nossa vida se ela não tivesse me abandonado. Eu sei
que é loucura presumir que ainda estaríamos juntos. Nós éramos jovens, e
as probabilidades estavam contra nós, mas o modo que eu sentia sobre ela
naquela época… não tenho nenhuma dúvida que eu teria tentado com todo
o meu ser ficar com ela.
♥♥♥
Eu pensei que quando ela ficasse mais velha, ela deixaria de ser uma
garota do papai, mas ela não fez, e isso aquece meu coração com o
relacionamento que temos. Ouvi histórias de horror sobre garotas em sua
adolescência, mas até agora, minha filha está se mostrando a exceção. —
Onde você estava? Você não costuma ficar fora a noite toda. — Ela sorri
maliciosamente. — Você estava... em um encontro? — Ela mexe as
sobrancelhas de brincadeira.
— Jax já me disse que você levou Celeste para casa, — diz Quinn,
com um tom evidentemente julgador. Eu amo minha irmã até a morte, mas
ela é tão protetora quanto possível. Não importa que Jax e eu somos mais
velhos do que ela. — Tem sido o que... dez anos desde que ela deixou você,
Jase?
Depois que Quinn sai, eu me junto a Skyla para o café da manhã. Ela
empurra a manteiga e o xarope para mim, e quando olho para cima, ela está
sorrindo nervosamente.
— Eu estava pensando, uma vez que a escola está fechada pelas férias
de verão, poderíamos ir visitar a mamãe. Eu realmente quero dar a ela o
papel assinado que Celeste me deu. Eu ainda não consigo acreditar que a
conheci. Ela disse que te conhecia... Como você a conhece? Por que você
não me contou? Isso é algo superimportante, pai. Ela é a melhor modelo da
indústria... em todo o mundo.
Eu ignoro sua divagação, preso nas palavras que ela quer ir visitar sua
mãe. Faz um pouco mais de um ano desde a última vez que fomos visitar
Amaya. Enquanto eu nunca poderia impedir minha filha de visitar sua mãe,
odeio ir para lá. Eu odeio que Skyla veja sua mãe naquele estado.
Toda vez que vamos visitá-la, ela fica com medo e chateada, fazendo
perguntas para as quais não tenho resposta. No passado, porque ela era
muito jovem, assim que estávamos em casa, ela esquecia como ficou
assustada e chateada e pedia para voltar à mãe. Agora, porém, ela está
ficando mais velha, e eu não tenho certeza se ela vai ficar com medo e
chateada ou entender e ficar bem. Não deveria ser assim. Nenhuma criança
deve visitar a mãe nessa condição. Mas está fora das minhas mãos. Não
consigo controlar as decisões que sua família faz. Eu sou grato que, na
maior parte, eles deixam Skyla e eu sozinhos.
Celeste
♥♥♥
Eu estou vestida com um vestido frente única azul royal e com decote
V e uma saia longa que vai até o chão e tem uma fenda subindo ao lado. É
de bom gosto e elegante. Eu devo admitir, Olivia fez um trabalho fabuloso
quando ela escolheu meu vestido.
— Você sabe, — diz ele com um pequeno sorriso. — Você só tem que
deixar ir tudo aquilo que dói.
— Como?
As lágrimas que eu trabalhei tão duro para não deixar cair, caem
enquanto aceno com minha cabeça uma vez e sussurro: — Sim.
— Não, está tudo bem, — digo a ele enquanto nos afastamos. — Foi
há muito tempo e claramente todos os sentimentos eram unilaterais. O que
está feito, está feito.
— Exceto que não está, — aponta Nick. — O que quer que tenha
acontecido entre vocês dois tem persistido e corroído por anos. Talvez seja
hora de vocês conversarem e conseguirem algum fechamento.
♥♥♥
— Ainda não. Papai diz que eu sou muito jovem, — ela rola os
olhos, — mas pretendo ser. Eu também quero desenhar joias, maquiagem e
roupas como Celeste, mas eu vou ter uma linha infantil e teen também.
Você não tem ideia de como é difícil encontrar roupas elegantes quando é
criança, e ser adolescente não é muito melhor. Os designers não parecem
entender que nem todos os adolescentes querem se vestir de maneira vulgar.
— Ele está pegando outro pedaço de bolo para a gente. Eu queria que
minha mãe estivesse aqui. Red Velvet é o favorito dela.
— Por que ela não podia estar aqui? — Pergunto antes que eu possa
parar minha ingenuidade.
Seus lábios se transformam em uma carranca. — Ela está doente. —
Então, como se ela tivesse acabado de se lembrar de algo, seu rosto se
ilumina novamente. — Meu pai disse que eu posso dar o papel que você
assinou. Nós vamos visitá-la neste verão quando a escola acabar.
Suas palavras giram em minha cabeça, e me ocorre que ela disse que
vão visitá-la neste verão. Eles não devem estar juntos depois de tudo. Se
eles estivessem, não a visitariam. Bem, ele merece. Mas então me sinto mal
porque, se não estiverem juntos, significa que Skyla é parte de uma família
quebrada, e eu não desejaria isso para nenhuma criança.
Adam ri. — Bem, olhe para você! Sabendo de tudo. Você deveria
estar fazendo um estágio no Leblanc. — Ele me dá um olhar conhecedor,
que eu ignoro.
Bem quando ela está pegando meu copo vazio, um cavalheiro de boa
aparência se aproxima e diz: — Faça dois.
A bartender repete o que ela fez antes, só que desta vez dobrando os
ingredientes. Quando ela coloca nossos copos na nossa frente, ela mais uma
vez diz: — Duas putas ruivas. — O cavalheiro ri com um aceno de cabeça.
Nós dois pegamos um copo e, depois de brindarmos um contra o outro,
viramos nossos shots.
— Foda-se você.
— Tsk, tsk, isso não é muito feminino Celeste. O que todos os seus
admiradores pensariam se a ouvissem falando como lixo de trailer em vez
da mulher de alta classe que todo mundo conhece? — Eles provavelmente
pensariam que faz mais sentido, já que é de onde eu vim…
Em vez disso, ele simplesmente ri, mas tudo sai errado. Não soa
melódico, despreocupado e bonito como eu me lembro de soar todos
aqueles anos atrás. Não, essa risada é desprovida de todo humor e
felicidade. Ele coloca as mãos em ambos os lados do meu corpo,
enjaulando-me.
— Já faz onze anos, mas seu corpo ainda responde ao meu, — ele
murmura. Recuando levemente, seus olhos cor de avelã encontrando os
meus ônix. Então seus olhos viajam alguns centímetros para o sul,
pousando na minha boca. Sua língua dispara ligeiramente, molhando seus
lábios. Ele vai me beijar. Eu posso sentir isso nos meus ossos.
Um suspiro alto escapa dos meus lábios quando minha cabeça volta,
batendo no espelho. Seus lábios encontram meu pescoço, e quando ele
arrasta beijos suaves e molhados através da minha pele agora aquecida, ele
puxa seus dedos para fora de mim, empurra-me para frente e empurra todo
o seu comprimento duro para dentro de mim. A sensação dele em mim é tão
boa, mas diferente... algo sobre ele está diferente. É isso... Ele está... com
um piercing?
Mas então ele continua, seu pau agora semiduro ainda em mim, e a
realidade bate. Eu apenas deixei Jase me foder... sem camisinha. Estou
tomando pílula, mas esse não é o ponto. Estou prestes a dizer algo quando
Jase fala primeiro.
Eu não posso evitar a risada maníaca que escapa dos meus lábios
enquanto Jase olha para o seu esperma escorrendo pelo interior da minha
coxa. Estendendo a mão, pego uma toalha de papel para limpá-la.
— É bom ver que você agora tem moral, — digo, rindo ainda mais,
— mas você não precisa se preocupar. — Eu pulo da pia e jogo a toalha de
papel no lixo. — Meu namorado e eu terminamos na semana passada.
— Só um amigo.
Eu rapidamente olho para baixo para sua mão esquerda, aliviada que
não há pelo menos nenhum anel em seu dedo.
— E se eu estiver?
Jase
Depois que Skyla tomou banho e foi para a cama, peguei uma garrafa
de Johnnie que o resort mantinha em estoque para comprar e levei para o
terraço comigo antes que Quinn pudesse começar seu interrogatório. Meus
pensamentos não podiam escapar do que Celeste e eu fizemos – o que ela
disse depois.
Ao longo dos anos, achei que Skyla gostar tanto de moda fosse a
maneira de Deus rir de mim, zombar de mim. De todas as coisas em que
minha filha poderia gostar, é claro que ela precisa gostar de moda –
desenhando, desenhando, desenhando, modelando. Ela ama tudo. E para a
maioria das crianças, isso significaria observar as últimas tendências de
longe. Mas para Skyla, porque seus avós são ridiculamente ricos, isso
significa que ela é capaz de aproveitar os luxos das roupas de marca de
perto e de maneira pessoal.
Alguns dias, minha filha coloca roupas que custam mais do que o
pagamento mensal da hipoteca da casa em que vivemos, algo que eu tento
não pensar. Porque, apesar de eu não querer que minha filha use merda
como Burberry e Ralph Lauren, os pais de Amaya, Monica e Phil, pediram
que eu aceitasse os presentes que eles mandam para ela todo mês.
Foi uma das estipulações deles quando eu disse a eles que queria me
mudar para Nova York. A maioria dos avós pediria para visitar de vez em
quando, ou para receber telefonemas, mas não eles. Sua maneira de
demonstrar amor é através de bens materiais. Mesmo que eu não concorde
com isso – e ainda não concordo – significou ir embora com minha filha
sem que eles brigassem. Eu aprendi ao longo dos anos a escolher minhas
batalhas com eles.
O jeito que ela cheirava como a praia e as rosas. O jeito que ela gemia
baixinho toda vez que ela gozava porque ela era jovem e envergonhada,
mas era bom demais para ela segurar isso. Eu poderia te dizer o quão suave
a pele dela era e apontar onde as sardas que ela tem estão localizadas
porque eu passava horas aprendendo cada centímetro de seu corpo enquanto
ela dormia – e enquanto ela estava acordada. Eu poderia dizer-lhe a maneira
adorável que ela franzia o nariz quando não tinha certeza de alguma coisa.
O jeito que ela corava quando eu dizia alguma coisa suja – o que eu fiz só
para ver suas bochechas ficarem rosadas.
Então, enquanto ela não deveria ter sido nada mais do que uma garota
que eu comi algumas vezes – ok, várias vezes – ela era mais do que isso.
Através da minha filha, vi a carreira de Celeste explodir. Desde a sua
modelagem até o início de sua empresa. Eu a vi crescer e florescer em uma
mulher incrível que perseguiu seus sonhos e segurou-os como se fossem sua
linha de vida.
Eu assisti ela ficar noiva de Nick... e então assisti isso terminar. Tudo
ao mesmo tempo, supondo que ela provavelmente nem me reconheceria se
me visse pessoalmente. Até que ela entrou na minha loja e, de fato, me
reconheceu. E naquele momento, pensei que talvez ela se desculpasse por
sair, ou pelo menos, explicar. Mas ela não fez nenhum dos dois. Ela me deu
um nada e agiu como se eu fosse o cara mau. E depois de abraçar meu
irmão, que ela mal conhecia, ela saiu pela porta mais uma vez.
— Jase, você vai me dizer o que aconteceu? — Pergunta Quinn.
Quando eu levanto uma sobrancelha, ela revira os olhos. — Eu não quis
dizer esses detalhes. Eu quis dizer o que está acontecendo com vocês dois.
Eu sei que ela sempre foi a única que escapou... — O que diabos acontece
com meus irmãos se referindo a ela como isso?
♥♥♥
Quer saber por que os pais não ficam bêbados quando têm filhos?
Não é porque eles são mais responsáveis ou maduros. Não, é porque no dia
seguinte, quando aquelas crianças acordam às sete da porra da manhã,
exigindo café da manhã e querer ir para a piscina, não há ninguém para
salvar sua bunda de ressaca porque você é o maldito pai. O que significa
que, mesmo com uma dor de cabeça que não vai embora, você não tem
escolha a não ser se arrastar para fora da cama, tomar um banho, pedir
serviço de quarto e rezar para que ela não escolha falar muito ou fazer
muitas perguntas.
— Sim! — Skyla grita, e eu faço o meu melhor para não recuar com
sua voz. Não é culpa da minha filha que o pai tenha pensado que seria uma
boa ideia depois que ela fosse para a cama ficar bêbado na tentativa de
temporariamente fugir da mulher que ele fodeu no banheiro na recepção de
casamento de seus amigos.
— Celeste! — Skyla grita, e minha cabeça gira tão rápido que parece
que um milhão de unhas foram cravadas no meu crânio. — Aqui! —
Quando finalmente vejo onde Skyla está olhando, vejo Celeste em pé ao
lado de uma poltrona em um pequeno biquíni preto e branco.
Ela está se curvando enquanto empurra seu short para baixo em suas
pernas bronzeadas e tonificadas, e seus seios, os mesmos que eu estava
beijando na noite passada, estão em exibição. Ela se levanta, e é então que
noto que seu estômago liso tem um piercing no umbigo, que está brilhando
à luz do sol. Seu cabelo está puxado para cima em um coque bagunçado e
ela está sorrindo para Skyla, hesitante, tentando decidir se vem ou foge pois
estou perto da minha filha.
— Ok, — Celeste diz com um aceno de cabeça. Depois que ela aplica
protetor solar à sua frente, ela entrega a garrafa ao amigo, que a aplica nas
costas. É preciso de tudo em mim para não sair da piscina, arrancar o frasco
de suas mãos e exigir que ele não a toque. Amigo, minha bunda...
— Ei, Skyla! Você gostou do seu bolo na noite passada? — Ela sorri
tanto, que ilumina todo o seu rosto.
Skyla franze a testa e olha para mim. — Papai, você nunca me trouxe
o bolo. — Ela faz beicinho.
Estou prestes a dar meu discurso padrão de pai – aquele que dou toda
vez que Skyla diz isso, mas Celeste fala primeiro. — Skyla, a escola é
realmente importante, — ela diz seriamente. — É onde você aprenderá
como fazer as contas necessárias para projetar suas roupas. Você gostaria de
usar uma camisa que tenha um braço mais comprido do que o outra? —
Seus olhos se arregalam e Skyla ri com uma sacudida de cabeça.
— Não é um país?
— Umm... — ela tremula, e pela primeira vez, seu olhar vai para
mim, silenciosamente implorando pela minha ajuda.
— Celeste, — eu começo, prestes a dizer a ela que ela não tem que
fazer isso, mas antes que eu possa dizer as palavras, Skyla me interrompe.
O que há com essas malditas mulheres me ignorando como se eu não
estivesse aqui?
— Mesmo? Isso seria incrível! Oh! Desde que você não está ocupada,
você pode vir para o meu dia de carreira na próxima semana? É o último dia
de aula. — Oh, Jesus…
— Sim! Papai, você ouviu isso? Celeste vai vir ao meu dia de
carreira! — Skyla fecha o espaço entre ela e Celeste e a puxa para um
abraço. Envolvendo seus braços em volta da minha filha, os olhos de
Celeste se fecham brevemente, e quando ela os abre, tenho quase certeza de
que seus olhos estão encobertos por lágrimas não derramadas. Mas ela vira
o rosto para longe de mim rapidamente, então não posso confirmar. Por que
ela estaria prestes a chorar? Ela realmente me odeia tanto assim?
— Sky, ela disse que vai tentar. — A última coisa que quero é que
minha filha tenha esperanças e depois seja decepcionada. Ela foi
decepcionada o suficiente em sua vida.
Seu abraço termina e Celeste diz: — Vou dar ao seu pai meu cartão de
visita para que ele possa enviar uma mensagem de texto para mim.
Celeste
Quando paro de gritar para respirar, Margie tira meu celular da mesa e
aperta o botão para tirar do viva voz. — Por favor, desculpe a Celeste. Ela
está atualmente tendo uma experiência fora do corpo. Aliens, vestidos de
Gucci e Marchesa, assumiram o controle. Nós iremos ver seu e-mail mais
tarde. Ciao. — Ela desliga e me dá sua atenção, sua cabeça inclinando
ligeiramente para o lado enquanto eu olho para ela, irritada por ela fazer
piadas enquanto eu me sinto tão irritada e agitada que estou prestes a
arrancar minha pele do meu próprio corpo.
Eu ouço uma risada alegre, mas sem resposta. Meu telefone toca e
Margie olha para ver quem está ligando, depois entrega para mim. — É
Victoria Shaw.
Eu atendo, rezando para que nada tenha acontecido com minha mãe.
Desde que Nick e eu cancelamos nosso noivado no ano passado, e ele
deserdou seus pais depois que eles tentaram arruinar seu relacionamento
com Olivia, Victoria e eu temos sido um pouco distantes.
Era como se uma linha tivesse sido cruzada e eu escolhi ficar ao lado
de Nick e Olivia. Ela estava errada, mas se recusa a ver. Em todo caso, ela
não me ligou nem uma vez a não ser que seja algo em relação a minha mãe.
Solto um longo suspiro, sem saber como lidar com essa situação.
— Celeste. — Quando Victoria diz meu nome, lembro que ainda
estamos no telefone.
— Quando foi a última vez que você procurou por ele? — Margie
pergunta. Ela também está ciente de toda a situação da minha mãe.
— Eu não procurei.
Eu deixo cair meus olhos no chão, não querendo ser mais analisada.
— Eu não tenho medo... — Mas até para os meus próprios ouvidos, posso
ouvir a falta de convicção.
— Sim, você tem, — ele argumenta. — Você tem medo do que pode
encontrar. Que talvez ele não seja realmente seu pai ou esteja morto. Ele
pode ser algum idiota que não é tudo que sua mãe o fez ser. — Eu recuo
com as palavras dele, mas ele não para por aí. — Ou pior, você está com
medo de encontrá-lo vivo e isso significaria que ele partiu porque ele não
queria sua mãe... ou você. — Eu não me incomodo em discutir. Ele acertou
o prego na cabeça.
— Você está certo, — eu admito, minha voz engasga com a culpa que
estou sentindo agora. Era fácil fingir que a situação não existe quando
minha mãe vive a mais de 800 quilômetros de distância e não o menciona
nas raras vezes em que conversamos. Mas agora que Adam abriu o armário,
derramando todos os esqueletos, não posso simplesmente colocá-los de
volta e fingir que não existem. — Eu vou dar uma pesquisada para
encontrar um IP3.
Skyla só mencionou que eu tinha que falar, mas eu queria fazer algo
extra para torná-lo memorável para ela, então quando voltei para o meu
escritório no dia seguinte, comecei a trabalhar juntando uma surpresa que
acho que ela vai amar.
Ontem eu considerei ligar para Nick para pegar o número de Jase para
perguntar a ele, ou procurar pelo endereço dele para que eu pudesse pelo
menos enviar a surpresa para Skyla, para que ela pudesse entregá-los a seus
colegas de classe se ela quisesse. Então, ontem à noite, enquanto eu estava
decidindo o que fazer, a mensagem de Jase finalmente chegou.
Irritada porque ele esperou até o último segundo possível, eu nem
sequer me incomodei em responder. Foi imaturo, mas, por outro lado, ele
também foi me fazendo esperar por tanto tempo. Eu só espero que Skyla
não pense que minha falta de resposta significa que eu não estou indo. Com
certeza, se Jase pensasse isso, ele teria mandado uma mensagem outra vez
para perguntar. Certo?
Olhando para a hora atual no meu celular, digo a Adam que nos
chame um carro, depois Margie me ajuda a pegar a caixa de presentes. Hoje
é sobre Skyla, não Jase, e se ele acha que me mandar mensagens no último
minuto vai me tirar do sério, é melhor ele pensar de novo.
Jase
Poderia ficar ofendido com o fato de sua filha preferir ter uma mulher
que ela mal conhece para falar, em vez de seu próprio pai, mas não me
ofendo nem um pouco. Skyla nunca demonstrou interesse em tatuagens.
Toda a sua vida, desde que ela mal tinha idade para escolher suas próprias
roupas, tem sido sobre moda. Eu sei o quão importante hoje é para ela.
Embora ela não conheça Celeste pessoalmente, minha filha cresceu
seguindo sua carreira e adorando a passarela que ela veste.
Não faço ideia se ela vai estar lá hoje. Várias vezes, eu considerei
enviar mensagens de texto para perguntar a ela, mas o orgulho é uma coisa
engraçada. Mas agora, quando fecho minha estação e saio pela porta, eu
gostaria de ter feito isso. Eu poderia ter preparado o Skyla corretamente.
Como a escola da Skyla está localizada em Lower Manhattan, eu
pego um táxi. Eu raramente dirijo meu próprio carro na cidade,
especialmente desde que Skyla vai no ônibus para a escola, e é mais rápido
eu andar de metrô ou pegar um táxi para o trabalho.
♥♥♥
— Yay! — Exclama Skyla. Porque é o último dia de aula, ela não tem
mochila nem nada. Depois que Celeste nos apresenta a sua assistente,
Margie, e eu a seu amigo, Adam, já que aparentemente minha filha já o
conhece, eu chamo um Uber para nos pegar. Porque estamos na escola de
Skyla, não há como pegar um táxi. Poderíamos caminhar até o metrô, mas
duvido que Celeste queira ir tão longe em seus saltos. É um pouco de
caminhada.
— Sim.
— Não, não estava. Obviamente você não está mais junto com ela, ou
ela estaria morando em Nova York. — Ela olha para todos os lados menos
para mim enquanto fala. — Eu ainda não quero ouvir sobre ela.
A mão que segura o copo dela paralisa e então ela o coloca de volta
na mesa. — Desculpe?
— Ela está em coma. Quando Skyla tinha quatro anos, Amaya foi
encontrada inconsciente. Eles foram capazes de reanimá-la, mas ela entrou
em coma.
Eu olho em volta para ter certeza de que Skyla não está perto de nós,
então me inclino e sussurro: — Skyla não é biologicamente minha. Mas ela
não sabe, então, por favor, não repita isso. — Eu nunca admiti isso para
ninguém além de meus irmãos, mas por alguma razão, sinto a necessidade
de me defender de Celeste.
Abro a boca para discutir quando Skyla vem correndo. — Olhe para
este urso de pelúcia adorável que eu ganhei.
— Nah, Willow e Gage têm clientes. Gage vai fechar. Minha última
sessão teve que reagendar, então voltei para casa. — Ele aperta o pausa no
programa que está assistindo e se vira para mim. — Como foi o dia da
carreira? Eu entendo que pelo jeito que Sky estava falando, Celeste
apareceu.
— Claro.
Não tendo a menor ideia de onde Celeste poderia estar, decido que é
melhor pegar meu próprio carro. A meio caminho da casa dela, imagino que
aparecer sem ser anunciado provavelmente não vai dar certo com ela, então
eu ligo para ela. Ela atende no terceiro toque.
— Olá? — Sua voz é tímida, sem saber por que estou ligando.
— Agora?
— Não, obrigado.
— Vinho?
— Eu estou bem.
— Obrigado por vir hoje, — digo a ela, parecendo minha filha. Acho
que entre Skyla e eu agora agradecemos a Celeste pelo menos dez vezes.
Ela serve uma taça de vinho branco e toma um gole. Quando o copo
sai da boca, a língua desliza pelo lábio inferior carnudo, saboreando o
vinho. Isso me faz querer passar minha própria língua ao longo de seus
lábios para provar o que ela está tomando.
— Eu não fiz isso por você, — diz ela, tomando outro gole.
Celeste bufa. — Já faz mais de dez anos, Jase. Não há razão para
mentir. Eu vi você.
— O dia antes de... — Ela engole em seco. — Eu fui para te ver. Fui
falar com você e, quando abri a porta, vi Amaya em sua cama. Ela estava
nua e você estava em uma toalha, saindo do banheiro. Seu cabelo estava
molhado como se você tivesse acabado de sair do chuveiro. — E de repente
tudo volta.
Todos estes anos e ela apenas presumiu que eu a trai. Ela nem sequer
teve a decência de me confrontar. Ela estava bem ali. Ela poderia ter falado.
Gritado! E eu teria explicado. Em vez disso, ela correu.
— Eu fui tão pouco para você que você nem parou por um segundo
sequer. Você viu o que queria ver para poder sair sem se sentir culpada. —
Todas as peças do quebra-cabeça finalmente se encaixaram. Todos esses
anos eu me perguntei por que ela foi embora sem se despedir. Agora eu sei.
— Culpada por quê? — Ela coloca seu copo de vinho e coloca uma
mão no quadril.
— Por ter me feito de idiota, em primeiro lugar. Por mentir para mim
sobre sua idade e onde você estudou. Por não me dizer que você tinha um
maldito estágio esperando por você em Nova York!
♥♥♥
O passado
Eu não tenho notícias de Celeste em dois dias. Ela deveria vir ontem à
noite, mas ela nunca apareceu. Pensei que talvez eu a tivesse entendido mal,
mas quando ela também não apareceu esta noite, sabia que algo estava
acontecendo.
Pensei em enviar uma mensagem para ela e percebi que nunca recebi
o número dela. Então, enviei um e-mail para ela, mas ele retornou. Não
voltou inválido o e-mail quando lhe enviei a imagem da tatuagem, o que
significa que a conta foi excluída apenas recentemente.
Não tenho certeza para onde ir a partir daqui, então ligo para Nick
para pegar as informações dela, mas ele não atende. Sem deixar uma
mensagem, desligo e pulo no meu carro para ir para a NCU. Enquanto eu
estou vasculhando o enorme campus que está quase vazio, já que os exames
estão praticamente acabados e todo mundo está indo embora para o verão,
vejo Killian fazendo malabarismos com algumas caixas.
— Bem. — Eu pego uma das caixas dele para que elas não caiam. —
Finalmente acabou?
— Mas com a porra da certeza que sim. Esta é a última das minhas
coisas. Estou indo para Nova York hoje à noite. Apenas deixando essa
merda na casa dos meus pais antes de decolar. — Killian foi fisgado pelo
New York Brewers como uma escolha de primeira rodada.
Por uns bons trinta segundos, Killian me dá um olhar duro, e então ele
diz: — Ela não está mais aqui. Ela se mudou para Nova York há alguns
dias.
— Sim, ela realmente saiu mais cedo do que o planejado. Ela deveria
estar em sua formatura, mas não apareceu. Nick disse que ela pulou e partiu
para Nova York cedo. Ele conseguiu um estágio em uma agência de
modelos.
Ela tinha que saber que eu não tenho dinheiro, mas ela ainda agia
como se estivesse se apaixonando por mim da mesma maneira. Ela me deu
sua virgindade, passou a semana na minha cama. Nós saímos com a minha
família, fomos ao cinema. Ela até veio me ver na loja várias vezes. Nada
disso faz sentido. Mas isso realmente não importa porque ela foi embora.
Ela subiu em um avião e voou mais de oitocentos quilômetros sem sequer
dizer um adeus.
TREZE
Celeste
— Você não sabe nada sobre mim! — Eu grito, incapaz de ouvir outra
palavra de sua boca. — O outro lado? Eu sou o outro lado! Eu morava em
um trailer de dois quartos de merda que, mais vezes do que sim, não tinha
eletricidade ou água funcionando! — Eu levanto minhas mãos em
frustração. Minha mão bate no meu copo de vinho e ele cai no chão,
quebrando em pedaços quando atinge o chão de madeira. Eu recuo, mas
deixo de lado. Vou lidar com isso mais tarde.
— Eu sei, mas você também me disse que odiava seu pai por mentir,
então eu estava com medo de lhe dizer a verdade.
Oh meu Deus. Oh. Meu. Deus. Todos esses anos eu presumi que ele
dormiu com ela, presumi que ele me traiu. Que ele queria ela e não eu. Eu
fecho meus olhos, envergonhada com o quão estúpida eu fui.
— Você viu o que queria ver para poder sair sem se sentir culpada.
Talvez ele esteja certo. Talvez eu vi o que queria ver, para poder pegar
o caminho mais covarde e sair. Eu poderia ter entrado e gritado com ele. Eu
poderia ter feito perguntas, ter exigido uma explicação. Mas em vez disso,
peguei o primeiro voo e saí.
Eu não sei se ele quer dizer que ele não me deixaria ir para New York,
ou se ele não teria me deixado ir, mas de qualquer forma, suas palavras são
o meu ponto de ruptura.
— A noite que eu fodi você na pia do banheiro? — Ele ri, seus lábios
sugando o ponto macio logo abaixo da minha barriga. — Sim. — Ele beija
ao longo da minha clavícula, enviando arrepios de prazer pela minha
espinha.
Com a mão livre, ele levanta minha perna para o alto, ficando acima
de seu antebraço, e depois afunda dentro de mim. A sensação de Jase me
enchendo é como estar perdida e, finalmente, encontrar o caminho de casa.
Eu me sinto completa, inteira. Se possível, mesmo com todos os anos em
que estivemos separados, a conexão entre nós só foi intensificada. Com
golpes profundos e frenéticos, ele trabalha meu corpo.
Seus dedos soltam meu cabelo para que ele possa se apoiar em ambas
as mãos para ir ainda mais fundo, e eu puxo seu rosto para o meu, não
querendo perder nenhuma parte da nossa conexão. Nossas línguas se
movem freneticamente uma contra a outra. Minhas unhas raspam levemente
ao longo de suas costas, meu orgasmo começa a crescer. Meus dedos
deslizam por sua pele úmida. Nós dois estamos suando muito. Os impulsos
de Jase ficam mais duros, mais ásperos, mais exigentes.
Ele move o braço e minha perna cai na cama, mas ele não sai. Em vez
disso, ele passa os próximos vários minutos acariciando meu pescoço.
Beijando minha pele febril. Lambendo meus mamilos. Seu pau pulsa, me
lembrando que ele ainda está dentro de mim. Eu nunca me senti tão
completamente adorada em minha vida. Quando ele finalmente puxa para
fora, ele abaixa seu corpo até que seu rosto esteja perto e pessoal com
minha boceta.
Com meu corpo já sensível, sinto meu orgasmo novamente. Ele solta
meu cabelo e me deita de costas. Minha bunda fica mais elevada e ele se
afunda em mim mais profundamente. Minha bochecha pressiona contra os
lençóis e meus olhos se fecham quando me perco em tudo o que é Jase.
♥♥♥
Quando meus olhos se abrem, a sensação de cócegas que sinto faz
meu coração se expandir. Eu solto um suspiro suave enquanto me permito
lembrar da última vez que eu acordei com Jase em minha pele. A última vez
pensei que era um inseto rastejando em mim, mas agora eu sei que é a
sensação da caneta correndo ao longo da minha carne.
— Bom dia. — Eu rodo e fico cara a cara com Jase. Seus olhos cor de
avelã estão brincalhões e sua barba por fazer me faz querer esfregar minha
bochecha ao longo da dele. Seus lábios pressionam os meus para um beijo
casto antes de voltar e ficar de pé.
— Eu preciso ir para casa. Meu irmão está de olho em Skyla, mas ele
precisa entrar na loja. Ele tem um compromisso antecipado. — Ele corre os
dedos pelo lado da minha bochecha de um jeito tão amoroso que meu corpo
estremece. Jase percebe e sorri. — Eu amo o quão responsivo seu corpo é
para mim.
Jase puxa sua cueca boxer para cima, colocando seu lindo pau dentro,
e eu franzo a testa. Ele, claro, vê e ri. — Não me dê esse olhar ou eu nunca
serei capaz de sair.
Ele joga a cabeça para trás na risada mais bonita, mas faz o que eu
digo. — Amaya veio até mim quando descobriu que estava grávida. Ela não
tinha ideia de quem era o pai. Ela estava festejando muito e poderia ter sido
vários caras. Ela me pediu para ajudar a mantê-la sóbria. Ela queria fazer o
certo com seu bebê.
Eu engulo em seco. Sei tudo sobre a falta desse gene. Eu não posso
nem imaginar se ficasse grávida, o que eu faria com um bebê. Claro,
financeiramente posso manter um, mas o dinheiro não pode tornar você pai.
Não pode nutrir, amar e proteger. A mãe de Nick era rica e não tinha todos
os genes maternos. Minha mãe era pobre e não era melhor.
— Ela voltou quando Sky tinha três anos de idade. — Jase fica quieto
por um momento, e então acrescenta: — Foi na verdade o dia em que você
se encontrou com ela. Ela perguntou por aí e descobriu para onde nos
mudamos. — Ele balança a cabeça. — Ela me disse que estava de volta e
pediu desculpas por ter ido embora. Ela disse que as coisas seriam
diferentes. Ela queria se limpar.
— É por isso que você levou Skyla? Por culpa? — Eu não estou
tentando julgá-lo, mas tentando entender.
— Não. Os pais de Amaya são ricos ‘pra’ caralho, mas eles são mais
velhos e disseram francamente que não poderiam lidar com a criação de
outro filho. Inferno, eles mal criaram Amaya. Eles disseram que iriam
contratar uma babá em tempo integral, mas eu não podia deixar isso
acontecer. Eles escolheram sua liberdade, Amaya escolheu as drogas... Sky
precisava de alguém para a escolher.
— Eu não estava procurando por isso. Eu não queria isso. Para ser
honesta, de muitas maneiras, você é o motivo de eu estar onde estou hoje.
Quando cheguei naquele avião, fui motivada e determinada a ter sucesso
sozinha. E desde você, eu só namorei caras que eu sabia que meu coração
estaria seguro.
— Por quê?
— Bem, — eu começo, — você agora sabe que eu cresci em um
trailer com a minha mãe.
Eu evito meus olhos por vergonha, mas Jase inclina meu queixo com
o polegar, então não tenho escolha a não ser olhar para ele. — Não faça
isso, — diz ele. — Não se esconda.
Eu aceno uma vez e depois conto a história da minha mãe e meu pai.
Além das poucas pessoas que me são próximas, Jase é a primeira pessoa
que eu já contei. Quando termino, ele pergunta: — Então, você o
encontrou?
— Ligue para ele. Você é muito mais forte do que se dá crédito. Sem
se esconder mais atrás de seus medos. Você não está mais sozinha. Eu te
dou cobertura. Ok?
— Você disse que quando era mais jovem, queria que um homem rico
cuidasse de você... até que você me conheceu. Que tipo de homem você
quer agora?
Eu aceno uma vez e Olivia grita: — Você pode por favor falar
verbalmente? Estou no Facetime, caso você tenha esquecido. — Reviro os
olhos e Giselle ri. Olivia está atualmente na Disney em sua lua de mel, mas
insistiu em não perder nosso encontro semanal, por isso estamos usando
meu laptop para o Facetime com ela no café que Giselle e eu estamos
sentadas. Normalmente almoçamos ou jantamos, mas eu só estava
disponível para me encontrar cedo esta manhã, então café e rotisserie5 será.
— Bem, desde que é bom sair, nós temos uma reserva para fazer uma
viagem no segundo fim de semana de julho. Não temos a menor ideia de
quando teremos tempo para ir, uma vez que a temporada de futebol de
Killian começar, além do fato de que teremos essa garotinha, — ela dá um
tapinha em sua barriga de grávida, — bem no meio da temporada.
— Oh sim! Isso vai ser muito divertido, — diz Olivia. — Meus pais
vão cuidar do Reed.
♥♥♥
— Ok, bem, isso é um começo. Por que você não me envia todos os
detalhes que você tem, incluindo as datas em que estavam juntos e qualquer
descrição dele que você conheça. Pergunte a sua mãe se ela pode se lembrar
de alguma tatuagem específica.
Enquanto eu ainda estou – se não mais – atraída por ele, não sou
estúpida o suficiente para acreditar que podemos simplesmente continuar de
onde paramos. Estamos em uma cidade diferente, ambos administrando
negócios. Jase é um pai! Eu jurei que nunca teria filhos. Eu não sei onde
estamos, e estou começando a desejar ter perguntado a ele quando esteve
aqui outro dia, mas ao mesmo tempo, não acho que estou pronta para
colocar um rótulo em nós. É tudo muito novo, mesmo que não seja. Ugh! É
tão confuso.
— Como você está? — Jase pergunta, sua voz suave como a melhor
seda. Eu não percebo, até que solto uma respiração forte, que eu estava
segurando minha respiração. A maneira como ele fala não soa como um
homem que se arrependeu de estar comigo.
— Oh, sim? — Eu grito como uma menina da escola com uma queda.
Droga! Como Jase sempre consegue me transformar em uma garota tão
feminina?
— Sim, — diz ele, sua voz rouca. — Minha irmã está tendo uma festa
do pijama com Sky em sua casa esta noite, então eu estava pensando que
você poderia ir até a loja e ficar um pouco e então eu poderia lhe mostrar a
minha casa.
— Ele está tendo uma festa do pijama também... com uma garota que
ele tatuou mais cedo... na casa dela. — Ele solta uma risada. — Então o que
você diz?
— Eu deveria, hum... — Eu limpo minha garganta, de repente
nervosa. — Devo fazer uma mala?
Jase
Nos últimos dez anos, minha vida tem sido sobre minha filha e nosso
futuro. Eu passei horas aprendendo a ser um pai solteiro para uma menina
com um passado triste, enquanto também tentava fazer um negócio crescer.
Por causa disso, o tipo de sexo sem compromisso se tornou meu alvo.
Nas noites em que minha irmã ou irmão cuidavam da minha filha, eu me
encontrava com mulheres diferentes. Algumas, eu saí mais vezes para ver
onde as coisas poderiam ir, outras, não era nada mais do que uma coisa de
uma só vez. Mas nunca houve uma mulher solteira que eu conhecesse que
pudesse imaginar levar para casa para conhecer minha família, conhecer
minha filha.
Mas agora, pela primeira vez, posso ver essas duas partes que
trabalhei tanto para não tocar, unir e se tornar uma. Casa, família e
casamento. Passando meus dias fazendo o que amo, minhas noites com
minha família em volta da mesa de jantar ou no sofá assistindo a um filme,
fazendo viagens em família para parques de diversões e minhas noites... eu
posso vê-las vividamente. Na cama, me perdendo em uma mulher –
Celeste. O problema é que eu estou quase certo de que, se eu dissesse algo a
ela, ela provavelmente iria correr para as colinas... ou a passarela.
É por isso que levei alguns dias para tomar coragem em ligar para ela.
Eu queria dar a ela tempo, caso ela decidisse que uma noite era tudo o que
queria. No caso de ter sido pega no momento e não querer dizer o que disse
sobre querer ser amada. Ou talvez ela quis dizer aquilo, mas não quis dizer
para mim especificamente. Ou talvez ela se referisse a mim naquele
momento, mas não pensou sobre o que implicaria estar com um cara como
eu.
Sim, estou plenamente consciente de que estou pensando demais nas
simples cinco palavras que ela disse, mas não posso evitar. Parece que me
foi dada uma segunda chance, só que tudo mudou. Não somos mais os
indivíduos despreocupados que uma vez fomos, deitados na cama,
enrolados um no outro, apenas com o pensamento de nossos sonhos e
futuros à nossa frente. Agora estamos realmente vivendo eles.
Então, com tudo isso dito, planejei dar mais tempo a Celeste, mas
então minha irmã pediu para levar Skyla, e eu não pude esperar mais para
ligar para ela. Quando perguntei se ela queria vir, esperei qualquer
hesitação, mas não ouvi nenhuma. Ela parecia nervosa, no entanto, o que
me diz que preciso levar as coisas devagar.
— Droga, cara, parece muito bom. — Ele sorri. — Está feito, hein?
Nós apertarmos as mãos, eu abro a porta para ele sair, depois pego
meu telefone e envio uma mensagem para Celeste. Eu não quero trancar a
porta até ela chegar aqui. Há um movimento vindo do meu lado esquerdo
que me faz virar a cabeça, e é quando a vejo encostada na mesa de sinuca.
Ela está vestindo um vestido bege simples que com certeza é o traje
de negócios, mas ainda é decotado o suficiente para sugerir o quão perfeito
e alegre seus seios são, e ainda curto o suficiente para mostrar suas pernas
bronzeadas e sexy que atualmente estão cruzadas em seus tornozelos. Ela
está usando saltos combinando que são altos o suficiente para serem
considerados como armas. Mas a única coisa que eles me fazem pensar
neste momento é como eles ficariam se afundando em minhas costas
enquanto eu a foder naquela mesa de sinuca.
Ela ri. — Eu só posso imaginar quantas vezes você usou essa cantada
para pegar uma mulher. — Ela passa as mãos ao longo do tecido vermelho
bordô. — Aposto que você ensinou muitas mulheres a jogar, não é? — Ela
sorri divertidamente, mas posso ver em seus olhos, a insegurança oculta.
Ela está perguntando, sem perguntar, se eu estive com muitas mulheres.
Puxando seu rosto para o meu, dou-lhe um beijo duro. Faz apenas
alguns dias, mas porra, se eu não senti a falta dela ‘pra’ caralho. Quanto
mais nos beijamos, mais profundo fica. Minhas mãos acariciam as coxas de
Celeste enquanto as dela puxam meu cabelo, me puxando para mais perto.
Eu posso sentir seu calor pressionado contra a minha virilha. Ela está se
esfregando contra mim, tentando se liberar.
Eu olho para ela e percebo que suas bochechas e seu pescoço estão
ligeiramente rosados. Seu peito está subindo e descendo como se ela
estivesse sem fôlego. — O quê? — Eu pergunto, confuso. Ninguém está
aqui além de nós. Eu me assegurei disso.
— Oh, — ela diz, sua voz sem fôlego, confirmando minhas suspeitas.
— Eu não sei se... — Suas palavras são cortadas com um gemido alto
quando eu me inclino para trás e chupo seu clitóris na minha boca, meus
dentes raspando ao longo da carne sensível, e minha língua sai correndo
para lamber seus sucos.
— Bom saber.
Abro a porta para que Celeste possa sair primeiro, mas quando ela
passa, ela esfrega a mão propositadamente ao longo do meu pau duro.
Agarrando seu pulso, eu a puxo de volta para mim, passando o cabelo para
o lado, para que eu possa beijar seu pescoço. Eu não sei o que é sobre essa
mulher, mas estou viciado. Eu não posso nem mesmo passar cinco minutos
sem deixar de tocá-la de alguma forma.
— Nick me fez assistir uma vez. — Ela desliza para dentro do carro, e
eu fecho a porta quando ela está completamente dentro. Ela coloca o cinto
de segurança, e eu ligo o carro. Quando o motor V8 ressoa, as sobrancelhas
de Celeste se elevam, impressionadas.
Incapaz de lidar com outro segundo de seu toque sem ser capaz de
retribuir, faço uma curva acentuada para a direita em uma rua lateral. O
beco está vazio, mas mesmo se estivesse cheio de gente, eu não daria a
mínima.
Depois de soltar o cinto de segurança, empurro minhas calças e
boxers para baixo, e meu pau sai livre. Inclinando-me, agarro seus quadris e
puxo ela em cima de mim, suas pernas pousando em ambos os lados do
meu assento.
Ela se mexe contra mim, seu clitóris fazendo fricção contra a minha
pélvis. — Oh meu Deus, Jase. — Seus olhos rolam para cima. Eu estava
preparado para assumir o controle, para fodê-la até que nós dois
gozássemos, mas em vez disso eu me sento e vejo como minha mulher me
monta. Enquanto ela explora, como se fosse sua primeira vez encontrando
sua própria liberação, e foda-se se não é a coisa mais quente que eu já
experimentei.
♥♥♥
— Vire-se para que eu possa limpar suas costas. — Celeste sorri,
sabendo que a última coisa que quero fazer é limpá-la. Quando chegamos à
minha casa, tentei fazer um tour completo, mas assim que chegamos ao
meu banheiro, ela insistiu, enquanto tirava as roupas, que ela poderia ver o
resto da minha casa mais tarde. Sem esperar que eu concordasse, ela ligou o
chuveiro e entrou. Então, fiz o que qualquer anfitrião altruísta faria e me
juntei a ela.
— Bem, a menos que você esteja bem com alguma ação na porta dos
fundos, — mexo minhas sobrancelhas de brincadeira, e os olhos de Celeste
se arregalam. — Eu prometo que só vou lavar suas costas sensuais.
Ela acena com a cabeça uma vez lentamente, e então me choca ‘pra’
caralho, quando se vira e de costas para mim, diz: — Eu acho que quero
descobrir. — E para o inferno, que ela não precisa me dizer duas vezes.
— Uh huh.
Rindo baixinho, puxo meu dedo para fora, em seguida, coloco dois de
volta. — Oh... Oh meu Deus, Jase. — Ela geme, empurrando sua bunda
para trás. — Você pode... adicionar outro?
— Oh, porra, tão bom. — Sua bunda agora está encontrando meus
dedos empurrados por impulso. Eu vejo meus dedos deslizarem dentro e
fora do seu rabo apertado. Eu não estou nem fazendo nada neste momento.
É tudo dela. Ela está fodendo meus dedos, trabalhando mais e mais forte.
Eu olho para cima a tempo de ver uma das mãos dela sair da parede e ir
para o mamilo, assumindo o que eu estava fazendo.
Precisando estar dentro dela, puxo meus dedos para fora e empurro
em sua boceta quente. Suas paredes ainda estão contraídas enquanto aperto
seus quadris e a fodo por trás. Eu sinto como o orgasmo dela se transforma
em outro. Empurro nela mais algumas vezes até que eu não aguento mais e
libero a minha semente profundamente dentro dela.
Nunca foi assim tão bom, nunca. Estar com ela, nela. É perfeito ‘pra’
caralho. Ela é perfeita ‘pra’ caralho.
— Sim?
♥♥♥
Eu me sento, meu olhar voando para a mulher nua que está deitada ao
meu lado com apenas um lençol fino cobrindo a curva de sua bunda. O som
dos pés de Skyla percorre o corredor, e eu voo para fora da cama para
impedi-la antes que ela entre no meu quarto.
Grato porque adormeci com as minhas boxers, corro para a porta para
trancar, mas estou um segundo atrasado. A porta se abre, me batendo na
testa, e Skyla entra no quarto antes que eu possa impedi-la.
Eu pressiono minha mão nas costas dela, guiando-a para fora do meu
quarto quando Celeste, completamente alheia ao que está acontecendo,
chama meu nome. Sua voz está rouca de sono, e se minha filha não
estivesse atualmente no meu quarto, isso me faria querer afundar minhas
bolas dentro dela para que eu pudesse ouvi-la chamar meu nome com a
mesma voz uma e outra vez. Mas minha filha está de fato no meu quarto e
agora ciente de Celeste deitada na minha cama.
— Celeste, você está aqui! — Skyla grita, muito animada que sua
modelo esteja em sua casa para juntar as peças do porque ela está aqui na
minha cama. Meus olhos se voltam para Celeste, que se vira, chocada, e se
levanta em posição sentada, com os seios nus à mostra. E foda-se se eles
não são perfeitos... Jesus! Agora não é hora de pensar em seus seios nus.
— Você está sem suas roupas, — Skyla aponta, o canto de sua boca se
curva em um sorriso de conhecimento.
— Tudo bem. — Ela bufa. — Você pode perguntar a ela que tipo de
donuts ela quer?
Mas agora o quê? Eu devo falar com ela sobre isso? Tentar negar?
Admitir? Eu não tenho ideia de como a mente de um jovem de treze anos de
idade funciona. O sexo está no cérebro dela? Porra! O pensamento de ter
que ter uma conversa sexual com minha filha me faz me sentir doente. É
por isso que eu sou tão cuidadoso, porque nunca trago mulheres para casa.
Mas por alguma razão, quando estou perto de Celeste, todo o raciocínio
parece voar pela janela, deixando-me pensar com a maldita cabeça errada.
— Você pode sair agora, — eu digo uma vez que ouço a porta da
frente se fechar. Celeste sai do banheiro, o lençol ainda enrolado em volta
dela como uma toalha enorme, e não posso deixar de puxá-la para os meus
braços.
Sua cabeça cai contra o meu peito. — Eu não posso acreditar no que
acabou de acontecer. — Ela geme.
— Tudo bem, — eu digo, não querendo que ela se sinta mal. Nada
disso é culpa dela. — Acontece.
— Quantas vezes isso já aconteceu? — Ela olha para mim com uma
carranca no rosto.
— Nada. — Ela balança a cabeça, mas ela está escondendo algo. Seu
rosto está cheio de emoção que eu nunca vi nela antes. — Eu preciso ir. —
Ela pega sua bolsa do chão e vai direto para o banheiro.
Ela recolhe suas coisas, coloca tudo em sua bolsa, joga o lençol de
volta na cama, empurra sua bolsa por cima do ombro, então sai do meu
quarto e desce as escadas.
— Tudo bem. — Eu não tenho certeza do que mais dizer. O que quer
que esteja fazendo ela pirar, ela obviamente não está pronta para falar.
Ela abre a porta e nos encontramos com uma sorridente Skyla e uma
carrancuda Quinn.
Skyla vê a bolsa nas mãos de Celeste e seu sorriso cai. — Você não
está indo embora, está? — Ela sussurra.
— Jase, — Celeste diz. — Por que você está olhando assim para
mim?
— Termine o que você estava indo dizer. Não é você, sou eu, certo?
— Não... sim... eu não sei. — Ela deixa cair a bolsa e leva as mãos até
o rosto. Eu dou um passo à frente, precisando puxá-la para os meus braços.
Toda vez que eu a toco, sinto-me muito mais ligado a ela. E quando eu a
sinto saindo, sinto a necessidade de puxá-la de volta. — Skyla entrando e
nos vendo foi apenas um choque. Eu acho que me assustei.
— Sou pai, Celeste. Isso não vai mudar. — Ela tira as mãos do rosto e
olha nos meus olhos. — Eu sei como nossos mundos são diferentes. Você é
linda, rica, empresária e uma grande modelo. Inferno, minha filha é uma
maldita fã sua. E sou apenas eu... um tatuador lutando para sobreviver.
Há tantas coisas que eu poderia dizer para ela agora. Eu poderia dizer
a ela que já está acima da metade dos pais neste mundo apenas por
conhecer e reconhecer o que faz um pai um merda. Que o fato de ela, sem
saber, colocar minha filha em primeiro lugar – mesmo que ela não fosse ser
uma merda de mãe – simplesmente dizendo o que ela fez, quer dizer muito.
Celeste só esteve perto de Skyla algumas vezes, e ela já fez mais por
minha filha do que sua própria mãe já fez. Mais do que a mãe de Quinn fez
por ela. A verdade é que Celeste seria uma mãe muito boa, e eu não quero
nada mais do que dizer a ela que ela não sabe o quão incrível é.
Mas eu não digo nada do que eu estou pensando, porque não é isso
que ela precisa ouvir. É muito cedo para ela. Ela está com medo e
enlouquecendo. Então eu digo a ela o que ela precisa ouvir neste momento
para acalmá-la. Porque eu não posso deixar ela ir. Eu pretendo manter essa
mulher, e enquanto ela pode ser forte e poderosa, independente e confiante,
há um pedaço de Celeste no fundo que é vulnerável ‘pra’ caralho,
questionando cada decisão que ela toma, com medo de voltar para onde ela
veio.
Ela acena com a cabeça mais uma vez, mas desta vez ela sorri. — Eu
posso fazer isso.
Celeste
— Jase. Pensei que talvez ele não quisesse me ver, mas ele está
apenas ocupado no trabalho.
— Hey, Margie, eu vou sair. Você pode fechar tudo para mim?
— Absolutamente.
— Sim! Você vai desenhar e eu vou lidar com isso, — eu digo com
uma piscadela.
Gage ri. — Tudo bem, você quer que eu deixe Jase saber que você
está aqui?
São sete horas quando uma linda morena entra e pede por Jase. Ela
está vestida com shorts jeans minúsculos e uma blusa que mal a veste. Ela
tem várias tatuagens cobrindo seus braços e pernas, bem como uma
espreitando para fora da frente de seu top sobre o peito.
Olhando para a agenda dele, vejo que ele está reservado para a
próxima semana. — Sinto muito, mas ele está reservado. Eu posso marcar
com Willow ou Gage em cerca de uma hora. — Eu dou uma olhada no livro
de Jax. — Ou Jax tem disponibilidade amanhã às cinco.
♥♥♥
Jase
Por sorte, Quinn estava aqui para ajudá-la a lidar com os problemas
de mulher. Mas porque isso as envolvia indo para casa, ela deixou a loja
sem ninguém para atender os telefones ou atender os clientes. Claro, tanto
Jax quanto eu, tínhamos clientes em que estávamos trabalhando, o que
significava que ficamos escondidos por horas sem intervalos.
Com quem diabos ela está falando? E por que ela soa como se
estivesse chateada?
— Oh, bem, eu pensei que você estava saindo, — diz outra voz, — e
quem é você? A polícia do Jase?
Com Celeste de costas para mim, ela não me vê quando ela joga
quadril e leva a mão para o lado. Porra, ela parece quente naqueles jeans
apertados e aqueles saltos de foda-me. A camisa que ela está vestindo deixa
suas costas expostas e me faz querer dobrá-la sobre na mesa de sinuca e
beijar sua espinha.
Celeste ri. Não é um tipo risada de diversão, mas uma maníaca, minha
mulher pode ser louca. Quando ela finalmente para, ela diz: — Isso pode
ser verdade. Nós não temos fodido aqui. — Seus ombros se levantam e
caem. — Mas ele comeu minha boceta em cima da mesa de bilhar.
Porra, minha mulher é brigona ‘pra’ caralho! Decidindo que é melhor
parar com isso antes que se transforme em uma briga de gato, eu dou um
passo à frente para fazer a minha presença conhecida. Missy me percebe
primeiro, seu rosto se iluminando. Ela obviamente não faz ideia que acabei
de ouvir toda a conversa delas.
Como homem, tenho duas opções: posso ser legal com Missy, já que
ela é uma cliente fiel e explicar para Celeste que às vezes as cadelas são
loucas. Ela pode ser compreensiva ou pode ficar chateada e ir embora. Vou
ter que rastejar por alguns dias, mas eventualmente ela vai superar isso. Ou
eu posso cortar os laços com Missy agora e terminar a noite dentro da
minha mulher. Já faz quatro dias e noites desde que senti o interior da
buceta quente de Celeste. Com qual opção você acha que estou indo?
Droga, certo.
— Um, você não fala desse jeito com a minha mulher, e dois, você
sabe muito bem que deixei claro que nada vai acontecer entre nós. Agora
você vai ter que encontrar outra loja para fazer seu trabalho. — Pegando a
mão de Celeste na minha, ando até a porta, destranco-a e abro para Missy.
— Tchau, — digo a ela, não deixando espaço para discussão.
Quando ela vai embora, fecho a porta e puxo Celeste para os meus
braços, dando um beijo em seus lábios macios e carnudos que eu senti falta
como se estivesse passado anos.
— O que você está fazendo aqui? — Eu pergunto uma vez que o beijo
termina.
— Venha para casa comigo, — eu digo uma vez que nós quebramos o
beijo.
— Eu não quero te tirar de Skyla. Você disse que ela não está se
sentindo bem. — Meu coração se enche por sua declaração. Ela pode
pensar que não tem isso nela para ser uma boa mãe, mas ela não tem ideia
de quão altruísta e carinhosa ela realmente é.
— Ela começou sua menstruação. Eu estava pensando que
poderíamos pegar um pouco de chocolate e alugar um filme para assistir
com ela. Então, quando ela estiver na cama, posso passar o resto da noite
reaprendendo cada centímetro do seu corpo. Quatro dias sem estar dentro
de você é muito tempo.
Quando está bem depois da meia-noite, Skyla diz boa noite e vai para
a cama. Quinn foi para casa há algumas horas. Isso deixa apenas Celeste e
eu sentados no sofá juntos na sala de estar.
— O único lugar para onde você deve ir é o meu quarto, — digo a ela,
levando-a para cima. Uma vez que estamos dentro, eu fecho e tranco a porta
e a coloco na minha cama.
Celeste
Eu sei que ele só está dizendo isso porque ele está pirando. Eu olhei
para os números de uma linha infantil e adolescente em potencial, e o
trabalho valeria a pena. Você ficaria surpreso com o quanto os pais gastam
para fazer o seu filho ficar bem. E, ao contrário dos adultos, as crianças
crescem, o que significa constantemente ter que comprar tamanhos maiores,
novas linhas.
— Ei, Brenna, você por acaso tem algum espaço em qualquer uma
das fileiras para mais um adolescente? — Brenna me dá um olhar curioso.
— Um amigo meu tem uma filha que quer ser modelo…
Suas sobrancelhas sobem. Tenho certeza que ela ouviu essa fala um
milhão de vezes. Faz parte de estar neste negócio. Todo mundo que tem
uma criança pensa que é digno de modelar, todo mundo que gosta de moda
é um designer em potencial. E, claro, todos com uma câmera pensam que
eles têm o que é preciso para ser um fotógrafo. Mas quando eu assisti Skyla
fazer aquele mini desfile de moda para mim, eu soube, instantaneamente,
que ela definitivamente tem o que é preciso.
— Hã?
— Oh meu Deus! — Ela grita novamente. Então ela olha para mim
novamente, desta vez com lágrimas nos olhos, e diz: — Obrigada, — e meu
coração parece que acabou de ser removido do meu peito e entregue a ela.
Como essas duas palavras e esse olhar me fizeram sentir assim?
Ela olha para o pai, que atualmente está olhando para mim com uma
leve carranca estragando suas feições. Por que ele está chateado? E então
isso me atinge. Skyla está pedindo permissão ao pai dela. Porque ele é o pai
dela. E ela não tem permissão. Oh meu Deus! Eu sou tão estúpida.
— Sky, pegue todas as suas coisas, — diz Jase, e ela sai pelo corredor.
— Acho que fiquei um pouco confuso por você ter pirado no outro
dia em estar presente na vida da Skyla, e querer passar o dia a sós com ela,
agora. Você parecia estar bem na outra noite saindo com todos nós, mas eu
só quero ter certeza de que você está bem com tudo isso. Passando o dia
com Sky sozinha.
— Claro. Vou lhe enviar alguns ingressos para o caso de seu irmão e
sua irmã quererem ir também.
♥♥♥
— Essa. — Ela segura o colar de dente de leão que Jase me deu anos
atrás. Eu quase joguei fora no dia em que pensei que ele dormiu com
Amaya, mas algo me parou, então eu coloquei na minha caixa de joias e
nunca olhei para ele novamente.
— É como o da loja do meu pai... como o das pulseiras que você fez
para o meu dia da carreira.
Lembro que ela mencionou isso antes – que Jase tem uma pintura de
um dente-de-leão na loja, mas não vi quando estava lá. — Eu não vi isso.
Sufoco minha risada porque para ela treze anos é velha, mas para
alguém que está prestes a ter trinta anos, treze anos ainda é de fato um bebê.
Mas não vou contar isso a ela.
— Por que você não usa hoje à noite? Você não pode usá-lo na
passarela, uma vez que não é da Ralph Lauren, mas você pode usá-lo antes
e depois.
— Sim?
Eu fico com ela o tempo todo, não deixando ela fora da minha vista.
Seu pai está confiando em mim para cuidar dela, e eu não tomo essa
responsabilidade de forma leviana.
— Claro!
♥♥♥
Jase: Ei linda...
Jase: Enorme
Jase: Gigantesco
— Tudo certo?
— Sim, na verdade tudo está ótimo aqui também. Você já ouviu falar
de Max Harper?
— Sim. Eu acho que ele tem algum reality show, e o produtor ligou e
disse que Max quer vir para fazer uma tatuagem. Aparentemente, Killian
me recomendou em algum evento.
— Então você está indo com seus jeans habituais e uma camiseta
branca?
Eu sorrio por dentro com o quão bom pai é Jase. O cara vai estar na
televisão e sua maior preocupação é garantir que sua filha seja cuidada e
não seja exposta a nada que possa afetá-la de maneira negativa.
— Em casa. Quinn teve que sair para se preparar. Ela está bem em
ficar sozinha. Eu não tenho certeza de quanto tempo vou ficar. Quinn se
ofereceu para trazer Sky para a festa de caridade, mas eu não quero colocá-
la para fora. Ela nem tem certeza se conseguiria um lugar para ela e...
— De nada.
DEZESSETE
Jase
Chocado com o fato de que todos nós agora estamos com a agenda
cheia até setembro e o episódio ainda não foi ao ar, liguei para Killian,
querendo agradecê-lo novamente por recomendar o Forbidden Ink.
— Tudo correu bem. Felizmente, a tatuagem que ele queria não era
tão ruim. — Eu rio. — Eu vi algumas feias, tatuagens infernais mostradas
nesses programas. O episódio vai ao ar no próximo mês, e isso sem dúvida
será um divisor de águas para a loja. Você não pode pagar por esse tipo de
publicidade.
— Sim, eu acho que ela geralmente não namora caras como eu, — eu
digo, encostado na lateral do carro.
— Não, eu não quis dizer isso assim, — diz Killian, tentando voltar
atrás. — Ela só normalmente... merda, ok, é exatamente o que eu quis dizer.
— Nós dois rimos.
— O que aconteceu?
Sky está agora rindo tanto, que está curvada, segurando seu estômago.
Mas quando ela me vê, ela para e pega um punhado de massa. — Não
chegue mais perto ou serei forçada a usar isso em você. — Ela levanta o
punhado, e eu rio. Então, atravesso a cozinha e a agarro pela cintura,
jogando-a sobre meu ombro.
— Você pediu?
— Bem... — Ela prende o lábio inferior entre os dentes,
nervosamente, depois libera-o. — Eu tentei cozinhar.
— Eu sabia que vocês dois eram um casal! — Sky grita enquanto ela
sobe as escadas. — Amigos minha bunda!
Jax chega em casa bem no meio do caminho, mas diz que está saindo
e para não esperar. Quando o filme termina, Sky e Celeste estão
desmaiadas. Eu as levanto de cima de mim e carrego Sky para a cama. Não
é sempre que consigo levar minha filha para a cama, então tento gravar o
momento em minha memória para os momentos em que ela estiver se
rebelando contra mim e me dizendo que não quer nada comigo.
Uma vez que ela está deitada, volto para Celeste. Eu provavelmente
deveria acordá-la e perguntar se ela quer ir para casa ou ficar, mas ela está
fora. Então, ao invés disso, eu a levo para o meu quarto e a coloco na minha
cama.
Aos olhos de Celeste, ela falhou. Não havia assado para o jantar ou
biscoitos para a sobremesa. A cozinha estava uma bagunça que tivemos que
limpar. Ela pediu desculpas várias vezes.
Mas aos meus olhos, ela conseguiu, e eu disse a ela exatamente isso.
Ela fez minha filha sorrir e rir. Ela se uniu a ela – criou memórias que
durarão a vida toda. Quando eu disse isso a ela, ela apenas corou e encolheu
os ombros como eu sabia que ela faria, e então se desculpou novamente,
confirmando o quão cautelosa Celeste realmente é.
♥♥♥
— Porra, eu não posso acreditar o quão ocupado estamos, — diz Jax,
caindo no sofá ao meu lado na sala de descanso que montamos na parte de
trás da loja. Tem um par de sofás, uma geladeira, uma pia e um banheiro.
Nada extravagante, mas é um lugar para onde podemos ir no intervalo entre
os clientes. Ele também tem uma porta que leva para o beco, onde aqueles
que fumam podem ir, desde que nós não gostamos de ninguém fumando na
parte frente.
— Não! Eu sei que você é, mas você está super ocupado. Você estava
dizendo que está reservado até o ano que vem. Eu não posso pedir que você
feche a loja para mim.
— Sim.
— Obrigada, Jase! Eu te amo. — O telefone fica em silêncio, e eu o
puxo do meu ouvido para ver se Celeste ainda está lá, ou se ela desligou. —
O que eu quis dizer foi... — ela começa a dizer, mas não consegue pensar
em uma maneira de justificar ou consertar o que acabou de dizer, o que
significa que ela quis dizer aquelas palavras.
Alguns dos nomes fazem meus olhos se arregalarem. Estes não são
designers humildes e promissores. Estes são os grandes. E me ocorre que a
mulher que eu estou namorando é uma das grandes. Ela é uma supermodelo
famosa que tomou o mundo da moda como uma tempestade.
Ela está vestida com um vestido apertado de cor creme sexy ‘pra’
cacete que mostra sua bunda empinada. Seus saltos altíssimos fazem suas
pernas parecerem perfeitas. Quando ela agradece a todos e se vira para
voltar, nossos olhares se cruzam.
Celeste
— Eu não posso acreditar que você fez isso! — Olivia enfia os braços
em volta do meu pescoço para um abraço, sua barriga grávida batendo na
minha frente. — Eu... eu... apenas obrigada. — Ela soluça.
— Ele soltou dois deles, — diz Skyla com uma risada, — então eu
amarrei aquele no pulso dele.
Giselle, Olivia e Sarah vão até a tenda para ver o bolo enquanto Jase
vem andando com Jax, Quinn e seu namorado, Rick, que está olhando para
o telefone.
— Claro, — diz Rick com um pequeno sorriso, mas não olha para
cima de seu telefone. Ele me lembra muitos dos homens que eu costumava
namorar. Eu tento pensar em todas as vezes que saí com Jase. Talvez seja
porque o trabalho dele não é tão exigente, mas não consigo pensar em uma
única vez em que ele esteve comigo e não me deu cem por cento de sua
atenção.
— Ei, pai, vou pegar algo para comer. Quer ir comigo? — Skyla
pergunta a Jase.
— Claro, querida, vamos, — diz ele, então se vira para mim. — Você
está com fome?
— De nada.
Ele ri, e Jax se junta. — Ah, cara, apenas fique feliz por você não ter
que viver com Jase. — Ele balança a cabeça. — É repugnante observar
diariamente como eles estão apaixonados.
— Quem teria pensado que a pequena senhorita 'eu vou casar com um
cara da Fortuna 500' iria se apaixonar por um tatuador de Piermont. —
Killian ri, batendo seu quadril em mim. Se ele tivesse dito isso alguns
meses atrás, eu teria interpretado pelo lado errado e ficado chateada, mas
posso ver isso em seu rosto, ele está apenas brincando – e ele não está de
todo errado. Quando éramos mais jovens, isso é exatamente o que eu
planejava fazer.
— Então, o que vem a seguir? — Killian pergunta. — Um
casamento? Bebês? — Ele ri mais forte, pensando que é tão hilário, e claro,
Jax ri junto com ele. — Eu posso ver agora... Pequenas Celestes e Jases
vestindo Gap e Nike, correndo por aí com tatuagens falsas em seus braços.
Eu rio, lembrando exatamente o que ele quer dizer. Nick foi o único
dos três que eu imaginei se apaixonar. Inferno, quando eu era mais jovem,
nem sequer acreditava no amor. Ou talvez eu tenha, mas estava com muito
medo de admitir isso. — Sim, às vezes parece que foi outra vida.
Eu sei que ele só estava brincando, mas, ao mesmo tempo, o que ele
disse é verdade. Quando duas pessoas estão em um relacionamento,
casamento e bebês são o que vem a seguir, certo? Jase quer ter mais filhos?
Eu apenas assumi desde que ele já tem uma adolescente, que ele não iria
querer começar tudo de novo. E se, no entanto, eu estiver errada, e ele quer
ter mais filhos? Dar a Skyla um irmão ou irmã...
— Você está bem? — Jax pergunta. — Você parece que viu um
fantasma ou algo assim.
Tudo com Jase e eu parece que está acontecendo tão rápido, mas lento
ao mesmo tempo. Acho que muitas das razões para isso são por causa do
que tivemos todos aqueles anos atrás – foi tão fácil voltar para onde
paramos. Nós nos acomodamos no tipo de conforto que um casal que está
junto há muito tempo se instala, mas de alguma forma nós pulamos a parte
de nos conhecermos – como saber se Jase quer mais filhos um dia.
Ele para a poucos metros na minha frente, e eu olho para ele por
alguns segundos. Seu cabelo preto, que geralmente está com gel, está
bagunçado, como se ele estivesse correndo os dedos por ele, seus lábios
perfeitos estão levantados em um leve sorriso nervoso, e sua camiseta
branca está esticada em seu peito, com as mãos enfiadas nos bolsos.
Eu deveria perguntar a ele aqui e agora se ele quer mais filhos, mas
não posso me convencer em fazer isso. Porque se ele disser que sim, eu sei
que vou ter que romper as coisas com ele. E se ele disser que não, sempre
me perguntarei se ele está mentindo, colocando minhas necessidades em
primeiro lugar.
Sua pele está quente, e anseio pelo seu calor. Suas mãos deslizam
pelas minhas costas, aterrissando na minha bunda. Ele me levanta em seus
braços, em seguida, cuidadosamente nos leva até a grama. Pairando acima
de mim, com os braços de cada lado da minha cabeça, Jase e eu nos
pegamos como adolescentes excitados, seu corpo se esfregando contra o
meu, até ouvirmos Skyla chamando nossos nomes. Rapidamente saindo de
mim, Jase fica deitado, seu braço se apoiando, enquanto eu sento e ajusto
minhas roupas.
Às nove horas, todos descemos pelo rio para assistir aos fogos de
artifício. Jase me segura em seus braços enquanto as cores brilhantes se
projetam, criando belos desenhos. E enquanto eu deveria estar aproveitando
este momento, um pequeno pedaço de mim está se perguntando se cada
memória que estamos criando é apenas mais um ponto sendo adicionado à
realidade que vai cair bem em cima de nós e nos tirar dessa fantasia que
atualmente estamos vivendo.
DEZENOVE
Celeste
— É tão bonito aqui fora! — Abro meus braços para fora para que eu
possa sentir a brisa fresca contra a frente do meu corpo.
Não tenho certeza de onde os outros estão, mas o que eu sei é que
Jase está de pé bem atrás de mim, com os braços em volta do meu torso nu
e o queixo apoiado no meu ombro. Eu posso sentir sua protuberância
pressionando minha bunda, e isso me faz querer encontrar um dos quartos
vazios neste barco e colocá-lo em bom uso.
Quando eu gozo com tanta força que vejo estrelas, Jase me tira da
mesa e me vira, então minhas costas estão para ele. Com minha bunda no ar
e meus seios esmagados contra a superfície de madeira, Jase entra em um
movimento fluido.
Agarrando meu cabelo, ele puxa minha cabeça para trás para que ele
possa chupar o lado do meu pescoço. Seus lábios se arrastam para baixo,
beijando meu ombro, enquanto ele continua a me foder, duro e profundo.
Não demora muito até que minhas pernas estejam tremendo e eu esteja
gritando seu nome quando nós dois estamos completamente desfeitos.
Quando ele se para, o seu comprimento duro ainda dentro de mim, ele
coloca outro beijo no meu ombro e murmura: — Um dia eu vou tatuar esse
corpo impecável. — Eu solto um suspiro de satisfação. — Eu vou marcá-lo
permanentemente, — ele rosna. — Fazer de você minha. — Sua voz é tão
real, que envia calor por todo o meu corpo.
♥♥♥
Jax diz que estará em casa logo depois que ele deixar Kirsten. Era
óbvio que ela queria ser convidada, mas Jax não entendeu, ou não se
importou, porque ele deixou claro que estava deixando-a primeiro.
Skyla está sentada ao meu lado, seus olhos tão arregalados quanto
pires. — Sério? — Ela puxa o telefone e me mostra a imagem de um iate
um pouco menor do que o que nós fomos hoje. — Um como este?
— Sky, por que você não vai lavar as mãos, então você pode ajudar
seu pai a começar o jantar? — Ela diz, sem responder à pergunta.
Uma vez que ela está fora do alcance da voz, Quinn diz: — Você não
é a mãe dela. Você não deve fazer planos com Skyla sem perguntar a Jase.
— Eu franzo as sobrancelhas para suas palavras. Ela está certa, eu não sou a
mãe de Skyla, mas não achei que seria um problema.
Meu telefone toca com uma chamada recebida, então eu o puxo para
fora do bolso da minha roupa de banho e clico no botão lateral para
silenciá-lo, já que é minha mãe. Não tendo falado com ela há algum tempo,
estou prestes a me desculpar para ligar de volta, quando Quinn diz: — Você
pode ser uma modelo rica e famosa ou qualquer outra coisa, — ela sacode a
mão no ar, — e Sky gosta de sair com você, mas Jase quer mais para sua
filha.
— Para começar, meu irmão se preocupa muito com você, mas você
foi capaz de se afastar dele sem nem dizer adeus. — Eu abro minha boca
para argumentar porque eu fiz exatamente isso, mas ela continua. — E
sobre a verdade que você só namora homens ricos e de colarinho branco. —
Suas sobrancelhas se levantam, desafiando-me a discutir.
Meu coração desmaia com as palavras de Jase. Ele nem ouviu nossa
conversa, mas está me dando o benefício da dúvida.
Incapaz de ter outro segundo ouvindo Jase falar sobre mim, puxo seu
rosto para baixo e beijo-o com força, esperando transmitir todas as emoções
que sinto agora. Quando nosso beijo termina, eu digo em um sussurro: —
Eu te amo. Obrigada.
— Estou ligando por causa de sua mãe, — diz ela, indo direto ao
assunto.
Eu deveria ter feito isso mais cedo, mas Adam estava certo. Eu estava
com muito medo. Não tinha certeza do que seria pior: descobrir que ele está
vivo e vivendo sua vida, o que significaria que ele simplesmente não nos
queria, ou descobrir que ele está morto e todo esse tempo minha mãe esteve
esperando por um homem que nunca vai aparecer.
— Rick vai estar fora toda semana, — diz Quinn para Jase enquanto
comemos nossa comida. — Então, se você precisar de alguma ajuda com a
Sky esta semana, estarei disponível.
— Tudo bem, então que tal procurarmos por voos quando acabarmos
de comer? — Sugere Jase. — Podemos reservar um quarto e, enquanto
você estiver visitando sua mãe, podemos visitar Amaya.
Celeste
Impotente em dizer não para ela, eu aceno. — Ok, sim, eu posso fazer
isso.
— Não, você não pode, — argumenta Jase. — Sky, vamos ver Celeste
mais tarde. Ela precisa ir ver sua mãe. — Ele envolve seus braços em volta
da minha cintura e beija minha bochecha. — Não há problema em dizer que
não, — ele sussurra.
— Eu sei, — digo a ele, — mas não gosto de vê-la triste, e está tudo
bem. Eu posso ir... a menos que... você não queira que eu faça isso. — Eu
nem sequer considerei que ele poderia não me querer lá.
— Claro que sim, — ele afirma a sério. — Eu só não quero que você
se sinta obrigada.
— Celeste, olhe para mim, — diz ele. — Você nunca voltou? Nem
uma vez? — Seu tom é cem por cento cheio de preocupação e curiosidade,
nem um pingo de julgamento em suas palavras, mas isso não me impede de
sentir vergonha. Que filha não visita a mãe dela nem uma vez em onze
anos?
♥♥♥
Não querendo interferir neste momento, tento ficar para trás quando
Jase abre a porta e entra com Skyla, mas ela percebe, e pegando minha mão
na dela, diz: — Você pode por favor vir comigo? Eu quero que você a
conheça.
É preciso tudo em mim para abafar o meu suspiro quando meus olhos
pousam em Amaya deitada na cama. Ela não parece em nada com a mulher
que eu vi todos aqueles anos atrás. Seu rosto está pálido e magro. Não há
carne nela, o que você acha que seria o oposto, já que ela é incapaz de se
exercitar. O cabelo dela está solto e reto, como se tivesse sido escovado
recentemente, mas tem aparência gordurosa, como se raramente fosse
lavado.
Skyla acena com a cabeça uma vez, mas não diz nada.
— Por que você não mostra a ela o que você trouxe? — Eu sugiro.
— Você acha que ela pode me ouvir? — Ela pergunta, soando mais
jovem que seus treze anos. — As enfermeiras disseram antes que ela pode,
mas agora eu não tenho certeza se elas estão certas.
Eu não tenho ideia se Amaya pode ouvir ou não, e não posso mentir
para ela. — Eu não tenho certeza, mas muitas pessoas acreditam que
quando alguém está em coma, eles podem ouvir o que seus amigos e
familiares dizem para eles, então vale a pena tentar. — Eu ouvi uma vez em
um programa de TV.
— Hey, — diz Jase, lançando os olhos para mim. — Vai ficar tudo
bem. Eu estou aqui com você. Nós vamos passar por isso juntos.
— Por que ela está em coma há tanto tempo? Há uma chance dela
acordar?
— Eu não posso imaginar ter que tomar essa decisão, — eu digo com
sinceridade. — Ter que decidir se alguém vive ou morre.
Permitir que eu lhe comprasse um carro era o único jeito em que ela
poderia ir trabalhar e voltar para casa todos os dias, já que o serviço de
ônibus para antes de seu turno terminar – ou acho que acabou, já que a
lanchonete está fechada.
— Eu sinto muito por ter ficado longe por tanto tempo. Eu deveria ter
vindo para casa para visitar.
— Não, não se atreva a pedir desculpas, — diz ela. — Você fez isso.
Você se tornou tudo que eu sabia que você seria. — As lágrimas enchem
seus olhos, e quando ela pisca, elas caem. — Por favor, não me diga que
Victoria te chamou.
— Ela está bem. Nós vamos nos encontrar para o almoço amanhã. Ela
quer conhecer você, mas não quer que você a veja desse jeito.
— Isso é compreensível, — diz ele. — Sky estará com seus avós por
mais algumas horas. O que você acha de voltarmos para o hotel e passar o
resto do dia comigo dentro de você? — Ele arqueia as sobrancelhas e eu
jogo a cabeça para trás com uma risada.
Celeste
— Não é tão bonito? — Skyla vira seu bloco de desenho para que eu
possa ver o vestido que ela está desenhando.
— Sério? — Ela para de desenhar para olhar para mim, seu rosto
adorável se iluminando de excitação. — Eu nunca fui nadar no escuro!
Eu posso dizer quando Skyla está ficando cansada porque ela boceja
várias vezes e esfrega os olhos. Ela pode agir como se fosse mais velha a
maior parte do tempo, mas ainda é quase uma adolescente.
Depois de enxaguar e vestir o nosso pijama, ela pergunta se podemos
assistir a um episódio de Elite Model no seu iPad. Aconchego-me em sua
cama com ela, e coloco no YouTube.
Meu coração pula uma batida, em seguida, pega velocidade. Ela não
quis dizer isso, digo a mim mesma. Ela viu sua mãe esta manhã e a palavra
acabou de sair. Mas quando ando para o meu quarto, não consigo tirar a
palavra de três letras da minha cabeça.
Talvez ela não quisesse dizer isso, mas e se ela fez? E se ela não quis
dizer, quem vai dizer que um dia ela não dirá de propósito? Toda garota
merece ter uma mãe. Alguém que a ama e protege. Skyla foi enganada por
ter uma mãe, e ela merece melhor do que me ter como uma substituta ruim.
Estou apenas aprendendo a amar Jase. Eu não posso ser responsável por
ambos os seus corações. Eu não posso falhar com os dois.
Ouço quando Jase volta. Quando ele se junta a mim na cama, ele tenta
me puxar para perto. Eu posso sentir o cheiro do álcool em sua respiração.
Posso sentir sua ereção pressionando contra minha bunda. Mas eu não me
movo. Eu finjo que estou dormindo e, alguns minutos depois, ele está
roncando baixinho.
Jase,
Xo Celeste
♥♥♥
— Não que eu não esteja feliz em ver você, mas pensei que
estávamos nos encontrando para o almoço. — Minha mãe está de pé em
cima de mim com as mãos nos quadris, a cabeça inclinada para o lado em
confusão.
— A filha de Jase.
— E ela chamando você de mãe é uma coisa ruim, por quê? — Ela
me dá um olhar perplexo, precisando que eu explique qual é o problema.
Mas como explico a ela que minha questão de não querer ser mãe vem da
minha própria mãe? Antes que eu possa encontrar uma maneira de dizer o
que estou sentindo, meu telefone vibra. Pegando da mesa de café, vejo que
é Duncan novamente.
Quando volto para dentro, minha mãe está saindo do banheiro com o
roupão enrolado em uma toalha. — Eu estava pensando que ainda
poderíamos ir para... — Ela vê as lágrimas caindo pelas minhas bochechas e
suas palavras se apagam. — O que há de errado?
— Não é tarde demais, — digo a ela. — Você ainda pode começar sua
vida.
— Mãe. — Eu engasgo com a palavra, sem saber o que dizer. Ela está
certa, mas eu não vou chutá-la enquanto ela estiver deprimida. Ela pode ter
sido uma mãe de merda, mas eu ainda a amo.
— Eu não estou...
— Sim, você está. — Ela me olha com olhos mortos. — A parte mais
assustadora de finalmente conseguir o que você quer é o medo de perdê-lo.
Quando você não tem nada, não há nada a perder, mas uma vez que você
tenha, uma vez que você tenha conseguido o que você sonhou, agora você
tem tudo a perder.
— Eu daria qualquer coisa para ter mais tempo com Snake. Não se
atreva a desperdiçar um segundo sequer sem as pessoas que ama porque
está com medo. Eu posso ter falhado com você enquanto você estava
crescendo, mas eu ainda te conheço. Nos últimos dez anos, observei-a de
longe subindo a escada da moda. E eu sei muito bem que você não chegou
onde está por ter medo. É hora de ser corajosa, menina bonita. É hora de
você viver e amar.
VINTE E DOIS
Jase
Três dias atrás eu acordei e estiquei minha mão para Celeste, apenas
para encontrar os lençóis vazios e frios. Eu não sei como, mas sabia que ela
tinha ido embora antes mesmo de eu sair da cama. Antes de eu ver que sua
bagagem e roupas e produtos de higiene desapareceram. Antes que eu
encontrasse o bilhete dela.
Era como se ela fosse embora e levasse um pedaço de mim com ela.
Meu coração não está mais inteiro. Ignorando o pedido dela para não ligar
ou escrever, eu fiz as duas coisas. Várias vezes. Até que o telefone dela foi
direto para o correio de voz, indicando que ele havia sido desligado.
Sem explicar nada para Skyla, voltei para a locadora e aluguei o carro
novamente. Então, no caminho de volta ao hotel, liguei para eles e reservei
um quarto para mais três noites. Uma vez que estávamos em nosso novo
quarto, saí para a varanda e liguei para meu irmão e Quinn. Ambos queriam
voar imediatamente, mas quando Jax checou os voos, não havia um
disponível por alguns dias, então eles decidiram que seria melhor vir
dirigindo.
Cerca de uma hora depois, Jax ligou novamente para perguntar por
que Nick queria saber se Celeste estava voando com eles – você sabe,
porque ela estava de volta a Nova York, mas todos na minha família
pensavam que ela estava comigo. Eu tive que dizer a ele que ela terminou
tudo e foi embora, o que me fez sentir a realidade e me dar conta que eu
precisava dizer a Skyla, logo depois que eu dissesse a ela que sua mãe
morreu.
Consegui dizer a ela que Amaya faleceu, mas ela estava tão chateada
e confusa sobre seus sentimentos que não tive coragem de dizer a ela que
Celeste e eu também acabamos.
Agora é o dia do funeral. Estou vestido em um terno preto que eu tive
que comprar no shopping, e Skyla está vestida com um vestido preto que
sua avó trouxe. Sky perguntou por Celeste muitas vezes para contar. Ela não
entende porque ela não está aqui. Quando você ama alguém, você está lá
para eles.
— Tudo bem, seu cabelo está feito, — diz Quinn a Skyla, que lhe dá
um pequeno sorriso.
— Estou. Eu sinto muito pela sua perda. — Celeste aponta para sua
mãe, que está de pé ao lado dela com um sorriso simpático em seus lábios.
— Esta é minha mãe, Beatrice. Mãe, esta é Skyla e seu pai, Jase.
— Quinn, quieta, — murmuro, não querendo que uma cena seja feita
aqui na igreja.
Celeste
— Você está bem? — Minha mãe pergunta uma vez que entramos em
nosso carro. O caminho inteiro eu fiquei quieta, usando meu laptop como
um escudo para impedir a minha mãe de me fazer qualquer pergunta.
Funcionou porque, mesmo que ela tenha me olhado com simpatia, ela não
me pressionou para falar. Agora, porém, o laptop sumiu, meu escudo foi
removido e ela se abriu para conversar.
♥♥♥
Meu pensamento inicial era ir ver Jase primeiro. Eu tenho muita coisa
que preciso dizer a ele. Mas depois que pensei nisso, decidi que precisava
ver Skyla primeiro. Ela sempre virá primeiro e isso começa com falar com
ela antes de eu ir ver Jase.
Sabendo que Jase está trabalhando – liguei mais cedo – ligo para
Quinn para ver se Skyla está com ela.
— Eu não acho que é uma boa ideia para você vê-la, — diz Quinn. —
Ela passou por muita coisa.
— Tudo bem, mas só para você saber, ela não sabe que você foi
embora. Jase disse a ela que você tinha uma emergência no trabalho. — Ai
meu coração. Claro que ele fez isso. Porque mesmo quando estou
fracassando na vida, ele está ali para me salvar.
♥♥♥
— Obrigada
A porta do quarto está aberta, mas eu ainda bato uma vez. Skyla se
vira na cadeira e dá um sorriso grande. — Celeste! — Ela corre para me dar
um abraço.
— Papai disse que você estava ocupada com o trabalho. — Ela olha
para mim em busca de confirmação, e eu sei que não posso mentir para ela.
Ela merece a verdade.
Skyla acena com a cabeça uma vez e espero que ela entenda o que
estou tentando dizer. Eu nunca tentei ter um tipo de conversa adulta com
alguém de treze anos de idade. Mas então ela diz: — E se eu quisesse que
você fosse minha mãe? Você… talvez queira?
Eu quero dizer a ela sim, que eu adoraria mais que tudo, mas não falei
com Jase ainda. Claro, ele me mandou uma mensagem todo dia para me
dizer que me ama, mas eu não quero supor que isso signifique que ele vai
me perdoar e nós vamos acabar juntos.
— Eu estraguei tudo com o seu pai, — digo a ela honestamente. —
Machuquei seu coração quando saí.
Eu sorrio de volta, mas não digo nada. Espero que ela esteja certa. Eu
daria qualquer coisa para ter 13 anos de novo e ver o mundo e amar com
tanta inocência.
Evan me diz que ele terá que mudar alguns clientes, mas me promete
que ele vai ter certeza de que será resolvido. Depois de ir para casa checar
minha mãe – que me diz que passou a tarde procurando um lugar onde
possa participar das reuniões do AA e pesquisando por faculdades, já que
ela quer ir à escola – ela está pensando em estudar para ser enfermeira – eu
me troco e depois sigo para East Village.
Quando o táxi chega, o lugar está escuro. A loja está fechada, mas
Evan convenceu Jase a ficar até mais tarde. Ele também me garantiu que
ninguém estaria lá além de Jase – ele teria certeza disso.
Jase olha para a foto por vários segundos, sem dizer uma palavra.
Quando ele faz, sua voz é grave. — Você está falando sério?
— Enviei-o para todos os e-mails que possuí, coloquei na nuvem e
em todos os outros armazenamentos on-line, para ter certeza de que nunca
os perderia.
— Por quê?
Eu dou um passo em direção a Jase, mas ele recua. É sua vez de ficar
com medo e preciso entender isso. — Eu te amo, Jase. Eu amo você e sua
filha, e eu amo o que temos juntos. Você é a única pessoa que eu já amei.
Você me vê, sob a maquiagem e as roupas e os sorrisos falsos. Você vê o
meu verdadeiro eu.
— Você correu.
— E agora?
— Agora, vejo que sou a pessoa perfeita para amá-la porque sei o que
é não ser amada como ela merece.
— Uma tatuagem é permanente, — diz ele, acenando para a imagem
na minha tela.
Ele inclina a boca sobre a minha e captura meus lábios. Ele chupa a
minha língua, em seguida, lambe entre meus lábios antes de trabalhar em
meu pescoço e sobre a minha clavícula. Minha camisa está levantada sobre
a minha cabeça e meu sutiã está solto. Então ele está levantando minha
bunda para que possa empurrar a saia e a calcinha que estou usando nas
minhas pernas.
— Não, agora. — Eu puxo seu rosto para trás e o olho nos olhos. —
Ou você me faz gozar, de preferência em seu pau, ou eu vou fazer isso
sozinha. — Empurro seu peito para trás para que eu possa me tocar. Eu sei
que não vai demorar muito, apenas alguns movimentos no meu clitóris e eu
vou estar gozando.
Sua boca encontra a minha e ele me beija duro, áspero. Ele morde
meu lábio inferior e morde meu lóbulo da orelha. Seus dedos estão cavando
no interior das minhas coxas enquanto ele me fode como um homem
enlouquecido que não consegue o suficiente.
Estou tão perto de chegar, posso sentir isso, mas não é o suficiente.
Eu preciso me tocar, mas tenho medo do que ele vai fazer – que ele pare de
me foder. Como se ele pudesse ouvir meus pensamentos, ele grunhe no meu
ouvido: — Vá em frente, Covinha, toque-se. Faça você mesma gozar em
todo meu pau. — E com sua permissão, eu faço exatamente isso, com Jase
encontrando sua liberação logo atrás de mim.
VINTE E QUATRO
Jase
Ela voltou... ao contrário de onze anos atrás, ela realmente voltou. Ela
pode ter corrido com medo, com medo de quão forte é o nosso amor e
conexão, mas desta vez, ela virou sua bunda e voltou para enfrentar seus
medos.
Eu poderia ter afastado ela, feito ela provar a si mesma. Mas não é
isso que você faz quando ama alguém. Você abre seus braços e coração e
ama a pessoa, com rachaduras e tudo. Todos os dias eu acordava e me
forçava a não a perseguir. Mandei uma mensagem para ela no dia seguinte,
dizendo que a amava, mas no final das contas eu sabia que ela precisava
encontrar o caminho de volta.
Eu não sabia o motivo de ela ter ido embora, mas agora sabendo que
era porque Skyla a chamou de mãe, posso entender o motivo. Ser pai não é
algo para ser tomado levianamente, e a educação de Celeste foi tão falha
quanto possível. Mas no momento em que ela me disse que era a pessoa
perfeita para amar minha filha, eu sabia que ela estava pronta. Porque pela
primeira vez, Celeste baixou a guarda. Ela me permitiu ver quem ela
realmente é. Ela sempre me mostrou quem ela era, mas até hoje ela nunca
fez isso de propósito. Até hoje, ela nunca tomou a decisão consciente de me
mostrar o que está abaixo da superfície: seu coração.
— Você tem certeza que quer fazer isso? — Eu puxo meus óculos e
abro as diferentes tintas coloridas que vou precisar.
— Sim, — diz ela, sua voz soando rouca. Eu olho para ela e vejo que
ela está olhando para mim. Ainda estou sem camisa, então eu me inclino
para pegá-la, mas ela se inclina e coloca a mão na minha. — Você pode
ficar sem? — Ela cora em um belo tom de rosa. — Isso vai me dar algo
para me concentrar.
Eu rio. — Está sendo feito na parte de trás do seu quadril. Você não
vai me ver.
— Tudo bem, fique parado. — Ela se senta e tira uma foto minha com
a câmera do celular. — Eu vou apenas olhar para isso.
— Nós vamos ter que ter sexo estilo cachorrinho, — diz ela com uma
risada.
— Você não tem que desenhá-lo primeiro? Faz onze anos desde que
você desenhou.
— Primeiro, você não pode se mover enquanto eu estou tatuando. —
Eu dou a ela um olhar sério. — E dois, é meu projeto. Um que eu olhei
muitas vezes ao longo dos anos. — Suas sobrancelhas sobem com a minha
admissão. — Você confia em mim?
— Eu confio.
EPÍLOGO
Celeste
Já se passaram três anos desde que nos casamos e ele, pela segunda
vez, pintou meu corpo – um pequeno pedaço de seus votos de casamento
que ele recitou para mim no altar: você é cada um dos meus sonhos e
desejos se tornando realidade.
— Não... ainda... — ele diz de volta. Ele fica quieto por alguns
segundos, e então eu sinto a cócega parar e a câmera em seu telefone clica.
— Ok, vire e espalhe essas coxas sensuais, Covinha.
Eu não posso evitar o riso que me escapa quando faço o que ele diz,
notando que já são quase sete da manhã. — É melhor você fazer isso
rápido, — eu digo a ele enquanto ele puxa minha calcinha para baixo e sobe
em meu corpo. Sua boca pressiona a minha e eu posso sentir o gosto da
menta em sua respiração. — Há quanto tempo você está acordado? —
Murmuro contra seus lábios, passando meus dedos pelo seu cabelo
bagunçado.
Eu sei que ele só está brincando, mas ainda suspiro. — Isso não é
engraçado! Você tem alguma ideia da bagunça que vamos encontrar? Eu
duvido que Skyla esteja acordada ainda. Ela é imune a eles.
Jase ri com mais força. — Mas valeu a pena fazer sexo de manhã com
minha esposa. — Com as mãos segurando minhas bochechas, ele me beija
com força antes que ele solte, para que possa colocar xampu em suas mãos.
— Eu senti sua falta, — ele murmura.
Quando ele termina, passa as mãos pelos lados do meu corpo e por
cima da minha bunda. Sentindo-me com muito tesão esta manhã, empurro
as mãos para trás e mexo levemente a minha bunda.
Jase toma isso como sua sugestão, espalha as minhas nádegas e passa
o dedo pela minha rachadura. Ele empurra o dedo no meu buraco apertado,
e minhas mãos batem na parede do chuveiro, minha cabeça caindo para a
frente.
— Isso é tão bom. — Eu gemo quando ele adiciona outro dedo. Com
a água caindo sobre nós, ele me ajuda até que meu corpo esteja pronto para
ele. Depois de adicionar um pouco de óleo de bebê à mistura, ele
lentamente empurra seu pau perfurado, centímetro por centímetro, na minha
bunda, até que ele esteja completamente dentro. Enquanto agarra meus
seios e belisca meus mamilos, meu marido fode minha bunda até que nós
dois gozamos pela segunda vez esta manhã.
— Eu odeio quando você se vai, — ele murmura depois que sai. —
Mas eu amo quando você chega em casa, toda necessitada para o meu pau.
— O que é?
— Bem, esta notícia não vai lhe dar um ataque cardíaco, eu prometo,
— diz ela, em pé e trazendo seu prato para a pia. Eu adiciono um pouco de
creme e açúcar ao meu café enquanto ela lava seu prato, então nós
caminhamos juntas para fora para encontrar todo mundo.
Quando Melina me vê, ela grita e se agita para descer. Minha mãe a
coloca de pé e ela imediatamente corre na minha direção.
Desde que dei à luz a nossas filhas gêmeas, fiz questão de viajar
apenas quando necessário. Eu tive um problema em uma das lojas em
Miami e fiquei ausente por três dias. Mesmo com Facetime com elas todos
os dias e noites, foi demais. Eu chorei para Jase todas as noites e disse a ele
na próxima vez que eu for, eu vou levá-las comigo. Ele riu e me disse que
eu era louca.
Jase está bem atrás de mim, segurando meu cabelo para trás, até eu
terminar. Quando me viro, ele está ostentando um enorme sorriso no rosto.
No começo, eu estou chateada que meu marido acha que é engraçado eu
apenas ter vomitado, mas então minha mente paralisa, e eu estou sorrindo
tanto quanto. Nós não temos que dizer as palavras. Estou grávida.
♥♥♥
São quase cinco horas e a festa de Skyla está para acabar. Os únicos
convidados restantes são alguns de seus amigos com quem ela está
descansando à beira da piscina, assim como alguns de nossos amigos. Jase e
eu estamos sentados à mesa, sob a tenda, observando Melina e Mariah
correrem e perseguirem Reed, o filho de seis anos de Olivia e Nick.
— Se a história se repetir, — diz Nick, — meu pobre filho não vai ter
uma, mas duas de suas filhas o seguindo por anos. — Ele me dá uma
piscada brincalhona e eu rio. Sou grata pela nossa amizade, mas também
muito feliz por ele ter conhecido Olivia. Se ele não tivesse, quem sabe se
nós dois teríamos encontrado o amor verdadeiro?
Não que ela não tenha sido melhor, porque ela tem. Ela me aceitou
em sua família de braços abertos. Mas eu me preocupo com ela. Ela se
casou com Rick alguns anos atrás, mas eu não acho que eles estão felizes.
Ela costumava conversar o tempo todo sobre querer criar uma família
própria, mas depois de alguns anos tentando sem sucesso, ela parou de
mencioná-lo. Eu assisti a luz brilhante que costumava cercar Quinn, pouco
a pouco se apagar. Eu a assisti ganhar um pouco de peso – não que ela ainda
não seja linda, porque ela é muito bonita – e lentamente esconder mais e
mais de seu corpo.
Eu me sinto tão impotente, sem saber como ajudá-la a recuperar
aquela luz. Quando tentei no passado trazer isso para ela, ela sempre me
afastou, então ultimamente eu parei de falar sobre isso. A última coisa que
quero é empurrá-la completamente – ela mal chega como está –
especialmente quando tenho a sensação de que um dia ela precisará de nós.
Nenhum julgamento. E quando ela estiver pronta para conversar, eu estarei
aqui.
— Sim?
Ela se levanta e vem correndo para mim. Seus braços envolvem meu
pescoço e ela me abraça com força. — Obrigada por tudo, — ela murmura
em meu ouvido.
— Eu estou, mas não apenas para a festa. Por me amar e estar aqui
por mim. Na minha criação, nunca pensei que teria uma mãe. A minha foi...
bem, você sabe... e meu pai sempre foi o suficiente. Mas... — Ela recua um
pouco e seus olhos estão encobertos. — Estou tão feliz por ter você, — diz
ela através de um soluço.
Depois que nos abraçamos mais uma vez, eu entro para encontrar
Quinn. Ela está sentada na beira da banheira no meu banheiro. — Você está
bem? — Eu pergunto, percebendo suas bochechas manchadas de rosa por
suas lágrimas.
— Sinto muito, Celeste. Aqui estou eu, sem saber se estou feliz ou
triste por estar provavelmente grávida e você desejando um bebê.
Eu saio do banheiro enquanto ela faz xixi, e uma vez que ela me deixa
saber que terminou, eu volto. Alguns minutos depois, a palavra grávida
acende na tela, e eu dou um abraço nela. — Jase e eu estaremos aqui para
você, não importa o que aconteça.
— Eu sei, — diz ele, engasgando. Jase e Jax amam tanto sua irmã. —
Ela nem mesmo visita a loja.
Jase me puxa para seus braços e beija minha testa. — Nós vamos falar
com Jax amanhã. Eu te amo.
— Amo você mais.
Jase olha para mim. — Primeiro de tudo, você nunca precisa ter
medo, Covinha. Eu estou bem aqui. — Ele beija a ponta do meu nariz. —
Em segundo lugar, não há nada de errado em querer mais.
Jase ri baixinho.
— Estou falando sério, — digo, — nunca quis ter filhos e agora que
quero uma casa cheia deles, não podemos engravidar.
— Se é isso que você quer, então é isso que vamos fazer. — Ele me
entrega um teste de gravidez.
— É uma coisa boa que você insistiu que comprássemos essa casa
ridiculamente enorme, porque daqui a dois meses, vamos precisar de outro
dos quartos.
— Por quê?
— Por ver o que estava abaixo da superfície. Por ver a beleza no meu
caos. Por me ver.
Fim!
SOBRE A AUTORA
[←1]
MAC e Lancôme são marcas de cosméticos e perfumaria.
[←2]