Apostila Marise Ramos
Apostila Marise Ramos
Apostila Marise Ramos
DO CONTEXTO SÓCIO-
EDUCACIONAL
RAMOS, Marise.
Manifestações e Sentido do Contexto Sócio-
Educacional. 1ª ed. Rio de Janeiro; FGV Projetos –
Capacitação.
62p.
Bibliografia
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Sumário
1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 1
1.1 EMENTA 1
1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL 1
1.3 OBJETIVOS 1
1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 2
1.5 M ETODOLOGIA 3
1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 3
1.7 B IBLIOGRAFIA RECOMENDAD A 3
CURRIC ULUM RES UMIDO DO PROFESSOR 4
2.1 INTRODUÇÃO 6
2.2 TRABALHO , EDUCAÇÃO E CULTURA NA GLOBALIZAÇÃO 7
2.3 CONTEXTO SÓCIO -EDUCACIONAL B RAS ILEIRO E GLOBALIZAÇÃO 12
2.4 PROPOS TAS , PROJETOS E AÇÕES POLÍTICAS 15
2.5 POSTURAS POLÍTICAS E FILOSÓFICAS S UBJACENTES A OPÇÕES E PRÁTICAS DA
GESTÃO EDUCACIONAL 17
2.6 IMPLICAÇÕES SÓCIO -C ULTURAIS NA G ESTÃO EDUCACIONAL 24
2.7 RELAÇÕES QUE ENVOLVEM O PROJETO EDUCACIONAL 31
2.8. CONCLUS ÃO 35
2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIC AS 37
3. MATERIAL COMPLEMENTAR 40
ii
1
1. Programa da disciplina
1.1 Ementa
Contexto sócio-educacional brasileiro e globalização. Manifestações em propostas,
projetos e ações. Posturas políticas e filosóficas subjacentes a opções e práticas de
gestão. Implicações sócio-culturais na gestão educacional. Relação sociedade e escola, e
empresa e escola. Relação professor e gestor educacional. Cidadania e gestão
educacional. Sentido da gestão educacional, exclusão, conhecimento, tecnologia meio
ou fim. Postura do gestor e possibilidade de transformação sócio-educacional no sentido
da ética.
1.3 Objetivos
conhecimento,
tecnologia meio ou fim
Postura do gestor e Pressupostos de uma educação efetivamente comprometida com o
desenvolvimento humano e social numa perspectiva ética
possibilidade de
transformação sócio-
educacional no sentido
da ética
1.5 Metodologia
As atividades compreenderão exposição e discussão do conteúdo programático,
valorizando-se as questões apresentadas pelos estudantes, tanto aquelas elaboradas a
partir de sua experiência prática, quanto as que se refiram ao texto de estudo e às
exposições em sala de aula. Buscar-se-á enfrentar e elucidar as questões mediante ao
retorno ao texto de estudo, bem como aos aprofundamento dos debates e às
sistematização da bibliografia recomendada.
incide mais diretamente sobre nosso país. Analisamos, então, aspectos dessa política,
colocando foco sobre a emergência de novas referências sobre a relação entre trabalho e
educação, especialmente considerando o modelo de competências que trouxe
implicações tanto para a pedagogia quanto para as práticas de gestão do trabalho.
Nesse sentido, tanto as formas típicas da escola moderna baseadas nos saberes
científicos e disciplinares são deslocadas a favor de uma pedagogia voltada para o
desenvolvimento de competências cognitivas e comportamentais das pessoas, quanto os
modelos de gestão baseados na administração científica do trabalho dão lugar à gestão
por competências. Nos limites que este texto nos permite, analisaremos os fundamentos
desse modelo e apresentaremos também nossas críticas, bem como perspectivas de
superá- lo em direção a processos de gestão e formação integradas, cujo o centro sejam
os sujeitos estudantes e trabalhadores.
Considerando que a educação é afetada por inúmeros desafios, discutimos as
relações que implicam essa prática, sejam elas internas ou externas à escola,
considerando as perspectivas e os riscos que tais relações, em um tempo de indefinições
e crises de valores, nos colocam. Finalmente, reiteramos o compromisso que os
educadores precisam firmar quanto à formação ética, política, cultural e científica de
nossos estudantes, tendo a escola e os projetos educacionais como espaços
fundamentais e plenamente válidos para esse propósito. Sendo assim, propomos o
permanente questionamento sobre os limites e as possibilidades da educação no
enfrentamento das contradições contemporâneas, bem como as perspectivas que
podemos assumir como promissoras na formação de sujeitos que, conquanto adquiram
cada vez mais as condições para elaborar e perseguir seus projetos de vida, também se
ocupem do projeto de nação soberana que perseguimos há séculos.
1
Além de Harvey (1973), Jameson (1994, 1996) também reconhece que há mudanças significativas no
modo de organização do capitalismo e no conseqüente estilo de vida das sociedades. Eles, porém, não se
rendem a visões apologéticas que marcam autores como Bell. Enquanto Harvey tem a preocupação de
analisar a pós-modern idade valendo-se primo rdialmente (mas não exclusivamente) da dimensão
econômica do capitalismo deste fim de século, Jameson traz a questão cultural de tal modo que considera
o pós-modernismo co mo a lógica cultural do capitalis mo tardio
Manifestações e Sentido do Contexto Sócio-Educacional
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se apressa em alertar que não está claro se os novos sistemas de produção garantem ou
não o título de um novo regime de acumulação. Também na esfera das relações sociais,
cuida para se perguntar se o renascimento do empreendimento e do
neoconservadorismo, associado com a virada cultural para o pós-modernismo, garante
ou não o título de um novo modo de regulamentação 2 .
2
O autor se baseia, aqui, na chamada Escola de Regulamentação de teóricos franceses, destacando -se,
dentre eles, Michel Aglietta, Robert Boyer e Alain Lip ietz. Os regulamentadores interpretam a história do
capitalis mo como marcada por sucessivos modos de desenvolvimento, nos quais um regime específico de
acumulação é orientado por um modo específico de regulamentação
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Antunes (1995) discorre a respeito das diversas considerações críticas relativas a tese da especialização
flexível.
Manifestações e Sentido do Contexto Sócio-Educacional
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As razões utilizadas para legitimar formas de desenvolvimento curricular globalizadas, integradas ou
interdisciplinares foram construídas mediante argumentos às vezes exclusivamente psicológicos, às vezes
epistemológicos, tendo predominado as teorias psicológicas da aprendizagem, principalmente aquelas
baseadas no pensamento de Jean Piaget. Atualmente, ressurge também o pragmatis mo como eixo de
argumentação prioritária a justificar a conveniência de currículos definidos com base na noção de
competência. Uma análise sobre a relação entre o construtivismo rad ical (Glaserfeld, 1998) e o
neopragmatismo pode ser encontrada em Ramos (2003).
Manifestações e Sentido do Contexto Sócio-Educacional
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Com tal sentido, o referido documento apresenta princípios axiológicos que são
orientadores de condutas, bem como princípios pedagógicos, com vistas à construção
dos projetos escolares pelos sistemas e instituições de ensino. Esses princípios não são
neutros. Ao contrário, baseiam-se numa certa forma de compreender a sociedade e suas
relações no momento contemporâneo, demonstrando uma confiança quase apologética
no atual estágio de avanço da tecnologia e na capacidade da escola de preparar cidadãos
e trabalhadores intelectual e psicologicamente adequados à sociedade pós- moderna e
pós-industrial. Do processo educacional, então, solicita-se o desenvolvimento de
sensibilidades que orientem os jovens em suas condutas de acordo com valores do novo
tempo, visando à realização de seu projeto de vida com base nas capacidades próprias e
nos recursos que o meio oferece.
Em face disto, Kuenzer (2000) explica que as afirmações educação agora é para
a vida e educação profissional é complemento à educação básica são feitas com base
na constatação da identidade entre as capacidades demandadas pelo exercício da
cidadania e pela atividade produtiva, o que permitiria superar a dicotomia entre a
racionalidade técnica e o caráter abstrato dos ideais da formação humana.
É por isso que se deve problematizar o conceito de trabalho que tem orientado a
pedagogia das competências, assim como a própria noção de competência.
Marx (1988) considera o trabalho tanto na sua forma positiva geral - como
atividade produtiva ontológica da humanidade e mediação entre o homem e a natureza;
como na sua forma negativa - na divisão do trabalho capitalista, abordada co mo
trabalho alienado. Sob as relações capitalistas, a dimensão ontológica do trabalho é
subsumida à dimensão produtiva. Ao discutir o trabalho como princípio educativo,
porém, Gramsci (1991b) assim o considera não porque sob o modo de produção
capitalista ele se transforma em mercadoria e aliena o homem de sua própria produção.
Mas porque, sob a dimensão civilizatória do próprio capitalismo, este tende a
revolucionar permanente os meios de produção, a ponto de as forças produtivas
entrarem em contradição com o próprio modo de produção.
Sob capitalismo o homem se aliena pelo trabalho, mas também por meio dele
pode tomar consciência de si mesmo e de sua função social. Para Gramsci, portanto, não
é o trabalho concreto nem o trabalho alienado o princípio educativo, mas o trabalho
como elemento da atividade geral e universal que, no seu estado mais avançado, guarda
o momento histórico objetivo da própria liberdade concreta. Portanto, para Gramsci, é a
liberdade dos trabalhadores o sentido do trabalho como princíp io pedagógico. Liberdade
e necessidade são pressupostos e resultados da produção da existência humana, da
construção de um novo modo de produção e de uma nova cultura.
Numa leitura específica para a política educacional, Saviani (1987) afirma que o
trabalho pode ser considerado como princípio educativo em três sentidos diversos mas
articulados entre si:
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Sobre uma análise mais detalhada sobre o conceito de qualificação e seu deslocamento pelo de
competência, ver Ramos (2002).
Manifestações e Sentido do Contexto Sócio-Educacional
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Como sabemos, o funcionalismo não nasce nas Ciências Sociais, embora tenha
sido muito divulgado nessa área, mas é importado das Ciências Biológicas. Essa teoria
não considera as determinações históricas e contraditórias do objeto de conhecimento
que se propõe a explicar. Assim como na Biologia o objeto de conhecimento é o
organismo ou um subsistema de um organismo, no caso da Sociologia é um sistema de
ação. Em outras palavras, o sistema e seus pressupostos não são questionados, mas
somente o seu funcionamento. Não há lugar para as contradições, mas sim para a
integração.
6
O homem assim concebido é produto do sistema capitalista que agiria de acordo com suas
determinações "naturalmente dadas". Esse homem é individualista, maximizador da produção e do lucro,
racional e livre nas suas escolhas e no seu consumo. Sua racionalidade e seu potencial maximizador
contribuiriam, naturalmente, para a situação ótima das relações sociais. Sobre este conceito ver Hunt
(1989).
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Detalhamento sobre a perspectiva funcionalista das metodologias de análise do trabalho ve r Ramos
(2002).
Manifestações e Sentido do Contexto Sócio-Educacional
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Se, num passado muito recente dir-se-ia da inserção profissional ser este o
“momento em que o indivíduo vai procurar negociar os conhecimentos adquiridos para
conseguir um emprego” (DUBAR, 1998, p.167), atualmente, pelo que observamos,
negociam-se competências, como a síntese de saberes, saber- fazer e saber-ser. É de se
estranhar, entretanto, que se requeira tanto o vínculo entre escola e mundo do trabalho,
justamente num momento em que o aumento do nível de abstração das forças leva a
uma simplificação na execução do trabalho, de um lado, e a dispensa de trabalhadores
qualificados, de outro. Porém, esse vínculo não se refere tanto aos saberes específicos
de trabalho, mas às respectivas dimensões comportamentais. Como caracterizar, então,
o currículo e a pedagogia que tem por base as competências:
educação no contexto das práticas sociais. Considera ele que no campo do controle
simbólico atualmente estão “as novas profissões que regulam a mente, o corpo, as
relações sociais, seus contextos especiais e suas projeções temporais”, enquanto os
agentes do campo da produção regulam os recursos físicos. Ambos os campos
controlam os meios, os contextos e as possibilidades de realização nesses dois campos.
Enquanto o campo da produção estaria se simplificando, o campo do controle simbólico
estaria ampliando suas funções normalizadoras em decorrência do enfraquecimento da
disciplina do trabalho. Por isso, o vínculo entre educação e produção permaneceria forte
somente nos níveis superiores de educação. Mas o vínculo entre educação e controle
simbólico estaria se fortalecendo e se generalizando em todos os níveis. Essa visão
ratifica o papel da educação muito mais na co nformação da personalidade e da
consciência do que dos conhecimentos técnicos e científicos.
Isso possibilita- nos compreender a natureza atual dos saberes escolares ou dos
conhecimentos específicos no âmbito da pedagogia da competência, em face dos
processos de trabalho cujos fundamentos são complexos mas os procedimento simples 9 .
O construtivismo piagetiano 10 , com suas diversas nuanças, constitui-se no aporte
psicológico da pedagogia da competência. Vale registrar, então, com Miranda (2000),
que as pedagogias psicológicas, das quais o construtivismo é a expressão
contemporânea, aplica-se tanto aos processos intra-escolares de ensino e aprendizagem,
quanto aos processos mais globais de justificação e organização da ação educativa, nas
mais diversas expressões, compondo fortemente o discurso educacional contemporâneo.
Ele adequa-se, portanto, ao que Bernstein chama de discurso regulativo.
8
A idéia de integração curricu lar é tributária da análise que faz Bernstein (1996) dos processos de
compartimentação dos saberes. A integração, segundo o autor, coloca as disciplinas e cursos isolados
numa perspectiva relacional, de tal modo que o abrandamento dos enquadramentos e das classificações do
conhecimento escolar pro move maior in iciat iva de professores e alunos, maior integração dos saberes
escolares com os saberes cotidianos dos alunos, combatendo, assim, a visão hierárquica e do gmát ica do
conhecimento.
9
Serón (1998) escreve um artigo em que demonstra como a pedagogia invisível de Bernstein aplica -se ao
modelo das competências profissionais dos novos módulos de formação profissional desenhada na
LOGSE (Lei Orgânica de Ordenação Geral do Sistema Educacional), representativa da reforma
educacional na Espanha.
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Análise mais aprofundada dessa compreensão pode ser encontrada em Ramos (2002, 2003).
Manifestações e Sentido do Contexto Sócio-Educacional
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Tem-se, então, por exemp lo, que na fo rmação do Técnico em Quí mica, antes de dominar as técnicas de
laboratório, era p reciso conhecer os princípios da Química; para um Técnico em Eletrônica, os
procedimentos de um conserto eletrônico requer conhecer os princípios da Física; ou para o Técnico em
Enfermagem, sobre um procedimento de assistência à saúde e os princípios da Biologia.
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Essa hierarquia se caracteriza pela preeminência da Matemática, co mo a origem de toda a teoria, junto
com a Física co mo a Ciência primeira, esta seguida pela Química, Biologia, Psicologia e outras Ciências
Sociais
Manifestações e Sentido do Contexto Sócio-Educacional
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Esta foi a tônica adquirida pelo ensino médio a partir da atual LDB (Lei n.
9.394/96). Sob um determinado ideário que predominou em nossa sociedade nos anos
90, a função da escola estaria em proporcionar aos educandos o desenvolvimento de
competências genéricas e flexíveis adaptáveis à instabilidade da vida e não mais o
acesso aos conhecimentos sistematizados. No caso da formação profissiona l, não seria a
fundamentação científica das atividades profissionais o mais importante, e sim o
desenvolvimento de competências adequadas à operação de processos automatizados,
que requerem pouco do conhecimento especializado do trabalhador e mais uma
capacidade de agir diante dos imprevistos.
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Uma análise crítica sobre a pedagogia das competências está em Ramos (2001), quando concluímos
que a noção de competência tem seus fundamentos filosóficos e ético -políticos radicalmente opostos à
perspectiva da formação hu mana. Seu caráter ideológico visa a conferir legitimidade aos novos padrões
de acumulação do capital e de relações sociais, desviando os processos educativos dos horizontes de
construção de uma concepção de mundo transformadora.
Manifestações e Sentido do Contexto Sócio-Educacional
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Portanto, o conhecimento não é de coisas, entidades, seres, etc, mas sim das
relações que se tratam no plano sócio-cultural as quais o conhecimento trata de
descobrir, apreender no plano do pensamento. São as apreensões assim elaboradas e
formalizadas que constituem a teoria e os conceitos. A Ciência é a parte do
conhecimento melhor sistematizado e deliberadamente expresso na forma de conceitos
representativos das relações determinadas e apreendidas da realidade considerada. O
conhecimento de uma seção da realidade concreta ou a realidade concreta tematizada
constitui os campos da ciência.
Não se pode negar a emergência cada vez maior de novos espaços educativos
que transcendem a escola. Já não é mais exclusividade da escola a tarefa de promover o
processo de conhecimento e de capacitação das pessoas. Outros tantos espaços
desempenham tal pregorrativa, principalmente aqueles cujo apelo lúdico seduz muito
mais as crianças e o jovens, como a televisão, o computador, etc. A escola ainda está
muito distante de uma postura que assuma o desenvolvimento da ciência e da tecnologia
como a materialidade que envolve as relações sociais e, portanto, como conjunto de
conhecimentos cuja compreensão e produção não podem ser deslocados para os espaços
educativos informais. Ao contrário, a educação formal é pressuposto para a
compreensão crítica do processo bem como para o rompimento com uma visão
determinística em que a tecnologia é vista como mítica máquina atuando
independentemente do homem. É compromisso da escola desenvolver os meios e as
condições para a sua reatualização cultural, científica e tecnológica do indivíduo, se
assumimos o ideal democrático de educação geral na nova sociedade tecnologizada.
Assim, trata-se de não alienar o ensino escolar das novas características tanto do
mercado de trabalho como do panorama político e social. Tendo o ideal democrático
como pressuposto, é preciso perguntar-nos sobre qual é o modelo de cidadão consciente
que inspira nosso ensino, e então buscar fazer com que nossos projetos político-
pedagógicos correspondam adequadamente ao desejo natural de aprender dos jovens,
motivando-os a participar ativamente do processo educativo onde a ciência, a tecnologia
e a informação, ao lado de tantas mazelas sociais, como a miséria, a forme e a
deseducação, são a materialidade concreta e contraditória sobre a qual a vida desses
jovens vem sendo construídas.
2.8 Conclusão
Algumas idéias principais podem ser extraídas desse texto. A primeira é que, por
mais hegemônico que hoje se apresente, o modelo de competências pode levar a
processos de gestão e a formações pragmáticas e tecnicistas incompatíveis com a
formação integral dos estudantes. A segunda diz respeito à nossa contrariedade com a
adequação da escola ao mercado de trabalho, posto que o compromisso do processo
educativo deve ser com os sujeitos, para que esses sejam formados a fim de enfrentarem
as contradições do mercado de trabalho. Por fim, a terceira idéia é de que a escola, os
sistemas de ensino, seus professores e gestores precisam ter uma visão cr ítica do
mercado de trabalho e construir o processo formativo no qual, ao tempo em que
proporcionam acesso aos conhecimentos, contribuam para que os sujeitos se insiram no
mundo do trabalho e também questionem a lógica desse mesmo mundo.
outros foram lutaram contra a demissão, um dos amigos que foi demitido fala para o
outro que assinou a demissão voluntária: “você não assinou a sua demissão; você
assinou a demissão dos seus filhos”. Essa frase, longe de se r um julgamento de valor
quanto à escolha de um dos trabalhadores, apresenta uma metáfora que significa que
nossas ações e escolhas não têm implicações somente sobre nossa vida. Há sempre
outros implicados em nossa decisão. Refletir sobre isso cotidianamente talvez nos ajude
a tomar decisões.
3. Material Complementar