Dissertação de Mestrado - Jeremias Gabriel Benjamim

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DESEMPENHO DA SERRAÇÃO ROSIL, LDA E SERRAÇÃO SOTOMANE

NA CIDADE DE MOCUBA ATRAVÉS DE RENDIMENTO E EFICIÊNCIA.

Jeremias Gabriel Benjamim


UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

DESEMPENHO DA SERRAÇÃO ROSIL, LDA E SERRAÇÃO SOTOMANE


NA CIDADE DE MOCUBA ATRAVÉS DE RENDIMENTO E EFICIÊNCIA.

Jeremias Gabriel Benjamim

MOCUBA

2013
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

DESEMPENHO DA SERRAÇÃO ROSIL, LDA E SERRAÇÃO SOTOMANE


NA CIDADE DE MOCUBA ATRAVÉS DE RENDIMENTO E EFICIÊNCIA.

Dissertação submetida à Faculdade de Engenharia


Agronómica e Florestal, Universidade Zambeze,
Mocuba, em parcial cumprimento dos requisitos para
a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia
Florestal, 2013.

Autor: Jeremias Gabriel Benjamim

Orientadora: M.Sc. Ilya María García Corona

MOCUBA

2013
Declaração

Eu, Jeremias Gabriel Benjamim declaro que esta dissertação é resultado do meu próprio
trabalho e está a ser submetida para a obtenção do grau de mestre na Universidade Zambeze. Ela
não foi submetida antes para a obtenção de nenhum grau ou para avaliação em nenhuma
universidade.

_________________________________________

Mocuba, _____ de ___________________ de 2013.


Em memória:

Minha mãe Aida Jemusse Caetano

(1951 – 2012)

Minhas irmãs: Deolinda e Luísa “Lulu”

Rest in peace.
Agradecimentos

Esta dissertação resulta duma longa caminhada da vida social e académica, portanto, não será
fácil agradecer de forma justa a todos. Para não incorrer a injustiça, agradeço de antemão a todos
que de alguma forma contribuíram no meu ser e os que tornaram possível este trabalho.

Agradecer a Deus, Pai celestial, criador do céu, da terra e dos seres viventes por ter concedido a
mim a vida e pelo mantimento da minha saúde.

Ao homem que tanto admiro, Gabriel Benjamim Evaristo (meu pai) pelo apoio moral e
financeiro na minha formação até na elaboração desta dissertação, sem deixar de agradecer ao
meu tio Romão Benjamim Evaristo pelos ricos ensinamentos da vida, que fazem de mim o
homem que sou e que permitiram-me conhecer o mundo das ciências florestais, do qual tenho
imenso orgulho.

Aos meus irmãos: Ângelo, Marina, Tontiana, Gabriela, Sheila, Evaristo e Custódio pelo
acompanhamento persistente em todos os momentos tanto da formação como da vida no geral.

A todos sobrinhos, primos e tios agradeço pela força e que sigam o exemplo nas mais diversas
áreas científicas.

Aos docentes cubanos da FEAF, pelos valiosos contributos, em especial a minha orientadora a
Enga Ilya María García Corona (M.Sc) e ao Engo Nelson Rafael, meu co-orientador.

Especial agradecimento a minha namorada e colega de turma Leodina Nhalusse por compartilhar
absolutamente todas as dificuldades e vitórias em todos os momentos.

A minha geração 2009-FEAF (os pioneiros), em especial aos colegas florestais pela
“camaradagem” ao longo do curso e espero que o espirito prevaleça.

As serrações Rosil, Lda e Sotomane, locais de estudo nos quais foi desenvolvida esta pesquisa,
sinceros agradecimentos pela recepção e colaboração em todas actividades.

A todos, o meu sincero:


Muito obrigado.
Transformemos a matéria bruta cedida pela natureza,

Optimizando cada vez mais o seu aproveitamento.

Saibamos retribuir eficazmente essa gentileza,

Duma forma racional e com aperfeiçoamento.

O Autor.
CURRICULUM VITAE

[01] INDENTIFICAÇÃO
Apelido: Benjamim
Outros nomes: Jeremias Gabriel
Estado Civil: Solteiro
Data de nascimento: 22 de Março de 1990
Nacionalidade: Moçambicana
Naturalidade: Tete
B.I. Nº: 050100849563B
Endereço: Bairro 25-Setembro, Mocuba
Contacto 827088822 / 861669499
E-mail: [email protected]

[02] HABILITAÇÕES LITERÁRIAS


1997 – 2001: 1ª a 5ª classe na Escola Primaria Paulo S. Kankhomba – Tete
2002 – 2003: 6ª a 7ª classe na Escola EP2 – Tete
2004 – 2006: 8ª a 10ª Classe no Colégio Diocesano Dom Bosco – Pemba
2007 – 2008: 11ª a 12ª Classe na Escola Secundária Samora M. Machel – Beira
2009: Ingresso à Universidade Zambeze- Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal
(UniZambeze-FEAF), curso de Engenharia Florestal
2011: Conclui o 1º Ciclo (3º ano) em Engenheira Florestal na UniZambeze-FEAF
2012: Frequenta o 2º Ciclo (4º ano) em Engenharia Florestal na UniZambeze-FEAF
2013: Conclui o 2º Ciclo (5º ano) em Engenharia Florestal na UniZambeze-FEAF

[03] IDIOMAS
Língua Fala Escrita Leitura
Português Fluente Fluente Fluente
Nhúnguè Fluente Fluente Fluente
Inglês Intermedia Básica Básica

[04] EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS


{1} Foi inquiridor na avaliação do desempenho do Projecto de Desenvolvimento da Zambézia
(PRODEZA) em Setembro de 2010 – Distrito de Mocuba.

{2} Participou na feira de Saúde & Agro-negócios organizada pela ADRA e MISAU em
Setembro de 2010 – Cidade de Mocuba.

{3} Foi colaborador do Programa de Desenvolvimento Ambiental (PRODEA) de Mocuba para


a elaboração de DRP, Agenda comunitárias e Planos de negócios no âmbito da iTC/MCA de
Março a Agosto de 2013.
[05] ACTIVIDADE CIENTÍFICAS
{1} Participou numa formação de Agrossilvicultura, Setembro 2011 em Machipanda-Manica.

{2} Participou na Ia Jornada científica da UniZambeze/FEAF com o tema Agrossilvicultura


“Conceitos e Métodos” em Outubro de 2011- Cidade de Mocuba.

{3} Participou nas IIas Jornadas científicas da UniZambeze/FEAF com o tema Estratégia de
marketing para produção e comercialização de carvão vegetal, Outubro 2012.

{4} Participou num inventário florestal como Team Leader para concessão florestal em
Munhiba-Mocuba em Novembro e Dezembro de 2012.

{5} Foi monitor de 2012 a 2013 das cadeiras: Inventario Florestal, Medições Florestais,
Estrutura e Propriedades da Madeira e Tecnologia de Indústrias Florestais.

[06] CURSOS
 Conhecedor de sistema informático na óptica do operador (Pacotes: Microsoft Office Word,
Excel, Access, PowerPoint, Publisher e Internet).

[07] HABILIDADES
 Domínio Em desenho e implementação de projectos de desenvolvimento comunitário,
projectos de pesquisa aplicada e/ou transferência de tecnologias.

 Capacitado em planificar, realizar, analisar e produzir relatórios de inventários florestais, com


pleno domínio de GPS.

 Conhecimentos teóricos e práticos sobre Maneio Florestal e Tecnologia da Madeira.

 Competente em locionar cadeiras curriculares em ciências florestais.

 Alto sentido de responsabilidade, espírito de iniciativa e criatividade, rapidez e eficiência no


trabalho e sigilo profissional.

REFERÊNCIAS

Prof. Doutor. Daniel Chongo (UniZambeze-FEAF): +258 826463537

M.Sc. Ilya Garcia Corona (UniZambeze-FEAF): +258 843717271


ÍNDICE DE CONTEÚDOS

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
1.1. Generalidades .............................................................................................................. 1
1.2. Problema e justificação do estudo ................................................................................ 2
1.3. Hipótese....................................................................................................................... 2
1.4. Objectivos.................................................................................................................... 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 3


2.1. SERRAÇÃO ................................................................................................................ 3
2.1.1. Aspectos gerais ..................................................................................................... 3
2.1.2. Classificação das serrações ................................................................................... 3
2.1.3. Operações realizadas nas serrações ....................................................................... 4
2.1.4. Sistemas de corte .................................................................................................. 5
2.1.5. Classificação da madeira serrada ........................................................................... 8
2.2. DESEMPENHO DAS SERRAÇÕES......................................................................... 10
2.2.1. Rendimento volumétrico ..................................................................................... 10
2.2.2. Eficiência de conversão ...................................................................................... 12
2.3. A INDÚSTRIA MADEIREIRA EM MOÇAMBIQUE .............................................. 13
2.3.1. Unidades de processamento ................................................................................ 13
2.3.2. Produção industrial ............................................................................................. 14
2.3.3. A indústria madeireira na província da Zambézia ................................................ 14
2.3.4. A indústria madeireira no distrito de Mocuba ...................................................... 16

3. MATERIAS E MÉTODOS ............................................................................................ 17


3.1. Local de estudo .......................................................................................................... 17
3.2. Materiais .................................................................................................................... 20
3.3. Métodos ..................................................................................................................... 20

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 25


4.1. SERRAÇÃO ROSIL, LDA ........................................................................................ 25
4.1.1. Fluxo de produção .............................................................................................. 25
4.1.3. Rendimento volumétrico ..................................................................................... 30
4.1.4. Eficiência de conversão ...................................................................................... 34
4.2. SERRAÇÃO SOTOMANE ....................................................................................... 37
4.2.1. Fluxo de produção .............................................................................................. 37
4.2.3. Rendimento volumétrico ..................................................................................... 41
4.2.4. Eficiência de conversão ...................................................................................... 43
4.3. COMPARAÇÃO ENTRE AS DUAS SERRAÇÕES ................................................. 45
4.3.1. Rendimento por espécie ...................................................................................... 45
4.3.2. Tempo gasto por via de serragem ........................................................................ 47
4.3.3. Grau de aproveitamento da capacidade instalada das serrações ........................... 48

5. CONCLUSÕES ................................................................................................................ 50
6. RECOMENDAÇÕES ....................................................................................................... 51
7. REFERÊNÇIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 54
RESUMO

O trabalho teve lugar nas serrações Rosil e Sotomane, ambas localizadas na cidade de Mocuba,
visando avaliar o desempenho destas indústrias através do rendimento volumétrico e da
eficiência de conversão. Foram efectuadas medições de toros e da madeira serrada auxiliadas de
arquivos e relatórios do exercício das serrações. Os toros foram submetidos à medição de
diâmetro, comprimento e espessura da casca para o cálculo do volume com base no método de
Smalian. Após o processamento, a madeira foi mensurada de modo a estimar o rendimento em
dois períodos, o correspondente a 16 horas de trabalho. A eficiência foi determinada baseando-se
no volume de toros pelo número de operários. Os resultados revelam que a Serração Rosil opera
com rendimento médio de 48,93% e eficiência média de 1,34 m3/operário/turno. A Serração
Sotomane apresentou 46,64% e 0,96 m3/op/turno como rendimento e eficiência respectivamente.
O rendimento das duas serrações enquadra-se no intervalo normal de espécies folhosas, visto que
as espécies mais processadas nestas indústrias são Afzelia quanzensis e Pterocarpus angolensis.
Em geral, a eficiência das duas serrações é baixa e maior parte da matéria-prima convertida são
subprodutos, os quais são desperdiçados. A elevada quantidade de subprodutos de madeira no
processo de serragem nas serrações da cidade de Mocuba não se deve necessariamente ao baixo
desempenho destas indústrias, mas sim pela baixa utilização dos subprodutos da madeira,
principalmente a serradura.

Palavras-chaves: serração, rendimento volumétrico e eficiência de conversão.


ABSTRACT

The work took place at sawmills Rosil and Sotomane located in the city of Mocuba, to evaluate
the performance of these industries through the volumetric yield and conversion efficiency.
Measurements were made of logs and lumber assisted files and reports the performance of
sawmills. Logs were subjected to measurement of diameter, length and thickness of the bark for
calculating the volume based on the method of Smalian. After processing, the wood was
measured to estimate the yield in two time equivalent 16 hours of work. The efficiency was
determined based on the volume of the log and number of workers. The results reveal that Rosil
sawmill operates with average yield of 48.93% and average efficiency of 1.34 m3/worker/day.
The Sotomane sawmill showed 46.64 % and 0.96 m3/worker/day as yield and efficiency
respectively. The yield of the two sawmills falls within the normal range of hardwood species,
since the species most processed these industries are Afzelia quanzensis and Pterocarpus
angolensis. In general, the efficiency of the two sawmills is low and most of the raw material are
converted by-products which are wasted. Therefore, the amount of wood by-products found in
the city of Mocuba not necessarily due to the low performance but low utilization of the wood
by-products, mainly sawdust .

Key words: sawmilling, volumetric yield and conversion efficiency.


LISTA DE FIGURAS Pág.

Figura 1: Esquema de corte tangencial: (a) serra vertical e (b) serra horizontal .......................... 7

Figura 2: Esquema de corte radial ............................................................................................. 7

Figura 3: Produção de madeira serrada na Zambézia (2005-2010). .......................................... 15

Figura 4: Localização da área de estudo .................................................................................. 17

Figura 5: Vista geral da Serração Rosil, Lda............................................................................ 18

Figura 6: Vista geral da Serração Sotomane. ........................................................................... 19

Figura 7: Medição de diâmetro-Fita métrica.; Figura 8: Medição de diâmetro-Suta. ................ 22

Figura 9: Fluxo de produção da Serração Rosil, Lda. .............................................................. 25

Figura 10: Vista 1, pátio de toros.; Figura 11: Vista 2, pátio de toros. ...................................... 26

Figura 12: Trator usado para manuseamento de toros na SR. ................................................... 27

Figura 13: Serra Circular, topejadora.; Figura 14: Máquina de plainar madeira serrada. .......... 27

Figura 15: Secagem da madeira-SR.; Figura 16: Proteção da madeira serrada-SR. .................. 28

Figura 17: Esquemas de corte utilizados na SR. ...................................................................... 30

Figura 18: Aproveitamento da madeira, Serração Rosil. .......................................................... 31

Figura 19: Fluxo de produção da Serração Sotomane. ............................................................. 37

Figura 20: Vista 1, pátio de toros-SS.; Figura 21:Vista 2, pátio de toros-SS. ............................ 38

Figura 22: Depósito de toros para a serra principal-SS. ........................................................... 39

Figura 23: Serra circular, topejadora-SS.; Figura 24: Serra circular, canteadora-SS. ................ 39

Figura 25: Esquema de corte utilizado na SS. .......................................................................... 41

Figura 26: Aproveitamento da madeira, Serração Sotomane. ................................................... 42

Figura 27: Relação tempo utilizado por cada via de corte na SR e SS. ..................................... 47
LISTA DE TABELAS Pág.

Tabela 1: Dimensões dos principais produtos de madeira serrada segundo a norma brasileira --- 9

Tabela 2: Dimensões dos principais produtos de madeira serrada segundo a norma cubana ----- 9

Tabela 3: Exemplos de eficiências em algumas serrações no mundo ------------------------------- 12

Tabela 4: Unidades de processamento e paralisadas de 2000 a 2005 em cada província--------- 13

Tabela 5: Evolução da produção industrial em Moçambique (2000-2008) ------------------------ 14

Tabela 6: Produção de madeira serrada na Zambézia (2005-2010) --------------------------------- 15

Tabela 7: Empresas a operarem no distrito de Mocuba ---------------------------------------------- 16

Tabela 8: Aspectos técnicos da Serração Rosil, Lda -------------------------------------------------- 29

Tabela 9: Rendimento volumétrico médio e percentagem de subprodutos-SR -------------------- 30

Tabela 10: Eficiência de conversão por período e média-SR ---------------------------------------- 34

Tabela 11: Padrão de classificação da madeira serrada em uso na SS ------------------------------ 40

Tabela 12: Aspectos técnicos da Serração Sotomane ------------------------------------------------- 40

Tabela 13: Rendimento volumétrico médio e percentagem de subprodutos-SS ------------------- 41

Tabela 14: Eficiência de conversão por período e média-SS ---------------------------------------- 43

Tabela 15: Rendimento volumétrico por espécie ----------------------------------------------------- 45

Tabela 16: Características das espécies processadas nas serrações --------------------------------- 47

Tabela 17: Grau de aproveitamento da capacidade instalada das serrações ------------------------ 48


LISTA DE APÊNDICE Pág.

Apêndice 1: Guião de registo de dados de toros ------------------------------------------------------- 58

Apêndice 2: Guião de registo de madeira serrada ----------------------------------------------------- 58

Apêndice 4: Lay-Out da Serração Rosil, Lda ---------------------------------------------------------- 59

Apêndice 5: Lay-Out da Serração Sotomane ----------------------------------------------------------- 60


LISTA DE ABREVIATURAS

DNTF: Direção Nacional de Terras e Florestas

DINAPOT: Direção Nacional de Planeamento e Ordenamento Territorial

DPCAAZ: Direção Provincial para a Coordenação da Acão Ambiental da Zambézia

FAO: Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture
Organization)

FEAF: Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal

IPEX: Instituto para a Promoção de Exportações

IPT: Instituto de Pesquisas Tecnológicas

Lda: Limitada

MAE: Ministério da Administração Estatal

MICOA: Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental

NDF: Fundo de desenvolvimento nórdico (Nordic Development Fund)

SR e SS: Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane

SPFFBZ: Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia da Zambézia

SDAE: Serviços Distritais de Actividades Económicas

Pág: Página

s.d: sem data

LISTA DE SÍMBOLOS

%: Percentagem

m, m2, m3: Metros, metros quadrados e metros cúbicos

Km e ha: Quilómetros e hectares

: Somatório
Desempenho da Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane na cidade de Mocuba, Rendimento e Eficiência.

1. INTRODUÇÃO

1.1. Generalidades

A madeira é um material bastante usado no mundo para diversos fins, sendo que a transformação
da matéria-prima (toros) em madeira serrada nas indústrias joga um papel fundamental,
permitindo a sua disponibilidade para um vasto mercado. Este facto, deve-se ao crescimento do
sector da tecnologia da madeira, pois com a madeira extraída das florestas resultam vários
produtos entre mobiliários, instrumentos musicais e derivados de madeira como aglomerados e
contraplacados.

Promover as indústrias de processamento de produtos florestais, maximizar através do


processamento e da exportação o valor do mercado destes produtos e garantir a sustentabilidade
dos recursos são aspectos cruciais para aumentar gradualmente o aproveitamento dos recursos
madeireiros (IPEX, 2003). No entanto, este aproveitamento passa por desenhar estratégias para a
promoção de investimento na indústria moçambicana baseando-se no uso de tecnologias
sofisticadas nas unidades de processamento.

Chitará (2003), revela um inquérito sobre a indústria florestal Moçambicana, o qual indica que o
processamento da madeira no país até 2003 era efectuado por 147 unidades industriais, entre
serrações, carpintarias, fábricas de folheados e painéis de partículas. A capacidade instalada do
processamento primário no país era de 120.000 m3/ano de madeira serrada e a produção foi
estimada em 25.000 m3/ano, pois maior parte da madeira explorada era exportada em toro.

Dados do Inventário Florestal Nacional de 2007, indicam que Zambézia é a segunda província
que mais contribui para florestas produtivas com 4,1 milhões de hectares e apresenta maior
volume comercial disponível (7,7 m3/ha) de todo país, constituído maioritariamente por espécies
da 1ª classe (Marzoli, 2007). Entretanto, o Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia
(Decreto no 12/2002 de 6 de Junho da Lei no 10/99), no artigo 12 restringe a exportação da
madeira em toros de espécies da 1ª classe, sendo necessário a transformação de toros em madeira
serrada (tábuas, pranchas, travessas, barrotes, réguas de parquet e folheado). Esta restrição,
implica traçar estratégias para optimizar a gestão nas unidades de processamento da madeira.

Uma gestão necessita de subsídios para julgar se as operações vêm sendo executadas de forma
correcta, no sector da indústria madeireira, particularmente nas serrações existem vários
parâmetros que podem ser utilizados para avaliar o desempenho das actividades, todavia, o

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 1


Desempenho da Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane na cidade de Mocuba, Rendimento e Eficiência.

rendimento volumétrico e a eficiência são parâmetros que revelam com relativa transparência o
desempenho de uma serração (Rocha, 2002).

1.2. Problema e justificação do estudo

Mackenzie (2006), no seu relatório sobre a administração da floresta na Zambézia, refere que
tanto os exploradores como os exportadores de madeira invocam que o equipamento de
processamento na Zambézia é obsoleto e incapaz de processar madeiras duras indígenas. Aliado
a este facto, é comum encontrar quantidades elevadas de subprodutos de madeira desperdiçados
durante o processamento de toros. Daí, surge a seguinte questão:

Será que a elevada quantidade de subprodutos de madeira, desperdiçados no processo de


transformação de toros em madeira serrada nas serrações da cidade de Mocuba é devida ao baixo
aproveitamento da madeira por parte das indústrias?

1.3. Hipótese

Com base no rendimento e na eficiência das serrações da cidade de Mocuba em particular a


Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane é possível entender como é que o desempenho destas
indústrias influência na elevada quantidade de subprodutos de madeira desperdiçados.

1.4. Objectivos

O objectivo geral deste trabalho é de avaliar o desempenho das indústrias de processamento da


madeira a nível da cidade de Mocuba em particular a Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane
através de rendimento volumétrico e eficiência de conversão. Especificamente, o trabalho visa:

i. Descrever o processo de serragem e classificar as serrações;

ii. Estimar o rendimento volumétrico das serrações;

iii. Determinar a eficiência de conversão;

iv. Propor possíveis medidas para reduzir os problemas observados em cada serração.

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 2


Desempenho da Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane na cidade de Mocuba, Rendimento e Eficiência.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. SERRAÇÃO
2.1.1. Aspectos gerais

As serrações são indústrias de transformação de madeira redonda (toros) em madeira serrada, a


partir de máquinas cujos elementos principais de trabalho são as serras (Egas, 2000).
Basicamente uma serração deve possuir um pátio de toros, um local para maquinaria, um local
para classificação da madeira serrada e um parque do produto.

As serras podem ser de três tipos nomeadamente serra múltipla alternativa, serra circular e a
serra de fita.

A serra alternativa múltipla consiste num bastidor com várias lâminas que se movem num
movimento circular. A utilização de várias lâminas simultaneamente aumenta o seu rendimento,
não obstante, apresenta limitação no processamento de toros defeituosos, pois utiliza esquemas
de corte relativamente rígidos. A serra alternativa é apropriada para o processamento de toros
homogéneos, grandes e de baixa qualidade (Egas, 2000).

O mesmo autor refere que, a serra circular consiste num disco de metal endurecido que contém
dentes na sua periferia, auxiliada por um carro que permite que o toro seja virado durante a
serragem. Embora seja de baixo custo na aquisição, este tipo de serra apresenta maior espessura
da via de corte que chega a atingir mais de 8 mm quando se utilizam discos de grandes diâmetros
para a serragem de toros de grandes diâmetros.

A serra de fita consiste numa lâmina que gira apoiando-se em dois volantes que garantem o seu
funcionamento. Apesar da sua estrutura grande e complexa, alto custo de aquisição, a serra de
fita comparativamente aos outros tipos de serras produz cortes mais estreitos, superfície da
madeira de melhor qualidade facilitando a serragem de toros de grandes diâmetros, tecnicamente
utiliza velocidade de alimentação relativamente grande e poucos requerimentos de potência
(Egas, 2000).

2.1.2. Classificação das serrações

Para Egas (2000), as serrações podem ser classificadas com base na maquinaria principal
utilizada no processo de corte, no volume de produção (capacidade de produção) e nas
características da sua instalação num determinado sítio, sendo assim com base na maquinaria

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 3


Desempenho da Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane na cidade de Mocuba, Rendimento e Eficiência.

principal, as serrações podem ser de serra alternativa múltipla, serra circular e serra de fita;
Quanto ao volume de produção pode ser pequena quando a capacidade de processamento de
toros por jornada for menor que 50 m3, média quando a capacidade estiver entre 50 m3 e 100 m3
por jornada e grande quando a capacidade de processamento de toros estiver acima de 100 m3
por jornada.

Baseando-se nas características da instalação, as serrações podem ser móveis, quando é instalada
para uma operação e no fim desta é movida a um novo sitio para outra operação; serrações semi-
permanentes, semelhantes as móveis mas com uma estrutura de instalação mais complexa, e por
último serrações permanentes ou estacionárias, aquelas que são montadas definitivamente num
determinado local durante toda vida útil.

2.1.3. Operações realizadas nas serrações

As operações realizadas nas serrações no geral subdividem-se em dois grupos nomeadamente as


operações com a matéria-prima e as operações de serragem.

Para Egas (2000), as operações realizadas com a matéria-prima são basicamente o


armazenamento e o manuseamento. O armazenamento pode ser em pátios ao ar livre (método
mais usado, permite a classificação) ou em taques de água (custos altos, mais vantajoso, reduz o
surgimento de defeitos).

Na mesma abordagem, em concordância com o autor anteriormente mencionado, o


manuseamento de toros constitui uma das principais operações nas indústrias, uma vez que a
matéria-prima (toros) possui elevado peso e volume. Para o manuseamento de toros dentro da
água utilizam-se botes e para toros armazenados ao ar livre o manuseamento pode ser feito
mecanicamente através de máquinas especializadas ou manualmente.

Nas operações de serragem tem-se as operações de preparação da madeira como a traçagem,


descasque e lavagem de toros. Operações propriamente de serragem que englobam o corte na
serra principal, resseradora, canteadora e topejadora.

Entende-se por traçagem a acção de converter o toro em secções deste com a finalidade de
eliminar defeitos e proporcionar comprimentos e diâmetros compatíveis com a maquinaria e as
especificações do mercado, enquanto o descasque visa retirar a casca aos toros e a lavagem tem
como objectivo eliminar dos toros os materiais que podem danificar as lâminas das serras.

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 4


Desempenho da Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane na cidade de Mocuba, Rendimento e Eficiência.

Segundo Rocha (2002), no processo de serragem, o corte na serra principal tem como função
reduzir as dimensões dos toros em peças de mais fácil trabalhabilidade que serão enviadas a
equipamentos de menor porte para as operações secundárias. Nestas serras os toros são cortados
longitudinalmente e transversalmente (destopo).

A resseradora complementa a trabalhabilidade das peças obtidas no corte com a serra principal.
As peças após a resseragem passam pela canteadora e topejadora para a eliminação de costeiros
e topos respectivamente, através de cortes longitudinais e transversais perpendiculares aos
planos de referência. Estas últimas operações jogam um papel determinante na qualidade do
produto pois dimensionam as peças em função das especificações do mercado as livrando de
possíveis defeitos (Egas, 2000).

Em geral, o processo de serragem nas serrações obedece o seguinte fluxo de produção:


Matéria-prima → Pátio de toros → Descasque → Depósito para a serra principal → Serra
principal → Resseradora → Alinhadeira/canteadora → Topejadora → Pré-tratamento
preservante → Secagem → Armazenamento.
Fonte: Egas (2000).

2.1.4. Sistemas de corte

“Os toros convertem-se em produtos úteis de madeira, mediante a aplicação de um ou mais


processos mecânicos que as transformam em peças menores, dando-lhes forma, tamanho e
superfície requeridas para cada um de seus usos” (Gatto, 2002). A escolha dum sistema de corte
adequado garante o maneio eficiente e proveitoso da maquinaria, do pessoal de trabalho e
sobretudo da matéria-prima. Antes de abordar sobre os sistemas de corte, importa conhecer o
comportamento da contração da madeira.

A madeira sendo um material higroscópico, absorve e cede moléculas de água em forma de


vapor, isto faz com que a madeira esteja em constante variação dimensional, donde pode sofrer
contração/retração ou inchamento. A contração ocorre à medida que a madeira perde a água que
se encontra nas paredes celulares, o inchamento é o processo contrário a contração.

De acordo com Rocha (2002), a contração da madeira altera as suas dimensões iniciais e
portanto, no momento do processamento, os toros devem ser cortados com dimensões um pouco
maiores que as desejadas para compensar as contrações que irão ocorrer durante a secagem da
madeira pois o toro durante a serragem ainda possui humidade natural.

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O mesmo autor refere que, a redução do volume que a madeira sofre, denominada contração
volumétrica é obtida pelo somatório das contrações axial, tangencial e radial. Devido o seu
comportamento variado, estas contrações não são iguais e ocorrem dentro dos limites: contração
axial varia de 0,1 a 0,3%; radial 2 a 8% e a contração tangencial de 4 a 14%.

Manhiça (2010) realça a ideia de que o modelo de corte afecta no rendimento volumétrico, na
eficiência de conversão bem como na qualidade da madeira serrada processada. Para Rocha
(2002), o modelo de corte depende fundamentalmente da espécie utilizada, produto a obter e
equipamentos usados nas operações dentro da serração.

2.1.4.1. Classificação dos sistemas de corte

Rocha (2002) defende a classificação dos sistemas de corte em função de determinadas


características, quanto aos anéis de crescimento e raios lenhosos o corte pode ser tangencial ou
radial, quanto ao eixo longitudinal do toro pode ser paralelo ao eixo ou paralelo à casca e quanto
à continuidade dos cortes, estes podem ser sucessivos, simultâneos ou alternados em relação ao
eixo longitudinal.

2.1.4.1.1. Sistemas de corte em relação aos anéis de crescimento e raios lenhosos

a) Corte tangencial

Para Rocha (2002), este método é o mais utilizado no processamento de toros em serrações e
consiste em fazer cortes longitudinais paralelos dividindo o toro em várias peças de faces
paralelas, isto é, primeiro tira-se a costaneira e de seguida as peças normais de bordas irregulares
como mostra o esquema da figura-1.

O sistema de corte tangencial providencia alto rendimento da madeira serrada, não obstante, tem
como inconveniente a produção de tábuas que tendem para a forma côncava durante a secagem.
Fagundes (2003) acrescenta outras vantagens e desvantagens da técnica do corte tangencial
como a sua aplicação em toros de qualquer diâmetro, mais simples a aplicar que o corte radial,
menor contração em espessura, no sentido do comprimento a contração é maior, apresenta-se em
menor proporção em casos de madeira susceptíveis ao colapso e o encanoamento é maior para as
peças com cortes tangenciais.

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Figura 1: Esquema de corte tangencial: (a) serra vertical e (b) serra horizontal
Fonte: Fagundes (2003).

b) Corte radial

O corte radial é mais utilizado no processamento de madeiras para fins decorativos por
evidenciar o brilho das faixas do parênquima dos raios lenhosos. Este corte consiste no
processamento do toro no sentido radial de modo que as superfícies serradas apresentem a maior
área possível na direção dos raios. É notável na figura-2 que nesta técnica, o toro é cortado em
quatro partes com fios de serragem perpendiculares cruzando-se no centro do toro (Rocha,
2002).

Figura 2: Esquema de corte radial


Fonte: Adaptado de Rocha (2002).

Segundo Silva (2001), os cortes radiais objectivam à obtenção de tábuas com faces paralelas aos
raios e apresentam vantagens e desvantagens tais como facto de permitir aproveitar as qualidades
estéticas de madeiras que possuem raios largos ou grã em espiral, peças com superfícies radiais
sofrem maior contração em espessura e menor em largura, são mais estáveis durante a secagem,
não permitem a passagem de líquidos e menor contração no sentido da largura da tábua,
ocasionando menor movimentação em serviços.

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 7


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Fagundes (2003) afirma que, a técnica de corte radial é muito pouco utilizada devido o custo
operacional maior e por apresentar uma produção e rendimento em madeira serrada menor,
quando comparada com outros métodos e também porque o toro submete-se a constante
movimentação durante a serragem. Esta técnica é pouco viável em toros de menores diâmetros,
pois o toro é convertido em quatro quadrantes.

2.1.4.1.2. Sistemas de corte em relação ao eixo longitudinal do toro


a) Paralelo ao eixo longitudinal do toro

A técnica de corte paralela ao eixo longitudinal do toro realiza-se obedecendo a conicidade do


toro, ou seja, quando se processa um toro paralelamente ao seu eixo, origina-se costaneiras em
forma de cunha devido a diferença entre os diâmetros base e topo. No final, a peça central
apresenta faces paralelas contendo a medula e a madeira adjacente à mesma (Rocha, 2002).

b) Paralelo à casca

“Este tipo de corte é realizado quando a madeira de melhor qualidade encontra-se logo abaixo da
casca. Por esta razão, são realizados cortes paralelos à casca. Tem-se como resultado que após
alguns cortes a peça adquire um formato de tronco piramidal, constituída de madeira de segunda
qualidade. Ao se realizar cortes paralelos à casca, o serrador deve estar atento às outras faces do
toro, de modo a evitar que cortes duma face prejudiquem as outras faces, que poderão conter
madeira igual ou de melhor qualidade” (Rocha, 2002).

2.1.4.1.3. Sistemas de corte segundo a continuidade dos cortes


a) Cortes sucessivos: realização de cortes paralelos entre si, sistema mais comum.
b) Cortes simultâneos: realização de dois ou mais cortes de uma vez, utilizado em serras
múltiplas.
c) Cortes alternados: realizados em relação ao eixo longitudinal do toro. Depois de um ou mais
cortes sucessivos ou simultâneos é girada uma metade do toro e segue-se um número igual
de cortes na metade oposta.

2.1.5. Classificação da madeira serrada

Quando a madeira serrada é produzida nas unidades industriais (serrações), onde os toros são
processadas mecanicamente transformando a peça originalmente cilíndrica em peças
quadrangulares ou retangulares, de menor dimensão, produzem-se a maior diversidade de

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produtos como pranchas, pranchões, blocos, tábuas, caibros, vigas, vigotas, sarrafos, pontaletes,
ripas e outros (IPT, 2003).

As peças de madeira serrada obtidas durante a elaboração primária de toros são produtos muito
variáveis em termos de dimensões e qualidade como resultado da qualidade dos toros. Devidos a
estas variações, são criadas certas regulações denominadas normas de classificação de madeira
serrada que permitem atribuir determinadas classes de qualidade à madeira serrada com base em
certas características como o grau de incidência de defeitos, uso final, dimensões entre outras
características (Egas, 2000).

Assim, a norma brasileira NBR 7203 citada pelo IPT (2003) considera que em função das
dimensões, os principais produtos da madeira serrada devem possuir os requisitos apresentados
na tabela-1.

Tabela 1: Dimensões dos principais produtos de madeira serrada segundo a norma brasileira
Produto Espessura (mm) Largura (mm) Comprimento
Pranchão > 70 > 200 Variável
Prancha 40 - 70 > 200 Variável
Viga > 40 110 - 200 Variável
Vigota 40 - 80 80 - 110 Variável
Caibro 40 - 80 50 - 80 Variável
Tábua 10 - 40 > 100 Variável
Sarrafo 20 - 40 20 - 100 Variável
Ripa < 20 < 100 Variável
Bloco Variável Variável Variável
Fonte: IPT (2003).

Egas (2000), citando a norma cubana publicada pelo instituto de desenvolvimento e


aproveitamento florestal em 1978, titulada “Classificação da madeira espécies coníferas”
apresenta requisitos dimensionais para produtos de madeira serrada como mostra a tabela-2.

Tabela 2: Dimensões dos principais produtos de madeira serrada segundo a norma cubana
Produto Espessura (mm) Largura (mm) Comprimento
13 13 Variável
Vara 13 Até 75 Variável
Até 50 75 Variável
13 100 Variável
Tábua 13 Até 300 Variável
Até 63 300 Variável
Viga 75 até 100 75 até 125 Variável
Tábuas grandes 75 até 100 150 até 300 Variável
Bloques >125 125 Variável
Fonte: Egas (2000).

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2.2. DESEMPENHO DAS SERRAÇÕES


A gestão das serrações, particularmente nos países em desenvolvimento tem usado
procedimentos para tempos determinados de curta duração, no entanto, é importante
operacionalizar a troca de experiências com empresas maiores e organizadas, de modo a
incrementar e maximizar a utilização do recurso humano, da maquinaria bem como a eficiência
da produção (FAO, 1990). Para o efeito, é necessário uma manutenção adequada das máquinas
de serragem e alocação optima dos recursos envolvidos nas operações.

De acordo com Batista et al., (2013), ao se actuar num mercado cada vez mais competitivo e
complexo, os gestores das indústrias madeireiras necessitam de ferramentas e métodos que
resultem em soluções satisfatórias e de baixo custo, que auxiliem na tomada de decisão.

Em concordância com a abordagem feita por Rocha (2002), o desempenho duma serração passa
por reunir subsídios técnicos para os gestores, vários são os parâmetros usados como ferramenta
de análise do desempenho das indústrias, dentre estes, dois parâmetros revelam com relativa
transparência o desempenho de uma serração, são eles o rendimento volumétrico e a eficiência
de conversão. Batista et al., (2013) ressalta que a amostragem de trabalho também pode ser
utilizada com êxito como uma ferramenta na análise do desempenho de serrações,
particularmente, as serrações de pequeno porte.

2.2.1. Rendimento volumétrico

Para Barbosa et al., (2012), no geral as indústrias de base florestal apresentam baixo rendimento
e geram grande quantidade de resíduos no processo produtivo, particularmente as indústrias de
transformação primária, caso concreto das serrações.

O rendimento volumétrico permite avaliar a porção de toros útil e a parte desperdiçada em


serradura e outros subprodutos no processo de transformação de toros em madeira serrada, pois
relaciona o volume de toros e o volume de madeira serrada (Rocha, 2002).

Segundo Braz (s.d)1 citado por Afonso (2004), em coníferas considera-se normal um rendimento
de 55 a 60% e em folhosas entre 45 a 55%. Isto deve-se ao facto das coníferas terem troncos
mais rectos e com menos defeitos. Latorraca (2004)2 no seu trabalho, citado pelo Batista (2006)
acrescenta que o rendimento depende basicamente do volume total de madeira em toros utilizada

1
BRAZ, G. M. (s.d.). A tecnologia da Madeira. 51 pp.
2
LATORRACA, J. V. F. 2004. Processamento mecânico da madeira. Seropédica. UFRRJ. 116 pp.

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pela serração, do tipo de processamento utilizado, das dimensões finais da peça desejada
(número de cortes feitos), das máquinas utilizadas e do tipo de mão-de-obra utilizada
(especializada ou não).

Para além dos aspectos anteriormente mencionados, o rendimento volumétrico é influenciado


também por factores ligados ao toro como o diâmetro, comprimento e a qualidade.

Analisando a influência do diâmetro de toros no rendimento volumétrico, nota-se que a medida


que o diâmetro aumenta, o rendimento volumétrico incrementa. Egas (2000) sustenta que o
diâmetro de toros é um dos factores que mais afecta a productividade na serragem da madeira,
avança mais, afirmando que o processamento de toros de pequenas dimensões, em termos de
diâmetros, implica baixos níveis de rendimento e pouca rentabilidade para a serração.

O efeito do diâmetro no rendimento obriga a pensar sobre a necessidade de melhorar a serragem


de toras de pequenas dimensões e traçar políticas que possam garantir maior aproveitamento da
madeira com o objectivo de obter toros de grandes dimensões e com qualidades necessárias para
as serrações (Álvarez, 2004).

De acordo com Egas (2000), maior comprimento dos toros implica maior perda em costaneira e
cantos, por conseguinte, quanto maior o comprimento dos toros menor será o rendimento
volumétrico devido ao efeito da diferença do diâmetros do toro. Guacha (2003) sugere que uma
das formas de incrementar o rendimento é o processamento de toros relativamente curtos, mas
com comprimento suficiente para produzir madeira serrada aceitáveis no mercado.

Para Manhiça (2010), os principais aspectos que permitem descrever a qualidade de toros estão
relacionados com a forma do tronco e defeitos visíveis na superfície do toro. Afonso (2004) faz
menção da seguinte teoria aplicável na análise da influência da qualidade e o diâmetro dos toros
sobre o rendimento: toros da mesma qualidade incrementam o rendimento com o aumento do
diâmetro e toros do mesmo diâmetro diminuem o rendimento com a deterioração da qualidade.
O mesmo autor defende ainda que, a incidência de defeitos dita a classificação dos toros para
serem considerados de boa ou má qualidade.

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2.2.2. Eficiência de conversão

Rocha (2002) define eficiência como sendo a relação entre o volume de toros processados num
dia de trabalho e o número de operários da indústria, o que permite de igual modo avaliar o
desempenho da serração.

Batista (2006), citando Latorraca (2004) salienta que a avaliação da eficiência actualmente esta
em desuso, devido a automação, onde o processo é controlado por poucos ou por apenas um
operador, através de comandos eletrónicos. Na mesma abordagem, o autor defende que em
serrações pequenas e médias, onde a automatização é baixa, a avaliação da eficiência joga um
papel importante para tomada de decisão referente a planificação do número de operários
utilizados em cada actividade e subsidia saber a productividade de cada operário por turno de
trabalho, possibilitando uma avaliação custo/benefício de cada operário.

“A eficiência de conversão de toros em madeira serrada pode afectar amplamente serrações que
processam a madeira de florestas plantadas de rápido crescimento, pois, trata-se de toros de
pequenas dimensões e homogéneas requerendo elevada produção na serração devido ao custo do
produto final” (Manhiça, 2010).

A eficiência é afectada por alguns factores como o uso de coníferas (as quais são mais leves,
macias, rectas, etc); o “Layout” da serração; a uniformidade (padronização) da matéria-prima e
produtos; as características e condições da maquinaria; a disponibilidade de energia e do grau de
mecanização e a automatização da serração (Rocha, 2002).

O mesmo autor apresenta alguns exemplos de eficiências nas serrações no mundo, as quais são
apresentadas na tabela-3.
Tabela 3: Exemplos de eficiências em algumas serrações no mundo
Pais/Região Natureza da serração Eficiência (m3/op./dia)
Brasil Automatizada 20 a 50
Brasil Comuns 5 a 10
América do Norte ---------- Acima de 50
Europa ---------- Acima de 50
Inglaterra (Guiana inglesa) ---------- 0.5
Amazonas ---------- 0.3
Sudão ---------- 0.1

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2.3. A INDÚSTRIA MADEIREIRA EM MOÇAMBIQUE

2.3.1. Unidades de processamento

A indústria madeireira moçambicana tem essencialmente a floresta nativa como fonte de


matéria-prima, pois Moçambique é um país predominantemente florestal, segundo Marzoli
(2007), a área florestal cobre cerca de 40,1 milhões de hectares (51% do país), desta área, 26,9
milhões de hectares correspondem as florestas produtivas (aptas para a produção madeireira).

Apesar do grande potencial em matéria-prima, a situação da indústria da madeira em


Moçambique é caracterizada por oscilações acentuadas. Dados da DNTF (2005) dão conta que
no período quinquenal de 2000 a 2005 registou-se uma redução na ordem de 4,5% de unidades
de processamento primário da madeira, tendo como causas a paralisação de algumas unidades
obsoletas ou problemas relacionados com a gestão das mesmas. Apesar desta redução, no
período em análise verificou-se um aumento significativo da produção industrial em 66%
associada, provavelmente, a entrada em funcionamento de novas unidades de processamento
com maior capacidade.

A seguir na tabela-4, são apresentadas as unidades de processamento em funcionamento e


paralisadas em cada província de 2000 a 2005.

Tabela 4: Unidades de processamento e paralisadas de 2000 a 2005 em cada província


Em
Província funcionamento Paralisadas Total
2000 2005 2000 2005 2000 2005
Maputo 28 21 -- 7 28 28
Gaza 4 2 1 3 5 5
Inhambane 19 14 -- 12 19 26
Manica 10 14 -- 2 10 16
Sofala 17 20 -- 8 17 28
Tete 6 5 -- 1 6 6
Zambézia 16 15 -- 3 16 18
Nampula 18 18 4 4 22 22
Niassa 6 1 -- 4 6 5
C. Delgado 10 18 -- 6 10 24
TOTAL 134 128 5 50 139 178
Fonte: DNTF (2005)

Portanto, até 2005 o país contava com 128 unidades de processamento em funcionamento e 50
unidades paralisadas, salientar que a indústria florestal é dominada basicamente por serrações.

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2.3.2. Produção industrial

Madeira serrada, parquetes, contraplacados, folheados e travessas são os principais produtos


obtidos nas indústrias de processamento em Moçambique. Com maior destaque para a madeira
serrada e parquetes.

De acordo com Fath (2001), a indústria florestal em Moçambique na sua maioria é composta por
empresas de pequena escala com capacidade de produção abaixo de 2.500 m3 por ano,
evidenciando-se esforços na condução para a industrialização destas no meio rural. Portanto,
tanto a produção industrial como a taxa de cobertura das unidades de processamento no país é
baixa. Chitará (2003) acrescente que a tecnologia utilizada no processamento no geral é obsoleta,
com excepção de algumas unidades instaladas nas províncias de Manica e Sofala.

A tabela-5 faz uma abordagem evolutiva da produção industrial no país no período entre 2000 a
2008, especialmente na produção de madeira serrada, parquetes, contraplacados e folheados.

Tabela 5: Evolução da produção industrial em Moçambique (2000-2008)


Período/Ano
Produto Un. 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
M. Serrada m3 19.392 29.600 29.428 29.928 27.455 32.335 36.424 50.511 96.401
Parquete m3 9.269 3.937 3.715 2.920 6.931 1.142 3.263 2.306 1.025
Contraplacado m3 764 664 720 82 ---- ---- ---- ---- ----
Folheado m3 992 913 1.13 15 ---- ---- ---- 27.593 88.493
Fonte: Adaptado, DNTF (2000-2008)

Os principais constrangimentos neste sector estão associados aos seguintes aspectos: i) Acesso
limitado às matérias-primas devido ao sistema de quotas províncias e concorrência movida pelos
pequenos produtores sem indústria, em relação às espécies madeireiras de valor comercial; ii)
Aproveitamento baixo, devido ao uso de tecnologias obsoletas; iii) Qualidade de produtos baixos
devido à matéria-prima de baixa qualidade com defeitos e sujeita a queimadas; iv) Acesso a
créditos comerciais limitados, devido ao juro alto e v) Ausência de uma estratégia de
“marketing” concertada entre os produtores e agentes comerciais (Chitará, 2003).

2.3.3. A indústria madeireira na província da Zambézia

Importa de antemão referir que, segundo NDF (2005) tem-se como principais produtos de
madeira nas indústrias da Zambézia a madeira serrada e parquetes obtidos no processamento
primário com destino para o mercado local e para exportação (Africa do Sul, Malawi, Maurícias,
Itália, Portugal e Estados Unidos da América), no processamento secundário são obtidos

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materiais escolares, mobiliários, caixas, portas e janelas, estes destinados na sua maioria ao
mercado local.

A semelhança de todo país, a indústria florestal na província da Zambézia é dominada por


serrações, segundo SPFFBZ (2010), com a implementação do Diploma Ministerial 8/2007 de 24
de Janeiro, o número de indústrias de transformação da madeira tem vindo a crescer e por
conseguinte o volume da madeira serrada também. Só para citar algum exemplo, de 2009 para
2010 houve um crescimento na ordem de 15% de indústrias de transformação da madeira.

A província conta com um total de 39 indústrias de transformação e parques de toros a operarem


em vários locais com a seguinte alocação: (12) Nicoadala, (13) Quelimane, (8) Mocuba, (2)
Mopeia, (1) Pebane, (1) Gurué, (1) Morrumbala e (1) Maganja da Costa (SPFFBZ, 2011). A
produção da madeira serrada na província actualmente tem registado valores relativamente altos
e estáveis em comparação com os anos passados, entretanto, a tabela-6 mostra a evolução na
produção de madeira serrada na província no intervalo entre 2005 a 2010.

Tabela 6: Produção de madeira serrada na Zambézia (2005-2010)


Período Produção
Ano Madeira serrada (m3)
2005 3.458
2006 3.198
2007 6.920
2008 15.311
2009 20.486
2010 31.021
Fonte: DNTF/SPFFBZ (2005-2010).

A figura-3 permite analisar este crescimento a nível da província no período em questão.

Produção de Madeira Serrada (m3)


2005-2010
35000
30000
25000
20000
15000
10000
5000
0
2005 2006 2007 2008 2009 2010
Figura 3: Produção de madeira serrada na Zambézia (2005-2010).

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Nota-se evidentemente no gráfico da figura-3 que apesar duma ligeira redução de 2005 a 2006,
os níveis de processamento tendem a crescer a olhar para a produção de madeira serrada do ano
2011 que foi de 33.968 m3, isto é, 9% (2.947 m3) de acréscimo em relação a 2010 devido a
implementação do Diploma Ministerial 8/2007 de 24 de Janeiro, o qual reclassifica o Pau-ferro
(Swartzia madagascariensis), Mondzo (Combretum imberbe), Muaga (Pericopsis angolensis) e
Chanate (Colophospermum mopane) para espécies da primeira, as quais lhes é obrigado o seu
processamento para a exportação (SPFFBZ, 2011).

2.3.4. A indústria madeireira no distrito de Mocuba

O relatório anual dos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia da Zambézia referente ao
ano de 2011, indica que o distrito de Mocuba representa 21% (8 indústrias) de unidades de
processamento localizadas tanto na cidade de Mocuba bem como nos postos administrativos e
localidades.

Viradas as actividades de serração e parque de toros, as serrações tem áreas de exploração em


regime de concessão florestal ao longo do distrito de Mocuba e alguns distritos vizinhos como
Lugela, Ile, Maganja da Costa e Milange. Chanfuta (Afzelia quanzensis), Pau-ferro (Swartzia
madagascariensis), Umbila (Pterocarpus angolensis), Jambire (Millettia stuhlmannii), Mondzo
(Combretum imberbe), Muaga (Pericopsis angolensis) e Mucarala (Burkea africana) são as
espécies mais processadas ao nível da província, destinadas na sua essência a produção de
madeira serrada, destas, Pau-ferro lidera a lista seguido de Umbila e Jambirre (SPFFBZ, 2011).

A tabela-7 apresenta a lista das empresas a operarem no distrito de Mocuba de acordo com o
relatório estatístico anual dos SPFFBZ do ano 2011.

Tabela 7: Empresas a operarem no distrito de Mocuba


# Empresa Localização Actividades Fonte matéria-prima
1 Indústria Sotomane Cidade Concessão Florestal
2 Indústria Sotomane Bive Concessão Florestal
3 Madeiras de Mocuba Cidade Concessão Florestal
Parque de
4 Rosil, Lda Cidade Concessão Florestal
toros e
5 Wooden World Mocuba Concessão e terceiros
Serração
6 Soc. Moveis Licungo Mocuba Concessão Florestal
7 Socane Pondela Mocuba Licença Simples
8 Timber World Mocuba Concessão e terceiros

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3. MATERIAS E MÉTODOS

3.1. Local de estudo


O estudo foi realizado na Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane, ambas localizadas na cidade
de Mocuba, região central da província da Zambézia, centro de Moçambique.

Geograficamente, a cidade de Mocuba enquadra-se entre os paralelos 16º 17´ Sul e 17º 32’ Sul e
entre os meridianos de 35º 12´ e 37º 35´ Este do distrito, no extremo centro-norte do distrito, na
confluência dos rios Licungo e Lugela como ilustra a figura-4. O Município de Mocuba é
considerado como sendo o segundo maior da província da Zambézia, está a cerca de 150 Km da
cidade de Quelimane, capital provincial (MICOA e DINAPOT, 2006).

Pela classificação de Thorntwaite, o clima da região é do tipo sub-tropical com influência da


zona Inter-Tropical. A temperatura média mensal do distrito varia entre 20 e 27º C, com
máximas variando de 27 a 35º C e mínimas de 15 a 22º C. A precipitação média anual vária de
850 mm, 1175 mm e 1300 mm nas três estações climáticas do distrito (MAE, 2005). A área da
cidade é de cerca de 32 Km², de acordo com o recenseamento da população de 2007 o efectivo
populacional é de 77.889 habitantes.

Figura 4: Localização da área de estudo


Fonte: DPCAAZ (2005).

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3.1.1. Caracterização das serrações

3.1.1.1. Serração Rosil, Lda

A Serração Rosil, Lda é uma empresa privada que iniciou as suas actividades em 2006, dedica-se
a serragem, venda de madeira e parque de toros, esta situada na avenida 3 de Fevereiro, bairro
central na cidade de Mocuba. Com apenas uma unidade de processamento, a serração opera em
seis jornadas semanais (Segunda-Sábado), tendo dois períodos laborais (6h:30min-12h e
13h:30min-17h). Até a realização do estudo, existiam na empresa 30 funcionários, destes, 8 a
operar na serração e os restantes subdivididos nas áreas de carpintaria e escritórios.

A serração é de pequeno porte (11 m3/dia) com instalação permanente, o processamento primário
é feito por um charriot (MIDA-PT) de serra-fita vertical fixa de 650 rpm, velocidade linear 34
m/min com volantes de 1,1 m de diâmetro, acoplada a um carro que possibilita o movimento do
toro durante a serragem como ilustra a figura-5 da vista geral da serração.

Figura 5: Vista geral da Serração Rosil, Lda.

Umbila (Pterocarpus angolensis), Chanfuta (Afzelia quanzensis), Jambire (Millettia stuhlmannii)


e Pau-ferro (Swartzia madagascariensis) são as principais espécies processadas nesta serração.

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3.1.1.2. Serração Sotomane

A Serração Sotomane é parte integrante da Indústrias Sotomane, uma empresa singular


vocacionada a exploração e processamento de madeira (serração e carpintaria) e a construção
civil. O escritório central da Indústria Sotomane localiza-se no centro da cidade de Mocuba,
concretamente na rua Ahmed Sekou Touré, bairro 3 de Fevereiro e a serração localiza-se no
bairro Bive à aproximadamente 6 Km da cidade ao longo da Estrada N1-126.

As actividades produtivas da serração tiveram início no ano 2008, aquando da inauguração


oficial das suas instalações físicas, até a realização do trabalho a serração contava com um total
de 13 trabalhadores, sendo 8 destes envolvidos diretamente na serragem e os demais em tarefas
complementares.

A jornada semanal é de cinco dias (Segunda a Sexta-feira) em dois períodos laborais, manhã
(6h:30min-12h) e tarde (13h:30min-17h). Com uma capacidade instalada de 13 metros cúbicos
de madeira por dia, a serração é pequena no que concerne a capacidade de produção, com
natureza de instalação permanente. Na linha principal de corte, o processamento é efectuado por
uma serra-fita horizontal móvel como pode-se observar na figura-6 da vista geral desta serração.

Figura 6: Vista geral da Serração Sotomane.

Umbila (Pterocarpus angolensis), Chanfuta (Afzelia quanzensis), Jambirre (Millettia


stuhlmannii) e Muaga (Pericopsis angolensis) são basicamente as espécies processadas nesta
indústria.

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3.2. Materiais

Para a realização desta pesquisa foram usados os seguintes materiais: guião de registo de dados
de toros e de madeira serrada (apêndices 1 e 2), tinta e pincel para marcar os toros na
identificação durante o processamento, suta para medir os diâmetros dos toros e fita métrica para
medir os planos da madeira (comprimento, largura, espessura). A medição da espessura da casca
e a retirada do diâmetro de toros foi auxiliada pela fita métrica.

3.3. Métodos

Ciente dos objectivos pretendidos, várias foram as técnicas usadas para o seu alcance, dentre a
revisão da bibliografia, observações directas nas serrações em estudo, troca de experiências com
profissionais do ramo, depoimento dos dirigentes e trabalhadores das serrações e a revisão dos
arquivos e relatórios do exercício destas empresas.

No geral, a avaliação do desempenho das serrações baseou-se na descrição geral de todas as


actividades de produção, determinação de parâmetros como rendimento volumétrico e eficiência
de conversão em cada uma das serrações abrangidas.

3.3.1. Recolha de dados

O estudo foi realizado em dois períodos de colecta de dados, o correspondente a quatro jornadas
de trabalho, ou seja, 32 horas em cada uma das serrações, entretanto, para a estimativa dos
parâmetros foram utilizados dados referentes a 16 horas completas de trabalho. A utilização
desta metodologia deveu-se por um lado a disponibilidade de tempo por parte das serrações, o
facto é que ambas serrações pertencem a entidades privadas, e portanto, a condução dum estudo
detalhado compromete sobremaneira o desenrolar das actividades de produção, e isto olhado do
lado do proprietário da indústria constitui uma limitante.

Por outro lado, dados obtidos dum levantamento piloto nestas serrações revelam alto coeficiente
de variação do volume de toros, no entanto, a amostra deveria ser muito grande de modo a
compensar esta variação, ou seja, precisar-se-ia maior número de observações e por conseguinte,
alongar-se-ia o tempo do estudo, o que remete novamente a primeira situação.

Entretanto, a estimativa do rendimento volumétrico médio em dois períodos sucessivos de


levantamento, o equivalente a um total de 63 toros com 42 toros úteis para a Serração Rosil e 38
toros com 26 úteis para a Serração Sotomane obedeceu todas técnicas e normas convencionais.

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Além do mais, os dados foram auxiliados com os arquivos e relatórios do exercício das
actividades produtivas das empresas. Do mesmo modo, foi calculada a eficiência de conversão
das serrações em estudo. De referir que, foram considerados toros úteis aqueles utilizados para a
determinação dos parâmetros.

Os dados de natureza qualitativa como a descrição do processo de serragem, “lay-out”,


manuseamento, armazenamento, secagem, serragem principal e secundária, capacidade de mão-
de-obra, higiene e segurança, entre outros foram obtidos mediante a combinação de observações
directas no terreno e depoimentos de dirigentes e trabalhadores das serrações.

3.3.2. Classificação das serrações

O critério de classificação das serrações utilizado neste trabalho foi baseado na capacidade de
produção por jornada. Sendo assim, de acordo com Egas (2000), uma serração é considerada
pequena quando a sua produção for menor que 50 m3/jornada, média quando a produção estiver
no intervalo de 50 a 100 m3/jornada e grande quando a produção for maior que 100 m3/jornada.

3.3.3. Estimativa do Rendimento volumétrico

O rendimento volumétrico constituiu um dos principais parâmetros de desempenho das


serrações, este foi estimado através da fórmula (1) sugerida por Rocha (2002):

(1)

Onde:

R= Rendimento volumétrico em %;

M= Volume de madeira serrada em m3 correspondente a uma jornada;

T= Volume de toros em m3 utilizado para obter M.

O volume de toros (volume individual) foi determinado com a fórmula de Smalian, uma vez que
o método é mais simples, requerer menor número de medições e poucos cálculos quando

comparado com outros métodos como Huber e Newton. A fórmula (2) mostra a equação de
Smalian.

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(2)

(3)

Onde:

V: volume de toro (m3);

Gi: área seccional da base e do topo (m2);

L: comprimento do toro (m);

Di: diâmetros da base e do topo (m);

: constante pi = 3,141592654.

O diâmetro é a característica mais importante dum toro e está na base dos cálculos
dendrométricos. No entanto, para aumentar a precisão dos resultados, na utilização da fita
métrica foram retiradas em cada toro medições de diâmetro em dois pontos (base e topo), em
cada ponto foram efectuadas medições em duas direções perpendiculares entre si. As figuras 7 e
8 ilustram as diferentes formas usadas para a medição do diâmetro de toros.

Figura 7: Medição de diâmetro-Fita métrica. Figura 8: Medição de diâmetro-Suta.

Como ambas serrações processam toros com casca foram efectuadas medições da casca nos
pontos de medição de diâmetro com a fita métrica, visando a determinação dos diâmetros sem
casca a partir da expressão (4):

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(4)

Onde: Dsc, Dcc, e são os diâmetros sem casca, com casca e a espessura da casca em cada ponto
de medição respectivamente.

Visando maior precisão, o volume de cada peça de madeira serrada e o volume de madeira
serrada por toro foram calculados com base nas fórmulas (5) e (6) respectivamente:

(5)

(6)

Onde:

Vi: volume duma peça de madeira serrada (m³);


C: comprimento da peça;
L: largura média da peça;
E: espessura média da peça;
Vms/t: volume de madeira serrada por toro.

3.3.4. Determinação da Eficiência de conversão

Para a avaliação da eficiência foi considerada a abordagem sugerida por Rocha (2002), a qual
subentende a eficiência como a relação entre o volume de madeira serrada produzido e o volume
de toros utlizados para obter a madeira serrada em termos percentuais, sendo assim, foram
substituídos os respectivos valores na fórmula (7):

(7)

Onde:

E: eficiência em m3/operário/turno;
T: toros (em m3) processados em um turno (o mesmo usado para determinar o R);

O: operários envolvidos no processamento.

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De modo a possibilitar uma melhor análise da eficiência das serrações, foi cronometrado o
tempo gasto no processamento dum toro com base em dez (10) toros para cada serração, desde a
colocação do toro no carro, fixação, movimentação e serragem até a última peça.

O tempo foi uma ferramenta de comparação da eficiência nas duas serrações, uma vez que,
quanto maior é o tempo gasto no processamento de um toro, o volume de processamento diário
da madeira reduz e consequentemente a eficiência de conversão baixa. Salientar que, um dia de
trabalho corresponde a 480 minutos, ou seja, 8 horas.

3.4. Processamento de dados

Após a recolha dos dados, fez-se o processamento usando o programa informático Microsoft
Office Excel 2007, a produção de tabelas e gráficos também foi possível com o programa, o qual
permitiu calcular as variáveis diâmetro de toros com e sem casca, áreas seccionais de toros,
volume individual e total de toros e de madeira serrada bem como a determinação dos principais
parâmetros de estudo que são o rendimento e a eficiência.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados analisados e discutidos baseados na informação conjugada do processamento de


dados e da descrição das serrações são apresentados e interpretados neste capítulo. A
apresentação dos resultados inclui tabelas e figuras.

4.1. SERRAÇÃO ROSIL, LDA

4.1.1. Fluxo de produção

As etapas de produção e fases de transformação da matéria-prima na Serração Rosil obedecem


algumas das etapas convencionalmente conhecidas. A serração apresenta um “lay-out” aceitável
(apêndice-4), apesar dos equipamentos não estarem dispostos totalmente em linha, a distância de
separação da maquinaria na ala de serviço é relativamente curta.

A figura-9 mostra o fluxo de produção da Serração Rosil incluindo as operações com a matéria-
prima em diferentes estágios.

Figura 9: Fluxo de produção da Serração Rosil, Lda.

Verifica-se na figura-9 o fluxo de produção da Serração Rosil, a madeira em toros passa


basicamente por quatro estágios, o pátio, manuseamento, depósito e serragem. Por sua vez, a
madeira serrada é submetida ao acabamento, classificação e secagem/armazenamento.

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Estágio 1: Pátio de toros

O pátio de toros da Serração Rosil apresenta poucas espécies cuja fonte de aquisição
basicamente tem sido concessões florestais pertencentes a empresa, localizadas nos distritos de
Milange e Ile, não obstante, a serração tem adquirido de terceiros uma parte da matéria-prima
destinada ao processamento e posterior venda. O armazenamento dos toros é feito em pilhas da
mesma espécie ou agrupadas de acordo com os proprietários, após a sua identificação e
cubicagem destes.

O terreno do pátio obedece o critério da inclinação do terreno e o solo tem características que
permitem o escoamento da água. Os toros não são submetidos a nenhum pré tratamento, estes
ficam ao ar livre e colocados directamente no solo como ilustram as figuras 10 e 11.

Figura 10: Vista 1, pátio de toros. Figura 11: Vista 2, pátio de toros.

Estágio 2: Manuseamento

O transporte de toros do pátio para o depósito de serragem é realizado por um trator carregador
(figura-12), a máquina suporta o carregamento de até 4 toros de dimensões médias (40 cm de
diâmetro e 2,9 m de comprimento), tratando-se de toros grandes (maior de 50 cm de diâmetro e
3,2 m de comprimento) a máquina pode carregar em média 2 toros. A área de transformação
encontra-se num nível acima do pátio, sendo portanto, indispensável o manuseamento mecânico.
Em casos de paralisação do trator, os toros são manuseados manualmente.

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Figura 12: Trator usado para manuseamento de toros na SR.

Estágio 3: Depósito para a serra principal

Este local constitui o ponto de chegada da matéria-prima vinda do pátio de toros, nele os toros
são depositados aguardando o processamento. Deste local para a serra principal os toros são
movidos manualmente, uma vez que, a distância é curta e não permite a movimentação do trator.
O depósito tem a capacidade de suportar um pouco mais de 10 toros, permitindo o repouso do
trator de transporte. Daqui, a matéria-prima é submetida a serragem.

Estágio 4: Acabamentos

São operações de acabamento na Serração Rosil o corte na canteadora e topejadora com o


objectivo de obter peças regulares livre de cantos e topos, estas operações são realizadas por
serras circulares simples fixas (figura-13). Entretanto, estes cortes são efectuados de acordo com
as especificações do produto, a serração também possui uma máquina para plainar a madeira
(figura-14).

Figura 13: Serra Circular, topejadora. Figura 14: Máquina de plainar madeira serrada.

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Estágio 5: Classificação da madeira serrada

A classificação da madeira serrada na Serração Rosil é feita através de aspectos visuais, ou seja,
classificação por aparência. Em casos de necessidade tem sido usada a classificação por
dimensões principalmente pela combinação da espessura e largura das peças de madeira serrada.
De acordo com o depoimento dos dirigentes desta unidade industrial, a largura das peças
determina em grande medida o preço do produto no mercado.

De referir que nesta serração é realizada basicamente a transformação primária, e portanto,


muitas vezes não tem havido a separação da madeira em classes de qualidade e muito menos a
distinção em função dos principais produtos obtidos, o que concorre para que não seja
classificada a madeira na serração, além do mais, a madeira permanência pouco tempo na
indústria devido em parte ao facto da maioria das vezes esta pertencer a terceiros, os quais
trazem com único objectivo de obter madeira serrada, geralmente pranchas.

Estágio 6: Secagem / Armazenamento

A secagem da madeira é feita naturalmente, a serração tem o cuidado de agrupar as peças em


pilhas isoladas por pequenas placas (figura-15) de modo a evitar o surgimento de defeitos como
empenamento, rachaduras e colapso resultantes duma secagem mal procedida.

No armazenamento da madeira, parte das peças são empilhadas e protegidas por lonas (figura-
16) como forma de reduzir a influência das variações climáticas, outras são colocadas na parte
coberta da área de serviço da serração. A madeira serrada tem como destino o mercado interno e
externo (África do Sul e Ilhas Maurícias), as costaneiras, sarrafos e falheiras são comercializados
a nível local, a serradura e outros subprodutos são desperdiçados.

Figura 15: Secagem da madeira-SR. Figura 16: Proteção da madeira serrada-SR.

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4.1.2. Aspectos técnicos

A tabela-8 apresenta de forma sucinta os principais aspectos técnicos da Serração Rosil, com
destaque para operações de manutenção da maquinaria, material de higiene e segurança,
armazenamento do equipamento bem como a fragmentação das tarefas.

Assim como o rendimento e a eficiência são parâmetros que revelam o desempenho, vários
outros aspectos contribuem para o bom desempenho da serração e para a harmonia no ambiente
de trabalho. Estes aspectos podem de natureza mecânica ou social.

Abreu (2005), estudando a eficiência operacional da serra de fita em duas serrações no


município de Paragominas, PA constatou que os principais problemas que afectaram a eficiência
das serras foram os de natureza mecânica causados pela exaustão durante o turno de trabalho.
Analisando os aspectos sociais do trabalho, Fath e Nhamucho (2001) defendem que o operário é
uma das componentes do triângulo de trabalho e por esta razão a sua satisfação contribui para o
sucesso do trabalho, assim, estabelecem a seguinte sequência prioritário para o operário:
cumprimento das necessidades básicas ˃ remuneração ˃ apreciação pela sociedade ˃ auto-
cumprimento pessoal.

Tabela 8: Aspectos técnicos da Serração Rosil


Item Descrição
Maquinaria de Serra principal: Uma (1) Serra-fita fixa-vertical com carro de toros.
corte Acabamentos: Duas (2) serras circulares de disco simples, fixas.

Manutenção Afiação, aplicação de trava e soldagem constituem as operações de manutenção


realizadas por dois (2) operadores sempre que se justificar.

Armazenamento Existência de oito (8) lâminas, quantidade considerável de luvas e máscaras no


armazém.

Proteção e Uso de luvas e máscaras, na área de serviço observam-se placa de chamada de


segurança atenção para o uso de óculos, máscaras e auriculares, a serração possui o material
de proteção.

Divisão de tarefas Quatro (4) operadores (manejador da serra, do carro de toros, ajudante,
carregadores) na serra principal; Dois (2) operadores na canteadora e topejadora.

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4.1.3. Rendimento volumétrico

O sistema de corte utilizado pela Serração Rosil para o processamento de toros é tangencial
vertical em relação aos anéis de crescimento e raios lenhosos, quanto ao eixo longitudinal do
toro é paralelo ao eixo e alternado quanto a continuidade dos cortes como ilustra a figura-17.

Figura 17: Esquemas de corte utilizados na SR.

Reiterar que, o sistema de corte tangencial providencia alto rendimento da madeira serrada,
aplica-se em toros de qualquer diâmetro, mais simples a aplicar que o corte radial, menor
contração em espessura, no sentido do comprimento a contração é maior (Fagundes, 2003).

Como foi referido nos capítulos anteriores, o rendimento volumétrico constituiu um dos
parâmetros básicos avaliado neste estudo, no entanto, foram acauteladas todas as técnicas
metodológicas e o resultado é ilustrado na tabela-9, a qual apresenta os valores médios por
período de coleta dos dados podendo-se observar uma variação do rendimento de 47,33% a
50,53% para o primeiro e o segundo período respectivamente, sendo o rendimento volumétrico
médio de 48,93% e a percentagem média de subprodutos igual a 51,07%. Paralelamente, no
gráfico da figura-18 é apresentado o aproveitamento da madeira na Serração Rosil.

Tabela 9: Rendimento volumétrico médio e percentagem de subprodutos-SR

Variáveis mensuradas por dia


Período
Nr. Toros T (m3) M (m3) R (%) PSP
P1 18 5,8752 2,7808 47,33 52,67
P2 24 10,1378 5,1222 50,53 49,47
Média ---- 8,0067 ---- 48,93 51,07

Onde:
P1 e P2: primeiro e segundo período de levantamento de dados;
T e M: volume total de toros e de madeira serrada respectivamente;

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R: rendimento volumétrico;
PSP: percentagem de subprodutos (serradura, costaneiras, falheiras, sarrafos e outros).

Figura 18: Aproveitamento da madeira, Serração Rosil.

Vários autores a semelhança do Rocha (2002) defendem que os valores do rendimento


volumétrico em folhosas variam de 45 a 55% e para as coníferas variam de 55 a 65%, isto
porque os toros das coníferas em termos de tamanho e forma têm fácil trabalhabilidade e as
folhosas têm toros pesados, grandes com elevada tortuosidade e predomínio de defeitos o que
dificulta o processamento e consequentemente o rendimento reduz.

Deste modo, o rendimento volumétrico médio da Serração Rosil (48,93%) enquadra-se no


intervalo normal de aproveitamento em espécies folhosas. Importa aqui referir que, este valor foi
obtido sem agrupar os toros em classes de diâmetros e vários autores como Manhiça (2010),
Afonso (2004), Guacha (2003), Rocha (2002) e Egas (2000) defendem que, uma das formas de
reduzir a influência do diâmetro dos toros no rendimento é a determinação de classes de
diâmetro. Paralelamente, salientar o facto de que a serração realiza basicamente a transformação
primária, havendo portanto, parte da matéria-prima perdida nos acabamentos.

Um estudo semelhante de Afonso (2004), realizado numa serração de pequeno porte no sul do
país concretamente na província de Gaza, com o objectivo de avaliar a eficiência técnica de
produção de madeira serrada e parquet a partir de toros de Mecrusse (Androstachys johnsonii),
uma espécie folhosa, utilizando três esquemas de corte em 8 classes de diâmetros, obteve valor

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 31


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de rendimento volumétrico total de 61,1%, acima do rendimento da Serração Rosil (48,93%) e


dos 55% preconizados para as folhosas.

O valor de rendimento volumétrico obtido por Afonso (2004), provavelmente, deve-se ao


método de estudo, uma vez que o autor em análise utilizou três esquemas de corte em 8 classes
de diâmetros, por conseguinte, este método implica diferença no tamanho da amostra, a
qualidade da espécie estudada também pode ter influenciado, pois embora todas sejam folhosas
apresentam diferenças na estrutura e em suas propriedades, sem deixar de fazer menção sobre
toda tecnologia envolvida na serragem que muita das vezes revela o grau de mecanização e a
automatização da serração, estes últimos são considerados por Rocha (2002) como factores que
afectam o desempenho.

Serra (1994) no seu estudo visando avaliar os aspectos económicos da produção de madeira
serrada em duas serrações (Epica e Carapira) de pequeno porte na cidade de Nampula, norte do
país, com base no método de inventário teve uma variação do rendimento volumétrico de
60,83% a 64,82% com a média de 58,80% referente ao primeiro semestre de 1993 na serração de
Carapira, os valores correspondem a dez (10) espécies folhosas nativas de Moçambique, destas
espécies, destaque para Umbila, Chanfuta e Jambirre por coincidirem com as espécies
processadas na Serração Rosil. Na serração Epica, o autor em referência obteve valores de
rendimento volumétrico médio na ordem de 49,78% no igual período variando entre 35,38% e
51,01%.

Os resultados de Serra (1994) são superiores aos obtidos na Serração Rosil, estando na origem
desta diferença, dentre vários factores, o método usado para a determinação do parâmetro em
causa, uma vez que Serra (1994) baseou-se na diferença de inventário de dados obtidos dos
arquivos e relatórios de exercícios das serrações e para avaliar a exatidão do método, foram
medidos dez (10) toros em cada serração. Reiterar que, no presente estudo foram usados dados
obtidos em medições directas nas serrações com tamanho de amostra maior em relação ao estudo
em comparação, daí a diferença nos resultados.

Por outro lado, as espécies utilizadas (dez para a serração de Carapira e sete na Epica) no estudo
de Serra (1994) para avaliar o rendimento das serrações no primeiro semestre de 1993
apresentam variação nos seus valores, sendo que algumas possuem valores altos e outras com
valores de rendimento muito baixo, portanto, a média foi influenciada pelos extremos. A
influência da amplitude dos valores na média foi menor na avaliação do rendimento na Serração

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 32


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Rosil, pois, apenas foram avaliadas duas espécies nomeadamente Chanfuta e Umbila. Este
aspecto, provavelmente, pode ter influenciado na diferença dos resultados.

Uma avaliação do rendimento de madeira serrada e quantificação de resíduos para três espécies
tropicais realizada por Biasi (2005) numa serração localizada no município de Sinop, no estado
de Mato Grosso-Brasil, revela valores de rendimento volumétrico médio que oscilam em 59,83%
para a espécie Erisma uncinatum, 62,63% de Qualea albiflora e 53,90% para a espécie
Mezilaurus itauba. Salientar que, a serração onde decorreu o estudo em análise processa toros
com um charriot de serra-fita.

Biasi (2005) estabeleceu 4 classes de diâmetros de 60 toros selecionados, sendo 20 toros em


cada espécie, dividindo-se 5 toros para cada classe de diâmetro, além do mais, a equação para o
cálculo de volume de toros usada no estudo em análise diferem na totalidade quando comparada
a fórmula de Smalian aplicada no presente estudo. Importa reafirmar que o volume está na base
da determinação dos parâmetros e que a diferença no seu cálculo, naturalmente afecta no valor
do parâmetro. Embora ambas serrações sejam pequenas, processam folhosas e utilizam serra-fita
para o corte principal, os resultados de Biasi (2005) são superiores ao valor do rendimento da
Serração Rosil, esta desigualdade provavelmente, deve-se a ligeiras diferenças na natureza da
espécie, características mecânicas da maquinaria de corte e aos aspectos técnicos como
dimensões das peças e esquemas de corte.

Portanto, o valor do rendimento volumétrico médio da Serração Rosil (48,93%) é inferior aos
obtidos por Biasi (2005), Afonso (2004) e Serra (1994), entretanto, encontra-se dentro do
intervalo de valores referenciados por Rocha (2002), Colégio Florestal (1986) 3 e Braz (s.d.) e
engloba os valores obtidos por Serra (1994) na serração Carapira no período correspondente ao
ano 1993. De referir que, o valor obtido na Serração Rosil coloca esta unidade de processamento
numa situação estável no que tange a percentagem de aproveitamento da madeira de folhosas em
particular das espécies Umbila, Chanfuta, Jambirre e Pau-ferro que correspondem as espécies
processadas nesta indústria.

3
Colégio Florestal. 1986. Manual do Técnico Florestal. Apostila do Colégio Florestal de Irati. Vol. IV. Paraná. 364 pp.

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4.1.4. Eficiência de conversão

A eficiência de conversão na transformação de toros em madeira serrada na Serração Rosil é


apresentada na tabela-10, a qual contém valores correspondentes a dois períodos, sendo portanto,
a média destes períodos o valor que melhor revela a eficiência desta unidade de processamento.

Tabela 10: Eficiência de conversão por período e média-SR


Período T (m3) O E (m3/op/dia)
P1 5,8752 6 0,98
P2 10,1378 6 1,69
Média 8,0067 ---- 1,34

Onde:

T: toros (em m3) processados em um turno;


O: operários envolvidos no processamento;
E: eficiência em m3/operário/turno.

Na tabela-10, verifica-se que a eficiência de conversão da Serração Rosil nos dois períodos em
estudo variou de 0,98 m3/operário/dia a 1,69 m3/operário/dia para o primeiro e o segundo
período respectivamente, porém, 1,34 m3/operário/dia é o valor da eficiência média desta
serração.

Este resultado, permite afirmar que a Serração Rosil no que refere a eficiência de conversão
encontra-se acima de serrações pequenas Guiana Inglesa cuja eficiência é de 0,5 m3/operário/dia;
algumas no Amazonas (0,3 m3/operário/dia), Sudão (0,1 m3/operário/dia) inclusive algumas
serrações na Europa central (1,2 m3/operário/dia) como menciona Rocha (2002). Entretanto, o
mesmo autor faz menção de outras serrações, as quais apresentam valores de eficiência
superiores, algumas na Suécia (2,8 m3/operário/dia) e outras serrações comuns portáteis na
América do norte com eficiência de 4,8 m3/operário/dia.

Manhiça (2010) no seu trabalho visando apresentar alternativas para melhor aproveitamento de
toros de Pinus sp numa serração também de pequeno porte na Campina Grande do Sul do Estado
de Paraná-Brasil, obteve uma eficiência de conversão de 8,07 m3/operário/dia, portanto, maior
que a eficiência da Serração Rosil. O valor obtido no estudo de Manhiça (2010) pode ser devido
ao facto de que a serração estudada pelo autor em referência processar coníferas, que são de
menor resistência a serragem, menores em diâmetro e com certa homogeneidade quando

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comparadas com as folhosas, além de que os equipamentos de serragem desta serração são duma
tecnologia mais sofisticada.

A eficiência de 1,34 m3/operário/dia da Serração Rosil é inferior à obtida por Batista et al.,
(2013), que avaliaram o desempenho com base na eficiência e na amostragem do trabalho de
uma serração de pequeno porte na região sul do Espirito Santo, processadora de madeira de
eucalipto. Batista et al., (2013) encontraram uma eficiência média de 5,06 m3/operário/dia. O
factor espécie é uma das principais razões por trás desta diferença, pois apesar de que tanto o
eucalipto como as espécies processadas na Serração Rosil (chanfuta e umbila) pertencerem ao
mesmo grupo (folhosas), a madeira de eucalipto é extraída da floresta plantada e os toros
apresentam dimensões pequenas e são mais homogéneos, ao contrariamente da madeira de
chanfuta e umbila que os toros provem de florestas nativas e por conseguinte, são muito
heterogéneos tanto na qualidade como nas dimensões e são de difícil manuseamento.

O sistema de corte utilizado no processamento da madeira pode ter influenciado também para a
diferença nos valores de eficiência obtidos por Batista et al., (2013) ao da Serração Rosil,
geralmente no processamento de madeiras nativa são utilizados sistemas de corte adequados as
características da madeira de modo obter maior aproveitamento. Batista (2006) subsidia que os
atrasos no abastecimento da matéria-prima e paralisações constantes na linha de produção
causadas muitas das vezes pelo mau estado de conservação da maquinaria podem reduzir
significativamente a eficiência nas serrações.

Tendo Serra (1994) avaliado também a eficiência das serrações, obteve os seguintes valores:
produtividade ou eficiência de 0,072 m3/homem/dia no ano 1992 e de 0,221 m3/homem/dia no
primeiro semestre de 1993 para a serração da Epica e na serração de Carapira obteve os valores
de 0,050 m3/homem/dia; 0,052 m3/homem/dia e 0,038 m3/homem/dia nos anos de 1990, 1991 e
1992 respectivamente.

Os valores de eficiência obtidos por Serra (1994) tanto na serração Epica como na serração de
Carapira são inferiores a eficiência da Serração Rosil (1,34 m3/operário/dia). A diferença deve-
se, provavelmente, ao método utilizado no estudo (diferença de inventários e estimativas),
número de trabalhadores, volume de produção e número de dias efectivos considerados. O valor
da eficiência encontrado no presente trabalho para a Serração Rosil é maior provavelmente,
devido a cubicagem de todos toros processados num dia considerando o número de operários
que intervêm directamente no processo de serragem, numa carga horária composta por cinco

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jornadas semanais sem portanto, excluir o período de manutenção das máquinas e os dias em que
houve interrupção nas actividades devido cortes de energia ou por outras causas.

Importa aqui referir que o estudo de Serra (1994), precede outras pesquisas realizadas por
autores por si citados como Zimba (1993) que avaliou os aspectos económicos da produção de
madeira serrada na cidade de Maputo e Falcão (1994) no seu estudo submetido ao tema aspectos
económicos da produção de madeira serrada na cidade da Beira, cujos valores de eficiência
obtidos foram inferiores aos valores alcançados por Serra (1994), no entanto, são muito mais
inferiores aos valores de eficiência obtidos no presente trabalho na Serração Rosil.

Numa perspectiva global, a eficiência da Serração Rosil é baixa, entretanto, a nível de


Moçambique o valor encontra-se numa situação estável, visto que supera valores de eficiência de
algumas unidades industriais. Reiterar que, esta comparação é valida para o caso de serrações
pequenas, pois, de acordo com Latorraca (2004) citado por Batista (2006), a avaliação da
eficiência não permite diagnosticar o desempenho de indústrias com alto grau de automatização,
onde o processo é controlado por poucos ou por apenas um operador, através de comandos
eletrónicos. Já nas serrações pequenas e médias, onde a automatização é baixa, a eficiência ajuda
na tomada de decisão referente a planificação do número de operários utilizados em cada
actividade, dá a conhecer a productividade de cada operário por turno de trabalho, possibilitando
uma avaliação custo/benefício de cada operário.

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4.2. SERRAÇÃO SOTOMANE

4.2.1. Fluxo de produção

Na figura-19, observa-se o esquema sequencial dos estágios que a madeira esta sujeita durante o
processo de transformação na Serração Sotomane. A análise descritiva de cada estágio será de
igual modo apresentada, o que permite perceber as etapas mais importantes de produção desde a
chegada dos toros no pátio até o armazenamento da madeira serrada.

Figura 19: Fluxo de produção da Serração Sotomane.

Observa-se na figura-19 que na Serração Sotomane, os toros saem do pátio, passando para o
depósito por meio do manuseamento terminando na serragem. Após o processamento, a madeira
submete-se as operações de acabamento e por fim é armazenada.

Estágio 1: Pátio de toros

A Serração Sotomane adquire parte da matéria-prima de duas concessões florestais próprias,


localizadas em Mugeba e Nhamanjavira, a outra parte tem sido adquirida por meio da compra a
terceiros. De salientar que, a empresa em questão dedica-se principalmente a prestação de
serviços de serragem e portanto, nem todos toros no pátio pertencem a esta, sendo uma parte
pertencente a clientes. Os toros são armazenados de forma dispersa, em pilhas da mesma espécie

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ou agrupadas de acordo com os proprietários após a sua identificação e cubicagem por parte do
encarregado na serração.

No pátio, os toros não são submetidos a nenhum pré tratamento, estes ficam ao ar livre expostos
as variações climáticas e em contacto directo com o solo, sujeitando-se ao ataque de organismos
xilófagos. Rocha (2002) recomenda que em situações de transporte manual, o pátio de toros deve
estar o mais próximo das máquinas de serragem para permitir flexibilizar o manuseamento, a
serração em estudo não obedece esta característica, tendo o pátio relativamente distante da área
de serragem, não obstante, o pátio apresenta ligeira inclinação de terreno o que evita situações de
encharcamento na época chuvosa como ilustram as figuras 20 e 21.

Figura 20: Vista 1, pátio de toros-SS. Figura 21:Vista 2, pátio de toros-SS.

Estágio 2: Manuseamento

Para Egas (2000), o manuseamento de toros nas serrações é uma actividade de peculiar
importância e merece um tratamento especial, Batista (2006) vai mais longe, afirmando que o
atraso no abastecimento da matéria-prima pode reduzir significativamente a eficiência nas
serrações. Na Serração Sotomane o manuseamento é feito manualmente, todos funcionários da
serração intervêm neste processo como forma de multiplicar forças, pois pela sua natureza os
toros têm peso relativamente alto e são volumosos. O lay-out da serração (apêndice-5) coloca o
pátio distante na linha de processamento, o que dificulta mais ainda o manuseamento.

Estágio 3: Depósito para serra principal

A figura-22 ilustra a área onde são depositados os toros para a linha de processamento. A área
esta estrategicamente bem desenhada por apresenta uma pendente que facilita o manuseamento,
uma vez que este é feito manualmente.

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Figura 22: Depósito de toros para a serra principal-SS.

Estágio 4: Acabamentos

Corte na topejadora (figura-23) e na canteadora (figura-24) constituem as operações de


acabamento na Serração Sotomane, realizadas por serras circulares simples, fixas numa
plataforma de ganchos rolantes que possibilita a movimentação da madeira proveniente na linha
principal de corte. Entretanto, estes cortes são efectuados de acordo com as especificações do
mercado, havendo casos que não obrigam a passagem da madeira nestas operações.

Figura 23: Serra circular, topejadora-SS. Figura 24: Serra circular, canteadora-SS.

Estágio 5: Armazenamento

Após a serragem, a madeira geralmente não permanece muito tempo na serração, assim, a
secagem é realizada no destino do produto. Para a madeira que permanece mais tempo na
serração, o armazenamento tem sido ao livre e parte da madeira é colocada na parte lateral
coberta da área de serviço.

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O padrão em vigor para especificação de produtos de madeira serrada em uso na Serração


Sotomane é descrito na tabela-11, o qual obedece os requisitos dimensionais de espessura,
largura e comprimento das peças.

Tabela 11: Padrão de classificação da madeira serrada em uso na SS


Dimensões (mm)
Nome do produto
Espessura Largura Comprimento
Tábuas < 75 >75 1500
Pranchas 75 a 100 >150 >150
Barrotes 50 a 100 <150 ----
Ripas < 75 <150 ----
Travessas 130 a 250 230 a 300 ----
Réguas de parquet 25 75 ----

A madeira é vendida tanto a nível local como para outras províncias (Maputo, Inhambane, Gaza,
Beira, entre outras), cofragens são usados na construção civil como suporte de betão, falheiras
limpas e costaneiras são vendidas localmente, serradura e outros subprodutos são desperdiçados.

4.2.2. Aspectos técnicos

Os principais aspectos técnicos da Serração Sotomane são descritos a seguir na tabela-12, em


destaque a manutenção da maquinaria, material de higiene e segurança, armazenamento do
equipamento bem como a fragmentação das tarefas de produção.

Tabela 12: Aspectos técnicos da Serração Sotomane


Item Descrição
Maquinaria de Serra principal: Uma (1) Serra-fita móvel, horizontal com plataforma pequena.
corte Acabamentos: Duas (2) serras circulares de disco simples, fixas.

Manutenção Afiação, aplicação de trava e soldagem constituem as operações de manutenção


realizadas por dois (2) operadores sempre que se justificar.

Armazenamento Existência de cinco (5) lâmina, quantidade considerável de máscaras no armazém.

Proteção e Luvas e máscara.


segurança

Divisão de tarefas Seis (6) operadores (manejador da serra, do carro de toros, ajudante, carregadores)
na serra principal; Dois (2) operadores na canteadora e topejadora.

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4.2.3. Rendimento volumétrico

A Serração Sotomane, uma vez que utiliza uma serra-fita horizontal no corte principal apresenta
um sistema de corte tangencial horizontal, paralelo ao eixo longitudinal do toro e sucessivo em
relação aos aneis de crescimento e raios lenhos, eixo longitudinal do toro e continuidade dos
cortes respectivamente. O esquema de corte utilizado pela Serração Sotomane é apresentado na
figura-25.

Figura 25: Esquema de corte utilizado na SS.

O rendimento volumétrico médio da Serração Sotomane é apresentado na tabela-13, importa


reiterar que os resultados foram obtidos pela média dos valores de rendimento por período de
colecta de dados. Ademais, a tabela-13 apresenta a percentagem média de subprodutos, neste
estudo foram considerados subprodutos a serradura, costaneiras, sarrafos, falheiras, entre outros
cuja percentagem é igualmente ilustrada no gráfico da figura-26.

Tabela 13: Rendimento volumétrico médio e percentagem de subprodutos-SS


Variáveis mensuradas por dia
Período
Nr. Toros T (m3) M (m3) R (%) PSP
P1 14 8,3492 3,8212 45,77 54,23
P2 12 7,0229 3,3364 47,51 52,49
Média ---- 7,6861 ---- 46,64 53,36

Onde:

P1 e P2: primeiro e segundo período de levantamento de dados;


T e M: volume total de toros e de madeira serrada respectivamente;
R: rendimento volumétrico em percentagem;
PSP: percentagem de subprodutos (serradura, costaneiras, falheiras, sarrafos e outros).

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Figura 26: Aproveitamento da madeira, Serração Sotomane.

Pode-se observar na tabela-13, uma variação do rendimento volumétrico da Serração Sotomane


de 45,77% no primeiro período a 47,51% no segundo período de estudo e o rendimento
volumétrico médio é de 46,64%. Embora esteja muito próximo do extremo mínimo do intervalo
considerado pela literatura como aceitável para o processamento de folhosas (45% a 55%), este
resultado coloca a Serração Sotomane numa situação estável no que concerne a transformação
primária de folhosas particularmente das madeiras processadas nesta indústria (chanfuta e
umbila).

A Serração Sotomane com um rendimento volumétrico médio de 46,64% apresenta menor


rendimento que a Serração Rosil com um rendimento volumétrico médio de 48,93%. Esta
diferença pode ser justificada pelo facto de que até ao momento do estudo, a serra principal da
Serração Rosil apresentava-se em melhor estado mecânico, além do mais, a serra possui maior
estrutura que possibilita a serragem de toros com grandes dimensões quando comparada ao
estado mecânico da serra principal da Serração Sotomane cuja plataforma é pequena. O
processamento de toros com melhor qualidade aparente por parte da Serração Rosil dentre outros
aspectos técnicos, provavelmente, também concorrem para esta diferença.

O valor do rendimento médio obtido na Serração Sotomane pode ser considerado ligeiramente
alto tendo em conta o estado mecânico da maquinaria, particularmente, a serra principal. Durante
o estudo nesta serração, foram frequentes momentos de paralisação da serra principal devido a
necessidade de trocar a lâmina de corte, e isto afecta sobremaneira o desempenho, pois, a

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espessura de corte (espessura da lâmina + trava) determinam a percentagem de desperdícios,


portanto, mudanças frequentes da lâmina podem alterar a espessura de corte e por conseguinte
reduzir o rendimento. Salientar que, o rendimento obtido na Serração Sotomane representa
apenas a percentagem de aproveitamento da madeira na transformação primária, sem ter em
conta os acabamentos que esta pode sujeitar-se no local de destino, daí o valor ligeiramente alto.

4.2.4. Eficiência de conversão


A tabela-14 mostra o resultado da eficiência de conversão da Serração Sotomane, tendo em
conta os dois períodos utilizados no estudo.

Tabela 14: Eficiência de conversão por período e média-SS


Período T (m3) O E (m3/op/dia)
P1 8,3492 8 1,04
P2 7,0229 8 0,88
Média 7,6861 ---- 0,96

Onde:

T: toros (em m3) processados em um turno;


O: operários envolvidos no processamento;
E: eficiência em m3/operário/turno.

De acordo com os dados da tabela-14, no primeiro período, a eficiência de conversão foi de 1,04
m3/operário/dia e no segundo período obteve-se uma eficiência de conversão de 0,88
m3/operário/dia, entretanto, a eficiência de conversão média da Serração Sotomane foi de 0,96
metros cúbicos por operário por dia de trabalho.

A Serração Sotomane com eficiência média de 0,96 m3/operário/dia apresenta menor eficiência
que a Serração Rosil com 1,34 m3/operário/dia. Porém, o valor da eficiência da Serração
Sotomane é superior ao de algumas serrações como as citadas por Rocha (2002) no Sudão com
uma eficiência de 0,1 m3/operário/dia e Amazonas com 0,3 m3/operário/dia de eficiência, o
mesmo autor relata casos de serrações que apresentam valores de eficiência superiores como as
serrações comuns da Europa central (1,2 m3/operário/dia); Suécia (2,8 m3/operário/dia) e
algumas serrações comuns e portáteis da América do norte que chegam a atingir 4,8
m3/operário/dia.

Alguns aspectos importantes a destacar referente a Serração Rosil de ordem técnica como o facto
de possuir lay-out adequado (apêndice-4), menor distância de separação dos equipamentos na

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área de serviço, manuseamento mecânico da matéria-prima, utilização duma serra-fita vertical


maior podem, provavelmente, explicar esta diferença com a Serração Sotomane.

Em Moçambique, o valor da eficiência da Serração Sotomane supera muitas serrações, a título


de exemplo são os estudos de Serra (1994), Falcão (1994) e Zimba (1993) que obtiveram valores
de eficiência muito abaixo da eficiência média da Serração Sotomane. Não obstante, importa
aqui frisar que, a eficiência de conversão obtida nesta serração literalmente é baixa.

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4.3. COMPARAÇÃO ENTRE AS DUAS SERRAÇÕES

Neste subcapítulo são apresentados os resultados da comparação das serrações em estudo, tendo
como componentes de confrontação o rendimento volumétrico das espécies mais processadas em
ambas serrações, destacando-se a Chanfuta (Afzelia quanzensis) e Umbila (Pterocarpus
angolensis), paralelamente, faz uma abordagem do tempo gasto em cada via de serragem e grau
de aproveitamento da capacidade instalada das serrações.

No presente estudo, os parâmetros rendimento volumétrico e eficiência de conversão das


serrações não são comparados, pois apesar de ambas serrações serem de pequeno porte e
basicamente processar as mesmas espécies, apresentam diferenças nos vários factores que
influenciam nestes parâmetros como a maquinaria de corte, qualidade de mão-de-obra, o lay-out
de cada serração, a disponibilidade de energia e o grau de mecanização como mencionam
Latorraca (2004), Rocha (2002) e Egas (2000).

4.3.1. Rendimento por espécie

Como referido nos capítulos anteriores, dos factores que afectam o rendimento volumétrico,
destaca-se a espécie da madeira. Sendo assim, observou-se que ambas serrações processam
maioritariamente Chanfuta e Umbila, estas espécies possuem diferenças como consequência da
variabilidade genética e da interação com a ambiente, afectando nas suas propriedades.
Gonçalves (2004), caracterizando a indústria madeireira na província de Maputo verificou que
Chanfuta, Jambirre e Umbila eram as principais espécies processadas em 19 serrações, portanto,
essencialmente as mesmas espécies mais processadas nas duas serrações de estudo.

A tabela-15 traz os valores do rendimento volumétrico de Chanfuta e Umbila, consideradas as


mais processadas tanto na Serração Rosil como na Serração Sotomane.

Tabela 15: Rendimento volumétrico por espécie


Espécie Serração M T R
Rosil, Lda 3,881 7,587 51,15%
Chanfuta
Sotomane 4,568 9,869 46,29%
Rosil, Lda 7,903 16,013 49,35%
Umbila
Sotomane 2,721 5,504 49,44%
Onde:
M: volume de madeira serrada em m3 ;
T: volume de toros em m3, utilizado para obter M;

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R: rendimento volumétrico em %.

Verifica-se na tabela-15 que o rendimento volumétrico de Chanfuta nas duas serrações teve uma
variação na ordem de 4,86%, tendo a Serração Rosil o maior rendimento no processamento desta
espécie que foi de 51,15%. Este resultando fundamentalmente é devido ao facto da Serração
Rosil utilizar uma serra principal relativamente maior em termos de estrutura e potência, como
foi referido, esta serra permite a serragem de toros com diâmetros grandes, caso concreto de
toros de Chanfuta.

Por outro lado, a tabela-15 indica que a Serração Sotomane tem o menor valor do rendimento de
Chanfuta com 46,29%. Esta percentagem de aproveitamento da madeira de Chanfuta na Serração
Sotomane surge porquanto da serra principal possuir uma estrutura pequena que dificulta a
serragem de toros grandes como o caso de toros de Chanfuta, para contornar esta dificuldade a
solução tem sido a diminuição do tamanho dos toros manualmente, por conseguinte, reduz-se a
matéria-prima para serragem, aumenta o tempo gasto e naturalmente diminui o rendimento
volumétrico da madeira serrada e a eficiência.

No processamento de Umbila, pode-se notar na tabela-15 que a diferença entre os valores de


rendimento volumétrico nas duas serrações é quase nula (0,09%), porém, a Serração Sotomane
apresenta valor de rendimento superior. Uma vez que, a Umbila é uma espécie muito fácil de
serrar e adequada á serras que não tenham necessariamente alta potência, grande plataforma e
estrutura complexa. Neste sentido, a serra principal da Serração Sotomane adequa-se as
condições da espécie.

Salientar que, além das espécies mencionadas, as serrações também processam madeira de
Muaga (Pericopsis angolensis), Pau-ferro (Swartzia madagascariensis) e Jambirre (Millettia
stuhlmannii).

A tabela-16 traz o resumo da descrição das espécies processadas nas duas serrações, aspectos
como trabalhabilidade, ocorrência de defeitos e a procura destas espécies no mercado fazem
parte desta descrição. Importa referir que a componente trabalhabilidade foi apurada de acordo
com a caracterização feita por Bunster (2006) às madeiras comerciais de Moçambique, para as
últimas duas componentes baseou-se nas características observadas e o depoimento por parte dos
dirigentes das serrações estudadas.

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Tabela 16: Características das espécies processadas nas serrações


Espécie
Trabalhabilidade Defeitos Procura
N. Cientifico N. Comercial
Afzelia quanzensis Chanfuta Difícil de serrar* Poucos Muita
Millettia stuhlmannii Jambire Difícil de serrar Normal Pouca
Swartzia madagascariensis Pau-ferro Muito difícil de serrar Poucos Muita
Pericopsis angolensis Muaga Difícil de serrar Normal Pouca
Pterocarpus angolensis Umbila Muito fácil de serrar Normal Muita
*Difícil de serrar quando seca
Fonte: Adaptado de Bunster (2006).

As características apresentadas na tabela-16 permitem perceber alguns factores que fazem com
que a percentagem de aproveitamento de certas espécies seja baixo e por vezes até chegam a
paralisação na serragem destas.

4.3.2. Tempo gasto por via de serragem

No caso presente, foi considerada via de serragem (Xs) todas as actividades realizadas no
processamento pleno de um toro, desde da colocação do toro no carro (Ctc), Esquadrejamento do
diagrama de corte (Edc) até a produção sequencial de todas as peças da prancha (Pp).

O gráfico da figura-27, permite apreciar o tempo total gasto por via de corte, detalhado nas
actividades mencionadas anteriormente tanto na Serração Rosil bem como na Serração
Sotomane. O tempo foi cronometrado e apresentado em minutos.

15

10
Serração Rosil, Lda
5
Serração Sotomane
Tempo

0
Colocação no
carro Esq. Diagrama
de corte Produção de
pecas

Figura 27: Relação tempo utilizado por cada via de corte na SR e SS.

Verificando a figura-27, nota-se que o tempo gasto em cada via de serragem (TXs) da Serração
Sotomane é maior em todos fases de processamento comparativamente a Serração Rosil, ou seja,
Serração Sotomane (TXs ) > Serração Rosil (TXs ). A Serração Rosil tendo
o menor tempo em cada via de serragem, tem a possibilidade de serrar mais toros por cada turno,

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 47


Desempenho da Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane na cidade de Mocuba, Rendimento e Eficiência.

por conseguinte, aumenta o volume de madeira por dia de trabalho e acresce a eficiência pois
esta relaciona a produção e o pessoal envolvido no processamento da madeira.

Vantagem notária da Serração Sotomane reside no facto desta indústria processar em cada via de
corte dois toros em simultâneo, portanto, o tempo gasto em cada via de serragem apresentado

(28,5 minutos) corresponde a serragem de dois toros, assim, 14,25 minutos é o tempo

equivalente ao processamento de um toro na Serração Sotomane. Mesmo tendo em conta esta


abordagem, a Serração Rosil prevalece com menor TXs.

4.3.3. Grau de aproveitamento da capacidade instalada das serrações

Nesta abordagem, considera-se capacidade instalada das serrações, o nível máximo de produção
que estas podem alcançar com o equipamento existente. Importa conhecer o grau de
aproveitamento da capacidade instalada por parte das serrações de modo a analisar melhor o
nível de produção actual, pois quando a produção efectiva encontra-se próxima da capacidade
instalada significa que o trabalho tem sido bem executado e com alto desempenho.

A tabela-17 apresenta a comparação do grau de aproveitamento da capacidade instalada nas duas


serrações em estudo, importa referir que, será apresentada a capacidade instalada por dia de
trabalho e a produção efectiva actual.

Tabela 17: Grau de aproveitamento da capacidade instalada das serrações


Produção* C.I** Aproveitamento
Serração 3
(m /dia) (m3/dia) (%)
Rosil, Lda 11 18 61,11
Sotomane 9 13 69,23
*Produção média diária.
**Capacidade instalada.

Pode-se verificar na tabela-17, que a relação entre a capacidade efectiva e a capacidade instalada,
ou seja, a capacidade ociosa das serrações ou ainda grau de aproveitamento da capacidade
instalada é média, porém, ambas serrações tem a capacidade efetiva da produção inferior que a
capacidade instalada, a Serração Rosil aproveita perto de 61% da sua capacidade instalada e a
Serração Sotomane aproveita cerca de 69% da sua capacidade instalada. Esta situação deriva
principalmente da existência de pessoal não qualificado, interrupções na produção devido a
estado mecânico das máquinas e toros com defeitos que de certa forma contribuem para as
avarias constantes da maquinaria.

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 48


Desempenho da Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane na cidade de Mocuba, Rendimento e Eficiência.

Este resultado, caracteriza de forma geral as serrações de pequeno porte particularmente em


Moçambique, pois a semelhança do presente estudo, vários outros realizados em diferentes
serrações do país como o estudo de Serra (1994) que avaliou os aspectos económicos de
produção de madeira serrada em duas serrações de Nampula, Falcão (1994) estudando os
aspectos económicos da produção de madeira serrada na cidade da Beira, Gonçalves (2004)
caracterizando a indústria madeireira na província de Maputo e nas restantes províncias referidas
no inquérito à indústria madeireira realizado e publicado pela Eureka (2001) nas quais obteve-se
valores da capacidade da produção efectiva aquém a\da capacidade instalada das indústrias.

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 49


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5. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste estudo, permitem chegar as seguintes conclusões:

1- Tanto a Serração Rosil, Lda como a Serração Sotomane são indústrias pequenas no que tange
a capacidade de produção, com instalação de carácter permanente. A matéria-prima
basicamente passa pelo pátio de toro, local de depósito, serra principal e os acabamentos e
armazenamento da madeira serrada.

2- O rendimento volumétrico das duas serrações enquadram-se nos intervalos normais se


tratando de processamento de espécies folhosas, ou seja, apresentam valores de rendimento
volumétrico aceitáveis. A Serração Rosil possui um rendimento volumétrico médio de
48,93% e por conseguinte a percentagem dos subprodutos é de 51,07%, por outro lado, a
Serração Sotomane opera com 46,64% e 53,36% para o rendimento volumétrico médio e a
percentagem de subproputos respectivamente.

3- A eficiência ou produtividade de ambas serrações é baixa, sendo de 1,34 m3/operário/turno e


0,96 m3/operário/turno para a Serração Rosil e Serração Sotomane respectivamente.

4- Embora o rendimento em madeira serrada das serrações seja menor que a percentagem dos
subprodutos e a eficiência seja baixa, a quantidade elevada de subprodutos de madeira no
processo de serragem nas serrações da cidade de Mocuba não se deve necessariamente ao
baixo desempenho destas indústrias, mas sim pela baixa utilização dos subprodutos da
madeira, principalmente a serradura.

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 50


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6. RECOMENDAÇÕES

6.1. Gerais

É necessário que se façam mais estudos do género em todo o país em diferentes períodos de
modo a permitir analisar a evolução da produção no sector. É preciso concentrar esforços em
estudos de indústrias moçambicanas que processam espécies nativas, como forma de obter
material de análise e discussão de aspectos técnicos, uma vez que, maior parte dos estudos
existentes abordam sobre indústrias de processamento de espécies exóticas na sua maioria
coníferas.

Há necessidade de se fazer outros estudos aumentando o tamanho da amostra e onde a avaliação


dos parâmetros de desempenho seja efectuada por classes dimétricas de toros pois o diâmetro
tem influência nos indicadores. Paralelamente, recomenda-se estudos específicos sobre a
percentagem de serradura e de outros subprodutos e a influência destes no aproveitamento da
madeira. Deve-se também, realizar mais trabalhos virados a avaliação dos aspectos económicos
de produção nas serrações da cidade de Mocuba em particular e do país no geral.

É urgente, que os SPFFBZ aprovem consultores florestais províncias para a avaliação do


desempenho das serrações incluindo aspectos de proteção, segurança e satisfação dos
funcionários, e que estes consultores não tenham nenhum vínculo com o governo muito menos
com as serrações.

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 51


Desempenho da Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane na cidade de Mocuba, Rendimento e Eficiência.

6.2. À Serração Rosil, Lda

Não colocar os toros em contacto directo com o solo, pois torna-se susceptíveis ao ataque de
microrganismos e/ou agentes xilófagos do solo. Que se faça uma seleção cuidadosa da qualidade
de toros (defeitos e dimensões) pois estes factores afectam os indicadores de desempenho.

Que se escolha pessoal qualificado e/ou que se providencie treinamento dos operários. É
necessário, melhorar a disponibilidade e diversidade dos equipamentos de proteção e segurança
dos trabalhadores. Melhorar as condições mecânicas das serras, se possível, adquirir mais
máquinas, particularmente na serra principal de modo a aumentar a produtividade diária.
Paralelamente, é importante aumentar o número de lâminas de reserva para a serra principal.

Aproveitar da maior e melhor maneira os subprodutos através das seguintes medidas:

 A serradura, no final de cada jornada de trabalho, deve ser acumulada e compactada em


recipientes metálicos de modo a usar posteriormente como fonte alternativa de combustível
que pode ser utilizada pelos funcionários da serração ao confeccionar as refeições ou mesma
para vender a terceiros;
 Devem ainda, usar a serradura na preparação de substrato de mudas que poderão ser
estabelecidas nas áreas florestais da empresa;
 As costaneiras devem ser retiradas a casca e resseradas, obtendo-se um produto
relativamente regular, assim a quantidade de produto desperdiçada diminui e aumenta o
valor na venda das costaneiras.

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 52


Desempenho da Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane na cidade de Mocuba, Rendimento e Eficiência.

6.3. À Serração Sotomane

Não colocar os toros em contacto directo com o solo, pois torna-se susceptíveis ao ataque de
microrganismos e/ou agentes xilófagos do solo. Que se faça uma seleção cuidadosa da qualidade
de toros pois estes factores afectam os indicadores de desempenho.

Reforçar o uso de equipamentos de proteção e segurança dos trabalhadores, colocar sinais de


aviso para o uso desses equipamentos na serração. Que se escolha pessoal qualificado e/ou que
se providencie treinamento dos operários.

Que o manuseamento da matéria-prima seja mecanizado, de modo a reduzir os atrasos no


fornecimento a linha de corte, criando redução na eficiência de conversão.

Aproveitar da maior e melhor maneira os subprodutos através das seguintes medidas:

 A serradura, no final de cada jornada de trabalho, deve ser acumulada e compactada em


recipientes metálicos de modo a usar posteriormente como fonte alternativa de combustível
que pode ser utilizada pelos funcionários da serração ao confeccionar as refeições ou mesma
para vender a terceiros;
 Devem ainda, usar a serradura na preparação de substrato de mudas que poderão ser
estabelecidas nas áreas florestais da empresa;
 As costaneiras devem ser retiradas a casca e resseradas, obtendo-se um produto
relativamente regular, assim a quantidade de produto desperdiçada diminui e aumenta o
valor na venda das costaneiras.

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 53


Desempenho da Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane na cidade de Mocuba, Rendimento e Eficiência.

7. REFERÊNÇIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 56


Desempenho da Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane na cidade de Mocuba, Rendimento e Eficiência.

APÊNDICES

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 57


Desempenho da Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane na cidade de Mocuba, Rendimento e Eficiência.

Apêndice 1: Guião de registo de dados de toros


Db (cm) Dt (cm) L Nome da Espécie
Toro e Observações
D1 D2 D3 D4 (cm) Vernacular Cientifico
1
2
n
Db: Diâmetro da base; Dt: Diâmetro do topo; L: Comprimento do toro.

Apêndice 2: Guião de registo de madeira serrada


Toro Nr total de peças C (cm) L (cm) E (cm) Observações
1
2
n
C, L e E: Comprimento, largura e espessura da peça.

Apêndice 3: Volume de madeira serrada-SR (Dia: 13/11/2012)


Toro Nr. total peças C (m) L (m) E (m) V (m3) Espécie
1 9 2.6 0.25 0.01 0.0585
2 10 2.7 0.23 0.01 0.0621
3 7 2.8 0.27 0.02 0.1058
4 10 2.6 0.27 0.02 0.1409
5 9 2.6 0.26 0.02 0.1236
6 8 2.7 0.26 0.03 0.1685
7 9 2.5 0.28 0.03 0.1890
8 11 2.8 0.26 0.02 0.1602 Pterocarpus angolensis
9 11 2.8 0.27 0.02 0.1639
10 9 2.9 0.26 0.03 0.2036 (Umbila)
11 9 2.6 0.26 0.03 0.1825
12 8 2.7 0.27 0.03 0.1750
13 9 2.6 0.26 0.03 0.1825
14 7 2.7 0.26 0.03 0.1474
15 8 2.9 0.24 0.03 0.1670
16 11 2.8 0.23 0.04 0.2834
17 8 2.6 0.23 0.04 0.1914
18 9 2.8 0.2 0.015 0.0756
TOTAL 2.7808

Jeremias Gabriel Benjamim Pág. 58


Desempenho da Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane na cidade de Mocuba, Rendimento e Eficiência.

Apêndice 4: Lay-Out da Serração Rosil, Lda

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Desempenho da Serração Rosil, Lda e Serração Sotomane na cidade de Mocuba, Rendimento e Eficiência.

Apêndice 5: Lay-Out da Serração Sotomane

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Apêndice 6: Cubicagem de toros-SR (Dia: 13/11/2012)
Db (m) Gb Dt (m) Gt C e Nome da Espécie
Toro V (m3)
D1 D2 DMcc DMsc (m2) D1 D2 DMcc DMsc (m2) (m) (m) Vernacular Cientifico
1 0.49 0.48 0.49 0.47 0.1697 0.4 0.37 0.37 0.35 0.0959 2.9 0.01 0.3852 Umbila Pterocarpus angolensis
2 0.43 0.43 0.43 0.4 0.1231 0.3 0.31 0.31 0.27 0.0583 2.94 0.02 0.2666 Umbila Pterocarpus angolensis
3 0.53 0.48 0.51 0.49 0.1916 0.4 0.39 0.39 0.37 0.1092 2.8 0.01 0.4211 Umbila Pterocarpus angolensis
4 0.4 0.39 0.4 0.35 0.0934 0.3 0.23 0.25 0.2 0.0298 2.89 0.03 0.1781 Umbila Pterocarpus angolensis
5 0.44 0.45 0.45 0.41 0.1288 0.3 0.33 0.34 0.3 0.0683 2.91 0.02 0.2867 Umbila Pterocarpus angolensis
6 0.42 0.4 0.41 0.39 0.1179 0.4 0.37 0.36 0.34 0.0921 2.92 0.01 0.3065 Umbila Pterocarpus angolensis
7 0.49 0.47 0.48 0.44 0.153 0.4 0.38 0.37 0.34 0.0889 2.99 0.02 0.3616 Umbila Pterocarpus angolensis
8 0.5 0.49 0.49 0.44 0.1509 0.4 0.37 0.37 0.31 0.075 3 0.03 0.3388 Umbila Pterocarpus angolensis
9 0.44 0.4 0.42 0.39 0.1203 0.3 0.27 0.27 0.25 0.0473 2.8 0.01 0.2347 Umbila Pterocarpus angolensis
10 0.4 0.4 0.4 0.36 0.102 0.3 0.29 0.29 0.25 0.0475 2.9 0.02 0.2168 Umbila Pterocarpus angolensis
11 0.52 0.53 0.53 0.48 0.1839 0.4 0.42 0.41 0.37 0.1066 2.75 0.02 0.3994 Umbila Pterocarpus angolensis
12 0.39 0.4 0.39 0.35 0.0987 0.3 0.28 0.28 0.24 0.0445 2.89 0.02 0.2068 Umbila Pterocarpus angolensis
13 0.5 0.5 0.5 0.46 0.1694 0.4 0.43 0.42 0.38 0.1137 2.97 0.02 0.4203 Umbila Pterocarpus angolensis
14 0.49 0.48 0.48 0.46 0.169 0.4 0.41 0.42 0.4 0.1237 2.9 0.01 0.4245 Umbila Pterocarpus angolensis
15 0.51 0.49 0.5 0.48 0.1812 0.4 0.43 0.41 0.39 0.1191 3.2 0.01 0.4805 Umbila Pterocarpus angolensis
16 0.53 0.54 0.54 0.51 0.2034 0.4 0.42 0.43 0.4 0.1253 3.1 0.01 0.5094 Umbila Pterocarpus angolensis
17 0.39 0.39 0.39 0.34 0.091 0.3 0.29 0.29 0.24 0.0445 2.6 0.03 0.1761 Umbila Pterocarpus angolensis
18 0.45 0.4 0.43 0.39 0.1164 0.4 0.3 0.34 0.3 0.0707 2.8 0.02 0.2618 Umbila Pterocarpus angolensis
TOTAL 5.8752
Apêndice 7: Cubicagem de toros-SR (Dia: 15/11/2012)
Toro Db (m) Dbsc Gb (m2) Dt (m) Dtsc Gt (m2) C (m) e (m) V (m3) N. vernacular N. Cientifico
1 0.51 0.49 0.1885 0.42 0.40 0.1243 3.40 0.01 0.5318 Umbila Pterocarpus angolensis
2 0.46 0.44 0.1520 0.38 0.36 0.1017 2.96 0.01 0.3755 Umbila Pterocarpus angolensis
3 0.52 0.49 0.1869 0.44 0.41 0.1307 2.92 0.01 0.4637 Umbila Pterocarpus angolensis
4 0.48 0.44 0.1527 0.39 0.36 0.1006 3.00 0.02 0.3799 Umbila Pterocarpus angolensis
5 0.49 0.46 0.1639 0.39 0.36 0.1006 2.88 0.02 0.3810 Umbila Pterocarpus angolensis
6 0.47 0.45 0.1590 0.38 0.36 0.1017 2.90 0.01 0.3780 Umbila Pterocarpus angolensis
7 0.46 0.43 0.1451 0.42 0.39 0.1194 3.28 0.02 0.4339 Umbila Pterocarpus angolensis
8 0.42 0.42 0.1385 0.40 0.40 0.1256 2.78 ---- 0.3671 Umbila Pterocarpus angolensis
9 0.4 0.36 0.1017 0.39 0.35 0.0962 2.80 0.02 0.2771 Umbila Pterocarpus angolensis
10 0.45 0.43 0.1451 0.37 0.35 0.0962 3.10 0.01 0.3740 Umbila Pterocarpus angolensis
11 0.46 0.46 0.1661 0.35 0.35 0.0962 2.96 ---- 0.3882 Umbila Pterocarpus angolensis
12 0.43 0.40 0.1256 0.38 0.35 0.0962 3.06 0.02 0.3393 Umbila Pterocarpus angolensis
13 0.45 0.42 0.1385 0.36 0.33 0.0855 2.90 0.02 0.3247 Umbila Pterocarpus angolensis
14 0.42 0.40 0.1256 0.38 0.36 0.1017 3.09 0.01 0.3512 Umbila Pterocarpus angolensis
15 0.46 0.42 0.1385 0.41 0.37 0.1075 2.80 0.02 0.3443 Umbila Pterocarpus angolensis
16 0.49 0.49 0.1885 0.42 0.43 0.1451 3.40 ---- 0.5672 Umbila Pterocarpus angolensis
17 0.48 0.48 0.1809 0.38 0.38 0.1134 2.90 ---- 0.4266 Umbila Pterocarpus angolensis
18 0.53 0.49 0.1916 0.49 0.45 0.1618 2.80 0.02 0.4947 Umbila Pterocarpus angolensis
19 0.54 0.54 0.2289 0.48 0.49 0.1885 3.20 ---- 0.6678 Umbila Pterocarpus angolensis
20 0.48 0.45 0.1576 0.36 0.33 0.0845 3.30 0.02 0.3993 Umbila Pterocarpus angolensis
21 0.47 0.43 0.1479 0.36 0.32 0.0824 2.80 0.02 0.3224 Umbila Pterocarpus angolensis
22 0.49 0.49 0.1885 0.42 0.42 0.1385 2.90 ---- 0.4741 Umbila Pterocarpus angolensis
23 0.48 0.44 0.1520 0.43 0.41 0.132 3.20 0.02 0.4543 Umbila Pterocarpus angolensis
24 0.49 0.49 0.1885 0.43 0.43 0.1451 3.60 ---- 0.6005 Umbila Pterocarpus angolensis
Total 10.1378
Apêndice 8: Volume da madeira serrada-SS (Dia: 20/11/2012)
Espécie Peças Nr. total C (m) L (m) E (m) V (m3)
Tábuas 5 2.60 0.43 0.03 0.1677
Talinas 5 2.60 0.43 0.03 0.1677
Pterocarpus Falheiras limpas 2 --- --- --- ----
angolensis Falheiras não limpas 5 --- --- --- ----
Tábuas 75 2.95 0.29 0.03 1.9249
Pranchas 7 3.20 0.30 0.05 0.3360
Pranchas 1 2.98 0.30 0.05 0.0447
Pranchas 1 2.98 0.30 0.09 0.0805
Falheiras limpas 3 --- --- --- ---
Falheiras não limpas 1 --- --- --- ---
Sub total 2.7214
Talinas 24 3.09 0.39 0.04 1.1569
Pranchas 1 3.09 0.40 0.06 0.0742
Afzelia quanzensis Falheiras limpas 7 --- --- --- ---
Falheiras não limpas 6 --- --- --- ---
Sub total 1.2311
TOTAL 3.8212
Apêndice 9: Cubicagem de toros-SS (Dia: 20/11/2012)
Db (m) Dt (m) Nome da Espécie
Gb Gt C e V
Ordem Toro
D1 D2 DMcc DMsc (m2) D1 D2 DMcc DMsc (m2) (m) (m) (m3) Vernacular Cientifico
nr.
1 220 0.5 0.4 0.44 0.42 0.1398 0.4 0.4 0.390 0.37 0.1086 3.15 0.01 0.3913 Umbila Pterocarpus angolensis
2 228 0.5 0.5 0.48 0.45 0.159 0.4 0.4 0.395 0.37 0.1046 2.58 0.02 0.3400 Umbila Pterocarpus angolensis
3 240 0.5 0.5 0.47 0.45 0.1569 0.4 0.4 0.385 0.37 0.1057 2.74 0.01 0.3597 Umbila Pterocarpus angolensis
4 188 0.6 0.6 0.60 0.58 0.2604 0.6 0.6 0.580 0.56 0.2427 3.10 0.01 0.7798 Umbila Pterocarpus angolensis
5 129 0.5 0.5 0.51 0.47 0.1749 0.5 0.5 0.470 0.43 0.1465 3.20 0.02 0.5142 Umbila Pterocarpus angolensis
6 210 0.6 0.6 0.59 0.59 0.2686 0.5 0.5 0.530 0.53 0.2205 2.97 --- 0.7264 Umbila Pterocarpus angolensis
7 227 0.5 0.5 0.50 0.46 0.1639 0.4 0.4 0.385 0.35 0.0945 3.20 0.02 0.4135 Umbila Pterocarpus angolensis
8 232 0.5 0.5 0.47 0.43 0.1418 0.4 0.4 0.395 0.36 0.0989 2.93 0.02 0.3527 Umbila Pterocarpus angolensis
9 221 0.6 0.6 0.59 0.55 0.2375 0.5 0.5 0.480 0.44 0.1520 3.10 0.02 0.6036 Umbila Pterocarpus angolensis
10 209 0.4 0.5 0.45 0.45 0.1554 0.4 0.4 0.420 0.42 0.1385 3.41 --- 0.5011 Umbila Pterocarpus angolensis
11 278 0.5 0.5 0.53 0.49 0.1885 0.5 0.5 0.490 0.45 0.1590 3.00 0.02 0.5212 Umbila Pterocarpus angolensis
Sub total 5.504
12 79 0.7 0.6 0.64 0.60 0.2826 0.6 0.6 0.590 0.55 0.2375 3.40 0.02 0.8841 Chanfuta Afzelia quanzensis
13 27 0.7 0.7 0.70 0.66 0.3368 0.6 0.6 0.595 0.56 0.2418 3.09 0.02 0.8939 Chanfuta Afzelia quanzensis
14 93 0.7 0.6 0.64 0.64 0.3215 0.5 0.5 0.520 0.52 0.2123 4.00 --- 1.0676 Chanfuta Afzelia quanzensis
Sub total 2.8460
TOTAL 8.3490
Apêndice 10: Cubicagem de toros-SS (Dia: 22/11/2012)
Db (m) Dt (m) Nome da Espécie
Gb Gt C e V
Ordem Toro
D1 D2 DMcc DMsc (m2) D1 D2 DMcc DMsc (m2) (m) (m) (m3) Vernacular Cientifico
nr.
1 93 0.6 0.7 0.66 0.62 0.3008 0.6 0.6 0.57 0.53 0.2197 2.76 0.02 0.7182 Chanfuta Afzelia quanzensis
2 73 0.5 0.5 0.52 0.48 0.1786 0.5 0.4 0.47 0.43 0.1465 3.20 0.02 0.5202 Chanfuta Afzelia quanzensis
3 92 0.5 0.5 0.50 0.46 0.1690 0.5 0.5 0.48 0.44 0.1513 2.80 0.02 0.4484 Chanfuta Afzelia quanzensis
4 76 0.7 0.6 0.64 0.59 0.2760 0.6 0.5 0.54 0.49 0.1908 2.88 0.02 0.6722 Chanfuta Afzelia quanzensis
5 66 0.6 0.6 0.58 0.54 0.2289 0.6 0.6 0.59 0.55 0.2375 2.99 0.02 0.6972 Chanfuta Afzelia quanzensis
6 91 0.6 0.6 0.58 0.54 0.2247 0.5 0.5 0.50 0.46 0.1625 3.15 0.02 0.6098 Chanfuta Afzelia quanzensis
7 83 0.5 0.5 0.52 0.48 0.1771 0.5 0.4 0.46 0.42 0.1352 2.98 0.02 0.4653 Chanfuta Afzelia quanzensis
8 89 0.7 0.6 0.66 0.62 0.3018 0.5 0.5 0.49 0.45 0.1554 3.00 0.02 0.6858 Chanfuta Afzelia quanzensis
9 78 0.6 0.6 0.61 0.61 0.2873 0.5 0.6 0.57 0.57 0.2550 2.97 -- 0.8054 Chanfuta Afzelia quanzensis
10 30 0.6 0.5 0.54 0.50 0.1963 0.5 0.5 0.49 0.45 0.1554 3.00 0.02 0.5275 Chanfuta Afzelia quanzensis
11 83 0.5 0.5 0.5 0.50 0.1963 0.4 0.5 0.44 0.44 0.1520 2.68 --- 0.4666 Chanfuta Afzelia quanzensis
12 95 0.5 0.5 0.52 0.48 0.1801 0.5 0.5 0.49 0.45 0.1583 2.40 0.02 0.4060 Chanfuta Afzelia quanzensis
TOTAL 7.0230

Apêndice 11: Madeira serrada-SS (Dia:22/11/2012)


Peças Nr total C (m) L (m) E (m) V (m3)
Tábuas 92 2.98 0.36 0.03 2.9609
Pranchas 7 2.98 0.36 0.05 0.3755
Falheiras 54 --- --- --- ---
TOTAL 3.3360

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