Bibliotecas Escolares e Formaçãode Leitores Dissertação
Bibliotecas Escolares e Formaçãode Leitores Dissertação
Bibliotecas Escolares e Formaçãode Leitores Dissertação
Presidente Prudente, SP
2018
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IZABELE DIAS DOS SANTOS
Presidente Prudente, SP
2018
1
2
3
Aos meus pais...
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AGRADECIMENTOS
5
As minhas amigas, presentes que a UNESP me deu: Edna Mara, Ana Laura e
Gabriele, vocês tornaram esses anos de estudos mais leves e divertidos. Sorte é de
quem tem um amigo.
A uma pessoa linda que surgiu como um anjo na reta final do trabalho me dando
novas forças e inspiração. Brendo, sua paciência e companheirismo me ensinaram
muito.
A toda minha família: tios, primos e avós. Eu nada seria sem vocês.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de
Financiamento 001.
6
RESUMO
ABSTRACT
Having the law n. 12.244/2010 and the Parameters for School Libraries
(GEBE/CFB/CRB) as a basis, this research was intended to analyze in Pirapozinho, a
small city in the interior of São Paulo, how to organize the libraries in the five public
schools municipal elementary school – Cycle I. the main goal of The research was to
check whether these schools have school libraries and, when they do, if they are
appropriate to the Parameters for School Libraries. The research methodology used
was qualitative in nature, objectified in systematic observation and non-participant. The
research procedures included a literature review of the knowledge produced in the
area, as well as the observation of the functioning of libraries, their schedules and their
rules and the identification of read actions in the Political Pedagogical Project of the
school. Were also collected data through semi-structured interviews with school
principals and pedagogic coordinators, as well as an analysis document to analyze the
Political Pedagogical Project of each institution. The results show us a law, failed, and
inconclusive, which leaves several spaces and for that reason all the schools surveyed
the meet. Considering the Parameters for School Libraries we have a different
scenario, in which none of the five schools are able to meet all of your indicators.
Keywords: School libraries. Public politic. Reader training.
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LISTA DE FIGURAS
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LISTA DE QUADROS
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
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Sumário
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 12
1.1 “Tá pronta Iza?” Não, primeiro vou contar a minha história ........................ 13
1.2 “Tá pronta, Iza?” Não, preciso contar sobre Pirapozinho........................... 16
1.3 “Tá pronta, Iza?” Não, estou definindo os percursos .................................. 16
2. “TÁ PRONTA, IZA?” NÃO, PRECISO APROFUNDAR MEUS CONHECIMENTOS
.....................................................................................................................23
2.1 Panorama da leitura e da biblioteca no Brasil ............................................ 27
2.2 A leitura na biblioteca ................................................................................. 34
2.3 As concepções acerca da formação de leitores na biblioteca escolar ....... 37
3. “TÁ PRONTA IZA?” – NÃO, VOU LER A LEI 12.244/2010 .......................... 43
3.1 As políticas nacionais de leitura ................................................................. 45
3.2 A compreensão sobre a lei n. 12.244/2010 ................................................ 51
4. “TÁ PRONTA IZA?” – NÃO, VOU VISITAR AS BIBLIOTECAS DAS ESCOLAS
.....................................................................................................................55
4.1 Os indicadores dos Parâmetros para Bibliotecas Escolares ...................... 57
4.1.1 Espaço físico ........................................................................................... 58
4.1.2 Acervo ..................................................................................................... 63
4.1.3 Computadores ligados à internet ............................................................. 68
4.1.4 Organização do acervo ........................................................................... 70
4.1.5 Serviços e atividades............................................................................... 73
4.1.6 Pessoal.................................................................................................... 75
5. “TÁ PRONTA IZA?” – NÃO, VOU LER UMA HISTÓRIA .............................. 81
5.1 As ações de leitura ..................................................................................... 82
“TÁ PRONTA IZA?” – SIM, TO PRONTA PRA RECOMEÇAR! ....................... 92
Referências ...................................................................................................... 97
APÊNDICES ................................................................................................... 103
11
1. INTRODUÇÃO
1
Nessa primeira parte – capítulo um – o texto estará em primeira pessoa do singular, pois trata-se de
uma descrição do pesquisador e sua relação com o tema da pesquisa desde a infância.
2
Brincadeira tradicional infantil, na qual utilizando, no mínimo, 2 metros de elástico de roupa e dado
um nó, duas crianças em pé, frente a frente, colocam o elástico em volta dos tornozelos, formando um
retângulo. Um terceiro participante faz uma sequência de saltos, pulando para dentro, sobre e para fora
do elástico. O objetivo é fazer tudo sem tropeçar, aumentando o grau de dificuldade.
12
para serem usados. Em alguns casos são novos demais para dar às crianças, são
muito bons para serem rasgados pelos alunos, os professores podem perder. Assim
como Seu Lobo, diversas desculpas são dadas para atrasar sua “saída” do
esconderijo, contudo, em algum momento Seu Lobo sai da toca e vai em direção aos
demais. A pergunta que fica é: Quando seremos surpreendidos com os livros saindo
do esconderijo?
Um segundo motivo da escolha é a própria vida da pesquisadora. Assim como
todo pesquisador, inicio o estudo cheia de dúvidas, com várias lacunas a serem
preenchidas e muita vontade de aprender. Por isso, coloco-me nos títulos sendo
perguntada “Tá pronta, Iza?” e sempre respondo “Não”, pois uma pesquisa é uma
construção demorada e nem sempre quando chegamos ao final temos todas as
perguntas respondidas, por isso nos escondemos novamente e seguimos atrás das
respostas.
Para entender os motivos da escolha do tema deste estudo, apresento, a
seguir, um pouco da minha vida, desde o descobrimento do objeto livro na infância
até início dos estudos sobre bibliotecas escolares durante a graduação.
1.1 “Tá pronta Iza?” Não, primeiro vou contar a minha história
14
mandava todos os seus livros novos: romances, aventuras, contos de detetive e
muitos outros.
Contudo, o momento mais significativo da minha vida escolar ainda estava para
acontecer. Quando estava na 3ª série do Ensino Médio a escola pediu voluntários
para ajudar na organização da biblioteca, quando ouvi essas palavras da
coordenadora pedagógica no mesmo instante me ofereci para o trabalho, seria meu
sonho organizar a biblioteca de modo que todos pudessem ter acesso. O trabalho era
totalmente voluntário e acontecia no horário contrário ao das aulas, eu e uma colega
de classe passamos várias tardes organizando as estantes, separando os livros e
colocando tudo em ordem.
No meio de tanta desorganização fui descobrindo livros ótimos e gostaria que
esses livros fossem para as mãos dos alunos. A partir desse momento começaram a
surgir muitas dúvidas e também ideias na minha cabeça, eram ideias de projetos com
os livros, formas de melhorar o funcionamento da biblioteca, eu estava descobrindo
minha futura profissão, queria fazer diferente e mudar a minha realidade e de meus
colegas, queria ser professora.
Dessa maneira, em 2011 ingressei no curso de Pedagogia da Faculdade de
Ciências e Tecnologia – UNESP Campus de Presidente Prudente no período noturno.
Não tive dúvidas de que havia escolhido o curso certo, porque a cada novo dia de aula
me identificava ainda mais com a área da educação. Foi no 2º ano do curso de
graduação que conheci o Centro de Estudos em Leitura e Literatura Infantil e Juvenil
– CELLIJ – e, imediatamente, quis fazer parte do grupo de estudos, pois havia
encontrado um lugar onde eu poderia estudar e pesquisar a minha paixão: bibliotecas
escolares.
Durante os três anos seguintes da graduação fui integrante do projeto “Hora do
Conto” e participei de pesquisas coordenadas pela Profa. Dra. Renata Junqueira de
Souza, como a intitulada “Literatura e Primeira Infância: dois municípios em cena e o
PNBE (Programa Nacional de Biblioteca na Escola) na formação de crianças leitoras”
em parceria com o grupo de pesquisa da Profa. Dra. Cyntia Graziella Guizelim Simões
Girotto da Unesp de Marília, na qual pesquisamos as bibliotecas das escolas de
educação infantil dos municípios de Presidente Prudente e Marília.
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Todos esses anos no CELLIJ deram-me muita bagagem a respeito da
biblioteca escolar, além disso, os estágios supervisionados vivenciados durante a
graduação trouxeram-me questionamentos a respeito das bibliotecas das escolas
municipais de Pirapozinho, minha cidade natal. Dessa maneira, foi surgindo meu
projeto de pesquisa: algumas dúvidas colocadas no papel, leituras e mais leituras para
poder delinear o meu problema de pesquisa e a metodologia que melhor se encaixava
para conseguir as respostas que precisava. Logo, no momento de me inscrever para
o processo seletivo da pós-graduação meu projeto não poderia ser outro.
3
Fonte: Censo Escolar /INEP 2015.
16
Para tanto, elencamos os seguintes objetivos específicos:
a) Proceder ao levantamento bibliográfico, teórico e documental sobre o tema das
Bibliotecas escolares no Brasil e suas contribuições para a formação de
leitores;
b) Analisar as políticas nacionais de implantação e implementação das Bibliotecas
escolares e seus desdobramentos no município de Pirapozinho/SP;
c) Coletar junto aos gestores escolares suas percepções sobre a função, a
organização da biblioteca escolar e seu papel mediador na formação de
leitores;
d) Identificar e analisar as formas de organização das bibliotecas escolares, do
município objeto deste estudo, bem como, sua contribuição para a formação
do leitor no âmbito escolar;
e) Mapear as ações e articulações que estão sendo planejadas para a utilização
das bibliotecas escolares;
f) Verificar se as bibliotecas escolares de Pirapozinho estão no nível básico ou
exemplar, segundo os Parâmetros (GEBE/UFMG/CFB/CRB).
Dessa forma, trazemos a seguir os caminhos metodológicos traçados e
percorridos para a realização da pesquisa a partir dos objetivos definidos.
Para atingir os objetivos traçados acima, utilizamos a abordagem qualitativa da
pesquisa. A abordagem qualitativa “pode ser caracterizada como a tentativa de uma
compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas
pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de características
de comportamentos” (RICHARDSON, 1999, p. 90 apud MARCONI, LAKATOS, 2005,
p. 271).
Escolhemos alguns instrumentos de coleta de dados, um deles foi a análise
documental (LAKATOS, MARCONI, 2005; GIL, 2002) dos Projetos Político
Pedagógicos das cinco escolas municipais de Ensino Fundamental de Pirapozinho
(SP). Tal instrumento será definido mais adiante no texto.
Para compreender como diretores e coordenadores pedagógicos dessas
escolas entendem a biblioteca escolar escolhemos a entrevista semiestruturada
(TRIVIÑOS, 2011) e a observação sistemática e não participante (LAKATOS,
MARCONI, 2005).
17
O principal instrumento para a coleta de dados foi a entrevista semiestruturada.
Triviños (2011) define a entrevista semiestruturada como
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ajudar na compreensão do perfil dos sujeitos de nossa pesquisa. Por fim, as
coordenadoras pedagógicas serão identificadas da seguinte maneira: C1, C2, C3, C4
e C5. Acrescentamos que escolhemos esse modelo de identificação para a
manutenção do anonimato. Apresentamos no Quadro 1, a relação de participantes.
4
No momento em que as entrevistas foram realizadas a escola não contava com uma coordenadora
pedagógica, sendo que todo trabalho da coordenação estava sendo desenvolvido pela vice diretora há
algum tempo, portanto a entrevista foi realizada com ela.
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No primeiro capítulo, introduzimos o leitor na nossa pesquisa trazendo sua
origem e sua relação com a vida da mestranda. Definimos os percursos metodológicos
traçados para alcançarmos os objetivos e apresentamos os sujeitos da pesquisa.
Iniciamos nossa discussão – no segundo capítulo – trazendo um aporte teórico
sobre a leitura. Devemos lembrar que em todos os capítulos buscamos fazer a relação
teoria e prática a todo momento, ou seja, os dados coletados na pesquisa estarão
presentes por todo o texto. Portanto, trazemos no segundo capítulo a importância da
formação do leitor e a função da biblioteca escolar para as equipes gestoras. Além
disso, traçamos um breve percurso histórico da biblioteca escolar no Brasil.
O terceiro capítulo aborda as políticas públicas de leitura no Brasil, fazendo um
apanhado de algumas iniciativas governamentais para a promoção do livro e da
leitura. Realizamos também uma análise da lei n. 12.244/2010 que universaliza as
bibliotecas escolares no país.
Para o quarto capítulo, seguindo os Parâmetros para Bibliotecas Escolares
elaborados pelo GEBE (Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar), analisamos os
espaços encontrados nas escolas de Pirapozinho. As análises foram feitas partindo
do nível básico de indicadores contidos nos Parâmetros.
No quinto capítulo deste trabalho buscamos abordar o último item dos objetivos
traçados para a pesquisa: a mediação. Para que a formação do leitor aconteça no
espaço da biblioteca escolar é necessário que haja um trabalho de mediação de leitura
feito pelo professor, profissional responsável pela biblioteca ou até mesmo pelo
próprio espaço, devidamente organizado, este pode ser um grande incentivador da
leitura na escola.
Fechamos o texto com algumas considerações acerca deste trabalho que,
consideramos não um ponto final, mas sim um ponto de partida para o
desenvolvimento e para o fortalecimento das bibliotecas escolares do município de
Pirapozinho. Feita a apresentação do nosso texto, partimos para o capítulo dois.
22
2. “TÁ PRONTA, IZA?” NÃO, PRECISO APROFUNDAR MEUS CONHECIMENTOS
24
análise mais aprofundada sobre esses espaços dedicados à formação de leitores. Isto
porque, segundo Silva (1998, p. 73):
26
validando a leitura que está sendo realizada com base em pistas encontradas no
próprio texto e em seu contexto.
Com base nas concepções sobre leitura apresentadas, entendemos que fica
justificado o fato de termos como foco de nossa investigação o estudo das bibliotecas
escolares, porque fica evidenciado que o nosso entendimento sobre a formação de
leitores pressupõe um investimento significativo na construção de tempos e espaços
comunitários de compartilhamento e troca de impressões acerca de obras lidas, com
vistas à construção de percursos próprios na busca da autonomia e da maturidade
leitora.
27
As escolas jesuítas estavam espalhadas por todo o Brasil, e suas bibliotecas
contavam com grande número de obras. No colégio do Maranhão o acervo contava
com 5.000 volumes, no Pará eram mais de 2.000 volumes no colégio de Santo
Alexandre e no Rio de Janeiro eram mais de 5.400 volumes (MORAES, 2006). Em
1759, com a expulsão da Companhia de Jesus do Brasil, as bibliotecas sofreram um
grande golpe. Muitos dos livros que pertenciam aos jesuítas foram vendidos como
papel velho, roubados ou desviados.
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No volume seis – Artes – a biblioteca também é citada como um lugar de busca
de informações em acervos organizados, para que os alunos se desenvolvam e
tenham a capacidade de
Após a triagem, os livros são avaliados por uma instituição pública de ensino
superior que faz a avaliação pedagógica. Entre os anos de 2006 e 2014 o Centro de
Alfabetização, Leitura e Escrita (CEALE) da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) foi o responsável por essa avaliação. A partir daí, os livros que não cumprem
as normas exigidas no edital são excluídos e os selecionados são encaminhados aos
pareceristas que também devem seguir os critérios estabelecidos em edital.
31
Conforme apontam pesquisas (SILVA, 1978; MILANESI, 1986; GEBPE-DF,
1986) poucas cidades brasileiras têm uma biblioteca pública, e as que possuem estão
em estado de abandono, funcionam em condições precárias. O mais interessante é
que incluem nessas pesquisas cidades como São Paulo, Campinas e Brasília,
consideradas com alto padrão de desenvolvimento.
Apesar dessas pesquisas datarem de quase 40 anos atrás, continuam com
dados bastante atuais e pertinentes, visto que a pesquisa “Retratos da leitura no
Brasil” do ano de 20165 nos mostra que 36% dos seus respondentes afirmam não
existir Bibliotecas públicas em sua cidade e 9% não sabem ou não responderam. O
número é ainda mais alarmante quando a questão é com que frequência vão à
Bibliotecas, 66% responderam não ir a nenhum tipo de biblioteca.
5
Total de respondentes da pesquisa: 201. 020. 101.
6
As siglas significam “United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization” em português
“Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura” e “International Federation
of Library Associations and Institutions”, em português “Federação Internacional de Associações e
Instituições Bibliotecárias”.
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Diversos planos de governo são feitos para a promoção da leitura, da compra
de livros e sua distribuição. Mas as ações governamentais, muitas vezes, ficam
apenas na compra e distribuição.
Conforme nos afirma Paiva (2006, p. 150),
Sabemos que o ensino e a prática da leitura não devem ocorrer somente dentro
da sala de aula, a biblioteca deve ser colocada como o principal espaço para a
formação do leitor.
34
acervo diversificado, em um ambiente organizado e dotado de uma
programação de leitura animada (...). (SILVA, FERREIRA e SCORSI,
2009, p. 51).
35
conhecimento (CARVALHO, 2008). Nos livros está condensada toda a essência
humana, suas experiências e descobertas, “por isso, o contato do aluno com o livro é
uma das maneiras de confrontá-lo consigo mesmo, com os diferentes e ou iguais a
ele, o que contribuirá para seu amadurecimento psicológico e intelectual”. (SILVA,
2009, p.116).
Infelizmente, o que constatamos na maioria das escolas é a ausência desse
espaço que fica em segundo plano nas ações e projetos escolares. Há escolas que
dizem ter biblioteca, mas esta fica em uma sala pequena, sem ventilação, iluminação
e, muitas vezes, os livros dividem espaço com outros materiais. Essa falta de local
adequado para o funcionamento da biblioteca não é recente, muito pelo contrário, é
algo recorrente em estudos que datam de 40, 50 anos atrás, portanto, é histórica. “A
realidade brutal é a de que na escola, instituição culturalmente organizada para
ensinar a ler, existe apenas um espaço reconhecido para isso – a sala de aula”
(ARENA, 2009, p. 160).
Arena ainda elenca situações diversas, nas quais as bibliotecas escolares
se encontram, são problemas em relação à acervo, mobiliário e mão-de-obra, sendo
elas:
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principalmente assim, quando eles tem a possibilidade de entrar lá com o professor ou quando
eles estão sozinhos, eles veem um mundo magico ali dentro.... é lindo você olhar uma criança
dentro da biblioteca, ele não sabe onde ele vai, fica assim perdidinho, né, porque ele quer
pegar tudo, ele não dá conta de pegar tudo, quer pegar tudo, e isso é muito muito interessante,
porque aquele livro e aquele livro é mais legal do que esse livro, porque aquele livro é mais
bonito, porque esse tem mais colorido, porque esse tem mais pagina, esse tem menos pagina,
então tudo isso, toda essa pré-leitura ou antes da leitura é desenvolvido dento deles.... e é tão
lindo vê uma criança tendo esse contato mais próximo, começando a desenvolver esse
respeito, esse carinho pelo ato da leitura, porque é essencial, é necessário isso tudo, e assim,
se a criança ela não tem esse contato proximo com a sala de leitura, obviamente, que ela não
vai se interessar, obviamente que ela não vai nem querer saber, porque assim se ela... se o
professor chega dentro da sala de aula e eu trago lá pra cada aluno, eu tenho vinte alunos,
eu levo lá vinte e dois exemplares, supõe-se, só vai ver aquela limitação, mas será que pra
turma dele eu só tenho vinte e dois livros, eu não tenho mais? Aquilo ali foi escolha do
professor, qual a escolha da criança? Isso tem que ser respeitado, então é.. pra mim é
essencial, essencial a escola, é vital, você precisa aprender aprendendo, viver vivendo, né, e
é assim que funciona.... como é que eu posso falar de uma coisa se eu não tenho a prática
dela, se eu não vivo ela, eu tenho que viver, tenho que sentir, se eu não fizer isso eu não vou
conseguir e minha criança por tabela também não, então é isso.
Diretora D3
Pergunta 1
P: E qual é a sua visão sobre o papel da biblioteca na escola?
D3: Ah importantíssimo, eu acho que... assim é... você fica muito triste quando vê que
uma escola não tem, né, então não adianta uma escola fazer um trabalho de incentivo à leitura
sem ter uma biblioteca, né, então eu acho assim, é fundamental a biblioteca na escola, a gente
sempre tentar manter da melhor forma possível.
Pergunta 2
P: Bom e agora pra gente terminar, qual a sua opinião sobre o papel da biblioteca, do
espaço biblioteca ali, pra formação do leitor, da criança leitora?
D3: Bom, vou ser repetitiva, né, porque eu já falei isso, é fundamental, o incentivo à
leitura pra formar o aluno leitor, né. O espaço físico é como eu disse, tem que ser chamativo,
ser adequado pra faixa etária das nossas crianças, porque as crianças não, mas todo mundo
é muito visual, né, a primeira impressão é visual, então tem que ter aquela vontade de ficar
naquele ambiente, né, então tem que ser vários atrativos pra você chegar... fazer uma leitura
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prazerosa, né, sem ficar com obrigação.... então o espaço físico, o espaço da biblioteca é
muito importante... a meu entender, né, eu acho que a escola de modo geral tem que ser, tem
que ter um atrativo, né, tem que ser bem bonita assim, tem que passar aquela imagem...
porque o visual atrai bastante, né... então o jeito que você tá levando aí, o que você leva é o
que você vai apresentar, né, então eu acho que tem que começar por ai, bonita, arejada, é...
com atrativos pra nossa faixa etária, né, que é diferente do que pra uma pessoa que já tem a
leitura como... já enxerga a importância da leitura, os nossos... estamos criando um aluno
leitor, né, então tem que começar pela sala de aula, assim, uma série de procedimentos, né,
alguns a gente consegue com sucesso, a gente tem que falar, né, que alguns a gente
consegue cem por cento que não consegue, se não tentar uma aparência melhor. Ta bom?
Diretora D1
Pergunta 1
P: Bom, e qual é a sua visão sobre o papel da biblioteca na escola, a importância de
uma biblioteca na escola?
D1: Ah acho que tem toda uma função social, fora o entretenimento e também é um
incentivo à leitura, porque a gente vê, olha, vou falar assim particular, a minha filha, não sei
se foi porque sempre ela me viu em meio de livros, até pra estudar pra preparar aula, né,
antes de ser, antes de fazer parte da direção, minha filha gosta muito de ler, até eu brinco
com ela, falo “Isadora, esse mês vai ser só duzentos reais com livro, heim, pelo amor de
Deus”, porque se deixar ela consome livro de tanto que ela gosta de ler, então eu acho que
assim, muitas das nossas crianças, estou falando da minha escola, não tem isso em casa,
não tem nem aquele livro mais aquele livro de 1,99, então a gente poderia oferecer isso ai pra
esses alunos e incentivando e gosto, né, pela leitura, o hábito da leitura, o hábito de estudo
que infelizmente os nossos alunos ainda não tem. Ou não digo não tem, mas são, é a minoria,
é a minoria que tem, de trezentos e... trezentos e vinte e pouco, trezentos e trinta alunos, acho
que falar que dez por cento tem acesso a esse tipo de leitura diferenciada assim.
Pergunta 2
P: Eu perguntei sua opinião do, da biblioteca na escola e agora o espaço da biblioteca,
o espaço próprio pra formação do aluno, eu queria saber qual é a sua opinião sobre a escola
tem um espaço próprio de biblioteca na formação do, do leitor, a importância disso?
D1: É o gosto pela leitura e é o acesso igual eu te falei também, porque muitas crianças
só tem isso na escola, onde que é oferecido isso? Na escola, principalmente as, as escolas
que são de bairro, né, de periferia, a criança não tem esse acesso em casa, né, então onde é
40
oferecido pra ela? Na escola, se a escola não tem... como que você vai cobrar, como que o
professor vai trabalhar isso na sala de aula cobrando a leitura, é difícil.
Diretora D5
P: Bom, eu gostaria de saber sua opinião sobre o papel da biblioteca na formação do
leitor, da criança leitora?
D5: A meu ver é fundamental, porque nem todas as crianças tem em casa, muitos a
única coisa que eles veem de leitura é bula de remédio, não tem um gibi, não tem uma revista,
não tem um livro, muitos o primeiro contato com o livro mesmo, propriamente dito, se dá na
escola, então é extremamente importante, é fundamental que haja isso. E mesmo o professor
apropriando a leitura diária, já incentivando a criança a entrar no universo da leitura, esse é o
caminho, essa é a porta que se abre para que desperte o interesse das crianças. E ai a partir
do momento que eles vão a uma biblioteca e que não é só aquele livro que o professor lê
todos os dias no início da aula, ele vê aquele universo de livro, isso é o chamariz para que a
criança se torne leitor, assim como vários outros aspectos que não se restringe a não somente
a isso, a você oferecer a você dar o exemplo, também tem que incentivar. A gente sabe que
a nossa parcela aqui de contribuição pra isso é a maior, só que também em contrapartida
aqueles que tem um respaldo em casa eles se desenvolvem, desenvolve a leitura com muito
mais facilidade, é isso.
Diretora D2
P: Qual a sua opinião a respeito do papel da biblioteca na formação do pequeno leitor?
D2: Estimulo a leitura é valido, espaço é importante, organização. Comparado a uma
loja, bom espaço para separar, deixar tudo a mão da criança, espaço para sentar e ler.
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Apesar do foco do nosso trabalho ser a formação de leitores, esperávamos
encontrar nas diretoras uma visão mais esclarecida sobre a biblioteca escolar e, o que
vemos, é uma hegemonia de opinião.
Essa visão se confirma quando repetimos a pergunta sobre o papel da
biblioteca na escola às coordenadoras pedagógicas. Da mesma maneira das
respostas das diretoras, na fala das coordenadoras vemos se repetir as palavras
livros, leitura, formação do leitor. Mais uma vez, nenhuma coordenadora cita outras
funções para a biblioteca.
Além disso, relatam que muitas crianças não têm acesso aos livros em casa e
é somente na escola que esse material é ofertado, portanto essa pode ser uma
justificativa para enxergarem a biblioteca como o espaço somente dos livros e da
formação do leitor.
42
3. “TÁ PRONTA IZA?” – NÃO, VOU LER A LEI 12.244/2010
43
entregues a cada dois anos. É necessário recorrer a outras maneiras, como a compra
direta de livros citada por 34,5% das escolas participantes.
Desse modo, é necessária uma política pública que garanta uma biblioteca em
todas as escolas, tanto públicas quanto privadas, com espaço adequado, acervo e,
principalmente, um profissional habilitado para seu funcionamento: o bibliotecário. A
partir de reinvindicações da classe bibliotecária, surgiu a lei n. 12.244 aprovada em
2010, a qual universaliza a biblioteca escolar em todas as instituições de ensino do
país.
Para iniciarmos as discussões acerca das políticas públicas do livro, leitura e
biblioteca escolar, é necessário conceituar o termo política pública que, segundo
Secchi (2012, p. 2) “é uma diretriz elaborada para enfrentar um problema público. (...)
Uma política é uma orientação à atividade ou à passividade de alguém; as atividades
ou passividades decorrentes dessa orientação também fazem parte da política
pública”. O autor segue pontuando que dois elementos fundamentais definem a
política pública, como a “intencionalidade pública e resposta a um problema público”
(p. 2), ou seja, quando um problema atinge o coletivo, gera mobilidade na sociedade,
este é razão para tratar e estabelecer uma política pública.
Souza (2006) assevera que não podemos dizer que existe uma única
definição para este termo, muito pelo contrário, diversos pesquisadores da área
definem política pública de diferentes maneiras.
Abad (2008) afirma existir dois sentidos quando se fala em política. O primeiro
é a luta pelo poder e a busca de acordos de governabilidade; o segundo trata a política
como programa de ação governamental com sentidos mais técnicos e administrativos.
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O autor ressalta que esses dois sentidos estão relacionados entre si e, segue
explanando que a política pública “representa aquilo que o governo opta por fazer ou
não fazer, frente a uma situação. (...) É a forma de concretizar a ação do Estado,
significando, portanto, um investimento de recursos do mesmo Estado (...). A política
pública, ao mesmo tempo que se constitui numa decisão, supõe uma ideologia social,
esteja ela explicita ou não na sua formulação” (ABAD, 2008, p. 14).
Para este estudo nos pautaremos na definição de Secchi (2012), a qual trata a
política pública como resposta a um problema coletivo anunciado, neste caso o
problema é reivindicado pelos bibliotecários que trazem a falta de bibliotecas bem
estruturadas e em pleno funcionamento nas escolas em todo o país. À essa
reivindicação surge a lei n. 12.244 assinada em maio de 2010, a qual trataremos com
mais profundidade no decorrer desse texto.
45
vez, aparece nessas políticas de forma implícita, insinuando que, com a distribuição
dos livros, as bibliotecas terão acervo para funcionar. Contudo, somente “funcionar”
não é o objetivo da biblioteca escolar, conforme assinala Rosa e Oddone (2006, p.
184) “Não basta ter acesso, é fundamental que, ao longo da sua formação escolar, o
indivíduo seja estimulado à prática da leitura. Caso contrário, o livro não cumpre sua
função (...)”.
Diante de baixos índices de leitura no Brasil constatados por pesquisas, como
o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA7) e Retratos da Leitura
no Brasil de diversos anos (2001, 2008, 2011, 2015), “percebe-se a necessidade de
políticas públicas de leitura capazes de dinamizar o uso da biblioteca e do livro,
possibilitando o acesso à leitura, à escrita e a outros bens culturais” (GUIMARÃES,
2010, p. 42). No entanto, essa preocupação não é recente, como veremos a seguir,
pois ações por parte do governo vem sendo realizadas objetivando o incentivo ao uso
da biblioteca e o acesso ao livro.
Nos decretos n. 10.623/1977 e n. 11.625/1978, a biblioteca escolar aparece
como apoio técnico-pedagógico das atividades de alunos e professores. Esses
decretos estabelecem a biblioteca como o centro de leitura e orientação de estudos,
sendo essencial para a cidadania.
A partir da década de 1980, começam a surgir programas de incentivo à leitura
por parte do governo federal. Entre 1984 e 1987 vigorou o Programa Nacional Sala
de Leitura que, tinha como objetivo compor e ambientar as salas de leitura das escolas
com envio de acervos e recursos. Vale ressaltar que, este programa priorizava salas
de leitura e não a biblioteca escolar, tanto que, nas escolas do Estado de São Paulo
temos, ainda hoje, a denominação “Sala de leitura” em substituição à biblioteca
escolar.
O Programa Nacional de Incentivo à Leitura – Proler – surge por meio do
decreto n. 519 no ano de 1992. Este é vinculado à Fundação Biblioteca Nacional e
tem por objetivo promover o interesse pela leitura e escrita, além de promover políticas
públicas que garantam o acesso ao livro e articulação de ações de incentivo à leitura.
No mesmo ano, o MEC firma parcerias com as Secretarias Estaduais de Educação,
universidades e a embaixada da França, criando o Pró-Leitura para a formação do
7
A sigla significa “Programme for International Student Assessment”.
46
professor (GUIMARÃES, 2010). A meta do programa era a formação de professores
leitores e o estímulo a prática leitora na escola, além da criação de salas, cantinhos
de leitura e biblioteca escolar.
No ano de 1994 surge o Programa Nacional Biblioteca do Professor que
trabalhava em duas linhas de ação: a aquisição de acervos bibliográficos e a produção
de materiais destinados à capacitação do trabalho docente. Este programa teve seu
término em 1997, mesmo ano que foi instaurado o Programa Nacional Biblioteca da
Escola (PNBE) que objetivava a democratização do acesso às obras de literatura
infantil e juvenil, além de materiais de pesquisa e referência aos professores e alunos.
É preciso destacar também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996
e os Parâmetros Curriculares Nacionais de 1997, ambos contemplam a biblioteca
escolar como espaço de aprendizado e estimulo à leitura, como já mencionado
anteriormente.
Temos então vários programas já executados, alguns se repetem em seus
objetivos e nas suas ações, mas nenhum se perpetua no seu trabalho. A grande marca
das políticas educacionais brasileiras é a descontinuidade. A cada troca de governo
temos novas políticas surgindo em detrimento das política já existentes. “Uma política
pública não se reduz a uma política de governo que muda a cada gestão/mandato,
sendo, portanto, descontínua. Uma política pública deve ser vista como uma política
de estado, que se insere dentro de um plano de metas e se efetiva com recursos
regularmente liberados, para mantê-las em pleno funcionamento” (FERREIRA, 2013,
p. 08).
Conforme Teixeira (2002), nossas bibliotecas escolares não precisam só de
bons acervos, mas também de um trabalho de formação e conscientização dos
educadores e governantes sobre a sua importância para a qualidade do ensino.
47
Em uma perspectiva maior, em 1999 na 30ª Conferência Geral da UNESCO é
aprovado o Manifesto Unesco/Ifla para biblioteca escolar. Este é um dos mais
importantes documentos sobre o assunto, que enfatiza que as bibliotecas escolares
devem proporcionar conhecimentos e ideias fundamentais para o desenvolvimento da
sociedade, desenvolver nos educandos competências para um aprendizado
constante e contínuo, assinalado por Campello (2005) como o espaço que tem a
função de desenvolver nos alunos a capacidade de aprender a aprender ao longo de
toda a vida.
Em 2003 foi sancionado o Plano Nacional do Livro que estabelecia em suas
diretrizes promover e incentivar a leitura e apoiar a circulação do livro. “Porém, apesar
dos decretos, manifestos e programas de incentivo à leitura, o que se percebe no
Brasil, é que o foco principal dos programas citados, tem sido a promoção e
distribuição de livros, muitos deles desconsiderando o espaço da biblioteca escolar”
(GUIMARÃES, 2010, p. 46).
Em substituição ao Plano Nacional do Livro, surge o Plano Nacional do Livro e
Leitura (PNLL) implantado em 2011, porém, suas discussões se iniciaram em 2006,
com foco em uma política pública voltada, além do incentivo à leitura e ao livro,
também a biblioteca e a formação do mediador de leitura. Uma de suas metas é zerar
o número de municípios sem biblioteca no país.
Partindo de reinvindicações e lutas da classe bibliotecária, em 2010 é aprovada
a lei n. 12.244 que universaliza as bibliotecas escolares em todas as instituições de
ensino do país, tanto públicas quanto privadas. Analisaremos, a seguir, a lei e seus
desdobramentos desde a sua promulgação. Para tanto, é necessário iniciar a
discussão rememorando um projeto de lei n. 3549/00 que dispunha sobre a
universalização das bibliotecas escolares, no entanto, esta lei não foi aprovada. Em
seus artigos, essa lei conceituava biblioteca escolar, definia o mínimo de quatro livros
por aluno matriculado, delegava aos sistemas de ensino a ampliação do acervo, a
contratação de bacharéis em biblioteconomia para sua supervisão e demarcava ainda,
uma prazo de dez anos para seu cumprimento.
Como podemos ver, esse projeto de lei é muito parecido com o que foi aprovado
em 24 de maio de 2010, na lei n. 12.244. Algumas pequenas mudanças foram feitas,
como veremos a seguir.
48
O projeto de lei feito pela deputada federal Esther Grossi e apresentado em
plenário, inicialmente no ano de 2000 é o n. 3549. Esse projeto é fruto de repetidas
denúncias ao longo dos anos, realizadas por toda a classe bibliotecária do país, que
reclamava a falta de bibliotecas nas escolas. Além disso, foi executada também uma
campanha iniciada na década de 1990 pelo Conselho Regional de Biblioteconomia
(CRB) e passado depois para o Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), a qual
levava o título “Projeto Mobilizador Biblioteca Escolar: construção de uma rede de
informação para o ensino público” e tinha como objetivo mobilizar a sociedade e
dirigentes governamentais para a necessidade de se ter bibliotecas em todas as
escolas do país (CAMPELLO, 2016).
Contudo, o projeto não foi aprovado de imediato. Após diversas modificações,
o texto é arquivado e desarquivado e levado a várias votações, sendo que ao final de
nove anos e oito meses ele é, finalmente, aprovado e publicado no Diário Oficial da
União transformado na Lei Ordinária 12.244/2010.
49
reduzido para quatro e então cai para somente um livro por aluno na lei aprovada. Os
artigos 3º e 4º dão o prazo de dez anos, a partir da publicação da lei, para que todas
as escolas se regularizem respeitando a profissão do bibliotecário, conforme a lei
9.674/98 que dispõem sobre a referida profissão.
Como podemos observar, a lei deixa diversas lacunas e não prevê qualquer
tipo de punição para as instituições de ensino que não cumprirem seu prazo. Silva
(2011) ressalta que a lei deveria ser mais detalhada nas características da biblioteca,
seu plano organizacional e educativo.
Campello et al (2016), analisando publicações acadêmicas sobre a referida lei,
afirma que “(...) a Lei não assume o conceito de biblioteca escolar aceito pela
comunidade acadêmica e pelas organizações que se preocupam com o caráter
educativo da biblioteca como espaço de aprendizagem” (CAMPELLO et. al, 2016, p.
54). As produções também ressaltam que, foram ignorados os avanços já existentes
sobre o tema, como as diretrizes da Unesco/IFLA e o Conselho Federal de
Biblioteconomia. Nas palavras da lei o acervo é visto como o foco, pois é definido um
título por aluno e isso significa que a coleção terá diversidade de obras. “Indiretamente
isso contribui para reforçar a noção de que o livro didático para uso do aluno não é
material do acervo da biblioteca” (CAMPELLO et. al, 2016, p. 55).
Vamos ressaltar aqui o artigo segundo que define o que é biblioteca escolar.
Na letra da lei, uma biblioteca é coleção de livros e apenas isso, não há menção
alguma sobre espaço físico ou estrutura. Do jeito que se define, toda escola tem
biblioteca que é uma coleção de livros, esteja ela em caixas guardadas ou em estantes
expostas aos alunos.
A lei n. 12.244/2010 é claramente uma lei omissa e inconclusa. Da forma que
se apresenta, ela está efetiva em todas as escolas públicas do país, pois todas
receberam ao menos uma caixa dos livros distribuídos pelo PNBE, ou seja, todas têm
uma pequena coleção de livros.
Ao longo dos seus quatro artigos, ela não apresenta caminhos para
implementação e nem oferece subsídios para que seja efetivada, torna-se uma lei
somente para dizer que existe, para acalmar os ânimos de quem a solicita há anos.
Podemos chamá-la de política de papel que, assim como tantas outras, são feitas
somente para cumprir protocolos, sem a intenção de que seja realmente cumprida.
50
Portanto, de acordo com a lei n. 12.244/2010, todas as escolas de ensino
fundamental I de Pirapozinho possuem uma biblioteca.
Coordenadora C3
Pesquisadora (P): É, bom, falando da lei de novo, né, você já ouviu falar dessa
lei 12.244?
C3: Não, sobre biblioteca não, não conheço.
P: Não sabia que existia uma lei sobre biblioteca escolar?
C3: Não, sim, não especificamente o número da lei...
P: Mas você já ouviu falar que existe uma lei?
C3: Sim, sim.
Coordenadora C5
Pesquisadora: Bom, a lei, essa lei que eu disse a 12.244, você já ouviu falar dela, tem
algum conhecimento?
C5: Não.
Coordenadora C2
Pesquisadora: E essa lei 12.244 você já tinha ouvido falar dela?
C2: Não.
51
Vice-diretora C4
Pesquisadora: Bom, a lei, né, a lei 12.244, você já ouviu falar dela?
C4: Não, eu to sabendo dela agora.
Diretora D3
Pesquisadora: Eu acho que eu comentei com você dá outra vez que eu vim que nós
temos uma lei que universaliza as bibliotecas escolares que é a lei 12.244 que foi aprovada
em 2010, você já ouviu falar dessa lei?
D3: Eu ouvi, mas não conheço assim a integra da lei, né, não tenho conhecimento,
não.
P: Mas já ouviu algo...
D3: Já. Já.
Diretora D1
Pesquisadora: Tá, bom, desde 2010 nós temos uma lei federal que universaliza as
bibliotecas escolares, tanto em escola pública e municipal, você já ouviu falar nessa lei?
D1: Já, de vez em quando a gente comenta assim em reunião, né, que existe essa lei,
mas eu acho que é uma lei que tá ainda assim no papel, né, acho que tem que dar mais
ciência, (...).
Diretora D5
Pesquisadora: Bom, o que baseia a minha pesquisa também é uma lei federal que foi
aprovada em 2010 que dispõe sobre as bibliotecas escolares, né, a universalização das
bibliotecas escolares no país. Essa lei é a 12.244 e ela tem um prazo de 10 anos para ser
cumprida. Você já ouviu falar sobre essa lei, já viu ela em algum lugar, ela já te foi
apresentada?
D5: Eu já ouvi falar, não tenho ela nas mãos pra poder falar contigo, mas eu tenho
conhecimento da existência dela sim.
53
processo de elaboração foi um estudo da situação das bibliotecas escolares do país.
A partir daí “o GEBE pode definir o que é uma biblioteca escolar brasileira e (...)
apresentar indicadores que apontam níveis a serem alcançados, dependendo da
vontade e das possibilidades de cada escola em investir na sua biblioteca”
(CAMPELLO, 2010, p. 08).
Segundo o documento, para a elaboração dos parâmetros foram definidos
alguns pontos que designam uma biblioteca escolar como um dispositivo
informacional que tem um espaço físico exclusivo e que acomode o acervo; diferentes
ambientes para serviços e atividades dos usuários e os serviços técnicos e
administrativos. Além disso, é necessária a presença de materiais informacionais
variados, não apenas livros, de acordo com as necessidades dos usuários, e que
esses materiais estejam organizados de acordo com normas padronizadas, de modo
que facilite a busca.
O acesso à internet também faz parte dos pontos que definem uma biblioteca
escolar, além de que ela funciona também como um espaço de aprendizagem sendo
administrada por um bibliotecário qualificado e com equipe preparada para fornecer
os serviços à comunidade escolar (CAMPELLO, 2010).
54
4. “TÁ PRONTA IZA?” – NÃO, VOU VISITAR AS BIBLIOTECAS DAS ESCOLAS
56
Todas as escolas da cidade têm entre 10 e 11 salas de aula, quadra coberta,
sala de secretaria, diretoria e professores, cozinha e laboratório de informática.
Devemos lembrar que, de acordo com a lei n. 12.244, todas as escolas
pesquisadas têm biblioteca escolar – coleção de livros. No entanto, estamos tratando
agora dos Parâmetros para Bibliotecas Escolares e, este sim, considera a biblioteca
como o espaço físico, além dos livros.
Monteiro
Lobato X X X
Ziraldo
X
Eva
Furnari X X X X
Ana Maria
Machado X X X X
Ruth
Rocha X X X X
57
4.1.1 Espaço físico
Coordenadora C3
P: Bom, e como você define o espaço da sua biblioteca, ele é bom, é ruim...
C3: Adequado, assim?
P: É.
C3: Não, é bom, não é muito grande, né, mas já foi assim, a gente tinha um espaço
muito pequenininho, então agora pra gente é uma, né, é uma vitória pelo espaço daquele,
mas comporta uma sala de aula tranquilo.
P: É, seria a minha próxima pergunta, se ele comporta uma das suas salas inteiras...
C3: Aham.
59
Coordenadora C1
P: Ele comporta uma sala inteira pra fazer alguma atividade?
C1: Sim.
P: Então, é possível, já foi realizado alguma atividade com uma sala completa lá
dentro?
C1: Sim, os professores já levaram eles, e eles sentam o professor faz a leitura na
sala, ai depois eles vão, olham os livros, escolhem o livro da semana, que eles querem ouvir
durante a semana, ai o professor separa o livro, leva pra sala. Então tem possibilidade, nossa
sala tem o que, uns 30 alunos...
Coordenadora C2
P: Como você define o espaço da biblioteca? Comporta uma turma inteira de crianças?
É possível realizar alguma atividade com uma sala inteira dentro desse espaço?
C2: Inadequado, principalmente por ser um corredor e pessoas transitam a todo
momento. Não comporta uma turma.
Coordenadora C5
P: Como você define o espaço da sua biblioteca, comporta uma turma inteira?
C5: Sim, tanto que a gente tá trabalhando atividades diversificadas aqui com eles, eles
vêm, né, uma vez na semana eles vêm pra pegar o livrinho que eles vão ler durante a semana,
e um outro dia eles vêm com o professor pra fazer a leitura aqui.
Coordenadora C4
P: Como você define esse espaço, ele cabe uma sala inteira pra...
C4: Cabe.
P: Pra realizar um trabalho lá dentro?
C4: Uma sala cabe.
P: Então é... é possível realizar, um professor entrar com todos os alunos e fazer
atividade?
C4: Com certeza, né, porque lá, eu não sei se você chegou a ver, mas tem as
mesinhas, né, com cadeira e tem espaço pra circular ainda, então uma sala tranquilo.
60
Como podemos ver, na escola Ziraldo da coordenadora C2 não há um espaço
próprio para a biblioteca, os livros mais antigos permanecem num corredor juntamente
com outros materiais da escola, portanto, não é possível realizar nenhuma atividade
com as crianças naquele local.
A coordenadora C5 nos explica que há um projeto no qual a leitura acontece
dentro da biblioteca e semanalmente todos os alunos das salas vão e se sentam no
chão para a sua realização. Falaremos mais sobre esses projetos no capítulo 5.
Aproveitamos o quesito mobiliário da biblioteca e perguntamos às diretoras se
está adequado a faixa etária atendida pelas escolas, afinal os Parâmetros pedem que
o espaço físico esteja acessível a todos os usuários. (CAMPELLO, 2010)
As diretoras D3, D4 e D5 respondem que o mobiliário de suas bibliotecas está
adequado ao público atendido, com mesas e cadeiras pequenas, estantes baixas tudo
ao alcance da criança. Durante as observações nas unidades escolares encontramos
as seguintes realidades: a escola Eva Furnari tem duas mesas redondas no seu
espaço da biblioteca, com 4 cadeiras em cada mesa. Contudo, não são mesas baixas
e as cadeiras são com assentos reguláveis (desce e sobe). A escola Ana Maria
Machado tem mesas e cadeiras pequenas tornando possível também o acesso para
crianças da educação infantil. São dois jogos de mesas e cadeiras diferentes: um jogo
de 8 mesas e 8 cadeiras quadradas iguais às da sala de aula e 4 jogos de mesas
redondas com 4 cadeiras cada, totalizando 16 assentos. Por fim, a escola Ruth Rocha
tem somente uma mesa grande com 8 cadeiras reguláveis, como na escola Eva
Furnari.
Em contrapartida, a diretora D1 lamenta, mas ainda não tem um mobiliário para
sua biblioteca, visto que ela está funcionando em local improvisado.
Diretora D1
P: A questão dos moveis da biblioteca, do espaço físico, é adequado para as crianças
que estudam nessa escola?
D1: Não, ó, melhorou bastante, mas adequado eu não vou falar que é não, porque eu
até tava conversando outro dia com a vice, com a, com a coordenadora, falei “ah eu quero
comprar um tapete, quero colocar almofadas pra ficar um ambiente agradável pra criança fica
lá lendo, porque ela vai ficar lendo no chão, ela vai ficar lendo, é... a gente colocou aquele...
61
aquele tapete de alfabeto ele é um tipo, tipo EVA, né, mas eu acho assim falta adequar ainda
o ambiente, falta algumas coisas ainda.
É possível ver que a escola está se esforçando para oferecer a seus alunos um
espaço mais apropriado para a leitura e pesquisa. No momento da pesquisa, era
oferecido às crianças um tapete de EVA e estantes de metal.
O último ponto em relação ao espaço diz respeito aos serviços técnicos e
administrativos. Ainda segundo o documento do GEBE, para que a biblioteca se
mantenha no nível básico é preciso um balcão de atendimento com mesa, cadeira e
computador conectado à internet para uso do funcionário. Já o nível exemplar amplia
o balcão de atendimento e sugere um ambiente especifico para atividades técnicas,
além de computadores com acesso à internet para cada funcionário.
Nas quatro escolas que possuem biblioteca, somente a escola Eva Furnari
conta com uma mesa de atendimento especifica para o funcionário. Nas outras 3
escolas, os funcionários responsáveis realizam seu trabalho nas mesas de atividades
dos alunos. Também não há computador com acesso à internet em nenhuma das
bibliotecas, inclusive na Eva Furnari.
As escolas não contam com serviços técnicos desenvolvidos por um
profissional da área, no caso, um bibliotecário. A função do bibliotecário escolar não
é somente o guardião dos livros, alguém para organizar e catalogar o acervo, suas
funções vão além, pois segundo Fragoso (2011) o trabalho seria colaborativo, junto
com a equipe docente e gestores escolares:
4.1.2 Acervo
63
Figura 1: Estante de livros da escola Eva Furnari
64
Figura 2: Biblioteca da Escola Ruth Rocha
Tanto na escola Eva Furnari como na escola Ruth Rocha, o acervo é bastante
grande e diversificado. Podemos observar pelas estantes e mesas muitos livros
enviados pelo PNBE, o que comprovamos que estão sendo usados. No entanto, o que
é ofertado à criança não é nem a metade desse acervo e também não podemos ter a
certeza de que a criança realmente gosta do que está levando para ler em casa, pois
seu poder de escolha fica restrito ao pré-selecionado que também não tem critério ou
objetivos traçados.
Nas visitas à escola Ana Maria Machado percebemos outro ponto importante:
os livros didáticos ocupam grande parte do espaço da biblioteca. No ano de 2016 o
local da biblioteca foi ampliado para que os alunos pudessem desfrutar de um lugar
mais confortável. Porém, em mais da metade das estantes nós encontramos livros
didáticos ocupando o lugar que deveria ser do literário.
65
Figura 3: Biblioteca da escola Ana Maria Machado
66
Como pode ser observado, todas as estantes da sala são compostas em sua
maioria por livros didáticos. Poucos livros literários são vistos na parte mais alta das
estantes, ou seja, fora do alcance das crianças.
Essa situação tira do espaço da biblioteca escolar uma das suas funções que,
também seria, o da leitura literária. “Os textos literários de qualidade são importantes
por apresentar características estéticas peculiares, devendo, então, ocupar um lugar
especial na coleção”. (ABREU, 2008, p. 30)
Dessa maneira, questionamos onde ficam os livros didáticos que não são
distribuídos aos alunos. Todas as coordenadoras afirmam que os livros que não estão
sendo utilizados pelos professores e alunos, e também livros de anos anteriores, ficam
na biblioteca. Contudo, diferentemente da escola Ana Maria Machado, na qual os
livros ocupam grande parte das estantes substituindo o literário, nas demais escolas
esses livros ocupam outros espaços, de menor destaque, como vemos na fala da
coordenadora C3.
Coordenadora C3
P: E os livros didático, aqueles que não foram entregues aos alunos, eles ficam na
biblioteca?
C3: Ficam, ficam encaixotados. Sobras, né, você fala? Porque eles são pra três anos,
né, ai ficam guardados na biblioteca. Eles ficam nas caixas e guardados na parte de cima.
67
O acervo contempla a diversidade de gêneros textuais e de fontes de
informação destinadas aos variados usos escolares, tais como:
enciclopédias, dicionários, almanaques, atlas, etc. Além de livros a
biblioteca escolar conta com revistas e outros materiais não
impressos, como: documentos sonoros, visuais e digitais.
(CAMPELLO, 2010, p. 13).
68
biblioteca, algumas coordenadoras afirmam que as escolas possuem sala de
informática e quando necessário, os professores levam os alunos até lá.
Coordenadora C1
P: E na biblioteca aqui não há, não há computadores, não é informatizada?
C1: Não, foi informatizada pela vice diretora, a nossa vice o ano passado, ela, ela
catalogou todos os livros que tinha, né e colocou no computador, mas assim...
P: Lá dentro da biblioteca não tem?
C1: Não, não tem
Coordenadora C3
P: E computadores na biblioteca, tem?
C3: Não tem.
Coordenadora C2
P: Há computadores na biblioteca? Quantos? Quem tem acesso?
C2: Não, só na sala de informática.
Coordenadora C5
P: Então eu vejo que vocês não tem computador aqui, né.
C5: Não, nós temos uma sala de informática.
Coordenadora C4
P: E tem computadores na sua biblioteca?
V: Não, lá é manual mesmo.
69
trabalho dos docentes, mas também deve ser um espaço de prazer”. (BALÇA, 2006,
p.209).
Portanto, a ausência de computadores nas bibliotecas das escolas só afirma a
hipótese de que a biblioteca é somente para leitura de livros, eliminando qualquer
possibilidade de que computadores podem ser uteis para tal ação. E essa afirmação
é confirmada quando nos dizem que há um laboratório de informática, como se só lá
fosse o lugar dos computadores.
Coordenadora C5
P: Você sabe me dizer se os livros aqui são organizados por ordem alfabética, por
faixa etária, qual é essa forma?
C5: Olha, eu acho que dos dois, aqueles que, assim, as vezes tá faltando alguma
coisinha que são mais antigos é por faixa etária, os mais novos é por ordem, ai ela já coloca
um número, né, tem um númerozinho que ela coloca no catálogo lá, ai isso é pra ordem dela,
né, ai aqui acho que é por ordem alfabética.
Coordenadora C3
P: E você sabe me dizer como os livros estão organizados na biblioteca, se tem uma
ordem alfabética, por série?
C3: Dos alunos por série, os que eles emprestam, é por série, aí os literários tem
caixas, tem caixa da educação infantil, tem caixa mais antiga que não tá classificada por série
70
assim, tem os mais novos que foram fazendo outras caixas aí colocou educação infantil,
primeiro, terceiro ano assim... agora aqueles mais antigos não, ficam tudo em caixas e alguns
nas estantes, por exemplo, pro professor mesmo que é pra uso diário do professor, não tem
estante que é geografia, história, matemática, tudo separadinho.
Coordenadora C1
P: Na escola. E como os livros estão organizados na biblioteca, em ordem alfabética,
qual, tem alguma ordem de organização nas estantes?
C1: Não, e a gente até conversou isso no outro HTPC que nós vamos fazer isso no
próximo ano, ta, separar assim, especifico, por exemplo, conto de artimanhas, fábulas, é ...
crônicas, né, separar assim, ...
P: Separar os gêneros, né.
C1: É, porque fica mais fácil, se você quer contos de artimanha tá nessa caixa, fica
mais fácil. Tá separado ali, assim, por faixa etária, ta, é, a gente vê lá, por exemplo esse daqui
a gente acha, né, mas igual nós vimos o conto de art... de morte morrida que os prézinhos
adoraram, né, então você fala assim “Ah esse daqui é pro quinto ano” então a gente vai
separando assim, mas, depois fica difícil pra você procurar, sabe você chega ali você fala “Ai
eu quero contos de artimanha, você procura, você não sabe pelo nome qual que é, então se
você separa, eu, nós imaginamos né, se você separar pelo gênero vai ficar mais fácil de
procurar o ano que vem.
P: Uhum.
C: Ai foi catalogando um, dois, três e a gente procura sempre na hora que for guardar,
colocar na mesma sequência, mas não passa pela ordem alfabética.
Coordenadora C4
P: Tá. E você sabe me dizer qual é a forma de organização que os livros estão lá na
biblioteca se tem, se eles estão catalogados por ordem alfabética... ordem de autor...
C4: Não sei te responder, mas eu... eu que acredito que é conforme a remessa vem,
aí eles continuam fazendo a catalogação, entendeu, mas eu acredito que não seja na ordem
alfabética.
P: E nas estantes tem algum, alguma ordem também ou é, é livre?
C4: Assim, tem numeração, mas não tá na ordem, entendeu.
P: Entendi. Os livros são também separados por faixa etária?
C4: Não.
P: Os livros do primeiro ano são dessa estante...
71
C4: Não, não estão separados.
P: Então se a criança quiser pegar um livro mais, se a criança do segundo ano quiser
pegar um livro mais grosso ela pode?
C4: Sim, porque não tá definido “esse é só do segundo”, não tem essa definição não.
72
Neste caso, não estamos exigindo que as bibliotecas das escolas municipais
tenham catalogação e organização iguais às bibliotecas universitárias, até porque
sabemos da ausência do profissional especializado no assunto, o bibliotecário.
Contudo, poderia ser feita uma organização padrão em todas as escolas para que as
crianças pudessem transitar de uma escola para outra sem ter dificuldade em utilizar
sua biblioteca.
Uma organização por ordem alfabética, tema ou até mesmo faixa etária iria
facilitar a pesquisa por seus usuários. “Se a biblioteca de sua escola for organizada
de acordo com um sistema que seja utilizado pela maioria das bibliotecas, a criança
terá mais segurança e estímulo para explorar os acervos de outras bibliotecas”.
(VIANNA, 2008, p. 46).
Os serviços oferecidos por esse espaço vão desde consultas para pesquisa no
local até projetos e atividades de incentivo à leitura. O nível básico do GEBE aponta
como ideal a consulta no local e o empréstimo domiciliar; atividades de incentivo à
leitura e auxílio à pesquisa (CAMPELLO, 2010). O nível exemplar traz um número
maior de serviços oferecidos, além dos já citados no nível básico, apresenta ainda
“serviço de divulgação de novas aquisições, exposições e serviços específicos para
os professores, tais como levantamento bibliográfico e boletim de alerta” (CAMPELLO,
2010, p. 16)
Em todas as escolas observamos serviço de empréstimos aos alunos desde a
pré-escola até o quinto ano. Nas escolas Ruth Rocha e Eva Furnari é feito todo um
planejamento no início do ano letivo e cada sala tem seu dia da semana e horário
específicos para realizar a troca e o empréstimo de livros na biblioteca.
Na escola Ana Maria Machado são os professores que decidem qual o melhor
horário para fazer a visitação, de acordo com suas atividades diárias. A vice-diretora
C4 nos informou que os professores se organizam entre si e fazem sua rotina toda
semana e, dessa maneira, incluem a visita à biblioteca. Esse planejamento semanal
é entregue à vice-diretora que faz as adaptações de horário, se necessário.
Na escola Monteiro Lobato o serviço de empréstimos é um pouco complicado.
A coordenadora C1 declara que muitos livros já foram perdidos e danificados e essa
73
ocorrência precisava ser modificada, pois a escola não conta com um grande acervo
e se essa situação continuasse, em pouco tempo a biblioteca não teria mais livros.
Portanto, uma medida teve que ser tomada para solucionar o problema: as crianças
só poderiam levar os livros para casa se os pais assinassem uma autorização se
responsabilizando pelo material e caso viesse a ser perdido ou danificado, eles fariam
a substituição por outro. Dessa forma, muitas crianças não podem levar os livros para
casa, mas C1 afirma que todas têm acesso e podem ler os livros dentro da escola nos
momentos de leitura na sala de aula e nas visitas à biblioteca.
A escola Ziraldo não conta com o espaço para a biblioteca. Os livros ficam
dentro das salas de aula. A coordenadora C2 ressalta que, ainda assim, os
empréstimos acontecem semanalmente na escola. A responsabilidade pelo acervo e
a troca dos livros fica com o professor, que tem um caderno de registro para controlar
a saída dos livros. No final do ano letivo o professor precisa devolver à coordenadora
todos os livros que lhe foram entregues no início do ano juntamente com o caderno.
Indagamos as diretoras sobre o horário de funcionamento das bibliotecas, pois
sabemos a partir de pesquisas anteriores, que estas ficam grande parte do tempo
fechada, aberta somente quando solicitado por um professor.
As diretoras D3, D4 e D5 afirmam que suas bibliotecas funcionam durante todo
o período de aulas, inclusive durante o intervalo, se houver procura da criança esse
espaço estará disponível. Na escola da diretora D2 não há o espaço, portanto também
não há um horário de funcionamento, visto que as professoras se organizam e
realizam os empréstimos em sala de aula.
A diretora D1 é a única que afirma não conseguir manter aberta sua biblioteca
por falta de funcionário. Como é a própria diretora a responsável por cuidar do local,
dividindo essa tarefa com a vice-diretora e a coordenadora pedagógica, elas só abrem
a biblioteca quando solicitado por algum professor. Ela lamenta essa situação, pois
assevera que a biblioteca deveria estar aberta o tempo inteiro e disponível aos alunos.
Além do serviço de empréstimos, todas as escolas contam com projetos de
incentivo à leitura em funcionamento. Eles fazem parte do Programa Ler e Escrever e
as coordenadoras afirmam que todos os professores realizam-no durante todo o ano.
Além do Ler e Escrever, as escolas realizam um projeto implantado pela secretaria
municipal de educação chamado “Sessão simultânea de leitura”.
74
A escola Ruth Rocha também desenvolve o incentivo à leitura para a pré-escola
por intermédio da “Biblioteca circulante”, no qual as crianças do Pré 1 e 2 levam para
casa um livro literário juntamente com atividades para serem realizadas com a família.
A iniciativa do projeto partiu da equipe gestora e foi bem aceita pelos professores e
pelas famílias dos alunos.
Falaremos mais sobre os projetos de incentivo à leitura no capítulo 5 sobre as
mediações de leitura que acontecem dentro e fora do espaço da biblioteca escolar.
4.1.6 Pessoal
75
informação, sua função é também de mediar o encontro entre os estudantes ou
professores e a informação desejada.
Mas se esses profissionais legalmente autorizados a trabalhar nas bibliotecas
escolares não estão atuando nesse segmento, quem está em seu lugar? A pergunta
é facilmente respondida ao entrarmos em uma escola pública. Na maioria dos casos,
quem atua na biblioteca escolar são professores readaptados, impossibilitados de
retornar à sala de aula e são realocados em outros cargos dentro da escola. Muitos
se dividem entre a secretaria e a biblioteca.
Almeida Júnior e Bortolin (2009) ressaltam que a função desse professor é
basicamente o empréstimo, a organização e a guarda do espaço, ficando de fora
qualquer trabalho com a mediação dos materiais de leitura presentes na biblioteca.
A partir das observações feitas nas escolas participantes da pesquisa e das
entrevistas com a equipe gestora, constatamos uma outra realidade no município de
Pirapozinho. O profissional responsável pela biblioteca não é um professor
readaptado e sim um funcionário do setor administrativo designado para o cargo.
Dentre as cinco escolas pesquisadas, somente em três foi possível encontrar
um funcionário próprio para a biblioteca. Na escola Eva Furnari havia uma funcionária
no cargo há muitos anos e que se aposentou meses antes da pesquisa iniciar. No
momento das entrevistas e observações já havia outra funcionária em seu lugar, uma
jovem pedagoga que tinha sido solicitada pela direção da escola.
Diretora D3
P: Há um funcionário responsável pela biblioteca?
D3: Sim, sempre tivemos um funcionário responsável pela biblioteca. A funcionária
antiga se aposentou, ficou por muitos anos aqui e se aposentou, logo em seguida já veio a
Maria, a funcionária nova que está conosco desde março, a funcionária antiga ainda ajudou
ela, ensinou como funciona. Então sempre tivemos alguém pra ficar ali, não dá pra ficar sem
uma pessoa responsável até pra ter um controle, os livros podem sumir se cada hora um vai
lá e mexe. Tendo uma pessoa fixa ela controla tudo, faz os registros e fica mais fácil.
Diretora D4
P: Esse funcionário era da secretaria e...
D4: Do administrativo.
P: E passou pra lá.
D4: Sim.
P: Não veio diretamente pra lá, designado...
D4: Não, não, eu designei.
77
No entanto, o seu trabalho não é exclusivamente na biblioteca. Vemos a
situação encontrada na escola Eva Furnari se repetir na escola Ruth Rocha durante a
entrevista com a coordenadora C5.
Coordenadora C5
P: E o trabalho dela é exclusivo na biblioteca ou ela faz secretaria, faz outras coisas?
C5: Olha, sempre foi utilizado assim, os horários dela aqui que a gente prioriza, né, o
trabalho com os professores e outro horário, como a gente tem muita deficiência nos setores,
né, em outro setores, a gente acaba sempre utilizando ela também pra outras coisas, uma
hora precisa tá na secretaria ela dá uma mão, barzinho quando a gente necessita, né...
P: Mas a prioridade dela...
C5: A prioridade é aqui, se a gente pude utilizar só aqui, ela fica só aqui.
Diretora D1
P: Então não há um funcionário responsável por essa biblioteca?
D1: Não, ano passado até tentei a menina que, a funcionaria que chama Gisele ficar
na secretaria e lá, então a gente colocava, por exemplo, ela entra às sete, das sete as oito
secretaria, das oito as dez biblioteca, mas ai a gente nem tinha um funcionário aqui nem tinha
lá, então não deu certo. Ai esse ano o professor agenda quem tá aqui vai a vice, a
coordenadora, um funcionário vai acompanhar, não tem funcionário.
78
Em outro momento da entrevista, a diretora D1 relata que nunca havia pensado
na possibilidade de pedir à prefeitura um funcionário para a biblioteca, que irá
pesquisar sobre isso e, se for possível, vai pedir com urgência alguém para cuidar da
biblioteca.
Na escola Ziraldo temos a ausência, primeiramente, do espaço da biblioteca.
Como já mencionamos, o que no passado era considerado uma biblioteca, hoje é
apenas um corredor com estante no qual todos da escola transitam para entrar e sair.
O lugar dos livros é dentro das salas de aulas e quem faz o trabalho de empréstimos
de livros são os próprios professores.
Ao perguntarmos à diretora D2 sobre a presença de um funcionário para a
biblioteca tivemos a seguinte resposta:
Diretora D2
P: Há um funcionário responsável pela biblioteca?
D2: Não, nessa gestão não tem. Tudo depende da prefeitura e precisa de fazer a
solicitação, então é preferível pedir um serviços gerais do que um bibliotecário, porque um
serviços gerais pode ser usado na biblioteca escolar depois.
79
diretora D2 não vê a ausência da biblioteca e um funcionário responsável por esse
espaço como algo prejudicial à escola.
Portanto, temos no cenário da nossa pesquisa funcionários que trabalham na
biblioteca escolar, mas, dividem seu tempo com outras tarefas da escola. Seria
preferível que dedicassem a totalidade das horas em atividades referentes à
biblioteca, seja na organização e empréstimos de livros, quer seja no trabalho com a
mediação de leitura. Contudo, apesar de não serem bibliotecários, procuram
desenvolver suas funções da melhor maneira possível.
A seguir trataremos das ações de leitura desenvolvidas pelas escolas, como
fazem a mediação entre alunos e livros e quem é o responsável por essa mediação.
80
5. “TÁ PRONTA IZA?” – NÃO, VOU LER UMA HISTÓRIA
81
f) Poseer uma mínima formación literaria, psicológica y didáctica 8.
(p. 230)
8
Ser um leitor habitual; Compartilhar e transmitir o gosto pela leitura; possuir capacidade para promover
a participação; uma certa dose de imaginação e criatividade; acreditar firmemente em seu trabalho
como mediador; possuir uma formação literária mínima, psicológica e didática. (Tradução nossa)
9
Disponível em
http://lereescrever.fde.sp.gov.br/SysPublic/InternaPrograma.aspx?alkfjlklkjaslkA=260&manudjsns=0
82
Apoiar os professores regentes na complexa ação pedagógica
de garantir aprendizagem de leitura e escrita a todos os alunos, até o
final da 2ª série do Ciclo I / EF;
Criar condições institucionais adequadas para mudanças em
sala de aula, recuperando a dimensão pedagógica da gestão;
Comprometer as Universidades com o ensino público.
Possibilitar a futuros profissionais da Educação (estudantes de
cursos de Pedagogia e Letras), experiências e conhecimentos
necessários sobre a natureza da função docente, no processo de
alfabetização de alunos do Ciclo I / EF.
83
Outra importante iniciativa do programa foi o Bolsa alfabetização que prevê a
atuação de estudantes dos cursos de Pedagogia e Letras nas salas de PIC e de 2º
ano do ensino fundamental. O objetivo é que esses alunos pesquisadores auxiliem os
professores na alfabetização dos alunos, concretizando a existência de um segundo
professor em sala de aula. Essa bolsa alfabetização é uma importante ponte entre a
academia e a sala de aula do ensino público.
Assim sendo, as escolas municipais de Pirapozinho seguem o programa Ler e
Escrever e suas ações de leitura. De acordo com as coordenadoras, todos os
professores de ensino fundamental I seguem as apostilas e executam os projetos
propostos com os alunos.
De acordo com as coordenadoras C2 e C3, há todo um processo envolvendo
os projetos de leitura do programa Ler e Escrever que, são feitos a partir de
sequências de atividades. Para cada ano há um projeto diferente, conforme descrito
pelas coordenadoras:
Primeiro ano – Contos tradicionais
Segundo ano – Contos de fadas
Terceiro ano – Contos de artimanha
Quarto ano – Jornal e Fábulas
Quinto ano – Carta de leitor e contos de detetive
Além dos projetos específicos para cada ano, há também os que são
executados por todas as salas como a leitura diária. Durante todas as entrevistas as
coordenadoras afirmaram que no início das aulas, os professores realizavam a leitura
de algum livro literário previamente escolhido. Na maioria dos casos, os livros
pertencem à escola, algumas vezes são trazidos de casa pelo professor.
Os projetos do programa Ler e Escrever não são os únicos em execução nas
escolas. Fomos apresentados ao projeto Sessão Simultânea de Leitura que, no
período das primeiras entrevistas (novembro/2016), acabava de ser implantado na
cidade.
Esse projeto, advindo da revista Nova Escola10, foi implantado pela DME em
todas as escolas de ensino fundamental I do município. Primeiramente apresentado
10
https://novaescola.org.br/conteudo/3955/projeto-entorno-2009-parte-2-sessoes-simultaneas-de-
leitura
84
às coordenadoras, com a aprovação da ideia foi logo repassado em HTPC aos
professores que começaram o planejamento da primeira sessão em outubro de 2016.
O projeto acontece por etapas e tudo se inicia com a escolha do professor pelo
livro a ser lido. Seguindo o critério de o livro ser literário, os professores são livres para
escolherem sua história preferida. Em seguida, acontece a leitura em HTPC para os
colegas, dessa maneira todos podem conhecer as leituras que irão acontecer e podem
dar sugestões à leitura do colega. Com a leitura pronta, vem a divulgação do livro. Os
professores escrevem uma pequena resenha da história e fazem um cartaz com a
capa do livro, como na imagem a seguir.
85
interessou. No cartaz há uma lista para que a criança coloque seu nome e se inscreva
naquela sessão de leitura.
Figura 6: Professora da escola Ruth Rocha apresentando os cartazes
86
Figura 8: Professora durante a Sessão Simultânea de Leitura
Coordenadora C5
P: Como que funciona esse projeto do pré?
C5: Então, é diferenciado por isso, porque a gente insere a família junto, né, então
uma vez na semana, geralmente, tem professores que trabalham até mais, mas a gente dá
prazo assim de uns dois, três dias pra criança tá levando e marcando, geralmente na quinta-
feira a criança leva uma maletinha com o projeto em si, né, o objetivo do projeto, explicando
pro pai como trabalhar com esse projeto, ai leva na maletinha o livro e o pai sabe quando ele
vê lá, já vai as atividades avulsas pra criança estar fazendo, né, e o pai lê e relata pra nós
como foi essa leitura se ele gostou, se ele não gostou, se foi prazerosa, o que ele sentiu, o
que o filho sentiu, né, sobre essa leitura e geralmente, as crianças é lê e eles fazem o relato
87
da maneira deles e o relato da maneira deles é o desenho, mas é muito interessante, eles
gostam muito. E é o que eu te falei, é um livro com um teor, uma qualidade melhor pra eles.
Fonte: Dados coletados pela autora em documento disponibilizado pela escola (2017)
88
todos os seus professores realizam essas atividades. A seguir, as respostas de C3 e
C5.
Coordenadora C3
P: Bom, então aqui todos os professores executam os projetos?
C3: Sim
P: Todos estão envolvidos?
C3: Sim, alguns tem uma resistência não, não, acho que pelo fato não assim de
resistência a não fazer, porque tem que ser muito estudado, então a resistência maior é essa,
é estudar, é a mudança de perfil, você sabe tem professor, né, que é difícil de tá com a
cabecinha aberta, mas graças a Deus assim, a gente não tem nenhum professor que resiste
a não trabalhar não, todos trabalham.
Coordenadora C5
P: Esses projetos, mesmo os que já vem no Ler e tal, houve alguma recusa de algum
professor que não quis trabalhar, se opôs...
C5: Olha, as vezes eles se queixam um pouquinho, mas geralmente fazem, né, porque
eles reclamam as vezes de muita coisa, de muito... de ta passando... principalmente na época
de avaliações, né, mas geralmente eles fazem, viu, que nem esse agora duas vezes na
semana, esse outro horário aqui na biblioteca é realmente pra isso, pra estarem trabalhando
roda de jornal, fazendo a leitura compartilhada, realizando a leitura com o aluno, ai o aluno lê
uma frase, o outro lê outra, o professor conta, eles recontam, então é uma forma também de
estar trabalhando, né, e no começo eles ficaram meio assim, mas agora já virou rotina, então
eles acostumam, né, e a gente.. eles reclamam um pouquinho, mas acabam fazendo e se
torna prazeroso, porque tudo o que é novo dá medo, né, então não sabe como vai ser feito,
como vai ser realizado, mas depois que faz uma ou duas vezes.. a leitura simultânea, no
começo a leitura simultânea foi um pesadelo, né, (...)
90
Sobre as atividades acontecerem dentro do espaço da biblioteca todas as
coordenadoras afirmam que sim, os projetos de leitura acontecem também dentro da
biblioteca. C5 relata que estão reorganizando um espaço na biblioteca para acontecer
as contações de histórias.
Coordenadora C5
C5: (...) por isso que nós estamos querendo agora montar aquele espaço diferenciado,
a gente tá querendo colocar um tapete, os fantoches, né, porque ai eles vão ter essa atividade
ali naquele outro espaço, porque geralmente elas vêm, sentam com eles aqui e fazem essa
contação de história.
Essa contação de histórias é feita toda semana pelo próprio professor, podendo
ocorrer também a troca de professores de sala, levando mais dinamismo a esse
momento. C2 não possui um espaço para biblioteca na sua escola, mas afirma que
esse não é motivo para não se trabalhar a leitura, seus professores levam os alunos
para outros lugares da escola, como o pátio, quadra, refeitório e realizam contações
de histórias e leituras compartilhadas.
A fala da coordenadora C4 nos traz uma preocupação. Sua escola conta com
um espaço grande para a biblioteca, sendo até ampliado recentemente, segundo a
diretora D4, para melhor atender às crianças. No entanto, ao perguntarmos sobre a
utilização da biblioteca nos projetos desenvolvidos C4 nos responde que as
discussões dos projetos de leitura acontecem mais na sala de aula, os professores
usam a biblioteca quinzenalmente. A fala da coordenadora mostra a desvalorização
desse espaço que, nesse contexto, não tem prioridade para a formação do aluno leitor.
Dessa maneira, observamos um uso regular dos espaços de biblioteca nas
escolas e podemos considerar que, de fato, elas integram os projetos de leitura das
escolas, mesmo que, em alguns casos, de maneira tímida.
91
“TÁ PRONTA IZA?” – SIM, TO PRONTA PRA RECOMEÇAR!
Este texto teve a finalidade de registrar a pesquisa que fizemos a respeito das
bibliotecas escolares em cinco escolas públicas municipais de ensino fundamental –
Ciclo I, de Pirapozinho, Estado de São Paulo. O objetivo principal da investigação
realizada foi verificar se essas escolas têm bibliotecas escolares de acordo com a lei
federal n. 12.244/2010 e, quando a possuem, se estão adequadas aos Parâmetros
para Bibliotecas Escolares. Durante a pesquisa realizamos a revisão bibliográfica do
conhecimento produzido na área, como também a observação do funcionamento das
bibliotecas, seus horários e regras e a identificação das ações de leitura no PPP da
escola. Foram coletados dados por intermédio de entrevistas semiestruturadas com
as diretoras das escolas e com as coordenadoras pedagógicas, bem como da análise
documental para analisar o Projeto Político Pedagógico de cada instituição.
Nosso percurso de estudo e de trabalho na educação instigou-nos a conhecer
mais a respeito do acesso à leitura e consequentemente a investigar sobre o papel
dispensado à biblioteca da escola, na perspectiva do desenvolvimento da leitura e da
formação do leitor, da aquisição e ampliação da cultura letrada e do acesso a bens
informacionais e culturais. Assim, realizamos esta pesquisa tendo como elemento
nuclear a importância que a biblioteca escolar tem para a formação de sujeitos leitores,
e, em decorrência, o destaque que a temática do ensino da leitura merece na atual
conjuntura da educação brasileira.
Outra questão que mereceu a nossa atenção ao selecionarmos o objeto de
pesquisa, diz respeito às políticas voltadas para a implantação e implementação das
bibliotecas nas escolas e a consequente normatização desses espaços. Numa
perspectiva qualitativa, buscamos atingir os objetivos traçados realizando a coleta de
dados por intermédio da análise documental, da realização de entrevistas
semiestruturadas e da observação sistemática.
O registro desse estudo foi organizado em cinco tópicos que tiveram a intenção
de elucidar os objetivos específicos que havíamos selecionado como elementos
norteadores de nossa investigação.
No primeiro tópico, buscamos elucidar a nossa opção pelo objeto de análise –
biblioteca Escolar – bem como, identificamos o campo da pesquisa os percursos
metodológicos selecionados.
92
No segundo tópico registramos, de forma sintética e reflexiva, as análises que
fizemos sobre as áreas de conhecimento que dão sustentação ao trabalho
investigativo realizado. Para isso, procedemos ao levantamento bibliográfico, teórico
e documental sobre a temática das bibliotecas escolares no Brasil e suas
contribuições para a formação de leitores.
A seguir, buscamos aprofundar e explicitar nossos conhecimentos sobre a lei
12.244/2010, que dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas instituições de
ensino do País. Objetivamos, com esse procedimento, além de analisar as políticas
nacionais de implantação e implementação das bibliotecas escolares, mapear as
ações e articulações que estão sendo planejadas para a utilização das bibliotecas
escolares e seus desdobramentos no município de Pirapozinho/SP.
No quarto tópico, tendo como referencial os estudos elencados acima,
procedemos ao registro e a análise dos dados coletados sobre as bibliotecas
escolares existentes no município de Pirapozinho/SP. Para isso, coletamos junto aos
gestores escolares suas percepções sobre a função da biblioteca escolar e também
identificamos e analisamos as formas de organização dessas bibliotecas naquele
município. Com esse procedimento, pudemos verificar como esses espaços de
formação do leitor se encontram frente ao nível básico, segundo os Parâmetros
(GEBE/UFMG/CFB/CRB).
Concluímos o registro de nossa pesquisa com um quinto tópico, buscando
explicitar como ocorre a mediação para a formação leitora nas bibliotecas escolares
analisadas.
Dos estudos realizados ficou evidente que em um país onde mais de 80 milhões
de pessoas se declaram não leitoras e que pouquíssimos admitem serem
frequentadores de bibliotecas, amplia-se a importância da oferta de diferentes
espaços culturais, especialmente das bibliotecas públicas escolares, com acervos
diversificados e atualizados e, com estratégias pedagógicas que garantam o direito à
leitura como política pública de Estado. Isso porque entendemos que a formação
plena dos educandos pressupõe oportunidades de realização de leituras significativas,
aquelas que revelam e exigem posicionamentos, e que podem colaborar
significativamente na mudança de rumos e, consequentemente, na busca de uma vida
mais plena e produtiva em sociedade. Ser leitor autônomo e experiente é condição
93
que só se efetiva quando há acesso a bens culturais. Esse acesso não deve ser
compreendido como simples proximidade com os livros e/ou outros objetos culturais,
mas como condição para que se realize em situações de práticas sociais reais. Daí a
importância da existência de bibliotecas escolares que ofereçam condições para a
formação de leitores experientes e autônomos.
Ao analisarmos o panorama histórico da biblioteca escolar no Brasil, ficou a
certeza de que, ao longo da história a biblioteca escolar foi concebida como
dispensável para o processo de educação formal. Isso se evidencia pelo fato de
poucas escolas possuírem uma biblioteca, e muitas das que existem estarem em
estado de abandono e funcionando em condições precárias. Essa perspectiva
representa um equívoco diante das elevadas taxas de analfabetismo que teimam em
permanecer na população brasileira e dos dados alarmantes denunciados pela 4ª
edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2015). Ao estudarmos as políticas
públicas destinadas ao livro, leitura e biblioteca escolar, pudemos inferir que no Brasil
ocorre a priorização de políticas de distribuição de livros e não de políticas destinadas
principalmente à formação de leitores.
O que identificamos nas escolas que pesquisamos é a ausência de uma
biblioteca escolar que contemple ao que está previsto no documento Parâmetros para
Bibliotecas Escolares: “Biblioteca escolar como espaço de produção do
conhecimento” (GEBE). Ainda que essas escolas atendam ao que está determinado
na Lei n.12.244/2010, que apesar de omissa e inconclusa, universaliza a biblioteca
escolar em todas as instituições de ensino do país. Todas as cinco escolas
pesquisadas têm biblioteca escolar – coleção de livros – no entanto, não se observa
nelas o que está proposto nos Parâmetros para Bibliotecas Escolares, que considera
a biblioteca como o espaço físico, para além de um depósito de livros.
Dos dados coletados entre as educadoras ficou evidente a ocorrência de um
fato que é comum nas escolas brasileiras: pela falta de espaço para novas salas de
aula, desalojam-se as bibliotecas. De forma geral, as bibliotecas escolares estão
dispostas em espaços que não oferecem conforto para receber pelo menos uma turma
de alunos, pois o ambiente é pequeno, o mobiliário é incompleto, sendo organizado
com o que sobrou de outros ambientes da escola. Nem sempre a iluminação está de
acordo com a necessidade para a realização de uma leitura qualificada. A falta de
94
local adequado para o funcionamento da biblioteca não é recente, muito pelo
contrário, é histórica. Por isso, é preciso reforçar a denúncia de que na instituição
escolar, que é culturalmente organizada para a formação do leitor, existe apenas um
único espaço reconhecido para esse fim: a sala de aula.
Da análise dos dados coletados é possível concluir que o número de livros no
qual as crianças tem acesso é bastante restrito, em algumas escolas eles se resumem
em uma pequena estante ao fundo da biblioteca. A organização dos livros, algumas
vezes dispostos um em cima do outro, é também um fator dificultador para a livre
escolha e para um contato real com os livros.
As escolas pesquisadas também não contam com serviços técnicos
desenvolvidos por um profissional da área, no caso, um bibliotecário, mas algumas
contam com um funcionário deslocado para essa função. Lembrando que a função do
profissional bibliotecário escolar não é somente o guardião dos livros, ou alguém
responsável por organizar e catalogar o acervo, suas funções vão além, pois devem
estar a serviço da formação leitora dos alunos.
Da análise das respostas dadas pelas gestoras fica evidenciada uma visão
restrita da biblioteca escolar, como se somente fosse necessária a presença de livros
e só estes fossem materiais de informação. Não percebem a biblioteca como um
espaço de prazer, como uma unidade orgânica da escola e que deve compor seus
projetos educativos, além de ser utilizada como um recurso básico no processo de
ensino.
Também observamos um discurso que foi sendo reiterado nas falas das
gestoras em diferentes momentos. Frases como “Ler é bom” foram ditas diversas
vezes, mas o que notamos foi a presença de um discurso anunciado e não vivenciado
pela equipe gestora, pois há a ausência do que seja, realmente, a função de uma
biblioteca escolar e, por isso, não são feitas ações concretas que viabilizem a
utilização desse espaço.
Diante do exposto temos um outro problema que é a falta de uma política
municipal de leitura. São meios de incentivos e formação de mediadores de leitura
que não cabem somente às equipes gestoras de cada escola, mas deve ser algo
proposto pela administração municipal juntamente com a secretaria de educação.
95
Conforme a pesquisa se constrói e se desdobra, ela também constrói o
pesquisador que está sempre em busca de respostas. Ao concluir esse texto fica a
certeza de que muito mais havia para ser visto e escrito, mas no limite da pesquisa
realizada, não conseguimos ir além do que aqui foi registrado. Fica o desejo de que
tenhamos condições de que, na continuidade de nossa constituição como
pesquisadora e professora, consigamos refletir de forma mais aprofundada sobre as
condições que são dadas para a formação do leitor nos espaços destinados às
bibliotecas escolares.
96
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98
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SILVA, Waldeck Carneiro. Miséria da biblioteca escolar. 3. Ed. São Paulo, Cortez,
2003.
102
APÊNDICES
103
Apêndice I
Entrevista
Coordenador Pedagógico
A. Formação
1. Nome
2. Formação acadêmica
3. Tempo de magistério
B. Espaço
1. Qual é a sua opinião sobre o papel da biblioteca?
2. Como você define o espaço da biblioteca? Comporta uma turma inteira de crianças? É
possível realizar alguma atividade com uma sala inteira dentro desse espaço?
3. Como funcionam os empréstimos? As crianças podem levar os livros para casa? Como
isso é controlado?
4. Há computadores na biblioteca? Quantos? Quem tem acesso?
5. Há um funcionário responsável pela biblioteca?
6. Qual é a função desse funcionário na biblioteca?
Acervo?
Atendimento?
Mediação?
Leitura do aluno?
Auxilio ao professor?
Auxilio a pesquisa?
C. Acervo
1. Além de livros, a biblioteca conta com outros materiais de informação? Atlas? Revistas?
Jornais? Dicionários?
2. As crianças têm acesso ao acervo da biblioteca?
3. Os professores usam os livros da biblioteca ou trazem de casa?
4. Como os livros estão organizados na biblioteca? Ordem alfabética, faixa etária?
5. A lei nº 12.244/2010 determina que na biblioteca deve ter o mínimo de 1 livro por aluno
matriculado. Há nessa escola pelo menos 1 livro por aluno?
104
6. Os livros didáticos que não foram entregues aos alunos ficam na biblioteca?
7. A lei nº 12.244 está em vigor desde 2010, ela dispõe sobre a universalização das
bibliotecas escolares no país. Você conhece essa lei?
8. Essa lei dá um prazo de 10 anos para todas as instituições de ensino se regularizarem,
esse prazo se encerra em 2020. Você considera possível os munícipios conseguirem se
adequar?
D. Mediação
1. A escola conta com algum projeto de leitura? Está no Plano escolar?
2. Que projetos são esses? Quem escreveu esse(s) projeto(s)? Na teoria ele deveria ser
colocado em prática por todos os sujeitos da escola? Isso acontece?
3. Todos os professores o executam?
4. Dentro dos projetos, os professores usam, além do livro, algum outro material de
informação?
5. Como os professores usam a biblioteca? Usam para os projetos?
6. Há alguma atividade que acontece na biblioteca, como por exemplo, contação de
histórias? Quem os executam?
7. Em que espaços se trabalha com a leitura?
8. Alguns autores da área da biblioteca (Carvalho, 1981, Costa 1975) afirmam que a leitura
está no centro das funções da biblioteca escolar. Gostaria de saber se nessa escola o
ensino da leitura também acontece no espaço da biblioteca escolar?
9. A biblioteca é usada para pesquisa e feitura dos trabalhos extraclasse?
105
Apêndice II
Entrevista
Diretor
A. Identificação
1. Nome
2. Formação acadêmica
3. Tempo de magistério
B. Espaço
1. A escola tem biblioteca?
2. Essa biblioteca está em espaço próprio, compartilhado ou improvisado?
3. O que você considera ser a biblioteca ideal? O que falta para a sua biblioteca ser ideal?
4. O mobiliário da biblioteca está adequado a faixa etária dos alunos da escola?
5. Como você considera as condições físicas da sua biblioteca? São favoráveis a pesquisa,
leitura, acesso a informação pelos alunos? É iluminada? Arejada? Espaçosa?
6. Há um funcionário responsável pela biblioteca? (Se a resposta for não, por quê?)
7. Qual é a função desse funcionário na biblioteca?
Acervo?
Atendimento?
Mediação?
Leitura do aluno?
Auxilio ao professor?
Auxilio a pesquisa?
8. Qual é a sua visão sobre o papel da biblioteca?
9. A biblioteca tem horário de funcionamento para as crianças? Qual?
C. Acervo
1. A escola faz compras de livros? Com que frequência? De onde vem o recurso?
2. É adotado algum critério para essa compra? Quem escolhe o que é comprado?
3. Como você classifica a maioria dos livros da sua biblioteca: novos ou velhos?
4. Vocês receberam acervos de programas governamentais? Quais?
5. Os professores tem acesso a esses acervos? Como?
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6. Há algum estímulo da gestão para divulgar esses materiais, sejam os livros infantis
ou teóricos?
7. Como é a divulgação para os professores dos acervos enviados pelo PNBE? E os
periódicos?
8. Qual é o número aproximado de obras de literatura infantil hoje na biblioteca? E
livros didáticos? Paradidáticos?
9. A lei nº 12.244 está em vigor desde 2010, ela dispõe sobre a universalização das
bibliotecas escolares no país. Você conhece essa lei?
10. Essa lei dá um prazo de 10 anos para todas as instituições de ensino se regularizarem,
esse prazo se encerra em 2020. Você considera possível os munícipios conseguirem
se adequar?
11. Qual a sua opinião a respeito do papel da biblioteca na formação do pequeno leitor?
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