Caracterização de Ilhas de Calor e Conforto Térmico em Áreas Urbanas Do Semiárido Brasileiro
Caracterização de Ilhas de Calor e Conforto Térmico em Áreas Urbanas Do Semiárido Brasileiro
Caracterização de Ilhas de Calor e Conforto Térmico em Áreas Urbanas Do Semiárido Brasileiro
Campina Grande - PB
Novembro/2013
ii
Campina Grande - PB
Novembro/2013
iii
iv
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 01
1.1 Objetivo geral................................................................................................ 04
1.2 Objetivos específicos.................................................................................... 04
2. REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 05
2.1. Clima e planejamento urbano...................................................................... 07
2.2. Ilhas de calor............................................................................................... 10
2.3. Conforto térmico.......................................................................................... 14
2.3.1. Variáveis humanas de conforto térmico................................................... 17
2.3.2. Variáveis ambientais de conforto térmico................................................. 17
3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 22
3.1. Área de estudo............................................................................................ 23
3.1.1. Município de Mossoró-RN........................................................................ 24
3.1.2. Município de Serra Talhada-PE................................................................ 25
3.1.3. Município de Petrolina-PE........................................................................ 26
3.1.4. Município de Juazeiro-BA......................................................................... 27
3.2. Material........................................................................................................ 29
3.2.1. Instrumentação utilizada........................................................................... 29
3.3. Métodos....................................................................................................... 36
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES…………………….…............................... 39
4.1. Primeira fase................................................................................................ 39
4.1.1. Temperatura do ar.................................................................................... 39
4.1.1.1. Período úmido....................................................................................... 39
4.1.1.2. Período seco.......................................................................................... 43
4.1.2. Ocorrência de ilhas de calor..................................................................... 48
4.1.2.1. Período úmido....................................................................................... 48
4.1.2.2. Período seco.......................................................................................... 49
4.1.3. Intensidade de ilhas de calor.................................................................... 49
4.1.3.1. Período úmido....................................................................................... 50
4.1.3.2. Período seco.......................................................................................... 50
4.1.4. Umidade relativa do ar.............................................................................. 51
4.1.4.1. Período úmido....................................................................................... 52
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus.
À memória de meus avós, exemplos de vida.
À minha tia, Maria de Lourdes, pelos aconselhamentos e ao meu tio Pedrosa,
por acreditar na ciência como elemento de transformação da sociedade.
A meu sogro, José Luís, pelo estímulo permanente e à minha sogra, Maria
Luiza, pelo apoio logístico durante todo o curso.
Aos demais familiares, particularmente, Lula, Luciana, Mathias, Madalena,
Nani, Emanuella, Rafael e Renata pelo apoio em minha ausência de casa na fase
final da pesquisa e toda amizade reafirmada em Brasília.
Ao amigo Romildo Morant, pela parceria e companheirismo consolidados.
Ao professor Pedro Vieira, pela orientação precisa e competente além da
motivação passada para superação dos momentos de dificuldades.
Ao professor Mário Miranda, pela orientação, disponibilização dos
equipamentos e permanente boa vontade em ajudar a compreender os caminhos da
climatologia urbana.
Aos integrantes do Laboratório de Meteorologia da Universidade Federal do
Vale do São Francisco, Hudson e Manoel, pelo apoio e presteza na realização das
atividades de campo.
Ao professor e amigo Paulo César, pela serenidade e aconselhamentos
decisivos à conclusão deste trabalho.
Aos professores José Espínola, Vicente Rodrigues, Bernardo Barbosa,
Gertrudes Macário e Gilda Maitelli, pelas análises, críticas e sugestões na
construção desta tese.
Aos amigos de curso, em particular a Ary Vieira, Silvana Fernandes e Bruno
Soares, por todo apoio ofertado enquanto estive longe de casa.
À Universidade Federal do Vale do São Francisco por apoiar a qualificação de
seu corpo docente e na qual trabalhei por oito anos.
À Universidade Federal de Campina Grande pela acolhida e por me
proporcionar a possibilidade de realizar este curso.
Aos docentes e técnicos administrativos integrantes da Pós-Graduação em
Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande que contribuíram
direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.
viii
RESUMO
O presente trabalho objetivou identificar ilhas de calor (IC), determinar o nível de
desconforto térmico e avaliar a influência da arborização no microclima em áreas
urbanas do semiárido brasileiro. As atividades de campo foram divididas em três
etapas: obtenção de dados de estações meteorológicas automáticas instaladas em
Mossoró-RN, Serra Talhada-PE, Petrolina-PE e Juazeiro-BA durante o período
úmido (12 a 26/05/2007) e o período seco (15/11 a 05/12/2008); coleta de dados em
Petrolina-PE durante todo o ano de 2012; avaliação da influência da arborização no
microclima urbano em Juazeiro-BA durante o período seco (24/10/2012 a
09/11/2012). As ilhas de calor foram caracterizadas pelas diferenças de temperatura
do ar entre os ambientes urbano e rural, enquanto o desconforto térmico foi
determinado ao adaptar a formulação proposta por Thom para cálculo do índice de
desconforto térmico (IDT), obtendo-se equações ajustadas para valores máximos
(IDTx) e mínimos (IDTm) desse índice. Por fim, a influência da arborização no
microclima foi avaliada comparando-se dados climáticos de área com e sem
arborização em Juazeiro-BA. Os resultados obtidos evidenciaram ocorrência de ilhas
de calor de forte intensidade, com destaque para IC = 5,3 ºC em 28/04/2012, na
área urbana de Petrolina-PE, onde, durante o ano de 2012, o IDTx indicou
desconforto térmico por sete meses (pontualmente de janeiro a maio e intensamente
entre novembro e dezembro) e conforto parcial nos demais meses (junho a outubro).
Contudo, na área rural desse mesmo município, o IDTx caracterizou desconforto
térmico em apenas dois meses (novembro e dezembro) e conforto parcial nos
demais (janeiro a outubro). Com relação ao IDTm, a área urbana de Petrolina-PE
apresentou conforto térmico em quatro meses de 2012 (meados de junho a meados
de outubro), sendo os demais caracterizados por conforto parcial, enquanto que na
área rural, o IDTm registrou conforto térmico de fevereiro a maio (pontualmente), de
junho a outubro (intensamente) e conforto parcial nos demais meses do ano. Ficou
evidenciado que elementos constitutivos da área urbana contribuem efetivamente
para a formação e expansão de ilhas de calor que geram desconforto térmico para
seus habitantes. Os resultados também sugerem que a arborização pode ser
instrumento eficaz para mitigar o desconforto térmico nas cidades da região.
Palavras-chave: Áreas urbana e rural, temperatura e umidade do ar, ilha de calor.
ix
ABSTRACT
This study aimed to identify heat islands (HI), determine the thermal discomfort level
and evaluate the influence of tree planting on the microclimate in urban areas of the
Brazilian semiarid. Field activities were divided into three phases, obtaining data from
automatic weather stations installed in municipalities of Mossoró-RN, Serra Talhada-
PE, Petrolina-PE and Juazeiro-BA during the wet period (05/12/2007 to 05/26/2007)
and dry period (11/15/2008 to 12/05/2008). In the second phase, data were collected
in Petrolina-PE throughout the year 2012. The third phase evaluated the influence of
tree planting in the urban microclimate in Juazeiro-BA during the dry period
(10/24/2012 to 11/09/2012). Heat islands were characterized by differences in air
temperature between urban and rural environments in the cities surveyed, while
thermal discomfort was determined by adapting the calculation proposed by Thom of
the thermal discomfort index (TDI), obtaining adjusted equations for maximum (TDIx)
and minimum (TDIm) values of TDI. Finally, the influence of tree planting on the
microclimate was assessed by comparing climatic data area shaded and unshaded in
Juazeiro-BA. The results indicated the existence of high intensity heat islands,
especially HI = 5.3 °C on 04/28/2012 in urban area of Petrolina-PE, where, during the
year 2012, the TDIx indicated thermal discomfort for seven months (occasionally
form January to May and intensely from November to December) and partial comfort
in the remaining months (June to October). However, in the rural area of the same
city, the TDIx indicated thermal discomfort in only two months (November and
December) and partial comfort from January to October. Regarding TDIm, the urban
area of Petrolina-PE presented thermal comfort in four months of 2012 (mid-June to
mid-October), whereas the remaining months were characterized by partial comfort.
In the rural area, TDIm indicated that thermal comfort was occasionally detected from
February to May and intensely detected from June to October, while the other
months were characterized by partial comfort. It was evident that the constituent
elements of the urban area effectively contribute to the formation and expansion of
heat islands bringing thermal discomfort to its inhabitants. The results also suggest
that urban trees can be an effective way to mitigate the thermal discomfort
characterized in the surveyed cities.
Keywords: urban and rural areas, air temperature and humidity, heat island.
x
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO
Nesse início de século muitas cidades passaram a ser vistas como ícones da
crise ambiental e problemas relacionados ao espaço urbano são os mais
diversificados possíveis, destacando-se principalmente as alterações climáticas em
relação ao ambiente natural. O clima é um elemento que interage com todos os
sistemas ambientais e seu estudo promove análises multidisciplinares com
urbanistas – engenheiros, arquitetos, meteorologistas, historiadores e geógrafos,
dentre outros – na busca de soluções para os problemas ambientais das cidades
com consequente melhoria da qualidade de vida da população.
A percepção de que a urbanização é um agente modificador do clima e que
atividades humanas desencadeiam alterações na atmosfera repercutiram em
estudos sobre o clima que se forma nas cidades, denominado de clima urbano, que
se constitui em um dos fatores mais relevantes para a qualidade ambiental do
espaço construído (COLTRI et al., 2007).
Atualmente, existe um grande interesse da sociedade e do meio científico em
torno das questões climáticas, tendo em vista que as alterações na dinâmica do
clima são responsáveis por impactos já observados, especialmente em relação ao
aumento da temperatura e expansão das ilhas de calor, que implicam na geração do
desconforto térmico.
O processo de desenvolvimento acelerado e sem planejamento das cidades
contribui para explicar as modificações em suas estruturas urbanas originais,
principalmente pela verticalização das edificações associada à impermeabilização e
pavimentação de vias públicas, seja com pedras, concreto ou revestimento asfáltico.
Com isso, as áreas centrais das cidades experimentam uma elevação na
temperatura do ar em relação ao seu entorno, fenômeno conhecido como ilha de
calor, e caracterizado quando o ar da cidade se torna mais quente que o ar das
regiões circunvizinhas não urbanizadas (OKE et al., 1991; MONTEIRO &
MENDONÇA, 2003).
Devido à localização do semiárido brasileiro em latitudes próximas da linha do
Equador, há, naturalmente, grande incidência de radiação solar e, em geral, as
cidades dessa região apresentam temperaturas mais elevadas do que outras
situadas em latitudes maiores, como as da região Sudeste e Sul do país. Nesse
processo, um dos mecanismos do sistema cidade-atmosfera mais afetados pela
2
2. REVISÃO DE LITERATURA
Pernambuco, apontam que a temperatura média das cidades fora do litoral está
aumentando de forma rápida. Segundo Nobre (2007), os dados mostram que a
tendência de aumento da temperatura máxima está presente nas séries históricas de
todos os postos estudados.
Aparentemente, a inserção das questões climáticas na qualificação do
ambiente urbano parece ocorrer apenas quando os usuários do espaço citadino
passam a sofrer efeitos adversos e seus habitantes sentem desconforto climático no
ambiente em que vivem. Para se estudar o clima urbano e os fenômenos associados
a ele, pode-se avaliar as seguintes vertentes: (i) termodinâmica (ilhas de calor e
desconforto térmico); (ii) físico-química (poluição atmosférica); (iii) meteorológica
(pluviometria concentrada).
Neste contexto, uma das vertentes mais significativas para os pesquisadores
contemporâneos é o estudo termodinâmico, não somente pelas implicações no bem-
estar humano como também pelo fato de que as trocas de calor com a atmosfera
repercutem decisivamente nas demais vertentes. A seguir, apresenta-se o estado da
arte sobre clima e planejamento urbano, ilhas de calor e conforto térmico, como
forma de uma melhor compreensão dos fenômenos climáticos destacados no
contexto termodinâmico.
evidenciaram que nos últimos vinte e quatro anos houve um incremento médio de
4 ºC na temperatura mínima e de 8 ºC na temperatura máxima.
Para Teza & Baptista (2005) o fenômeno ilha de calor não ocorre apenas em
metrópoles brasileiras, mas ocorre necessariamente em áreas urbanas. Os autores,
utilizando imagens de satélite das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte, concluíram que esse problema ambiental é consequência de um
planejamento urbano deficiente ou inexistente, que se desenvolve a partir de
pressupostos que poderiam ser mitigados com ações tomadas previamente ao
assentamento da população. Eles detectaram temperaturas à superfície maiores nos
centros de todas essas cidades e ocorrência de decréscimo da temperatura nas
periferias. Em todas as metrópoles foi detectado um grande adensamento de
edificações no centro da cidade, com construções feitas de materiais que possuem
características de absorver mais radiação e emitir mais calor para superfície. A
topografia de quase todas as áreas estudadas favorece a dispersão de poluentes e
particulados atmosféricos sobre a área urbana dos municípios, fator que, de acordo
com os autores, intensificou o fenômeno ilha urbana de calor.
Barbirato et al. (2001) identificaram padrões diferenciados de clima na cidade
de Maceió, a partir de análises térmicas em diversas escalas e constataram que a
influência da área urbana sobre a temperatura do ar se mostrou bastante
significativa nas análises das diversas escalas de abordagem e que o entorno
interfere diretamente nos resultados da temperatura e umidade relativa do ar,
criando microclimas diferenciados.
Eliasson (2000) realizou estudo de caso envolvendo diferentes técnicas de
entrevista e coleta de dados históricos junto aos setores de planejamento em três
cidades na Suécia. Esse autor concluiu que os administradores urbanos daquele
país demonstraram interesse nos aspectos climáticos pesquisados, mas o uso da
informação foi dispersa e, na prática, a climatologia teve um baixo impacto sobre o
processo de planejamento das cidades. Ainda na Suécia, Svensson & Eliasson
(2002) analisaram durante um período de 18 meses, dados de temperatura do ar
coletados em 18 locais dentro da cidade de Gotemburgo. Constataram que, à noite,
as áreas construídas foram sempre mais quentes, apresentando temperatura de até
8 ºC mais alta em relação às áreas não edificadas.
Bias et al. (2003), analisando o fenômeno de ilha de calor na cidade satélite
de Sobradinho-DF, verificaram variações significativas, com diferenças de até 9 oC,
12
observadas entre áreas com arborização e corpos hídricos e áreas com elevado
grau de urbanização.
Utilizando imagens de satélite, Sousa & Baptista (2005) buscaram associar
variações térmicas na cidade de São Paulo em função da distribuição espacial do
que chamaram de “mancha urbana”. Os autores constataram que tanto a imagem
ASTER (Advanced Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer) quanto
a imagem MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer), sofreram
variação térmica na mesma faixa de temperatura, sendo que, a ilha de calor é
melhor visualizada utilizando as imagens MODIS. Em pesquisa correlata, Amorim
(2005) evidenciou que a cidade de Birigui-SP apresenta pico positivo de temperatura
no período noturno e em área mais densamente construída. Dentre as causas que
originam as ilhas de calor a autora destaca o armazenamento de calor durante o dia
na cidade, graças às propriedades térmicas e caloríficas dos materiais de
construções e sua devolução para a atmosfera durante a noite; a produção do calor
antropogênico (circulação de veículos e pessoas); a diminuição da evaporação
decorrente da substituição da superfície original por concreto e asfalto e a
canalização fechada de rios e córregos e a menor perda de calor sensível, devido à
redução da velocidade do vento originada pelas edificações.
Estudos realizados por Pereira Filho et al. (2004) mostraram que chuvas de
verão na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) são mais intensas devido aos
efeitos combinados da ilha de calor observada na região e a circulação de brisa
marítima advinda do litoral. Posteriormente, em pesquisas complementares, Pereira
Filho et al. (2007) constataram que as temperaturas nas bordas da RMSP são pelo
menos 5 ºC menor em relação ao centro da ilha de calor urbano. Também no estado
de São Paulo, Coltri et al. (2007) caracterizaram ilhas de calor durante o inverno no
município de Piraciba, identificando sua morfologia e intensidade quando
comparadas às ilhas de calor observadas na época de safra. Os autores concluíram
que as ilhas de calor não seguem um padrão definido, sendo, em geral, menos
intensa nos bairros centrais e nas bordas da cidade, uma vez que esses locais
possuem mais áreas verdes.
Há significativo interesse atual na tentativa de reduzir o superaquecimento
potencial das cidades durante o verão, mitigando os efeitos de eventuais ondas de
calor. No Reino Unido, por exemplo, a ilha de calor urbano verificada por Davies et
al. (2008) resultou em um aumento do número de mortes devido ao
13
sua vez afeta o conforto e qualidade do espaço dentro de uma cidade. Os espaços
abertos urbanos desempenham um papel importante na criação do clima urbano,
afirmaram os autores.
O ordenamento do território é considerado como um dos principais
instrumentos disponíveis para adaptação às mudanças climáticas afirmaram
Rannow et al. (2010). Em estudo de caso realizado em distritos na Alemanha, os
autores propuseram um modelo baseado em indicadores capaz de avaliar onze
possíveis impactos com relevância para o sistema de planejamento espacial alemão
e identificaram regiões com impactos cumulativos das mudanças climáticas como
áreas de “hot spots” que precisam de ações urgentes de reordenamento territorial.
Ainda de acordo com esses autores, para enfrentar tamanho desafio, autoridades de
planejamento devem dispor de informações sobre impactos das mudanças
climáticas em um nível de escala regional e local.
Portanto, constata-se que a medição da intensidade e dos efeitos da ilha de
calor sobre um clima regional é de grande utilidade, pois fornece aos gestores
públicos subsídios para adoção de medidas que possam reduzir os efeitos da
temperatura, o consumo de energia e a poluição do ar nos ambientes urbanos.
Pode-se afirmar que a constatação de fenômenos dessa natureza em metrópoles
globais dificulta a viabilização de medidas concretas para solução dos problemas
detectados, uma vez que o processo de urbanização observado nessas cidades está
praticamente consolidado. Paradoxalmente, nas cidades do semiárido brasileiro,
onde se pode, com relativo grau de facilidade, adotar medidas preventivas e/ou
corretivas que favoreçam o conforto térmico de seus habitantes, poucas pesquisas
foram realizadas.
Prado & Ferreira (2005) constataram que o albedo ou refletância (razão entre
a quantidade de radiação solar refletida por uma superfície e a quantidade total que
ela recebe) exerce influência sobre o ganho térmico na superfície de materiais que
recebem incidência de radiação solar. Como em uma edificação a região que mais
recebe radiação solar é a cobertura, estes autores fizeram uma análise dos materiais
mais utilizados para cobertura no Brasil: cerâmica vermelha e branca, fibrocimento
sem amianto, cobertura de alumínio, cobertura de aço inoxidável, metal revestido de
alumínio e zinco, metal termo-acústico que pode ser alumínio (verde e branco) e
cerâmicas coloridas com e sem resina. Dentre os materiais por eles pesquisados as
cerâmicas vermelha e branca foram os únicos que apresentaram temperatura de
superfície mais baixa que a temperatura do ar.
Ao analisar o conforto térmico na área urbana de Rosana-SP, Cascioli et
al.(2007) constataram que ao logo dos últimos séculos as paisagens naturais foram
modificadas devido a ações antrópicas. Dentre as mudanças percebidas no
ambiente observaram que as características climáticas estão se alterando, tanto no
meio rural como no meio urbano. De maneira geral, pode-se verificar que o
desconforto térmico relativo ao calor dentro da área urbana de Rosana-SP foi maior
do que o encontrado na área da sede de um Parque Estadual próximo da região. Tal
fato foi atribuído aos materiais construtivos utilizados nas edificações e de algumas
práticas adotadas no município, como o tipo de pavimentação de vias públicas e o
corte de árvores.
Viana & Amorim (2008) pesquisaram as condições climáticas geradas em
uma cidade de pequeno porte, Teodoro Sampaio, no interior do estado de São
Paulo. Para tanto, utilizaram-se da proposição teórico-metodológica estabelecida por
Monteiro (1976) denominada Sistema Clima Urbano, que trata o clima da cidade
com base numa perspectiva geográfica, a partir de uma visão integrada entre o
homem, a natureza e a cidade, sob uma mesma atmosfera. As autoras evidenciaram
que as condições climáticas intra-urbanas geradas naquela cidade estavam
diretamente relacionadas à heterogeneidade da ocupação do solo e das
funcionalidades urbanas, o que acabou gerando para a cidade ilhas de calor e de
frescor, bem como ilhas úmidas e secas.
O clima urbano em Campina Grande-PB foi estudado utilizando-se os dados
de temperatura e umidade relativa do ar, comparando-se medições realizadas na
área urbana e suburbana da cidade. Nestas pesquisas, Sousa Júnior (2006)
21
3. MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada em quatro municípios da região semiárida brasileira,
eleitos por apresentarem características socioeconômicas e ambientais
representativas do fenômeno de urbanização acelerada dos últimos anos no Brasil e
do bioma caatinga, predominante em toda a região. A coleta dos dados climáticos,
dividida em três fases, foi realizada no perímetro urbano e na área rural dos
municípios durante os anos de 2007, 2008 e 2012 e serviu de base para a
verificação da ocorrência de ilhas de calor e determinação do índice de desconforto
térmico nas áreas urbanas dos municípios de Mossoró-RN, Serra Talhada-PE,
Petrolina-PE e Juazeiro-BA durante os períodos úmido (12 a 26/05/2007) e seco
(15/11 a 05/12/2008), bem como, avaliar o índice de conforto térmico na cidade de
Petrolina-PE no ano de 2012 (01/01 a 31/12/2012) e o efeito da arborização no
microclima de Juazeiro-BA no período úmido e quente (24/10 a 09/11/2012). O
Quadro 1 sintetiza as fases das campanhas de campo.
Nos anos de 2007 e 2008 foram montadas, nas cidades estudadas, estações
meteorológicas automáticas em pontos representativos das mesmas. Os dados
climáticos do ano 2012 relativos ao perímetro urbano de Petrolina-PE foram aqueles
gerados pela estação meteorológica vinculada à rede do Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET) e para os dados climáticos do período de 24/10 a 09/11/2012,
instalou-se estação meteorológica automática no centro da cidade de Juazeiro-BA.
23
3.2. Material
Por fim, para a terceira fase dos experimentos de campo foram estabelecidas
duas bases de coleta de dados na área urbana de Juazeiro visando à determinação
das variáveis relacionadas ao clima urbano para avaliar a influência da arborização
no conforto térmico da cidade. A primeira, instalada a céu aberto em um local com
pavimentação em paralelepípedo (calçamento) e a segunda, sob a copa de árvores
e em local gramado. As referidas estações foram equipadas com psicrômetros,
anemômetros, termopares, fluxímetros, termômetros de globo negro e saldo
radiômetros. Todos os instrumentos foram conectados a dataloggers CR-10X. Foram
coletados dados referentes à temperatura e umidade relativa do ar, temperatura da
superfície, balanço de radiação e seus componentes, velocidade e direção do vento
durante o período de 23/10/2012 a 08/11/2012, época mais quente e seca do ano na
região. Na sequência, o Quadro 4 localiza as estações dessa fase da pesquisa.
3.3. Métodos
ou ainda,
ou seja:
BOC K K e BOL L L
38
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1.1. Temperatura do ar
A temperatura do ar é uma variável de grande relevância em estudos de
conforto térmico humano pois é responsável pelas trocas de calor - por convecção -
entre o indivíduo e o ambiente que o cerca. A seguir, são apresentados os
resultados obtidos para essa variável em cada período analisado.
28,0 28,0
Tar média (ºC)
24,0 24,0
22,0 22,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
28,0 28,0
Tar média (ºC)
26,0 26,0
24,0 24,0
22,0 22,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Dia Área Rural Área Urbana Dia
Área Rural Área Urbana
26,0 26,0
Tar mínima (ºC)
22,0 22,0
20,0 20,0
18,0 18,0
16,0 16,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
26,0 26,0
Tar mínima (ºC)
24,0 24,0
22,0 22,0
20,0 20,0
18,0
18,0
16,0
16,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Dia Dia
Área Rural Área Urbana Área Rural Área Urbana
36,0 36,0
Tar máxima (ºC)
32,0 32,0
30,0 30,0
28,0 28,0
26,0 26,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
36,0 36,0
Tar máxima (ºC)
34,0 34,0
32,0 32,0
30,0 30,0
28,0
28,0
26,0
26,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Área Rural Área Urbana Dia Dia
Área Rural Área Urbana
Figura 20 – Valores diários da temperatura do ar máxima em áreas rural e urbana
no período úmido (Maio/2007): (A) Mossoró; (B) Serra Talhada; (C) Petrolina e (D)
Juazeiro.
variável climática (20,6 ºC). A maior amplitude térmica ocorreu na área rural de Serra
Talhada, com 17,7 ºC de diferença entre a temperatura máxima e a mínima. As
ocorrências das temperaturas mais baixas foram sempre observadas nos horários
entre 04:00h e 07:00h da manhã enquanto que as maiores temperaturas do ar
ocorreram em horários próximos as 13:00h e 16:00h.
30,0 30,0
28,0 28,0
26,0 26,0
24,0 24,0
22,0 22,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
30,0 30,0
Tar média (ºC)
Tar média (ºC)
28,0 28,0
26,0 26,0
24,0 24,0
22,0 22,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
26,0 26,0
24,0 24,0
22,0 22,0
20,0 20,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Dia Dia
Área Rural Área Urbana Área Rural Área Urbana
26,0 26,0
24,0 24,0
22,0 22,0
20,0 20,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Dia Dia
Área Rural Área Urbana Área Rural Área Urbana
36,0 36,0
34,0 34,0
32,0 32,0
30,0 30,0
28,0 28,0
26,0 26,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Dia
Dia
Área Rural Área Urbana Área Rural Área Urbana
Figura 23 – Valores diários da temperatura do ar máxima em áreas rural e urbana
no período seco (Novembro/Dezembro 2008): (A) Mossoró; (B) Serra Talhada; (C)
Petrolina e (D) Juazeiro.
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DATA
LOCAL
Mossoró 0,6 0,5 0,3 0,1 0,6 0,7 0,2 0,9 0,5 0,7 0,9 0,6 0,5 1,2 0,6
Serra Talhada - -0,5 1,9 3,4 3,5 0,8 0,4 0,9 0,7 1,3 1,2 2,0 1,4 2,7 1,8
Petrolina 1,3 1,4 1,6 1,5 1,4 1,5 1,5 1,6 1,4 1,5 1,8 2,2 2,8 2,5 1,6
Juazeiro -0,3 0,3 0,5 0,7 -0,7 0,3 0,5 0,5 0,3 0,3 0,5 0,5 0,6 0,4 0,5
49
LOCAL
Mossoró -1,0 0,7 0,9 0,8 0,8 0,9 0,8 0,9 0,5 0,6 0,7 0,7 0,4 0,6 0,9 0,7 0,8 0,8 0,9 1,2 1,1
Serra Talhada - 0,8 0,6 -0,5 0,7 0,7 -0,1 1,2 0,4 0,5 0,4 1,1 0,5 1,3 0,9 1,1 0,7 0,3 -1,7 -1,1 -0,3
Petrolina 1,2 1,3 1,3 1,2 1,4 0,9 0,5 0,3 0,3 0,4 1,0 0,6 0,3 0,7 0,9 0,4 0,6 0,5 0,3 3,0 0,5
Juazeiro -0,4 0,8 0,6 0,6 0,4 0,5 0,4 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,4 0,3 0,5 0,1 0,2 0,4 0,3 0,0 0,7
As ilhas de calor urbana são por vezes pouco expressivas e menores que
1 ºC em média, mas ocasionalmente podem alcançar vários graus, quando as
condições urbanas, topográficas e meteorológicas são favoráveis para seu
desenvolvimento. Portanto, constata-se que os resultados obtidos no semiárido
nordestino estão de acordo com o observado por TAHA (1997), segundo o qual, a
temperatura do ar nas cidades pode ser 2 a 5°C mais alta do que os seus arredores.
Nesse mesmo sentido, Akbari et al. (2001) afirmam que em uma tarde clara de
verão, a temperatura do ar em uma cidade típica é aproximadamente 2,5°C mais
quente que nos seus arredores rurais.
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23/05/07
24/05/07
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26/05/07
DATA
LOCAL
Mossoró Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr
Serra Talhada - Nc Fr Mo Mo Fr Fr Fr Fr Fr Fr Mo Fr Mo Fr
Petrolina Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Mo Mo Mo Fr
Juazeiro Nc Fr Fr Fr Nc Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr
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01/12/08
02/12/08
03/12/08
04/12/08
05/12/08
LOCAL
Mossoró Nc Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr
Serra Talhada - Fr Fr Nc Fr Fr Nc Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Nc Nc Nc
Petrolina Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Mo Fr
Juazeiro Nc Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr Fr
Esses resultados estão de acordo com Saraiva et al. (2010) que caracterizou
ilha de calor em Mossoró durante o outono de 2010, com intensidade moderada e
amplitude entre a máxima e a mínima de 3,5 ºC. Porém, a pesquisa da referida
autora não coletou dados durante a madrugada, revelando ao final, necessidade de
estudos complementares. Ilhas de calor inversas ou negativas (quando a área
urbana é mais fria que os arredores rurais) e ilhas de calor neutras (quando a
diferença de temperatura urbano-rural é de 0,5°C ou menos) são mais
frequentemente observadas durante o dia do que a noite (Yow e Carbone, 2006).
Bezerra (2009) também sugeriu a necessidade de aprofundamento de estudos para
detecção de ilhas de calor em Petrolina e Juazeiro, principalmente através da
comparação dessas cidades com áreas de outros municípios da região semiárida.
Não foram identificados estudos dessa natureza para Serra Talhada.
Tabela 8 – Umidade relativa do ar: mínima (valores médios e absolutos com horários
de ocorrência); máxima (valores médios e absolutos com horários de ocorrência) e
média geral no período úmido.
UMIDADE RELATIVA DO AR (UR)
MÍNIMA MÁXIMA
MÉDIA
ESTAÇÃO ANALISADA Média Absoluta Hora Média Absoluta Hora
(%)
(%) (%) Abs. (%) (%) Abs.
Estação 01: Mossoró (Urbana) 36,0 28,3 14:52 78,5 80,9 05:30 61,0
Estação 02: Mossoró (Rural) 46,3 39,7 14:09 88,3 95,4 05:17 70,6
Estação 03: Serra Talhada (Urbana) 45,2 28,3 14:33 89,5 95,0 05:55 73,0
Estação 04: Serra Talhada (Rural) 54,3 38,0 12:28 95,6 100,0 04:46 74,0
Estação 05: Petrolina (Urbana) 38,0 23,3 15:28 87,5 95,4 07:46 62,7
Estação 06: Petrolina (Rural) 40,1 25,1 16:24 89,2 100,0 06:02 65,5
Estação 07: Juazeiro (Urbana) 41,5 26,2 15:12 85,8 97,1 07:35 64,6
Estação 08: Juazeiro (Rural) 39,8 23,7 15:08 85,2 94,8 07:29 63,8
UR média (%)
UR média (%)
80,0 80,0
60,0 60,0
40,0 40,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
UR média (%)
80,0 80,0
60,0 60,0
40,0 40,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
40,0 40,0
20,0 20,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
UR mínima (%)
60,0 60,0
40,0 40,0
20,0
20,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Dia Dia
Área Rural Área Urbana Área Rural Área Urbana
UR máxima (%)
UR máxima (%)
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 70,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
90,0 90
80,0 80
70,0 70
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
Tabela 9 – Umidade relativa do ar: mínima (valores médios e absolutos com horários
de ocorrência); máxima (valores médios e absolutos com horários de ocorrência) e
média do ar no período seco.
UMIDADE RELATIVA DO AR (UR)
MÍNIMA MÁXIMA
MÉDIA
ESTAÇÃO ANALISADA Média Absoluta Hora Média Absoluta Hora
(%)
(%) (%) Abs. (%) (%) Abs.
Estação 01: Mossoró (Urbana) 32,0 23,3 12:42 79,2 81,9 05:31 59,0
Estação 02: Mossoró (Rural) 33,6 25,1 12:19 81,6 85,8 06:00 59,7
Estação 03: Serra Talhada (Urbana) 19,6 12,2 15:36 72,8 88,1 05:06 41,0
Estação 04: Serra Talhada (Rural) 23,7 15,7 15:22 73,9 89,3 06:02 47,9
Estação 05: Petrolina (Urbana) 29,8 18,7 15:28 74,6 93,1 08:34 51,7
Estação 06: Petrolina (Rural) 28,4 21,5 14:55 77,8 100,0 06:08 52,0
Estação 07: Juazeiro (Urbana) 28,6 18,3 16:04 70,1 91,9 07:44 48,5
Estação 08: Juazeiro (Rural) 28,8 17,8 15:47 72,1 92,9 07:36 49,6
acontecendo com Serra Talhada, onde a umidade do ar na área urbana foi bem
menor do que na área rural, provavelmente devido à influência das condições
topográficas próprias desse município.
80,0 80,0
70,0 70,0
UR média (%)
UR média (%)
60,0 60,0
50,0 50,0
40,0 40,0
30,0 30,0
20,0 20,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Dia Dia
Área Rural Área Urbana Área Rural Área Urbana
80,0 80,0
70,0 70,0
UR média (%)
UR média (%)
60,0 60,0
50,0 50,0
40,0 40,0
30,0 30,0
20,0 20,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
60,0 60,0
UR mínima (%)
UR mínima (%)
50,0 50,0
40,0 40,0
30,0 30,0
20,0 20,0
10,0 10,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Dia Dia
Área Rural Área Urbana Área Rural Área Urbana
60,0 60,0
UR mínima (%)
UR mínima (%)
50,0 50,0
40,0 40,0
30,0 30,0
20,0 20,0
10,0 10,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Área Rural Área Urbana Dia Dia
Área Rural Área Urbana
das diferenças higrométricas na área urbana tem sido menos estudada que o
fenômeno de ilhas de calor. Os resultados obtidos para essa pesquisa também
indicam que as diferenças mais altas para umidade relativa do ar rural-urbano são
observadas à noite. Segundo os autores, sob condições favoráveis, a área urbana
pode ter umidade relativa do ar menor em mais de 40% do que seus arredores,
embora diferenças da ordem de 20 a 30% sejam mais típicas.
90,0 90,0
UR máxima (%)
UR máxima (%)
80,0 80,0
70,0 70,0
60,0 60,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Dia Dia
Área Rural Área Urbana Área Rural Área Urbana
90,0
UR máxima (%)
90,0
UR máxima (%)
80,0 80,0
70,0
70,0
60,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 60,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Dia Dia
Área Rural Área Urbana Área Rural Área Urbana
4,0 4,0
Vv média (m/s)
Vv média (m/s)
3,0 3,0
2,0 2,0
1,0 1,0
0,0 0,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
4,0 4,0
Vv média (m/s)
Vv média (m/s)
3,0 3,0
2,0 2,0
1,0 1,0
0,0 0,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
12,0 12,0
Vv máxima (m/s)
Vv máxima (m/s)
10,0 10,0
8,0 8,0
6,0 6,0
4,0 4,0
2,0 2,0
0,0 0,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
12,0 12,0
Vv máxima (m/s)
Vv máxima (m/s)
10,0 10,0
8,0 8,0
6,0 6,0
4,0 4,0
2,0 2,0
0,0 0,0
12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
Figura 31 – Valores diários da velocidade do vento máxima em áreas rural e urbana
no período úmido (Maio/2007): (A) Mossoró; (B) Serra Talhada; (C) Petrolina e (D)
Juazeiro.
4,0 4,0
2,0 2,0
0,0 0,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
4,0 4,0
2,0 2,0
0,0 0,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
14,0 14,0
Vv máxima (m/s)
Vv máxima (m/s)
12,0 12,0
10,0 10,0
8,0 8,0
6,0 6,0
4,0 4,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
14,0 14,0
Vv máxima (m/s)
Vv máxima (m/s)
12,0 12,0
10,0 10,0
8,0 8,0
6,0 6,0
4,0 4,0
15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5
Área Rural Área Urbana Dia Área Rural Área Urbana Dia
13/05/07
14/05/07
15/05/07
16/05/07
17/05/07
18/05/07
19/05/07
20/05/07
21/05/07
22/05/07
23/05/07
24/05/07
25/05/07
26/05/07
DATA
LOCAL
Estação 01:
25,7 26,0 25,7 25,6 25,8 25,9 26,2 25,5 26,1 25,7 26,0 26,3 26,2 26,5 26,0
Mossoró (Urbana)
Estação 02:
26,1 26,6 26,2 26,5 26,0 26,1 26,3 26,0 26,4 25,8 25,9 26,6 26,4 26,1 26,1
Mossoró (Rural)
Estação 03:
- 23,1 23,5 24,9 24,9 23,8 24,0 24,2 23,6 23,3 23,6 24,2 24,3 24,8 24,5
Serra Talhada (Urbana)
Estação 04:
- 22,6 21,8 22,3 22,6 23,6 23,8 22,8 22,9 23,0 22,6 22,3 22,5 22,9 23,5
Serra Talhada (Rural)
Estação 05:
23,0 24,1 24,0 25,1 25,1 24,8 24,3 24,3 24,5 23,9 23,6 24,8 24,6 25,5 24,7
Petrolina (Urbana)
Estação 06:
22,1 23,1 23,0 24,1 24,1 23,7 23,2 23,2 23,3 22,9 22,4 23,2 22,9 24,0 23,5
Petrolina (Rural)
Estação 07:
22,2 23,5 23,5 24,4 23,8 24,1 23,7 23,7 23,8 23,3 23,0 24,2 24,3 25,0 24,1
Juazeiro (Urbana)
Estação 08:
22,2 23,2 23,1 24,0 24,1 23,8 23,3 23,3 23,4 23,0 22,6 23,7 23,8 24,7 23,7
Juazeiro (Rural)
66
LOCAL
Estação 01:
24,6 25,6 25,7 25,7 25,7 25,7 25,5 25,5 25,7 25,6 25,9 26,2 26,1 25,6 25,8 26,3 26,3 26,0 25,8 25,6 26,2
Mossoró (Urbana)
Estação 02:
25,4 25,1 25,1 25,2 25,1 25,1 24,9 24,9 25,2 25,1 25,4 25,7 25,8 25,0 25,2 25,8 25,8 25,4 25,2 24,9 25,5
Mossoró (Rural)
Estação 03: Serra
- 24,8 25,4 24,2 25,9 25,6 24,4 24,4 24,1 24,6 25,0 25,2 24,9 24,8 24,5 25,6 25,8 25,0 24,1 25,7 25,5
Talhada (Urbana)
Estação 04: Serra
24,6 25,2 25,7 25,2 25,3 25,5 25,2 24,2 24,8 25,0 25,6 25,1 25,3 24,3 24,8 25,6 25,9 25,9 24,9 26,3 26,1
Talhada (Rural)
Estação 05:
25,1 24,7 25,1 25,0 25,2 25,8 25,6 25,3 24,9 24,5 24,1 25,2 25,5 24,7 24,9 24,7 25,9 25,3 24,0 24,8 25,4
Petrolina (Urbana)
Estação 06:
24,4 24,0 24,2 24,1 24,4 25,2 25,1 24,7 24,5 24,1 23,5 24,6 25,1 24,1 24,3 24,3 25,4 24,8 23,6 22,7 24,9
Petrolina (Rural)
Estação 07:
24,7 24,9 23,9 25,0 25,1 25,9 25,4 25,2 24,8 24,5 24,2 25,1 25,4 24,8 25,0 24,6 25,9 25,3 24,1 23,1 25,5
Juazeiro (Urbana)
Estação 08:
24,9 24,4 24,7 24,6 24,9 25,6 25,3 25,0 24,6 24,3 24,0 24,9 25,2 24,6 24,6 24,5 25,7 25,1 23,9 23,1 25,3
Juazeiro (Rural)
ano de 2012, em média, na área rural, a umidade máxima foi superior (76,7%) e a
umidade mínima foi, em média, mais baixa (27,8%). Um fato que chama a atenção
sob o aspecto climático e impactante para a população foi o baixíssimo índice de
umidade relativa do ar registrado no dia 13/09/12: 11,8% na área rural e 12% na
área urbana.
Na Tabela 16, visualiza-se para a área urbana e rural, o valor absoluto com
horário de ocorrência e a média para todo o período. Observa-se na tabela que o
valor médio diário de velocidade do vento no ano de 2012 foi de 3,7 m/s na área
urbana, apresentando rajadas de até 16,6 m/s. Na área rural, o valor diário médio da
velocidade do vento foi de 3,9 m/s e as rajadas chegaram até 19,7 m/s. Constata-se
ainda que, durante o ano de 2012, em média, a velocidade máxima do vento foi
maior na área rural de Petrolina (14,1 m/s).
100,0
Precipitação mensal (mm)
90,0
80,0
70,0
60,0 Área Urbana
50,0 Área Rural
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
Abril
Maio
Julho
Janeiro
Março
Agosto
Junho
Outubro
Novembro
Setembro
Dezembro
Fevereiro
Ano 2012
De acordo com Costa et al. (2009) as áreas urbanas das cidades vêm
sofrendo as consequências negativas dos desequilíbrios ambientais, materializados
por meio do excessivo aquecimento de seus espaços, o que tem provocado
desconforto térmico às suas populações, como as ilhas de calor na zona urbana de
Ilha Solteira-SP, com intensidade semelhante às observadas em Petrolina.
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
Jan.
Mar.
Jul.
Set.
Abr.
Ago.
Mai.
Jun.
Dez.
Out.
Nov.
Fev.
Ano 2012
90,0
Área Urbana
Área Rural
80,0
UR média diária (%)
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
Mar.
Jan.
Jul.
Ago.
Set.
Abr.
Mai.
Dez.
Jun.
Out.
Nov.
Fev.
Ano 2012
90,0
UR máxima diária (%)
80,0
70,0
60,0
50,0
Mai.
Jun.
Dez.
Jan.
Mar.
Out.
Jul.
Fev.
Set.
Abr.
Ago.
Nov.
Ano 2012
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
Mai.
Dez.
Jun.
Out.
Mar.
Jan.
Fev.
Jul.
Ago.
Set.
Abr.
Nov.
Ano 2012
20,0
Área Urbana
Área Rural
18,0
Vv máxima diária (m/s)
16,0
14,0
12,0
10,0
8,0
6,0
Mai.
Dez.
Jun.
Out.
Mar.
Jan.
Fev.
Jul.
Ago.
Set.
Abr.
Nov.
Ano 2012
indicando que há uma relação inversa entre essas variáveis, conforme está ilustrado
nas Figuras 39A, 39B, 39C e 39D.
Área Urbana: Tar(máxima) x UR(mínima) Área Urbana: Tar(mínima) x UR(máxima)
A B
40,0 90,0 40,0 90,0
70,0 70,0
30,0 30,0
UR máxima (%)
UR mínima (%)
60,0 60,0
Tar máxima (ºC)
70,0
30,0 30,0 60,0
UR máxima (%)
UR mínima (%)
60,0
Tar máxima (ºC)
DESCONFORTÁVEL
ÁREA URBANA: IDT MÁXIMO E MÍNIMO NO ANO DE 2012
( IDT ≥ 26,5 )
29,0
28,0
27,0
26,0
CONFORTO PARCIAL
25,0
24,0
23,0
22,0
21,0
20,0
CONFORTÁVEL
18,0
IDTx (máximo)
17,0
IDTm (mínimo)
16,0
15,0
Jul.
Jun.
Ago.
Dez.
Mar.
Set.
Jan.
Abr.
Mai.
Out.
Fev.
Nov.
MESES
DESCONFORTÁVEL
ÁREA RURAL: IDT MÁXIMO E MÍNIMO NO ANO DE 2012
( IDT ≥ 26,5 )
29,0
28,0
27,0
26,0
CONFORTO PARCIAL
25,0
24,0
23,0
22,0
21,0
20,0
( 15,0 ≤ IDT ≤ 19,9 )
19,0
CONFORTÁVEL
18,0
IDTx (máximo)
17,0
IDTm (mínimo)
16,0
15,0
Jul.
Ago.
Jun.
Dez.
Mar.
Set.
Jan.
Fev.
Abr.
Mai.
Out.
Nov.
MESES
da cidade o estudo das variáveis climáticas urbanas. Segundo Rannow et al. (2010)
o ordenamento do território é considerado como um dos principais instrumentos
disponíveis para adaptação às modificações climáticas. Estudo de caso realizado
pelos autores na Alemanha identificaram regiões com impactos cumulativos das
mudanças climáticas como áreas de pontos de calor (ilhas) que necessitam de
ações urgentes para o reordenamento territorial. No entanto, a constatação de
fenômenos dessa natureza em metrópoles globais dificulta a viabilização de medidas
concretas para a solução dos problemas detectados, uma vez que o processo de
urbanização observado nessas cidades está praticamente consolidado.
Diante do exposto, a comparação entre os ambientes urbano e sua
circunvizinhança rural, evidencia que a área urbana da cidade de Petrolina – o que
pode se estender às demais cidades do semiárido – apresenta alterações em suas
variáveis climáticas (temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento),
sobretudo durante o período vespertino, impactando diretamente nas condições
térmicas que geram desconforto para a população.
área urbana de Juazeiro. Nas fases anteriores dessa pesquisa, ficou evidente a
diferença de temperatura entre a área urbana e sua circunvizinhança rural. Contudo,
nesta terceira fase, destacam-se as diferenças existentes no interior do próprio
ambiente urbano, decorrentes dos materiais utilizados na superfície – com suas
características refletivas próprias.
Na Figura 42, visualiza-se a média horária da radiação global incidente na
área com calçamento. Analisando a referida figura, observa-se que o sombreamento
proporcionado pela arborização foi muito significativo, desde as primeiras horas da
manhã até o final da tarde, bloqueando a incidência de radiação global que chegou,
ao meio dia, a quase 1.200 W/m2 na área a céu aberto. Essa barreira à radiação
solar feita pelas árvores gera uma condição muito mais agradável no ambiente
sombreado, proporcionando, inclusive, o benefício de redução da temperatura do ar
no entorno da área arborizada. Portanto, constatou-se que as árvores contribuíram
para a geração de conforto térmico devido ao sombreamento proporcionado por
suas copas ter reduzido a incidência de radiação. Nesse sentido, Gartland (2010)
afirma que a quantidade de radiação transmitida depende do tipo de árvore, mas
geralmente varia entre 6 e 30% no verão e 10 e 80% no inverno.
R a d ia ç ã o g lo b a l in c id e n t e ( W / m ² )
1200
1000
800
600
400
200
0
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Horário
300
R a d i a ç ã o r e f le t id a ( W / m ² )
250
200
150
100
50
0
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Horário
Estudos sobre radiação solar e terrestre são importantes por ser esta a
principal fonte de energia para os processos físicos e biológicos que ocorrem na
biosfera. O balanço de radiação se torna útil para saber quanta energia é
disponibilizada para tais processos (Galvão & Fisch, 2000).
A Figura 44 apresentada a seguir ilustra o Balanço de Ondas Curtas (BOC) e
o Balanço de Ondas Longas (BOL) para as áreas estudadas. Na Figura 44-A, são
evidentes as diferenças entre as duas áreas, com a área arborizada apresentando
sempre um BOC inferior àquele observado na área de calçamento. As observações
mostram que as maiores diferenças foram registradas no período entre 10:00h e
12:00h, condição que pode ser atribuída as características de cada área. O Balanço
de Ondas Longas representado pela Figura 44-B, indica que a área com calçamento
82
apresentou valores mais negativos, ou seja, maiores perdas para a atmosfera, com
B a la n ç o d e o n d a s c u r ta s - B O C ( W /m ² )
consequente aquecimento das camadas adjacentes.
A
1000
800
600
400
200
0
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Horário
B
0
-50
-100
-150
-200
-250
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
Horário
Figura 44 – (A) Média horária do Balanço de Ondas Curtas; (B) Média horária do
Balanço de Ondas Longas em área com calçamento e em área arborizada da zona
urbana de Juazeiro-BA no período de 23/10/2012 a 08/11/2012.
83
quanto menos quente estiver a superfície, menos calor ela irá transmitir para o ar a
sua volta, contribuindo assim para reduzir os efeitos de ilhas de calor. Outros
estudos indicam ainda que a temperatura no interior de veículos estacionados foram
reduzidas em aproximadamente 25 ºC quando o carro estava sombreado por
árvores (GARTLAND, 2010).
5. CONCLUSÕES
A comparação entre ambientes urbanos e sua circunvizinhança rural de
municípios da região semiárida permitiu formular as seguintes conclusões:
1) Os resultados obtidos caracterizaram ilhas de calor com intensidades
variadas na área urbana de todos os municípios;
2) Ficou evidenciado que as condições climáticas, naturalmente já adversas
na região semiárida e potencializadas pelos elementos construtivos do espaço
urbano, contribuem para a expansão das ilhas de calor e geração de desconforto
térmico para seus habitantes;
3) Aplicando-se a adaptação da equação de Thom para obtenção do índice
de desconforto térmico (IDTx e IDTm) para Petrolina-PE, observou-se que a área
urbana registrou condições de conforto térmico sempre inferior àquelas observadas
na área rural;
4) A arborização da área urbana dos municípios é uma forma eficaz de mitigar
o desconforto térmico caracterizado na região;
5) As causas prováveis da formação de ilhas de calor e desconforto térmico
caracterizados na área urbana estão associadas a área impermeabilizada da
superfície, a verticalização das edificações e a redução das áreas verdes.
Como sugestão, medidas preventivas concretas para mitigar o desconforto
térmico e melhorar a qualidade de vida da população são possíveis de ser
implementadas, principalmente quando do licenciamento ambiental de loteamentos
urbanos e das áreas de interesse público voltadas para a implementação de
programas habitacionais, observando-se maior rigor na escolha do tipo de
revestimento a ser empregado na pavimentação das vias, sendo a arborização um
mecanismo eficaz para mitigar os efeitos adversos dessa condição e ofertar melhor
qualidade de vida à população citadina.
91
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