Apostila - Produção de Texto

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PRODUÇÃO DE

TEXTO
Faculdade Teológica Batista de São Paulo

Produção de Texto
Disciplina na modalidade a distância

São Paulo
2021
Créditos
Faculdade Teológica Batista de São Paulo

Coordenação Acadêmica
Prof. Me. Luiz Alberto Teixeira Sayão

Editoração
Victor de Lima Viana
Sumário

UNIDADE 1: LÍNGUA, LINGUAGEM E ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO ............. 1


UNIDADE 2: VARIEDADES LINGUÍSTICAS ................................................ 10
UNIDADE 3: SEMÂNTICA: O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS ......................... 16
UNIDADE 4: PRÁTICAS DE LEITURA ...................................................... 25
UNIDADE 5: ELABORAÇÃO DE PARÁGRAFO ............................................. 33
UNIDADE 6: CONSIDERAÇÕES SOBRE TEXTO ........................................... 39
UNIDADE 7 – TIPOLOGIA TEXTUAL ....................................................... 61
UNIDADE 8: GÊNEROS TEXTUAIS.......................................................... 83
Produção de Texto
UNIDADE 1: Língua, linguagem e elementos da comunicação

Unidade 1: LÍNGUA, LINGUAGEM E ELEMENTOS DA


COMUNICAÇÃO

Objetivos:
Conceituar linguagem, comunicação e tipos de linguagem; conhecer os
elementos da comunicação; identificar as funções da linguagem nos diversos
tipos de textos.

[...] a época cristã, até ao século XVIII, tinha uma visão teológica da linguagem,
pondo em primeiro lugar o problema da sua origem, ou em rigor, as regras
universais da sua lógica; o século XIX, dominado pelo historicismo, considerava
a linguagem como um desenvolvimento, uma mudança, uma evolução através
dos tempos. Hoje em dia, são as visões de linguagem como sistema e os
problemas do funcionamento desse sistema que predominam.
(KRISTEVA.1969.p.15)

Ainda, com relação à linguagem a definição apresentada pelos PCN (1997)

A linguagem é uma forma de ação interindividual orientada por uma finalidade


específica: um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais
existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos de
sua história. Dessa forma, se produz linguagem tanto numa conversa de bar,
entre amigos, quanto ao escrever uma lista de compras, ou ao redigir uma carta
— diferentes práticas sociais das quais se pode participar. (Parâmetros
Curriculares Nacionais. 1997.p.22)

Nas situações de comunicação, convivemos com diferentes linguagens. As


pessoas se comunicam e interagem entre si, ou seja, o que uma fala provoca
uma reação na outra. Dessa forma, a comunicação acontece quando
interagimos com outras pessoas utilizando um tipo de linguagem.

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Produção de Texto
UNIDADE 1: Língua, linguagem e elementos da comunicação

Então, o que é comunicação? Para Bordenave


Há duas maneiras de definir o que é uma coisa: enumerar os elementos de que
está composta ou indicar para que serve. Pode-se definir o automóvel, por
exemplo, dizendo que é um conjunto formado por motor, carroçaria e rodas. Mas
seria ainda melhor defini-lo como um veículo autopropulsado que serve para
transportar pessoas e coisas de um lugar para outro. E para que serve a
comunicação? Serve para que as pessoas se relacionem entre si,
transformando-se mutuamente e a realidade que as rodeia. Sem comunicação
cada pessoa seria um mundo fechado entre si mesmo. (BORDENAVE. 1982. P.
36)

No momento da comunicação, o indivíduo pode utilizar a linguagem verbal


ou a linguagem não verbal. A linguagem verbal tem como unidade básica, a
palavra. Apresenta uma estrutura bastante complexa, além de representar
todos os objetos, permite a sua análise, caracterização com outros conceitos
num sistema de relação.

A linguagem verbal pode ser

Falada Escrita

Ulisses Infante (1998) considera que “a língua falada mantém uma


profunda vinculação com as situações em que é usada. A comunicação oral
normalmente se desenvolve em situações, em que o contato entre os
interlocutores é direto: na maioria dos casos, eles estão em presença um do
outro”. Por outro lado, “na língua escrita, a elaboração da mensagem requer
uma linguagem menos alusiva”. Em outras palavras, a língua escrita exige
planejamento e domínio das normas gramaticais.
A linguagem não verbal utiliza outros sinais que não são palavras. Os
sinais utilizados pelos surdos-mudos para efeito de comunicação constituem,
portanto, um tipo de linguagem não
verbal.

Exemplos de linguagem
não verbal Página 2

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UNIDADE 1: Língua, linguagem e elementos da comunicação

A imagem

O gesto

O movimento

A fotografia

A música

Em definição de linguagem, o gramático Rocha Lima, menciona a


linguagem não verbal como meio de comunicação.

Em sentido amplo, pode-se entender por linguagem qualquer processo de


comunicação:
a) mímica, usada pelos surdos-mudos e pelos estrangeiros que não sabem a
língua de um país;
b) o semáforo, sistema de sinais com que se dão avisos aos navios e aviões que
se aproximam das costas ou dos aeroportos;
c) a transmissão de mensagens por meio de bandeiras ou espelhos ao sol,
empregado por marujos, escoteiros, etc. (LIMA.1982. p.3)

Há, ainda, a linguagem mista como as histórias em quadrinhos, teatro,


cinema, programas de TV, o desenho e outras.

(Quino.Toda Mafalda da primeira à última tira. São Paulo: Martins Fontes. 2009. p.376)

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UNIDADE 1: Língua, linguagem e elementos da comunicação

1. Língua e fala

Para que haja a interação entre as pessoas no momento da comunicação, é


preciso ter domínio de um tipo de particular de código  a língua. No nosso
caso, a língua portuguesa. Em situações do dia a dia, as palavras ganham
sentido, portanto, para que se tenha o domínio de uma língua, é necessário
conhecer, além das palavras e seus sentidos, as leis e combinações dessas
palavras.

Nessa perspectiva, segundo LIMA (1982) “língua é um sistema: um


conjunto organizado e opositivo de relações, adotado por determinada
sociedade para permitir o exercício da linguagem entre os homens.”
Já para CUNHA (1985) “língua é um sistema gramatical pertencente a um
grupo de indivíduos. Expressão da consciência de uma coletividade, a língua é
o meio por que ela concebe o mundo que a cerca e sobre ele age”.
Ainda, de acordo com PCN (1997) “a língua é um sistema de signos histórico
e social que possibilita ao homem significar o mundo e a realidade. Assim
aprendê-la é aprender não só as palavras, mas também os seus significados
culturais e, com eles, os modos pelos quais as pessoas do seu meio social
entendem e interpretam a realidade e a si mesma.”
Código é uma convenção estabelecida por um grupo de pessoas que
permite a construção e a transmissão de mensagens.
Estilo é a maneira própria de cada pessoa falar ou escrever. É aquela marca
que distingue um escritor de outro, pelo que ele tem de especial no modo de se
expressar.
A fala é o uso individual da língua, aberto à criatividade e ao desenvolvimento
da liberdade de compreensão e expressão.
Segundo D’Aléssio, além da fala e da escrita existem outros sistemas de
comunicação:
A fala e a escrita não são nossos únicos sistemas de comunicação.
Telefone, telégrafo, rádio, televisão, imprensa são outros meios de
comunicação que marcam a vida moderna e as sociedades
industrializadas pelo aparato tecnológico que as caracterizam. Não se
trata apenas de comunicação pessoa a pessoa, mas, graças àqueles
meios, as cidades, os estados, os países, os hemisférios se
comunicam e transformam o universo em uma “aldeia”, na medida em
que ampliam a escala das comunicações humanas. (D’ALESSIO.
2001. p.5)

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UNIDADE 1: Língua, linguagem e elementos da comunicação

Nos diversos contextos onde são empregadas, as modalidades falada e


escrita apresentam algumas diferenças:

FALA ESCRITA

● não planejada, simultânea à ● permite planejamento


produção da fala: espontânea, cuidadoso, fluxo não fragmentado e
mudança abrupta de construção contínuo.

● fragmentária ● não fragmentária


● incompleta ● completa
● pouco elaborada ● elaborada

● predominância de frases curtas, ● predominância de frases


ordem direta, período simples e complexas, períodos longos com
coordenação. muita subordinação.

● pouco uso de passiva ● emprego frequente de passiva.

(KOCH. Ingedore Villaça. A Inter-ação pela linguagem. São Paulo. Contexto.1998.p.68)

2. Níveis de linguagem

No dia a dia, é possível observar que existem diferenças na maneira de


se expressar das pessoas, dependendo do contexto, elas empregam expressões
e termos que dificilmente empregariam em uma conversa durante um jantar com
a família. Dessa forma, há uma distinção decorrente da existência dos níveis de
fala, é a que se faz entre língua culta ou padrão e a língua popular.
A língua culta ou padrão é a modalidade linguística considerada como
padrão de ensino. Ensinada, principalmente, nas escolas, é mais complexa, pois,
caracteriza-se pela obediência às regras gramaticais. Além de ser usada na
escrita, reflete prestígio social e cultural. Já a língua popular ou coloquial é
mais utilizada pelo povo, de modo geral, é desprovida de qualquer preocupação
com as regras gramaticais. Carregada de vícios de linguagem como erros de
regência, concordância, pronúncia, grafia e outros.

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Produção de Texto
UNIDADE 1: Língua, linguagem e elementos da comunicação

3. Elementos da comunicação

Conforme VANOYE (1987) “existem vários tipos de comunicação: as


pessoas podem comunicar-se pelo código Morse, pela escrita, por gestos, pelo
telefone, etc.; uma empresa, uma administração, até mesmo um Estado podem
comunicar-se com seus membros por intermédio de circulares, cartazes,
mensagens radiofônicas ou televisionadas, etc”.
Dessa forma, toda comunicação tem por objetivo a transmissão de uma
mensagem, e constitui-se por um determinado número de elementos, como
segue o esquema abaixo:

Contexto
(Referente)
Função referencial

Emissor Mensagem Receptor


Função emotiva (Canal da Função conativa
comunicação)
Função poética

Código
Função metalinguística

● Emissor → indivíduo ou grupo de indivíduos que envia a mensagem;


● Receptor → é o individuo ou grupo de indivíduos que recebe a mensagem
enviada;
● Mensagem → é o conteúdo das informações transmitidas;
● Canal de comunicação ou contato → é o canal pelo qual a mensagem é
transmitida;
● Código → é a língua utilizada para enviar a mensagem;
● Referente ou contexto → é o objeto ou a situação a que a mensagem se
refere.

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Produção de Texto
UNIDADE 1: Língua, linguagem e elementos da comunicação

A comunicação verbal depende de um contexto que possibilite a


verbalização, isto é, o emissor verbaliza pensamentos, emoções e fatos criados
a partir de determinada situação. E ao ser verbalizada, a mensagem revela
funções as quais variam de acordo com o que o emissor deseja comunicar.
Assim, é possível depreender seis funções da linguagem:

FUNÇÕES DA LINGUAGEM Exemplos

Eu sei que vou te amar


● Centrada no emissor, Por toda a minha eu vou
Função emotiva ou revelando suas emoções e te amar
expressiva. sentimentos. Presença da A cada despedida eu vou
(ênfase no emissor) primeira pessoa. te amar
Desesperadamente,
Eu sei que vou te amar.

(Vinicius de Moraes e
Tom Jobim)

Função referencial ou “Com os reservatórios


● Centrada no referente. É a
denotativa. em baixa, o governo
linguagem das notícias do
(ênfase no contexto) preocupa-se com o
jornal, dos livros científicos.
abastecimento de
energia do Nordeste,
onde as termelétricas já
são responsáveis por
37% do consumo”.
(Revista Veja
23/set.2015)

Função conativa ou “Traga o seu caminhão


● Centrada no receptor, o
apelativa. antigo e garantimos a
emissor procura influenciar o
(ênfase no receptor) melhor avaliação do
comportamento do receptor.
mercado para você trocar
por um Caminhão
Volkswagem novinho”.

(Revista Veja 23/set.


2015)

Democracia sf. 1.
governo em que o povo
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Produção de Texto
UNIDADE 1: Língua, linguagem e elementos da comunicação

Função metalinguística ● Centrada no código; é o uso exerce a soberania. 2.


(ênfase no código) da linguagem para falar da Sistema comprometido
própria linguagem. com a igualdade ou a
distribuição
igualitária de poder.

Função fática —Alô,está me ouvindo?


● Centrada no canal, tem
(ênfase no canal) — Não entendo a sua
como objetivo prolongar ou
fala!
não o contato com o receptor.
—Tá me ouvindo
— A ligação está muito
ruim.

“O poeta é um fingidor
●Centrada na mensagem,
Função poética Finge tão completamente
revelando recursos
(ênfase na mensagem) que chega a fingir que é
imaginativos criados pelo
emissor. É a linguagem dor
figurada presente em obras a dor que deveras sente.”
literárias. (Fernando Pessoa)

Referências Bibliográficas

BORDENAVE. Juan E. Díaz. O que é Comunicação. São Paulo: Brasiliense.


1982.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília.
MEC/SEF 1997.
CUNHA. Celso Lindley Cintra. Nova Gramática do Português Contemporâneo.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1985.
D’ALESSIO .Lucrécia Ferrara. Leitura sem palavras. São Paulo. Ática. 2001
GIACOMOZZI. G.; VALERIO.G.; FENGA.C. R. Estudos de Gramática.São
Paulo: FTD, 1999.
INFANTE. Ulisses Curso de Gramática Aplicada aos Textos. São Paulo.
Scipione. 1995
_______________ Do texto ao texto. São Paulo. Scipione. 1998.
JAKOBSON. Roman. Linguística e comunicação. São Paulo. Cultrix, 1971.
KRISTEVA. J. História da Linguagem. São Paulo: Martins Fontes. 1969.

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Produção de Texto
UNIDADE 1: Língua, linguagem e elementos da comunicação

LIMA. Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Liv.


José Olympio Editora. 1982.
PASCHOALI, Maria Aparecida. Gramática: teoria e exercícios. São Paulo.
FTD.1989
PRETI, Dino. Sociolinguística: os níveis da fala. São Paulo. Edusp. 1994. P.11
VANOYE. Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral
e escrita. São Paulo. Martins Fontes. 1987.
Revistas
CARRASCO, Walcyr. Vejinha. 16 de fevereiro de 2005

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Produção de Texto
UNIDADE 2: Variedades Linguísticas

Unidade 2: VARIEDADES LINGUÍSTICAS

Objetivos:
Conhecer as variações que ocorrem na língua para saber utilizá-las nos
diversos contextos de produção de texto.

1. Variedades Linguísticas

Nas relações sociais, observamos que nem todas as pessoas falam da


mesma forma. Isso ocorre porque as línguas naturais são sistemas dinâmicos e
extremamente sensíveis a fatores como, por exemplo, região geográfica, idade,
classe social dos falantes e o grau de formalidade do contexto. Essas diferenças
constituem as variações linguísticas.
Segundo INFANTE (1995) “o conceito de língua é muito amplo,
englobando todas as manifestações da fala, com suas incontáveis
possibilidades. Dentro desse extenso universo, há também variações que não
são decorrentes do uso individual, mas sim, de outros fatores”. Dessa forma,
variedades linguísticas são diferenças que uma mesma língua apresenta
quando é utilizada, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e
históricas.
Entre as variedades, há uma que é considerada de maior prestígio: a
variedade padrão que é conhecida como língua padrão ou norma culta,
utilizada em boa parte dos livros, livros científicos e didáticos, jornais e revistas,
também ensinada nas escolas. As outras variedades como a regional, social,
situacional e histórica são consideradas variedades não padrão.

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UNIDADE 2: Variedades Linguísticas

VARIAÇÃO CULTA/
NORMA PADRÃO

VARIAÇÃO PROFISSIONAL JARGÃO

LINGUÍSTICAS
VARIEDADES

VARIAÇÃO
GEOGRÁFICA/REGIONAL

VARIAÇÃO SOCIAL GÍRIAS / JARGÃO

VARIAÇÃO HISTÓRICA

VARIAÇÃO SITUACIONAL REGISTROS

● Variação profissional (INFANTE, 1998) → o exercício de algumas


atividades requer o domínio de certas formas de língua chamadas línguas
técnicas. Abundantes em termos específicos, essas variantes têm seu uso
praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, médicos,
químicos, linguistas e outros especialistas.
● Variação geográfica → variedade que a língua assume nos
diferentes lugares onde é falada. Basta prestar atenção na fala de um gaúcho
em contraste com a de um amazonense. Essas variações regionais constituem
os falares e os dialetos. Não há motivo linguístico algum para que se considere
qualquer uma dessas formas superior ou inferior.

Exemplo engraçado de variação geográfica:

UM CASO MINÊRO SÔ!


“Sapassado, era sessetembro, taveu
na cuzinha tomano ua pincumel e
cuzinhano um kidicarne cum
mastumati pra fazer ua macaronada
cum galinhassada. Quascaí de susto,
quanduvi um barui denduforno,

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UNIDADE 2: Variedades Linguísticas

parecenum tidiguerra. A receita


mandopô midipipoca denda galinha
prassá. O forno isquentô, o mistorô e
o fiofó da galinha isprudiu!
Nossinhora! Fiquei branco quinem
lidileite. Foi um trem doidimais!
Quascai dendapia! Fiquei sensabê
doncovim, poncovô, doncotava.
Óipcevê quidoidura! Grazadeus
ninguém simaxucô!”

— Dialetos → são originados das diferenças de região ou território,


de idade, de sexo, de classes ou grupos sociais.
● Variação social → refere-se às formas da língua empregadas pelas
diferentes classes ou grupos sociais.
— Norma culta ou padrão → variedade de prestígio que deve ser
adquirida na vida escolar e cujo domínio é solicitado como forma de ascensão
social e profissional.
— Gíria → forma de linguagem baseada em um vocabulário
especialmente criado por um grupo determinado ou categoria social com o
objetivo de servir de emblema para os membros desse grupo, distinguindo-os
dos demais falantes da língua. A gíria ao mesmo tempo em que pode contribuir
para definir a identidade de um grupo que a utiliza, também pode funcionar como
um meio de exclusão.
Alguns exemplos de gírias:

● dar área = ir embora (skatistas)


● coruja = taxista que trabalha à noite (taxistas)
● back side = manobra em que o surfista fica de costas para a onda
(surfistas)
● bomber = grafiteiro que ataca ilegalmente (grafiteiros)

— Jargão → tem um conceito mais restrito. É o dialeto usado por


determinado grupo social que busca se destacar por meio de características

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UNIDADE 2: Variedades Linguísticas

particulares e marcas linguísticas também exclusivas. Há o jargão dos médicos,


o jargão dos advogados, o jargão dos economistas entre outros.
● Variação situacional → é a capacidade que tem um falante de utilizar
diferentes formas da língua em contextos diversos, procurando adequar o nível
vocabular e sintático ao ambiente linguístico em que se encontra. Em casa, na
escola, com os amigos, solenidades, no mundo virtual etc.
— Registros → ocorrem de acordo com o grau de formalismo existente
na situação; com o modo de expressão, isto é, se se trata de um registro oral ou
escrito; com a sintonia entre os interlocutores.
● Variação histórica → refere-se aos estágios de desenvolvimento de
uma língua ao longo da História.
O falante de uma língua precisa atentar para o emprego das variedades
linguísticas, pois, nas situações de comunicação do dia a dia, é possível
encontrar todas as variações presentes em textos orais e escritos. Por isso, é
importante compreender essas variações para melhor utilizar a língua nos
diferentes contextos de produção de texto.

2. Vícios de linguagem

São desvios das normas da língua culta que ocorrem por


desconhecimento dessas normas ou por descuido do emissor. Para FARACO &
MOURA (2000) “Chama-se vício de linguagem ao modo de falar ou escrever que
contraria as normas de uma língua. A infração à norma só recebe o nome de
vício quando se torna frequente e habitual na expressão de um indivíduo ou de
um grupo”.
Alguns vícios de linguagem mais praticados nas situações de
comunicação:
● Barbarismo→ é o desvio da norma quando ocorre nos seguintes casos:

Erro de pronúncia

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Produção de Texto
UNIDADE 2: Variedades Linguísticas

Forma incorreta Forma correta


● esteje ● esteja
● poblema ● problema
● metereologia ● meteorologia

Quando o erro se deve ao deslocamento do


acento.
● ávaro ● avaro
● rúbrica ● rubrica

Qualquer erro de grafia


● encima ● em cima
● em baixo ● embaixo
● derrepente ● de repente

Morfologia
●Se eu ir aí, vou me atrasar. (for)
●Quando eu por o vestido, saberei se engordei. (puser)

● Cacófato → é o som desagradável provocado pela junção de duas ou


mais palavras na mesma frase.
- Ela tinha muito dinheiro. (é latinha)
- Na boca dela estava a marca da agressão que sofrera. (cadela)

● Estrangeirismo → considera-se barbarismo o emprego desnecessário


de palavras estrangeiras, ou seja, quando já existe palavra ou expressão
correspondente na língua portuguesa.
- O show é hoje. (espetáculo)
- O embaixador cometeu uma gafe. (equívoco)

● Solecismo→ ocorre quando há desvios de sintaxe quanto à


concordância, à regência ou colocação pronominal.
- Faltou muitos alunos no dia do jogo da Seleção Brasileira.
(faltaram) – concordância.
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Produção de Texto
UNIDADE 2: Variedades Linguísticas

- Assisti o jogo da Seleção Brasileira na casa de um amigo. (ao


jogo) – regência.
- Bebeu tanto que não sustentava-se em pé. (não se sustentava)
colocação pronominal.
● Pleonasmo vicioso → é a repetição desnecessária de palavras ou
expressões que não acrescentam nada ao que já foi dito, como subir para cima,
descer para baixo e outros.

Referências bibliográficas

ASSARÉ. Patativa. Antologia Poética. Edições Demócrito Rocha. Fortaleza.


2010.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Brasília.
MEC/SEF 1997.
CEREJA. William Roberto; MAGALHÃES Thereza Cochar. Português
Linguagens. São Paulo. Saraiva. 2010.
FARACO & MOURA. Gramática. São Paulo. Ática. 2000.
GIACOMOZZI. G.; VALERIO. G.; FENGA. C. R. Estudos de Gramática. São
Paulo: FTD.
1999.
INFANTE, Ulisses. Curso de Gramática Aplicada aos Textos. São Paulo.
Scipione. 1995.
PASCHOALI, Maria Aparecida. Gramática: teoria e exercícios. São Paulo.
FTD.1989.
PRETI, Dino. Sociolinguística: os níveis da fala. São Paulo. Edusp. 1994.
QUINO.Toda Mafalda da primeira à última tira. São Paulo: Martins Fontes. 2009.
VANOYE. Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral
e escrita. São Paulo. Martins Fontes. 1987.

LUFT. Lia. Veja. 14 de julho. 2004

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Produção de Texto
UNIDADE 3: Semântica: O Significado das Palavras

Unidade 3: SEMÂNTICA: O SIGNIFICADO DAS


PALAVRAS

Objetivo:
Conhecer o significado das palavras e as figuras de linguagem

1. Semântica

Para CÂMARA. JR.(1997) Semântica é o “Estudo da significação das


formas linguísticas”. Em outras palavras, semântica é a parte da gramática que
estuda os aspectos relacionados ao sentido das palavras, frases e textos de uma
língua. Cabe à semântica analisar se uma palavra é ou não adequada em
determinado contexto. A semântica estuda, também, os sinônimos,
antônimos, homônimos, parônimos e as palavras polissêmicas.

2. Sinônimos e antônimos

Sinônimos (Sinonímia) → são palavras que têm significados iguais ou


semelhantes, podendo uma substituir a outra em determinados contexto.

● casa / lar
● morrer / falecer
● rápido / veloz
● triste / melancólico
● ratificar / confirmar

Antônimos (Antonímia) → são palavras que têm significados opostos,


diferentes.
● amor / ódio
● calor / frio
● claro / escuro

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Produção de Texto
UNIDADE 3: Semântica: O Significado das Palavras

● condenar / absolver

3. Homônimos e parônimos

Homônimos → são palavras que têm a mesma pronúncia, às vezes a


mesma grafia, mas significados diferentes.
Quadro com a lista de alguns homônimos.

Acender: pôr fogo, iluminar Incerto: duvidoso


Ascender: subir Inserto: inserido, incluso.

Acento: sinal gráfico Incipiente: principiante


Assento: lugar de sentar-se Insipiente: ignorante

Apreçar: ajustar o preço Paço: palácio


Apressar: tornar rápido Passo: movimento dos pés

Poceiro: que cava poços


Caçar: perseguir animais
Posseiro: que se apossa
Cassar: tornar sem efeito, anular
.

Remição: resgate
Censo: recenseamento
Remissão: perdão.
Senso: entendimento, juízo

Cessão: ato de ceder Reacender: tornar a acender


Seção: divisão, repartição Reascender: ascender de novo
Sessão: tempo de uma reunião

Cerrar: fechar Ruço: grisalho, desbotado.


Serrar: cortar Russo: da Rússia

Concerto: sessão musical Tenção: propósito


Conserto: reparo Tensão: expansão

Empoçar: formar poça Tacha: pequeno prego.


Empossar: tomar posse Taxa: tributo

Espiar: observar Tachar: censurar, notar defeito.


Expiar: pagar pena Taxar: estabelecer preço ou
imposto.

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Produção de Texto
UNIDADE 3: Semântica: O Significado das Palavras

Espectador: aquele que assiste Trás: parte posterior.


Expectador: aquele que tem Traz: verbo, ele traz.
esperança, que espera.

Parônimos→ são palavras que têm significados diferentes, mas que são
muito parecidas na pronúncia e na escrita.
Quadro com a lista de alguns parônimos.

Absolver: perdoar, inocentar.


Emigrar: deixar o país e ir para
Absorver: aspirar, sorver.
outro.
Imigrar: entrar em um país estranho.

Aprender: tomar conhecimento Eminente: excelente, nobre.


Apreender: assimilar, entender. Iminente: prestes a acontecer.

Arrear: colocar arreios.


Arriar: abaixar, descer. Fragrante: perfumado
Flagrante: evidente

Ascensão: subida Florescente: florido, que floresce.


Assunção: elevação a um Fluorescente: luminoso, que tem
cargo. flúor.

Bocal: embocadura, abertura. Fuzil: carabina


Bucal: relativo à boca. Fusível: dispositivo de circuitos

Cavalheiro: homem educado Inflação: alta dos preços.


Cavaleiro: quem anda a cavalo Infração: transgressão, violação.

Comprimento: extensão Infligir: aplicar pena ou castigo.


Cumprimento: saudação Infringir: violar, desrespeitar.

Comprido: longo Informar: avisar


Cumprido: executado Enformar: colocar em forma.

Delatar: denunciar. Intercessão: rogo, súplica.


Dilatar: alargar, aumentar. Interseção ou intersecção: ponto
de encontro de duas linhas.

Diferir: adiar, ser diferente. Invicto: sempre vitorioso


Deferir: atender, conceder. Invito: contrariado, forçado.

Descrição: ato de descrever Mandado: ordem judicial


Discrição: prudência, reserva Mandato: procuração
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Produção de Texto
UNIDADE 3: Semântica: O Significado das Palavras

Discente: relativo a alunos Ratificar: confirmar


Docente: relativo a professores Retificar: corrigir

Emergir: vir à tona Soar: produzir som


Imergir: mergulhar Suar: transpirar
Emigrante: aquele que deixa o
país para morar em outro. Tráfego: trânsito
Imigrante: aquele que entra para Tráfico: comércio ilegal
morar em um país estranho.

Palavras polissêmicas → são aquelas que podem ter mais de um significado.


Exemplos:
● As mangas estão muito maduras, por isso, caem da árvore.
● A manga da camisa estava suja de tinta.
● Nenhum cidadão deve abrir mão de seus direitos.
● A rua não dava mão para o parque.
● A palavra final está nas mãos do professor.
● Comprei três cabeças de alho.
● O cabeça do grupo não assumiu a culpa pela bagunça.

4. Sentido figurado: denotação e conotação

Denotação→ quando uma palavra é empregada no seu sentido real,


comum, literal. É usada na linguagem científica, informativa, sem
preocupação.
Conotação → quando a palavra assume um sentido fora do costumeiro,
um sentido figurado, poético. A conotação é muito usada na linguagem
literária.

● Cursos de mergulho ● Mergulho na História.

Denotação Conotação

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UNIDADE 3: Semântica: O Significado das Palavras

O sentido denotativo ou conotativo depende muito do contexto. São os


elementos do texto ou da frase que esclarecem o sentido de uma palavra.

Denotação Conotação
Meu coração amanheceu
Coração órgão muscular oco, que recebe Pegando fogo, fogo, fogo
o sangue das veias e o impulsiona para Foi uma morena que passou
artérias. Perto de mim
(Minidicionário Houaiss da Língua E que me deixou assim.
Portuguesa, organizado pelo Instituto (José Maria de Abreu e Francisco
Antônio Houaiss). Matoso)

Linguagem científica, objetiva. Linguagem literária, subjetiva.


Denotativa. Conotativa.
Sentido real Sentido figurado

5. Figuras de linguagem

As figuras de linguagem ou estilo são recursos linguísticos usados para


valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva.
As figuras de linguagem servem exatamente para expressar aquilo que
a linguagem comum, falada, escrita e aceita por todos não consegue
expressar satisfatoriamente. São uma forma de o homem assimilar e
expressar experiências diferentes, desconhecidas, novas. Por isso, elas
revelam muito da sensibilidade de quem as produz, da forma como cada
indivíduo encara as suas experiências no mundo. (GUIMARAES &
LESSA. 1988.p.2)

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Produção de Texto
UNIDADE 3: Semântica: O Significado das Palavras

● A menina parece uma fada.


Comparação
● Aquele homem é esperto
como uma raposa.

● Meu verso é sangue.


Metáfora ● Isto é um abacaxi.
●Coração de pedra.

● Beber uma Coca-cola


Metonímia
AS FIGURAS DE (refrigerante)
LINGUAGEM MAIS ● Comprar um Nike (tênis)
UTILIZADAS NO DIA
A DIA Antítese ● Céu / inferno
● Branco / preto
● Morte / vida

● O pé da mesa está
quebrado.
Catacrese ● A asa da xícara quebrou-se.
● Compre um dente de alho

● Subir para cima.


Pleonasmo ● Descer para baixo.
● Olhar com os próprios olhos.

● Derramou rios de lágrimas.


● Estava morrendo de fome.
Hipérbole

Eufemismo ● Alguns deputados se


apropriaram do dinheiro
destinado à educação.

Comparação→ consiste em aproximar dois seres em razão de alguma


semelhança existente entre eles, ligados por conectivos comparativos explícitos:
feito, assim como, tal, como, tal qual, qual, que nem e alguns verbos — parecer
e assemelhar-se.
● Flutuou no ar como se fosse um príncipe.
● Aquele homem é forte como um leão.

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UNIDADE 3: Semântica: O Significado das Palavras

Metáfora→ consiste no emprego de uma palavra com sentido que não


lhe é comum ou próprio, sendo esse novo sentido resultante de uma relação de
semelhança, de intersecção entre dois termos. Pode ser entendida como uma
comparação abreviada, em que o conectivo não está expresso, mas
subentendido.
● A menina é um anjo.
● A vida é um incêndio!

Metonímia→ consiste na substituição de uma palavra por outra,


havendo entre ambas algum grau de semelhança, relação, proximidade de
sentido ou implicação mútua. Há metonímia quando se emprega:

o autor pela obra.


● Gosto muito de ler William Shakespeare (a obra)

a marca pelo produto


● Para dar brilho, use Bombril. (palha de aço)

a parte pelo todo


● Nunca tive um teto. (teto= parte da casa)
o continente pelo conteúdo
● A era tamanha que o homem comeu todo o prato de arroz.
(continente= todo o prato; conteúdo= arroz)

o abstrato pelo concreto


● A juventude é corajosa e nem sempre consequente.
(juventude = jovens)

o efeito pela causa


● Construiu a casa com o suor do seu trabalho.
(suor = trabalho)

Antítese→ ocorre antítese quando há aproximação de palavras ou


expressões de sentidos opostos.
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UNIDADE 3: Semântica: O Significado das Palavras

● Tristeza não tem fim,


Felicidade sim... (Vinicius de Moraes)

Catacrese→ é o emprego de um termo figurado por falta de um


específico para dar nome a determinadas coisas que necessitam
de designação.

Exemplos de catacrese

● folhas de papel ● céu da boca


● dente de alho ● asa da xícara
● pé da mesa ●embarcar no trem
● manga da camisa ●casa do botão
● bala de revólver ● menina dos olhos

Pleonasmo → é a repetição de uma palavra ou de uma ideia para reforçar


o significado.
● “Morrerás morte vil na mão de um forte”. (Gonçalves Dias)
● “Meus pobres sonhos que sonhei, já tão sonhados”
(Aplponsus Guimarães)
● Entre pra dentro, menino!

Hipérbole → quando há exagero de uma expressão para realçar uma


ideia, chamar a atenção.
● Estou esperando há séculos!
● Ganhou rios de dinheiro
● Já o avisei mil vezes

Eufemismo → consiste no emprego de palavras ou expressões suaves


no lugar de expressões rudes desagradáveis, chocantes.

● O funcionário faltou com a verdade. (mentiu)

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Produção de Texto
UNIDADE 3: Semântica: O Significado das Palavras

● o homem passou desta para melhor. (morreu)

Referências bibliográficas

HOUAIS. Antônio. Dicionário Houais da Língua portuguesa. Rio de Janeiro.


Objetiva. 200.
GIACOMOZZI. G.; VALERIO. G.; FENGA. C. R. Estudos de Gramática. São
Paulo: FTD. 1999.
GUIMARÃES. Hélio Seixas & LESSA. Ana Cecília. Figuras de Linguagem. São
Paulo. Atual.1988.
CAMARA Junior, Joaquim Matoso. Dicionário de Linguística e Gramática.
Petrópolis. Vozes.1997.
________________________ Manual de Expressão Oral & Escrita. Petrópolis.
Vozes. 1998.
NETO.Pasquale.Cipro & INFANTE.Ulisses.Gramática da Língua Portuguesa.
São Paulo. Scipione. 2004.
PASCHOALI, Maria Aparecida. Gramática: teoria e exercícios. São Paulo. FTD.
1989.
TUFANO. Douglas. Guia Prático da Nova Ortografia. São Paulo. Melhoramentos.
2009.
ANGELO. Ivan. Vejinha. 13 de junho. 2012.
MILLÔR. Fernandes. Veja. 11 de outubro. 2006.
Mega Letronix Recreio. Morfologia – Parônimos e Homônimos In: Como se
escreve? Ed. Abril
Coleção temas de Língua Portuguesa.

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Produção de Texto
UNIDADE 4: Práticas de Leitura

Unidade 4: PRÁTICAS DE LEITURA

Objetivos:
Incentivar o hábito da leitura de texto de circulação social; conhecer algumas
estratégias de leitura e entender os aspectos que norteiam uma leitura
competente.

A leitura é essencial à formação do aluno, pois um leitor assíduo pode


se tornar uma pessoa bem informada, com senso crítico e, ainda, aumentar seu
potencial de crescimento, indispensável à sua formação e inserção social. Nessa
perspectiva, o papel da escola é propiciar, desde cedo, ao aluno a dinamização
da leitura, estimular o interesse e, sobretudo, enfocar a importância como fonte
de prazer. No entanto, o que se constata é que uma grande maioria dos alunos
que conclui o Ensino Médio tem muitas dificuldades para ler e interpretar textos
literários e de circulação social. Dessa forma é importante destacar a definição
de leitura, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:

A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção


do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do conhecimento sobre o
assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do
gênero, do portador, do sistema de escrita etc. Não se trata simplesmente de
‘extrair’ informação da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por
palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão.
Qualquer leitor experiente que conseguir analisar sua própria leitura constatará
que a decodificação é apenas um dos procedimentos que utiliza quando lê: a
leitura fluente envolve uma série de outras estratégias como seleção,
antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível rapidez e
proficiência. É o uso de procedimentos desse tipo que permite controlar o que
vai sendo lido, tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, arriscar-
se diante do desconhecido, buscar no texto a comprovação das suposições
feitas etc. (Parâmetros Curriculares. 1997 p.41)

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UNIDADE 4: Práticas de Leitura

(Quino.Toda Mafalda da primeira à última tira. São Paulo: Martins Fontes. 2009. p.71 )

1. Ato de ler

Considerando que a leitura é um assunto que vem sendo muito discutido


por educadores, ultimamente, pelo fato de muitos alunos não desenvolverem o
hábito de ler, faz-se necessário, entender o ato de ler.
Maria Helena Martins (1982) em seu livro “O que é leitura”,comenta “o ato
de ler é usualmente relacionado com a escrita, e o leitor visto como decodificador
da letra”. Já para INFANTE (1998) “O ato de ler é geralmente interpretado como
a decodificação daquilo que está escrito. Dessa forma, saber ler consiste num
conhecimento baseado principalmente na habilidade de memorizar
determinados sinais gráficos (as letras)”.
Assim, à medida que o leitor vai dominando esse ato, a leitura passa a ser
um processo mecânico, logo, torna-se mais dinâmica e passa a fazer parte de
seu universo. A decodificação é o primeiro passo para se compreender o que se
lê, porém a atividade de leitura não se resume apenas na interpretação de
símbolos, mas implica em saber fazer relações com o que está ao redor, com o
mundo. Lembrando Paulo Freire, em seu livro “A importância do ato de ler: em
três artigos que se completam”, “A compreensão do texto a ser alcançada por
sua leitura crítica implica a percepção das relações entre texto e contexto”.
Portanto, memorizar informações encontradas em um texto, não é suficiente
para transformá-las em conhecimento, pois, logo serão esquecidas. É preciso
que a prática da leitura seja encarada de forma mais dinâmica no processo de
obter e ampliar conhecimentos para que se tenha uma visão crítica do mundo.

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Produção de Texto
UNIDADE 4: Práticas de Leitura

Com relação à “decodificação de letras”, Paulo Freire vai mais longe, para
o autor.

[...] dizer algo em que me inseri enquanto ia escrevendo este texto que
agora leio, processo que envolvia uma compreensão critica do ato de ler,
que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da
linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do
mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a
posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura
daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. (FREIRE.
1986. p.9)

Dessa forma, abordagem de Freire acerca do ato de ler, mostra que


fazer uma leitura somente da palavra sem ter a compreensão de mundo é
decodificação o que não confere valor à “a importância do ato de ler”, a qual só
tem significado quando se lê a palavra de forma crítica. O autor explica o fato de
que ele primeiro aprendeu a ler o mundo, depois veio a leitura da palavra. O
conhecimento de mundo se deu por meio do contato com os mais velhos e
também com uma “série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu
ia aprendendo no meu trato com eles nas minhas relações com meus irmãos
mais velhos e com meus pais”. Essa experiência de Freire vai ao encontro da
proposta de se alfabetizar letrando visto que a criança quando chega à escola já
tem um conhecimento prévio de mundo, em virtude das experiências vivenciadas
com os adultos também porque desde cedo tem contato com um mundo letrado.

2. Tipos de leitura

● Entretenimento → esse tipo de leitura visa apenas ao divertimento,


passatempo, lazer, sem maiores preocupações com o saber.
● Cultura geral → tem como objetivo tomar conhecimento, de modo geral,
do que ocorre no mundo, mas sem grande profundidade. Engloba trabalhos de
divulgação, ou seja, livros, revistas, jornais nacionais ou estrangeiros, fontes de
importantes informações
● Aproveitamento → o objetivo é aprender algo de novo ou aprofundar
conhecimentos anteriores. Exigindo do leitor mais atenção e concentração. Essa
espécie de leitura deve ser efetuada em livros e revistas especializadas.

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UNIDADE 4: Práticas de Leitura

3. Leitura proveitosa

Para que tenha um resultado satisfatório, algumas considerações devem ser


levadas em conta:

● Atenção — aplicação cuidadosa da mente ou espírito em determinado objeto,


para haver entendimento, assimilação e apreensão dos conteúdos básicos
encontrados

● Intenção — interesse ou propósito de conseguir algum proveito intelectual por


meio da leitura.

● Reflexão — consideração e ponderação sobre o que se lê, observando todos


os aspectos, tentando descobrir novos pontos de vista, novas perspectivas e
ralações.

● Espírito crítico — avaliação de um texto, implica julgamento, comparação,


aprovação ou não, aceitação ou refutamento das colocações e pontos de vista.

Comportamentos que devem ser evitados durante o momento da leitura


● Dispersão — falta de concentração, deixando a imaginação divagar de um
lado para outro
● Inconstância — o trabalho intelectual, sem a devida perseverança, não atinge
o objetivo, não chega a nada concreto.
● Passividade — a leitura passiva, sem trabalho da mente, sem raciocínio,
reflexão, discussão, impede o verdadeiro progresso intelectual.

● Preguiça — em procurar informações desconhecidas contidas no texto.

4. Estratégias de leitura

Qualquer tipo de leitura exige uma compreensão abrangente do texto e


mobiliza, além do sentimento, as capacidades racionais do leitor, como, por

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UNIDADE 4: Práticas de Leitura

exemplo, a capacidade de analisar o próprio texto, separar as suas partes,


estabelecer relações entre elas e outros textos, sintetizar as ideias do autor etc.
As estratégias de leitura constituem-se em recursos utilizados pelo leitor para
facilitar a compreensão dos dados informativos de um texto. Assim, os
procedimentos adotados por cada um se diferenciam, uma vez que nem todos
assimilam conhecimento da mesma forma.
Algumas pessoas encontram dificuldades em ler, pois, acham cansativo e
monótono. Isso ocorre porque, na maioria das vezes, o indivíduo não encontrou
um meio estratégico para promover sua leitura de maneira prática.

Assim, para entender melhor um texto, algumas perguntas podem ser


feitas:
● De que trata, em geral, o texto?
● Qual é o seu tema?
● Qual é a ideia implícita no título?
● Quais são as principais ideias do texto?
● A qual gênero textual pertence o texto?
● Quais informações históricas o texto traz?
● Os elementos linguísticos facilitam ou dificultam a compreensão do
texto?

Então, vejamos outras táticas de leitura que podem despertar interesse e


servem como incentivo à leitura.
● Leitura em voz alta → enquanto lê em voz alta, a concentração é
facilitada, já que a leitura silenciosa pode sofrer interferências de pensamentos
alheios ao assunto tratado no texto
● Exposição de pensamentos → é quando o leitor expõe, verbaliza o
que está pensando a respeito do que lê. Esta prática desperta o interesse da
pessoa por aquela leitura sem que perceba.
● Identificação das ideias principais → o leitor identifica os elementos
mais importantes da narrativa: os verbos, as personagens, as características e
qualidades principais. Qual o objetivo do texto? E para qual tipo de leitor? Qual

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UNIDADE 4: Práticas de Leitura

o posicionamento do autor: a favor ou contra? Perguntas como estas são feitas


e respondidas pelo próprio leitor depois de analisadas novamente no texto.
● Representação visual dos acontecimentos → à medida que lê, o
indivíduo faz reproduções mentais acerca dos fatos.
● Antecipação das informações → diz respeito ao conhecimento prévio
que o leitor possui a respeito do que lê. Assim, enquanto faz a leitura vai se
lembrando do que já sabe sobre o tema abordado e presumindo o que virá a
seguir.
● Questionário → fazer perguntas sobre o texto torna a leitura mais fácil
para algumas pessoas. Trata-se de elaborar um questionário o qual é respondido
pelo próprio leitor.
● Resumo → fazer uma síntese do texto à medida que lê. A cada período
mais importante faz uma seleção das ideias principais.
Dessa forma, uma leitura correta facilita a compreensão do texto. De fato,
pode-se afirmar que o grau de compreensão do texto depende em boa parte do
próprio processo de leitura.

As formas de leitura que se podem realizar e o tipo de informação que se


pode obter de cada uma delas são as seguintes:
● Leitura seletiva → permite ao leitor buscar no texto uma informação
pontual pela qual tem interesse especial.
● Leitura superficial → ajuda a averiguar o tema e os aspectos mais
destacados apresentados no texto.
● Leitura atenta → mostra quais são as principais ideias do texto e qual
é a intenção do autor.
● Leitura em profundidade → permite reconhecer as relações que se
estabelecem entre as ideias e compreender qual é a ideia global que se
destaca no texto.

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Produção de Texto
UNIDADE 4: Práticas de Leitura

5. Níveis de leitura

A leitura crítica comporta, assim, uma subdivisão em níveis, que


constituem etapas de aprofundamento da leitura: denotação, interpretação,
crítica e problematização.

I – DENOTAÇÃO → Visa à compreensão do sentido mais literal, direto e


superficial do texto e envolve as seguintes etapas:

— Levantamento de informações como:


● Vocabulário: buscar no dicionário o significado das palavras
desconhecidas ou cujo sentido não tenha ficado claro
● Dados sobre o autor: situação histórica e finalidade para a qual o
texto foi escrito além de pesquisar outras.
.
— Procura da ideia principal do texto, respondendo à pergunta:
Qual é o assunto discutido no texto?

— Análise do raciocínio do autor:


● Como o autor trata a ideia central do texto? De onde ele começa e
quais as ideias, argumentos e fatos que usa para sustentar seu raciocínio?
A que conclusão ele chega?

II – INTERPRETAÇÃO → Procura os significados não explícitos,


escondidos, ou seja, os significados conotativos ou figurados. Pergunta-se: O
que o autor quer mostrar ou demonstrar com esse texto? Como as ideias
apresentadas e o ponto de vista assumido se ligam no texto à época da
produção?

III – ANÁLISE CRÍTICA → Não deve ser baseada no gosto e na opinião


individual, subjetiva, mas aquela que surge do entendimento da proposta do
próprio texto.

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Produção de Texto
UNIDADE 4: Práticas de Leitura

Pode-se verificar, se o autor atinge ou não os objetivos a que se propõe, se


é claro, coerente, se sua visão é original e traz alguma contribuição para o
assunto abordado.

IV – PROBLEMATIZAÇÃO → Nesse nível, distancia-se do texto e pensa-


se em assuntos ou problemas que, embora levantados a partir da leitura
cuidadosa, vão além dele. É quando, pergunta-se: Naquela época ou sociedade,
era assim; e hoje como é? Ao problematizar, indaga-se sobre possibilidades e
exercita-se a imaginação, a coerência, o raciocínio.

Referências bibliográficas

ARANHA. Lúcia de Arruda. & MARTINS. Maria Helena Pires.Temas de Filosofia.


Moderna. São Paulo. 1998.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Brasília.
MEC/SEF 1997.

FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e
redação. São Paulo: Ática, 1995.

FREIRE. Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam.


São Paulo. Cortez. 1989.

MARTINS. Maria Helena. O que é leitura. São Paulo. Brasiliense. 1988.

KLEIMAN, Ângela. Oficina de Leitura: teoria e prática. Pontes. Campinas.1995.


SOLÉ. Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre. ArtMed.1998.
TUFANO. Douglas. Guia Prático da Nova Ortografia. São Paulo. Melhoramentos.
2009.

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UNIDADE 5: Elaboração de Parágrafo

Unidade 5: ELABORAÇÃO DE PARÁGRAFO

Objetivos:
Desenvolver habilidades de escrita formal visando à elaboração de parágrafos
coesos e coerentes na construção de textos argumentativos.

1. Parágrafo

Na construção do texto dissertativo, cada parágrafo deve ser organizado


e ordenado em torno de uma ideia principal. De acordo com GARCIA (1988), “O
parágrafo é uma unidade de composição constituída por um ou mais período,
em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam
outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente
decorrentes dela”. Dessa forma, o parágrafo pode ser considerado como uma
unidade de texto tamanho variável em que a partir de uma ideia principal,
desenvolvem-se ideias secundárias relacionadas entre si. Ainda, segundo o
autor, o parágrafo é

Indicado materialmente na página impressa ou manuscrita por um ligeiro


afastamento da margem esquerda da folha, o parágrafo facilita ao
escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as ideias
principais da sua composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o
desenvolvimento nos seus diferentes estágios. (GARCIA. 1988.p.204)

2. Parágrafo-padrão

Othon Garcia também define parágrafo-padrão


Em geral, o parágrafo-padrão, aquele de estrutura mais comum e mais
eficaz, — o que justifica seja ensinado aos participantes —, consta,
sobretudo na dissertação e na descrição, de duas e, ocasionalmente, de
três partes: a introdução, representada na maioria dos casos por um ou
dois períodos curtos iniciais, em que se expressa de maneira sumaria e
sucinta a ideia-núcleo (é o que passaremos a chamar daqui por diante
de tópico frasal); o desenvolvimento, isto é, a explanação mesma
dessa ideia-núcleo; e a conclusão, mais rara, mormente nos parágrafos
pouco extensos ou naqueles em que a ideia central não apresenta maior
complexidade. (p.206)

Dessa forma, o parágrafo-padrão compõe-se de:

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UNIDADE 5: Elaboração de Parágrafo

— tópico frasal ou frase núcleo: contém a síntese da ideia central de


todo o parágrafo;
— frases de desenvolvimento: são utilizadas para comentar,
exemplificar, desenvolver, ampliar o tópico frasal;
— frases de conclusão: são utilizadas para concluir o parágrafo.

Com relação ao tamanho do parágrafo, Luiz Carlos Figueiredo sugere


O tamanho do parágrafo varia de acordo com as circunstâncias: um texto
é formado por parágrafos curtos, longos ou intermediários, dependendo
da ideia central desenvolvida pelo escritor, da audiência do escritor (os
leitores) e do veículo onde vai ser publicado o texto. Em resumo, o texto
é formado de parágrafos ou raciocínios progressivos. Cada parágrafo
possui a ideia central ao redor da qual giram ideias complementares. Na
construção do parágrafo-padrão, o escritor deve observar: a organização
das ideias; as qualidades na composição das ideias (unidade, coerência
e consistência); os diferentes tipos de desenvolvimento das ideias; o
relacionamento entre os parágrafos (coesão): e, finalmente, o espaço a
ser ocupado pelo bloco de ideias (FIGUEIREDO. 1997. p. 14)

Assim, a mudança de parágrafo, depende muito do estilo do escritor


e do tipo de texto elaborado, ou seja, narrativo, descritivo ou dissertativo.

Parágrafo narrativo → apresenta uma sequência de fatos, um


encadeamento das ações de personagens registradas por meio de verbos
de ação.

Parágrafo descritivo → apresenta aspectos gerais (visão global)


ou particulares, chamando a atenção sobre detalhes. E, ainda, a adjetivação
assume importância para retratar qualidades, defeitos, cores, enfim, as
características do que está sendo descrito. Os verbos de ligação (ser, estar,
parecer, continuar, permanecer e outros) também marcam sua presença.

Parágrafo dissertativo → apresenta uma exposição de ideias,


opiniões, ponto de vista, juízos, exemplificação, justificativas, acerca de
determinado assunto com o objetivo de convencer o leitor. O encadeamento das
ideias nos parágrafos é obtido por meio dos elementos de coesão como as
conjunções, os advérbios, preposições e as palavras ou expressões denotativas.

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Produção de Texto
UNIDADE 5: Elaboração de Parágrafo

3. Tópico frasal

Tópico frasal consiste em um período composto de uma ou duas


orações, com extensão curta ou moderada, responsável por apresentar a ideia-
núcleo do parágrafo. Em outras palavras, a ideia central do parágrafo é
enunciada pelo tópico frasal que é considerado o período mestre que contém a
palavra-chave. GARCIA (1988) “Constituído habitualmente por um ou dois
períodos curtos iniciais, o tópico frasal encerra de modo geral e conciso a ideia-
núcleo do parágrafo. É uma generalização, em que se expressa opinião pessoal,
um juízo, se define ou se declara alguma coisa”. Geralmente, vem sempre no
começo do parágrafo, seguida das ideias secundárias que explicam ou detalham
a ideia central.

No parágrafo abaixo, observe os elementos em destaque:

Tópico frasal

A ciência abre portas para o desconhecido, para o que nos foge


aos sentidos. Aquilo que não vemos ou ouvimos é tão real
quanto o que percebemos. Usamos instrumentos variados para
amplificar nossa percepção da realidade, mesmo sabendo que
nossa visão será sempre limitada: qualquer microscópio,
telescópio ou detector tem alcance e precisão determinados
pelo estado da tecnologia. É claro que um telescópio do século
19 não pode competir com os telescópios mais avançados de Conclusão
hoje. Com isso, o que captamos da realidade depende de forma
essencial daquilo que nossos instrumentos nos permitem ver.
(Gleiser. Marcelo. Jornal Folha de São Paulo. 2014)

Inicialmente, o autor apresenta a ideia principal (tópico frasal): “A


ciência abre portas para o desconhecido, para o que nos foge aos sentidos”. A
partir da segunda oração (”Aquilo que não vemos ou ouvimos é tão real quanto
o que percebemos” até “É claro que um telescópio do século 19 não pode
competir com os telescópios mais avançados de hoje”.), temos o

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Produção de Texto
UNIDADE 5: Elaboração de Parágrafo

desenvolvimento do tópico frasal, e, finalmente, a conclusão: “Com isso, o que


captamos da realidade depende de forma essencial daquilo que nossos
instrumentos nos permitem ver”.
Certamente, que nem todos os parágrafos apresentam essa estrutura, por
exemplo, em parágrafos curtos e médios, cuja ideia central não apresenta tanta
complexidade, a conclusão nem sempre aparece.

4. Desenvolvendo o tópico frasal

Como o tópico frasal é constituído por um ou dois períodos iniciais e


para que haja discussão da ideia principal, é preciso que ele seja desenvolvido,
dessa forma, o parágrafo atinge o objetivo desejado. Algumas formas de
desenvolver o tópico frasal:

● Desenvolvimento por confronto de ideias → consiste no


desenvolvimento do tópico frasal, estabelecendo um confronto entre duas ideias,
dois fatos etc.

“O objetivo do manual de redação para o Enem é fornecer


meios para o aluno confeccionar um bom texto. De um lado, há o
texto mal escrito, sem conteúdo e estrutura, que pouca nota consegue
durante a correção. Do outro lado, existe o texto exemplar, bom, escrito
com estrutura coesa e coerente, capaz de atingir boas notas na correção
e garantir uma média satisfatória”. (OLIVEIRA; PRETE. Superguia do
Enem. p.76)

● Desenvolvimento por análise → divisão do todo em partes.

Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de


comunicação: informar, divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz
respeito à difusão de noticias e comentários sobre a realidade. A
segunda atende à procura de distração, de evasão, de divertimento por
parte do público. A terceira procura persuadir o indivíduo, convencê-lo a
adquirir certo produto. A quarta é realizada de modo intencional ou não,
por meio de material que contribui para a formação do indivíduo ou para
ampliar seu acervo de conhecimentos. (Samuel P. Neto, adaptado)

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UNIDADE 5: Elaboração de Parágrafo

● Desenvolvimento por exemplificação → consiste em esclarecer o que


foi afirmado no tópico frasal, citando exemplos.

Temos três ferramentas: a lei, os incentivos econômicos e os


valores. Individualmente, funcionam em alguns casos e falham em
outros. No fundo, a boa receita requer invenção e inteligência para
combinar o seu uso. Em conjunto, seu poder de fogo é amplamente
maior. É a tal sinergia. Proibir bolsinhas plásticas em Belo Horizonte teria
sido mais uma lei que não colaria. Mas colou, porque foi precedida de
um movimento popular que mostrou os seus inconvenientes ecológicos.
(CASTRO. Cláudio de Moura. Veja 2012. P. 24 - O Caminho da
Sustentabilidade)

● Desenvolvimento por comparação → quando o tópico frasal é


desenvolvido por meio de comparações.

O objetivo do manual de redação para o Enem é fornecer


meios para o aluno confeccionar um bom texto. Assim como o
manual que ensina a montar um aparelho eletrônico este visa a fornecer
o passo a passo necessário para a elaboração de um bom texto
dissertativo-argumentativo, capaz de tirar boas notas durante a correção
e, assim, possibilitar ao aluno a conquista da tão sonhada vaga na
universidade.
(OLIVEIRA; PRETE. Superguia do Enem. p. 76)

Referências bibliográficas

FIGUEIREDO. Luiz Carlos. A Redação pelo parágrafo. Brasília. UNB. 1995


FIORIN. Jose Luiz; SAVIOLI. Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação.
São Paulo. Ática. 2001.
GARCIA. Othan Moacyr. Comunicação em prosa moderna: aprender a escrever,
aprendendo a pensar. Rio de Janeiro. Fundação Getúlio Vargas. 1988
OLIVEIRA Maria Luiza Silva Hastenreiter; PRETE. Mairus. Superguia do Enem:
Português e Redação. Bauru. Alto Astral. 2014
SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação: Escrevendo com prática. São Paulo: Iglu,
1997.

VIANA. Antônio Carlos (org) ; VALENÇA. Ana; CARDOSO. Denise Porto;


MACHADO. Sônia Maria. Roteiro de Redação – lendo e argumentando. São
Paulo. Scipione, 2004.

Página 37

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Produção de Texto
UNIDADE 5: Elaboração de Parágrafo

TUFANO. Douglas. Guia Prático da Nova Ortografia. São Paulo. Melhoramentos.


2009

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Produção de Texto
UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

Unidade 6: CONSIDERAÇÕES SOBRE TEXTO

Objetivos:
Levar o aluno a compreensão do conceito do texto; esclarecer que o texto não
é um amontoado de frases soltas.

1. Texto

No ambiente escolar, não é difícil encontrar alunos que não gostam de


escrever ou que encontram dificuldades para desenvolver um texto coeso e
coerente. Para alguns, o ato de escrever parece fácil, já para outros, é uma
tortura. Talvez, as dificuldades que muitos encontram para a produção de texto,
devem-se à falta de leitura ou até mesmo uma leitura de fragmentos do texto,
quando buscam entender apenas partes isoladas as quais, sem relação com as
demais ̶ com o texto ̶ , levam o aluno a conclusões precipitadas ou até mesmo
erradas a respeito do sentido do texto.
A Linguística Textual considera a linguagem o principal meio de
comunicação social do ser humano, logo, seu produto concreto, o texto, de certa
forma, se reveste dessa característica visto que é por meio dele que o emissor
transmite uma mensagem a um receptor.
Vejamos, então, algumas considerações acerca de texto, o Dicionário
Etimológico Nova Fronteira traz a seguinte definição: “texto são as palavras de
um autor, livro ou escrito. Do latim textum, significa ‘entrelaçamento, tecido,
contextura’ (de uma obra)"
Platão & Fiorin (2001) definindo as propriedades de um texto, apontam
que um texto tem coerência de sentido, por isso, não pode ser um amontoado
de frases soltas, ou seja, nele, as frases não estão simplesmente dispostas umas
após as outras, ao contrário, estão relacionadas entre si. Assim, no texto, o
sentido de uma frase depende do sentido das demais com que se relaciona.
Logo, um texto é um todo organizado de sentido, podendo ser verbal (um
romance), visual (uma imagem) e ainda, verbal e visual (um filme). Por ser
produzido por um sujeito, num determinado tempo e espaço, todo texto tem um

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Produção de Texto
UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

caráter histórico por revelar os ideais de um grupo social em uma determinada


época.

KOCH & TRAVAGLIA consideram que


O texto será entendido como uma unidade linguística concreta
(perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários
da língua (falante, escritor / ouvinte, leitor), em uma situação de
interação comunicativa específica, como uma unidade de
sentido e como preenchendo uma função comunicativa
reconhecível e reconhecida, independentemente de sua
extensão. (KOCH & TRVAGLIA, 1989, p.8)

O sentido de qualquer parte de um texto é dado pelo contexto. Para


entender melhor um texto, deve-se fazer uma leitura considerando o contexto.
Segundo alguns autores, contexto é uma unidade maior em que uma unidade
menor está inserida. Para KOCH (2002) “As concepções de contexto variam
consideravelmente não só no tempo, como de um autor a outro; e ocorre mesmo
que o autor utilize o tempo de maneira diferente, em vários momentos, sem disso
dar conta”

PALAVRA FRASE

CAPÍTULO LIVRO

O texto é dividido em parágrafos curtos, médios e longos. Portanto,


parágrafos são as partes de um texto que agrupam as ideias. A marcação do
inicio do parágrafo é feita por meio do afastamento em relação à margem
esquerda do texto.

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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

2. Texto verbal, não verbal e misto

O texto também pode ser entendido como tudo aquilo que se expressa por
meio de uma linguagem. Dessa forma, há textos verbais, textos não verbais e
mistos.

Texto Verbal

TEXTO
Texto não verbal

Texto Misto

TEXTO VERBAL → aquele constituído por palavras e utiliza a língua


como código, podendo ser oral e escrito como, por exemplo, um discurso, trecho
de um livro, um bilhete, uma carta, um romance, uma receita, uma noticia, uma
música dentre outros.

Texto I – Trecho de um livro.

Profissões e vocações são como plantas. Vicejam e florescem


em nichos ecológicos, naquele conjunto precário de situações que
as tornam possíveis e — quem sabe? — necessárias. Destruindo
esse habitat, a vida vai se encolhendo, murchando, fica triste, mirra,
entra para o fundo da terra, até sumir.
(Alves, Rubem. Conversas com quem gosta de
ensinar. 1985, p. 11)

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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

Texto II – Um poema

TRADUIZR-SE

Uma parte de mim


é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo

uma parte de mim


é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim


pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim


é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim


é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte


na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?

(Gullar, Ferreira)

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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

Texto III — Letra de uma música

Um homem também chora


(Guerreiro Menino) – Gonzaga Jr.

Um homem também chora Guerreiro, menino.


Menina, morena Com a barra de seu tempo,
Também deseja colo, palavras amenas. Por seus ombros
Precisa de carinho, Eu vejo que ele berra
precisa de ternura, Eu vejo que ele sangra
precisa de um abraço. A dor que traz no peito,
Da própria candura, Pois ama e ama.
Guerreiros são pessoas, Um homem se humilha
são fortes, são frágeis. se castram seus sonhos.
Guerreiros são meninos. Seu sonho é sua vida
No fundo do peito, e a vida é o trabalho
precisam de um descanso e sem o seu trabalho
precisam de um remanso. Um homem não tem honra
Precisam de um sonho e sem sua honra
que os tornem perfeitos se morre, se mata.
É triste ver este homem,
Não dá pra ser feliz (4 vezes)
Não dá pra ser feliz (4 vezes)

Disponível em www.letras.com.br/gonzaguinha/um homem-também-chora.

TEXTO NÃO VERBAL → aquele constituído por signos linguísticos não se


utiliza de palavras. A utilização de recursos não verbais na comunicação é muito
frequente exigindo que o leitor esteja sempre atento às formas de intenção que,
muitas vezes, tornam o lugar dos textos verbais — ou a eles se associam — com
o objetivo de produzir sentido de maneira mais rápida e eficiente — é o caso das
tabelas, dos gráficos, dos sinais de trânsito, a charge, a linguagem dos sinais
(Libras)

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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

Charge

Disponível em: www.speranzanueva.blogsport.com.br/2013/05/charges - Acesso em 06/05/16

Linguagem Brasileira de Sinais (Libras)

Disponível em: www.librasnosdiasatuais.blogspot.com.br – Acesso em 06/05/16

TEXTO MISTO → aquele que se utiliza, por exemplo, da palavra e da


imagem, como as histórias em quadrinho, propagandas, gráficos, tabelas dentre
outros.

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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

Gráfico

Disponível em: www.estatisicasqn.webnode.pt/estatistica/graficos-de-linhas-ou - cronogramas


Acesso em 10/06/16

Uma tirinha

Disponível em: www1.folha.uol.com.br/ilustrada/cartum/cartumdiarios 5/05/16 – Acesso em


10/06/16

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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

3. Textualidade

A Textualidade, para Maria da Graça Costa Val (1994), diz respeito a “um
conjunto de características que fazem com o texto seja um texto e não apenas
um amontoado de frases soltas”. Em outras palavras, textualidade é tudo aquilo
que faz com um texto seja, realmente, um texto, organizado, coeso, coerente e
não uma sequência de frases isoladas.
Dentro desse contexto, segundo Koch e Travaglia
textualidade ou textura é o que faz uma sequência linguística um texto e
não uma sequência ou um amontoado de frases ou palavras. A
sequência é percebida como texto quando aquele que a recebe é capaz
de percebê-la como uma unidade significativa global. Portanto, tendo em
vista o conceito que se tem de coerência podemos dizer que é ela que
dá origem à textualidade. (KOCH & TRAVAGLIA, 1989, p.26)

Estudaremos, nesta unidade, os sete fatores que, segundo alguns


autores, constituem a textualidade. Os fatores linguísticos: coesão e coerência,
relacionados aos elementos materiais que formam o texto e os pragmáticos
que estão relacionados às situações de significação e ao uso da linguagem em
contextos reais de produção de sentido que são: intencionalidade, aceitabilidade,
situacionalidade, informatividade e intertextualidade.

TEXTUALIDADE

Fatores
linguísticos Fatores pragmáticos

Coesão Coerência Intencionalidade Aceitabilidade


de

Situacionalidade Informatividade

Intertextualidade

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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

4. Fatores linguísticos

Para que um texto apresente textualidade, ou seja, para que tenha sentido,
é necessário ter coesão (conexão entre palavras e frases) e coerência (conexão
entre ideias).

● COESÃO TEXTUAL → Consiste nas relações de sentido que ocorrem no


interior do texto, permitindo a amarração das ideias. Na organização textual, as
palavras ganham sentido pelas relações de dependência que estabelecem entre
si. A coesão faz uso dos conectivos ou elementos de coesão possibilitando a
ligação das partes do texto. Geralmente, esses elementos de coesão são
classificados como pronomes, preposições, conjunções e advérbios.
Kôche, Boff e Pavani explicam que
a coesão possibilita a ligação dos elementos que constituem o texto e
gera uma interdependência interna organizada. Ela se realiza na
conexão de vários enunciados, a partir das relações de sentido que
existem entre eles, expressos por certas categorias de palavras,
chamadas de conectivos. Existem diferentes estratégias de coesão que
dependem das escolhas do autor e das intenções comunicativas.
(KOCHE, BOFF & PAVANI, 2014, p.25)

Exemplo
Pagar para não trabalhar?
Imaginemos uma situação surrealista: os pais dos alunos, vendo os filhos com um
professor muito ruim, decidem pagar o seu salário, para que ele não vá à escola e seja
substituído por outro. Esses pais seriam loucos ou irracionais? Pesquisas recentes
mostram que, pelo menos nos Estados Unidos, seria um comportamento inteligente. Se
os 5% piores professores fossem substituídos por outros de qualidade média, em seu
conjunto, a turma teria salários adicionais de 1,4 milhões de dólares, após sair da escola.
O que os pais gastariam pagando esses professores ruins para ficar em casa (cerca
de 50000 dólares por ano) é bem menos que esse adicional de renda. Não temos
estimativas comparáveis para o Brasil, mas, como aqui os professores ganham menos
e a educação aumenta o rendimento financeiro, mais do que nos países industrializados,
é provável que fazer esse gasto fosse negócio ainda melhor. Segundo outra pesquisa,
ter um mau professor por três anos causa o mesmo dano que faltar a 40% das aulas. [...]
(CASTRO, Cláudio de Moura, Veja, 24 de fevereiro de 2012)

Observe que a expressão os pais dos alunos é substituída, na linha 3, por


esses pais e a expressão um professor muito ruim, na linha 2, é substituída pelo

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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

pronome ele. Assim como a expressão esses professores ruins, da linha 7,


também retoma um professor muito ruim.

5. Mecanismos de coesão

A língua dispõe de uma série de mecanismos que estabelecem vínculos


entre palavras, orações e diferentes partes no interior do texto. Fatores de
coesão referencial: a substituição, a referência, a coesão lexical, a elipse e a
conjunção.

COESÃO

Referencial

Substituição Referência

Lexical Elipse

Conjunção

COESÃO POR REFERÊNCIA

Consiste na criação, no interior do texto, de um sistema de relação entre


palavras e expressões, buscando a unidade do texto. Na língua portuguesa, as
palavras responsáveis por esse tipo de coesão são os pronomes pessoais (ele,
ela, nós, o, a, lhe), os pronomes demonstrativos (este, esse, aquele), os
advérbios de lugar, e também os artigos definidos.

Exemplos

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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

Pronome pessoal que substitui Carla.

● Carla é uma ótima professora. Ela trata seus alunos com muita
atenção.

● O Presidente da República, Michel Temer, esteve nos Estados


Unidos. Lá ele foi recebido pelo Presidente Barack Obama.

Advérbio de lugar

Pronome pessoal

COESÃO POR SUBSTITUIÇÃO → Consiste na utilização de um item lexical


com valor coesivo ou no lugar de outro(s) elemento(s) do texto para sintetizar ou
retomar substantivos, verbos ou até mesmo uma oração inteira.
Exemplos:
● Nos últimos dias, a temperatura baixou muito na capital. Por isso,
houve uma corrida às compras de roupas de inverno.

● — Para a senhora um cachorro-quente, só com mostarda e um suco


de laranja.
E para o senhor?
— O mesmo.

COESÃO LEXICAL → A coesão lexical é o efeito obtido pela seleção


adequada de vocabulário. Para evitar repetições enfadonhas e retomar palavras
ou expressões já ditas, utilizam-se sinônimos, expressões sinônimas e
hiperônimos.
Exemplo:
● Um menino entrou depressa no supermercado. O garoto parecia estar
fugindo de alguém. (menino/garoto).

COESÃO POR ELIPSE → Ocorre coesão por elipse quando há supressão


de um elemento facilmente subentendido.

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Exemplos:
● “Na rua deserta, nenhum sinal de ônibus”. (omissão de não havia)
● Sairão à noite. (eles)
● Durante a viagem, fizemos muitas compras. (nós)

COESÃO POR CONJUNÇÃO→ Possibilita a relação significativa entre os


elementos de um texto por meio das conjunções.

Exemplos:
● A equipe desenvolveu um projeto coletivo, entretanto, a saída de
alguns membros prejudicou o seu andamento.
Conjunção adversativa (ideia de oposição).

● O time não venceu o campeonato ainda que tenha treinado muito.

Conjunção concessiva (ideia de concessão)

ALGUNS ELEMENTOS DE COESÃO (CONECTORES)

De prioridade ou Em primeiro lugar / acima de tudo / sobretudo /


relevância principalmente.

De tempo (duração, Então / enfim / logo / imediatamente / logo após /


anterioridade, ordem, pouco depois/
posterioridade). anteriormente / posteriormente / finalmente / agora /
hoje / atualmente / às vezes / sempre / eventualmente
/ raramente.

De semelhança,
comparação,

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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

e conformidade Igualmente / assim também / do mesmo modo /


semelhantemente / de acordo com / segundo /
conforme / da mesma forma.

De condição, hipótese Se / caso / eventualmente.

De adição, continuação Além disso / ainda mais / por outro lado / também / e
as conjunções aditivas (e, nem, não só, mas também
etc.)

De dúvida Talvez / provavelmente / possivelmente / quem sabe


/ é provável e outros.

De certeza, ênfase De certo / por certo / certamente / sem dúvida / com


certeza.

De surpresa, Inesperadamente / de súbito / surpreendentemente.


imprevisto

De esclarecimento, Por exemplo / isto é / quer dizer / em outras palavras


Ilustração / a saber.

De recapitulação, Em suma / em síntese / enfim / portanto / assim /


resumo, dessa forma /
conclusão dessa maneira.

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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

De oposição, restrição Pelo contrário / exceto / menos / mas / contudo /


todavia / entretanto / embora / apesar de / mesmo que
/ posto que / conquanto /se bem que.

De causa, Por consequência / por isso / em virtude que / de fato


consequência, / com efeito / porque / pois / já que / uma vez que /
explicação visto que.

6. Coerência textual

De acordo com Koch (1989) “a coerência se estabelece na interação, na


interlocução, numa determinada situação de comunicação entre usuários de
uma língua”. É o resultado de um processo de construção de sentido feito pelos
os interlocutores, por isso, dever ser vista, pois, como um princípio de
interpretabilidade do texto. Ainda, permite que uma sequência linguística
constitua-se em um texto, estabelecendo relações entre os seus elementos
(palavras, frases, parágrafos, capítulos).

A coerência é vista também como uma continuidade de sentidos


perceptível no texto, resultando numa conexão conceitual cognitiva entre
elementos do texto. Essa conexão não é apenas de tipo lógico e
depende de fatores socioculturais diversos, devendo ser vista não só
como o resultado de processos cognitivos, operantes entre os usuários,
mas também de fatores interpessoais como as formas de influência do
falante na situação de fala, as intenções comunicativas dos
interlocutores, enfim, tudo o que se possa ligar a uma dimensão
pragmática da coerência. (KOCH & TRAVAGLIA, 1989, p.12)

7. Fatores pragmáticos

7.1. Intencionalidade
Consiste nas intenções, implícitas ou explícitas, do autor do texto em
apresentá-lo de forma coerente, capaz de alcançar os propósitos estabelecidos
para determinada situação de comunicação. MARCUSCHI (2008) “[…]centrado
basicamente no produtor do texto, considera a intenção do autor como fator

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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

relevante para a textualização. Tanto assim, que se costuma indagar: o que é


que o autor deste texto pretende?” Dessa maneira, quando falamos, escrevemos
ou lemos textos produzidos em uma determinada língua, é preciso entender não
somente o que foi dito, mas também observar a intenção de quem produziu o
texto.
Assim, a intencionalidade refere-se ao modo como os emissores usam
textos para perseguir ou realizar suas intenções, produzindo, para tanto,
textos adequados à obtenção dos efeitos desejados. É por esta razão
que o emissor procura, de modo geral, construir o sentido desejado. Para
tanto, o emissor do texto vai mobilizar todos os outros fatores de
textualidade, inclusive, dependendo do tipo de texto (cientifico, didático,
expositivo, etc.), utilizando todos os mecanismos de coesão. (KOCH &
TRAVAGLIA, 1992, p. 79)

7.2. Aceitabilidade
Consiste no comportamento do receptor de aceitar ou não o texto como
coerente, coeso e relevante. A aceitabilidade, de acordo com Koch & Travaglia
(1989), “diz respeito à atitude dos receptores de aceitarem a manifestação
linguística como um texto coesivo e coerente, que tenha para eles alguma
utilidade ou relevância”.

7.3. Situacionalidade
Consiste na adequação do texto a uma determinada situação
comunicativa, VAL (1984) “O contexto pode, realmente, definir o sentido do
discurso e, normalmente, orienta a produção quanto à recepção”. MARCUSCHI
(2008) “A situacionalidade não só serve para interpretar e relacionar um texto ao
seu contexto interpretativo, mas também para orientar a própria produção”.

7.4. Informatividade
Diz respeito ao grau maior ou menor de previsibilidade de um texto.
Quanto maior o grau de previsibilidade do texto, maior será sua informatividade,
ou seja, o grau de informatividade de um texto é medido de acordo com o nível
de conhecimento de mundo do leitor a que ele se destina. Nesse caso, o leitor
de um texto com alta informatividade enfrentará dificuldades para interpretá-lo.

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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

Já o texto de menor informatividade não apresentará tanta dificuldade para ser


compreendido.
Assim, o texto será tanto menos informativo, quanto maior a
previsibilidade. Se um texto contiver apenas informação
esperada/previsível dentro do contexto, terá um grau de informatividade
baixo; se, a par da informação esperada/previsível em dado contexto, o
texto contiver informação imprevisível l/ não esperada; terá um grau
médio de informatividade. (KOCH & TRAVAGLIA, 1989.p.81)

7.5. Intertextualidade
Consiste na escrita de um texto com base em outros textos já existentes
por meio da citação, da paródia, da paráfrase, da alusão. Em outras palavras,
a intertextualidade ocorre quando há um diálogo entre textos, imagens,
propagandas, filmes, também, no dia a dia, em situações de comunicação,
quando citamos a fala de outras pessoas em nossas conversas.

[...] a intertextualidade compreende as diversas maneiras pelas quais a


produção e recepção de dado texto depende do conhecimento de outros
textos por parte dos interlocutores, isto é, diz respeito aos fatores que
tornam a utilização de um texto dependente de um ou mais textos
previamente existentes. (idem p. 88)

Segundo MARCUSCHI (2008) “Há hoje um consenso quanto ao fato de


se admitir que
todos os textos comungam com outros textos, ou seja, não existem textos que
não mantenham algum aspecto intertextual, pois nenhum se acha isolado e
solitário”.

● Citação → ocorre quando uma frase ou trechos de um texto ou de uma


obra são citados em um novo texto com o objetivo de fundamentar ou reforçar a
ideia do autor. Devem ser transcritos e destacados com aspas.

● Paródia → consiste na imitação cômica de um texto, uma peça, uma


música com o objetivo de ridicularizar, ironizar ou criticar.

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● Paráfrase → consiste na repetição de um texto com outras palavras, sem


alterar sua essência com o objetivo de torná-lo mais claro ou sugerir um novo
enfoque. É necessário manter-se fiel às ideias do texto original.

● Alusão → consiste na referência direta ou indireta de uma determinada


obra, ou de um personagem, uma situação etc.

Exemplos de textos que dialogam.

Texto I

Disponível em www.aprenderaensinardiferente.blogspot.com.br/2011_04__01.archive Acesso em 18/06/16

Observe que há elementos que se misturam nos dois textos, de forma que
o leitor recupera traços e informações de um texto no outro. Mauricio de Souza,
em 1989, faz uma referência engraçada por meio de suas personagens, Mônica
e Magali, à obra de Auguste Renoir, ”Rosa e Azul”, de 1881.

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Texto II

Disponível em www.portugues8csu.blogspot.com.br/2013_05_01_archive.html - Acesso em 20/06/16

O texto do quadrinho faz referência a trechos da canção de Vinicius de


Morais e Tom Jobim, escrita por volta de 1950.

Texto III
Monte Castelo.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.


E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se esconde.

Amor é fogo que arde sem se ver.


É ferida que dói e não se sente.

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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.

Ainda que falasse a língua dos homens.


E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.

É um não querer mais que bem-querer.


É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.

É um estar-se preso por vontade.


É servir quem vence o vencedor;
É um ter com quem nos mata lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.

Estou acordado e todos dormem,


todos dormem, todos dormem.
Agora vejo em parte.
Mas então veremos face a face.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.


E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.

(Legião Urbana. As quatro estações, 1989. Legião Urbana


Produções / Copyrigths Consultoria)

Observe que ocorre intertextualidade no texto “Monte Castelo”, de Renato


Russo, do grupo “Legião Urbana”. O texto foi produzido a partir de dois textos:
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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

do soneto do escritor português, Luís Vaz de Camões, escrito no período do


Classicismo, por volta dos séculos XV e XVI e do capítulo 13 da primeira Carta
de Paulo aos Coríntios.
Texto IV

Soneto de Luís Vaz de Camões.

Amor é fogo que arde sem se ver,


é ferida que dói, e não se sente,
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer


é um andar solitário entre a gente;
é um nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;


é servir a quem vence, o vencedor
é ter com quem mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor


nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(Luís Vaz de Camões, Lírica. São Paulo: Cultrix, 1976. p.123)

Texto V

A suprema excelência do amor.

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse
amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e
toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse
os montes, e não tivesse amor, nada seria.
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UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e
ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada
disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se
vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não se irrita,
não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a
verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo
línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte
conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então
o que é em parte será aniquilado.
Quando era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava
como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de
menino.
Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos
face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como
também sou plenamente conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, e o amor, estes três; mas o
maior destes é o AMOR.

(1ª Carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 13, Bíblia Sagrada, versão revisada. Imprensa Bíblica
Brasileira, 10ª Ed. Rio de Janeiro. 1994)

Em seu texto, Renato Russo incorpora a terceira, quinta e sexta estrofes


do soneto de Camões e cita um trecho da carta de Paulo aos Coríntios “Ainda
que eu falasse a língua dos homens, E falasse a língua dos anjos, Sem
amor eu nada seria”, estabelecendo com eles relações de intertextualidade.

Referências bibliográficas

ALVES. Rubem. Conversas com quem gostar de ensinar. São Paulo: Cortez.
1985

COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e textualidade. São Paulo: Martins


Fontes. 1994.

FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e
redação. São Paulo: Ática. 2001.

GIACOMOZZI, Gílio; VALERIO, Gildete; FENGA, Cláudia. Reda. Estudos de


Gramática. São Paulo: FTD.
1999
Página 59

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Produção de Texto
UNIDADE 6: Considerações sobre Texto

KOCH, Ingedore Villaça. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez,


2002.

KOCH, Ingedore Villaça & TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São
Paulo: Contexto, 1992.
____________________, Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1989.

KOCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; PAVANI, Cinara Ferreira.
Prática textual: atividades de leitura e escrita. Vozes. 2014

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e


compreensão. São Paulo: Parábola. 2008.

MORAIS, Augusta Magalhães Carvalho... [et al..] Enciclopédia do estudante:


técnicas de pesquisa, expressão oral e escrita. São Paulo: Moderna, 2008.

Página 60

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Produção de Texto
UNIDADE 7: Tipologia Textual

Unidade 7 – TIPOLOGIA TEXTUAL

Objetivos:
Conhecer as diversas modalidades de texto e sua estrutura; desenvolver o
hábito de ler e produzir texto.

Tipologia Textual → consiste na classificação do texto de acordo com as


sequências de informações, considerando as características predominantes de
cada tipo. Em outras palavras, é a relação que existe entre as ideias e as frases
de um texto, buscando uma sequência lógica na organização interna de suas
partes. Para Marcuschi,

Tipo textual designa uma espécie de construção teórica (em geral uma
sequência subjacente aos textos) definida pela natureza linguística de
sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
lógicas, estilo). O tipo caracteriza-se muito mais como sequências
linguísticas (sequências retóricas) do que como textos materializados; a
rigor, são modos textuais. Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de
meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação,
exposição, descrição, injunção. O conjunto de categorias para designar
tipos textuais é limitado e sem tendência a aumentar. Quando predomina
um modo num dado texto concreto, dizemos que esse é um texto
argumentativo ou narrativo ou expositivo ou descritivo ou injuntivo.
(MARCUSCHI. 2008. p.154)

Assim, quando falamos ou escrevemos, utilizamos um tipo de texto, por


exemplo, quando contamos um fato que presenciamos, estamos narrando ou
quando emitimos um ponto de vista a respeito de algum tema polêmico, estamos
dissertando ou quando falamos das características de uma pessoa, detalhes de
uma paisagem, uma cena, estamos descrevendo. Dessa forma, os textos podem
variar entre cinco e nove tipos, entretanto, os mais utilizados nas situações de
comunicação do dia a dia são narração, dissertação, descrição, injunção.
GUIMARÃES, (1993) “Embora haja sempre uma estrutura dominante, ou seja,
aquela que representa o esquema fundamental do texto, este não se
caracterizará necessariamente como um único tipo ou forma. Uma parte ou outra
será caracterizável como descritiva seguida de outra argumentativa e de outra
ainda narrativa.”

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Produção de Texto
UNIDADE 7: Tipologia Textual

● Narração → consiste em contar uma história, relatar acontecimentos, fatos


reais ou fictícios, com a predominância do verbo no pretérito perfeito. Apresenta
como elementos básicos enredo, personagens, tempo, espaço e narrador. A
novela, o conto, o romance a reportagem, a história em quadrinho, uma notícia
de jornal, uma fábula são exemplos de textos narrativos.

Veja exemplos de textos narrativos:

Uma fábula

A raposa e as uvas

Morta de fome, uma raposa foi até um vinhedo sabendo que ia encontrar
muita uva. A safra havia sido excelente. Ao ver a parreira carregada de cachos
enormes, a raposa lambeu os beiços. Só que sua alegria durou pouco: por
mais que tentasse, não conseguia alcançar as uvas. Por fim, cansada de
tantos esforços inúteis, resolveu ir embora, dizendo:
— Por mim, quem quiser essas uvas pode levar. Estão verdes, estão
azedas, não servem. Se alguém me desse essas uvas eu não comeria.

Moral da história: Desprezar o que não se consegue conquistar, é fácil.

(Fáculas de Esopo, compilação Russell Ash e Bernard Higton – tradução Heloisa John. São Paulo.
Companhias das Letrinhas. 1994. p. 68)

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Produção de Texto
UNIDADE 7: Tipologia Textual

Uma história em quadrinho

Disponível em www.rangelnovelinoblogspot.com.br/2009/08/dengue.html. Acesso em 26/09/16

Trecho do conto de William Shakespeare

Sonho de uma noite de verão

Vigorava em Atenas uma lei que concedia aos cidadãos o direito de


casar as filhas com quem eles julgassem conveniente. Se alguma se
opusesse aos desígnios do pai, este podia fazer com que a condenassem
à morte. Mas como os pais em geral não desejam a morte das filhas, nem
mesmo quando elas se mostram um tanto teimosas, sucedia que nunca
(ou quase nunca) fora executada a referida lei, embora não poucas vezes
os pais com ela ameaçassem as raparigas da cidade.
Houve, porém um velho; de nome Egeu, que foi realmente queixar-
se a Teseu (então o governante de Atenas), de que sua filha Hérmia, a
quem ele ordenara desposar Demétrio, de uma nobre família ateniense,
recusava-se a obedecer-lhe, porque amava a outro jovem, chamado
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Produção de Texto
UNIDADE 7: Tipologia Textual

Lisandro. Egeu pedia justiça a Teseu e desejava que a cruel lei fosse
aplicada em sua filha. Hérmia alegava como desculpa para sua
desobediência, que Demétrio anteriormente declarara amor a Helena,
com quem ela mantinha amizade, e que Helena o amava loucamente.
Nem essa considerável razão demovia o severo Egeu.
Teseu, embora fosse um grande e generoso governante, não tinha
poder para alterar as leis do país. Por isso, apenas concedeu a Hérmia
quatro dias para refletir sobre o assunto; no fim desse prazo, se ela ainda
se recusasse a desposar Demétrio, seria condenada à morte. [...]
(LAMB. Charles. Contos de Shakespeare. Charles & Lamb: tradução de Mário
Quintana. 2ª ed. São Paulo: Globo. 1996. p.25)

● Dissertação → consiste na defesa de um ponto de vista cujas ideias são


desenvolvidas por meio de estratégias argumentativas, tendo como objetivo
convencer ou persuadir o leitor. Exemplos de texto dissertativo: editorial,
ensaio, carta argumentativa, texto persuasivo.

Veja exemplo de dissertação argumentativa:

Violência epidêmica

A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora possa


acometer indivíduos em todas as classes sociais, é nos bairros pobres
que ela adquire características epidêmicas.
A prevalência varia de um país para outro e entre as cidades de um
mesmo país, mas, como regra, começa nos grandes centros urbanos e
se dissemina pelo interior. A incidência nem sempre é crescente,
mudança de fatores ambientais e medidas mais eficazes de repressão,
por exemplo, podem interferir em sua escalada.
As estratégias que as sociedades adotam para combater a violência
flutuam ao sabor das emoções, raramente o conhecimento científico
sobre o tema é levado em consideração. Como reflexo, a prevenção das
causas e o tratamento das pessoas violentas evoluíram muito pouco no

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Produção de Texto
UNIDADE 7: Tipologia Textual

decorrer do século 20, ao contrário dos avanços ocorridos no campo das


infecções, câncer, diabetes e outras enfermidades.
A agressividade impulsiva é consequência de perturbações nos
mecanismos biológicos de controle emocional. Tendências agressivas
surgem em indivíduos com dificuldades adaptativas que os tornam
despreparados para lidar com as frustrações de seus desejos.
A violência urbana é uma doença com múltiplos fatores de risco, dos
quais os mais vulneráveis são a pobreza e vulnerabilidade biológica. [...]
(VARELLA, Drauzio. In: Folha de S. Paulo. 9 de março/2002)

●Descrição → consiste na apresentação de características de pessoas, de


um objeto, de uma paisagem, de uma cena. São exemplos de textos descritivos
relatório, laudo médico, ata, guia de viagem.

Descrição de objeto.
Com novo visual, Kia Soul 2017
estreia no mercado sul coreano.
A nova linha do Kia lanternas traseiras combinado de 11,9
Soul acaba de estrear com nova disposição km/l, o que representa
suas primeiras das luzes de LED e uma pequena melhoria
mudanças visuais. rodas de liga-leve de em relação à linha
Além do novo design, a 18 polegadas com anterior, que tinha
geração 2017 do novo desenho. consumo médio de
modelo recebeu novas Já no interior, o Kia 11,6 km/l. Junto a este
opções de acabamento Soul traz como propulsor está um
interno e melhorias no destaque a nova câmbio automático de
conjunto mecânico opção de acabamento seis marchas.
para diminuir o bicolor, que combina A linha inclui ainda
consumo de as tonalidades marrom um 1.6 turbodiesel de
combustível. e preto. 136 cv e 30,6 kgfm,
O modelo chega com Já na motorização, o que trabalha em
faróis como layout 1.6 litro GDI a conjunto com uma
interno, tecnologia HD gasolina, que rende transmissão
e luzes diurnas de 132 cv e 16,4 kgfm, automatizada de sete
LED, para-choques passou por melhorias velocidades e dupla
redesenhados, e agora consegue embreagem.
entregar consumo (Diário de S. Paulo. 24 de
agosto 2016)

Trecho descritivo do livro, O Guarani, de José de Alencar, sobre o rio


Paquequer.
Rio Paquequer
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De umosdos
Todos cabeços
direitos da 
reservados Serra dos Teológica
Faculdade Órgãos Batista
desliza
de um
São fio de água que se dirige
Paulo

para o norte, e engrossado com os mananciais que recebe no seu curso de dez
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UNIDADE 7: Tipologia Textual

● Injunção → os textos injuntivos têm como objetivo instruir e orientar


o leitor, predominando o emprego de verbos no imperativo. O manual de

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Produção de Texto
UNIDADE 7: Tipologia Textual

instruções, receitas culinárias, bula de remédio, editais são exemplos desse tipo
de texto.

Exemplos de textos injuntivos.

Uma receita culinária

Pudim de doce de leite e coco

Modo de preparo
Ingredientes
Pudim: Bata todos os
Caramelo Caramelo: Leve ao ingredientes e coloque
na forma. Cubra com
▪ 1 xícara (chá) de açúcar fogo baixo o açúcar,
papel alumínio e asse
▪ ½ xícara (chá) de água mexendo sempre até
em banho-maria, no
obter um caramelo
forno preaquecido em
Pudim claro. Junte a água, temperatura média, por
com cuidado, e mexa 50 minutos ou até
▪ lata de leite condensado até dissolver o firmar. Deixe esfriar e
cozido na panela de
caramelo em uma gele duas horas antes
pressão.
forma para pudim, com de desenformar. Sirva
▪ 2 latas de leite
bem gelado.
▪ 3 ovos 18 cm, e reserve.
▪1 xícara (chá) de coco
ralado.

(Revista Ana Maria, 25 de maio de 2012, p.10)

Manual de instrução

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UNIDADE 7: Tipologia Textual

LÂMPADA HALÓGENA DICRÓICA


Não precisa de transformador.

Instruções de instalação.

1. Desligue a rede elétrica no local de instalação do


produto.
2. Faça a furação no teto de acordo com a ilustração.
3. Faça a ligação entre os dois fios que saem da caixa
do teto e o soquete do spot.
4. Encaixa as presilhas na lateral do spot, com as
travas fixas na parte interna.
5. Encaixe o spot na furação do teto (com as garras
viradas para cima) e pressione.
6. Retire o anel de contenção e encaixe a lâmpada no
soquete.
7. Empurre levemente a lâmpada para cima.
8. Encaixe o anel de construção e reposicione a
lâmpada.
(Instrução de uso do verso da embalagem)

1. Estrutura do texto narrativo

A narrativa deve tentar resolver os acontecimentos, respondendo às


seguintes questões:

● o que? fato (s) que determina(m) a história;


● quem? personagens
● como? modo de desenrolar o fato ou a ação;
● onde? lugar(es) da ocorrência dos fatos;
● quando? momento(s) em que ocorre o fato;
● por quê? causa do acontecimento;
● por isso? resultado dos fatos.

2. Elementos básicos da narrativa

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UNIDADE 7: Tipologia Textual

Texto Narrativo / Elementos Básicos

Enredo Espaço

Personagem Tempo

Principais
Protagonista Secundárias
Cronológico Psicológico
Antagonista

Enredo → conjunto de fatos ou circunstâncias que constrói o texto. O


enredo da narrativa pode ser organizado da seguinte forma: exposição
(apresentação das personagens, cenário, época); desenvolvimento
(desenrolar dos fatos, apresentando complicações e clímax) e desfecho
(arremate da trama).

Personagens → as personagens são seres reais ou fictícios que transitam


na história. MORAIS (2008) “Geralmente, são pessoas, reais ou fictícias, mas
também podem ser animais ou objetos personificados.” De acordo com a sua
importância no desenrolar da trama, classificam-se em principais ou
secundárias. Entre as principais, podemos destacar o protagonista e o
antagonista.

Tempo → é cronológico quando os fatos do enredo são apresentados na


ordem em que ocorrem, pode ser medido em horas, dias, semanas etc.
O tempo é psicológico quando o narrador, pelo seu desejo, altera a
ordem natural dos fatos.
Espaço → é o lugar em que ocorrem as ações onde se movimentam as
personagens.

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UNIDADE 7: Tipologia Textual

2.1. FOCO NARRATIVO

No desenrolar dos fatos, o narrador pode assumir três pontos de vista na


narrativa:

● Narrador personagem é uma das personagens, principal ou


secundária da história; ele está “dentro” da história e “vê” os acontecimentos de
dentro para fora. Nesse caso, a narrativa, elaborada em 1ª pessoa (eu / nós)

Sem falta

Quando voltei a casa era noite. Vim depressa, não tanto, porém,
que não pensasse nos termos em que falaria ao agregado. Formulei o
pedido de cabeça, escolhendo as palavras que diria e o tom delas, entre
seco e benévolo. Na chácara, antes de entrar em casa, repeti-as comigo,
depois em voz alta, para ver se eram adequadas e se obedeciam às
recomendações de Capitu: “Preciso falar-lhe, sem falta, amanhã; escolha
o lugar e diga-me”. Proferi-as lentamente, e mais lentamente ainda as
palavras sem falta, como para sublinhá-las. Repeti-as ainda, e então,
achei-as secas demais, quase ríspidas, e, francamente, impróprias de um
criançola para um homem maduro. Cuidei de escolher outras, e parei.
Afinal disse comigo que as palavras podiam servir, tudo era dizê-las
em tom que não ofendesse. E a prova é que, repetindo-as novamente,
saíram-me quase súplices. Bastava não carregar tanto, nem adoçar
muito, um meio-termo. “E Capitu tem razão, pensei, a casa é minha, ele é
um simples agregado... Jeitoso é, pode muito bem trabalhar por mim, e
desfazer o plano de mamãe”.
(MACHADO. Assis. Dom Casmurro. São Paulo: Scipione. 1994. p.23

● Narrador-observador simplesmente relata os fatos, registrando as


ações e as falas das personagens; ele conta, como mero espectador, uma

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UNIDADE 7: Tipologia Textual

história vivida por terceiros. É a narrativa escrita em 3ª pessoa (ele, ela, eles,
elas).

Um pai que acolhe um filho.

Certo homem tinha dois filhos. O mais moço deles disse ao pai: Pai,
dá-me a parte que me cabe dos bens. E ele lhes repartiu o seu sustento.
Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo, partiu
para uma terra distante e lá dissipou os seus bens, vivendo
dissolutamente. Depois de ter gastado tudo sobreveio àquela terra uma
grande fome, e ele começou a passar necessidade.
Então, foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o
mandou para os seus campos a apascentar porcos. Desejava ele fartar-
se das alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada.
Então, caindo em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm pão
com fartura, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei e irei ter com meu
pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de
ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados.
Levantando-se, foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o
avistou e moveu-se de compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço
e o beijou afetuosamente. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e
diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.
O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa
e vesti-o com ela, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés; trazei
também o novilho cevado, matai-o; comamos e regozijemo-nos porque
este meu filho estava morto e reviveu; estava perdido e foi achado. E
começaram a regozijar-se.
Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e, quando veio e se
aproximou da casa, ouviu música e danças. Chamando a si um dos
criados, indagou o que era aquilo. Este lhe disse: Veio teu irmão, o teu pai
matou o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Mas ele se irou
e não queria entrar. E saindo seu pai, insistia com ele. Ele, porém,
respondeu a seu pai: Eis que tantos anos te sirvo como escravo, e jamais

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transgredi um mandamento teu, e nunca me deste um cabrito para


regozijar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que
devorou o teu sustento com meretrizes, tu mataste para ele o novilho
cevado.
Disse-lhe o pai: Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é
teu. Mas era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque
esse teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi achado.
(Novo Testamento, Versão Restauração. Traduzido do texto original grego pela seção editorial do
Leving Strean Ministry. 2008. p.307)

● Narrador-onisciente ou onipresente é uma espécie de testemunha


invisível de tudo o que acontece, em todos os lugares e em todos os momentos;
tenta mostrar para o leitor as emoções, os pensamentos e os sentimentos das
personagens.

Fabiano

Fabiano cochilava, a cabeça pesada inclinava-se para o peito e


levantava-se. Devia ter comprado o querosene de seu Inácio. A mulher e
os meninos aguentando fumaça nos olhos.
Acordou sobressaltado. Pois não estava misturando as pessoas,
desatinando? Talvez fosse efeito da cachaça. Não era: tinha bebido um
copo, tanto assim, quatro dedos. Se lhe dessem tempo, contaria o que se
passara.
Ouviu o falatório desconexo do bêbado, caiu numa indecisão
dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversava à toa. Mas
irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era bruto, sim
senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por
isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia porque não sabe
falar direito? Que mal fazia a brutalidade dele? Vivia trabalhando como
um escravo. Desentupia o bebedouro, consertava umas cercas, curava os
animais — aproveitara um casco de fazenda sem valor. Tudo em ordem,
podiam ver. Tinha culpa de ser bruto? Quem tinha culpa?

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Se não fosse aquilo. Nem sabia. O fio da ideia cresceu, engrossou —


e partiu-se. Difícil pensar. Vivia tão agarrado aos bichos. Nunca vira uma
escola. Por isso não conseguia defender-se, botar as coisas nos seus
lugares. O demônio daquela história entrava-lhe na cabeça e saía. Era
para um cristão endoidecer. Se lhe tivessem dado ensino, encontraria
meio de entendê-la. Impossível, só sabia lidar com bichos.
Enfim, contanto, seu Tomás daria informações. Fossem perguntar a
ele. Homem bom, seu Tomás da bolandeira, homem aprendido. Cada
qual como Deus fez. Ele, Fabiano, era mesmo, um bruto.
O que desejava... Ah! Esquecia-se. Agora se recordava da viagem
que tinha feito pelo sertão, a cair de fome. As pernas dos meninos eram
finas como bilros, sinhá Vitória tropicava debaixo do baú dos trens. Na
beira do rio haviam comido o papagaio, que não sabia falar. Necessidade.
Fabiano também não sabia falar. Às vezes largava nomes
arrevesados, por embromação. Via perfeitamente que era besteira. Não
podia arrumar o que tinha no interior. Se pudesse. Ah! Se pudesse,
atacaria os soldados amarelos que espancam criaturas inofensivas. [...]
(RAMOS. Graciliano. Vidas Secas. São Paulo: Record. 1986 p. 36)

3. Texto dissertativo

Dissertar é expor ideias a respeito de um determinado assunto. É discutir


ideias e apresentar argumentos que justifiquem e convençam o interlocutor do
ponto de vista de quem as defende.

O texto dissertativo apresenta três partes:

Introdução → é a apresentação da tese, ideia a ser defendida pelo


autor sobre a qual irá construir seus argumentos.
Desenvolvimento → é a análise crítica da ideia central. Quando o autor
passa a defender a tese, para tornar seus argumentos mais consistentes, pode
recorrer a juízos, fatos, provas, dados numéricos, opiniões ou citações de

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UNIDADE 7: Tipologia Textual

especialistas, exemplos e justificativas que argumentam a ideia central proposta


na introdução. Os argumentos apresentados para defender e justificar a tese
devem ser inseridos com coerência e coesão.
Conclusão → é a parte final do texto, na qual se condensa a essência
do conteúdo desenvolvido, reafirma-se o posicionamento exposto na introdução
(tese).
Dessa forma, na dissertação argumentativa, a introdução é a tese
(ideia central) a ser discutida nos parágrafos seguintes; o desenvolvimento é a
argumentação, ou seja, a discussão das ideias que comprovam e fundamentam
a tese; e a conclusão é a retomada da tese ou dos juízos discutidos e justificados
na argumentação.

Exemplo da estrutura do texto dissertativo

Quem não lê não escreve

Introdução
É alarmante o fato de que apenas 1% dos alunos
brasileiros da 3ª do 2º grau (ou seja, os que se preparam
para ingressar na série universidade) tenha domínio
adequado do idioma português.

Desenvolvimento
O resultado, expresso em pesquisa do Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), deve
servir de alerta para os responsáveis pela gestão do ensino,
os professores e os pais de alunos. Não é sem razão que os
estudantes brasileiros reagiram de forma tão contundente ao
“provão” instituído pelo Ministério da Educação, que expõe

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UNIDADE 7: Tipologia Textual

o despreparo com que nossos alunos saem das


universidades.
Observa-se no país uma perigosa desvalorização da
cultura básica, da erupção e do conhecimento. Já sem
cultura básica, nossos jovens também não são estimulados
à leitura de jornais e revistas, que também se constituem em
fonte imprescindível de informação e formação.
Os estudantes sabem manipular com habilidade os
microcomputadores, em casa e, de forma crescente,
também nas escolas, públicas e privadas. ‘Navegam’ com
fluidez na Internet, mas não são capazes de interpretar um
texto de Machado de Assis; são verdadeiros ases das artes
marciais dos jogos eletrônicos virtuais, mas não conseguem
redigir um texto com principio, meio e fim, estilo, forma e
linguagem; ‘conversam’ com colegas de outros continentes,
via modem, mas atentam contra o idioma com seu pobre
vocabulário.
Nossos jovens têm acesso a todos os canais da era da
informação, mas não têm informação. As escolas brasileiras
não possuem bibliotecas. As raras existentes são
incompletas e, o que é pior, pouco frequentadas. Em casa,
a leitura de livros, igualmente, não é estimulada. Nada contra
a informática, a multimídia e a realidade virtual. É
inadmissível, porém, a ausência de formação intelectual e a
alienação diante da realidade tangível.
Para reverter esse quadro, não basta oferecer aos
alunos os imprescindíveis livros didáticos. É preciso
oferecer-lhes incentivo e meios de lerem os principais
autores nacionais e estrangeiros, da literatura de ficção e
não-ficção, jornais, revistas e obras cientificas e
humanísticas. Essa é a forma de construirmos uma
sociedade inteligente, culta e capaz de conduzir o Brasil a
um destino melhor.

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Conclusão
Como reflexão, fica o alerta de Bill Gates, o multimilionário
gênio da informática que, sem qualquer constrangimento,
afirmou: ”Meus filhos terão computadores, sim, mas antes
terão livros”. Sem livros, sem leitura os nossos filhos serao
incapazes de escrever – inclusive a sua própria história.

(SOARES. Wander. Abrelivros,) Artigo publicado no Jornal Mercantil em 17/dez / 2009 ) - Adaptado.
Disponível em www.abrelivros.org.br/home/index/php/palavra-da-diretoria/140-quem-nao-le-nao-escreve.
Acesso em 13/10/2016

4. ARGUMENTAÇÃO

O texto dissertativo-argumentativo tem como objetivo defender um ponto


de vista ou posicionamento crítico com a intenção de convencer ou persuadir
o interlocutor. Para reforçar ponto de vista defendido, é preciso selecionar
argumentos que fundamentem as ideias expostas no texto. ABREU (2009)
“Argumentos são, portanto, as provas (raciocínio, dados, fatos) apresentadas
para demonstrar que a ideia que você pretende defender é correta”. Dessa
maneira, para que a argumentação seja eficaz, é importante que os argumentos
possuam consistência de raciocínio e de provas. Assim, a argumentação
consiste na apresentação de exemplos, juízos e justificativas que fundamentam
a defesa de um ponto de vista. Para isso, é preciso que os argumentos sejam
consistentes.
Para entender melhor a diferença entre convencer e persuadir
observe o que afirma Antônio Suarez Abreu.
Argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber
gerenciar informação, é falar à razão de outro, demonstrando, provando.
Etimologicamente, significa vencer junto com outro (com +vencer) e não
contra o outro. Persuadir é saber gerenciar relação, é falar à emoção do
outro. A origem dessa palavra está ligada à preposição per, ‘por meio
de’, e Suada, deusa romana da persuasão. Significava ‘fazer algo por
meio do auxílio divino’. Mas em que diferencia Convencer de Persuadir?
Convencer é construir algo no campo das ideias. Quando convencemos
alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é construir
algo no terreno das emoções, é sensibilizar o outro a agir. Quando

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UNIDADE 7: Tipologia Textual

persuadíamos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele
realize. (ABREU. 2009. p. 25)

4.1. Tipos de argumentos

No texto dissertativo-argumentativo para convencer o interlocutor e obter


efeitos persuasivos, é preciso utilizar diferentes tipos de argumentos.
Vejamos alguns exemplos de argumentos:

● Argumento científico → na utilização de dados científicos ou estatísticos


como forma de convencer, pois, esses dados tornam a fundamentação
consistente ou inquestionável.
Em grandes empresas do setor privado, é comum os gestores receberam
metas de desemprenho e serem continuamente cobrados pelos resultados do
seu trabalho à luz dessas metas. Em vários casos, funcionários recebem
bônus por desempenho. Se a empresa vai mal, os gestores devem prestar
contas e podem, no limite, até perder seu emprego. Estudos têm indicado que
adoção dessas práticas responde por cerca de 25% das diferenças de
produtividade entre empresas.
No setor público, o que acontece quando o desempenho está aquém do
desejado? Com algumas meritórias exceções, nada. Os cidadãos podem
espernear, ir às ruas, depositar o voto em candidatos que falsamente
prometem mudança, mas no fim tudo fica como está, ou pior. [...]
(LAZZARINI. Sérgio, Veja, nº 39, 28/09/16, p. 28)

● Argumento de autoridade → consiste na utilização de argumentos


com base na fala ou textos de pessoas consideradas autoridades ou
especialistas em determinados assuntos e que possuem credibilidade perante a
opinião pública. Assim, quando escrevemos um texto, citamos a fala ou trechos
do que disse ou escreveu um especialista ou autoridade do assunto em
discussão, com o objetivo de reforçar o ponto de vista defendido no texto. Se for
um texto da área da educação, podemos citar Paulo Freire.

Segundo Paulo Freire, “O educador democrático não pode negar-se o


Página 77
dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando,
sua curiosidade, sua
Todos os insubmissão.
direitos reservados Uma de suas
Faculdade tarefas
Teológica primordiais
Batista de São Paulo é trabalhar
com os educandos a rigorosidade metódica com que devem se ‘aproximar’
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UNIDADE 7: Tipologia Textual

● Argumento de consenso → consiste na aceitação de ideias


consideradas como verdades que são consenso geral. Nesse tipo de argumento,
utilizam-se conceitos e ideias como paz, respeito, liberdade, direito de ir e vir e
outros considerados inquestionáveis, aceitos universalmente por uma grande
maioria de pessoas.

Por exemplo, uma afirmação de que investimentos para a educação


são fundamentais para o desenvolvimento de um país, é a opinião de uma
grande maioria, ninguém vai discordar dessa afirmação.

● Argumento baseado em provas concretas → consiste na apresentação


de dados estatísticos que servem para fundamentar a tese. Esses dados são
obtidos de levantamentos estatísticos, relatórios, pesquisa etc., divulgados por
fontes que possuem credibilidade perante a opinião pública como, por exemplo,
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), FGV
(Fundação Getúlio Vargas) e dentre outros.

A produção industrial caiu 3,8% em agosto de 2016 frente ao mês imediatamente


anterior (série com ajuste sazonal), interrompendo cinco meses de resultados
positivos consecutivos nesse tipo de comparação, período em que acumulou
expansão de 3,7%. Foi a queda mais intensa desde janeiro de 2012 (-4,9%) nesta
comparação. Já no confronto com agosto de 2015 (série sem ajuste sazonal), o total
da indústria apontou queda de 5,2% em agosto de 2016, trigésima taxa negativa
consecutiva nesse tipo de comparação, mas a menos intensa desde junho de 2015
(-2,6%). No acumulado dos oito primeiros meses do ano, a Indústria registrou queda
de 8,2%. Entretanto, houve ligeira redução na magnitude de queda frente ao
resultado do primeiro semestre do ano (-9,1%). [...]
Disponível em www.ibge.gov.br/noticias.html/03/08/16. Acesso em 17/10/16 Página 78

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UNIDADE 7: Tipologia Textual

5. DESCRIÇÃO

Descrever é fazer um retrato, uma imagem de pessoas, lugares animais,


objetos. A boa descrição procura dar ao ouvinte ou leitor a impressão de estar
presenciando o que está sendo descrito.
Uma descrição pode apresentar os aspectos gerais (visão global) ou os
particulares, chamando a atenção sobre detalhes. Quando descrevemos
personagens, podemos evidenciar os aspectos físicos ou psicológicos ou,
ainda, combinar os dois. Podemos descrever o que está a nossa volta, pessoas,
objetos, paisagens etc.
De acordo com o ponto de vista e das intenções de quem descreve, a
descrição pode ser objetiva ou subjetiva. A descrição objetiva procura retratar
com precisão a realidade, utilizando uma linguagem precisa e, às vezes, muito
técnica. A descrição subjetiva busca retratar impressões, sensações e
opiniões de quem descreve.
Na descrição, a adjetivação assume grande importância para retratar
qualidades, defeitos, cores, enfim, as características do que está sendo descrito.
Os verbos de ligação também assumem um papel importante, pois são
utilizados para a caracterização dos seres, objetos, paisagens.

Descrição de uma casa

Havia à rua do Hospício, próximo ao campo, uma casa que desapareceu com as últimas reconstruções.
Tinha três janelas de peitoril na frente; duas pertenciam à sala de visita; a outra a um gabinete contíguo.
O aspecto da casa revelava, bem como seu interior, a pobreza da habitação.
A mobília da sala consistia em sofá, seis cadeiras e dois consolos de jacarandá, que já não
conservavam o menor vestígio de verniz. O papel da parede de branco passara a amarelo e percebia-se que
em alguns pontos já havia sofrido hábeis remendos.
O gabinete oferecia a mesma aparência. O papel que fora primitivamente azul tomara a cor de folha seca.
Havia no aposento uma cômoda de cedro que também servia de toucador, um armário de79
Página vinhático, uma
mesa de escrever, e finalmente a marquesa, de ferro, como o lavatório, e vestida de mosquiteiro verde.
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Tudo isto, se tinha o mesmo ar de velhice dos móveis da sala, era como aqueles cuidadosamente limpos
e espanejados, respirando o mais escrupuloso asseio. Não se via uma teia de aranha na parede, nem sinal de
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UNIDADE 7: Tipologia Textual

Descrição de pessoa

Esta feição característica do aposento, repetia-se em seu morador, o Seixas, derreado neste momento
no sofá da sala, a ler uma das folhas diárias, estendidas sobre os joelhos erguidos, que assim lhe servem de
cômoda estante.
É um moço que ainda não chegou aos trinta. Tem uma fisionomia tão nobre, quanto sedutora; belos traços,
tez finíssima, cuja alvura realça a macia barba castanha. Os olhos rasgados e luminosos, às vezes coalham-
se em um enlevo de ternura, mas natural e estreme de afetação, que há de torná-los irresistíveis quando o
amor os acende. A boca vestida por um bigode elegante, mostra o seu molde gracioso, sem contudo perder a
expressão grave e sóbria, que deve ter o órgão da palavra viril.
Sua posição negligente não esconde de todo o garbo do talhe, que se deixa ver nessa mesma retração do
corpo. É esbelto sem magreza, e de elevada estatura. Página 80

O pé pousado agora
Todos em uma
os direitos chinela 
reservados não é pequeno;
Faculdade mas Batista
Teológica tem a de
palma estreita e o firme arqueado da
São Paulo
forma aristocrática.
Vestido com um chambre de fustão que briga as mimosas chinelas de chamalote bordadas de matiz, vê-
Produção de Texto
UNIDADE 7: Tipologia Textual

Referências bibliográficas

ABREU, Antônio Suárez. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção.


Cotia: Ateliê Editorial. 2009
______________ Curso de Redação. São Paulo: Ática. 2004

ALENCAR, José. O Guarani. São Paulo: Ática. 25ª ed. 2004.


_______________. Senhora. São Paulo. FTD, 1999.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português
Linguagens. São Paulo: Saraiva. 2010
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão. Prática de texto para estudantes
universitários. São Paulo: Vozes. 2009

FARACO & MOURA. Para gostar de escrever. São Paulo: Ática. 2000

GIACOMOZZI, Gílio; VALERIO, Gildete; FENGA, Cláudia. Reda. Estudos de


Gramática. São Paulo: FTD. 1999

GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. São Paulo: Ática. 1993

KOCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; PAVANI, Cinara Ferreira.
Prática textual: atividades de leitura e escrita. Petrópolis: Vozes. 2014

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, analise de gêneros e


compreensão. São Paulo: Parábola. 2008.

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UNIDADE 7: Tipologia Textual

MORAIS, Augusta Magalhães Carvalho... [et al..] Enciclopédia do estudante:


técnicas de pesquisa, expressão oral e escrita. São Paulo: Moderna, 2008.

PASCHOALIN, Maria Aparecida. Gramática: teoria e exercícios. São Paulo:


FTD, 1989.

SARMENTO, Leila Lauar. Oficina de redação. São Paulo: Moderna. 2003.

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UNIDADE 8: Gêneros Textuais

Unidade 8: GÊNEROS TEXTUAIS

Objetivos:
Conhecer gêneros textuais; quais são suas características; qual é a sua
finalidade; em quais contextos circulam.

1. Gêneros textuais

Nas diversas situações de comunicação, as quais somos expostos


todos os dias, podemos estar presentes em vários ambientes que exigem de nós
um comportamento específico. Imaginemos que a vó deseja ensinar a neta fazer
um bolo com as informações de uma receita de seu caderno. Então, ela, usando
uma receita, indica passo a passo como o bolo deve ser feito. Ou uma pessoa
chega à Rodoviária de uma cidade grande como São Paulo e não conhece nada,
vai procurar informações por meio de placas de aviso e textos informativos. Se
um professor precisa falar com os pais de um aluno pode mandar um bilhete ou
um gênero textual moderno como o e-mail ou um a mensagem via WhatsApp.
Assim, a partir da necessidade que o homem tem de interagir e comunicar-se,
surgem os gêneros textuais, os quais foram criados historicamente pelo ser
humano para suprir determinadas necessidades de comunicação verbal.
Com o passar do tempo, os gêneros textuais podem ter sua estrutura
modificada, é o caso do telefonema que surgiu a partir da conversa de
antigamente, do e-mail que tem sua base no bilhete e na carta. Os gêneros
textuais apresentam-se diferentes dos tipos textuais os quais possuem uma
estrutura definida.
O linguista Luiz Antônio Marcuschi (2002) afirma que os gêneros
textuais são fruto de um trabalho coletivo e contribuem para ordenar e estabilizar
as atividades comunicativas do dia a dia. De acordo com o autor, “são entidades
sócio-discursivas e formas de ação social contornáveis em qualquer situação
comunicativa”. Entendendo melhor, os gêneros textuais surgem em nossa vida
diária, situam-se e integram-se nas culturas que se desenvolvem,
caracterizando-se mais por suas funções comunicativas, cognitivas e estruturais.

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UNIDADE 8: Gêneros Textuais

Gênero textual refere os textos materializados em situações


comunicativas recorrentes. Os gêneros textuais são os textos que
encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões
sociocomunicativos característicos definidos por composições
funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na
integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas. Em
contraposição aos tipos, os gêneros são entidades empíricas em
situações comunicativas e se expressam em designações diversas,
constituindo em princípio listagens abertas. Alguns exemplos de gêneros
textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal,
romance, bilhete, reportagem, aula expositiva, reunião de
condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula
de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções
de uso, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada,
conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo
por computador, aulas virtuais e assim por diante. Como tal os
gêneros são formas textuais escritas ou orais bastante estáveis, histórica
e socialmente situadas. (MARCUSCHI, 2008. p. 155)

Marcuschi (2008) considera, também, importante diferenciar tipo textual


de gênero textual. Para o autor, usamos a expressão tipo textual, para
“designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza
linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais,
relações lógicas)”. De modo geral, são tipos de texto conhecidos como
narrativos, argumentativos, descritivos expositivos e injuntivos. Já a expressão
gênero textual, é usada como uma noção propositalmente vaga como
referência a textos materializados que encontramos em nosso cotidiano.

2. Gênero textual: Crônica

É um gênero narrativo que valoriza as situações do cotidiano, os fatos que


causam impacto no dia a dia e podem se transformar em notícia. Quase sempre
é um texto curto, com poucas personagens, tempo e espaço limitados. Costuma
ser veiculada em jornais e revistas. Algumas características da crônica:
concisão e brevidade; simplicidade e leveza no estilo; linguagem
coloquial; foco narrativo predominante de 1ª pessoa.

Exemplo:

Natureza

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UNIDADE 8: Gêneros Textuais

O passarinho caminhava alerta pelo gramado, na manhã ensolarada.


Estávamos os dois hospedados no mesmo resort, na Bahia. Na verdade,
éramos muitos os hóspedes, humanos, alados, rastejantes, grimpantes: aves
várias, dos miúdos beija-flores aos valentões carcarás, lagartões iguanos,
micos atrevidos. Da minha varanda térrea eu observava o passarinho, e não
sei dizer o que o tornava tão atraente, se a rara cor, se a desenvoltura. Bem
próximo de mim, uns 3 metros, ele caminhava cauteloso, menos atento à
comidinha que com toda certeza encontraria pelo chão do que ao perigo que
poderia vir dos ares ou da vida rasteira — no entanto, era para comer que
estava ali, momentaneamente renunciando à segurança da sua condição
alada. Bichos pequenos praticam a ousadia da necessidade.
O que tornava rara a sua plumagem era talvez a minha ignorância.
Conhecia os bem-te-vis, sábias, canários, pardais, rolinhas, joões-de-barro e
periquitos, comuns em São Paulo, e os canários-da-terra, sanhaços, saíras,
pica-paus, cardeais, curiós, tizius, cambaxirras, trinca-ferros e pintassilgos
que pousaram nos galhos da minha infância ou comeram alpiste nas gaiolas
do meu pai, mas as cores deles nada informam sobre a desse que caminha
diante da minha varanda.
Era de um amarronzado alegre, não esse marrom fechado à luz, opaco
de certas pedras ou paus, um marronzinho alegrado pelo amarelo, ou laranja,
como se um pintor tivesse misturado tons para obter outro de mais graça,
quase aurora, ocre comprometido como dourado, o que lhe dava ares de
simpatia discreta, nada que lembrasse as cores festivas de alguns de seus
primos passarinhos.
O seu caminhar rivalizava, em graça, com sua cor, ou esta combinava
com aquele para torná-lo mais prazeroso de se olhar.
Seria esse o estilo dos seus iguais ou ele encenava aquilo? Não era
pequenino, regulava seu tamanho com o das rolinhas, mas era mais alto de
pernas e porte, elegante. Andava de cabeça empinada, nem uma vez a
abaixou antes de ter a certeza de que era seguro distrair-se uma fração de
segundo para apanhar no bico alguma miudeza do seu cardápio, quem sabe
um grão minúsculo, uma atarefada formiga. Avançava cauteloso, nem por
isso deselegante ou vacilante; alerta, já disse. Tinha mesmo o ar garboso de

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um porta-bandeira militar, peito para frente, passinhos largos, como se uma


banda determinasse o ritmo da passada. Parecia ter prazer na caminhada,
cabecinha impulsionando o corpo com pequenos arrancos. Encantado,
fantasio que ele estava desfilando, mostrando-se para mim.
Tudo ajudava: a manhã, a inclinação do sol, o céu limpo de nuvens
exagerando no azul, o mar em frente a rolar sobre si mesmo capturando
cores, barcos ao longe criando horizontes, a mata ao lado harmonioso sons
em surdina. De lá vinham os bandos de micos que aplicavam pequenos
sustos nos hóspedes, as borboletas e abelhas que escolhiam adocicados
sabores pelas flores, os pássaros músicos, todos à cata da refeição matinal
nos jardins bem cuidados do resort. Avisos por toda parte recomendavam
que não déssemos alimentos processados aos animais silvestres, eles
saberiam o que lhes convinha natureza. Resisti ao impulso de atirar migalhas
de pão ao meu passarinho, ele poderia se assustar, fugir.
Mais confiante, andou uma boa distância a catar petiscos, talvez uns 5
metros imprudentes, e então um carcará surgiu em mergulho fulminante,
apanhou-o a com as garras e o levou.
(Ivan Ângelo, Veja São Paulo, 9/08/16)

3. Gênero textual: Fábula

é um gênero narrativo de ficção que transmite um ensinamento e cujos


personagens, de modo geral, são animais personificados; emprega uma
linguagem formal ou informal. Tradicionalmente, as fábulas eram narrativas orais
e não se sabe ao certo quem as criou. De acordo com Irene A. Machado,

A fábula nasceu no Oriente e foi reinventada no Ocidente pelo


escravo grego Esopo, que criava histórias baseadas em animais para
mostrar como agir com sabedoria. Suas fábulas, mais tarde, foram
reescritas em versos, com um acentuado tom satírico pelo escravo
romano Fedro. Contudo, o grande responsável pela divulgação e
reconhecimento das fábulas de Esopo no Ocidente moderno foi o
francês Jean de la Fontaine, um poeta que conhecia muito bem a arte e
as manifestações da cultura popular.
Motivado pela natureza simbólica das fábulas, La Fontaine criava
suas histórias com um único objetivo: tornar os animais o principal
agente da educação dos homens. Para isso, os animais são
colocados numa situação humana exemplar, tornando-se uma espécie
de símbolo. Por exemplo, a formiga representa o trabalho; o leão

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UNIDADE 8: Gêneros Textuais

simboliza a força; a raposa, a astúcia; o lobo, o poder despótico; e


assim por diante. (MACHADO, 1994. p. 57)

Exemplo:

O burro e o cachorrinho

Um homem tinha um burro e um cachorrinho. O cachorro era muito bem cuidado por seu
dono, que brincava com ele, deixava que dormisse no seu colo e sempre que saía para um jantar
voltava trazendo alguma coisa boa para ele. O burro também era muito bem cuidado por seu dono.
Tinha um estábulo confortável, ganhava muito feno e muita aveia, mas em compensação tinha que
trabalhar no moinho moendo trigo e carregar cargas pesadas do campo para o paiol. Sempre que
pensava na vida boa do cachorrinho, que só se divertia e não era obrigado a fazer nada, o burro se
chateava com a trabalheira que ficava por conta dele.
“Quem sabe se eu fizer tudo o que o cachorro faz nosso dono me trata do mesmo jeito?”,
pensou ele.
Pensou e fez. Um belo dia soltou-se do estábulo e entrou na casa do dono saltitando como
tinha visto o cachorro fazer. Só que, como era animal grande e atrapalhado, acabou derrubando a
mesa e quebrando a louça toda. Quando tentou pular no colo do dono, os empregados acharam
que ele estava querendo matar o patrão e começaram a bater nele com varas até ele fugir da casa
correndo. Mais tarde, todo dolorido em seu estábulo, o burro pensava: “Pronto, me dei mal. Mas
bem que eu merecia. Por que não fiquei contente com o que sou em vez de tentar copiar as
palhaçadas daquele cachorrinho?”.
Moral: É burrice tentar ser uma coisa que não se é.

(Fáculas de Esopo, compilação Russell Ash e Bernard Higton – tradução Heloisa John. São Paulo. Companhias
das Letrinhas. 1994, p. 42)

4. Gênero textual: Conto

É uma narrativa breve e condensada que apresenta os elementos


básicos de um texto narrativo. São poucas personagens, poucas ações e tempo
e espaços limitados. O conto quase sempre retrata um conflito.
Exemplo:
Conto de escola.
A escola era na Rua do Costa, um sobradinho de grade de pau. O ano era
de 1840. Naquele dia — uma segunda-feira, do mês de maio — deixei-me estar

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alguns instantes na Rua da Princesa a ver onde iria brincar a manhã. Hesitava
entre morro de S. Diogo e o campo de Sant’Ana, que não era então esse parque
atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito,
alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o
problema. De repente disse comigo que o melhor era a escola. E guiei para a
escola. Aqui vai a razão.
Na semana anterior tinha feito dois suetos, e, descoberto o caso, recebi o
pagamento das mãos de meu pai, que me deu uma sova de vara de marmeleiro.
As sovas de meu pai doíam por muito tempo. Era um velho empregado do
Arsenal de Guerra, ríspido e intolerante. Sonhava para mim uma grande posição
comercial, e tinha ânsia de me ver com os elementos mercantis, ler, escrever e
contar, para me meter de caixeiro. Citava-me nomes de capitalistas que tinham
começado ao balcão. Ora, foi a lembrança do último castigo que me levou
naquela manhã para o colégio. Não era um menino de virtudes.
Subi a escada com cautela, para não ser ouvido do mestre, e cheguei a
tempo; ele entrou na sala três minutos depois. Entrou com o andar manso do
costume, em chinelas de cordovão, com a jaqueta de brim lavada e desbotada,
calça banca e tesa e grande colarinho caído. Chamava-se Policarpo e tinha perto
de cinquenta anos ou mais. Uma vez sentado, extraiu da jaqueta a boceta de
rapé e o lenço vermelho, pô-los na gaveta; depois relanceou os olhos pela sala.
Os meninos, que se conservaram de pé durante a entrada dele, tornaram a
sentar-se. Tudo estava em ordem; começam os trabalhos.
— Seu Pilar, eu preciso falar com você, disse-me baixinho o filho do mestre.
Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligência
tardia. Raimundo gastava duas horas em reter aquilo que a outros levavam
apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia com o tempo o que não podia fazer
logo com o cérebro. Reunia a isso um grande medo do pai. Era uma criança fina,
pálida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e
retirava-se antes. O mestre era mais severo com ele do que conosco.
— O que é que você quer?
— Logo, respondeu ele com voz trêmula.
Começou a lição de escrita. Custa-me dizer que eu era dos mais adiantados
da escola; mas era. Não digo também que era dos mais inteligentes, por um
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escrúpulo fácil de entender e de excelente efeito no estilo, mas não tenho outra
convicção. Note-se que não era pálido nem mofino: tinha boas cores e músculos
de ferro. Na lição de escrita, por exemplo, acabava sempre antes de todos, mas
deixava-me estar a recortar narizes no papel ou na tábua, ocupação sem
nobreza nem espiritualidade, mas em todo caso ingênua. Naquele dia foi a
mesma cousa; tão depressa acabei, como entrei a reproduzir o nariz do mestre,
dando-lhe cinco ou seis atitudes diferentes, das quais recordo a interrogativa, a
admirativa, a dubitativa e a cogitativa. Não lhes punha esses nomes, pobre
estudante de primeiras letras que era; mas, instintivamente, dava-lhes essas
expressões. Os outros foram acabando; não tive remédio senão acabar também,
entregar a escrita, e voltar para o meu lugar.
Com franqueza, estava arrependido de ter vindo. Agora que ficava preso,
ardia por andar lá fora, e recapitulava o campo e o morro, pensava nos outros
meninos vadios, o Chico Telha, o Américo, o Carlos das Escadinhas, a fina flor
do bairro e do gênero humano. Para cúmulo de desespero, vi através das
vidraças da escola, no claro azul do céu, por cima do Morro do Livramento, um
papagaio de papel, alto e largo, preso de uma corda imensa, que bojava no ar,
uma cousa soberba. E eu na escola, sentado, pernas unidas, com o livro de
leitura e a gramática nos joelhos.
— Fui um bobo em vir, disse eu ao Raimundo.
— Não diga isso, murmurou ele.
Olhei para ele; estava mais pálido. Então lembrou-me outra vez que
queria pedir-me alguma cousa, e perguntei-lhe o que era. Raimundo estremeceu
de novo, e, rápido, disse-me que esperasse um pouco; era uma cousa particular.
— Pilar... murmurou ele daí a alguns minutos.
— Que é?
— Você...
— Você quê?
Ele deitou os olhos ao pai, e depois a alguns outros meninos. Um destes,
o Curvelo, olhava para ele, desconfiado, e o Raimundo, notando-me essa
circunstância, pediu alguns minutos mais de espera. Confesso que começava a
arder de curiosidade. Olhei para o Curvelo, e vi que parecia atento; podia ser
uma simples curiosidade vaga, natural indiscrição; mas podia ser também uma

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cousa entre eles. Esse Curvelo era um pouco levado do diabo. Tinha onze anos,
era mais velho que nós.
Que me quereria o Raimundo? Continuei inquieto, remexendo-me muito,
falando-lhe baixo, com instância, que me dissesse o que era, que ninguém
cuidava dele nem de mim. Ou então, de tarde...
— De tarde, não, interrompeu-me ele; não pode ser de tarde.
— Então agora...
Na verdade, o mestre fitava-nos. Como era mais severo para o filho,
buscava-o muitas vezes com os olhos, para trazê-lo mais aperreado. Mas nós
também éramos finos; metemos o nariz no livro, e continuamos a ler. Afinal,
cansou e tomou as folhas do dia, três ou quatro, que ele lia devagar, mastigando
as ideias e as paixões. Não esqueçam que estávamos então no fim da Regência
*, e que era grande a agitação pública. Policarpo tinha algum partido, mas nunca
pude averiguar esse ponto. O pior que ele podia ter, para nós, era palmatória. E
essa lá estava pendurada do portal da janela, à direita, com os seus cinco olhos
do diabo. Era só levantar a mão, despendurá-la e brandi-la, com a força do
costume, que não era pouca. E daí, pode ser que alguma vez as paixões políticas
dominassem nele a ponto de poupar-nos uma ou outra correção. Naquele dia,
ao menos, pareceu-me que lia as folhas com muito interesse; levantava os olhos
de quando em quando, ou tornava uma pitada, mas tornava logo aos jornais, e
lia a valer.
No fim de algum tempo — dez ou doze minutos — Raimundo meteu a mão
no bolso das calças e olhou para mim.
— Sabe o que tenho aqui?
— Não.
— Uma pratinha que mamãe me deu.
— Hoje?
— Não, no outro dia, quando fiz anos...
— De verdade.
Tirou-se vagamente, e mostrou-me de longe. Era uma moeda do tempo do
rei, cuido que doze vinténs ou dois tostões não me lembra; mas era moeda, e tal
moeda que me fez pular o sangue no coração. Raimundo revolveu em mim o

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olhar pálido; depois perguntou-me se a queria para mim. Respondi-lhe que


estava caçoando, mas ele jurou que não.
— Mas então você fica sem ela?
— Mamãe depois me arranja outra. Ela tem muitas que vovô lhe deixou,
numa caixinha; algumas são de ouro. Você quer esta?
Minha resposta foi estender-lhe a mão disfarçadamente, depois de olhar
para a mesa do mestre. Raimundo recusou a mão e deu à boca um gesto
amarelo, que queria sorrir. Em seguida propôs-me um negócio, uma troca de
serviços; ele me daria a moeda, eu lhe explicaria um ponto da lição de sintaxe.
Não conseguira reter nada do livro, e estava com medo do pai. E concluía a
proposta esfregando a pratinha nos joelhos.
Tive uma sensação esquisita. Não é que eu possuísse da virtude uma
ideia antes própria de homem; não é também que não fosse fácil em empregar
uma ou outra mentira de criança. Sabíamos ambos enganar ao mestre.
____________________
*
Regência: O período da Regência situa-se entre a renúncia de D. Pedro I em 1831 e
o golpe conservador que proclamou a maioridade de D. Pedro II em 1945, alguns anos
antes do tempo. Foi dos períodos mais agitados e complexos na História do Brasil.
Houve inúmeras revoltas localistas por todo o país, o poder central estava
consideravelmente enfraquecido e os ventos sopravam na direção de um maior
liberalismo politico. Daí a ironia de tudo isso acontecer em função de um velho e
rabugento professor. (N.E.)

A novidade estava nos termos da proposta, na troca de lição e dinheiro, compra


franca, positiva, toma lá, dá cá; tal foi a causa da sensação. Fiquei a olhar para
ele; à toa, sem poder dizer nada.
Compreende-se que o ponto da lição era difícil, e que Raimundo, não o tendo
aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do
pai. Se me tem pedido a cousa por favor, alcançá-la-ia do mesmo modo, como
de outras vezes; mas parece que a lembrança das outras vezes, o medo de
achar a minha vontade frouxa ou cansada, e não aprender como queria, — e
pode se mesmo que em alguma ocasião lhe tivesse ensinado mal,— parece que
tal foi a causa da proposta. O pobre-diabo contava com o favor, — mas queria
assegurar-lhe a eficácia, e daí recorreu à moeda que a mãe lhe dera e que ele
guardava como relíquia ou brinquedo; pegou dela e veio esfregá-la nos joelhos,

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à minha vista, como uma tentação... Realmente, era bonita, fina, branca, muito
branca; e para mim, que só trazia cobre no bolso, quando trazia alguma cousa,
um cobre feio, grosso, azinhavrado...
Não queria recebê-la, e custava-me recusá-la. Olhei para o mestre, que
continuava a ler, com tal interesse, que lhe pingava o rapé do nariz.
— Ande, tome, dizia-me baixinho o filho. E a pratinha fuzilava-lhe entre os dedos,
como se fora diamante... Em verdade, se o mestre não visse nada, que mal
havia? E ele não podia ver nada, estava agarrado aos jornais, lendo com fogo,
com indignação...
— Dê cá...
Raimundo deu-me a pratinha, sorrateiramente; eu meti-a na algibeira das
calças, com um alvoroço que não posso definir. Cá estava ela comigo, pegadinha
à perna. Restava prestar o serviço, ensinar a lição, e não me demorei em fazê-
lo, nem o fiz mal, ao menos conscientemente; passava-lhe a explicação em um
retalho de papel que ele recebeu com cautela e cheio de atenção. Sentia-se que
despendia um esforço cinco ou seis vezes maior para aprender um nada; mas
contanto que ele se escapasse ao castigo, tudo iria bem.
De repente, olhei para o Curvelo e estremeci; tinha os olhos em nós, com
um riso que me pareceu mau. Disfarcei; mas daí a pouco, voltando-me outra vez
para ele, achei-o do mesmo ar, acrescendo que entrava a remexer-se no banco,
impaciente. Sorri para ele e ele não sorriu; ao contrário, franziu a testa, o que lhe
deu um aspecto ameaçador. O coração bateu-me muito.
— Precisamos muito cuidado, disse eu ao Raimundo.
— Diga-me isto só, murmurou ele.
Fiz-lhe sinal que se calasse; mas ele instava, e a moeda, cá no bolso,
lembrava-me o contrato feito. Ensinei-lhe o que era, disfarçando muito; depois,
tornei a olhar para o Curvelo, que me pareceu ainda mais inquieto, e o riso,
dantes mau, estava agora pior. Não é preciso dizer que também eu ficara em
brasas, ansioso que a aula acabasse; mas nem o relógio andava como das
outras vezes, nem o mestre fazia caso da escola; este lia os jornais, artigo por
artigo, pontuando-os com exclamações, com gestos de ombros, com uma ou
duas pancadinhas na mesa. E lá fora, no céu azul, por cima do morro, o mesmo
eterno papagaio, guinando a um lado e outro, como se me chamasse a ir ter com

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ele. Imaginei-me ali, com os livros e a pedra embaixo da mangueira, e a pratinha


no bolso das calças, que eu não daria a ninguém, nem que me serrassem;
guardá-la-ia em casa, dizendo à mamãe que a tinha achado na rua. Para que
me não fugisse, ia-a apalpando, roçando-lhe os dedos pelo cunho, quase lendo
pelo tato a inscrição, com uma grande vontade de espiá-la.
— Oh! Seu Pilar! Bradou o mestre com voz de trovão.
Estremeci como se acordasse de um sonho, e levantei-me às pressas. Dei
com o mestre, olhando para mim, cara fechada, jornais dispersos, e ao pé da
mesa, em pé, o Curvelo. Pareceu-me adivinhar tudo.
— Venha cá! Bradou o mestre.
Fui e parei diante dele. Ele enterrou-me pela consciência dentro um par de
olhos pontudos; depois chamou o filho. Toda a escola tinha parado; ninguém
mais lia, ninguém fazia um só movimento. Eu, conquanto não tirasse os olhos do
mestre, sentia no ar a curiosidade e o pavor de todos.
— Então o senhor recebe dinheiro para ensinar as lições aos outros? Disse-
me o Policarpo.
— Eu...
— Dê cá a moeda que esse seu colega lhe deu! Clamou.
Não obedeci, mas não pude negar nada. Continuei a tremer muito.
Policarpo bradou de novo que lhe desse a moeda, e eu não resisti mais, meti a
mão no bolso, vagarosamente, saquei-a e entreguei-lha. Ele examinou-a de um
e outro lado, bufando de raiva; depois estendeu o braço e atirou-a à rua. E então
disse-nos uma porção de cousas duras, que tanto o filho como eu acabávamos
de praticar uma ação feia, indigna, baixa, uma vilania, e para emenda e exemplo
íamos ser castigados. Aqui pegou da palmatória.
— Perdão, seu mestre... solucei eu.
— Não há perdão! Dê cá a mão! Dê cá a mão! Vamos! Sem-vergonha! Dê
cá a mão!
— Mas, seu mestre...
— Olhe que é pior!
Estendi-lhe a mão direita, depois a esquerda, e fui recebendo os bolos uns
por cima dos outros, até completar doze, que me deixaram as palmas vermelhas
e inchadas. Chegou a vez do filho, e foi a mesma cousa; não lhe poupou nada,

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dois, quatro, oito, doze bolos. Acabou, pregou-nos outro sermão. Chamou-nos
sem-vergonhas, desaforados, e jurou que se repetíssemos o negócio,
apanharíamos tal castigo que nos havia de lembrar para todo o sempre. E
exclamava: Porcalhões! Tratantes! Faltos de brio!
Eu por mim, tinha a cara no chão. Não ousava fitar ninguém, sentia todos
olhando em nós. Recolhi-me ao banco, soluçando, fustigando pelos impropérios
do mestre. Na sala arquejava o terror; posso dizer que naquele dia ninguém faria
igual negócio. Creio que o próprio Curvelo enfiara de medo. Não olhei logo para
ele, cá dentro de mim jurava quebrar-lhe a cara, na rua, logo que saíssemos, tão
certo como três e dois serem cinco.
Daí a algum tempo, olhei para ele; ele também olhava para mim, mas
desviou a cara, e penso que empalideceu. Compôs-se e entrou a ler em voz alta;
estava com medo. Começou a variar de atitude, agitando-se à toa, coçando os
joelhos, o nariz. Pode ser até que se arrependesse de nos ter denunciado; e na
verdade, por que denunciar-nos? Em que é que lhe tirávamos alguma cousa?
“Tu me pagas! tão duro como osso!” dizia eu comigo.
Veio à hora de sair, e saímos; ele foi adiante, apressado, e eu não queria
brigar ali mesmo, na Rua da Costa, perto do colégio; havia de ser na rua larga
de S. Joaquim. Quando, porém, cheguei à esquina, já o não vi; provavelmente
escondera-se em algum corredor ou loja; entrei numa botica, espiei em outras
casas, perguntei por ele a algumas pessoas, ninguém me deu notícia. De tarde,
faltou à escola.
Em casa não contei nada, é claro; mas para explicar as mãos inchadas,
menti a minha mãe, disse-lhe que não tinha sabido a lição. Dormi nessa noite,
mandando ao diabo os dois meninos, tanto o da esquina como o da moeda. E
sonhei com a moeda; sonhei que, ao tornar à escola, no dia seguinte, dera com
ela na rua, e a apanhara, sem medo nem escrúpulos...
De manhã, acordei cedo. A ideia de ir procurar a moeda fez-me vestir sem
contar as calças novas que minha mãe me deu, por sinal que eram amarelas.
Tudo isso, e a pratinha... Saí de casa, como se fosse sentar no trono de
Jerusalém. Piquei o passo para que ninguém chegasse antes de mim à escola;
ainda assim não andei tão depressa que amarrotasse as calças. Não, que elas
eram bonitas! Mirava-as, fugia aos encontros, ao lixo da rua...

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Na rua encontrei uma companhia do batalhão de fuzileiros, tambor à


frente, rufando. Não podia ouvir isto quieto. Os soldados vinham batendo o pé
rápido, igual, direita, esquerda, ao som do rufo; vinham, passaram por mim, e
foram andando. Eu senti uma comichão nos pés, e tive ímpeto de ir atrás deles.
Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o tambor... Olhei para um e outro lado;
afinal, não sei como foi, entrei a marchar também ao som do rufo, creio que
cantarolando alguma cousa: Rato na casaca... Não fui à escola, acompanhei os
fuzileiros, e depois enfiei pela Saúde, e acabei a manhã na Praia da Gamboa.
Voltei para casa com as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem
ressentimento na alma. E, contudo, a pratinha era bonita e foram ele, Raimundo
e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da corrupção, outro da
delação; mas o diabo do tambor...
(MACHADO, de Assis. Contos. São Paulo. Ática. 1993. p. 31-37)

5. Gênero textual: Notícia

é um gênero jornalístico que tem como objetivo informar ao leitor fatos,


acontecimentos que acontecem no dia a dia, utilizando uma linguagem clara e
objetiva. A notícia, de modo geral, compõe-se de duas partes: lead e corpo. O
lead é o primeiro parágrafo que apresenta um resumo, feito em poucas palavras,
no qual são fornecidas respostas às questões básicas da narração: o que?
(fatos), quem? (personagens/pessoas), quando? (tempo), onde?
(espaço/lugar), como? (explicação dos fatos), e por quê? (causa dos
acontecimentos). O corpo da notícia é a parte que explica detalhadamente o
lead, apresentando novas informações em ordem cronológica ou de importância.

Polícia liberta empresário de cativeiro

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A polícia Cível de São O pedido inicial dos Sua família comprou


Paulo resgatou na tarde criminosos era de R$ 20 uma frota de caminhões
de ontem, o empresário milhões. e passou a investir no
Belarmino de Ascenção transporte de verduras
Marta, 79 anos, que era Grupo para Santos e Rio de
mantido refém desde o O empresário é o Janeiro.
dia 7 de outubro. fundador do Grupo Ele decidiu investir no
O empresário do ramo Belarmino, segundo ônibus na década de 60,
de ônibus estava em maior grupo que quando esse transporte
uma casa em trabalha com transporte começou a ocupar o
Parelheiros (zona sul de público no Estado de espaço deixado pelos
SP). Segundo policiais, São Paulo. bondes.
ele estava bastante Português, ele chegou (FSP e AG). Jornal Agora São
Paulo, 09/11/16.
abatido, mas sem a São Paulo, em 1952,
ferimentos. com 14 anos, e
Três pessoas foram trabalhou na
presas sob a suspeita de adolescência com a
participação do crime. família vendendo
Não houve pagamento verduras no mercado
de resgate. municipal.

Sogra de chefe da F1 foi alvo


Belarmino foi No dia 31 de julho, Ao todo, sete pessoas
sequestrado na região Aparecida Schunk, 67 foram presas. Um piloto
de Campinas (93 km se anos, sogra de Bernie de helicóptero que
SP) no começo do mês Ecclestone, 85 anos, o prestava serviço para
passado, quando ia de inglês chefão da Ecclestone foi apontado
casa para uma de suas Fórmula 1, foi libertada como mandante do
empresas. pela polícia após ser crime — ele negou.
A investigação contou mantida refém por nove Ecclestone é casado
com a participação de dias, em Interlagos com a brasileira Fabiana
equipes de São Paulo e (zona sul de SP). Os Ecclestone, 38 anos,
de Campinas. Os criminosos pediam filha mais velha de
detalhes dessa resgate de R$ 120 Aparecida
operação devem milhões. (FSP e AG) Jornal Agora São
Paulo, 09/11/16.

6. Gênero textual: Artigo de opinião

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é um gênero textual argumentativo que aparece em jornais e revistas,


assinados por articulistas, especialistas, pessoas intelectuais de destaque
cenário no politico e cultural do país. Tem como objetivo emitir uma opinião
sobre determinado assunto de forma a convencer o leitor a aceitar uma ideia,
mudar de opinião ou adotar uma postura.

Truque sujo no Enem

Há pais cegos, mas por quererem. Passei horas estudando o ranking do


Enem. Descobri o que não está na superfície: para uma escola ir bem, basta
participar de uma farsa.
A número 1 no ranking, uma pequena filial do Objetivo, com sufixo qualquer,
participou com 41 alunos! Ora, se pegarmos a escola real deles, que fica no
mesmo número famoso endereço da av. Paulista, com 280 alunos participantes,
a classificação cai para o 547º lugar.
Não é diferente com a plataforma Eleva, que se gaba de ter nas suas
unidades do Rio, Pensi, 4 das 15 escolas mais bem avaliadas. Lá a estratégia é
mais discreta: fazer turmas mínimas com alto grau de filtragem.
Depois, é só usar essa elite para fazer de conta que o resto é tão bom quanto.
O investidor da plataforma Jorge Paulo Leman, um cidadão honesto e vencedor,
não se deu conta do que estão fazendo em seu nome.
Não é irregular, nem fora das regras do Enem, mas é um engodo perante os
pais. Há que se perguntar: a quem interessa? Por que o Inep não força a fusão
das notas dessas escolas, que já seguem o modelo “cursinho asiático
trucidante”?
Causa espanto que as escolas públicas se deem mal nesse sistema de
decoreba? Ora, o famoso Objetivo, em 547º lugar, não é muito diferente da
maioria das escolas públicas — isso sim é fascinante. Qualquer escola é capaz
de filtrar alunos vencedores de olimpíadas matemáticas, sob o comando de
professores sargentos de prova.
Interessante observar que os empresários estão mandando cada vez mais na
educação. Os do ramo e, nos últimos dez anos, também os de fora do ramo.

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Uma coleção de entidades empresariais, cada qual com sua vaidade pessoal,
tem “ensinado” que a boa educação depende de boa gestão.
Isso, contudo, é uma balela. Depende de mudanças conceituais na
metodologia obsoleta.
Aliás, depois de uma década investindo pesado no teste Pisa (Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes), o Brasil passou de 56º para 58º no
ranking mundial, entre 65 países.
Não que o Pisa seja isento da mesma fraude. É só olhar a progressão: no
começo, tinha a Finlândia lá em cima, como também a Suécia, Suíça e Holanda.
No último ranking, só dá ditadura.
Dois terços dos primeiros dez lugares são tomados por países em que
não há liberdade para o aluno, seja para escolher ou ser feliz. As nações
asiáticas dominam o ranking, e o massacre dos jovens é impiedoso.
Muitos alunos da Coreia do Sul, por exemplo, têm um turno triplo: oito horas
de escola seguidas de cursinho por quatro horas. E depois, lição de casa. O
canal britânico BBC mostrou que muitos dormem às 2h e acordam às 6h30, para
recomeçar tudo.
É com esses países que o Brasil oficial, fomentado por empresários, quer
concorrer no ranking.
A escola, não só no Brasil, está presa numa pantomima que parece interessar
a todos. O conteúdo que cai nas provas é reduzido, não chega a 1% do que o
Google possui sobre aquele assunto. Dessa amostragem mínima, eivada de
bobagens (fórmulas matemáticas de segundo grau e decorebas de química ou
biologia), submetem-se os alunos a enfadonhas sessões de releitura de
apostilas obsoletas.
Professores fazem de conta que ensinaram. Alunos fazem cara de que
aprenderam. Pais e sociedade babam em rankings do Enem.
Até no Enade, que avalia as universidades, existem ardis — alunos são
mantidos em recuperação e outros avançam antes da hora para melhorar a
pontuação geral.
Quantos alunos já foram incentivados a não fazerem as provas? Quantos
testes de recuperação não foram marcados para a mesma hora dos exames
oficiais?

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A reforma do ensino médio segue a mesma toada. Reconhecendo-se o


fracasso, faz-se apenas uma redução de disciplinas. Pensando bem, elas nem
deveriam existir num mundo em que só interessa saber questionar — e procurar
no Google.
Afinal, queremos formar cidadãos livres e pensantes ou seguir o Enem e o
Pisa no embate dos conteúdos e rankings embrutecedores?
Olho vivo, meus caros pais.
Vocês também participam dessa tramoia.
(Ricardo Semler, empresário, é sócio da Semco Partners e fundador do
Instituto Lumiar, que administra nas escolas Lumiar. Foi professor visitante
da Harvard Law School. Folha de São Paulo, 06/11/16).

7. Gênero textual: Editorial

Texto opinativo que expressa o ponto de vista e tendência de um jornal


sobre fatos que estão em discussão na sociedade. O editorial apresenta uma
estrutura simples, a introdução com uma ideia principal (tese); o
desenvolvimento e a conclusão. Por ser um texto argumentativo, tem como
objetivo persuadir e convencer o leitor, por isso, precisa apresentar
argumentos consistentes, construídos a partir de exemplos, dados estatísticos,
depoimentos de autoridades, justificativas que fundamentem a tese.

Otimismo abalado
Marca do início da gestão de Michel Temer (PMDB), a esperança na
recuperação da economia vai dando lugar a prognósticos mais sombrios. A
melhora dos índices de confiança a partir do segundo trimestre não foi suficiente
até agora para suplantar obstáculos concretos para a volta do crescimento.
A julgar pelos indicadores do Banco Central, a economia teve nova retração
no terceiro trimestre, próxima a 1%. Na melhor das hipóteses, espera-se
estabilização até o final do ano.

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O governo já indica que reduzirá sua projeção para o crescimento do PIB em


2017, hoje em 1,6%, para cerca de 1%. Cresce entre analistas do setor privado
o temor de resultados ainda piores.
Não há vetores fortes o suficiente para uma virada rápida. O investimento
privado ainda patina, em razão dos estoques excessivos e da falta de demanda.
No caso da infraestrutura cuja melhora poderia propiciar ganhos
generalizados de produtividade e custos, apenas teve início o que promete ser
uma longa reconstrução de negócios.
Os principais operadores desse setor no país, afinal, eram os consórcios
capitaneados pelas grandes construtoras envolvidas na Lava Jato, além de
fundos de pensão de estatais. Levará um bom tempo até que novos
participantes e as novas práticas se consolidem.
Subsistem, além disso, dificuldades para concessão de crédito, não apenas
por restrição dos bancos comerciais, mas também em decorrência de falta de
demanda empresarial e do endividamento de consumidores.
A crise econômica e a resistência da inflação dificultam o ajuste das contas
públicas. A situação falimentar dos Estados é mais um sinal de alerta, que pode
favorecer o acirramento de protestos.
Os riscos para o governo federal são evidentes, uma vez que opera num
ambiente de baixa popularidade. Paira sobre ele a ameaça de rápida erosão de
seu capital político, nos próximos meses.
As vitórias nas votações do Congresso não isentem o Planalto de imprimir
agilidade a outras pautas de relevância fundamental, como a reforma da
Previdência. Além disso, é preciso dar demonstrações cabais de que não mais
serão tolerados privilégios para certas classes e corporações.
Trata-se, em essência, de construir as condições básicas para que a taxa de
juros caia de forma substancial, o quanto antes. Seria esse o melhor caminho,
talvez o único no contexto, atual, para restaurar um ambiente de dinamismo na
economia.
(Jornal F. de São Paulo, 20 de novembro de 2016, Editorias)

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8. Gênero textual: Resumo

Consiste em condensar de modo coerente as ideias principais do texto


original. É um gênero textual muito usado nas instituições de ensino. É
importante destacar que nunca se devem copiar as partes do texto
integralmente, pois, um bom resumo deve ser breve, conciso, produzido, a partir
das ideias fundamentais do texto original. Assim, as condições para um bom
resumo são:
Um bom resumo deve cumprir três condições concisão, exatidão e
objetividade.
▪ Concisão: O objetivo fundamental do resumo, como ocorre também com o
esquema, é facilitar o estudo, e esse objetivo só será alcançado se o resumo
limitar-se a dados e ideias essenciais.
▪Exatidão: O resumo deve recolher com precisão o conteúdo de todas as ideias
importantes do texto.
▪Objetividade: O resumo deve limitar-se a condensar as ideias expostas pelo
autor do texto, sem emitir juízos de valor sobre elas. (MORAES, 2008. p.209)

Antes da elaboração de um resumo, é preciso fazer a leitura atenta do texto


original para identificar as ideias principais, os fatos apresentados e o
encadeamento do pensamento do autor do texto. De acordo com SEVERINO
(2007) “O resumo do texto é, na realidade, uma síntese das ideias e não das
palavras do texto. Não se trata de uma ‘miniaturização’ do texto. Resumindo um
texto com as próprias palavras, o estudante mantém-se fiel às ideias do autor
sintetizado”.
Veja o resumo feito do texto “Truque sujo no Enem”, da página 57.

No texto, ”Truque sujo no Enem”, publicado pelo o jornal Folha de São Paulo,
o autor afirma que os pais são cegos porque querem e que ele passou horas
estudando o ranking do Enem, descobriu que para uma escola ir bem, basta
participar de uma farsa. A escola nº 1 no ranking, uma filial do Objetivo participou
com 41 alunos, quando na realidade, possui 280 alunos participantes, com esse
nº, a classificação cairia para 547º lugar.
A plataforma Eleva que se gaba de ter quatro unidades bem avaliadas no Rio,
lá, a estratégia é diferente, formar turmas mínimas de alunos com alto grau de
filtragem. Depois, é só contar com a nota do Enem desses alunos para fazer de

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conta que os outros são tão bons quanto eles. Jorge Paulo Leman, investidor da
plataforma, não sabe o que estão fazendo com seu nome.
O que causa espanto é por que o Inep não faz a fusão das notas dessas
escolas, que seguem o modelo tipo cursinhos. E por que as escolas públicas vão
tão mal no Enem, considerando que o Objetivo do 547º não é tão diferente dessas
escolas já que qualquer escola pode fazer uma filtragem dos melhores alunos da
classe.
Cada vez mais empresários estão mandando na educação, alguns já são do
ramo outros, não. Com uma proposta de que uma boa educação depende de boa
gestão. Isso é conversa! Para melhorar a educação, é preciso mudanças na
metodologia de ensino que, atualmente, é obsoleta. O Brasil fez investimentos
pesados no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), mas só
conseguiu passar do 56º para 58º no ranking mundial entre 65 países.
No começo da avaliação do PISA, apareciam, lá em cima, países como
Finlândia, Suécia, Suíça e Holanda, nos últimos lugares, só ditadura. Dois terços
dos dez primeiros lugares são de países onde os alunos não têm liberdade de
escolha, principalmente, os asiáticos que dominam o ranking, como a Coreia do
Sul, onde os alunos estudam oito horas por dia mais quatro de cursinhos. É com
esses países que os empresários da educação no Brasil querem concorrer.
Não só no Brasil a escola está presa numa pantomima que parece interessar
a muita gente. Um conteúdo reduzido que cai nas provas, o que não chega a 1%
do que é disponível no Google. Professores e alunos fazendo de conta que
ensinam e aprendem; pais e sociedade felizes com o ranking do Enem. Instituições
de ensino superior prorrogando o tempo do curso de alunos nas classes para não
fazerem o Enade. E a reforma do ensino médio, com a redução de algumas
disciplinas não apresenta soluções para estancar o fracasso.
Muita atenção, caros pais!

9. Gênero textual: Resenha

É um gênero textual que consiste na análise e apresentação resumida das


características principais de uma determinada obra como um livro, um filme, uma
peça teatral, com comentários e avalições críticas a respeito de sua qualidade.
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Esse tipo de texto é facilmente encontrado em jornais, revistas semanais, portais


da internet entre outros. Para Severino, (2007) “a resenha é uma síntese ou um
comentário dos livros publicados feito em revistas especializadas das várias
áreas da ciência”.
O autor afirma que
As resenhas têm papel importante na vida científica de qualquer
estudante e dos especialistas, pois é através delas que se toma
conhecimento prévio do conteúdo e do valor de um livro que acaba de
ser publicado, fundando-se nesta informação a decisão de se ler o livro
ou não, seja para o estudo seja para um trabalho em particular.
(SEVERINO, 2007. p.205)

A estrutura básica de uma resenha dever conter:

▪ Cabeçalho: Traz os dados bibliográficos completos da obra


resenhada, além de algumas informações sobre o autor da obra.
▪ Uma síntese do conteúdo do texto: deve conter os pontos principais
da obra analisada. Pode seguir capítulo ou parte por parte.
▪ Comentário crítico: deve ser uma avalição crítica da obra, essa
avaliação crítica pode ressaltar aspectos positivos ou negativos.

Exemplos:

Um filme:
Bastidores da II Guerra.
Em 8 de novembro de 1939, Georg Elser (papel de Christian Friedel), quis
extrair o mal pela raiz e armou uma bomba no local onde Adolf Hitler fez um
pronunciamento, em Munique. Como se sabe, o plano de matar o Fuhrer não
deu certo (embora a explosão tenha feito outras vitimas) e os horrores da II
Guerra espalharam-se pelo mundo. 13 minutos, então, volta alguns anos na
trama para mostrar como Elser, um humilde carpinteiro cheio de vida, previu
quão nefasto e perigoso o regime nazista seria a partir da ascensão de Hitler.
O roteiro também revela os dias em que o protagonista foi submetido a torturas
após o atentado. No exame de um fato inédito nos cinemas, o filme traz à tona
um herói anônimo esquecido pelo tempo. Direção: Olvier Hirschbiegel (Elser,
Alemanha, 2005, II4min), 14anos.
(Miguel Barbieri Jr. Veja São Paulo 9/11/16)

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Uma peça teatral

SÍNTHIA: uma família depois de 64


Em 2012, o autor e diretor Kiko Marques constrói um denso retrato
Marques surpreendeu pela ambição e familiar para falar das mudanças
competência com que se dispôs a políticas, sociais e comportamentais
enfocar uma família através de três do Brasil nas últimas cinco décadas. A
gerações em Cais ou da Indiferença encenação recorre a poucos
das Embarcações. O drama Sínthia, elementos cênicos, figurino simples e
montagem de potência semelhante à uma luz contrastante capaz de
escassez de pretensões desse nível espelhar quatro diferentes épocas e
na recente dramaturgia brasileira. os sentimentos dos personagens. Em
Levar tramas como esta para o palco, meio ao elenco de oito atores da
com vaievéns de tempo e questões Velha Companhia, Denise Weinberg
polêmicas, não é fácil, mas, diante de surge como atriz convidada com a
uma história bem contada e bem habitual energia entregue aos seus
interpretada, não há espectador que trabalhos e divide o brilho
resista. No Rio de Janeiro de 1964, o principalmente com Virginia
policial Luiz Mário e a dona de casa Buckowski, que aparece na pele de
Maria Aparecida (vividos por Henrique Nora e Ana, mulher e filha de Vicente,
Schafer e Alejandra Sampaio) têm oferecendo um expressivo painel da
três filhos e sonham com a chegada conduta feminina em três tempos.
de uma garota. Tudo indica que Sínthia, certamente, garante-se como
Sínthia virá ao mundo, mas nasce um dos melhores espetáculos do ano.
Vicente e, em paralelo, Luiz Mário O elenco é completado por Marcelo
começa a receber novas Diaz, Marcelo Marothy, Valmir
incumbências na corporação militar. Sant’Anna e Willians Mezzacapa
Nos dias atuais, a viúva Aparecida (180min, com intervalo). 14 anos.
(agora representada por Denise Estreou em 20/08/16. Espaço dos
Weinberg) esconde uma doença Fofos. Rua Adoniram Barbosa, 151,
terminal e tenta contornar a Bela Vista. Segunda, sábado e
instabilidade financeira do caçula domingo. 20h. R$ 40,00. Até 14 de
(papel do autor), que é músico erudito novembro.
e mora em São Paulo com a mulher e (Dirceu Alves Jr. Veja São Paulo
2/11/16)
duas filhas.

10. Gênero textual: Artigo científico

Esse tipo de texto tem como objetivo a divulgação de resultados de


pesquisas, novos estudos acerca de um determinado tema ou novas discussões
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no meio científico. Pode ser escrito por cientistas para leitores que têm interesse
em ciência ou por estudantes universitários em final de curso. De modo geral, é
publicado em revistas especializadas ou em seções especificas de jornais. De
acordo com Severino

Destinados especificamente a serem publicados em revistas e


periódicos científicos, esta modalidade de trabalho tem por finalidade
registrar e divulgar para público especializado, resultados de novos
estudos e pesquisas sobre aspectos ainda não devidamente explorados
ou expressando novos conhecimentos sobre questões em discussão no
meio científico.
O artigo tem a estrutura comum ao trabalho científico em geral, mas
quando relacionado aos resultados de uma pesquisa, deve destacar os
objetivos, a fundamentação e a metodologia da mesma, seguindo-se a
análise dos dados envolvidos e as conclusões a que chegou
completando-se com o registro das referências bibliográficas
documentais. (SEVERINO, 2008. p.208)

Exemplo
Células-tronco vão criar vidas

Tudo que sabemos sobre reprodução humana está prestes a mudar- a


começar pelo papo de que ela depende de um homem e de uma mulher.

A busca pela imortalidade, ou, em outras palavras, a possibilidade de


reparo infinito de órgãos e tecidos, é parte antiga do imaginário coletivo. Foi no
século 18 que o suíço Abraham Trembley percebeu que a pequena hidra, com
seus tentáculos ao redor da boca, era capaz de se regenerar completamente
mesmo que picada em vários pedaços. Trembley influenciou gerações de
cientistas que buscavam compreender como alguns organismos — mais do que
outros — conseguem reconstituir partes do corpo.
O que todos esses cientistas descobriram é que a capacidade de regeneração
do corpo humano é limitada. Transplantar seria uma solução — mas que não
resolve a enorme demanda por órgãos de reposição e o desgaste do organismo
causado pelo envelhecimento. Então surgiram as células-tronco, e com elas a
esperança de chegar mais perto da eternidade.
Aqui um parêntese: “células-tronco” é a tradução do inglês stem cell, o nome
dado às células de plantas que têm a capacidade de se regenerar. Hoje, esse
termo é usado para identificar qualquer célula que, ao se dividir, é capaz de se
autorrenovar ou formar novos tecidos.
As mais versáteis (e famosas) células-tronco são as embrionárias, retiradas
de embriões humanos. Mas elas não são as únicas: em 2007, uma equipe
liderada pelo cientista japonês Shinya Yamanaka surpreendeu o mundo ao
tornar células adultas tão versáteis quanto as embrionárias. O que Yamanaka
fez foi reprogramar células retiradas da pele de seres humanos — na prática,
ele criou células-tronco a partir de células comuns. Uma revolução.

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Em julho deste ano, o pesquisador iraniano radicado no Reino Unido Karin


Nayernia deu mais um passo: anunciou a criação de espermatozoides a partir
de células-tronco embrionárias humanas. Também prometeu para muito breve
a criação de células germinativas provenientes de células não embrionárias
geradas da pele. Nayernia está abrindo a seguinte porta: gerar vida a partir de
um apanhado de células da pele. Ou seja: mais do que concretizar o antigo
sonho da vida longa, o iraniano quer usar a técnica para gerar vida em
laboratório.
Ainda que não esteja claro se esses espermatozoides realmente serão
capazes de fecundar um óvulo e iniciar um processo de reprodução humana, a
porta está aberta. Já dá pra ver, num futuro não muito distante, a medicina
sendo capaz de fazer casais inférteis gerarem filhos. Ou duas mulheres
gerarem uma criança. Ou uma criança gerar outra criança.
São novas formas de começar uma vida. Que vão abrir uma série de
discussões éticas, mas que acabarão por beneficiar a sociedade muito mais do
que prejudicá-la. Até porque posso apostar que é a maneira tradicional de fazer
bebês que vai prevalecer.

REHEN, Steves. Disponível em: www.super.abril.com.br/ciencia/celulas-tronco-vão-criar-vidas. Acesso


em 14/11/16.
Steves Rehen é diretor adjunto de pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ e palestrante
do TEDx - SP, um evento para disseminar as melhores ideias.

11. GÊNEROS DIGITAIS

Envio de mensagens eletrônicas.

Cada vez mais a comunicação eletrônica vem conquistando espaço no


cotidiano das pessoas. Certamente, hoje, é impossível viver sem o uso da
Internet para o contato diário nas empresas e nas diversas situações
comunicativas. Há várias formas de envio de mensagens eletrônicas, por
exemplo, E-mail, MSN, Whats-App, Blog entre outros.
● E-mail → é o meio eletrônico mais utilizado para a comunicação,
principalmente, no ambiente empresarial visto que a comunicação se estabelece
de forma quase sempre imediata e a linguagem é simples, além da facilidade de
anexar arquivos com documentos escritos, imagens, vídeos etc.
Os programas de computador que permitem o envio e recebimento de e-mails
apresentam campos destinados ao endereço do remetente e destinatário, à
exposição do assunto e à data. O e-mail tem uma estrutura bem simples assim
como a linguagem utilizada em e-mails pessoais que traz algumas diferenças da
língua padrão. Já o e-mail comercial que se tornou uma ferramenta de

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comunicação comercial entre funcionários de uma empresa, deve utilizar uma


linguagem mais formal.
● Blog → são sites em que os usuários publicam seus textos sobre diversos
assuntos como poesia, atualidades, curiosidades; expõem opiniões, publicam
imagens, fotos, vídeos entre outros.
Blog vem do inglês, é uma forma simplificada da expressão weblog; web
significa ‘rede’ e ‘log’ vem da área da informática, significa registros de
atividades.
Com o passar do tempo, os blogs foram se tornando uma ferramenta
importante não só para a divulgação de opiniões pessoais bem como para a
divulgação de notícias, de produções científicas, discussões de temas
polêmicos, publicidade.
Para criar uma página na internet, é preciso buscar um programa de
hospedagem de blogs disponível gratuitamente na internet. Atualmente, um dos
mais procurados é o Blogger (blogger.com), depois é só preencher um formulário
com nome, e-mail e contatos; escolher um nome e postar uma imagem.
Como toda correspondência empresarial, um e-mail de trabalho deve
priorizar simplicidade, clareza e objetividade.
O vocabulário deve fazer parte da linguagem usual, sem expressões
rebuscadas que tornem a mensagem complicada.
Simplicidade no texto não significa descuido — É preciso atenção à
repetição exaustiva de termos, abreviações apressadas ou construções
truncadas.
Para obter um texto conciso e de fácil entendimento, deve-se evitar dizer
em muitas palavras o que se poderia dizer em poucas.
(Guia da Língua, Revista Língua. 2010.
p.24)

Referências bibliográficas

ABREU, Antônio Suárez. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção.


Cotia: Ateliê Editorial. 2009
______________ Curso de Redação. São Paulo: Ática. 2004

ASSIS, Machado. Contos. São Paulo: Ática.1993

CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português


Linguagens. São Paulo: Saraiva. 2010

FARACO & MOURA. Para gostar de escrever. São Paulo: Ática. 2000

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FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e
redação. São Paulo: Ática. 2001.

GIACOMOZZI, Gílio; VALERIO, Gildete; FENGA, Cláudia. Reda. Estudos de


Gramática. São Paulo: FTD. 1999

KOCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; PAVANI, Cinara Ferreira.
Prática textual: atividades de leitura e escrita. Petrópolis: Vozes. 2014

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e


compreensão. São Paulo: Parábola. 2008.

_______________ Gêneros textuais: definições e funcionalidade. Rio de


Janeiro: Lucerna. 2002. In: Gêneros Textuais & Ensino.

MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português Instrumental.


Porto Alegre: Sabra Luzzatto. 2003.

MORAIS, Augusta Magalhães Carvalho... [et al..] Enciclopédia do estudante:


técnicas de pesquisa, expressão oral e escrita. São Paulo: Moderna, 2008.

PASCHOALIN, Maria Aparecida. Gramática: teoria e exercícios. São Paulo:


FTD, 1989.

SABINO, Fernando. A mulher do vizinho. São Paulo: Record. 2008

SARMENTO, Leila Lauar. Oficina de redação. São Paulo: Moderna. 2003.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo:


Cortez. 2008

SCHNEUWLY, Bernard. DOLZ, Joaquim. Os gêneros orais e escritos na escola.


Tradução e organização de Roxane Rojo e Glaís Cordeiro. Campinas: Mercado
de Letras. 2004

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