Apostila - Produção de Texto
Apostila - Produção de Texto
Apostila - Produção de Texto
TEXTO
Faculdade Teológica Batista de São Paulo
Produção de Texto
Disciplina na modalidade a distância
São Paulo
2021
Créditos
Faculdade Teológica Batista de São Paulo
Coordenação Acadêmica
Prof. Me. Luiz Alberto Teixeira Sayão
Editoração
Victor de Lima Viana
Sumário
Objetivos:
Conceituar linguagem, comunicação e tipos de linguagem; conhecer os
elementos da comunicação; identificar as funções da linguagem nos diversos
tipos de textos.
[...] a época cristã, até ao século XVIII, tinha uma visão teológica da linguagem,
pondo em primeiro lugar o problema da sua origem, ou em rigor, as regras
universais da sua lógica; o século XIX, dominado pelo historicismo, considerava
a linguagem como um desenvolvimento, uma mudança, uma evolução através
dos tempos. Hoje em dia, são as visões de linguagem como sistema e os
problemas do funcionamento desse sistema que predominam.
(KRISTEVA.1969.p.15)
Página 1
Falada Escrita
Exemplos de linguagem
não verbal Página 2
A imagem
O gesto
O movimento
A fotografia
A música
(Quino.Toda Mafalda da primeira à última tira. São Paulo: Martins Fontes. 2009. p.376)
Página 3
1. Língua e fala
Página 4
FALA ESCRITA
2. Níveis de linguagem
Página 5
3. Elementos da comunicação
Contexto
(Referente)
Função referencial
Código
Função metalinguística
Página 6
(Vinicius de Moraes e
Tom Jobim)
Democracia sf. 1.
governo em que o povo
Página 7
“O poeta é um fingidor
●Centrada na mensagem,
Função poética Finge tão completamente
revelando recursos
(ênfase na mensagem) que chega a fingir que é
imaginativos criados pelo
emissor. É a linguagem dor
figurada presente em obras a dor que deveras sente.”
literárias. (Fernando Pessoa)
Referências Bibliográficas
Página 8
Página 9
Objetivos:
Conhecer as variações que ocorrem na língua para saber utilizá-las nos
diversos contextos de produção de texto.
1. Variedades Linguísticas
Página 10
VARIAÇÃO CULTA/
NORMA PADRÃO
LINGUÍSTICAS
VARIEDADES
VARIAÇÃO
GEOGRÁFICA/REGIONAL
VARIAÇÃO HISTÓRICA
Página 11
Página 12
2. Vícios de linguagem
Erro de pronúncia
Página 13
Morfologia
●Se eu ir aí, vou me atrasar. (for)
●Quando eu por o vestido, saberei se engordei. (puser)
Referências bibliográficas
Página 15
Objetivo:
Conhecer o significado das palavras e as figuras de linguagem
1. Semântica
2. Sinônimos e antônimos
● casa / lar
● morrer / falecer
● rápido / veloz
● triste / melancólico
● ratificar / confirmar
Página 16
● condenar / absolver
3. Homônimos e parônimos
Remição: resgate
Censo: recenseamento
Remissão: perdão.
Senso: entendimento, juízo
Página 17
Parônimos→ são palavras que têm significados diferentes, mas que são
muito parecidas na pronúncia e na escrita.
Quadro com a lista de alguns parônimos.
Denotação Conotação
Página 19
Denotação Conotação
Meu coração amanheceu
Coração órgão muscular oco, que recebe Pegando fogo, fogo, fogo
o sangue das veias e o impulsiona para Foi uma morena que passou
artérias. Perto de mim
(Minidicionário Houaiss da Língua E que me deixou assim.
Portuguesa, organizado pelo Instituto (José Maria de Abreu e Francisco
Antônio Houaiss). Matoso)
5. Figuras de linguagem
Página 20
● O pé da mesa está
quebrado.
Catacrese ● A asa da xícara quebrou-se.
● Compre um dente de alho
Página 21
Exemplos de catacrese
Página 23
Referências bibliográficas
Página 24
Objetivos:
Incentivar o hábito da leitura de texto de circulação social; conhecer algumas
estratégias de leitura e entender os aspectos que norteiam uma leitura
competente.
Página 25
(Quino.Toda Mafalda da primeira à última tira. São Paulo: Martins Fontes. 2009. p.71 )
1. Ato de ler
Página 26
Com relação à “decodificação de letras”, Paulo Freire vai mais longe, para
o autor.
[...] dizer algo em que me inseri enquanto ia escrevendo este texto que
agora leio, processo que envolvia uma compreensão critica do ato de ler,
que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da
linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do
mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a
posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura
daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. (FREIRE.
1986. p.9)
2. Tipos de leitura
Página 27
3. Leitura proveitosa
4. Estratégias de leitura
Página 28
Página 29
Página 30
5. Níveis de leitura
Página 31
Referências bibliográficas
FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e
redação. São Paulo: Ática, 1995.
Página 32
Objetivos:
Desenvolver habilidades de escrita formal visando à elaboração de parágrafos
coesos e coerentes na construção de textos argumentativos.
1. Parágrafo
2. Parágrafo-padrão
Página 33
Página 34
3. Tópico frasal
Tópico frasal
Página 35
Página 36
Referências bibliográficas
Página 37
Página 38
Objetivos:
Levar o aluno a compreensão do conceito do texto; esclarecer que o texto não
é um amontoado de frases soltas.
1. Texto
Página 39
PALAVRA FRASE
CAPÍTULO LIVRO
Página 40
O texto também pode ser entendido como tudo aquilo que se expressa por
meio de uma linguagem. Dessa forma, há textos verbais, textos não verbais e
mistos.
Texto Verbal
TEXTO
Texto não verbal
Texto Misto
Página 41
Texto II – Um poema
TRADUIZR-SE
(Gullar, Ferreira)
Página 42
Página 43
Charge
Página 44
Gráfico
Uma tirinha
Página 45
3. Textualidade
A Textualidade, para Maria da Graça Costa Val (1994), diz respeito a “um
conjunto de características que fazem com o texto seja um texto e não apenas
um amontoado de frases soltas”. Em outras palavras, textualidade é tudo aquilo
que faz com um texto seja, realmente, um texto, organizado, coeso, coerente e
não uma sequência de frases isoladas.
Dentro desse contexto, segundo Koch e Travaglia
textualidade ou textura é o que faz uma sequência linguística um texto e
não uma sequência ou um amontoado de frases ou palavras. A
sequência é percebida como texto quando aquele que a recebe é capaz
de percebê-la como uma unidade significativa global. Portanto, tendo em
vista o conceito que se tem de coerência podemos dizer que é ela que
dá origem à textualidade. (KOCH & TRAVAGLIA, 1989, p.26)
TEXTUALIDADE
Fatores
linguísticos Fatores pragmáticos
Situacionalidade Informatividade
Intertextualidade
Página 46
4. Fatores linguísticos
Para que um texto apresente textualidade, ou seja, para que tenha sentido,
é necessário ter coesão (conexão entre palavras e frases) e coerência (conexão
entre ideias).
Exemplo
Pagar para não trabalhar?
Imaginemos uma situação surrealista: os pais dos alunos, vendo os filhos com um
professor muito ruim, decidem pagar o seu salário, para que ele não vá à escola e seja
substituído por outro. Esses pais seriam loucos ou irracionais? Pesquisas recentes
mostram que, pelo menos nos Estados Unidos, seria um comportamento inteligente. Se
os 5% piores professores fossem substituídos por outros de qualidade média, em seu
conjunto, a turma teria salários adicionais de 1,4 milhões de dólares, após sair da escola.
O que os pais gastariam pagando esses professores ruins para ficar em casa (cerca
de 50000 dólares por ano) é bem menos que esse adicional de renda. Não temos
estimativas comparáveis para o Brasil, mas, como aqui os professores ganham menos
e a educação aumenta o rendimento financeiro, mais do que nos países industrializados,
é provável que fazer esse gasto fosse negócio ainda melhor. Segundo outra pesquisa,
ter um mau professor por três anos causa o mesmo dano que faltar a 40% das aulas. [...]
(CASTRO, Cláudio de Moura, Veja, 24 de fevereiro de 2012)
Página 47
5. Mecanismos de coesão
COESÃO
Referencial
Substituição Referência
Lexical Elipse
Conjunção
Exemplos
Página 48
● Carla é uma ótima professora. Ela trata seus alunos com muita
atenção.
Advérbio de lugar
Pronome pessoal
Página 49
Exemplos:
● “Na rua deserta, nenhum sinal de ônibus”. (omissão de não havia)
● Sairão à noite. (eles)
● Durante a viagem, fizemos muitas compras. (nós)
Exemplos:
● A equipe desenvolveu um projeto coletivo, entretanto, a saída de
alguns membros prejudicou o seu andamento.
Conjunção adversativa (ideia de oposição).
De semelhança,
comparação,
Página 50
De adição, continuação Além disso / ainda mais / por outro lado / também / e
as conjunções aditivas (e, nem, não só, mas também
etc.)
Página 51
6. Coerência textual
7. Fatores pragmáticos
7.1. Intencionalidade
Consiste nas intenções, implícitas ou explícitas, do autor do texto em
apresentá-lo de forma coerente, capaz de alcançar os propósitos estabelecidos
para determinada situação de comunicação. MARCUSCHI (2008) “[…]centrado
basicamente no produtor do texto, considera a intenção do autor como fator
Página 52
7.2. Aceitabilidade
Consiste no comportamento do receptor de aceitar ou não o texto como
coerente, coeso e relevante. A aceitabilidade, de acordo com Koch & Travaglia
(1989), “diz respeito à atitude dos receptores de aceitarem a manifestação
linguística como um texto coesivo e coerente, que tenha para eles alguma
utilidade ou relevância”.
7.3. Situacionalidade
Consiste na adequação do texto a uma determinada situação
comunicativa, VAL (1984) “O contexto pode, realmente, definir o sentido do
discurso e, normalmente, orienta a produção quanto à recepção”. MARCUSCHI
(2008) “A situacionalidade não só serve para interpretar e relacionar um texto ao
seu contexto interpretativo, mas também para orientar a própria produção”.
7.4. Informatividade
Diz respeito ao grau maior ou menor de previsibilidade de um texto.
Quanto maior o grau de previsibilidade do texto, maior será sua informatividade,
ou seja, o grau de informatividade de um texto é medido de acordo com o nível
de conhecimento de mundo do leitor a que ele se destina. Nesse caso, o leitor
de um texto com alta informatividade enfrentará dificuldades para interpretá-lo.
Página 53
7.5. Intertextualidade
Consiste na escrita de um texto com base em outros textos já existentes
por meio da citação, da paródia, da paráfrase, da alusão. Em outras palavras,
a intertextualidade ocorre quando há um diálogo entre textos, imagens,
propagandas, filmes, também, no dia a dia, em situações de comunicação,
quando citamos a fala de outras pessoas em nossas conversas.
Página 54
Texto I
Observe que há elementos que se misturam nos dois textos, de forma que
o leitor recupera traços e informações de um texto no outro. Mauricio de Souza,
em 1989, faz uma referência engraçada por meio de suas personagens, Mônica
e Magali, à obra de Auguste Renoir, ”Rosa e Azul”, de 1881.
Página 55
Texto II
Texto III
Monte Castelo.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se esconde.
Página 56
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
Texto V
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse
amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e
toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse
os montes, e não tivesse amor, nada seria.
Página 58
E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e
ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada
disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se
vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não se irrita,
não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a
verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo
línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte
conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então
o que é em parte será aniquilado.
Quando era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava
como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de
menino.
Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos
face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como
também sou plenamente conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, e o amor, estes três; mas o
maior destes é o AMOR.
(1ª Carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 13, Bíblia Sagrada, versão revisada. Imprensa Bíblica
Brasileira, 10ª Ed. Rio de Janeiro. 1994)
Referências bibliográficas
ALVES. Rubem. Conversas com quem gostar de ensinar. São Paulo: Cortez.
1985
FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e
redação. São Paulo: Ática. 2001.
KOCH, Ingedore Villaça & TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São
Paulo: Contexto, 1992.
____________________, Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1989.
KOCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; PAVANI, Cinara Ferreira.
Prática textual: atividades de leitura e escrita. Vozes. 2014
Página 60
Objetivos:
Conhecer as diversas modalidades de texto e sua estrutura; desenvolver o
hábito de ler e produzir texto.
Tipo textual designa uma espécie de construção teórica (em geral uma
sequência subjacente aos textos) definida pela natureza linguística de
sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
lógicas, estilo). O tipo caracteriza-se muito mais como sequências
linguísticas (sequências retóricas) do que como textos materializados; a
rigor, são modos textuais. Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de
meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação,
exposição, descrição, injunção. O conjunto de categorias para designar
tipos textuais é limitado e sem tendência a aumentar. Quando predomina
um modo num dado texto concreto, dizemos que esse é um texto
argumentativo ou narrativo ou expositivo ou descritivo ou injuntivo.
(MARCUSCHI. 2008. p.154)
Página 61
Uma fábula
A raposa e as uvas
Morta de fome, uma raposa foi até um vinhedo sabendo que ia encontrar
muita uva. A safra havia sido excelente. Ao ver a parreira carregada de cachos
enormes, a raposa lambeu os beiços. Só que sua alegria durou pouco: por
mais que tentasse, não conseguia alcançar as uvas. Por fim, cansada de
tantos esforços inúteis, resolveu ir embora, dizendo:
— Por mim, quem quiser essas uvas pode levar. Estão verdes, estão
azedas, não servem. Se alguém me desse essas uvas eu não comeria.
(Fáculas de Esopo, compilação Russell Ash e Bernard Higton – tradução Heloisa John. São Paulo.
Companhias das Letrinhas. 1994. p. 68)
Página 62
Lisandro. Egeu pedia justiça a Teseu e desejava que a cruel lei fosse
aplicada em sua filha. Hérmia alegava como desculpa para sua
desobediência, que Demétrio anteriormente declarara amor a Helena,
com quem ela mantinha amizade, e que Helena o amava loucamente.
Nem essa considerável razão demovia o severo Egeu.
Teseu, embora fosse um grande e generoso governante, não tinha
poder para alterar as leis do país. Por isso, apenas concedeu a Hérmia
quatro dias para refletir sobre o assunto; no fim desse prazo, se ela ainda
se recusasse a desposar Demétrio, seria condenada à morte. [...]
(LAMB. Charles. Contos de Shakespeare. Charles & Lamb: tradução de Mário
Quintana. 2ª ed. São Paulo: Globo. 1996. p.25)
Violência epidêmica
Página 64
Descrição de objeto.
Com novo visual, Kia Soul 2017
estreia no mercado sul coreano.
A nova linha do Kia lanternas traseiras combinado de 11,9
Soul acaba de estrear com nova disposição km/l, o que representa
suas primeiras das luzes de LED e uma pequena melhoria
mudanças visuais. rodas de liga-leve de em relação à linha
Além do novo design, a 18 polegadas com anterior, que tinha
geração 2017 do novo desenho. consumo médio de
modelo recebeu novas Já no interior, o Kia 11,6 km/l. Junto a este
opções de acabamento Soul traz como propulsor está um
interno e melhorias no destaque a nova câmbio automático de
conjunto mecânico opção de acabamento seis marchas.
para diminuir o bicolor, que combina A linha inclui ainda
consumo de as tonalidades marrom um 1.6 turbodiesel de
combustível. e preto. 136 cv e 30,6 kgfm,
O modelo chega com Já na motorização, o que trabalha em
faróis como layout 1.6 litro GDI a conjunto com uma
interno, tecnologia HD gasolina, que rende transmissão
e luzes diurnas de 132 cv e 16,4 kgfm, automatizada de sete
LED, para-choques passou por melhorias velocidades e dupla
redesenhados, e agora consegue embreagem.
entregar consumo (Diário de S. Paulo. 24 de
agosto 2016)
De umosdos
Todos cabeços
direitos da
reservados Serra dos Teológica
Faculdade Órgãos Batista
desliza
de um
São fio de água que se dirige
Paulo
para o norte, e engrossado com os mananciais que recebe no seu curso de dez
Produção de Texto
UNIDADE 7: Tipologia Textual
Página 66
instruções, receitas culinárias, bula de remédio, editais são exemplos desse tipo
de texto.
Modo de preparo
Ingredientes
Pudim: Bata todos os
Caramelo Caramelo: Leve ao ingredientes e coloque
na forma. Cubra com
▪ 1 xícara (chá) de açúcar fogo baixo o açúcar,
papel alumínio e asse
▪ ½ xícara (chá) de água mexendo sempre até
em banho-maria, no
obter um caramelo
forno preaquecido em
Pudim claro. Junte a água, temperatura média, por
com cuidado, e mexa 50 minutos ou até
▪ lata de leite condensado até dissolver o firmar. Deixe esfriar e
cozido na panela de
caramelo em uma gele duas horas antes
pressão.
forma para pudim, com de desenformar. Sirva
▪ 2 latas de leite
bem gelado.
▪ 3 ovos 18 cm, e reserve.
▪1 xícara (chá) de coco
ralado.
Manual de instrução
Página 67
Instruções de instalação.
Página 68
Enredo Espaço
Personagem Tempo
Principais
Protagonista Secundárias
Cronológico Psicológico
Antagonista
Página 69
Sem falta
Quando voltei a casa era noite. Vim depressa, não tanto, porém,
que não pensasse nos termos em que falaria ao agregado. Formulei o
pedido de cabeça, escolhendo as palavras que diria e o tom delas, entre
seco e benévolo. Na chácara, antes de entrar em casa, repeti-as comigo,
depois em voz alta, para ver se eram adequadas e se obedeciam às
recomendações de Capitu: “Preciso falar-lhe, sem falta, amanhã; escolha
o lugar e diga-me”. Proferi-as lentamente, e mais lentamente ainda as
palavras sem falta, como para sublinhá-las. Repeti-as ainda, e então,
achei-as secas demais, quase ríspidas, e, francamente, impróprias de um
criançola para um homem maduro. Cuidei de escolher outras, e parei.
Afinal disse comigo que as palavras podiam servir, tudo era dizê-las
em tom que não ofendesse. E a prova é que, repetindo-as novamente,
saíram-me quase súplices. Bastava não carregar tanto, nem adoçar
muito, um meio-termo. “E Capitu tem razão, pensei, a casa é minha, ele é
um simples agregado... Jeitoso é, pode muito bem trabalhar por mim, e
desfazer o plano de mamãe”.
(MACHADO. Assis. Dom Casmurro. São Paulo: Scipione. 1994. p.23
Página 70
história vivida por terceiros. É a narrativa escrita em 3ª pessoa (ele, ela, eles,
elas).
Certo homem tinha dois filhos. O mais moço deles disse ao pai: Pai,
dá-me a parte que me cabe dos bens. E ele lhes repartiu o seu sustento.
Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo, partiu
para uma terra distante e lá dissipou os seus bens, vivendo
dissolutamente. Depois de ter gastado tudo sobreveio àquela terra uma
grande fome, e ele começou a passar necessidade.
Então, foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o
mandou para os seus campos a apascentar porcos. Desejava ele fartar-
se das alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada.
Então, caindo em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm pão
com fartura, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei e irei ter com meu
pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de
ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados.
Levantando-se, foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o
avistou e moveu-se de compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço
e o beijou afetuosamente. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e
diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.
O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa
e vesti-o com ela, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés; trazei
também o novilho cevado, matai-o; comamos e regozijemo-nos porque
este meu filho estava morto e reviveu; estava perdido e foi achado. E
começaram a regozijar-se.
Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e, quando veio e se
aproximou da casa, ouviu música e danças. Chamando a si um dos
criados, indagou o que era aquilo. Este lhe disse: Veio teu irmão, o teu pai
matou o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Mas ele se irou
e não queria entrar. E saindo seu pai, insistia com ele. Ele, porém,
respondeu a seu pai: Eis que tantos anos te sirvo como escravo, e jamais
Página 71
Fabiano
Página 72
3. Texto dissertativo
Página 73
Introdução
É alarmante o fato de que apenas 1% dos alunos
brasileiros da 3ª do 2º grau (ou seja, os que se preparam
para ingressar na série universidade) tenha domínio
adequado do idioma português.
Desenvolvimento
O resultado, expresso em pesquisa do Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), deve
servir de alerta para os responsáveis pela gestão do ensino,
os professores e os pais de alunos. Não é sem razão que os
estudantes brasileiros reagiram de forma tão contundente ao
“provão” instituído pelo Ministério da Educação, que expõe
Página 74
Página 75
Conclusão
Como reflexão, fica o alerta de Bill Gates, o multimilionário
gênio da informática que, sem qualquer constrangimento,
afirmou: ”Meus filhos terão computadores, sim, mas antes
terão livros”. Sem livros, sem leitura os nossos filhos serao
incapazes de escrever – inclusive a sua própria história.
(SOARES. Wander. Abrelivros,) Artigo publicado no Jornal Mercantil em 17/dez / 2009 ) - Adaptado.
Disponível em www.abrelivros.org.br/home/index/php/palavra-da-diretoria/140-quem-nao-le-nao-escreve.
Acesso em 13/10/2016
4. ARGUMENTAÇÃO
Página 76
persuadíamos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele
realize. (ABREU. 2009. p. 25)
5. DESCRIÇÃO
Havia à rua do Hospício, próximo ao campo, uma casa que desapareceu com as últimas reconstruções.
Tinha três janelas de peitoril na frente; duas pertenciam à sala de visita; a outra a um gabinete contíguo.
O aspecto da casa revelava, bem como seu interior, a pobreza da habitação.
A mobília da sala consistia em sofá, seis cadeiras e dois consolos de jacarandá, que já não
conservavam o menor vestígio de verniz. O papel da parede de branco passara a amarelo e percebia-se que
em alguns pontos já havia sofrido hábeis remendos.
O gabinete oferecia a mesma aparência. O papel que fora primitivamente azul tomara a cor de folha seca.
Havia no aposento uma cômoda de cedro que também servia de toucador, um armário de79
Página vinhático, uma
mesa de escrever, e finalmente a marquesa, de ferro, como o lavatório, e vestida de mosquiteiro verde.
Todos os direitos reservados Faculdade Teológica Batista de São Paulo
Tudo isto, se tinha o mesmo ar de velhice dos móveis da sala, era como aqueles cuidadosamente limpos
e espanejados, respirando o mais escrupuloso asseio. Não se via uma teia de aranha na parede, nem sinal de
Produção de Texto
UNIDADE 7: Tipologia Textual
Descrição de pessoa
Esta feição característica do aposento, repetia-se em seu morador, o Seixas, derreado neste momento
no sofá da sala, a ler uma das folhas diárias, estendidas sobre os joelhos erguidos, que assim lhe servem de
cômoda estante.
É um moço que ainda não chegou aos trinta. Tem uma fisionomia tão nobre, quanto sedutora; belos traços,
tez finíssima, cuja alvura realça a macia barba castanha. Os olhos rasgados e luminosos, às vezes coalham-
se em um enlevo de ternura, mas natural e estreme de afetação, que há de torná-los irresistíveis quando o
amor os acende. A boca vestida por um bigode elegante, mostra o seu molde gracioso, sem contudo perder a
expressão grave e sóbria, que deve ter o órgão da palavra viril.
Sua posição negligente não esconde de todo o garbo do talhe, que se deixa ver nessa mesma retração do
corpo. É esbelto sem magreza, e de elevada estatura. Página 80
O pé pousado agora
Todos em uma
os direitos chinela
reservados não é pequeno;
Faculdade mas Batista
Teológica tem a de
palma estreita e o firme arqueado da
São Paulo
forma aristocrática.
Vestido com um chambre de fustão que briga as mimosas chinelas de chamalote bordadas de matiz, vê-
Produção de Texto
UNIDADE 7: Tipologia Textual
Referências bibliográficas
FARACO & MOURA. Para gostar de escrever. São Paulo: Ática. 2000
KOCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; PAVANI, Cinara Ferreira.
Prática textual: atividades de leitura e escrita. Petrópolis: Vozes. 2014
Página 81
Página 82
Objetivos:
Conhecer gêneros textuais; quais são suas características; qual é a sua
finalidade; em quais contextos circulam.
1. Gêneros textuais
Página 83
Exemplo:
Natureza
Página 84
Página 85
Página 86
Exemplo:
O burro e o cachorrinho
Um homem tinha um burro e um cachorrinho. O cachorro era muito bem cuidado por seu
dono, que brincava com ele, deixava que dormisse no seu colo e sempre que saía para um jantar
voltava trazendo alguma coisa boa para ele. O burro também era muito bem cuidado por seu dono.
Tinha um estábulo confortável, ganhava muito feno e muita aveia, mas em compensação tinha que
trabalhar no moinho moendo trigo e carregar cargas pesadas do campo para o paiol. Sempre que
pensava na vida boa do cachorrinho, que só se divertia e não era obrigado a fazer nada, o burro se
chateava com a trabalheira que ficava por conta dele.
“Quem sabe se eu fizer tudo o que o cachorro faz nosso dono me trata do mesmo jeito?”,
pensou ele.
Pensou e fez. Um belo dia soltou-se do estábulo e entrou na casa do dono saltitando como
tinha visto o cachorro fazer. Só que, como era animal grande e atrapalhado, acabou derrubando a
mesa e quebrando a louça toda. Quando tentou pular no colo do dono, os empregados acharam
que ele estava querendo matar o patrão e começaram a bater nele com varas até ele fugir da casa
correndo. Mais tarde, todo dolorido em seu estábulo, o burro pensava: “Pronto, me dei mal. Mas
bem que eu merecia. Por que não fiquei contente com o que sou em vez de tentar copiar as
palhaçadas daquele cachorrinho?”.
Moral: É burrice tentar ser uma coisa que não se é.
(Fáculas de Esopo, compilação Russell Ash e Bernard Higton – tradução Heloisa John. São Paulo. Companhias
das Letrinhas. 1994, p. 42)
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alguns instantes na Rua da Princesa a ver onde iria brincar a manhã. Hesitava
entre morro de S. Diogo e o campo de Sant’Ana, que não era então esse parque
atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito,
alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o
problema. De repente disse comigo que o melhor era a escola. E guiei para a
escola. Aqui vai a razão.
Na semana anterior tinha feito dois suetos, e, descoberto o caso, recebi o
pagamento das mãos de meu pai, que me deu uma sova de vara de marmeleiro.
As sovas de meu pai doíam por muito tempo. Era um velho empregado do
Arsenal de Guerra, ríspido e intolerante. Sonhava para mim uma grande posição
comercial, e tinha ânsia de me ver com os elementos mercantis, ler, escrever e
contar, para me meter de caixeiro. Citava-me nomes de capitalistas que tinham
começado ao balcão. Ora, foi a lembrança do último castigo que me levou
naquela manhã para o colégio. Não era um menino de virtudes.
Subi a escada com cautela, para não ser ouvido do mestre, e cheguei a
tempo; ele entrou na sala três minutos depois. Entrou com o andar manso do
costume, em chinelas de cordovão, com a jaqueta de brim lavada e desbotada,
calça banca e tesa e grande colarinho caído. Chamava-se Policarpo e tinha perto
de cinquenta anos ou mais. Uma vez sentado, extraiu da jaqueta a boceta de
rapé e o lenço vermelho, pô-los na gaveta; depois relanceou os olhos pela sala.
Os meninos, que se conservaram de pé durante a entrada dele, tornaram a
sentar-se. Tudo estava em ordem; começam os trabalhos.
— Seu Pilar, eu preciso falar com você, disse-me baixinho o filho do mestre.
Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligência
tardia. Raimundo gastava duas horas em reter aquilo que a outros levavam
apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia com o tempo o que não podia fazer
logo com o cérebro. Reunia a isso um grande medo do pai. Era uma criança fina,
pálida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e
retirava-se antes. O mestre era mais severo com ele do que conosco.
— O que é que você quer?
— Logo, respondeu ele com voz trêmula.
Começou a lição de escrita. Custa-me dizer que eu era dos mais adiantados
da escola; mas era. Não digo também que era dos mais inteligentes, por um
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escrúpulo fácil de entender e de excelente efeito no estilo, mas não tenho outra
convicção. Note-se que não era pálido nem mofino: tinha boas cores e músculos
de ferro. Na lição de escrita, por exemplo, acabava sempre antes de todos, mas
deixava-me estar a recortar narizes no papel ou na tábua, ocupação sem
nobreza nem espiritualidade, mas em todo caso ingênua. Naquele dia foi a
mesma cousa; tão depressa acabei, como entrei a reproduzir o nariz do mestre,
dando-lhe cinco ou seis atitudes diferentes, das quais recordo a interrogativa, a
admirativa, a dubitativa e a cogitativa. Não lhes punha esses nomes, pobre
estudante de primeiras letras que era; mas, instintivamente, dava-lhes essas
expressões. Os outros foram acabando; não tive remédio senão acabar também,
entregar a escrita, e voltar para o meu lugar.
Com franqueza, estava arrependido de ter vindo. Agora que ficava preso,
ardia por andar lá fora, e recapitulava o campo e o morro, pensava nos outros
meninos vadios, o Chico Telha, o Américo, o Carlos das Escadinhas, a fina flor
do bairro e do gênero humano. Para cúmulo de desespero, vi através das
vidraças da escola, no claro azul do céu, por cima do Morro do Livramento, um
papagaio de papel, alto e largo, preso de uma corda imensa, que bojava no ar,
uma cousa soberba. E eu na escola, sentado, pernas unidas, com o livro de
leitura e a gramática nos joelhos.
— Fui um bobo em vir, disse eu ao Raimundo.
— Não diga isso, murmurou ele.
Olhei para ele; estava mais pálido. Então lembrou-me outra vez que
queria pedir-me alguma cousa, e perguntei-lhe o que era. Raimundo estremeceu
de novo, e, rápido, disse-me que esperasse um pouco; era uma cousa particular.
— Pilar... murmurou ele daí a alguns minutos.
— Que é?
— Você...
— Você quê?
Ele deitou os olhos ao pai, e depois a alguns outros meninos. Um destes,
o Curvelo, olhava para ele, desconfiado, e o Raimundo, notando-me essa
circunstância, pediu alguns minutos mais de espera. Confesso que começava a
arder de curiosidade. Olhei para o Curvelo, e vi que parecia atento; podia ser
uma simples curiosidade vaga, natural indiscrição; mas podia ser também uma
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cousa entre eles. Esse Curvelo era um pouco levado do diabo. Tinha onze anos,
era mais velho que nós.
Que me quereria o Raimundo? Continuei inquieto, remexendo-me muito,
falando-lhe baixo, com instância, que me dissesse o que era, que ninguém
cuidava dele nem de mim. Ou então, de tarde...
— De tarde, não, interrompeu-me ele; não pode ser de tarde.
— Então agora...
Na verdade, o mestre fitava-nos. Como era mais severo para o filho,
buscava-o muitas vezes com os olhos, para trazê-lo mais aperreado. Mas nós
também éramos finos; metemos o nariz no livro, e continuamos a ler. Afinal,
cansou e tomou as folhas do dia, três ou quatro, que ele lia devagar, mastigando
as ideias e as paixões. Não esqueçam que estávamos então no fim da Regência
*, e que era grande a agitação pública. Policarpo tinha algum partido, mas nunca
pude averiguar esse ponto. O pior que ele podia ter, para nós, era palmatória. E
essa lá estava pendurada do portal da janela, à direita, com os seus cinco olhos
do diabo. Era só levantar a mão, despendurá-la e brandi-la, com a força do
costume, que não era pouca. E daí, pode ser que alguma vez as paixões políticas
dominassem nele a ponto de poupar-nos uma ou outra correção. Naquele dia,
ao menos, pareceu-me que lia as folhas com muito interesse; levantava os olhos
de quando em quando, ou tornava uma pitada, mas tornava logo aos jornais, e
lia a valer.
No fim de algum tempo — dez ou doze minutos — Raimundo meteu a mão
no bolso das calças e olhou para mim.
— Sabe o que tenho aqui?
— Não.
— Uma pratinha que mamãe me deu.
— Hoje?
— Não, no outro dia, quando fiz anos...
— De verdade.
Tirou-se vagamente, e mostrou-me de longe. Era uma moeda do tempo do
rei, cuido que doze vinténs ou dois tostões não me lembra; mas era moeda, e tal
moeda que me fez pular o sangue no coração. Raimundo revolveu em mim o
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à minha vista, como uma tentação... Realmente, era bonita, fina, branca, muito
branca; e para mim, que só trazia cobre no bolso, quando trazia alguma cousa,
um cobre feio, grosso, azinhavrado...
Não queria recebê-la, e custava-me recusá-la. Olhei para o mestre, que
continuava a ler, com tal interesse, que lhe pingava o rapé do nariz.
— Ande, tome, dizia-me baixinho o filho. E a pratinha fuzilava-lhe entre os dedos,
como se fora diamante... Em verdade, se o mestre não visse nada, que mal
havia? E ele não podia ver nada, estava agarrado aos jornais, lendo com fogo,
com indignação...
— Dê cá...
Raimundo deu-me a pratinha, sorrateiramente; eu meti-a na algibeira das
calças, com um alvoroço que não posso definir. Cá estava ela comigo, pegadinha
à perna. Restava prestar o serviço, ensinar a lição, e não me demorei em fazê-
lo, nem o fiz mal, ao menos conscientemente; passava-lhe a explicação em um
retalho de papel que ele recebeu com cautela e cheio de atenção. Sentia-se que
despendia um esforço cinco ou seis vezes maior para aprender um nada; mas
contanto que ele se escapasse ao castigo, tudo iria bem.
De repente, olhei para o Curvelo e estremeci; tinha os olhos em nós, com
um riso que me pareceu mau. Disfarcei; mas daí a pouco, voltando-me outra vez
para ele, achei-o do mesmo ar, acrescendo que entrava a remexer-se no banco,
impaciente. Sorri para ele e ele não sorriu; ao contrário, franziu a testa, o que lhe
deu um aspecto ameaçador. O coração bateu-me muito.
— Precisamos muito cuidado, disse eu ao Raimundo.
— Diga-me isto só, murmurou ele.
Fiz-lhe sinal que se calasse; mas ele instava, e a moeda, cá no bolso,
lembrava-me o contrato feito. Ensinei-lhe o que era, disfarçando muito; depois,
tornei a olhar para o Curvelo, que me pareceu ainda mais inquieto, e o riso,
dantes mau, estava agora pior. Não é preciso dizer que também eu ficara em
brasas, ansioso que a aula acabasse; mas nem o relógio andava como das
outras vezes, nem o mestre fazia caso da escola; este lia os jornais, artigo por
artigo, pontuando-os com exclamações, com gestos de ombros, com uma ou
duas pancadinhas na mesa. E lá fora, no céu azul, por cima do morro, o mesmo
eterno papagaio, guinando a um lado e outro, como se me chamasse a ir ter com
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dois, quatro, oito, doze bolos. Acabou, pregou-nos outro sermão. Chamou-nos
sem-vergonhas, desaforados, e jurou que se repetíssemos o negócio,
apanharíamos tal castigo que nos havia de lembrar para todo o sempre. E
exclamava: Porcalhões! Tratantes! Faltos de brio!
Eu por mim, tinha a cara no chão. Não ousava fitar ninguém, sentia todos
olhando em nós. Recolhi-me ao banco, soluçando, fustigando pelos impropérios
do mestre. Na sala arquejava o terror; posso dizer que naquele dia ninguém faria
igual negócio. Creio que o próprio Curvelo enfiara de medo. Não olhei logo para
ele, cá dentro de mim jurava quebrar-lhe a cara, na rua, logo que saíssemos, tão
certo como três e dois serem cinco.
Daí a algum tempo, olhei para ele; ele também olhava para mim, mas
desviou a cara, e penso que empalideceu. Compôs-se e entrou a ler em voz alta;
estava com medo. Começou a variar de atitude, agitando-se à toa, coçando os
joelhos, o nariz. Pode ser até que se arrependesse de nos ter denunciado; e na
verdade, por que denunciar-nos? Em que é que lhe tirávamos alguma cousa?
“Tu me pagas! tão duro como osso!” dizia eu comigo.
Veio à hora de sair, e saímos; ele foi adiante, apressado, e eu não queria
brigar ali mesmo, na Rua da Costa, perto do colégio; havia de ser na rua larga
de S. Joaquim. Quando, porém, cheguei à esquina, já o não vi; provavelmente
escondera-se em algum corredor ou loja; entrei numa botica, espiei em outras
casas, perguntei por ele a algumas pessoas, ninguém me deu notícia. De tarde,
faltou à escola.
Em casa não contei nada, é claro; mas para explicar as mãos inchadas,
menti a minha mãe, disse-lhe que não tinha sabido a lição. Dormi nessa noite,
mandando ao diabo os dois meninos, tanto o da esquina como o da moeda. E
sonhei com a moeda; sonhei que, ao tornar à escola, no dia seguinte, dera com
ela na rua, e a apanhara, sem medo nem escrúpulos...
De manhã, acordei cedo. A ideia de ir procurar a moeda fez-me vestir sem
contar as calças novas que minha mãe me deu, por sinal que eram amarelas.
Tudo isso, e a pratinha... Saí de casa, como se fosse sentar no trono de
Jerusalém. Piquei o passo para que ninguém chegasse antes de mim à escola;
ainda assim não andei tão depressa que amarrotasse as calças. Não, que elas
eram bonitas! Mirava-as, fugia aos encontros, ao lixo da rua...
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Uma coleção de entidades empresariais, cada qual com sua vaidade pessoal,
tem “ensinado” que a boa educação depende de boa gestão.
Isso, contudo, é uma balela. Depende de mudanças conceituais na
metodologia obsoleta.
Aliás, depois de uma década investindo pesado no teste Pisa (Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes), o Brasil passou de 56º para 58º no
ranking mundial, entre 65 países.
Não que o Pisa seja isento da mesma fraude. É só olhar a progressão: no
começo, tinha a Finlândia lá em cima, como também a Suécia, Suíça e Holanda.
No último ranking, só dá ditadura.
Dois terços dos primeiros dez lugares são tomados por países em que
não há liberdade para o aluno, seja para escolher ou ser feliz. As nações
asiáticas dominam o ranking, e o massacre dos jovens é impiedoso.
Muitos alunos da Coreia do Sul, por exemplo, têm um turno triplo: oito horas
de escola seguidas de cursinho por quatro horas. E depois, lição de casa. O
canal britânico BBC mostrou que muitos dormem às 2h e acordam às 6h30, para
recomeçar tudo.
É com esses países que o Brasil oficial, fomentado por empresários, quer
concorrer no ranking.
A escola, não só no Brasil, está presa numa pantomima que parece interessar
a todos. O conteúdo que cai nas provas é reduzido, não chega a 1% do que o
Google possui sobre aquele assunto. Dessa amostragem mínima, eivada de
bobagens (fórmulas matemáticas de segundo grau e decorebas de química ou
biologia), submetem-se os alunos a enfadonhas sessões de releitura de
apostilas obsoletas.
Professores fazem de conta que ensinaram. Alunos fazem cara de que
aprenderam. Pais e sociedade babam em rankings do Enem.
Até no Enade, que avalia as universidades, existem ardis — alunos são
mantidos em recuperação e outros avançam antes da hora para melhorar a
pontuação geral.
Quantos alunos já foram incentivados a não fazerem as provas? Quantos
testes de recuperação não foram marcados para a mesma hora dos exames
oficiais?
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Otimismo abalado
Marca do início da gestão de Michel Temer (PMDB), a esperança na
recuperação da economia vai dando lugar a prognósticos mais sombrios. A
melhora dos índices de confiança a partir do segundo trimestre não foi suficiente
até agora para suplantar obstáculos concretos para a volta do crescimento.
A julgar pelos indicadores do Banco Central, a economia teve nova retração
no terceiro trimestre, próxima a 1%. Na melhor das hipóteses, espera-se
estabilização até o final do ano.
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No texto, ”Truque sujo no Enem”, publicado pelo o jornal Folha de São Paulo,
o autor afirma que os pais são cegos porque querem e que ele passou horas
estudando o ranking do Enem, descobriu que para uma escola ir bem, basta
participar de uma farsa. A escola nº 1 no ranking, uma filial do Objetivo participou
com 41 alunos, quando na realidade, possui 280 alunos participantes, com esse
nº, a classificação cairia para 547º lugar.
A plataforma Eleva que se gaba de ter quatro unidades bem avaliadas no Rio,
lá, a estratégia é diferente, formar turmas mínimas de alunos com alto grau de
filtragem. Depois, é só contar com a nota do Enem desses alunos para fazer de
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conta que os outros são tão bons quanto eles. Jorge Paulo Leman, investidor da
plataforma, não sabe o que estão fazendo com seu nome.
O que causa espanto é por que o Inep não faz a fusão das notas dessas
escolas, que seguem o modelo tipo cursinhos. E por que as escolas públicas vão
tão mal no Enem, considerando que o Objetivo do 547º não é tão diferente dessas
escolas já que qualquer escola pode fazer uma filtragem dos melhores alunos da
classe.
Cada vez mais empresários estão mandando na educação, alguns já são do
ramo outros, não. Com uma proposta de que uma boa educação depende de boa
gestão. Isso é conversa! Para melhorar a educação, é preciso mudanças na
metodologia de ensino que, atualmente, é obsoleta. O Brasil fez investimentos
pesados no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), mas só
conseguiu passar do 56º para 58º no ranking mundial entre 65 países.
No começo da avaliação do PISA, apareciam, lá em cima, países como
Finlândia, Suécia, Suíça e Holanda, nos últimos lugares, só ditadura. Dois terços
dos dez primeiros lugares são de países onde os alunos não têm liberdade de
escolha, principalmente, os asiáticos que dominam o ranking, como a Coreia do
Sul, onde os alunos estudam oito horas por dia mais quatro de cursinhos. É com
esses países que os empresários da educação no Brasil querem concorrer.
Não só no Brasil a escola está presa numa pantomima que parece interessar
a muita gente. Um conteúdo reduzido que cai nas provas, o que não chega a 1%
do que é disponível no Google. Professores e alunos fazendo de conta que
ensinam e aprendem; pais e sociedade felizes com o ranking do Enem. Instituições
de ensino superior prorrogando o tempo do curso de alunos nas classes para não
fazerem o Enade. E a reforma do ensino médio, com a redução de algumas
disciplinas não apresenta soluções para estancar o fracasso.
Muita atenção, caros pais!
Exemplos:
Um filme:
Bastidores da II Guerra.
Em 8 de novembro de 1939, Georg Elser (papel de Christian Friedel), quis
extrair o mal pela raiz e armou uma bomba no local onde Adolf Hitler fez um
pronunciamento, em Munique. Como se sabe, o plano de matar o Fuhrer não
deu certo (embora a explosão tenha feito outras vitimas) e os horrores da II
Guerra espalharam-se pelo mundo. 13 minutos, então, volta alguns anos na
trama para mostrar como Elser, um humilde carpinteiro cheio de vida, previu
quão nefasto e perigoso o regime nazista seria a partir da ascensão de Hitler.
O roteiro também revela os dias em que o protagonista foi submetido a torturas
após o atentado. No exame de um fato inédito nos cinemas, o filme traz à tona
um herói anônimo esquecido pelo tempo. Direção: Olvier Hirschbiegel (Elser,
Alemanha, 2005, II4min), 14anos.
(Miguel Barbieri Jr. Veja São Paulo 9/11/16)
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no meio científico. Pode ser escrito por cientistas para leitores que têm interesse
em ciência ou por estudantes universitários em final de curso. De modo geral, é
publicado em revistas especializadas ou em seções especificas de jornais. De
acordo com Severino
Exemplo
Células-tronco vão criar vidas
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Referências bibliográficas
FARACO & MOURA. Para gostar de escrever. São Paulo: Ática. 2000
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FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e
redação. São Paulo: Ática. 2001.
KOCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; PAVANI, Cinara Ferreira.
Prática textual: atividades de leitura e escrita. Petrópolis: Vozes. 2014
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