Aula 2
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A contestação:
• a defesa por impugnação e por excepção
• as excepções dilatórias e peremptórias
• o princípio da concentração da defesa
• o ónus de impugnação
Exemplos práticos
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A contestação
(ver, em particular, artigos 569.º a 583.º do CPC)
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Fase dos articulados
Contestação
A defesa por impugnação (ou defesa directa) é aquela em que o réu nega
frontalmente os factos alegados pelo autor ou, sem negar a realidade desses
factos, contradiz o efeito jurídico que o autor deles pretende tirar (art. 571.º, n.º 2,
1.ª parte).
O réu ataca de frente, contradizendo os factos aduzidos pelo autor ou, sem
atacar esses factos, contradiz a aplicação que o autor faz do direito aos factos.
No primeiro caso, o réu apresenta uma versão dos factos diferente da do autor.
No segundo caso, a posição do réu não difere da do autor quanto à versão dos
factos, mas difere quanto ao regime jurídico.
Num caso a divergência entre o autor e o réu situa-se no âmbito dos factos, no
outro caso a divergência diz respeito ao tratamento jurídico que o autor pretende
para os factos narrados. 5
Fase dos articulados
Contestação
Defesa por excepção: nos termos do artigo 571.º, n.º 2, 2.ª parte, o réu defende-se
por excepção quando alega factos que obstam à apreciação do mérito da acção ou
que, servindo de causa impeditiva, modificativa ou extintiva do direito invocado pelo
autor, determinam a improcedência total ou parcial do pedido.
O réu não nega a realidade dos factos articulados pelo autor, nem contradiz o efeito
jurídico que este procura extrair desses factos; este modo de defesa supõe a
alegação de factos novos. O réu sai para fora do terreno em que o autor se colocou
e socorre-se de factos diferentes daqueles que servem de fundamento à petição.
Neste sentido, o réu pode: (i) alegar factos que obstam à apreciação do mérito da
causa; (ii) alegar factos que determinam a improcedência total ou parcial do pedido.
Nos termos do artigo 576.º, as excepções são dilatórias ou peremptórias (n.º 1).
As excepções dilatórias obstam a que o tribunal conheça do mérito da causa e
dão lugar à absolvição da instância ou à remessa do processo para outro tribunal
(n.º 2). As excepções peremptórias importam a absolvição total ou parcial do
pedido e consistem na invocação de factos que impedem, modificam ou extinguem
o efeito jurídico dos factos articulados pelo autor (n.º 3). 6
Fase dos articulados
Contestação
Excepções dilatórias
Como o próprio nome parece indicar, as excepções dilatórias obstam a que se entre na
apreciação da relação jurídica material, por faltar alguma coisa a essa pronúncia final. Não
afectam o direito de acção: elas dilatam, protelam, adiam a decisão do litígio. Em vez de
extinguirem a acção, apenas retardam ou adiam o respetivo conhecimento do mérito.
Embora afastem a possibilidade do conhecimento do mérito da causa naquele momento, não
o afastam definitivamente (nos termos do artigo 279.º, n.º 1, a absolvição da instância não
obsta a que se possa propor outra acção sobre o mesmo objecto).
Nos termos do artigo 577.º, “são dilatórias, entre outras, as exceções seguintes:
a) A incompetência, quer absoluta, quer relativa, do tribunal;
b) A nulidade de todo o processo;
c) A falta de personalidade ou de capacidade judiciária de alguma das partes;
d) A falta de autorização ou deliberação que o autor devesse obter;
e) A ilegitimidade de alguma das partes;
f) A coligação de autores ou réus, quando entre os pedidos não exista a conexão exigida no artigo 36.º;
g) A pluralidade subjetiva subsidiária, fora dos casos previstos no artigo 39.º;
h) A falta de constituição de advogado por parte do autor, nos processos a que se refere o n.º 1 do artigo
40.º, e a falta, insuficiência ou irregularidade de mandato judicial por parte do mandatário que propôs a ação;
i) A litispendência ou o caso julgado”. 7
Fase dos articulados
Contestação
Nos termos dos artigos 619.º e 620.º, o caso julgado material tem força
obrigatória não só dentro do processo em que a decisão foi proferida, mas
também fora dele.
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Fase dos articulados
Contestação
Excepções peremptórias
Nos termos do artigo 573.º, n.º 1, “toda a defesa deve ser deduzida na contestação,
excetuados os incidentes que a lei mande deduzir em separado”. “Depois da
contestação só podem ser deduzidas as exceções, incidentes e meios de defesa que
sejam supervenientes, ou que a lei expressamente admita passado esse momento, ou
de que se deva conhecer oficiosamente” (artigo 573.º, n.º 2).
Para não correr o risco de preclusão dos meios de defesa, o réu não poderá limitar-se
a invocar certa excepção dilatória, mas terá ainda de alegar todos os outros meios de
defesa (directa ou indirecta) ao seu alcance. NOTA: se a excepção viesse a ser
julgada improcedente, o réu teria deixado escapar a única oportunidade que a lei lhe
concede para se defender.
Ónus de impugnação
Nos termos do artigo 574.º, n.º 1, “ao contestar, deve o réu tomar posição definida perante
os factos que constituem a causa de pedir invocada pelo autor”.
NOTA: “consideram-se admitidos por acordo os factos que não forem impugnados” (artigo
574.º, n.º 2, 1.ª parte)!! – importância do ónus de impugnação.
Desvios ao ónus de impugnação (artigo 574.º, n.º 2, 2.ª parte): “consideram-se admitidos
por acordo os factos que não forem impugnados, salvo se”:
• estiverem em oposição com a defesa considerada no seu conjunto;
• se não for admissível confissão sobre eles;
• se só puderem ser provados por documento escrito.
Factos essenciais ≠ factos instrumentais
A não impugnação dos factos essenciais articulados pelo autor equivale a uma confissão
tácita. MAS: em relação aos factos instrumentais, a admissão por acordo é suscetível de
ser afastada por prova posterior (artigo 574.º, n.º 2, parte final).
Impugnação por negação: “se o réu declarar que não sabe se determinado facto é real, a
declaração equivale a confissão quando se trate de facto pessoal ou de que o réu deva ter
conhecimento e equivale a impugnação no caso contrário” (artigo 574.º, n.º 3). 12
Muito obrigado pela Vossa atenção