Tema 6
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1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento humano é um assunto que precisa ser estudado levando em
consideração seus múltiplos aspectos, precisamos destacar que os primeiros 20 anos da vida
de um indivíduo tem a mais intensa influência sobre todas as transformações que continuam
ocorrendo ao longo de sua existência. Percebendo que cada indivíduo é singular e plural, as
formas de entendimento do mesmo são diversas e atualmente ainda há polêmica nas
discussões sobre a dualidade da hereditariedade versus ambiente como influenciadores do
desenvolvimento humano (XAVIER e NUNES, 2015).
Traremos com isso para esse texto o enfoque para alguns dos olhares que a psicologia
traz em relação ao desenvolvimento humano.
Desde o início da psicologia cientifica em 1879 por Wilhem Wundt o
desenvolvimento humano tem se demonstrado muito complexo, necessitando de várias teorias
para conseguir abordar toda a sua amplitude (XAVIER e NUNES, 2015).
De acordo com Lopes e Lucas (2012, p.8):
A Psicologia do Desenvolvimento é a área de conhecimento da Psicologia
que se propõe estudar o desenvolvimento humano em seus vários aspectos, a saber:
físico-motor, cognitivo, psicossocial, durante todo ciclo vital que começa na
concepção e só termina com a morte. Seu campo de estudo abrange as mudanças
que ocorrem no corpo e na mente do ser humano.
Segundo Papalia e Feldman (2013) o desenvolvimento humano tem 5 grandes
perspectivas sendo elas a psicanalítica, da aprendizagem, a cognitiva, a contextual e a
evolucionista/ sócio biológica. Iremos, portanto, destacar a perspectiva da epistemologia
genética de Jean Piaget, a sócio-histórica de Lev Vygotsky e a psicogenética de Henri Wallon.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. A perspectiva da epistemologia genética de Jean Piaget
Jean Piaget estudou sobre como o ser humano constrói o conhecimento numa
perspectiva cognitiva e construtivista, entendendo que temos uma capacidade inata de
adaptação do ambiente, com isso fundou a epistemologia genética que nada mais é o estudo
da gênese do conhecimento, a carga genética e o meio são os grandes influenciadores para o
desenvolvimento humano (PAPALIA e FELDMAN, 2013; LOPES e LUCCA,2012).
Piaget foi um pesquisador interessado em como surge e evolui o conhecimento,
impossível separar o crescimento orgânico do desenvolvimento psicológico da criança
explicando, portanto, com os estágios cognitivos sequenciais que todos os seres humanos
passam, ele usa as idades cronológicas como base, mas é importante entender que somos seres
complexos e individuais, podendo ter diferenças cronológicas para alcançar esses estágios.
Sendo eles: Sensório motor, pré-operatório, operatório concreto e operacional formal, todos
contribuem para atingir capacidade de solucionar problemas (BIAGGIO, 2003; BOCK,
FURTADO e TEIXEIRA, 2006).
Resumidamente, o período sensório-motor (0 a 2 anos) parte da sua interação com o
meio inicialmente de maneira reflexiva e passiva até atingir a capacidade de percepção do
meio e seus objetos, manipulação e interação ativa através dos movimentos e exploração. O
período pré-operatório (2 a 7 anos) é marcado pelo uso da linguagem que auxilia a
comunicação de maneira mais efetiva, influenciando nas relações afetivas. O
desenvolvimento do pensamento leva a criança para o mundo da imitação, imaginação e
simbolização. Ainda enxerga o meio com olhar egocêntrico e sua aprendizagem é marcada
pelas suas vivências. Já o período operatório concreto (7 a 11 anos) é marcado pela
capacidade de construir o pensamento de maneira lógica, refletir, lidar com mais de um ponto
de vista. Entende melhor as suas vontades, identidade e sentimentos morais, a necessidade de
pertencer a um grupo se inicia junto com a ideia de cooperação. O último período é das
operações formais (12 anos em diante) marcado pelo início da puberdade trazendo o
sentimento de contestação, estabelecimento da capacidade de transitar entre o pensamento
concreto e abstrato. Os conflitos emocionais e afetivos são bastante presentes pela sua busca
por autonomia (XAVIER e NUNES,2015; BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2006).
Esse teórico acreditava que o desenvolvimento vem antes da aprendizagem ou também
que o pensamento vem antes da linguagem, partindo do desequilíbrio entre o indivíduo e o
objeto, para solucionar essa questão ele dizia que eram necessários os processos de
organização (necessidade de categorizar e sistematizar as informações absorvidas pelos
estímulos do meio), adaptação (ocorre pela assimilação que é a capacidade de adaptar à nova
informação ao que já é conhecido pela criança. E a acomodação vem para alterar o que já era
existente em resposta a esse novo objeto assimilado resultando na equilibração entendida na
constante adaptação as imposições do ambiente) (PAPALIA e FELDMAN, 2013). Com isso
entendeu que cada pessoa constrói ativamente o seu conhecimento, não apenas absorvendo o
que é estimulado pela interação social, elaborando um pensamento próprio e que esse
funcionamento mental promove uma boa adaptação a realidade (XAVIER e NUNES, 2015).
Piaget trouxe grande ajuda aos educadores e cuidadores infantis, porém criticado por
não explicar a emergência de habilidades maduras como a resolução de problemas práticos, a
sabedoria e a capacidade de lidar com situações ambíguas (PAPALIA e FELDMAN, 2013).
2.2. Perspectiva sócio - histórica de Lev Vigotsky
O olhar de Lev Vigotsky corrobora com Piaget quanto ao entendimento da
importância da criança se envolver com o ambiente, porém acrescenta que a interação social é
o caminho para o aprendizado durante o desenvolvimento humano. Sendo a linguagem o meio
mais enfatizado por ele. (PAPALIA e FELDMAN, 2013).
Os adultos são vistos como grandes responsáveis pela orientação e introdução dos
significados que objetos e comportamentos têm para que as crianças internalizem,
entendemos, portanto, que a psiquê tem seu desenvolvimento guiado pelo outro, segundo a
visão da perspectiva de Vigotsky (XAVIER e NUNES, 2015).
Conceitos espontâneos e baseados nas nossas observações aparentes, principal função
da escola é de trazer conceitos científicos as crianças, nos permite ver melhor a realidade. O
que podemos relacionar com seu conceito sobre os três tipos de conhecimento relacionados a
aprendizagem humana, sendo eles aquilo que já sabemos fazer sozinhos que ficam no que ele
chamou de zona de desenvolvimento real, o que ainda será apreendido a fazer sozinha mas
precisa da intervenção do outro são os saberes que se encontram na zona de desenvolvimento
proximal (ZDP), saberes que estão emergindo e precisam de orientação. O que está na zona de
desenvolvimento potencial são os saberes que não somos capazes de fazer, nem mesmo com
ajuda, até que ele se desenvolva. Com o desenvolvimento humano e da aprendizagem esses
saberes vão transitando e capacitado o indivíduo, esse é o papel do professor, quanto mais o
aluno aprende mais ele é capaz (PAPALIA e FELDMAN, 2013; LOPES e LUCCA,2012;
BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2006).
A perspectiva sócio-histórica de Vigotsky vê o mundo psíquico como uma construção
histórica e social, significa que o indivíduo não nasce com uma essência universal e inata, ele
é um ser ativo e social que vai se construindo ao longo da vida pelas relações com o outro e o
meio, essas relações são bilaterais e vão se transformando juntos. Através do contato com a
cultura já estabelecida que o desenvolvimento vai acontecendo e depois internalizada em
forma de pensamento, ou seja, os usos e significados dos objetos vai sendo internalizado e o
indivíduo se apropriando e se subjetivando, por isso Vygotsky é visto como um teórico
interacionista (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2006; XAVIER e NUNES, 2015).
Vigotsky também acreditava que o desenvolvimento se baseava em dois processos
diferentes e complementares, a maturação e o aprendizado, sendo a maturação que cria
capacidades para que a aprendizagem aconteça, com a linguagem falada como destaque desse
processo e desenvolvida em uma sequência. A primeira é a função indicativa (pensamento
sincrético) depois a função significativa (pensamento por complexo) e no fim a função formal
(criação de conceitos simbólicos). E no âmbito escolar a interação pedagógica tem grande
influência no direcionamento do desenvolvimento das potencialidades da criança
(VIGOTSKY, 2000).
2.3. Perspectiva psicogenética de Henri Wallon
A perspectiva de Wallon não segue uma sistematização na apresentação de seus
conceitos na literatura, deixando alguns pontos teóricos de interpretação controversos entre os
autores da literatura voltada a psicologia (ALMEIDA, 2008) com isso traremos o que é mais
difundido e aceito.
Wallon assim como os teóricos anteriores focaram os estudos do desenvolvimento
humano com base na infância, mas ele foi o primeiro a ponderar as emoções e compreender a
criança em sua totalidade (XAVIER e NUNES, 2015). Ele tinha intenção de entender a
gênese do psiquismo humano focando, portanto, seu estudo em como o ser humano
desenvolve suas capacidades mentais e as origens dos processos psiquicos, desde o início da
vida intraútero. Verificando a elaboração dos processos infantis para alcançar a linguagem e o
pensamento, levando em consideração a relação com o meio e principalmente com a
construção da afetividade entendendo a importância da família, cultura e sociedade a qual
cada indivíduo está inserido. Entendendo que o desenvolvimento humano ocorre pela
interdependência entre a nossa estrutura biológica (primeira condição para atividade psíquica)
e os fatores sociais (LOPES e LUCCA, 2012).
Considerando que o pensamento infantil não é continuo, apresenta crises e conflitos
necessários para o desenvolvimento psíquico Wallon levantou a questão do quanto a
afetividade auxilia todo esse processo. E informa que as crianças têm quatro campos
funcionais que a ajudam na organização do desenvolvimento: a afetividade, o ato motor, a
inteligência e a pessoa (LOPES E LUCCA,2012).
A afetividade, diferente do entendido atualmente pelo senso comum, para Wallon é a
tendência que os seres humanos têm de serem diretamente influenciados pelo meio externo e
por suas sensações internas de maneira negativa ou positiva, causando assim reações que vão
se individualizando com o desenvolvimento humano (XAVIER e NUNES, 2015). Essa
afetividade passa por 3 fases entendidas por Wallon como emoções, sentimentos e paixões. A
emoção sendo o primeiro passo que leva ao vínculo, percebido desde o início da vida humana,
entendido como a exteriorização da afetividade sendo as primeiras ativações fisiológicas afim
de resultar em uma resposta, levando as primeiras experiências de interação e comunicação
(LOPES e LUCCA, 2012). Podemos relacionar que a emoção é necessária para a
sobrevivência do recém-nascido e é intrínseca, os sentimentos a expressão representativa da
afetividade e a paixão traz a capacidade de internalizar as emoções (XAVIER e NUNES,
2015).
Outro campo funcional é o ato motor, onde a emotividade também é transmitida,
sendo uma atividade expressiva que comunica os estados emocionais influenciando as
emoções de quem as percebe. Quando a função simbólica é atingida pela criança ocorre
também a internalização dos atos motores e começa a se comunicar através de outros
recursos. Todas essas vivências e experiências adquiridas leva a criança a desenvolver a
inteligência e portanto sua capacidade intelectuais. A boa integração desses campos
funcionais constitui o campo funcional que Wallon chamou de pessoa (integração organismo-
meio) (LOPES e LUCCA, 2002).
Wallon entende que o desenvolvimento percorre algumas fases, a idade não é fator
determinante para a mudança delas, visto que cada indivíduo é único e tem seu tempo de
desenvolvimento, estabeleceu nomes a essas fases, iniciando pelo Impulsivo emocional nos
primeiros meses de vida tendo como característica principal a externalização das emoções
comumente vista pelo choro. Depois vem a fase sensório-motor projetivo onde a imitação, as
sensações e a linguagem são os aspectos mais importantes, início de uma inteligência prática.
Após o pré-estabelecimento das fases anteriores vem o personalismo, onde vai testar as regras
e limites afim de organizar a sua personalidade. Já a fase categorial tem um maior
amadurecimento para lidar com as emoções e a razão, e também um maior desenvolvimento
da memória. A última fase é a puberdade e adolescência, intensa pelas mudanças hormonais,
sendo a autoafirmação e a busca pelo pertencimento as características mais observadas
(XAVIER e NUNES, 2015).
3. CONCLUSÃO
Conclusão busca de auxiliar um adulto saudável e orientar os educadores quanto a
importância da infância,
4. REFERÊNCIAS
LOPES, C.M.B.; LUCCA, J.A. DE. Psicologia da Educação II: Piaget, Vygotsky,
Winnicott e Wallon. Paraná: Ed. Unicentro, 2012.