Padre António Vieira - Exercícios Extra
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ESCOLA: DATA: / /
DE AULA 1
Educação
NOME: N.O: TURMA Literária
“eram mortos todos aqueles que queriam tirar a vida ao Menino”: Defuncti sunt enim qui
quaerebant animam Pueri [Mt 2, 20]. Os que queriam tirar a vida a Cristo Menino eram
35 Herodes, e todos os seus, toda a sua família, todos os seus aderentes, todos os que seguiam,
e pendiam da sua fortuna. Pois é possível que todos estes morressem juntamente com
Herodes? Sim: porque em morrendo o Tubarão, morrem também com ele os Pegadores:
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QUESTÃO DE AULA 1 — EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Defuncto Herode, defuncti sunt qui quaerebant animam Pueri 1. Eis aqui, peixezinhos
ignorantes, e miseráveis, quão errado, e enganoso é este modo de vida, que escolhestes.
40 Tomai exemplo nos homens, pois eles o não tomam em vós, nem seguem, como deveram,
o de Santo António.
Deus também tem os Seus Pegadores. Um destes era Davi, que dizia: Mihi autem
adhaerere Deo bonum est [Sl 72, 28]2. “Peguem-se outros aos grandes da terra, que eu só
me quero pegar a Deus”. Assim o fez também Santo António, e senão, olhai para o mesmo
45 Santo, e vede como está pegado com Cristo, e Cristo com ele. Verdadeiramente se pode
duvidar qual dos dois é ali o pegador: e parece que é Cristo; porque o menor é sempre o que
se pega ao maior, e o Senhor fez-Se tão pequenino, para Se pegar a António. Mas António
também se fez Menor, para se pegar mais a Deus3.
Considerai, Pegadores vivos, como morreram os outros, que se pegaram àquele peixe
50 grande, e porquê. O Tubarão morreu porque comeu, e eles morreram pelo que não comeram.
Pode haver maior ignorância, que morrer pela fome, e boca alheia? Que morra o Tubarão,
porque comeu, matou-o a sua gula; mas que morra o Pegador pelo que não comeu: é a
maior desgraça que se pode imaginar! Não cuidei que também nos peixes havia pecado ori-
ginal. Nós os homens, fomos tão desgraciados, que outrem comeu, e nós o pagamos. Toda
55 a nossa morte teve princípio na gulodice de Adão, e Eva; e que hajamos de morrer pelo que
outrem comeu, grande desgraça! Mas nós lavamo-nos desta desgraça com uma pouca de
água4, e vós não vos podeis lavar da vossa ignorância com quanta água tem o mar.
Padre António Vieira, Obra completa (dir. José Eduardo Franco e Pedro Calafate), Tomo II, Vol. X,
Lisboa, Círculo de Leitores, 2014, pp. 157-159.
1
Mateus, 2, 20: “Morto Herodes, morreram aqueles que procuravam tirar a vida ao menino”; 2 Salmo, 72, 2 (N. de V.)
Trad.: “Para mim, porém, é bom aderir a Deus.”; 3 alusão à mais corrente figuração de Santo António, representado com
o menino Jesus ao colo; 4 a água do batismo.
4 Interprete o sentido da frase “O Tubarão morreu porque comeu, e eles morreram pelo
que não comeram” (l. 50).
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QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / /
DE AULA 2
Leitura e
NOME: N.O: TURMA Gramática
Leia o texto.
A
queniana Sarah (nome fictício), mãe sol-
teira de duas crianças pequenas, nunca
pensou que, um dia, a sua história de
vida viria a engrossar uma estatística de
5 proporções alarmantes. Desempregada e desespe-
rada por encontrar trabalho, foi traficada por al-
guém em quem confiava. “Viajou com esse amigo
sob a promessa de um emprego como empregada
doméstica”, narra a fotógrafa Matilde Simas, a au-
10 tora da série Hidden, em entrevista ao P3.
Sarah entrou numa camioneta nos arredores da
capital do Quénia e foi conduzida, durante quatro
horas, até outra cidade, Mombaça. À chegada, foi
lentamente compreendendo que o emprego que a
15 esperava não era o que lhe fora prometido; não se
tratava de trabalho doméstico, mas sim de traba-
lho sexual. Foi conduzida até uma casa rodeada
de arame farpado, guardada por homens armados
e cães. Finalmente percebeu: não podia escapar.
20 “Um ano depois, graças à ajuda de um cliente,
conseguiu fugir. Pediu dinheiro nas ruas, durante
semanas, até obter o suficiente para comprar três
bilhetes para o regresso a Nairobi.”
Sarah é uma das muitas vítimas de tráfico de
25 seres humanos que a fotógrafa norte-americana
retratou no Quénia, um país que é considerado
um ponto nevrálgico no que concerne a este pro-
blema na África Oriental. Em todo o mundo, se-
gundo dados da Organização das Nações Unidas, Um traficante pode estar em qualquer lugar,
30 há mais de 40 milhões de escravos. O trabalho que pode ser “qualquer pessoa” no “exterior de uma
realizam gera cerca de 120 mil milhões de euros escola, de uma casa-abrigo, de um centro comer-
anualmente. “Com alto rendimento e baixo risco, 50 cial”, refere Simas. “As redes sociais e as aplicações
a comercialização de seres humanos transfor- de dating também começam a ganhar relevo neste
mou-se no maior sector criminal do mundo, su- contexto.” Tudo começa quando um traficante
35 plantando a venda de armas e de tráfico de droga”, escolhe um alvo e, após contacto, identifica os
explica a fotógrafa. “Como é possível?” sonhos e objetivos da potencial vítima.
À semelhança de Sarah, as mulheres que Simas 55 Mas de que forma consegue um traficante “con-
retratou só se aperceberam de que eram vítimas vencer” a vítima a permanecer refém? Não são in-
de algum tipo de violência quando “já era tarde comuns as ameaças de morte, de assassinato de
40 demais”, quando já não conseguiam soltar-se da familiares, de humilhação pública; é frequente o
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“armadilha” que havia sido montada especifica- uso de violência física, a apreensão de documen-
mente para elas. “Os traficantes de pessoas estão 60 tos por parte do traficante. É também comum a
treinados para perscrutar a vulnerabilidade dos “invenção” de uma dívida para com o traficante,
outros e usam técnicas avançadas de manipula- que a vítima é forçada a pagar — um valor, por
45 ção para persuadir e controlar as suas vítimas”, diz vezes, indeterminado, com juros que nunca são
a norte-americana. definidos claramente. […]
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QUESTÃO DE AULA 2 — LEITURA E GRAMÁTICA
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.8, selecione a opção correta.
1.1 Os traficantes abordam as suas vítimas
A. preferencialmente através das redes sociais e dos sites de encontros.
B. em lugares que são familiares para as vítimas e onde estas se sentem
à vontade.
C. atraindo-as com promessas de emprego e de uma vida atrativa.
D. exigindo apenas o pagamento das despesas de viagem e de documentação.
humano.
D. pretende recrutar cidadãos que doem o seu tempo no combate ao tráfico
humano.
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QUESTÃO DE AULA 2 — LEITURA E GRAMÁTICA
1.5 A frase “Sarah entrou numa camioneta nos arredores da capital do Quénia e foi
conduzida, durante quatro horas, até outra cidade, Mombaça” (ll. 11–13) configura
o ato ilocutório
A. declarativo. C. assertivo.
B. expressivo. D. diretivo.
1.7 No segmento “‘A situação no Quénia é particularmente preocupante’, diz, pois ‘existe
um fluxo de imigração de países vizinhos’” (ll. 68–71), o vocábulo sublinhado assegura
o mecanismo de coesão
A. lexical por substituição. C. gramatical referencial.
B. gramatical frásica. D. gramatical interfrásica.
A. a metáfora. C. a anástrofe.
B. a enumeração. D. a aliteração.
história de vida viria a engrossar uma estatística de proporções alarmantes” (ll. 1-5).
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QUESTÃO
DE AULA 3 ESCOLA: DATA: / /
Gramática NOME: N.O: TURMA
EXCERTO A
Olhai, peixes, lá do mar para a terra. Não, não; não é isso o que vos digo. Vós
virais os olhos para os matos, e para o Sertão? Para cá, para cá; para a Cidade é que
haveis de olhar. Cuidais que só os Tapuias se comem uns aos outros; muito maior
açougue é o de cá, muito mais se comem os brancos. Vedes vós todo aquele bulir,
vedes todo aquele andar, vedes aquele concorrer às praças, e cruzar as ruas; vedes
aquele subir, e descer as calçadas, vedes aquele entrar, e sair sem quietação, nem
sossego?
Padre António Vieira, “Sermão de Santo António”, Cap. IV, op. cit, p. 150.
EXCERTO B
Nesta viagem, de que fiz menção, e em todas as que passei a Linha Equinocial,
vi debaixo dela o que muitas vezes tinha visto, e notado nos homens, e me admirou
que se houvesse estendido esta ronha, e pegado também aos peixes. Pegadores se
chamam estes, de que agora falo, e com grande propriedade, porque sendo peque-
nos, não só se chegam a outros maiores, mas de tal sorte se lhes pegam aos costa-
dos, que jamais os desaferram.
Padre António Vieira, “Sermão de Santo António”, Cap. V, op. cit, p. 157.
EXCERTO C
Ah Peixes, quantas invejas vos tenho a essa natural irregularidade! Quanto
melhor me fora não tomar a Deus nas mãos, que tomá-Lo tão indignamente! Em
tudo o que vos excedo, peixes, vos reconheço muitas vantagens. A vossa bruteza
é melhor que a minha razão, e o vosso instinto melhor que o meu alvedrio.
Padre António Vieira, “Sermão de Santo António”, Cap. VI, op. cit, pp. 164-165.
Pessoal
Espacial
Temporal
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QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / /
DE AULA 4
Escrita
NOME: N.O: TURMA (curta e longa)
ESCRITA (CURTA)
1 Escreva uma breve exposição sobre os aspetos mais relevantes da crítica que Vieira
dirige aos Homens, através dos peixes.
ESCRITA (LONGA)
2 Escreva um texto, com um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras, em que apre-
sente a sua opinião sobre a atualidade da crítica desenvolvida por Vieira, no que diz
respeito, nomeadamente, à corrupção.
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QUESTÃO
DE AULA 5
ESCOLA: DATA: / /
Oralidade
(Compreensão NOME: N.O: TURMA
e Expressão)
COMPREENSÃO
1 Para completar cada um dos itens 1.1 e 1.2, selecione a opção correta.
1.1 No séc. XVII, os objetivos dos sermões eram, essencialmente,
A. educar e seduzir as almas.
B. moralizar, denunciando.
C. criar um espetáculo, pela arte da palavra.
D. desenvolver um género literário.
EXPRESSÃO
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QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / /
DE AULA 6
Aferição das
NOME: N.O: TURMA aprendizagens
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