O Conceito de Cuidado À Saúde: Universidade Federal Da Bahia
O Conceito de Cuidado À Saúde: Universidade Federal Da Bahia
O Conceito de Cuidado À Saúde: Universidade Federal Da Bahia
Salvador
2009
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Salvador
2009
3
Banca Examinadora
Faculdade de Psicologia
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CRUZ, Márcia Cristiane Carvalho. O Conceito de Cuidado à Saúde. 150 f. il. 2009. Dissertação
(Mestrado) – Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2009.
RESUMO
CRUZ, Márcia Cristiane Carvalho. The Concept of Health Care. 150 pp. ill. 2009. Master
Dissertation – Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2009.
ABSTRACT
Both in the field of knowledge about the scope of practice, the health-disease-care has been the
subject of efforts to understanding and formulation of models and forms of assistance. The
discussion, conceptualization and operationalization of the 'Health Care' present themselves as
theoretical and practical challenges for Public Health and its construction conceptual open new
dialogues in the field of knowledge, skills and practices in health setting as a privileged object
of research. But ultimately, what is' to Health Care? Object target of several complex views, the
'Health Care' is addressed in this study to unravel some of its many facets. Accordingly, we
aimed to examine the uses, meanings and meanings of 'Health Care' in the field of Public Health
Brazil and identify their formal properties (which may be described) and theoretical (which can
be inferred). This study, developed from a literature review using secondary material from the
LILACS database, includes a survey of descriptive character trying to elucidate the concept 'to
Health Care', yet little systematic and open to various perspectives of understanding. From the
analysis of concepts, definitions, concepts of the Health Care found in 710 abstracts of selected
publications, considering their points of convergence and divergence, built 03 categories, linked
so as to contribute to the development of new meanings concerning understanding and
operationalization of the Health Care in the field of Public Health. These categories were named
axis of 01 - Agents, axle 02 - Context and Axis 03 - Concept. These were subdivided,
respectively, on: 1) the provision of care staff and agents who require such care, 2) organization,
type of care and management, 3) technical-scientific dimension, subjective-relational
dimension, socio-political dimension. The search for the concept of 'Health Care' opens new
dialogues in the field of knowledge, skills and practices of Public Health to address the
complexity of this phenomenon and operate social and human transformation in the lives of
individuals and populations.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................07
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................14
2.1. PARADIGMA.........................................................................................14
2.2. HERMENÊUTICA..................................................................................22
2.3. CONCEITO.............................................................................................30
3. METODOLOGIA..............................................................................................37
4. ANÁLISE............................................................................................................52
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................92
REREFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................99
APÊNDICES..........................................................................................................121
7
1. Introdução
ciências naturais, a Saúde Coletiva não se constitui apenas como conjunto de campos
América Latina nos últimos 30 anos – e sua articulação com os movimentos pela
esgotamento do paradigma científico que tem sustentado, até então, seu campo
determinadas práticas que tomam como objeto as necessidades sociais de saúde, como
(1992) considera a Saúde Coletiva como uma prática social, uma construção histórica,
pensar e atuar no campo da Saúde Coletiva. Desse esforço de reconstrução teórica, tem
para a Saúde Coletiva e sua construção conceitual abre novos diálogos no campo do
1
Paradigma, na acepção Kuhniana, entendido como “realizações científicas universalmente reconhecidas
que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de
praticantes de uma ciência.” (KUHN, 1998, p.13).
9
pesquisa.
dado que opera distintos níveis de realidade (ALMEIDA FILHO, 1997; 2000b). Para
1997).
objetos de conhecimento com alto grau de complexidade, o que exige dos pesquisadores
transitiva dos agentes científicos2. Como condição de efetividade, tal prática deve ser
capaz de dar conta desse objeto complexo por meio de totalizações provisórias,
construídas por meio de uma prática cotidiana transversal dos sujeitos do conhecimento
e operadas na concretude dos seus aparelhos cognitivos. Para uma abordagem eficiente
2
Almeida Filho (1997) discute o perfil desses novos operadores transdisciplinares da ciência apontando-
os como mutantes metodológicos, sujeitos prontos para o trânsito interdisciplinar, transversais, capazes de
transpassar fronteiras, à vontade nos diferentes campos de transformação, agentes transformadores e
transformantes com formação anfíbia, passando por etapas sucessivas de treinamento-socialização-
enculturação em distintos campos científicos.
10
visando a uma efetiva transformação dos processos, fenômenos, eventos e questões que
conformam o chamado setor saúde, novas estratégias de práxis social precisam ser
Não que o paradigma da complexidade seja uma forma apenas mais eficiente de
objetos dessa classe e busca não apenas explicar, mas sobretudo compreender. De modo
mais preciso, propõe não somente produzir a descrição rigorosa, a classificação precisa,
mas também a compreensão de uma dada questão científica provocada por necessidades
2003).
no campo da Saúde Coletiva. Tal desafio gera questões cruciais: Quais as noções de
‘cuidado à saúde’ que vêm sendo utilizadas no campo da Saúde Coletiva brasileira? Que
autores refletiram teoricamente e o que se escreveu sobre esse tema? Quais os pontos de
convergência e divergência nas diversas análises e aplicações? Será que seus usos e
Afinal, o que é cuidado à saúde? O que é isto, o cuidado à saúde? Essas são
Idéia geral e abstrata sob a qual podemos reunir objetos. (JAPIASSU &
MARCONDES, 1991)
12
da Saúde Coletiva, buscando identificar suas propriedades formais (o que pode ser
teóricos específicos.
2. Fundamentação Teórica
2.1. Paradigma
constitui importante desafio no campo da Saúde Coletiva. Neste sentido, abre novos
base científica desse complexo de temas, questões e objetos enquadra-se num sistema
que, numa perspectiva sócio-histórica contemporânea das ciências, tem sido designado
como paradigma.
principais da metáfora utilizada pelo autor para relacionar a ciência normal à resolução
de enigmas.
mundo cada vez mais sistematicamente organizada, não se propõe descobrir novidades
assim, não somente novas formas para referenciar os mesmos velhos objetos, mas
comunidade científica dos problemas sociais relevantes que não são redutíveis ao seu
quebra-cabeça, tendo em vista que não podem ser enunciados nos termos compatíveis
restringir a realidade social ao que pode ser observado e pesquisado apenas sob a
entre ciências naturais e ciências sociais tem deixado de ter sentido e utilidade e o
regresso do sujeito investe-se da tarefa de fazer erguer sobre si uma nova ordem
a ciência, que procura reconhecer tudo o que possa ser viabilizado pelos seus meios
os temas relativos ao ser humano (GADAMER, 2006), com seus modos de produção,
mundo. Ou ainda, conforme Morin (1998), o paradigma como aquilo que está no
princípio da construção das teorias, o núcleo obscuro que orienta os discursos teóricos
1997; MERCIER, 1997; MORIN, 1998; GENDRON, 1996; HALDEMANN & LEVY,
Essa discussão do quantitativo versus qualitativo tem sua origem nas diferentes
realismo versus idealismo, não pode ser assumida simplistamente como uma opção
crucial para a filosofia da ciência e para a guerra de palavras ainda hoje em curso entre,
progresso científicos, e, de outro, aqueles que consideram que essas afirmações são
mera cortina de fumaça com a qual se pretende esconder e preservar o status quo
apreensão conceitual.
seus interesses, regida por leis naturais da qual será extraído o conhecimento; a
3
Referentes à constituição e estrutura da natureza da realidade social.
4
Relativas às condições e limites estruturais que sustentam o processo de conhecimento, a relação entre
sujeito e objeto e a origem, limites e natureza do conhecimento humano.
5
Concernentes às condutas ou regras a serem seguidas para analisar ou compreender o objeto.
18
realidades socialmente construídas, não governadas por leis naturais. Neste caso, a
Daí resulta, conforme Norris (2007), a noção generalizada de que a ‘verdade’ científica
sociopolíticos o que gera sérios problemas para quem deseja ter uma compreensão
margem relevâncias e dados que não podem ser contidos em números, e de outro lado,
6
Como enfatizado por Gadamer (1997a), a hermenêutica não deve ser considerada uma metodologia no
sentido cartesiano, mas uma postura interrogativa que se aplicaria fundamentalmente ao estudo de textos.
19
campo da Saúde Coletiva, não só clivagens às vezes difíceis de superar, mas que
saúde. Tais categorias serão úteis até no sentido de construção necessária de uma
consolidar para que não haja fragmentação – isso porque o objeto saúde não merece
nem suporta fragmentação –, bem como para que o campo da Saúde Coletiva não se
síntese não visa uma ciência unificada nem sequer uma teoria geral, mas somente um
conjunto de galerias temáticas onde convergem linhas de pesquisa que têm sido
O problema que enfrenta a etapa mais recente das guerras da ciência, como
ocorre com o velho debate envolvendo as duas culturas, é que ela gerou uma atitude de
moderadora que procure desfazer o conflito entre elas (NORRIS, 2007). No plano geral
considerados mais importantes do que outros, em virtude do seu poder explicativo, dos
vínculos com outros tipos de conhecimento, da sua utilidade e daquilo que revelam
sobre o mundo.
mesmo que de modo provisório, uma visão inteligível do mundo (PATY, 2002).
silêncio que persiste entre cada língua que pergunta. Numa fase de revolução científica
transgressão metodológica.
significação e traz consigo uma carga histórica, cultural, política e ideológica que não
1993). Tendo em vista que não se caracteriza apenas como um objeto de natureza
conhecimento, tem se mostrado cada vez mais eficiente para lidar com a complexidade
implica rigor e consistência no uso dos termos e conceitos no campo da Saúde Coletiva
2.2. Hermenêutica
importante quando a simples aplicação de regras não basta – argumento válido para toda
mensageiro dos deuses que traduzia as mensagens do Olimpo para os mortais, a quem
significa ciência, técnica que tem por objeto a interpretação de textos religiosos ou
palavras dos textos; teoria, ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor
simbólico.
de textos, começa com o esforço dos gregos para preservar e compreender os seus
Para Schleiermacher (1999), a hermenêutica não visa o saber teórico, mas sim o uso
discurso" (p. 32). Trata-se aí da compreensão, que se tornou desde então o conceito
24
iniciada por Heidegger, e sustentada por Gadamer, parece se impor diante das
frustrações de uma teoria hermenêutica que pretende suprimir o caráter subjetivo das
sentido atribuído pelo intérprete ao texto, que resiste ou confirma, segundo o intérprete,
intérprete do texto. Esta concepção põe de lado uma noção de método ou cânon a ser
pontos de vista são aceitáveis e apenas atestados; aqui o texto supera seu autor.
de pergunta, que fazem possível o destaque do objeto7. O pesquisador então volta sua
7
O conceito de destaque do objeto de estudo não amputa o objeto de suas condições de produção, pois
aquilo que é destacado ressalta ao mesmo tempo aquilo do qual se destaca (GADAMER, 1997a).
25
atenção para o passado e as tradições, sendo que o objeto de estudo se destaca na fusão
aplicação está sempre, e desde o começo, definido pelo objeto. Para a metodologia
sobre novas bases, unificando no ser humano a realidade histórica e sua interpretação.
consiste na arte de podermos ouvir-nos uns aos outros e a força de poder escutar o outro
âmago da filosofia, a qual não é apenas pensamento lógico e pesquisa metódica, mas
que quer ser compreendido, envolve o todo de nossa capacidade de reflexão que, nas
com cada resposta, provoca novas questões. Isso, de acordo com Gadamer (2006), é
grandes grupos que guardam entre si muitos pontos de contato: a teoria hermenêutica, a
de compreender a existência.
sempre reflexivas, ou seja, o seu objeto de estudo inclui seu sujeito e, por isso mesmo,
Assim, propunha não lutar contra estas interferências, como acontecia nas ciências
funda na linguagem a compreensão não apenas das obras humanas, mas das próprias
oriundos da teoria hermenêutica, mas rompe radicalmente com sua aspiração objetivista,
humanas, ele não trata a hermenêutica como uma metodologia, mas entende-a como
filosófica, nos seus traços mais fundamentais, o modo como esta entende a
conhecimento.
reconciliar o conhecimento com seu sentido ético, moral e político (STEIN, 1987). A
permite a uma tradição autenticamente falar de novo. Mas é o olhar para o futuro, desde
agora, que permite a apropriação hermenêutica de uma tradição, numa legítima fusão de
horizontes. Sobre uma base hermenêutica, Ricouer produz, portanto, uma produtiva
inteligibilidade ao que ela diz, fazendo com que fale para nós, e permitindo reconstruir
apropriação do sentido, uma etapa entre a reflexão abstrata e a reflexão concreta; é uma
hermeneuta não é nada menos que a via longa de uma compreensão do ser do homem
30
sentido à referência, do que ele diz àquilo sobre o qual ele fala, é encadear um novo
longa, um arco que coloca a compreensão no termo de uma mediação pela análise dos
signos. Não há reflexão sem meditação sobre os signos e também não há explicação
sua aplicação como um recurso metadiscursivo e uma reflexão que se debruça sobre os
novos discursos.
2.3. Conceito
somente da palavra ao conceito, mas também do conceito à palavra, isto é, o que essa
“palavra” representa para o todo, para o outro, para mim e isso sempre num gesto de
entre o ser e o ser, e entre o ser e o outro (outro ser, o conhecimento, o mundo etc).
Enfim, um diálogo constante em busca do pensamento conceitual, que pode trazer novas
No modo que cada cientista analisa seu objeto, seja em qualquer área do
conhecimento, há algo, um elo que as liga e que mantém um equilíbrio entre a medida
certa, o método, a ciência. O objeto, por possuir parte material e espiritual não pode ser
medido, conforme Gadamer (1997a), de uma única forma e nem somente o lado
material.
ser, ele mesmo e o outro, isto é, entre a palavra e o conceito e vice-versa. Contudo,
compreender não é, de todo caso, estar de acordo com o que ou quem se compreende;
primeira ação e sem esta não é possível realizar as tarefas essenciais da humanidade,
nem no que tem de menor nem no que tem de maior. E essa é a virtude da
objeto em todo o seu corpo físico e espiritual no contexto em que fala; “um deixar-se
absorver em algo, de tal modo que nisso se esqueça a si mesmo; uma espécie de
é a linguagem, enquanto meio que nos põe em presença do outro. Heidegger (1995)
afirmava que a linguagem é a morada do ser. Gadamer (1997a) completou: o ser que
é composta de significante (a parte escrita e/ou falada) e significado (o sentido que a ela
afirma que os conceitos (significados) mudam com o tempo; o sentido (conceito) é tão
múltiplo que muitas vezes torna-se uma interrogação, pois para cada signo (palavra) que
partirmos para a comparação do conceito, para o objeto real que o representa, não há
uma completa definição. E se, além disso, cada indivíduo for fazer ou representar esse
que não se esgota na estrutura essencial da lógica e que instaura o caráter de acontecer
por Crátilo) encontra-se a idéia de que a formação natural dos conceitos, que
acompanha a linguagem, não segue sempre a ordenação da essência, mas muitas vezes
forma as palavras com base em acidentes e relações. Assim como o falar pressupõe o
formação dos conceitos pelo qual avança a vida semântica da própria linguagem. Neste
sentido, o esquema lógico de indução e abstração pode ser uma fonte de enganos, na
medida em que a consciência que temos da linguagem não comporta nenhuma reflexão
expressa sobre o que é comum a diversas coisas, e o uso das palavras em seu significado
geral não compreende o que essas visam e designam, como se elas representassem um
estamos acostumados. Há, no entanto, sem dúvida, um caminho, no qual todos nos
encontramos, também na era da ciência: a linguagem, o diálogo que todos temos uns
comunicada através das palavras. Aquilo que todos, na verdade, pensam encontra-se,
34
2006).
Como nomear aquilo do que se trata, distinguir uma realidade de outra, falar dela com
outros havendo mútua compreensão? Com esse fim, dentre as palavras, desenvolveram-
quanto mais se dispõe de conceitos, maiores serão nossas capacidades de ler, questionar
questionamento dos fenômenos sociais, a ótica pela qual conduzir o estudo e seu modo
8
Proveniente do latim conceptu, a palavra conceito significa a representação de um objeto pelo
pensamento, através de suas características gerais; a ação de formular uma idéia por meio de palavras;
também significa definição, caracterização. (CUNHA, 2007).
35
final de uma cadeia própria de produção cognitiva (ALMEIDA FILHO, 2003; 2000c).
por correlação uma estrutura explícita e por qualidade a coerência; designa um modo da
ciência postula, constrói e cria objetos de conhecimento por referência às coisas que se
independentemente de um contexto.
conceitos, posto que estes já estão à disposição na trama teórica que estrutura o objeto
Não pode haver nenhum sistema de linguagem ou de conceitos que seja científica ou
3. Metodologia
Saúde).
termos gerais, abrange toda a literatura relativa as ciências da saúde, produzida por
documento original.
referências bibliográficas.
O vocabulário estruturado e trilíngüe DeCS foi criado pela BIREME para uso
técnicos, e outros tipos de materiais, assim como para ser usado na pesquisa e
Tem como finalidade principal servir como uma linguagem única para indexação e
mais específicos ou todos os termos que pertençam a uma mesma estrutura hierárquica.
dados, com a inclusão das referências relevantes e a exclusão daquelas impróprias para
Descritores.
Descritor ‘Assistência à Saúde’ e registrado sob o número 3709, tem como equivalentes
Saúde’.
9
Anexo 01
41
ambientais, no seu sentido mais amplo; e 3. das políticas externas no setor saúde.”
dados desta pesquisa ‘Atenção à Saúde’ e ‘Assistência à Saúde’. A partir da escolha dos
portal de bases bibliográficas LILACS, base de dados desta pesquisa. O banco de dados
partir desse percurso percorrido, encontramos 1.071 (um mil e setenta e uma)
respectivamente.
dados
Descritor de Assunto
ATENÇÃO À SAÚDE
ASSISTÊNCIA À SAÚDE
10
Anexo 02
43
2008:
Referências Encontradas
44
(6%).
existência ou não de Resumo, critério utilizado como fator de exclusão da pesquisa para
45
34% das publicações. Assim, 710 publicações foram selecionadas para um maior
RESUMO
PUBLICAÇÕESCOM RESUMO PUBLICAÇÕESSEM RESUMO
34%
66%
várias vezes pelo mesmo lugar, o que caracteriza o círculo hermenêutico, buscando
selecionadas. Conforme Gadamer (1997a), esse círculo não deve ser visto como círculo
vicioso pois, apesar de passarmos pelo mesmo lugar, passa-se sempre de uma altitude
maneira diferente.
Cuidado à Saúde no campo da Saúde Coletiva. Nesse processo, alguns autores que não
compuseram o banco de dados dessa pesquisa mas que estudam, direta e/ou
sentido de que os dados foram processados com o objetivo de responder a uma questão:
47
o que é cuidado à saúde? Esse questionamento foi feito em cada leitura dos 710
individuais.
situações. No que se refere aos dados não-estruturados obtidos nessa pesquisa, temos a
elemento de conceituação, útil para afastar das pré-noções. A definição prévia, assinala
Durkheim (2001), constrói novos objetos, isto é, novas relações entre os aspectos das
coisas. Mas definir não é o objetivo, apenas o meio. Para construí-lo como conceito (ou
nesse estudo de modo a desvendar algumas de suas múltiplas facetas. Neste sentido,
buscamos a sua compreensão a partir da construção de três Eixos que, como “anéis que
entendimento sobre o objeto complexo Cuidado à Saúde. São eles: Eixo 01, Eixo 02 e
11
“Fractalidade quer dizer a persistência de padrões iterativos e recorrentes ao longo de todas as escalas
(...) Em cada reentrância e saliência encontram-se reentrâncias e saliências, e nestas mais reentrâncias e
saliências, e assim por diante. Esta é uma ilustração da chamada dimensão fractal.” (ALMEIDA FILHO,
2004. Págs. 24 e 25)
12
“Situações em que os limites entre entes, eventos e contextos são ‘vagos’ ou ‘borrados’ (...) A Teoria
dos Conjuntos Borrosos (fuzzy set theory), proposta por Lofti Zadeh no início da década de 1960, trata-se
de uma abordagem crítica das noções de limite e precisão que funda a analítica formal da ciência
moderna. (...) Borrosidade entendida como propriedade particular dos sistemas complexos no que se
refere à natureza arbitrária dos limites infra-sistêmicos impostos aos eventos (unidades do sistema) e ao
próprio sistema em suas relações inter-sistêmicas com outros sistemas, com os super-sistemas (contextos)
e com os respectivos observadores.” (ALMEIDA FILHO, 2004. Págs.05 e 20)
49
(duas) categorias a partir da análise dos dados encontrados; são elas: agentes da oferta
análise nesse estudo, foi construído de modo a discutir alguns aspectos acerca dos
e sócio-política.
Os três Eixos Temáticos são abordados, de forma isolada ou não, nas 710
Temáticos
60%
50%
50%
38%
40%
E1
30%
20% E2
20%
E3
10%
0%
Eixos Temáticos
50
banco de dados dessa pesquisa, categorizados nos três Eixos e distribuídos por Ano de
Publicação.
Eixo Temático
60
50
40
30
20
10
0
E1 E2 E3
efervescência teórica e prática sobre como tornar o SUS uma realidade em nosso país.
aos Eixo 01 – Agentes e Eixo 03 – Conceito, com especial destaque para as publicações
que tratam dos aspectos teóricos e práticos do Cuidado à Saúde, o que configura o Eixo
03 – Conceito, além da referência aos papéis dos agentes na cena dos cuidados, temática
4. Análise
temática encontrada em 20% das publicações selecionadas. Sua análise nos conduziu à
equipes.
prática central na medicina, surge como a ação, inserida num contexto social e cultural,
demandas em saúde de pessoas que a ela recorrem (PINHEIRO & MATTOS, 2006a).
uma tradição que remonta a muito longe na cultura grega, o cuidado de si está em
correlação estreita com o pensamento e a prática médica. Nos dias de hoje, essa
correlação antiga vem se ampliando cada vez mais. Na cultura de si, o aumento do
cuidado médico foi claramente traduzido por uma certa forma, ao mesmo tempo
particular e intensa, de atenção com o corpo por parte de um indivíduo que sofre de
54
certos males e que deve fazê-los cuidar, seja por si mesmo, ou por alguém que para isso
tem competência: em nossa sociedade contemporânea, esse vem sendo o lugar por
outras culturas, revestido pelo segredo de forças mágicas; ele se tornou um homem da
ciência. A medicina é, de acordo com Gadamer (2006), um dos aspectos da vida social
defende o ideal da sociedade livre: nela o cidadão tem, de fato, o direito de não ser
pelo isolamento metodológico de todas as áreas objetivas científicas, a qual nos obriga a
um esforço interdisciplinar.
ao tratarem sobre um modelo de prática de enfermagem que tenha como foco o cuidado
13
Conforme D’Amour (1997), disciplina refere-se ao desenvolvimento do conhecimento em sua vertente
epistemológica, ao campo de saberes (relativo a conceitos e teorias voltados para compreensão de
fenômenos); já o termo profissional remete às práticas concretas voltadas para a solução de problemas
específicos envolvendo profissionais, equipes e serviços.
56
desenvolvidos por Campos (1997), são válidos para a análise e compreensão de ações e
demandas que extrapolam essas atribuições específicas. Assim, núcleo diz respeito aos
ou área do saber e suas articulações possíveis dentro dos espaços definidos por
a atuação dos agentes imbuídos de ofertar cuidados à saúde das pessoas, individual e/ou
como possível solução para diversos impasses e questões vividas pelos profissionais (e
pelas equipes) que atuam em programas e serviços dos setores da saúde, assim como
cada área no plano técnico ou científico. As várias disciplinas são colocadas lado a lado,
estimule e garanta o trânsito entre elas; apesar de estarem lado a lado, as disciplinas
superior, ocupada pela que tem maior proximidade à temática unificada, atuando de
2000b).
disciplinares, mas entre agentes em cada campo, através da circulação não dos
58
discursos, mas dos sujeitos dos discursos. Para tanto, destaca a relevância da formação
campos científicos.
saúde.
se profissional de saúde e também indicada, em muitas situações, como ‘a’ solução para
uma forma de cuidado às vezes semelhante e muitas vezes diversas dos modos
Sousa Santos (1995) nos fala sobre o diálogo da ciência com o senso comum,
orientamos nossas ações e damos sentido à nossa vida. Deixado a si mesmo, o senso
senso comum tem uma dimensão utópica e libertadora que pode ser ampliada através do
pessoas.
por parte das próprias pessoas que precisam de cuidados, porém sempre atrelada a uma
60
terapêutica em si.
ardoroso debate a respeito das noções de saúde e doença, bem como sobre o objeto do
cuidado.
saúde enquanto uma perturbação, o perigoso com o qual se deve lidar, algo que
promove uma resistência a qual se deve quebrar, uma falta, algo que se pode objetivar
14
O ambiente é indicado como objeto de cuidados nas publicações analisadas que apresentam uma
perspectiva de cuidado à saúde vinculada à prevenção de doenças e promoção da saúde, porém sempre
relacionado ao cuidado de indivíduos e coletividades.
15
Grupos de indivíduos classificados conforme ciclo de vida, gênero, etnia, raça, agravos/doenças, parte
do corpo com problemas etc.
61
nos acontecimentos da vida. Isso porque, conforme o referido autor, “a doença, e não a
(p.112), ou seja, a doença é como um acaso e também algo que cabe a alguém, que pode
mesma, não permite valores padrões transferidos ao caso singular com base em
próprio, que não pode ser superado por um outro controle. O que verificamos é um
cuidado à saúde do lado oposto, isto é, a partir sempre da doença, experiência medida e
objetivável. Assim, parte-se das experiências contrárias, nas quais o oculto, a saúde, se
manifesta.
abertos ao conhecimento e podemos nos auto-esquecer, bem como quando quase não
sentimos mesmo fadigas e esforços – isso é saúde para Gadamer (2006). A melhor
maneira para entender o que seja saúde, conforme o autor, é imaginá-la como um estado
sempre a se estabilizar.
Ela não se constitui numa preocupação cada vez maior consigo mesmo,
dada a situação oscilante do nosso bem-estar, ou muito menos em
engolir pílulas repugnates. Saúde não é, de maneira alguma, um sentir-
se, mas é estar-aí, estar-no-mundo, estar-com-pessoas, sentir-se ativa e
prazerosamente satisfeito com as próprias tarefas da vida. (GADAMER,
2006 p.118).
62
e uma diferença qualitativa – que define tanto o normal e o patológico: a doença não
não aquela que caracteriza a saúde, sendo inclusive inferior em relação a esta segunda
normatividade por ser limitante. Assim, a saúde não seria a ausência de doença e a
ultrapassar as crises para instalar uma nova ordem, é o luxo de se poder cair doente e
adverte Almeida Filho (In: Conceitos para uma Teoria da Saúde, em preparação para
publicação), “Todos querem saber o que é saúde. (...) Isso significa enorme demanda
(p. 06). E nossa incursão pela produção teórica no campo da saúde coletiva corrobora
essa afirmação de que ainda temos muito a avançar no entendimento dos processos e
63
forma de favorecer o cuidado do indivíduo doente a partir de sua rede de relações, como
cuidado.
cliente, paciente, doente, sofredor, dentre outros, são signos que trazem em si aspectos
o que lhes for ofertado, ora sujeitos implicados em seu processo de cuidado e afirmação
Enfim, palavras que são mais que formas de nomear e trazem consigo definições
prévias dos papéis de cada um nos encontros entre os que estão imbuídos da tarefa de
2007a). Neste sentido, o Eixo 02 foi construído de modo a abordar aspectos acerca
relacionadas entre si: organização, modelo de atenção e gestão. Presentes em 38% das
inserirem nesse processo como elementos fundamentais para conformação dos sistemas,
indivíduos e populações.
• Organização
que realizam ações desenvolvidas pelos agentes da oferta de cuidados, voltadas para
1999).
saúde é refletida na produção teórica no campo da saúde coletiva, tendo em vista que
esses são temas abordados e discutidos, sob diversos ângulos, em inúmeras publicações
que compuseram nosso banco de dados. A relevância dos movimentos sociais e controle
melhoria dos cuidados à saúde das pessoas, individual e coletivamente (PAIM, 2007a).
(como o Estado) diante das condições de saúde dos indivíduos e das populações e seus
bens e serviços que afetam a saúde humana e o ambiente. (PAIM, 2002; 2003a).
saúde. Ugá & Marques (2005) atrelam essa característica do governo federal de
vigor no Brasil.
organização da oferta dos serviços às pessoas é uma temática bastante presente nos
de vida da população.
18
A municipalização da saúde caracteriza-se por ser um processo de descentralização territorial das
decisões político-administrativas e do financiamento, da desconcentração de bens e serviços, de modo a
garantir a autonomia municipal na formulação de suas políticas e formas de organização da atenção. A
descentralização, em tese, não se trata apenas de uma delegação e divisão de funções entre os governos
federal, estaduais e municipais, mas também se refere à redistribuição de poder através de diferentes
espaços territoriais e atores sociais.
68
utilização das informações em saúde para subsidiar tomadas de decisão mais adequadas
• Modelos de Atenção
saúde que compõem o perfil epidemiológico de uma dada população e que expressam
sendo, portanto, simplesmente uma forma de organização dos serviços de saúde nem
1993; 1999). A partir dessa perspectiva, Teixeira (2006, p. 25) apresenta-nos a seguinte
definição:
70
assistencial, caracterizada pelas relações entre os sujeitos das práticas e seus objetos de
cotidiana são indicadas como fundamentais para a tão almejada mudança nas formas de
19
Identificamos, de forma quase unânime entre as publicações, a referência à Estratégia de Saúde da
Família como a principal forma para a reorientação do modelo de atenção se efetivar em nosso país.
71
apresenta como algumas de suas marcas principais a meta de Saúde para Todos no ano
desigualdades são inaceitáveis, que os governos têm a responsabilidade pela saúde dos
cidadãos e que a população tem o direito de participar das decisões no campo da saúde.
Estas são ações apresentadas e discutidas por autores de muitos textos selecionados para
populações.
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divulgados por todo o mundo. A promoção à saúde tem representado uma estratégia
diversos países.
tendo em vista que acentua o papel protagonista dos determinantes gerais sobre as
20
Adelaide, 1988; Sundsval, 1991; Santa Fé de Bogotá, 1992; Port of Spain, 1993; Canadá, 1996;
Jacarta, 1997; Rede de Megapaíses, 1998; México, 2000; Bangkok, 2005.
73
para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior
processo Saúde-Doença-Cuidado.
saúde das pessoas e grupos populacionais, tomando como objeto os problemas de saúde
serviços voltados para os efeitos dos problemas, mas, sobretudo, que incidam sobre o
• Gestão
de atenção, apresenta relação direta com a gestão. Conforme Paim (2007b, p. 82):
na produção teórica selecionada nesse estudo tanto sob a perspectiva da gestão dos
sempre se envolvem com a oferta de cuidados, na medida que implementam uma certa
e modelos de atenção à saúde, assim como os aspectos que envolvem o cotidiano nos
serviços. Para Merhy (1999), a gestão se depara com a tensão entre política e processos
de trabalho, que conformam as bases para o conjunto das organizações de saúde, em que
diretrizes políticas e dos modelos de atenção a partir da organização dos serviços; assim
21
Recursos financeiros, materiais, ‘informacionais’, de poder, dentre outros.
22
Tais como: intervenção, assistência, acolhimento, cuidado etc.
76
ampliam a importância desse lugar a ser ocupado por múltiplos e diferenciados atores,
bem como classificam atribuições e formas de fazer gestão diversas. Destaque para as
à importância da formação técnica para essa função, assim como referências sobre a
Onocko Campos (2003a; 2005) apresenta a idéia de gestão como uma importante
tendo em vista que a saúde caracteriza-se por ser um território composto por pessoas e
modelos de atenção e sua gestão, esta atrelada a questões técnicas e também subjetivas.
utilizados e dos profissionais responsáveis pela oferta desses cuidados, algumas vezes
identificados referem-se aos problemas de saúde, quais sejam: riscos, agravos, doenças
e mortes.
objeto da prática em saúde, propõem pensar o objeto do cuidado como uma síntese entre
reduzidas a problemas de saúde e não às condições necessárias para a saúde, para uma
caracterizam-se não apenas pelas carências ou problemas de saúde, mas também pelos
projetos que expressem “aquilo que precisa ‘necessariamente’ ser satisfeito para que um
ser continue sendo um ser” (p.19), ou seja, a defesa da saúde, do ambiente, da vida e sua
sentido de prolongar a vida, proporcionar uma vida melhor, ampliar a qualidade de vida
doença como objeto a ser evitado, contido e/ou extirpado. Assim, temos práticas
com o objetivo de intervir para tratar, prevenir, controlar, aliviar. Apesar de objetivar a
argumenta que o objetivo maior permanece sendo tornar-se novamente sadio, mas, com
80
isso, esquecemos que estamos sadios, tendo em vista que “a saúde não é algo que se
possa fazer” (p. 07). E mais uma vez a questão sobre o que é saúde bate à nossa porta,
questão essa reconhecida desde a Grécia antiga (CANGUILHEM, 1990). Para Coelho
Para a reflexão sobre o cuidar e com base nos dados levantados a partir da
• Dimensões:
I. Técnico-científica
tradições que se legam de geração a geração, pelo ensino individual, pela aprendizagem,
em que o controle técnico das doenças e o êxito técnico dos procedimentos condicionam
intervenção técnica especializada que resolva, com mínimos efeitos danosos, a questão
de saúde (ou seria doença?) trazida pelos indivíduos e coletivos, após serem
êxito técnico dos procedimentos científicos aplicados. Temos, dessa maneira, a primazia
cuidado à saúde.
82
Merhy (1997), autor muito citado nas publicações, classifica três categorias de
referido autor enfatiza a importância das tecnologias leves no cuidado à saúde, presentes
sujeitos.
singular, esta adotada enquanto acessória e até mesmo suspeita, depara-se com a
que implica, necessariamente, rever também o cientificismo que domina seus regimes
mais tecnologia leve, mais tecnologias leve-duras e duras se farão necessárias para
pela tecnociência.
24
Sabedoria prática é um conceito derivado da filosofia aristotélica, presente em nossos dias pela
hermenêutica filosófica, que diz respeito a um saber conduzir-se frente às questões da práxis vital que não
segue leis universais ou modos de fazer conhecidos a priori, mas desenvolve-se como phrónesis, isto é,
como um tipo de racionalidade que nasce da práxis e a ela se dirige de forma imediata na busca da
construção compartilhada da Boa Vida. (GADAMER, 1997a, 1997b).
83
nos encontros e se faz necessária. Onocko Campos (2005) nos adverte sobre a
importância de “não descartar a clínica e sua qualidade técnica, como se fosse o bebê
com a água do banho” (p. 578), tendo em vista que a técnica pode se constituir em
contra aquilo que no outro nos ameaça não é uma qualidade inerente a ela, mas
II. Subjetivo-relacional
efeito desejado e bom resultado, denota-se o grau em que uma intervenção deve ser
cultura separada da vida e, portanto, de pouca utilidade para o que, segundo o autor, de
fato importa: viver – com seus prazeres, seus limites, suas singularidades. Neste sentido,
propõe uma nova categoria de análise denominada cenas da vida, com a incorporação
tecnologias, conforme essa perspectiva, perde seu interesse pela vida e, assim, perde
com Waldow (1998), o cuidado não pode se resumir à ação técnica, à execução de um
outra ordem, oriunda do mundo da vida, são idéias defendidas por Ayres como
êxito técnico e sucesso prático não são considerados sinônimos e muito menos eventos
experiência. O autor defende um cuidado à saúde que se apóie na tecnologia, mas não se
subordine a ela, subverte-a; que não crie objetos, mas realize sujeitos diante dos objetos
criados no e para seu mundo, resgatando, através da sabedoria prática, o potencial re-
85
saúde, apoiada na tecnologia, mas sem deixar resumir-se a ela. Nessa perspectiva, há
e reconciliar o conhecimento com seu sentido ético, moral e político, trazendo novas
intervenção.
86
Boff (2000a; 2000b) argumenta a favor de uma nova forma de cuidado que se
revele uma atitude de colocar atenção, mostrar interesse, compartilhar e estar com o
outro com prazer; não uma atitude sujeito-objeto, mas de sujeito-sujeito, numa relação
Assim, cuidar é considerado mais que um ato, é uma atitude que abrange mais que um
enquanto relação intersubjetiva que se desenvolve num tempo contínuo, e que, além do
ser afetado.”.
longo das opções históricas que elegeram a forma atual dominante de construção da
fisiopatológicos – redução esta que nos tem impedido de compreender a diferença que
cuidado produzido (ao invés da somatória dos atos especializados) e institui a dimensão
subjetiva das práticas de saúde como parte da inovação tecnológica. Uma prática cujas
GONÇALVES, 1996).
controversos, que a idéia de humanização adquire, não apenas no âmbito da saúde, mas
também no debate filosófico e nas ciências humanas de forma geral, falar sobre
humano não se torna objeto somente da perspectiva científica, tendo em vista que cada
querer e fazer responsável, sinalizando para os aspectos éticos, tendo em vista que as
88
vida.
III. Sócio-política
O cuidado à saúde sob o enfoque da saúde coletiva, além das dimensões acima
nosso banco de dados, esse aspecto da saúde coletiva emerge cotidianamente – em seu
epistemológico é referido por Pires (2004a; 2004b; 2005) como relação processual de
política humana de saber pensar e intervir criticamente, numa busca imanente por
com conflitos e de estabelecer compromissos e contratos com outros sujeitos para criar
novas leituras sobre si mesmos e sobre o mundo nas comunidades. (CAMPOS &
com seu próprio processo saúde-doença-cuidado, suas formas de andar a vida, bem
elencadas na produção teórica do nosso banco de dados como ações com potencial
cuidar que passa pelas competências e tarefas técnicas, mas não se restringe a elas,
5. Considerações Finais
doença, foi abordado nesta pesquisa visando contribuir para o processo de construção de
aplicação no campo das práticas em saúde. Diversos são os sentidos, múltiplas são as
complexo Cuidado à Saúde a partir da construção de três eixos que nomeamos de Eixo
agentes que demandam esses cuidados, o Eixo 01 – Agentes refere-se à elucidação dos
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agentes envolvidos no Cuidado à Saúde a partir dos encontros entre eles. Como uma de
suas múltiplas facetas e também ponto de convergência dos seus diversos usos, o
encontro apresenta-se como condição para que o Cuidado à Saúde aconteça. Mas o que
VILLAR, 2004); o “ato de encontrar-se” (FERREIRA, 2004). Encontrar, por sua vez,
significa:
Ficar frente a frente com (algo que se procurava ou não), achar; passar a
conhecer ou a ter consciência de, deparar com, descobrir; alcançar
(condição que se procura); ir de encontro a, chocar-se, opor-se a,
contrariar; ir ao encontro de, achegar; estar em certo lugar, condição,
situação ou estado, achar-se, situar-se; estar equilibrado, satisfeito
consigo mesmo. (FERREIRA, 2004; HOUAISS & VILLAR, 2004).
encontros entre as pessoas, além de tudo o que elas trazem consigo: saberes,
tecnologias, culturas, afetos... No campo da saúde, temos os encontros entre aqueles que
cuidado, no qual aquele que precisa de cuidados se coloca, em algum grau, sob a
cenário do cuidado.
individual e coletiva.
tal – a partir de encontros com pessoas (em situação de doença, patologia, agravo,
conformando uma relação assimétrica entre aquele que oferta cuidados e aquele que
relação a partir do encontro entre duas pessoas em que uma delas transforma um sofrer,
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uma insegurança, enfim, um sentir em necessidade que somente pode ser satisfeita por
relacional e sócio-política.
temos um Cuidado à Saúde condicionado pelo controle técnico das doenças e êxito
uma sabedoria prática para a saúde, apoiada na tecnologia, mas sem resumir-se a ela.
contínuo e que, além do saber profissional, e das tecnologias necessárias, abre espaço
para a negociação e inclusão do saber, do afeto, dos desejos e das necessidades do outro.
relações entre os aspectos desse objeto e seus atravessamentos; tarefa que exige um
Neste sentido, o objeto complexo Cuidado à Saúde e a busca por sua conceituação abre
indivíduos e populações.
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121
APÊNDICES
122
Fonte: http://decs.bvs.br/
123
1/1 DeCS
Descritor Inglês: Delivery of Health Care
Ocorrência na BVS:
1/1 DeCS
Descritor Inglês: Delivery of Health Care
Ocorrência na BVS:
1/1 DeCS
Descritor Inglês: Health Care (Public Health)
Categoria: SP2
Definição Português: A atenção à saúde engloba todo o conjunto de ações, em todos os níveis de governo, para o atendimento das demandas
pessoais e das exigências ambientais, compreendendo três grandes campos: 1. da assistência; 2. das intervenções
ambientais, no seu sentido mais amplo; e 3. das políticas externas no setor saúde. (NOB/96)
Relacionados Português: Assistência à Saúde
Ocorrência na BVS:
• Número da Referência
• Ano de Publicação
• Descritor:
1 – Assistência à Saúde / Cuidados de Saúde
2 – Atenção à Saúde
• Resumo:
S – Publicação com Resumo
N – Publicação sem Resumo
• Tipo da Publicação:
A – Teses
B – Capítulos de Teses
C – Livros
D – Capítulos de Livros
E – Anais de Congressos ou Conferências
F – Relatórios técnico-científicos
G – Publicações Governamentais
H – Artigos extraídos da análise de periódicos na área
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Nº DA ANO DE TIPO DA
REFERÊNCIA PUBLICAÇÃO DESCRITOR RESUMO PUBLICAÇÃO
1 2008 1 S H
2 2008 1 S A
3 2008 1 N G
4 2008 1 N G
5 2007 1 S H
6 2007 1 S A
7 2008 1 S H
8 2008 2 S H
9 2004 1 S A
10 2007 1 S H
11 2007 1 N G
12 2008 1 N D
13 2008 1 S H
14 2007 1 S H
15 2004 1 S H
16 2004 1 S H
17 2008 1 S H
18 2006 1 S G
19 2007 1 N ?
20 2007 2 S A
21 2005 2 N C
22 2003 1 S H
23 2003 1 S H
24 2003 1 S H
25 2007 1 N G
26 2008 1 N G
27 2008 2 N G
28 2006 1 N G
29 2007 1 N G
30 2007 1 S A
31 2005 1 N D
32 2006 2 S H
33 2008 1 N D
34 2007 1 N C
35 2008 1 S H
36 2007 1 S H
37 2007 1 S H
38 2006 1 N G
39 2007 1 S A
40 2007 1 S C
41 2007 1 S A
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42 2006 1 S H
43 2006 1 S H
44 2007 1 S H
45 2002 2 N E
46 2006 1 N G
47 2008 1 S H
48 2008 1 S H
49 2008 1 S H
50 2008 1 S H
51 2008 1 S H
52 2008 1 S H
53 2008 2 S H
54 2008 1 S H
55 2008 1 S H
56 2008 1 S H
57 2005 1 S H
58 2008 1 S H
59 1999 1 N E
60 1999 1 S E
61 2007 1 S H
62 2007 1 S H
63 2006 1 S A
64 2008 1 S H
65 2005 2 S H
66 2006 1 S H
67 2008 1 N H
68 2008 1 S H
69 2008 1 S H
70 2008 1 S H
71 2007 1 N H
72 1999 1 S H
73 1999 1 S H
74 1999 1 S H
75 1999 1 S H
76 1999 1 S H
77 1999 1 S H
78 2006 1 S H
79 2006 1 S H
80 2007 1 S H
81 2007 1 S H
82 2008 1 S H
83 2006 1 S H
84 2006 1 S H
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85 2007 2 S H
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89 2005 2 S G
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92 2004 1 N G
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96 2004 2 S G
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104 2005 1 S G
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112 2001 2 N G
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114 2001 2 N G
115 2001 2 N G
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117 2001 2 N G
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195 2003 1 N EDITORIAL
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