Produção de Conhecimento
Produção de Conhecimento
Produção de Conhecimento
Produção do conhecimento e
Pesquisa Aplicada
1ª Edição
Brasília/DF - 2018
Autores
Maria Esther de Araújo Oliveira
Antonio Fernando Vieira Ney
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4
Introdução.............................................................................................................................................................................. 6
Capítulo 1
Ciência e Produção do conhecimento.................................................................................................................... 7
Capítulo 2
Tipos de Pesquisas ..................................................................................................................................................... 21
Capítulo 3
Projeto.............................................................................................................................................................................28
Capítulo 4
Instrumentos de Coleta de Dados.........................................................................................................................45
Capítulo 5
O Estudo de Caso......................................................................................................................................................... 56
Capítulo 6
Ética na vida profissional.......................................................................................................................................... 83
Referências Bibliográficas..............................................................................................................................................92
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
4
Organização do Livro Didático
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Saiba mais
Sintetizando
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
5
Introdução
Este Livro Didático tem o objetivo de abordar as questões envolvidas na Produção do Conhecimento
e da Pesquisa Aplicada. A intenção é facilitar o aluno/à aluna nos estudos com relação aos trabalhos
de pesquisas profissionais e de soluções de problemas. A disciplina Produção de Conhecimento
e Pesquisa Aplicada é eminentemente prática e tem que estimular os alunos/alunas para que
busquem encontrar respostas os desafios do mercado de trabalho. Não aborda simples conteúdos
a serem decorados pelo corpo discente e verificados em um dia de prova; trata-se de fornecer
aos alunos/às alunas um instrumental indispensável para o estudo e a pesquisa; trata-se de
aprender fazendo.
O Livro Didático foi dividido nos seguintes assuntos: A ciência e a produção do conhecimento;
Tipos de pesquisa; O Projeto; Os Instrumentos de coleta de dados; o Estudo de Caso (case) e a
relatoria de apresentação de relatórios; e, por fim, a Ética na Vida Profissional.
Nesse sentido, esta disciplina tem uma importância fundamental na formação do profissional.
Destaca-se que a procura dos alunos/alunas pela academia tem o foco na busca do saber e é
preciso compreender que a Produção do Conhecimento nada mais é do que a essência para uma
formação do profissional de qualidade por meio do estudo dos caminhos para obter o “saber”.
Objetivos Gerais
6
CAPÍTULO
CIÊNCIA E PRODUÇÃO DO
CONHECIMENTO 1
Apresentação
Neste primeiro capítulo serão apresentados dois temas básicos: a Ciência e o Conhecimento. No
mundo inteiro, as universidades carregam consigo dois princípios fundamentais: a produção
de conhecimentos e o ensino. De fato, na maioria dos países, a produção do conhecimento
científico ocorre principalmente nas universidades. São elas que detêm grande concentração de
pesquisadores responsáveis pela realização de pesquisas científicas e avanço do conhecimento.
O ensino de ciências é defendido como uma das estratégias para a melhoria da qualidade da
educação no Brasil. Defendido como essencial para habilitar os estudantes a aprenderem a
solucionar os problemas atuais e a tratar das necessidades das organizações, utilizando as mais
variadas formas de conhecimento científico e tecnológico. Em uma abordagem interdisciplinar,
o ensino das ciências amplia e aguça a observação necessária à formação e atuação humana.
Nesse sentido, a construção do conhecimento direciona-se a atender às necessidades sociais
crescentes, sendo necessária uma formação educacional voltada para o natural e para o social.
Objetivos
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CAPÍTULO 1 • Ciência e Produção do conhecimento
Ao longo da história constata-se que a evolução humana está diretamente ligada ao desenvolvimento
de sua inteligência.
Nessa constatação, é possível destacar três grandes momentos que serviram de propulsores para
a evolução humana e, como consequência, o desenvolvimento de sua inteligência dependente
de sexo, religião, raça ou nível de renda.
1o momento: O MEDO
Na tentativa de buscar explicações para os fenômenos naturais e para o que ocorria em seu
próprio corpo, a inteligência humana evoluiu do medo para as crenças e superstições. Por
meio do pensamento mágico, da crença e das superstições, o ser humano buscava superar seus
temores e suas dúvidas. Ainda que precariamente, buscava explicar o que via e vivia. Assim, as
tempestades podiam ser fruto de uma ira divina, a boa colheita da benevolência dos deuses, as
desgraças ou as fortunas eram explicadas como bênçãos ou maldições, pela troca do humano
com o divino; com o mágico. Pode-se, portanto, considerar um enorme passo no desenvolvimento
de sua inteligência, do inexplicável para o aceitável.
2o momento: O MISTICISMO
Dessa forma nasceu a ciência metódica (sistematizada), que procura, com base na lógica, respostas
que comprovem as causas e as consequências de fatos e fenômenos diversos; de respostas que
lhe façam compreender o que anteriormente era inexplicável; a superação do medo debilmente
controlado pela aceitação do divino, do místico, do mágico.
8
Ciência e Produção do conhecimento • CAPÍTULO 1
3o momento: A CIÊNCIA
Por possuir a capacidade de pensar e refletir sobre fatos e fenômenos, movido pela curiosidade
natural, o ser humano conduz seus caminhos a novas descobertas e a formas de transmiti-las a seus
descendentes. Dessa forma, o desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente
ligado à sua característica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido a
outro, que, por sua vez, aproveita-se desse saber para somar outros, perpetuando e alimentando
novos saberes.
Segundo Silva (2000), o conhecimento pode ser definido como o entendimento das coisas, sendo
o corpo de coisas que deve saber o indivíduo segundo sua idade e seu grau de educação atingido.
Há correlação com o termo saber, pois é um conjunto de saberes adquiridos mediante a instrução
e a educação. Assim, é fácil concluir que não existe conhecimento sem experiência, bem como
que a experiência se torna condutora de novos conhecimentos, que podem ser classificados em
uma série de níveis/designações/categorias:
Não tem compromisso com uma apuração ou análise metodológica. Não pressupõe
reflexão, é uma forma de apreensão passiva, acrítica e que, além de subjetiva, é superficial.
Portanto, é adquirido pela observação sensível e casual da realidade cotidiana e
circunstancial, sem método ou verificação sistemática, por meio de processos de
tentativas e erros.
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CAPÍTULO 1 • Ciência e Produção do conhecimento
» Conhecimento científico: metódico, preza pela apuração e constatação. Busca por leis
e sistemas, no intuito de explicar de modo racional aquilo que se está observando.
Não se contenta com explicações sem provas concretas; seus alicerces estão na metodologia
e na racionalidade. Análises são fundamentais no processo de construção e síntese que
o permeia, isso aliado às suas demais características faz do conhecimento científico
quase uma antítese do empírico.
› geral, porque deve ser real ou factual e universal, válido para todos os casos da mesma
espécie;
10
Ciência e Produção do conhecimento • CAPÍTULO 1
Portanto...
» Toda a matéria em qualquer forma e composição molecular pode ser objeto de estudo.
Filosófico Razão
Religioso Crença
Fonte: os autores.
A Evolução da Ciência
Para Trujillo (1974), entre todos os animais, o ser humano é o único capaz de criar e transformar o
conhecimento; e, também, criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar
suas próprias experiências e passar para outros seres humanos.
Sabe-se que os egípcios possuíam um saber técnico evoluído, com destaque nas áreas de
Matemática, Geometria e na Medicina, mas os gregos foram os primeiros a buscar o saber que
não tivesse, necessariamente, uma relação com atividade de utilização prática. A preocupação
dos precursores da filosofia [filo = amigo + sofia (sóphos) = saber (amigo do saber)] era buscar
conhecer o porquê e o para que de tudo o que se pudesse pensar.
A crença em algum poder além do mundo que habitamos é tão antiga quanto a raça humana,
antecedendo o surgimento da ciência como explicação dos fenômenos observados. Dessa crença
surgiu o reino obscuro do mito e das lendas. Narrativas de homens de passados remotos, de heróis
terrenos, de palavras mágicas e histórias folclóricas transmitidas de geração a geração, povoam o
imaginário humano. É o mundo da imaginação, criando, como que por encanto, símbolos para
representar as verdades fundamentais e os mistérios da vida, apaziguando, assim, a angústia e
o medo do ser humano frente ao desconhecido.
11
CAPÍTULO 1 • Ciência e Produção do conhecimento
Contudo, a visão mítica é substituída, gradualmente, por uma visão cientificista. Vários foram
os motivos condutores dessa mudança, entre eles o ressurgimento da escrita, o surgimento da
moeda, o calendário, as navegações e a formulação das leis escritas. Essa visão científica que
era tanto empírica como racional, perdurou até o fim da Idade Antiga, quando foi substituída
no mundo ocidental, com o domínio do catolicismo e da Igreja Católica, por um conjunto de
conhecimentos baseado no princípio da autoridade religiosa, em que a Bíblia era o texto sagrado,
de onde todas as verdades deveriam ser retiradas, e em que o Papa era o supremo contato com
Deus, representante deste na Terra.
Na Idade Média, a Igreja Católica serviu de marco referencial para praticamente todas as ideias
discutidas na época. O saber era retido por trás de seus muros, já que os documentos para consulta
estavam presos nos mosteiros das ordens religiosas. Dessa forma, a população não participava
da construção e acesso a esse saber. Esse foi um período em que o conhecimento científico,
como hoje conhecemos, foi devidamente esmagado pelo poder da Igreja, já que qualquer novo
conhecimento que divergisse das Sagradas Escrituras era considerado heresia e levava à pronta
punição. Ainda assim, nada disso impediu que a ciência continuasse sua evolução.
No final da Idade Média, tentou-se conciliar a fé com a razão grega, principalmente com os
ensinamentos de Aristóteles, com o auxílio de São Tomás de Aquino. Antes dele, a razão era
considerada um auxiliar para a fé, jamais podendo opor-se a esta, sendo o dogma a verdade
revelada que não podia moldar-se aos princípios da razão.
Após Tomás de Aquino, concluiu-se que era possível descobrir a verdade tanto por meio da razão
quanto por meio da fé, sendo as mesmas complementares, não antagônicas (o que criou uma
crise teológica). O poder de Deus foi limitado, sendo incapaz de contrariar as leis da lógica, assim
como a razão, por sua vez, era incapaz de explicar os milagres, que só poderiam ser explicados
pela fé.
Esse momento crítico preparava o ambiente intelectual que contribuiu para a ascensão do
humanismo e das ideias renascentistas, que trariam de volta a Ciência e a Filosofia como
representantes maiores da produção do conhecimento. Os teólogos passaram a debater apenas
as verdades ditas religiosas, separando-se dos filósofos e cientistas, que tentam compreender o
nosso mundo físico, baseando-se na lógica em sua procura de conhecimento e certeza.
Foi no período do Renascimento, aproximadamente entre os séculos XV e XVI (anos 1400 e 1500)
que, segundo alguns historiadores, os seres humanos retomaram o prazer de pensar e produzir
o conhecimento por meio das ideias. Nesse período, as artes, de forma geral, tomaram um
impulso significativo.
Nos séculos XVII e XVIII (anos de 1600 e 1700), a burguesia assumiu uma característica própria
de pensamento, tendendo para um processo que tivesse imediata utilização prática. Com isso,
surgiu o Iluminismo, corrente filosófica que propôs “a luz da razão sobre as trevas dos dogmas
12
Ciência e Produção do conhecimento • CAPÍTULO 1
religiosos”. O pensador René Descartes mostrou ser a razão a essência dos seres humanos,
surgindo a frase “penso, logo existo”.
Se a Igreja trazia, até o fim da Idade Média, a hegemonia dos estudos e da explicação dos fenômenos
relacionados à vida, a ciência tomou a frente desse processo, fazendo da Igreja e do pensamento
religioso razão de ser dos estudos científicos.
O Método Científico surgiu como uma tentativa de organizar o pensamento para se chegar ao
meio mais adequado de conhecer e controlar a natureza.
No século XIX (ano 1800), a Ciência passou a ter uma importância fundamental. Parecia que tudo
só tinha explicação por meio da Ciência. Como se o que não fosse científico não correspondesse à
verdade. Se Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Giordano Bruno, entre outros, foram perseguidos
pela Igreja, em função de suas ideias sobre as coisas do mundo, o século XIX serviu como referência
de desenvolvimento do conhecimento científico em todas as áreas:
» Na Economia: Karl Marx procurou explicar as relações sociais por meio das questões
econômicas, resultando no Materialismo Dialético;
A Ciência passou a assumir uma posição quase que religiosa diante das explicações dos fenômenos
sociais, biológicos, antropológicos, físicos e naturais.
A concepção racionalista estende-se desde os gregos até o século XVII. Afirma que a Ciência
é um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo como Matemática, capaz de provar,
portanto, a verdade universal e necessária de seus resultados, sem deixar qualquer dúvida
possível. Dessa forma, as experiências científicas são realizadas apenas para verificar e confirmar
as demonstrações teóricas e não para produzir conhecimento do objeto, pois este é conhecido
somente pelo pensamento.
13
CAPÍTULO 1 • Ciência e Produção do conhecimento
A concepção racionalista é hipotético-dedutiva, isto é, define o objeto e as suas leis, e disso deduz
propriedades, efeitos posteriores, previsões, ou seja, vai do geral para o particular.
Na concepção empirista, que vai desde a Medicina grega e Aristóteles até o século XIX, a ciência
é uma interpretação dos fatos baseada em observações e experimentos que permitem estabelecer
induções e que, ao serem completadas, oferecem a definição do objeto, suas propriedades e leis
de funcionamento. Nesse caso, a teoria deriva da experiência.
Essas duas concepções possuem o mesmo pressuposto: ambas consideram a teoria como uma
explicação verdadeira da realidade, tal como esta é em si mesma, sendo a ciência a alma da
realidade.
No século XX, vivenciamos o início da concepção construtivista, que considera a ciência como
uma construção de modelos explicativos da realidade e não uma representação da própria
realidade. A concepção construtivista mistura elementos das duas concepções anteriores: a
racionalista e a empirista.
O progresso e os triunfos das civilizações modernas são, em grande parte, devidos ao desenvolvimento
da ciência objetiva e da aplicação do método científico ao processo de descoberta e criação do
conhecimento.
Boaventura Sousa Santos (1990, p. 37) defende a existência “do paradigma de um conhecimento
prudente para uma vida decente”. Como o próprio autor explica, essa noção não se circunscreve,
simplesmente, a uma mudança científica, mas implica, também, uma revolução social.
14
Ciência e Produção do conhecimento • CAPÍTULO 1
A produção do conhecimento, nos dias atuais, exige que a educação seja um meio eficaz e eficiente
para a formação de cientistas, mas também dos profissionais que o mundo do trabalho espera.
Esta formação profissional tem que ser desenvolvida nas três esferas do mundo do trabalho:
superior, médio e operacional. O desenvolvimento rápido das tecnologias acaba afastando o
profissional do seu mundo e exigindo a contínua ampliação da sua qualificação para conseguir
se manter.
A busca pela qualidade da Educação Básica no Brasil tem sido foco de inúmeras propostas
políticas. Nessa busca, várias estratégias são defendidas como, por exemplo, aprimorar a formação
dos docentes, implantar o turno integral, utilizar as novas tecnologias da comunicação e da
informação nas escolas e equipar os estabelecimentos de ensino.
Todas são válidas e, certamente, se colocadas em prática, colaborarão para melhorar a educação.
Contudo, existe uma alternativa de grande impacto que é pouco lembrada: o ensino de ciências
desde os primeiros anos do Ensino Fundamental. Trata-se de uma alternativa plausível e
relevante, pois habilita os estudantes a aprenderem a solucionar problemas atuais e a tratar
15
CAPÍTULO 1 • Ciência e Produção do conhecimento
Em uma abordagem interdisciplinar, o ensino das ciências é capaz de conduzir a uma observação
mais aguçada, estimulando a criatividade, inovação e crescimento.
Segundo Santos (1999), é fundamental que o pesquisador tenha o seu direcionamento para as
coisas simples e para a capacidade de formular perguntas simples, semelhantes aquelas feitas
por uma criança, mas que após elaboradas tais perguntas permitem trazer uma nova luz à nossa
perplexidade. Barreto (op. cit) acrescenta que Einstein também defende a simplicidade para a
resolução de problema.
Fonte: os autores
16
Ciência e Produção do conhecimento • CAPÍTULO 1
Outra boa definição, respaldada por Silva e Ribeiro (2002), conduz à compreensão de informação
como um conjunto estruturado de representações mentais (símbolos significantes), presentes
em um contexto social, possíveis de serem registradas e comunicadas. Tal abordagem ressalta
o aspecto social para a determinação de informação, ou seja, informação somente faz sentido
como tal se inserida em um sistema sociocultural.
Davenport (1998, p. 18) estruturou características das três primeiras categorias de informação
(Quadro 2):
Dados, embora relevantes, são estruturas sem significado, compreendem a categoria mais baixa
de informação. São pequenas partes de informação, sinais não processados e carentes de sentido,
e podem ser entendidos como elementos para a produção de informação.
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CAPÍTULO 1 • Ciência e Produção do conhecimento
Analisando isoladamente o atual Período Informacional, pode-se observar que a ciência evolui
para um momento em que a competitividade e o empreendedorismo tendem a nos levar a um
vasto horizonte.
Dados ou informes
Exemplo:
Informação
Os dados ou informes só se transformam em informação quando são capazes de gerar uma ação:
Exemplo:
Conhecimento
18
Ciência e Produção do conhecimento • CAPÍTULO 1
Exemplos.:
Vou vendê-los devido às grandes oscilações de mercado que vêm ocorrendo e não
quero correr riscos.
Vou logo me matricular, pois preciso de uma boa formação superior sem comprometer
o horário do meu emprego.
Inteligência
Exemplos:
Vou abrir meu negócio em Turismo, pois tenho experiência e é uma área promissora
no estado.
Vou procurar o gerente de minha agência bancária que sempre me orienta bem em
meus negócios.
Vou fazer um curso a distância porque é uma excelente opção para quem precisa
estudar em uma instituição que ofereça uma boa proposta de Educação a Distância,
já que meus horários de trabalho são instáveis.
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CAPÍTULO 1 • Ciência e Produção do conhecimento
Sintetizando
» A evolução humana está diretamente ligada ao desenvolvimento de sua inteligência, passando do medo ao misticismo até
transformar-se em ciência.
» O conhecimento pode ser classificado pelo tipo, destacando-se o conhecimento empírico (fruto da experiência), o
teológico (fruto da crença), o filosófico (fruto da razão) e o científico (fruto da comprovação).
» A evolução da ciência está diretamente ligada à necessidade da sociedade, portanto, o progresso e os triunfos das
civilizações modernas são, em grande parte, devidos ao desenvolvimento da ciência objetiva e da aplicação do método
científico ao processo de descoberta e criação do Conhecimento.
» Os dados ou informes são registros sobre uma realidade e estes só se transformam em informação quando são capazes de
gerar uma ação.
20
CAPÍTULO
TIPOS DE PESQUISAS 2
Apresentação
Neste segundo capítulo serão apresentados os diversos tipos de pesquisa e sua aplicabilidade
na formação/atuação profissional. A pesquisa é apresentada como uma atividade racional
e sistemática que tem como objetivo responder às questões/problemas. Os critérios para a
classificação dos tipos de pesquisa variam, e a divisão obedece a interesses, condições, campos,
metodologia, situações, objetivos, objetos de estudo. Buscando facilitar a compreensão, bem
como seu exercício e aplicabilidade, a pesquisa é classificada quanto ao tipo, à coleta de dados/
informações e o método utilizado, ou seja, quanto aos objetivos, os procedimentos, o objeto e
a forma de abordagem
Objetivos
21
CAPÍTULO 2 • Tipos de Pesquisas
Quando procuramos termos que possam ser associados ao ato de pesquisar, alguns são rapidamente
referidos como “buscar” e “procurar”.
Pesquisar, portanto, é buscar ou procurar resposta ou solução para algo ou alguma coisa. Quando
associamos o termo pesquisar à ciência, entendemos que pesquisar é buscar solução para
alguma questão de estudo ou problema, utilizando diferentes instrumentos para se chegar a
uma resposta precisa. Pesquisar é o caminho para se chegar ao conhecimento.
O instrumento de pesquisa ideal deverá ser compatível com os resultados esperados, ou seja,
o pesquisador ou profissional ou investigador definirá o instrumento ideal de acordo com os
resultados que se pretende atingir. Sendo assim, é preciso definir o tipo de pesquisa antes de se
escolher o instrumental a ser utilizado.
A tesoura não é o instrumento ideal para cortar um bolo, da mesma forma que a faca não seria
recomendada para cortar um tecido.
Tipos de Pesquisa
Tipo/objetivo
» Pesquisa Exploratória: é toda pesquisa que busca constatar algo num fenômeno ou
organismo.
22
Tipos de Pesquisas • CAPÍTULO 2
Procedimentos/objetos pesquisados
A pesquisa de campo deve ter como base uma fundamentação teórica consistente,
objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. É uma pesquisa muito
utilizada na área de Ciências Sociais e Saúde, para o estudo de indivíduos, grupos,
comunidades, instituições, tendo como objetivo compreender os mais diferentes
aspectos de determinada realidade.
Exemplos:
23
CAPÍTULO 2 • Tipos de Pesquisas
seja adequado ao estudo a ser realizado. Embora seja utilizada na Ciência Social,
principalmente na Psicologia Social e na Sociologia, é importante ressaltar que os
aspectos fundamentais do comportamento humano nem sempre podem, por questões
de ética, ser estudados e/ou reproduzidos no ambiente controlado do laboratório.
Exemplos:
Além disso, existem incubadoras de Empresas Culturais, de Design, entre outros. É o caso do
Instituto Genesis da PUC- Rio que possui incubadoras nos segmentos de design de joias, cultural,
social e tecnológica; ou do Projeto Incubadora Rio Criativo da Secretaria de Estado de Cultura
do Estado do Rio de
Métodos
Método Descritivo
A pesquisa descritiva pode assumir algumas formas relacionadas com o enfoque que o pesquisador
deseja dar para seu estudo.
24
Tipos de Pesquisas • CAPÍTULO 2
Cervo e Bervian (2002) classificam essas formas do método descrito da seguinte maneira:
» Estudo de caso (case): estuda determinado indivíduo, família ou grupo com o propósito
de investigação de aspectos variados ou pontos específicos da amostra. Um único caso
é estudado com profundidade para alcançar uma maior compreensão sobre outros
casos similares.
Método Experimental
Caracteriza-se pela utilização direta das variáveis relacionadas com o objeto de estudo,
proporcionando uma relação de causa e efeito e mostrando de que modo o fenômeno é produzido.
Esse tipo de pesquisa utiliza testagem, questionários e medidas para verificar as relações existentes
entre as variáveis envolvidas na pesquisa. O exemplo a seguir permite compreender melhor esse
tipo de pesquisa.
Exemplo:
25
CAPÍTULO 2 • Tipos de Pesquisas
Exemplo.:
Deve ser feita uma leitura atenta e sistemática, acompanhada de anotações e fichamentos
que poderão servir à fundamentação teórica do estudo, colocando o pesquisador em
contato com materiais e informações que já foram escritos anteriormente sobre o
assunto determinado.
É uma pesquisa que dá suporte às demais, uma vez que auxilia na definição do problema, na
determinação dos objetivos, na construção de hipóteses, na fundamentação da justificativa da
escolha do tema e na elaboração do relatório final. Deve ser uma rotina tanto na vida profissional
de professores e pesquisadores quanto na dos estudantes. Isso porque a pesquisa bibliográfica
tem por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado
tema.
Exemplo::
Em uma investigação científica, as etapas precisam ser bem planejadas, de forma a se obter êxito
e alcançar os objetivos, desde a escolha do tema à divulgação dos resultados finais. Para isso,
o pesquisador deve ser um bom planejador e capaz de iniciar, conduzir e concluir a pesquisa.
26
Tipos de Pesquisas • CAPÍTULO 2
Tem que ser o responsável pelo levantamento dos dados e informações, buscando o conhecimento
já produzido sobre o tema na literatura científica, direcionando os tópicos de pesquisa, ciente
de que o trabalho científico é um conjunto de processos de estudos, de pesquisa e de reflexão,
pois a pesquisa científica deve ser planejada, antes de ser executada.
Possivelmente, uma das maiores dificuldades de quem se inicia como pesquisador seja a de
acreditar que um bom roteiro é capaz de garantir o sucesso da pesquisa.
Na verdade, o roteiro existe e são as diversas fases do método, porém, por si só não garante que a
pesquisa será concluída com sucesso, já que não se trata de um simples resultado automático de
normas cumpridas ou roteiro seguido. São necessárias a criatividade e a intuição do pesquisador
para que sua pesquisa seja realmente original, tanto no empreendimento quanto na comunicação.
Ainda que a criatividade tenha seu valor, vale lembrar que a pesquisa científica não é resultado
exclusivo da intuição do pesquisador, sendo necessária uma boa definição e submissão tanto
aos procedimentos dos métodos como aos recursos da técnica. O método é o caminho a ser
percorrido, do começo ao fim da pesquisa
Sintetizando
» Pesquisar é o mesmo que buscar ou procurar resposta ou solução para algo ou alguma coisa. Pesquisar é o caminho para
se chegar à ciência, ao conhecimento.
» A escolha do tipo de pesquisa e de instrumentos de pesquisa deverá ser compatível com os resultados esperados.
» O domínio das técnicas e dos procedimentos de elaboração e apresentação dos resultados de estudos e pesquisas garante
a qualidade dos resultados e o sucesso do pesquisador.
» O sucesso profissional está totalmente vinculado a uma boa formação acadêmica e em pesquisa.
27
CAPÍTULO
PROJETO 3
Apresentação
Neste capítulo será abordada a pesquisa aplicada e projeto. A elaboração de trabalhos e relatórios
são habilidades a ser desenvolvidas e aprimoradas durante a formação do futuro profissional. O
domínio das técnicas e dos procedimentos de elaboração, além de sua apresentação, garante a
qualidade formal do trabalho produzido. Neste capítulo pretende-se, a partir de algumas diretrizes
operacionais, desenvolver um instrumental de apoio às atividades científicas do profissional,
buscando desenvolver competências específicas durante sua formação. Sabe-se que a questão
da competência supõe não apenas o domínio de conteúdos e técnicas próprios à especificidade
da atividade profissional como, também, o domínio de aspectos relacionados à forma e à
sistematização do próprio pensar. Embora o planejamento não assegure, por si só, o sucesso
do trabalho, com certeza, é um bom começo para se ter qualidade. Qualquer atividade deve
ser planejada antes de ser executada. Isso se faz por meio de uma elaboração que se denomina
“projeto de pesquisa”. Portanto, o projeto de pesquisa é um documento que descreve os planos,
fases e procedimentos de um processo de investigação a ser realizado.
Objetivos
28
Projeto • CAPÍTULO 3
Pesquisa e desenvolvimento
A atividade científica se inicia pela Pesquisa Básica ou Fundamental e pela Pesquisa Aplicada de
um processo integrado no sistema científico e tecnológico na busca da invenção, novos produtos
e processos. Esta fase é criativa e, em parte, aleatória.
Pesquisa e Desenvolvimento
Fases
Pesquisa Aplicada
Desenvolvimento
Fonte: os autores.
Não existem limites claros e definidos para separar o que é pesquisa básica, pesquisa aplicada
ou desenvolvimento.
29
CAPÍTULO 3 • Projeto
A Pesquisa Básica ou Fundamental é realizada, na maioria dos casos, pelas universidades com
recursos e gastos por conta do Estado.
Baumgartem (apud CATTANI; HOLZMANN, 2006, p.260) define tecnologia como: atividade
socialmente organizada, baseada em planos e de caráter essencialmente prática. A autora
acrescenta que existe a articulação entre a tecnologia e a inovação. e complementa a sua concepção
quando afirma: “Tecnologia é, pois, o conhecimento científico transformado em técnica, que,
por sua vez, irá ampliar a possibilidade de produção de novos conhecimentos científicos”.
Em resumo, vemos que as inovações estão articuladas com as tecnologias, enquanto as tecnologias
são conhecimentos científicos transformados em técnica. Pergunta-se: Quais são as relações
que vamos encontrar entre as inovações tecnológicas e o trabalho?
A resposta que pode ser dada corresponde ao fato que a tecnologia é imprescindível ao processo
organizacional e estrutural das organizações e do trabalho. Assim, a pesquisa aplicada se torna
elemento para a contínua busca das inovações e soluções de problemas não só na esfera estratégica
das organizações, mas também do cotidiano. Os princípios da pesquisa aplicada devem ser
seguidos por um bom profissional
Projeto
O produto a ser alcançado pode ser um serviço, um produto ou uma tecnologia aplicada ao
contexto analisado.
Não se pode confundir um projeto com as atividades de rotina de uma empresa. Para facilitar
veja o quadro abaixo onde registramos as diferenças entre rotinas operacionais e projetos:
30
Projeto • CAPÍTULO 3
Constata-se que o projeto não é para atividades rotineiras, tem prazo definido, é complexo e
visa criar, inovar, mudar, mudanças etc., ou seja, em resumo o projeto tem o objetivo de reunir
esforços para atingir objetivos predeterminados com qualidade, prazo e custo.
Repare que em engenharia, por exemplo, a mudança está intimamente ligada a projeto. Não se
constrói nada sem projeto, principalmente quando sabemos que os mercados globalizados, a
evolução tecnológica e a informação difundida têm provocado mudanças significativas e velozes,
gerando consequências que impacta o “status quo”.
As zonas de conforto de empresas, industrias, comércio, serviços, lojas, profissionais etc são
continuamente testadas com relação à própria sobrevivência. Não há como ficar parado e não
se arriscar na busca de novos conhecimentos, mercados e produtos.
Os ganhos são gerados com o aumento da produtividade e o medo do risco pelo “novo”
(criatividade), pela inovação e pela invenção tem que ser vencido, mas também não adianta
empreender sem possuir um projeto consistente de forma a planejar e controlar a busca por
esse novo conhecimento.
31
CAPÍTULO 3 • Projeto
O Projeto
Não adianta ser empreendedor se a pessoa não tem a competência para conceber um bom
negócio. Do mesmo modo, o gestor, deve possuir a competência para projetar um negócio ou
as suas funções no sentido de onde que chegar e crescer na organização.
O projeto, em todos os sentidos, permite se alcançar metas e objetivos. Não só no campo individual,
mas também profissional, alinhado com os interesses das organizações.
O Projeto do Negócio deve ser pensado e conter o planejamento com os seguintes itens:
» Estratégia competitiva.
» Parceiras.
» Logística e produção.
» Franquias.
Como exemplo, imagine que será lançado uma nova bTV no mercado. Para que isto aconteça é
imprescindível um projeto que contemple:
a. Uma pesquisa de mercado para responder se o produto tem mercado, qual o seu público-
alvo, preços, requisitos de mercado etc.
b. O Projeto do Produto, ou seja como é a sua estrutura, o seu design, o seu desenho de
concepção, as suas especificações técnicas etc.
A seguir são desenvolvidas as questões sobre projeto de pesquisa que tem aplicação no cotidiano
profissional. Adote como metodologia para seus projetos,
Cassarotto Filho et all (2006) apontam os seguintes itens para um Plano Sumário de Projeto:
» Escopo.
32
Projeto • CAPÍTULO 3
» Requisitos contratuais.
» Recursos necessários.
» Principais colaboradores.
O Projeto de Pesquisa
A figura a seguir apresenta um resumo que envolve processo de planejamento. Para a realização
de qualquer projeto é imprescindível que haja um planejamento para detalhar as atividades do
projeto com os seus recursos e um cronograma para a sua realização.
PROCESSO
PLANEJAMENTO PROJETO
PRODUTO
Fonte: os autores
O planejamento do projeto deve atender a uma fórmula inglesa simples: 5W2H e deve ser
construído de maneira clara e resumida, planejando cada atividade:
33
CAPÍTULO 3 • Projeto
» Título.
» Justificativa.
» Problema.
» Formulação de hipóteses.
» Objetivos.
» Revisão da literatura.
» Metodologia.
» Cronograma.
» Resultados esperados,
» Orçamento.
» Referências.
34
Projeto • CAPÍTULO 3
Escolha do tema
O tema deve ter relação direta com uma área de conhecimento do profissional, pois é preciso
ter um conhecimento prévio sobre o tema a ser abordado. Sendo assim, o profissional partirá de
alguma leitura específica sobre o tema, aprofundando os conhecimentos que, de alguma forma,
serão vinculados à sua carreira profissional – planejando para um futuro.
Existem dois fatores principais que interferem no trabalho e que devem ser levados em consideração
nesta escolha: fatores internos e externos.
Para se trabalhar uma investigação é preciso ter um mínimo de prazer nessa atividade, ou
seja, trabalhar um assunto que não seja do seu agrado tornará a pesquisa num exercício
de tortura e sofrimento.
35
CAPÍTULO 3 • Projeto
Exemplo: você recebe a determinação para elaborar um orçamento para um serviço tendo
em vista que a sua empresa, para competir em uma concorrência, tem até uma data
determinada para entregar a proposta. Não adianta terminar a proposta orçamentária
após a data fixada, por melhor que tenha ficado seu trabalho, pois o prazo está perdido.
Uma das virtudes do profissional de qualquer área é a humildade. Reconheça suas limitações,
propondo desenvolvimento do trabalho em tempo hábil e dentro da sua capacidade intelectual.
Ao executar um trabalho é preciso estar atento para não propor algo que não interessará
a ninguém e que não o determinado pelo chefe.
Muitas vezes, o tema é pouco trabalhado por outros autores e não existem fontes
secundárias para consulta. A falta dessas fontes obriga o profissional a buscar fontes
primárias e isso acarretará um trabalho maior, gerando a necessidade de um tempo
maior para a realização dele.
Exemplo:
36
Projeto • CAPÍTULO 3
Selecione os locais de coletas: esteja preparado para copiar os documentos, seja por
meio de reproduções, fotografias ou outro meio qualquer.
37
CAPÍTULO 3 • Projeto
Problema
Sendo assim, a formulação mais frequente de um problema ocorre, de maneira geral, em forma de
uma questão ou interrogação, ou seja, o problema, geralmente, é feito sob a forma de pergunta(s).
Aconselha-se a não fazer muitas perguntas, para não incorrer no erro de não serem apresentadas
as devidas respostas. Sem problema não há trabalho.
Exemplo:
Sendo assim, pode-se definir “Problema” como questão não resolvida e objeto de discussão.
Hipótese
Saiba mais
Hipótese é sinônimo de suposição. Nesse sentido, hipótese é uma afirmação categórica (uma suposição) que tenta responder
ao problema levantado no tema escolhido para pesquisa. O trabalho de pesquisa, então, irá confirmar ou negar a hipótese
(ou suposição) levantada.
É preciso não confundir hipótese com pressuposto, com evidência prévia. Hipótese é o que se pretende demonstrar e não
o que já se tem demonstrado evidente, desde o ponto de partida. [...] nesses casos não há mais nada a demonstrar, e não se
chegará a nenhuma conquista e o conhecimento não avança. (SEVERINO, 2000, p. 161)
38
Projeto • CAPÍTULO 3
Exemplo:
Justificativa:
É um item fundamental de qualquer trabalho. Como o próprio nome indica, é nessa etapa que
você convence o leitor (demais interessados no assunto) de que seu projeto deve ser feito. Para
isso, é importante lembrar que o tema escolhido pelo pesquisador e a hipótese levantada devem
ser de suma importância (científica, social, econômica, financeira).
» a delimitação;
» a relevância e
» a viabilidade.
39
CAPÍTULO 3 • Projeto
Exemplo:
Justificativa: a qualidade total representa uma nova forma de se gerenciar eficazmente uma
organização frente ao desafio da acirrada concorrência no mercado. Os conflitos nas relações
humanas dentro de uma organização podem ser um entrave ao alcance das metas e da qualidade
organizacional. Detectar as barreiras que impedem a implementação de sistemas da qualidade
representa o primeiro e mais importante passo para o sucesso do modelo. Por isso, esse estudo
assume relevância ao fornecer os mecanismos que auxiliam nessa etapa difícil do processo e
essencial para o seu bom desempenho.
Objetivos:
Nessa parte, o profissional formula as suas pretensões com o trabalho. Ele define, esclarece e
revela os focos de interesse do trabalho. A definição dos objetivos determina o que se quer atingir
com a realização do trabalho. Objetivo é sinônimo de meta, fim.
Objetivo Geral: relaciona-se diretamente ao problema. Ele esclarece e direciona o foco central
do trabalho de maneira ampla, utilizando frase com verbo no infinitivo.
O verbo deve indicar os resultados pretendidos (ex.: identificar, levantar, descrever, analisar,
avaliar, compreender, explicar...).
Os verbos devem indicar as metas/etapas que levarão à realização do objetivo geral (ex.: classificar,
aplicar, distinguir, enumerar, exemplificar, selecionar...).
Os objetivos devem sintetizar o que se pretende realizar com o trabalho, o “para quê”.
Exemplo:
40
Projeto • CAPÍTULO 3
Objetivo Geral: Compreender o impacto do aspecto cultural “Poder”, de forma a prover uma
metodologia gerencial que propicie, senão contribua, para o desenvolvimento organizacional.
Objetivos Específicos:
Metodologia
Saiba mais
População é o conjunto de elementos que possuem as características que serão objeto de estudo.
Tratamento dos dados: trata-se da descrição de como serão tratados os dados coletados, justificando por que tal tratamento
é adequado aos propósitos do projeto. Os dados podem ser tratados das seguintes formas
Forma qualitativa: por meio de apresentação, codificação, interpretação e análise estruturada dos dados coletados;
Ambas (quantitativa e qualitativa): por meio, por exemplo, do uso da estatística descritiva para apoiar interpretações e/ou
conclusões firmadas a respeito da análise dos dados coletados.
Em suma:
41
CAPÍTULO 3 • Projeto
Cronograma:
O cronograma é a previsão de tempo que será gasto na realização do trabalho, de acordo com as
atividades a serem cumpridas. As atividades e os períodos serão definidos a partir das características
de cada pesquisa e dos critérios determinados pelo autor do trabalho.
Os períodos podem estar divididos em dias, semanas, quinzenas, meses, bimestres, trimestres...
estes serão determinados a partir dos critérios de tempo adotados pelo pesquisador.
Recursos:
Serão incluídos quando o projeto exigir apresentação para a sua execução ou obtenção de
financiamento.
Material de Consumo: é aquele material que não tem durabilidade prolongada. Normalmente,
é definido como bem que é consumido durante a realização da pesquisa.
Podem ser: papel, tinta para impressora, gasolina, material de limpeza, caneta etc.
42
Projeto • CAPÍTULO 3
Anexos ou apêndices:
Este item também só é incluído caso haja necessidade de juntar ao projeto algum documento
que venha dar algum tipo de esclarecimento ao texto. A inclusão, ou não, fica a critério do autor
da pesquisa.
Referências:
Utilizadas para a elaboração do projeto e devem ser indicadas em ordem alfabética e de acordo
com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Glossário:
São as palavras de uso restrito ao trabalho de pesquisa ou pouco conhecidas pelo virtual leitor,
acompanhadas de definição.
Também não é um item obrigatório. Sua inclusão fica a critério do autor da pesquisa, caso haja
necessidade de explicar termos que possam gerar equívocos de interpretação por parte do leitor.
» Introdução (obrigatório).
» Problema (obrigatório).
» Hipótese (obrigatório).
» Objetivos (obrigatório).
» Justificativa (obrigatório).
» Metodologia (obrigatório).
» Referências (obrigatório).
43
CAPÍTULO 3 • Projeto
Sintetizando
» A importância de um bom planejamento para um trabalho, destacando-se aspectos relevantes na escolha do tema.
» Que a delimitação temática possibilita uma abordagem detalhada e um trabalho com maior aprofundamento.
» Que uma das virtudes do profissional é a humildade. Sendo assim, o profissional deve reconhecer suas limitações para a
execução do trabalho.
» Que o profissional deve estar atento para os prazos e para a disponibilidade de material para consulta.
» Que existem componentes fundamentais na elaboração de um projeto e que o cronograma é um excelente auxílio para o
profissional.
44
CAPÍTULO
INSTRUMENTOS DE COLETA
DE DADOS 4
Apresentação
Neste capítulo apresentaremos a etapa do trabalho em que se inicia a aplicação dos instrumentos
elaborados e das técnicas selecionadas. A coleta de dados costuma ser uma tarefa cansativa e
demorada. Para facilitar sua execução, é importante que o profissional conheça os diversos
instrumentos de coleta de dados e tenha clareza dos objetivos que devem ser alcançados. Além
desse conhecimento, espera-se que o paciente seja paciente, perseverante, cuidadoso nos registros
e que tenha um bom e viável plano.
Objetivos
45
CAPÍTULO 4 • Instrumentos de Coleta de Dados
A coleta de dados é a parte da pesquisa em que se explicam a(s) forma(s) como se pretende
coletar os dados que auxiliarão a responder ou solucionar o problema. Deve-se definir o método
e a técnica da coleta.
Quanto ao método:
» Pesquisa exploratória :deriva de dados secundários, como livros, revistas, jornais, dentre
outros. É o primeiro contato com a pesquisa, sendo informal, criativo e de baixo custo.
Quanto à técnica:
» Questionário: é um dos procedimentos mais utilizados para obter informações simples
e diretas. A linguagem utilizada no questionário deve ser clara para que o respondente
compreenda o que está sendo perguntado. Também conhecido como survey (pesquisa
ampla).
É uma técnica de baixo custo, já que apresenta as mesmas questões para todo o grupo de
pesquisa. Outro benefício é a garantia do anonimato. Aplicada com critério, esta é uma
técnica confiável. É eficaz para medir atitudes, opiniões, comportamento, circunstâncias
da vida do cidadão e outras questões. Pode ser aplicado individualmente ou em grupos,
por telefone, ou mesmo pelo correio. Pode incluir questões abertas, fechadas, de múltipla
escolha, de resposta numérica, ou do tipo sim ou não.
46
Instrumentos de Coleta de Dados • CAPÍTULO 4
É importante que todo questionário passe por uma etapa de pré-teste, aplicado em
um universo reduzido de pessoas representativas do universo a ser pesquisado. Dessa
forma, é possível corrigir eventuais erros de formulação.
› Conteúdo de um questionário:
» Formulário
A criação dos itens para as questões a serem pesquisadas e que irão compor o formulário
podem ser do tipo.
Ex.:
______________________________
( ) Menos de um salário-mínimo;
( ) Um a três salários-mínimos;
47
CAPÍTULO 4 • Instrumentos de Coleta de Dados
› Questões mistas.
( ) Pai ou mãe;
( ) Outro parente;
( ) Outra pessoa;
( ) O próprio aluno.
Outro: _____________________________________
Outro fator relevante a ser analisado é o tempo para sua aplicação e análise, que eleva
seu custo, quando o número de pessoas a serem entrevistadas é relativamente grande.
É certo que a entrevista pode fornecer uma quantidade de informações muito maior
do que o questionário.
› sugerir todas as respostas possíveis para uma pergunta, ou não sugerir nenhuma
(para evitar direcionar a resposta).
48
Instrumentos de Coleta de Dados • CAPÍTULO 4
› Quem deve ser entrevistado: procure selecionar pessoas que realmente têm o
conhecimento necessário para satisfazer suas necessidades de informação.
› Pré-teste: procure realizar uma entrevista com alguém que poderá fazer uma crítica
de sua postura antes de se encontrar com o entrevistado de sua escolha.
Diante do entrevistado
› Seja objetivo, já que entrevistas muito longas podem se tornar cansativas para o
entrevistado.
› Procure encorajar o entrevistado para as respostas, evitando que ele se sinta falando
sozinho.
› Vá anotando as informações do entrevistado, sem deixar que ele fique esperando sua
próxima indagação, enquanto você escreve.
› Caso use um gravador, não deixe de pedir sua permissão para tal. Lembramos que o
uso do gravador pode inibir o entrevistado.
» Relatório: mesmo tendo gravado, procure fazer um relatório o mais cedo possível.
Antecipe pontos que já estejam definidos e estabeleça a estrutura do relatório.
49
CAPÍTULO 4 • Instrumentos de Coleta de Dados
» Observação Direta
A observação direta é uma técnica de coleta de dados que depende muito da habilidade do
pesquisador em captar informação e registrá-las com fidelidade. Quando o pesquisador
possui essa habilidade, não precisa se preocupar com as limitações das pessoas em
responder às questões, o que é uma boa vantagem. Normalmente, é um procedimento
de custo elevado e de difícil condução, principalmente quando se trata da obtenção de
dados sobre comportamentos.
› Fenômenos não esperados: esteja preparado para o registro de fenômenos que surjam
durante a observação, que não eram esperados no seu planejamento.
50
Instrumentos de Coleta de Dados • CAPÍTULO 4
› alguns dados estão disponíveis apenas para uso interno, sendo de uso confidencial.
» Grupos focais
› cada grupo é organizado com pequeno número de pessoas (no máximo 12) para
incentivar a interação entre os membros;
51
CAPÍTULO 4 • Instrumentos de Coleta de Dados
› o moderador tem uma agenda onde estão delineados os principais tópicos a serem
abordados. Esses tópicos são geralmente pouco abrangentes, de modo que a
conversação sobre eles se torne relevante;
Os GFs são eficazes nos estágios exploratórios de uma pesquisa, auxiliando a identificar
os aspectos considerados relevantes para o pesquisador. Os passos mais importantes
na condução de um GF são selecionar os participantes e escrever o guia do moderador
(agenda).
É uma técnica bem flexível e uma boa ferramenta para gerentes do serviço público ou
privados interessados em saber mais sobre preferências específicas e necessidades de
seus clientes e/ou empregado
52
Instrumentos de Coleta de Dados • CAPÍTULO 4
» São consideradas fontes primárias os documentos que gerarão análises para posterior
criação de informações. Podem ser decretos oficiais, fotografias, cartas, artigos.
» As fontes secundárias são as obras nas quais as informações já foram elaboradas. São
livros, apostilas, teses, monografias etc.
» Esteja preparado para registrar os documentos, copie-os, seja por meio de copiadoras,
fotografias ou outro meio qualquer.
53
CAPÍTULO 4 • Instrumentos de Coleta de Dados
A Internet
A internet representa uma revolução no que concerne à troca de informação. Trata-se de uma
rede mundial de comunicação via computador, em que as informações são trocadas livremente
entre todos. Sem dúvida, representa uma novidade satisfatória para qualquer tipo de investigação,
pois as informações transitam com rapidez e relativa liberdade. A partir dela, todos podem se
comunicar e informar uns aos outros sobre as novidades, solicitando apoio nas soluções de
novos e constantes problemas. Embora apresente uma série de vantagens, é importante lembrar
que, na verdade, nem todas as informações passadas e/ou disponibilizadas por essa rede têm
critérios de manutenção de qualidade da informação.
Fichamentos
Saiba mais
Um dos pontos fundamentais ao se tirar informações e dados da internet se refere a confiabilidade, pois ao analisar o dado
ou a informação é importante observar se:
Exemplo, imagine que uma pessoa resolva falar ou informar a respeito dos procedimentos de um cateterismo. Procure
apurar está pessoa é médica? É cardiologista? Veja o currículo dela e avalie.
b. Os dados e informações apresentadas têm consistência em função do informante e seus interesses? Compare os dados e
informações com casos semelhantes, se for possível?
c. Quais são os interesses em jogo do informante ou da organização que divulga os dados. Será que efetivamente neutros?
54
Instrumentos de Coleta de Dados • CAPÍTULO 4
» Ficha de Citações: é a reprodução fiel das frases que se pretende usar como citação na
redação do trabalho;
» Ficha de Resumo ou Conteúdo: é uma síntese das principais ideias contidas na obra.
O pesquisador elabora esta síntese com suas próprias palavras, não sendo necessário
seguir a estrutura da obra.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
____________________________________________
RESUMO:
Apresentar uma síntese clara e concisa das ideias principais do autor. Deve ser elaborado com as próprias palavras
do autor de forma interpretativa, contendo:
» O assunto do texto.
» O objetivo proposto.
Deve ser redigido em linguagem objetiva, evitar repetição de frases inteiras do original, respeitar a ordem em que as
ideias ou fatos foram apresentados, deve ser compreensível por si mesmo, dispensando a consulta do original.
____________________________________________
Consiste na explicitação ou interpretação crítica e pessoal das ideias expressas pelo autor, deve ser redigido com
linguagem formal de maneira a salientar os pontos positivos e/ou negativos identificados na obra. Pode considerar:
» Comentário sobre a forma pela qual o autor desenvolveu seu trabalho sob o aspecto metodológico.
Sintetizando
» Existem diversas técnicas de coleta de dados, e que todas apresentam aspectos positivos e negativos.
» A escolha da técnica a ser aplicada deve ser coerente com os objetivos a serem alcançados e com o tipo de dado/
informação desejada (quantitativo ou qualitativo).
55
CAPÍTULO
O ESTUDO DE CASO 5
Apresentação
Neste capítulo abordaremos o estudo de caso (case) como uma metodologia para a resolução de
problemas. Como a apresentação de um trabalho é imprescindível ser padronizada e obedecer
as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) iremos desenvolver a discussão
da estrutura e da apresentação de um trabalho, diferenciando a pesquisa compilação da revisão
da empírica ou aplicada. Demonstramos os diversos modelos de referência, bem como palavras
e expressões utilizadas na pesquisa científica.
Objetivos
56
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5
O Estudo de Caso (case) é uma excelente opção para um trabalho investigativo para a resolução
de problemas e pesquisa. O estudo de caso pode ser uma pesquisa sobre uma situação de uma
empresa, organização, pessoa, clube, comunidade, sociedade etc.
Não é por tratar de um problema de natureza de pesquisa aplicada que ele se torna inferior a
uma investigação complexa que um trabalho acadêmico exige. Além do aspecto acadêmico, o
estudo de caso pode ser transformar em uma excelente ferramenta para a vida profissional da
pessoa tendo em vista as oportunidades que oferece na resolução de casos e problemas.
Hernández Sampieri e Mendoza (2008) apud Sampieri et al (2015) dão a seguinte concepção
para estudo de caso:
Deu para observar que o estudo de caso se refere a “algo” prático, vivido no cotidiano. E ele poderá
ser um caso de uma organização privada ou pública, uma situação envolvendo a administração
de um clube de futebol ou outro caso qualquer.
A Harvard Business School (1997) apud Sampieri et al (2015) estabelece as seguintes fases para
um estudo de caso:
57
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso
5.2. Realizar visitas de campo em oficinas, escritórios, plantas produtivas onde ocorreu
ou ocorre o caso com o propósito de compreender tecnologia, processos produtivos,
organização, ambiente de trabalho, entre outros. Nessas visitas acrescentar novas ou
complementar entrevistas anteriores para esclarecer pontos duvidosos; obter documentos
específicos, incluindo materiais audiovisuais etc.
5.3. Elaborar notas de campo com enfoques qualitativos. É importante registrar aspectos
relevantes.
Estas etapas também têm que ser idealizadas em termos metodológicos considerando os enfoques
qualitativos, quantitativos ou mistos.
A universidade Harvad utiliza está metodologia desde 1908 para estudos em organizações,
empresas, negócios etc.
1. Uma instituição de ensino teve um crescimento fantástico tendo passado de 100 para
2.000 alunos em seis anos. A instituição, perante a comunidade em que está inserida
boa imagem. Era conhecida por possuir baixo padrão de qualidade de ensino com uma
imagem muito negativa. Entretanto, além do grande crescimento, ela passa a ter um
elevado padrão de qualidade e reconhecimento público com instituição de ponta. O
estudo de caso pode ter o foco nas causas deste sucesso, procurando identificar o que
foi feito em termos de organização administrativa, pedagógica e técnica, estilo de gestão,
clima, cultura organizacional, marketing etc.
58
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5
Imagine que você trabalhe em um hospital e resolva estudar como as famílias que tem filhos
hemofílicos e depende de transfusões de sangue para sobreviver aprendem a cuidar e apoiar os
filhos com as suas limitações. Limitações que levam a criança não poder participar de determinadas
atividades (jogar futebol por causa do risco de se machucar, por ex.) com crianças da mesma idade.
Aplicando uma metodologia de estudo de caso se tem as seguintes fases para a resolução do
problema:
1. Identificação do caso:
59
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso
› Ler para obter a base de sustentação do estudo do caso. Assim, procurar estudar
obras de autores conceituados no assunto e pesquisadores é imprescindível para a
construção de um marco teórico.
60
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5
5.2. Realizar visitas de campo em oficinas, escritórios, plantas produtivas onde ocorreu
ou ocorre o caso com o propósito de compreender tecnologia, processos produtivos,
organização, ambiente de trabalho, entre outros. Nessas visitas acrescentar novas
ou complementar entrevistas anteriores para esclarecer pontos duvidosos; obter
documentos específicos, incluindo materiais audiovisuais etc.
› A elaboração do relatório final é fundamental, pois deve ser claro, simples e objetivo.
» Introdução.
» Resultados.
» Discussão e análise; e.
61
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso
Em resumo:
Item Comentário
Introdução Deve apresentar o problema, as questões estudadas, a justificativa com a importância
da pesquisa e seus benefícios, e os objetivos a serem alcançados.
Fundamentação
Deve ser apresentado a literatura e a documentação relacionada ao tema e a
teórica/revisão de
fundamentação teórica construída com base no levantamento realizado.
literatura
Conclusão e
Descrever as conclusões e recomendações obtidas em função da análise.
recomendações
A seguir estão estabelecidas as regras para a elaboração dos trabalhos profissionais e acadêmicos.
» pré-textuais;
» textuais, e
» pós-textuais.
Capa*
Folha de rosto
Folha de aprovação*
Dedicatória*
PRELIMINARES OU Agradecimentos*
Epígrafe*
PRÉ-TEXTO Resumo (abstract)*
Sumário
Lista de figuras*
Lista de tabelas*
Lista de abreviaturas, siglas e símbolos*
INTRODUÇÃO
TEXTO DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO
62
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5
Referências
Apêndice (s)*
PÓS-LIMINARES OU
Anexo(s)*
PÓS-TEXTO
Glossário*
Capa*
* Elementos opcionais ou complementares que são adicionados de acordo com as necessidades e o tipo de trabalho
acadêmico.
Como pode se constatar que a estrutura ideal para um projeto é apresentada na divisão sugerida.
Preliminares ou Pré-texto
63
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso
› O nome do autor.
› Título do trabalho.
› Roteiro do capítulo.
Abaixo apresenta-se um exemplo de fichamento que deve ser incluído no trabalho para
identificar o trabalho de modo que bibliotecas, leitores e outros tenham conhecimento.
Indicadores da qualidade sonora e efeitos da poluição sonora no ser humano/ Maria Esther de Araujo.
» Sumário
64
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5
› O título de cada seção deve ser com o mesmo tipo de letra em que aparece no corpo
do texto.
Divisão de um Sumário
1 – Seção Primária
Elemento opcional no caso de haver uso dos elementos acima no texto. Consiste na
relação em ordem alfabética de abreviaturas, siglas e símbolos, seguidos do significado
correspondente. No caso de siglas, mesmo que o trabalho contenha lista, recomenda-
se transcrever por extenso cada sigla na primeira vez em que é mencionada no texto.
Texto
É a parte em que todo o trabalho de pesquisa é apresentado e desenvolvido. O texto deve expor
um raciocínio lógico, ser bem estruturado, com o uso de uma linguagem simples, clara e objetiva.
» Introdução
65
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso
O tema é dividido em capítulos e/ou partes que revelem a estrutura lógica do trabalho.
São atribuídos títulos (e subtítulos, se necessário) a cada uma das partes ou capítulos.
» Conclusão
» Introdução
» Revisão da Literatura
Se a revisão da literatura for breve, pode também ser incorporada à introdução, em vez de
constituir parte separada.
» Material e Métodos
» Resultados
66
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5
Apresentação dos resultados obtidos de forma objetiva, exata e lógica. Para maior
clareza, podem ser incluídos quadros, tabelas, desenhos, gráficos, mapas, fotografias,
esquemas etc.
» Discussão
A discussão também pode ser feita com a apresentação dos resultados, formando um
único capítulo (Resultados e Discussão).
Pós-texto
» Referências: servem para indicar as fontes utilizadas no corpo do texto.
Quando no final do capítulo ou da obra, devem ser listadas em ordem alfabética, com
a expressão Referências no cabeçalho.
» Glossário
67
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso
› Local da publicação: é o nome da cidade em que a obra foi editada e, após a referência
do local, devem ser grafados dois pontos (:).
› Com um autor
› Com mais de três autores (menciona-se o primeiro, ou até os três primeiros, seguidos
da expressão et al. = et alii/e outros)
68
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5
FARROW, Charles S. Radiology of the cat. 6th ed. St. Louis: Mosby, 1999.
FREITAG, Barbara. O indivíduo em formação. São Paulo: Cortez, 1994. (Série Questões
da Nossa Época, v. 30).
› Com indicação de subtítulo (pode ser suprimido se não for essencial à compreensão
do título)
69
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso
› REVISTA:
• Autor(es) do artigo.
• Título do artigo.
• Título da revista em negrito ou itálico.
• Local da publicação.
• Indicação do volume.
• Indicação do número ou fascículo.
• Indicação de página inicial e final do artigo.
• Data.
Obs.: A referência de mês é reduzida a apenas três letras e um ponto, no idioma original
de publicação. Em português, o mês de janeiro ficaria sendo jan., o de fevereiro fev.
etc., com exceção do mês de maio que se escreve com todas as letras (maio) e sem
o ponto.
BLAY, E. A.; CONCEIÇÃO, R. R. de. A mulher como tema nas disciplinas da USP.
Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 76, pp. 50-56, fev. 1991.
› JORNAL:
• Com autoria
JUSTIÇA autoriza quebra de sigilo de deputado. Folha de São Paulo, São Paulo,
30 jan. 2003. Caderno A, p. 8.
70
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5
BELLO, José Luiz de Paiva. Lauro de Oliveira Lima: um educador brasileiro. 1995. 210
p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação –
PPGE, Universidade Federal do Espírito Santo, 1995.
› Responsável.
› Notas.
DEUS e o diabo na terra do sol. Dirigido por Glauber Rocha. Rio de Janeiro, Copacabana
Filmes, 1964. 13 bobinas (125 min.): son., 25mm. Filme cinematográfico.
RIGOLETTO. Directed by Jean-Pierre Ponnelle. München, Unitel, 1983. 116 min: son.
(leg.). Gravação de vídeo.
› Autor, se houver.
71
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso
DUARTE, Sérgio Nogueira. Língua viva. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 ago. 2000.
Disponível em: < http://jb.com.br/lingua.html >. Acesso em 6 ago. 2000.
PROCURADORES do caso Eduardo Jorge vão depor no Senado. Veja On-line, São
Paulo, 7 ago. 2000. Notícia Política. Disponível em < http://www.veja.com.br >. Acesso
em 12 ago. 2000.
› Autor entidade
› Referência legislativa
BRASIL. Lei n. 9.995, de 25 de julho de 2000. Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração
da lei orçamentária de 2001 e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 jul. 2000. Disponível em: <http://www.in.gov.
br>. Acesso em 20 mar. 2002.
› Entrevistas
Apresentação gráfica
» Texto fonte: Arial, Times New Roman ou Comic Sans MS – letra preta.
72
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5
» As notas de rodapé, se necessárias, devem ser separadas do corpo do texto por uma linha
ocupando 1/3 da página e escritas em letra menor, com espaço simples.
» Devem ser evitadas subdivisões excessivas das seções, não ultrapassando a seção quinária.
» O título de seção não deve aparecer no final de uma página e o seu texto na página
seguinte.
» São utilizados recursos gráficos diferenciados para a seção primária (capítulo), secundária,
de acordo com as sugestões no quadro a seguir.
Citações
De acordo com a NBR 10520, citação é quando, no texto, se menciona uma informação extraída
de outra fonte. Nas citações, as entradas pelo sobrenome do autor ou pela instituição responsável,
devem ser em letras maiúsculas.
73
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso
Exemplos:
A formação deve ser entendida como um processo de educação permanente (FERREIRA, 1997).
Supressões: [...]
Nas citações diretas, além da indicação da autoria e data de publicação da obra referida,
é preciso citar a(s) página(s) de onde foi retirada a citação.
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Exemplo 3:
O documento especifica que a avaliação era tida como necessária pela administração
federal para a distribuição racional de seus recursos; pelas universidades públicas, que
necessitam conhecer a si próprias, e confrontar com dados objetivos as críticas que
frequentemente recebem; pelas IES privadas, que necessitam evidenciar a qualidade de
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O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5
seu desempenho e sua eficiência no uso dos recursos, pelos estudantes e suas famílias,
que não podem mais contar com resultados positivos de seus investimentos em educação
superior, se mal direcionados (MEC, 1985, p. 68).
Exemplo:
Era tão grande a importância atribuída às avaliações segundo essa metodologia que
precisou ser criada a Subsecretaria de Avaliação de Programas, da qual se encarregaram
economistas e auditores experientes (HOUSE, 1994).
» Citação de citação: é a menção de um texto ao qual não se teve acesso, devendo ser
indicada na seguinte ordem: sobrenome do autor original, seguido da expressão apud
ou citado por e sobrenome do autor da obra consultada.
Exemplos:
Deve ser escolhido um sistema de chamada para a identificação das citações: sistema
numérico ou autor-data.
O sistema escolhido para a identificação das citações deve ser observado ao longo de
todo o trabalho e deve permitir sua correlação na lista de referências no pós-texto ou
em notas de rodapé.
» Sistema autor-data: as citações no texto devem ser indicadas pelo sobrenome do autor,
ou pela instituição responsável, seguido da data de publicação do trabalho.
Exemplos:
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CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso
Exemplos:
Ex.1
1 Silva, H. M. Comunicação pessoal (ou informação oral). Belo Horizonte: Escola de Veterinária da UFMG, 1983.
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O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5
Nas notas de referência, a primeira citação de uma obra deve ter sua referência completa.
As subsequentes citações da mesma obra podem ser referenciadas de forma abreviada,
utilizando as seguintes expressões latinas:
› idem (id.) = o mesmo autor. Essa expressão é usada para identificar um autor
anteriormente citado no texto.
› loco citato (loc. cit.) = no lugar citado. Essa expressão é usada para identificar a
mesma página anteriormente citada de uma obra, havendo intercalação de diferentes
referências.
› et sequentia (et seq.) = e seguintes. Usa-se essa expressão para indicar as páginas
que se seguem em uma obra.
Ilustrações
As ilustrações aparecem no trabalho para explicar ou complementar o texto. Podem ser tabelas
ou figuras em geral.
» FIGURAS E GRÁFICOS
Os títulos da tabela e do quadro devem ser colocados acima deles, enquanto os da figura
e dos gráficos, abaixo deles.
A fonte, ou seja, a indicação da autoria da tabela ou figura, quando esta não for a mesma
do trabalho monográfico, deve aparecer na parte inferior, à esquerda.
77
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso
» TABELAS E QUADROS
› Devem ser encabeçadas pela palavra Tabela ou Quadro, seguida por hífen, pelo
número e pelo título, sem ponto final.
› Se a tabela não couber em uma página, deve ser continuada na página seguinte
sem delimitação por traço horizontal na parte inferior, devendo o título ser repetido
nas páginas seguintes, acrescentando-se as palavras continua, continuação, entre
parênteses, logo abaixo do título, no canto superior direito. Lateralmente, as tabelas
não são fechadas.
Por exemplo:
Retorno pro rata das operações Distribuição das sobras Participação econômica dos
membros
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O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5
› apud: significa citado por. Nas citações é utilizada para informar que o que foi
transcrito de uma obra de determinado autor na verdade pertence a outro.
› et al. (et alii): significa e outros. Utilizado quando a obra foi executada por muitos
autores.
Exemplo: Numa obra escrita por Helena Schirm, Maria Cecília Rubinger de Ottoni e
Rosana Velloso Montanari escreve-se: SCHIRM, Helena et al.
› ipsis litteris: significa pelas mesmas letras, literalmente. Utiliza-se para expressar
que o texto foi transcrito com fidelidade, mesmo que possa parecer estranho ou esteja
reconhecidamente escrito com erros de linguagem.
› sic: significa assim. Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou ipsis verbis.
Dicas e orientações
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CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso
Tipo de letra: elas devem ser de tamanho médio e redondo, evitando-se tipos inclinados e de
fantasias. Sugere-se: tipo Arial ou Times New Roman, tamanho 12 para texto; 16 ou 18 para
capítulos e 14 para subtítulos.
A paginação deve ser contada a partir da folha de rosto, entretanto, a primeira folha a ser numerada
é a primeira página após o sumário.
A numeração das laudas (folhas) deverá estar disposta na margem superior direita.
As citações diretas devem ser colocadas entre aspas, e em sendo de até três linhas, são inseridas
no próprio texto; as que excederem a esse número de linhas devem constituir parágrafos isolados,
iniciados a aproximadamente 8cm da extremidade esquerda e terminados a 3cm da direita. Devem
ser digitadas em espaço simples, separadas do texto que as precede e as sucede por espaço duplo,
sempre acompanhadas do sobrenome do(a) autor(a), ano e página da referência, logo após o
término do parágrafo, colocadas entre parênteses (ex.: CERVO, 1996, p. 32).
Os símbolos das unidades de medida são invariáveis e grafados sem ponto abreviativo (ex.:
10m, 15h); na indicação de tempo, empregam-se os símbolos: “h”, “min” e “s” na mesma linha
de grandeza, sem espacejamento (ex.: 12h30min20s).
A finalidade do trabalho é demonstrar uma hipótese que se elaborou inicialmente, e não provar
que se sabe de tudo.
Verifique que qualquer pessoa entenda o que você escreveu; não se faça de “gênio solitário”.
Não use reticências ou pontos de exclamação, exceto para citações. Não faça ironias.
Defina sempre um termo ao introduzi-lo pela primeira vez. Se não souber defini-lo, evite-o.
80
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5
» Forma de entrada: é feita pelo sobrenome do autor em caixa alta, seguido do nome,
que pode ser abreviado (ex.: RUIZ, João Álvaro ou RUIZ, J. A.).
Os elementos de referência bibliográfica são separados entre si por ponto, seguidos de dois espaços.
Na lista bibliográfica final, não se repete o nome do mesmo autor. O nome é substituído por
traço (grifo), equivalente a 3cm aproximadamente.
Autor da publicação. Título da publicação. Subtítulo (se houver). Edição (se for o caso). Local da
publicação: editor(a), ano, número de páginas da obra.
Exemplo:
MENDONÇA, Eduardo Prado de. O mundo precisa de filosofia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1976.
107p.
Obs.:
» Quando constam dois autores ou mais, como, por exemplo, ex.: SARTRE, Jean-Paul et
alïi, que é abreviada como et al., e significa e outros.
81
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso
completo, entre “< >”, seguido de ponto, e, por fim a indicação de acesso: Acessado em:,
citando a data complementada, opcionalmente, com hora, minuto e segundo.
Abaixo estão relacionadas algumas normas para ajudar na elaboração de relatórios e trabalhos:
Sintetizando
» A concepção e o estudo de caso como metodologias não só para a pesquisa, mas também para a resolução de problemas
em organizações e empresas.
» As regras para a apresentação do trabalho acadêmico, bem como diferenças entre a pesquisa de revisão e a aplicada.
» Existem diversos modelos de referência, bem como termos utilizados na escrita do trabalho acadêmico;
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ÉTICA NA VIDA PROFISSIONAL
CAPÍTULO
6
Apresentação
Objetivos
83
CAPÍTULO 6 • Ética na vida profissional
Preâmbulo
Ao se falar em ética na vida profissional temos que colocar em primeiro lugar a dignidade humana,
a liberdade, a autonomia e a proteção dos participantes nos diversos ambientes de trabalho, pois
os seres humanos têm que ser preservados em todas as situações.
Nenhum profissional tem o direito de expor quem quer que seja ao constrangimento ou a
situações desagradáveis.
A Segunda Guerra Mundial provocou diversos desrespeitos ao ser humano com relação às
pesquisas científicas e às experiências humanas. Tais desrespeitos implicaram uma série de
ações que visaram coibir e impedir a repetição de tais pesquisas, experiências e fatos terríveis
ocorridos no decorrer do grande conflito. Assim, na busca de se erguer os pilares para garantir
a dignidade, a liberdade e a autonomia humana, nasceram uma série de documentos como
o Código de Nuremberg, de 1947, e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948.
Acrescenta-se a tais documentos internacionais, os seguintes:
» a Declaração de Helsinque de 1964, com as suas versões posteriores de 1975, 1983, 1989,
1996 e 2000;
A importância do cuidado ético com as pesquisas científicas podemos constatar na Lei no 13.146,
de 6 de julho de 2015, que instituiu a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto
da Pessoa com Deficiência). No capítulo II de Direito à Vida, em seu artigo 12 está preconizado:
84
Ética na vida profissional • CAPÍTULO 6
Do exposto, lembramos que não basta ter a autorização, mas o esclarecimento do que é a pesquisa,
seus objetivos, riscos e o que se espera dos resultados.
A realização de qualquer trabalho tem sido marcada por problemas graves que estão intimamente
ligados com a falta de ética. A reprodução de trabalhos (inteiros ou em parte) sem a devida citação
e a falta de destaque de autoria se tornou uma prática comum. A reprodução de trabalhos inteiros
e o aproveitamento de ideias de colegas no ambiente de trabalho também tem sido praticada no
dia a dia. Não há o reconhecimento da fraude e da corrupção em si pelo autor, pois é afirmado
que trata-se do “jeitinho brasileiro”.
Muitas vezes, diversas pessoas acham que um trabalho acadêmico é “algo” simples, sem
responsabilidade e que só tem valor para uma nota de aprovação (avaliação) escolar. Isso se
agrava no Brasil porque a prática do trabalho acadêmico/escolar não tem o reconhecimento de
sua importância por parte da própria família. Nasce com a ideia de que a escola é lúdica e que
as atividades ali desenvolvidas são diversões e o importante é o “passar de ano”, não interessa
como. Independentemente, não se identifica que a aprendizagem de um novo conhecimento é
mais importante do que a obtenção do diploma.
Em resumo, a visão do aluno não é de crime, mas de esperteza de levar vantagem em tudo. Assim, é
fundamental a mudança comportamental desse quadro com a criança, desde os primeiros passos
na escola, aprendendo o que representa o plágio, a “cola”, a autorização da entrada de terceiros
em seu trabalho sem ter participado e a assinatura da folha de frequência por outra pessoa (aqui
tem uma falsificação de assinatura ou rubrica), tendo em vista que todas essas situações implicam
fraudes (não interessa se não foi visto ou não teve ninguém prejudicado pelo ato).
85
CAPÍTULO 6 • Ética na vida profissional
» o plágio;
» as outras vantagens que se tem a certeza de ser imoral, embora com legalidade;
» Quando se tem um plágio na escola se tem dois grandes erros sendo cometidos ao
mesmo tempo:
› a avaliação escolar, que serve para medir e avaliar se o conhecimento ensinado foi
aprendido e, no caso de cópia, a aprendizagem é nula ou com esta tendência;
Inicialmente, cabe apresentar a definição de propriedade intelectual dada pelo Jb Adim apud
Jusbrasil (2015):
A propriedade industrial e o direito autoral que foram destacados acima são imprescindíveis de
serem atendidos em nossos trabalhos acadêmicos ou não.
86
Ética na vida profissional • CAPÍTULO 6
O papel do orientador de trabalhos acadêmicos não tem sido fácil no grave cenário do plágio,
mas muito complexo tendo em vista que cabe a ele constatar e buscar educar o aluno na correção
de um comportamento que está impregnado na pessoa. Esta não aceita a crítica e a exigência
para alterar para construir um conhecimento seu, pois o importante é alcançar o diploma a
qualquer preço.
Além de não concordar com a mudança, ele, muitas vezes, argumenta que não plagiou, não
copiou e cria uma situação desagradável, desejando provar que não fez o plágio. Mais tarde,
no ambiente de trabalho a constatação de situações similares corresponderá a sérios prejuízos
para o seu emprego.
Atualmente, existe uma série de softwares que permite verificar cópias de trabalhos e que são
usados com frequência pelos orientadores e pelas instituições de ensino. As punições das
instituições de ensino têm sido pesadas e os alunos acabam perdendo os cursos.
Em suma, não é só o Conhecimento Técnico que irá garantir o sucesso profissional, mas o seu
comportamento, as suas ações e as suas responsabilidades. E o grande cuidado corresponde ao
comportamento do profissional com relação à comunicação e as redes sociais. O domínio das
tecnologias de comunicação é imprescindível, entretanto, as atitudes nas redes sociais têm que
ser responsáveis, pois tem um peso considerável no sucesso da carreira profissional. Não pode
ser esquecido que quando alguém responde com grosseira ou intolerância a qualquer postagem
que contraria a sua ideia, ela está demonstrando não só falta de educação, mas também que não
87
CAPÍTULO 6 • Ética na vida profissional
tem competência para trabalhar em equipe. Cuidado, você está em rede e sua postagem pode
ser do conhecimento da empresa onde trabalhe ou deseja emprego.
Você tem que saber o que a organização ou empresa espera do seu exercício profissional, pois
não fique enganado que a preocupação da organização ou empresa seja apenas operacional.
A sua imagem é importante e mais uma vez as suas atitudes devem estar de acordo com um
padrão de conduta. Assim, observe algumas questões fundamentais relacionadas a ética e que
devem ser refletidas:
» Cale em vez de criticar. No ambiente de trabalho não fique criticando seus colegas,
apontando erros ou defeitos, pois pense quando alguém faz uma crítica, mesmo que
tal crítica seja construtiva, ela não é aceita. Cuidado ninguém gosta de ser criticado.
Busque ajudar.
» Evite julgar as pessoas e substitua a sua atitude pela análise dos comportamentos.
Muitas vezes se tem a tendência ou o hábito de julgar colegas de trabalho pela aparência
e até se desenvolve um erro de avaliação denominado halo (repetição continuada de
uma avaliação preliminar – pela vista). Assim, em vez de julgar, procure analisar cada
situação caso a caso. Contribua para ajudar e obter resultados do colega.
» Procure criar soluções em vez de apontar problemas. Uma empresa procura profissionais
que sejam proativos e que tenham atitudes vencedoras. Assim, é inadmissível que um
profissional aponte só problemas, evitando a busca das soluções. Observe que frases
negativas como: “isto não dará certo”; “já fizeram isto antes e os resultados foram
negativos” e outras tem que ser evitadas.
» Evite só justificar erros, mas aprenda com os seus erros. É comum as pessoas justificarem
e dar explicações de seus erros, mas procure aprender com eles se desenvolvendo e
crescendo na vida profissional em vez de ser o explicadinho.
Junte as sugestões dadas acima na busca de se tornar um profissional criativo e inovador, e com
capacidade de trabalhar em equipe.
No primeiro capítulo foi falada que estamos na Era do Conhecimento. Schwab (2016, p.102)
ao escrever o que denomina de “A Quarta Revolução Industrial” apresenta um quadro que é
reproduzido abaixo e é excelente para a reflexão sobre a ética:
88
Ética na vida profissional • CAPÍTULO 6
No limite ético
De forma similar, inteligência artificial (IA) também nos impõe questões complexas
e fronteiriças. Considere a possibilidade de máquinas que antecipem nossos
pensamentos ou até mesmo os ultrapassem. A Amazon e a Netflix já possuem
algoritmos que preveem quais filmes e livros você talvez queira ver e ler. Sites de
namoro e de colocação profissional sugerem parceiros e empregos – em nossa
vizinhança ou em qualquer lugar do mundo – que os seus sistemas imaginam
que se não mais convenientes para nós. O que faremos? Confiar no conselho
dado por um algoritmo ou naquele oferecido por familiares, amigos ou colegas?
Consulta um médico-robô controlado por inteligência artificial que poderia
dar diagnósticos corretos, perfeitos ou quase perfeitos – ou ficaríamos com o
médico humano que nos conhece há anos e mantêm aquele comportamento
tranquilizador ao lado da cama?
Este texto já coloca em questão a redefinição e o significado do próprio ser humano, ou seja,
deve ser repensado em permanentes discussões éticas e morais, bem como raciocinados
individualmente ou coletivamente. (SCHWAB, 2016).
Schwab (2016) reforça que as incríveis descobertas da tecnologia podem ser manipuladas
e utilizadas para atender interesses pessoais e não públicos. A inteligência artificial embora
controlada nos dias de hoje, poderá no futuro não sê-la e as consequências podem ser sérias
para uma sociedade muito desigual.
89
CAPÍTULO 6 • Ética na vida profissional
A questão dos verbos querer, dever e poder tem um significado especial para a reflexão com
relação a se ter uma conduta ética (correta). A relação entre eles é para ser pensada, pois não é
possível querer algo e não poder comprar, mas se resolve obter a qualquer preço.
» Um exemplo simples ocorre quando desejo um CD musical, não posso comprar, mas
vou compro um CD pirata. Não se pode afirmar que a pessoa que defende a compra na
loja é porque se faz o ético porque tem dinheiro.
» O mesmo ocorre no momento em que se usa a faixa preferencial de ônibus, nos grandes
centros urbanos, para fugir do engarrafamento com seu carro particular.
» Solicitar ou combinar com um médico um recibo para pagar menos imposto de renda
e junto com o médico criticar o governo como corrupto.
» Beber e procurar onde tem ações com Lei Seca para poder dirigir sem correr o risco de
ser parado e punido.
» E pode se apontar uma série de outros exemplos cuja direção, na verdade é do mal.
Esta série de ações são antiéticas e fazem parte de uma cadeia com elos que vão do
pequeno problema até os grandes casos que afetam o país. É importante esclarecer
que em uma empresa onde o chefe é ético, responsável, fatalmente os funcionários o
serão. O mesmo acontece com a relação onde o chefe é antiético.
É comum se ouvir que uma pessoa que alcançou o sucesso foi porque tem “jeito”,
“vocação” ou “talento”, mas geralmente, esquecendo que a pessoa trabalhou muito para
conseguir aquele sucesso.
Não existe o desenvolvimento de um país onde somente a sociedade é ética e o governo não o
é, e no sentido inverso acontece a mesma coisa. Observe que em países desenvolvidos ocorre o
alinhamento em Estado e sociedade.
90
Ética na vida profissional • CAPÍTULO 6
Um exemplo acontece em Berlim onde o ônibus não tem catraca e as pessoas não fraudam o
bilhete porque ninguém está vendo.
Sintetizando
Vimos:
» O que é plágio.
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92