Filosofia 13

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FILOSOFIA

AULA: ARISTÓTELES
Bases do pensamento
lógico e científico

Professor: Geovan Oliveira


Aristóteles
Nascido em Estagira, na Macedônia.

Aristóteles (384-322 a.C.) foi, ao lado de Platão, um dos mais


expressivos filósofos gregos da Antiguidade.

Há informações de que teria escrito mais de uma centena de


obras sobre os mais variados temas, das quais restam apenas
47, embora nem todas de autenticidade comprovada.
Desempenhou extraordinário papel na organização do saber
grego, acrescentando-lhe uma contribuição que impactou a
história do pensamento ocidental.
Filho de Nicômaco, médico do rei da Macedônia.

Provavelmente herdou do pai o interesse pelas ciências


naturais, que se revelaria posteriormente em sua obra.
Aos 18 anos foi para Atenas e ingressou na Academia de
Platão, onde permaneceu cerca de vinte anos, com uma
atuação crescentemente expressiva.
Com a morte de Platão, em 347 a.C., a destacada
competência de Aristóteles o qualificava para assumir a
direção da Academia.
Entretanto, seu nome foi preterido por ser considerado
estrangeiro pelos atenienses.
Decepcionado com o episódio, deixou a Academia
e partiu para a Ásia Menor.
 Por volta de 335 a.C., Aristóteles regressou a Atenas, fundando sua própria
escola filosófica, que passou a ser conhecida como Liceu, em homenagem
ao deus Apolo lício. nesse local permaneceu ensinando durante
aproximadamente 12 anos.
 Em 323 a.C., após a morte de Alexandre, os sentimentos antimacedônicos
ganharam grande intensidade em Atenas. Devido a sua notória ligação com
a corte macedônica, Aristóteles passou a ser perseguido. Foi então que
decidiu abandonar Atenas, dizendo querer evitar que os atenienses
“pecassem duas vezes contra a filosofia” (a primeira vez teria sido com
Sócrates).
 Apaixonado pela biologia, dedicou inúmeros estudos à observação da
natureza e à classificação dos seres vivos. tendo em vista a elaboração de
uma visão científica da realidade, desenvolveu a lógica para servir de
ferramenta do raciocínio.
Da sensação ao conceito
Ao abordar a realidade, o filósofo reconhecia a multiplicidade dos
seres percebidos pelos sentidos como elementos do real.
Assim, tudo o que vemos, pegamos, ouvimos e sentimos tinha
realidade para Aristóteles.
Por isso ele rejeitava a teoria das ideias de Platão, segundo a qual
os dados transmitidos pelos sentidos não passam de distorções,
sombras ou ilusões da verdadeira realidade existente no mundo
das ideias.
Para Aristóteles, a observação da realidade por nossos sentidos
leva-nos à constatação da existência real de inúmeros seres
individuais, concretos, mutáveis.
Método indutivo
 A partir da existência do ser individual, devemos atingir sua essência,
seguindo um processo de conhecimento que caminharia do individual e
específico para o universal e genérico.
 O filósofo entendia, portanto, que o ser individual, concreto, único constitui o
objeto da ciência, mas não é o seu propósito.
 A finalidade da ciência deve ser a compreensão do universal, visando
estabelecer definições essenciais que possam ser utilizadas de modo
generalizado.
 Desse modo, a indução (operação mental que vai do particular ao geral)
representa, para Aristóteles, o processo intelectual básico de aquisição de
conhecimento.
 É por meio do método indutivo que o ser humano pode atingir conclusões
científicas, conceituais, de âmbito universal.
Hilemorfismo teleológico
 Mais interessado na vida natural que seu mestre, Aristóteles formulou uma
teoria da realidade que ficou conhecida como hilemorfismo teleológico.
 Para explicá-la, é preciso relacionar conceitos de sua física com os de sua
metafísica.
 Se observarmos a natureza como fazia esse pensador, veremos que ela tem
ciclos constantes e regulares. As plantas e os animais nascem, crescem e
morrem.
 Cada organismo constitui um todo orgânico, ordenado e coeso.
 Apesar da diversidade e multiplicidade de entes, parece haver uma ordem
interna e externa a cada um deles que conduz à sucessão dos
acontecimentos.
 Portanto, ficava difícil para Aristóteles conceber que o inteligível estivesse
totalmente separado da realidade concreta, perceptível aos nossos sentidos,
pertencendo a outro mundo, como dizia Platão.
Matéria e forma
 Somente a análise ontológica permitiria identificá-los e separá-los, mas
essa separação seria apenas conceitual, pois, na realidade mesma, o
sensível e o inteligível andariam sempre juntos. Para o filósofo, “as
coisas são o que são em sua própria natureza”, ou seja, o ser
verdadeiro deve ser imanente.
 Seguindo essa linha de raciocínio, Aristóteles concebeu a noção de
que todas as coisas estariam constituídas de dois princípios
inseparáveis:
 • matéria (hylé, em grego) – o princípio indeterminado dos seres, mas
que é determinável pela forma;
 • forma (morphé, em grego) – o princípio determinado em si próprio,
mas que é determinante em relação à matéria.
 Assim, tudo o que existe é composto de matéria e forma, daí o nome
hilemorfismo para designar essa doutrina.
Potência e ato
Sem questionar o estatuto da mudança em si, procurou analisar a
realidade que muda (o ser imbricado no não ser), entendendo que
o movimento existe e que não se encontra fora das coisas.
Desse modo, observou que uma semente não é uma planta, assim
como um livro não é uma planta. Mas a semente pode tornar-se
uma árvore, enquanto o livro não pode. isso quer dizer que, em
todo ser, devemos distinguir:
• o ato – a manifestação atual do ser, aquilo que ele já é (por
exemplo: a semente é, em ato, uma semente);
• a potência – as possibilidades do ser (capacidade de ser), aquilo
que ainda não é mas que pode vir a ser (por exemplo: a semente
é, em potência, a árvore).
Substância e acidente
Aristóteles classifica esses casos, ou qualidades do ser, como
acidentes, ou seja, algo que ocorre no ser, mas que não faz parte
de seu ser essencial.
Isso significa que, para o filósofo, devemos distinguir em todos os
seres existentes o que neles é:
• substancial – atributo estrutural e essencial do ser; aquilo que
mais intimamente o ser é e sem o qual ele não é.
Assim, todo ser tem sua substância, de modo que devem existir
tantas substâncias quantos seres existam (pluralismo ontológico);
• acidental – atributo circunstancial e não essencial do ser; aquilo
que ocorre no ser, mas que não é necessário para definir a
natureza própria desse ser.
Quatro causas dos seres
 Observe agora que, quando falamos de uma semente que se transforma
em árvore e em um anel que se converte em corrente, estamos nos
referindo a duas classes distintas de seres.
 No primeiro caso, temos um ser natural, no qual a mudança (ou
movimento) ocorre por um princípio interno, intrínseco, conforme explicou
Aristóteles.
 No segundo caso, por sua vez, temos um ser artificial, cuja transformação
(ou movimento) se dá por um princípio externo, extrínseco.
 Em outras palavras, os seres naturais modificam-se, basicamente, de
acordo com sua própria natureza, enquanto os seres artificiais dependem
em boa medida de elementos externos para que isso ocorra.
 Há, portanto, princípios intrínsecos e extrínsecos que levam os seres ao
movimento, à passagem da potência ao ato. esses princípios são o que o
filósofo denominou causas.
Aristóteles distinguiu quatro tipos de
causas fundamentais:
 • causa material – refere-se à matéria de que é feita uma coisa.
exemplo: o mármore utilizado na confecção de uma estátua;
 • causa formal – refere-se à forma, à natureza específica, à
configuração de uma coisa, tornando-a “um ser propriamente
dito”. exemplo: uma estátua (em forma) de homem e não de
cavalo;
 • causa eficiente – refere-se ao agente, àquele que produz
diretamente a coisa, transformando a matéria tendo em vista uma
forma. exemplo: o escultor que fez a estátua (em forma) de homem;
 • causa final – refere-se ao objetivo, à intenção, à finalidade ou à
razão de ser de uma coisa. exemplo: a intenção de exaltar a figura
do soldado grego.
Mundo finalista
 E a causa final, será que ela se dá também nos seres naturais? Aristóteles entendia
que sim.
 Para ele, as vidas animal e vegetal, em seus processos biológicos de crescimento e
de reprodução, estariam expressando justamente a finalidade contida em sua
própria natureza.
 Nesse sentido, a causa final sobrepõe-se à causa formal nos seres naturais,
identificando-se mutuamente.
 Para Aristóteles, a causa final é a mais importante de todas, pois é ela que articula
todas as outras causas.
 Isso fica claro no exemplo da estátua do soldado ateniense, cuja finalidade (causa
final) era a de exaltar o soldado grego.
 O escultor (causa eficiente) necessita ter um objetivo para trabalhar, pois “todo
agente obra por um fim”.
 Com esse objetivo em mente, o escultor escolherá a pedra mais adequada (causa
material) e uma figura heroica de soldado (causa formal) para entalhar.
Primeiro motor
 Aristóteles também refletiu sobre a questão da origem do mundo.
 Para ele, o mundo é eterno, isto é, nunca teve um princípio e nunca terá um
fim, tendo em vista que as próprias noções de princípio e de fim contrariam
sua concepção de movimento.
 Vejamos por que ele pensava assim. Se o movimento é a passagem da
potência ao ato – em que varia a forma, mas se mantém a matéria (como
vimos anteriormente) –, isso implica que há sempre um algo antes (do qual
se parte) e um algo depois (ao qual se chega), como o anel que se
converteu em correntinha ou a semente em árvore.
 Portanto, é impossível conceber o “começar” do mundo sem entrar em
contradição, pois faltaria o ponto de partida do movimento (o algo antes que
possibilita o movimento).
 E é igualmente inconcebível o “terminar” do mundo, pois nesse caso faltaria
o ponto de chegada do movimento. Desse modo, Aristóteles concluiu que o
mundo é um movimento eterno, sem começo nem fim.
“Como pode algo imóvel gerar
movimento?
 Assim, ponderou Aristóteles, “tem de haver algo que seja eterno, substância e
ato, e que mova sem mover-se” (Metafísica, XII, 7, 1072a).
 É então que o filósofo formula a doutrina do primeiro motor ou motor imóvel, a
causa primeira de todo movimento.
 Observe que o primeiro motor só poderia ser imóvel, porque, do contrário,
precisaria de algum outro motor que causasse seu mover. Portanto, para ser o
primeiro, deve ser necessariamente imóvel, apesar de causador de todo
movimento existente no mundo.
 Aristóteles respondeu que é por atração, pois todas as coisas tendem àquilo
que é bom, belo ou inteligente, e o primeiro motor – entendido como ato puro
e perfeição – é tudo isso, ou seja, o primeiro motor funciona como causa final
do mundo.
 Vemos, assim, por que a concepção de mundo aristotélica é considerada
teleológica, pois há uma primazia da causa final.
 É, enfim, o para quê, a finalidade, o télos, aquilo que determina a passagem
da potência ao ato, comandando o movimento do real.
Ética do meio-termo

 Aristóteles define o ser humano como ser racional e considera a


atividade da razão, o ato de pensar, como a essência humana.
 Assim, para ser feliz, o ser humano deve viver de acordo com sua
essência, isto é, de acordo com sua racionalidade, sua consciência
reflexiva.
 Orientando seus atos, a razão o conduzirá à prática da virtude.
 Para Aristóteles, a virtude consiste no meio-termo ou justa medida de
equilíbrio entre o excesso e a falta de um atributo qualquer.
 Exemplos: a virtude da prudência é o meio-termo entre a
precipitação e a negligência; a virtude da coragem é o meio-termo
entre a covardia e a valentia insana; a perseverança é o meio-termo
entre a fraqueza de vontade e a vontade obsessiva.
 Por isso a ética aristotélica costuma ser referida como uma ética do
meio-termo.

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