Sapata c/ 1 momento
Para um pilar de 20 x 100 cm submetido a uma força de compressão característica de
160t e um momento fletor característico de 10 t.m, atuando em torno do eixo paralelo
ao menor lado do pilar (Figura 1.80), dimensionar a fundação em sapata isolada, sendo
conhecidos: concreto C25, aço CA-50 (fyd = 43,48 kN/cm2), σadm = 3kgf/cm²,
armadura longitudinal do pilar composta por barras de aço do pilar = 20 mm.
Passo 1: Determinar dimensões e área da sapata
Como o pilar é retangular, vamos optar por sapata retangular também.
σ=P/A
A nossa tensão admissível é σadm = 3,0 kgf/cm²
P é uma força, que no nosso caso é a carga do pilar, 160t ou 160.000,00kgf
Essa é a carga que a superestrutura está transferindo às fundações, ainda falta
adicionar o peso próprio da sapata e do solo sobre a mesma. Normalmente considera-
se 10% da carga total transferida pela superestrutura.
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Sendo assim: Pmaj = 1,1 x 160.000,00 = 176.000,00kgf
Agora é só substituir:
A = Pmaj / σ = 176.000 / 3,00 = 58.666,66cm²
Para cálculo das dimensões A e B da sapata, utilizaremos duas fórmulas.
Em que:
Sendo:
ap = maior dimensão do pilar
bp = menor dimensão do pilar
Ssap = área da sapata
Desta forma temos que:
B = 0,5 x (20-100) + raiz(0,25 x (20-100)² + 58.666,66)
B = 0,5 x -80 + raiz(0,25x6400 + 58.666,66)
B = -40 + raiz (1600 + 58.666,66)
B= 205,49 = 210cm
e...
A - 205,49 = 100-20
A = 80 + 205,49
A = 285,49 = 290cm
Área da Sapata = 210 x 290 = 60.900,00cm² > 58.666,66cm² ok!!
Passo 02: Cálculo da excentricidade devido ao momento.
Deve-se verificar se:
(1) carga aplicada dentro do núcleo de inércia: e< (A/6)
(2) no limite do núcleo central: e= (A/6)
(3) fora do núcleo central e> (A/6)
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(1) carga aplicada dentro do núcleo de inércia: e< (A/6)
(2) no limite do núcleo central: e= (A/6)
99
(3) fora do núcleo central e> (A/6)
100
Para cálculo da excentricidade, utilizamos a seguinte equação:
e= Mk / Pmaj
Em que:
e (cm)= excentricidade causada pelo momento
Mk (t.m)= momento fletor atuante
Pmaj (t)= carga centrada atuante na sapata
Desta forma:
e= 10 / 176 = 0,0568 = 5,68cm
Passo 03: Posição de atuação da carga
A / 6 = 290 / 6 = 48,33cm
5,68 < 48,33 desta forma, o ponto de aplicação da carga é dentro do núcleo central.
Passo 04: Cálculo da tensão máxima
Em que:
σmáx= tensão máxima aplicada ao solo
N = Pmaj
A= Maior dimensão da sapata
B= Menor dimensão da sapata
e= Excentricidade
Sendo assim
σmáx= (176.000,00 / (290 x 210)) x (1+((6 x 5,68)/290))
σmáx= 2,88 x 1,1175 = 3,21 kgf/cm²
σmáx>σadm (NÃO OK!)
Neste caso deve-se aumentar a seção da base da sapata. Fazendo o lado A = 300 cm
tem-se o lado B e a nova área da base da sapata:
B= A - ap + bp = 300 - 100 + 20 = 220cm
Asap = 66.000 cm²
101
A excentricidade não se altera desta forma:
σmáx= (176.000,00 / (300 x 220)) x (1+((6 x 5,68)/300))
σmáx= 2,97 kgf/cm²
σmáx>σadm (OK!)
Aqui devem ser feitas quantas iterações forem necessárias...
Podemos prosseguir.
Passo 05: Cálculo altura
Critério 01: A sapata deve atender a altura mínima para ser considerada rígida segundo
a NBR 6118, conforme a formulação abaixo.
Sendo:
h = altura da sapata
A = maior dimensão da sapata
ap = maior dimensão do pilar
Considerando que temos um pilar retangular de 100x20cm e sapata retangular de
310x230cm
h= (300 - 100) / 3 = 66,67cm = 70cm
ho= 70/3 = 23,33cm = 25cm
Passo 06: Tombamento / Deslizamento
Como não temos forças horizontais, não há possibilidade de deslizamento.
Já a verificação de tombamento deve satisfazer as seguintes equações:
Mest / Mtomb >= 1,5 (coeficiente de segurança)
Sendo:
Mest = Momento estabilizante, dado por Nmaj x (A/2)
Mtomb = Momento de tombamento (momento atuante na sapata)
Portanto:
(176 x (3,00/2)) / 10 = 26,4 >1,5 (OK!)
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Passo 07: Aplicação do método CEB-70
Utilizaremos o método CEB-70 para cálculo do momento fletor e dimensionamento das
armaduras.
Inicialmente vamos calcular a dimensão do balanço (c):
c= ca = cb = (A - ap) / 2 = (300 - 100) / 2
c= 100cm
Inclinação da superfície da sapata:
tgα = (h-ho)/c =(70-25)/100 = cotg(0,42) = 24,23º
Para verificar se é possível aplicarmos o método deve-se satisfazer a seguinte
equação:
,
Desta forma:
70/2 ≤ c ≤ 2 x 70
35cm ≤ c = 100cm ≤ 140cm
OK!
Para cálculo dos esforços atuantes na sapata (M e V) não é necessária a utilização do
fator 1,1 devido a carga do solo acima da sapata e peso próprio da sapata não
influenciarem nesses esforços solicitantes.
e = Md / Nd
Em que:
e= excentricidade causada pelo momento majorado
Md= momento fletor atuante majorado (1,4)
Nd= carga axial centrada majorada (1,4)
Desta forma:
e= 1,4 x 10 / 1,4 x 160 = 0,0625m = 6,25cm
σmáx= (1,4 x 160.000,00 / (300 x 220)) x (1+((6 x 6,25)/300))
σmáx= 3,39 x 1,125 = 3,81 kgf/cm²
σmín= (1,4 x 160.000,00 / (300 x 220)) x (1-((6 x 6,25)/300))
σmín= 3,39 x 0,875 = 2,97 kgf/cm² (exatamente como esperado, carga aplicada dentro
do núcleo central de inércia, tensões positivas)
De acordo com o método CEB-70 o momento fletor para cálculo das armaduras deve
ser calculado em uma seção denominada S1a conforme abaixo:
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Em que a distância xa é dada pela seguinte fórmula:
xa = c + (0,15 x ap)
Sendo assim:
xa = 100 + (0,15 x 100) = 115cm
Devemos agora calcular a tenção aplicada ao solo no exato ponto da seção S1a
p1a = 3,81 - (((3,81 -2,97) / 300) x 115) = 3,49 kgf/cm²
115cm
3,52
3,23 kgf/cm²
kgf/cm²
Deve-se calcular agora as resultantes P1 e P2:
P1 = 3,49 x 115 = 401,35 kgf
P2 = ((3,81- 3,49) x 115) / 2 = 18,4 kgf
104
Mda = (401,35 x 57,5 + 18,4 x 76,67) x 220 = 5.387.438 kgf.cm = 5.387,44 t.cm
Para cálculo do momento em Mdb deve-se considerar a tensão média entre 3,81
kgf/cm² e 2,97 kgf/cm² conforme a figura abaixo:
2,97 kgf/cm²
2,97 kgf/cm² 3,39 kgf/cm²
3,81
2,97 kgf/cm²
kgf/cm²
p1
a=
3,4
9k
gf/
cm
² 3,81 kgf/cm²
pméd = (3,81 + 2,97) / 2 = 3,39 kgf/cm²
xb= cb + 0,15 x bp = 100 + 0,15 x 20
xb = 103cm
Mb = 3,39 x ((103^2)/2) x 300 = 5.394.677 kgf.cm = 5.394,68 t.cm
As= Md / (0,85 x d x fyd)
As,b= 5.394.677 / (0,85 x 65 x 5000/1,15) = 22,46 cm²
Tranformando em cm²/m
(22,46 / 300) x 100 = 7,49 cm² /m = ϕ 12,5 mm c/ 15cm
As,a= 5.387.438 / (0,85 x 65 x 5000/1,15) = 22,43 cm²
Tranformando em cm²/m
(22,43 / 220) x 100 = 10,20 cm² /m = ϕ 12,5 mm c/ 12cm
Passo 08: Verificação da diagonal comprimida
Como a sapata é rígida, não ocorre a ruptura por punção, por isso basta verificar a
tensão na diagonal de compressão, na superfície crítica C.
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Superfície Crítica C = u0 = perímetro do pilar
u0= 20+100+20+100 = 240cm
A verificação da diagonal comprimida deve satisfazer a seguinte equação:
Onde o esforço cisalhante solicitante deve ser menor do que o esforço cisalhante
resistente.
O esforço cisalhante resistente é dado pela fórmula:
Onde:
Desta forma:
fcd= fck/1,4
fck em (kN/cm²) de MPa p/ kN/cm² divide por 10
trd2 = 0,27 x (1 - (25/250)) x (2,5/1,4)
trd2 = 0,434 kN/cm² = 44 kgf/cm²
E o esforço cisalhante solicitante é dado pela fórmula:
Em que:
Fsd = esforço solicitante majorado = 1,4 x 160.000 = 224.000 kgf
u0 = perímetro do pilar = 240cm
d= altura útil da sapata
Desta forma:
tsd = 224.000 / (240 x 65) = 14,36 kgf/cm²
Desta forma percebemos que o esforço cisalhante solicitante é menor do que o esforço
cisalhante resistente. Caso não ok, aumentar a altura da sapata ou fck.
Detalhamento da sapata conforme outros exercícios
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Faça você mesmo
Para um pilar de 30 x 120 cm submetido a uma força de compressão característica de
160t e um momento fletor característico de 20 t.m, atuando em torno do eixo paralelo
ao menor lado do pilar (Figura 1.80), dimensionar a fundação em sapata isolada, sendo
conhecidos: concreto C25, aço CA-50 (fyd = 43,48 kN/cm2), σadm = 2kgf/cm²,
armadura longitudinal do pilar composta por barras de aço do pilar = 22 mm.
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