Consumo Consciente de Materiais e Gestão de Resíduos
Consumo Consciente de Materiais e Gestão de Resíduos
Consumo Consciente de Materiais e Gestão de Resíduos
Biodata do autor
Dayse Vilas Boas, Analista de gestão e políticas públicas em desenvolvimento, pedagoga e
mestre em Educação Ambiental.
Apresentação do curso
Seja muitíssimo bem-vindo ao curso de Consumo consciente de materiais e Gestão de
Resíduos!
Neste curso você terá contato com os principais conceitos-base e legislações sobre o
tema, também terá a oportunidade de refletir como colocar isso em prática na sua vida
pessoal e exemplos de como fazer a utilização dos materiais de consumo e o
gerenciamento dos resíduos sólidos.
Desejamos a você um bom curso e que se interesse também pelos outros cursos da nossa
Trilha, entendendo que sempre há mais para aprender e aprofundar!
Justificativa do curso
Quando do início do planejamento, a proposta inicial era elaborar um curso que tratasse de
resíduos sólidos. Porém, durante a discussão da ementa na Diretoria de Educação
Ambiental e Relações Institucionais, logo percebeu-se que não seria possível dissociar o
tema resíduos sólidos do tema consumo, entendendo que um resulta no outro. Por isso
apresentamos aqui o resultado de um exercício de síntese dessa temática para que você
possa, posteriormente, buscar o aprofundamento que julgar necessário para complementar
seus conhecimentos.
Como educadores ambientais, queremos dar a oportunidade para que você reflita sobre qual
é o seu papel no mundo e avaliar seus comportamentos e atitudes para diminuir os seus
impactos negativos no meio ambiente. Afinal, entendemos que somos todos parte de um
todo e que cada ação importa, tanto na vida pessoal como na vida profissional.
Objetivos do curso
Ao final deste curso, esperamos que você seja capaz de:
● Saber quais são as habilidades necessárias para gerar economicidade com o uso
consciente dos materiais disponíveis minimizando a geração de resíduos;
● Optar por ter atitudes ambientalmente adequadas visando o consumo consciente dos
materiais e o reaproveitamento, quando possível, e a gestão de resíduos.
Agenda 2030
Visto que é preciso refletir e mudar os padrões de consumo, formulamos esse curso para
interessados na temática a aprofundarem seus conhecimentos e reflexões a respeito dos
temas Consumo de Materiais e Gestão de Resíduos.
1. Consumo x Consumismo
Todos nós, seres humanos, consumimos. Em maior ou menor escala, todos nós somos
consumidores. Consumimos ar, água, alimentos e diversos outros recursos naturais do
Planeta. O consumo está relacionado às necessidades básicas para sobrevivência, coisas
indispensáveis à vida e ao bem-estar. Porém, quando se consome além do necessário,
passamos a praticar o consumismo.
Quando nos referimos ao consumo consciente estamos buscando refletir sobre nossas
necessidades e avaliar os nossos impulsos, de maneira a evitar o consumismo e a nos
esforçarmos para consumir apenas o imprescindível, ou algo próximo a isto.
O consumo em suas várias localidades, desde o consumo de alimentos em uma residência
ou restaurante, comércios e postos de saúde que irão gerar outros resíduos devido a
operação destes empreendimentos, bem como indústrias que, na confecção de produtos
também geram resíduos no processo, resíduos gerados em obras da construção civil, enfim,
todas as atividades produtivas geram resíduos. Logo, todos estes resíduos devem ser
tratados adequadamente, sendo que o melhor tratamento para qualquer resíduo será
sempre a sua não geração.
2. Conceitos-base
Os recursos naturais são os elementos da natureza que são úteis ao ser humano para
cultivo, para a vida em sociedade, no processo de desenvolvimento da civilização, ou para
sobrevivência e conforto da sociedade em geral.
Os recursos naturais são divididos em dois tipos, os renováveis, como a energia solar e a
do vento, a água, o solo e as florestas, que são elementos da natureza que se renovam
naturalmente. Os recursos naturais não renováveis, por sua vez, estão disponíveis em uma
quantidade limitada no Planeta, como o petróleo, por exemplo.
Fonte: http://anossageografia.blogspot.com/
Atualmente no Brasil é usada madeira de reflorestamento de eucalipto para a produção do
papel. A madeira é enviada para a indústria, é feita a extração da celulose que é usada para
a produção de papel utilizada na sociedade moderna em diversos tipos de processos e
materiais, para uso no escritório, revistas etc.
Se o papel usado não é descartado corretamente, não pode ser reaproveitado ou reciclado
para retornar ao processo produtivo.
Se o papel usado não é descartado corretamente, não pode ser aproveitado no processo
produtivo e se decompõe.
Fonte: http://anossageografia.blogspot.com/
Fonte: ecycle.com.br
Na separação dos diferentes tipos, são altos os custos que essa etapa do processo gera.
Frequentemente é necessário um processo de descontaminação do material com o uso de
produtos químicos e na maioria dos casos o novo produto após a reciclagem tem qualidade
inferior, como por exemplo lixeiras e sacos de lixo. Um dos principais critérios que limitam a
reciclagem é o custo financeiro do processo. Caso o custo da reciclagem seja maior do que
o custo necessário ao se utilizar matérias primas, tal fator dificulta a reciclagem deste
material, sendo o vidro um exemplo.
Por outro lado, resíduos de alumínio, ou resíduos metálicos, possuem um alto valor na
revenda por organizações de catadores de materiais recicláveis, pois a extração de bauxita,
ou de outros minérios necessários para a indústria, tem um custo mais alto do que a
reciclagem destes materiais, tornando o processo de reciclagem lucrativo para a indústria.
Por isso, muitos plásticos têm potencial reciclável, mas não tem mercado de reciclagem, isso
porque os processos necessários para a reciclagem são mais dispendiosos ou complexos
do que o processo de fabricação a partir da matéria prima bruta, o que torna desinteressante
a reciclagem.
É preciso ter um olhar mais amplo sobre toda essa problemática atual e refletir sobre os
nossos hábitos de consumo e também nossa forma de descartar esses produtos, pois as
duas pautas estão intimamente ligadas como continuaremos a abordar no módulo a seguir.
Assim, a seguir trazemos mais algumas questões necessárias para aprofundar as reflexões:
É difícil definir a origem exata da teoria dos 3R’s, uma das versões afirma que foi
apresentada durante a Cúpula do G8 em junho de 2004, pelo primeiro-ministro do Japão,
Junichiro Koizumi. Pouco depois, em abril de 2005, foi realizada uma assembleia de
ministros em que foi discutido com os Estados Unidos, a Alemanha, a França e vinte outros
países como as ações relacionadas aos Três R’s poderiam ser implementadas
internacionalmente (Wikipedia, 2020).
Os 3 R’s são: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Com o passar do tempo outros R’s foram sendo
adicionados, chegando a 8, e são assim apresentados:
Refletir sobre os hábitos de consumo, que é atualmente considerado o primeiro passo para
o consumo sustentável, mostrando a necessidade de avaliar os valores e princípios que
guiam o consumo, pois qualquer ato de consumo causa impacto no planeta;
Repassar, compartilhar, doar, trocar entendendo que o que não é mais útil para mim pode
ser útil para outra pessoa.
b. Economia Circular
Na economia circular a busca por uma vida sustentável se espelha na natureza, que funciona
de forma cíclica, harmoniosa e sistêmica onde tudo é reaproveitado em um fluxo contínuo e
circular. Assim a compostagem de resíduos orgânicos, por exemplo, faz retornar ao
ambiente o que para nós não é mais útil, mas se torna alimento e nutriente para outros seres
vivos.
Trazendo esse conceito para o mundo industrializado no qual vivemos, o objetivo é promover
a reutilização, recuperação ou reciclagem, colocando em prática no seu dia a dia e buscar
rever, por exemplo, o design de produtos e embalagens, buscando sempre produtos que
causem menos impacto ambiental ou possam ser reinseridos na cadeia produtiva
novamente.
Uma coisa é certa, é preciso repensar os modelos de produção que temos vivido e buscar
melhores soluções. Como consumidor, você pode contribuir escolhendo melhor as
empresas das quais vai consumir.
c. Economia Colaborativa
Outro conceito que tem ganhado espaço é o da economia colaborativa, que se baseia no
uso e não na posse de produtos ou serviços. Por exemplo, ao invés de comprar uma
furadeira, sendo que provavelmente você irá precisar usá-la em raros momentos, como
alternativa para compra surgiram aplicativos e sites de economia colaborativa onde é
possível alugar equipamentos e até trocar serviços, ao invés de adquiri-los.
Um exemplo que foi amplamente difundido aqui no Brasil foi o de aluguel de bicicletas. Após
o cadastro e pagamento, por um período específico, é possível retirar uma bicicleta em um
ponto da cidade e entregá-la em outro ponto. Assim, a “posse” do item é somente enquanto
houver necessidade de utilizá-lo. Depois esse mesmo item fica disponível para que outras
pessoas o usem. Outro exemplo é o de lavanderias compartilhadas que tem sido muito
comum em grandes condomínios de studios ou flats, onde não há espaço individual para
uma área de serviço.
Além de não ter que se preocupar com a manutenção dos itens ou espaços, ou a guarda a
longo prazo, que demanda um local em casa para isso, a adesão a esse estilo de vida resulta
em economia financeira em relação ao que se gastaria se você fosse comprar produtos por
meios tradicionais. E sem dúvida os ganhos ambientais são enormes.
Muitos adeptos a esse novo paradigma de economia também trocam serviços, como aulas,
nas plataformas ou aplicativos em que é possível se cadastrar oferecendo o que se sabe
fazer e buscar o que se precisa, trocando seus serviços por outros serviços, ao invés de
pagar por eles.
Que tal incluir a economia colaborativa no seu dia a dia ou na sua organização?
4. Como praticar?
● Para que tudo o que foi explanado aqui faça sentido, é preciso colocar em prática na
nossa vida pessoal, afinal, a busca pela solução e redução dos impactos ambientais
não é papel somente das instituições públicas e privadas, mas de todos nós,
repensando e agindo de forma consciente e responsável em nossa rotina diárias. Então
vamos de dicas? Procure avaliar esse compilado e o que pode ser aplicado ou adaptado
à sua vida:
● Ao fazer compras leve sua sacola retornável e evite o uso de sacolas plásticas ou de
papel;
● Avalie o excesso de embalagens nos produtos como um critério de compra e de
preferência a embalagens de papel, papelão ou reutilizáveis e evite comprar produtos
que sejam acondicionados em bandejas de isopor;
● Evite o uso de utensílios descartáveis como copos, pratos e talheres, garrafas de água
mineral e de outras bebidas;
● Reduza o consumo de papel, imprimindo somente o necessário, em frente e verso,
substitua suas contas e faturas impressas pelas versões via e-mail, dispense
comprovantes de cartão de débito ou crédito quando for possível acompanhar as
finanças pelo app ou comprovantes digitais;
● Separe suas lâmpadas fluorescentes, pilhas e baterias, medicamentos vencidos e
outros resíduos que podem ser depositados em coletores específicos localizados em
supermercados, farmácias e outros comércios que façam o encaminhamento adequado
destes materiais;
● Separe o óleo usado em frituras para que tenha destinação correta, nunca o despeje na
rede de esgoto;
● Encaminhe os seus resíduos eletroeletrônicos (computadores, calculadoras, câmeras,
televisores, vídeo cassete, CDs, DVDs, celulares, tablets etc.) para empresas
especializadas ou iniciativas sociais que reutilizem, reaproveitem ou reciclem estes
materiais;
● Feche a torneira ao lavar o rosto, escovar os dentes e fazer a barba.
● Tome banhos mais curtos e feche o chuveiro quando for se ensaboar;
● Feche a torneira quando for ensaboar copos, pratos e outros utensílios domésticos.
● Caso seja possível, armazene as águas de chuva e as utilize para descargas de bacias
sanitárias, limpeza de pisos e rega de plantas.
● Aproveite o guardanapo usado para retirar os restos dos alimentos de pratos, panelas
e talheres antes de lavá-lo;
● Regule o nível de água na máquina de lavar roupas de acordo com a quantidade de
roupa;
● Aproveite a água da lavagem de roupas (tanque e máquina) para descarga da bacia
sanitária ou limpeza de pisos;
● Conserte vazamentos em encanamentos e registros, torneiras pingando e válvulas de
descarga com defeito;
● Não gaste água lavando calçadas ou automóveis. Utilize somente vassoura, esponja e
balde.
● Não utilize automóvel para percorrer pequenas distâncias, ao invés disso faça uma
caminhada ou vá de bicicleta.
● Ao ir para o trabalho ou faculdade sozinho em seu veículo, considere oferecer caronas
e faça rodízios, se possível, quanto menos automóveis nas ruas, melhor para o meio
ambiente e para o bolso.
● Separe seus resíduos recicláveis, orgânicos e rejeitos. Busque se informar se seu
município oferece o serviço de coleta seletiva ou se existem organizações de
catadores de materiais recicláveis, destinando assim adequadamente estes resíduos
para uma destinação e tratamento adequados.
● Faça compostagem em sua casa, compre ou crie uma composteira doméstica e trate
você mesmo seus resíduos orgânicos e tenha sempre adubo gratuito para suas
plantas.
● Busque sempre aprender sobre a relação das pessoas com o meio ambiente e de que
forma nossas ações e atitudes impactam o nosso entorno e podem ser mudadas
visando a um impacto menor na natureza.
● Evite ao máximo o desperdício de alimentos.
● Regue somente a base das plantas e em horários com menos sol, pois a água
evapora com o calor do sol;
● Somente abra a geladeira para retirar o que for consumir e verifique periodicamente o
estado da borracha de vedação da porta
● Somente acenda lâmpadas quando a iluminação natural não for suficiente;
● Avalie a troca de suas lâmpadas incandescentes por fluorescentes ou LED;
● Desconecte carregadores e eletrodomésticos da tomada caso não for usá-los e
desligue o computador e o monitor se não for usá-los como, por exemplo, na hora do
almoço;
● Mantenha janelas fechadas caso o ar-condicionado esteja ligado;
Enfim, são diversas ações simples do dia a dia que fazem a diferença, e aí? O que você
pode colocar em prática para minimizar os seus impactos ambientais?
5. Atividade avaliativa
Para refletir sobre isso, que tal responder as perguntas abaixo com V para as afirmações
verdadeiras e F para as falsas?
( ) Podemos considerar que uma pessoa que tem os bens necessários à sua sobrevivência
bem sucedida.
Agora que você já conhece os 8 R’s – “Refletir, Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Respeitar,
Reparar, Responsabilizar-se, e Repassar” – que tal elaborar um vídeo de 1 minuto falando
sobre a importância de colocá-los em prática? Você pode também escolher um R para
destacar e dar exemplos práticos do seu dia a dia. Mãos à massa! Depois compartilhe o seu
vídeo nas suas redes sociais e incentive outras pessoas a conhecerem os 8 R’s e a praticá-
los!
Saiba mais
“Em 2014, 54% da população mundial vivia em áreas urbanas, com projeção de
crescimento para 66% em 2050. Em 2030, são estimadas 41 megalópoles com mais
de 10 milhões de habitantes. Considerando que a pobreza extrema muitas vezes se
concentra nestes espaços urbanos, as desigualdades sociais acabam sendo mais
acentuadas e a violência se torna uma consequência das discrepâncias no acesso
pleno à cidade. Transformar significativamente a construção e a gestão dos espaços
urbanos é essencial para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado. Temas
intrinsecamente relacionados à urbanização, como mobilidade, gestão de resíduos
sólidos e saneamento, estão incluídos nas metas do ODS 11, bem como o
planejamento e aumento de resiliência dos assentamentos humanos, levando em
conta as necessidades diferenciadas das áreas rurais, periurbanas e urbanas. O
objetivo 11 está alinhado à Nova Agenda Urbana, acordada em outubro de 2016,
durante a III Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento
Urbano Sustentável.” (Agenda 2030).
Tendo isso em vista, desenvolvemos esse material como forma de trazer reflexões a respeito
da gestão de resíduos.
Você já se perguntou para onde vão nossos sacos de lixo depois que saem de nossas casas
e local de trabalho? Todos os moradores das cidades e empreendimentos localizados em
áreas urbanas pagam ou deveriam pagar uma taxa ou tarifa referente à prestação do serviço
de coleta, tratamento e destinação dos resíduos, você já reparou na sua conta de água ou
no seu boleto do IPTU?
Agora você já percebeu que muitas coisas que descartamos são embalagens ou restos de
alimentos que poderiam ser evitados se planejássemos melhor as nossas compras e
refeições e que, consequentemente, representam um custo a mais para os nossos bolsos?
Neste módulo, trataremos de uma questão muito importante nos dias de hoje: a geração, a
coleta, o tratamento, a destinação dos resíduos e a disposição final dos rejeitos. Tudo isso
impacta não só o nosso dia a dia, mas também a vida dos centros urbanos e a qualidade
ambiental das nossas cidades e populações.
Falar de resíduos sólidos é tratar de uma área complexa e com vários fatores envolvidos
como:
aumento populacional e o consequente aumento da geração de resíduos;
Apesar de serem considerados resíduos pelos seus geradores, isso não quer dizer,
necessariamente, que são inservíveis ou que não têm valor.
Os resíduos podem ser classificados de acordo com sua origem ou periculosidade (conforme
consta no Artigo 13° da Política Nacional de Resíduos Sólidos):
- Agrícolas são aqueles gerados pelas atividades como cultivos, criações de animais,
beneficiamento, processamento etc.;
A Política Estadual de Resíduos Sólidos foi instituída pela Lei do Estado de Minas Gerais n.
18.031, de 12 de janeiro de 2009, que “Dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos
Sólidos” e regulamentada pelo Decreto n 45.181, de 25 de setembro de 2009. Assim foram
estabelecidas as normas e diretrizes em consonância com as políticas estaduais de meio
ambiente, educação ambiental, recursos hídricos, saneamento básico, saúde,
desenvolvimento econômico, desenvolvimento urbano e promoção da inclusão social.
Inclusive na Lei Estadual nº 16.689/2007, em seu Art. 4º, ficou estabelecido que “os órgãos
e entidades da Administração Pública direta e indireta do Estado instituirão coleta seletiva
de lixo” e doarão os materiais recicláveis para associações e cooperativas de catadores,
reconhecendo a importância desses atores para o gerenciamento dos resíduos sólidos,
como destacaremos em um tópico específico.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi instituída pela Lei Federal nº 12.305, de 2 de
agosto de 2010. Ela indica os princípios, objetivos e instrumentos, além das diretrizes para
a gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos. Dessa forma, todos os
municípios brasileiros ficam obrigados a destinarem corretamente seus resíduos sólidos
urbanos.
d. Logística reversa
Tanto na gestão como no gerenciamento de resíduos sólidos nas organizações, deve ser
observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem,
tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
Para a sociedade a logística reversa traz benefícios como o de destinação correta e co-
responsabilização das empresas pelos resíduos gerados, para o meio ambiente a
diminuição da pressão por matéria-prima e da poluição, pois muitos resíduos acabariam indo
parar em aterros e lixões, e para as empresas fabricantes traz não apenas a certificação de
sustentabilidade ambiental, o marketing verde e também ganhos econômicos, uma vez que
assim pode retornar ao seu processo de produção resíduos passíveis de reutilização,
reciclagem ou reaproveitamento. Portanto, as políticas públicas e empresariais de logística
reversa são indispensáveis para os tempos atuais.
Fonte: IMASUL, 2020.
No Brasil, um produto que já tem uma logística reversa bem consolidada é a de resíduos e
embalagens de agrotóxicos. A Lei nº 9.974, de 6 de junho de 2000, alterou a Lei nº 7.802,
de 11 de julho de 1989, que já trazia as orientações sobre esse tipo de material, e o Decreto
nº 4074, de 4 de janeiro de 2002 a regulamenta.
A logística reversa é uma grande aliada da Economia Circular, de que tratamos no módulo
anterior, já que ao retornar o resíduo para o ciclo produtivo o material deixa de ser resíduo
e se torna matéria-prima para novos produtos. O nosso papel, como consumidores, é
sempre fazer a devolução dos produtos em postos específicos, que são determinados pelos
comerciantes ou distribuidores, para que os resíduos sejam encaminhados para os
fabricantes para garantir a disposição adequada e sustentável.
Em conjunto esses fatores tornam essa atividade muitas vezes desinteressante para os
catadores que migram para outras áreas do mercado de trabalho, enfraquecendo assim a
organização das associações e cooperativas de catadores. Portanto, a reciclagem somente
se viabiliza economicamente quando o Estado se incube, direta ou indiretamente, da pré-
seleção do lixo encaminhando às associações e cooperativas um material de mais qualidade
e quando incentiva financeiramente os atores, como em Minas Gerais é feito pela Bolsa
Reciclagem, regulamentada pela Lei Estadual 19.823/2011.
Que é o pagamento pelo serviço ambiental prestado, um incentivo financeiro trimestral para
as cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis para estimular a
segregação, o enfardamento e a comercialização de materiais como papel, papelão e
cartonados; plásticos; metais; vidros; e outros resíduos.
Alguns estudos apontam também que os orgânicos coletados misturados com recicláveis,
além de prejudicarem a qualidade do reciclável a ser vendido, também podem ser
contaminados por alguns tipos de metais pesados, presentes, por exemplo, nas tintas de
alguns recicláveis. Daí a importância da segregação na origem, dentro das casas ou
restaurantes.
Esse formato está de acordo com os preceitos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei
12.305/2010) que preconiza que apenas rejeitos devem ser dispostos em aterros. A referida
lei define rejeitos como aqueles resíduos que sobram, após esgotadas as possibilidades
viáveis de aproveitamento, incluindo a reciclagem dos recicláveis e dos orgânicos.
Entretanto, mesmo após tantos anos de regulamentação, a grande maioria dos municípios
ainda não adotou esse formato de coleta seletiva, seja por não priorizarem, ou simplesmente
por não conseguirem de fato viabilizar econômica e tecnicamente rotas alternativas de
tratamento para os orgânicos.
Para evitar todos esses impactos negativos e consequências à saúde humana, os resíduos
e rejeitos devem ser destinados e dispostos corretamente para que não atinjam
negativamente o meio ambiente e, por consequência, a humanidade.
Ainda é grande o número de aterros controlados no Brasil, que se diferenciam dos lixões a
céu aberto porque os rejeitos ali dispostos são cobertos com uma camada de terra e
compactados.
Por fim, no aterro sanitário, o gás metano, resultante da decomposição dos materiais, é
coletado e queimado, com o tratamento dos poluentes antes de ser lançado à atmosfera.
Em algumas soluções mais modernas esse gás é coletado e explorado como fonte de
combustível.
Sabemos que a realidade de muitos municípios é não dispor de toda a tecnologia e recursos
necessários para gerenciar os seus resíduos. Em Minas Gerais muitos municípios têm se
organizado na forma de consórcios para viabilizar a logística demandada e unir esforços
financeiros em busca de uma melhor qualidade de vida para os seus contribuintes.
Ainda há um longo caminho para se percorrer, isso é fato, mas, o que não é possível é ficar
parados.
4. Como praticar?
Como abordamos na unidade anterior, cada consumidor é responsável pelos resíduos que
gera e deve buscar as soluções adequadas para fazer esse gerenciamento da forma que
mais correta ambientalmente falando. A seguir, apresentamos algumas formas, e indicamos
que você busque conhecer a realidade e as soluções possíveis no seu município, uma vez
que reconhecemos que Minas são muitas.
Se não há coleta seletiva no seu bairro, busque se informar sobre o LEV ou PEV mais
próximo que normalmente adotam o formato tradicional de segregação: plástico – metal –
vidro – papel/papelão. De qualquer forma, separe adequadamente na sua casa os materiais
recicláveis dos resíduos orgânicos, para que não haja contaminação, se possível passando
uma água para enxágue de restos de alimentos, de forma que elimine o mau cheiro e não
atraia vetores. Acondicione em um espaço ao abrigo da luz e chuva. Recomendamos
especial atenção ao papel e ao papelão, pelos motivos já explicitados aqui, de forma que
garanta a sua qualidade e o seu valor comercial seja mantido.
Caso não haja essa iniciativa no seu município, procure conhecer os catadores e catadoras
de materiais recicláveis que estão mais próximos. Pode ser que alguns que são
independentes passem semanalmente na sua porta, você pode entregar os seus recicláveis
para eles. Se houver alguma associação ou cooperativa na sua região, fortaleça o trabalho
deles entregando os seus recicláveis pessoalmente na sede, para serem triados,
beneficiados e encaminhados para a indústria da reciclagem.
A compostagem doméstica ou minhocário é uma solução que pode ser pensada para
domicílios individuais como também para grandes geradores.
Saiba mais
SOU RESÍDUO ZERO. Qual a diferença entre gestão e gerenciamento de resíduos sólidos?
Disponível em: <https://souresiduozero.com.br/2020/07/qual-a-diferenca-entre-gestao-e-
gerenciamento-de-residuos-solidos/>. Acesso em: 29 jan. 2021.
Conclusão
O objetivo geral deste curso foi dar um panorama sobre a relação do consumo com a
geração de resíduos sólidos. Abordamos as principais legislações que regulamentam a
questão dos resíduos sólidos e apontamos alguns caminhos que você, como consumidor,
pode buscar para fazer opções de consumo mais sustentáveis como também destinar
corretamente os seus resíduos, de acordo com a realidade apresentada no seu município.
Para isso, não deixe que esse curso seja apenas uma teoria na sua vida, mais um certificado
adquirido. Pelo contrário, coloque em prática o que foi sugerido aqui, busque mais
informações e conhecimentos sobre as temáticas, indique esse material para outras pessoas
e fortaleça as redes que buscam soluções para essa questão aí onde você está, uma das
iniciativas, por exemplo, é conhecer, apoiar e fortalecer o trabalho dos catadores de
materiais recicláveis da sua região, como importantes atores dessa rede.
Por fim, cabe destacar que não é suficiente apenas buscar soluções pontuais ou individuais,
nosso papel, como cidadãos, é apoiar a construção de políticas públicas consolidadas e
viáveis a longo prazo e contribuir para a sua execução, sempre cobrando dos nossos
representantes nas esferas de governo a atenção necessária para a questão, uma vez que
influencia diretamente na nossa qualidade de vida.
Estamos juntos pela busca de um meio ambiente mais saudável!
Um abraço,