Itaú Cultural Dados Economia Criativa
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No primeiro trimestre de 2023, a economia criativa registrou um aumento de 2% (equivalente a 123 mil postos de trabalho) em seu nível de emprego em
comparação com o primeiro trimestre de 2022, o que indica relativa estabilidade após um período de leves oscilações trimestrais e apesar da recente queda no
nível total em relação ao último trimestre de 2022. É importante destacar que os trabalhadores especializados dos agrupamentos de cultura e tecnologia foram os
que apresentaram maior aumento no número de empregos durante esse último período. Houve um aumento de 8% (59.494) nos postos de trabalho para os
especializados da Cultura e um aumento de 17% (106.898) para os especializados da Tecnologia. Por outro lado, as maiores reduções no número de postos de
trabalho foram observadas entre os trabalhadores especializados do Consumo, com uma queda de 48% (-49.685), seguidos pelos trabalhadores incorporados,
com uma queda de 1% (20.264).[1]
A taxa de variação no emprego da economia criativa mostrou-se próxima à do total da economia brasileira. No primeiro trimestre de 2023, o emprego total na
economia brasileira apresentou crescimento de 3% (equivalente a 2,5 milhões de postos de trabalho) em comparação ao primeiro trimestre de 2022,
apresentando também pequenas oscilações entre os trimestres observados. Em relação ao último trimestre de 2022, houve uma variação negativa, com uma
queda de 2% (equivalente a 1,5 milhões de empregos) no total de postos de trabalho da economia brasileira.
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09/11/2023 15:10 Itaú Cultural
No período compreendido entre o primeiro trimestre de 2022 e o primeiro trimestre de 2023, os trabalhadores especializados do agrupamento Consumo e os
trabalhadores incorporados apresentaram queda no nível de emprego, com variações negativas de 49.685 (-5%) e 20.782 (-1%). Por outro lado, os trabalhadores
especializados da Tecnologia e da Cultura e os trabalhadores de apoio apresentaram aumentos em seus níveis de emprego, com incrementos de 17% (106.898),
8% (59.494) e 1% (26.782), respectivamente. Considerando o período entre o quarto trimestre de 2022 e o primeiro trimestre de 2023, a variação foi de 45.685 (6%)
para os especializados da cultura e 21.835 (3%) para os especializados da Tecnologia. Essas médias superiores às da economia brasileira e da economia criativa
indicam um desempenho positivo desses segmentos específicos no mercado de trabalho durante esse período. Em contraste, os demais trabalhadores
apresentaram quedas no número de postos de trabalho: trabalhadores incorporados, -153.709 (-8%); trabalhadores de apoio, -129.276 (-5%); e trabalhadores
especializados de Consumo, -73.950 (-5%). No caso dos trabalhadores incorporados e de apoio, conforme será abordado na próxima seção deste boletim, a queda
foi mais significativa para os trabalhadores informais, evidenciando a vulnerabilidade dessa modalidade de emprego. Já a redução no número de trabalhadores
especializados no setor de Consumo deveu-se principalmente a uma diminuição de 38.720 (-7%) nos profissionais do ramo da Publicidade.
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No conjunto dos trabalhadores criativos, as categorias ocupacionais que mais apresentaram crescimento entre o primeiro trimestre de 2022 e o primeiro trimestre
de 2023 foram Desenvolvimento de software e jogos digitais (75.340 ou 14%), Design (37.997 ou 16%), Demais serviços de TI (27.092 ou 4%) e Música (20.966 ou
14%). As que apresentaram maior queda no mesmo período foram Moda (43.692 ou -7%), Artes visuais (13.605 ou -7%) e Museus (11.461 ou -25%). A análise do
período mais longo mostra que há ainda consequências da pandemia e do contexto econômico mais geral afetando determinados setores. De maneira positiva,
os mais ligados à Tecnologia mantêm certo destaque, enquanto aqueles mais ligados ao público, tendem a sofrer oscilações. Chama atenção, entretanto, o setor
de Música, que apresenta recuperação clara e que pode estar ligada principalmente à retomada dos festivais. A volta dos eventos musicais proporciona uma
maior demanda por artistas, bandas e profissionais do setor, impulsionando assim a atividade econômica relacionada à música.
Por outro lado, contrariando essa tendência de longo prazo, é importante destacar o que parece ser uma nova dinâmica de curto prazo. Ao analisarmos as
variações dos trabalhadores criativos no período entre o quarto trimestre de 2022 e o primeiro trimestre de 2023, já observamos um indício de um movimento
diferente. Em primeiro lugar, houve uma queda no número de empregos relacionados à Tecnologia. No caso dos serviços de TI em geral, essa queda vem
ocorrendo desde o segundo trimestre de 2022 e teve uma variação de -48.276 (-6%) entre o quarto trimestre de 2022 e o primeiro trimestre de 2023. No mesmo
sentido, chama mais atenção duas categorias que vinham apresentando crescimento constante desde o primeiro trimestre de 2022, Desenvolvimento de
software e jogos digitais e Publicidade, registraram sua primeira queda no nível de ocupação entre o quarto trimestre de 2022 e o primeiro trimestre de 2023,
-3.409 (-1%) e -48.496 (-6%). Esse fenômeno parece estar relacionado aos layoffs e demissões em massa que estão ocorrendo nas grandes empresas de
tecnologia, também conhecidas como bigtechs. Essas demissões em massa estão ocorrendo desde meados de 2022 e têm impactos significativos no setor de
tecnologia da informação e redes sociais. Dentre os motivos para os layoffs destacados pela literatura sobre o tema destacam-se: (i) recomposição do nível
salarial pré-pandemia, em função da pressão de demanda por trabalhadores do setor no período pandêmico, elevando consequentemente os salários; bem
como, o redirecionamento dos recursos humanos e capitais para novas e inovadoras tecnologias (inteligência artificial, etc.)[2].
Ao mesmo tempo, contudo, categorias como Atividades artesanais, Música e Museus e patrimônio – inseridas no agrupamento Cultural – apresentaram aumento
no número de postos de trabalho no período: 29.715 (5%), 3.234 (2%) e 4.128 (14%), respectivamente. Na categoria de Música, o aumento pode ser atribuído à
retomada dos festivais, como mencionado anteriormente. No caso dos Museus, a liberação de quase um bilhão de reais em projetos aprovados pelo novo governo
federal em janeiro de 2023 contribuiu para esse aumento, uma vez que planos museais estão inclusos nesses projetos beneficiados[3].Quanto às Atividades
artesanais, o aumento observado durante a pandemia parece ter se consolidado em um patamar, com flutuações que devem estabilizar ao longo dos próximos
meses. Apesar disso, as demais categorias do mesmo agrupamento apresentaram quedas consideráveis: -28.869 (-14%) postos de trabalho em Cinema, rádio e tv;
-18.636 (-32%) nas Artes Cênicas; -6.267 (-3%) nas Artes visuais.
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Fonte: Painel de Dados Observatório Itaú Cultural (2023). Nota: * - Amostra não significativa.
Quanto ao tipo de vínculo de trabalho, observa-se que tanto o segmento formal quanto o informal da economia criativa tiveram leve crescimento nos postos de
trabalho entre o 1º trimestre de 2022 e o 1º trimestre de 2023, 86.272 (4%) e 36.953 (3%), respectivamente, porém também com uma queda entre o final de 2022 e o
início de 2023: - 207.212 trabalhadores formais (-4%) e -82.873 trabalhadores informais (-3%). Esse padrão segue o comportamento do total da economia brasileira.
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Ao segmentar os trabalhadores incorporados, especializados e de apoio nas categorias formal e informal, constata-se, conforme indicado anteriormente, que
apenas os segmentos de trabalhadores incorporados formais e trabalhadores de apoio informais tiveram uma queda entre o primeiro trimestre de 2022 e o
primeiro trimestre de 2023, com variações de -26.480 (-2%) e -45.365 (-5%), respectivamente. É importante ressaltar a vulnerabilidade dos trabalhadores de apoio
informais, que têm enfrentado quedas desde o segundo trimestre de 2022.
No quesito regional, entre o primeiro trimestre de 2022 e o primeiro trimestre de 2023, observa-se crescimento expressivo do emprego na economia criativa em
Goiás (64.808), Paraná (48.017) e Maranhão (21.987). Estes dois últimos provavelmente foram puxados pelo setor de Artesanato, um dos principais nos dois
estados.
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A economia criativa revela desigualdades, tanto em termos de gênero quanto de raça, com salários mais baixos para mulheres e trabalhadores negros. O perfil
dos trabalhadores é semelhante ao da economia brasileira, com maior participação masculina. A presença de trabalhadores brancos é predominante, enquanto a
participação de trabalhadores negros é menor que a média nacional. Os salários médios dos trabalhadores pretos e pardos são cerca de 40% menores em relação
aos dos trabalhadores brancos.
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O emprego na economia criativa possui alta concentração de trabalhadores autodeclarados brancos, comportamento que se mostra constante desde o primeiro
ano da série histórica em apreço. Em média, no período, 58% dos trabalhadores da economia criativa se autodeclaram brancos, 32% pardos, 8% pretos e 2% de
demais grupos, como amarelos e indígenas.
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A participação de negros (agregado de pretos e pardos) na economia criativa mostra-se menos expressiva do que para o agregado da economia. Entre o 1º
trimestre de 2022 e o 1º trimestre de 2023, a participação de trabalhadores negros no total de ocupados na economia criativa foi de, em média, 40%, ante os 54%
observados na economia brasileira. De forma análoga, portanto, observa-se que, no período em apreço, a participação de brancos no mercado de trabalho da
economia criativa (58%, em média) é mais expressiva do que para o agregado da economia brasileira (44%).
Quanto aos trabalhadores criativos (trabalhadores especializados e incorporados), observa-se que os pretos e pardos possuem participação mais significativa no
emprego nas ocupações culturais (ou seja, nas áreas de Atividades artesanais, Artes cênicas, Artes visuais, Cinema, rádio e TV, Música e Museus) do que nas
ocupações de consumo e tecnologia. É nas ocupações criativas da Tecnologia em que há a menor participação de negros dentre os 3 agrupamentos de
trabalhadores criativos.
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Já no segmento dos empregados dos setores criativos (trabalhadores especializados e de apoio), os setores que possuem uma maior participação de
trabalhadores pardos e pretos no total de empregados são os de Moda, Atividades Artesanais e Artes Cênicas e Visuais. A alta concentração de trabalhadores
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brancos se dá principalmente na Publicidade e Serviços Empresariais, Design, Arquitetura e Tecnologia da Informação.
Em relação à remuneração média, todos os grupos raciais têm aumentado seu nível salarial nominal ao longo dos anos na economia criativa. Contudo, os salários
médios de pretos e pardos seguem sendo cerca de 40% menores do que os dos trabalhadores brancos da economia criativa. Desse modo, o salário médio dos
trabalhadores brancos da economia criativa está acima da média do total da economia criativa, enquanto dos pretos e pardos está abaixo desta média. É
importante ressaltar que, apesar dessa disparidade, esses salários ainda são superiores aos encontrados em outros setores da economia brasileira, o que
evidencia a capacidade do setor da economia criativa de gerar empregos de qualidade.
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Há também diferenças nas médias salariais por gênero. As mulheres recebem menos do que os homens em todos os grupos raciais analisados, mas os
trabalhadores brancos de ambos os gêneros recebem mais do que os trabalhadores pardos e pretos: um homem preto ou pardo recebe cerca de 40% a menos
que o homem branco da economia criativa, e uma mulher parda recebe cerca de 44% a menos que uma mulher branca. As grandes diferenças refletem questões
raciais e de gênero ao longo de toda série histórica: o salário das mulheres pretas mantém, ao longo da série histórica, uma média quase 60% menor do que a dos
homens brancos da economia criativa. Na economia brasileira como um todo, é possível notar uma disparidade salarial menor, porém ainda bastante significativa,
entre mulheres pretas e pardas e homens brancos. Em média, os homens brancos recebem R$ 3,8 mil, enquanto os homens pretos e pardos recebem cerca de R$
2,2 mil. No caso das mulheres brancas, a média salarial é de R$ 2,9 mil, enquanto as mulheres pretas e pardas recebem aproximadamente R$ 1,8 mil.
[1] Desde abril de 2023, o Painel de dados adotou uma nova abordagem, que pode ser compreendida em detalhes aqui. Os novos agrupamentos reúnem
categorias setoriais com dinâmicas similares. No total, são três agrupamentos: Consumo (arquitetura, design, moda, editorial, publicidade); Cultural (atividades
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artesanais, artes cênicas, artes visuais, museus e patrimônio, música, cinema, rádio e TV); e Tecnologia (demais serviços de tecnologia da informação,
desenvolvimento de software e jogos digitais).
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