Fisiologia Vascular
Fisiologia Vascular
Fisiologia Vascular
FISIOLOGIA
VASCULAR
SUMÁRIO
1. Introdução ....................................................................................................................... 3
2. Propiedades da circulação saguínea ................................................................... 4
3. Controle do fluxo .......................................................................................................... 9
4. Microcirculação ............................................................................................................17
5. Referências....................................................................................................................22
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SAIBA MAIS: Quando o sangue flui de forma estável por vaso sanguíneo longo e uni-
forme, ele se organiza em linhas de corrente, com camadas de sangue equidistantes da
parede do vaso. Esse tipo de fluxo é chamado laminar e é o oposto do fluxo turbulento,
que consiste em sangue correndo em todas as direções do vaso e se misturando conti-
nuamente em seu interior, como discutido mais adiante.
A linha de corrente de fluxo que se desloca próxima à parede avança com velocidade
menor em comparação com a linha de corrente imediatamente mais próxima ao centro
do vaso. Isto ocorre, pois as moléculas de liquido que tocam a parede se movem mais
lentamente em virtude do atrito com o endotélio. A camada seguinte de moléculas, que
compõe a próxima linha de corrente, desliza sobre a primeira; a terceira camada desliza
sobre a segunda, a quarta sobre a terceira, e assim por diante. Assim, cada camada em
direção ao centro flui progressivamente mais rápido que as camadas externas. Desta
forma, o sangue que flui na linha de corrente central do vaso adquire a maior veloci-
dade de fluxo, já que existem muitas camadas de moléculas deslizantes entre o meio
do vaso e a parede endotelial.
Como resultado do que foi explicado anteriormente, quando o fluxo é laminar, a veloci-
dade do fluxo pelo centro do vaso é muito maior que próximo as paredes. Isto gera um
"perfil parabólico da velocidade do fluxo sanguíneo" que é mostrado na Figura 2.
cutida acima, pode-se perceber que o a mais. Por isso, as veias têm a fun-
aumento de quatro vezes no diâme- ção de reservatório para o armaze-
tro do vaso pode aumentar o fluxo por namento de grande quantidade de
256 vezes. Portanto, a lei da quarta sangue que pode ser utilizado, quan-
potência possibilita que as arteríolas, do for necessário, em qualquer outra
com apenas pequenas alterações de parte da circulação.
seu diâmetro, interrompam de modo Anatomicamente, as paredes das ar-
quase total o fluxo sanguíneo ou, no térias são muito mais fortes que as das
outro extremo, o aumentem enorme- veias. Consequentemente, as veias,
mente. Podemos concluir, desta for- em média, são cerca de oito vezes
ma, que o fluxo sanguíneo pelos va- mais distensíveis que as artérias, isto
sos é, em última análise, regulado por é, determinado aumento de pressão
meio de alterações no diâmetro dos provoca aumento oito vezes maior no
mesmos, em respostas à sinais ner- volume sanguíneo em uma veia que
vosos ou químicos teciduais locais, em artéria de diâmetro comparável.
como será explicado adiante.
Em estudos hemodinâmicos é usual-
mente muito mais importante conhe-
2.4. Distensibilidade cer a quantidade total de sangue que
e Capacitância pode ser armazenada em determi-
Uma característica importante do sis- nada região da circulação para cada
tema vascular é a de que todos os mmHg de aumento da pressão do
vasos sanguíneos são distensíveis. que conhecer as distensibilidade dos
Distensibilidade é a capacidade que vasos individuais. Esse valor é refe-
os vasos sanguíneos possuem de au- rido como complacência ou capaci-
mentar seu diâmetro em resposta a tância do respectivo leito vascular.
um aumento de pressão. A natureza Complacência e distensibilidade são
elástica das artérias permite que aco- bastante diferentes. Vaso muito dis-
modem o débito pulsátil do coração, tensível que apresente pequeno di-
impedindo os extremos de pressão âmetro (ou seja, pequeno volume
das pulsações. Isso faz com que o flu- de armazenamento) pode ser muito
xo sanguíneo para os pequenos vasos menos complacente do que um vaso
teciduais seja uniforme e contínuo. com menor distensibilidade, mas que
As veias são por larga margem os va- apresente grande diâmetro.
sos mais distensíveis do sistema. Até As veias sistêmicas, em comparação
mesmo pequenos aumentos da pres- com as suas artérias corresponden-
são venosa fazem com que as veias tes, além de terem distensibilidade
armazenem 0,5 a 1,0 litro de sangue maior, apresentam também maior
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controle agudo e (2) controle a lon- Existem duas teorias básicas para a
go prazo. regulação do fluxo sanguíneo local
1. O controle agudo é realizado por quando a intensidade do metabolis-
meio de rápidas variações da va- mo tecidual ou a disponibilidade de
sodilatação ou da vasoconstrição oxigênio se alteram. Elas são as teo-
local das arteríolas e esfíncteres rias (1) da vasodilatação (2) da falta
pré-capilares, ocorrendo em se- de oxigênio. Provavelmente, a verda-
gundos ou minutos, para permitir a de reside em uma combinação dos
manutenção muito rápida do fluxo dois mecanismos.
sanguíneo tecidual local apropria- 1. Teoria da Vasodilatação para a
do. Regulação Aguda do Fluxo San-
2. O controle a longo prazo, entre- guíneo Local. De acordo com essa
tanto, consiste em variações lentas teoria, quanto maior a intensida-
e controladas do fluxo ao longo de de do metabolismo ou menor a
dias, semanas ou até mesmo me- disponibilidade de oxigênio ou de
ses. Em geral, essas variações re- outros nutrientes para o tecido,
sultam no melhor controle do flu- maior será a intensidade/veloci-
xo em proporção às necessidades dade de formação de substâncias
teciduais. Essas variações ocorrem vasodilatadoras pelas células te-
como resultado de aumento ou di- ciduais. Acredita-se, assim, que
minuição nas dimensões físicas e as substâncias vasodilatadoras se
no número de vasos sanguíneos difundam pelos tecidos até os es-
que suprem os tecidos. fíncteres pré-capilares, arteríolas,
causando dilatação. Algumas das
diferentes substâncias vasodilata-
3.1.1 Controle Agudo do Fluxo doras que foram sugeridas são a
Sanguíneo Local adenosina, o dióxido de carbono,
Um dos nutrientes metabólicos mais os compostos fosfatados de ade-
necessários é o oxigênio. Quando a nosina, a histamina, os íons potás-
disponibilidade de oxigênio para os sio e os íons hidrogênio.
tecidos diminui, como acontece nas As substâncias vasodilatadoras
grandes altitudes, na pneumonia, na podem ser liberadas pelo tecido
intoxicação por monóxido de carbono em resposta à deficiência de oxi-
(que impede a hemoglobina de trans- gênio. Por exemplo, experimentos
portar oxigênio), etc., o fluxo sanguí- mostraram que a redução do oxi-
neo pelo tecido aumenta intensa- génio disponível pode provocar
mente. tanto a liberação de adenosina
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CO2
Histamina
H+
REGULAÇÃO DO Agentes
K+ vasoconstrictores
FLUXO SANGUÍNEO
Adenosina Norepinefrina
Angiotensina II
Autorregulação do Epinefrina
fluxo sanguíneo
Controle a longo
prazo do fluxo local
Teoria da falta de
Oxigênio/nutrientes Angionêse
VEGF
Fatores endotelias de
vasodilatação/constricção FGF
Endotelina
Angiogenina
NO
Controle a longo
prazo do fluxo local
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Aires MM. Fisiologia/Margarida de Mello Aires. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;
2012.
Berne RM, Levy MN, Koeppen BM, Stanton BA. FISIOLOGIA. 5ª ed – Rio de Janeiro: Elsevier,
2004.
Hall JE. Tratado de Fisiologia Médica. 12.ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2011.
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