CDR Lia 2022
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XV Congresso Linguagens e
Identidades Amazônicas
“emdependênciasseculares”
Editora do Núcleo de Estudos das Culturas Amazônicas e Pan-Amazônicas
www.nepaneditora.com.br | [email protected] | 68 99940-6513
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e as relações que tiveram com o projeto de revitalização do Nheengatu
quando ele começava a morrer na maior parte da Amazônia.
Palavras-chave: Nheengatu; Século XIX; Literatura; Gramática.
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tãs (STAATS, 1996). As transformações religiosas impostas, inicialmente,
por meio da catequização, foram posteriormente assimiladas e adaptadas
à cosmovisão indígena, incluindo crenças relacionadas ao messianismo e
a ascensão para um novo mundo, além do recebimento de elementos na-
tivos oferecidos por uma divindade: um novo canto, a maniva e a banana.
Esta comunicação busca entender como a tradução do termo aleluia para
as línguas indígenas representa um sintoma das mudanças culturais, polí-
ticas e sociais que a nova religião indígena acarretou sobre o modo de viver
dos povos originários e como podem ser vistas na poesia dos cantos.
Palavras-chave: Areruia; Tradução; Poética.
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serão trabalhados no transcurso da extensão. Thiél (2012), Cagneti, Pauli
(2015), Munduruku (2012) e Graúna (2012) aportam teoricamente o traba-
lho. Como resultados parciais desta iniciativa, constata-se que foi possível
estruturar o curso, mesmo havendo um número inferior de autores indí-
genas e não indígenas que discutem sobre a literatura indígena brasileira
em comparação às demais literaturas como a lusófona, por exemplo. Por
fim, foi fundamental considerar a preparação para a prática docente, isto
é, por se tratar de um curso que envolve a área de literatura, em específico
a literatura indígena brasileira, foi primordial conhecer autoria, temática,
gênero literário e especificidades dos textos indígenas brasileiros, para, a
posteriori, debater com os cursistas.
Palavras-chave: Curso de extensão; Literatura indígena brasileira; textu-
alidade indígena.
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“Gente da estiva” e a heterogeneidade
cultural num poema afro-paraense
Marco Chandía Araya (UFPA)
Resumo: No processo de produção literária latino-americana, gera-se
um fenômeno de natureza homogêneo e outro, heterogêneo. O primeiro,
com ênfase na cultura letrada, faz com que a criação adquira um alto grau
de homogeneidade; é uma sociedade que se fala assim mesma (Cornejo,
1982). Por outro lado, na criação das culturas subalternas, resistindo no
campus de poder, e cujo substrato é a oralidade, o processo de circulação
não se ajusta à letra, criando interpretações que não se encaixam ao mo-
delo canônico e, portanto, demanda outras abordagens inclusivas desta
realidade. O universo heterogêneo não pode, assim, ser construído a partir
de uma linguagem monológica, senão dialógica (2003). Cornejo, assumin-
do o conceito de heterogeneidade não-dialética (porque o processo não se
acaba, não se encerra, segundo o modelo dialético, em sínteses) (Moraña,
2013), opta por três núcleos: discurso, sujeito e representação. O objetivo
aqui é fazer um ato de leitura no poema Gente da estiva (1930), de Bruno
de Menezes, a partir da hipótese de que a poesia afro-indígena da Amazô-
nia paraense, imersa nessa realidade territorial, exige uma aproximação
dialógica, própria da natureza diversa e heterogênea, subvertendo a ordem
monológica letrada do Ocidente.
Palavras-chave: Literatura afro amazônica; Heterogeneidade não-dialé-
tica; “Gente de estiva”; Bruno de Menezes; Cornejo-Polar.
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melódico à narração, ao mesmo tempo em que, semanticamente, as repe-
tições acrescentam uma noção de intensidade às ações descritas pelo nar-
rador. Através da divulgação dos resultados desta pesquisa, pretendemos
contribuir para maior visibilidade da arte verbal produzida pelos povos
indígenas brasileiros, pontualmente, através de narrativas tradicionais do
povo Ikpeng.
Palavras-chave: Paralelismo linguístico; Arte verbal indígena; Narrativas
tradicionais; Povo Ikpeng.
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Marc de Civrieux coletou as narrativas mitológicas juntos aos Ye’kwana
entre os anos de 1950 a 1970 e a sua obra é considerada um clássico da Lite-
ratura Indígena na Venezuela; e a do Ye’kwana Marcos Rodrigues, intitula-
da Histórias e Saberes Ye’kwana, publicada em 2019 no Brasil, sendo a pri-
meira versão do Wätunnä coletada, escrita e traduzida por um Ye’kwana.
Para tanto, o nosso estudo acerca-se da pluralidade poética indígena do
circum-Roraima, que é um rico espaço em termos de diversidade humana
e cultural, localizado na tríplice fronteira Brasil-Guyana-Venezuela. Nossa
proposta parte do pressuposto da necessidade de se cultivar uma área de
investigação que aproxime a teoria literária da antropologia e que atente
para as particularidades advindas das culturas e línguas indígenas. Isso
significa que o registro escrito das artes verbais indígenas põe em jogo um
processo complexo de criação, recriação, tradução e circulação, envolven-
do não apenas uma dimensão poética, como também uma dimensão ética
e política.
Palavras-chave: Textualidades indígenas; Tradução; Circulação; Poética;
Wätunnä.
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Uma análise acerca da temática macumba sob
o olhar crítico do romance Macunaíma
Lauanda Macedo de Sales (UEPA)
Reginaldo Lima Oliveira Júnior (UEPA)
Resumo: O presente trabalho de pesquisa bibliográfica analisa a temática
macumba na obra Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, de Mário de
Andrade, um clássico atemporal, considerado uma das principais obras li-
terárias brasileiras, abordando como essa crença é tratada, especificamen-
te, explicando pontos culturais, religiosos e heroicos das personagens. A
obra sob análise destaca inúmeras chaves importantes que podem ser re-
lacionadas ao mundo real e ao mundo de fantasia. Assim, objetivo da pes-
quisa busca relacionar e entender como essa narrativa de caráter místico,
em que os acontecimentos não seguem as convenções realistas, reflete na
sociedade. Nesse contexto, o estudo busca relacionar questões de mitos e
crenças que envolvem essa temática com os fatos reais da vida social, ou
seja, mostrar como a macumba é retratada no romance e quais laços esta-
belece com os fatos da realidade brasileira. Sendo assim, ao longo da pes-
quisa, o trabalho será descrito dentro de uma estrutura de análises do tema
proposto, tendo como referencial teórico o poeta surrealista e modernista
francês, Benjamin Péret. O estudo tem demonstrado a importância das
literaturas e linguagens para a compreensão das realidades, fomentando o
pensamento crítico nesse processo.
Palavras-chave: Macunaíma; Literatura; Macumba.
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genas. De forma complementar, para além dos recontos e adaptação, esses
autores publicam narrativas não inspiradas em histórias preexistentes de
seu povo.
Palavras-chave: Literatura; Literatura indígena; Autoria.
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Iglesias, (2002); Castela, (1999); Acre, (2010). O estudo considera que a
criação da TI Caeté, acomoda situações e soluciona alguns problemas do
Estado, longe de oferecer um território que atenda às buscas e soluções de
problemas antigos, dos povos Jaminawa, da referida terra indígena.
Palavras-chave: Terra Indígena; Jaminawa; Caeté.
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Geopoesia da dramaturgia: tradução
coletiva do espetáculo Os Contadores de Era
uma vez em “O mistério da árvore mãe”
Jackeline dos Santos Monteiro (UEA)
Vitor de Lima Gonçalves (UFAM)
Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar elementos dialógicos e
raizamáticos do espetáculo Os Contadores de Era uma vez em O Mistério
da Árvore Mãe. O espetáculo foi montado em 2021 no período de feverei-
ro a abril e apresentado de 10 a 12 de maio, no município do Careiro da
Várzea/AM. Dramaturgia assinada por Jackeline Monteiro e Vitor Lima.
Foi uma proposta de conscientização sobre a preservação e cuidado com
a fauna e flora. De forma lúdica, denuncia as constantes devastações que
acontecem na floresta. O clímax movente, é uma notícia (real) sobre o
desaparecimento da floresta amazônica. Nessa geopoesia da dramaturgia
pretendemos apontar os textos que compuseram a obra: poemas e músicas
autorais do grupo ALLEGRIAH, realizando dialogicamente uma aproxi-
mação de contos da geopoesia amazonial, tais como ‘A história de Ma-
pinguari, Muiraquitã e aproxima-se da obra de Ailton Krenak, Ideias para
adiar o fim do mundo (2019); o Livro das árvores Ticuna, Jussara Gruber
(1997); e a música Magia da Natureza do cantor Eduardo QC. A peça é para
todas as idades, porém, chama a atenção do público infantil por conta da
ludicidade que há do início ao fim, além da utilização das formas anima-
das que reverberam o imaginário amazônida.
Palavras-chave: Dramaturgia; Imaginário amazônida; Geopoesia; Teatro.
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e Branco (1952). Os resultados indicam que o desnudamento do marco
temporal e a discussão a respeito do decolonialismo oportunizam as res-
significações das pesquisas históricas, ao mesmo tempo em que permitem
novas percepções da desconstrução do colonialismo na sociedade.
Palavras-chave: Amazônia; Exploração; Genocídio; Práticas Decoloniais.
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nawa. Iremos narrar como o cacique Inácio Brandão junto com dezesseis
pessoas se deslocaram por vários lugares, trabalhando para os patrões dos
seringais através da retirada de madeira, borracha e cauchos, até a con-
quista e demarcação da terra Indígena Katukina/Kaxinawá da Aldeia Mo-
rada Nova. Como tataraneta, mulher indígena e estudante de mestrado
me proponho realizar este registro dentro da cultura “nawa” não indígena.
Os anciões relatam que saíram da cabeceira do rio Gregório na cidade de
Tarauacá até a chegada no seringal Liége em frente a cidade de Feijó. Iná-
cio trabalhou uns tempos com o dono do seringal que lhe doou um pedaço
de terra para ele e o grupo se fixarem. Depois disso, já velho, Inácio passou
o cargo de liderança para o filho primogênito Bruno Brandão, meu bisavô.
Com o passar do tempo o povo Shanenawa começou a se organizar e a for-
talecer sua cultura para que outras gerações não perdessem a “nuke tsãy”,
nossa língua materna.
Palavras-chave: Histórias dos Shanenawas; Território; Aldeia Morada
Nova.
Reserva Extrativista Chico Mendes: uma
fronteira amazônica
Anselmo Gonçalves da Silva (IFAC)
Resumo: A Reserva Extrativista Chico Mendes é uma institucionalidade
recente, criada em 12 de março de 1990, abrangendo um território e forma-
ção social que a precede. Desde a sua origem, essa área protegida tem se
transformado rapidamente — cultural, econômica e territorialmente. Atu-
almente pode ser abordada como uma fronteira, em diversas perspectivas
deste termo — ontológica, de commodities, de lógica organizacional e de
ordenamento, etc. Na última década a pecuária e as pressões do capital são
um motor desse processo; mas não só, há muitas nuances que emergem da
observação no nível local. O objetivo desse texto é descrever as transfor-
mações que ocorreram no território da Reserva Extrativista Chico Mendes,
abordando-as a partir de teorias de fronteiras. Para isso, será utilizado o
método da autoetnografia, considerando que o autor trabalhou na região e
com esta unidade de conservação, direta ou indiretamente, por mais de 12
anos. Os resultados descreveram mudanças profundas, ao mesmo tempo
que permanências, numa perspectiva do pesquisador participante.
Palavras-chave: Áreas protegidas; Amazônia; Fronteiras.
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Acre e tem por objetivo discutir os processos de representação arquitetô-
nica, iconográfica e discursiva que se apresentam como eixos narrativos
de uma perspectiva linear e progressiva da história do Acre. Com base na
observação do Aquiri Shopping, espaço inaugurado em dezembro de 2020
em Rio Branco - Acre, proponho uma discussão acerca da narrativa que
se produz tanto a partir da construção em si, quanto das imagens e textos
presentes no ambiente, para evidenciar os modos de difusão e conservação
da ideia de progresso (do Aquiri ao Acre). A perspectiva teórica/crítica se
baseia nos seguintes intelectuais indígenas: Ailton Krenak (2019), Gersen
Baniwa (2017), Edson Kayapó (2020) e nos pesquisadores Manuela Car-
neiro (2009), Zygmunt Bauman (2005) e Homi Bhabha (1998) por acredi-
tar que suas análises possibilitam tanto a crítica ao discurso do progresso,
quanto a ideia de que existiriam culturas superiores e, portanto, aptas ao
domínio de todas as outras.
Palavras-chave: Fotografias; Representação; Discurso.
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A temática indígena e a sua abordagem no
ambiente escolar
Vanesa Lima Tomaz da Silva (UFAC)
Ana Gabriele Freire Rodrigues (UF)
Resumo: Essa pesquisa trata-se de um trabalho de conclusão de curso que
apresenta reflexões acerca da abordagem da temática indígena em duas
escolas do ensino fundamental do município de Cruzeiro do Sul - Acre.
Diante dessa perspectiva, e partindo da análise dos Projetos Político Pe-
dagógicos, sob a luz da Base Nacional Comum Curricular. Diante da re-
levância, e dimensão dessa discussão, tomamos como referência a Lei nº
11.645/2008 que assegura a obrigatoriedade do ensino de história e cultura
africana, afro-brasileira e da cultura dos povos indígena nas escolas de en-
sino fundamental e médio do país. Buscando tratar do multiculturalismo
em contexto educacional (Moreira, 2008; Candau, 2008;), e socializar dis-
cussões, estudos e princípios norteadores de procedimentos pedagógicos
em que questões referentes, principalmente a identidade, tenham maior
enfoque. Visto que, a visão dos povos indígenas como índios é, comumen-
te, constituída na infância e permanece para o resto da vida (Bergamaschi,
2012; Gomas, 2012;), para que haja a valorização das culturas pormenori-
zadas nos currículos, essas histórias precisam se efetivar na práxis escolar.
Palavras-chave: Povos indígenas; Lei nº 11.645/2008; Ensino Fundamen-
tal; Práxis escolar.
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colonização do material didático de ensino de línguas e também de seus
professores.
Palavras-chave: Material didático; Interculturalidade; Ensino de língua
inglesa.
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tes, discentes e monitores do centro durante os meses de julho a agosto de
2022, perfazendo um grupo de 80 pessoas. Para tanto, esta análise se deu a
partir dos dados que foram coletados ao término dos cursos por intermé-
dio de questionários eletrônicos elaborados por meio do aplicativo Google
Forms. Ainda, considerou-se as reflexões de Luckesi (2005) no que diz res-
peito ao planejamento e estabelecimento de objetivos como indicadores
necessários para a realização de uma avaliação criteriosa. Concluímos que,
em que pese o programa enquanto extensão universitária se demonstrar
de grande relevância social, há ainda muitos desafios a serem vencidos,
dentre eles os horários divergentes aos compromissos dos discentes-mi-
nistrantes, assim como a grande evasão de dos mesmos.
Palavras-chave: Centro de Idiomas; Avaliação; Cursos de Línguas; Desa-
fios; COVID-19.
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Ensino e aprendizagem de Inglês na região
Amazônica: pensando a formação de
professores sob o prisma da experiência
Patricia Christina dos Reis (UEA)
Valdeni da Silva Reis (UFMG)
Resumo: Nesses 200 anos de independência, o ato de ouvir histórias con-
tadas pelos próprios personagens, e não por terceiros, faz-se cada vez mais
necessário. Deste modo, o presente trabalho tem como objetivo contribuir
para a valorização da experiência (Larrosa, 2016), no processo de forma-
ção de professores de inglês da região Amazônica, lançando luz sobre suas
histórias e suas narrativas de aprendizagem. A metodologia está funda-
mentada na coleta e análise de narrativas de professores de inglês da cida-
de de Parintins, no interior do Amazonas, por meio dos princípios e dos
procedimentos apregoados pela análise de discurso franco-brasileira. As-
sim, este artigo apresenta, primeiramente uma exposição teórica com foco
na noção de Experiência em Larrosa (2016), principal referência teórica
deste trabalho e, em seguida, uma análise de excertos em que os professo-
res compartilham a experiência de atuar no seu território. Os resultados
indicam o modo como a experiência do professor de inglês de Parintins,
especialmente na zona rural, pode ser apreendida em momentos desafia-
dores de suas trajetórias de formação e atuação. Por fim, esta investigação
defende que abrir escuta para grupos invisibilizados significa abrir espaço
para novas formas de ser professor, de aprender e de ensinar.
Palavras-chave: Formação de Professores; Ensino-Aprendizagem de In-
glês; Experiência; Narrativas; Parintins.
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fossem estudadas como estratégias de ensino. A metodologia pensada é
de cunho bibliográfico, possuindo caráter quali-quanti, sendo realizado
também uma pesquisa de campo com os alunos do Ifes, com uso de ques-
tionários e entrevista se for o caso. Nesse sentido, para fundamentar essa
pesquisa que ainda está em andamento, foram utilizados os seguintes au-
tores: Alves (2015), Kleiman (2007), Leffa (2014), Rojo (2012), Souza (2021),
entre outros. Por fim, como já mencionado, esta pesquisa encontra-se em
andamento não havendo ainda resultados concretos. Mas considera-se
uma pesquisa de fundamental importância, haja vista a era globalizada,
cuja principal característica é o uso de tecnologias, que vem trazendo para
todos os setores da sociedade mudanças significativas para o desenvolvi-
mento social, intelectual e profissional do ser humano.
Palavras-chave: Gamificação; Multiletramentos; Ensino; Língua portu-
guesa.
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Estágio supervisionado de Língua Inglesa
e inclusão: reflexões a partir de uma
experiência em turmas de 9º ano do Colégio
Militar Estadual Tiradentes em Rio Branco -
AC, Brasil
Paulo de Alencar Souza (UFAC)
Resumo: Esta comunicação oral procura refletir sobre o processo de in-
clusão de alunos com deficiência a partir das experiências vivenciadas du-
rante a realização do Estágio Supervisionado de Língua Inglesa em duas
turmas de 9º ano do Colégio Militar Estadual Tiradentes, em Rio Branco
- AC, Brasil. A experiência de estágio foi realizada entre os meses de julho
a setembro de 2022, com foco na modalidade de Educação Especial. Para
tanto, as reflexões foram desenvolvidas a partir de pesquisa documental
e de registro de diário de campo como dispositivo de coleta de informa-
ções observadas no cotidiano da escola, nos termos propostos por Olivei-
ra (2014). Considerou-se ainda as proposições conceituais de Veiga-Neto
(2011) a respeito de aspectos relativos à inclusão e de Freire (2015) para pen-
sar a construção da autonomia no fazer docente. Conclui-se que apesar das
políticas de assistência especializada oferecidas aos alunos público-alvo
da Educação Especial, o pouco conhecimento de informações relativas às
deficiências por parte do professor, o déficit na formação inicial deste pro-
fissional e as exigências que atravessam o cotidiano escolar contribuem,
ainda que subjetivamente, para a manutenção de um ambiente ainda pau-
tado numa lógica marcada pela invisibilidade, silenciamento e exclusão
dos “anormais” (Veiga-Neto, 2011) do processo de aprendizagem.
Palavras-chave: Inclusão; Educação Básica; Educação Especial; Estágio
Supervisionado; Ensino de Língua Inglesa.
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Narrativa (auto)biográfica de um professor
de língua inglesa: uma pesquisa-formação em
letramento digital
Luiz Eduardo Guedes Conceição (IFAC)
Resumo: Esta pesquisa objetiva problematizar o letramento digital de um
professor de língua inglesa através de uma narrativa (auto)biográfica. A
pesquisa, ainda em andamento, problematiza quando, como e se o pesqui-
sador/pesquisado foi autorizando-se com as mediações das ferramentas
digitais e suas relações sociais. Trata-se de uma pesquisa-formação cuja
abordagem é (auto)biográfica. Opta-se pelo método da pesquisa-formação
com base na abordagem de formação discutidos por Miller (2013), Freire
(1996, 2007), Nóvoa (1988, 1991, 1995, 2000, 2001) e Josso (2004, 2007),
Abranhão (2003) e Passegi, Souza e Vicente (2011). O corpus está sendo
composto por narrativas (auto)biográficas do pesquisado e também pes-
quisador, em que faz uma problematização de sua formação em Letramen-
to Digital a partir das perspectivas teóricas de Street (2014), Gilster (1997),
Soares (2006) e Ribeiro (2016). Os resultados iniciais mostram que o perfil
de letramento digital pessoal não é automaticamente transferido para o
perfil profissional enquanto professor, mas, pode apresentar, em algum
momento, um ponto de intersecção em que as habilidades do seu perfil
pessoal acabam sendo transferidas para sua prática pedagógica, também o
contrário pode acontecer.
Palavras-chave: Letramento Digital; Formação de professores; Pesquisa-
-formação; Narrativa (auto)biográfica.
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do português e maneiras de construir sentidos por meio de estruturas de
português escrito consideradas não adequadas à sua norma padrão. As-
sim, concluímos que os significados dos textos, apesar da inadequação à
norma padrão da língua portuguesa, se constroem para formar sentidos
e expressam compreensões de mundo próprias. Os apontamentos aqui
trazidos poderão contribuir para se refletir sobre o ensino de português
como segunda língua (L2) para surdos. Dentre os referenciais teórico-bi-
bliográficos que subsidiaram a análise estão presentes Bagno (2007;2015)
com questões relacionadas ao preconceito e variação linguística; Bakhtin
(2015) com discussões sobre linguagem e gênero do discurso e Coracini
(2007) com discussões sobre o uso da língua em contextos singulares de
produção de escrita.
Palavras-chave: Escrita; Português como L2; Sentidos; Surdos.
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O ensino da Língua Espanhola numa
abordagem intercultural no ensino técnico
integrado do IFAC
José Eliziário de Moura (IFAC)
Ana Lúcia Vidal Barros (IFAC)
Resumo: A temática apresentada aborda o ensino do vocabulário gastro-
nômico latino-americano por meio da leitura e escrita, tendo a cultura
como ponto de partida. Justifica-se pela necessidade de incluir aspectos
culturais nas aulas de línguas estrangeiras. O objetivo é incentivar a práti-
ca da abordagem interdisciplinar no ensino de língua espanhola. Trata-se
de uma pesquisa ação efetivada com alunos de terceiro ano do ensino mé-
dio integrado. A realização das ações foi através de uma aula prática, um
café da manhã cultural oferecido aos alunos com perspectiva de construí-
rem um relato no final da aula. Como embasamento teórico utilizou-se os
estudos da linguagem como interação social (Bakhtin/Voloshinov, 1995);
a Educação Intercultural (Fleuri, 2001); a perspectiva de interculturalidade
e motivação abordada por (Kraviski; Bergmann, 2006); Cultura no ensino
de língua estrangeira (Kramsch, 2017) e o estudo de línguas focado na in-
terdisciplinaridade (Frigotto, 1995). Como resultado observou-se o maior
envolvimento dos discentes, demonstrando interesse e prazer na aquisi-
ção do conhecimento. Portanto, considera-se que a interdisciplinaridade
oferece maiores possibilidades de ensino e aprendizagem dada a participa-
ção dos discentes de forma coletiva e colaborativa nas aulas de espanhol.
Palavras-chave: Espanhol; Interculturalidade; Ensino-aprendizagem;
Interdisciplinaridade; Aula-prática.
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tica como objeto de conhecimento. Dessa forma, os resultados apontaram
que a formação de professores é uma excelente investimento na educação
sobre a sociolinguística educacional.
Palavras-chave: Sociolinguística. Variação Linguística. Documento Cur-
ricular do Estado do Tocantins (DCT/2019).
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O Programa Residência Pedagógica em duas
edições: a hora e a vez da Língua Portuguesa
e da Literatura na sala de aula
Rosana Nunes Alencar (UNIR)
Nidiane Aparecida Latocheski
Resumo: Este trabalho apresenta uma experiência pedagógica realizada
na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Maria Arlete Toledo,
de Vilhena-RO, no âmbito de duas edições do Programa Residência Pe-
dagógica (PRP) do Curso de Letras da Universidade Federal de Rondônia
(UNIR), Campus de Vilhena. As ações desenvolvidas priorizaram o tra-
balho com a leitura, sobretudo de textos literários, e produção textual,
procurando potencializar as competências linguística e crítico-reflexiva
dos estudantes da educação básica da referida escola. Na primeira edição
(2018 a 2020), todas as atividades foram realizadas de forma presencial
e isso possibilitou, entre outras ações, a realização de oficinas de criação
de poemas, cordel e livro artesanal. Já na segunda edição (2020 a 2022),
em razão da Covid-19, o Programa foi desenvolvido de modo híbrido, im-
pondo alguns desafios, tais como: lidar com as dificuldades da tecnologia,
trabalhar com novas ferramentas e aplicar metodologias ativas de ensino.
Essas e outras discussões têm como suporte teórico as concepções de Sel-
ma Garrido Pimenta (2018); Lilian Bacich e José Moran (2015; 2017). Enfim,
consideramos que os resultados finais do trabalho demonstram que o PRP
contribui positivamente na formação dos futuros professores e também
para desenvolvimento de projetos de ensino relevantes na escola.
Palavras-chave: Programa Residência Pedagógica; Formação de Profes-
sores; Ensino de Língua Portuguesa e Literatura.
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certo, com o retorno das aulas presenciais a partir de 2021, pode -se notar
que o ensino já não é o mesmo. Dessa forma, por meio dessa pesquisa que
ainda se encontra em andamento, pretende-se avaliar tais consequências.
Para desenvolvimento da mesma, foi realizada até o momento uma coleta
de dados. Professores, alunos e gestores foram entrevistados através de um
questionário. Ademais, nossas investigações se apoiam nos embasamen-
tos teóricos como Undime (2021), Bacich, Neto, Trevisani (2015), Moran
(2013) e Aguiar (2021), dentre outros.
Palavras-chave: Educação; Pandemia; Tecnologias; Professores x Alunos;
Escola.
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Souza da Silva para o ensino de francês a partir do Projeto Escolas com Clas-
ses Bilíngues do Amapá. O projeto foi idealizado pela Embaixada France-
sa, “favorecido” por acordos bilaterais entre o Brasil e a França, que possi-
bilitaram “parcerias” entre o Amapá e a Guiana Francesa, criando a Escola
Estadual que institucionalizou um Ensino Bilingue (Francês-Português)
no Amapá. Para fundamentação teórica, tomaremos por base, as episte-
mologias decoloniais pautadas em Quijano (2009), Santos (2009), Walsh
(2013, 2017, 2018,), Mignolo (2008, 2017), e Maldonado-Torres (2008). Este
trabalho situa-se no campo da Linguística Aplicada (In)disciplinar, Moita
Lopes (2008) tendo como princípio a pesquisa qualitativa-interpretativis-
ta (Denzin; Lincoln, 2006) e Bortoni-Ricardo (2008), conjugando a análi-
se documental realizada a partir da Análise do Discurso Crítico, Resende
(2014, 2019, 2017), Melo (2010, 2011) e um estudo de caso de base etnográ-
fica, Gil (2008), André (2012). O estudo é um recorte de uma pesquisa em
andamento; os resultados parciais mostram que as Políticas Linguísticas
que subsidiaram a implementação do Ensino de FLE no Amapá e na Escola
estão alinhadas à colonialidade de língua/linguagem no ensino de francês.
Palavras-chave: Política Linguística; (de)Colonialidade; Ensino de Fran-
cês.
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A arte e figurações da Amazônia no romance
Cinzas do Norte, de Milton Hatoum
Tatiana Cavalcante Fabem (SEDUC - PA)
Resumo: O presente trabalho faz, à luz dos estudos sobre significação de
Mikhail Bakhtin (1997), e sobre arte, de Pierre Bourdieu (2007) e Nestor
Garcia Canclini (2012), uma reflexão sobre os critérios de validação esté-
tica de obras artísticas de grupos majoritários e minoritários. O objetivo
deste estudo é observar que mecanismos de poder operam nos processos
hierarquizantes das produções artístico-culturais dos referidos grupos,
bem como as transformações de significados a partir da passagem de de-
terminados objetos para o que o pesquisador russo chamou de sistemas
ideológicos instituídos. Mais especificamente a obra analisada será Cinzas
do Norte (2005), do escritor amazonense contemporâneo Milton Hatoum,
em que há a presença de artistas reconhecidos no circuito artístico institu-
ído, assim como criadores minoritários que não têm suas obras reconhe-
cidas dentro desse circuito. A história acontece na cidade de Manaus e o
contexto histórico da narrativa estudada é a ditadura militar instaurada no
Brasil a partir do ano de 1964.
Palavras-chave: Arte; Ideologia; Romance.
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de pesquisa que está em andamento na UFAC, que pretende ser o início
de uma pesquisa das Pedagogias decoloniais como base para a prática da
Estética e do TO.
Palavras-chave: Pedagogias não antropocêntricas; Estética do Oprimido;
Árvore do Teatro do Oprimido; Pedagogias das Florestas; Plantas Profes-
soras.
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quais estão inseridos seus participantes, recebendo influência passiva de
seu meio, a proposta é perceber que as próprias escolhas da construção cê-
nica alteram e compõem percepções de mundos, compreendendo as cate-
gorias de tempo e espaço como indissociáveis. Como elemento de análise,
serão utilizados aspectos do teatro acreano da década de 1990 para pensar
sobre o fazer cênico, destacando a construção da linguagem corporal e a
iluminação cênica da peça teatral Histórias de Quirá, produzida pelo gru-
po Adsabá (Rio Branco – Acre) na qual serão traçadas relações sobre pre-
sença e ausência que se apresentam no jogo de luz e sombra da encenação.
Para compor a discussão serão utilizadas reflexões de Benjamin (2013); Di-
di-Hubermann (2015); Jacques (2012); Ranciére (2009) e Taylor (2009).
Palavras-chave: Corpo; Memória; Performance; Teatro acreano; Visuali-
dades.
47
Colección y exposición: nación, patrimonio y
Amazonía
Maria Florencia Donadi (UNC)
Resumo: La ponencia se propone analizar el contraste entre la conforma-
ción y concepción de la colección de Ermanno Stradelli, que abarcó toda
su vida amazónica (entre 1879 y 1926), y la apropiación que de ella hicie-
ron museos y exposiciones. La colección de Stradelli se comprende como
pathos (Benjamin, 2005, 2012), mientras que aquellos componentes que
fueron empleados por el dispositivo exhibitivo (Benett, 1993) conciben a la
colección como conjunto ordenado y útil. Este último contribuye a dar for-
mar a los objetivos de “integración” y subordinación de la territorialidad
amazónica a la nación “Brasil”, un procedimiento que se evidencia en ese
contraste. Mientras la nación, a través del dispositivo de ferias y exhibicio-
nes patrimonializa la colección y la territorialidad amazónica, Stradelli se
propondrá respectar su singularidad, inapropiable y recuperar su misterio
como herencia. Analizaremos los escritos del conde italiano Stradelli y re-
levamos algunos documentos que dan cuenta de la conformación de su
colección. Asimismo, relevamos la presencia de elementos o fragmentos
de la colección de autoría de Stradelli en diferentes ferias y exposiciones:
en Brasil y en el exterior, especialmente en la Exposición de las Misiones
Católicas (1892) y en la Exposición Universal de Saint Louis (1904).
Palavras-chave: Stradelli; Amazonía; Colección; Brasil.
48
tura a uma sociedade policéfala (Bataille, 1970, “Acéphale”) em exemplos
das artes verbal e visual indígenas.
Palavras-chave: Arte verbal indígena; Arte indígena contemporânea; So-
ciedade policéfala.
49
gem de uma carta de tarot . É processo criativo tanto para o artista como
para o público e inclusive nesse encontro de partes envolvidas na troca de
repertório imagético.
Palavras-chave: Lambe-lambe; Teatro de animação; Processo criativo;
Arte como oráculo; Tarot.
51
Projeto de extensão “Conversas Amazônicas
II” e “Olhares sobre a Literatura”: uma
estética literária na Amazônia
Iza Reis Gomes (IFRO)
Eliane Auxiliadora Pereira (CMCG)
Resumo: O projeto de extensão intitulado ‘Conversas Amazônicas II –
Olhares sobre a Literatura’ teve como objetivo proporcionar conversas com
pesquisadores e teóricos sobre Literatura. Atendeu à demanda de profis-
sionais na área da Literatura com conversas teóricas, experiências práticas
e pesquisas de dissertação de mestrado. O percurso metodológico perpas-
sou por ações extensionistas em que o público participou de conversas com
estudiosos e pesquisadores da área da Literatura numa perspectiva expe-
riencial. O público-alvo foram profissionais, estudantes e pesquisadores
da área da Literatura e áreas afins. Os autores trabalhados foram Milton
Hatoum, Daniel da Rocha Leite, Márcio Souza e Miguel Ferrante por meio
das respectivas obras: Dois irmãos, A história das crianças que plantaram
um rio, Mad Maria e Seringal. Toda a atividade foi realizada pela platafor-
ma Google Meet. Como resultado, obtivemos uma troca de informações
sobre a pesquisa realizada no estado de Rondônia pelos professores pes-
quisadores. Além de um material gravado disponibilizado ao público por
meio do youtube. Esse projeto cumpriu suas metas e alcançou um público
que questiona seu fazer e sua atuação em sala de aula. Os pesquisadores
participantes conseguiram abordar a estética literária amazônica que não
se fecha em si, mas está sempre aberta às contribuições de outras culturas.
Palavras-chave: Literatura; Amazônia; Escritores; Estética; Pesquisado-
res.
52
amplamente discutidas nos diferentes espaços educativos, com destaque
principalmente nos territórios de formação docente, a universidade. Uti-
lizamos como campo empírico os cursos de Licenciatura em Artes de onze
Institutos Federais do Brasil. Examina-se também de forma exaustiva, os
documentos oficiais, como os PCN´s, LDB nº 9.394/96 e o atual Plano
Nacional de Educação, aprovado em julho de 2014. Mapeamos através de
tabelas, a partir da leitura dos PPP´s e Currículos, para que dessa forma
possamos compreender as dificuldades e os avanços apresentados na es-
trutura curricular, as dinâmicas e estratégias, com foco nesses materiais,
percebendo se a Lei nº 11.645/08 está sendo contemplada na prática engen-
drando possíveis caminhos para uma melhor implementação dos estudos
da Cultura e História afro-brasileira e indígena.
Palavras-chave: Currículo; Licenciaturas em Arte; PPP; Educação Afroin-
dígena; Institutos Federais.
53
Recepção crítica de Órfãos do Eldorado, de
Milton Hatoum
Júlio César Rodrigues Lima (UEA)
Resumo: Nesta comunicação, traz-se os resultados iniciais de nossa pes-
quisa, desenvolvida no âmbito da iniciação científica, sobre a recepção
crítica da novela Órfãos do Eldorado (2008), de Milton Hatoum. A histó-
ria gira em torno da lenda amazonense da Cidade Encantada, juntamente
com outras referências míticas. Propõe-se, em um primeiro momento, a
realizar a compilação do levantamento crítico (período de 2000 a 2019)
de Órfão do Eldorado (2008), realizado por Cavalheiro (2020). Posterior-
mente, realiza-se a compilação do levantamento crítico – Teses e Disser-
tações dos anos de 2020 a 2022, assim como Trabalhos de Conclusão de
Curso (TCC), artigos publicados em periódicos e Anais, capítulos de livros,
dentre outros – do período de 2008 a 2022. Os dados serão agrupados em
temáticas; posteriormente, serão selecionados alguns gêneros discursivos
e/ou temáticas para realizar a análise da obra. O objetivo desta pesquisa
é, por meio da obra de Hatoum, compreender âmbitos sociais, desde a
economia até o meio antropológico, conseguindo analisar a Amazônia e
suas problemáticas que perduram até a contemporaneidade, desnudando
o conhecimento e auxiliando o meio acadêmico.
Palavras-chave: Amazônia; Órfãos do Eldorado; Milton Hatoum, recep-
ção crítica.
54
rias e culturais. O aporte teórico tem base nos seguintes autores Mikhail
Bakhtin - Dialogismo e Polifonia; Stuart Hall - Estudos Culturais; Karin
Strobel - Estudos Surdos.
Palavras-chave: Cinema; Surdez; Música; Dialogismo.
55
pensar o que vem a ser essa música na sua relação/condição com a colonia-
lidade estética, motivo de sua invisibilidade, de modo a apontar elementos
que possibilitem a se chegar a um lugar em que possa ser ouvida, portanto
existida.
Palavras-chave: Música; Acreana; Urbana; Colonialidade estética.
57
Chullachaqui de lá, curupira de cá: lendas
amazônicas compartilhadas entre Brasil e
Peru
Aquesia Maciel Goes (UFAC)
Resumo: Os limites territoriais entre o Brasil e o Peru não separam a ener-
gia do imaginário (Pizarro, 2012) das águas e das florestas compartilhados
pelos sujeitos que habitam esse espaço fronteiriço. As lendas do curupira e
do chullachaqui – em quéchua significa pés desiguais – são narradas oral-
mente por populações ribeirinhas de ambos os países com muita similitu-
de em seu enredo, nos fazendo perceber que se trata de um imaginário co-
mum aos sujeitos que também compartilham os mesmos rios e florestas,
porém com algumas diferenças e similitudes culturais e estruturais típicos
das narrativas orais que não estão estáticas em livros, mas transitando nas
comunidades. No entanto, para essa análise tivemos que nos ater à mate-
riais disponíveis em livros – Luís da Câmara Cascudo, 1954 e César Toro
Montalvo, 2013 –, sites e vídeos da plataforma Youtube, buscando compa-
rar os elementos que convergem ou divergem nessas duas narrativas que
transitam pelas fronteiras porosas (Basso, 2003) amazônicas, alheias aos
limites impostos pelos Estados.
Palavras-chave: Lendas Amazônicas; Fronteiras; Imaginário.
58
uma estigmatizada tende ao apagamento ou descontinuidade de uso de
uma determinada forma ou dialeto na comunidade.
Palavras-chave: Palavras-chave; Crenças; Escolhas Linguísticas; Falantes.
59
pesquisa de campo, utilizando-se de entrevistas semiestruturadas realiza-
das com moradores das comunidades ribeirinhas. E, para tanto, o aporte
teórico se apoia em Jelin (2001), que aborda sobre o conceito de memória;
Sarlo (2007), que destaca a respeito da lembrança, do esquecimento e da
narração de experiência; Pizarro (2022), a qual discute a respeito da Ama-
zônia, dando ênfase para as humanidades que permeiam nesse cenário; e
Manhães (2020), que trata sobre a importância das narrativas orais para a
conservação e geração de novos significados da memória social e coletiva.
Palavras-chave: Memória; Narrativas orais; Amazônia.
60
ficamente as que são difundidas no estado do Pará, a partir do relato oral
de uma senhora, ex-moradora da região de Maxirá, na cidade paraense de
Monte Alegre, e do vídeo que traz o episódio 26, da série Vou te contar,
do Canal Futura. Foi realizada uma análise comparativa entre as narrati-
vas, a fim de observar a construção dos sentidos em cada uma, abordando
alguns aspectos que envolvem a oralidade e a performance, tendo como
aporte teórico os postulados de Paul Zumthor (1997, 2007), Jan Vansina
(2010) e Amadou Hampâté Bá (2010). A análise demonstrou que gêneros
discursivos distintos, considerando as suas especificidades de enunciação,
produzem sentidos diferentes; além do mais, a performance apresentada
em cada narrativa também é parte significativa na produção dos sentidos.
Palavras-chave: Tradição oral; Performance; Cobra Norato.
61
nha e o monstro e A flor do Lirolá. As histórias contadas na infância pela
matriarca, ainda ecoam nas memórias de seus filhos, são registros de mo-
mentos felizes e singulares. Por isso, o objetivo deste trabalho é fazer uma
análise comparativa entre as histórias contadas por Dona Margá (A ve-
lha, a cachorrinha e o monstro; A flor do Lirolá), A terrível Parábola (Gui-
marães Rosa, 1997) e A flor de Lirolai e outros contos da América Latina
(Bodenmüller; Prando, 2015); observando suas adaptações/variações, ora-
lidade, performance e produções de sentidos. Os autores escolhidos para
balizar a escrita são: Paul Zumthor (1993, 1997, 2005), Le Goff (1990) e
Ricoeur (2007). A metodologia utilizada tem abordagem qualitativa e será
desenvolvida por meio de uma análise comparativa entre as narrativas de
Dona Margá e as obras supracitadas. Espera-se deste trabalho conservar na
memória a arte de contar história de Dona Margá, buscando preencher o
vazio de sua ausência.
Palavras-chave: Tradição Oral; Memória; Narrativas.
62
Fronteiras identitárias, culturais e
memorialísticas de judias prostituídas na
peça teatral Eretz Amazônia, de Márcio Souza
Angélica da Silva Pinheiro (UFPA)
Resumo: São reconhecidos nacional e internacionalmente os autores que
discutem a cultura judaica, assim como a história da imigração dos ju-
deus na Amazônia. Na literatura vê-se, também, marcas judaicas em obras
escritas por descendentes de judeus. Márcio Souza, em Eretz Amazônia,
peça de teatro contida no livro Teatro Seleto (2018), apresenta, nas setes
cenas que compõem o texto, a temática cultural e identitária dos judeus
que deixaram o Marrocos e na Amazônia fizeram um novo lar. A peça é
também homônima à obra seminal de Samuel Benchimol Eretz Amazô-
nia. Em uma das cenas, surge a temática das judias prostituídas, que à re-
velia vivem uma experiência diaspórica e transcultural, embora lutem para
manter aspectos da identidade judaica. Rememora-se, na cena, a trajetó-
ria hostil de moças judias imigrantes conduzidas à prostituição. Apoiados
no pensamento de Stuart Hall (2003), este trabalho buscará entender os
processos identitários e diaspóricos retratados nas personagens, conside-
rando conceitos de memória Halbwachs (1990), além dos processos trans-
culturais pontuados por Fernando Ortiz (1983), que apontam rastros da
cultura judaica na Amazônia.
Palavras-chave: Identidade; Cultura; Judias; Prostituídas; Memória.
63
Pizarro (2012); Kilomba (2019); Fanon (2021); Du Bois (2021); Quijano
(2005), dentre outros/as. Nesta perspectiva, o estudo se torna relevante
para problematizar narrativas oficiais nos campos da linguagem, identida-
de e memória nos espaços amazônicos.
Palavras-chave: Memória; Oralidade; Seringal; Guaporé.
64
acerca do golpe militar no Acre e seus impasses. Nos referenciamos nas
discussões propostas por Paul Veyne (1998), Ansart (2004,2005) e Hannah
Arendt (2013) para dialogar com os escritos como eventos da história, res-
sentimentos e a crise que abalou a república através de memórias/cartas, e
partirmos de situações subjetivas dos personagens, em uma construção de
narrativas que unem o desejo e a esperança do retorno à democracia.
Palavra-chave: Ditadura; Memória; História; Cartas; Acre.
65
cana, ameríndia e européia) em seu código de ética, criando uma nova
matriz e fundando um Cosmos único. Tivemos como objetivo, para além
da apresentação do histórico de fundação do centro, propor alguns ques-
tionamentos sobre o sincretismo vivenciado por esse movimento religioso,
buscando entender os fenômenos existentes dentro de tal movimento que
propiciaram a criação de um Cosmos único e que hibridiza três matrizes
religiosas. Para tanto, utilizamos os conceitos de Cosmos de Mircea Eliade
(1992) e a vasta bibliografia sobre a Tradição Ayahuasqueira, com foco no
trabalho de Goulart (2004) e Mercante (2012).
Palavra-chave: Barquinha; Tradição Ayahuasqueira; Cultura.
67
Povos originários e Direitos Humanos na
Constituição de 1988: uma perspectiva
decolonial
Danielle Bruzzi Auad (UEMG)
Andrea Machado de Almeida Mattos (UFMG)
Resumo:Este trabalho tem por objetivo discutir questões ligadas aos direi-
tos constitucionais dos Povos Originários estabelecidos na Constituição
Federal de 1988 a partir de uma perspectiva decolonial. Para tanto, parti-
remos dos Arts. 231 e 232 da Constituição que, respectivamente, reconhece
aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e
os direitos originários sobre suas terras, e confere legitimidade aos índios,
suas comunidades e organizações para ingressar em juízo em defesa de
seus direitos e interesses. Baseando-nos nos conceitos de colonialidade/
decolonialidade, que evidenciam as heranças coloniais de dominação po-
lítico-econômico-institucional advindas das metrópoles europeias, e pós-
-memória, que define a relação existente entre a memória de uma geração
que vivenciou um grande trauma coletivo e as gerações subsequentes que
não vivenciaram esse trauma mas que possuem recordações baseadas na
transmissão intergeracional de histórias e narrativas, tentaremos discutir
a história e os traumas vividos pelos povos originários brasileiros, desde a
colonização até a conquista de seus direitos com a promulgação da Consti-
tuição de 1988. Esperamos com este trabalho fomentar as discussões acer-
ca dos direitos dos povos originários e trazer um posicionamento favorável
à sua luta, dos pontos de vista histórico, social, jurídico e ético.
Palavra-chave: Povos Originários; Direito constitucional; Decolonialida-
de; História; Pós-memória.
68
Derrida (2001), Michel de Certeau (1982), Michel Foucault (1979), Walter
Benjamim (1987) o referencial teórico-metodológico inicial que inspiraria
minha escrita. Este referencial me permitiu compreender que as sujeitas
professoras são arquivos, que seus corpos são arquivos, e que a história da
educação do Acre é uma escrita fabricada pelo discurso oficial. Nesse sen-
tido, pretendo recalcar as trajetórias dessas professoras para possibilitar
um outro gesto de interpretação a respeito da formação de professores no
Acre.
Palavra-chave: Memórias; Narrativas; Formação de Professores; Profes-
sor Leigo.
69
Narrativas da tradição oral do povo Oro
Wari e Oro Nao: “a grande alagação” e o “mito
do surgimento do milho”
Sâmela Fernandes da Costa (UNIR)
Valdir Vegini (UNIR)
Resumo: Esta pesquisa, que ainda se encontra em andamento, tem por
objeto de estudo analisar duas narrativas da cultura indígena Oro Wari’
e o subgrupo Oro Nao’ denominadas: A grande alagação e Mito do surgi-
mento do Milho. Assim, analisaremos linguisticamente à luz da tradição
oral vansiniana que propõe, principalmente, a sua constituição peculiar
quanto à identidade e memória coletiva dessa etnia. A narrativa é reti-
rada do livro A cultura mitológica sobre a origem de povos indígenas de
Rondônia, organizado pelo Deinter (2018) e com estudantes indígenas que
expressam as riquezas presentes em sua cultura, memória e identidade.
Para procedimento das coletas adotamos tipo investigativo ou bibliográ-
fico, tendo como base teórica de Gil (2008). Dessa forma, para sustenta-
ção das análises, serão norteados pelos estudos narratológicos os teóricos
Labov (1997) e Ferreira Netto (2008). Apontaremos para conceituar sobre
identidade Stuart Hall (2016), Munduruku (2014) e Maciel (2021); aborda
Eagleton (2005), Thiél (2012) e Jecupé (1998, 2020) acerca da cultura geral
e indígena; Halbwacs (2006) e Pollak (1992) discutem a temática memória.
Os resultados preliminares evidenciam marcas identitárias do povo local e
contribuem de forma significativa para o registro da história cultural reve-
lando os saberes, modo de viver e memória dos indígenas.
Palavra-chave: Narrativa; Povo Oro Wari; Cultura indígena; Tradição
oral; Memória.
70
dário, de um tempo-espaço opressivo, que segue ocultando e reiterando a
violência e horror do processo de dominação, incessantemente impondo
a lógica dos vencedores por meio da manutenção de um mito fundador,
apagando a figura da “vencida”, da “abjeta”, da não catalogada como huma-
na e engessando-a em símbolo do poder, da origem e do uno apresenta-se
essa ideia outra de jogo com o tempo-espaço, ideia que abre a narrativa de
Pizarro, extraída de um dos textos mesoamericanos, o Chilam Balam de
Chumayel, que ressalta, re-inventa fendas, entrelugares, uma maneira ou-
tra de relacionar-se com o tempo e com o espaço, a partir da rememoração,
movimento vital para Benjamin.
Palavra-chave: Repetição/apagamento; Tempo oficial; Tempo rememo-
rativo; Monumentos; Invenção.
71
Vida e trabalho nos seringais da Amazônia
Acreana: representações do fazer na obra O
Empate, de Florentina Esteves
Manoel Messias Feitosa Soares (UFAC)
Auxiliadora dos Santos Pinto (UNIR)
Resumo: Trata-se de apresentação resultados parciais de pesquisa que tem
por objetivo a análise sobre a vida e o trabalho nos seringais amazônicos
tendo como ponto de partida o diálogo entre trajetória de vida, represen-
tações do trabalho nos seringais na obra literária O Empate, de Florentina
Esteves, e historiografia. Busca-se desvelar a interrelação entre discurso
histórico e ficcional, enfatizando as expressões e termos utilizados pelos
seringueiros e seringueiras nos contextos acreanos. Alguns aspectos nor-
teadores da pesquisa podem ser apresentados a partir das seguintes pro-
blemáticas: Como trabalho e vida cotidiana se entrecruzam nos espaços
dos seringais? De que forma se apresentam as diferentes atividades nas
colocações e como estas organizam o trabalho e a vida de homens, mu-
lheres e crianças? Do ponto de vista metodológico, trata-se de pesquisa
bibliográfica que dialoga com memórias sobre a trajetória e experiências
de vida e trabalho do pesquisador em seringais acreanos e de fronteira. A
relevância do estudo liga-se à ênfase às historicidades amazônicas, suas
expressões na literatura, e na memória como fonte de reconstituição das
vivências. Do ponto de vista do referencial teórico, destacam-se os estu-
dos de: Cândido (2006), Nunes (1988), Baccega (2007), Halbwachs (2003),
Portelli (2016), Hall (2016), Albuquerque (2016), entre outros.
Palavra-chave: Amazônia acreana; Seringais; Trabalho; Memória; Socie-
dade.
72
gico a perspectiva dialógica proposta por Mikhail Bakhtin, para apresentar
as características discursivas na estética da criação literária de Hatoum; a
abordagem dos paratextos editoriais proposto por Gérard Genette, a fim
de compreender o projeto editorial do livro em sua materialidade; e a pers-
pectiva epistemológica de Antonio Candido acerca do papel das literaturas
na sociedade. As descrições alicerçadas nestas contribuições evidenciam
o movimento social do autor no projeto editorial da obra, adequando-a
ao contexto de publicação, o caráter solidário e senso de responsabilidade
social autoral pelas causas dos povos indígenas na estética da obra.
Palavra-chave: “Literatura e sociedade”; “Discurso social”; “Projeto edito-
rial”; “Povos indígenas”; “Milton Hatoum”.
73
Corpos enunciadores de resistência na
Amazônia Ocidental: escrevivências de
mulheres em privação de liberdade
Pâmela Dias Villela Alves (IPECAL)
Samila de Paula Niz
Resumo: Este trabalho objetiva falar sobre o trabalho de resistência atra-
vés do “Projeto Escrevivências da Libertação: releituras e reconstruções de
trajetórias”, realizado na Unidade Feminina do Sistema Prisional Acreano.
Projeto desenvolvido pela Rede MulherAções a partir de uma metodologia
de leitura, escrita e práticas sociais pautada no conceito de “Escrevivên-
cias” de Conceição Evaristo e nos eixos teórico-metodológicos de Paulo
Freire. Tem, ainda, como base bibliográfica Augusto Boal, Bárbara Santos,
experiências vivenciadas no Grupo de Estudos do Teatro do Oprimido na
floresta e a escrita terapêutica criada por Carla Silva. Abordando sobre te-
mas como o racismo, violência contra a mulher, luta de mulheres, impor-
tantes personagens negros e negras da história brasileira, trabalha-se na
perspectiva do corpo aprisionado e estigmatizado, sendo a primeira vez
-ao que se sabe- que o Teatro do Oprimido é abordado neste contexto em
nosso Estado. A partir da importância dessas mulheres resistirem na Ama-
zônia e neste Estado com a segunda maior taxa de encarceramento do país,
o projeto visa favorecer que elas se coloquem num lugar de experienciar
como o “nós” e o “eu” pode ser percebido, concebido e auto narrado a partir
de si mesma, do coletivo e de suas trajetórias, um desencarceramento não
só do corpo.
Palavra-chave: Resistência; Escrevivênciaa; Desencarceramento; Mulhe-
res; Coletivo.
74
ço editorial, mas também pela condição étnica, social e geográfica. Estas
nuances aparecem nos poemas analisados, reverberando poeticamente no
cotidiano apresentado, as violências simbólicas e factuais oferecem uma
crítica audaz ao nosso tempo, denunciando desde os silenciamentos pelos
quais as mulheres passam, até a ausência de direitos sobre o próprio corpo.
Para tanto, esta pesquisa recorre aos estudos críticos de Conceição Evaristo
(2017), Audre Lorde (2019), bell hooks (2019) e demais pesquisadoras que
nos ajudem a compreender a escrevivência e a resistência que atravessam
os poemas das obras aqui analisadas.
Palavra-chave: Escrevivência; Resistência; Poesia; Amanara Brandão
Lube; Mari Santos.
75
A violência contra a mulher na narrativa de
autoria feminina afrobrasileira do século XIX
Larissa da Silva Sousa (UNIFESSPA)
Resumo: Este trabalho tem o objetivo de apontar e discutir as diferentes
formas de violência contra a mulher ocorridas em duas narrativas de Ma-
ria Firmina dos Reis: o romance Úrsula e o conto A escrava, analisando
a partir da observação das vivências das personagens e da forma como a
atuação masculina e a forma como vive em sociedade afetam as suas vidas
e a maneira como elas são violentadas pelo sistema patriarcal. Para tal,
Pierre Bourdieu (2010), Joan Scott (1991) e Jean Delumeau (2009), guiam
as análises e discussões garantindo a fundamentação teórica que embasa
os apontamentos à obra da autora maranhense. A elaboração deste segue
um panorama de como a violência é apresentada nas narrativas e, ainda, é
intuído a promoção de uma relação entre os acontecimentos trazidos pelo
texto fictício e a vida cotidiana. A partir deste estudo, nota-se nas narrati-
vas da escritora afrobrasileira que é pujante naquele contexto as violências
às quais as mulheres eram expostas naquele período, fossem elas físicas e/
ou simbólicas, fato que é reflexo do meio social – extremamente patriar-
cal – que Firmina vivia. Com as discussões, vê-se como evidente que ainda
hoje as mulheres seguem sendo vítimas da violência de gênero.
Palavra-chave: Violência; Mulher; Autoria feminina; Afrobrasileira; Ma-
ria Firmina dos Reis.
76
identidade em crianças pequenas. Os resultados obtidos mostraram que
as interações e produções das crianças forneceram elementos para identi-
ficar as diversas construções identitárias estabelecidas pela turma e em sua
relação com o outro e o nós.
Palavra-chave: Educação Infantil; Diversidade; Identidade Amazônica;
Alteridade.
77
As leis penais na pós-abolição que
contribuíram para o encarceramento
Solene Oliveira da Costa (UFAC)
Resumo: Resumo: Neste texto, temos o objetivo de analisar como as leis
penais foram instrumentos utilizados para punir os ex-escravizados e seus
descendentes no pós-abolição. Assim, propomos investigar como essas
leis contribuíram para o encarceramento em massa da população negra e
empobrecida com viés no Acre, pois, conforme os dados do Infopen (2021),
proporcionalmente, esse é o segundo Estado brasileiro com o maior nú-
mero de pessoas privadas de liberdade. Tem-se, portanto, essa situação
como resultado de um sistema de justiça reprodutor do racismo estrutu-
ral e da ineficiência do Estado em garantir políticas públicas para pesso-
as em situação de vulnerabilidade social e econômica. A metodologia da
pesquisa é qualitativa mediante a utilização de bibliografias que discutem
o racismo estrutural de Almeida (2020), em diálogo com a teoria da necro-
política de Mbembe (2016) e a biopolítica de Foucault (1976). Diante da
complexidade, faz-se necessário discutir a invisibilidade e a criminaliza-
ção da população negra historicamente silenciada e colocada em posição
de subalternização.
Palavra-chave: Leis; Racismo; População negra.
As personagens femininas na obra de José
Lins do Rego
Lucinéia Alves dos Santos (UNIFAP)
Resumo: Pretende-se abordar nesta comunicação a representação das per-
sonagens femininas dos romances: Menino de Engenho, Doidinho e Ban-
guê de José Lins do Rego. Para tanto, utilizaremos a dicotomia: inocência e
pecado, teorizada por David Brookshaw (1983). Faremos uma abordagem
do estereótipo literário da mulata, que muitas vezes é apresentada como
a “mulata incendiada de luxúria” (Queirós Jr.,1975), personagem respon-
sável pela devassidão e ruína do protagonista. Há também a normalização
do estupro em um dos romances de Lins do Rego, esse aspecto está pre-
sente na obra de Gilberto Freyre (2003), amigo e grande influenciador do
escritor paraibano. Estudaremos sobre a invisibilidade construída através
da não identificação de algumas personagens negras que são apontadas
com racialização; não possuem nomes, são chamadas de negras somente.
Acrescentaremos a esta pesquisa a teoria da invisibilidade da mulher ne-
gra, abordada por Bell Hooks (2019) em seus estudos sobre representação
social. Este ponto de vista é capturado, igualmente, por Gonzales (1984)
que afirmou a existência de três noções para a mulher negra brasileira:
“mulata, doméstica e mãe preta”.
Palavra-chave: José Lins do rego; Personagens femininas; Racialização;
Estereótipo; Representação.
78
As relações de gênero e poder nos textos
jornalísticos do Jornal O Rio Branco
Jirlany Marreiro da Costa Bezerra (UFAC)
Resumo: Este trabalho tem como objetivo discutir de que forma as rela-
ções de gênero e poder articulam as representações sobre as mulheres cri-
minalizadas através dos textos jornalísticos do jornal O Rio Branco entre
os anos de 1982 a 1989, para isso o estudo tem buscado como referencial
teórico Stuart Hall (2013, 2016), Marcia Silva (2014), Judith Butler (2003),
Michel Foucault (2014, 2016, 2021), entre outros autores, onde apontam
que as práticas e os valores sociais do sujeito influenciam na maneira como
as narrativas são perpassadas, neste caso as matérias coletadas do referido
jornal. A pesquisa debruça-se sob a perspectiva de analisar como se dá as
representações sobre a mulher criminalizada, tendo como procedimento
metodológico a análise de conteúdo de Bardin (2016). A presente pesquisa
em andamento possui 524 textos e está em fase inicial de análise, porém
tem observado que as representações sobre as mulheres criminalizadas
eram permeadas por estereótipos, discriminação e preconceitos oriundos
de ideias pré-concebidas sobre o papel social da mulher na sociedade, in-
culcado principalmente a partir do século XIX e XX, porém sendo ainda
difundidos em pleno século XXI.
Palavra-chave: Criminalizadas; Discriminação; Estereótipos; Mulheres;
Representação.
79
em diálogo com Munduruku (2010), Baniwa (2007), Krenak (2019), Cardo-
so (2008, 2010), Bento (2002, 2022) e Quijano (2005, 2007). Previamente,
percebe-se que há uma ausência de análises concernentes à viabilidade da
inferência da branquitude na episteme indigenista na condição de sujeitos
parceiros de luta.
Palavra-chave: Branquitude Crítica; Povos indígenas; Decolonialidade.
80
de de direitos entre os gêneros. Porém, as mulheres continuaram subalter-
nizadas, mesmo nos cargos políticos e militares. Diante disso, discutem-se
aspectos como a desesperança, misoginia, luta, violência e independência
feminina no conflito armado da ditadura militar na Somália em O pomar
das almas perdidas, (2016), de Nadifa Mohamed, romance que dá prota-
gonismo a três mulheres, cujas vidas se entrecruzam. Como metodologia,
realiza-se pesquisa bibliográfica, qualitativa, discutindo autoras como Be-
auvoir (2009), Davis (2016), hooks (2019), Showalter (2014), entre outras,
acerca dos movimentos feministas, feminismo negro e africano, da situa-
ção das mulheres na Somália e da crítica literária feminista, observando
como as relações e os conflitos das protagonistas representam a sociedade
somali em termos de misoginia e exclusão da mulher. A pesquisa revela
que as mulheres são as maiores vítimas numa guerra, visto que sociedades
totalitárias são marcadas pelo sexismo, mas a união entre as 3 protago-
nistas simboliza a sororidade entre as mulheres, a melhor arma contra o
patriarcado.
Palavra-chave: Feminismo; Feminismo negro; Somália; Nadifa Moha-
med.
Feminino e as amarras do discurso
patriarcal: uma reflexão sobre a
sexualidade feminina através da Beata Maria
do Egito, de Raquel de Queiroz
Larícia Pinheiro Silva
Resumo: O trabalho busca promover a desconstrução da ideia de identi-
dade feminina através de uma análise reflexiva da protagonista Beata Maria
do Egito, tendo como foco discorrer sobre as relações de sexualidade e as
restrições que servem como artifícios para silenciar e aprisionar o femini-
no pelo discurso do patriarcado. Com este intuito se observa os discursos
presentes na tecitura do perfil feminino na narrativa de Raquel de Queiroz,
no romance Beata Maria do Egito (2003). Utiliza-se a pesquisa bibliográfi-
ca através do método comparativo em que relaciona as teorias de identida-
de, literatura e as questões de gênero, usando como suporte os textos de:
Stuart Hall e Tomaz Silva (2014); Antonio Esteves (2010); Antônio Candido
(2006); Mary Del Priori e Emanoel Araújo (2011); Michelle Perrot (2012); e
Judith Butler (2015). Assim, nota-se uma identidade que remete a uma for-
ma opressiva de dependência e carência do ser que precisa de um amado
para dar-lhe o prazer e a ilusão de segurança, como evidencia a tentativa
do Tenente-Delegado de Polícia ao envolver-se sexualmente com a Beata
Maria do Egito com o intuito de subjugá-la a sua vontade. A protagonista
se apropria do próprio corpo como arma de defesa para tentar dissuadi-lo
a libertá-la da prisão.
Palavra-chave: Beata Maria do Egito. Sexualidade. Identidade feminina.
Vozes dissonantes. Patriarcado.
81
Feminismo e educação: a igualdade de gênero
em discussão
Josélia de Fátima Tuschinski (UPF)
Ivânia Campigotto Aquino (UPF)
Resumo: O presente trabalho tem como foco, estudos de gênero e edu-
cação, tais aspectos compõem a área de pesquisa da minha Dissertação
de Mestrado em Letras na Universidade de Passo Fundo (UPF) RS. O es-
tudo visa identificar os elementos que outorgam a participação do(s) fe-
minismo(s) nas organizações políticas e sociais e analisar de que forma
eles contribuem para o desenvolvimento da igualdade de gêneros. Para
isso, o texto discute à luz da Crítica Feminista, os tópicos: O papel do (s)
feminismo (s) nas reivindicações por direitos igualitários entre os gêneros
e a educação formal da mulher como força estruturante de sua autonomia
econômica, política e intelectual. Na busca por elementos, o ponto inicial
da minha investigação baseou-se no que designei cinco distintas vertentes
representativas de feminismo (s) a saber, Feminismo Liberal com os movi-
mentos: (Iluminista e Sufragista) Radical, Socialista, Feminismo Negro, e
Feminismo Interseccional. No decorrer dessa análise menciono as aproxi-
mações e distanciamentos das ideias que permeiam as distintas vertentes,
bem como, seus efeitos nos Estudo Feminista brasileiro.
Palavra-chave: Crítica feminista. Educação. Igualdade de gêneros.
82
Barreto (2013), entre outros. Os resultados, ainda que de forma parcial,
vêm demonstrando a urgência da representatividade do corpo, enquanto
sujeitos múltiplos e contraditórios.
Palavra-chave: Gênero; Corpo; Sexualidade; Livro didático; Educação do
Campo.
83
de Gume, da escritora amazonense Monique Malcher. Será de grande valia
aprofundar-se na escrita de autoria feminina em contexto amazônico, isto
é, escritoras nascidas ou situadas na Amazônia, pois se na esfera nacional
as produções literárias de mulheres ainda estão em processo de reconheci-
mento, a mulher escritora amazônica está duplamente à margem desse es-
paço de reconhecimento e circulação. E sendo assim, a motivação princi-
pal deste estudo é, entre outras, que essa temática está diretamente ligada
à luta das mulheres por igualdade de direitos. Intentando mostrar como
a mulher usa sua escrita para representar a si mesma, estipulamos como
problemática as seguintes questões: Como reverbera a literatura produzi-
da por mulheres e como mulheres escritoras representam outras mulhe-
res através de suas personagens femininas? Para fundamentação teórica
usamos como base as concepções de Telles (2004), Woolf (1928) e Perrot
(2003) que trazem discussões sobre a literatura produzida por mulheres,
entre outras que contribuem significativamente para o entendimento do
que é proposto neste texto.
Palavra-chave: Literatura; Escrita; Mulher; Violência; Força.
84
Negras e negros nas pesquisas étnico-raciais
dos cursos de pós-graduação da Universidade
Federal do Acre
Ângela Maria Bastos de Albuquerque Silva (SEE - AC)
Jorge Fernandes da Silva (UFAC)
Resumo: A pesquisa é um levantamento bibliográfico com temáticas ét-
nico-raciais negras em dois programas de pós-graduação da Universidade
Federal do Acre: Letras: Linguagem e Identidade - (PPGLI), e Programa
de Pós-Graduação em Educação - (PPGE). Os principais objetivos foram:
identificar e organizar as pesquisas com temáticas étnicos-raciais negras
para compreender a relevância e visibilidade de seus conteúdos nos res-
pectivos programas. Os dois principais referenciais utilizados foram Or-
landi (2007), e Munanga (2004). Na metodologia foi utilizada a pesquisa
bibliográfica pela revisão da literatura sobre a temática étnico-racial negra
nos dois programas a partir de 2009 até 2022. A principal categoria aciona-
da foi a negritude apontada por Munanga (2012) como elemento de valori-
zação da história e cultura negra, frente ao silenciamento imperante con-
substanciado em Orlandi (2007), sobre pesquisas étnicos-raciais negras
até a primeira década do século XXI. Por outro lado foi possível concluir
que as produções acadêmicas encontradas tanto no Programa de Pós-Gra-
duação em Letras: Linguagem e Identidade - (PPGLI), como no Programa
de Pós-Graduação em Educação - (PPGE), cumprem relevante função na
visibilização e divulgação da história, cultura, e trajetórias negras especial-
mente no âmbito da Amazônia acreana.
Palavra-chave: Negras e negros; Dissertações; Ufac; Programas de pós-
-graduação.
85
no sexo. Igualmente, Magdalena não tem liberdade sobre seu corpo, visto
que o pai não a permite se deslocar desacompanhada nem ficar sozinha na
própria casa. Então, para além de uma depreciação do sexo feminino, essas
reflexões assinalam uma castração do pai em relação à filha e, em última
instância, uma dominação do homem sobre a mulher, característica do
sistema patriarcal e projetada da realidade para o discurso.
Palavra-chave: Psicanálise; Histeria; O Homem; Patriarcado; Discurso.
86
sociais e o rompimento com os “determinismos” de classe, gênero e raça,
fundamentalmente orientado pelos trabalhos de Bernard Lahire, Pierre
Bourdieu e Jessé Souza. Metodologicamente foi aplicado um questionário
aos estudantes regularmente matriculados e o estudo contou com a coleta
de dados junto à Superintendência de Assistência Estudantil da Univer-
sidade e da Assistência Social do Estado, sobretudo os relacionados aos
programas de auxílio estudantil e transferência de renda. Os resultados
indicam que o perfil do estudante de Pedagogia da UFPA não difere signi-
ficativamente sobre o levantado em pesquisas nacionais, mas sugere aten-
ção diferenciada para entender os desafios que os estudantes das classes
populares, em especial pretos e pardos com renda de até 1,5 SM per capita e
que foram beneficiários de programas de transferência de renda em algum
momento de suas trajetórias escolares têm.
Palavra-chave: Cotas. Perfil Social. Desigualdades Sociais.
87
Questões preliminares sobre
performatividade de raça e de gênero na
literatura de “expressão amazônica”
Andressa Queiroz da Silva (UFAC)
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar o projeto de
pesquisa submetido no programa de pós-graduação doutorado em Letras:
Linguagem e Identidade da Universidade Federal do Acre-PPGLI/UFAC.
O projeto propõe a análise de literaturas de “expressão amazônica”, que são
compreendidas como sendo “amazônicas” por terem narrativas tecidas em
meio a uma atmosfera considerada pertencente ao então Estado do Acre.
A partir de uma caracterização do que se está entendendo por literatura
de “expressão acreana”, objetivou-se analisar, por meio de uma perspecti-
va linguístico-identitária, traços de performatividade de gênero e de raça
dos personagens, em que, para tal, recorreu-se, metodologicamente, aos
seguintes passos: primeiramente a leitura das obras selecionadas, seguida
da geração dos termos que heteroidentificam os personagens e, posterior-
mente, por meio do método da indexicalidade (Blommaert, 2006), serão
averiguados os efeitos semânticos dos usos desses termos para se verificar
os diferentes sentidos linguístico-identitários que o uso de termos pode
construir. Para a análise dos dados submetidos ao método da indexicalida-
de, utilizar-se-ão os seguintes referenciais teóricos: Austin (1960[1990]),
Derrida (1972[1988]), Pennycook (2006) e Butler (1997).
Palavra-chave: Literatura de expressão amazônica; Identidades; Gênero
e Raça.
88
nhores/as dessa terra” que já sobreviviam com culturas e identidades des-
de muito antes da chegada dos invasores. “O sistema capitalista prioriza o
consumo, sem pensar as pessoas como sujeitos complexos indissociáveis
da natureza”. Kopenawa (2015). A pesquisa é de abordagem qualitativa e
bibliográfica. Tem como base teórica: Kambeba (2020), Paula (2017), Vei-
ga Neto (2001), Krenak (2015), Santos (2012) e Cimi (2021). Concluiu-se
que as mulheres indígenas sofrem violências, porém resistem mantendo
seus modos culturais vivos há 522 anos. Esses modos de resistência vêm
ganhando notoriedade a partir de movimentos sociais, escritas, manifes-
tações nas redes sociais.
Palavra-chave: Mulheres indígenas; Violências; Desigualdades sociais;
Resistências.
89
“As histórias importam”: a
interseccionalidade na obra O perigo de uma
história única de Chimamanda Ngozi Adichie
Ioneide Marques Corrêa (UFPA)
Iris de Fátima Lima Barbosa (UFPA)
Resumo: O perigo de uma história única (2019) de Chimamanda Ngozi
Adichie (1977) apresenta importantes debates sobre as relações de poder,
criação e reprodução de estereótipos. Para este exercício crítico, a autora
utiliza uma abordagem autobiográfica para relatar episódios de racismo,
sexismo e classismo, problemáticas que historicamente afetam o convívio
social de países terceiro-mundistas. Dessa forma, neste trabalho, estuda-
remos a produção da pensadora africana, sob o viés da interseccionalida-
de, ressaltando que os vínculos de poder e a instauração da “história única”,
promovem a estruturação de sistemas de opressão, que envolvem questões
de gênero, classe e raça. Para a construção dessa análise utilizaremos os
aportes teóricos das intelectuais Carneiro (2003), Collins e Bilge (2020)
e Akotirene (2020). São estudiosas que, através de suas produções, argu-
mentam sobre a categoria de interseccionalidade como ferramenta crítica,
bem como da movimentação social, política e cultural mundial desde o sul
global. Logo, ao utilizarmos o conceito de interseccionalidade aplicado à
obra da teórica, identificaremos os mecanismos de violências simbólica e
epistêmica e evidenciamos a resistência de grupos subalternizados. Tudo
isso demonstra que este livro possibilita reflexões para além do discurso
oficial. São questionamentos que desestruturam a soberania de grupos he-
gemônicos que atuam na sociedade contemporânea.
Palavra-chave: Interseccionalidade; História Única; Chimamanda Ngozi
Adichie.
90
anos de 2015 e 2016. Elas são estudadas a partir das elaborações teóricas
de Gomes (2020 [2006]), Silva (2014), Moraes (2015), Hall (2016), Collins
(2019), entre outros autores. A análise do conteúdo dos textos mostra que
as representações jornalísticas dos fenômenos limitam-se à narrativa das
fontes-personagens (Bardin, 2016 [1977]) , deixando de lado a possibilida-
de de aprofundamento histórico e político dos conflitos raciais exprimidos
nos tratos de cabelos crespos e cacheados na sociedade brasileira.
Palavra-chave: Cabelo cacheado; Cabelo crespo; G1 Acre; Mulheres ne-
gras; Representações.
91
narrativas e a análise delas. A análise se faz a partir das tentativas de com-
preender três categorias: as práticas de leitura realizadas por essas pro-
fessoras e o que elas pensam sobre ser leitor, e sobre o que é ler. Para isso,
tomaremos como base teórica as noções de leitura de mundo (FREIRE,
2011); leitura enquanto experiência e leitor enquanto sujeito da experiência
(LARROSA, 2004). Os resultados são parciais: de modo diferente da cul-
tura ocidental que tem a leitura vinculada a uma compreensão da escrita
em si, observamos através dessas primeiras narrativas das professoras, que
suas leituras têm forte vínculo com a oralidade e com a experiência.
Palavra-chave: Leitura; Professores indígenas; Leitor; Práticas de leitura.
92
Educação escolar indígena, literatura e
estereótipos em Canumã: a travessia (2019),
de Ytanajé Coelho Cardoso
Francisca Georgiana do Nascimento Pinho (UFC)
Resumo: Os escritos, acadêmicos e literários, de Ytanajé Coelho Cardoso
são marcados por um ideal de contracorrente, especialmente por o autor
ser oriundo da etnia Munduruku. Em sua obra de estreia literária, os su-
jeitos indígenas se deparam com novas motivações de sobrevivência com
a aquisição da educação formalizada, e perpassam questões que vão desde
a preservação da tradição oral à experiência da educação indígena como
objeto de reflexão acadêmica. Em Canumã – a travessia (2019), uma fa-
mília munduruku migra da aldeia para a cidade e, nesse mudança, há o
retrato das angústias e desafios vividos pela família, em diferentes níveis:
a adaptação na escola pelas crianças, na dificuldade em emprego para os
adultos e o enfrentamento de estereótipos de ambos por serem indígenas.
Assim, este trabalho visa analisar as questões que atravessam o processo de
formação educacional dos sujeitos indígenas e a presença ainda marcante
de estereótipos sobre as aldeias, os sujeitos indígenas e tradição cultural
do povo munduruku. A pesquisa é fundamentada em Honorato (2021),
Dorrico e Danner (2020), Cardoso (2017), Sá (2012), entre outros. Navegar
em Canumã implica perceber o processo da educação escolar como um
fator determinante na construção de estratégias de ação contra tradições e
representações literárias paternalistas.
Palavra-chave: Literatura indígena; Educação escolar indígena; Ytanajé
Cardoso.
93
dados se caracterizam por responderem a uma pergunta: o que as pessoas
pensam quando digo que sou do Acre. O referencial bibliográfico se baseia
em estudos de Raquel Recuero sobre memes na internet; no conceito de
representação de Stuart Hall; nos estudos de Ana Pizarro sobre o proces-
so de formação social das Amazônias brasileiras; e na pesquisa de Durval
Albuquerque Jr. a respeito de estereótipos, preconceitos geográficos e de
lugar. Esses memes enfatizam imagens e metáforas já existentes, que mar-
cam os sentidos de vazio, distanciamento, primitivismo, atraso.
Palavra-chave: Representações; Memes; Amazônia Acreana.
95
Escola, trabalho docente e ensino remoto: o
dialogismo em notícias publicadas durante a
pandemia
Maria Ivanize Corrêa dos Santos (UEA)
Resumo: A pandemia de COVID-19 provocou transformações em diver-
sos setores da sociedade brasileira. Na educação, o surgimento dos primei-
ros casos da doença resultou no fechamento das escolas, que recorreram a
outros recursos para garantir a continuidade do ano letivo, fazendo surgir
discursos sobre a educação no país, como as notícias veiculadas pela im-
prensa. Nesse contexto, este trabalho tem por objetivo analisar o dialo-
gismo nos enunciados de notícias acerca da educação no Brasil, especial-
mente sobre a escola, o trabalho docente e o ensino remoto. Para tanto,
selecionamos dois dos jornais de maior circulação do país: Folha de S. Pau-
lo e O Estado de S. Paulo, dos quais extraímos 17 textos publicados nos dois
primeiros meses de fechamento das escolas (março e abril de 2020). Como
fundamento teórico-metodológico, empregamos os trabalhos do Círculo
de Bakhtin (Volóchinov, 2019, 2021; Bakhtin, 2015, 2018) e de seus interlo-
cutores em Análise Dialógica do Discurso (ADD), dos quais mobilizamos
os conceitos de dialogismo, ideologia e gêneros do discurso. Nas primeiras
análises, observamos que os textos convergem ao abordar a dificuldade
dos estudantes com o ensino remoto, a preocupação dos docentes com os
alunos de baixa renda e a necessidade de disponibilizar recursos aos estu-
dantes sem acesso à internet.
Palavra-chave: Dialogismo; Escola; Trabalho docente; Ensino remoto;
Notícias.
96
produção e circulação de relatos de viajantes de ciência são apresentados
como princípios norteadores de uma análise dos mecanismos que produ-
zem e legitimam um discurso de autoridade.
Palavra-chave: Discurso; Função autor; Narrativas de ciência; Relatos de
viagem; Amazônia.
97
tura e escrita passam a ter importância na vida dos indígenas após séculos
de silenciamento. Para isso, mobiliza dispositivos da Análise do Discurso
materialista, que possibilita pensar língua, sujeito e sentido. No gesto de
análise, os sentidos de leitura e escrita vão sendo mobilizados a partir das
materialidades discursivas, entre o linguístico, o histórico e o ideológico
da posição do sujeito. O estudo já possibilitou algumas considerações, a
saber: escrita/leitura aparecem significadas de forma paradoxal, tensiona-
das entre memória e conhecimento ancestral e a importância dessas tec-
nologias (leitura e escrita) para o processo de autoafirmação dos indígenas
na sociedade brasileira, em forma de produção de documentos, literatura,
sites, blogs e outros.
Palavra-chave: Leitura e escrita; Efeitos de sentido; Análise discursiva;
Povos indígenas; Memória.
98
O silenciamento feminino em Dois Irmãos: o
discurso e a subjetividade feminina em Domingas
Caroline Stephanny Costa Dantas (UEA)
Resumo: Nesta comunicação, analisamos a constituição da subjetivida-
de da personagem Domingas, de Dois irmãos (2000), de Milton Hatoum.
Interessa-nos dois aspectos, a saber: o silenciamento feminino e a posição
subalterna. Como aporte teórico-metodológico, apoiamo-nos nos estudos
enunciativos de Émile Benveniste – sobretudo pela sua compreensão de
subjetividade, entendida como a capacidade do falante de se propor como
sujeito – e da Análise Dialógica do Discurso do Círculo de Bakhtin, para
analisar a representação subalterna da figura feminina no romance. O es-
tudo está dividido em três seções. A primeira busca uma contextualização
de acordo com a construção da narrativa, sobretudo a representação do es-
paço e do tempo. A segunda, busca observar as relações dialógicas, subje-
tivas da personagem, situando não somente as vozes sociais, mas também
o silenciamento de Domingas. E, por último, a caracterização da posição
social de Domingas em diálogo com a alteridade. As conclusões buscam
compreender como se constitui a personagem Domingas ao que se refere à
subalternidade feminina e ao silenciamento de uma mulher indígena.
Palavra-chave: Subjetividade; Silenciamento Feminino; Subalternidade;
Literatura Amazonense; Milton Hatoum.
99
Vidas em transição: um olhar sobre o
sujeito LGBTQIA+ a partir da Ação Direta de
Inconstitucionalidade por Omissão Nº 26/DF
Francisco Weyder Monteiro de Oliveira (UFAC)
Resumo: A pesquisa visa a analisar o discurso da Associação Nacional de
Juristas Evangélicos – ANAJURE enquanto amicus curiae na Ação Dire-
ta de Inconstitucionalidade por Omissão Nº 26/DF. Para isso, é profícuo
identificar os recursos jurídicos utilizados pela ANAJURE para pugnar
pelo indeferimento da ADO Nº 26/DF; entender os mecanismos políti-
co-discursivos presentes nos Memoriais da ANAJURE, a fim de negar ao
sujeito LGBTQIA+ a identidade de gênero, ao se opor à criminalização da
homofobia, objeto da ADO, refletindo sobre o papel do Estado-juiz na de-
fesa dos Direitos Humanos e na proibição da funcionalização, típica das
sociedades totalitárias, que retira do sujeito o direito à igualdade, à liber-
dade, à felicidade, à identidade e à vida, no corpo socialmente aceito e
constituído. O método de pesquisa é o qualitativo-documental cujo fim
é a compreensão do problema a partir dos n-sentidos a ele atribuídos. O
método de análise é o dialético, estabelecendo relação e contraposição de
ideias, a fim de desvelar como o discurso forense, a serviço da religião,
invalida a existência de minorias, em especial a LGBTQIA+. O fulcro da
pesquisa é a ADO Nº 26/DF desvelando os contornos históricos, políticos,
culturais e religiosos que ainda encarceram os corpos LGBTQIA+.
Palavra-chave: Discurso; LGBTQIA+; Criminalização; Identidade.
100
uma inspiração nacionalista, que tenta emular o dialeto da região norte,
provocando o efeito da estrangeirização (Venuti, 2004). Já a versão de Lang
e a adaptação de Lobato optam não apenas pela reestruturação do enredo,
mas também pela domesticação linguística (Venuti, 2004), subordinando
o leitor infantojuvenil a uma literatura descontextualizada de elementos
regionais distintivos.
Palavra-chave: Literatura infantil; A lenda da yara; Tradução cultural; Re-
tradução; Adaptação.
102
Tradução cultural e comunicação cósmica:
diálogos com fragmentos da literatura/poesia
oral daimista amazônica de Luiz Mendes
Fernanda Cougo Mendonça (UFAC)
Resumo: Me proponho aqui a revistar/realizar novo diálogo com fragmen-
tos de performances cotidianas e rituais do repertório de literatura/poe-
sia oral e cultura daimista amazônica de Luiz Mendes, ancião conhecido
como o orador do Mestre Irineu Serra. Me coloco a refletir sobre a seguinte
questão: se, e de que maneiras, as noções de tradução cultural (Bhabha,
1998; Hall, 2003; 2006) e comunicação cósmica (Luciano-Baniwa, 2015;
2017) perpassam tais narrativas? Me valendo teórico-metodologicamente
de tais conceitos, bem como dos estudos de Poesia e História Oral (Zum-
thor, 1993, 2010; Portelli, 2010) - e realizando uma tradução muitas vezes
“babélica” (Larrosa, 2004) - percebo, no interior e a partir da obra viva
desse ancião, que a “tradição daimista”, herdeira das diásporas, é também
viva. Cultura e literatura/poesia forjadas no caldeirão de circularidade de
pessoas no mundo; forjadas nos contatos de/entre humanos e não-huma-
nos em Amazônias, Brasis, Europas, Áfricas; em contextos sagrados e co-
tidianos das/nas “culturas da Ayahuasca”. Observo, nessa cultura daimista
viva, imaginários e poéticas que não se submetem - pelo menos não plena-
mente - aos modelos homogeneizantes e etnocêntricos de pertencimento
cultural orientados para a “nação”. Repertórios de resistência (Hall, 2003)
capazes de fazer o novo entrar no mundo.
Palavra-chave: Tradução cultural; Comunicação cósmica; Literatura/po-
esia oral ; Repertório de resistência; Daime-Ayahuasca-Amazônia.
103
oro auditivas. Este trabalho tem o objetivo de colher dados sobre formas
de tradução e interpretação que estão sendo/foram realizadas por meio
de línguas como a Libras e o português na Universidade Federal do Acre/
UFAC. As reflexões foram tecidas por meio das respostas construídas por
esses profissionais a partir de aplicação de entrevistas estruturadas dire-
tamente realizadas com os profissionais mencionados. Alguns resultados
mostram que há pouca ou quase nenhum trabalho realizado sobre tra-
dução de Libras/português, português/Libras na UFAC, cujo trabalho se
concentra com ações de interpretação entre as duas línguas.
Palavra-chave: Tradução; Interpretação; Libras. Português.
104
teratura. Todavia, é improvável olhá-la como algo finito e acabado em um
único quadro homogêneo. Ela se manifesta em múltiplos espaços naturais
que formam seu todo. Assim, buscando identificar essas facetas é que se
propõe analisar no livro Contos do Mato (1981), de Arthur Engrácio, como
a floresta se apresenta em microespaços, a partir de uma abordagem quali-
tativa com procedimentos bibliográficos, onde se identificará as manifes-
tações da natureza nos contos, seja na forma da própria floresta, das águas
e até dos animais, pois estes compõem a paisagem natural do ambiente.
Para Borges Filhos (2007), entre as diversas funções, o espaço ficcional
pode situar as personagens em seus contextos socioeconômicos. Logo, a
Floresta Amazônica tem uma relação estreitíssima com os tipos humanos
que a compõem. Sendo necessária a identificação dos microespaços ama-
zônicos para se compreender como as personagens interagem com o ma-
croespaço que é a Amazônia, concorre para isso o estudo de obras literárias
que utilizam a floresta como espaço ficcional.
Palavra-chave: Floresta; Topoanálise; Contos do Mato; Arthur Engrácio.
105
Completude e incompletude da natureza
brasileira em Iracema e Ubirajara
Ana Maria Amorim Correia (UFF)
Resumo: Em Iracema (1865) e Ubirajara (1874), José de Alencar realça na
natureza brasileira aspectos museais, incluindo sua projeção enquanto
patrimônio nacional. Este recurso reverbera o desejo de desfazer o senti-
mento de lacuna nacional, devido à ausência de monumentos líticos capa-
zes de narrar o passado grandioso dos povos originários. A necessidade de
enobrecer a pátria por um mito fundacional capaz de chancelar a grandio-
sidade brasileira está em pauta, visto que se trata de um país recentemente
declarado independente com o desafio de consolidar sua formação nacio-
nal. Na falta de testemunhos arquitetônicos de antigas civilizações no Bra-
sil, procurados por expedições e abrigados no imaginário da época, coube
à natureza alencariana responder pela memória, patrimônio e grandiosi-
dade brasileira nas lendas indianistas. Este esforço de completude, porém,
é tributário de uma ordem colonialista, fundada em uma concepção de fal-
ta. Neste artigo, propomos uma leitura crítica sobre a estratégia patrimo-
nial em Alencar e como ela se relaciona com o princípio de incompletude,
conforme pesquisas sobre a Amazônia central, trabalhadas na arqueologia
contemporânea (Neves, 2022).
Palavra-chave: Natureza; Patrimônio; Arqueologia; José de Alencar.
Interações discursivas e intersecções
transculturais em Luandino Vieira e
Guimarães Rosa
Francisco Menezes da Silva (UFGD)
Resumo: Investigar as práticas interculturais literárias por meio da re-
lação inerente às questões do universo cultural sertanejo e mussequiano
caracteriza o intuito central deste estudo. O debate ora proposto reverbera
a exploração de intersecções linguísticas no cenário dos contos A hora e a
Vez de Augusto Matraga, de João Guimarães Rosa, e Vavó Xixi e Seu Neto
Zeca Santos, de Luandino Vieira, importantes textos literários de caráter
transregionalista e mussequeano, visto serem obras de composição regio-
nal da história, cultura e linguagem, brasileira e angolana, compiladoras
de uma abordagem alegórica da história em âmbito pós-colonial, seja pela
exploração de costumes da realidade universal tanto no Brasil como em
Angola, ou recriação da experiência humana a partir de uma revolução
no plano do estilo e das formas de linguagem. As obras estabelecem um
do conflito existencial de ambos os personagens principais, que calham
por transformações de caráter não só psicológico, mas também comporta-
mentais.
Palavra-chave: Musseques; Sertão; Transculturalidade; Pós-colonialis-
mo.
106
Paulo Jacob: apontamentos de uma
literatura decolonial na Amazônia
Maria de Nazaré Cavalcante de Sousa
Resumo: O presente trabalho visa apontar outras possibilidades de leitu-
ra da literatura produzida na Amazônia, do tipo que se distancia do dicotô-
mico olhar eurocentrado inferno/paraíso e cultura/natureza. Nesse passo,
com este trabalho, se busca abordar práticas de escritas que compõem ou
recompõem a imensa variedade de marcas culturais de diversidades sobre
a gente e as peculiaridades do espaço amazônico que dialogam e convi-
vem. Para tal intento, será analisado um dos nomes dos literatos amazô-
nicos que estão fora do cânone brasileiro. Trata-se do romancista Paulo
Jacob, um jurista manauara, filho de judeus serfadistas que escreveu em
torno de 13 romances, todos ambientados na Amazônia brasileira. Inse-
rir no universo acadêmico outros romancistas em suas outras formas do
fazer literário, por tal razão não considerados cânones, se constitui aqui
também uma maneira de buscar democratizar o acesso à uma produção
invisibilizada na academia brasileira que continua, com seus cursos de le-
tras, difundindo uma racionalidade colonizadora, inclusive, para além do
campo literário.
Palavra-chave: Literatura; decolonialidade; Amazônia.
Sufoco na floresta: a cidade como busca por
libertação em No circo sem teto da Amazônia,
de Ramayna de Chevalier
Marijane Costa Fernandes
Resumo: A literatura produzida no Amazonas é intrigante, pois envolve a
cidade e a floresta, promovedoras ora do encanto pelo local, ora do distan-
ciamento. Nem sempre um ambiente amistoso é visto na habitação da flo-
resta amazônica, sendo, para muitos, a cidade, o lugar que traz segurança e
civilização. À luz de teóricos como Foucault, não basta apenas questionar
quem fala, mas também o lugar de onde se fala, desse modo, analisa-se
o conflito do herói Zé Raimundo, em No circo sem teto da Amazônia, de
Ramayana de Chevalier, como um ser que busca a redenção na cidade, vis-
to a floresta ser a representação da opressão e o homem uma marionete.
Levantar-se-á questionamentos racionais sobre o espaço, o que de acordo
com Pesavento (2002), a cidade é o lugar do homem por excelência, e, para
Grossmann (1993), as narrativas sobre a Amazônia são semelhantes às crô-
nicas dos viajantes que por aqui passaram. Em Chevalier, o herói perten-
ce a terra, é o caboclo, que ambiciona ser prático, a ponte para alcançar
a cidade. As representações dos espaços cidade/floresta são analisados a
partir dos postulados teórico-metodológicos de Foucault (2003; 2015), Pe-
savento (2002), Bakhtin (2002; 2003; 2010), dentre outros.
Palavra-chave: Cidade; Floresta; Redenção; Literatura brasileira.
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Ficha Técnica
Organizadoras: Keyse Kerolayne Levy, Endy Yasmim da Silva Cavalcante, Layla Karinne
Nascimento Silva
Revisora: Gleiciany Florêncio de Araújo
Diagramação: Marcelo Ishii
Projeto Gráfico: Raquel Ishii