A DOUTRINA DA EXISTÊNCIA DE DEUS - Docx - CURSO EM PDF
A DOUTRINA DA EXISTÊNCIA DE DEUS - Docx - CURSO EM PDF
A DOUTRINA DA EXISTÊNCIA DE DEUS - Docx - CURSO EM PDF
1 INTRODUÇÃO
Nossa intenção não é explicar quem é Deus pois há tantas coisas referentes
a Ele que são absolutamente indefiníveis, especialmente quanto a Seu SER.
Ou
seja, Deus é o mistério absoluto do universo, o qual está além das
possibilidades
de ser definido ou explicado. Quando se fala do Ser de Deus, as palavras
humanas
se tornam extremamente limitadas.
NOTA
EXISTÊNCIA é o ato de existir. Mas, a existência não implica
necessariamente
ser. É absolutamente possível existir sem ser. Este caderno de estudos, por
exemplo, existe,
mas pode não ser um caderno de estudos e sim um compêndio. Nós, homem,
podemos
fazer as coisas existirem, mas só Deus faz as coisas serem. A essência é
superior à existência.
Não podemos tratar sobre a doutrina bíblica de Deus sem antes abordar
a existência d’Ele como premissa fundamental das Escrituras Sagradas. Muito
embora a Bíblia não se preocupe em provar a existência de Deus, ao longo de
todas as suas narrativas encontram-se provas incontestáveis da existência de
um
Ser supremo. Da mesma forma, a Bíblia não se propõe a dissecar o Ser de
Deus,
ela O apresenta ao nível da compreensão humana. Por outro lado, Deus não
pode ser aquilatado em Sua plenitude pelo homem, em sua capacidade
limitada.
Portanto, toda a nossa tentativa de querer entender Deus esbarra no fato de
que
“Deus é Espírito”. Contudo, Deus se dá a conhecer.
2 QUEM É DEUS?
Como definirmos Deus? “Deus é espírito, em si e por si infinito em seu ser,
glória, bem-aventurança e perfeição; todo-suficiente, eterno, imutável,
insondável,
onipresente, infinito em poder, sabedoria, santidade, justiça, misericórdia e
clemência, longânimo e cheio de bondade e verdade”. (ANDERS, 2001, p. 40).
UNIDADE 1 | DOUTRINA BÍBLICA DE DEUS
4
2.1 DEUS É AUTOEXISTENTE
2.2 DEUS É ESPÍRITO
2.3 DEUS É TODO-PODEROSO
A expressão “EU SOU O QUE SOU”, de Êxodo 3:14 (“Sou o Deus santo,
existente que se revela”.), é uma das mais simples, completas e profundas
expressões que indicam que Deus é Autoexistente. Deus não depende de
ninguém
para existir. Todas as coisas têm seu começo, menos Deus. Ele não tem
começo
nem fim, não se limita ao tempo ou espaço. Diferente do homem, Deus é um
Ser absolutamente livre, contudo não age arbitrariamente. Ele respeita o
livrearbítrio do homem, embora requeira dele as consequências de seus atos.
A própria Bíblia que diz que “Deus é Espírito” (JOÃO 4:24). Assim sendo,
Deus é diferente dos demais espíritos, pelas seguintes razões:
l Ele é pessoal – inteligente, tem emoções e vontade.
l Ele é invisível – é invisível, porque é espírito. Porém, Deus não está
oculto apenas
ao olho físico, mas também à percepção do espírito humano. Deus é um Ser
desprovido de partes físicas, tais como carne, ossos, sangue. Por isso, Ele
jamais
foi visto ou contemplado a olho nu.
l Ele é vivo e ativo – é o singular Criador do universo, edificador dos
mundos,
defensor dos pobres e libertador dos oprimidos.
Esse atributo de Deus fala de um Ser que retém em Si a capacidade de
tudo fazer. Convém observar que esse atributo divino implica duas conotações:
l A liberdade de fazer tudo que se harmoniza com a Sua natureza. Assim,
não
se pode esperar que Deus realiza algo em contraposição com as próprias leis
criadas por Ele. (Por exemplo, um círculo quadrado, o outono sem inverno
etc.).
l Seu controle sobre tudo o que existe. No entanto, a Bíblia ensina que
isso se
deve ao livre-arbítrio do homem, o qual Deus não pode violar, mediante a lei
da causa e efeito, ou a lei da semeadura (GÁLATAS 6:7-10), mas vai requerer
responsabilidade de cada um pelo seu uso. A verdade é que nem mesmo
Satanás está fora do controle de Deus, visto que ele nada pode fazer sem a
Sua
permissão.
TÓPICO 1 | A DOUTRINA DA EXISTÊNCIA DE DEUS
5
2.4 DEUS PODE SER CONHECIDO PELO HOMEM?
A Bíblia mostra como Deus se faz conhecer através da revelação, por
meios conhecidos do homem. O termo “revelação” significa descerrar ou
remover
o véu. Deus dá a conhecer Seu poder e glória, Sua natureza e caráter, Sua
vontade
e Seu propósito, pois, Ele existe e se compraz (tem prazer) em dar-se e tornar-
se
conhecido.
Revelação é o ato pelo qual Deus comunica aos seres humanos a verdade
concernente a Si próprio, Sua natureza, Suas obras, Sua vontade ou Seus
propósitos. Revelação, é Deus se manifestando.
Deus se revelou de duas formas principais:
a) Revelação geral.
l Criação e natureza: “os céus declaram a glória de Deus; o firmamento
proclama
a obra das suas mãos”. (SALMOS 19:1. cf. ATOS 14:17 e 24; ROMANOS
1:19-20). A natureza declara a glória de Deus. Ela é como um espelho do Deus
Soberano, que nos convida à adoração ao Criador.
l Providência ou manutenção, o sustento, as estações, a chuva, a
frutificação dos
cereais.
O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor dos céus e da
terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas. Ele não é
servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque Ele
mesmo dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas. De um só fez Ele
todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado
os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que
deveriam habitar. (ATOS 17:24-26).
l História do mundo: a nação de Israel é o centro da revelação divina na
história,
através da qual Deus abençoou toda a humanidade. “[...] aos judeus foram
confiadas as palavras de Deus”. (ROMANOS 3:2).
l Mas, a revelação geral não é suficiente. Ela é suficiente apenas para
tornar os
homens inescusáveis e não para trazê-los ao conhecimento pessoal de Deus.
b) Revelação especial.
l A Bíblia é o registro da revelação especial de Deus. As Sagradas
Escrituras
são inspiradas, infalíveis e inerrantes; é Deus revelando-Se a Si mesmo. Elas
testificam da existência de Deus e tudo o que Ele fez e fará.
l A Igreja, Corpo místico de Cristo, onde Deus é revelado, à medida que
dela
se utiliza, para revelar-se ao mundo: “Esse mistério não foi dado a conhecer
aos homens doutras gerações, mas agora foi revelado pelo Espírito aos santos
apóstolos e profetas de Deus”. (EFÉSIOS 3:5).
UNIDADE 1 | DOUTRINA BÍBLICA DE DEUS
6
l Jesus Cristo, a revelação máxima de Deus: “O Filho é o resplendor da
glória
de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua
palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, Ele se
assentou à direita da Majestade nas alturas”. (HEBREUS 1:3).
O teólogo inglês J.I. Packer (2005, p. 19) disse: “Despreze o estudo de Deus
e você estará sentenciando a si mesmo a passar a vida aos tropeções, como
um
cego, como se não tivesse nenhum senso de direção e não entendesse aquilo
que
o rodeia. Deste modo, poderá desperdiçar sua vida e perder a alma”.
3 CONHECENDO OS ARGUMENTOS ACERCA DA
EXISTÊNCIA DE DEUS
Deus existe! Ele é pessoal e inteligente. As Escrituras falam d’Ele, Sua
natureza e caráter, como alguém que o homem pode conhecer e manter um
estreito relacionamento. A existência de Deus é real, este é o testemunho das
Escrituras. Além das evidências bíblicas, existem outras, normalmente
utilizadas
com argumentos a favor da existência de Deus. Os mais conhecidos serão
apresentados a seguir.
3.1 ARGUMENTO ONTOLÓGICO
Este argumento enfatiza que o homem tem imanência em si, a ideia de
um ser absolutamente perfeito, deve existir, e esse Ser é Deus. O gestor deste
argumento foi Anselmo, teólogo italiano (1033-1109), pensador excepcional,
considerado pai da Escolástica.
A existência de um Ser infinitamente grande, causa pessoal, Criador e
legislador, tem sido provada. A este Ser devemos atribuir a infinita perfeição,
porquanto a base do argumento ontológico se assenta nessa ideia:
“Revestindo-O
de toda a perfeição que a mente humana pode conceber e esta na ilimitada
plenitude, temos aquele que, com justiça, chamamos de Deus”. (STRONG,
2003,
p. 152).
3.2 ARGUMENTO COSMOLÓGICO
O termo “cosmos”, do grego, quer dizer “universo”. Este argumento leva
em conta o pressuposto básico da perfeição do funcionamento do Universo,
onde
Deus é a causa última de tudo. A precisão no Universo prova a existência de
Deus.
TÓPICO 1 | A DOUTRINA DA EXISTÊNCIA DE DEUS
7
3.3 ARGUMENTO TELEOLÓGICO
3.4 ARGUMENTO ANTROPOLÓGICO
O termo grego téleios significa “causa final”. Este argumento tem como
pressuposto básico a ordem e a finalidade com que todas as coisas funcionam
no
Universo, onde somente um Deus, infinitamente sábio, poderia criar um
universo
com um sistema tão perfeito de relações entre meios e fins.
Do grego, Antropos significa homem. Este argumento afirma que a
constituição física, mental e espiritual do homem consiste numa forte evidência
de um Deus que produziu um ser tão especial como o homem.
NOTA
Leia o livro O DELÍRIO DE DAWKINS, de Alister e Joana McGrath. O livro é
uma
resposta ao fundamentalismo ateísta de Richard Dawkins, autor de Deus, um
delírio. Os
autores discutem os propostos de Dawkins, trazendo à tona questões
fundamentais dos
tempos pós-modernos – fé, coexistência de religião e ciência, liberdade de
crença, sentido
da vida e busca de significado.
4 CONHECENDO AS TEORIAS DE NEGAÇÃO DA EXISTÊNCIA
DE DEUS
Quando abrimos a Bíblia no primeiro capítulo e no primeiro versículos,
deparamo-nos logo com uma inequívoca declaração da existência de Deus:
“No
princípio Deus [...]” (Gênesis 1:1). Todavia, os homens insistem em apresentar
algumas formas humanas de negação da existência de Deus, que serão
apresentadas a seguir.
4.1 ATEÍSMO
De modo geral, os ateus se destacam em dois tipos: o ateu prático e o ateu
teórico. O ateu prático é aquele que vive como se Deus não existisse. O Salmo
10, versículo 4, descreve este tipo de ateu: “Em sua presunção o ímpio não o
busca; não há lugar para Deus em nenhum de seus planos”. Já o ateu teórico
procura provar que Deus não existe, por meios de argumentos. É uma classe
mais
intelectual. Mas, os teólogos distinguem o ateu teórico em três classes:
l O ateu dogmático, que de início nega que haja um Ser divino.
UNIDADE 1 | DOUTRINA BÍBLICA DE DEUS
8
4.3 EVOLUÇÃO
Essa teoria foi formulada por Charles Darwin, que procura desacreditar
a Deus como Criador imediato de tudo que existe no universo, ao defender um
desenvolvimento (evolução orgânica) meramente biológico dos seres.
4.2 AGNOSTICISMO
A palavra “agnosticismo” vem de dois termos gregos a (sem) gnosis
(conhecimento), que significa “não saber”. Os agnósticos partem do seguinte
pressuposto: “acreditar somente no que vê”. Afirmam que o homem é capaz de
saber se Deus existe ou não.
l O ateu cético, que duvida da capacidade da mente humana admitir se há
Deus
ou não.
l O ateu capcioso, que sustenta não haver prova válida da existência de
Deus.
4.4 MATERIALISMO
4.5 POLITEÍSMO
4.6 PANTEÍSMO
4.7 DEÍSMO
O materialismo descarta a existência de Deus, ao declarar que a única
realidade é a matéria.
Esta corrente, ou sistema religioso, ensina a adoração a vários deuses. É
uma distorção do monoteísmo – adoração centrada no Deus único e
verdadeiro.
Ensina que, no Universo, Deus é tudo e tudo é Deus. Crê que Deus e o
universo são essencialmente a mesma coisa. Essa teoria confunde o Criador
com
a criação, ao afirmar que Deus não é só parte do Universo criado, mas Ele é o
próprio Universo.
O deísmo até afirma que Deus existe, mas rejeita, por completo, a
possibilidade de Deus Se revelar aos homens. Para essa corrente filosófica,
Deus é
desprovido de atributos morais e intelectuais; é uma religião baseada
unicamente
no raciocínio humano.
TÓPICO 1 | A DOUTRINA DA EXISTÊNCIA DE DEUS
9
4.8 POSITIVISMO
O filósofo Augusto Comte, pai do positivismo, estabeleceu como critério
único da verdade os fatos e suas relações.
4.9 MONISMO
Esta doutrina ensina que o homem é um ser portador de uma única
natureza – a matéria. Ela não faz distinção entre Deus e a Criação.
UNIDADE 1 | DOUTRINA BÍBLICA DE DEUS
10
LEITURA COMPLEMENTAR
COMO UM CÉTICO PODE BUSCAR A DEUS?
Se por alguma razão você já decidiu que não quer crer em Deus, então
deve buscar evidências que sustentem sua decisão. Decidir não crer em Deus
é
como decidir com antecedência não ter câncer e depois negar todas as
evidências
que indiquem a presença da doença. Todavia, o que você pensa sobre ter ou
não
ter câncer é irrelevante. O que importa é se você tem ou não a doença.
Portanto,
o único modo de agir seguro é observar todas as evidências e ter disposição
para
mudar a decisão inicial quando perceber que as provas são convincentes.
Se tudo fosse apenas uma questão de curiosidade intelectual, poderíamos
debater o assunto até a exaustão, terminar num impasse, encolher os ombros
e
dizer: “é interessante, mas creio que não há como ter certeza”. Depois
poderíamos
ir para casa e nos ocupar de outros assuntos.
Porém, a questão vai muito além do debate intelectual. Quero saber se há
um Deus. Quero saber se é possível morrer sabendo para onde vai minha
alma;
quero saber se há algo que posso fazer para que tudo esteja em ordem quando
me
puserem debaixo de sete palmos de terra.
Além do mais, também quero saber se é seguro viver. Quero saber se há
propósito e significado para minha vida atual. Quero saber se posso viver de
qualquer maneira, à mercê das circunstâncias, ou se existe um Deus que me
ama,
que se preocupa comigo e me guia pela vida [...] Quero saber se existe
verdade
e mentira, certo e errado. Quando perco o emprego, quando pessoas
desonestas
são eleitas, quando minha casa é devastada por um furacão, ou a minha
cidade é
desolada por uma inundação – existe um Deus? Ele me acompanha ao longo
da
tribulação da vida? Posso viver de modo seguro?
Não me conformo em desprezar tudo isto como se fosse apenas um debate
intelectual... Se eu decidir de antemão que não há Deus e interpretar todas as
TÓPICO 1 | A DOUTRINA DA EXISTÊNCIA DE DEUS
11
evidências à luz desse pressuposto, sem buscar a Deus de maneira
apropriada,
estarei colocando em risco meu destino eterno e o presente senso de
significado
e propósito.
FONTE: Anders (2001, p. 26 - 28)
12
A Pessoa de Jesus Cristo se constitui na maior expressão da existência de
Deus. Jesus é a expressão humana exata do Ser de Deus. Ele é a expressa
imagem
do Criador.
A Bíblia diz “[...] que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o
mundo, não levando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a
mensagem
da reconciliação”. (2 CORÍNTIOS 5:19).
Portanto, quando a Bíblia afirma: “No princípio era aquele que é a Palavra.
Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio [...]
tornou-se
carne e viveu entre nós...” (JOÃO 1:1-2 e 14), significa que Deus foi
literalmente
encarnado em Jesus Cristo, o qual foi em carne tudo aquilo que Deus aprouve
revelar de Si mesmo ao homem, sendo esta a maior prova, tanto da Sua
existência
como do Seu grande amor pela humanidade.
RESUMO DO TÓPICO 1
13
1 Deus pode ser conhecido pelo homem. Como isto é possível?
2 Cite dois argumentos acerca da existência de Deus.
3 Quais das teorias de negação da existência de Deus têm sido mais
divulgadas
atualmente?
AUTOATIVIDADE
14
15
TÓPICO 2
A DOUTRINA DOS ATRIBUTOS DA
PERSONALIDADE ABSOLUTA DE DEUS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Para compreendermos melhor a essência divina, faz-se necessário estudar
Suas qualidades, conhecidas também como atributos. Os atributos de Deus
revelam vários aspectos da Sua personalidade – aquilo que lhe é próprio – e do
Seu caráter.
NOTA
O conceito de PERSONALIDADE representa o total das características
necessárias para descrever o que é um ser pessoal. Os nomes ou títulos
atribuídos a Deus
são uma das mais fortes evidências da Sua personalidade divina.
2 OS ATRIBUTOS TRANSCENDENTES DE DEUS (NATURAIS)
O teólogo norte-americano Augustus Strong (2003, p. 244) define
atributos de Deus como “aquelas características que distinguem a natureza
divina, inseparáveis da ideia de Deus, e que constituem a base e a razão de
suas
diferentes manifestações às suas criaturas”.
ATRIBUTO é aquilo que é próprio de uma pessoa ou coisa. Através do
estudo dos atributos de Deus, podemos compreender como Ele existe e atua.
A
seguir, abordaremos os ATRIBUTOS transcendentes (naturais) e os
ATRIBUTOS
imanentes (morais).
Esses atributos constitucionais de Deus são denominados também de
atributos incomunicáveis, por se tratar de qualificativos próprios da Sua
natureza.
Tão transcendentes, muito elevados, superiores, sublimes. São atributos do
Criador que destacam a Sua superioridade em relação à criatura.
UNIDADE 1 | DOUTRINA BÍBLICA DE DEUS
16
2.1 SIMPLICIDADE
2.2 UNIDADE
2.3 IMENSIDADE
2.4 ETERNIDADE
2.5 IMUTABILIDADE
Deus não é um Ser composto. Ele não é constituído de muitas partes.
Deus é tanto singular como indivisível em Sua essência. Até mesmo na
revelação da Trindade divina, a unidade de Deus é afirmada: “um só Deus e
Pai
de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos”. (EFÉSIOS 4:6).
Este atributo fala da infinidade de Deus em relação ao ESPAÇO. O teólogo
Louis Berkhof (2007, p. 63) diz que a imensidade de Deus pode ser definida
como
“a perfeição do ser divino pela qual Ele transcende todas as limitações
espaciais e,
contudo, está presente em todos os pontos do espaço com todo o Ser”.
Este atributo natural de Deus fala de Sua infinidade em relação ao
TEMPO. Deus é sem começo e sem fim. A existência de Deus é absoluta e
sem
contingências em relação ao tempo.
Não há mudança em Deus, nem sombra de variação em seu Ser. Deus não
se altera em Sua natureza, pois não pode ser melhor do que é. Ele é
absolutamente
imune a acréscimos ou diminuições. Todavia, isto não quer dizer que Deus é
impassível. Ele é o Deus que age.
2.6 ONIPOTÊNCIA
Significa que Deus pode realizar qualquer coisa, que esteja em
conformidade com Sua natureza justa. Ou seja, Deus não faz nada que
contrarie
Sua natureza santa e justa.
TÓPICO 2 | A DOUTRINA DOS ATRIBUTOS DA PERSONALIDADE
ABSOLUTA DE DEUS
17
2.7 ONISCIÊNCIA
2.8 ONIPRESENÇA
3 OS ATRIBUTOS IMANENTES DE DEUS
O Salmo 139 é chamado de o Salmo da onisciência de Deus. Ali aprendemos
que Deus tem o conhecimento total dos acontecimentos. Ele sabe tudo, tanto
nossos atos públicos quanto nossos pensamentos ocultos. Esta é a
assombrosa
diferença existente entre Deus e o homem. Nada pode ser oculto de Deus,
tanto
em relação ao passado como ao futuro. Isto significa que Deus está fora da
esfera
do tempo. Para Deus, não existe passado ou futuro, mas só um eterno
presente.
Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente. (HEBREUS 13:8).
O atributo da onipresença revela que Deus não é limitado pelo espaço
material. Ele está em todos os lugares ao mesmo tempo, seja objetivamente
(em
glória, no céu, no cumprimento das leis naturais, controlando a História), ou
subjetivamente (despertando as consciências e providenciando a recompensa
para os ímpios). Também, vale observar que, embora Deus esteja em todos os
lugares, a Bíblia restringe o Seu habitar com aqueles com os quais tem uma
relação pessoal.
Esses atributos são conhecidos também por comunicáveis, por serem
constituídos de qualidades morais de Deus e, por isto, podem ser
desenvolvidas
pelos homens. Diz-se imanente aquilo de que une ser, participa ou a que une
ser
ainda que por intervenção de outro ser.
3.1 SANTIDADE
3.2 JUSTIÇA
O atributo da santidade de Deus resulta de Sua absoluta pureza moral.
Deus não pode pecar e não tolera o pecado. Quanto a Deus, santidade, é um
estado do Ser. (1 Pe 1:16). Quanto ao homem é um processo.
A justiça é a santidade em ação. Deus é justo porque é santo. Ele não precisa
do testemunho alheio para julgar, como fazem os homens, pois conhece todas
as
coisas, estando apto, portanto, a ser imparcial. Deus requer que pratiquemos a
justiça para com os nossos semelhantes, sejam eles bons ou maus. (MATEUS
7:2
e 12).
UNIDADE 1 | DOUTRINA BÍBLICA DE DEUS
18
3.3 AMOR
3.4 FIDELIDADE
3.5 SABEDORIA
Deus é amor. É de Deus que procede o Ágape - amor por excelência;
amor que envolve compromisso com o bem-estar dos homens. Este é o lado
abnegado (altruísta) e gracioso de Deus, expresso na Sua bondade,
misericórdia
e longanimidade. (1 Jo 4:8). O erudito Charles Ryrie (2003, p. 43) disse que
assim
como muitos termos cristãos, o amor é mais discutido do que propriamente
definido. Nem mesmo um dicionário pode oferecer muita ajuda. O amor
consiste
de afeição e também de correção... O amor busca o bem daqueles a quem se
ama.
O que é o bem? Para Deus, é a perfeição da santidade e tudo o que esse
conceito
implica. Amar, para Deus, é buscar o maior bem de todos e a glória das suas
perfeições.
Significa que Deus age sem incoerência ou hipocrisia.
Além de Deus conhecer todos os dados relativos a qualquer assunto,
Ele relaciona e dirige seus fins. O discernimento e o agir de Deus são feitos em
harmonia com os Seus propósitos justos do plano da salvação dos homens:
10A intenção dessa graça era que agora, mediante a igreja, a multiforme
sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas
regiões celestiais, 11 de acordo com o seu eterno plano que ele realizou
em Cristo Jesus, nosso Senhor, 12 por intermédio de quem temos livre
acesso a Deus em confiança, pela fé nele. (EFÉSIOS 3:10-12).
4 CONHECENDO OS NOMES DE DEUS
4.1 ELOHIM
Charles Ryrie (2003, p. 53) diz que “os muitos nomes de Deus nas Escrituras
apresentam uma revelação adicional de Seu caráter. Não são meros títulos
dados
pelas pessoas, mas, em sua maioria, descrições que Ele fez de si mesmo.
Sendo
assim, revelam aspectos de seu caráter”.
Podemos aprender mais sobre Deus, por meio dos nomes a Ele
relacionados, pois expressam a plenitude das qualidades de Seu Ser. Vejamos
alguns dos nomes de Deus mais conhecidos.
“Forte”, “Deus Criador”. Elohim é um substantivo plural, a revelação
subsequente da Trindade. Este nome é empregado sempre que está em
evidência
Seu poder criativo, pois se refere à Trindade em ação.
TÓPICO 2 | A DOUTRINA DOS ATRIBUTOS DA PERSONALIDADE
ABSOLUTA DE DEUS
19
4.2 ADONAI
“Senhor”, “Mestre”. Indica o relacionamento entre o “senhor” e o “servo”.
Este nome é utilizado quando está implícita a dependência e submissão que
todos os homens devem ter para com Deus. Refere-se ao Seu governo e
domínio
e, consequentemente, do reconhecimento que devem ter Suas criaturas de
Sua
soberania. Este nome era frequentemente usado por Deus quando se dirigia
aos
filhos de Israel.
4.3 EL-SHADDAI
4.4 JEOVÁ
“Deus Todo-Poderoso”. Martin Loyd-Jones (1997, p. 110) explica que
este termo descreve Deus “como possuidor de todo poder no céu e na terra,
mas
especialmente Aquele que a tudo subjuga e a tudo faz que seja subserviente à
obra de Sua graça [...], por exemplo, Ele controla o vento, a chuva e a neve
para
que possamos ter alimento para comermos”.
Eu Sou. YHWH transliterado como “YAHWEH”. Na tradução grega está
consignado como “JAHWEH, porquanto na língua hebraica não existe a letra
“J”.
Portanto, “JEOVÁ” é um termo correspondente de JAHWEH. Este é o nome
por
excelência de Deus, pois somado a vários qualificativos resulta em definições
de
Sua ação poderosa na vida dos homens:
a) Jeová-Rafá: “O Senhor que te sara”. (ÊXODO 15:26). Concede tanto a cura
de enfermidades físicas, como o perdão dos pecados e a salvação no pleno
sentido da do vocábulo. (TIAGO 5:16).
b) Jeová-Raah: “O Senhor, meu pastor”. (SALMO 23:1). No hebraico, “meu
amigo”, processo que interage comigo.
c) Jeová-Tsidkenu: “O Senhor, nossa justiça”. (JEREMIAS 23:13). O vocábulo
traduzido por “justiça”, traz em seu bojo: retidão, salvação e libertação.
d) Jeová-Nissi: “O Senhor nossa bandeira”. (ÊXODO 17:15). Em Isaías 11:10,
refere-se ao local de encontro das tropas de guerra.
e) Jeová-Jireh: “O Senhor que provê”. (GÊNESIS 24:14). A tarefa de dar de
beber
a dez camelos era consideravelmente árdua, porquanto seriam necessários
400
litros de água.
a) Intelecto – Ele fala, pensa, raciocina e tem poder de determinação, que são
elementos típicos de personalidade. “E aquele que sonda os corações conhece
a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com
a vontade de Deus”. (ROMANOS 8:27).
b) Vontade – Ele tem poder para agir de acordo com a economia divina, como,
por exemplo, a liberdade de distribuir Seus dons aos homens. “Todas essas
coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui
individualmente, a cada um, como quer”. (1 CORÍNTIOS 12:11).
c) Sentimento – Ele consola, geme, chora e intercede. “Da mesma forma o
Espírito
nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio
Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda
os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede
pelos santos de acordo com a vontade de Deus”. (ROMANOS 8:26- 27; cf.
EFÉSIOS 4:30).
João Calvino tem sido chamado de “o teólogo do Espírito Santo”. Franklin
Ferreira (2007, p. 668) diz que durante a reforma foi ele quem mais deu
atenção
à Pessoa do Espírito Santo. Sua abordagem era moldada por sua
compreensão
bíblica de que a ação do Espírito é da proeminência ao Pai e ao Filho. Observe
o
que Calvino apud Ferreira (p. 668) escreveu:
TÓPICO 1 | A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO
47
Entretanto, não convém passar em silêncio a distinção que observamos
expressa nas Escrituras, e esta consiste em que ao Pai se atribui o
princípio de ação, a fonte e manancial de todas as coisas; ao Filho, a
sabedoria, o conselho e a própria dispensação na operação das coisas;
mas ao Espírito se assinala o poder e a eficácia da ação. Com efeito,
ainda que a eternidade do Pai seja também a eternidade do Filho e
do Espírito, posto que Deus jamais pode existir sem sua sabedoria e
poder, nem se deve buscar na eternidade antes ou depois, todavia não
é vã ou supérflua a observância de uma ordem, a saber: enquanto o Pai
é tido como sendo o primeiro, então se diz que o Filho procede dele;
finalmente, o Espírito procede de ambos.
3 A DIVINDADE DO ESPÍRITO SANTO
3.1 O ESPÍRITO SANTO É A TERCEIRA PESSOA DA TRINDADE
O Espírito Santo não é apenas uma Pessoa; é uma pessoa singular, pois a
Bíblia afirma que o Espírito é Deus. Berkhof (2007, p. 91) diz que na
processão,
assim como na geração, há uma total comunicação da total substância da
essência
trina, de modo que o Espírito Santo é igual ao Pai e ao Filho. A principal forma
de provar que o Espírito Santo é Deus é pelos atributos divinos que Ele possui.
A Bíblia demonstra sua integração plena na Trindade divina, mostrando
que Ele possui as características (atributos naturais) do Pai e do Filho:
“Para onde poderia escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da
tua presença?” (SALMOS 139:7).
“O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do
Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será
chamado Santo, Filho de Deus”. (LUCAS 1:35).
“Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu
de forma imaculada a Deus, purificará a nossa consciência de atos que levam
à
morte.” (HEBREUS 9:14).
Portanto, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são iguais em aspectos, poder e
glória. Ou seja:
a) O Espírito Santo é Eterno. Ele transcende as limitações temporais.
b) O Espírito Santo é Imutável. Ele não é como os seres humanos, vulnerável
diante das circunstâncias; mantém-se inalterável e perfeito em Seus juízos.
c) O Espírito Santo é Onipresente. Ele penetra em todas as coisas e perscruta
o
entendimento dos homens, pois está em todos os lugares.
UNIDADE 2 | DOUTRINA BÍBLICA DO ESPÍRITO SANTO
48
d) O Espírito Santo é Onisciente. Da mesma forma que o Pai e o Filho, o
Espírito
Santo tem conhecimento de todas as coisas. Sua sabedoria é infinita, singular
e indescritível.
e) O Espírito Santo é Onipotente. Ele pode todas as coisas. Todo poder que há
no
Universo, físico ou espiritual, tem sua origem na Trindade.
Assim como Deus, o Espírito Santo é Ser supremo por excelência. Este
Ser absoluto pode agir plenamente na vida dos homens que se submetem à
Sua
vontade. Ele é capaz de revelar os mistérios de Cristo e edificar a vida dos
cristãos
a partir da verdade de Deus, dando testemunho em seu interior, visto que Ele
não
fala de si mesmo, mas sim de Cristo.
3.2 TÍTULOS DESCRITIVOS DO ESPÍRITO SANTO QUE
REVELAM E PROVAM SUA DIVINDADE
Franklin Ferreira (2007, p. 677) afirma que a expressão “Espírito de Deus”
é encontrada nas Escrituras onze vezes. “Espírito do Senhor”, vinte vezes, e
“Espírito Santo”, três vezes. Por 16 vezes o Espírito Santo é relacionado aos
outros
membros da Trindade pelo nome.
a) Em relação ao Pai, Ele é chamado de Espírito de Deus (ROMANOS 8:14), e
Espírito do Pai. (MATEUS 10:20).
b) Em relação ao Filho, Ele é chamado de Espírito de Cristo (ROMANOS 8:9),
e
Espírito do Senhor. (2 CORÍNTIOS 3:17).
Como muito bem escreveu Martin Lloyd-Jones (1998, p. 22):
O máximo da doutrina do Espírito, do ponto de vista prático,
experimental, é que meu corpo é o templo do Espírito Santo; de modo
que, o que quer que eu faça, aonde quer que eu vá, o Espírito Santo
está em mim. Não conheço nada que promova tanto a santificação
e a santidade como a conscientização deste fato. Bastaria que
compreendêssemos, sempre, que em tudo quanto realizamos com
nosso corpo, o Espírito Santo está envolvido! Lembrem também de que
Paulo ensina isso no contexto de uma advertência contra a fornicação.
Ele escreve: “Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do
Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que
vocês não são de si mesmos?” (1 CORÍNTIOS 6:19). Eis a razão por
que a fornicação deve ser inconcebível num cristão. Deus está em nós,
através do Espírito Santo: não uma influência, não um poder, e sim,
uma Pessoa, a quem podemos entristecer.
TÓPICO 1 | A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO
49
LEITURA COMPLEMENTAR
A OBRA DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA CRISTÃ...
É o Espírito Santo que aplica na vida do indivíduo a salvação e conduz o
crente até alcançar a estatura completa de Cristo. Nesta obra do Espírito
podemos
destacar vários aspectos:
a) Convicção - convicção é convencimento intelectual. O Espírito Santo atua no
mundo, mediante a Palavra de Deus, e dá convicção quanto às realidades
espirituais proclamadas no Evangelho de Cristo, especialmente no tocante
ao pecado e à justiça divina. (JOÃO 16:8- 11). Significa que o Espírito coloca
a verdade diante da pessoa e atua no seu entendimento, iluminando-o, para
compreender a verdade e reconhecer que ela tem implicações vitais para a sua
vida. Ele trabalha não só com o pecador para ser salvo, mas coloca também
a verdade diante do cristão através das Escrituras para que ele cresça. (2
TIMÓTEO 3:16-17).
b) Regeneração – O Espírito dá vida espiritual ao crente e o santifica, unindo-o
a
Cristo. (JOÃO 3:6; EFÉSIOS 2:1; 1 CORÍNTIOS 6:11; TITO 3:5). Neste ato
regenerador, o crente é transformado moral e espiritualmente, e é colocado
no Corpo de Cristo, a Igreja, em sentido universal. (1 CORÍNTIOS 12:13; 1
PEDRO 2:4-5).
c) Habitação no crente – O Espírito Santo vem para o crente regenerado e
habita
nele. (JOÃO 14:16-17; 1 CORÍNTIOS 6:19; ROMANOS 8:9). No Antigo
Testamento, a relação do Espírito de Deus com os indivíduos crentes era, de
alguma forma, diferente do que acontece com os cristãos, após o Pentecostes.
Antes do derramamento do Espírito, ele já atuava nos servos de Deus,
capacitando-os para o desempenho de certas tarefas especiais, de interesse
no Reino de Deus. (GÊNESIS 41:38; ÊXODO 31:1; NÚMEROS 11:17 e 25;
JUÍZES 13:25), podendo ser algo temporário e provisório. (1 SAMUEL 16:14;
SALMO 51:11). No Novo Testamento, depois do cumprimento da promessa, o
Espírito Santo passou a habitar permanentemente no regenerado. Em nenhum
momento aquele que foi regenerado fica sem o Espírito (JOÃO 14:16-17;
ROMANOS 8:9; EFÉSIOS 1:13); mesmo aqueles que são cristãos, mas que
em momentos de fraquezas contemporizam com o pecado na vida, eles têm
o Espírito Santo (1 CORÍNTIOS 6:19), embora o entristecendo. (EFÉSIOS
4:30). A habitação do Espírito Santo no coração do cristão genuíno é um dom
gratuito de Deus. (ROMANOS 5:5).
UNIDADE 2 | DOUTRINA BÍBLICA DO ESPÍRITO SANTO
50
d) Selo do Espírito – O Espírito Santo sela o regenerado no momento em que
ele
é unido a Cristo espiritualmente. (EFÉSIOS 1:13; 4:30; 2 CORÍNTIOS 1:22).
O selo indica que aquele indivíduo pertence a Deus, que ele tem a promessa
da
vida eterna garantida e está seguro eternamente. É por causa desta realidade
espiritual que o crente é exortado a desenvolver a sua vida de santidade.
(COLOSSENSES 3:1-10).
FONTE: AGUIAR SEVERA, Zacarias de. Manual de Teologia Sistemática.
Curitiba: A.D. Santos,
1999. p. 332-333.
51
RESUMO DO TÓPICO 1
O Espírito Santo aparece, pela primeira vez, nas Escrituras Sagradas,
em Gênesis 1:2. Porém, em Hebreus 9:14, Ele é chamado de “Espírito Eterno”,
mostrando que não tem começo nem fim de existência.
DoçSão as próprias Escrituras que especificamente asseveram a divindade
da Pessoa do Espírito. No incidente de Atos 5:3-4, envolvendo Ananias e
Safira,
o apóstolo Pedro lhes disse que eles não haviam mentido aos homens, e sim, a
Deus. Contudo, antes ele havia dito que eles haviam mentido ao Espírito
Santo.
Isto mostra que o Espírito Santo é Deus.
Como vimos, fomos selados, com o Espírito Santo de Deus, no momento
que cremos em Jesus para a salvação. No tempo do Novo Testamento, o selo
indicava posse e segurança. Portanto, a promessa do Espírito é a garantia para
o
cristão da certeza da sua salvação.
Não obstante, essa garantia concedida ao cristão – a consolidação da
salvação eterna – só é concretizada mediante a perseverança na fé cristã.
Esta,
opera através do amor, e a mensuração do amor de uma pessoa é aquilatada
pelo
grau de sua submissão aos mandamentos de Cristo Jesus.
O fato é que o amor do Pai é condicionado à nossa obediência à Sua
Palavra. A obra do Espírito Santo na vida do cristão é igualmente condicionada
à
nossa obediência aos preceitos do Senhor.
52
AUTOATIVIDADE
1 O que comprova que o Espírito Santo é uma Pessoa?
2 Cite três das evidências da Divindade do Espírito Santo.
3 No que consiste o SELO do Espírito Santo?
53
TÓPICO 2
O ESPÍRITO SANTO NAS ESCRITURAS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
2 NO ANTIGO TESTAMENTO
2.1 NA CRIAÇÃO
O Espírito Santo, através de várias épocas, tem operado de forma
extraordinária, na história e na vida de pessoa. Ele esteve e trabalhou na
realização dos propósitos divinos desde o princípio; Ele agiu no tempo do
Antigo
Testamento, tanto quanto no Novo Testamento.
Millard Erickson (1997, p. 353) diz que o Antigo Testamento retrata o
Espírito Santo produzindo as qualidades morais e espirituais de santidade e
bondade na pessoa a quem chega ou em quem habita. Devemos notar, diz
Erickson
(1997, p. 354), que, embora em alguns casos essa obra interna do Espírito
Santo
pareça permanente, em outros casos, tal como no livro de Juízes, Sua
presença
parece intermitente e atrelada a uma atividade ou a um ministério específico
que
deve ser exercido.
Para Erickson (1997, p. 355), no testemunho do Antigo Testamento acerca
do Espírito, existe um anúncio de uma época em que o ministério do Espírito
será
mais completo.
A Bíblia atribui as obras de Deus, num sentido absoluto, a cada membro
da Trindade, tanto no aspecto individual como coletivamente. Cada uma das
três
Pessoas tem sua função específica, agindo em perfeita harmonia e cooperação
mútua em todo tempo. A Criação é um exemplo perfeito disto.
NOTA
“[...] o Espírito de Deus pairava por sobre as águas” (GÊNESIS 1:2), mostra o
papel
ativo do Espírito Santo na Criação, como uma ave que (“choca”) sustenta seus
filhotes e os
protege. Neste sentido, o termo “pairava” seria melhor traduzido como “se
movia”.
UNIDADE 2 | DOUTRINA BÍBLICA DO ESPÍRITO SANTO
54
O escritor Raimundo de Oliveira (2001, p. 125) afirma:
Muito antes de o homem aparecer na terra e mesmo antes da terra
existir, o Espírito Santo já existia. A primeira parte de Gênesis 1:2
apresenta uma cena singular: a terra, uma massa informe, vazia e
escura. Foi então que um raio de esperança brilhou, iluminando-a,
antes mesmo que Deus ordenasse o aparecimento da luz. Lemos:
“E o Espírito de Deus pairava por sobre as águas”. Foi este aspecto
diferente o primeiro prenúncio da perfeição das obras do Criador.
O Espírito Santo, como integrante da Trindade Divina, criou e deu forma
a todas as coisas. Ele estava envolvido no planejamento geral do Universo,
participando na criação da terra (GÊNESIS 1:2), na criação da estrelas do céu
(SALMO 33:6), na criação dos animais (SALMO 104:30) e na criação do
homem
(JÓ 27:3;33:4).
2.2 NA HISTÓRIA DE ISRAEL
2.3 NOS PROFETAS
A Bíblia mostra que o Espírito Santo estava presente em toda nação,
ministrando e guiando o povo escolhido (NEEMIAS 9:20; ISAÍAS 63:10). De
modo mais específico, o Espírito Santo revestiu de poder homens como
Otoniel,
para julgar (JUÍZES 3:10); Gideão, para liderar (JUÍZES 6:34); Sansão, para
vencer adversários (JUÍZES 14:16, 19; 15:14), Elias e Eliseu, para profetizar (1
REIS 18:12; 2 REIS 2:19) etc.
Os registros do Antigo Testamento têm como pano de fundo a história
de Israel. Ali encontramos inúmeras evidências do Espírito Santo inspirando e
qualificando os homens e mulheres para as suas tarefas oficiais, até mesmo
nas
áreas da ciência e das artes. (ÊXODO 28:3; 31:2-3; 1 SAMUEL 11:6; 16:13-
14).
No Antigo Testamento, várias pessoas experimentaram a unção e
capacitação especial do Espírito Santo para desempenhar um serviço
específico.
Entre eles, estavam os profetas. A Bíblia diz que foi o Espírito Santo quem
inspirou
os profetas. (2 PEDRO 1:21).
A explicação de Alister MacGrath (2005, p. 429) é muito convincente:
O Antigo Testamento não esclarece muito sobre a forma como os
profetas eram inspirados, guiados ou motivados pelo Espírito Santo.
No período anterior ao exílio, a profecia é frequentemente associada
às experiências de êxtase espiritual ligadas a um comportamento
exaltado. (1 SAMUEL 10:6, 19-24). Entretanto, pouco a pouco a
atividade profética tornou-se algo relacionado à mensagem e não ao
comportamento, do profeta. As credenciais de profeta baseavam-se na
unção do Espírito (ISAIAS 61:1; EZEQUIEL 2:1-2; MIQUEIAS 3.8),
que por sua vez autenticava a mensagem do profeta – uma mensagem
normalmente descrita como ‘a palavra (dabhar) do Senhor’.
TÓPICO 2 | O ESPÍRITO SANTO NAS ESCRITURAS
55
3 NO NOVO TESTAMENTO
3.1 NOS QUATRO EVANGELHOS
A revelação do Espírito Santo como uma pessoa, e não apenas como uma
força, é evidente no Novo Testamento. Uma prova disto é a questão do pecado
contra o Espírito Santo, em Marcos 3:28-30. (FERREIRA, 2007, p. 681). De
fato,
o Novo Testamento trata de forma especial do ministério do Espírito. Alguns
aspectos nunca foram mencionados no Antigo Testamento.
Como disse o professor Zacarias de Aguiar Severa (1999, p. 318), nos
Evangelhos, a atuação do Espírito Santo aparece especialmente relacionada à
vida e ao ministério de Jesus. Foi o Espírito Santo quem gerou Jesus no útero
da
virgem Maria, resultando na encarnação. (LUCAS 1:35). O Espírito Santo ungiu
Jesus com poder, relacionamento este que Jesus desfrutou por toda vida, no
exercício de Seu ministério, especialmente na pregação das boas novas do
Reino
de Deus e na realização de milagres. (LUCAS 4:18-19).
Concordo com o professor Zacarias de Aguiar Severa (1999, p. 318),
quando afirma:
Nessa época, o Espírito Santo atuava também na vida e no ministério
de João Batista (LUCAS 1:15) e nos discípulos de Jesus. (JOÃO
14:17). Quer dizer, o Espírito não estava restrito ao Filho de Deus. Ele
continuava com suas operações gerais no mundo, como no Antigo
Testamento, mas manifestou-se sobremodo na vida e no ministério de
Jesus.
3.2 NOS ATOS DOS APÓSTOLOS
Houve o derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes que
batizou com fogo os primeiros discípulos de Jesus (ATOS 2:1-8); distribuiu-lhes
dons espirituais, bem como capacitação espiritual para o serviço (ATOS
2:22,36;
5:4-53), e orientou-lhes neste serviço (ATOS 16:6-7) etc.
O Pentecostes, registrado em Atos 2, foi o estabelecimento da Igreja
de Cristo. Jesus já havia esclarecido os discípulos a esse respeito. Agora, eles
compreenderam que juntos formavam um corpo espiritual em Cristo,
constituíram
uma nova comunidade, que se tornou a igreja visível no mundo, da qual
fazemos
parte.
Como afirma Max Anders (2001, p. 85):
UNIDADE 2 | DOUTRINA BÍBLICA DO ESPÍRITO SANTO
56
3.3 NAS EPÍSTOLAS
[...] No Antigo Testamento, Deus escolheu a nação de Israel para
receber sua mensagem de salvação e levá-la ao mundo. (SALMO 67).
No Novo Testamento, Deus escolheu a igreja para essa elevada tarefa.
É fácil identificar Israel – todos os descendentes de Abraão, mais os
que se converteram ao judaísmo. É um pouco mais difícil identificar a
igreja – a totalidade de todos os crentes em Jesus. Quando uma pessoa
se torna cristã, automaticamente se torna membro da Igreja. Foi à
Igreja que Deus deu a mensagem de salvação do Novo Testamento, e
é pelo poder do Espírito Santo que ela leva essa mensagem aos confins
da terra.
No primeiro século da era cristã, à medida que o Evangelho se expandia,
as igrejas se multiplicavam e as dificuldades enfrentadas pelos cristãos
também
eram cada vez maiores. Por isso, muitas cartas (epístolas) foram escritas, a fim
de orientar os cristãos acerca de questões relacionadas às heresias,
perseguições,
contendas e aflições.
O ministério do Espírito Santo nas epístolas se expressa na intercessão
(ROMANOS 8:26), na manifestação e uso dos dons espirituais (1 CORÍNTIOS
12:1-12), na transformação espiritual dos cristãos (2 CORÍNTIOS 3:18), na
regeneração interior do pecador (1 PEDRO 1:23), na manifestação do fruto do
Espírito na vida cotidiana (GÁLATAS 5:22) etc.
O maravilhoso derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes
inaugurou um novo tempo para a humanidade feita à imagem e semelhança de
Deus. Parte do plano redentor de Deus havia sido colocada em prática, quando
a graça de Deus se manifestou através da encarnação de Jesus Cristo,
atingindo,
assim, o clímax na sua morte e ressurreição. Mas, a segunda parte do plano
estava
ligada ao derramamento do Espírito Santo no Pentecostes.
Vejamos o excelente comentário de French Arrington (2003):
A era do Espírito Santo foi predita há muito tempo pelos profetas: ‘Isto
é o que foi dito pelo profeta Joel’. (ATOS 2:16). No Antigo Testamento,
só algumas pessoas experimentaram o Espírito. Do dia de Pentecostes
em diante, Deus torna disponível a todos os Seus filhos a plenitude
do Espírito. O poder carismático do Espírito já não está limitado aos
líderes do povo de Deus. Fundamentando sua mensagem na profecia
de Joel, Pedro promete que o derramamento do Espírito é para ‘toda
a carne’. É de escopo universal – sobre jovens e velhos, sobre filhas e
filhos, até sobre os de posição social menos favorecida, tanto homens
quanto mulheres... o cumprimento inicial da promessa de Joel (Jl 2:28)
no dia de Pentecostes batiza os discípulos para um ministério profético
de dar testemunho da obra salvadora de Cristo.
TÓPICO 2 | O ESPÍRITO SANTO NAS ESCRITURAS
57
LEITURA COMPLEMENTAR
Podemos definir a obra do Espírito Santo como segue: a obra do Espírito
Santo consiste em manifestar a presença ativa de Deus no mundo e em
especial na
igreja. Essa definição indica que o Espírito Santo é o membro da Trindade que
as
Escrituras com mais frequência representam como aquele que está presente
para
fazer a obra de Deus no mundo. Embora isso seja real até certo ponto através
de
toda a Bíblia, é particularmente verdadeiro na era da Nova Aliança. No Antigo
Testamento, a presença de Deus muitas vezes foi manifestada na glória de
Deus
e nas teofanias; nos evangelhos o próprio Jesus manifestou a presença de
Deus
entre os homens. Mas depois que Jesus subiu ao céu, e de contínuo através
de
toda a Era da igreja, o Espírito Santo é agora a principal manifestação da
presença
da Trindade entre nós. Ele é o que está presente de modo mais proeminente
entre
nós agora.
Desde o princípio da criação, temos indícios de que a obra do Espírito
consiste em completar e sustentar o que Deus Pai planejou e o que Deus Filho
começou, pois em Gênesis 1:2, “o Espírito de Deus pairava por sobre as
águas”.
No Pentecostes, com o início da nova criação em Cristo, é o Espírito Santo
quem
vem conceder poder à igreja. (ATOS 1:8; 2:4). Como o Espírito Santo é a
pessoa
da Trindade por meio de quem Deus manifesta de modo particular sua
presença
na era da nova aliança, Paulo emprega uma expressão adequada ao referir-se
a
ele como “primeiros frutos” (ROMANOS 8:23, NVI) e “garantia” ou “penhor”,
(2 CORÍNTIOS 1:22; 5:5) da plena manifestação da presença de Deus que
conheceremos no novo céu e na nova terra. (cf. APOCALIPSE 21:3-4).
FONTE: GRUDEN, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2006.
p. 530.
58
RESUMO DO TÓPICO 2
O Espírito Santo foi atuante em toda a Bíblia. Da mesma maneira que Ele
revelou a verdade de Deus, às pessoas no Antigo Testamento, também fez no
Novo Testamento, dando visões e sonhos às pessoas (ATOS 10:1-20),
revelando
profecias e Escrituras que guiaram os escritores do Novo Testamento. (2
PEDRO
1:21; 3:15-16; 1 TIMÓTEO 3:16-17).
É curioso observar que a terceira Pessoa da Trindade é mencionada no
Antigo Testamento sem o adjetivo “Santo”. Todavia, Ele participou ativamente
na criação; esteve presente milagrosamente na vida e ministério dos primeiros
governantes de Israel, os Juízes, e posteriormente na vida dos reis de Israel e
Judá. No Novo Testamento, o Espírito Santo foi agente na concepção de Jesus
no
ventre de Maria; estava presente de forma sobrenatural na vida e ministério de
Jesus e agiu sobrenaturalmente por meio dos apóstolos.
59
AUTOATIVIDADE
1 O que quer dizer “... o Espírito de Deus pairava por sobre as águas?”
2 Qual é o principal destaque da ação do Espírito Santo nos Atos dos
apóstolos?
3 Qual a diferença da manifestação do Espírito Santo no Antigo e no Novo
Testamento?
60
61
TÓPICO 3
A OBRA DO ESPÍRITO SANTO NA
VIDA CRISTÃ
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A obra do Espírito na vida do cristão destina-se a levá-lo, dia a dia, cada
vez mais, a uma identificação maior com a Pessoa de Jesus Cristo.
O Espírito Santo “habita” (ou “mora”) no interior de todo verdadeiro
cristão. Aliás, a ausência do Espírito Santo no interior da pessoa mostra que
ela
não é salva em Jesus Cristo. A Bíblia diz que não ter o Espírito Santo significa
não pertencer a Jesus Cristo: “Quem é dominado pela carne não pode agradar
a
Deus”. (ROMANOS 8:9).
Charles Ryrie (2003, p. 414) deu uma boa explicação da relação entre a
unção e habitação. No Antigo Testamento, a unção era um assunto solene,
pois
fazia com que algo ou alguém fosse santificado e sacrossanto. (ÊXODO 40:9-
15).
Sua associação com o Espírito Santo indicava a capacitação para o serviço
[...].
O Novo Testamento ensina claramente que todos os cristãos são habitados
pelo
Espírito Santo [...]. Isso deveria nos dar:
a) sensação de segurança em nosso relacionamento com Deus;
b) motivação para praticar a presença de Deus; e
c) sensibilidade aos pecados que possamos cometer contra Deus.
DICAS
Caro acadêmico(a)! Leia o livro Na Dinâmica do Espírito. J.I. Packer apresenta
uma análise bastante sólida e imparcial das várias linhas e tendências dos
movimentos
que enfatizam a Pessoa e a obra do Espírito Santo. O autor procura
estabelecer um juízo
equilibrado.
62
UNIDADE 2 | DOUTRINA BÍBLICA DO ESPÍRITO SANTO
2 A OBRA DO ESPÍRITO SANTO NO HOMEM
2.1 EM RELAÇÃO AOS DESCRENTES
O Espírito Santo não só está presente no mundo e no homem, mas atua
para a realização dos seus propósitos, que veremos a seguir.
É o Espírito Santo quem convence o homem do pecado, da justiça e do
juízo. (JOÃO 16:8). O capítulo 16 de João atribui ao Espírito Santo ainda outras
qualidades e atividades:
a) “Guiará” (v. 13). O Espírito Santo nos “guiará” à verdade bíblica revelada que
edifica a vida e dignifica a conduta cristã.
b) “Falará” (v. 13). O Espírito Santo não “falará” de si mesmo, mas de tudo
quanto
foi revelado por Deus, o Pai, na Sua Palavra.
c) “Glorificará” (v. 14). O Espírito Santo, como parte integrante da Trindade,
exerce o papel divino de glorificar a Pessoa de Jesus Cristo.
Estes termos, além de indicar que o Espírito Santo é uma pessoa, apontam
para a obra d’Ele na vida dos homens. Tomemos apenas o primeiro termo
(“convencerá”), para analisarmos cada uma das três expressões que vêm na
sequência do texto: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da
justiça
e do juízo. Do pecado, porque os homens não creem em mim; da justiça,
porque
vou para o Pai, e vocês não me verão mais; e do juízo, porque o príncipe deste
mundo já está condenado”. (JOÃO 16.-8-11, grifo do autor).
a) O Espírito Santo convence ou torna o homem consciente do pecado da
incredulidade, pois o pior de todos os pecados é a falta de fé em Deus.
b) O Espírito Santo convence em relação à bondade de Cristo, pois o preço da
justiça foi pago na cruz por todos os pecados, inclusive pela falta de fé em
Deus.
c) O Espírito Santo convence do juízo vindouro, pois o caminho da
desobediência
leva à morte, mas o caminho da obediência leva à vida.
NOTA
O convencer é obra do Espírito Santo, mas o converter é do ser humano. A
responsabilidade é absolutamente pessoal. É render-se à transformação do
nosso caráter
mediante a santificação efetuada pelo Espírito Santo em nosso homem interior.
TÓPICO 3 | A OBRA DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA CRISTÃ
63
Falando sobre a graça comum, ligada à Pessoa do Espírito Santo, o teólogo
Charles Hodge (2001, p. 396), escreveu:
A graça comum é a influência restritiva e persuasiva do Espírito Santo,
operando somente por meio das verdades reveladas no Evangelho,
ou por meio da luz natural da razão e da consciência, aumentando o
natural efeito moral dessas verdades sobre o coração, a inteligência e
a consciência. Não envolve mudança do coração, e, sim, unicamente
aumento do poder natural da verdade, uma ação restritiva das más
paixões e aumento das emoções naturais em face do pecado, do dever
e do interesse próprio.
2.2 EM RELAÇÃO AOS CRISTÃOS
O Espírito Santo guia o cristão em toda verdade. (JOÃO 16:13). Isto
acontece de três formas básicas:
a) Através da Igreja. (ATOS 13:1-4). Os cultos de adoração a Deus, os
programas de
educação cristã, os trabalhos missionários e os testemunhos de transformação
pessoal são algumas das formas pelas quais o Espírito nos guia em toda
verdade.
b) Através da Bíblia. (2 TIMÓTEO 3:15). A Bíblia é o livro de Deus inspirado
pelo Espírito Santo. Quando lemos a Bíblia, é o Espírito Santo quem nos ajuda
a entendê-la. Somente pelo Espírito de Deus podemos desvendar os mistérios
da Palavra de Deus.
Neste ponto, vale a pena observar o que Stanley Horton (2004, p. 402)
disse:
O conhecimento intelectual da Bíblia não é o conhecer a Deus. Muitos
teólogos e comentaristas da Bíblia – os quais conheci pessoalmente ou apenas
através de seus escritos – sabem mais a respeito da religião, história da Igreja,
conteúdo da Bíblia e teologia, do que muitos que se definem como cristãos.
Mesmo assim, nunca reconheceram a reivindicação do Espírito Santo nas suas
vidas, nem se renderam a Ele. Não têm nenhuma experiência de Deus em
suas
vidas. Acreditam que, se eles não tiveram nenhuma experiência com Deus, não
é
possível que outra pessoa pudesse ter.
c) Através da consciência. (ROMANOS 2:15). É através da consciência que
chegamos a discernir entre o certo e o errado. Mas, devido à influência do
pecado, nossos padrões de conduta nem sempre estão de acordo com as
normas morais e espirituais estabelecidas por Deus em Sua Palavra - a Bíblia.
É aí que o Espírito Santo opera. Ele age sobre nossa consciência,
restaurandolhe a sensibilidade perdida, à medida que damos liberdade para
isso. Mas, o
processo não é tão simples como parece: temos que educar nossa consciência
para ouvir a Deus, sendo submissos a Ele.
64
UNIDADE 2 | DOUTRINA BÍBLICA DO ESPÍRITO SANTO
3 A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DO CRISTÃO
3.1 A PROMESSA DO DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO
O Espírito Santo é uma pessoa real. Portanto, chegue-se para Ele e diga:
Espírito Santo, é motivo de alegria tê-lo comigo como companheiro, mestre,
guia
e intercessor.
A obra do Espírito Santo era perceptível no Antigo Testamento, em
várias atividades descritas pelas Escrituras. Mas, havia uma promessa de um
derramamento especial do Espírito. (JOEL 2:28-32; ISAÍAS 32:15; 44:3). Estes
textos revelam que o derramamento do Espírito Santo seria uma bênção do
alto
que traria abundância de alegria, conforto, revestimento de poder e autoridade
para testemunhar as maravilhas de Deus.
Esta promessa maravilhosa se cumpriu no advento do PENTECOSTES,
em Atos 2.
NOTA
98
UNIDADE 3 | DOUTRINA BÍBLICA DA SALVAÇÃO
3. A terceira declaração é que a encarnação e a propiciação de Cristo implicam
e
envolvem o mesmo propósito universal da graça de Deus. Cristo era o “Filho
do homem”, e não meramente um judeu do primeiro século. Sua encarnação o
tornou orgânico com a humanidade. Como já vimos, sua propiciação foi para
todos. A grande Comissão inclui expressamente “todas as nações” e “toda
criatura” no destino ou meta do evangelho. (Mt 28:19-20; Mc 16:15-16).
4. A quarta declaração é que a história e o ensino do Novo Testamento
confirmam em geral a interpretação que acabamos de dar da encarnação e
da propiciação. O livro dos Atos dos apóstolos narra a extensão do evangelho
entre a humanidade. A eleição do apóstolo Paulo e sua missão mostram a
universalidade do evangelho. Sua doutrina da justificação pela fé contradizia
definitivamente a estreiteza judaica, que havia exigido que os conversos
se fizessem judeus em princípio e prática. Em Efésios, Paulo declara que a
universalidade do evangelho era o segredo das eras, agora dado a conhecer
por meio de Cristo (Ef 2 e 3; especialmente 3:4-13). O livro do Apocalipse, em
muitas partes, deixa-nos contemplar por meio de visões grandes multidões de
todas as nações, tribos, línguas e povos, redimidas para Deus pelo sangue de
Jesus Cristo.
FONTE: MULLINS. Edgar Young. A Religião Cristã. São Paulo: Hagnos, 2005.
p. 429-431.
99
A salvação, como resultado da redenção efetuada por Jesus na cruz, é o
meio que Deus proveu para livrar o homem de seus pecados e da perdição
eterna.
A salvação bíblica não é resultado de méritos humanos, e sim, da graça de
Deus
e da resposta humana da fé, ou seja:
l A Pessoa Jesus Cristo é a base segura da salvação espiritual.
l A fé é a condição essencial exigida na justificação de nossos pecados.
l A remissão da pena traz a reconciliação com Deus.
l A restauração, na graça de Deus, promove nova atitude para com Deus.
RESUMO DO TÓPICO 2
100
AUTOATIVIDADE
1 Leia a seguinte historieta: Certo homem perguntou a um velho pregador
como fazer para que a natureza divina vencesse sempre a carnal. O pregador,
mostrando dois cachorros, um magro e outro robusto, perguntou: qual desses
tem mais possibilidades de ser vitorioso em uma luta? Ao que o homem
respondeu: “o mais forte, logicamente”. O pregador então concluiu: “Assim
será em seu interior”.
a) Qual é a moral do ensino do pregador?
101
TÓPICO 3
A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
2 AS EVIDÊNCIAS DA SALVAÇÃO CRISTÃ
2.1 O TESTEMUNHO DO ESPÍRITO SANTO
A operação do Espírito Santo no coração do homem, denominada
regeneração, tem prosseguimento e se completará no porvir. A Bíblia ensina
que
nós devemos: “pôr em ação a salvação de vocês”. (FILIPENSES 2:12). Como
escreveu John Murray (1993, p. 172), “A perseverança dos santos nos faz
lembrar,
mui forçosamente, que somente os que perseveram até o fim são
verdadeiramente
santos”.
Assim como o pecado tornou-se universal, a justiça de Deus em Cristo
destina-se a todos os homens. Pois, ninguém é bom o suficiente para se
salvar,
nem tão mau que não possa ser liberto por Jesus.
“O próprio Espírito testemunha no nosso espírito que somos filhos de
Deus”. (Romanos 8:16). Este testemunho do Espírito Santo em nosso interior
diz
respeito ao nosso relacionamento com Cristo.
2.2 O TESTEMUNHO DA MUDANÇA INTERIOR E DA
CONSCIÊNCIA
“Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já
passaram; eis que surgiram coisas novas”. (2 CORÍNTIOS 5:17). Este
testemunho
se expressa na determinação pessoal de abandonar o pecado, buscando
diariamente a Deus, com a convicção da necessidade pessoal permanente de
ajuda para alcançar este objetivo.
UNIDADE 3 | DOUTRINA BÍBLICA DA SALVAÇÃO
102
2.4 O SALVO PODE PERDER A SALVAÇÃO?
2.3 O TESTEMUNHO DOS FRUTOS PRODUZIDOS
“Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos
boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos”. (EFÉSIOS
2:10). Essa frutificação espiritual, além de expressar o caráter de Jesus Cristo
e
abençoar outras pessoas, glorifica a Deus. As obras não podem salvar, porém
a salvação é sempre acompanhada de boas obras, porquanto as obras são
consequência eficiente da salvação.
Vejamos o que disse o pregador John Wesley apud Ferreira (2007, p. 891)
(em seu sermão Pensamentos Sérios sobre a perseverança dos santos):
Se as Escrituras são verdadeiras, aqueles que são santos ou justos
no julgamento do próprio Deus; os que possuem a fé que purifica
o coração, que produz uma boa consciência; os que são ramos da
verdadeira videira, de quem Cristo diz: ‘Eu sou a videira, vós as
varas’; os que de tal modo conhecem a Cristo que, através desse
conhecimento, escaparam da poluição do mundo; os que veem a luz
da glória de Deus no rosto de Jesus Cristo e que são participantes do
Espírito Santo, do testemunho e dos frutos do Espírito; os que vivem
pela fé no Filho de Deus; os que são santificados pelo sangue da
aliança, podem, contudo, cair e perecer eternamente.
E mais:
Vejamos o que John Owen apud Ferreira (2007, p. 894), escreveu a respeito
dos que largam a fé, de Hebreus 6:4-6:
É claro que não se tratava de crentes verdadeiros e sinceros. Não há
nenhuma menção de fé ou crença. Não há nada aqui que nos faça
pensar que tinham qualquer relacionamento especial com Deus em
Cristo. Não são descritos como ‘sendo chamados segundo o propósito
de Deus’. Não são descritos como sendo justificados, nem santificados,
nem unidos a Cristo, nem filhos de Deus por adoção. Por outro lado,
são descritos como terra na qual chove frequentemente, mas onde
só crescem espinhos e abrolhos (vv. 7-8). Mas isso não é verdade
com respeito a crentes verdadeiros, porque a fé em si já é uma erva
cultivada com esmero na horta cercada de Cristo. O escritor dessa
epístola, descrevendo crentes verdadeiros, distingue-os dos apóstatas.
Nos crentes ele está confiante que vai achar coisas melhores, as coisas
que acompanham a salvação (v. 9). Os crentes são conhecidos pelo seu
‘trabalho e amor operante’, porque é só a verdadeira fé que trabalha
pelo amor (v. 10). Mas nenhuma destas coisas é dita dos apóstatas [...]
Esses apóstatas, embora tivessem feito uma profissão de fé ostensiva
de arrependimento e fé e tivessem sido batizados, não tinham sido
regenerados e santificados. Então foi da renovação externa que esses
apóstatas decaíram, renunciando totalmente à fé e ao batismo.
TÓPICO 3 | A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO
103
3 OS RESULTADOS DA SALVAÇÃO NO HOMEM
3.1 APROXIMAÇÃO DE DEUS
3.2 RENOVAÇÃO DO CARÁTER
Ao contrário do pecado, a salvação produz no cristão vários benefícios,
como veremos a seguir:
Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos
Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos
abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo. Temos, pois, um grande
sacerdote sobre a casa de Deus. Sendo assim, aproximemo-nos de
Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os
corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada, e
tendo os nossos corpos lavados com água pura. Apeguemo-nos com
firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel.
(HEBREUS 10:19-23).
Se o pecado afasta o homem de Deus, a salvação o atrai para Ele. Aquele
que passou pela verdadeira experiência de conversão a Jesus, certamente terá
prazer tanto em estar com Deus, como falar de Seu nome.
Assim, eu lhes digo, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os
gentios, que vivem na inutilidade dos seus pensamentos. Eles estão
obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa
da ignorância em que estão, devido ao endurecimento do seu coração.
Tendo perdido toda a sensibilidade, eles se entregaram à depravação,
cometendo com avidez toda espécie de impureza. Todavia, não foi isso
que vocês aprenderam de Cristo. De fato, vocês ouviram falar dele,
e nele foram ensinados de acordo com a verdade que está em Jesus.
Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despirse do velho
homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem
renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado
para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da
verdade. (EFÉSIOS 4:17-24).
O que a Bíblia está nos dizendo aqui é que após a CONVERSÃO, o homem
deve começar a percorrer um novo caminho. O seu caráter agora vai
assimilando
normas e atitudes baseadas nos princípios bíblicos que se refletirão numa
conduta
totalmente diferente daquela anterior. Com isso, a imagem de Deus antes
(quase)
apagada começa novamente a brilhar, refletindo o brilho do caráter de Jesus
Cristo.
UNIDADE 3 | DOUTRINA BÍBLICA DA SALVAÇÃO
104
DICAS
CONVERSÃO significa mais que um retorno, é substancial mudança de rumo,
com profundas implicações morais e espirituais.
3.3 ATRAÇÃO DO AMOR DE DEUS
3.4 PAZ COM DEUS
“E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em
nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu”.
(ROMANOS
5:5). A obra da salvação possui poder de transformar o coração de “pedra” do
pecador em um coração maleável e submisso à vontade de Deus. (cf.
EZEQUIEL
36:26-27). Com isso, ele torna-se apto a ser um receptáculo do amor de Deus,
que
influenciará todas as suas atitudes e ações.
“Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso
Senhor Jesus Cristo”. (Romanos 5:1). Antes do milagre da salvação, o homem
vivia em guerra íntima com o Criador, mas agora ele está reconciliado com
Deus
através de Jesus Cristo. Esta paz com Deus nos torna livres para adorar e
louvar
a Deus. John Stott (1995, p. 324) diz que:
a eleição é uma peça fundamental e indispensável na adoração cristã,
no tempo e na eternidade. Faz parte da essência da adoração dizer:
‘não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória’. Se nós
fôssemos os responsáveis por nossa própria salvação, seja no todo ou
mesmo em parte, seríamos justificados ao entoar os nossos próprios
louvores lá no céu. Mas isto é inconcebível. O povo redimido de Deus
passará a eternidade louvando a Ele, humilhando-se perante Ele
em grata adoração, atribuindo a Ele e ao Cordeiro a sua salvação e
reconhecendo que somente ele é digno de receber todo louvor, honra
e glória. E por que isso? Porque a nossa salvação se deve inteiramente
a Sua graça, vontade, iniciativa, sabedoria e poder.
3.5 VIDA ESPIRITUAL
“Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para
a
vida”. (JOÃO 5:24). Ao contrário do ímpio que nasce uma vez e morre duas, o
salvo em Jesus Cristo nasce duas vezes e morre apenas uma (isso, se não
passar
pelo arrebatamento). Tendo a vida doada pelo Senhor, o cristão deve viver
acima
das circunstâncias, confiando em Jesus e por Ele esperando.
TÓPICO 3 | A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO
105
4.2 GLORIFICAÇÃO
“Num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta.
Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos
transformados”. (1 CORÍNTIOS 15:52). Como disse Franklin Ferreira (2007, p.
887), a glorificação é a transformação final do nosso ser, o fim do processo de
salvação e a preparação para a vida celestial. Para Wayne Gruden (2006, p.
659),
glorificação é o passo final da aplicação da redenção. Ocorrerá quando
Cristo voltar e levantar dentre os mortos o corpo de todos os cristãos
que morreram, de todas as épocas, reunindo com a alma de cada um, e
mudar o corpo de todos os cristãos que estiverem vivos, dando assim,
ao mesmo tempo, a todos os cristãos um corpo ressurreto como o Seu.
Quais são os aspectos desta glorificação futura?
a) Haverá um novo corpo: “corpo espiritual”. (1 CORÍNTIOS 15:51;
FILIPENSES 3:21).
b) Haverá uma nova habitação: “Novo céu e nova terra”. (APOCALIPSE 21:1).
c) Haverá nova comunhão com Deus: “verão a sua face”. (APOCALIPSE 22:4).
d) Haverá libertação plena do pecado: os salvos serão moralmente perfeitos.
(APOCALIPSE 21:27).
A glorificação futura não é um produto da imaginação humana, mas sim,
uma realidade inconteste baseada nas Escrituras. O próprio Jesus, várias
vezes,
fez alusão a essa realidade que os filhos de Deus verão e viverão um dia. Esse
é
o acontecimento mais esperado e mais desejado por todos os salvos em Cristo
em todos os tempos. O nosso corpo mortal será transformado em corpo
glorioso
semelhante ao de Jesus.
TÓPICO 3 | A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO
107
LEITURA COMPLEMENTAR
UMA VISÃO CRISTÃ UNIFICADORA DA EXPIAÇÃO
Os cristãos precisam novamente descobrir e valorizar a fé cristã
fundamental, essencial, acerca de Cristo e sua obra expiatória para a salvação
da humanidade. Nesta era, moderna e pós-moderna, da civilização e cultura
ocidentais, estão sendo levantadas muitas vozes, tanto contrárias a qualquer fé
tradicional sobre a expiação através da morte de Cristo na cruz, quanto
favoráveis
a elevar um modelo específico de expiação sobre todos os demais, até mesmo
excluindo outros. Alguns autodenominados teólogos da libertação e bastante
radicais - especialmente os chamados teólogos feministas – argumentam que
qualquer teoria tradicional da expiação tolera a violência e sanciona o abuso de
crianças. Esses revisionistas radicais gostariam de substituir a salvação-pela-
morte
(i.e., a morte expiatória de Cristo na cruz) por uma visão da crucificação de
Cristo
como um martírio e um símbolo daquilo que os poderosos líderes religiosos e
políticos, dentro de sistemas hierárquicos de dominação, sempre cometem
contra
os profetas. No outro extremo do espectro de reflexão teológica, encontram-se
certos teólogos declaradamente conservadores, os quais argumentam que
somente
a teoria da substituição penal reformada desenvolvida por Calvino e promovida
por teólogos como o professor de Princeton do século XIX, Charles Hodge, é
bíblica
e teologicamente correta. Muitos desses teólogos ultraconservadores insistem
em
que a morte de Cristo na cruz seja vista, por todos os verdadeiros cristãos,
como
propiciação ( apaziguamento) da ira de Deus, por meio de uma aplicação
vicária
da punição no Filho de Deus pelos pecados do mundo (ou unicamente pelos
dos
eleitos).
Nessa situação de conflito, é importante descobrir uma visão cristã
unificadora da obra salvadora de Cristo em favor da raça humana. O melhor
modo
de fazê-lo é retomar as fontes da reflexão cristã e recobrar a fé singela na vida,
morte e ressurreição redentoras de Cristo, as quais uniram os cristãos antigos
e os
reformadores protestantes, apesar do uso de diversos modelos para comunicá-
lo
e torná-lo inteligível dentro de seu próprio contexto cultural. A igreja antiga do
primeiro século cria que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o
mundo”
e que de algum modo misterioso, além da compreensão humana plena, a
morte
de Cristo na cruz foi um sacrifício pelos pecados, uma conquista sobre poderes
malignos que escravizam, e um exemplo de amor perfeito para os discípulos de
Jesus seguirem...
UNIDADE 3 | DOUTRINA BÍBLICA DA SALVAÇÃO
108
Dito isso, também é importante afirmar agora que a fé na objetividade
da expiação de Cristo é absolutamente necessária para o próprio evangelho.
As
boas novas da revelação e proclamação cristãs são de que Deus agiu de modo
decisivo, objetivo, em Jesus Cristo e em sua morte, mudando por graça e com
poder a situação de alienação e corrupção espiritual que dilaceraram o mundo
com a queda da humanidade. O evangelho não pode ser reduzido a uma
expiação
meramente subjetiva em que Cristo oferece uma lição concreta do grande amor
de Deus. Uma lição subjetiva do significado da morte de Cristo pode ser
apenas
uma faceta e não o âmago da fé e proclamação cristãs. Infelizmente, muitos
cristãos contemporâneos – até mesmos muito que se consideram biblicamente
sérios e evangelicamente engajados – tendem a reduzir a fé na expiação de
Cristo
a um modelo subjetivo e negligenciar ou ignorar a realização objetiva de Deus
em
Cristo. Não é preciso obrigatoriamente esposar uma substituição penal acerca
da
obra de Cristo, para afirmar que aquilo que Cristo consumou por sua morte foi
uma transação sem igual que efetivamente reconciliou a justiça e o amor de
Deus
em vista da desobediência e rebelião humanas, tornando possível para Deus
perdoar a todos que vêm a ele por meio de Cristo com fé.
FONTE: OLSON, Roger. História das Controvérsias na Teologia Cristã. São
Paulo: Vida, 2004. p.
374-376.
109
Os resultados da salvação “em Cristo”:
l Quanto a Deus: temos paz com Deus. (ROMANOS 5:1).
l Quanto ao castigo eterno: fomos preservados da Ira de Deus e libertos
da
condenação eterna. (ROMANOS 5:9).
l Quanto ao fim: temos a certeza da glorificação escatológica.
(ROMANOS
8:30).
RESUMO DO TÓPICO 3
110
AUTOATIVIDADE
1 Aponte uma das evidências da salvação espiritual.
2 Cite três resultados da salvação espiritual no homem.
3 Qual a diferença básica entre santificação processual e glorificação?
111
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Zacarias de. Manual de Teologia Sistemática. Curitiba: A.D. Santos,
1999.
AGUIAR SEVERA, Zacarias de. Manual de Teologia Sistemática. Curitiba: A.
D. Santos, 1999.
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico
Pentecostal:
Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
ANDRADE, Claudionor Correa. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD,
1998.
ANDERS, Max. Fundamentos Cristãos: Deus em 12 lições. São Paulo: Vida,
2001.
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 1990.
CABRAL, Elienai. Comentários Bíblicos – Romanos. Rio de Janeiro: CPAD,
1998.
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2003.
ERICKSON, Millard. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova,
1997.
FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2007.
GRUDEN, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2006.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: uma Perspectiva Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2004.
LOYD-JONES, Martin. Deus o Pai, Deus o Filho. São Paulo: PES, 1997.
112
LADD, George. O evangelho do Reino: estudos bíblicos sobre o Reino de
Deus.
São Paulo: Shedd Publicações, 2008.
LIBANIO, João Batista. Deus e os Homens, os seus caminhos. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1996.
KEELEY Robin. Fundamentos da Teologia Cristã. São Paulo: Vida, 2000.
MOLTIMAN, Jurgem. Trindade e Reino de Deus: uma contribuição para a
teologia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
McGRATH, Alister. Teologia: sistemática, histórica e filosófica. São Paulo:
Shedd, 2005.
MULLINS, Edgar Young. A Religião Cristã. São Paulo: Hagnos, 2005.
MURRAY, John. Redenção Consumada e Aplicada. São Paulo: Cultura Cristã,
1993.
NEIVA, Eduardo. Vontade e contrato social em Santo Agostinho. Disponível
em:
<publique.rdc. puc-rio.br/revistaalceu/media/alceu_n12_Neiva.pdf ->. Acesso
em: 20 nov. 2008.
OLSON, Roger. História das Controvérsias na Teologia Cristã. São Paulo:
Vida,
2004.
OLIVEIRA, Raimundo. As Grandes Doutrinas da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD,
2001.
PACKER, J. I. O conhecimento de Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.
RYRIE, Charles. Teologia Básica. São Paulo: Mundo Cristão, 2003.
STOTT, John. Ouça o espírito, ouça o mundo: como ser um cristão
contemporâneo. São Paulo: ABU Editora, 1995.
STRONG, Augustus. Teologia Sistemática. v. 1, 2. São Paulo: Hagnos, 2003.
THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. Rio de
Janeiro: