Aula 4 - Historia Da Igreja I

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Aula 4

O LIVRO DE ATOS
DOS APÓSTOLOS
JESUS E O SURGIMENTO DA IGREJA

Muitos historiadores veem Jesus meramente como um judeu carismático e perspi-


caz que acabou sendo morto por causa disso e mais tarde foi divinizado pelos seus
seguidores. Para nós, cristãos, ele é o próprio Filho de Deus, que veio ao mundo
enviado pelo Pai com o propósito expresso de reconciliar os seres humanos com
Deus. Os Evangelhos nos falam das circunstâncias do seu nascimento e pouco di-
zem sobre a sua infância e mocidade. O enfoque principal está sobre o seu minis-
tério de três anos, iniciado quando ele estava com trinta anos de idade (Lc 3.23).
Seu trabalho foi tríplice: proclamar o reino de Deus, ensinar e curar os enfermos.
O reino por ele anunciado tinha como ponto central a sua própria pessoa e ensino,
e, em particular, a sua morte e ressurreição. Ele não deixou nenhuma organização

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básica, sistema doutrinário bem definido ou livros sagrados. Ele apenas reuniu em
torno de si um grupo de seguidores, especialmente doze homens aos quais treinou
e enviou a pregar, designando-os como continuadores da sua missão (Jo 20.21).
De acordo com Efésios 3.1-13 a igreja que antes fora um "Mistério oculto em Deus”,
agora revelado em Cristo, fez com que o “segredo de Deus” se tornasse conhecido
pelos homens. A expressão “oculta em Deus” indica que a Igreja esteve sempre
presente nos desígnios de Deus, porém, vindo a ser conhecida somente depois do
ministério terreno do seu Filho. Jesus é mais o fundamento do que o fundador da
igreja. Isso fica evidente pelo uso do termo futuro que está mencionado em Mateus
16.18: “Sobre esta pedra edificarei minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela”, referindo-se à declaração de Pedro que dizia: “Tu és o Cristo, o filho do Deus
vivo”. Jesus é o fundamento sobre o qual a sua igreja está sendo edificada, isso im-
plica em uma atuação contínua de Cristo na igreja, a qual ele realiza através do seu
Espírito. Essa edificação da igreja através do Espírito Santo é, sem dúvida, o maior
enfoque do livro de Atos.

O Livro de Atos dos Apóstolos: Nosso Ponto de Partida


A história da igreja começa em Atos dos Apóstolos porque nele está a primeira co-
munidade cristã. Atos é a continuação do Evangelho de Lucas, ambos endereçados
a Teófilo, que provavelmente era um gentio convertido ao cristianismo. O Espírito
Santo inspirou Lucas a escrever a Teófilo a fim de suprir a necessidade de um relato
completo dos primórdios do cristianismo. Embora Lucas esteja contando a história
do cristianismo primitivo, ele não escreveu a “história da igreja primitiva”. Mesmo
seu relato sendo histórico e exato, ele não pretendeu narrar todos os fatos impor-
tantes do cristianismo no primeiro século. Certamente, os historiadores devem
sempre selecionar entre os materiais que têm, pois, evidentemente, é impossível
contar tudo o que aconteceu. Contudo, a seleção de Lucas é estranha. Ele não
nos fala nada sobre as igrejas na Galileia (9.31) ou sobre a evangelização do Egito
ou Roma. Sua história não é dos atos de todos os apóstolos, pois apenas três dos
doze aparecem na sua narrativa - Pedro, Tiago e João; e os últimos dois são apenas
mencionados. O livro de Atos é o livro dos atos de Pedro e Paulo. Além disso, Pe-
dro praticamente saiu da história depois da conversão de Cornélio, e nós ficamos
a imaginar o que lhe aconteceu. Lucas também não dá explicação sobre a origem
dos anciãos da igreja, sobre como Tiago chegou ao lugar de liderança na igreja de
Jerusalém, sobre o que Paulo fez em Tarso após sua conversão e muitos outros im-
portantes assuntos históricos. Em outras palavras, Lucas conta-nos uma história
cuja narrativa contém os traços principais da expansão da igreja de Jerusalém até
Roma via Samaria, Antioquia, Ásia e Europa; e nesta história, só Pedro e Paulo de-
sempenham papéis destacados.

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Propósitos do Livro
Propósito informativo: Lucas queria informar a Teófilo como o evangelho se pro-
pagou desde Jerusalém até Roma. Seu objetivo foi fornecer uma explicação mais
precisa da história inicial do cristianismo, começando desde o nascimento de João
Batista (início do Evangelho de Lucas) até o fim dos dois anos de prisão de Paulo
em Roma (fim de Atos).
Propósito apologético: O livro mostra como o evangelho se estendeu aos gentios.
O Antigo Testamento é a história da relação de Deus com o seu povo, a nação de
Israel, que desde o começo tinha a função de abençoar as outras n
ações. É no livro de Atos que o povo de Deus deixa de ser apenas uma questão na-
cional e passa a ter um sentido universal. Fica evidente no livro que o cristianismo,
apesar de ter raízes profundas no judaísmo, não é um ramo herético deste.
Propósito político: Lucas procurou mostrar às autoridades que o cristianismo não
deveria ser temido e perseguido como uma ameaça ao Estado Romano. Provavel-
mente Teófilo era um cidadão romano que exercia cargo administrativo, como su-
gere o título "excelentíssimo" (At 1.3). No livro, Lucas sempre apresenta os oficiais
romanos como ordinariamente favoráveis aos cristãos.
Propósito jurídico: Alguns estudiosos supõem que o objetivo de Lucas seria o de
usar o relato de Atos para ser lido como sumário de argumento para defesa no jul-
gamento do seu amigo, apóstolo Paulo.
Propósito pastoral: A igreja estava passando por vários conflitos tanto com os ju-
deus quanto com os romanos, cuja expressão extrema levaria à perseguição. Havia
também conflitos de cultura e de valores. O estilo de vida que os cristãos propu-
nham e seguiam não era o da sociedade como um todo. Por causa de tudo isso os
cristãos, que iniciaram sua missão cheios de ousadia, corriam agora o risco de se
sentirem extremamente desencorajados. Nessa situação, era necessário um guia
para orientá-los em seu comportamento e fé durante esses tempos difíceis. Em
meio ao conflito com Roma, com o judaísmo e com a própria civilização, o que de-
vemos fazer? Qual tem de ser nossa atitude? Por que ter coragem? Lucas responde
a essas perguntas mostrando que desde o princípio a igreja sofreu oposição. É por
isso que Lucas dedica tempo nos contando sobre os confrontos entre os primei-
ros discípulos e o Sinédrio, o martírio de Estêvão, as repetidas aparições de Paulo
diante das autoridades judaicas e romanas, o episódio no Areópago, em Atenas, e
a maneira como as pessoas cultas de sua época zombavam de Paulo, apesar de sua
erudição. Os cristãos da época de Lucas tinham experiências similares, e o livro de
Atos tem o propósito de fortalecê-los e guiá-los nesses conflitos.

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Momentos Marcantes no Livro de Atos


1. O derramamento do Espírito Santo em Pentecostes (At 2.1-41);
2. A vida da primeira comunidade cristã (At 2.42-47);
3. Pregação e morte de Estêvão, o primeiro mártir cristão (At 7.1-60);
4. A conversão de Paulo (At 9.1-22);
5. A visão de Pedro e a abertura do evangelho aos gentios (At 10.1-48);
6. O concílio em Jerusalém (At 15.1-20);
7. As viagens de Paulo e seus companheiros (At 13, 16, 19).
8. A Prisão de Paulo e sua ida a Roma (At 21).

Principais Temas de Atos

1. Estabelecimento da igreja | At 1 e 2

O livro de Atos começa no ponto em que o Evangelho de Lucas terminou, com o


Senhor ressuscitado e aparecendo aos seus discípulos no intervalo de 40 dias. Nes-
se tempo ele ordenou aos seus discípulos que esperassem em Jerusalém até que
recebessem poder celestial para depois agirem como suas testemunhas naquela
cidade, na Judeia, em Samaria e até aos confins da terra. Essa indicação geográfica
tríplice constitui-se uma espécie de índice de esboço de Atos, visto ser essa a or-
dem em que Lucas descreve a propagação do evangelho. No seu Evangelho Lucas
se propôs a relatar “tudo o que Jesus começou a fazer e ensinar”, e no livro de Atos
ele relata o que Jesus continuou a fazer e ensinar através do seu Espírito na vida dos
discípulos. Antes de subir aos céus, Jesus ordenou aos seus discípulos que perma-
necessem em Jerusalém até que viesse sobre eles o Espírito Santo para que fossem
capacitados com o poder do alto, para que se tornassem suas testemunhas. Com
a descida do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, ocorreu algo sobrenatural em
que os judeus de outras nacionalidades, que estavam presentes na festa, ouviram
os discípulos falando em seus próprios idiomas, o que chamou a atenção de uma
multidão de pessoas para o local onde estavam reunidos. Corajosamente, Pedro ini-
ciou um discurso explicando o motivo do acontecimento e quase três mil pessoas
se converteram a Cristo, formando assim a primeira comunidade cristã.

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2. Como vivia a primeira comunidade cristã | At 2.42-47

A primeira comunidade cristã em Jerusalém reunia-se diariamente. É dito que eles


perseveravam no ensino dos apóstolos, no partir do pão, na comunhão e na oração.
Perseverar no ensino dos apóstolos não quer dizer apenas que eles não desviaram
das doutrinas dos apóstolos ou que permaneceram ortodoxos. Quer dizer também
que eles perseveravam na prática de aprender com os apóstolos. Esse ensino apostó-
lico não estava limitado à instrução verbal, mas também como eles viviam. Quando
é dito que eles perseveravam na comunhão não se refere apenas a um sentimento
bom ou irmandade entre amigos. Ela também tinha o sentido de ‘corporação’, ‘em-
preendimento comum’ ou ‘companhia’, semelhante à forma como hoje podemos
dizer que somos sócios de uma corporação. Sem dúvida essa comunhão também
é solidariedade e compartilhamento de sentimentos, bens e atos. Adoravam jun-
tos no templo diariamente, reuniam-se nos lares para comer e partiam o pão com
grande alegria e generosidade, sempre louvando a Deus e desfrutando da simpatia
de todo o povo. Os milagres, que antes eram operados por Jesus em pessoa, conti-
nuaram a ser realizados por ele, agora mediante seus discípulos, através do poder
do Espírito. E, a cada dia, o Senhor lhes acrescentava aqueles que iam sendo salvos.

3. As primeiras perseguições e o início da expansão da


fé cristã | At 3-9

A cura de um homem coxo de nascença que pedia esmola na porta do Templo pro-
vocou a prisão de Pedro e João que foram levados perante o Sinédrio. Repreendi-
dos pelas autoridades judaicas para que não pregassem mais no nome de Jesus, os
dois apóstolos responderam que estavam praticando a vontade de Deus e não dos
homens. Novas prisões dos apóstolos ocorrem no livro de Atos, pois o crescimen-
to da igreja incomodava o sumo sacerdote e a seita dos saduceus. Porém, com o
parecer dado pelo rabino Gamaliel, o Sinédrio resolveu libertar Pedro e os demais,
depois de castigá-los com açoites. Com o crescimento do número de discípulos,
é instituído o cargo de diácono para ajudar nas atividades da igreja, entre os quais
estavam Estêvão e Filipe, que muito se destacaram em seus ministérios. Porém, Es-
tevão é preso, conduzido ao Sinédrio e condenado à morte por pregar a respeito de
Cristo. Após o apedrejamento de Estêvão, Saulo de Tarso empreendeu uma grande
perseguição à igreja em Jerusalém, o que dispersou vários discípulos pelas regiões
da Judéia e Samaria, chegando também o evangelho à Fenícia, Chipre e Antio-
quia. Algumas obras de Filipe, o evangelista, são narradas em Atos, entre as quais
a sua passagem por Samaria e a conversão de um eunuco etíope na rota comercial
de Gaza. Saulo de Tarso, ao tentar empreender novas perseguições, converte-se
quando viajava para Damasco e tem uma visão de Jesus, ficando cego por três dias,

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até ser curado quando se encontra com Ananias. Depois destes acontecimentos,
a igreja passa por um período de paz. Dois milagres de destaque narrados nesse
momento são a cura do paralítico Enéias, em Lida, e a ressurreição de Dorcas, na
cidade de Jope.

4. O evangelho chega aos gentios | At 10

Pedro, encontrando-se em Jope, recebe uma visão em que Deus lhe ordena ali-
mentar-se de vários animais considerados imundos ou impróprios para o consumo,
conforme a lei mosaica. Pedro entende, então, o seu real significado. A visão não
estava mudando a lei no que se refere a carne de animais imundos, mas que Deus
estava orientando-o a não fazer discriminação, pois o evangelho deveria ser prega-
do a todos independente da origem, judeus ou gentios. Entendendo isso, Pedro
aceitou o convite e pregou o evangelho na casa de um centurião romano de Cesa-
réia chamado Cornélio, o qual se converteu juntamente com todos os que ouviram
o discurso do apóstolo, sendo batizados no Espírito Santo. O relato da conversão
de Cornélio mostra como era forte a resistência dos judeus à recepção de gentios
na igreja (Atos 10). Esse problema foi tratado e resolvido satisfatoriamente no assim
chamado Concílio de Jerusalém, descrito em Atos 15. Bastava aos gentios crerem
no Senhor Jesus e ao mesmo tempo deviam evitar certas práticas com o objetivo
de terem comunhão com os seus irmãos judeus, que tinham escrúpulos quanto a
questões alimentares e outras. Essa decisão abriu as portas para que o cristianismo
deixasse de ser uma simples seita judaica e se tornasse um movimento mais abran-
gente, aberto a pessoas de todas as raças e culturas.

5. Atividades missionárias de Paulo | At 13 - 28

• 1ª Viagem: Na sua primeira viagem (45-48/49), Paulo, acompanhado de Barnabé


e João Marcos, embarcou em Antioquia da Síria com destino a Chipre. Em Pa-
fos (capital do Chipre) converteram o procônsul Sérgio Paulo, romano de estirpe.
Dali partiram para a Ásia Menor, onde chegaram a Perge. Depois de Marcos os ter
abandonado, seguiram para Antioquia da Pisídia, onde fizeram duas pregações: aos
judeus na sinagoga, conseguindo converter alguns, ainda que tivessem a oposição
de outros, e aos gentios. Em seguida, foram a Icônio, Listra e Derbe, onde as evan-
gelizaram. Em Listra Paulo e Barnabé foram confundidos com os deuses romanos,
Júpiter e Mercúrio, depois da cura de um coxo, sendo em seguida apedrejados
pelos judeus. Na viagem de regresso, Paulo e Barnabé passaram pelas mesmas ci-
dades para reforçar as comunidades recém-fundadas e terminaram a viagem em
Antioquia (Atos 14).

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• 2ª Viagem: Na segunda viagem (49-52), Paulo, acompanhado por Silas, voltou


à Ásia Menor, por terra atravessou a Síria e a Cilícia, passando por Derbe, Lis-
tra, onde se lhes juntou Timóteo, Icônio e Antioquia da Pisídia. Em seguida evan-
gelizou a Frígia e a Galácia do Norte, onde adoeceu. Recomposto, seguiu a sua
viagem para Trôade. Nesta altura teve uma visão e seguiu para a Macedónia, por
mar, acompanhado pelo seu médico, Lucas. Depois de ter evangelizado Filipos (na
Grécia), foram açoitados e presos por terem libertado de um espírito imundo uma
escrava que dava muito lucro aos seus senhores, com suas adivinhações. Após um
milagroso terremoto, os portões da prisão se abriram e os dois puderam escapar, o
que levou por sua vez à conversão do carcereiro. Eles seguem, então, para Tessalô-
nica e Beréia. Porém, os judeus obrigaram-no a sair de lá, ficando apenas Silas e Ti-
móteo. Paulo partiu para Atenas, onde pregou para os judeus na sinagoga e para os
gentios no Areópago, onde Dionísio, o Areopagita, se converteu. De Atenas partiu
para Corinto onde ficou cerca de um ano e meio e fundou um dos mais importantes
centros do cristianismo. Lá ele reencontrou Timóteo e Silas e conheceu Priscila e
Áquila, que se tornaram fiéis crentes e o ajudaram em suas viagens missionárias. A
dupla seguiu Paulo e seus companheiros até Éfeso e o grupo permaneceu ali para
iniciar um dos mais importantes centros da cristandade a partir do ano 50. Em 52,
partiu para Cesareia Marítima, passou por Jerusalém e finalmente chegou à Antio-
quia da Síria.

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• 3ª Viagem: Paulo iniciou sua terceira viagem missionária passando por toda a re-
gião da Galácia e da Frígia para reforçar a fé e ensinar aos fiéis, além de repreender
os que estavam em erro. Permaneceu cerca de 2 anos em Éfeso onde pregou nos
principais centros romanos da Ásia Menor, ajudado pelos seus discípulos. Paulo
teve de abandonar a sinagoga, já que os Judeus não deixaram de o perseguir, uma
vez que os seus milagres se multiplicavam. Depois de provocar um tumulto na
cidade por causa da fé cristã, o apóstolo seguiu para a Macedônia, passando nova-
mente por Corinto, onde permaneceu por três meses. Porém, como os judeus não
paravam de persegui-lo, Paulo teve de voltar à Macedónia e dali seguiu para a Trôa-
de, onde ressuscitou o jovem Êutico. De lá iniciou a viagem de regresso, por mar,
fazendo escala em diversos portos, como Mileto, Pátara e Tiro, até chegar a Ptole-
maida, de onde partiu por terra para Cesaréia, onde visitaram Filipe, o evangelista.
Dali chegou a Jerusalém, onde se encontrou com Tiago em sua casa, tendo sido
aconselhado a fazer uma cerimônia de purificação no Templo para calar aqueles que
o acusavam de ser um temível adversário da Lei Mosaica.

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• 4ª Viagem: A quarta viagem (58-63) não pode ser considerada como mais uma
viagem missionária, mas sim a viagem que Paulo realizou a Roma como prisioneiro.
Em Jerusalém, depois da amotinação no Templo contra Paulo, os romanos tiveram
de o prender, evitando deste modo que fosse linchado pela multidão, apresentan-
do-se, mais tarde, ao Sinédrio. Nessa mesma noite, Jesus apareceu-lhe e anunciou-
-lhe a ida a Roma, onde testificou a respeito de Cristo. Os romanos enviaram-no
para Cesaréia, onde se apresentou ao governador Félix. Após a defesa brilhante de
Paulo, o governador não o condenou, embora fosse mantido preso. Depois de dois
anos o governador foi substituído por Festo e o caso de Paulo foi reaberto. Ele foi
transferido para Roma após apelar a César, um direito que tinha por ser cidadão ro-
mano, ao perceber que não receberia julgamento justo de seu povo. Antes de partir
com Lucas e Aristarco falou com o neto de Herodes, Agripa II. Em virtude de uma
tempestade tiveram de desembarcar em Malta, onde permaneceram algum tempo.
De Malta partiram para Siracusa e região, chegando finalmente a Roma, onde Paulo
permaneceu dois anos e falou aos judeus. Foi nesta altura que escreveu as cartas aos
colossenses, aos efésios, a Filémon e aos filipenses. Após terminada esta missão,
Paulo foi julgado e libertado, sendo pouco depois martirizado.

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Atos do Espírito Santo


Apesar de Pedro e Paulo desempenharem papéis destacados nos primórdios do
cristianismo, o principal personagem do livro de Atos não são os apóstolos, mas o
Espírito Santo. Conforme observamos adiante, desde o início do livro, Lucas afir-
ma com muita clareza que pretende falar da maneira como Jesus continuou a operar
na igreja por meio do seu Espírito.

At 1.2 - “depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo...”.


At 1.5 - “sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias”.
At 1.8 - “recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo...”.
At 1.16 - “convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo proferiu...”.
At 2.4 - “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e falaram em outras línguas…”
At 2.4 - “segundo o Espírito lhes concedia que falassem”.
At 2.17 - “E acontecerá nos últimos dias derramarei do meu Espírito...”.
At 2.33 - “tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que ve-
des...”.
At 2.38 - “e recebereis o dom do Espírito Santo”.
At 4.8 - “Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse...”.

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At 4.25 - “que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi...”.
At 4.31 - “...todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam...”.
At 5.3 - “encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo...”.
At 5.32 - “o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem”.
At 6.3 - “homens cheios do Espírito, aos quais encarregaremos deste serviço”.
At 6.5 - “elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo...”.
At 7.51 - “vós sempre resistis ao Espírito Santo...”.
At 7.55 - “Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu...”.
At 8.15 - “oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo”.
At 8.17 - “Então, lhes impunham as mãos, e recebiam o Espírito Santo”.
At 8.29 - “Então, disse o Espírito a Filipe: Aproxima-te desse carro...”.
At 8.39 - “o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe...”.
At 9.17 - “para que recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo”.
At 9.31 - “A igreja, no conforto do Espírito Santo, crescia em número”.
At 10.19 - “Enquanto meditava Pedro acerca da visão, disse-lhe o Espírito...”.
At 10.38 - “como Deus ungiu a Jesus com o Espírito Santo e com poder...”.
At 10.44 - “caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra...”.
At 10.45 - “sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo”.
At 11.16 - “vós sereis batizados com o Espírito Santo”.
At 11.24 - “Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé…”.
At 11.28 - “dava a entender, pelo Espírito, que estava para vir grande fome...”.
At 13.2 - “...disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra ...”.
At 13.4 - “Enviados, pois, pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia...”.
At 13.9 - “Paulo, cheio do Espírito Santo, fixando nele os olhos, disse...”.
At 13.52 - “Os discípulos, porém, transbordavam de alegria e do Espírito Santo”.
At 15.8 - “lhes deu testemunho, concedendo o Espírito Santo a eles...”.
At 15.28 - “pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo...”.
At 16.6 - “tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia...”.
At 19.2 - “Recebestes o Espírito Santo quando crestes?...”.

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At 19.6 - “veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas como profetiza-
vam”.
At 20.23 - “o Espírito Santo me assegura que me esperam cadeias e tribulações”.
At 20.28 - “o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos...”.
At 21.4 - “eles, movidos pelo Espírito, recomendavam a Paulo que não fosse a Jerusa-
lém”.
At 21.11 - “Isto diz o Espírito Santo...”.
At 28.25 - “Bem falou o Espírito Santo a vossos pais, por intermédio do profeta Isaías...”.

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