12 Livro Apostila Urbanização - EsPCEx
12 Livro Apostila Urbanização - EsPCEx
12 Livro Apostila Urbanização - EsPCEx
cidades são maiores que tais taxas no campo. Certamente o êxodo rural é o
grande responsável pela formação e consolidação do espaço urbano na era
industrial. Em outras palavras, as cidades no mundo contemporâneo se
formaram à medida em que houve saída populacional do campo para as cidades
fabris que nasceram a partir do século XVIII na Inglaterra. No caso, é a
Revolução Industrial o grande fator de desenvolvimento dos espaços urbanos
modernos por causa da atração demográfica ao seio das cidades que
concentrarão trabalho e renda.
Figura 3. Conurbação entre São Paulo e Guarulhos. Neste fenômeno duas cidades se integram e se
transformam num mesmo espaço urbano, tal fenômeno é fundamental para formação das metrópoles.
Foto: Éder Diego.
Figura 4. Urbanização. Mais pessoas nas cidades que no campo segundo dados da ONU. Os dados a
partir de 2010 são estimados.
O que se depreende dos dados da tabela acima é que a maioria das regiões em
2015 apresentavam taxas de urbanização superior aos 50%, exceto o Sul da
Ásia (33,8%) e a África Subsaariana (43,9%).
Ásia e África: são os dois continentes menos urbanizados, exceto na porção
norte africana, a exemplo do Egito, da Líbia e da Tunísia, cujas sociedades de
comércio com a Europa elevaram o êxodo rural. Na Ásia a exceção ocorre nos
países de industrialização recente, a exemplo de Taiwan, Hong Kong e Coréia
do Sul, e em economias petrolíferas do Oriente Médio.
É graças a essas regiões, África e Ásia, que a taxa de urbanização mundial não
ultrapassou a marca dos 50% antes de 2007. A propósito a Ásia Meridional,
assim conhecida, é grande formigueiro humano com países muito populosos, a
exemplo da Índia, Paquistão e Bangladesh. Já o Sudeste Asiático, com
demografia ligeiramente superior aos 50% nos espaços urbanos, também
apresenta países muito populosos, a exemplo da Indonésia.
Europa Ocidental e América do Norte: os países mais ricos tendem a ter, como
se pode constatar com os países da Organização para Cooperação Econômica
e Desenvolvimento (OCDE), elevadas taxas de urbanização já nos anos 1970.
Como podemos constatar na tabela acima, em 1975 a taxa de urbanização
nesses países já era de 69,3%. Estes países são desenvolvidos e apresentaram
urbanização mais lenta. A urbanização dos países ricos da OCDE em 2004 e em
2015 apresentava taxas de urbanização na casa dos 76,8% e 79,4%,
respectivamente. Itália, Áustria e Alemanha, apresentam ao menos 75% de
populações urbanas, mas dispõem de grandes vilarejos com menos de 5 mil
habitantes. Tais vilas são habitats rurais agrupados e nos propõe uma reflexão
quanto à qualidade de sua natureza rural, pois apesar do aspecto paisagístico e
de dados estatísticos a configurarem como zonas rurais, a vida econômica e
cultural da população local se dá em torno de atividades urbanas.
Figura 7. Malha urbana da região metropolitana do Rio de Janeiro. Fonte: Satélite LANDSAT
Figura 9. Cidades Globais. Só duas são consideradas alfa ++, Nova Iorque e Londres.
Observemos o mapa global cities
Beta +: Índia, Lisboa, Copenhague, Santiago, Dallas, Filadélfia, Atenas, Berlim, Bogotá, Cairo, Düsseldorf,
Hamburgo, Houston, Manila, Montreal, Roma, Tel Aviv e Vancouver.
Beta: Auckland, Beirute, Bucareste, Budapeste, Cidade do Cabo, Caracas, Chennai, Cantão (China),
Cidade de Ho Chi Minh, Carachi, Kiev, Lima, Luxemburgo, Manchester, Mineápolis, Montevidéu, Oslo,
Riade e Seattle.
Beta –: Abu Dhabi, Birmingham, Bratislava, Brisbane, Calcutá, Calgary, Casablanca, Cleveland, Colônia,
Denver, Detroit, Genebra, Cidade da Guatemala, Helsinque, Lagos, Manama, Monterrey, Nicósia, Osaka,
Cidade do Panamá, Perth, Port Louis, Rio de Janeiro, San Diego, San Juan (Porto Rico), Shenzhen, Sófia,
St. Louis e Stuttgart.
Gama +: Adelaide, Amã, Antuérpia, Baltimore, Belgrado, Bristol, Charlotte, Cincinnati, Doha, Edimburgo,
Glasgow, Hanoi, Hyderabad, Jidá, Cidade do Kuwait, Lahore, Nairóbi, Portland, Riga, San José (Costa
Rica), San Jose (EUA), Tunis e Zagreb.
Gama: Almaty, Columbus, Edmonton, Guadalajara, Indianápolis, Kansas City, Leeds, Lyon, Phoenix,
Pittsburgh, Quito, Roterdã, San Salvador, Santo Domingo e São Petersburgo.
Gama –: Acra, Austin, Belfast, Colombo, Curitiba, Durban, George Town, Gotemburgo, Guayaquil,
Islamabad, Ljubljana, Marselha, Milwaukee, Mascate, Nagoya, Orlando, Ottawa, Porto, Porto Alegre,
Pune, Richmond, Southampton, Tallinn, Tegucigalpa, Turim e Wellington (Nova Zelândia).
O Brasil tem 4 cidades globais (São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto
Alegre). A mais importante delas, categoria alfa, é São Paulo. São Paulo é uma
das poucas cidades do hemisfério sul considerada global na categoria alfa. A
cidade global é um critério qualitativo, diferentemente das megacidades. As
cidades globais têm importante inserção na economia mundial e funcionam
como nós econômicos na rede da economia globalizada, conforme supracitado.
Figura 11. Os cinco condados de NY. Mapa com os aeroportos da Região Metropolitana de NY.
Metrópoles, fruto da conturbação.
As metrópoles, conforme vimos acima, constituem grandes aglomerações
urbanas resultantes da conturbação. No caso, poderíamos dizer que as
metrópoles são a junção de duas ou mais cidades. O processo de expansão
horizontal do espaço urbano tenderá a formar metrópoles à medida que houver
integração física ou funcional de cidades diferentes. A malha urbana se espraia
no solo das cidades e, junto a cidades vizinhas, vão se transformando numa só.
Há integração no sistema de transportes (rodovias e ferrovias metropolitanas),
nos serviços através de ônibus intermunicipais ou de trens interurbanos.
Além disso, há o Vale do rio Ruhr, que cruza a Alemanha e os países baixos, o
qual inclui regiões de metrópoles nacionais alemãs como Colônia, Dusseldorf e
Frankfurt, além de Bruxelas e Amsterdã, que são metrópoles nacionais da
Bélgica e Holanda, respectivamente.
Figura 16. Espaço interno da Mesquita Sagrada (Al-Haram) na Arábia Saudita. Fonte: PIXABAY.
O Santuário de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, fica às margens do Rio São
Francisco e é local de culto e peregrinação desde o século XVII. O Santuário foi
construído no interior da gruta local. Estima-se que a cidade receba 2 milhões
de fiéis por ano. Esse número é bastante significativo se considerarmos que o
município de Bom Jesus da Lapa dista 796 quilômetros de Salvador. Alguns
chamam essa cidade de Meca brasileira.
Figura 17. Ouro Preto, Minas Gerais. Igreja S. Francisco de Assis, atribuída a Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho. No interior dessa Igreja, no teto da nave central, há a pintura do famigerado Mestre Ataíde,
alguns a chamam de Capela da Cistina do Brasil. Foto: Éder Diego.
A antiga Vila Rica, ex-capital de Minas Gerais, está encrustada em terrenos do
pré-cambriano e sua natureza rochosa possibilitou uma das maiores jazidas
auríferas do mundo moderno. A cidade foi palco de eventos marcantes de nossa
história, a exemplo da Inconfidência Mineira e da execução de Tiradentes. Os
grandes nomes de nossa literatura, Cláudio Manuel da Costa e Thomaz Antônio
Gonzaga, além de inconfidentes, figuram entre nossos maiores poetas.
Não por acaso, a cidade possui muitos títulos dada sua importância histórica. É
considerada Patrimônio Mundial pela UNESCO desde 1980, Patrimônio
Estadual de Minas Gerais desde 1933 e Monumento Nacional desde 1938.
Ottawa no Canadá. No Brasil, Brasília. A sede dos poderes instituídos nos países
se localiza em cidades cuja função é político-administrativo.
Nos Estados Unidos tais cidades são conhecidas como subúrbios, no Brasil são
as periferias das grandes cidades.
Cidades Multifuncionais: as cidades multifuncionais são grandes e têm
significativa diversidade econômica. Sua riqueza não se concentra em uma
atividade econômica apenas, mas em diversos ramos econômicos. Exercem
mais que uma função urbana. Abrigam centros-financeiro, industrial, turístico,
portuário etc.
Figura 18. Modelos de Hierarquia Urbana. Clássico & Atual. Observa-se que o
esquema atual evidencia uma espécie de rede urbana (nós econômicos), não
mais uma hierarquia rígida.
Rede Urbana: refere-se à malha urbana e suas relações entre si através de fluxo
de pessoas, capital, bens e serviços, informações etc.
Urbanização no Brasil
Sul: a urbanização na região Sul avançou de maneira mais modesta até meados
da década de 1970. A região Sul do país é marcadamente, ao longo da imigração
européia, agrícola, policultora e em pequenas propriedades.
A partir dos anos 1970 a expansão agropecuária (agroindústria com alto padrão
tecnológico) em direção ao Cerrado nacional, atraiu grandes fluxos demográficos
que não se fixaram no campo, mas em espaços urbanos por conta da crescente
atividade do setor de comércios e serviços.
As Metrópoles no Brasil
A criação de regiões metropolitanas no Brasil se deu através de força de lei,
apesar do conceito da geografia urbana. Ou seja, a conurbação de espaços
urbanizados resulta em grandes aglomerados urbanos que recebem o nome de
metrópole conforme sabemos. Entretanto, no Brasil, o Estado nacional, através
do governo federal, criou as primeiras nove regiões metropolitanas do país em
1973.
São Paulo e Rio de Janeiro são importantes metrópoles globais, segundo essa
classificação do IBGE. Vele salientar que ambas as metrópoles globais do Brasil
são megacidades, pois possuem populações que excedem os 10 milhões de
habitantes. Ademais, São Paulo é metrópole global categoria alfa e Rio de
Janeiro é metrópole global categoria beta.
Demografia
Quanto à demografia há uma diferença considerável entre as metrópoles de São
Paulo em relação à metrópole do Rio de Janeiro. A população da metrópole
paulista é de 22 milhões de habitantes contra 12 milhões de habitantes na
metrópole do Rio de Janeiro.
Segundo o estudo sobre a rede urbana:
‘’São Paulo, Grande Metrópole Nacional, tem projeção em todo o País, e sua rede abrange o Estado
de São Paulo, parte do Triângulo Mineiro e do sul de Minas, estendendo-se para Mato Grosso do
Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre. Concentra, nos municípios que a compõem, cerca de 28,0% da
população brasileira e 40,5% do Produto Interno Bruto PIB de 2005. A alta concentração/primazia se
reflete no PIB per capita, que é de R$ 21,6 mil para São Paulo, e R$ 14,2 mil para os demais
municípios do conjunto.’’ Fonte: IBGE.
Figura 23. Mar de prédios em São Paulo a partir do Mirante do Edifício COPAN. Ao fundo a serra da
Cantareira. Metrópole Global e Megacidade. Foto: Éder Diego.
Nas últimas décadas, a cidade do Rio de Janeiro sofreu uma série de reveses
econômicos, seja por causa de sua perda de posição como Capital do Brasil,
seja pela privatização de algumas empresas estatais que têm sede na cidade.
Observe o mapa:
Figura 24. Hierarquia urbana do Brasil, 2007. IBGE.
Nota: ‘’a Cidade-Capital é sede do poder político dos Estados, nela situa-se o conjunto
de instituições governamentais – administrativos, legislativos e judiciários – que
materializa o poder estatal. Essas instituições regulam a vida política da sociedade em
determinado território.’’ Demétrio Magnoli, 2005.
As demais cidades do Brasil, Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Belo Horizonte
(MG), Salvador (BA), Recife (PE), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Belém (PA) e
Manaus (AM), figuram como metrópoles. O fato marcante do último REGIC, do
IBGE, é a reconfiguração de nossa hierarquia urbana com três novas
metrópoles. No caso, Campinas (SP), Florianópolis (SC) e Vitória (ES),
passaram a ser compreendidas como metrópoles pelo IBGE.
Figura 25. Megalópole brasileira no eixo Rio-São Paulo através de imagem de satélite. Fonte: NASA Earth Observatory
- Earth Observatory, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=31207146