Trunfo Valioso - Lauren Layne
Trunfo Valioso - Lauren Layne
Trunfo Valioso - Lauren Layne
L239t
Layne, Lauren
Trunfo valioso [recurso eletrônico] / Lauren Layne ; tradução Sarah
Bento Pereira. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Allbook, 2022.
22-78967
CDD: 813
CDU: 82-3(73)
— Dave, eu faria qualquer coisa por você, mas não vou comprar o
Phillies.
— Mas eles estão à venda! — meu pai de criação berra ao
telefone. — E você tem dinheiro.
— Não tenho tanto dinheiro — retruco, girando na minha cadeira
e sacudindo minha caneta em meus dedos.
— Eles estão muito ruins este ano. Você provavelmente poderia
conseguir um acordo.
Sorrio com a esperança em sua voz. O cara realmente acha que
estou em condições de comprar seu time de beisebol favorito.
Mesmo que eu pudesse comprar um maldito time da Principal
Liga de Beisebol (o que não posso), ele sabe muito bem que sou um
cara do Mets agora. É um ponto de discussão bem-humorada entre
nós – ele está chateado por eu não ter permanecido leal ao meu
“time da casa”.
Meu posicionamento? Quanto menos laços entre minha vida na
Filadélfia e eu, melhor; Dave, algumas instituições de caridade e
Sabrina são as únicas exceções.
— Bem, pense nisso — Dave resmunga. — Como vai o caso?
Se eles te mandarem para a cadeia, você me avisa. Tenho alguns
caras que podem cuidar de você.
— Obrigado, mas não acredito que vai chegar a isso.
Espero.
— Você aceitou minha sugestão de seduzir a senhora agente?
Sorrio. Senhora agente. Eu me pergunto como Lara se sentiria
sobre o apelido.
— Tentei. Não deu certo. Porém, estou tentando limpar meu
nome à moda antiga — respondo.
— Contratando alguém para se livrar da testemunha?
Afasto o celular do ouvido e encaro o aparelho por um segundo.
— Eu não estou na máfia, Dave. Que tipos de filmes você tem
assistido?
— Bem, o que você quis dizer?
— Eu quis dizer que estou tentando descobrir quem está me
incriminando.
Ouço uma batida na porta do meu escritório aberta, me viro, e
paro surpreso quando vejo Lara parada ali.
— Ei, Dave, eu tenho que ir.
— Claro, claro. Mas pense nos Phillies, tá?
— Sim, farei isso — minto, porque sei que nunca vou conseguir
fazer com que ele desligue o telefone de outra forma.
Eu me levanto e guardo o celular de volta no bolso.
— Srta. McKenzie, o que posso–
— Você mentiu para mim — ela interrompe, os olhos em chamas
enquanto entra no meu escritório, batendo a porta.
Pisco, assustado com sua fúria. Pensei que estávamos em uma
posição melhor depois do nosso jantar improvisado na semana
passada, mas parece que estamos de volta onde começamos.
Não, estamos piores do que quando começamos, percebo
quando olho para a mulher furiosa na minha frente. Ela pode ter me
desprezado antes, mas seja o que for que ela esteja sentindo por
mim agora, vai muito além disso.
Bem, isso é bom demais para mim, porque também estou um
pouco irritado. Estou cansado dessa mulher agindo como se eu
fosse uma merda no sapato dela.
— Eu nunca menti para você — afirmo, cruzando os braços
enquanto ela para do outro lado da minha mesa e coloca um laptop
na minha frente.
— É mesmo? — ela retruca sarcasticamente, apontando para a
tela.
Apoio as duas mãos na minha mesa, me inclinando para ver o
que a deixou irritada.
Eu me reconheço na foto tirada em uma festa genérica que não
lembro, pegando uma mulher… bem, honestamente, também não
me lembro dela.
Olho de volta para Lara.
— Você está chateada que fui a uma festa… — relanço de volta
para a tela para verificar a data. — Quase um ano atrás?
— Eu não dou a mínima para a festa — ela declara, apontando
para o computador. — Eu me importo com o fato de você estar
beijando Veronica Sperry.
— Quem?
Seus olhos se estreitam.
— Fazer-se de idiota não combina com você.
— Bem, agir como idiota não combina com você — revido,
contornando minha mesa para ficar cara a cara com ela. — Eu não
tenho ideia de quem diabos é Veronica Sperry e por que você se
importa com isso.
— Veronica Sperry — ela explica em uma voz pouco contida —,
é uma ex-funcionária da J-Conn. Você me disse que não conhecia
ninguém de lá.
— Eu não a conheço! — grito, aproximando-me de seu rosto. —
Lamento não me lembrar na hora do rosto de todas as mulheres que
beijei em uma festa, provavelmente depois de alguns drinques —
gesticulo de volta para o computador. — E pelo que parece, ela
estava me beijando.
— Sim, você parece realmente vitimizado ali, Sr. Bradley.
— Aí está — declaro, levantando um dedo para apontar em seu
rosto. — Você não está chateada porque essa mulher é da J-Conn.
Você está chateada porque eu estou com as minhas mãos nela.
Sua boca se escancara.
— Com certeza não voltamos a isso. Você sabe que esse
machismo de achar que os homens são um presente de Deus para
as mulheres está ficando muito velho.
Eu me aproximo, então ela tem que inclinar a cabeça para trás
para encontrar meus olhos.
— Diga que você não está nem um pouco com ciúmes —
provoco. — Que você não se perguntou como seria estar no lugar
dela.
— Você está delirando.
— E você está caçando — retruco. — Eu mal me lembro da
festa. Mal me lembro da mulher!
— Uau. Ouvi dizer que você coleciona mulheres como troféus.
Não sabia que você não se incomodava em se lembrar delas.
Antes que eu possa pensar melhor, estendo a mão e a puxo para
perto.
— Eu nunca menti para você — repito. — Agora é a sua vez de
me dizer a verdade. Por que você está realmente irritada agora?
Porque acha de verdade que essa mulher me deu informações
privilegiadas sobre a J-Conn? Depois de fodidas semanas farejando
sem conseguir sua preciosa evidência, achei que ficaria empolgada.
Mas você não está, e sabe por quê? É porque esta foto é a prova de
que, enquanto alguns de nós estão curtindo nossas vidas, você está
muito ocupada colorindo dentro das linhas, julgando os outros e
vivendo uma concha solitária de vida.
Sua boca se escancara e eu me preparo para uma resposta mal-
humorada, mas em vez disso, ela pisca rapidamente, quase como
se estivesse tentando manter as lágrimas sob controle.
Eu poderia me desculpar – e deveria. Mas ainda estou muito
chateado, ainda muito frustrado com essa mulher e sua
determinação para me importunar. E para quê? Para um caso da
SEC que nós dois sabemos que é besteira?
Ela se afasta de mim e fecha seu laptop com calma, puxando-o
contra o peito.
— Acho que terminamos aqui.
— Até parece.
Estendo a mão outra vez, mas ela puxa de volta.
— Não — ela pede baixinho. — Por favor, não.
Eu a deixo ir, observando enquanto ela sai do meu escritório de
forma tranquila. Quero que ela bata a porta. Inferno, eu
provavelmente mereço. Mas ela apenas a fecha com um clique
silencioso ao sair.
Fico parado por um longo tempo depois que ela sai, respirando
fundo em um esforço para recuperar meu autocontrole.
Eu a acusei de estar com ciúmes, de querer minhas mãos nela,
mas a verdade é que sou eu quem a deseja. Eu que não quero nada
além de tirar aquele blazer esquisito, levantar aquela saia elegante e
ver se ela está tão molhada quanto eu estou duro por causa da
nossa briga.
Xingo e pego meu celular no bolso, mandando uma mensagem
para Matt e Kennedy para sairmos à noite.
Eu preciso ficar bêbado.
E preciso transar.
Lara
Quando me vesti esta manhã, confesso que achei que estava muito
bem. A gola rolê azul sem mangas combina com meus olhos, a saia
lápis cinza faz um trabalho decente em disfarçar a comilança por
estresse das últimas semanas. Os scarpins nude são clássicos e
sexy.
Ou foi o que eu havia pensado.
Entrando no apartamento de Ian, me sinto totalmente desleixada.
Quem são essas pessoas que ficam melhores às seis da tarde
de uma quinta-feira do que eu depois de me arrumar para um
casamento black-tie?
Os homens em ternos caros, eu consigo entender. Estou
acostumada com isso. São as mulheres que me desestabilizam um
pouco. As sandálias de salto alto com tiras, os vestidos de coquetel
curtos, a maquiagem impecável.
É um bom lembrete de que este é o mundo de Ian Bradley –
glamoroso, caro e de elite. Um mundo ao qual não pertenço e nunca
pertencerei.
Isso nunca me incomodou antes. Não tenho certeza se me
incomoda agora. Gosto de quem sou. Gosto de ter mais terninhos
do que vestidos de festa e de trabalhar duro em uma profissão em
que acredito.
Estou bem não me encaixando aqui. O que me incomoda é o que
isso significa para Ian e eu.
— Lara, oi. Eu não tinha certeza se você realmente viria — Kate
cumprimenta enquanto peço uma bebida no bar improvisado.
— Eu também não tinha certeza. Quase amarelei — admito,
virando para encará-la.
Examino a sala depressa, mas está lotada de parede a parede, e
não vejo Ian.
— Ele está aqui?
Ela dá um leve sorriso.
— É o apartamento dele. Eu esperaria que sim.
— Tudo bem, vou reformular. Ele sabe que eu estou aqui?
Ela desvia o olhar e não responde, e é a primeira vez que vi Kate
ser nada menos do que direta.
Meu coração afunda.
— Talvez não tenha sido uma boa ideia.
— Não. Você fica — ela diz com determinação.
— Não há tantos lugares onde ele pode se esconder.
— Você acha que alguém vai saber quem eu sou?
— Provavelmente — ela responde. — Ou eles pelo menos
saberão o que você é. Todas as mulheres estão usando saltos
Prada e você parece uma funcionária do governo.
— Hum, ai — murmuro, mesmo sabendo que ela está certa.
— Apenas lembre-se por que você está aqui — então ela me
lança um olhar curioso. — Por que você está aqui? Você nunca
disse por que queria vir.
Eu lhe dou um olhar firme.
— Não, eu não disse.
— Uma dica?
— Kate — falo suavemente. — Se eu quisesse enviar uma
mensagem, já o teria feito.
Ela suspira.
— Tudo bem. Não se pode culpar uma garota por tentar. Ok,
então entenda. Ele está um pouco chateado comigo por lhe contar
sobre a festa, e está um pouco chateado com você por… bem, não
sei o quê. Precisamos descobrir uma maneira de deixar vocês dois
sozinhos.
Ela morde o lábio.
— Só não tenho certeza de como. Ele não está tão fácil de lidar
como era antes.
— Antes do quê? — pergunto, tomando um grande gole do meu
vinho.
Kate dá um tapinha no meu braço.
— Antes de você.
Minha cabeça se ergue depressa enquanto a encaro, meu
coração batendo forte.
— Antes de mim. O que isso significa?
Kate apenas sorri de maneira enigmática e examina a sala, então
aponta para as portas de vidro deslizantes do outro lado da sala de
estar que levam a uma varanda.
— Vá esperar lá fora, só até eu ter certeza de que ele não vai
causar uma cena.
Eu rio.
— Estou sendo enviada para fora? Como um cachorro que
destruiu um travesseiro?
— Sim, mas antes vou pegar outra bebida pra você — ela avisa,
puxando minha taça de vinho da minha mão e segurando-a para o
barman.
Então ela a empurra de volta para mim e aponta.
— Dez minutos. No máximo.
Faço o que ela manda, principalmente porque a ideia de ficar de
pé na varanda soa muito preferível a bater papo aqui. Ninguém está
prestando atenção em mim – ainda. Mas tudo isso vai mudar no
segundo da pergunta “então, o que você faz?” e a fofoca de que o
inimigo está entre eles se espalhará como fogo.
— Arancini de trufas?
Uma mulher magra em um uniforme de garçonete preto e branco
oferece uma bandeja na frente do meu rosto.
— Não, obrigada — nego com um sorriso.
Ela gira e apresenta a bandeja que está na outra mão.
— Torrada de lagosta?
Caramba. Então é assim que o outro lado se diverte.
— Não, obrigada. Estou bem.
Ela segue em frente com seus lanches extravagantes e eu saio
para a varanda. Estava ensolarado quando caminhei até aqui, mas
começou a nublar graças a uma tempestade de verão que se
aproxima, então eu tenho toda a área para mim. Não que seja
particularmente grande. Não é uma varanda gourmet. Mas é
agradável.
A quem estou enganando, é mais do que agradável. O cara mora
no 56º andar de um arranha-céu chique com vista para a Freedom
Tower.
Tomo um gole do meu vinho e tento apreciar a vista sem pensar
no quanto dói que Ian não tenha vindo nem para dizer olá. Apenas
algumas noites atrás ele estava me beijando. Agora ele nem olha
para mim, não atende minhas ligações nem concorda com uma
reunião.
Mesmo assim, eu entendo. Ele precisava de algo que eu não
podia dar. Não naquele momento, não até que eu tivesse visto o
caso por completo.
Mas agora posso. É por isso que estou aqui.
— Posso me juntar a você?
Eu me viro e confiro duas vezes quando reconheço a mulher
saindo para a varanda. Ela é aquela com quem vi Ian no almoço
algumas semanas atrás, e é ainda mais linda de perto. Ela tem
cabelo preto comprido e grosso que cai quase até a cintura, olhos
azuis penetrantes, um rosto anguloso, mas marcante, e se eu vou
ser perfeitamente honesta… peitos bastante espetaculares.
— Claro — concordo, resistindo à vontade de puxar meu cabelo
do meu rabo de cavalo para me sentir um pouco menos juvenil.
Ela dá um sorriso frio e estende a mão.
— Sabrina Cross.
— Lara McKenzie.
Seu sorriso esfria ainda mais.
— Eu sei.
Tomo um gole de vinho, me perguntando o que diabos isso
significa. O que ela sabe? Ian lhe contou sobre o beijo?
— Então, você também sabe… — digo casualmente, jogando
verde.
— Que você é a investigadora da SEC investigando Ian? Sim.
Ela inclina a cabeça e me analisa.
— Mas você não é o que eu esperava.
— Você já havia me visto. No restaurante, no almoço naquele
dia.
— Verdade — ela admite, tomando um gole de champanhe. —
Mas naquele momento eu estava mais interessada na reação de Ian
ao ver você, do que em você.
Há uma isca ali, mas não a mordo, por mais que eu queira.
— Sempre imagino os funcionários da SEC em ternos marrons e
tamancos.
— Bem, todos os meus ternos quadrados estavam sujos e os
tamancos machucam meus joanetes.
Ela ri, e é tão baixo e sensual quanto eu imaginei quando a vi rir
no restaurante com Ian.
— Já entendi porque ele gosta de você.
— Sim, os homens adoram minha combinação de franca e
desajeitada.
— Os homens gostam da combinação de espirituosa e
inteligente — ela corrige.
Assumindo que havia um elogio aí, eu agradeço.
— De nada — ela toma um gole de sua bebida e me observa por
um momento. — Por que você está aqui?
Levanto minhas sobrancelhas para a pergunta direta, mas ela
apenas dá de ombros.
— Sou muito protetora de Ian.
— Ian me contou que vocês dois são próximos.
— Ele contou? — Sabrina indaga pensativa. — Interessante. Ele
não costuma discutir nossa amizade. Com qualquer um. Mas sim,
somos próximos. O mais próximo possível de irmãos sem
compartilhar os pais.
Irmãos. Não posso negar que sua escolha de palavras me dá
uma pontada intensa de alívio que o relacionamento é tão platônico
quanto ele afirmou.
— Você também é próxima de Matt e Kennedy? — pergunto,
curiosa e determinada a não parecer muito interessada
especificamente em Ian.
— Claro. Kennedy é um cara legal. Um pouco certinho, mas tão
leal quanto possível. Já o Matt… — ela praticamente zomba do
nome dele. — Nós temos… história.
— Ele é um ex?
— Eh. Mais como… — ela agita seu champanhe, procurando a
palavra. — Uma aventura passada. Acabou mal, e desejo
sofrimento regular a ele, e ele a mim.
— Isso soa maravilhosamente adulto — comento, sorrindo para
suavizar o sarcasmo.
Ela ri.
— Isso nos mantém entretidos.
— E quanto a Ian?
Sabrina pisca.
— O que tem ele?
— Ele se incomoda por ter dois de seus melhores amigos
brigando o tempo todo?
— Provavelmente. Ele não esconde o fato de que o irritamos.
Então ela franze a testa.
— Embora, acho que nunca havia pensado se isso realmente o
incomodava.
Sabrina inclina a cabeça e me estuda antes de continuar.
— Eu nunca pensei sobre isso, mas parece que você sim. Você
se importa com ele.
Tomo um gole de vinho e fico em silêncio.
Ela não.
— Ian e eu nunca dormimos juntos.
Evito de engasgar com meu vinho. Por muito pouco.
— Eu não perguntei.
Seu sorriso é astuto.
— Mas você se perguntou.
Com certeza.
— Vocês dois cresceram juntos? — questiono, decidindo virar a
mesa.
A amiga mais antiga de Ian claramente me tem sob um
microscópio agora, querendo saber quem ou o que sou para Ian.
Mas a troca de informações pode ocorrer nos dois sentidos. E estou
mais do que curiosa sobre a história de Sabrina e Ian.
— Crescemos. Nós cuidamos um do outro.
Ela se vira para observar o sol se pondo lentamente.
— Nenhum de nós teve um bom início, mas nós tivemos um ao
outro.
Quero saber mais, mas não cabe a mim perguntar, então tomo
outro gole do meu vinho.
Ela se vira para mim depois de um momento de silêncio.
— Ele tem um bom relacionamento com seu pai de criação – o
último, o decente. Mas acho que ainda dói que Dave nunca o tenha
adotado.
Lanço-lhe um olhar cauteloso.
— Não acho que ele gostaria muito que você compartilhasse isso
comigo.
— Ah, ele com certeza não gostaria disso — ela concorda com
uma risada rápida. — Mas isso é muito ruim. Para vocês dois.
— O que isso tem a ver comigo?
— Ian gosta de você — ela explica, virando-se para me encarar.
— Ele gosta de você de um jeito que não vejo há… Na verdade, não
sei se já o vi agir assim.
— Como, me ignorando completamente? — indago, apontando
de volta para a festa.
— O que você esperava? — ela pergunta. — Você o machucou.
Meu coração se aperta um pouco.
— Como posso tê-lo machucado? Eu nem o conheço.
— Acho que conhece — ela retruca baixinho.
Antes que eu possa responder, a porta da varanda se abre e
Kennedy Dawson e Matt Cannon saem para se juntar a nós.
Sabrina suspira.
— Vocês se importam, meninos? Isso é conversa de meninas.
Matt deixa um braço cair sobre o ombro dela e acaricia sua
orelha.
— Você está contando a ela sobre como ainda está tentando me
esquecer?
— Bem — Sabrina diz, usando as unhas para tirar a mão do seu
ombro como se fosse um pedaço de lixo — eu com certeza me
lembro de ter te superado. Nunca estive com alguém tão contente
em ficar deitado de costas.
Kennedy se inclina um pouco até mim.
— Não se preocupe, um dia você se acostuma com eles.
Sorrio, um pouco perturbada por estar rodeada pelo círculo
íntimo de Ian. Conversei com Matt e Kennedy ao longo da
investigação, mas sempre foi formal ao ponto de ser frio. Não que
eles estejam me dando carinho agora. Na verdade, todos os três
estão me observando. Não é gritante, mas tenho a nítida sensação
de que eles estão tentando descobrir o que diabos estou fazendo
aqui.
Não os culpo. Este não é o meu ambiente – de jeito nenhum.
Não só isso; sempre fiz questão de separar minha vida profissional
da pessoal, separar o trabalho do depois do expediente. Antes deste
caso, eu nunca tinha confundido esses limites. Mas como tudo que
tem a ver com Ian Bradley, estou quebrando minhas próprias regras.
Todas elas.
Espero que valha a pena.
Deixo meu olhar varrer a varanda, fazendo contato visual com os
três para que eles saibam que, embora eu não seja o inimigo,
também não sou fraca.
— Estou aqui para conversar com o Ian.
— Na festa dele — Matt fala incerto.
— Sim, bem, se o seu amigo não tivesse decidido jogar o jogo de
evitar a SEC por três dias seguidos, talvez eu não tivesse que
invadir a festa dele.
— É importante? — ele questiona.
Faço que sim com a cabeça.
— É.
— Você acha que ele é inocente.
Isso vem de Kennedy, e não é uma pergunta. Isso me dá uma
boa indicação do por que ele é tão bom no que faz. Ian age com
inteligência e teimosia, Matt com sorrisos e bajulação, mas Kennedy
consegue o que quer com comando silencioso e competência.
— Ah, pelo amor de Deus, deixem ela conversar com o nosso
amigo — Sabrina ordena, acenando para os dois homens.
— Você diz isso como se não fosse o principal cão de guarda
dele na maioria das vezes — Matt retruca.
— Ela acha que ele é inocente — Sabrina insiste.
— Na verdade — me intrometo —, tudo que ela disse foi que
precisa conversar com ele.
Matt me lança um olhar rápido com seus olhos azuis. Eles são
mais escuros do que os de Ian, e geralmente mais amigáveis,
embora eu suspeite que seja uma ação deliberada. O homem não
conquistou Wall Street com vinte e poucos anos apenas sendo
bonito.
Embora ele seja isso. Muito.
— Tudo bem, então — Kennedy fala, abrindo a porta. — Matt, é
com você.
— Estou nisso.
Matt entrega seu copo de coquetel para Sabrina, que o aceita
revirando os olhos, e depois volta para a sala de Ian.
— Tudo bem, todo mundo, hora de ir embora — ele declara em
uma voz de comando.
A conversa barulhenta de uma festa de sucesso vacila um pouco
quando todos o observam, tentando avaliar se ele está falando
sério.
— Vocês ouviram o homem — Sabrina avisa, entrando na sala.
— Estamos levando essa festa para outro lugar.
— Que tal sua casa, querida? Festa para dois, ou três? Eu topo.
Um cara bêbado e com cara de babaca ri enquanto diz isso,
olhando de forma maliciosa para Sabrina.
Com o canto do olho, vejo Ian dar um passo à frente, seu olhar
azul-gelo é assassino enquanto procura pelo interlocutor.
Sabrina levanta a mão para deter o amigo, depois bate com a
outra mão no peito de Matt, que também deu um passo à frente.
— Qual é o seu nome, querido? — ela ronrona para o cara
bêbado.
— Sean.
— Sean…?
— Galen.
— É um prazer te conhecer — Sabrina afirma com um sorriso
caloroso.
Então ela bate palmas como uma mãe em uma festa de futebol.
— Ok, meninos e meninas, estamos movendo esta festa para a
Brandy Library. As bebidas são por conta do Sean Galen.
Certifiquem-se de pegar o que desejarem; Sean está se sentindo
muito generoso esta noite.
— Ei! — o homem exclama, sóbrio o suficiente para perceber o
que está acontecendo. — Você não pode simplesmente–
— Oh, sinto muito — Sabrina coloca a mão no peito como se
estivesse chocada com sua gafe. — Você não pode pagar?
Pressiono meus lábios para abafar minha risada. É bem jogado.
O Brandy Library é um bar de coquetéis ridiculamente caro, com
todos os drinques de alta qualidade que um esnobe de bebida
poderia sonhar.
A conta será inimaginável.
Mas não tão inimaginável quanto um participante poderoso ter
que admitir que não pode pagar.
Ele engole em seco e força um sorriso.
— Posso. Todos se divirtam. Por minha conta.
Sabrina lhe dá um tapinha condescendente no ombro; Kate
circula pela sala, arrancando copos das mãos das pessoas e
conduzindo todos em direção à porta enquanto Kennedy entrega
maços de dinheiro para os garçons e garçonetes e também os
manda embora.
Ele pega meu olhar e dá uma piscadinha.
Tudo acontece tão rápido que mal consigo registrar como a
situação foi tratada com tanto cuidado até que Kennedy e Kate
param na porta do apartamento agora vazio.
Ela olha para Ian.
— Você está bem?
Ele apenas encara.
Kennedy acena com a cabeça e coloca a mão nas costas de
Kate, conduzindo-a para o corredor.
— Sim, ele está bem.
Um momento depois, a porta se fecha.
E então sou só eu, um monte de copos vazios, e um Ian Bradley
que parece muito furioso.
Ian
******* Fort Knox é uma pequena cidade americana e base do Exército dos
Estados Unidos, localizada em Kentucky. Ela abriga importantes unidades de
treinamento e comando de recrutamento do exército.
Ian
Caros amigos,
Muito obrigada por me honrar (além de Ian e Lara!) com seu
merecido tempo de leitura. Eu sei que existem milhões de livros
para vocês escolherem, e estou muito grata que Trunfo Valioso
tenha entrado na lista de vocês! A série Wall Street foi originalmente
concebida por causa de um simples desejo da autora: escrever
sobre caras gostosos de terno. Eles são a minha coisa favorita de
ler e, portanto… minha coisa favorita de escrever. ;-)
A série, no entanto, rapidamente se tornou muito mais do que
isso. Em algum momento ao longo do processo de escrita, meus
“caras gostosos de terno” deixaram de ser fotos de banco de
imagens em minha mente para pessoas reais – personagens
complexos que ganharam vida, não apenas por meio dos seus
relacionamentos com as mulheres que conquistaram seus corações,
mas por meio das suas amizades uns com os outros. Logo, eu tinha
não apenas a fantasia dos milionários ricos em suas coberturas,
mas personagens cuja vulnerabilidade, brincadeiras e lealdade uns
aos outros me fizeram desejar fazer parte do grupo deles. Eu espero
que você sinta o mesmo!
O próximo da série é a história de Matt Cannon (Hard Sell).
Como tenho certeza de que muitos de vocês perceberam, ele e
Sabrina Cross têm uma química séria… e grandes negócios
inacabados. Ian e Lara, é claro, farão muitas aparições, assim como
Kennedy e Kate. Por fim, preciso tirar um minuto para agradecer a
todos que ajudaram a tornar este livro possível. Minha agente,
Nicole Resciniti, por saber imediatamente o que eu estava tentando
fazer com a série no segundo em que disse as palavras Wall Street.
À incrível equipe da Montlake, especialmente Maria Gomez, por
todo o trabalho duro em transformar minha amada história em um
refinado livro. À Kristi Yanta, minha editora de desenvolvimento, que
colocou tanto coração e alma nesta história quanto eu. Sei que foi
um longo caminho, mas valeu muito a pena, e sou muito grata! E,
por último, um agradecimento especial ao meu sogro experiente em
Wall Street por me indicar os recursos certos para aprender sobre o
mundo financeiro!
Boa leitura,
Lauren Layne.
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