Modelagem Numérica de Sistemas de Refrigeração
Modelagem Numérica de Sistemas de Refrigeração
Modelagem Numérica de Sistemas de Refrigeração
Campinas, 2005
SP - Brasil
i
Capítulo 1
Introdução
Ao longo das últimas décadas e principalmente dos últimos anos, pudemos notar um
crescente aumento na utilização de sistemas de refrigeração e ar condicionado.
Tais sistemas, cada vez mais, têm sido utilizados, tanto para proporcionar conforto, quanto
para processos industriais.
1
Uma das formas de responder a essa pergunta é a aplicação de um método para a simulação
numérica que pudesse realizar tal previsão com um certo grau de confiabilidade. Tal método
deverá utilizar-se de um conjunto de equações agrupadas em linguagem computacional e um
conjunto de dados obtidos experimentalmente. Desta maneira, torna-se possível à obtenção de
resultados através da simulação com a utilização de modelos numéricos com uma margem de
erro segura. Tais métodos permitiriam também a simulação do comportamento de equipamentos
de refrigeração e ar condicionado quando estes são submetidos a variações em suas condições de
operação.
1.1 Objetivos
1.2 Metodologia
A metodologia utilizada para a realização deste trabalho foi a consulta às diversas bases de
dados e livros presentes no acervo das bibliotecas da Unicamp. Os resultados obtidos em tal
pesquisa foram levados ao conhecimento do orientador responsável, Prof. Dr. Luiz Felipe M.
Moura e, posteriormente foi desencadeada uma discussão para a definição das obras mais
relevantes para o posterior desenvolvimento do projeto de pesquisa.
2
Capítulo 2
Revisão da Literatura
Koury et al. (2001) propõem um trabalho onde foram desenvolvidos dois modelos
numéricos para simular os comportamentos transiente e de equilíbrio de sistemas de refrigeração
por compressão de vapor. Em tais modelos, o condensador e o evaporador foram divididos em
um certo número de volumes de controle e as equações utilizadas foram obtidas através de
balanços de energia, massa e momento, para cada um dos volumes de controle em questão. A
válvula de expansão e o compressor foram modelados de acordo com modelos de estado de
equilíbrio, pois tais componentes possuem uma inércia térmica muito pequena. As simulações
foram executadas com o objetivo de verificar a possibilidade de controlar o sistema de
refrigeração e o superaquecimento do gás refrigerante na saída do evaporador pela variação da
velocidade do compressor e pela diminuição da área da secção da válvula. Os gases refrigerantes
utilizados em tais simulações foram o R-12 e o R-134-a. Os resultados da simulação, quando
comparados aos experimentais, apresentaram uma boa fidelidade, validando os modelos. Tais
3
modelos numéricos foram desenvolvidos para que, posteriormente, sirvam como base para
trabalhos de desenvolvimento de algoritmos para controle da capacidade de refrigeração e grau
de superaquecimento do sistema.
4
MacArthur e Grald (1989) apresentam um modelo dinâmico para bombas de calor por
compressão de vapor. O evaporador, o condensador e o acumulador recebem um tratamento
matemático mais refinado, devido à importância dos efeitos de expansão térmica e
compressibilidade, notado em tais equipamentos. O modelamento dos demais componentes do
equipamento é descrito de forma breve e a metodologia empregada na solução do sistema
completo é apresentada. Os parâmetros considerados no modelo foram desenvolvidos no
equipamento de expansão, bem como no motor de combustão interna, alimentado por gás natural
e no compressor. É apresentado também um modelo para a determinação da distribuição espacial
da massa de refrigerante, onde foi necessária a utilização da introdução de uma fração de vácuo
adequada. Nos trocadores de calor, a determinação das taxas de variação espaciais temporais de
temperatura, entalpia, fluxo de massa e densidade são determinadas para cada ponto. A
determinação da pressão do refrigerante no condensador e no evaporador e das condições das
fronteiras são necessárias para que o controle do conjunto de equações diferenciais parabólicas
seja satisfeito. As comparações entre os resultados da simulação e os dados experimentais são
favoráveis para a operação transiente de uma bomba de calor água-água hermética e um sistema
ar-ar com compressor aberto, validando assim o modelo.
5
Duarte et al. (1999) apresentam um modelamento simplificado para um ciclo de
refrigeração por compressão de vapor que opera somente na região de vapor superaquecido. A
utilização de tal ciclo permite rápidas trocas transientes entre os estados de equilíbrio. A
simulação do teste do ciclo de vapor superaquecido tem como base modelos desenvolvidos para o
compressor, o condensador (“desuperheater”), a válvula de expansão e do tanque regulador de
carga do sistema. O modelamento do ciclo é baseado em modelos matemáticos semi-empíricos
desenvolvidos para cada componente. O principal objetivo das simulações é a obtenção, em
diferentes condições operacionais, dos ajustes necessários para o controle do ciclo, ou seja, sendo
impostas uma determinada carga para o refrigerante, a taxa de fluxo de água e a abertura da
válvula, o modelo deverá ser capaz de determinar as pressões de admissão e exaustão, bem como
a temperatura na entrada do compressor. As propriedades do fluido foram modeladas
considerando um fluido com comportamento real, por meio de um subprograma específico
escrito como uma adaptação do TRNSYS (TRNSYS, 1994) disponível. Isso permite que a partir
da entrada com algumas propriedades, tais como: temperatura e pressão, entre outras, o estado
termodinâmico seja facilmente obtido. Os resultados obtidos nas simulações permitiram a
verificação das influências no ciclo da troca dos três parâmetros de entrada descritos acima e,
quando comparado a resultados experimentais, apresentou uma boa fidelidade.
Fu et al. (2003) propõem um modelo dinâmico para uma bomba de calor ar-água de dupla
modalidade equipada com compressor do tipo parafuso. As linhas de alta e baixa pressão são
divididas em três volumes de controle, os quais incluem o lado do tubo preenchido pelo gás
refrigerante, a parede do tubo e o lado do tubo em contato com o ambiente (água ou ar). As
equações diferenciais ordinárias temporais são obtidas através de balanços de massa e energia
realizados nos volumes de controle. Como o compressor, o corpo da válvula de expansão
termostática e a válvula de reversão possuem inércias térmicas muito baixas. Modelos para
estado de equilíbrio foram aplicados para os processos de compressão, estrangulamento e escape.
As relações entre as temperaturas da mistura saturada líquido-vapor e a temperatura do vapor de
refrigerante na saída do evaporador são descritas por equações diferenciais ordinárias temporais.
A simulação do sistema é finalizada com métodos de integração adaptativa e correção dos
valores. Os resultados obtidos na simulação apresentaram uma boa fidelidade aos resultados
obtidos experimentalmente, o que leva à conclusão que o modelo poderá ser usado como uma
boa ferramenta para o teste e desenvolvimento de produtos.
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Dabiri e Rice (1981) apresentam um modelo para compressores com correções no nível de
admissão de vapor superaquecido. O modelo para simulação de bombas de calor (“Heat Pump
Simulation Model” ou HPSM) é utilizado neste trabalho, para descrever uma rotina para a
simulação do compressor. Em lugar de gerar informações para estados de equilíbrio da bomba de
calor pela avaliação de um mínimo de dados experimentais, o HPSM realiza uma rotina na qual
são aplicadas correções para a operação em níveis de superaquecimento do evaporador e dados
fornecidos pelos fabricantes do compressor. A performance de outros componentes da bomba de
calor foi simulada de acordo com o modelo utilizado para descrever a rotina do compressor. Os
métodos utilizados para modelar o compressor são derivados da correção dos valores da taxa de
fluxo de massa e potência, obtidas pelos mapas do compressor e levando-se em conta as
variações na sucção de gás superaquecido. Na maior parte dos casos as correções aplicadas não
foram grandes, entretanto, estas correções são de grande importância para a precisão do modelo.
A magnitude das correções aplicadas foi comparada a dados obtidos experimentalmente pelos
fabricantes e a fidelidade dos resultados da simulação com correção aos resultados experimentais
obtidos em compressores instalados em bombas de calor foram verificadas, validando o modelo.
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Votsis et al. (1992) apresentam o desenvolvimento de uma investigação do comportamento
das características dinâmicas de uma bomba de calor para uso residencial durante as condições de
partida (“start up”) do equipamento. A simulação do equipamento foi feita através da execução
de testes cíclicos para condições que são muito encontradas em instalações residenciais no Reino
Unido, onde a operação da bomba de calor é restringida somente a ciclos para aquecimento de
ambientes. A bomba de calor utilizada é do tipo “split” ar-água, equipada com compressor do
tipo alternativo totalmente hermético e válvula de expansão, com características de operação para
pressões máximas. Nas simulações, foram admitidas as seguintes condições: não migração de gás
refrigerante do condensador para o evaporador quando o ciclo encontra-se inoperante e a
equalização da pressão através de todo o sistema antes da partida do sistema. Os resultados
sugeriram que as perdas no ciclo, associadas à migração de gás refrigerante durante o tempo em
que o ciclo é desligado e a utilização de um acumulador na sucção, representam respectivamente
5% e 4% de decréscimo no COP do sistema quando comparado a casos em que há controle na
migração do gás refrigerante.
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principal objetivo do modelo é a redução da quantidade de dados requerida para a caracterização
do desempenho de um compressor com o uso de gases refrigerantes alternativos. Dois parâmetros
principais de desempenho do compressor foram desenvolvidos. A queda efetiva de pressão no
compressor levando em consideração as perdas no fluxo de massa e a dependência funcional
numericamente determinada das perdas do coeficiente de transferência de calor em relação às
perdas de energia do compressor. Estes parâmetros descrevem com razoável precisão a operação
do compressor. Foram utilizados neste projeto dados para um total de 122 pontos, 8 diferentes
refrigerantes e 2 compressores. O modelo é capaz de determinar as taxas de fluxo de massa, o
estado do gás refrigerante na saída do compressor e a potência requerida pelo compressor para
todos os pontos com apenas 10% de erro relativo.
9
realizado por meio da derivação de equações utilizadas para estados de não equilíbrio. Por sua
aplicação puramente distribuída, este modelo pode ser amplamente utilizado em diversos tipos de
arranjo dos circuitos de tubos no interior do evaporador, dando uma maior flexibilidade para a
aplicação do modelo em questão. O modelo foi dividido em duas partes: período em que o
sistema encontra-se em operação e período em que o sistema encontra-se desligado. A razão para
a utilização de tal divisão é que a maioria dos equipamentos de refrigeração encontrados em
operação hoje em dia é equipada com elementos de controle para ligamento e desligamento
automático do sistema. O principal objetivo do modelo foi o estudo e a otimização de
comportamentos de estados de não equilíbrio em sistemas de refrigeração com controle de
capacidade.
10
distribuído prevê a variação da temperatura de superaquecimento e a pressão seguindo as
mudanças de fase nas entradas com uma boa precisão.
11
Capítulo 3
m f = NVρ f η v (3.1)
Onde:
N é a rotação do compressor em rps;
V é o volume deslocado do pistão;
ρ f é a densidade do refrigerante na entrada do compressor;
13
η v é a eficiência volumétrica.
Para a equação acima, a eficiência volumétrica pode ser obtida através da seguinte equação:
cv
P (c )
η v = 1 + c r − [c r ( c ) p ] (3.2)
Pe
Onde:
c r é o fator de folga do compressor (razão entre volume morto e volume deslocado pelo
pistão);
Pc é a pressão de condensação do refrigerante;
Outro tipo de modelo analisado na literatura é o que leva em consideração o volume morto
no interior do cilindro e algumas perdas. Tal modelo é obtido através de um caminho semi-
empírico e será descrito mais detalhadamente a seguir.
A vazão mássica do refrigerante para este modelo pode ser calculada através da equação
(3.1).
14
Wcp = Wio + (1 + α )Wis (3.3)
Onde:
Wcp é a potência do compressor;
γ −1 γ
P ( ) (
γ −1
)
Wis = m f Pe v 2 [( c ) γ
− 1] (3.4)
Pe
cv
γ = (3.5)
cp
Onde:
v2 é o volume específico do gás refrigerante na saída do compressor;
Onde:
h1 e h2 são as entalpias do refrigerante na entrada e na saída do compressor, respectivamente.
Onde:
T2 é a temperatura do refrigerante na saída do compressor;
T1 é a temperatura na entrada do compressor;
cp12 é o valor médio do calor específico a pressão constante entre a entrada e a saída do
compressor.
15
Os parâmetros N, c r , V , Wio e α são característicos do compressor utilizado e devem ser
16
Os modelos do tipo “black box” são baseados em teorias para automação e controle de
sistemas, sendo mais comumente utilizados para o modelamento de evaporadores. Neste tipo de
modelo, o componente é representado por um conjunto de funções de transferência com diversas
constantes, as quais são determinadas experimentalmente. A principal vantagem na utilização de
tal modelo é a simplicidade do mesmo. No entanto, dados experimentais devem ser obtidos para
garantir o bom funcionamento e a precisão na aplicação desse tipo de modelo.
Os modelos de zona única, duas zonas e distribuídos são baseados em leis físicas da
conservação de massa, quantidade de movimento e energia. Nos modelos de zona única, o
trocador de calor é analisado por meio de variáveis que representam o componente de uma
maneira generalizada. Nestes modelos, somente um valor é utilizado para representar a entalpia
do refrigerante contido no interior do trocador de calor. De maneira semelhante, apenas um valor
é utilizado para representar a densidade e temperatura do fluido secundário (lado externo do
trocador), entre outros. Os coeficientes de transferência de calor entre o refrigerante, o fluido
secundário e a parede dos tubos é suposto como sendo constante ao longo do trocador de calor.
Q = m f (h fi − h fo ) (3.8)
Onde:
Q é o calor trocado,
mf é a vazão mássica de refrigerante no interior do trocador de calor (considerada constante)
hfi e hfo são as entalpias do refrigerante na entrada e na saída do trocador, respectivamente.
Para aplicar tal modelo, deparamo-nos com a dificuldade prática da obtenção das entalpias
na entrada e na saída do trocador de calor. Para obtê-las, é necessário o conhecimento das
temperaturas de entrada e saída do refrigerante no trocador de calor, o que, na prática, torna-se
uma dificuldade para a utilização do modelo. Tal modelo, no entanto, pode ser considerado de
grande utilidade para estimativas teóricas do desempenho de sistemas de ar condicionado.
17
Outro modelo de zona simples, muito encontrado na literatura, é o modelo da efetividade
(NUT). A principal vantagem de tal modelo é a possibilidade da análise de trocadores de calor
quando as temperaturas de saída dos fluidos quente e frio (fluido secundário e refrigerante, no
caso) são desconhecidas, ou difíceis de serem determinadas.
Onde:
qmax é a taxa máxima de transferência de calor admitida no trocador
cpmin é o calor específico à pressão constante que apresentar o menor valor entre o fluido quente
para a temperatura da entrada e o fluido frio para a temperatura da entrada.
Tq.e é a temperatura do fluido quente na entrada do trocador de calor;
Tf,e é a temperatura do fluido frio na entrada do trocador de calor.
A efetividade do trocador de calor, então, nada mais é do que a razão entre a taxa real de
transferência de calor e a taxa máxima de transferência de calor possível para um determinado
trocador de calor.
q
ε= (3.10)
q max
Onde:
ε é a efetividade do trocador de calor
18
c pq (Tq ,e − Tq , s )
ε= (3.11)
c p min (Tq ,e − T f ,e )
ou
c pf (T f ,e − T f , s )
ε= (3.12)
c p min (Tq ,e − T f ,e )
Onde:
cpq e cpf são os calores específicos à pressão constante dos fluidos quente e frio, respectivamente
(média dos calores específicos entre a entrada e a saída do trocador).
Tq,s e Tf,s são as temperaturas do fluido quente e do fluido frio na saída do trocador de calor,
respectivamente.
C
ε = f NUT , min (3.14)
C max
Onde Cmin/Cmax pode ser igual a cpf / cpq ou cpq / cpf , dependendo das magnitudes das taxas
de capacidades caloríficas dos fluidos quente e frio.
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UA
NUT = (3.15)
C min
Onde:
U é o coeficiente global de transferência de calor
A é a área do trocador de calor
Relações Efetividade-NUT:
Tq ,e − Tq , s
ε= (3.16)
Tq ,e − T f ,e
C min m q c p , q T f , s − T f ,e
= = (3.17)
C max m f c p , f Tq ,e − Tq , s
Onde:
mq e mf são as vazões mássicas do fluido quente e do fluido frio, respectivamente.
C
1 − exp− NUT 1 + min
C max
ε= (3.18)
C
1 + min
C max
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De maneira semelhante, foram desenvolvidas expressões aplicáveis a outros tipos de
trocadores de calor. Tais expressões podem, facilmente, ser encontradas em sua forma final em
tabelas apresentadas na literatura (Incropera F.P. & DeWitt D.P., Fundamentos de transferência
de calor e massa, 4ª Edição, Editora LTC, Capítulo 11, pp.328,329).
Os modelos de duas ou três zonas para trocadores de calor são os mais utilizados para
simular o comportamento deste tipo de equipamento devido à relativa facilidade do modelamento
matemático e da maior fidelidade ao comportamento real do equipamento, quando comparado
aos modelos de zona única. Em tais modelos, o evaporador é dividido basicamente em duas zonas
(evaporação e superaquecimento) e o condensador é subdividido basicamente em três zonas
(superaquecimento, condensação e sub-resfriamento). Para este tipo de modelamento, as
equações da continuidade, energia e quantidade de movimento podem ser estabelecidas e
aplicadas com maior precisão e, considerando a utilização de um coeficiente de transferência de
calor para cada uma das zonas, o problema físico pode ser melhor descrito e matematicamente
representado.
Os modelos distribuídos têm sido cada vez mais utilizados ao longo dos últimos anos,
devido à maior fidelidade ao comportamento real do equipamento em relação aos modelos
apresentados anteriormente. Neste tipo de modelamento, o trocador de calor é dividido em vários
pequenos volumes de controle. A aplicação das equações para balanços de massa, energia e
quantidade de movimento em cada um dos volumes de controle, juntamente com a utilização de
coeficientes de transferência de calor locais permitem uma maior fidelidade aos fenômenos
físicos que realmente ocorrem nesses equipamentos.
A escolha do tipo de modelo a ser utilizado deve pode ser feita de acordo com a geometria
do trocador de calor. Por exemplo: para trocadores de calor do tipo carcaça e tubos, com o
processo de evaporação ocorrendo na superfície externa do tubo, os modelos de zona única e de
duas zonas podem ser utilizados para representar os fenômenos físicos adequadamente.
Entretanto, para evaporadores de tubos concêntricos, por exemplo, tais modelos não fornecem
uma representação adequada dos fenômenos físicos que ocorrem nos mesmos, sendo necessária à
aplicação de modelos mais complexos, tais como os modelos distribuídos.
21
3.3 Modelos para dispositivos de expansão
A maioria dos modelos para dispositivos de expansão é muito simples. Considera-se que a
variação de entalpia em tais dispositivos é nula, ou seja, h entrada = h saída. O fluxo de massa
através de tais dispositivos pode ser modelado através da equação:
mf = K ∆P * ρ (3.19)
Onde:
K é uma constante característica do dispositivo de expansão;
∆P é a diferença entra as pressões de entrada e saída da válvula;
ρ é a densidade do refrigerante na entrada da válvula.
22
Capítulo 4
Modelagem Numérica
cv
P c p
η v = 1 + c r − c r c (4.1)
Pe
Onde:
η v é o rendimento volumétrico do compressor;
c r é o fator de folga do compressor;
23
Pc é a pressão na saída do compressor (pressão de condensação);
Pe é a pressão na entrada do compressor (pressão de evaporação);
cv é o calor específico do refrigerante para volume constante na entrada do compressor;
cp é o calor específico do refrigerante para pressão constante na entrada do compressor.
(η vVd )
mf = N (4.2)
v1
Onde:
mf é a vazão mássica de refrigerante.
Vd é o volume de refrigerante deslocado pelo compressor.
v1 é o volume específico do refrigerante na entrada do compressor.
N é a rotação do compressor.
γ −1 γ
Pc ( ) ( )
Wcomp = m f Pe v 2 [( ) γ
− 1] γ −1 (4.3)
Pe
Onde:
Wcomp é a potência de compressão politrópica;
v2 é o volume específico do refrigerante na saída do compressor;
cp
ϒ é a razão:
cv
Onde:
Wcp é a potência real do compressor;
Wi é a potência dissipada por perdas eletromagnéticas no motor do compressor;
α é o fator de perdas do compressor.
Wcp
h2 = h1 + (4.5)
mf
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Onde:
h2 e h1 são as entalpias do refrigerante na saída e na entrada do compressor, respectivamente.
Wcp
T2 = T1 + (4.6)
m f c p12
Onde:
T2 é a temperatura do refrigerante na saída do compressor;
T1 é a temperatura na entrada do compressor;
cp12 é o valor médio do calor específico a pressão constante entre a entrada e a saída do
compressor.
É interessante observarmos que em tal modelo temos como variáveis de entrada as pressões
de evaporação e condensação (entrada e saída do compressor, respectivamente), a entalpia e a
temperatura na entrada do compressor e o volume específico do refrigerante na entrada e na saída
do compressor. Para que possamos utilizar o modelo de maneira efetiva, necessitamos ainda
definir alguns parâmetros, tais como os calores específicos para pressão e volume constante, o
fator de folga do compressor, o volume de refrigerante deslocado, a rotação, o fator de perdas e
as perdas eletromagnéticas do compressor.
O tratamento de ambos os trocadores de calor foi feito através do modelo da efetividade (ε-
NUT). Tal modelo, além de ser relativamente simples e facilmente encontrado na literatura,
oferece como principal vantagem a possibilidade de estimar a taxa real de transferência de calor
25
do trocador sem que haja um prévio conhecimento das temperaturas do fluido secundário e do
refrigerante na saída do trocador de calor.
Evaporador
C fe = m f c pre (4.7)
Onde:
Cfe é a capacidade térmica do refrigerante no evaporador;
mf é a vazão mássica de refrigerante;
cpre é o calor específico à pressão constante do refrigerante na entrada do evaporador.
Onde:
Cqe é a capacidade térmica do fluido secundário no evaporador;
mfse é a vazão mássica de fluido secundário que atravessa o evaporador;
cpfs é o calor específico à pressão constante do fluido secundário na entrada do evaporador.
C min e
Ce = (4.9)
C max e
Onde:
Ce é a razão de capacidades térmicas;
Cmine é o menor valor entre Cfe e Cqe;
Cmaxe é o maior valor entre Cfe e Cqe.
U e Ae
NUTe = (4.10)
C min
Onde:
NUTe é o número de unidades de transferência térmica;
26
Ue é o coeficiente global de transferência de calor;
Ae é a área do trocador de calor.
1
ε e = 1 − exp { [ ] }
( NUT )(0, 22 ) exp − C e ( NUT )(0, 78 ) − 1 (4.11)
C e
Onde:
εe é a efetividade do trocador do evaporador.
1 − exp[− NUTe (1 − C e )]
εe = (4.12)
1 − C e exp[− NUTe (1 − C e )]
A expressão (4.11) também pode ser substituída por outras correlações de efetividade,
como, por exemplo, a correlação para trocadores de calor de tubos concêntricos com escoamento
em contra corrente, descrita pela equação acima.
Onde:
qmaxe é a máxima taxa de transferência de calor no evaporador;
tfs é a temperatura do fluido secundário na entrada do evaporador;
t4 é a temperatura do refrigerante na entrada do evaporador
q e = ε e q max e (4.14)
Onde:
qe é a taxa real de transferência de calor no evaporador
27
qe
t fsse = t fs − (4.15)
m fse c pfs
Onde:
tsse é a temperatura do ar na saída do evaporador
q
h1 = e + h4 (4.16)
m
f
Onde:
h1 é a entalpia do refrigerante na saída do evaporador;
h4 é a entalpia do refrigerante na entrada do evaporador.
t1sat = t1 − ∆t (4.17)
Onde:
t1sat é a temperatura de saturação do refrigerante no evaporador;
∆t é o grau de superaquecimento do refrigerante na saída do evaporador
28
que o modelo seja capaz de efetuar os cálculos, também são necessários alguns parâmetros de
entrada, tais como: o calor específico do fluido secundário (cpfs), o calor específico do
refrigerante (cpre), o coeficiente global de transferência de calor (Ue), a área do trocador de calor
(Ae) e o grau de superaquecimento do refrigerante na saída do evaporador (∆t). A partir das
variáveis de entrada e da definição dos parâmetros acima apresentados, torna-se possível a
realização dos cálculos das variáveis intermediárias do modelo ( Cqe,Cfe, NUT, qmaxe, εe). Estes
cálculos, quando realizados, permitem o cálculo das variáveis de saída do modelo, tais como: a
taxa real de transferência de calor (qe), a temperatura do refrigerante na saída do evaporador (t1),
a temperatura do fluido secundário na saída do evaporador (tfsse), a temperatura do refrigerante no
estado de vapor saturado no interior do evaporador (t1sat), a pressão de evaporação (Pe) e a
entalpia na saída do evaporador (h1). É importante notar, que a variável de saída Pe é obtida
através de tabelas termodinâmicas através da temperatura de saturação.
Condensador
Onde:
Cfc é a capacidade térmica do fluido secundário no condensador;
mfsc é a vazão mássica do fluido secundário no condensador;
cpfs é o calor específico à pressão constante do fluido secundário.
C qc = m f c prc (4.19)
Onde:
Cqc é a capacidade térmica do refrigerante no condensador;
mf é a vazão mássica do refrigerante;
cprc é o calor específico a pressão constante na entrada do condensador.
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C min c
Cc = (4.20)
C max c
Onde:
Cc é a razão das capacidades térmicas no condensador;
Cminc é o menor valor entre Cfc e Cqc;
Cmaxc é o maior valor entre Cfc e Cqc.
U c Ac
NUTc = (4.21)
C min c
Onde:
NUTc é o número de unidades de transferência térmica do condensador;
Uc é o coeficiente global de transferência de calor do condensador;
Ac é a área do condensador.
1
ε c = 1 − exp { [ ] }
( NUTc )(0, 22 ) exp − C c ( NUTc )(0, 78 ) − 1 (4.22)
C c
Onde:
εc é a efetividade do condensador.
A expressão 4.21 também pode ser substituída por outras correlações de efetividade
encontradas na literatura (Incropera F.P. & DeWitt D.P., Fundamentos de transferência de calor e
massa, 4ª Edição, Editora LTC, Capítulo 11, pp.328,329), de maneira a representar outros tipos
de configuração geométrica para o condensador.
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Onde:
qmaxc é a máxima taxa de transferência do calor no condensador
t2 é a temperatura do refrigerante na entrada do condensador (aproximadamente igual á
temperatura do refrigerante na saída do compressor).
tfs é a temperatura do fluido secundário na entrada do condensador.
q c = ε c q max c (4.24)
Onde:
qc é a taxa real de transferência de calor no condensador.
q
h3 = h2 − c (4.25)
m
f
Onde:
h3 é a entalpia do refrigerante na saída do condensador.
qc
t fssc = t fs + (4.26)
m fsc c fsr
Onde:
tfssc é a temperatura do fluido secundário na saída do condensador.
31
específico do refrigerante, Uc o coeficiente global de transferência de calor do condensador e Ac a
área do condensador. A partir das variáveis de entrada e dos parâmetros acima descritos,
podemos efetuar os cálculos das variáveis intermediárias do modelo ( Cqc,Cfc, NUTc, qmaxc, εc).
Estes cálculos, quando realizados, permitem o cálculo das variáveis de saída do modelo, tais
como: a taxa real de transferência de calor no condensador (qc), a temperatura do refrigerante no
estado de líquido sub-resfriado na saída do condensador (t3), a temperatura do fluido secundário
na saída do condensador (tfssc) e a entalpia na saída do condensador (h3).
h3 = h4 (4.27)
Onde:
h3 é a entalpia do refrigerante na entrada da válvula de expansão
h4 é a entalpia do refrigerante na saída da válvula de expansão
mf = K ∆P * ρ (4.28)
Onde:
K é uma constante característica do dispositivo de expansão;
∆P é a diferença entra as pressões de entrada e saída da válvula;
ρ é a densidade do refrigerante na entrada da válvula.
32
Através da equação acima, pode-se determinar a pressão de condensação (Pc), uma vez que
os valores da pressão de evaporação (Pe), constante da válvula (K), vazão mássica de refrigerante
e densidade do refrigerante na entrada da válvula de expansão (ρ) são previamente calculados
pelo programa.
Uma vez definido o conjunto de equações, deve-se especificar o fluido de trabalho (R-134a,
por exemplo) e o conjunto de parâmetros operacionais e geométricos do sistema de refrigeração.
Tais parâmetros devem ser especificados para cada sistema de refrigeração diferente que possa
vir a ser simulado. Nas tabelas a seguir, podemos observar os parâmetros operacionais e
geométricos a serem especificados para cada um dos componentes do sistema de refrigeração.
33
Tabela 4.1 - Parâmetros operacionais e geométricos do compressor
PARÂMETROS DO COMPRESSOR
N Rotação
Wi Potência dissipada
Vd Volume deslocado pelo pistão
cr Fator de folga
α Fator de perdas
PARÂMETROS DO CONDENSADOR
Ac Área
Uc Coeficiente Global de Transferência de Calor
Vazão mássica do fluido secundário que
mfsc
atravessa o condensador
tfs Temperatura do fluido secundário
PARÂMETROS DO EVAPORADOR
Ae Área
Ue Coeficiente Global de transferência de calor
Vazão mássica do fluido secundário que
mfse
atravessa o evaporador
Grau de superaquecimento na saída do
∆te
evaporador
tfs Temperatura do fluido secundário
34
estimativa inicial das variáveis de entrada para que o programa possa realizar os primeiros
cálculos. O conjunto de variáveis de entrada do programa a serem especificadas pode ser
visualizado na tabela a seguir.
VARIÁVEIS DE ENTRADA
A partir da segunda iteração e nas outras iterações seguintes, os valores das pressões e
entalpias, entre outros, são atualizados a partir dos valores obtidos como resultados da iteração
anterior.
O critério de parada do programa para a obtenção dos resultados finais da simulação foi
feito através de uma análise comparativa da variação dos valores obtidos para as pressões de
condensação e evaporação a cada iteração. Tal critério compara a variação dos valores das
pressões calculadas entre duas iterações consecutivas com um valor pré-estabelecido. Quando a
variação dos valores das pressões de evaporação e de condensação é menor que o valor pré-
estabelecido, o programa é finalizado e são apresentados os resultados finais.
O algoritmo com a seqüência de resolução das equações, bem como a ordem com a qual
elas foram resolvidas, será demonstrada a seguir.
35
Seqüência de equações para a simulação do modelo
Compressor
cv
P c p
η v = 1 + c r − c r c (4.29)
Pe
(η vVd )
mf = N (4.30)
v1
γ −1 γ
P ( ) (
γ −1
)
Wcomp = m f Pe v 2 [( c ) γ
− 1] (4.31)
Pe
36
O cálculo da potência real do compressor, leva em consideração as perdas eletromagnéticas
no motor do compressor e o fator de perdas mecânicas (folgas, perdas nas válvulas, entre outras).
Na equação acima, tanto as perdas eletromagnéticas como o fator de perdas, são parâmetros
do compressor.
Wcp
h2 = h1 + (4.33)
mf
Condensador
37
O calor específico à pressão constante do fluido secundário é calculado pelo programa
através da temperatura do fluido secundário (parâmetro) através de funções internas.
C qc = m f c prc (4.35)
C min c
Cc = (4.36)
C max c
U c Ac
NUTc = (4.37)
C min c
O cálculo da efetividade do condensador é realizado a partir do valor de Cc (equação 4.36) e
do número de unidades de transferência térmica do condensador, NUTc (equação 4.37).
38
1
ε c = 1 − exp { [ ] }
( NUTc )(0, 22 ) exp − C c ( NUTc )(0, 78 ) − 1 (4.38)
C c
É importante ressaltar, a este ponto do trabalho, que a equação 4.38 descreve o cálculo da
efetividade para um trocador de calor com fluxo cruzado entre o refrigerante e o ar e convecção
forçada.
O cálculo da efetividade pode ser realizado para diferentes tipos de trocadores de calor,
como, por exemplo, trocadores de tubos concêntricos com fluxo cruzado; bastando, apenas, a
substituição da equação 4.38 no corpo do programa pela equação adequada ao tipo de trocador a
ser simulado.
q c = ε c q max c (4.40)
q
h3 = h2 − c (4.41)
m
f
39
condensador (equação 4.40) da vazão mássica do fluido secundário que atravessa o condensador
(parâmetro) e do calor específico do fluido secundário.
qc
t fssc = t fs + (4.42)
m fsc c pfs
Evaporador:
C fe = m f c pre (4.43)
40
C min e
Ce = (4.45)
C max e
U e Ae
NUTe = (4.46)
C min
1
ε e = 1 − exp { [ ] }
( NUT )(0, 22 ) exp − C e ( NUT )(0, 78 ) − 1 (4.47)
C e
Assim como ocorre para o cálculo da efetividade condensador, a equação acima é utilizada
para a simulação de um evaporador com fluxo cruzado e convecção forçada.
41
O cálculo da taxa real de transferência de calor no evaporador é dado de maneira
semelhante à descrita para o condensador, partindo-se da efetividade (equação 4.47) e da máxima
taxa de transferência de calor no evaporador (equação 4.48).
q e = ε e q max e (4.49)
qe
t fsse = t fs − (4.50)
m fse c pfs
q
h1 = e + h4 (4.51)
m
f
t1sat = t1 − ∆t (4.52)
42
A temperatura do refrigerante na entrada do compressor é calculada através de funções
internas do programa E.E.S., baseando-se na entalpia do refrigerante na entrada do compressor e
na pressão de evaporação.
Válvula de expansão
h3 = h4 (4.53)
mf = K ∆P * ρ (4.54)
43
programa (ainda de maneira manual, executando-se apenas uma iteração por vez), de maneira a
obter-se um segundo conjunto de resultados e assim sucessivamente. Através de tal
procedimento, tornou-se possível um monitoramento do comportamento do programa. Através do
monitoramento de alguns resultados, tais como: pressões e temperaturas nos diversos pontos do
sistema, foi possível observar se o programa tendia a convergir ou divergir dos valores
apresentados a cada iteração. Tal verificação de convergência foi feita através da comparação dos
resultados obtidos a cada nova iteração com os resultados obtidos nas iterações anteriores.
44
Parâmetros de Entrada
Cálculos Preliminares
Procedimentos Iterativos
Verificação da
Convergência
Parada dos
Procedimentos
Iterativos
Apresentação
dos resultados
Finais
Para uma análise mais detalhada do programa segue, em anexo, no final deste trabalho, uma
listagem completa das rotinas de programação utilizadas.
45
Capítulo 5
Resultados Numéricos
Após a verificação das equações e do algoritmo para a resolução do modelo numérico, foi
realizada a validação do modelo através da comparação dos resultados obtidos numericamente
com resultados experimentais . Tal validação é de vital importância para a verificação da
confiabilidade do modelamento utilizado.
Dada a validação do programa, foram feitos dois estudos de casos, para a verificação da
influência de cada parâmetro sobre o comportamento do sistema e otimização dos sistemas de
refrigeração propostos para cada caso.
Tanto a validação do modelo numérico quanto os estudos de caso propostos serão descritos
mais detalhadamente ao longo deste capítulo.
A validação do programa foi feita através da comparação dos resultados obtidos em testes
na bancada frigorífica experimental da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), com os resultados obtidos no programa.
47
operando com fluido R-134a. Para tal sistema, o grau de superaquecimento do refrigerante na
sucção do compressor é mantido constante através do controle eletrônico da válvula de expansão.
É importante, ainda, ressaltar que os parâmetros descritos na tabela a seguir foram mantidos
constantes para todas as simulações numéricas feitas para a validação do programa.
Parâmetros do compressor
Wi (W) Vd (m3) cr α
0,0968 7,95 x 10-6 0,05 0,178
Parâmetros do evaporador
K
0,14435 x 10-6
48
A tabela a seguir, mostra o conjunto de parâmetros do sistema que sofreram variações em
cada ensaio experimental. Os fluidos secundários do evaporador e do condensador são água e ar,
respectivamente.
Para dar início à simulação numérica, para cada ponto experimental foram escolhidos os
valores iniciais das temperaturas do refrigerante na sucção do compressor (t1) e na saída do
condensador (t3).
1 3,10 49,10
2 2,80 57,90
3 3,80 58,80
4 3,50 56,30
5 1,70 45,90
As tabelas e gráficos a seguir fornecem dados para a análise comparativa dos dados de
temperatura do refrigerante (R-134a) calculados pelo programa em relação aos dados obtidos
49
experimentalmente. As temperaturas analisadas são as dos quatro principais pontos do sistema:
saída do evaporador (t1), descarga do compressor (t2), saída do condensador (t3) e descarga da
válvula de expansão (t4).
7,00
6,00
5,00
4,00
Experimental
ºC
Programa
3,00
2,00
1,00
0,00
0 1 2 3 4 5 6
Ensaio
50
Tabela 5.5 - Temperaturas do refrigerante na descarga do compressor
Bancada Frigorífica Programa
Ensaio
t2 (ºC) t2 (ºC)
1 49,10 57,39
2 57,90 65,01
3 58,80 66,50
4 56,30 59,70
5 45,90 50,10
70,0
60,0
50,0
40,0
Experimental
ºC
Programa
30,0
20,0
10,0
0,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
Ensaio
51
Tabela 5.6 - Temperaturas do refrigerante na saída do evaporador
Bancada Frigorífica Programa
Ensaio
t3 (ºC) t3 (ºC)
1 39,90 48,87
2 43,30 56,32
3 44,30 58,37
4 42,60 54,27
5 37,20 46,87
70,0
60,0
50,0
40,0
Experimental
ºC
Programa
30,0
20,0
10,0
0,0
0 1 2 3 4 5 6
Ensaio
52
Tabela 5.7 - Temperaturas do refrigerante na descarga da válvula de expansão
Bancada Frigorífica Programa
Ensaio
t4 (ºC) t4 (ºC)
1 -3,50 -3,18
2 -4,10 -3,13
3 -3,10 -3,47
4 -3,30 -2,49
5 -4,50 -3,28
0,00
-0,50
-1,00
-1,50
-2,00
Experimental
ºC
-2,50
Programa
-3,00
-3,50
-4,00
-4,50
-5,00
0 1 2 3 4 5 6
Ensaio
A análise dos gráficos e tabelas fornecidas acima permite uma comparação dos dados de
temperatura para os quatro principais pontos do sistema. Podemos notar, que os dados calculados
pelo programa tendem a seguir o comportamento dos dados obtidos experimentalmente. As
variações de valores das temperaturas calculadas em relação às obtidas experimentalmente
devem-se a simplificações presentes nos modelos numéricos utilizados para cada componente do
ciclo e a pequenas imprecisões dos equipamentos de medição presentes na bancada frigorífica
experimental.
53
As tabelas a seguir fornecem dados de pressões de condensação e evaporação obtidos
experimentalmente e calculados pelo programa para cada um dos seis ensaios realizados na
bancada frigorífica.
Pressões de Condensação
1,8
1,6
1,4
1,2
1,0 Experimental
MPa
0,8 Programa
0,6
0,4
0,2
0,0
0 1 2 3 4 5 6
Ensaio
54
Tabela 5.9 - Pressões de evaporação
Bancada Frigorífica Programa
Ensaio
Peb (Mpa) Pe (Mpa)
1 0,27 0,26
2 0,26 0,26
3 0,27 0,28
4 0,27 0,27
5 0,26 0,26
Pressões de Evaporação
0,29
0,29
0,28
0,28
Experimental
MPa
0,27
Programa
0,27
0,26
0,26
0,25
0 1 2 3 4 5 6
Ensaio
A análise das tabelas e gráficos acima mostra que a concordância das pressões calculadas
pelo programa em relação às obtidas experimentalmente é semelhante à concordância da
temperaturas. As pressões calculadas tendem a variar em cada ponto nas mesmas proporções que
as obtidas experimentalmente. Nota-se ainda, que a variação entre as pressões de evaporação
calculadas e experimentais é bem reduzida, quando comparada à variação das pressões de
condensação em cada ensaio.
55
A tabela e o gráfico a seguir, fornecem dados experimentais e calculados pelo programa
para a comparação dos calores trocados no evaporador.
0,90
0,80
0,70
0,60
0,50 Experimental
kW
0,40 Programa
0,30
0,20
0,10
0,00
0 1 2 3 4 5 6
Ensaio
Analisando a tabela e o gráfico apresentados acima, podemos notar que os valores obtidos
para os calores trocados no evaporador nos ensaios experimentais são inferiores aos calculados
pelo programa. Tal variação pode ser explicada por simplificações que os modelos de efetividade
56
para trocadores de calor adotam. No entanto, nota-se que a variação entre os resultados obtidos
através do modelo e os resultados experimentais não é grande, e o modelo tende fortemente a
seguir o comportamento experimental.
A tabela e o gráfico abaixo fornecem dados para a análise comparativa dos valores
calculados pelo programa com os obtidos experimentalmente.
0,40
0,35
0,30
0,25
Experimental
kW
0,20
Programa
0,15
0,10
0,05
0,00
0 1 2 3 4 5 6
Ensaio
57
A análise da tabela e do gráfico acima, permite observar que a potência calculada pelo
programa sofre pouca variação em relação aos dados obtidos experimentalmente para cada ponto
ensaiado. Para as simulações de cada um dos cinco ensaios, foi adotada a hipótese simplificadora
da média dos valores obtidos experimentalmente nos ensaios.
A tabela abaixo fornece dados experimentais e calculados pelo programa para a comparação
do COP do ciclo
COP do sistema
2,50
2,00
1,50
Seqüência1
COP
Seqüência2
1,00
0,50
0,00
0 1 2 3 4 5 6
Ensaio
58
Podemos notar que o COP calculado pelo programa segue a mesma tendência dos obtidos
experimentalmente. As variações dos valores calculados para os obtidos experimentalmente pode
ser explicada pela variação dos valores calculados para o calor trocado no evaporador e para a
potência consumida pelo compressor em relação aos obtidos experimentalmente.
Após a validação do programa através da comparação dos dados obtidos com os dados
experimentais, foram definidos dois estudos de caso, para a verificação da influência da variação
dos principais parâmetros (tais como: área do condensador, área do evaporador, vazão mássica de
ar que atravessa o condensador, vazão mássica de ar que atravessa o evaporador, grau de
superaquecimento na saída do evaporador, grau de sub-resfriamento na saída do condensador e
temperatura do ar ambiente).
Após a verificação da influência dos principais parâmetros para o primeiro estudo de caso
(otimização e projeto de uma câmara frigorífica) foi definido um novo conjunto de parâmetros,
mas desta vez para a análise da simulação de um sistema de ar condicionado. Uma vez definido o
novo conjunto de parâmetros para o sistema de ar condicionado, foram verificadas as influências
dos novos principais parâmetros sobre o comportamento do sistema na simulação.
O sistema de refrigeração idealizado para ser simulado neste estudo de caso é uma câmara
frigorífica industrial, com capacidade de refrigeração de 18,5 KW, composta por um compressor
alternativo, condensador de fluxo cruzado com ar em convecção forçada, evaporador de fluxo
cruzado com ar e convecção forçada, e válvula de expansão. É interessante observarmos que o
modelamento adotado para a válvula de expansão independe do tipo de equipamento utilizado,
pois leva em consideração apenas as condições do refrigerante na entrada e na saída do
equipamento. O sistema opera com o refrigerante R-134a. A escolha do refrigerante para a
operação do sistema (R-134a) foi feita a partir da observação da grande utilização deste
refrigerante atualmente. O programa também nos permite a execução de simulações com outros
fluidos de trabalho, bastando a alteração da nomenclatura do fluido a ser utilizado no corpo do
programa.
59
A princípio, existe a necessidade da definição de alguns parâmetros e estimativas iniciais
para a simulação. Tais parâmetros e estimativas foram definidos para um caso-teste, a partir do
qual foram obtidos os primeiros resultados numéricos do modelo.
Wi = 0.
N = 3000 rpm.
Vd = 0,0005 m3.
cr = 0,05.
α = 0.
Ac= 40 m2
Uc = 0,05 KW/m2°C
marc = 2,0 Kg/s
tar = 20 ºC
Ae = 20 m2
Uc = 0,05 KW/m2°C
mare = 1,0 Kg/s
∆te = 5 ºC
tar = 20 ºC
K=0,0000042
60
5.2.2 Estimativas iniciais para a câmara frigorífica industrial
t1i = -5 °C
Os principais resultados obtidos na simulação deste estudo de caso, com a utilização dos
parâmetros descritos acima serão demonstrados na tabela a seguir:
5.2.4 Análise da influência dos principais parâmetros nos resultados obtidos na câmara
frigorífica industrial
A partir dos resultados obtidos para o caso-teste, pôde-se fazer a análise comparativa dos
efeitos da variação dos principais parâmetros iniciais nos resultados.
É importante ressaltar, que as análises foram feitas para a variação de apenas um parâmetro
em questão, sendo que nos demais parâmetros foram mantidos os valores utilizados para a
simulação do caso teste.
61
Tabela 5.14 - Análise do efeito da variação da área do condensador
Ac mf Pc Pe qc qe Wcp
COP
(m2) (Kg/s) (MPa) (MPa) (KW) (KW) (KW)
60,0 0,14 1,14 0,15 25,58 18,83 6,68 2,57
55,0 0,14 1,18 0,15 25,48 18,77 6,79 2,63
50,0 0,14 1,22 0,15 25,73 18,66 6,94 2,64
45,0 0,15 1,27 0,16 25,95 18,56 7,11 2,62
40,0 0,15 1,33 0,16 25,78 18,42 7,29 2,50
35,0 0,15 1,42 0,16 25,73 18,24 7,57 2,43
Analisando os dados fornecidos pela tabela acima, pode-se observar que há uma queda na
pressão de condensação com o aumento da área do condensador. Tal queda deve-se ao fato de
que com o aumento da área para a troca de calor, torna-se possível a rejeição de calor em uma
temperatura mais baixa e conseqüentemente a uma menor pressão de condensação. A queda de
pressão diminui a diferença entre as pressões de condensação e evaporação, diminuindo a
potência necessária para a compressão do refrigerante (R-134a), e conseqüentemente,
melhorando o COP do sistema.
Observa-se ainda, através dos dados fornecidos acima, que o aumento da área do
condensador não exerce grande influência sobre o calor trocado no condensador e no evaporador,
e que a vazão mássica de refrigerante deslocada pelo compressor permanece praticamente
inalterada.
62
Tabela 5.15 - Análise da influência da variação da área do evaporador
Ae mf Pc Pe qc qe Wcp
COP
(m2) (Kg/s) (MPa) (MPa) (KW) (KW) (KW)
40,0 0,19 1,58 0,21 32,26 23,05 9,33 2,50
35,0 0,19 1,54 0,20 31,14 22,29 8,98 2,51
30,0 0,18 1,49 0,19 29,70 21,26 8,54 2,52
25,0 0,16 1,42 0,18 27,88 19,97 7,97 2,52
20,0 0,15 1,33 0,16 25,78 18,42 7,29 2,50
15,0 0,13 1,23 0,14 22,85 16,35 6,46 2,51
Uma análise dos dados fornecidos pela tabela acima, permite constatar que a variação da
área do evaporador não exerce uma influência significativa sobre o COP do sistema. No entanto,
pode-se notar um aumento nas pressões de condensação e evaporação, nos calores trocados pelo
condensador e pelo evaporador, na potência de compressão e na vazão mássica de refrigerante.
Como a área do evaporador é aumentada gradativamente até chegar ao valor de 100% da área
original, a efetividade do trocador aumenta, e conseqüentemente o calor trocado aumenta. O
aumento da pressão de evaporação provoca um aumento no volume específico do refrigerante.
Tal aumento de pressão, também favorece a sucção do compressor, que passa a deslocar uma
maior vazão mássica de refrigerante, porém, o trabalho de compressão também aumenta, devido
ao aumento na pressão de condensação e o conseqüente aumento da resistência à descarga do
refrigerante na linha de condensação, exigindo uma maior potência do compressor.
63
Tabela 5.16 - Análise da influência da variação da vazão mássica de ar que atravessa o
condensador
marc mf Pc Pe qc qe Wcp
COP
(Kg/s) (Kg/s) (MPa) (MPa) (KW) (KW) (KW)
4,0 0,14 1,21 0,15 25,52 18,71 6,88 2,75
3,5 0,15 1,22 0,16 25,60 18,67 6,92 2,69
3,0 0,15 1,25 0,16 25,66 18,61 7,03 2,64
2,5 0,15 1,28 0,16 25,67 18,53 7,14 2,60
2,0 0,15 1,33 0,16 25,78 18,42 7,29 2,50
1,5 0,15 1,41 0,17 25,85 18,22 7,63 2,39
Analisando os dados da tabela acima podemos notar que a variação da vazão mássica de ar
que atravessa o condensador não influi significativamente na vazão mássica de refrigerante
deslocada pelo compressor e na pressão de evaporação. A pressão de condensação e o calor
trocado no condensador sofrem uma pequena queda com o aumento da vazão mássica de ar que
atravessa o condensador. A queda na pressão de condensação causa uma queda na temperatura de
condensação, diminuindo a diferença entre a temperatura do refrigerante no interior do trocador e
a temperatura do ar ambiente, conseqüentemente provocando uma queda no calor trocado. O
COP do sistema, por sua vez, sofre um aumento, devido à diminuição da diferença entre as
pressões de condensação e de evaporação. Como a pressão de evaporação permanece
praticamente inalterada e a pressão de condensação diminui, o trabalho de compressão também
diminui, reduzindo a potência consumida pelo compressor.
64
Tabela 5.17 - Análise da influência da vazão mássica de ar que atravessa o evaporador
mare mf Pc Pe qc qe Wcp
COP
(Kg/s) (Kg/s) (MPa) (MPa) (KW) (KW) (KW)
2,0 0,17 1,46 0,18 29,12 20,76 8,33 2,49
1,4 0,16 1,40 0,18 27,47 19,70 7,85 2,52
1,2 0,15 1,36 0,17 26,74 19,15 7,57 2,52
1,0 0,15 1,33 0,16 25,78 18,42 7,29 2,50
0,8 0,14 1,29 0,15 24,27 17,44 6,89 2,55
0,6 0,13 1,22 0,14 22,54 16,14 6,35 2,52
Na tabela acima, podemos observar que a variação da vazão mássica de ar que atravessa o
evaporador não influi significativamente na vazão mássica de refrigerante deslocada pelo
compressor.
65
Podemos notar, pela análise da tabela acima, que o aumento do grau de superaquecimento
na saída do evaporador provoca uma queda na pressão de condensação e na potência do
compressor. Como a pressão de evaporação permanece quase constante, e a temperatura do
refrigerante na saída do evaporador torna-se maior com o aumento do grau de superaquecimento,
o volume específico do refrigerante na sucção do compressor também é maior. Como a vazão
mássica de refrigerante deslocada pelo compressor permanece quase inalterada, e o volume
específico aumenta, podemos concluir que o volume de refrigerante deslocado pelo compressor
diminui, causando a diminuição da pressão de condensação, diminuindo o trabalho de
compressão. O COP do ciclo sofre uma melhora, pois a diferença entre as pressões de
condensação e evaporação diminui com o aumento do grau de superaquecimento do refrigerante
na saída do evaporador.
66
melhorando o COP do sistema. A diferença entre as pressões, também ocasiona uma diminuição
na potência de compressão, o que acarreta em um menor consumo de potência pelo compressor.
A partir da análise da tabela acima podemos notar que a pressão de condensação aumenta
com a diminuição da constante da válvula. Isso se deve ao fato de que a diminuição de tal
constante representa uma restrição física (diminuição do diâmetro de um tubo capilar, por
exemplo). Tal restrição acarreta em uma diminuição na vazão de refrigerante que atravessa a
válvula, aumentando a pressão de condensação e diminuindo a vazão mássica de refrigerante
deslocada pelo compressor. Nota-se, também, que a variação da constante da válvula tem pouca
influência sobre os calores trocados pelo condensador e pelo evaporador.
67
5.2.5 Otimização da câmara frigorífica industrial
Uma vez que os parâmetros acima foram inseridos no programa, obteve-se o primeiro
conjunto de resultados numéricos otimizados, conforme o demonstrado na tabela a seguir.
68
Utilizando o conjunto de parâmetros descritos na tabela acima, obtivemos um novo
conjunto de resultados numéricos otimizados do sistema de refrigeração, conforme o descrito na
tabela a seguir.
A análise da tabela acima permite concluir que a primeira fase da otimização foi a que
refletiu efeitos mais significativos na melhora do desempenho do sistema, ficando a segunda fase
como apenas um ajuste mais refinado dos parâmetros afim da obtenção do melhor desempenho
possível.
69
5.3.1 Parâmetros geométricos e operacionais do sistema de ar condicionado
Wi = 0,025 KW
N = 3000 rpm.
Vd = 7,95 x 10-6 m3.
cr = 0,05.
α = 0,05.
Ac= 0,025 m2
Uc = 1,75 KW/m2°C
marc = 0,2 Kg/s
tar = 25 ºC
Ae = 0,025 m2
Uc = 1,10 KW/m2°C
mare = 0,035 Kg/s
∆te = 4 ºC
tar = 25 ºC
K=1,5 x 10-7
70
5.3.2 Estimativas iniciais para o sistema de ar condicionado
t1i = 2 °C
É importante ressaltar, que as análises foram feitas para a variação de apenas um parâmetro
em questão, sendo que nos demais parâmetros foram mantidos os valores utilizados para a
simulação do caso teste do sistema de ar condicionado, já descritos acima.
71
Tabela 5.27 - Análise do efeito da variação da área do condensador
Ac mf Pc Pe qc qe Wcp
COP
(m2) (Kg/s) (MPa) (MPa) (KW) (KW) (KW)
0,040 4,16 x 10-3 0,90 0,24 0,42 0,43 0,15 2,86
-3
0,035 4,23 x 10 0,94 0,24 0,45 0,43 0,16 2,68
0,030 4,48 x 10-3 1,04 0,26 0,48 0,41 0,17 2,41
-3
0,025 4,48 x 10 1,04 0,26 0,43 0,41 0,17 2,41
-3
0,020 4,72 x 10 1,14 0,27 0,44 0,40 0,18 2,22
0,015 5,15 x 10-3 1,39 0,30 0,50 0,37 0,21 1,76
Analisando a tabela acima, podemos notar que o aumento da área do condensador causa
uma diminuição na pressão de condensação. A diminuição da pressão de condensação pode ser
explicada pelo aumento no volume do trocador, e conseqüente diminuição na resistência à
descarga do fluido na saída do compressor. A pressão de evaporação sofre uma ligeira
diminuição devido à diminuição da pressão na entrada da válvula de expansão. A diminuição da
pressão de condensação causa um aumento no volume específico do refrigerante na sucção do
compressor, causando a diminuição da vazão mássica de refrigerante deslocada. Como a pressão
de condensação diminui de maneira mais acentuada que a de evaporação, a diferença entre
pressões tende a cair, diminuindo o trabalho de compressão (e conseqüentemente a potência
consumida pelo compressor) e melhorando o COP do ciclo.
72
Na tabela acima, podemos observar que o aumento da área do evaporador produz uma
melhora na quantidade de calor trocado pelo mesmo. O aumento da quantidade de calor trocada
no evaporador, produz um aumento na temperatura do refrigerante em seu interior, acarretando
na diminuição do volume específico do refrigerante na sucção do compressor, causando um
aumento na vazão mássica deslocada para o condensador. Como o a área do condensador
permanece inalterada, a pressão de condensação tende a aumentar causando maior resistência à
descarga do compressor e aumentando o trabalho de compressão e a potência consumida pelo
compressor. O aumento da pressão de condensação contribui para o aumento da pressão de
evaporação, pois, com o aumento da pressão na entrada da válvula de expansão, esta tende a
permitir a passagem de uma maior vazão de refrigerante. O COP do ciclo aumenta, pois o
aumento da potência consumida pelo compressor é menor do que o aumento do calor trocado no
evaporador.
Na tabela acima, podemos observar que o aumento da vazão mássica de ar que atravessa o
condensador tem pouca influência sobre o calor trocado no evaporador, potência consumida pelo
compressor, COP e pressão de evaporação.
73
o que acarreta em um aumento no volume específico. A vazão mássica de refrigerante deslocada
pelo compressor permanece praticamente inalterada.
Na tabela acima, podemos notar que o calor trocado no evaporador aumenta com o aumento
da vazão mássica de ar que atravessa o evaporador. Isso acarreta um aumento na temperatura do
refrigerante na sucção do compressor, causando uma diminuição do volume específico do mesmo
e aumentando a vazão mássica deslocada pelo compressor. Tal aumento ocasiona um aumento na
pressão de condensação e conseqüentemente, um pequeno aumento na potência consumida pelo
compressor, devido à maior resistência ao deslocamento do refrigerante causada pelo aumento
da pressão de condensação. O COP do ciclo aumenta, pois o aumento na quantidade de calor
trocado no evaporador é mais significativo que a potência consumida pelo compressor.
74
Tabela 5.31 - Análise da influência da variação do grau de superaquecimento do refrigerante na
saída do evaporador
∆te mf Pc Pe qc qe Wcp
COP
(ºC) (Kg/s) (MPa) (MPa) (KW) (KW) (KW)
6,0 4,45 x 10-3 1,02 0,25 0,42 0,41 0,17 2,41
-3
5,0 4,45 x 10 1,04 0,25 0,43 0,41 0,17 2,41
4,0 4,48 x 10-3 1,04 0,26 0,43 0,41 0,17 2,41
-3
3,0 4,64 x 10 1,10 0,27 0,48 0,40 0,18 2,22
-3
2,0 4,75 x 10 1,16 0,27 0,58 0,40 0,19 2,10
1,0 4,95 x 10-3 1,26 0,29 0,57 0,39 0,20 1,95
Podemos notar, observando os dados fornecidos pela tabela acima, que a diminuição do
grau de superaquecimento do refrigerante na saída do evaporador acarreta em um aumento na
pressão de condensação e uma conseqüente diminuição no volume específico do refrigerante no
condensador. A diminuição do volume específico acarreta em um aumento da vazão mássica de
refrigerante que atravessa a válvula de expansão, provocando um aumento na pressão de
evaporação. Tal aumento de pressão ocasiona um aumento no volume específico do refrigerante
no evaporador, aumentando a vazão mássica deslocada pelo compressor. No entanto, como a
pressão de condensação sofre um aumento significativamente maior que a pressão de evaporação,
o trabalho de compressão e a potência consumida pelo compressor tendem a aumentar, enquanto
que o calor trocado no evaporador tende a diminuir levemente, causando uma diminuição no
COP do sistema.
75
Tabela 5.32 - Análise da influência da variação da temperatura do ar ambiente
tamb mf Pc Pe qc qe Wcp
COP
(ºC) (Kg/s) (MPa) (MPa) (KW) (KW) (KW)
30,0 4,94 x 10-3 1,27 0,29 0,49 0,45 0,20 2,25
-3
27,5 4,79 x 10 1,18 0,28 0,48 0,43 0,19 2,26
25,0 4,48 x 10-3 1,04 0,26 0,43 0,41 0,17 2,41
76
Tabela 5.33 - Efeitos da variação da constante característica da válvula de expansão
K mf Pc Pe qc qe Wcp
COP
(x 10-6) (Kg/s) (MPa) (MPa) (KW) (KW) (KW)
0,17 5,02 x 10-3 1,03 0,28 0,50 0,40 0,17 2,35
-3
0,16 4,69 x 10 1,00 0,26 0,40 0,40 0,17 2,35
0,15 4,48 x 10-3 1,04 0,26 0,43 0,41 0,17 2,41
-3
0,14 4,31 x 10 1,08 0,25 0,46 0,42 0,17 2,47
-3
0,13 4,25 x 10 1,19 0,25 0,51 0,42 0,18 2,33
0,12 3,92 x 10-3 1,20 0,23 0,53 0,43 0,18 2,39
A análise da tabela acima permite observar que a pressão de condensação tende a aumentar
com a diminuição da constante característica da válvula de expansão. Tal aumento de pressão
pode ser explicado pelo fato de que a diminuição da constante representa uma redução no
diâmetro físico do tubo da válvula de expansão, causando uma maior resistência ao escoamento
do refrigerante em seu interior. Isso também explica a sensível redução na pressão de evaporação,
com um conseqüente aumento do volume específico do refrigerante na sucção do compressor,
que passa a deslocar uma menor vazão mássica e a consumir uma maior potência devido ao
aumento da diferença entre as pressões de evaporação e condensação, reduzindo o COP do
sistema.
77
Utilizando o conjunto de parâmetros descritos na tabela acima, obtivemos um novo
conjunto de resultados numéricos otimizados do sistema de ar condicionado, conforme o descrito
na tabela a seguir.
78
Tabela 5.38 - Análise comparativa dos resultados numéricos da otimização
mf Pc Pe qc qe Wcp COP
(kg/s) (MPa) (MPa) (kW) (kW) (kW)
4,48 x 10-3 1,04 0,26 0,43 0,41 0,17 2,41
-3
4,12 x 10 0,98 0,24 0,59 0,54 0,16 3,37
3,79 x 10-3 0,87 0,33 0,35 0,40 0,11 3,64
A análise da tabela acima permite concluir que para este estudo de caso, a primeira fase foi
fundamental para uma pré otimização do sistema, ficando a segunda fase apenas como um ajuste
fino dos parâmetros afim da otimização do COP do sistema para a capacidade de refrigeração
requerida no projeto.
79
Anexo
"Programa de Simulação de Sistemas de Ar Condicionado"
PROCEDURE
INICIAL(t_1_i;t_3_i;DELTAt_e:t_1_i_sat;P_e_i;v_1_i;h_1_i;s_1_i;c_p_1_i;i;X_1_i;P_c_i;v_3_i;h_3_i;s_3_i;
c_p_3_i;c_v_3_i;X_3_i;t_2_i;v_2_i;h_2_i;s_2_i;c_p_2_i;c_v_2_i;X_2_i;t_4_i;h_4_i;X_4_i)
"Pressão de condensação:"
P_c_i=P_SAT(R134a;T=t_3_i)
"Volume específico no ponto 3 (saída do condensador):"
v_3_i=VOLUME(R134a;x=0;P=P_c_i)
"Entalpia específica no ponto 3 (saída do condensador):"
h_3_i=ENTHALPY(R134a;x=0;P=P_c_i)
"Entropia específica no ponto 3 (saída do condensador):"
s_3_i=ENTROPY(R134a;x=0;P=P_c_i)
"Calor específico a pressão constante no ponto 3 (saída do condensador):"
c_p_3_i=CP(R134a;x=0;P=P_c_i)
"Calor específico a volume constante no ponto 3 (saída do condensador):"
c_v_3_i=CV(R134a;x=0;P=P_c_i)
"Título no ponto 3 (saída do condensador):" X_3_i=0
87
"Volume específico no ponto 2 (saída do compressor):"
v_2_i=VOLUME(R134a;T=t_2_i;P=P_c_i)
"Entalpia específica no ponto 2 (saída do compressor):"
h_2_i=ENTHALPY(R134a;T=t_2_i;P=P_c_i)
"Calor específico a pressão constante no ponto 2 (saída do compressor):"
c_p_2_i=CP(R134a;T=t_2_i;P=P_c_i)
"Calor específico a volume constante no ponto 2 (saída do compressor):"
c_v_2_i=CV(R134a;T=t_2_i;P=P_c_i)
"Título no ponto 2 (saída do compressor):"
X_2_i=QUALITY(R134a;T=t_2_i;P=P_c_i)
END
"Cálculos iterativos"
PROCEDURE
ITERAÇÕES(t_1_i_sat;P_e_i;v_1_i;h_1_i;s_1_i;c_p_1_i;c_v_1_i;;P_c_i;v_3_i;h_3_i;s_3_i;c_p_3_i;c_v_3_
i;X_3_i;t_2_i;v_2_i;h_2_i;s_2_i;c_p_2_i;c_v_2_i;X_2_i;t_4_i;h_4_i;X_4_i;W_i;N;V_d;c_r;alpha;c_val;A_c;U
_c;m_ar_c;t_3_i;A_e;U_e;m_ar_e;t_1_i;DELTAt_e;t_ar;c_p_ar;t_agua;c_p_agua;E:P_c_atual;P_e_atual)
88
"Contador de iterações" contador=0
Repeat
"Compressor"
gama=c_p_1_anterior/c_v_1_anterior
eta_v=1+c_r-(c_r*((P_c_anterior/P_e_anterior)^(1/gama)))
m_dot=((eta_v*V_d)/v_1_anterior)*N
W_comp=m_dot*P_e_anterior*v_1_anterior*((P_c_anterior/P_e_anterior)^((gama-1)/gama)-
1)*(gama/(gama-1))*1000
W_cp=W_i+(1+alpha)*W_comp
h_2_atual=h_1_anterior+W_cp/m_dot
t_2_atual=TEMPERATURE(R134a;h=h_2_atual;P=P_c_anterior)
"Condensador"
C_f_c=m_ar_c*c_p_ar
c_p_r_c=SPECHEAT(R134a;x=1;P=P_c_anterior)
hlv_c=ENTHALPY(R134a;x=1;P=P_c_anterior)-ENTHALPY(R134a;x=0;P=P_c_anterior)
C_q_c=m_dot*c_p_r_c+m_dot*hlv_c/(t_2_atual-t_ar)
C_min_c=min(C_f_c;C_q_c)
C_max_c=max(C_f_c;C_q_c)
C_c=C_min_c/C_max_c
NUT_c=(U_c*A_c)/C_min_c
epsilon_c=1-exp((1/C_c)*(NUT_c^(0,22))*(exp((-C_c)*(NUT_c^(0,78)))-1))
q_max_c=C_min_c*(t_2_atual-t_ar)
q_c=epsilon_c*q_max_c
h_3_atual=h_2_atual-(q_c/m_dot)
t_3_atual=TEMPERATURE(R134a;h=h_3_atual;P=P_c_anterior)
t_ar_s_c=t_ar+(q_c/(m_ar_c*c_p_ar))
x_3_atual=QUALITY(R134a;h=h_3_atual;P=P_c_anterior)
t_3_sat_atual=TEMPERATURE(R134a;x=1;P=P_c_anterior)
v_3_atual=VOLUME(R134a;x=0;P=P_c_anterior)
"Válvula de expansão"
h_4_atual=h_3_atual
t_4_atual=TEMPERATURE(R134a;h=h_4_atual;P=P_e_anterior)
x_4_atual=QUALITY(R134a;h=h_4_atual;P=P_e_anterior)
"Evaporador"
C_q_e=m_ar_e*c_p_ar
c_p_r_e=CP(R134a;x=1;P=P_e_anterior)
hlv_e=ENTHALPY(R134a;x=1;P=P_e_anterior)-ENTHALPY(R134a;x=0;P=P_e_anterior)
C_f_e=m_dot*c_p_r_e+m_dot*hlv_e/(t_ar-t_4_atual)
C_min_e=min(C_f_e;C_q_e)
C_max_e=max(C_f_e;C_q_e)
C_e=C_min_e/C_max_e
NUT_e=(U_e*A_e)/C_min_e
epsilon_e=1-exp((1/C_e)*(NUT_e^(0,22))*(exp((-C_e)*(NUT_e^(0,78)))-1))
"epsilon_e=(1-exp(-NUT_e*(1-C_e)))/(1-C_e*exp(-NUT_e*(1-C_e)))"
q_max_e=C_min_e*(t_ar-t_4_atual)
q_e=epsilon_e*q_max_e
t_ar_s_e=t_ar-((q_e)/(m_ar_e*c_p_ar))
h_1_atual=(q_e/m_dot)+h_4_atual
t_1_atual=TEMPERATURE(R134a;h=h_1_atual;P=P_e_anterior)
t_1_sat_atual=t_1_atual-DELTAt_e
x_1_atual=QUALITY(R134a;h=h_1_atual;P=P_e_anterior)
89
"Cálculos das pressões - modelo da válvula de expansão"
P_e_atual=0,2*(P_SAT(R134a;T=t_1_sat_atual))+(1-0,2)*P_e_anterior
P_c=P_e_anterior+0,000001*v_3_atual*(m_dot/c_val)^2
v_1_atual=VOLUME(R134a;T=t_1_atual;P=P_e_atual)
c_p_1_atual=CP(R134a;T=t_1_atual;P=P_e_atual)
c_v_1_atual=CV(R134a;T=t_1_atual;P=P_e_atual)
"Contador de iterações"
contador=contador+1
"Verficação de parada"
Until ((abs(Verif_Pc)<E) and (abs(Verif_Pe)<E))
END
"Parâmetros iniciais"
90
"Área do evaporador:" A_e=0,04
"Coeficiente global de transferência de calor do evaporador:" U_e=1,1
"Vazão mássica de ar que atravessa o evaporador:" m_ar_e=0,035
"Temperatura no ponto 1 (saída do evaporador)" t_1_i=2,0
"Grau de superaquecimento na saída do evaporador:" DELTAt_e=4,0
CALL
INICIAL(t_1_i;t_3_i;DELTAt_e:t_1_i_sat;P_e_i;v_1_i;h_1_i;s_1_i;c_p_1_i;c_v_1_i;X_1_i;P_c_i;v_3_i;h_3_
i;s_3_i;c_p_3_i;c_v_3_i;X_3_i;t_2_i;v_2_i;h_2_i;s_2_i;c_p_2_i;c_v_2_i;X_2_i;t_4_i;h_4_i;X_4_i)
CALL
ITERAÇÕES(t_1_i_sat;P_e_i;v_1_i;h_1_i;s_1_i;c_p_1_i;c_v_1_i;X_1_i;P_c_i;v_3_i;h_3_i;s_3_i;c_p_3_i;c
_v_3_i;X_3_i;t_2_i;v_2_i;h_2_i;s_2_i;c_p_2_i;c_v_2_i;X_2_i;t_4_i;h_4_i;X_4_i;W_i;N;V_d;c_r;alpha;c_val;
A_c;U_c;m_ar_c;t_3_i;A_e;U_e;m_ar_e;t_1_i;DELTAt_e;t_ar;c_p_ar;t_agua;c_p_agua;E:P_c_atual;P_e_
atual)
91